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LIMA LAURA GRANDE GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Governador Sérgio Cabral Vice-governador Luiz Fernando Pezão Secretária de Estado de Cultura Adriana Scorzelli Rattes Subsecretária de Relações Institucionais Olga Maria Esteves Campista Superintendente de Artes Eva Doris Rosental Subsecretária de Estado de Ação Cultural Beatriz Caiado Subsecretário Executivo de Cultura Luiz Fernando Zugliani CASA FRANçA-BRASIL Presidente Ricardo Paiva Cavalcante Diretora Evangelina Seiler Coordenadora de Projetos Beatriz Giacomini Cruz Produtora Fátima Santiago Assistentes Danilo de Santana Tânia Maria de Santana Equipe Administrativa Fabiana Oliveira Fernando Seabra Sandra Helena da Silva Auditora Interna Nízia Dias Equipe de Apoio Gracielle Pereira Carneiro Thiago Magdalena da Silva Valdeci Costa Lima Estagiários Kelvin Menezes Macedo Liane Souto Bispo Thiago Lopes de Freitas EDUCATIVO Produção Sapoti Projetos Culturais Coordenação Geral Daniela Chindler Coordenação de Produção Flavia Rocha Consultoria em Arte Educação Janis Clémen Educadoras Adriana Xerez e Deise de Brito Estagiários Carolina Succo, Fernando Codeço, Rachel Souza, Tainá Barros, Vagner Cerqueira e Wallace Berto EXPOSIçãO Concepção Laura Lima Realização Tisara Arte Produções Coordenação Geral Mauro Saraiva Produção Executiva Heloisa Vallone Entrevista Felipe Scovino Assistente de Produção Nidia Mara dos Santos Assistentes de Criação Cadu D’Oliveira Clayton Ramos Felipe Abdala Gabriela Mureb Lady Carvalho Marcio Ramalho Design Gráfico Rara Dias / Zot Design Paula Delecave Design da Estante em 3D Jeferson Toledo Barros Consultoria Flavio Graff Engenheiro Calculista Geraldo Filizola Serralheria Andre Pontes Cenografia Camuflagem / H.O. Silva Vestimenta Ruben Cunha Cabelo Heraldo Jr Assessoria de Imprensa Meio & Imagem / Ana Ligia Petrone Revisão de Português Sonia Cardoso Sinalização Sergio Gouvêa – Gouvêa Artes Administração Bianca Siqueira Loane Malheiros VISITAçãO 19 de dezembro de 2010 a 27 de fevereiro de 2011 terça a domingo, das 10 às 20h MESA-REDONDA E LANçAMENTO DO CATÁLOGO 17 de fevereiro de 2011, às 18h30 COM Lisette Lagnado professora e crítica de arte Roberto Corrêa dos Santos professor e teórico da arte Laura Lima artista MEDIAçãO Felipe Scovino crítico de arte Rua Visconde de Itaboraí, 78 Centro 20010-060 Rio de Janeiro RJ tel. 21 2332 5120 bicicletário no local www.casafrancabrasil.rj.gov.br www.cultura.rj.gov.br REALIZAçãO PATROCÍNIO O MáGICO NU, 2008/2010 foto: Ivana Monteiro

LAURA LIMA Grande Folder

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Assistentes Danilo de Santana Tânia Maria de Santana subsecretário executivo de Cultura Luiz Fernando Zugliani secretária de estado de Cultura Adriana Scorzelli Rattes estagiários Kelvin Menezes Macedo Liane Souto Bispo Thiago Lopes de Freitas design Gráfico Rara Dias / Zot Design Paula Delecave equipe de Apoio Gracielle Pereira Carneiro Thiago Magdalena da Silva Valdeci Costa Lima Consultoria em Arte educação Janis Clémen superintendente de Artes Eva Doris Rosental MedIAção

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Page 1: LAURA LIMA Grande Folder

