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A imagem da Virgem de Misericórdia no século XVII: estudos sobre espiritualidade e poder
na América colonial.
Larissa Patron Chaves
Universidade Federal de Pelotas
Introdução
A presente investigação encontra como base uma trajetória de doutoramento realizada no
ano de 2008. Para a tese de doutorado realizado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, com
estágio sanduíche na Universidade do Porto em Portugal, investigamos a trajetória histórica das
Sociedades Portuguesas de Beneficência, entre os anos de 1854 e 1910, nas cidades de Porto
Alegre, Rio Grande, Pelotas e Bagé, situadas no extremo sul do Brasil. Este trabalho permitiu-nos
analisar a importância das Sociedades Portuguesas de Beneficência enquanto estabelecimentos de
assistência hospitalar, criadas por imigrantes portugueses, a partir do modelo institucional da
Misericórdia em Portugal. Possibilitou-nos também perceber a sua importância na construção de
uma identidade lusa e a formação e valorização de elites locais. Para este estudo, como metodologia
de trabalho, utilizamos a análise comparativa, elencando semelhanças e diferenças entre as
Instituições analisadas (estatutos e formas de assistência), as práticas sociais, políticas e culturais e a
vida institucional.
Durante o processo da pesquisa de campo, especialmente a desenvolvida no Estágio em
Portugal, entre os anos de 2005 e 2006, muitas fontes foram arroladas, entre as quais, as
iconográficas. No entanto, naquele momento, não foi possível determo-nos sobre elas. Foi a partir
de alguns elementos circunstanciais ao tema da tese que uma série de outras indagações foram
suscitadas, entre os quais: qual o significado das imagens no interior dos hospitais portugueses? As
imagens eram utilizadas somente no interior das capelas, ou também em festividades e em outras
ocasiões comemorativas? Ornavam fachadas? Qual a recepção desses símbolos no sul do Brasil?
Haveria diferenças com relação a imagens de culto de outras regiões do extremo sul da América
Latina? Somada a estas indagações, muitos outros fatores contribuíram para o interesse ao tema da
iconografia da Virgem. A nossa passagem pelo Museu Nacional de Arte Antiga na cidade de Lisboa
durante o estágio de doutoramento, mostrou-nos também a importância e necessidade de se refletir
1 Professora Adjunta Centro de Artes/ UFPel. PPGH em História/ UFPel. Doutora em História/ Unisinos/ RS e UP/
Portugal.
sobre o significado das imagens sacras, em especial as esculturas, tendo em vista a sua
complexidade enquanto símbolos de uma narrativa e de inter-relações culturais. Para alem desse
fator, o contato com a iconografia religiosa ganhou novos contornos ao observar a pintura italiana,
mais especificamente a obra “A Anunciação” de Simone Martini (1333), na Galeria Degli Uffizi,
Florença. A reflexão sobre o poder da imagem da Virgem como figura central na história do
Cristianismo fez-se especial neste momento, sobretudo pela possibilidade de pensar os
desdobramentos possíveis na acepção da devoção e divinização somado a um história de
apropriações e hibridizações nos seus usos.
A imagem da Virgem é um tema bastante trabalhado pela Igreja Católica na Europa
Medieval, pelo menos desde o século XIII.2 Isto porque constitui parte da doutrina da encarnação, a
partir da perspectiva dual de Cristo – metade humano / metade divino – assumindo, portanto, um
papel importantíssimo no culto ao Cristianismo. No que refere a questão do “idolo”, a divinização
da Virgem está na maioria de suas representações ao longo da história, sobretudo Ibérica, e que é
reforçada pelo caminho da mística como valorização e catequização dos indígenas na América,
constituindo o poder católico no Ultramar. Portanto, a relação entre a imagem e a construção de
identidades nos conduz a pensar nessas representações como possíveis potenciais de evangelização
na luta pela conquista.
Por outro lado, a comparação entre as representações da Virgem pode estar pautada na
construção de identidades locais, tendo em vista que o amálgama a outras imagens votivas é o que
fundamenta o próprios fatores de identificação. Essa reflexão foi reforçada pela descoberta de uma
bandeira da Misericórdia, no acervo privado da Sociedade Portuguesa de Rio Grande, cujo símbolo
maior fora a imagem da Virgem como alegoria e como símbolo da assistência no funcionamento do
hospital ainda no século XIX. Ao observar outras representações da Virgem, como a encontrada na
Misericórdia Portuguesa (Lisboa), percebemos que a temática sobre a imagem é de caráter
multidisciplinar e pode estar atrelada a diferentes apropriações advindas das diferentes relações
culturais de onde surgem.
