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 IV Congresso Brasileiro de Agroecolog ia Construindo Horizontes Sustentaveis Minas Gerais 2006 Manejo Florestal Sustentavel - As Implicações da nova Política Florestal para a Amazônia Mesa Redonda Manejo Participativo de Recursos Naturais na Amazónia Klemens Laschefski (CNPq/IGC/UFMG) Phd em Geografia [email protected]

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IV Congresso Brasileiro de AgroecologiaConstruindo Horizontes Sustentaveis

Minas Gerais 2006

Manejo Florestal Sustentavel -

As Implicações da nova Política Florestal para aAmazônia

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Manejo Florestal Sustentavel

As Implicações da nova Política Florestal para a Amazônia

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 Resumo: No dia 07 de fevereiro de 2006 foi aprovado pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4776/05, queregula a gestão de florestas públicas. Este trabalho discute o conceito do „manejo florestal sustentado“, que écondição básica para empresas interessadas em adquirir concessões para a exploração da floresta amazônica. Aanálise destaca de um lado os melhoramentos introduzidos por este modelo, principalmente no setor da industriamadeireira. Por outro lado, a exploração madereira de baixo impacto ambiental ocorrida nas várzeas vem sendosubstituída por um sistema de manejo florestal moderno com alto impacto ambiental nas áreas de terra firme. Osribeirinhos estão sendo particularmente afetados pela ruptura de seus laços comerciais e pelas restrições impostas

aos seus sistemas de uso da terra na área de manejo das empresas certificadas. Assim, o trabalho questiona os efeitosde políticas públicas que promove a mercantilização da madeira como meio para se introduzir "desenvolvimentosustentável" na Amazônia.

1. Introdução

 No fim dos anos 80 as chamas nas florestas da Amazônia tornaram-se mundialmente um símbolo

 para o fracasso de um modelo do desenvolvimento que visa, desde o fim da II Guerra Mundial, atransformação de culturas "tradicionais" em sociedades modernas, seguindo o exemplo dos paísesindustrializados. No Brasil, a implementação de ações baseadas em teorias sobre a construção deinstituições modernas, estruturas de produção industrializada e do "mercado" se reflete na colonizaçãodescontrolada na Amazônia, mostrando assim os limites de abordagens generalizadas que desconsiderama heterogeneidade social e natural no espaço. Em vez da prosperidade esperada, os "pólos dedesenvolvimento", criados primordialmente durante as ditaduras militares, são caracterizados pela misériae graves problemas ambientais.

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abandonando campanhas de confrontação e buscando soluções pragmáticas junto com o setor privado einstituições governamentais (Zhouri 1998). Um exemplo para as tentativas de conciliação dos interesses

sociais, ambientais e econômicos no setor madeireiro é a criação do FSC - Forest Stewardship Council(Conselho de Manejo Florestal), em 1993. A tarefa do FSC é definir princípios e critérios globais paraflorestas ‘bem manejadas’. Baseados nesses padrões, institutos independentes executam a certificação daexploração florestal. Para garantir o sucesso econômico do FSC, o WWF estabeleceu uma rede global decomércio de madeira (Global Forest and Trade Network ), que é um fator importante na expansão deflorestas certificadas pelo FSC. Essas já superaram uma área de 25 milhões de hectares mundialmente.

A certificação florestal vem ganhando relevância em estratégias políticas para implementar ochamado "desenvolvimento sustentável“ entre as várias instituições nacionais e internacionais, como oBanco Mundial e o PPG-7. Recentemente, o "manejo florestal“ e a certificação têm tido um papelcrescente no planejamento regional do novo governo brasileiro, ou seja, no zoneamento econômico-ecológico da Amazônia, particularmente na criação de FLONAS - Florestas Nacionais. SegundoSchneider et al. (2000), este conceito criaria oportunidades para o desenvolvimento sustentável nas zonasrurais da Amazônia. Tais propostas foram formalizadas com a aprovação do Lei 4776/05 que

• regula a gestão das florestas em areas públicas,• cria o Serviço Florestal Brasileiros• estabelece o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal

 Neste artigo serão analisados os potenciais e limites do conceito de "manejo florestal sustentado" nocontexto dos atuais processos socioambientais na Amazônia. A pesquisa concentra-se nas relaçõesespaciais e sociais das primeiras empresas certificadas no Estado do Amazonas, a Precious WoodsAmazon Ltda. e a GETHAL Amazônia S. A..

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consideram também as necessidades das gerações do futuro, como se mostra no plantio de árvores, que beneficiam os descendentes da geração atual. A expansão de tais sistemas depende do crescimento

demográfico.

Tabela 1: Aspectos da sustentabilidade em sociedades tradicionais e modernas

sociedades tradicionais sociedade moderna

estrutura social solidária, pouca divisão do trabalho,

alta responsabilidade pessoal para com osoutros membros da sociedade atual e paracom as gerações do futuro, instâncias deregulação (autoridades espirituais, religiososou de grande experiência em sociedadeslimitadas como clã, famílias etc.) determinam omodo de vida

individual, alta divisão do trabalho

previdência social externalizada einstitucionalizada

Instâncias de regulação (estado,administração) fragmentada, influenciadapor vários grupos de interesse,departamentos competem poder erecursos, ausência de conceito holísticopara o modo da vida da sociedade

relação com anatureza

direto, mudanças na natureza influenciamimediatamente as condições de vida,membros sentem concretamente as mudanças

indireto, variações naturais na produçãoestão equilibrados através de cadeias decomércio (compras adicionais), a naturezavira meio ambiente abstrato

objetivo dareprodução social

Continuidade das relações com o meioambiente, funções ecológicos são otimizadascomo base na reprodução continua emboralimitada para os gerações do futuro

a acumulação privada ilimitada de bensmateriais e capital, desvinculada dareprodução natural e de necessidades dassociedades como um todo

Função da naturezana produção

Os ecossistemas são vistos como os própriossistemas da produção, cujo funcionamento é

essencial para a reprodução da sociedade Af f

 A produção e destinado dos produtosespecíficos para a venda no mercado.

