Laudos Antropológicos Condições Para o Exercício de Um Trabalho Científico

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    Protocolo de Braslia

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    COMISSO DE PROJETO EDITORIAL

    Coordenador:Antonio Carlos Motta de Lima (UFPE)

    Vice-Coordenadora:Jane Felipe Beltro (UFPA)

    Patrice Schuch (UFRGS)

    Tereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ)

    CONSELHO EDITORIAL:Andrea Zhouri (UFMG)

    Antonio Augusto Arantes Neto (Unicamp)

    Carla Costa eixeira (UnB)

    Carlos Guilherme Octaviano Valle (UFRN)Cristiana Bastos (ICS/Universidade de Lisboa)

    Cynthia Andersen Sarti (Unifesp)

    Fabio Mura (UFPB)

    Jorge Eremites de Oliveira (UFPel)

    Maria Luiza Garnelo Pereira (Fiocruz/AM)

    Mara Gabriela Lugones (Crdoba/Argentina)

    Maristela de Paula Andrade (UFMA)

    Mnica Lourdes Franch Gutirrez (UFPB)

    Patrcia Melo Sampaio (Ufam)

    Ruben George Oliven (UFRGS)

    Wilson rajano Filho (UnB)

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA

    DiretoriaPresidente:

    Antonio Carlos de Souza Lima (MN/UFRJ)

    Vice-Presidente:Jane Felipe Beltro (UFPA)

    Secretrio Geral:Sergio Ricardo Rodrigues Castilho (UFF)

    Secretria Adjunta:Paula Mendes Lacerda (Uerj)

    Tesoureira Geral:Andrea de Souza Lobo (UnB)

    Tesoureira Adjunta:Patricia Silva Osorio (UFM)

    Diretora:Carla Costa eixeira (UnB)

    Diretor:Carlos Guilherme Octaviano do Valle (UFRN)

    Diretor:Julio Assis Simes (USP)

    Diretora:Patrice Schuch (UFRGS)

    www.abant.org.br

    Universidade de Braslia. Campus Universitrio Darcy Ribeiro - Asa Norte.Prdio Multiuso II (Instituto de Cincias Sociais) rreo - Sala B-61/8.

    Braslia - DF Cep: 70910-900. Caixa Postal no: 04491.Braslia DF Cep: 70.904-970. elefax: 61 3307-3754.

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    Braslia 2015

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA

    PROTOCOLO DE BRASLIA

    Laudos antropolgicos:

    Condies para o exerccio de um trabalho cientfico

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    Essa publicao foi viabilizada com recursos da Fundao Ford atravs do projetoDiversidade tnica, Direitos Territoriais Diferenciados no Brasil Contemporneo: Produo,Sistematizao de Conhecimentos, Disseminao de Informaes e Intervenes emDebates Pblicos Promovidos pela Associao Brasileira de Antropologia (Doao 0130-1186-0); e com recursos da Faperj, concedidos via bolsa Cientistas do Nosso Estado aoprojeto A antropologia e as prticas de poder no Brasil, sculos XX/XXI: formao deEstado, polticas de governo e saberes especializados sobre a diversidade sociocultural(Processo Faperj E-26/201.172/2014)

    Copyright , 2015 dos autores

    Diagramao

    Contra Capa

    Reviso

    Malu Resende

    Associao Brasileira de AntropologiaProtocolo de Braslia : laudos antropolgicos : condies parao exerccio de um trabalho cientfico / Associao Brasileirade Antropologia. -- Rio de Janeiro : Associao Brasileira deAntropologia, 2015.

    894KB : pdf

    ISBN 978-85-87942-38-8

    1. Antropologia. 2. Laudos antropolgicos. 3. Direitos. I. Ttulo.

    15-1195 CDU 301

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Anglica Ilacqua CRB-8/7057

    ndices para catlogo sistemtico:1. Antropologia

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    SUMRIO

    O EXERCCIO DA ANTROPOLOGIANO BRASIL CONTEMPORNEO:TRABALHO CIENTFICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL 7

    PROTOCOLO DE BRASLIA. LAUDOS ANTROPOLGICOS:

    CONDIES PARA O EXERCCIO DE UM TRABALHO CIENTFICO 17

    1. 17

    2. 20

    Relatrios de identificao e delimitao territorial 23

    Relatrios Antropolgicos emProcessos de Licenciamento Ambiental: 24

    Laudos em Processos Judiciais: 26

    Inventrios de Referncias Culturais 27

    3. 28

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    O EXERCCIO DA ANTROPOLOGIA NO BRASILCONTEMPORNEO: TRABALHO CIENTFICO ERESPONSABILIDADE SOCIAL

    Odocumento que se segue resultado da oficina de trabalhorealizada em Braslia, nos dias 17 e 18 de julho de 2015, pro-movida pela Associao Brasileira de Antropologia, a partir de sua

    Comisso de Assuntos Indgenas(), de seus comits Quilom-bos, e Povos Tradicionais, Meio Ambiente e Grandes Projetos, dasassessorias de Laudos Periciais e de Meio Ambiente.1A oficina foirealizada com recursos da Fundao Ford.2Os participantes foramselecionados pelos comits e pelas comisses em comum acordocom a Diretoria 2015-2016.

    1 Seguem em ordem alfabtica os participantes: Aderval Costa Filho(), Alexandra Barbosa da Silva (), Andra Zhouri (gesta/), Antonio Carlos de Souza Lima (/), Bruno Pacheco de Oli-veira (Laced/Museu Nacional/), Bruno Souza (), Carolina Pe-rini (Funai), Cntia Beatriz Mller (), Eliane Cantarino ODwyer(), Estvo Palitot (), Fbio Mura (), Henyo Trindade BarrettoFilho (), Ilka Boaventura Leite (/), Jane Felipe Beltro (),

    Joo Pacheco de Oliveira (/), Osvaldo Martins de Oliveira (),Ricardo Verdum (), Roberto Almeida (Incra), Stephen Grant Baines

    (UnB),Vnia Rocha Fialho de Paiva e Souza (). A redao final foi feitapor uma comisso liderada por Jane Felipe Beltro e composta por Ader-val Costa Filho, Eliane Cantarino ODwyer e Joo Pacheco de Oliveira.

    2 Projeto Diversidade tnica, direitos territoriais diferenciados no Brasilcontemporneo: Produo, Sistematizao de Conhecimentos, Dissemi-nao de Informaes e Intervenes em Debates Pblicos Promovidospela Associao Brasileira de Antropologia, 2013-2014 (Doao n 0130-1186-0), encaminhado Fundao Ford pela gesto 2013-2014, a partirde subsdios apresentados pela -, pelo Comit Quilombos e pela

    Assessoria de Laudos, cuja vigncia foi postergada at 12/2016.