2 Sobretudo ao se tratar da Arte Bizantina e as representações da Virgem. Sobre essas questões ver em Willianson,
Beth. Christian rte. A very short intriduction. NY: Oxford Press, 2004.
Figura 01 – Bandeira da Misericórdia (1857). Fonte: Arquivo privado da SPB Rio Grande,
2005.
Figura 2 – Nossa Senhora da Misericórdia, século XVI. Museu de São Roque. Fonte:
Oceanos. Lisboa, nº 35, 1998.
Cientes da pouca importância que o assunto tem merecido por parte da comunidade
científica, resolvemos estudar a representação da Virgem da Misericórdia nos séculos XVI e XVII
no âmbito da espiritualidade e assistência no extremos sul do Brasil. Sobretudo, pensar como
algumas práticas culturais europeias, tais como o culto a esse tipo especifico de imagem, chegaram
ao continente americano e como elas se misturaram a elementos locais, recriaram, adaptaram e
contribuíram para moldar as sociedades coloniais nessa região.3
Para além dos poucos estudos existentes sobre o tema, associamos a singularidade histórica
da região, especialmente por se tratar de um espaço colonial periférico constantemente disputado
pelas forças ibéricas ao longo do século XVIII.4
A imagem usada no interior de instituições laicas como as Misericórdias, mas relacionadas
com a Igreja Católica, são uma constante na história das Instituições portuguesas, sejam elas
advindas das celebrações cotidianas, seja no interior dos hospitais, materializadas na escultura,
pintura, bandeiras, baixos relevos.
Na Península Ibérica, mais especificamente em Portugal, a espiritualidade advinda do culto
às imagens sempre foi uma realidade. O culto ao Espírito Santo foi introduzido por iniciativa da
Rainha Santa Isabel, com patrocínio do Rei D. Dinis, fundando a primeira Igreja do Espírito Santo
e respectivo hospital na Vila de Alenquer, no século XV. D. Dinis conseguiu a simpatia das classes
mais desfavorecidas em virtude do amparo que os franciscanos davam aos pobres no tratamento das
doenças e auxílio na adversidade, garantindo inclusive o apoio simbólico ao rei. Com a chegada dos
Portugueses ao “Novo Mundo”, o culto à imagem foi trazido. Aqui, criou raízes e serviu como meio
de comunicação/integração e dominação da população ameríndia.
Na América o culto às imagens encontrou um espaço para se alicerçar e se desenvolver,
quer numa perspectiva de continuidade da vinda do Reino, quer adaptando-se às culturas locais.
Serge Gruzinski (2007) atribui à imagem barroca uma “função unificadora num mundo cada vez
mais mestiço, que mistura as procissões e encenações oficiais a gama inesgotável de seus
divertimentos”. (p.200). A Virgem de Guadalupe, por exemplo, é apresentada, por sua vez, como “a
mais prodigiosa das imagens”, catalisadora dos sentimentos coletivos. A Virgem representava a mãe
sedutora “de pele morena como aquelas amas-de-leite mestiças, indígenas e mulatas que cuidavam
das crianças espanholas em toda a colônia” (p.182). A divulgação das imagens foi ampla e
massificada, seja em locais públicos, seja nas esferas do privado (Serge Gruzinski, 2007). É
pensando nesse movimento de adaptação que os diferentes usos de uma imagem promove, que
refletimos sobre a difícil tarefa de compreender as apropriações e os significados desses usos como
potencializadores de um hibridismo cultural. O ritual que acompanha o culto a uma imagem sacra é
moldado muitas vezes pelo mito que a envolve, talvez o questionamento mais próximo desse fator
3 O estudo sobre a ocupação do território do extremos sul da América colonial pelos jesuítas no século XVI foi tema
de pesquisa da historioadora Beatriz Franzen. Este estudo constitui uma investigação referencial sobre o tema, na
medida em que o estudo que configura como um das poucas pesquisas sobre a ocupação e relações de poder entre
portugueses e espanhóis nesta região no período.