Como o objetivo é atingir o máximo da

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 poder através da acumulação do capital. Poderiam comprar produtos que eles mesmos não produziram,além dos serviços necessários para superar as distâncias entre lugares da produção e do mercado. A infra-

estrutura do comércio e os novos meios de transporte facilitaram a especialização da produção demercadorias em regiões com vantagens comparativas.

Dessa maneira, as condições para a industrialização foram criadas, concentrando os modos de produção de forma especializada em manufaturas e fábricas. As dependências dos vassalos em relaçãoaos senhores, fundadas na posse da terra durante o feudalismo, foram substituídas por dependências decapital entre o trabalhador industrial e o empresário; e finalmente o trabalhador foi substituído pelasmáquinas. A mecanização e a possibilidade da acumulação de capital são a base da terceirização deserviços. Com novas técnicas de transporte e da Informação os processos de produção podem ser controlados e flexibilizados além das fronteiras dos estados (globalização econômica).

Tais mudanças sociais se refletem na forma da ocupação do espaço. As sociedades modernas seconcentram em centros urbanos interligados pelas redes de transporte e das tecnologias de informação. Ouso da terra apresenta-se como um mosaico de paisagens uniformes, cada uma destinada à produção demercadorias especificas, como áreas para a agroindústria, mineração, manejo florestal ou produção deenergia (hidrelétricas) etc. Os ritmos e ciclos da natureza são substituídos por insumos técnicos, comoadubo e máquinas na agricultura, dentro dos limites da tecnologia disponível. O resultado é a

"monoculturação" ambiental e social do espaço. Na tabela 1 são resumidas algumas características das sociedades tradicionais e modernas,

consideradas como tipos ideais, de forma esquematizada e extrema, elaboradas com base na análise deconceitos associados à idéia de desenvolvimento sustentável (Laschefski 2002). Tendo em vista aheterogeneidade das sociedades, evidentemente tal classificação somente serve como ponto de partida para uma pesquisa direcionada aos problemas mencionados acima.

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oriundos de diversas raízes históricas e culturais, desenvolveram estilos de vida semelhantes na floresta, oque dificulta o enquadramento das culturas amazônicas em categorias indígenas e não indígenas,

tradicionais ou modernas etc. Neste sentido, é necessário destacar que a classificação não pretendecaraterizar determinadas sociedades nas suas peculiaridades, somente pretende esclarecer os príncipios básicos da ocupação do espaço.

Além da população rural, foram classificados sistemas de ação das sociedades modernas, tais comoempreendimentos industriais e agroindustriais, e finalmente zonas urbanizadas. Todas os sistemas de açãoda Amazônia são influenciados por condições gerais, tais como políticas públicas ou vínculoseconômicos, vistos aqui como sistemas de ação superiores ou intermediários, sendo resumidos a seguir (ver tmabém Anexo 1) 4 

3.1.Sistemas de ação superiores

3.1.1.Colonialismo/Mercantilismo

As atividades nas colônias de Portugal eram baseadas numa ideologia cristã-mercantilista, que justificou a exploração das novas terras e seus habitantes. Os portugueses aspiraram a consolidaçãoterritorial permanente das áreas "descobertas" mais do que outros poderes colonizadores. O Brasil eradescrito nos primeiros relatos como um paraíso, com frutos exóticos entre outros. Evitavam-se notíciasnegativas para estimular a migração transatlântica de colonos portugueses. Surgiram os primeiros postoscomerciais e militares, dos quais partiram expedições para explorar as terras e os recursos no interior. A base econômica era o extrativismo descontrolado, na crença da disponibilidade exuberante dos produtosextraídos. Enquanto o produto foi sendo esgotado, os extrativistas avançavam para outras áreas,

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manipulação de valores religiosos. Desta forma, os índios eram "destribalizados" ou "civilizados",transformando-se em "índios mansos de serviço" ou tapuios.

Muitas cidades amazônicas têm as suas raízes nas antigas missões. Mas a relevância principal dasmesmas se reflete na composição da população "destribalizada". O principio do aldeamento dos beneficiados de programas sociais ainda pode ser encontrado em missões contemporâneas e também em projetos da FUNAI (ver item 3.2.3).

3.1.3.Pombalismo

A política do Marquês de Pombal na segunda metade do século XVIII, trouxe mudanças relevantes para a Amazônia. Os jesuítas eram expulsos da colônia e as missões transformadas em diretóriosseculares para fins de estabelecer um sistema de produção agrícola pré-capitalista para a exportação. Naescassez de colonos portugueses os tapuios foram formalmente reconhecidos como cidadãos paraconsolidar os territórios segundo a regra de uti possedis5. Também foram estimulados casamentos mistosentre índios e portugueses. Os tapuios e mestiços foram empregados como trabalhadores assalariados em pequenas fazendas espalhadas ao longo dos rios para fornecer as plantações com os produtos denecessidade básica. Nas plantações em si trabalhavam principalmente os escravos africanos.

O ideal pombalino falhou por vários fatores, entre eles a mudança radical da ordem social nosaldeamentos (Neto, 1988: 25). No contexto deste paper , é importante ressaltar que os administradores das plantações perceberam que o lucro era maior quando mandavam os trabalhadores para expedições deextrativismo em vez de implementar atividades agrícolas. Se desenvolveu uma rede de aviadores quecontrolavam os preços e exploraram os índios extrativistas, que não eram acostumados ao sistemamonetário. Assim, surgiu o sistema do aviamento ( ver item 3.2.2), cujo resultado era a semi-escravidãodos extrativistas envolvidos.

O século XIX foi marcado por mudanças políticas, epidemias e a cabanagem, uma revoluçãoi l i l i d di i i d á i d l i dí i i 

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O ciclo da borracha terminou quando surgiram as plantações na Ásia, que passaram a competir comos seringais da Amazônia. Como não foi possível estabelecer plantações na Amazônia por causa de

 pragas, a Ásia venceu economicamente. Mesmo assim, sobreviveu o princípio da cadeia entre osmercados internacionais - centros de comércio nas cidades amazônicas - sistema de aviamento - pequenos

 produtores "tradicionais" de forma modificada até hoje.

