183
1 Lei nº 9.605/98 Compilada e Sistematizada MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Centro de Apoio Operaional de De!esa do Meio Am"iente# de Bens e de $alor Art%stio# Est&tio# 'ist(rio# T)r%stio# Paisa*%stio CAOA

Lei 9.605-98 - Compilada e Sistematizada.doc

Embed Size (px)

Citation preview

MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, de Bens e Direitos de Valor Artstico, Esttico, Histrico, Turstico, Paisagstico e Urbanstico CAOA

FERNANDO ZARDINI ANTNIO

Procurador Geral de Justia

JOS PAULO CALMON NOGUEIRA DA GAMA

Subprocurador Geral de Justia Judicial

JOS MARAL DE ATADE ASSI

Subprocurador Geral de Justia Administrativo

ELDA MRCIA MORAES SPEDO

Corregedora Geral do Ministrio Pblico

LCIO ARAJO

Gerente Geral do Ministrio Pblico

REALIZAO

Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, de Bens e Direitos de Valor Artstico, Esttico, Histrico, Turstico, Paisagstico e Urbanstico CAOA

COORDENAO/REVISO NCIA REGINA SAMPAIO

Dirigente do CAOA

HERMES ZANETI JUNIOR

Promotor de Justia

GUSTAVO SENNA MIRANDA

Promotor de Justia

ISABELA DE DEUS CORDEIRO

Promotora de Justia

COMPILAO E SISTEMATIZAOADRIANA RANGEL PINTO

Funcionria CAOAJunho 2009PREFCIOEste trabalho fruto da vivncia do Ministrio Pblico do Esprito Santo nas questes ambientais. Sua preocupao prtica, na perspectiva do Ministrio Pblico, visando a defesa do bem jurdico ambiental em sua complexidade para as presentes e futuras geraes.

Por essa razo, adotamos uma perspectiva antropocntrica dilargada do meio ambiente, colocando o homem no centro sem esquecer que ele no existe sem o meio ambiente que o circunda e que nossos filhos e netos dependem das decises ambientais que tomarmos hoje. Ademais, procuramos compatibilizar as funes de defensor do meio ambiente com as de defensor do cidado, prprias do Ministrio Pblico e de suas atribuies constitucionalmente determinadas.

Por outro lado, por ser um trabalho prtico e voltado mxima tutela do direito fundamental ao meio ambiente, sem descurar das colises entre direitos fundamentais, optamos por afastar dvidas excessivamente doutrinrias, espancar posies acadmicas que no tenham eco na jurisprudncia e sempre preferir a viso orgnica da Constituio de 1988 que coloca o meio ambiente prima facie como bem mais precioso para garantia do verdadeiro desenvolvimento da nossa nao: o desenvolvimento sustentvel!

Assim, quando nos referirmos a pontos polmicos na tradio penal ou do processo penal, que tenham eco apenas acadmico e sem reverberar na prtica, ns iremos advertir o leitor, para que, querendo, busque o diletantismo em outras obras, j que o nosso tempo real, de ao, de mos obra, abandonando-se uma viso do direito e da cincia do direito que seja apenas formal, de papel.

Quando estudamos o direito penal aplicado ao meio ambiente percebemos que a finalidade deste instrumento preventiva, reparatria e repressiva, sendo a pena, na maioria dos casos, uma exceo reservada aos crimes com concurso material, reincidncia especfica e a poucos tipos legalmente previstos. Em sua maior parte os crimes da Lei 9.605/98 aceitam as medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95, no por serem menos importantes, mas por ser este um meio adequado para reverter a criminalidade ambiental. Neste sentido optamos por denominar o trabalho de direito criminal ambiental, afastando o termo "penal" pois a principal caracterstica deste direito de forma transversal assegurar prima ratio a defesa do meio ambiente.

Este o nosso compromisso, ancorado firmemente no Estado Democrtico Constitucional, como diria Canotilho, no Estado de Direito Ambiental, superando, dessarte, o legalismo formal e abstrato, em uma palavra: estril, do Estado Liberal, assim como, o autoritarismo infantil e desptico, em uma palavra: totalitrio, dos Estados Sociais fortes que no respeitam a complexidade do direito, dos fenmenos sociais e da vida, no atentando para as colises entre direitos fundamentais.

Oxal seja a obra til. Nosso intento, embora simples, foi sermos tcnicos com corao, juristas verdes, Ministrio Pblico de corpo e alma ambiental.

SUMRIOCaptulo I Disposies Gerais....................................................................................1 Observaes Importantes....................................................................................................................