4 OSÓRIO, Helen. “O espaço platino: fronteira colonial no século XVIII.” In: Práticas de integração nas
fronteiras. Temas para o Mercosul. Porto Alegre: Ed. da UFRGS/ Goethe Institut e AEBA, 1995. p.112.
possa se configurar em como essa imagem da Virgem se prolonga nas diferentes regiões, promove
identificações culturais, envolve fé e sensibilidade, imprime um significado tão forte que acaba por
desfazer, se assim for possível entender, o significado primeiro da origem, para ressignifica-la
diante de uma nova matriz social cultural. Portanto, há que se pensar também, se existe uma
imagem primeira da qual todas as outras possam ser vinculadas, como uma rede de apropriações e
significados. E se existe, ela se relaciona a uma representação politica capaz de promover uma ideia
legitimadora do poder da Igreja Católica? O quanto ela se afasta e se aproxima dessa espécie de
tradição iconográfica e de possíveis relações de ancestralidade ameríndia na América?
Mary Oliveira (2014) tem estudado, através das imagens do séc. XVI-XVIII, o impacto
que o “Velho Mundo” teve no “Novo Mundo”. Em seu trabalho a representação alegórica da
América pode ser analisada a partir do prisma da alteridade e imaginário europeu sobre um mundo
novo, ao mesmo tempo cultuado pelo inverso de si. Num primeiro momento, essas representações
podem remeter a uma belicosidade absoluta, ao exotismo e a selvageria, cedendo logo em seguida a
um outro significado simbólico e potencial, capaz de pensar esse “selvagem” em um sujeito que se
dá docemente a evangelização e a aculturação.
É nesse sentido que a autora faz uma análise comparativa ao propor a análise iconográfica
das imagens, pensando similitudes e permanências, acompanhando o significado alegórico de uma
forma mais profunda, em como os significados ocultos dessa imagem pairam sobre a sua
compreensão como forma de narrativas visuais. Mary Oliveira ao propor uma espécie de etnografia
das imagens produzidas sobre a América no período estudado trabalha sob a perspectiva analítica da
iconografia/iconologia de E. Panofsky.5
Atualmente não podemos olhar para a temática das Imagens na América Colonial como um
mero processo de imposição da cultura ocidental sobre a indígena. Trata-se de um processo que tem
por base o encontro de diferentes culturas, onde a assimilação, a síntese e a recriação cultural, se
tornaram uma realidade.
Ramon Gutierrez (1997) nos afirma que é nesse sentido que a arte não é anacrônica porque
não responde ao tempo europeu, se não a seu próprio tempo, ou seja, é coerente com sua
circunstância e por isso a testemunha. Por essa razão pensamos a América não como um receptor de
ideias centrais, que nos conduzem ao um pensamento eurocêntrico sobre o Continente, mas a partir
de trocas culturais que sugerem também uma reelaboração de uma linguagem artística. Tudo isso
nos faz pensar nas condições de possibilidade de um processo para além do resultado dele. Portanto,
5 PANOFSKY, E. O significado das Artes Visuais. São Paulo: Pespectiva, 2009.
há que perceber/inserir a imagem na sua complexidade histórico-social.
O objetivo desta proposta de investigação é aprofundar os estudos sobre a imagem da
Virgem da Misericórdia na região do Prata, extremo sul do Brasil ( Uruguai, Argentina, Paraguai),
entre os séculos XVI e XVII. Teremos como foco central o estudo da iconografia sacra relacionada
com a assistência que as instituições religiosas e laicas utilizavam, da mesma forma que as
diferenças e semelhanças nos processos de apropriação da imagem da Virgem e seus
desdobramentos.
