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LAYOUT DE UM AMBIENTE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DEDICADO À FABRICAÇÃO DE PEQUENAS EMBARCAÇÕES EM MATERIAIS COMPÓSITOS Lucas Nascimento da Motta Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval. Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho RIO DE JANEIRO BRASIL SETEMBRO DE 2018

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LAYOUT DE UM AMBIENTE DE PESQUISA E

DESENVOLVIMENTO DEDICADO À FABRICAÇÃO DE PEQUENAS

EMBARCAÇÕES EM MATERIAIS COMPÓSITOS

Lucas Nascimento da Motta

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e Oceânica da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro Naval.

Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho

Alho

RIO DE JANEIRO – BRASIL

SETEMBRO DE 2018

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LAYOUT DE UM AMBIENTE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

DEDICADO À FABRICAÇÃO DE PEQUENAS EMBARCAÇÕES EM

MATERIAIS COMPÓSITOS

Lucas Nascimento da Motta

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

NAVAL

Examinado por:

Profo Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

Profo Carl Horst Albrecht, D.Sc.

Profa Marta Cecília Tápia Reyes, D.Sc.

RIO DE JANEIRO – BRASIL

SETEMBRO DE 2018

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha família, que me proporcionou toda

a estrutura, educação, motivação e apoio em todas as empreitadas da minha vida. Nada

teria sido possível sem vocês.

Agradeço também à Sarah Laira da Motta, minha esposa que participou de

momentos decisivos nessa caminhada e sempre me deu todo apoio que eu precisava.

Agradeço aos amigos que fiz durante o curso, em especial, Aline, Bruna, Felipe

Campos, Felipe Maia, João Igor, Lucas Amorim, Tales, Thomaz, Rachel e Renan, que

mostram todos os dias que dar o melhor de si é uma das maiores qualidades que se pode

ter.

Agradeço ao meu orientador, e em breve colega de profissão, Alexandre Alho, por

ter sido um dos maiores professores que já tive e ao mesmo tempo amigo, transmitindo

conhecimentos que levarei para toda a vida.

Agradeço à minha vó Laodiceia e às minhas tias, Carmem e Cristiane, por me

receberem nas suas casas e cuidarem de mim em todos os momentos. Sua ajuda fez tudo

isso possível.

Agradeço também à Vivian que me salvou de perder minha vaga na UFRJ.

E por fim, agradeço por todas as vezes que fracassei, pois o fracasso é o maior

professor que existe, e em cada situação que não teve o fim esperado houve grande

aprendizado que contribuiu para o meu crescimento e para a busca por aprimoramento.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários a obtenção do grau de Engenheiro Naval

LAYOUT DE UM AMBIENTE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

DEDICADO À FARBICAÇÃO DE PEQUENAS EMBARCAÇÕES EM

MATERIAIS COMPÓSITOS

Lucas Nascimento da Motta

Setembro/2018

Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D. Sc.

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

A fabricação de embarcações em materiais compósitos depende fortemente dos

materiais e processos escolhidos. A quantidade de combinações e variações possíveis

abre um leque muito grande para pesquisa e desenvolvimento. Além disso, cada vez

mais, a combinação de materiais tem estado presente no âmbito industrial. Pensando

nisso, o Polo Náutico tem como estratégia se tornar referência no conhecimento desses

materiais e um dos pontos iniciais para isso é a organização do espaço da melhor

maneira possível. Esse trabalho tem por intuito dar o suporte inicial necessário, dando

um panorama da metodologia SLP (Systematic Layout Planning) de elaboração de

layouts, passando pelos materiais e processos e, por fim, aplicando esses conhecimentos

no espaço do laboratório como estudo de caso.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Naval Architect and Marine Engineer.

LAYOUT STUDY FOR A RESEARCH AND DEVELOPMENT FOCUSED

FACTORY AIMED AT THE MANUFCATURING OF SMALL CRAFTS WITH

ADVANCED COMPOSITES

Lucas Nascimento da Motta

Setembro/2018

Advisor: Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D. Sc.

Course: Naval and Ocean Engineering

The manufacturing of advanced composites boats is highly dependent on the

material and processes selected. The possible variations open a great door to research

and development. On top of that, the industry has increased the usage of combined

materials.With this in mind, Polo Náutico has made its strategy to become a focal point

of knowledge concerning this materials. To make this happen, one of the first steps is to

organize the production space in the most effective way. This work’s goal is to give the

basis to initiate this process, discussing the essential points on SLP (Systematic Layout

Planning) methodology, going through materials and processes and, at the end, applying

it to Polo Náutico as a study case.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Distribuição de lanchas por tamanho (%) ...................................................... 3

Figura 2.2: Distribuição de veleiros por tamanho (%) ..................................................... 3

Figura 2.3: Diagrama simplificado do sistema SLP ......................................................... 4

Figura 2.4: Etapas e entregas do SLP ............................................................................... 5

Figura 2.5: Relação entre o tamanho de lote e variedade de produtos para a

determinação do melhor tipo de layout ............................................................................ 7

Figura 2.6: Curva P X Q ................................................................................................... 8

Figura 2.7: Relação entre a curva P X Q e o melhor método para análise do Fluxo de

Material ........................................................................................................................... 10

Figura 2.8: Simbologia para o diagrama de operações ................................................... 11

Figura 2.9: Guia do diagrama de interrelações ............................................................... 13

Figura 2.10: Simbologia do diagrama de fluxo .............................................................. 14

Figura 2.11: Exemplo do diagrama de fluxo .................................................................. 15

Figura 2.12: Evolução dos materiais ao longo do tempo ............................................... 18

Figura 2.13: Composição de um avião em termos de materiais ..................................... 19

Figura 2.14: Estrutura sanduíche .................................................................................... 22

Figura 2.15: Funcionamento da bolsa de vácuo ............................................................. 25

Figura 2.16: Material de laminação à vácuo................................................................... 26

Figura 3.1: Atividades da fabricação de uma embarcação com plug/molde .................. 29

Figura 3.2: Posicionamento das balizas e fixação dos strips .......................................... 30

Figura 3.3: Strips completamente fixados ...................................................................... 31

Figura 3.4: Plug após aplicação de massa, da modelagem e aplicação de gel ortoftálico

........................................................................................................................................ 31

Figura 3.5: Molde finalizado e sendo desmoldado ......................................................... 31

Figura 3.6: Molde desmoldado ....................................................................................... 32

Figura 3.7: Laminação da embarcação ........................................................................... 32

Figura 3.8: Aplicação do vácuo ...................................................................................... 33

Figura 3.9: Fixação dos reforços .................................................................................... 33

Figura 3.10: Fluxo de materiais ...................................................................................... 37

Figura 3.11: Diagrama de interrelações .......................................................................... 38

Figura 3.12: Diagrama de Fluxo (proximidade) ............................................................. 39

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Figura 3.13: Diagrama de Fluxo (distanciamento) ......................................................... 39

Figura 3.14: Elementos do estoque da oficina ................................................................ 41

Figura 3.15: Oficina ........................................................................................................ 41

Figura 3.16: Sala da router na área da oficina ................................................................ 42

Figura 3.17: Dimensões da embarcação modelo ............................................................ 42

Figura 3.18: Área de modelagem ................................................................................... 43

Figura 3.19: Área de laminação ...................................................................................... 44

Figura 3.20: Cabine de pintura retrátil............................................................................ 44

Figura 3.21: Áreas de laminação e pintura ..................................................................... 45

Figura 3.22: Elementos da área de transporte................................................................. 45

Figura 3.23: Vista em perspectiva das áreas de estoque da oficina (3), modelagem (6),

transporte (9) e embarcações (13) .................................................................................. 46

Figura 3.24: Primeiro pavimento da área do laboratório ................................................ 47

Figura 3.25: Forno para fabricação em compósitos ....................................................... 47

Figura 3.26: Modelo industrial de autoclave .................................................................. 48

Figura 3.27: Segundo pavimento do laboratório ............................................................ 48

Figura 3.28: Áreas de descarte e armazenamento de moldes ......................................... 49

Figura 3.29: Área de montagem ..................................................................................... 49

Figura 3.30: Diagrama de áreas ...................................................................................... 50

Figura 3.31: Legenda do diagrama de áreas ................................................................... 50

Figura 3.32: Distribuição dos extintores de incêndio ..................................................... 53

Figura 4.1: Fluxo simplificado na fabricação de uma embarcação ................................ 54

Figura 4.2: Layout final exibindo o primeiro pavimento ............................................... 55

Figura 4.3: Layout final exibindo o segundo pavimento ................................................ 55

Figura 4.4: Identificação dos equipamentos da oficina .................................................. 56

Figura 4.5: Posicionamento dos equipamentos da oficina ............................................. 56

Figura 4.6: Fluxo de um perfil de alumínio na oficina ................................................... 57

Figura 4.7: Fluxo de uma peça fabricada em compensado............................................. 57

Figura 4.8: Posicionamento dos elementos na área de modelagem e do estoque da

oficina ............................................................................................................................. 57

Figura 4.9: Posicionamento dos elementos na área de laminação .................................. 58

Figura 4.10: Identificação dos equipamentos no segundo pavimento do laboratório .... 59

Figura 4.11: Posicionamento dos elementos no laboratório ........................................... 59

Figura 4.12: Dimensões do espaço dos alunos ............................................................... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Classes de incêndio e suas características ................................................... 52

Tabela 3.2: Dados para o posicionamento correto dos extintores .................................. 52

Tabela 4.1: Identificação dos equipamentos................................................................... 56

Tabela 4.2: Relação dos equipamentos no segundo pavimento do laboratório .............. 59

Tabela 5.1: Média de ruído de alguns equipamentos da oficina .................................... 61

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SUMÁRIO

Agradecimentos ............................................................................................................... iii

Lista de Figuras ............................................................................................................... vi

Lista de tabelas .............................................................................................................. viii

Sumário ............................................................................................................................ ix

Introdução ......................................................................................................................... 1

Revisão Teórica ................................................................................................................ 2

2.1. Planejamento de layout ........................................................................... 2

2.2. Indústria náutica ...................................................................................... 2

2.3. Systematic Layout Planning ................................................................... 3

2.3.1. Localização ...................................................................................... 4

2.3.2. Produto e Quantidade ....................................................................... 6

2.3.3. Rotas, Serviços de suporte e Tempo ................................................ 7

2.3.4. Áreas de atividade ............................................................................ 9

2.3.5. Fluxo de materiais ............................................................................ 9

2.3.6. Diagrama de interrelações .............................................................. 12

2.3.7. Diagrama de relacionamento de espaços ....................................... 13

2.3.8. Proposta de layout e instalação ...................................................... 16

2.4. Materiais compósitos ............................................................................ 17

2.4.1. Fibras de reforço ............................................................................ 19

2.4.2. Resinas ........................................................................................... 21

2.4.3. Núcleos ........................................................................................... 22

2.4.4. Materiais de suporte ....................................................................... 23

2.4.5. Métodos de fabricação ................................................................... 24

O ambiente de estudo ..................................................................................................... 27

3.1. Perfil do ambiente ................................................................................. 27

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3.2. Dados de entrada e áreas de atividades ................................................. 28

3.3. Diagrama de fluxo ................................................................................ 36

3.4. Definição de espaços ............................................................................ 39

3.5. Ergonomia e segurança ......................................................................... 51

Resultados ....................................................................................................................... 53

Conclusões e perspectivas .............................................................................................. 61

Bibliografia ....................................................................................................................... 63

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1 INTRODUÇÃO

Existem muitas eras que recebem o nome dos materiais mais importantes para o

período, isso ilustra o quão importante essa questão é para a humanidade. Diferente do

passado, a evolução da ciência e da engenharia, tem extinguido cada vez mais o prêmio

de material essencial. Isso porque, cada vez mais, é compreendido que cada um tem

aplicações em que suas qualidades, ou defeitos, se sobressaem e, assim, cada caso vai

ter o seu material “chefe”.

O crescimento da indústria tem feito uma necessidade jogar luz sobre o

comportamento dos materiais nas mais variadas situações a fim de estabelecer

parâmetros de escolha e combinações cada vez mais assertivos.