2 - Consideraes Doutrinrias Art. 1..................................................................................................3 Consideraes Doutrinrias Bem Ambiental....................................................................................4 - Jurisprudncias Art. 3......................................................................................................................5 Consideraes Doutrinrias Art. 3..................................................................................................6 Legislao Correlata Art.3...............................................................................................................7 - Carta de So Paulo 2002..................................................................................................................8 Artigos/Pareces...................................................................................................................................9 Observaes Importantes Art. 3......................................................................................................10 Consideraes Doutrinrias Art.4.................................................................................................11 Conceitos Art. 4.............................................................................................................................Captulo II Da Aplicao da Pena...............................................................................1 Consideraes Doutrinrias Art.6...................................................................................................2 Consideraes Doutrinrias Art. 7..................................................................................................3 Consideraes Doutrinrias Art. 14.................................................................................................. 4 - Conceitos Art. 14...............................................................................................................................5 Consideraes Doutrinrias Art.16...................................................................................................6 Consideraes Doutrinrias Art. 17..................................................................................................7 - Jurisprudncias Art.19.......................................................................................................................8 Consideraes Doutrinrias Art. 19..................................................................................................Captulo III Da Apreenso do produto e do Instrumento de infrao Administrativa ou de Crime....................................................................................................................1 Jurisprudncias Art. 25.....................................................................................................................2 Consideraes Doutrinrias Art. 25..................................................................................................Captulo IV Da Ao e do Processo Penal.................................................................1 Observaes Importantes....................................................................................................................

2 - Jurisprudncias Art. 27.....................................................................................................................3 Consideraes Doutrinrias Art. 27..................................................................................................

4 - Observaes Importantes Art. 27......................................................................................................

5 - Jurisprudncias Art. 28......................................................................................................................6 . Artigos/Pareceres...............................................................................................................................7 - Observaes Importantes Art. 28......................................................................................................Captulo V Dos Crimes contra o Meio Ambiente........................................................Seo I Dos Crimes contra a Fauna...........................................................................1 Jurisprudncias Art. 29.....................................................................................................................2 Consideraes Doutrinrias Art. 29..................................................................................................3 Conceitos Art. 29..............................................................................................................................4 Legislao Correlata Art. 29 ............................................................................................................5 Modelos Modelo de Promoo de Arquivamento ............................................................................6 Observaes Importantes Art. 29.....................................................................................................7 - Consideraes Doutrinrias Art. 30...................................................................................................8 Observaes Importantes Art. 30.....................................................................................................9 Consideraes Doutrinrias Art. 31..................................................................................................

10 - Observaes Importantes Art. 31....................................................................................................11 - Jurisprudncias Art. 32....................................................................................................................

12 Consideraes Doutrinrias Art. 32................................................................................................13 Legislao Correlata Art. 32...........................................................................................................

14 Conceitos Art. 32............................................................................................................................15 Observaes Importantes Art. 32...................................................................................................16 - Jurisprudncias Art. 33....................................................................................................................

17 Consideraes Doutrinrias Art. 33................................................................................................

18 - Conceitos Art. 33.............................................................................................................................19 Observaes Importantes Art. 33...................................................................................................20 - Jurisprudncias Art. 34....................................................................................................................21 Consideraes Doutrinrias Art. 34................................................................................................22 Observaes Importantes Art. 34...................................................................................................23 - Jurisprudncias Art. 35....................................................................................................................

24 Observaes Importantes Art. 35...................................................................................................25 Consideraes Doutrinrias Art. 36................................................................................................

26 Legislao Correlata Art. 36...........................................................................................................27 Consideraes Doutrinrias Art. 37................................................................................................

Seo II Dos Crimes contra a Flora............................................................................

1 Jurisprudncias Art. 38.....................................................................................................................

2 Consideraes Doutrinrias Art. 38..................................................................................................3 Legislao Correlata Art. 38.............................................................................................................4 Conceitos Art. 38..............................................................................................................................5 Observaes Importantes Art. 38.....................................................................................................6 - Consideraes Doutrinrias Art. 38-A...............................................................................................7 Legislao Correlata Art. 38-A..........................................................................................................

8 Conceitos Art. 38-A...........................................................................................................................

9 Jurisprudncias Art. 39.....................................................................................................................10 Consideraes Doutrinrias Art. 39................................................................................................

11 - Observaes Importantes Art. 39....................................................................................................

12 - Jurisprudncias Art. 40....................................................................................................................

13 Consideraes Doutrinrias Art. 40................................................................................................

14 - Legislao Correlata Art. 40............................................................................................................

15 Conceitos Art. 40............................................................................................................................16 Observaes Importantes Art. 40...................................................................................................