Ao considerar que a assistência é um tema multidiscipinar, o trabalho visa procurar
entender quais critérios particularizavam a sua relação com a imagem e os meios de uso no sentido
de apropriação e significado na história colonial; Revelar que parâmetros norteavam as práticas que
envolviam tanto a compra e realização dos artefatos simbólicos ligados a igreja e a outras
instituições, quanto seus usos em eventos, procissões, efemérides e festividades; Identificar
semelhanças e diferenças nas imagens sacras, em especial da figura da Virgem, desde sua primeira
idealização por Trento na Itália, até as suas apropriações na região do Prata;
Conseiderações acerca da cultura e imagem da Virgem
Cliford Geertz, ao falar sobre cultura nos revela que a chamada diversamente de
etnociência, análise componencial ou antropologia cognitiva, mostra, uma escola de pensamento
que afirma que a cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais os indivíduos ou
grupos de indivíduos guiam seu comportamento,
"A cultura de uma sociedade", para citar novamente Goodenough, desta vez numa
passagem que se tornou o locus classicus de todo o movimento, "consiste no que quer
que seja que alguém tem a saber ou acreditar a fim de agir de uma forma aceita pelos
seus membros." A partir dessa visão do que é cultura, segue-se outra visão, igualmente
segura, do que seja descrevê-la — a elaboração de regras sistemicas, um algoritmo
etnográfico que, se seguido, tornaria possível operá-lo dessa maneira, passar por nativo
deixando de lado a aparência física (GEERTZ, 2008, p.17)
Desta forma, um subjetivismo extremo é casado a um formalismo extremo com o
resultado já esperado: uma explosão de debates sobre se as análises particulares (que surjem sob a
forma de taxonomias, paradigmas, tabelas, genealogias e outras inventivas) refletem o que os
nativos pensam "realmente" ou se são apenas simulações inteligentes, equivalentes lógicos, mas
substantivam diferentes do que eles pensam.
As práticas desempenhadas pelo culto as imagens nos fazem pensar sobre a sua veiculação
e recepção no interior das comunidades platinas. Elas podem remeter para além dos elementos
mestiços, ressignificações, e metáforas do coletivo. Portanto, ao trabalhar com a
representação na imagem da Virgem da Misericórdia propomos investigar as formas configurativas
da obra, dotadas de múltiplas presentificações, pois:
(...) as diversas relações que os indivíduos ou os grupos mantêm com o mundo social:
primeiramente, as operações de recorte e classificação que produzem as configurações
múltiplas graças as quais a realidade é percebida, construída, representada; em seguida,
os signos que visam a fazer reconhecer uma identidade social, a exibir uma maneira
própria de estar no mundo, a significar simbolicamente um estatuto, uma ordem, um
poder; enfim, as formas institucionalizadas através das quais “representantes”
encarnam de modo visível, “presentificam”, a coerência de uma comunidade, a força
de uma identidade, ou a permanência de um poder. (CHARTIER, 2002, p. 169)
Da mesma forma, o estabelecimento das relações culturais que emanam do culto a Virgem
também referem a questões políticas. Foucault, defende que o poder não está centrado em pontos
específicos, mas que ele permeia toda a sociedade, como uma rede. Nesse sentido, os indivíduos
estão sempre em posição de exercer este poder e de sofrer sua ação; nunca são o alvo inerte ou
consentido do poder, são sempre centros de transmissão, incluindo as questões advindas da cultura.
(FOUCAULT, 1996, p. 103). Da mesma forma, ilustra os diferentes debates políticos de uma dada
época, e evidencia que a consciência sobre o poder, sua reflexão e resistência está em diferentes
lugares da vida social.
Todorov, nos revela que o processo de assimilação e aculturação ocorrido no contato entre
o Novo e o Velho mundo desde Colombo, refere mais a um processo de negociação, onde as
questões de poder estão mais evidentes, que vão desde a língua até as apropriações e substituições
dos ritos e mitos locais indigenas em detrimento da cultura européia, em especial a advinda da
religião católica. Sobre a expedição de Cortez a Tenochitlan,
Nossas tropas chegaram a um alto grau de excitação devido à influência dos
encorajamentos de frei Bartolomé de Olmedo, que os exortava a agüentar firme na
intenção de servir a Deus e de difundir a santa fé, prometendo-lhes o auxílio de seu
santo ministério e gritando-lhes que vencessem ou morres sem em combate" (Bernal
Díaz, 164). No próprio estandarte de Cortez esta relação é explicitamente afirmada: "A
bandeira erguida por Cortez era de cores branca e azul, com uma cruz no centro e, ao
redor, urna inscrição latina que, traduzida, dizia: 'Amigos, sigamos a cruz, e com fé
neste símbolo devemos conquistar" (Gornara, 23) (TODOROV, 1983, p.52).
Portanto, percebe-se claramente que a “conquista da América” desde os seus primórdios
trabalhara a dominação simbólica. A dominação exposta através do que talvez fosse mais caro e
mais facilmente assimilado pelos nativos, como a questão da espiritualidade associada ao
comportamento social. O fato de encontrarem sujeitos como um espelho inverso de si, parece
deslocar o imaginário europeu levando-o a repensar os seus valores, embora na questão politica as
apropriações se devam mais predominantemente a conquista do território, do poder local, de
riquezas materiais e de um alargamento de fronteiras ibéricas.
