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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS LAJES NERVURADAS: CARACTERISTICAS E RELAÇA O COM A ACU STICA ARQUITETO NICA Acadêmico: Duani Maciel de Queiroz Orientador: Mauro César Brito e Silva GOIÂNIA 2013

Lajes Nervuradas Características e Relação Com a Acústica Arquitetônica - Artigo de Tecnologia

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    PONTIFCIAUNIVERSIDADECATLICADEGOIS

    LAJESNERVURADAS:CARACTERISTICASERELAA OCOM

    AACU STICAARQUITETO NICA

    Acadmico: Duani Maciel de Queiroz Orientador: Mauro Csar Brito e Silva

    GOINIA 2013

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    Sumrio

    1. Introduo ............................................................................................................. 3 2. Definio .............................................................................................................. 3 3. Caractersticas gerais do sistema .......................................................................... 4 3.1. Vantagens .......................................................................................................... 5 3.2. Desvantagens .................................................................................................... 5 4. Pr-dimensionamento da laje nervurada de concreto armado .............................. 6 4.1. Pr-dimensionamento das nervuras .................................................................. 6 4.2. Pr-dimensionamento da mesa ......................................................................... 7 5. A laje nervurada aplicada na arquitetura .............................................................. 7 5.1. Isolao aos rudos de impacto ......................................................................... 7 5.2. O mtodo do piso flutuante ............................................................................... 9 5.3. O desempenho dos pisos ................................................................................. 11 5.4. Recomendaes sobre o piso flutuante ........................................................... 11 5.5. Anlise de transmissividade dos rudos de impacto comparando diferentes

    tipologias de laje ................................................................................................................... 15 5.6. Anlise de transmissividade dos rudos de impacto na laje nervurada nas fases

    de construo: em osso, com contrapiso e com contrapiso mais forro de gesso. ................. 15 5.7. Investigao da transmissividade dos rudos de impacto na laje nervurada

    quanto ao tipo de revestimento ............................................................................................. 16 6. Concluso ........................................................................................................... 17 7. Bibliografia ......................................................................................................... 17

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    1. Introduo

    A laje nervurada cada vez mais considerada uma opo economicamente favorvel para acompanhar a evoluo da arquitetura que tem aplicado vos cada vez maiores nos projetos. Sua utilizao resulta na versatilidade de poder alterar as disposies dos ambientes, mobilirios e equipamentos, proporciona economia nas formas, na reduo da mo de obra com amarrao das armaduras, facilitam a execuo das instalaes eltricas e hidrulicas, so duas vezes mais resistentes ao fogo, oferece um ganho esttico muito interessante e oferece vantagens no desempenho acstico comparado a outros tipos de lajes.

    Este artigo traz subsdios gerais para o exerccio de projeto com a laje nervurada, relaciona as caractersticas gerais do sistema, destaca as principais vantagens e desvantagens dessa tecnologia, estabelece relaes de pr-dimensionamento e faz uma abordagem quanto a acstica arquitetnica no que se referente a qualidade da isolao acstica aos rudos de impacto transmitidos pela estrutura na arquitetura dos ambientes, e mostra mtodos, materiais, e tipos de acabamentos mais utilizados para realizar o tratamento e a melhoria do desempenho acstico.

    Alguns autores realizaram ensaios in-loco e mostraram os resultados obtidos em tabelas e grficos. A anlise desses dados nos permite gerar um conhecimento que norteia as decises arquitetnicas conforme as necessidade de projeto e do desempenho desejado.

    2. Definio

    A laje nervurada constituda por um conjunto de vigas que se cruzam, denominadas nervuras e solidarizadas pela mesma mesa. Como elemento estrutural ela ter comportamento intermedirio entre o de laje macia e o sistema de grelha. A figura 2.1. mostra em corte exemplo uma laje nervurada denominando seus componentes.