17 Legislao Correlata Art. 40-A........................................................................................................

18 - Conceitos art. 40-A..........................................................................................................................

19 Jurisprudncias Art. 41...................................................................................................................

20 Consideraes Doutrinrias Art. 41................................................................................................21 Enunciado Workshop Meio Ambiente.............................................................................................

22 - Conceitos Art. 41.............................................................................................................................

23 Observaes Importantes Art. 41...................................................................................................

24 Consideraes Doutrinrias Art. 42................................................................................................

25 - Observaes Importantes Art. 42....................................................................................................

26 - Jurisprudncias Art. 44....................................................................................................................

27 Consideraes Doutrinrias Art. 44................................................................................................

28 - Legislao Correlata Art. 44............................................................................................................

29 Conceitos Art. 44............................................................................................................................

30 Observaes Importantes Art. 44...................................................................................................

31 - Jurisprudncias Art. 45....................................................................................................................

32 Observaes Importantes Art. 45...................................................................................................

33 - Jurisprudncias Art. 46....................................................................................................................

34 Legislao Correlata Art. 46...........................................................................................................

35 Observaes Importantes Art. 46...................................................................................................

36 Jurisprudncias Art. 48...................................................................................................................

37 Consideraes Doutrinrias Art. 48................................................................................................38 Conceitos Art. 48............................................................................................................................

39 Observaes Importantes Art. 48...................................................................................................

40 - Jurisprudncias Art. 49....................................................................................................................

41 Observaes Importantes Art. 49...................................................................................................42 - Jurisprudncias Art. 50....................................................................................................................

43 Consideraes Doutrinrias Art. 50................................................................................................

44 Conceitos Art. 50............................................................................................................................

45 Observaes Importantes Art. 50...................................................................................................

46 - Conceitos Art. 50-A.........................................................................................................................

47 Jurisprudncias Art. 51...................................................................................................................

48 Observaes Importantes Art. 51...................................................................................................

49 - Jurisprudncias Art. 52....................................................................................................................

50 Consideraes Doutrinrias Art. 52................................................................................................

51 Observaes Importantes Art. 52...................................................................................................

52 - Jurisprudncias Art. 53....................................................................................................................

53 Conceitos Art. 53............................................................................................................................Seo III Da Poluio e outros Crimes Ambientais.....................................................1 Jurisprudncias Art. 54.....................................................................................................................2 Consideraes Doutrinrias Art. 54..................................................................................................3 Legislao Correlata Art. 54.............................................................................................................

4 Conceitos Art. 54..............................................................................................................................

5 Observaes Importantes Art. 54.....................................................................................................

6 - Jurisprudncias Art. 55......................................................................................................................

7 Consideraes Doutrinrias Art. 55..................................................................................................

8 - Legislao Correlata Art. 55..............................................................................................................9 Material de Apoio.................................................................................................................................

10 Conceitos Art.55.............................................................................................................................

11 Observaes Importantes Art. 55...................................................................................................12 - Jurisprudncias Art. 56....................................................................................................................13 Legislao Correlata Art. 56...........................................................................................................

14 Conceitos Art. 56............................................................................................................................

15 Observaes Importantes Art. 56...................................................................................................

16 - Jurisprudncias Art. 60....................................................................................................................17 Consideraes Doutrinrias Art. 60................................................................................................

18 - Legislao Correlata Art. 60............................................................................................................

19 Observaes Importantes Art. 60...................................................................................................

20 - Conceitos Art. 61.............................................................................................................................

21 Observaes Importantes Art. 61...................................................................................................Seo IV Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimnio Cultural...........................................................................................................................1 Jurisprudncias Art. 62.....................................................................................................................2 Observaes Importantes Art. 62.....................................................................................................

3 - Jurisprudncias Art. 63.........................................................................................................................

4 Consideraes Doutrinrias Art. 63..................................................................................................

5 Legislao Correlata Art. 63.............................................................................................................

6 Conceitos Art. 63..............................................................................................................................

7 Observaes Importantes Art. 63.....................................................................................................

8 - Jurisprudncias Art. 64......................................................................................................................

9 Consideraes Doutrinrias Art. 64..................................................................................................

10 Conceitos Art. 64............................................................................................................................

11 Observaes Importantes Art. 64...................................................................................................

12 - Jurisprudncias Art. 65....................................................................................................................

13 Conceitos Art. 65............................................................................................................................

14 Observaes Importantes Art. 65...................................................................................................Seo V Dos Crimes contra a Administrao Ambiental............................................1 Consideraes Doutrinrias Art. 66..................................................................................................2 Conceitos Art. 66..............................................................................................................................