Portanto, as aproximações realizadas através da religião, negociações, ou imposições
muitas vezes por meio da força, podem ter feito parte de elementos coercitivos para a dominação
política. Entretanto, se referirmos a transculturação como linguagem, podemos perceber que ela
assume diferentes matizes e formas de comunicação baseadas no próprio contato com as culturas
diferenciadas na América. Não é somente o gosto estético que perfaz a figura da Virgem da
Misericordia de forma diferenciada, mas também o político, e que se modifica com o meio, tanto
quanto o meio que se modifica por causa das trocas culturais, explicando, por exemplo, a grande
popularidade que essa imagem vai adquirir nas Américas portuguesa e espanhola. Ao analisar as
imagens percebemos que elas nos remetem a questões bastante referenciais sobre a pesquisa.
Ainda Nestor Canclini (2007) ao trabalhar o conceito de cultura associada a uma latino
américa moderna nos remete a uma espacialidade e temporalidade criada segundo elementos que se
tornaram resquicios da conquista, entre os quais o caráter híbrido que as manifestações culturais e
artísticas assumem no continente.
A reflexão sobre o campo da história e sua relação com o diálogo multidisciplinar ganha
hoje contornos cada vez mais precisos. Considerando os estudos que se referem ao campo da
História e sua relação com a Arte, o deslocamento do conceito de imagem do de representação não
impediu que no trabalho historiográfico compreendessemos a importância de cada um nas suas
diferentes acepções. Um dos pontos convergentes é a questão da narrativa. A imagem muitas vezes,
associada a concepção estética envolve o conceito de Belo, de aceitabilidade visual com relação a
sua recepção, valoração e fruição, e portanto, associada a seus usos enquanto imagem devocional. A
representação engloba também esse caráter, indo mais além, na internalização de comportamentos,
materialização de poderes e dispositivos capazes de fazer pensar qual o sentido do sucesso dessa
imagem, e como chega a constituir uma questão identitária.
É pontual a referência a Heiden White pelo conceito de narrativa histórica quando pensamos
o trabalho historiográfico a partir de uma construção, onde o texto do historiador é retórico, poético
e científico ao mesmo tempo. Em White o conceito de história-narrativa põe em questão as
pretensões de verdade e objetividade pretendida por historiadores. White filosofa que narrativas
históricas vêm de fatos ou eventos empiricamente válidos que precisam de passos imaginativos para
serem colocados em uma história coerente, entre os quais requerem ao conceito de interpretação.
Paul Ricoeur afirma através da análise da Retórica III de Aristóteles a questão da
visibilidade na narrativa:
Esse poder da figura de colocar sob os olhos deve ser ligado a um poder mais
fundamental que define o projeto retorico considerado em toda a sua abrangência, a
saber, a faculdade de descobrir especulativamente o que, em cada caso, pode ser
própria para persuadir....persuasão não é sedução....ela aparece através da
retórica...essa definição da retórica como teckné do discurso próprio para persuadir
está na origem de todos os prestígios que o imaginário é suscetível de enxergar na
visibilidade das figuras da linguagem. A representação-operação pode ser tida
como a fase reflexiva da representação-objeto (RICOUER 2007, 44)
Logo, ao pensar nas formas como o historiador aborda a interpretação das imagens é
importante definir conceitualmente a representação historiográfica no debate historiográfico, uma
vez que ela também faz parte da compreensão da narrativa.
Imaginamos estar inseridos em relações sociais que são representadas por meio de imagens
e difundidas no imaginário. Permanece a ideia de que a imagem está ancorada no real e no
fantasmático, porque ele entra em contato com os vestígios, com os registros, estabelece
comparações, verifica momentos de ruptura, tudo isso, fomenta o uso do imaginário, que nesse do
individual e relaciona ao coletivo.
Para historiadores, o uso da imagem hoje conduz a um nível de complexidade maior. Isso
porque é preciso identificar e analisar em que contexto foram criadas ao mesmo tempo que suas
próprias finalidades. O que nos remete ao pensamento de que é fundamental pensarmos na imagem
e sua interpretação como parte do trabalho do historiador, tanto quanto relacionado ao conceito de
representação, mas reforçando as suas especificidades e método.