    Existem dois grandes grupos de laje nervurada: Lajes nervuradas moldadas no local; Lajes nervuradas pr-moldadas;

    A figura 2.2. ilustra o sistema construtivo da laje bidirecional, ou seja, com nervuras nas duas direes e moldadas no local de concreto armado e com clulas aparentes, e executadas com o uso de formas posicionadas sobre tablado e apoiadas em cimbramento metlico (escoras), que podem ser reaproveitados em outros pavimentos ou em outras obras.

    Figura 2.1.: Laje nervurada moldada no local e seus elementos estruturais . Fonte: http://www.ufrgs.br/eso/content/?p=1313

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    3. Caractersticas gerais do sistema

    A geometria e as dimenses das clulas e das nervuras so resultantes do tipo de frma utilizada. A frma de face no inclinada resulta em clulas e nervuras com ngulo reto, normalmente so feitas de madeira e no so reutilizadas aps a desforma. A frma com faces inclinada e arredondadas resulta em clulas e nervuras com ngulo inclinado e com os cantos arredondados para facilitar a desforma. Essas frmas so feitas de fibra de vidro ou plsticas de polipropileno e so reutilizveis aps a desforma.

    As lajes nervuradas so adequadas para vencer vos acima de 7m. A seguir, algumas caractersticas desse sistema: 3

    A maior inrcia em relao s lajes convencionais, possibilita o aumento dos vos entre pilares;

    Os pilares podem ser distribudos de acordo com as necessidades do projeto arquitetnico, sem a necessidade de alinhamento;

    O posicionamento das paredes no fica condicionado por vigas, propiciando mais liberdade ao projeto arquitetnico;

    Nos prdios de salas de aula e bibliotecas podem ser utilizadas apenas com acabamento superficial, contribuindo para o conforto acstico do ambiente;

    As estruturas apresentam menor rigidez s aes laterais, devido ao nmero reduzido de prticos;

    Comparando com as lajes macias, a armao complicada, principalmente na regio dos pilares;

    O efeito da puno uma das restries deste tipo de modelo estrutural. O esforo de puno ocorre em virtude da grande tenso produzida devido ao de cargas concentradas que so aplicadas perpendicularmente ao plano mdio da estrutura. Esses esforos so provenientes de pilares com grandes cargas, concentrao de equipamentos pesados, entre outros, que atuam diretamente sobre reas reduzidas. Para absorver esse efeito, utilizado um macio de concreto na cabea do pilar, aumentando assim, o consumo de ao e concreto na estrutura.

    Figura 2.2.: Laje nervurada moldada no local com uso de formas plsticas 'cubetas'. Fonte: http://www.ufrgs.br/eso/content/?p=1313

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    3.1. Vantagens

    Dentre as vantagens que as lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado apresentam, algumas merecem ser destacadas: 3

    Permitem vencer grandes vos, liberando espaos, o que vantajoso em locais como garagens, onde os pilares, alm de dificultarem as manobras dos veculos, ocupam regies que serviriam para vagas de automveis;

    Podem ser construdas com a mesma tecnologia empregada nas lajes macias, diferentemente das lajes protendidas que exigem tcnicas especiais de construo;

    Versatilidade nas aplicaes, podendo ser utilizadas em pavimentos de edificaes comerciais, residenciais, educacionais, hospitalares, garagens, shoppings centers, clubes, etc.;

    Permitem o uso de alguns procedimentos de racionalizao, tais como o uso de telas para a armadura de distribuio e a utilizao de instalaes eltricas embutidas;

    As lajes nervuradas tambm so adequadas aos sistemas de lajes sem vigas, devendo manter-se regies macias apenas nas regies dos pilares, onde h grande concentrao de esforos;

    Pelas suas caractersticas (grande altura e pequeno peso prprio), so adequadas para grandes vos; em se tratando de grandes vos estas lajes apresentam deslocamentos transversais menores que os apresentados pelas lajes macias e por aquelas com nervuras pr-fabricadas, conforme mencionado anteriormente.