Dito isso e colocando o foco em uma indústria em específico, a náutica, é possível

identificar uma diversidade de fatores determinantes de qualidade, como resistência à

corrosão, impermeabilidade, condutividade elétrica, além de fatores mais gerais como

custo, facilidade de manipulação e disponibilidade. Nessa indústria, os materiais

compósitos são um dos principais componentes e as condições intrínsecas da sua

utilização colocam uma boa perspectiva sobre as possibilidades envolvendo pesquisa e

desenvolvimento e trabalhar num espaço focado nisso.

As considerações acima dão origem à motivação principal desse trabalho, que é

aquela de, baseado numa metodologia previamente estabelecida (Systematic Layout

Planning), pavimentar o caminho para que um layout possa ser projetado com o intuito

de trabalhar, da melhor maneira possível, questões como produtividade, segurança e

ergonomia.

Esse é o passo inicial para começar a estabelecer um local focado na fabricação de

peças em materiais compósitos e, nesse caso, principalmente embarcações de pequeno

porte e peças a serem utilizados por elas (como fólios, bolinas, etc.). Por isso, são

apresentados os materiais mais comuns no meio náutico e algumas das questões

envolvendo sua utilização. Além dos principais processos de fabricação. Por último,

esse conhecimento é aplicado num estudo de caso com foco no laboratório do Polo

Náutico, que tem como objetivo se tornar um centro de referência em pesquisa e

desenvolvimento na fabricação de peças em materiais compósitos.

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2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 PLANEJAMENTO DE LAYOUT

Segundo o livro Administração da Produção e Operações [1] um estudo de layout

pode ser resumido como: “Planejar a localização de todas as máquinas, utilidades,

estações de trabalho, áreas de atendimento ao cliente, áreas de armazenamento de

materiais, corredores, banheiros, refeitórios, bebedouros, divisórias internas, escritórios

e salas de computador, e ainda os padrões de fluxo de materiais e de pessoas que

circulam no prédio”.

Partindo dessa definição, surge uma questão: se existe um determinado prédio

onde se encontram pessoas circulando, realizando processos, armazenando materiais e

todos os outros pontos levantados, quando se faz necessário realizar um estudo de

layout. As respostas para essa pergunta são variadas, indo de questões de segurança e

ergonomia, passando por eficiência na produção, diminuição de custos de

movimentação de material, facilidade de flexibilizar arranjos e operações, até a

otimização na utilização de determinados equipamentos. Podendo existir muitos outros

aspectos num ambiente que demandem um projeto desse tipo.

Tendo estabelecido os motivos que levam a realização do trabalho, inicia-se a fase

de pavimentação do caminho a ser seguido para obter sucesso no seu desenvolvimento.

Nesse caso, a principal referência é o livro escrito por Richard Muther [2] que contém o

passo a passo do que o autor definiu como “Systematic Layout Planning” (SLP). Sendo

essa metodologia melhor explicada nos capítulos a seguir.

2.2 INDÚSTRIA NÁUTICA

Antes de entrar no assunto layout propriamente dito, é interessante apresentar

alguns detalhes a respeito da indústria Náutica no Brasil. Esse conhecimento pode

auxiliar tanto no estudo da metodologia, quanto no trabalho prático do projeto do

layout.

O título do trabalho utiliza os termos “pequenas embarcações”, que, aqui, vão

representar embarcações de até 20 pés. De acordo com o relatório “Industria náutica

brasileira fatos e números” produzido pela ACOBAR [3], essas embarcações

representavam cerca de 29,5% das lanchas e 35,6% dos veleiros do Brasil em 2012,

como pode ser visto na Figura 2.1 e na Figura 2.2, respectivamente.

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Figura 2.1: Distribuição de lanchas por tamanho (%)

Figura 2.2: Distribuição de veleiros por tamanho (%).

Com certeza esses números sofreram alterações de lá para cá, mas a falta de dados

a esse respeito dificulta afirmações mais precisas. Além disso, esses números são o

suficiente para mostrar que um laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento voltado para

embarcações desse porte tem espaço no mercado.

2.3 SYSTEMATIC LAYOUT PLANNING

O método proposto por Muther [2] pode ser resumido, de maneira geral, por

quatro fases:

I. Localização

É a determinação do local utilizado para a realização do estudo de layout.

II. Layout Geral

É a ideia geral do layout a ser desenvolvido. Nessa etapa, apenas a interrelação

dos setores é estudada e um layout de blocos pode ser feito.

III. Layout Detalhado

Com a fase anterior finalizada, cada bloco pode começar a ser detalhado com a

posição dos elementos em seu interior.

IV. Instalações

O layout final é escolhido e a instalação dos equipamentos é feita, efetivamente,

no ambiente.

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Figura 2.3: Diagrama simplificado do sistema SLP.

O trabalho “Re-layout em um ambiente de estudo para aumento de sua capacidade

baseado no SLP” [4], apresenta, na Figura 2.3 um diagrama sintetizando as fases II e III

do método. O diagrama é o mesmo para as duas fases, onde a diferença reside no grau

de detalhamento de cada uma delas. Outro guia útil no desenvolvimento do trabalho é o

diagrama fornecido pelo próprio Muther [2] e visto na Figura 2.4. O diagrama divide as

fases II e III em 5 etapas, onde cada uma delas conta com uma entrega como marco de

finalização da respectiva etapa. Esse diagrama e suas entregas serão referenciados ao

longo do texto para melhor compreensão do trabalho.

2.3.1 LOCALIZAÇÃO

A determinação da localização é o primeiro passo a ser dado no planejamento do

layout. No SLP a escolha do local a ser instalada uma nova planta deve levar em

consideração principalmente:

1 – Área: O espaço disponível no local em potencial é suficiente?

2 – Condições: Quais as condições de topografia necessárias para a nova

instalação? A área em potencial tem algum histórico de inundação? O local é de

fácil acesso? Entre outras considerações.

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3 – Relações com fornecedores e clientes: O novo local fica perto ou distante de

potenciais fornecedores e clientes? Esses stakeholders tem facilidade de acesso?

4 – Vizinhança: É um local perigoso? Tem outras empresas do mesmo ramo nas

proximidades?

5 – Investimento: Quais mudanças serão necessárias para operar ali?

6 – Potencial de lucro: O local tem potencial de valorizar no futuro?

Um estudo de mercado e aplicação de outras metodologias como os 4 P’s do

marketing (produto, preço, promoção, praça) discutidas por Macarthy em “Basic

Marketing” [5], as vantagens competitivas descritas por Porter em “Vantagem

competitiva” [6], podem complementar as informações a serem levantadas e que vão

auxiliar na escolha do novo local. Essa é uma etapa em que o planejador do layout não

vai ser necessariamente o responsável, mas o seu envolvimento é importante já que é ele

quem detém alguns dos conhecimentos essenciais a respeito das necessidades de

produção.

Figura 2.4: Etapas e entregas do SLP.

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2.3.2 PRODUTO E QUANTIDADE

No diagrama apresentado na Figura 2.3 a primeira etapa é constituída pelos dados

de entrada. Nessa fase, as letras P e Q representam, respectivamente:

• P – Produto – O que será produzido?

• Q – Quantidade – Quanto será produzido de cada item?

No caso de uma fábrica com um histórico de produção, a determinação do produto

se torna mais simples com o estudo dos dados consolidados. Mas no caso de uma nova

produção ou de um espaço com finalidades um pouco diferentes, esse item se torna algo

de extrema complexidade.

As informações referentes a esses dois pontos são importantes principalmente

como ponto de partida para a escolha do tipo de layout a ser utilizado. Muther [2]

demonstra o efeito da relação Produto x Quantidade através do gráfico visto na Figura

2.6. Segundo Gaither e Frazier [1] os tipos de layout mais comuns são:

• Layout por posição fixa: Quando a natureza do produto a ser fabricado

dificulta a sua movimentação, uma ideia mais viável é mantê-lo parado e

deslocar equipamentos, pessoal, material, e etc. até a sua posição;

• Layout por processos: Os espaços e equipamentos são organizados de

maneira a reunir processos semelhantes. Já que, cada item a ser produzido

demanda máquinas e fluxo de processos diferentes, a organização de um fluxo

contínuo de trabalho se torna difícil. Dessa maneira, equipamentos para a

usinagem seriam posicionados dentro de um bloco, equipamentos para

montagem em outro e assim por diante;

• Layout por manufatura celular: Nesse layout, as células são projetadas para

conter máquinas que forneçam autossuficiência de produção. Isto é, cada célula

funciona como uma ilha de produção dentro de um layout mais complexo;

• Layout por produto: Quando uma quantidade grande de produtos similares

será produzida, um fluxo linear de trabalho pode ser desenvolvido. As

máquinas podem ser configuradas para realizar uma única operação por um

longo período de tempo;

• Layout híbrido: Em algumas ocasiões uma boa escolha é projetar uma espécie

de layout por produto. Porém, cada produto é feito separadamente no seu

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próprio fluxo de produção e na última etapa as partes são combinadas para

formar o item final.

O trabalho “Projeto de instalações industriais” [7] ilustra a relação entre a

variedade de produtos e o tamanho dos lotes. Essa diferenciação pode ser vista na

Figura 2.5 Indo de alta variedade e pequenos lotes (layout por projeto), passando por

algo intermediário (manufatura celular) e chegando a pequena variedade com altos lotes

(layout por produtos ou processo contínuo).

No gráfico plotado por Muther na Figura 2.6, uma determinada instalação teria

uma quantidade de produtos que se encaixariam num layout por processos (região

demarcada pela letra J), alguns produtos num layout celular (região demarcada pela

letra C) e alguns poucos produtos num layout por produtos (letra M).

2.3.3 ROTAS, SERVIÇOS DE SUPORTE E TEMPO

A determinação do tipo de layout também é influenciada pela rota dos produtos ao

longo da planta. A busca da rota mais eficiente é um dos objetivos principais de um

estudo de layout. Isso porque a movimentação de produtos e materiais, a interferência

entre as áreas, a velocidade total de produção e muitos outros fatores dependem

fundamentalmente do fluxo dos produtos.

Figura 2.5: Relação entre o tamanho de lote e variedade de produtos para a

determinação do melhor tipo de layout.

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Figura 2.6: Curva P X Q.

Para que isso possa ser feito, é necessário um estudo dos processos exigidos para

cada item a ser produzido. Esses processos, diz José Tavares [8], dependem da

capacidade de produção, a qualidade necessária dos produtos, os fatores econômicos,

ambientais e questões de segurança.

Inicialmente, apenas uma ideia geral dos processos é necessária, de maneira que a

lista de áreas de atividade possa ser gerada. Com o desenvolvimento do projeto, maior

número de detalhes pode ser agregado, como ferramentas necessárias, diagramas de

montagem e mapas de fluxo de materiais. Ainda devem ser considerados os ambientes

de suporte à produção, como escritórios de planejamento e controle, salas de reunião,

banheiros e até cozinhas, se for o caso.

Todas essas tarefas balanceadas de acordo com o tempo em que a fábrica estará

produzindo. Isso porque, dependendo do tempo necessário para fabricação de um

projeto em relação ao tempo disponível, pode ser exigida presença constante na fábrica

por parte dos funcionários, exigindo ambientes de suporte mais elaborados, que

comportem mais funcionários e assim por diante.

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2.3.4 ÁREAS DE ATIVIDADE

De acordo com a Figura 2.3 os dados de entrada servem de guia para a

determinação das áreas de atividades, que configuram a primeira entrega. Essas áreas

são escolhidas de acordo com os critérios mais pertinentes e eles serão utilizados para

agregar ou separar determinadas etapas do processo a fim de tornar a produção mais

eficiente. Alguns dos fatores levantados por Muther para fazer a combinação/divisão de

áreas são:

1. Tamanho, peso, forma ou características físicas dos itens;

2. Matéria prima dos itens;

3. Processos, rotas ou sequência de operações;

4. Equipamento ou ambiente necessário para os equipamentos; e

5. Qualidade da mão de obra requerida.

Um bom projeto de layout também deve considerar as mudanças esperadas para o

futuro, por isso, mesmo um plano inicial, já deve contar com a inclusão, ou exclusão, de

determinadas áreas. A escolha das áreas de atividades é um marco importante no projeto

e a ideia inicial das áreas é utilizada para o mapeamento do fluxo de materiais. Como o

desenvolvimento do trabalho a lista de áreas pode aumentar ou diminuir dependendo da

necessidade.