3 Observaes Importantes Art. 66.....................................................................................................

4 - Jurisprudncias Art. 67......................................................................................................................

5 Consideraes Doutrinrias Art. 67..................................................................................................

6 - Observaes Importantes Art. 67......................................................................................................

7 - Jurisprudncias Art. 68......................................................................................................................

8 Consideraes Doutrinrias Art. 68..................................................................................................

9 Observaes Importantes Art. 68.....................................................................................................

10 - Jurisprudncias Art. 69....................................................................................................................

11 Consideraes Doutrinrias Art. 69................................................................................................

12 - Observaes Importantes Art. 69....................................................................................................Captulo VI Da Infrao Administrativa.......................................................................1 Observaes Importantes Art. 70.....................................................................................................

2 - Consideraes Doutrinrias Art. 76...................................................................................................

3 Legislao Correlata Art. 76.............................................................................................................Captulo VII Da Cooperao Internacional para a Preservao do Meio Ambiente........................................................................................................................Captulo VIII Disposies Finais.................................................................................1 Consideraes Doutrinrias Art. 79-A..............................................................................................

2 Consideraes Doutrinrias (Crticas Lei n 9.605/98)............................................................................. 3 - Material de Apoio..................................................................................................................................Anexo I - Tabela de Crimes Ambientais (Promotor de Justia Gustavo Senna Miranda).............................................................................................................................Anexo II - Da Responsabilidade Penal da Pessoa Jurdica Apontamentos Tericos e Prticos (Promotores de Justia Gilberto Morelli Lima e Gustavo Senna Miranda).................................Anexo III Parmetros para aplicao da transao e da suspenso em processos criminais ambientais (Promotor de Justia - Hermes Zaneti Jnior)................................................Anexo IV - Concluses do Seminrio A Efetividade e a Atuao do Ministrio Pblico na Proteo do Meio Ambiente (Bonito Mato Grosso do Sul)...................................LEI N 9.605/98, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.Dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e d outras providncias.Captulo I

Disposies GeraisObservaes Importantes

Conceitos Gerais e Atualizao do Direito Criminal Ambiental.Justificativa Terica e Prtica para a Virada do Direito Criminal Ambiental: Antes de mais nada preciso apontar a relevncia da tutela criminal do meio ambiente em razo da maior efetividade da tutela criminal e o contedo tico da reprovao que carrega este direito, com mandamento expresso de criminalizao das condutas das pessoas jurdicas e das pessoas fsicas, sem contudo colocar a tnica nas penas estigmatizantes, j que no mbito do direito criminal ambiental existe uma simbiose entre direito penal preventivo e direito penal reparador, sendo que a represso mais grave, caracterizada pela cominao de penas restritivas de liberdade, fica relegada apenas aos casos previstos nos arts. 41, caput, 50-A e 69-A, que no admitem transao ou suspenso condicional do processo como medidas alternativas pena de priso, ou, em casos mais graves, de reincidncia especfica e condutas reiteradas ou quebra das condies impostas no ato da transao ou do perodo de prova na suspenso, de maneira injustificada. Por esta peculiaridade a boa doutrina preferiu substituir o termo "penal" (fortemente estigmatizado) pela expresso "criminal" para caracterizar o direito penal que cuida do bem jurdico ambiental: "o Direito Ambiental absolutamente emergencial, no em sentido de sobrevalor, eu no acredito em valores maiores que os outros, penso que os valores existem de forma pulverizada, mas emergencial no sentido de que o ps, o direito de sano no o resultado que realmente importe endogenamente construo do Direito Ambiental. Por isso eu preciso chamar de Direito Criminal Ambiental e no de Direito Penal Ambiental, porque o nosso direito aqui no se caracteriza pela pena, se caracteriza pela tipicidade, pela utilizao do fato tpico dentro de uma hiptese de represso a uma estrutura criminal existente, que ataca o valor constitucional, que no caso o valor: preservao ambiental" (BELLO: 2008, p. 213). Vale lembrar que a razo do direito criminal, como um todo, reside na preveno geral (dissuadir a prtica das infraes na comunidade) e especial (reeducar os infratores) e que:

o contedo tico associado a uma reprovao penal bem mais forte do que o sancionamento na esfera administrativa. (Marchesan, Ana Maria Moreira; Steigleder, Annelise Monteiro; Cappelli, Slvia. Direito ambiental. Porto Alegre: Verbo Jurdico, 2004, p. 143.)

Muito embora alguma doutrina penal aponte a falncia deste sistema, no que tange a tutela do bem jurdico ambiental, dadas as caractersticas dos institutos despenalizadores e as particularidades das medidas impostas que obrigam a composio ou a comprovao da compensao do dano, elas tm se mostrado efetivas, contrariando a regra da falncia da norma penal.