    3.2. Desvantagens

    Em contrapartida, as lajes nervuradas moldadas no local de concreto armado apresentam uma srie de desvantagens, dentre as quais merecem ser destacadas as seguintes: 3

    Normalmente aumentam a altura total da edificao; Aumentam as dificuldades de compatibilizao com outros subsistemas

    (instalaes, vedaes, etc.); Construo com maior nmero de operaes na montagem; Dificuldade em projetar uma modulao nica para o pavimento todo, de maneira

    que o espaamento entre as nervuras seja sempre o mesmo; Exigem maiores cuidados durante a concretagem para se evitar vazios

    (bicheiras) nas nervuras (que costumam ser de pequena largura); Dificuldades na fixao dos elementos de enchimento, com a possibilidade de

    movimentao dos mesmos durante a concretagem; Resistncia da seo transversal diferenciada em relao a momentos fletores

    positivos e negativos, necessitando de clculo mais elaborado.

    O sistema de lajes nervuradas dificulta o respaldo da alvenaria que no coincide com o alinhamento das nervuras, e isso resulta em imperfeies no servio executado. Do ponto de vista da esttica, nem sempre se obtm um bom acabamento no encontro da alvenaria com a laje devido a essa dificuldade de execuo. Muitas vezes a alvenaria executada somente at a altura de encontro com as nervuras, deixando abertos os vos entre uma nervura e outra. Do ponto de vista da acstica dos ambientes isso pssimo, pois o som transmitido de um ambiente para o outro com muita facilidade, pois no encontra barreira. H ento a

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    necessidade de se executar forros de gesso por exemplo, sob a laje em todos os ambientes. Existe uma maneira tirar partido desta situao sem esconder totalmente a laje nervurada sobre o foro, atravs da intercalao de gesso sob a laje. A figura 3.1. ilustra esta situao. Foi executado forro de gesso intercalado sob a laje no permetro das paredes e sob vigas.

    4. Pr-dimensionamento da laje nervurada de concreto armado

    4.1. Pr-dimensionamento das nervuras

    A tabela 4.1. mostra valores tpicos de pr-dimensionamento das nervuras em altura e largura conforme o espaamento:

    Espaamento entre eixos Altura (h) em torno de 100 cm 4% do vo das nervuras em torno de 50 cm 3% do vo das nervuras entre 65 e 110 cm nervuras devem ser verificadas ao cisalhamento como vigas Largura das nervuras (L) Mnima deve ser > 5cm Com armadura de compresso deve ser > 8cm Tabela 4.1.: Relao de espaamento entre nervuras e o dimensionamento de suas alturas.

    Permite-se a verificao como laje se o espaamento entre eixos de nervuras for at 90cm e largura medida das nervuras for maior que 12cm;

    Figura 3.1. Intercalao de gesso e laje nervurada. Projeto Caf Richesse Casa Cor Gois 2007, Arquitetas: Aninha Teixeira e Marlia Teixeira

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    4.2. Pr-dimensionamento da mesa

    Conforme a tabela 4.2. o valor mnimo recomendado para espessura da mesa de 4cm, e deve-se considerar alm da ferragem superior a ocorrncia de tubulaes embutidas para as instalaes.

    Espessura da mesa (h) : h >= a 1/5 da distncia entre as nervuras nunca menor que 3 cm Com tubulaes embutidas (de dimetro mximo 12,5mm) mnimo 4 cm. Tabela 4.2. : Espessura da mesa em relao a altura das nervuras.

    Para espaamento entre nervuras (e) < 65cm, pode ser dispensada a verificao da flexo da mesa e, para a verificao do cisalhamento da regio das nervuras, permite-se a considerao dos critrios da laje;

    Para (e) entre 65 e 110cm, exige-se a verificao da flexo da mesa; Para lajes nervuradas com espaamento entre eixos maior que 110cm, a mesa deve ser

    projetada como laje macia, apoiada na grelha de vigas, respeitando-se os seus limites mnimos de espessura.