LIMALAURA

GRANDE

GoveRno do estAdo do RIo de JAneIRo

Governador Sérgio Cabral

vice-governadorLuiz Fernando Pezão

secretária de estado de Cultura Adriana Scorzelli Rattes

subsecretária de Relações Institucionais Olga Maria Esteves Campista

superintendente de ArtesEva Doris Rosental

subsecretária de estado de Ação CulturalBeatriz Caiado

subsecretário executivo de CulturaLuiz Fernando Zugliani

CAsA FRAnçA-BRAsIL

PresidenteRicardo Paiva Cavalcante

diretora Evangelina Seiler

Coordenadora de Projetos Beatriz Giacomini Cruz

Produtora Fátima Santiago

Assistentes Danilo de SantanaTânia Maria de Santana

equipe Administrativa Fabiana OliveiraFernando SeabraSandra Helena da Silva

Auditora Interna Nízia Dias

equipe de Apoio Gracielle Pereira CarneiroThiago Magdalena da Silva Valdeci Costa Lima

estagiários Kelvin Menezes Macedo Liane Souto Bispo Thiago Lopes de Freitas

edUCAtIvo

Produção Sapoti Projetos Culturais

Coordenação Geral Daniela Chindler

Coordenação de Produção Flavia Rocha

Consultoria em Arte educaçãoJanis Clémen

educadorasAdriana Xerez e Deise de Brito

estagiáriosCarolina Succo, Fernando Codeço, Rachel Souza, Tainá Barros, Vagner Cerqueira e Wallace Berto

exPosIção

ConcepçãoLaura Lima

RealizaçãoTisara Arte Produções

Coordenação GeralMauro Saraiva

Produção executivaHeloisa Vallone

entrevistaFelipe Scovino

Assistente de ProduçãoNidia Mara dos Santos

Assistentes de CriaçãoCadu D’Oliveira Clayton Ramos Felipe AbdalaGabriela Mureb Lady CarvalhoMarcio Ramalho

design GráficoRara Dias / Zot DesignPaula Delecave design da estante em 3dJeferson Toledo Barros

ConsultoriaFlavio Graff

engenheiro CalculistaGeraldo Filizola

serralheriaAndre Pontes

CenografiaCamuflagem / H.O. Silva

vestimentaRuben Cunha

CabeloHeraldo Jr

Assessoria de ImprensaMeio & Imagem / Ana Ligia Petrone

Revisão de PortuguêsSonia Cardoso

sinalizaçãoSergio Gouvêa – Gouvêa Artes

AdministraçãoBianca Siqueira Loane Malheiros

VISITAçãO19 de dezembro de 2010 a 27 de fevereiro de 2011 terça a domingo, das 10 às 20h

MESA-REDONDA E LANçAMENTO DO CATÁLOGO

17 de fevereiro de 2011, às 18h30

CoM Lisette Lagnadoprofessora e crítica de arte

Roberto Corrêa dos Santosprofessor e teórico da arte

Laura Limaartista

MedIAção Felipe Scovinocrítico de arte

Rua visconde de Itaboraí, 78 Centro 20010-060 Rio de Janeiro RJtel. 21 2332 5120 bicicletário no localwww.casafrancabrasil.rj.gov.brwww.cultura.rj.gov.br

REALIZAçãOPATROCÍNIO

o MáGICo nU, 2008/2010

foto: Ivana Monteiro

Page 2: LAURA LIMA Grande Folder

entRevIstA entRe o CRÍtICo FeLIPe sCovIno e A ARtIstA LAURA LIMA[noveMBRo de 2010]

FELIPE SCOVINO É curioso que essa exposição

tenha sido precedida por uma mostra do Hélio

oiticica. Assim, podemos articular os distintos

modos de o corpo criar redes de signos e afe-

tos com o outro, na arte brasileira. e mais do

que isso: como esse sentido de participação e

ludismo, tão decantado e explorado (de modo

superficial) recentemente, permite aproxima-

ções (fugazes), e em seguida afastamentos, se

compararmos à obra de vocês dois. esse foi um

preâmbulo e uma articulação para se chegar a um

ponto que gostaria de discutir aqui. Como se dá o

estranhamento e desconforto na sua obra? Penso

que esses são alguns dos ‘afastamentos’ que citei.

LAURA LIMA o estranhamento é fundamental na

arte. Me parece inócuo imaginar uma arte fami-

liar, ou apenas doce. É preciso que doce com-

bine com monstro. É uma alquimia elementar.

o corpo em minha obra se veste de crueza,

atirado a uma situação primordial, estrutural e

frágil, mas nem por isso mais ou menos impor-

tante que as outras coisas que compõem a ima-

gem. Portanto, definitivamente, ele se distancia

da performance, pois é apenas matéria e rede

de significados. em sua oscilação sem nome,

sem denominação de arte, ele pode flertar com

a escultura, com a arquitetura. nem uma coisa,

nem outra, e nem híbrido, sem muita cerimônia,

sem inocência...

o público deve ausentar-se de predetermi-

nações. Isso é um exercício razoável, e para

além, uma construção ética em relação à arte.