Nesse sentido, como pensar a relação da imagem com a história? Elas estariam
relacionadas a exposição de uma tradição interpretativa? Como podemos perceber a relação entre
imagem e produção de identidades no caso especifico da representação da Virgem da Misericórdia?
Erwin Panofsky (1892-1968), explora a ideia de que uma fundamentação artística não se
inicie na experiência, pelo contrário, o entendimento científico deve ser o ponto de partida. Mas ele
só pode ser compreendido se for agregado na experiência. Desta maneira é que se faz possível uma
interpretação, promovendo portanto a concepção sobre a relação entre iconologia e iconografia.
Direciona seus estudos a uma teoria de leitura de imagens que visava, segundo ele, o estudo do
significado pleno da obra:
A iconologia é um método de interpretação que advém da síntese mais que da análise.
E assim como a exata identificação dos motivos é o requisito básico de uma correta
análise iconográfica, também a exata análise das imagens, estórias e alegorias é o
requisito essencial para uma correta interpretação. (PANOFSKY, 2011, p. 54)
Na procura da exatidão interpretativa, o autor cria uma metodologia para a análise de
imagens que é dividida em três partes: a primeira acontece com a identificação dos motivos visuais,
ou seja, uma leitura formalista que Panofsky denomina de pré-iconográfica; a segunda é o estudo
dos temas e dos conteúdos da imagem, a leitura iconográfica6 na qual devem ser estabelecidas
relações históricas e alegorias acerca do tema da imagem; a terceira seria finalmente a leitura
iconológica, a procura do conteúdo, que para ser decifrado necessitaria de uma confrontação com
várias disciplinas, em uma maneira de relacionar a obra com toda uma cultura.
Portanto é importante ressaltar que o autor, busca com base conceitual sobre o trabalho de
Aby Warburg, a relação indissociável entre iconografia e iconologia, tendo em vista que é preciso
buscar nos elementos visuais formais para além das suas relações culturais, como essa acepção
simbólica pode estar vinculada a um entendimento estilístico sobre si, e a partir dele a compreensão
dos seus outros significados, alegóricos, visíveis e ocultos.
Ainda, no que refere a cultura, Serge Gruzinsky no trabalho referencial “A Guerra das
Imagens” (2006), coloca que por meio do movimento de circulação cultural percebemos diferentes
usos ou apropriações das imagens. A idéia de circulação e apropriação (Ginzburg, 1998) procura
trabalhar com o conceito de cultura sob uma perspectiva relacional. Sob influência dos estudos
antropológicos, a cultura aparece como resultante de relações complexas entre valores e crenças,
mas também entre artefatos materiais e instituições. A mestiçagem é percebida, portanto, em meio a
relações culturais (religiosas, econômicas, políticas) e de poder: da submissão à arma a sedução da
imagem. A noção de mestiçagem, que havia sido trabalhada no começo do século XX por
intelectuais como Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e Mário de Andrade para se pensar a
cultura brasileira está sendo revisada, hoje ganha força nas análises de Serge Gruzinski sobre o
passado colonial da América espanhola, em especial refletindo sobre identidade e cultura, tradição e
modernidade, em um mundo cada vez mais conectado e saturado de informações visuais. Portanto,
a visão de um Brasil em busca efetiva de um branqueamento constante, tanto na questão da etnia
quanto nos costumes, é pensada do ponto de vista inverso. Também o historiador França Paiva nos
chama atenção para a complexidade das sociedades da américa colonial. Não existe um único
padrão para a sua formação e para a sua classificação,
O jeito cruzado que se irá espalhar pelo Império colonial torna delicada a classificação
das distintas sociedades, assim como estabelecer hierarquias e categorizações rígidas.
Tanto na América colonial como em outras sociedades emergiram mudanças que
resultaram do cruzamento/recreação entre as culturas “invasoras” e as gentes locais...
Por exemplo, em determinadas regiões, podia existir famílias organizadas por
6 “Iconografia é o ramo da história da arte que trata do tema ou mensagem das obras de arte em contraposição à sua
forma.” (PANOFSKY, 2007, pg.47)
representantes das três classes, formadas, geralmente, por um pai livre, uma mãe forra -
o que não significava ser livre - e um ou mais filhos ainda cativos do ex-senhor da
mãe... (PAIVA, 1993, p. 18).
Tudo isso nos faz pensar em como em uma sociedade menos hierárquica, ou pelo menos
mais contingente quanto ao que essa situação possa promover como imagem de si. Ou seja, a
imagem de santos e de anjos era primordial para a evangelização, mas também não estaria
vinculada a uma espécie de representação onde o sujeito coletivo se reconhece?