    Em balanos, utiliza-se mesa na parte inferior (situao conhecida como laje dupla) ou regio macia de dimenso adequada.

    5. A laje nervurada aplicada na arquitetura

    O sistema de lajes nervuradas agilizam a construo e beneficiam o meio-ambiente, pois elimina aproximadamente 80 do uso de madeira, pois na sua construo so utilizadas frmas plsticas prontas e, ao invs de se utilizar madeira, a laje estruturada por escoramentos metlicos que so reaproveitados para outras obras.

    O processo de construo tambm economicamente vantajoso, pois alm de uma significativa economia e concreto, permite tambm a acelerao do cronograma, j que a montagem das formas feita com rapidez e podem ser retiradas rapidamente.

    Com todos os atributos de eficincia, agilidade e versatilidade na construo, as lajes nervuradas despontam como participantes ativas a favor do green building.

    5.1. Isolao aos rudos de impacto

    A norma ABNT NBR 15575:2008 diz que: O projeto para isolamento acstico de um piso visa assegurar conforto acstico, em termos do rudo de fundo transmitido via area e estrutural, bem como privacidade acstica assegurando a inteligibilidade da comunicao em ambientes adjacentes.

    A tabela 5.1. demonstra as recomendaes quanto atenuao de rudo de impacto:

    Elemento LnT,w Desempenho Laje, com ou sem contrapiso, sem tratamento acstico

    < 80dB Mnimo

    Laje, com ou sem contrapiso, com tratamento acstico

    55 a 65 dB Intermedirio

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    Estudos mostram que as lajes macias apresentam ndices de isolamento melhores ou muito prximos ao indicado na norma, desde que tenham espessura igual ou superior a 10 e 12 cm, como indicado na norma.

    Segundo a Lei de Massa, quanto maior for a densidade superficial (Kg/m) dos componentes de uma superfcie, menor ser a transmissividade e melhor ser o isolamento acstico.

    Quanto maior for a espessura de uma superfcie, melhor ser o bloqueio s ondas de grandes comprimentos (de baixas frequncias), prprias dos rudos de impacto, assim, o aumento da espessura da laje pode reduzir os efeitos de rudo de impacto, porm torna-se invivel, pois o ganho de isolamento de apenas 1 dB a cada aumento de 1 cm na espessura da laje, ou seja, alm do aumento da sobrecarga no edifcio, no compensa pelo aumento dos custos do material estrutural.

    Ao produzirmos um impacto em uma laje qualquer, o processo vibratrio dela automaticamente transmitido para seus apoios. Esses apoios, uma vez conectados s paredes do pavimento inferior, induzem-nas tambm a vibrarem, tornando-as fontes secundrias de rudos. A figura 5.1. demonstra possveis caminhos de propagao de rudo de impacto.

    Existem alguns mtodos alternativos de isolamento ao rudo de impacto em lajes estruturais:

    a) Como na figura 5.2. utilizar forraes com materiais macios como tapetes espessos e carpetes em cima da laje, porm tem o inconveniente de depender do gosto particular do morador e por vezes impossibilitar o controle do rudo.

    Conforme exemplo da figura 5.2. a tabela 5.2 abaixo relaciona alguns tipos de revestimentos de piso e seu desempenho na atenuao sonora:

    Tabela 5.2.: Tipo de revestimento de piso e o seu desempenho na atenuao sonora. *dados obtidos para uso em laje de concreto armado com 12 cm de espessura.