Essa etapa é bastante subjetiva e depende do conhecimento do projetista em

relação ao trabalho feito na fábrica. O detalhamento do fluxo de materiais, das

ferramentas, dos processos, das condições envolvendo a segurança e outros, podem

indicar caminhos mais pertinentes a serem tomados. Mas, mesmo tendo tudo isso bem

definido, a montagem da lista de atividades ainda vai depender da capacidade do

projetista de visualizar os efeitos que juntar ou separar determinadas atividades vai ter

sobre a eficiência do projeto.

2.3.5 FLUXO DE MATERIAIS

Essa fase reside no estudo da melhor maneira de movimentar os materiais ao

longo da linha de produção. Envolve também a determinação da intensidade com que

cada material flui. O material deve se mover em direção ao produto final e a eficiência

dessa etapa é medida pela quantidade de vezes que o material retorna em direção ao

início.

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10

A relação Produto x Quantidade, pode ajudar a escolher o método para o estudo

do fluxo de materiais. Muther [2] fornece quatro possibilidades:

A. Gráfico de processos de operação: Para poucos produtos padronizados;

B. Gráfico de processos de operação multi-produto: Para um número grande de

produtos padronizados, onde montagem e desmontagem não estão envolvidos;

C. Para vários produtos diferentes:

o Criar grupos de produtos ou de processos similares e analisar utilizando A

ou B;

o Selecionar alguns exemplos e aplicar A ou B;

o Selecionar os itens mais complexos e aplicar A ou B.

D. Para uma quantidade enorme de produtos: Utilizar o diagrama de-para.

A Figura 2.7 da uma ideia geral de como relacionar a curva P x Q com o processo

de análise de fluxo de material.

Figura 2.7: Relação entre a curva P X Q e o melhor método para análise do Fluxo de

Material.

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11

Segundo Muther [2] a American Society of Mechanical Engineers desenvolveu o

trabalho de Frank e Lillian Gilberth [9] e definiu uma lista de 6 ações que podem ser

realizadas num material, enquanto esse se move pela planta:

1. Ele pode ser forjado, tratado, montado ou desmontado com outros itens;

2. Pode ser movido ou transportado;

3. Pode ser manipulado – arrumado, levantado, abaixado, rearranjado;

4. Pode ser contado, testado, checado ou inspecionado;

5. Pode aguardar outras peças do lote; e

6. Pode ser estocado.

Cada uma das operações pode ser traduzida por um símbolo. A correspondência é

demonstrada na Figura 2.8. Na metodologia do SLP, o mesmo processo de mapeamento

do fluxo é utilizado nas fases II e III, com a diferença do grau de detalhamento. É

importante mencionar também, que em um gráfico de processos de operação, apenas as

ações referentes à operação e inspeção aparecem.

Outra medida importante no gráfico de operações é a intensidade do fluxo de

materiais. Materiais com um fluxo altíssimo, devem estar o mais perto possível do local

de utilização. Existem diversas maneiras de definir essa intensidade, uma das opções

sugeridas pelo SLP é a de utilizar um sistema normalizado, de maneira que a quantidade

real de material transportado não seja tão essencial, mas sim uma medida relativa entre

as quantidades.

Figura 2.8: Simbologia para o diagrama de operações.

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Isto é feito através de um sistema de letras que deixam claro o impacto de uma

determinada etapa sobre o fluxo de materiais no processo todo. Essas letras são:

A – Fluxo Anormalmente alto;

E – Fluxo Especialmente alto;

I – Fluxo de intensidade Importante;

O – Fluxo de intensidade Ordinária;

U – Fluxo sem muita importância.

2.3.6 DIAGRAMA DE INTERRELAÇÕES

O fluxo de materiais através da planta é de importância sumária para grande parte

dos estudos de layout. Porém, existem situações onde outros fatores podem ser tão, ou

até mais, essenciais na construção desse planejamento.

Mesmo nos lugares onde o fluxo de materiais é o ponto chave, as áreas

relacionadas ao suporte da produção, ou exclusivamente composta de atividades de

serviço, devem também ser incluídas no planejamento e, nesses casos, uma abordagem

complementar ao estudo de fluxo de materiais deve ser feita.

Dessa forma, o diagrama de inter-relações foi desenvolvido. Ele configura a

segunda entrega do SLP e fornece uma maneira de comparar duas áreas de atividade

através de dois aspectos, o grau de proximidade desejado entre as áreas e a razão para

tal escolha.

O grau de proximidade é dado por meio da seguinte classificação:

A – Absolutamente importante;

E – Especialmente importante;

I – Importante;

O – Importância ordinária;

U – Sem importância; e

X – Proximidade indesejada.

As possíveis razões para a proximidade, ou afastamento, serão fornecidas pelo

engenheiro, onde cada uma recebe um índice. Um exemplo dessas razões seria:

1. Conveniência;

2. Sujeira; e

3. Fluxo de Materiais.

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13

A Figura 2.9 mostra como o diagrama é montado. Na parte a, à esquerda, são

dispostas as áreas de atividade, uma em cada linha. Na diagonal, ao lado direito do

diagrama, são colocados os números de cada área de atividade.

Olhando a linha 1 e descendo pela diagonal (seguindo as setas vermelhas) e

olhando a linha 4 subindo pela diagonal (seguindo as setas verdes) o losango destacado

em azul indica a relação entre as áreas de atividade 1 e 4.

A parte superior do losango indica o grau de proximidade desejado entre as

referidas áreas e a parte inferior do losango indica a razão para tal grau de proximidade.

A relação entre as demais áreas é demonstrada de forma semelhante.

Figura 2.9: Guia do diagrama de interrelações.

2.3.7 DIAGRAMA DE RELACIONAMENTO DE ESPAÇOS

Esse é o terceiro marco importante no projeto, segundo a metodologia do SLP.

Inicialmente todo o trabalho desenvolvido no fluxo de materiais e no diagrama de

interrelações são dispostos num diagrama que funciona como um esboço bem inicial do

layout.

Nesse ponto o espaço físico não é trabalhado, mas sim o posicionamento dos

elementos um em relação ao outro. O diagrama expressa, de maneira visual,

informações referentes às atividades a serem realizadas, a distância relativa entre cada

uma delas e a intensidade do fluxo de materiais. Um exemplo pode ser visto na figura

2.11.

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O diagrama pode ser feito de duas maneiras, começar pelo ponto inicial do

material e prosseguir até o fim do processo, ou começar pela atividade de maior fluxo

de material e continuar até aquela com menor fluxo.

O objetivo é ser o mais simples possível. Inclusive, na fase II o diagrama não

precisa conter todas as atividades. Mas no caso de uma atividade ter muitas ligações

com outras, pode ser viável quebra-la em outras atividades menores para facilitar a

visualização. Acrescido a isso podem ser gerados subdiagramas, como a área de

produção e a área de atividades de suporte (projeto, administrativo, etc.).

Figura 2.10: Simbologia do diagrama de fluxo.

Ainda, se o fluxo de materiais não tiver grande intensidade ou impacto sobre as

atividades, o diagrama pode conter apenas a distância relativa das áreas de atividade.

O diagrama segue uma convecção, detalhada na figura 2.10, de 5 elementos:

1. Símbolos para cada tipo de atividade;

2. Um número (ou letra) identificando cada atividade;

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3. Um número e forma de linha para a intensidade do fluxo de materiais ou

proximidade relativa das atividades;

4. Um código de cores, também para o fluxo ou proximidade (item opcional, mas

recomendado para o diagrama final); e

5. Uma cor para cada tipo de atividades (também opcional, mas utilizado

posteriormente quando for gerado o diagrama espacial).

Apesar do espaço físico não ter um papel fundamental nessa etapa do trabalho, em

layouts de lugares que já existem, é impossível ignorar determinadas características do

prédio. Elementos que não podem ser movidos, como paredes, elevadores, escadas e

outros, devem ser sem dúvidas considerados.

Figura 2.11: Exemplo do diagrama de fluxo.

Logo após o posicionamento relativo das áreas de atividade ter sido desenhado no

diagrama os espaços reais começam a ser considerados. Nessa etapa existe uma forte

sobreposição entre as fases II e III. O detalhamento do layout é feito na terceira fase,

mas a determinação do espaço requerido, mesmo para um layout geral, pode depender

de informações sobre maquinário, material, movimentação de peças e outras.

O autor sugere diversos métodos para a determinação do espaço requerido.

1. Cálculo

Calcular os espaços requeridos utilizando informações, conhecidas

previamente, sobre o maquinário, fluxo de materiais e processos de

produção.

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2. Conversão

Utilizar informações sobre uma determinada planta sendo utilizada no

momento do projeto e converter essas medidas para a área necessária para o

layout.

3. Espaços padronizados

Dependendo das atividades pode ser possível utilizar medidas padrão para área

requerida. Esse método exige bastante cuidado ao ser utilizado, pois todas as

variáveis envolvendo o processo devem ser muito bem compreendidas na

determinação do padrão.

4. Layout auxiliar

Se for possível, utilizar uma planta inicial e informações sobre o maquinário,

fluxo e materiais para elaborar um layout bem básico a fim de determinar as

áreas requeridas.

5. Projeção de razões

Utilizar a razão entre metros quadrados requeridos e alguma outra métrica

(unidades produzidas por homem hora, ou outra) para projetar as áreas

requeridas finais.

Cada um dos métodos vai ser melhor utilizado em determinada situação e eles

podem, de certa maneira, ser utilizados simultaneamente.

As áreas então, começam a tomar forma e o diagrama pode ser dividido em blocos

identificados com a área do bloco e as atividades a serem realizadas ali.

Logo após a determinação dos espaços requeridos é necessário o rebalanceamento

dessas áreas em relação aos espaços realmente disponíveis. Tendo sempre em mente

fatores como corredores, o estoque de materiais e normas de segurança, além das

limitações físicas que podem existir no espaço.

2.3.8 PROPOSTA DE LAYOUT E INSTALAÇÃO

Depois dos devidos ajustes, planos de layout podem começar a serem gerados.

Eventuais variações vão depender de questões como custos para cada um dos layouts,

tempo de produção, ergonomia, entre outros fatores, onde cada um dos planos terá prós

e contras.

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Esses planos serão levados aos responsáveis pela produção e, pesadas as

características de cada um, um dos layouts será escolhido para ser levado a diante.

O plano definido permite a movimentação, de fato, dos equipamentos e materiais

pela planta. Essa etapa ainda levantará problemas que não tinham aparecido durante o

planejamento no papel e, de maneira iterativa, o projeto de layout vai tomando cada vez

mais forma até atingir um nível considerado aceitável de qualidade.

O layout final então é produzido e com os passos devidamente registrados, o

desenvolvimento contínuo do layout pode ser feito com melhorias mais pontuais.

2.4 MATERIAIS COMPÓSITOS

A movimentação, o processamento e o armazenamento dos materiais é uma das

etapas mais importantes de um planejamento de layout. Por esse motivo já está claro,

nessa etapa do trabalho, que conhecer os materiais e processos a serem utilizados no

ambiente de estudo é indispensável.

Os materiais compósitos são caracterizados pela união de dois, ou mais, materiais

que combinados possuem propriedades mecânicas mais favoráveis do que se cada

material fosse utilizado separadamente.

No caso da indústria naval a combinação mais comum é a de um elemento de

reforço, geralmente uma fibra de vidro, carbono ou aramida e uma matriz polimérica,

como uma resina poliéster ou epoxy. Mas o número de elementos pode aumentar

bastante dependendo da etapa e da peça a ser construída.