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    A iniciativa da oficina e da elaborao desse conjunto de orien-taes para a ao do antroplogo em situaes de percia respondes especificidades do momento atual, marcado pelo avano (neo)de-senvolvimentista de polticas governamentais e de empreendimen-tos corporativos sobre terras indgenas e quilombos, sobre reas deoutras coletividades tradicionais, e sobre reservas naturais, assimcomo pela presena do Estado nacional em reas da vida social quepassaram a ser objeto de registro e salvaguarda do patrimnio cul-tural. Em todos esses processos, os(as) antroplogos(as) tm estadoenvolvidos(as) enquanto profissionais com capacidade cientfica decolaborar com as coletividades com que mantm interlocuo no

    reconhecimento de seus direitos, sobretudo territoriais.Se o momento guarda especificidades e o presente documento pro-cura a elas responder, a preocupao da com as condies sociaisdo trabalho cientfico eticamente responsvel no data de pouco tem-po e, em larga medida, segue os passos dos posicionamentos dos(as)antroplogos(as) que tm trabalhado junto aos povos indgenas. Domesmo modo, a busca de interlocuo com os operadores do Direitotampouco recente. Em outubro de 1980, Silvio Coelho dos Santosorganizou o simpsio O ndio perante o Direito, com o apoio doPrograma de Ps-Graduao em Cincias Sociais da Universidade Fe-deral de Santa Catarina e do Cultural Survival Inc., que resultaria emvolume homnimo. Outros simpsios aconteceram nesse perodo, noauge da ditadura militar, mas novamente, em setembro de 1983, seriaSilvio Coelho dos Santos a organizar o seu seguimento com a reuniointitulada Sociedades Indgenas e o Direito, igualmente publicada.3

    Em termos das aes da Associao propriamente dita, caberiadestacar a crescente preocupao dos antroplogos com os rumos

    3 , Silvio Coelho dos (org.). O ndio perante o Direito. Ensaios.Florianpolis: Ed. da , 1982; , Silvio Coelho dos; ,Dennis; , Neusa Sens & , Annelise (orgs.). Sociedades In-dgenas e o Direito:uma questo e direitos humanos. Ensaios. Florian-

    polis: Ed. / q, 1985.

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    tortuosos assumidos pela poltica indigenista, com um projeto de leielaborado pelo Ministrio do Interior sobre a Emancipao do ndioe uma instruo interna da Funai estabelecendo critrios de indianida-de que deveriam ser levados em conta por seus funcionrios no exer-ccio das aes indigenistas.4Em funo disso e de casos localizados deconflito, foi criada ainda na gesto da profa. Eunice Ribeiro Durhamuma primeira comisso da a Comisso de Assuntos Indgenas.

    Durante a gesto de Manuela Carneiro da Cunha (1986-1988),aes de acompanhamento do processo constituinte foram levadasa cabo, e nelas a discusso sobre o papel do antroplogo no reco-nhecimento dos direitos indgenas s suas terras foi tema de rele-

    vantes debates. Pela Comisso Pr-ndio de So Paulo, Carneiro daCunha publicou Os Direitos dos ndios. Ensaios e Documentos(SoPaulo: Brasiliense, 1987).5As primeiras discusses sobre o Cdigode tica da tiveram incio naquele momento. Foi tambm es-tabelecido o primeiro Termo de Cooperao com a ProcuradoriaGeral da Repblica, inaugurando a relao de vital importncia

    4 Tal projeto, apresentado em 1977 pelo ministro do Interior Maurcio Ran-gel Reis, numa viso equivocada e antiga de cultura, pretendia excluir daresponsabilidade estatal e do exerccio da tutela populaes indgenas que,em decorrncia de esteretipos do senso comum, j no seriam mais consi-deradas como legitimamente indgenas. Em reao contra isso se levanta-ram muitos setores da opinio pblica, mobilizando universitrios e religio-sos, propiciando a criao de associaes de apoio aos indgenas em muitascapitais brasileiras (So Paulo, Rio, Braslia, Acre, Bahia etc.). Em perodo

    posterior, na gesto da Funai de Joo Carlos Nobre da Veiga (1979-1981),o coronel Ivan Zanoni Hausen apresentou esse documento normatizadorelaborado sigilosamente, baseado em fentipos raciais e outros ndices deaculturao, sem qualquer consulta ou debate com os antroplogos.

    5 Ver , Mariza. As Reunies Brasileiras de Antropologia(1953-2003).Braslia, : , 2003. Vejam-se tambm os depoimentos, em especial ode Manuela Carneiro da Cunha, coligidos no RBA 50 anos 1 Reu-nio Brasileira de Antropologia(Dir. Patricia Monte-Mor Alves de Moraise Emlio Domingos). Braslia: , 2010. Disponvel em: http://www.abant.

    org.br/abant/videos/videos/ 50Anos_1.iso.Acesso em 20/10/2015.

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    para o reconhecimento e a salvaguarda dos direitos culturais dife-renciados estabelecidos pela Constituio Federal de 1988.6Comoconsequncia deste termo de cooperao, Bruna Franchetto produ-ziu o Laudo Antropolgico: as tribos do Xingu e a regio de seusformadores (1987); Virginia Valado, encarregou-se de um laudosobre processos judiciais envolvendo os Nambiquara da Terra Ind-gena Vale do Guapor e empresas agropecurias; e Eliane CantarinoODwyer realizou a

    Percia Antropolgica para : Formas detrabalho escravo no Alto-Juru, estado do Acre (1989).

    Na mesma conjuntura, desenvolviam-se no Departamento deAntropologia do Museu Nacional dois projetos com repercusses

    para a forma como os(as) antroplogos(as) passaram a encarar noBrasil tanto o reconhecimento de direitos territoriais quanto osefeitos sociais de grandes empreendimentos. No primeiro caso es-tava o projeto Estudos sobre Terras Indgenas no Brasil: invases,uso do solo e recursos naturais (1985-1993), sob a coordenaode Joo Pacheco de Oliveira, num primeiro perodo realizado emassociao com o Programa Povos Indgenas no Brasil, do CentroEcumnico de Documentao e Informao, com o propsito deproduzir dados que efetivamente dimensionassem a situao dasterras indgenas no Brasil, que produziu uma ampla crtica dosprocessos pelos quais as terras indgenas eram administrativamen-te regularizadas e neles o papel dos antroplogos crtica queecoou amplamente na redefinio desses procedimentos.7

    6 Parte do resultado da percia realizada por Eliane Cantarino ODwyerfoi publicada como Seringueiros da Amaznia: Dramas Sociais e o OlharAntropolgico. Niteri: Eduff, 1998. 231p.