3.1.5.Integração nacional (Ditadura militar)

Várias tentativas para revitalizar a economia da borracha na primeira metade do século XX,

 particularmente durante a II Guerra Mundial, falharam na Amazônia. Somente a partir de 1964, a ditaduramilitar desenvolveu ambiciosos planos para a Amazônia a fim de resolver vários problemas no país.Primeiro, havia o problema da consolidação política da região, vista como um vazio demográfico. Osmilitares temiam forças adversas e a invasão de outras nações 7. Consequentemente, era necessário a"integração nacional" (integrar para não entregar) da Amazônia. Segundo, os programas de colonizaçãoforam considerados uma resposta para a pressão política de implementar uma reforma agrária. Terceiro,a modernização da produção agrícola era estimulada para enfrentar as demandas dos crescentes centros

industriais e mercados externos. Quarto, na região também deveria ser estimulada a industrializaçãoatravés da instalação infra-estrutura (estradas e hidrelétricas) e a implantação de "pólos dedesenvolvimento" na forma de grandes projetos de mineração, metalurgia e siderurgia. A política daditadura militar resultou nos profundos problemas sociais e ambientais bastante conhecidos, como odesmatamento, conflitos com os moradores da floresta, especulação e concentração de terras, crescentemiséria nas zonas urbanizadas, entre outros.

Os sistemas de ação geográficos locais estimulados pelos planos de integração nacional podem ser diferenciados em colonos/migrantes,  sistemas de uso de terra industrial , grandes projetos e urbanização,

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3.1.7.Integração internacional (Avança Brasil)

 Na metade dos anos 90 foram criados os novos programas governamentais para a implementação deinfra-estrutura na Amazônia ("Brasil em ação", "Avança Brasil"), que parecem contrariar todas astentativas para iniciar um "desenvolvimento sustentável". Num clima de recuperação econômica e adesregulação dos mercados internacionais, a idéia não é mais a "integração nacional" da ditadura militar,mas a "integração internacional". Neste contexto, o plano prevê a construção de novas estradas, ferrovias,hidrovias, gasodutos e hidrelétricas para ligar a região centro-oeste com a bacia do Amazonas,aproveitando o Rio Solimões como conexão para os mercados na Europa e na América do Norte. OPrograma beneficia primordialmente as grandes agroindústrias, inclusive investidores internacionais paraa produção de soja e outros grãos no "arco de desmatamento", na zona de transição entre o cerrado e asflorestas amazônicas. Madeireiras da Ásia e dos Estados Unidos foram atraídas para comprar florestasextensas nas partes interiores da bacia amazônica. Ambientalistas e pesquisadores temem que se repitamos mesmos erros que aconteceram durante a ditadura militar. Segundo Laurance et al (2001) asconseqüências serão a degradação das florestas entre 30% e 42%. O plano Avança Brasil estimularia osmesmos sistemas de ação das ditaduras militares.

3.2.Sistemas de ação intermediários

3.2.1.Extrativismo migratório

O extrativismo migratório para mercados externos era praticado desde o início da colonização (PauBrasil, ver item 3.1.1). Os extrativistas procuraram ouro (garimpo), diamantes, plantas e animais raros, plantas medicinais e madeiras nobres como o mogno, além de peixes. Trata-se de pequenas empresastemporárias e informais, contratadas por comerciantes ou grandes empresas, que avançam em regiões

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ou outros pequenos produtores vivendo isolados nas florestas. O pagamento era conduzido depois daentrega da borracha no "barracão". Os "aviadores" avaliaram o valor monetário da borracha para encerrar 

a conta para as mercadorias "compradas" pelos seringueiros. Como o barracão era o único lugar paracomprar os mercadorias, os aviadores tinham facilidade de manipular os preços, resultando numa situaçãoem que os seringueiros nunca conseguiam pagar as suas contas. Como as dívidas eram transmitidas aosfilhos, as dependências dos seringueiros mantinham-se durante várias gerações10. Assim, o aviamento éde fato uma escravidão pela dívida. Cabe lembrar, que os seringueiros tinham o direito de praticar numaárea restrita a agricultura para a subsistência, algo que significou uma forma de segurança social mínima.

O sistema tinha várias formas e etapas intermediarias de aviadores, localizados nas bocas dos rios atéo rio principal, o Solimões. Atualmente, o aviamento é espalhado em todo o oeste da Amazônia e é usado para explorar uma variedade de outros produtos e pequenos produtores rurais. No lugar dos barracões, háos "regatões", ou seja, barcos dos aviadores ou "tabernas" na terra firme, onde migrantes ou colonos sãoinseridos no sistema (Nugent 1993:185).

3.2.3.Comércio mediado (iniciativas para facilitar o acesso aos mercados)

Muitas instituições tentam estimular o desenvolvimento "manso" de populações marginalizadasatravés de iniciativas para otimizar a produção e facilitar-lhes o acesso ao mercado. Os produtos estãosendo comercializados em estruturas internacionais do mercado "alternativo" (por exemplo,  fair trade)etiquetados como de origem "indígena" ou "ecológica" ou "produção campesina", entre outros. Nestecontexto surgiu também a idéia da certificação madeireira, discutida mais adiante. Estas iniciativas sãoapoiadas por financiamentos internacionais que visam  políticas sustentáveis (PPG-7, ONGs, fundações,empresas).

Lima/Pozzobon (2000) diferenciaram entre a mediação tutelar e a mediação com parceria. Adi ã l 

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a suposta selva intocada é muitas vezes resultado da transformação e cultivação humana. Pesquisasarqueológicas mostram que os sistemas de uso da terra são baseados num conhecimento complexo e

sistêmico sobre os processos naturais (Posey 1989, Milton 1992, Cunha/Almeida 2002, entre outros)12.Embora os índios já estabeleciam mercados autóctones, os resultados das suas atividades raramenteresultaram em impactos irreversíveis nos ecossistemas. Os sistemas de regulação social eramdirecionados à solidariedade entre os membros das sociedades e à continuidade para as gerações nofuturo. Desta forma, muitos povos indígenas, correspondem em grande parte ao modelo extremo desociedades tradicionais sustentáveis (ver tabela 1:4).