Hoje em dia, um número bastante grande de embarcações de pequeno porte é

fabricado utilizando materiais compósitos. Dados fornecidos pela revista náutica [10]

referentes ao ano de 2014, mostram que algo em torno de 4800 embarcações de fibra de

vidro foram vendidas no país. Representando certa de 16% do total de embarcações

vendidas no ano. Isso considerando apenas lanchas de esporte e recreio.

A figura 2.12 mostra a evolução no campo da engenharia dos materiais ao longo

dos anos. Os materiais compósitos começaram a surgir com o plástico no início do

século XX [11]. Produtos como vinyl, poliestireno, phenol e poliester, surgiram ainda

incompletos e em fase de pesquisa. Apenas em 1935 a Owens Corning introduziu a

primeira fibra de vidro no mercado e possibilitou a fabricação de um material

polimérico reforçado com fibra. Ainda na década de 30, as resinas poliester e epoxy

tiveram suas primeiras versões patenteadas.

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Figura 2.12: Evolução dos materiais ao longo do tempo.

Segundo “Design Guide For Marine applications Of Composites” [12], a

fabricação, ativa, de barcos em material compósito teve início após a segunda guerra

mundial. Baseado numa possível redução da relação custo/benefício, a marinha dos

Estados Unidos começou a fabricar barcos pessoais de 28 pés. Mesmo não sendo

fabricado comercialmente, esse passo foi muito importante para a indústria.

As décadas de 40 até 60, viram o surgimento de diversos métodos de fabricação,

como a utilização de moldes, laminação à vácuo, pultrusão, entre outros. Sendo o ano de

1961 aquele em que a fibra de carbono foi patenteada e disponibilizada ao mercado,

agregando muito valor à possível implementação regular de materiais compósitos. Na

decada de 60, Gibbs e Cox lançaram o primeiro livro voltado inteiramente para a

indústria naval, “Marine Design Manual for Fiberglass Reinforced Plastics”.

Ainda vendo constante avanço tecnológico, foi na década de 90 e início do século

XXI que a utilização de materiais compósitos começou a ser comercialmente

competitiva e opção viável para a fabricação de peças mais comuns no dia a dia.

O princípio no qual os materiais compósitos são baseados, o de combinar

materiais a fim de extrair o melhor de cada um, também tem sido um grande

impulsionador para o desenvolvimento tecnológico na área de materiais como um todo.

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Figura 2.13: Composição de um avião em termos de materiais.

Além da indústria naval, os materiais compósitos têm presença em variadas

indústrias. O trabalho de Gardiner [13] mostra com clareza a combinação de materiais

num Airbus A380-800, como pode ser visto na Figura 2.13.

Isso tudo teve como intuito dar uma ideia geral do desenvolvimento dos materiais

compósitos na indústria naval e da sua utilização pelo mundo. Tendo como principal

objetivo ter conhecimento o suficiente para mapear o fluxo de materiais e processos ao

longo da planta. Por essa razão, os principais materiais utilizados serão descritos com

mais detalhes nas seções adiante.

2.4.1 FIBRAS DE REFORÇO

Nos materiais compósitos a fibra tem como função receber e suportar os esforços

que agem sobra a estrutura. Devido à possibilidade de direcionar as fibras no sentido

desejado, é possível projetar para que esse direcionamento coincida, na maior parte,

com a direção dos maiores esforços agindo sobre determinada estrutura.

Existe uma diversidade de materiais e tramas para esse reforço. As principais

fibras são as de vidro, de aramida (Kevlar) e as de carbono (ou grafita). Escolher entre

os variados tipos, consiste num trade-off entre características mecânicas, resistência a

degradação externa e custo.

Elas devem ser estocadas sempre com muito cuidado, qualquer dano e/ou sujeira

pode dificultar a laminação, além de, muito pior, comprometer a estrutura da peça a ser

fabricada.

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(i) Fibra de vidro

As fibras de vidro foram as primeiras a serem desenvolvidas. Elas são feitas de

uma mistura de areia, calcário e outros óxidos. Sendo o principal composto a Sílica que

compreende entre 45-70% da mistura das fibras no mercado.

Devido ao baixo custo e uma boa relação de peso/resistência, a fibra de vidro

corresponde a cerca de 90% dos reforços utilizados em materiais compósitos.

Existem diversas químicas possíveis na fabricação das fibras de vidro. Sendo que

todas elas possuem a mesma resistência, mas variam na rigidez e na capacidade de

resistir a efeitos externos de degradação.

As mais comuns no meio náutico são as fibras E (lime aluminum borosilicate),

pois possui boa resistência e mais resistência à degradação devido à agua. Outro tipo

comum é o S (silicone dioxide, aluminum and magnesium oxide) que possui uma

resistência em torno de um terço maior em relação à fibra E e maior resistência a fadiga.

(ii) Aramidas

As fibras de aramida foram desenvolvidas pela DuPont por volta do ano de 1970.

Mais conhecida como Kevlar, esse reforço apresenta ótima relação resistência/peso, alto

módulo de elasticidade, alta resistência a impacto e boa conformação.

A aramida apresenta uma certa dificuldade no processo de fabricação devido ao

esforço necessário para que a resina penetre na fibra. Além disso o preço é um dos

fatores que diminuem o seu uso. Sendo assim, ela é mais comum em regiões que

exigem alta resistência ao impacto e/ou baixíssimo peso.

(iii) Fibra de carbono

As fibras de carbono possuem a maior relação resistência/peso e a maior rigidez

entre os reforços, além de atuar muito bem em altas temperaturas.

Por causa de suas propriedades, esse tipo de reforço é bastante utilizado na

indústria aeronáutica. Mas o elevado preço, em comparação com a fibra de vidro, o

torna pouco atrativo para indústria náutica. Em algumas ocasiões ou peças específicas

pode ser um bom investimento, mas no geral a fibra de vidro é muito mais comum nesse

setor.

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2.4.2 RESINAS

Existe uma grande variedade de resinas, começando por alguns elementos base e

passando aos diversos elementos aditivos que criam uma gama incontável de

possibilidades. Apesar disso, na indústria naval algumas resinas acabam recebendo mais

destaque por serem mais adequadas.

(i) Poliester

As resinas poliéster são as mais comuns no mercado, isto se deve à facilidade de

utilização, além da simplicidade e do baixo custo.

Existem duas largamente utilizado na indústria marítima, as resinas ortophtálicas

e isophtálicas. As primeiras são o tipo desenvolvidas inicialmente e ainda bastante

comuns. Apesar disso, elas possuem características limitantes, como baixa resistência

química e processabilidade.

A resina isophtálica foi desenvolvida com melhores propriedades mecânicas e

maior resistência química. Por fim, sua menor permeabilidade a tornou bastante comum

na fabricação de gel goat, que servem para o tratamento da superfície.

A cura desse tipo de resina é feita através da utilização de um catalisador.

(ii) Epoxy

As resinas epoxy são as que apresentam melhor propriedades mecânicas e

químicas. A sua química também permite um controle muito maior sobre o tempo de

cura da resina, podendo ser facilmente encontradas no mercado resinas de 3, 4 ou até 5

horas para curar. O trabalho com essa resina também exige um pouco mais de

conhecimento e não é tão simples quanto a poliéster.

Consequentemente, são resinas muito mais caras do que as poliésteres, por

exemplo. Tornando uma resina pouco comum no âmbito naval. Elas são mais utilizadas

em embarcações grandes e luxuosas, onde o custo não é tão problemático, ou em peças

mais especializadas. Sendo muito mais comuns no mercado aeronáutico.

(iii) Ester vinílica

Essas resinas apresentam propriedades um pouco melhores que às poliésteres,

com a mesma facilidade na hora da utilização. Isso afeta um pouco o preço em relação

às poliésteres, mas nada comparado às epoxys.

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2.4.3 NÚCLEOS

Como explicado previamente, a relação reforço/resina é muito importante na

determinação das propriedades mecânicas do material compósito. No início da

utilização desses materiais, os métodos de fabricação não permitiam valores muito altos

para essa relação. Assim sendo, a estrutura das embarcações recebia mais fibra e resina,

ficando estruturalmente mais rígida e pesada.

O desenvolvimento de melhores métodos de fabricação permitiu a melhoria na

relação reforço/resina e, consequentemente, na relação resistência/peso, de maneira que,

hoje em dia, muito menos material é necessário na fabricação de uma embarcação.

Essa evolução garantiu que uma quantidade pequena de material seja capaz de

fornecer a resistência global necessária à embarcação. Mas um problema apareceu em

relação à resistência local. Por isso, a solução que surgiu foi fornecer inércia ao

laminado com a utilização de materiais mais leves do que a mistura fibra/resina.

Dessa maneira, a fibra de reforço que suporta as cargas de flexão e compressão

sofridas pelo casco, são espaçadas, criando maior rigidez à flexão, com a utilização de

um núcleo. De maneira similar à alma de uma viga H. O fundamento por trás da

estrutura sanduíche pode ser visto na figura 2.14.

Figura 2.14: Estrutura sanduíche.

Seu estoque deve evitar umidade, sujeira e ter muito cuidado para não danificar as

chapas. O manuseio não é complexo, mas o mesmo cuidado do estoque deve ser tomado

quanto à possibilidade de causar danos, que, dependendo da sua espessura, pode ser

muito fácil de acontecer.

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Os principais tipos de núcleos disponíveis no mercado são:

(i) Balsa

Os primeiros materiais utilizados como núcleo foram chapas de

madeira/compensado. Com o passar do tempo a tecnologia evoluiu e hoje os núcleos de

madeira de balsa processada são bastante comuns.

(ii) Espumas termofixas

As espumas mais comuns desse tipo são o poliestireno e o poliuretano. São

núcleos que possuem propriedades mecânicas bem ruins e são de difícil conformação,

podendo ser injetados nos espaços necessários. São utilizados principalmente para gerar

mais flutuabilidade. Pouco utilizadas na indústria naval, essas espumas têm grande

utilidade na indústria do surf.

(iii) Espumas de PVC

Esse é o tipo mais comum de núcleo no meio náutico. Essas espumas possuem

boas propriedades mecânicas, boa resistência a compressão, boa aderência às fibras de

reforço, são de fácil manuseio e podem ser termoformadas, até uma certa curvatura

dependendo da espuma.

São produzidas em chapas com espessuras indo de 2 mm até mais de 10mm.

Podendo ser de dois tipos, as flexíveis (linear) ou semi-rígidas (cross-linked). As

primeiras sendo mais raras devido à dificuldade de fabricação e limitação na utilização,

tendo como principal uso regiões que demandam alta flexibilidade. As segundas são

largamente utilizadas no mercado.

(iv) HoneyComb

São o tipo mais desenvolvido de núcleo, sendo amplamente utilizado na indústria

aeronáutica. Apesar de possuírem ótimas propriedades mecânicas e permitirem a

fabricação de estruturas muito leves, os processos de fabricação envolvendo a sua

utilização são de alta tecnologia dificultando a adesão por parte do mercado naval.

Apenas peças e embarcações que necessitam altíssimo rendimento recebem esse

material.

2.4.4 MATERIAIS DE SUPORTE

Além das fibras de reforço e resinas, a utilização de materiais compósitos pode

contar com um grande número de elementos adicionais que podem ser utilizados

dependendo da necessidade.

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O primeiro desses materiais são as cargas minerais. Em muitos casos a aplicação

pode requerer uma espessura mínima, certa rigidez, uma superfície mais lisa para fins

de acabamento, maior tixotropia, melhores propriedades de aderência, ou alguma outra

propriedade específica. Isso pode ser feito adicionando cargas minerais como

microesferas de fibra de vidro, dióxido de titânio e/ou aerosil.

Apesar de existirem produtos comerciais que já contam com a adição correta

desses elementos para determinado fim, o conhecimento na utilização dessas cargas é

indispensável para o trabalho com compósitos, aumentando, inegavelmente, a gama de

possibilidades do laminador.

Depois das cargas, ainda existem produtos como monômero de estireno, parafina,

cobalto, solvente (thinner) e outros compostos.