    7 A publicao Terras Indgenas no Brasil, editada em 1987 pelo -MuseuNacional/, foi amplamente distribuda aos parlamentares constituin-tes, subsidiando diretamente as comisses e os debates ali ocorridos. Elaest disponvel em: http://laced.etc.br/site/pdfs/1.. Em 1989, umconjunto de estudos realizados pela equipe do -Museu Nacional, inti-tulado Os Poderes e as Terras dos ndios, foi organizado e publicado nas

    Comunicaes do em seu nmero 14. Disponvel em: http://www.

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    O outro projeto, desenvolvido por uma equipe liderada porLygia Maria Sigaud, dedicou-se aos estudos dos efeitos sociais dosgrandes projetos hidreltricos, e foi realizado em articulao comos trabalhos da equipe liderada pelo fsico Luiz Pinguelli Rosa.Deste trabalho resultaram importantes publicaes em que a pr-pria ideia de impacto social foi tomada como objeto de reflexo,para mostrar como emanava em ltima instncia da viso limitadada vida social que informa as prticas desenvolvimentistas.8

    A relao historicamente constitutiva das condies sociaisem que a disciplina se institucionalizou em quase todos os pases,entre a antropologia e os(as) antroplogos(as) (e suas associaes)

    com as polticas colonialistas de Estados nacionais, seguiria sendomatria de preocupao, com destaque para a responsabilidadesocial do antroplogo diante dos efeitos do desenvolvimentismo.Assim, na gesto de Antonio Augusto Arantes Neto se criaria umaComisso de Polticas Pblicas e se realizaria o seminrio interna-cional Desenvolvimento e Direitos Humanos: a Responsabilidadedo Antroplogo, promovido pela Associao Brasileira de Antro-pologia () e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),ocorrido durante a 17 Reunio Brasileira de Antropologia, reali-zada em Florianpolis, o qual tambm seria objeto de publicao.9

    museunacional.ufrj.br/ppgas/comunicacao_ %20/C14.pdf. Tal ma-terial, agregado a novos estudos, foi editado em livro em 1998, com o ttu-lo de Indigenismo e Territorializao: Prticas, rotinas e saberes coloniais

    no Brasil Contemporneo (Rio de Janeiro: Contra Capa). Disponvel em:http://www.fordfoundation.org/pdfs/library/Os_40_Anos_da_Funda%-C3%A7%C3%A3o_Ford_no_Brasil.pdf. Acessos em 20/10/2015.

    8 Ver , Lygia Maria. Efeitos Sociais de Grandes Projetos Hidreltri-cos: As Barragens de Sobradinho e Machadinho. COMUNICAO,Progra-ma de Ps-graduao em Antropologia Social do Museu Nacional, v. 9, p.1-116, 1986, dentre muitos ttulos. Disponvel em http://www.museunacio-nal.ufrj.br/ppgas/comunicacao_%20/C9.pdf. Acesso em 20/10/2015.

    9 , Antonio Augusto; , Guita Grin & , Guillermo

    Raul (orgs.). Desenvolvimento e direitos humanos: a responsabilidade do

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    Em 1991, sob a gesto de Roque de Barros Laraia (1990-1992),entre os dias 2 e 4 de dezembro, foi realizado em So Paulo o se-minrio Percia Antropolgica em Processos Judiciais, organizadopela , representada por Orlando Sampaio Silva, e pela Comis-so Pr-ndio de So Paulo. A atividade de consultorias e assesso-rias feitas porantroplogos j vinha sendo debatida em reuniescientficas, mas esse simpsio logrou articular antroplogos e juris-tas em torno da questo, estabelecendo alguns marcos ainda hojefundamentais na discusso. Publicado na gesto de Silvio Coelhodos Santos (1992-1994), o livro tornou-se referncia obrigatria, enele a complexidade das percias antropolgicas ficaria evidente.10

    Muitos de seus textos foram republicados posteriormente.Na gesto de Joo Pacheco de Oliveira (1994-1996), o Termode Cooperao junto ao Ministrio Pblico Federal foi renovado ea fez seus primeiros investimentos mais consistentes (enquantoassociao) no tocante s terras de quilombos. O Convnio com aProcuradoria Geral da Repblica foi renovado, ficando a sua abran-gncia no mais restrita indicao de antroplogos para a reali-zao de percias em terras indgenas, mas incluindo igualmente asterras de remanescentes de quilombos. Em reunio ocorrida noRio de Janeiro em 1994, envolvendo os principais ncleos de estu-diosos da temtica quilombola (Eliane Cantarino/, Ilka B. Leite/, Neuza Gusmo/Unicamp e e representantes de equipes daUnB e ), a elaborou um documento questionando a uti-lizao atual em processos jurdicos e administrativos da definiocolonial de quilombo, que deveria se pautar primordialmente em

    argumentao antropolgica, e no na busca de fontes histricas e

    antroplogo. Campinas: Unicamp, 1992. 188p. Note-se em especial o tex-to de Arantes, Por uma antropologia crtica e participante (p. 19-24). Olivro significativamente dedicado a Guillermo Bonfil Batalla.

    10 , Orlando Sampaio; , Ldia & , Ceclia Maria (orgs.). Apercia antropolgica em processos judiciais. Florianpolis e So Paulo:

    Editora da / / Comisso Pr-ndio de So Paulo, 1994.

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    arqueolgicas. Ainda nesta gesto foi publicado o caderno Terra deQuilombos(Rio de Janeiro: , 1995), organizado por Eliane Can-tarino, reunindo diversos estudos de caso. Em 1996 foi instituda nombito da a Comisso de Quilombos (atualmente Comit).11

    Iniciou-se a um conjunto de investimentos em pesquisa e in-terveno direcionados a partir da Associao em si no tocante aotema das terras de quilombos, que de resto vinha sendo objeto depesquisa de antroplogos(as) h algum tempo, embora com outrasdenominaes.12

    Nas gestes de Yonne Leite (1998-2000) e de Ruben Oliven(2000-2002), este tema se articularia ao dos direitos humanos, e en-

    sejaria a reflexo sobre a participao dos(as) antroplogos(as) empercias em ao menos duas oportunidades: o seminrio Comunida-des tnicas, Polticas de Estado e o Trabalho do Antroplogo, queteve lugar na Universidade Federal Fluminense em 1 e 2 de junho de2000; e na 22 Reunio Brasileira de Antropologia (em Braslia, em19 de julho de 2000), no Frum de Pesquisa Relatrios de Identifica-o e Laudos Antropolgicos. Nestes eventos, a prtica de se deba-ter a questo da percia antropolgica em conjunto com operadoresdo Direito, em especial com os integrantes do Ministrio PblicoFederal, era corrente. Alguns dos textos dos dois simpsios viriam acompor o livro coligido e organizado por Eliane Cantarino ODw-yer, intitulado Quilombos:identidade tnica e territorialidade.13

    O tema da percia antropolgica passou a ser objeto de discussesfrequentes em muitos outros eventos e aconteceram, especialmente,

    11 Ver , Yonne de Freitas & , Ruben George. Apresentao.In: O, Eliane Cantarino (org.). Quilombos: identidade tnica eterritorialidades. Rio de Janeiro: Editora da ; , 2002. p. 11.