 Na decorrência da história, como já dito, as culturas dos povos indígenas sofreram e sofremalterações e impactos provocados pelos outros sistemas de ação, tais como o extrativismo migratório, ocomércio mediado, o aviamento e as conseqüências dos sistemas de ação superiores descritos acima. Por isso, a maioria dos grupos indígenas recentes já adotaram elementos culturais dos "brancos", até mesmoos urbanos.

3.3.2.Pequenos produtores históricos

O sistema da ação dos pequenos produtores "históricos" abrange os descendentes de tapuios,quilombolas, mestiços e mamelucos, entre outros, que se espalharam na Amazônia como ribeirinhos,seringueiros e caboclos durante a colonização, particularmente a partir do  Pombalismo. Este grupoheterogêneo tem em comum o fato de terem se adaptado a partir das suas próprias raízes culturaisindígenas, ibéricas e africanos à situação ecológica da Amazônia, elaborando economias e técnicas que podem ser consideradas altamente sustentáveis.

A grande diferença em relação às culturas autóctones é que eles sempre tinham relações comerciaiscom a sociedade "moderna" e o "mercado mundial", principalmente através do sistema do aviamento.

 

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e um certo conforto que ele redistribuía entre os agregados. Portanto, a orientação econômica desteslatifúndios não é a da acumulação de capital e expansão territorial. Assim, a estrutura social e econômica

dos latifúndios tradicionais se destaca por uma alta sustentabilidade ambiental, fruto de uma históricafamiliaridade com o ambiente natural e de técnicas exploratórias de baixo impacto. Porém, as relaçõessociais contradizem o critério da justiça social da sustentabilidade.

3.3.4.Colonos, migrantes (nordestinos)

 Nesta categoria são subsumidos migrantes, oriundos a maioria do nordeste e do sul do país, emdecorrência das políticas de colonização durante a ditadura militar. As parcelas dos colonos beneficiados pelos programas como o PROTERRA estendem-se ao longo das rodovias da "integração nacional". Nãoacostumados à situação ecológica no novo ambiente, as suas tentativas de produção agrícola se mostram pouco sustentável. Neste caso, isto não decorre de mudanças de estilos de vida em decorrência damodernização, mas sim por causa da transferência de uma cultura tradicional num outro contexto naturale a desestruturação social. A pressão aumentou em decorrência da migração de milhares de sem-terraatraídos pela expectativa de uma possibilidade de construir uma nova existência. O resultado é a

colonização desordenada nestas zonas com graves conflitos sociais.Como os migrantes se concentram em áreas da terra firme, os métodos de corte e queima nãocontroladas resultam em fogos acidentais, ameaçando não somente as florestas nativas mas tambémtentativas de estabelecer sistemas de produção mais adaptados, como sistemas agroflorestais. Assim,surgiu um ciclo vicioso de uma economia "boom-bust", desestimulando qualquer iniciativa deimplementar sistemas mais sustentáveis "no arco do desmatamento".

Embora este quadro caraterize as "fronteiras" até hoje, pode-se observar que nas áreas mais antigasde colonização os primeiros migrantes aplicaram métodos mais adaptados à situação ambiental com alta

 

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Inglaterra juntos. A idéia era a criação de "pólos de desenvolvimento" com base nas teorias de Perroux(1964), que funcionassem como núcleos econômicos, que induzissem o crescimento ao redor dos

empreendimentos, atraindo outros setores produtivos e estimulando o mercado local. Na mesma lógica foiimplementada a Zona Franca de Manaus.

Os grandes projetos não somente trouxeram problemas ambientais e sociais por si mesmos, mastambém pela estimulação da migração e urbanização descontrolada, que resultou em graves conflitossociais com a população local, particularmente os povos indígenas. Como os  sistemas de uso da terra

industrial, recentemente os  grandes projetos são estimulados pelo programa Avança Brasil, atraindo denovo milhares de trabalhadores de todo o Brasil para a zona de mineração em Serra Pelada. Outros novos projetos em planejamento são o gasoduto Urucú-PortoVelho e vários megaprojetos como as hidrelétricasBelo Monte e Rio Madeira.

3.3.7.Urbanização

De modo geral pode-se registrar uma forte tendência de urbanização e migrações rurais-urbanas emtoda a Amazônia15. Muitas cidades são ligadas à implementação de empreendimentos agropecuários

(agrovilas) e projetos industriais (company towns). Com o extrativismo migratório surgem as vezes povoamentos temporários que cumprem funções urbanas mínimas (lojas, bares, bordeis de caráter improvisado). Junto com a urbanização surge a diferenciação das zonas rurais ao redor das cidades, comfazendas para produzir alimentos básicos, hortaliças, carne, além da exploração madeireira e indústrias pequenas com destino aos mercados da cidade - ao contrário dos latifúndios na zona de desmatamentoque principalmente produzem para mercados externos. A forma de ocupação do espaço é pouco planejada, com impactos descontrolados, causando conflitos sociais e ambientais. Na proximidade dezonas urbanizadas os sistemas dos povos indígenas e dos pequenos produtores históricos são fortemente

 

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O comércio internacional de madeira exacerba uma economia imprevisível. Durante a fase daexpansão nos anos 80, a indústria madeireira em Itacoatiara estimulou a migração urbana, atraindo

 pessoas do meio rural para as cidades na procura de emprego nas serrarias. No inicio dos anos 90, então,o setor entrou em várias crises subsequentes em conseqüência das mudanças nas demandas nos mercados(boicotes), a fiscalização intensificada pelas agências governamentais e problemas de fornecimento demadeira por causa da crescente escassez de madeira de alta qualidade, além das dificuldades detransporte. Na cidade de Itacoatiara, já marcada pelo crescimento rápido da população, aprofundou-se o problema do desemprego. O fato de a infra-estrutura de produção, os recursos políticos, acadêmicos e amão de obra na cidade serem estritamente direcionadas à indústria madeireira, dificultou a diversificaçãoda produção na criação de economias mais robustas e sustentáveis.