A análise da Virgem na América Colonial
A explosão do barroco brasileiro nas artes no século XVIII consolidou uma representação
já trabalhada desde muito cedo nas missões jesuíticas no extremo sul do Brasil desde o século
anterior. O peso que as imagens tiveram nas missões jesuíticas fora grandioso.
Maria de Des Manso destaca que a mobilização para a evangelização fora desde os seus
primórdios baseada no alargamento do poder político do mundo cristão europeu. O significado da
“conversão do infiel” assume um significado especial, pois
A cronística quinhentista e seiscentista tanto religiosa como secular, sublinha essa
associação íntima entre a conquista e evangelização....em rigor, esse cruzamento
sublinha que a história da expansão portuguesa combinou sempre três dimensões
conexas – comercial, militar e religiosa – que não se pode dissociar sob pena de limitar
tanto as pesquisas quanto a qualificação das interpretações (MANSO, 2009, p. 10).
No caso das imagens utilizadas como parte do projeto de catequização/ evangelização dos
indígenas nas missões no Brasil, percebe-se que a valorização de algumas praticas como a
manufatura das imagens assim como o aprendizado de seus significados fora uma constante como
metodologia para o processo de aculturação e assimilação do cristianismo. Isso porque a profusão
da arte missioneira, sob a egide do Barroco, promovido também pela Santa Sé como a Arte oficial
da Contra Reforma, fora fundamental para o bom sucesso das missões.
Na América portuguesa, como se sabe, junto ao papel das câmaras municipais estabelecidas nas
colónias portuguesas, sobretudo no Brasil, também foi preponderante o papel da Igreja Católica na
imposição de uma ordem colonial que se queria «lusa» e católica. A cristianização da população
apresentava-se tanto como forma de domínio como de inclusão de indivíduos e segmentos sociais
em uma nova sociedade, para que estando em pé de igualdade com os costumes de metrópole,
pudessem almejar alguma ascensão social local.
No intuito de propagar a fé cristã, em Portugal e nas cidades coloniais portuguesas,
missionarismo e a assistência funcionaram como meio difusor da unicidade da moralidade cristã,
mas também como polarização castradora de todas as ideias, religiosidades e práticas culturais ao
seu sistema de valores. Segundo Charles Boxer, o rei D. Manuel obrigou a população das colônias e
de Portugal a converterem-se praticamante à força, gerando um processo de homogeneização do
reino através da expulsão e conversão de judeus e mouriscos que, sem grande sucesso, se queria
alargar imediatamente aos espaços coloniais.7 As medidas homegeneizadoras estender-se-iam
rapidamente a todas as administrações de hospitais e confrarias, Misericórdias incluídas, difundindo
na ocupação já de cargos de gestão já no próprio recrutamento de membros tanto um escrutínio
quanto um profundo preconceito sócio-religioso contra os não-cristãos e “cristãos novos”. Estas
medidas eram ainda mais constrangentes nos diferentes espaços coloniais lusos, somando à
discriminação no recrutamento para cargos municipais essa outra marginalização no acesso ao
monopólio católico da caridade. Seguindo mais detalhadamente a argumentação do grande
historiador britânico da história da Expansão Portuguesa:
Em 1561, a Câmara de Goa pediu à rainha regente que promulgasse um decreto
proibindo estritamente que os cristãos-novos ocupassem quaisquer cargos na
Câmara…No Brasil, em geral, a proibição de ocupação de cargos pelos cristãos-novos
foi cumprida com rigidez a partir de 1633 e, se bem que alguns indivíduos de origem
marrana possam ter ocupado cargos em alguns Conselhos Municipais a partir dessa
data, não consigo encontrar exemplo específico durante mais um século, enquanto
existem sem dúvida alguns em Goa e Macau.8
Tudo isso foi reforçado por um conjuntos de ações que refletiam o projeto católico português
no ultramar. A doutrina medieval das Obras de Misericórdia, por exemplo, remetia essencialmente
para a construção moral de uma vida exemplar, ou seja, concretizava uma idéia de sociedade e de
circulação de bens sociais gestados na ordem das virtudes da religião cristã. D. Leonor, a promotora
das primeiras Misericórdias, evocava constantemente a figura da Virgem de Misericórdia – a Mater
Omnium capaz de proteger todos os cristãos com o seu místico Manto – com intuito de, através da
Sua Santa figura de Mãe exemplar e sofrida, exemplificar a capacidade de rendição, perdão e
caridade que toda a obra assistencial deveria corporificar. A ligação da fé cristã com as
Misericórdias foi reforçada pela Rainha, no empenho de construir as ações de assistência em torno