A instituição deve também estar preparada para

despir-se. nem por isso o trabalho se constrói

sobre um nada. As referências aparecem sem

uma carapaça dura; vão se desvelando no percor-

rer da obra ou da exposição. A linguagem só está

viva porque pode desfazer-se e refazer-se.

no longo ou curto prazo, as denominações

em arte deveriam ser temporárias, sem precisão.

Pode-se pensar sobre o corpo da obra e, nesta

exposição, duas obras estão posicionadas de

maneira que você poderia supor que seriam uma

só: HcMc – pelos (1996/2010) + Rede (2010),

ambas criadas em diferentes períodos e proposi-

talmente colocadas uma sobre a outra, procu-

rando redefinir bordas de identidade e tempo.

em arte, diferente da física simples, dois corpos

podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

FELIPE seu trabalho me instiga a pensar que,

em tempos de interdisciplinaridade, ele encontra

uma zona autônoma. não é performance, não

é teatro, nem dança ou moda. estamos diante

de uma coerência sobre a representação de um

corpo, ou melhor, de um corpo que parte da

representação para a ação. e mais, como a partir

de certa economia da imagem, a aparição de

um simples objeto cria um ruído e, portanto, um

desvio para aquela representação. Como funciona

essa operação que também incorpora a ironia?

LAURA estou interessada em anima e no desloca-

mento do observador. desde seu comportamento

dentro de espaços destinados à exposição, como

a construção do seu saber em relação à obra.

o espectador precisa abaixar-se para ver a ima-

gem, arriar seu corpo ao chão. o tempo todo se

procura pensar a rede de representações em que

ele se inscreve – ou na qual a obra se inscreve.

de fato, tenho dúvidas se estamos de fato des-

crevendo a representação, mas um universo fluido

em cada uma destas coisas que focam e desfocam

no sentido, nos símbolos, nos significados.

É preciso deslocar o ponto de visão, seja

nas atribuições e nomeações no campo da

arte, ou mesmo na fragilidade existencial em

que a estrutura do trabalho opera. Ao falar

que as coisas se encerram num mesmo vetor

de admiração, ironicamente você supõe existir

outros. Por isso, neste aspecto, a ironia conjuga

bem. Uma ironia visível em meu trabalho são as

ornamentações, por exemplo, e seus excessos

procurando sentido. o mágico acessa na estante

coisas pequenas, ou grandes; tenta construir

esculturas que não são satisfatórias obras de

arte... são estranhas, são perguntas. ele organiza

e desorganiza a estante, consulta cadernos sem

desenho, sem palavras, sem imagem. Procura

traduzir universos que não possuem pontes de

tradução aparentes. A ironia não produz apenas

sorrisos e insights, mas silêncio anunciador.

em uma das salas da exposição, o espectador

opta se deseja prosseguir e arriscar-se, ou não.

e como nas premissas existenciais, na escolha,

nem sempre terá vivido todas as possibilidades.

o que acontece neste lugar com o espectador

nem sempre é aquilo que acontece com o outro.

no entanto, é preciso continuar perguntando,

colocar-se em ação.

Quando penso minhas imagens, há um

razoável controle na construção do que repre-

sentam ou na sensualidade e inteligência de sua

matéria. não há mangas na roupa do mágico, ele

está nu, seus segredos em estado de revelação,

ele pergunta sobre si, sobre as coisas e enfrenta

a dicotomia da estante (num hemisfério, estante

ortogonal, e noutro, caótica), mas não no que

nela se coloca, e sim nela mesma. Arrumar,

desar rumar, construir, destruir, refazer, aprovei-

tar, desperdiçar, traduzir. o mágico escala com

seu corpo a topografia na qual se constroem e

se depositam coisas. o mágico lavora e, adiante,

em um estado bem distinto, o casal descansa

e, distraidamente, observa o mágico. não há

dife renças entre este casal e o observador/espec-

tador, como não há entre mágico e artista, entre

artista e casal... e todos eles necessitam da pre-

sença do espectador, por mais que estes pareçam

alheios. É um irônico e constante pertencimento.

FELIPE Podemos apontar que existe uma pequena

história da articulação entre tecido, moda e

proposição nas artes visuais brasileiras (sejam os

Parangolés de oiticica ou o New Look de Flávio

de Carvalho,1 feito em 1956). se nesses artistas

encontrávamos instâncias que revelavam uma

vontade reflexiva sobre o que era o Brasil moderno,

a vestimenta no seu caso aparece como mutação

ou identidade em trânsito em um momento em

que o sujeito “está se tornando fragmentado,

composto não de uma única, mas de várias

identidades, algumas vezes contraditórias ou

não resolvidas”.2 Como observa esse aspecto?