    Revestimento de piso Atenuao sonora Borracha 2 a 13 dB Laminado sinttico 1 a 3 dB Carpete 7 a 27 dB Carpete com base isolante 33339 dB

    Figura 1.2.: Esquema de piso com forrao. Fonte: ANIMAACSTICA Figura 5.1.: Caminhos de propagao do rudo de impacto. Fonte: ANIMAACSTICA

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    b) A utilizao de forro falso no ambiente de recepo do rudo funciona como um mtodo eficiente para barreira ao rudo areo, porm ineficaz quanto ao rudo estrutural, pois no impede a transmisso indireta pelas paredes verticais.

    A adoo de forro no pavimento inferior em muito pouco ou quase nada contribui para a atenuao da questo; pior ainda: conforme o afastamento desse forro laje, o sistema pode se constituir em um instrumento de percusso, cuja funo a de realar rudos decorrentes de impactos. Isso mais comum nas lajes nervuradas, cujas instalaes prediais so posicionadas abaixo das nervuras, onde as nervuras s tm a funo de estruturao e a capa de pequena espessura (5 a 7cm): uma lmina superior + uma lmina inferior + um buraco no meio = um tambor.

    c) A melhor forma de se absorver impactos na fonte, o que nos direciona para a adoo de pisos macios sobre quaisquer tipos de lajes. A adio de material resiliente entre o contrapiso e a laje, conhecido como piso flutuante, o mtodo mais eficiente, pois controla o rudo na fonte do rudo (piso superior) independente do uso ou no de tapetes e carpetes alm de barrar a transmisso indireta do rudo estrutural pelas paredes.

    5.2. O mtodo do piso flutuante

    Consiste na laje estruturalmente apoiada na edificao com o contrapiso apoiado sobre um material resiliente, sem contato direto com nenhuma parte da estrutura. Isto , so duas superfcies construdas uma sobre a outra, porm com material resiliente aplicado entre elas para amortecer a vibrao gerada pelo contrapiso.

    Figura5.4.: Esquema de composio do piso flutuante e elementos principais. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura5.3.: Corte da laje nervurada e forro de gesso. Fonte: Arch-Tec

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    A ideia principal da laje flutuante isolar a estrutura do edifcio das vibraes geradas pelo impacto no piso. Para isso a execuo do sistema deve ser bastante criteriosa de maneira a evitar a formao de unies rgidas entre o piso flutuante e a estrutura.

    Alm disso, o material usado para isolamento precisa atender determinadas caractersticas como resistncias mecnica, qumica, perfurao e combusto, mas, sobretudo deve ser elstico que o que lhe garantir o bom desempenho como isolante acstico.

    Existem diversos tipos de materiais comerciais utilizados para o isolamento dos rudos de impacto conforme exemplifica a tabela 5.2 abaixo:

    Tipo de material Espessura Desempenho L de vidro 15 a 20 mm 20 a 25 Db Borracha reciclada (EVA) 4 a 8 mm 8 a 11 dB Poliestireno expandido (isopor) 25 mm 9 a 12 dB Espuma de polietileno 5 mm 8 dB Tabela 5.2.: Espessura e desempenho dos principais materiais resilientes utilizados Obs: Esta tabela apresenta valores de referncia. Para dados mais precisos deve-se consultar os fornecedores dos materiais. Fonte: ANIMAACSTICA

    A figura 5.6. demonstram processos tpicos de instalao de piso flutuante.

    Figura 5.5.: Esquema simplificado de piso flutuante.Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.6.: Instalao de piso flutuante sobre manta de l de vidro como material resiliente.

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    5.3. O desempenho dos pisos

    a) Natureza e espessura da camada elstica em mdia para cada duplicao de espessura do material resiliente ganha-se 4 dB no isolamento do rudo de impacto, considerando um intervalo de variao entre 5 mm e 40 mm.

    b) Carga na laje carregamentos extras acrescidos em certas partes da laje flutuante podem produzir um efeito favorvel, com limites, como consequncia da reduo da frequncia de ressonncia do sistema.

    c) Espessura da laje suporte ensaios demonstram que uma laje de 16 cm de espessura, ao ter esta espessura aumentada em 1 cm ter uma melhoria de 1 dB no desempenho global de isolamento ao rudo de impacto.