7 BOXER, Charles. Império Marítimo português. (1415-1825). Lisboa: Edições 70, 1969.p. 275.
8 BOXER. Idem. p. 275.
da da educação de uma espiritualidade cristã. 9 Portanto, a dimensão espiritual legitimada pela sua
verticalização na aproximação do homem a Deus, em face às suas boas ações com base no amor
exemplar, em rigor, o único tipo de amor autorizado pelo sistema ético cristão: o Amor no sacrifício
de Cristo.
Na América, as imagens da Virgem, por exemplo, são somadas a uma certa originalidade
às avessas. O estilo Barroco advindo e promovido pela contra reforma vinculava as representações
a uma certa tipologia pois,
El arte religiosa o reflejava unicamente, através de su iconografia, la posición doctrinal
de la iglesia, sino también las nuevas actitudes religiosas que, tras la reforma, solo
podrian asumir dos alternativas: el camino de la mística o la via de l acción directa que
preconizaban los jesuítas, com la misma valoración pro ambas partes la escética como
medio de perfección moral, y demonstraba, la viabilidad de estos comportamientos
mediante e exemplo de los santos, cuyas representaciones viene substituir casi por
completo a los temas biblicos, y cuyo culto se fomenta como respuesta a su rechazo
por parte de los protestantes.” (CREMADES, Fernando Checa. TURINO, José Miguel
Morán. Él Barroco. Madrid: Istmo, 2010, p. 228).
Entretanto, de um lado, o barroco do além mar esforçava-se para tornar as imagens vivas,
miméticas, tentando-lhes dar uma dimensão quase vital. De outro, as imagens produzidas nas
missões, predominantemente esculturas, não caracterizadas pela mimesis, mas pela dimensão
ritualística e espiritual dessa imagem, mais próximas de si, incluindo o aspecto étnico na
representação. Perguntamo-nos como analisar a profusão de imagens sacras sem que seja sob a
ótica da miscigenação?
Conclusões
O desenvolvimento desta pesquisa está ainda na primeira etapa de revisão e fichamento da
bibliografia pertinente, atividade que deverá ocorrer ao longo de todo o período da investigação,
embora nessa primeira fase constitua uma tarefa central. Concomitantemente, nessa primeira etapa
também terá início a coleta e sistematização das fontes primárias e a formação do banco de dados.
Nesta análise, entendemos o conceito de imagem a partir da perspectiva da mestissagem.
Serge Gruzisnki (2000) parece encontrar um ponto convergente ao abordar a questão do mestiço,
no que chama de coexistência de culturas dentro de um processo de negociação, onde a mistura é
9 Promove, dessa forma, publicações sobre o tema, entre os quais o Bosco Deleitoso, em 1515, destinado a convocar
a Misericórdia enquanto virtude, na formação de uma espiritualidade ligada a orientação de uma vida moral
exemplar. Estes textos compunham o livro intitulado Boosco Deleitoso, editado pelo alemão Heraman de Campos
em 1525. Sobre essas questões veja-se em SOUSA, Ivo Carneiro de. Da descoberta da Misericórdia às
Misericórdias (1498-1525). Porto: Granito, 1999.p.75.
um fato singular. Da convivência entre civilizações diferentes emergiram criações mestiças,
contrariando a ideia progressiva do aperfeiçoamento das sociedades, para existências onde tudo se
mescla, onde nada é linear (Gruzinski, 2000, p. 52).
No caso de uma sociedade colonial, a acepção pode ser comprovada muitas vezes e uma tentativa,
não levada a cabo, da intenção de purificar uma sociedade, pois o relacionamento entre grupos
sociais nessa perspectiva é inevitável, nem mesmo as proprias instituições, como a Igreja Católica,
conseguem manter em seu interior regras que não sofrem adaptações.
A compreensão do amálgama se sentidos promovido pelos diferentes usos e apropriações das
imagens nos leva a concluir que a diversidade dessas agências é o que confere a importância dessa
iconografia, considerando, nesse sentido, a cultura, identidades e memória das imagens.
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