O direito criminal ambiental envolve assim algumas peculiaridades: voltado para a proteo das presentes e futuras geraes (direito intergeracional); age voltado para a preveno e precauo dos ilcitos (direito penal preventivo), ao mesmo tempo em que, ocorrendo danos, atua com base no princpio do poluidor-pagador (direito penal reparador); possui mandamento expresso de criminalizao na norma constitucional, comando da CF/88 art. 225, 3 (mandado expresso de criminalizao); encontra-se encartado como direito fundamental (fundamentalidade do bem jurdico ambiental), acarretando um dever do legislador de atuar conforme a vontade dirigente da Constituio que tem fora normativa,Wille zur Verfassung (Vontade de Constituio); na prtica, dada a concentrao das audincias e o trmite acelerado das composies ocorridas atravs das transaes penais e das suspenses condicionais do processo, mostra-se mais rpido e efetivo do que o direito processual civil para os casos que no envolvam maior complexidade (mais celeridade na tutela); acaba transformando a prtica dos infratores, que no acostumados a cometer delitos em outras reas, o infrator ambiental muitas vezes um empresrio ou agricultor, ao ser confrontado com carter simblico do direito penal propaga as boas prticas para evitar novos ilcitos aos seus pares e deixa de reincidir (preveno geral e especial), para que esta caracterstica funcione adequadamente fundamental que os rgos judicirios e o MP conhecem as normas ambientais e dediquem todo seu conhecimento e esforo para encaminhar as solues dos casos concretos em benefcio do meio ambiente, evitando que este infrator seja tratado como os demais casos envolvidos no juizado especial criminal. Os recursos, as penas alternativas, o discurso judicial e do MP, tudo deve estar voltado para o meio ambiente.

Por bvio no podem ser negadas as garantias do direito penal clssico, tambm elas constitucionais, o que se pretende o seu redimensionamento, adequando-se, na coliso entre o direito fundamental liberdade e o direito fundamental ao meio ambiente, o justo meio termo.

Aqui vale a transcrio do discurso de Ney Bello, citando o cerne do pensamento constitucional contemporneo (J.J. Gomes Canotilho, Martin Borowsky e Robert Alexy), deixa claro que preciso ponderar os princpios em jogo para obter a melhor proteo do meio ambiente: (BELLO: 2008, p. 205-206).

- Caractersticas Normativas do Direito Penal Ambiental a) Normas penais em branco;

b) Crimes de perigo concreto e abstrato;

c) Velocidade diferente? Direito penal de dupla velocidade;

d) Transversalidade;

e) Criminalidade transindividual: vtimas abstratas (crime without victms), crimes sem vtima certa ou com vtimas difusas;

- Obstculos contemporneos tutela penal do meio ambientecriminalidade difusa x criminalidade comum (crimes de massa)

pouco apelo perante o cidado comum (ausncia de fascinao dos crimes ambientais)

danos invisveis (a comunidade no sabe a quem responsabilizar)

A aceitao pela comunidade (desconhece o mal causado no tempo) um dos obstculos que precisam ser superados pelo direito penal ambiental. Os crimes ambientais possuem um carter emocional: No raro encontrarem-se autores que defendem a tese de que no se devem punir os crimes ambientais, sob o argumento de que se estaria procedendo a a uma expanso do direito penal. O argumento no deixa de ter sua razo de ser. Mas, ento, por que no deixar de punir outros crimes que tradicionalmente vm sendo punidos e que, por certo, so menos gravosos que muitos crimes ambientais? Quem sabe, um dos verdadeiros motivos dessa tese seja o fato de que seus propositores, como pessoas que so, e como todas as pessoas em geral, no se sintonizam emocionalmente com os crimes ambientais e no encontram neles seu correlato.(Alvino Augusto de S. Crimes ambientais: ensaiando algumas reflexes clnico-criminolgicas. p. 213). Esta concepo ultrapassa e pobre, deixa de perceber que a gua, os alimentos, a sade e o bem estar, sem falar na qualidade de vida dos seres humanos (principalmente nos grande centros urbanos) depende da proteo do meio ambiente. No enxergar esta obviedade pode nos custar muito mais caro do que as eventuais limitaes que a norma penal ambiental exerce sobre o comportamento dos infratores.