    5.4. Recomendaes sobre o piso flutuante

    O essencial na execuo de um sistema de piso flutuante garantir o mximo de estanqueidade possvel e evitar que se formem pontes acsticas entre o piso flutuante e a laje suporte e tambm entre o piso e as paredes.

    A existncia de ligao rgida entre o acabamento do piso flutuante e a laje suporte faz com que as ondas de vibrao atravessem o material elstico, prejudicando o isolamento de todo o sistema. Denomina-se isso de ponte acstica e ilustrado na figura 5.9.:

    Figura 5.7.: Variao de desempenho acstico com alterao de espessura da laje. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.8.: Piso flutuante com carregamento pontual. Fonte: ANIMAACSTICA

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    Para que haja uma boa execuo do piso flutuante importante observar: A laje suporte tenha sua face superior perfeitamente regularizada e alisada. As bordas da argamassa de regularizao ou contrapiso e as bordas do

    revestimento final no podem, em hiptese alguma, entrar em contato com as paredes divisrias ou quaisquer equipamentos que possam transmitir vibraes. O material resiliente deve ter na borda alguns centmetros acima do nvel do piso e os rodaps devem ser cuidadosamente colocados sobre uma junta elstica ou serem interpostos com mastique.

    Entre cmodos contguos o sistema de piso flutuante no deve cobrir inteiramente a laje suporte. Deve haver interrupo do piso flutuante no limite da parede.

    Figura 5.9: Ponte acstica entre contrapiso e a laje. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.10.: Elementos de um sistema de piso flutuante. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.11.: Caminhos de propagao sonora em sistemas de piso flutuante. Fonte: ANIMAACSTICA

    a) b)

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    Da mesma forma nas passagens, com ou sem porta, deve-se fazer a interrupo do piso flutuante, deixando-se uma junta elstica, devidamente protegida, no espao entre pisos contguos.

    As eventuais emendas do material resiliente devem ser feitas sem que sejam deixados espaos entre uma poro e a outra. Este procedimento evita a formao de pontes acsticas entre o piso flutuante e a laje.

    Figura 5.13.: Exemplo de emenda entre mantas de material resiliente. Fonte: ANIMAACSTICA

    A colocao de tubulaes na laje suporte deve ser feita sem que haja interrupes ou possibilidade de futuras quebras no material resiliente. Para isso preciso que as tubulaes sejam inseridas na prpria laje ou tenham a suas salincias regularizadas com argamassa antes da colocao do material resiliente conforme figuras 5.14 b:

    Figura 5.12.2: Interrupo do piso flutuante entre cmodos. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.14 : Esquema de passagem de tubulaes em pisos flutuantes. Fonte: ANIMAACSTICA

    a) b)

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    As tubulaes que cruzam o piso flutuante devem ser recobertas com protees e ambas recobertas com material resiliente conforme figuras 5.15 e 5.16:

    A importncia desse tipo de proteo nas tubulaes abrange a isolao dos rudos de impacto gerados nas prpria tubulao, como por exemplo e nos tubos de descargas sanitrias, nos sistemas de esgoto e nos tubos de queda de guas pluviais dos edifcios.

    Figura 5.15.: Esquema de passagem de tubulaes atravs de lajes flutuantes. Fonte: ANIMAACSTICA

    Figura 5.16.: Esquema de material resiliente aplicado em tubulaes. Fonte: ANIMAACSTICA

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    5.5. Anlise de transmissividade dos rudos de impacto comparando diferentes tipologias de laje

    Um estudo realizado por Pereyron9 com o objetivo de verificar a transmissividade dos rudos de impacto em quatro tipologias de lajes: laje macia, laje pre-moldada convencional, laje nervurada e laje pr-moldada treliada, permitiu estabelecer uma comparao do isolamento acstico dos rudos de impacto nessas tipologias.