Esses elementos tem um fluxo elevadíssimo de movimentação num ambiente de

utilização de materiais compósitos e devem ser posicionados de maneira a facilitar o seu

acesso. O seu manuseio e estocagem exigem cuidados de saúde e de limpeza.

2.4.5 MÉTODOS DE FABRICAÇÃO

O conhecimento dos materiais é importante para a armazenagem e movimentação.

Já os métodos de fabricação influenciam fortemente no detalhamento dos processos e

fluxo de atividades e materiais, por isso um conhecimento básico desse assunto é

essencial.

Existem diversos métodos de fabricação para a utilização de compósitos. Alguns

mais e outros menos tecnológicos. Na maioria dos casos existe a necessidade de um

molde, podendo ser uma simples mesa, no caso de fabricação de chapas, ou moldes

complexos de alumínio usinado.

Em todos os métodos o princípio é basicamente o mesmo, consistindo da

disposição das fibras de reforço sobre o molde previamente preparado e seguindo da

impregnação da resina sobre a fibra. As diferenças consistem no grau de controle sobre

a quantidade de resina que fica no material final.

(i) Laminação manual

Esse processo é o mais simples e demanda a menor quantidade de treinamento. A

fibra é impregnada manualmente sem nenhum controle sobre a quantidade de resina, a

não ser a experiência do próprio laminador.

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(ii) Laminação à vácuo (vacum bag)

Nesse processo a impregnação da fibra é feita da mesma maneira que no método

anterior. A diferença é que a laminação à vácuo tem por princípio a utilização de

pressão atmosférica para manter as camadas de laminado comprimidas até que o

processo de cura da resina esteja completo, como visto na figura 2.15. De forma que a

aderência entre as camadas seja mais eficiente e o excesso de resina possa ser

retirado.

Figura 2.15: Funcionamento da bolsa de vácuo.

Nos processos onde o vácuo é utilizado (como no caso da infusão), alguns

elementos devem estar presentes, como demonstrado na figura 2.16.

O primeiro é o molde que, além de fornecer a forma da peça, ainda tem uma

função de barreira para que o vácuo possa ser aplicado.

Sobre a peça é aplicado um tecido de nylon (peel ply), utilizado para proteger o

laminado dos elementos adicionados posteriormente e para dar um acabamento na peça

de maneira a facilitar futuros trabalhos sobre ela, como adesão à outras peças e até

futuras laminações.

Os elementos seguintes são o filme perfurado e o bleeder. O primeiro funciona

como uma barreira que mantém a quantidade necessária de resina na peça e permite a

passagem do excesso que é armazenado no bleeder.

Por último a bolsa de vácuo é a segunda barreira (junto com o molde) que

possibilita a aplicação do vácuo. Ela adere ao molde através de um adesivo plástico

chamado tacky tape.

Todos esses elementos devem ser estocados e manuseados com extremo cuidado.

Não oferecem nenhum risco a saúde, mas são caros e danos, principalmente à bolsa,

podem torna-los inúteis.

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Figura 2.16: Material de laminação à vácuo.

(iii) Infusão à vácuo

Nesse caso a resina é impregnada na fibra com a utilização de diferença de

pressão. Pelo menos uma linha de vácuo e uma entrada de resina são posicionadas em

locais apropriados.

Quando o a linha de vácuo é acionada, o gradiente de pressão faz com que a resina

seja “puxada” em direção ao vácuo. Fatores como a permeabilidade do laminado e o

tempo de cura da resina são de suma importância para o sucesso da aplicação desse

processo.

Ele é comum no meio naval, ainda mais nos casos de grandes embarcações. É um

dos processos mais limpos e, executado corretamente, com o menor desperdício de

resina.

Por outro lado, a sua complexidade exige boa experiência e métodos de estudo

para definir a quantidade e posição das linhas de vácuo e de resina. Mal executado, o

desperdício pode ser catastrófico.

O peel ply, filme perfurado, bleeder a bolsa e a tacky tape também são necessários

nesse processo.

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(iv) Pre preg

Esse processo era originalmente utilizado apenas na indústria aeronáutica. Nele a

fibra é fabricada já com a resina impregnada e estocada em temperaturas próximas de -

18 ºC. Na fabricação das peças, a fibra é depositada sobre um molde e este é

posicionado dentro de uma autoclave onde a temperatura e a pressão serão elevadas

para que aconteça a cura da resina.

Pela descrição acima é possível perceber a infraestrutura necessária para estocar e

fazer bom uso desse material. Por esses motivos, apesar da altíssima qualidade das

peças produzidas, sua utilização não é tão comum.

(v) Pultrusão

Na Pultrusão, filamentos contínuos de fibra são empurrados através de um molde

produzindo peças com uma seção transversal pré estabelecida. Esse processo é utilizado

em casos de altíssima escala de produção e é pouco comum no meio naval.

(vi) Filamento contínuo

Nesse processo de fabricação um molde é preso a um eixo que roda

continuamente e puxa um filamento de fibra. Esse filamento se move ao longo do

comprimento do molde, de maneira que com a rotação do eixo o filamento começa a

preencher o molde com fibra. A direção da fibra no molde vai ser função do diâmetro

dele, velocidade de rotação do eixo e velocidade de translação do filamento.

A fibra pode ser pre impregnada ou pode passar por uma “piscina” de resina antes

de chegar no molde.

Pode ser utilizado na fabricação de mastros e, apesar de conhecido, ainda é

complicado para pequenos estaleiros devido ao maquinário e conhecimento necessários

para sua utilização.

3 O AMBIENTE DE ESTUDO

3.1 PERFIL DO AMBIENTE

O estudo de caso se desenvolveu focado no laboratório do Polo Náutico do

departamento de Engenharia Naval e Oceânica da UFRJ. O laboratório tem como

objetivo desenvolver tecnologias aplicáveis no setor náutico. Para isso investe na

formação de profissionais das diversas áreas ligadas ao setor.

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Nesse sentido o espaço tem se transformado num centro de pesquisa e

desenvolvimento. Essa transformação gerou a demanda do estudo de questões

relacionadas à segurança, ergonomia e produtividade dos alunos e funcionários do

laboratório.

3.2 DADOS DE ENTRADA E ÁREAS DE ATIVIDADES

Nesse caso específico o local já estava previamente determinado e, por isso, a

primeira etapa é o estudo dos dados de entrada. Como laboratório da universidade e

centro de pesquisa e desenvolvimento o Polo Náutico não tem como objetivo a

produção em série de nenhum produto. Os principais produtos sendo embarcações a

motor e a vela. Nos dois casos pode haver a demanda para determinadas peças de

pequeno porte, como bolinas, lemes, fólios, propulsores, entre outras.

Isso abre uma gama bastante grande de produtos e subprodutos a serem

desenvolvidos. Sendo um laboratório a sua fabricação tenderá a ter o objetivo de ser

utilizada em pesquisa e desenvolvimento, tirando um pouco o foco da área de produção,

diminuindo o número de peças a serem fabricadas e estendendo o tempo em que a peça

fica na planta.

Para que o trabalho possa ser desenvolvido, faz-se necessário o estabelecimento

de um foco. A introdução teórica deu uma passada sobre a indústria náutica e mostrou

que uma parcela considerável das embarcações no país, possuem até 20 pés. Esse é um

tamanho razoável para o laboratório além de abranger duas frentes interessantes para o

desenvolvimento da tecnologia náutica, embarcações a vela e a motor.

Nos dois casos os processos envolvendo a construção do casco pode ser

considerado idêntico. Porque, mesmo que haja pequenas alterações, elas estarão

presentes em casos particulares que um mapeamento mais genérico não pode prever e

adaptações não serão muito complicadas. A construção de pequenas embarcações em

materiais compósitos pode seguir, fundamentalmente, dois processos. O primeiro

baseado na ideia de que o mesmo projeto será construído novamente (plug/molde) e o

segundo caso onde somente uma unidade será construída (one off). Os dois processos

têm muitas fases similares e o mapeamento do processo mais complexo, aquele em

várias unidades serão fabricadas, já abrange todas as fases do processo mais simples.

Assim, foi considerado desnecessário mapear os dois processos separadamente. Por

isso, a Figura 3.1 mostra o processo de fabricação plug/molde.

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Figura 3.1: Atividades da fabricação de uma embarcação com plug/molde.

As etapas de acabamento e montagem são as que mais apresentam variações de

acordo com o modelo da embarcação a ser construída. Por hora essas diferenças não

precisam entrar em discussão. A medida que detalhes do projeto forem sendo definidos,

serão consideradas possíveis adaptações a fim de facilitar a fabricação de diversas

embarcações para que o layout seja o mais eficiente possível.

A fabricação de peças pequenas, como as descritas previamente, também deve ser

considerada no planejamento do layout. Isso será feito com pequenas adaptações no

processo maior de fabricação das embarcações.

Assim, o produto principal do laboratório ficou definido como embarcações a vela

e/ou motor até 20 pés. A quantidade é algo menos certo, mas algo em torno de 2 ou 3

embarcações por ano está dentro da realidade do Polo.

Essas definições permitem o início do detalhamento das áreas de atividade.

Partindo do desenho dos processos demonstrado na Figura 3.1, cada etapa será

destrinchada a fim de jogar luz sobre os processos e permitir a escolha das áreas.

Começando pelo casco das embarcações, a primeira etapa é a preparação do

picadeiro. Os picadeiros são, geralmente, feitos de metal. É possível também utilizar

madeira para isso, mas esse item deve ter bastante rigidez para evitar deformações na

embarcação ao longo da fabricação. Porém, mesmo que o picadeiro seja feito de metal,

é comum a utilização de compensado para fazer a base do picadeiro, ou pequenas peças

de ajuste.

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Na construção do plug, os primeiros passos são o corte e a fixação das balizas,

visto na figura 3.2 à esquerda. Esses itens devem ser feitos de um material rígido o

suficiente, mas o mais barato possível, já que será futuramente descartado. Sendo

comum a utilização de compensado ou MDF.

Esse parece um passo simples, mas deve ser tomado extremo cuidado com o

nivelamento das balizas. O projetista também deve especificar se a medida do

espaçamento será feita a partir da face à vante ou à ré das balizas e os cuidados

necessários devem ser tomados na fabricação.

As balizas são cobertas com ripas finas de compensado, chamados de “strips”, a

fim de gerar a forma do casco, figura 3.2 à direita e figura 3.3. Os strips são pregados e

colados e em seguida é dada uma camada de fibra de vidro para impermeabilizar o plug.

Sobre a camada de fibra é aplicada uma massa, geralmente a base de resina poliéster,

com as cargas minerais adicionadas em diferentes proporções dependendo do estágio de

construção do plug.

A massa é então lixada e modelada com a ajuda de gabaritos. Isso é feito até a

forma do casco ser atingida, como mostrado na figura 3.4. Uma camada de gelcoat

ortophtálico é aplicado sobre o plug para fornecer acabamento e uma camada de gelcoat

isophtálico é aplicada, onde essa última serve de acabamento para o molde. Sobre o

plug, várias camadas de fibra de vidro são laminadas para dar origem ao molde. A

figura 3.5 mostra um molde finalizado e com o suporte sendo retirado do plug.

Figura 3.2: Posicionamento das balizas e fixação dos strips.

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Figura 3.3: Strips completamente fixados.

Figura 3.4: Plug após aplicação de massa, da modelagem e aplicação de gel ortoftálico.

Figura 3.5: Molde finalizado e sendo desmoldado.

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Figura 3.6: Molde desmoldado.

Depois de retirado do plug, como visto na figura 3.6, o molde é limpo e encerado

para que a laminação possa ser feita sobre ele. Pode ser utilizado o método manual, a

laminação à vácuo ou a infusão. Como o processo de pre preg requer uma tecnologia

muito avançada, não será abordado por hora, mas é uma possibilidade.

