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8/2/2019 Legitimidade e Estado de Direito - Otto de Alencar S Pereira
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Legitimidade e Estado de Direito
Otto de Alencar S Pereira
A Famlia Imperial Brasileira legtima porque a Monarquia noBrasil foi legtima, e o nosso "Estado de Direito", embora nomomento no seja o "Estado de fato". A Histria nos narra que,pelo descobrimento e colonizao,* os Reis de Portugal tinham
direitos legtimos sobre o territrio brasileiro (direitos histricos),pelo menos at a constituio da nacionalidade brasileira. Comoveremos a seguir, mesmo depois da formao da nao brasileira,
por felizes circunstncias da Histria, esses direitos fluram para anacionalidade brasileira, originrios da Famlia Real Portuguesa.
* Alguns historiadores atuais, de formao marxista ou mesmo ps-marxista, preferem usar os termos conquista e invaso, em lugar
de descobrimento e colonizao. Esquecem-se de que, mesmo se issofosse verdade, a "conquista e invaso" tambm so historicamente
formas legtimas de criao de naes e estados. Porm, no verdade, porque os ndios brasileiros no constituam uma nicanao, mas sim diversas e divididas, que viviam se guerreando, e
que, sendo nmades, no tinham a mais nfima noo do que fosseposse de terras nacionais. Se grupos humanos de portugueses ou deespanhis ou holandeses no tentassem expuls-Los de suas tabas ealdeias provisrias ou escraviz-los para a lavoura, mas criassem
as suas prprias, a uns poucos quilmetros de distncia, esseprocedimento para os nossos silvcolas apresentava-seabsolutamente normal, pois, como j foi dito, eles no se
consideravam donos da terra.
Nacionalidade
Como se constitui uma nacionalidade? A Cincia Poltica nos ensinaque so trs seus elementos bsicos:
1) O territrio - que deve ser intimamente ligado populao que ohabita por laos histricos; 2) A populao, que s pode ser
identificada como grupo nacional quando se caracterizar, pelomenos por algumas das seguintes circunstncias: a mesma lngua;os mesmos costumes, tradies e hbitos; a mesma psicologia de
vida, as mesmas raas, religies e principalmente a mesma
formao histrica;
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3) As instituies, que devem ser consequncia normal dos outrosdois elementos bsicos, pois uma populao nacional, vivendo em
um territrio que considera seu, passa organicamente a seorganizar por meio de instituies sociais, religiosas, militares,
culturais, econmicas e principalmente polticas, tendendo, atravsdessa ltima, a se constituir em Estado, independente e soberano.
Assim, a definio de Estado : "Nao, politicamente organizada".
Nacionalidade Brasileira
O Brasil, nos sculos XVI e XVII, era uma continuao de Portugal.Os homens brancos que aqui nasciam ainda se consideravam
portugueses; os silvcolas permaneciam silvcolas e os negrosguardavam suas lembranas da frica. Em fins do sculo XVII e
por todo o sculo XVIII, entretanto, foi se formandogradativamente a nacionalidade brasileira. A mistura tnica e
cultural das trs raas encarregou-se de esculpir o homembrasileiro (acrescido mais tarde da contribuio enorme de outros
povos imigrantes). A partir da passou a existir uma NaoBrasileira, com as caractersticas daqueles elementos bsicos.
Essa novel nao quis ser dona de seu territrio e formar suasautnticas instituies, como por exemplo, e principalmente, apoltica. Em outras palavras, a Nao sentiu-se amadurecida para
constituir-se em Estado, livre e soberano.
Estado Brasileiro
Eis que a proteo divina, que sempre acompanhou os lances daHistria do Brasil, nos forneceu, inesperadamente, as
circunstncias inesperadas para a criao do Estado, originriasda prpria Monarquia Portuguesa. Os acontecimentos
napolenicos do Velho Mundo fizeram transmigrar para o Brasil aFamlia Real de Bragana (1808). O prncipe Regente de Portugal,
depois D. Joo VI, transforma a simples colnia em Reino (1816),porm ainda unido a Portugal. O desenvolvimento dos povos das
terras brasileiras, com a presena do Rei, muito Grande. O Rio deJaneiro transforma-se na capital de todo o Imprio Lusitano.