    12 Ver, dentre outros, , Alfredo Wagner Berno de. Terras de preto,terras de santo, terras de ndio posse comunal e conflito. Humanida-des,Braslia (UnB), v. 15, p. 42-49, 1987.

    13 O, Eliane Cantarino (org.). Quilombos:identidade tnica e terri-

    torialidades. Rio de Janeiro: Ed. da / , 2002.

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    em Reunies Brasileiras de Antropologia, Reunies de Antropolo-gia do Mercosul, e Reunies de Antropologia do Norte e Nordeste.A Oficina sobre Laudos Antropolgicos, organizada pela epelo Ncleo de Estudos sobre Identidade e Relaes Intertnicasda Universidade Federal de Santa Catarina, sob a liderana de IlkaBoaventura Leite, em Ponta das Canas, Florianpolis, de 15 a 18de novembro de 2000, elaborou um documento de trabalho queficou conhecido como Carta de Ponta das Canas, ... que tevecomo principal objetivo a formulao dos parmetros necessrios implementao do Acordo de Cooperao Tcnica visando elaborao de laudos periciais antropolgicos, a ser assinado en-

    tre a Associao Brasileira de Antropologia e a Procuradoria Ge-ral da Repblica.14O documento foi publicado na homepageda e posteriormente num volume que abarca textos apresentadosem diferentes ocasies sobre temas conexos, contando com umaapresentao de Gustavo Lins Ribeiro e Miriam Pillar Grossi, queocuparam a presidncia da Associao Brasileira de Antropologiarespectivamente em 2002-2004 e 2004-2006. A introduo de IlkaBoaventura Leite ao volume apresenta-nos um conjunto de outrasdiscusses sobre o tema, em larga medida a partir do reconheci-mento de terras de quilombos.15

    No cenrio do reconhecimento de direitos territoriais indge-nas desenhava-se mais fortemente o panorama de controvrsiasque marca o presente com a realizao de laudos e contralaudos.

    14 Ver , Ruben George & , Ilka Boaventura et al. Documentode trabalho da oficina sobre laudos antropolgicos realizada pela e/ em Florianpolis de 15 a 18 de novembro de 2000. In: ,Ilka Boaventura (org.). Laudos periciais antropolgicos em debate. Flo-rianpolis: Nuer/ / , 2005. p. 31. O Acordo de Cooperao Tcni-ca mencionado era, na verdade, uma renovao do que j anteriormenteestava em vigncia.

    15 , Ilka Boaventura. Os laudos periciais um novo cenrio na prticaantropolgica. In: ___ (org.). Laudos periciais antropolgicos em deba-

    te. Florianpolis: Nuer/ / , 2005. p. 13-28.

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    Assim, em torno de dois laudos contraditrios (um escrito em1994 e outro em 1999) relativos aos Caxix (), cuja demandapor reconhecimento tnico datava dos incios dos anos 1990, a Fu-nai solicitou em 2000 , por sugesto da Procuradoria Geralda Repblica, a indicao de um perito que apresentasse uma ter-ceira posio, tendo sido indicado para tal percia o nome de JooPacheco de Oliveira. O resultado uma importante pea a mais nareflexo sobre o que seja a realizao de percias antropolgicas.16

    Em 2008, na gesto de Luis Roberto Cardoso de Oliveira napresidncia da Associao (2006-2008), em larga medida em fun-o de uma reaproximao com a Procuradoria Geral da Repbli-

    ca, realizou-se em Braslia, de 04 a 07 de maro, a oficina Perciaantropolgica e a defesa dos direitos socioculturais no Brasil, quetendo tratado de diversos temas, tambm se props a abordar umProtocolo de tica na Pesquisa e Percia Antropolgica: desdo-bramentos desde Ponta das Canas.17

    Na gesto de Carmen Silvia de Moraes Rial (2013-2014), doiseventos trataram de aspectos dos temas que se entrecruzam nasdiscusses sobre a percia e outras atividades de assessoria e con-sultoria antropolgica. O primeiro deles, diretamente afeto aoteor do presente documento, foi o seminrio Laudos Antropolgi-cos em Perspectiva, que se realizou nos dias 27 a 29 de novembrode 2013, no mbito do Programa de Ps-Graduao em Antropo-logia, da Universidade Federal da Paraba, cujo resultado acha-se

    16 Ver , Ana Flvia Moreira dos & , Joo. Re-conhecimento tnico em exame: dois estudos sobre os Caxix. Rio de

    Janeiro: Contra Capa, 2003.17 Os vdeos dessa oficina esto disponveis em http://www.portal.abant.

    org.br/index.php/ bibliotecas/videos. Acesso em 20/10/2015. J na apre-sentao da oficina se dizia que o Simpsio Percia antropolgica e adefesa dos direitos socioculturais no Brasil procura atualizar propostase parmetros que permitam uma maior e melhor articulao entre estesprofissionais, bem como uma defesa mais consistente dos referidos direi-

    tos nos tempos atuais.

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    publicado.18O segundo, denominado O Direito dos Quilombos eo Dever do Estado Brasileiro: anlises dos 25 anos da ConstituioFederal de 1988,teve lugar em Vitria, na Universidade Federal doEsprito Santo, nos dias 12 a 14 de dezembro de 2013, e tem seusresultados no prelo.19

    O protocolo que aqui se divulga , sem dvida, caudatriodessa histria pretrita de investimentos da , de sua conscinciado papel dos(as) antroplogos(as) e da antropologia no reconhe-cimento de direitos territoriais e culturais diferenciados no Brasil,aqui rapidamente abordada sob pena de minimizar uma trajetriacom certeza rica e complexa. preciso ainda ressaltar que ele foi

    apresentado por Alexandra Barbosa da Silva ( e Assessoriade Laudos Antropolgicos/) no seminrio +60: Os Antro-plogos e a Antropologia na Esfera Pblica no Brasil. CenriosContemporneos e Polticas para o Futuro, realizado no Institutode Cincias Sociais, Universidade de Braslia, de 19 a 21 de agostode 2015, tendo assim se beneficiado do debate com algumas daslideranas mais expressivas da Associao.