- Previso em leis especiais (no-codificao) legislao do tipo mosaico:

dificuldades para o conhecimento

no so objeto de estudo nos bancos universitrios

- O Papel do Ministrio Pblico Constitucional na Tutela do Meio Ambiente:

defesa dos bens jurdicos disponveis (furto e estelionato)Vs. defesa dos interesses sociais e individuais indisponveis (meio ambiente para as presentes e futuras geraes)

prevalncia dos bens jurdicos transindividuais na Constituio (art. 26 da Lei 9.605/98).

- Mandamento Constitucional de Criminalizao:O art. 225, 3 da Constituio Federal de 1988 foi expresso em criminalizar as condutas ofensivas ao bem jurdico ambiental, nos seguintes termos: "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados".

A lei 9.605/98, com mora de mais de 10 anos, veio suprir a necessidade de norma, disciplinando, justamente, as sanes penais e administrativas previstas para a tutela adequada dos bens jurdicos ambientais.

Nesse sentido a doutrina esclarece:

"Alm disso, outro aspecto de grande importncia no olvidado pelo constituinte foi o da resposta jurdica s agresses ao ambiente.

Esta ltima inovao vem gizada no 3 do art. 225 como uma determinao particular, em que se prev explicitamente a cominao de sanes penais e administrativas, conforme o caso, aos sujeitos (pessoas fsicas ou jurdicas) que eventualmente causem leso ao citado bem.

Desse modo, no se limita simplesmente a fazer uma declarao formal de tutela do ambiente, mas, na esteira da melhor doutrina e legislao internacionais, estabelece a imposio de medidas coercitivas aos transgressores do mandamento constitucional. Assinala-se a necessidade de proteo jurdico-penal, com a obrigao ou mandato expresso de criminalizao.Com tal previso, a Carta brasileira afastou, acertadamente, qualquer eventual dvida quanto indispensabilidade de uma proteo penal do ambiente. Reconhecem-se a existncia e a relevncia do ambiente para o homem e sua autonomia como bem jurdico e sua autonomia como bem jurdico, devendo para tanto o ordenamento jurdico lanar Mao inclusive da pena, ainda que ultima ratio, para garanti-lo.

Diante dessa considerao, resta ao legislador ordinrio precisar quando uma conduta deve ser considerada lesiva ao ambiente. Isso vale dizer: quando o perigo ou a leso ao citado bem jurdico devem ser tidos como penalmente relevantes. Nesse passo, merece especial cuidado a determinao dos bens com dignidade penal, necessitados de tutela penal e com capacidade de proteo, sempre luz dos princpios fundamentais que aliceram o Direito Penal moderno.

O reconhecimento do ambiente como bem jurdico-penal autnomo no significa negar sua natureza antropomrfica, ainda que relativa. A indispensvel relao ambiente-homem (teoria personalista relativa) lhe inerente. Isso significa que o ambiente no um dado absoluto, mas sim referido, afeto ao homem, como seu espao vital de realizao individual e coletiva.

(...)

Aorigem imediata do texto brasileiro (art. 225, 3, CF) deita suas razes no 3 do art. 45 da Constituio espanhola, que foi a primeira a consagrar de maneira clara e expressa em seu corpo a proteo penal do ambiente, como mandato de criminalizao de segunda gerao.

No Brasil, como j explicitado, o legislador constitucional erigiu expressamente o ambiente como bem jurdico-penal, eliminando de modo contundente qualquer possibilidade de valorao em sentido contrrio por parte do legislador ordinrio.

A referncia ao sistema punitivo, que estabelece a distino entre as sanes, alm de ser fator importante de sua eficcia, s pode ser compreendida luz dos princpios penais nsitos na prpria Constituio numa viso lgico-sistemtica e teleolgica e no sentido tradicional das categorias jurdico-penais a eles adstritas." (PRADO: 2001, p. 27-28).

- Direito Penal Prima RatioA regra que o direito penal fragmentrio, subsidirio e de interveno mnima, esta regra, contudo, merece temperamentos em se tratando de tutela jurdica do bem ambiental. Como ficou expresso na doutrina os bens jurdicos penalmente relevantes nas sociedade moderna, entre eles o meio ambiente, adquirem carter de prima ratio em face de sua especial posio no ordenamento jurdico constitucional e de sua importncia para a vida da comunidade.