 Nesta época, em 1994, a Precious Woods, sediada na Suíça, investiu na indústria madeireira emItacoatiara, criando a subsidiária da então Mil Madeireira Ltda., hoje denominada Precious WoodsAmazon (PWA). Embora o quadro geral da crise não tenha mudado significativamente, a criação de 300empregos pela Mil Madeireira foi bem-vinda. A Mil Madeireira era a primeira empresa certificada nasflorestas tropicais pelo Forest Stewardship Council em 1997, e ganhou assim alto reconhecimento dasorganizações governamentais e não-governamentais. A GETHAL, uma madeireira típica da região,implementada em 1981, é uma das maiores empresas no estado. Ela adotou de forma modificada o

sistema da Mil Madeireira. A certificação, concluída no ano de 2000 exigiu mudanças significativas naestrutura empresarial.

O método de manejo florestal dessas empresas é visto como ferramenta contra as ameaças dafloresta. Segundo a própria PWA, o sistema de exploração, "... já é por si uma alternativa de

minimização dos impactos sobre o meio ambiente, quando comparadas as atividades de

desflorestamento promovidas pela criação de gado ou pela agricultura da região" (PRECIOUS WOODS1996:14).

Comparações desta forma, embora repetidas em muitas publicações, mesmo as científicas, parecem 

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MADEIRA DE ITACOATIARA, 2000). A madeira se tornou uma mercadoria na cultura ribeirinha nasúltimas três décadas, após a queda dos mercados de borracha e das castanhas de Pará. A exploração

madeireira geralmente não é bem aceita pelos ribeirinhos, pois é considerada trabalho perigoso e sujo. Neste sentido, a exploração madeireira para fins de comercialização é uma solução emergencial paramanter a renda monetária como suplementar ao uso da terra diversificado e tradicional, cujos princípios básicos correspondem ao sistema de ação dos pequenos produtores históricos (ver 3.3.2).

As condições sociais são precárias, particularmente com respeito aos direitos trabalhistas e a previdência social (saúde). A fiscalização desta estrutura pelas instituições do estado é extremamentedifícil nas áreas remotas na Amazônia central e ocidental, onde primordialmente este tipo da exploraçãomadeireira é localizada.

4.1.2.Exploração madeireira na terra firme

A exploração madeireira nas áreas de terra firma geralmente é ligada aos grandes projetos de infra-estrutura, colonização, os sistemas de uso da terra industriais e ao redor de zonas urbanizadas (ver item3.3.5 e 3.3.7). O impacto na floresta depende do grau da mecanização e do planejamento.

Segundo Stone (2000), a extração madeireira com equipamento rudimentar, a derruba manual dasárvores e o uso de tratores simples para o arraste é relativamente baixo. O sistema de aviamento tambémé comum. Algumas pequenas empresas são especializadas em madeiras nobres como o mogno, atuandocomo garimpeiros de madeira, correspondendo ao sistema de exploração migratória descrito no item3.2.1. Estas empresas penetram as florestas mais remotas não respeitando as leis ambientais e as áreas protegidas, causando, assim, conflitos com povos indígenas e demais produtores rurais(LIMA/POZZOBORN 2000). Desta forma, como o sistema nas várzeas, este tipo da exploraçãomadeireira resulta na extinção de espécies arbóreas de alto valor.

 

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• Controle das áreas de proteção permanente ao redor de nascentes, igarapés e áreas de alta declividade• Demarcação de uma área de preservação como amostra representativa da vegetação natural (critério

do FSC). Esta área é necessária para monitorar as mudanças ecológicas nas áreas manejadas.• Construção de estradas florestais e trilhas de arraste permanentes, sendo usado repetidamente em cada

época de corte, minimizando, assim, novos impactos na floresta.• Derruba e arraste das árvores direcionados e planejados, cuidadoso uso das máquinas para evitar danos

desnecessários na vegetação.• Métodos silviculturais para estimular o crescimento das árvores comerciais e, por outro lado, para

evitar a extinção de espécies de árvores.

Quando o manejo florestal esta conduzido a partir destes princípios, espera-se uma produçãosustentável de madeira, além de manter as principais funções ecológicas da floresta manejada. Mesmoassim, evidentemente, as atividades florestais trazem impactos significativos na estrutura da floresta.

4.3.Impactos ambientais do manejo florestal 

Entre os impactos ambientais pode-se distinguir a transformação da área pela infra-estruturanecessária para as atividades do manejo e as mudanças na estrutura da floresta por causa da derruba dasárvores e técnicas silviculturais, para estimular o crescimento de árvores comerciais. Com base em umaanálise dos dados disponíveis no plano de manejo da PWA, pode-se resumir os efeitos seguintes:

Dentro de uma área de manejo de 50.000 hectares, 2.700 ha (5,4 %) são desmatados para as estradas,trilhas de arraste e áreas de estocagem. A floresta ‘manejada’ é fragmentada por aproximadamente 400km de estradas permanentes e mais 5.000 km de estradas temporárias. As últimas podem ser recobertas pela vegetação entre os ciclos do corte, sendo removidas novamente nas épocas da safra seguintes.

 

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térmites, reptílias, pequenos mamíferos e árvores. Cenários computadorizados do Projeto BIONTE,estimando as mudanças nas florestas durante seis ciclos da exploração no ritmo de 25 anos (150 anos no

total), mostram que a sustentabilidade da produção de madeira pode ser equilibrada em certascircunstâncias, mas a biomassa da floresta nunca mais atinge os valores iniciais. Cabe lembrar, que adinâmica artificial da alteração entre fases da degradação e fases da regeneração durante estes ciclos e omosaico das áreas abertas pelas estradas, pátios de arraste e áreas mais fechadas mudam profundamenteos processos ecológicos na floresta.