    Antonio Carlos de Souza LimaJane Felipe Beltro

    - Gesto 2015-2016.

    18 Oliveira, Joo; , Fabio & , Alexandra Barbosa da(orgs.). Laudos antropolgicos em perspectiva. Braslia-: , 2015.

    19 , Osvaldo Martins de (org.). Direitos quilombolas & dever deEstado em 25 anos da Constituio Federal de 1988. Braslia-: ,

    2015 (no prelo).

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    PROTOCOLO DE BRASLIALAUDOS ANTROPOLGICOS: CONDIES PARA OEXERCCIO DE UM TRABALHO CIENTFICO

    Asociedade brasileira tem recebido uma grande quantidade demanifestaes dspares, veiculadas pela imprensa, que fazemparte de pautas legislativas, aes administrativas e judiciais sobrelaudos e relatrios realizados por antroplogos(as).

    A Associao Brasileira de Antropologia vem observando compreocupao a atual situao e, em funo disso, promoveu umareunio entre os dias 17 e 18 de agosto de 2015, em Braslia/,congregando representantes de suas comisses e grupos de tra-balho, com o objetivo de produzir um esclarecimento para os(as)antroplogos(as), a sociedade e os rgos governamentais e jur-dicos.

    1. DEMANDAS E CONTEXTUALIZAO

    A amplitude e a diversidade das demandas de elaborao de lau-dos e relatrios antropolgicos abrangem desde questes territo-

    riais, ambientais, e de patrimnio cultural at direitos individuaise coletivos. Esses pleitos tm sido apresentados por variados atoressociais, incluindo rgos de governo, instncias judiciais, empre-sas, particulares e comunidades atingidas.

    Tais situaes refletem um reconhecimento social do trabalhodos(as) antroplogos(as), ao mesmo tempo em que ensejam ques-tionamentos equivocados sobre a produo dos laudos e dos rela-trios antropolgicos, pretendendo desqualificar o carter cient-

    fico dessa atividade especializada.

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    Os(As) antroplogos(as), inseridos(as) em diferentes ncleosde pesquisa nas universidades brasileiras, tm se ocupado siste-maticamente de refletir sobre a produo de laudos periciais, comuma considervel produo cientfica na forma de livros, colet-

    neas, vdeos, artigos em revistas especializadas, simpsios, semi-nrios e congressos. Caracteriza-se, assim, uma rea de conheci-mento dinmica e consolidada na antropologia brasileira, comaportes inovadores em termos internacionais.

    Na contracorrente dessa experincia acumulada verificam-secasos esprios e equivocados, como a realizao de cursos de espe-cializao por instituies com a pretenso de qualificao de an-

    troplogos(as) para a produo de laudos, sem o devido respeitoaos cnones cientficos e de formao da disciplina.Um caso emblemtico a divulgao pela internet de um cur-

    so, sobre o qual no h informaes pblicas sobre o corpo docen-te ou a matriz curricular, e cujo coordenador possui formao emdireito, letras e gastronomia, mas no em antropologia. Egressosde cursos como este tm sido mobilizados para elaborar contra-laudos, que no se pautam pelos procedimentos acadmicos da

    disciplina e que se constituem em verdadeiras usurpaes do exer-ccio profissional da antropologia.

    Outra situao preocupante a de prticas administrativas queenvolvem a proliferao de certas modalidades da chamada an-tropologia de contrato, na qual se incluem os preges do eos processos de licenciamento ambiental. Tais prticas terminampor impor um disciplinamento alheio ao trabalho antropolgico

    por parte de instituies e empresas, o que pode comprometer adensidade e a qualidade dos estudos realizados.No caso do Incra, o processo de seleo e avaliao dos pro-

    dutos tem frequentemente resultado na imposio de dinmicasexternas ao fazer antropolgico, a exemplo de: preges por menorpreo; subcontratao de profissionais, muitas vezes sem qualifi-cao adequada; prazos que no atendem s etapas necessrias aotrabalho de campo e escrita etnogrfica; interferncias polticas

    indevidas de agentes governamentais e de interesses privados na

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    definio dos trabalhos e dos territrios a serem delimitados e re-gularizados.

    No mbito dos licenciamentos ambientais, alguns desses pro-blemas tambm ocorrem, agravados pela contratao direta de

    empresas de consultoria socioambiental por parte dos empreen-dimentos. As mudanas recorrentes na legislao ambiental tmtambm causado instabilidade nos procedimentos de trabalho ecomprometido os prazos para a realizao qualificada dos mes-mos. Os termos de referncia costumam impor parmetros nor-mativos e metodolgicos que constrangem o(a) profissional de an-tropologia a operar com ferramentas censitrias e cartoriais para a

    definio do universo dos atingidos. A ideia de impacto ambiental noo, em si, limitada e alheia antropologia tem sido definidano pelas lgicas das comunidades atingidas, mas pela forma deocupao do espao determinada pelos interesses do empreendi-mento, o que tem impossibilitado uma identificao antropolgi-ca dos danos socioambientais realmente causados s comunidadesatingidas.

    Esse cenrio tem estimulado a emergncia de um mercado es-

    prio de estudos, pesquisas, formao e consultorias, orientadopara atender a demandas de setores e interesses dominantes, comgrande potencial de gerar e/ou agravar conflitos sociais, de incidirpoliticamente na atuao de instituies pblicas e de restringir di-reitos constitucionalmente assegurados. A apropriao meramen-te instrumental de um saber pretensamente tcnico, transpostopara a anlise socioambiental de forma superficial e equivocada,

    tem servido a setores que tendem a paralisar a implementao lo-cal de polticas pblicas, estimulando aes violentas no terreno.O processo de insero do pas na economia global, atravs da

    exportao de commodities, tem tambm agravado consideravel-mente os conflitos socioambientais e territoriais, na medida em que feito s expensas dos ecossistemas relevantes para a reproduosocial dos modos de vida tradicionais. nesse contexto que ocorrea reviso dos marcos regulatrios florestal, mineral, hdrico, ener-

    gtico, indigenista, ambiental e fundirio do Estado brasileiro. Tais

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    alteraes significam um retrocesso dos direitos reconhecidos pelaConstituio Federal de 1988 e dos compromissos internacionaisassumidos pelo Brasil, como no caso da Conveno 169 da .