natural que, durante a permanncia benfeitora do Rei no Brasil, onacionalismo ficasse um pouco arrefecido. Afinal, tudo o que osnacionalistas queriam, o Rei estava realizando... menos a total
independncia e soberania. Mais uma vez, os desgnios de Deus eda Histria nos sorriram. D. Joo VI Volta para Portugal (1821)
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deixando como Prncipe Regente do Brasil seu filho primognito D.Pedro. Ele, D. Joo VI, tinha tanta conscincia de que colocara os
alicerces para a construo de um Brasil independente, que, aodeixar nossa terra, e despedindo-se do filho, lhe diz: "Pedro, o
Brasil brevemente separar-se- de Portugal, e se assim for, pe acoroa sobre tua cabea antes que algum aventureiro lance mo
dela". Voltando a Portugal, e desde a revoluo do Porto de 1820, D.Joo VI deixara de ser um monarca absoluto. Ele agora dividia seus
poderes com as Cortes Portuguesas (Parlamento). Estas eramliberais em relao a Portugal, mas no no que dizia respeito ao
Brasil. Condenavam abertamente o Rei por ter elevado o Brasil categoria de Reino e iniciaram toda uma poltica de rebaixamentode nossa terra para faz-la voltar condio de colnia. Enquanto
Rei constitucional, D. Joo VI assinava os decretos das Cortes
Portuguesas intencionais a diminuir os poderes de D. Pedro noBrasil, mas, enquanto pai, escrevia cartas particulares ao filho
aconselhando-o a atender s legtimas aspiraes do povobrasileiro (embora mantendo o Reino Unido). Mais tarde, D. Joo
VI aceitou mesmo a ideia da independncia absoluta do Brasil,mas, com seu filho. Pois, pelo mais simplrio raciocnio, j que
todas as naes americanas estavam obtendo suas independncias,o Brasil certamente no ficaria para trs. Ora, j que era assim,
prefervel a independncia com seu filho do que sem ele. D. Pedro,Regente do Brasil em nome do pai, devia obedincia ao governo
portugus, mas sentia-se mais brasileiro do que portugus; chegaraao Brasil com 9 anos de idade e se identificara inteiramente com o
esprito do homem brasileiro e assim queria atender aonacionalismo brasileiro, agora revivido pela ausncia do Rei.
Obsessivo dilema em seu esprito: Portugal ou Brasil? Dosmunicpios brasileiros chegavam peties e abaixo-assinados
pedindo ao Prncipe que ficasse no Brasil. De Portugal vinhamordens rspidas minimizando suas funes de Regente e ordenando
que voltasse para Portugal, mas chegavam tambm as cartas
particulares do pai. D. Pedro finalmente se decide e faz saber aopovo que fica no Brasil. o "Fico" que representa o incio do
desligamento definitivo de Portugal. Desta data (09.01.1822), at o7 de Setembro do mesmo ano, o relacionamento epistolar entre D.
Pedro e as Cortes Portuguesas torna-se violento. Finalmente oPrncipe parte em viagem a duas das mais populosas provncias
para sentir de perto o sentimento do povo. Do Rio de Janeiro ele jconhecia o corao, queria perscrutar agora os de Minas Gerais e
So Paulo. L s encontrou adeses sua pessoa e independncia.Voltando de So Paulo, s margens do Ipiranga, recebe um correiodo Rio de Janeiro que lhe traz as ltimas cartas de Lisboa juntas a
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duas do Rio de Janeiro: uma de sua mulher Da. Leopoldina deustria e a outra de seu ministro Jos Bonifcio. As de Lisboa o
ameaavam a perder seus direitos ao trono de Portugal se para lno voltasse imediatamente; as do Rio de Janeiro o aconselhavama romper com Portugal de uma vez por todas. a gota d'gua, o
gesto heroico: "Brasileiros, Portugal quer escravizar o Brasil, laosfora, independncia ou morte!".
Proclamada simbolicamente a independncia, ou seja, a novasoberania da nao brasileira, essa precisava ser concretizada por
medidas prticas, polticas, administrativas, militares ediplomticas, para tornar-se estado soberano verdadeiramente. D.