Tabela 2: Impactos de vários sistemas da exploração madeireira na floresta Amazônica

Várzeas(sistema no Estado doAmazonas)

terra firme*exploração rudimentar (comum na Amazôniainteira ao redor de áreasurbanizadas)

terra firme*exploração mecanizada(sistema comum emzonas da fronteira antiga,como p. ex. Paragominas)

Precious WoodsAmazon(Reduced Impactlogging)

Equipamento

extração manual (machado)durante a época seca, depoisarrastadas boiando até asmargens dos rios. De lá astoras são conduzidas em

 jangadas para o transportede longa distância até aindústria madeireira

extração manual ou comequipamento rudimentar.

 Acontece principalmente apartir de estradas jáabertas nas faixas deflorestas ao lado dasmesmas. As toras sãoarrastadas com tratoressimples e transportadas emcaminhões regulares aosmercados locais ou aospróximos portos para otransporte fluvial até aindústria madeireira.

extração de madeiramecanizada commotoserras e tratores deesteira e pá-carregadeiras.O transporte das toras éfeito com caminhõespesados até a indústria,aos portos ou à longadistâncias até os mercadosno sul do país.

extração de madeiraaltamente mecanizadacom motoserras e tratoresespecializados de arraste(skidder) e pá-carregadeiras. Otransporte das toras éfeito com caminhõespesados até a indústria,aos portos ou à longadistâncias até osmercados no sul do país.

Infra-estruturadetransporte

hidrovias naturais Estradas principaisexistentes das quaispartem trilhas de arrastenão planejadas nas

fl t hid i

Rede de estradas florestaise trilhas de arraste nãoplanejadas, penetrando afloresta com mais

f did d t d

Rede de estradasflorestais e trilhas dearraste permanentes,cuidadosamente

l j d t d 

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Contudo, o projeto BIONTE somente se refere às alternativas técnicas da exploração mecanizada naterra firme. Mas, na prática, como analisado abaixo, muitas vezes as técnicas são aplicadas em contextos

socio-econômicos diferentes, que não permitem a comparação linear destes modelos. A GETHAL, por exemplo, recebeu a matéria prima principalmente das várzeas e não da exploração predatória da terrafirme. Assim, o ponto de partida da comparação entre as várias formas da exploração das florestas precisaser a situação real onde o sistema está sendo implementada. Na tabela 2 são comparadas alguns dadosgeneralizados sobre os diferentes sistemas de exploração madeireira já discutidos acima.

Pode-se observar que no caso da GETHAL, substituindo sucessivamente os fornecedores de madeiranas várzeas por matéria prima oriunda da terra firma, os impactos nas florestas podem ser mais graves,embora a empresa tenha adotado técnicas de exploração de impacto "reduzido" similares as da PWA.Além disso, como vimos depois, com a implantação dos planos de manejo da exploração industrializadade madeira, as madeireiras estão competindo com outros sistemas de uso das florestas baseados em produtos não madeireiros, que são menos impactantes.

4.4. Os efeitos espaciais da indústria madeireira como sistema social 

A estrutura espacial mais visível de madeireiras como a PWA é composta pelas áreas extensas daexploração florestal, os edifícios da indústria, da administração dos alojamentos e demaisestabelecimentos. Esta área ocupada pela empresa pode ser vista como economicamente monoculturizada para um certo tipo de produto industrial. Além disso, faz parte de uma rede de transporte dos produtos daindústria e dos trabalhadores morando fora da área da empresa. No caso da PWA, a rede de transporte para manter a produção abrange também a cidade de Itacoatiara, 40 km distante da empresa, onde umagrande parte dos funcionários e suas famílias moram. A partir daí, os produtos são mandados para osmercados no exterior. Assim, a empresa é inserida numa rede mundial de transporte.

 

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Itacoatiara nas áreas da exploração madeireira no município Manicoré, 500 km distante da sede daindústria.

 Nestes exemplos se reflete o processo da reorganização espacial e da separação das funções sociaisde forma típica durante a industrialização e urbanização. Assim, tendo em vista a tabela 1, a exploraçãoindustrial de madeira a partir do modelo da PWA pode ser considerada um subsistema da organizaçãoespacial de sociedades modernas. Em conseqüência, a filosofia da empresa como sociedade por ações éaumentar a área de floresta por título para os seus acionistas meramente localizados no exterior, atendência é a expansão eterna das suas terras17. Essa tendência de expansão aumenta o risco de conflitoscom populações rurais, cujos sistemas de produção são afetados pela atividade madeireira.

4.5. As interações com sistemas de ação tradicionais

Ambas as empresas certificadas compraram terras, que parcialmente já foram ocupadas por  populações locais. Embora o estabelecimento de uma estrutura de diálogo e acordos de uso da floresta para evitar conflitos com a população local é condição para certificação, esta questão permanece umgrande problema. No caso da PWA existem três comunidades e cerca de 50 famílias isoladas dentro da

área de manejo. Na época da certificação, em 1997, os moradores nem foram informados que as terrastrabalhadas por eles tinham sido vendidas. As atividades para evitar potenciais conflitos foram adiadas atéa empresa começar a exploração florestal nos compartimentos onde os moradores são localizados.Conflitos surgiram nos anos de 1997 e 1998, quando incêndios causados pela atividade agrícola dosmoradores entraram em áreas exploradas da empresa. Como florestas manejadas em casos de incêndiossão mais frágeis que florestas intactas, as queimadas eram uma grande ameaça para a empresa. Ela reagiucom duas campanhas de conscientização junto à população. Somente no ano de 2000, três anos após acertificação, foi apresentado um mapa com as áreas demarcadas para a população local.

 

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exploração madeireira (copas e ramos das árvores derrubadas) assim como o crescimento da vegetaçãoestimulado no sub-bosque atrapalham as atividades extrativistas da população local.

Além disso, a questão fundiária se revelou bastante complicada na região (Calvacante, 2000:155). AGETHAL foi obrigada pela FUNAI a devolver 3.452 ha das florestas adquiridas do povo indígena Mura,embora a empresa alegasse que “... o manejo florestal é tido como positivo para o ecossistema.