    2. PROCEDIMENTOS

    A antropologia uma disciplina das Cincias Humanas que vemse constituindo h mais de dois sculos, envolvendo formao nosnveis de graduao e ps-graduao. A pesquisa antropolgicaest fundada no ambiente inter-relacional e intersocietrio, com

    base em teorias antropolgicas, metodologias e tcnicas prpriasque compem vasto currculo na formao de um(a) profissionalnos dias atuais.

    Ao longo desses dois sculos, o desenvolvimento disciplinarcentrou-se nas atividades de campo, refinando tcnicas e proce-dimentos para se estabelecer interao adequada com os sujeitosenvolvidos na pesquisa, no intuito de produzir dados qualitativa equantitativamente relevantes para a anlise cientfica.

    Nesse proceder, criaram-se mecanismos de aproximao ba-seados no convvio cotidiano e no compartilhamento de expe-rincias com os(as) interlocutores(as) das diversas comunidades,multiplicando as formas de registro. Conversas informais tm serevelado, para este mtodo, sumamente importantes, uma vez quepermitem maior espontaneidade na manifestao de mltiplospontos de vista. Esse convvio tem favorecido o que se consagrou

    nos estudos antropolgicos como observao participante, per-mitindo descries detalhadas de situaes etnogrficas e maiorcontextualizao dos diferentes aspectos das realidades em estudo.Em suma, o mtodo antropolgico centra-se num meticuloso e de-licado processo de interao, o que garante qualidade dos dadosproduzidos, bem como qualidade na sua sistematizao.

    Para definirmos procedimentos necessrios elaborao delaudos antropolgicos, portanto, seja no contexto de processos

    administrativos e/ou de processos judiciais, h que se considerar

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    o carter etnogrfico do trabalho a ser realizado. A construoetnogrfica se define por uma relao dialgica, explicitando ca-tegorias e discursividades dos sujeitos pesquisados, sendo capazde relacion-las com aquelas categorias juridicamente formaliza-

    das. Observa-se que a produo de identidades sociais, tnicas epolticas, bem como a dos vnculos de comunidades com os seusespaos territoriais se do em situaes histricas de interao ena relao com o Estado nacional.

    No fazer antropolgico, para dar conta da complexidade darelao entre o grupo social estudado e o seu territrio, abarcandoformas de organizao social, modos de pensar e sentir, prticas

    e experincias cotidianas, podem ser utilizadas diversas tcnicas eprocedimentos de investigao, tais como: censos demogrficos,entrevistas, levantamentos genealgicos, de trajetrias e de mem-rias individuais e coletivas, identificao de elementos relevantesem termos de uso e ocupao do territrio, produo de registrosescritos (cadernos de campo), gravados e imagticos, observaodireta e participante, levantamentos bibliogrficos e documentais,dentre outras.Ressalta-se que tais tcnicas e procedimentos devem

    sempre respeitar o ritmo da cotidianidade dos indivduos e dascomunidades e devero ser acionados pelos(as) antroplogos(as)em conformidade com contextos e situaes sociais especficos,respeitando-se suas particularidades.

    Tais tcnicas e procedimentos comumente so utilizados luzdas teorias antropolgicas, visando construo da prpria et-nografia e sustentao da argumentao. O recurso a arcabou-

    os e referenciais tericos sobre as vrias dimenses da vida social(parentesco, processos tcnicos, economia, sociabilidade, religio,poltica, cosmologia, representaes sociais, entre outros) e sobredistintos grupos coletivos e segmentos (diferenciados por questestnicas, raciais, de gnero, geracionais etc.) tem corroborado aconstruo etnogrfica, levando-se em considerao os histricosde interaes em diversas escalas sociais e territoriais.

    Para se produzirem os dados necessrios elaborao dos lau-

    dos/relatrios, alm das condies materiais, logsticas e financeiras

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    imprescindveis, h de considerar os prazos necessrios e suficien-tes para compreender e explicitar toda a dinmica e complexidadesocial em estudo. H expectativas de que as instituies em queatuam os profissionais da antropologia reconheam e confiram a

    importncia devida a tais modalidades de trabalho, seja atravsda formalizao dessas atividades, disponibilizao de tempo econdies para a sua realizao, seja pela efetiva contabilizaodessas atividades nos sistemas de avaliao e progresso profis-sional, tanto no contexto acadmico quanto no contexto extra--acadmico.

    Assim sendo, deve-se levar em conta a formao especfica e a

    experincia do(a) antroplogo(a) em relao s comunidades en-volvidas e seus territrios, e/ou experincia comprovada na pro-duo de laudos e relatrios, com indicao pela . Ademais, fundamental a participao efetiva das comunidades, no sporque figuram como sujeitos de direitos no mbito dos trabalhospericiais, mas tambm porque so partcipes do processo de cons-truo do conhecimento, conforme normativas j estabelecidas.

    H tambm de se assegurar ao pesquisador autonomia ne-

    cessria interao com o grupo em todas as fases da pesquisae da redao do relatrio/laudo. Por vezes, o acompanhamentosimultneo dos trabalhos antropolgicos por assistentes das par-tes envolvidas (em alguns casos antagonistas), sob pretexto de co-laborao e melhor entendimento da(s) situao(es) em pauta,tem ocasionado constrangimentos, comprometendo os resultadosfinais.

    Cabe considerar tambm que a atuao do(a) antroplogo(a)em trabalhos periciais tem se dado em complexas circunstnciasde conflito, devendo estar o(a) profissional da antropologia habi-litado(a) para lidar com diversas verses e mudanas nas situa-es em estudo. Os dados com que o(a) antroplogo(a) trabalhae que permitem avaliaes mais ricas das situaes sociais e dasalternativas presentes para as comunidades so de natureza inter-subjetiva, o que significa que os dados no devem ser lidos sem

    considerar as condies em que foram gerados.

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    Isto especialmente agravado em situaes de conflito ou dereaes da comunidade diante de ameaas e de mudanas sociais,o que comumente implica polticas governamentais protetivas.Muitas vezes tambm, ao lidar com situaes de conflito, a integri-

    dade fsica e moral dos(as) antroplogos(as) pode ser ameaada,devendo ser estabelecidas as garantias e as protees devidas.

    Comumente, as condies acima descritas esto contidas em,ou so estabelecidas por meio de decretos, portarias, instruesnormativas, termos de referncia de contratao de servios, quesi-tos formulados em processo judiciais, em que especificaes quanto qualificao profissional, s experincias necessrias realizao

    dos trabalhos, aos prazos e s condies so definidas. Via de regra,contudo, as especificidades estabelecidas nesses instrumentos nocorrespondem e muitas vezes conspiram contra o prprio exerccioda antropologia o que procuramos aqui sistematizar.