A laminação manual requer apenas a fibra e a resina. Já a laminação à vácuo exige

todo o aparato descrito previamente. Pela complexidade maior do segundo, o espaço vai

ser trabalhado como se todas as laminações fossem à vácuo. A figura 3.7 demonstra o

processo de disposição da fibra sobre o casco e a impregnação manual da mesma. Já a

figura 3.8, mostra o casco laminado e o vácuo sendo aplicado dentro da bolsa.

Paralelamente à fabricação do casco, os reforços podem ser fabricados. Com as

peças prontas, os reforços são adicionados ao casco, isso pode ser visto na figura 3.9.

Figura 3.7: Laminação da embarcação.

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Figura 3.8: Aplicação do vácuo.

Nesse ponto o casco pode ser retirado do molde. Isso pode demandar

equipamentos de içamento por conta de eventuais pontos de aderência entre o casco e o

molde que dificultam o trabalho. Além disso, depois de retirado do molde o casco será

transportado para um berço.

A partir desse ponto começam as etapas de acabamento e montagem. Esses são

processos mais complexos e mais numerosos. Mas demandam pouco trabalho sujo e

pesado.

Figura 3.9: Fixação dos reforços.

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Mesmo nos casos em que o casco apresente falhas a serem corrigidas depois da

desmoldagem, o espaço previamente preparado pela modelagem é suficiente para

realocar o casco por um determinado período.

No acabamento os processos diferem um pouco do caso das embarcações a motor

para as embarcações a vela. Mas essas diferenças têm pouco impacto prático sob o

ponto de vista de espaço e ferramental. Por exemplo, a instalação da ferragem da

embarcação a vela é um processo completamente diferente da instalação de baterias

num barco movido a energia solar. Porém, um espaço preparado para a realização de um

processo é facilmente utilizado para o outro. Em muitos casos as mesmas ferramentas

são utilizadas nos dois.

À medida que o laboratório se desenvolver e começar a adotar processos

automatizados esse espaço precisará de muita atenção. Porém como o objetivo não é a

fabricação em massa, o custo de automatizar alguns processos não é justificado. Ainda

mais considerando-se o tamanho das embarcações sendo fabricadas. Pelo menos não por

enquanto.

Depois da montagem, o convés é adicionado. Dependendo da embarcação, pode

ser necessário um molde para o convés, onde ele é fabricado de forma semelhante ao

molde do casco.

Por fim a embarcação é pintada. Apesar de estar sendo colocada como etapa final,

é possível que, ao longo do processo de montagem e acabamento, sejam feitas pinturas

de determinadas peças e/ou regiões. Sendo uma boa diretriz manter as áreas de

acabamento e pintura, próximas.

Com essa descrição rápida da fabricação de uma embarcação algumas áreas de

atividade podem ser mapeadas:

1. Estoque oficina

Nesse espaço se encontram materiais como perfis e tubos de alumínio, chapas de

compensado, pedaços menores de madeira, entre outros materiais que podem ser

necessários durante o processo de fabricação da embarcação e a serem trabalhados

na oficina.

2. Estoque compósitos

Esse estoque é composto principalmente por fibra, resina, cargas minerais e

alguns produtos químicos que servem de suporte aos processos. Esses materiais

são bastante complicados de estocar, já que não aceitam sujeira, possuem um

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cheiro forte e até componentes tóxicos. O seu manuseio exige considerável

cuidado e equipamentos de proteção individual particulares.

3. Estoque administrativo

Para o funcionamento do ambiente como um todo, materiais dos tipos mais

diversos são necessários, desde parafusos até lâmpadas e produtos de limpeza.

São materiais que, no geral, não exigem demasiado preparo para o transporte e

manuseio. A parte mais complicada desse estoque é a variedade enorme de itens.

4. Oficina

Num estaleiro grande essa área pode ser dividida em serralheria, marcenaria e

uma oficina com um maquinário mais abrangente. Aqui, esses elementos podem

ser combinados numa oficina simples para serviços de suporte à fabricação. Como

construção e/ou reparo de um picadeiro, corte de strips, confecção de detalhes em

madeira para a embarcação, entre outras coisas.

5. Modelagem

Durante a produção de qualquer produto utilizando materiais compósitos, a falta

de precisão inerente do processo, exigi uma etapa de modelação. É, normalmente,

um processo bastante sujo e trabalhoso. Não exige uma variação grande de

equipamentos e nem de materiais.

6. Laminação

Os processos de laminação exigem cuidado e certo conhecimento por parte da

mão de obra. Os produtos químicos e as fibras de reforço são materiais que não

devem ser manuseados sem os devidos equipamentos de proteção individual. Por

último essa atividade pode exigir alto grau de controle do ambiente e, com isso,

um grau bem pequeno de impurezas.

Um ambiente isolado não é, necessariamente, obrigatório, mas quanto mais

próximo disso melhor.

7. Pintura

Atividades relacionadas à pintura exigem um grau altíssimo de isolamento. Além

das impurezas serem totalmente indesejadas, os produtos químicos não são só

maléficos à saúde, mas podem até atrapalhar o trabalho por parte da mão de obra.

8. Montagem

Envolve etapas finais, normalmente mais limpas, com equipamentos mais

simples, maior precisão e nível mais alto de detalhes. Pode exigir intensa

movimentação do(s) produto(s).

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9. Transporte

Devido à complexidade do processo, diferentes produtos devem ser transportados

para diferentes partes da planta durante o trabalho. Nesse caso, é necessário um

espaço para armazenar os equipamentos de transporte que podem ser de

configurações variadas.

10. Descarte

Durante a maioria dos processos uma quantia considerável de rejeitos pode ser

gerada. No caso da madeira, por exemplo, esses rejeitos podem até,

eventualmente, retornar para o estoque. Mas na maior parte dos casos, alguns

resíduos são descartados. No caso da fibra, por exemplo, o descarte desse material

não pode ser feito no lixo comum, exigindo um tratamento especial.

11. Laboratório

Num ambiente de pesquisa e desenvolvimento é natural que haja um espaço com

um maquinário voltado para testes e inspeções. Além disso, foi incluído no

laboratório trabalhos mais delicados e que necessitam de um ambiente mais

controlado.

12. Armazenagem de moldes

A fabricação de molde implica diretamente num problema referente ao layout: a

sua armazenagem. Além disso, embarcações de pouquíssimo uso eventualmente

chegam no laboratório, exigindo um local para ficarem.

13. Embarcações

Esse item se refere às embarcações de uso mais constante e que servem também

como retrato do trabalho desenvolvido no laboratório. Estas precisam ser

colocadas num local a vista dos visitantes e de fácil acesso para serem usadas.

3.3 DIAGRAMA DE FLUXO

Após detalhar as atividades, o fluxo de materiais pode ser mapeado. A sugestão

dada por Muther de utilizar um padrão de letras foi descrito na parte teórica e será

utilizado aqui. Além das letras, o fluxo ainda é destacado pela cor do triângulo que

envolve a legenda.

O fluxo foi determinado com o conhecimento prévio a respeito do processo de

construção e utilizando referências como [14] e [12] e pode ser visto na Figura 3.10.

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Figura 3.10: Fluxo de materiais.

A – Fluxo Anormalmente alto - Vermelho;

E – Fluxo Especialmente alto - Laranja;

I – Fluxo de intensidade Importante - Verde;

O – Fluxo de intensidade Ordinária - Azul;

U – Fluxo sem muita importância - Rosa.

As informações do diagrama de fluxo de materiais são combinadas no diagrama

de interrelação, figura 3.11, para determinar a proximidade desejada entre as áreas de

atividades levantadas previamente. Por conveniência, a legenda referente ao grau de

proximidade entre as áreas é repetida abaixo:

A – Absolutamente importante;

E – Especialmente importante;

I – Importante;

O – Importância ordinária;

U – Sem importância;

X – Proximidade indesejada.

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Em alguns casos, um número é associado ao grau de proximidade entre duas

áreas. Esse número corresponde a um possível motivo para a escolha de tal grau. A

legenda dos números segue abaixo:

1 – Fluxo de materiais

2 – Conveniência

3 – Distribuição de equipamentos

4 – Recepção de visitantes

5 – Sujeira

Por último, é desenhado o diagrama de fluxo, que reúne o conhecimento

modelado nos dois últimos diagramas. Nessa etapa, a questão espacial começa a

aparecer na disposição dos elementos.

Aqui, as considerações de fluxo de materiais e a proximidade, ou afastamento,

entre as áreas é exposta de maneira mais visual e já considerando, preliminarmente, o

espaço a ser trabalhado no projeto final do layout.

Figura 3.11: Diagrama de interrelações.

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Figura 3.12: Diagrama de Fluxo (proximidade).

Figura 3.13: Diagrama de Fluxo (distanciamento).

Para facilidade de visualização o diagrama foi dividido em dois. No primeiro

diagrama, Figura 3.12, encontram-se as relações de proximidade desejadas. Enquanto

que no segundo, Figura 3.13, é possível ver as relações de afastamento desejadas.

É importante discutir alguns fatores a respeito do afastamento de algumas áreas.

No caso da oficina (área 4) e das embarcações (área 13) o ideal era que ficassem mais

distantes, por conta da sujeira, mas a necessidade de expor as embarcações e deixa-las

acessíveis, limita a sua localização. Porém, como as embarcações são armazenadas com

capas, esse problema já é minimizado. O mesmo vale para a modelagem (área 5) e as

embarcações.

3.4 DEFINIÇÃO DE ESPAÇOS

O diagrama de fluxo e/ou atividades é o input para o desenvolvimento do

diagrama de relacionamento de espaços. Esse, por sua vez, pode ser desenvolvido de

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várias maneiras, como descrito previamente. Nesse projeto um layout preliminar e mais

simplificado foi utilizado.

Por questões de simplificação, essa seção mostra algo bem próximo do trabalho

final, mas o processo de dispor o maquinário no espaço e detalhar o diagrama foi feito

inúmeras vezes até chegar ao resultado apresentado aqui.

Começando pelo estoque da oficina (área 1), os tubos e cantoneiras adquiridos no

padrão de 6 m de comprimento são armazenados em estantes. Essa configuração ocupa

um comprimento e uma altura razoável de estoque, com uma profundidade bem menor.

Da maneira como esses elementos ficam empilhados, apesar de terem 6m de

comprimento, as laterais do estoque precisam estar livres para a retirada do material,

ocupando um espaço real de pelo menos 12 m de comprimento, a largura é menos

preocupante e foi estabelecida em 1,5 m baseado no estoque já existente no laboratório.

Ainda nesse estoque serão guardadas as chapas de compensado. Estas têm as

medidas padrão de 1,6m por 2,2m. Essas chapas são estocadas em pé apoiadas em

cavaletes. Nesse caso surge a mesma questão do estoque dos tubos, apesar de um

comprimento de 2,2m ser suficiente para estocar o material, pelo menos 4,4m são

necessários para a retirada deste do estoque. Uma largura de 1,5m foi tomada como

suficiente. Sendo posicionado 2 cavaletes com essas medidas.

Esse estoque conta com poucos elementos, ilustrado na figura 3.14, porque o

laboratório fabrica muitas peças sob demanda. Num primeiro momento, o estoque

administrativo pode ser utilizado para guardar uma quantidade maior de material para

um projeto específico e o estoque da oficina pode ser alimentado durante o

desenvolvimento de tal projeto.

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Figura 3.14: Elementos do estoque da oficina.

Figura 3.15: Oficina.

Pulando para a oficina (área 4), este espaço deve contar com as máquinas

necessárias para a fabricação de pequenas peças, fabricação e ajustes no picadeiro, entre

outras tarefas.Por esse motivo, as máquinas definidas como necessárias, foram uma

serra de fita, uma serra circular, uma furadeira de bancada, uma serra do tipo policorte,

um conjunto de equipamento de solda de oxiacetileno e uma dobradora de tubo.

A oficina conta também com uma bancada grande para o trabalho de diversas

pessoas simultaneamente e uma bancada menor com uma morsa e um esmeril.

Inicialmente, dois armários para guardar ferramentas e outros objetos também foram

alocados ali, mas, havendo a necessidade, existe espaço para mais armários. A

disposição inicial dos elementos é mostrada na figura 3.15.