    Os resultados demonstraram os seguintes nveis de presso de rudo de impacto padronizado ponderado (LnTw), onde os maiores valores significam maior transmissividade e, portanto, pior isolamento acstico, enquanto que os menores valores significam menor transmissividade, ou seja, melhor isolamento acstico, conforme a tabela 5.3.:

    Laje pr-moldada convencional 69 Laje pr-moldade treliada 63 Laje nervurada 62 Laje macia 60 Tabela 5.3.: resultados obtidos nos ensaios de transmissividade de rudos em diferentes tipologias de laje.

    A laje macia foi a que forma geral obteve melhores resultados no isolamento acstico. A laje nervurada obteve menor transmisso de rudo de impacto nas altas frequncias e

    maior transmisso nas baixas frequncias. A laje pr-moldada convencional obteve o pior resultado quanto ao isolamento de rudo de impacto, empatando tecnicamente com a laje nervurada apenas nas baixas frequncias.

    A laje nervurada teve um desempenho ligeiramente inferior laje macia. Ao consideramos as vantagens construtivas da laje nervurada em relao laje macia, e claro, podemos afirmar que a laje nervurada uma tima soluo construtiva e arquitetnica.

    5.6. Anlise de transmissividade dos rudos de impacto na laje nervurada nas fases de construo: em osso, com contrapiso e com contrapiso mais forro de gesso.

    Outro ensaio com laje nervurada foi realizado com as seguintes caractersticas: A laje nervurada apresenta uma espessura de aproximadamente 28,00 cm, sendo a altura dos alvolos (vigas) de 22,5 cm e 5,5 cm a espessura da laje propriamente dita. O contrapiso foi executado com espessura mdia de 7,0 cm sobre material resiliente e 0,5 cm de forro de gesso em placas macias de 2,0 cm de espessura. O forro de gesso foi executado em contato direto com as paredes de alvenaria e sustentados por arames presos nas lajes a uma distncia de aproximadamente 30,00 cm da laje.

    A tabela 5.4. abaixo demonstra que os resultados de nvel de rudo de impacto normalizado e ponderado (Ln,w, conforme Norma ISSO 717) foram os seguintes:

    Laje nervurada em osso 61 Laje nervurada com contrapiso 64 Laje nervurada com contrapiso e forro de gesso 55 Tabela 5.4.: Resultados obtidos nos ensaios de transmissividade de rudos na laje nervurada.

    Os resultados das medies mostraram que as lajes nervuradas em osso e a com contrapiso tiveram um desempenho parecido, tendo a segunda uma considervel perda no isolamento do rudo de impacto nas baixas frequncias.

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    A laje com contrapiso associada ao forro de gesso, foi a que apresentou melhor desempenho acstico, possivelmente em funo do afastamento existente entre o forro de gesso e a laje nervurada. Para ambas as composies executadas com o contrapiso sobre material resiliente, pode-se concluir que pelo fato de o contrapiso na ter sido devidamente isolado das paredes de alvenaria parte do rudo de impacto foi transmitido atravs destas at a sala receptora, tambm pode-se estimar que um fator que tenha contribudo para o baixo desempenho do conjunto tenha sido o peso do contrapiso, que poderia ter esmagado o material resiliente a ponto deste perder sua propriedade de camada elstica. Fonte: Pereyron, Daniel e Santos, Jorge Luiz Pizzutti. IX Encontro Nacional e V Latino Americano de Conforto no Ambiente Construdo. Ouro Preto, Agosto de 2007.