    Relatrios de identicao e delimitao territorial

    A atuao do(a) antroplogo(a) deve partir da complexa relaoda comunidade com o seu territrio, levando em conta as mlti-plas e dinmicas formas de representaes, memrias, modos deorganizao social e produtiva, usos e significados de recursos, ca-tegorias micas de ordenamento territorial, religiosidades, saberese fazeres prprios, conflitos intracomunitrios, intercomunitriose/ou com antagonistas, o histrico de expropriao do grupo e sua

    luta pela recuperao do seu territrio.Pela prpria complexidade envolvida, a definio de limitesterritoriais deve ser precedida de ampla discusso com o grupo,justificando e documentando etnograficamente as razes que ossustentam, as posies tomadas em campo pelo grupo e pelo(a)pesquisador(a).

    O(A) antroplogo(a) deve tambm mapear o campo das re-laes que est em jogo na situao social sobre a qual e na qual

    o documento produzido, explicitando a posio dos diferentes

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    atores envolvidos. Isto resguarda o fazer antropolgico de riscos eexplicita a natureza social e situacional dos resultados.

    As experincias tm demonstrado que, em alguns casos, nose trata simplesmente de depreender uma proposta previamente

    dada e consensual. Pode haver diferentes entendimentos internosao grupo sobre os limites territoriais, devendo o(a) antroplogo(a)considerar a instncia da elaborao do laudo como frum legti-mo para, em dilogo com os prprios sujeitos de direitos, amadu-recer a proposta final de delimitao.

    A dimenso dos territrios a serem delimitados no deve es-tar condicionada por critrios de uso e ocupao outros que no

    os do prprio grupo, nem mesmo aos moldes de um campesinatoparcelar, ou ainda a uma viso produtivista, reproduzindo estrat-gias convencionais da reforma agrria; nem devem esses critriosestar pautados por custos indenizatrios, mas pela noo de ter-ras tradicionalmente ocupadas, considerando-se os processos deesbulho e de territorializao envolvidos.

    No contexto de identificao e delimitao territorial, pre-ciso estar atento s tentativas de disciplinamento do fazer an-

    tropolgico pelos rgos demandantes/contratantes, medianteexigncias impostas pelo modelo de contratao vigente, por con-dicionamentos reducionistas, por exigncias que extrapolam asprprias instrues normativas e, por vezes, o prprio fazer antro-polgico, com habilidades profissionais especficas para alm doseu campo de atuao.

    Relatrios antropolgicos emprocessos de licenciamento ambiental:

    O desenvolvimento de pesquisas antropolgicas nesse mbito es-barra sempre em constrangimentos de natureza epistemolgica epoltica. Estes so dados tanto pelas predefinies normativas doque sejam os impactos (ou reas de influncia) diretos e/ou indi-

    retos dos empreendimentos, quanto pela ontologia tripartite por

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    meio da qual os estudos de impacto organizam o mundo (meiosfsico, bitico e socioeconmico). Tais predefinies operam nos uma fragmentao do mundo vivido pelos grupos afetados,mas tambm do prprio empreendimento, abrindo brechas para

    um fracionamento do licenciamento ambiental em etapas artifi-ciais no previstas no marco regulatrio fracionamento este queimpossibilita a avaliao integral dos efeitos das obras e dos em-preendimentos sobre os grupos sociais e seus espaos vitais.

    As orientaes aqui propostas, ainda que no superem essaslimitaes estruturais, visam, em alguma medida, alertar para taisconstrangimentos e contribuir para uma compreenso mais global

    dos processos de mudana provocados por esses empreendimen-tos, a partir de uma perspectiva antropolgica.Assim sendo, deve-se levar em conta a formao especfica e a

    experincia do(a) antroplogo(a) em relao s comunidades atin-gidas pelos empreendimentos e seus territrios e/ou a experinciacomprovada na elaborao de relatrios em processos de licencia-mento ambiental, com indicao pela ; necessrio assegurara participao das comunidades atingidas em todas as etapas do

    processo, desde a elaborao dos Termos de Referncia; deve-seincorporar os conhecimentos das comunidades locais na carac-terizao e no dimensionamento do universo socioambiental nombito de cada licenciamento, uma vez que categorias normati-vas, tais como rea Diretamente Atingida e rea IndiretamenteAtingida, no correspondem s formas locais de apropriao doambiente e organizao social do(s) grupo(s) envolvido(s).

    preciso tambm promover rigorosa avaliao dos danos so-cioambientais de carter coletivo, que vo alm da definio censi-tria, estatstica, cartorial e patrimonial de atingidos predominan-te na elaborao de Estudos de Impacto Ambiental (-s),bem como deve-se ter uma atitude de abertura para o trabalho co-letivo de natureza interdisciplinar, visando a uma compreenso omais global possvel dos efeitos das obras e dos empreendimentos.

    Outros fatores imprescindveis que tm de ser levados em conta

    so as formas e/ou os sistemas de uso comum, gesto e distribuio

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    dos recursos naturais vigentes nas comunidades atingidas, consi-derando tambm o sistema de herana especfico em cada comu-nidade (situaes de migrao sazonal, herdeiros ausentes, entreoutros) e o horizonte geracional das comunidades, de forma a ob-

    servar as condies de reproduo social e cultural do(s) grupo(s).O(a) profissional envolvido(a) deve atentar para a precisa con-

    figurao dos danos socioambientais a jusante dos empreendimen-tos, sobretudo os hidreltricos e minerrios, que comprometem aagricultura de vazante e/ou o abastecimento de gua e o acesso arecursos (qualidade e quantidade).

    Alm disso, o(a) profissional envolvido(a) em atividades dessa

    natureza precisa se comprometer a denunciar violaes de direitoshumanos do(s) grupo(s) afetado(s) e ilcitos socioambientais per-petrados pelo(s) empreendimento(s).

    Laudos em processos judiciais:

    O envolvimento do(a) antroplogo(a) em processos judiciais tem le-

    vado instaurao de procedimentos jurdicos, frutos de um modusoperandi, que acabaram impondo condies, ritmos e tcnicas de co-letas de dados no condizentes com os mtodos e as tcnicas antro-polgicos, distorcendo significativamente os resultados das atividadesde peritagem. Assim, para que seja garantida a qualidade das infor-maes produzidas e a experincia exigida, considera-se o que segue.

    Em percias que abarquem disputas indispensvel que as pes-

    quisas de campo realizadas pelas partes envolvidas no conflito, bemcomo pelo perito do juiz, no sejam simultneas, assegurando umclima o mais favorvel possvel instaurao de uma interlocuoadequada com os sujeitos ou com as comunidades pesquisados.Com este proceder busca-se tambm resguardar a atividade do(a)perito(a) do juiz de qualquer possvel interferncia intencional quepossa condicionar, inibir e/ou distorcer a obteno dos dados.