Uma sala especial na oficina foi imaginada para a alocação de uma máquina do

tipo CNC, adicionada à oficina na figura 3.16. Uma router de 1m x 1m para a fabricação

de peças mais complexas e que exigem maior precisão. Essa sala precisa ser climatizada

e com espaço para uma mesa e um computador para o seu operador.

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Figura 3.16: Sala da router na área da oficina.

Figura 3.17: Dimensões da embarcação modelo.

Na fabricação das embarcações propostas. A serra circular é, de longe, a máquina

mais utilizada. A sua proximidade da região de modelagem seria de enorme ajuda. As

outras máquinas são mais solicitadas em questões de acabamento e produção de

pequenas peças. Trabalhos que aparecem ao longo da construção, mas com muito mais

frequência nos processos finais de montagem e acabamento.

A modelagem (área 7) precisa contar com espaço suficiente para se trabalhar ao

redor do picadeiro e, posteriormente ao redor do molde. Para a determinação do espaço,

as embarcações fabricadas pela equipe solar foram tomadas como modelo, já que são as

mais comuns de serem fabricadas no laboratório e se encaixam nas dimensões

propostas. Suas medidas podem ser vistas em detalhes na Figura 3.17.

O espaço separado ainda considerou a possibilidade de serem construídas duas

embarcações ao mesmo tempo. Uma mesa grande foi colocada, semelhante àquela da

oficina, duas bancadas menores e dois armários para ferramentas e material necessário

durante a fabricação. Sua organização é mostrada na figura 3.18.

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Figura 3.18: Área de modelagem.

A área de laminação (número 8), figura 3.19, deve ser um local com certo

controle sobre o ambiente, temperatura, limpeza e umidade. Por essa razão ela foi

afastada das áreas de trabalho citadas anteriormente. Além disso, já existia no

laboratório um local para esse tipo de serviço. Para a embarcação modelo, esse espaço

se mostrou suficiente.

Foram colocadas dentro dela duas bancadas para auxiliar durante o trabalho e uma

bomba de vácuo. O estoque de compósitos (área 2) também foi posicionado dentro

desse espaço. Com um suporte para dois rolos de fibra e dois armários para guardar as

cargas, material de vácuo, ferramentas de laminação e equipamentos de proteção

individual.

A área da pintura foi definida com base na área de laminação. O espaço necessário

é bem parecido. A única diferença fica nos equipamentos. Existem diversas

configurações para cabines de pintura. Ela deve conter filtros, ventilação adequada e um

bom isolamento.

O modelo fabricado pela empresa Orange Cabines de Pintura [15], visto na figura

3.20, se mostrou uma boa ideia. Além de ser suficiente para o laboratório, por ser

retrátil, o espaço ocupado pela cabine pode ser utilizado, se necessário, enquanto ela não

estiver sendo acionada. A área de pintura é mostrada na figura 3.21 à esquerda.

Um dos pontos importantes para qualquer estaleiro é a sua capacidade de levante.

Mesmo no caso de embarcações pequenas, itens consideravelmente pesados podem

aparecer durante a produção, como motores, por exemplo. Por isso, é vital ter, pelo

menos, um pórtico. Nesse caso um pórtico manual de 1 tonelada é suficiente, mas um

reserva pode auxiliar em movimentações difíceis e evitar outras complicações.

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Figura 3.19: Área de laminação.

Figura 3.20: Cabine de pintura retrátil.

Além disso, o próprio modelo de layout na fabricação de embarcações exige a

movimentação de maquinário e matéria prima até pontos focais da fabricação

(modelagem, laminação, montagem) e ter carrinhos para o transporte desses itens pode

facilitar bastante. A movimentação das embarcações também pode ser extremamente

facilitada pela presença de carretas de transporte.

O próprio polo náutico já contava com outros elementos de transporte que podem

ser vistos na figura 3.22 e que sempre se mostraram úteis num ambiente pouco

automatizado e, assim, foram alocados na área de equipamentos de transporte (área 9).

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Figura 3.21: Áreas de laminação e pintura.

Figura 3.22: Elementos da área de transporte

As embarcações fabricadas e utilizadas regularmente precisam ser dispostas de

uma maneira a facilitar o seu acesso. Essas embarcações são também o resultado do

trabalho feito no laboratório e aloca-las num local bastante visível facilita no caso de

visitantes. A área de embarcações (área 13) foi planejada com três embarcações num

local estratégico e pode ser vista na figura 3.23.

O diagrama de fluxo indica que é desejável um afastamento entre as áreas da

oficina e modelagem (áreas 4 e 5) e a área das embarcações (área 13). Infelizmente a

questão da exposição e da acessibilidade das embarcações dificulta esse afastamento. É

valido dizer que as embarcações devem ser armazenadas com capas protetoras e apenas

quando necessário elas são descobertas. O que minimiza esse problema.

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Figura 3.23: Vista em perspectiva das áreas de estoque da oficina (3), modelagem (6),

transporte (9) e embarcações (13).

Dentro do Polo Náutico já existe um ambiente voltado para a fabricação de peças

que necessitam de uma precisão maior. Para isso o ambiente é mais limpo, com um

controle melhor de temperatura e maquinário apropriado. A longo prazo o objetivo é

expandir esse ambiente e focar em processos de fabricação mais avançados e maior

tratamento de peças fabricadas.

É importante dizer que apesar da discussão em torno das embarcações esse

espaço, mesmo menor em tamanho, tem papel tão, ou mais, importante para o futuro do

Polo. Esse espaço, que na lista de áreas recebeu o nome de laboratório (área 11), será

dividido em dois pavimentos.

No pavimento inferior serão alocados os alunos que trabalham ativamente na

fabricação e estudo das peças. Ele foi dividido em 3 espaços: Um pequeno estoque de

equipamentos menores ou que estão sendo usados num projeto em particular; uma

pequena oficina com bancadas para a montagem e testes de baterias, motores e

equipamentos menores e que não fazem tanta sujeira; e uma sala para os alunos

trabalharem e fazerem reunião. O espaço organizado está mostrado na figura 3.24.

No pavimento superior será o laboratório que contará com equipamentos focados

na fabricação de peças de alta qualidade. A fabricação de peças em materiais

compósitos pode ser compreendida em 4 etapas: a preparação dos materiais, a junção do

reforço e da matriz, a cura e a pós cura.

A preparação do material pode ser melhorada com um misturador de resina e uma

balança de precisão. Esses equipamentos ocupam um espaço bem pequeno e seu

posicionamento não precisa ser feito aqui.

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Figura 3.24: Primeiro pavimento da área do laboratório.

Figura 3.25: Forno para fabricação em compósitos.

A junção do reforço e da matriz é definida a partir do método de fabricação. Os

mais comuns foram descritos na parte teórica e os equipamentos são uma bomba de

vácuo para laminação a vácuo e infusão e um freezer para estocar a fibra já impregnada

no caso do pre-preg.

Nos métodos manuais, de laminação à vácuo e infusão, a cura pode ser melhor

feita com um forno que permita programar degraus de temperatura. As ligações

moleculares e a evaporação de determinados componentes (como o monômero de

estireno) ocorrem de maneira melhor em temperaturas mais elevadas. O controle do

tempo também ajuda a diminuir os efeitos colaterais do encolhimento que ocorre

durante a cura. O modelo vendido pela easy composites [16] é um bom exemplo e a

figura 3.25 traz uma visão do modelo.

No processo pre-preg a cura precisa ser feita em temperaturas e pressões mais

elevadas. Por isso existe a necessidade de uma autoclave. Nos modelos mais comuns no

mercado, um bom passo inicial é o vendido pela Stermax [17] de 75 litros que pode

alcançar até 3 bar e 121°C e pode ser visto na figura 3.26.

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Figura 3.26: Modelo industrial de autoclave.

Figura 3.27: Segundo pavimento do laboratório.

Esses são os principais equipamentos para o laboratório (área 11). Claro que

novos equipamentos podem ser incorporados no espaço na medida que o Polo Náutico

tiver os recursos e a necessidade.

Além dos equipamentos principais, a sala precisa de algumas mesas de vidro, ou

fórmica, para a produção de peças. Algumas bancadas de trabalho e armários para um

pequeno estoque de materiais. Um varal de rolos de fibra também foi alocado como

uma espécie de estoque de compósitos para evitar o deslocamento até o espaço de

laminação das embarcações. A disposição final dos elementos nesse espaço é mostrada

na figura 3.27.

Materiais compósitos tem uma grande complicação, o descarte. Como não pode

ser feito de qualquer maneira. Um ambiente foi especialmente separado para o descarte

dos resíduos da produção do laboratório (área 10), por enquanto, foram alocados apenas

os toneis, como visto na figura 3.28, mas um estudo aprofundado pode ser feito apenas

sobre esse item e o espaço pode ser melhor detalhado.

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Figura 3.28: Áreas de descarte e armazenamento de moldes.

Figura 3.29: Área de montagem.

As embarcações e moldes fabricados e pouco utilizados também precisam ser

armazenados em algum lugar. Por isso a área de armazenagem de moldes (área 12),

mostrada na figura 3.29, foi estrategicamente posicionada para ficar pouco à vista e de

maneira a não atrapalhar a produção.

Para a área de montagem (área 8) um espaço maior foi designado. Isso se deve ao

fato de existir a possibilidade de mais de uma embarcação poder ser montada ao mesmo

tempo. Além de embarcações prontas poderem ficar nessa área por um tempo, antes de

irem embora ou para a área de armazenagem de embarcações.

Nessa área, figura 3.29, é difícil adicionar itens devido à grande variedade de

atividades realizadas ali. Desde o uso de lixas e furadeiras até o nivelamento com

equipamento a laser. Assim, a preocupação maior ficou por conta do espaço necessário

para montagem, uma mesa, uma bancada e um varal para mastros.

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O diagrama de fluxo mostra que é absolutamente necessário que a área de

transporte (área 9) e a área de montagem estejam próximos. Como também é necessário

que a os equipamentos de transporte estejam próximos da modelagem, um espaço foi

reservado para equipamentos de transporte dentro da área de montagem já que existe

uma movimentação intensa de peças durante a laminação, pintura e montagem.

Contando com um pórtico e uma carreta.

Por último, a área do estoque administrativo (área 3) já apresenta uma organização

razoável atualmente e por isso não foi detalhada. A sua presença no plano de layout tem

o propósito de evidenciar uma área que fará parte do processo de produção e que

funciona como um ponto de apoio para os outros estoques menores e mais específicos

mostrados ao longo do projeto.

Figura 3.30: Diagrama de áreas.

Figura 3.31: Legenda do diagrama de áreas.

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Essas áreas foram dispostas no espaço baseadas no diagrama de fluxo. dando

origem ao diagrama da figura 3.30. e à legenda da figura 3.31 Com a identificação das

áreas e o espaço de cada uma delas.

3.5 ERGONOMIA E SEGURANÇA

Além das considerações de espaço necessário para o maquinário, um projeto de

layout deve levar em consideração questões como segurança e ergonomia para que o

espaço não seja otimizado, em função da produção, a ponto de prejudicar o bem-estar

daqueles que vão utiliza-lo.

A norma que rege a segurança em relação a incêndios é a NR-23 [18], onde são

colocadas as seguintes medidas necessárias num ambiente fabril:

a) Proteção contra incêndio;

b) Saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de

incêndio;

c) Equipamento para combater o fogo em seu início; e

d) Pessoas adestradas no uso correto desses equipamentos.

O projeto do sistema de proteção contra incêndio tem início com a escolha dos

extintores. A Tabela 3.1, encontrada na NR-23 [18], apresenta a classificação para os

diferentes tipos de incêndio e suas características. Os tipos de extintores e a máxima

distância percorrida até eles também são fornecidos na norma, tabela 3.2, de acordo com

a classe do incêndio.