Problemas ambientais, drogas, criminalidade organizada, economia, tributao, informtica, comrcio exterior, e controle sobre armas blicas sobre estas reas concentram-se hoje a ateno pblica: sobre elas aponta-se uma necessidade de providncias; nelas realiza-se a complexidade das sociedades modernas e desenvolvidas; delas preferencialmente surgem na luz do dia os problemas de controle desta sociedade: so reas modernas, e delas se encarrega o Direito Penal, no apenas depois que se tenha verificado a inadequao de outros meios de controle no penais. O venervel princpio da subsidiariedade ou da ultima ratio do Direito Penal simplesmente cancelado, para dar lugar a um Direito Penal visto como sola ratio ou prima ratio na soluo social de conflitos: a resposta penal surge para as pessoas responsveis por estas reas cada vez mais freqentemente como a primeira, seno a nica sada para controlar os problemas. (Winfried Hassemer. Trs temas de direito penal, Porto Alegre: Fundao Escola Superior do Ministrio Pblico, 1993, p. 47-48. No se pode esquecer que o autor defende um novo direito, o direito da interveno, para os bens jurdicos ambientais, mas isto decorre de no antever no direito penal as funes preventivas e precautivas que defendemos aqui. No mesmo sentido por nsdefendido cf. Ana Paula Fernandes Nogueira da Cruz.A culpabilidade nos crimes ambientais. So Paulo: RT, 2008, p. 71 e seguintes).Assim, "em face dos diversos valores cultuados em determinada sociedade, preocupar-se- o Direito Penal em positivar aqueles (bens jurdicos) que realmente meream especial proteo, salvaguardando-os frente a determinados ataques, teoricamente os mais graves, que lhes venham a ser praticados. (Feldens, Luciano. Tutela penal de interesses difusos e crimes do colarinho branco. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002, p. 41). Isto implica em reconhecer na subsidiariedade uma carter de diretriz poltico-criminal: em face de outras esferas da cincia jurdica, a traduzir a necessidade de lanarmos mo do instrumental jurdico-penal como a ultima ratio, afastando a sua incidncia quando aludida proteo social revele-se passvel de ser competentemente conquistada por outros meios que lhe sejam menos lesivos. Neste ponto, afirma o autor fundado na clebre doutrina de Roxin, que a questo mais de diretriz poltico-criminal do que de mandato vinculante, ou seja, de dogmtica puramente considerada. (Feldens: 2002, p. 41-42). Ou seja, uma vez estabelecido o direito penal ambiental com as caractersticas despenalizadoras da Lei 9.605/98 sua obrigatoriedade cogente e se justifica pela relevncia do direito fundamental ao meio ambiente.

Destarte, no se nega a proporcionalidade, entendido queentre el mal que el delito significa para la comunidad y el perjuicio que la pena representa para el autor del delito debe existir uma relacin de proporcionalidad (Ral Gonzles-Salas Campos), mas se preserva o carter simblico e os instrumentos mais cleres do direito penal e do processo penal para efetivar a sua adequada tutela.

Para concluir, vale dizer que o direito penal mnimo no tem aplicao em matria ambiental, vez que, prima facie, existe preponderncia do bem ambiental em relao aos demais bens jurdicos protegidos na Constituio Federal (v.g., propriedade, que dever cumprir sua funo ambiental, art.186, II; desenvolvimento econmico e livre iniciativa, que devero observar a defesa do meio ambiente, art. 170, VI), inclusive em face do precitado mandamento constitucional de criminalizao (art. 225, 3), bem como, a poltica pblica adotada pela Constituio foi de explorar a eficcia dissuasria do direito penal.Nesse sentido a doutrina afirma "o Direito Penal mnimo no deve ser aplicado em tema de infraes ambientais" (FREITAS; FREITAS: 2006, p. 34).

- Bem Jurdico DifusoPara o direito penal o bem jurdico aquele que se revela escolhido para tutela pela insuficincia da proteo do ordenamento jurdico em outras reas. "Do ngulo penalstico, portanto, bem jurdico aquele que esteja a exigir uma proteo especial, no mbito das normas de direito penal, por se revelarem insuficientes, em relao a ele, as garantias oferecidas pelo ordenamento jurdico, em outras reas extrapenais. Protegem-se, em suma, penalmente, certos bens jurdicos e, ainda assim, contra determinadas formas de agresso; no todos os bens jurdicos contra todos os possveis modos de agresso" (Francisco de Assis Toledo. Princpios Bsicos de Direito Penal, 5. ed. So Paulo: Saraiva, 1994, p. 17).Muito embora a leso ao meio ambiente possa configurar leses individuais a direitos de pessoas determinadas, leses a direitos coletivos strito sensu de grupos categorias ou classes de pessoas especficas, no se pode esquecer, at mesmo pela sua dimenso intergeracional, que os direitos envolvidos so na maior parte das vezes tambm direitos difusos. Devem ser entendidos como difusos, dogmaticamente, os direitos indivisveis, indisponveis e transindividuais, de pessoas indeterminadas ligadas por circunstncias de fato (para o conceito de direitos coletivos lato sensu ver, na doutrina, DIDIER JR; ZANETI JR: 2009, Cap. II, na lei, o art. 81, pargrafo nico do CDC).