    Nos casos de processos que envolvam diversidade tnica, social e

    cultural, que seja reconhecida tal especificidade e, consequentemente,

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    a relevncia da percia antropolgica, com seus mtodos e tcnicastambm especficos, nos termos antes apresentados.

    Nesses casos, portanto, imprescindvel nas percias levar emconsiderao a noo de pessoa, a compreenso dos aspectos mo-

    rais e cosmolgicos do(s) grupo(s) e de seu(s) arcabouo(s) jurdi-co(s) costumeiro(s), que define(m) formas de atuao, julgamen-tos e sanes, garantindo-se, portanto, a oitiva do(esses) grupo(s)social(ais) nas decises sobre seu(s) destino(s). Ressalte-se tambma importncia a ser dada aos valores diferenciados no relaciona-mento intertnico e aos modos de administrar essas relaes.

    Que seja resguardado aos indivduos e s comunidades pes-

    quisados o direito de estabelecer condies que considerem neces-srias para a garantia de sua livre manifestao, conforme seusentendimentos culturais especficos, e que seja garantida tambmuma temporalidade adequada produo dos dados necessriospara responder aos quesitos, segundo os princpios do fazer an-tropolgico.

    Inventrios de Referncias Culturais

    Antroplogos e antroplogas tm sido chamados(as) por rgosde Estado para realizar Inventrios de Referncias Culturais edesempenhar as seguintes competncias: realizar etnografias so-bre o que os atores sociais consideram suas referncias culturaisa serem inventariadas; contribuir para a elaborao de planos de

    salvaguarda; descrever e analisar as configuraes identitrias dosgrupos estudados a partir dos processos de implementao dosdispositivos da Constituio Federal de 1988, particularmente dosseus artigos 215 e 216; debater as formas de incorporao dos di-reitos de povos e comunidades tradicionais noo de patrimniocultural brasileiro, levando em considerao os contextos atuaisem que se encontram inseridos nas diferentes regies do Brasil,atualmente em processo de reconhecimento cultural e territorial a

    partir da legislao em vigor.

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    Nesses casos, h que se levar em considerao a relao en-tre os pleitos por direitos socioculturais que envolvem os atoressociais diretamente referenciados nos bens titulados, bem comoo compromisso com o conhecimento produzido pelo(a) antrop-

    logo(a), para a instruo do registro e dos planos de salvaguardado patrimnio cultural desses grupos em face do Estado brasileiro,observando-se sobretudo os processos de reelaborao coletiva deterritorialidades especficas atravs de narrativas e prticas diver-sas. Deve-se tambm atentar de forma reflexiva e crtica para asrecomendaes de polticas pblicas de proteo ao patrimniocultural material e imaterial desses grupos sociais.

    Outrossim, cabe aos antroplogos e s antroplogas a obser-vao acurada dos usos da categoria patrimnio por parte dos gru-pos portadores e dos organismos estatais (municipais, estaduaisou nacional) e/ou organismos no estatais, uma vez que, sendo umconceito polissmico e de grande interesse poltico, pode ser acio-nado diferentemente pelos vrios sujeitos envolvidos nas polticasde reconhecimento socioculturais e/ou territoriais.

    H vrias outras situaes que demandam atuao pericial do

    antroplogo: as que envolvem deslocamento de comunidades, osprocessos de adoo de crianas, os processos penais, as que dizemrespeito a direitos sobre conhecimentos tradicionais e repartioequitativa de benefcios, as que abrangem conflitos em decorrnciade sobreposio de terras tradicionalmente ocupadas e Unidadesde Conservao da Natureza de Proteo Integral, sobre as quaisas recomendaes acima enumeradas, resguardadas suas especifi-

    cidades, devem tambm ser observadas.

    3. PAPEL DA ABA

    a) O(a) antroplogo(a) no exerccio da elaborao de laudos, re-latrios e pareceres est igualmente submetido s condiesprevistas no Cdigo de tica da .

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    b) Sobre as condies de trabalho: a realizao do laudo/perciadever estar condicionada ao acordo prvio e explicitaode prazos e oramentos, estabelecidos com o contratante. Osprazos (nunca inferiores a 120 dias nos casos de Identificao

    e Delimitao Territorial e/ou Relatrios de Impacto Ambien-tal) e recursos devero prever o tempo necessrio ao trabalho decampo, pesquisa documental e redao do relatrio/laudo.

    c) A confidencialidade da relao com o grupo deve ser respei-tada, e a confidencialidade dos dados primrios deve ser res-guardada, assim como deve ser garantido que o trabalho no

    sofra injunes administrativas, jurdicas e/ou polticas inde-vidas.

    d) Sobre a autoria, a considera os laudos como peas cient-ficas, cuja autoria deve ser dos(as) antroplogos(as) e equipesque os redigiram. As reapropriaes posteriores de relatrios/laudos, inclusive mediante trabalhos de resumos ou copydesk,devem caber aos respectivos autores, mesmo nos casos de di-

    vulgao e conhecimento pblico, uma vez que podem agre-gar ao texto original riscos e/ou novas responsabilidades jur-dico-administrativas.

    e) As condies e as garantias de publicizao integral ou emparte de laudos, relatrios e pareceres devem levar em contaos efeitos possveis a serem produzidos na garantia dos direi-

    tos constitucionalmente assegurados.

    f) Sobre a formao profissional mnima do(a) antroplogo(a)na elaborao de laudos, a recomenda que sejam portado-res de ttulo de ps-graduao stricto sensuem antropologia,e/ou professores(as), pesquisadores(as) e profissionais comproduo relevante na rea. Estes so inclusive os requisitospara tornar-se scio(a) efetivo(a) da .

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    g) Embora os concursos de alguns rgos de governo tenhamexigido apenas a graduao em cincias sociais para profissio-nais que atuaro em processos de regularizao de territriose/ou na promoo de direitos diferenciados, a recomendao

    da que esses profissionais se qualifiquem em nveis demestrado e doutorado em antropologia.

    h) A recomenda aos cursos de graduao e ps-graduaoem Antropologia e Cincias Sociais que sejam includos con-tedos curriculares e/ou disciplinas sobre laudos antropol-gicos. Cabe ressaltar que estas disciplinas no devem ser to-

    madas como manuais que ensinam a fazer laudos, mas comoespaos de formao sobre as implicaes cientficas, ticas,polticas, jurdicas e profissionais desse exerccio do saber an-tropolgico.

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    Esta obra, editorada pela Contra Capa, foi impressa na cidade de

    So Bernardo do Campo pela Grfica Paymem novembro de 2015.