LAURA no Homem=carne/Mulher=carne, ini-

ciado em 1995, surgem os aparatos que são em

maioria feitos de tecido. Reforçam, por meio de

outra matéria que não a humana, a discussão de

carnalidade presente no HcMc. estas construções

são camadas necessárias, ora por estarem

espelhadas na vida, nos corpos cobertos e seus

significados, ora por quererem refletir sobre suas

relações simbólicas, como na Filosofia ornamen-

tal (pensada a partir de 2001). desde o início

do RhR (1999), aos Costumes (2001/2006) e

toda a Filosofia ornamental, todas as vestes ou

esculturas, nomeadas diferentemente, olham

muito mais para a construção do indivíduo e dos

objetos simbólicos em suas camadas na socie-

dade e muito menos para a construção de um

sujeito interior.

os costumes são ornamentações para a vida

que partem de uma superfície, do plano, que é

dobrado, recortado e colado milhares de vezes,

construindo formas que ganham um espaço de

relações. evidentemente que estamos discutindo

questões escultóricas, sem encerrar-se nisso;

são dispostas em araras de roupas e espelhos

com atendentes que podem ajudar o público a

usá-las de mil maneiras. É a loja dos Costumes

(2001/2006) que sugere algo reconhecível no

cotidiano – uma loja de roupas – e que, livrando-

se da redoma da galeria ou do museu, deve ser

devolvida à realidade como possibilidade de

tornar-se hábito, costume. Por que não ornamen-

tar partes impensadas do corpo, como a sola dos

pés, ou usar mantas voluptuosas para um simples

passeio pelo quarteirão de casa ou do trabalho?

no RhR, um Organismo que iniciei e fui

administradora por quase três anos, inúmeros

integrantes de diversos países usavam o

Uniforme-Desenho (1999) que ao inserir-se na

sociedade sem funções e objetivos específicos

ensaiava o próprio desaparecimento.

o absurdo de se pensar a camada mais

próxima da pele fez aparecer a obra Galinhas

de gala (2004) – penas e plumas de carnaval

acopladas à extremidade das penas naturais de

galinhas caipiras, utilizando-se, com minuciosa

engenharia, da mesma técnica de alongamento

de fios de cabelo em humanos. nesta exposição,

em HcMc-pelos, alongam-se as sobrancelhas e

os pelos púbicos de um homem e de uma mu-

lher, respectivamente.

A vestimenta informa o corpo no mundo e não

diferente disso são as arquiteturas sociais e as

arquiteturas em si. sob este viés, por que não

pensar que a obra que faz parte desta exposição,

a HcMc-baixo (1996/2010), em que uma pessoa

está achatada pelo teto da sala que ocupa, tam-

bém pode estar vestida de arquitetura?

FELIPE Já falamos em vestimentas, agora me

interessaria falar em desnudamentos. Como se

comporta a delicada operação entre o nu e o estar

despido em um país como o Brasil, ambíguo em

suas representações e discursos sobre esse tema?

LAURA eu sou um corpo que trabalha com o

corpo do outro; a instituição também é um

corpo; a sociedade, idem. nota-se que as arqui-

teturas vão se tornando tão ou mais complexas

que um corpo simples, elas formam uma massa

política. eu poderia acoplar aparatos a um corpo,

dar-lhe funções, portanto, por que o cobriria

com uma roupa pretensamente neutra? opto por

deixá-lo nu, orquestrando jogos de sentidos que

eu deseje imbricar. É um jogo entre a crueza da

matéria e sua potência de complexidades.

A ideia de sexualidade está inserida neste

contexto como instância de poder, de gênero e

política deste corpo; está no obscuro imaginário

da criação. Mas as bases são tão estruturais que

esta sexualidade se dissolve na rede de significa-

dos. Há cópula entre poderes. Assim, a ideia de

sexualidade na obra é muito mais a subjetividade

da sexualidade. o corpo, aqui, não é a estrutura

de sustentação de um só, mas de muitos.

1 Refiro-me à obra Flávio de Carvalho, de Luiz Camillo osório (são Paulo: Cosac naify, 2000, p. 44).2 extraído de stuart Hall, A identidade cultural na pós- mo dernidade (11 ed. Rio de Janeiro: dP&A, 2006, p. 12).