 Acreditam que a legislação possa permitir o manejo em Terras Indígenas“. O processo da negociaçãoresultou em conseqüências graves para as comunidades atingidas, desestabilizando a estrutura social dascomunidades19. Assim, a certificação no ano de 2000 aconteceu num clima de conflitos sociais. Somenterecentemente foram conduzidas tentativas de melhorar as relações com a população local, com a ajuda daONG Pró-Natura, financiada pelo Banco Mundial, porque a empresa não tinha condições para esseinvestimento exigido pelo certificador.

4.6.A relação da capacidade da reprodução por unidade da área

As queixas da população também se referiam ao número de somente 90 empregos criados pelaGETHAL. Tendo em vista, que mais de 1.500 ribeirinhos usufruíram das mesmas florestas, este número

 parece bastante baixo numa área tão extensa. Este fato mostra que a atividade do manejo florestal deforma mecanizada consome muito espaço, enquanto cria pouco emprego em comparação com outros usosda terra, sobretudo em relação ao uso da terra pela população local (tabela 3).

Tabela 3: Emprego em relação a área (hectares/pessoa empregada) de atividades econômicas extensivas e

intensivas (estudo de caso de Paragominas, Pará)

* Exploração madeireira analisada sem investimento em terras e sem processamento da madeira em serrarias. 

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 Nos números não foram incluídos os empregos na parte industrial do setor madeireiro, pois precisamser comparados com os empregos criados na indústria de refrigerantes (Guaraná) alimentos, artesanato,

cosméticos entre outros, que são baseados em produtos não madeireiros oriundos tradicionalmente dossistemas dos pequenas produtores históricos. Cabe lembrar que também nesses setores a população estasendo marginalizada, pois há uma forte tendência da produção de muitas frutas amazônicas em plantações. Esta tendência é apoiada pelos órgãos públicos como a SUFRAMA, seguindo a ideologiaclássica do desenvolvimento e modernidade (SUFRAMA 1999), que não considera a produção ruralcomo fator econômico importante para o bem-estar da população. Consequentemente, os produtoresrurais, sobretudo os extrativistas, perdem as suas fontes da renda monetária. A implantação de plantaçõesde Guaraná nos municípios Rio Preto da Eva e Mauá para a indústria de refrigerantes afetamaproximadamente 6000 pequenos produtores (NASCIMENTO, 2002). O mesmo processo pode ser observado durante a implementação do novo conceito de manejo florestal, discutido a seguir.

4.7.As conseqüências sociais da integração vertical na industria madeireira

Alguns princípios básicos do conceito de manejo florestal baseado no modelo da PWA já foram

incluídos na legislação florestal em alguns estados da Amazônia. Trata-se particularmente do sistema derotação numa área fixa e do plano de manejo baseado num inventário de 100% das árvores na área sendoexplorada, controlada pelo IBAMA. Assim, certamente, foram criados mecanismos úteis para facilitar ocontrole do setor madeireiro. Mas, como já foi dito, nos últimos anos as madeireiras nacionais einternacionais compraram áreas extensas de floresta, tornando-se os maiores latifundiários na região. Este processo se acelerou por causa da obrigação de implementar os planos de manejo florestal, criando assim,além das problemas já levantados, um enorme potencial de conflitos que não pode ser discutido nestetrabalho (ver Laschefski, 2002: 261-264). Entretanto, estas medidas estimulam processos de integração

 

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comerciais com os ribeirinhos, que perdem essa fonte de renda. Assim, tendo em vista as baixas taxas deempregos oferecidos pelo manejo florestal, a maioria dos fornecedores esta sendo cada vez mais isolada,

em vez de serem beneficiados por um melhoramento das condições de comercialização de seus produtos,sobretudo a libertação da semi-escravidão.

Uma pesquisa no Amapá  mostrou que existem possibilidades para um caminho alternativo para as populações envolvidas na exploração madeireira nas várzeas. Neste caso, após a migração dasmadeireiras em outros lugares por causa da escassez de árvores apropriados para a produção industrial,as comunidades envolvidas continuaram a processar madeira com o equipamento abandonado, usandoespécies de árvores manejadas de forma integrada e complementar ao uso múltiplo tradicional das suasflorestas secundárias. Em vez de se concentrar somente em mercados internacionais com exigênciasrígidas de qualidade, as serrarias procuraram diversificar os seus mercados, incluindo os das populaçõeslocais com produtos simples, tais como postes para cercas. O número de espécies processadas aumentoude alguns poucos de alto valor para fins de produzir compensados (cedrela odorata, ceiba pentandra,

virola surinamensis, maquira coriaceae) a mais de 30 de várias qualidades. As técnicas de manejo dentrodo sistema tradicional são sofisticados, comparável aos métodos silviculturais aplicados pelas empresasmodernas. Com esta diversificação da produção e dos mercados para produtos madeireiros e nãomadeireiros a renda das famílias envolvidas se revelou bem maior do que a de um empregado salarial nas

madeireiras, mesmo nas empresas certificadas. Além disso, a pressão sobre as florestas nativas diminuiuem comparação na época, enquanto a gestão estava nas mãos dos antigos donos das serrarias (ver Pinedo-Vasquez et al 2001).

4.8.O manejo florestal como alternativa para a agricultura e a pecuária

Geralmente, o manejo florestal certificado é considerado como alternativa ao desmatamento para fins 

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As madeireiras certificadas tendem a se estabelecer em áreas geograficamente distantes de ambassituações. São necessários enormes investimentos para a implementação de um sistema de manejo

florestal como o da PWA, particularmente para o planejamento computadorizado, as máquinas e a infra-estrutura. Para garantir um retorno rápido do capital investido, empresas visando a certificação florestal procuram áreas com árvores de alto valor comercial em florestas intactas. Na fronteira do desmatamento eem áreas onde o processo de colonização já começou, este tipo de manejo florestal seria ameaçado por exploração ilegal e incêndios acidentais. Além disso, nestas zonas há especulação de terra descontrolada,resultando em preços altos. Tais fatores tornam pouco viável a aquisição de florestas nestas áreas de risco.