    5.7. Investigao da transmissividade dos rudos de impacto na laje nervurada quanto ao tipo de revestimento

    Commacchia 2009, investigou in-situ o isolamento sonoro ao rudo de impacto em quartos de edifcios residenciais com 3 tipologias de lajes e pisos distintos. A tabela 5.5. demonstra os resultados obtidos em ensaios de desempenho com a laje nervurada, partindo do melhor resultado (menor valor de transmissividade) ao pior resultado (maior valor de transmissividade):

    Cdigo Tipo de revestimento (LnTw) NV-06 laminado 41 NV-13 laminado 49 NV-03 laminado 51 NV-07 cermico 54 NV-02 laminado 55 NV-14 contrapiso 73 NV-04 contrapiso 78 NV-08 contrapiso 80 NV-01 cermico 81 NV-05 contrapiso 81 NV-09 cermico 81 NV-10 cermico 81 NV-11 cermico 85 NV-12 cermico 89 Tabela 5.5.: Identificao dos revestimentos das lajes nervurdadas ensaiadas.

    Foi constatado nos ensaios a existncia de dois conjuntos de curvas com tendncias distintas de comportamento. O primeiro formado por curvas com tendncia ascendente, ou seja, com nveis sonoros aumentando at as mdias frequncias e decaindo nas altas, como pode ser visto na curva do quarto NV-12, h um crescimento at 84,50 dB, sendo este o maior valor registrado dos quartos dos apartamentos. A partir da, o LnT teve um decaimento at 62,20 dB em 10kHz.

    O segundo grupo se apresenta, de um modo geral, com tendncia decrescente com o aumento da frequncia, sendo perceptvel, na faixa de 2 kHz a 4 kHz. O quarto NV-13 tem uma pequena elevao nos valores de LnT,.

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    O quarto NV-06 obteve melhores resultados. Em sua composio estrutural h uma camada de material resiliente sob o revestimento de piso, configurando, assim, uma situao de piso flutuante, sendo esperado, portanto, melhor isolamento ao rudo estrutural.

    As lajes nervuradas com acabamentos em piso laminado em geral foram as que obtiveram melhores resultados de desempenho acstico, ao passo que as lajes no contrapiso ou com acabamento cermico obtiveram os piores resultados no desempenho verificados nos ensaios.

    Segundo as recomendaes da norma brasileira vistas na tabela 5.1., e observando os resultados obtidos nos ensaios, podemos constatar que as lajes nervuradas com acabamentos em piso laminado foram as que obtiveram os melhores resultados no desempenho acstico, ao passo que as lajes no contrapiso ou com acabamento cermico obtiveram os piores resultados no desempenho verificados nos ensaios.

    As lajes NV-05, NV-03, NV-06, NV-07 e NV-13 obtiveram desempenho superior com valores de LnTw iguais ou menores que 55, entre 41 e 55 dB.

    As lajes NV-04, NV-08, e NV-14 obtiveram valores de LnTw entre 73 e 80 dB e conforme a recomendao brasileira ainda se enquadram na norma de desempenho mnimo.

    As lajes NV-01, NV-05, NV-09, NV-10, NV-11 e NV-12 no obtiveram resultados satisfatrios e no se enquadram na norma de desempenho mnimo, pois obtiveram valores de LnTw entre 81 e 89 dB.

    6. Concluso

    Os rudos transmitidos por via area tem comportamento diferente dos rudos transmitidos por via estrutural. O acrscimo do contrapiso e do acabamento melhoram o isolamento via area, (lei da massa), mas piora o desempenho de isolamento via estrutural, pois os rudos de impacto so vibratrios e so transmitidos pela prpria massa da estrutura. A laje nervurada em osso obteve melhores resultados no isolamento aos rudos de impacto do que a laje com contrapiso, mas quando aplicado o piso laminado sobre camada resiliente (piso flutuante), h um ganho significativo no isolamento dos rudos de impacto, cujos ensaios demonstraram obter isolao de desempenho superior (transmissividade abaixo de 55dB).

    Pode-se concluir de uma forma geral que a laje nervurada oferece vantagens em relao s demais tipologias, mas como em qualquer outra, em relao ao isolamento dos rudos de impacto, requer um mtodo de isolao para a melhoria do desempenho acstico.

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