Além dos extintores, para o laboratório ter um sistema completo de proteção

contra incêndio as normas NR-23 [18] e NR-26 [19] definem as seguintes

especificações: largura mínima das saídas de 1,20m; portas abrindo para fora do

ambiente; corredores de largura mínima de 1,20m; sinalização das saídas; as saídas e

vias de circulação não devem conter escadas nem degraus e devem ser bem iluminadas;

portas de saída devem ser de batentes ou portas corrediças; e os extintores devem ser

colocados em locais de fácil visualização, de fácil acesso e onde haja menos

probabilidade de o fogo bloquear o seu acesso.

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Tabela 3.1: Classes de incêndio e suas características.

Tabela 3.2: Dados para o posicionamento correto dos extintores.

Os locais destinados aos extintores devem ser assinalados por um círculo

vermelho ou por uma seta larga, vermelha, com bordas amarelas; deverá ser pintada de

vermelho uma área do piso de no mínimo 1,00m x 1,00m embaixo do extintor; altura

máxima da parte superior do extintor é de 1,60m; e os extintores não deverão ser

localizados nas paredes das escadas.

Uma atenção especial deve ser dada ao fato do laboratório conta com um

compressor de ar. Os cuidados referentes a esse equipamento são discutidos na NR-23

[18]. As recomendações que afetam o projeto do layout referenciam essencialmente à

instalação dos vasos de pressão. Sendo elas:

“13.5.2.2 Quando os vasos de pressão forem instalados em ambientes

fechados, a instalação deve satisfazer os seguintes requisitos:

a) Dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente

desobstruídas, sinalizadas e dispostas em direções distintas;

b) Dispor de acesso fácil e seguro para atividades de manutenção,

operação e inspeção, sendo que, para guarda-corpos vazados, os vãos

devem ter dimensões que impeçam a queda das pessoas;

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c) Dispor de ventilação permanente com entradas de ar que não possam

ser bloqueadas;

d) Dispor de iluminação conforme normas oficiais vigentes;

e) Possuir sistema de iluminação de emergência”.

A disposição e o tipo de cada um dos extintores podem ser vistos na Figura 3.32.

Figura 3.32: Distribuição dos extintores de incêndio.

4 RESULTADOS

Ao longo do processo de definição das áreas, e consequente elaboração do layout,

diversas alternativas foram sugeridas e desenhadas. O SLP elenca 3 alternativas básicas

para a escolha da melhor alternativa: Balanceamento das vantagens e desvantagens;

avaliação da análise de fatores e comparação; justificação de custos.

A análise de custos não foi feita nesse trabalho e, portanto, não pode ser utilizada

no processo de decisão. A avaliação dos fatores de comparação também não é de grande

ajuda, já que o layout anterior não tinha um planejamento prévio e o laboratório está

passando por mudanças constantes. A escolha do layout final foi feita através de

considerações de vantagens e desvantagens.

Esse balanceamento foi feito através da opinião do responsável e daqueles que

usam o espaço regularmente. Além disso um esboço simples do fluxo de materiais,

figura 4.1, foi feito para avaliar a qualidade do layout final escolhido.

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Uma das medidas de qualidade de um layout é o retorno de material ao longo da

planta. Nesse caso, isso é observado fortemente apenas 2 vezes, quando o material sai

do estoque, é processado na oficina e retorna para a área de modelagem. Isso poderia ser

otimizado com a movimentação do estoque para mais perto da oficina, mas essa

mudança, por enquanto é inviável, por causa do container e do portão, além de existir

pouco espaço disponível para os perfis de alumínio (e sua movimentação) dentro da

oficina. Esse retorno no fluxo foi considerável aceitável já que a distância e o material

movimentado são pequenos.

No segundo caso, a embarcação sai da laminação, vai para área de montagem,

retorna para a pintura e depois volta para a montagem. Esse retorno, porém, é intrínseco

do processo de fabricação e mesmo um maior trabalho no layout não o eliminaria.

Depois dessa escolha ter se mostrado satisfatória ainda houve a necessidade de

rebalancear o espaço. Para isso foram levados em consideração o espaço necessário

entre as máquinas, os corredores exigidos nas normas e o posicionamento dos

extintores. Todas as considerações feitas deram origem aos planos exibidos na Figura

4.2 na Figura 4.3.

Figura 4.1: Fluxo simplificado na fabricação de uma embarcação.

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Figura 4.2: Layout final exibindo o primeiro pavimento.

Figura 4.3: Layout final exibindo o segundo pavimento.

Algumas áreas receberam elementos como mesas e armários que, nesse trabalho,

são mais conceituais, dando mais uma ideia dos elementos no espaço do que sendo,

efetivamente, uma definição final das dimensões para esses componentes. As medidas

foram tomadas baseadas em equipamentos semelhantes e parâmetros de conforto

comuns, por exemplo a altura das mesas em torno de 1,00 m. Por esse motivo, nem

todos os elementos nos espaços estão completamente definidos, mas para alguns casos,

como a oficina, a modelagem e o laboratório, foi considerado importante dar uma ideia

das dimensões desses elementos e da distância relativa entre eles.

O primeiro espaço foi a área da oficina. A figura 4.4 mostra os elementos

essenciais e a legenda com a identificação de cada elemento é mostrada na tabela 4.1. Já

a figura 4.5 mostra as dimensões do espaço.

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Para um detalhe maior do espaço e análise da qualidade do posicionamento dos

elementos, uma ideia do fluxo de materiais foi desenhada para 2 casos.

Figura 4.4: Identificação dos equipamentos da oficina.

Tabela 4.1: Identificação dos equipamentos.

Figura 4.5: Posicionamento dos equipamentos da oficina.

No primeiro caso, Figura 4.6, está ilustrado o trabalho com os perfis de alumínio,

para o caso de uma montagem do picadeiro por exemplo. O perfil entra por um dos

portões, é cortado na policorte, se algum furo for necessário ele passa pela furadeira e

por último ele segue para a solda e/ou dobradora, também se necessário.

Esse é um bom exemplo onde houve um rebalanceamento dos equipamentos. Na

Figura 3.15 é possível ver que a policorte está em outra posição. Mas por conta do

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comprimento padrão dos perfis, ela foi movida para garantir que haverá espaço para

trabalhar.

O segundo fluxo, mostrado na figura 4.7, aparentemente mais simples, representa

um dos principais trabalhos realizados na oficina, que é o trabalho com compensado. A

instalação de uma router cnc diminuirá esse fluxo, mas, nem sempre será vantajoso

utilizar esse equipamento. O compensado entra na oficina, passa pela serra circular,

havendo a necessidade, um detalhe maior é feito na serra de fita e depois vai para a área

de modelagem.

Figura 4.6: Fluxo de um perfil de alumínio na oficina.

Figura 4.7: Fluxo de uma peça fabricada em compensado.

Figura 4.8: Posicionamento dos elementos na área de modelagem e do estoque da

oficina.

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Na Figura 4.8 estão as dimensões referentes às áreas de modelagem e do estoque

da oficina. Nesse caso, não há razões para um estudo de fluxo, já que essa área

apresenta um layout de posição fixa e todos os materiais e ferramentas se movem em

direção aos cascos sendo fabricados.

Figura 4.9: Posicionamento dos elementos na área de laminação.

A área de pintura não tem nenhum detalhe porque é um produto comercial, assim

o seu posicionamento é bastante simples. Já a área de laminação conta com alguns

elementos que merecem ser destacados. A única máquina fixa nessa área é a bomba de

vácuo, que possui dimensões relativamente pequenas e, por isso, sua movimentação é

bastante simples. Assim, o seu posicionamento não é essencial nessa etapa, ficando a

cargo das necessidades de produção. A disposição e algumas das dimensões podem ser

vistas na figura 4.9.

A área do laboratório, mostrada na figura 4.10, também merece uma certa

atenção. Nesse espaço, mais do que em qualquer outro, os elementos dispostos passam

mais uma concepção do que a realidade dos elementos a serem posicionados ali. Isso

porque o laboratório não possui um forno, um freezer e uma autoclave. Os modelos

mostrados previamente serviram de ponto de partida. A legenda identificado cada um

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dos elementos da figura 4.10 é detalhada na tabela 4.2 e as dimensões do espaço estão

mostradas na figura 4.11.

Figura 4.10: Identificação dos equipamentos no segundo pavimento do laboratório

Tabela 4.2: Relação dos equipamentos no segundo pavimento do laboratório.

Figura 4.11: Posicionamento dos elementos no laboratório.

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Figura 4.12: Dimensões do espaço dos alunos.

O ultimo ambiente detalhado foi o primeiro pavimento do laboratório com os

espaços para os alunos. As dimensões podem ser vistas na Figura 4.12.

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5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Dado o plano escolhido e as considerações feitas, existem alguns pontos que

merecem ser discutidos para futuros trabalhos envolvendo a melhora do espaço de

produção.

Um ponto que merece atenção no futuro é um estudo da jornada de trabalho

efetiva no Polo Náutico e o efeito do maquinário sobre os trabalhadores. Dois pontos

que merecem destaque são o nível de ruído e o projeto de iluminação.

Como exemplo, o trabalho “Otimização do Layout de Marcenarias no Sul do

Espírito Santo Baseado em Parâmetros Ergonômicos e de Produtividade” [20] ilustra

alguns problemas envolvendo o nível de ruído. A Tabela 5.1 retirada do trabalho e

modificada mostra alguns dos equipamentos encontrados na oficina.

Tabela 5.1: Média de ruído de alguns equipamentos da oficina.

Esse trabalho mostra o quão barulhentos são alguns dos equipamentos presentes

na oficina. É importante lembrar que a norma NR 15 [21] exige um nível médio de

ruído abaixo dos 80 dB para uma jornada de 8h. Uma jornada de 8h com todas as

máquinas ligadas não é a realidade do Polo Náutico. De qualquer maneira, um

detalhamento melhor dessa questão pode gerar frutos importantes.

Outro ponto a ser discutido é o de que alguns espaços não foram utilizados

durante o projeto do layout porque eles já tem um propósito hoje e não estão disponíveis

para integrar o processo de fabricação. Rever a utilização desses espaços pode abrir

novas possibilidades na disposição de alguns elementos.

Uma possibilidade seria reposicionar os alunos para uma outra sala e abrir espaço

para expandir a parte da oficina deles. Isso possibilitaria colocar uma segunda escada

conectado as áreas de fabricação/operação do primeiro e segundo pavimento.

Outros espaços, como o banheiro e a cozinha também não foram tocados porque

mostraram pouca necessidade de serem reestruturados por hora. Porém, se esse fosse

um espaço sendo planejado do zero, seria importante contar com essas duas novas áreas.

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O container também não recebeu nenhuma finalidade específica. Ele pode ser

utilizado de diversas maneiras, sendo a mais provável a de auxiliar no estoque de

materiais de maior valor agregado. Mas nada ficou definido a esse respeito.

O espaço de descarte foi considerado nesse projeto e uma área foi reservada para

essa finalidade. Mas um estudo mais profundo poderia detalhar melhor possíveis

equipamentos, condições de armazenamento e desenvolvimento do laboratório nesse

assunto em particular.

Por último, o próximo passo é a implementação dessas mudanças no espaço e a

verificação dos efeitos desta sobre a produção, a ergonomia e a segurança. Como o

próprio SLP sugere, o planejamento de um layout nunca é algo estático e somente a

experiência e a prova podem determinar a qualidade efetiva de um plano.

Esse projeto também serve de base para um planejamento financeiro e para

projetos que tenham um viés mais de design já que auxilia na visualização das

possibilidades e das limitações que o ambiente e seus equipamentos impõem.

Como guia inicial para um trabalho de organização da produção do laboratório, o

layout final se mostrou um resultado bastante satisfatório. É possível ter uma boa ideia

dos elementos que irão compor o espaço e existindo a necessidade de mudanças, o

trabalho é um bom ponto de partida.

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[19] Ministério do trabalho, NR-26, Rio de Janeiro, 2008.

[20] N. C. Fiedler, F. B. Wanderley, M. Nogueira, J. T. d. S. Oliveira, P. P. Guimarães e

R. T. Alves, “Otimização do Layout de Marcenarias no Sul do Espírito Santo

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[21] Ministério do trabalho, NR-15, Rio de Janeiro, 2001.