Longe das frentes de desmatamento, o manejo certificado está alterando profundamente a forma deocupação e uso da floresta nativa, estabelecendo um novo estímulo para enfraquecer a proteção dasflorestas mais remotas e marginalizar as populações regionais. A infra-estrutura de transporte permanenteimplantada pelas madeireiras para extrair as árvores faz com que a floresta fique aberta e vulnerável àentrada de colonos. Vale ressaltar também que as próprias madeireiras como ‘pólos de desenvolvimentoindustrial’ estimulam a migração de colonos. Assim, as atividades das madeireiras transformam-se no seu próprio risco econômico caso suas terras ou suas concessões não estejam protegidas.

 Nesta situação a certificação ainda não era estímulo suficiente para as madeireiras adotarem omanejo florestal. A Lei 4776/05 sancionada no dia 02 de março de 2006, para enfrentar este problema,

visa a criação das chamadas ‘Florestas Nacionais’ ou “FLONAS’. Nestas zonas de "uso sustentável"somente serão permitidas atividades do extrativismo que não resultam na transformação da floresta.Embora sistemas tradicionais do uso da terra não sejam excluídos, o enfoque principal é a exploração demadeira. Consequentemente, os parâmetros para a demarcação das FLONAS correspondem aos critériosdo "manejo florestal", por exemplo a densidade de árvores de alto valor, que podem ser exploradas emconcordância com princípios “internacionalmente reconhecidos“, como os do FSC. As FLONAS deverãoincorporar de 700.000 à 1,15 milhões de km2, ou seja, de 14% a 23% da floresta amazônica brasileira(Schneider et al. 2000:21). Contudo, a lei será implementada em caráter piloto por dez anos com a

 

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uma vez que o lado fraco das políticas públicas no Brasil sempre foi o controle e a fiscalização, tanto doscolonos quanto das próprias madeireiras.

5. Considerações finais

Os resultados da análise do "manejo florestal" no contexto dos processos socioambientais naAmazônia estão resumidos no anexo 3, baseada na abordagem teórica e a tipologia dos sistemas de açãogeográficos apresentados nos itens 2 e 3.

O "manejo florestal" é uma técnica para ser implementada na terra firme. Assim, esperava-se que a

agregação de um valor econômico para a floresta em pé funcionasse como um estimulo para fixar aexploração de madeira predatória localmente, evitando assim o avanço da fronteira agrícola no "arco dodesmatamento". Tendo em vista o contexto político e socioeconomico, esta tese não pode ser comprovada. Na verdade, a constelação política da integração internacional  através dos programas daimplementação de infra-estrutura continua a favorecer a expansão da agroindústria nas zonas de transiçãoentre ou o cerrado e as florestas amazônicas, que são mais apropriadas para esta atividade do que a parteinterior da Amazônia. Nesta, o planejamento atual prevê a implementação de zonas de "uso sustentável",

as FLONAS, onde o manejo florestal é visto, por um lado, como ferramenta para evitar a ocupaçãodesordenada ao longo dos "eixos do desenvolvimento", penetrando o interior da Amazônia e, por outrolado, como mais uma oportunidade de atrair investimentos estrangeiros e a produção de madeira pararesponder supostas demandas de novos mercados no exterior.

As próprias madeireiras investem principalmente em áreas distantes da fronteira onde a densidade deárvores comerciais é alta e os preços da terra são baixos, assim como os riscos da invasão descontrolada ede incêndios acidentais. Todos estes fatores contribuem para a abertura de uma nova fronteira deexploração madeireira nas áreas mais remotas da floresta amazônica.

 

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Resumindo, embora o novo modelo de exploração madeireira planejado seja promovido pelas políticas sustentáveis como um dos sistemas de ação superiores, os sistemas dos  povos indígenas e dos

 pequenos produtores históricos não são os principais beneficiados. Pelo contrário, o "manejo florestal" éinserido numa estrutura industrial de madeireiras de grande porte, direcionado aos mercadosinternacionais.

Em contraste ao conceito ideológico atual da “vocação florestal“, os sistemas de uso da terra pelos povos indígenas, ribeirinhos e povos tradicionais em geral, valorizam uma floresta intacta, que precisaser preservada para continuar a render uma diversidade enorme de produtos e serviços. Existe umadiversidade enorme de produtos não madeireiros que podem formar parte de economias justas esustentáveis, incluindo castanhas, óleos essenciais, guaraná, plantas medicinais, babaçu, mel, artesanato,

frutas e legumes com mercados já estabelecidos. Neste contexto, cabe lembrar que políticas sustentáveis não precisam dispensar mercados externos,

mas direcionar os seus benefícios para a população local, sem destruir as suas modos de vida que foramcelebrados nos anos 90 como exemplos para a sustentabilidade. A maioria dos ribeirinhos sempre foiligada aos mercados mundiais, como na época do ciclo da borracha. Para competir nos mercados atuaiseles precisam de assistência técnica no processamento, no controle de qualidade e na comercialização dosseus produtos florestais não-madeireiros. A diversidade dessas alternativas cria menos dependência de

monopólios econômicos e as vicissitudes dos mercados globais. Certamente, nesse campo, políticassustentáveis fariam mais sentido do que a atual tendência de implementar o velho conceito dedesenvolvimento da modernização na Amazônia, atenuada por algumas estratégias de adequaçãoambiental.

Referencias

 

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 Fonte: Laschefski 2000, traduzido do alemão

Anexo 1

 

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Anexo 2: Origem da madeira da empresa GETHAL (Amazonas)

 Fonte: Laschefski 2000, traduzido do alemão

Terceiros(1997-1999)

Florestas próprias

Local Ano

1 I tacoat iara1 972 ha 1990

2 Humaitá7 699 ha 199011 318 ha 1993

3 Lábrea2 930 ha 1991

4 Carauari/Itamarati26 275 ha 1991

5 Nova Aripuanã10 880 1995

6 Manicoré20 387 ha 199040 870 ha 1997*

7 Anamã und

8 Urucará

33473 ha 2000

total: 155 704 ha

* certificado pelo FSC

 

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Anexo 3

 Fonte: Laschefski 2000, traduzido do alemão