Pedro volta ao Rio e d incio s providncias mencionadas e noms seguinte aclamado pelo povo como Imperador Constitucional
e Defensor Perptuo do Brasil e logo depois coroado.Concluso
Vimos, no incio de nossa narrao, que os direitos dos Reis dePortugal sobre o Brasil eram direitos histricos. Eles existiram at
a formao de nossa nacionalidade. Eram esses os direitos de D.Joo VI sobre o Brasil quando aqui chegou em 1808. Voltando ele
para Portugal, a nao brasileira delega a D. Pedro sua soberania.Pede ao Prncipe que fique no Brasil e que crie um estado soberano,uma monarquia brasileira, representada por ele e seu descendente
(como consta na Constituio Imperial de 1824).Consequentemente, o herdeiro daqueles antigos direitos histricos,
herdados de seu pai e de seus maiores, recebe do povo novosdireitos, "os nacionais", que colaboram na legitimidade de sua
coroa, que unem o passado ao presente e que preparam o futuro.Portanto D. Pedro I foi Imperador legtimo do Brasil, pela vontade
de Deus, da Histria e da Nao Brasileira. Foram direitostriplamente legtimos, que ele legou a seu filho e sucessor, D. Pedro
II, e sua prognie. por essas razes que a Famlia Imperial
Brasileira legtima. Ela representa a Monarquia ConstitucionalBrasileira, o verdadeiro Estado de Direito do Brasil, assim desejado
pelo povo, no momento mais importante da nossa Histria.
Concluso Postrema
J a Repblica, tendo sido instaurada por um golpe de algunsmilitares e positivistas, sem consulta nao, nunca foi legtima.Constituiu um "Estado de Fato", mas no um "Estado de Direito".
Esse permaneceu sendo a Monarquia Constitucional, representada
pela Famlia Imperial e, dentro dela, atualmente, pelo seu Chefe D.Luiz de Orleans e Bragana.
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O Plebiscito de 1993, que deu vitria Repblica Presidencialista, primeira vista, poderia ter legitimado a Repblica, se no
existissem certos senes, que se resumem nas seguintes asseres:
O Plebiscito uma escolha. Quem escolhe necessita conhecer o queesta escolhendo. O povo brasileiro, no consultado, na poca da
Proclamao (embora o decreto n 01 de 15/11/1889 prometesse umreferendum popular, s realizado 104 anos depois*) durante esse
longo tempo de Repblica, passou a desconhecer completamente averdadeira aparncia de uma Monarquia - Constitucional -
Parlamentar e "esqueceu-se" (ou foi induzido a esquecer-se) detodas as grandezas e glrias do Brasil, ao tempo do Imprio. Assim,no sabendo o que estava escolhendo, a legitimidade do resultado
do Plebiscito de 1993 , na melhor das hipteses, duvidosa.
* PS 1 - Esse decreto, que foi o primeiro da Repblica, dizia que aRepblica estava provisoriamente proclamada, e proibia qualquer
ao contrria ao governo constitudo em 15.11.1889, at que anao, como devia ser, fosse ouvida em referendum (note-se que,
como j foi dito, esse referendum nunca aconteceu). Cento e quatroanos depois, houve o Plebiscito, mas que partiu da iniciativa do
Deputado Federal Cunha Bueno, e no do governo da Repblica,como soia ser, em funo da Lei. E, evidentemente , a iniciativa do
"referendum" pelo governo deveria ter ocorrido logo depois daProclamao da Repblica. Assim, se considerarmos a duvidosalegitimidade do Plebiscito de 1993, ainda assim, a Repblica foi
provisria durante 104 anos.
* PS 2 - A esse decreto da Proclamao da Repblica, queprenunciava uma consulta Nao, veio outro, intitulado, pelo
humor carioca, de "decreto rolha", 85-A, de 23 de Dezembro de1889, o qual, assim determinava: Ficava criado um Tribunal deexceo, composto exclusivamente de militares nomeados pelo
Ministro da Guerra, com a finalidade de julgar sumariamente, emcorte marcial, quaisquer indivduos que conspirassem contra a
Repblica e seu governo, que aconselhassem ou promovessem, porpalavras, escritos ou atos, a revolta civil ou ainda a indisciplina
militar.
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* PS 3 - A esses decretos seguiu-se a "Clusula Ptrea": em todas asconstituies republicanas, desde a de 1891 at de 1967, houve
pargrafos que proibiam sumariamente qualquer ao contra aRepblica. S na de 1988, a atual, essa clusula foi suspensa,
graas ao do Deputado Cunha Bueno e a uma carta do Chefe daCasa Imperial do Brasil, D. Luiz de Orleans e Bragana, dirigida a
todos e a cada um dos Deputados Constituintes.
Fizemos questo de acrescentar ao nosso artigo sobre a"Legitimidade e Estado de Direito" esses ltimos dados,
encontrados nos PS 1, 2 e 3, porque temos certeza, graas nossalonga experincia no magistrio (31 anos s na UCP), que eles so
desconhecidos da parte maior da populao brasileira eparticularmente da Imperial Cidade de Petrpolis.