Trata-se, na verdade, da terceira gerao ou dimenso dos direitos fundamentais, assegurada expressamente no texto constitucional (art. 225 da CF/88), como reconheceu o Supremo Tribunal Federal em muito citado precedente: .

- Norma Penal em BrancoA doutrina bem esclarece o tema, no se trata de exceo aos princpios da legalidade e da tipicidade estrita, mas de necessidade imperativa do direito penal ambiental, em razo de seu objeto especial. A prtica tem sido reconhecer: a) por disposio prevista na mesma lei; b) por disposio contida em outra lei; c) por disposio emanada de outro poder, ou seja, de um ato administrativo. "Nos crimes ambientais a norma penal em branco de todo necessria" (FREITAS; FREITAS: 2006, p.36).

STJ RHC - 9.056/RJ.

- Princpio da InsignificnciaO princpio da insignificncia atua sobre a tipicidade. No considerado fato tpico aquele que em razo da ausncia de leso significativa ao bem jurdico tutelado no afeta o ordenamento jurdico, ou seja, o importante no o valor econmico da leso, a quantidade de leso, etc., mas a existncia ou no de ofensa ao bem jurdico tutelado, no caso o meio ambiente. Serve, assim, como regra auxiliar de interpretao para excluir os danos de pouca importncia ao bem jurdico tutelado. Este princpio complementa o da adequao social e foi sugerido na doutrina por Claus Roxin.

A melhor doutrina assim esclarece o tema: "segundo o princpio da insignificncia, que se revela por inteiro pela prpria denominao, o direito penal, por sua natureza fragmentria, s vai at onde seja necessrio para a proteo do bem jurdico. No deve se ocupar-se de bagatelas." (TOLEDO: 1994, p. 133).

importante referir que isso no implica que o fato penalmente insignificante, muito embora seja excludo da responsabilidade penal, deixe de receber tratamento adequado na esfera cvel ou administrativa (TOLEDO: 1994, p. 134).

- Crimes PrestaoMuitas vezes o bem jurdico ambiental lesado pela repetio dos delitos de forma contnua. Assim, uma conduta cultural de extrao clandestina de caranguejos pode representar muito, sendo a ofensa ao bem jurdico relevante mesmo quando se apanha apenas um infrator, isoladamente, com uma fiada de caranguejos, dado o efeito educativo da responsabilizao. A mesma coisa acontece nas unidades de conservao, roar continuamente a rea de entorno sem obedincia ao pleno de manejo poder prejudicar o bem jurdico de tal sorte que incorra ofensa ao art. 40 da Lei 9.605/98.

Art. 1- (VETADO)Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) O art. 1, vetado, tinha a seguinte redao: As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente so punidas com sanes administrativas, civis e penais, na forma estabelecida nesta lei. Pargrafo nico As sanes administrativas, civis e penais podero cumular-se, sendo independentes entre si.

Segundo Toshio Mukai, o Presidente da Repblica vetou este artigo porque sua redao permitiria concluir, erradamente, que todos os demais dispositivos punitivos de delitos ambientais, existentes em outras leis, ficariam revogados.

(...)

O dispositivo vetado era efetivamente restritivo. Agiu bem o Presidente da Repblica ao vet-lo. Com isto, ficou certo que no apenas a Lei n 9.605/98 descreve tipos penais ambientais, mas outras leis, tal como o Cdigo Penal (expor a vida ou a sade de outrem a perigo artigo 132; causar incndio artigo 250; causar epidemia artigo 267; envenenar gua potvel artigo 270; e corrupo ou poluio de gua potvel artigo 271). (Sergio Antonio Fabris Editor.Porto Alegre,2004, p.09/10.)Consideraes Doutrinrias Bem ambiental

Ana Paula Fernandes Nogueira da Cruz (A Culpabilidade nos Crimes Ambientais) (...) o Direito Penal moderno no mais se limita a proteger bens jurdicos individuais. Como bem identifica Cristiane dos Santos, a presena de bens jurdicos difusos, universais ou coletivos, uma das caractersticas do Direito Penal atual, prprio da sociedade de risco.

Figueiredo Dias, ao enfrentar o tema, observa que a idia da sociedade de risco suscita ao direito Penal problemas novos e incontornveis. Mais adiante o doutrinador portugus lembra que, sem prejuzo do axioma ontolgico sobre o qual repousa toda a matria penal a funo do Direito Penal de tutela subsidiria de bens jurdicos -, ao lado dos bens jurdicos individuais ou dotados de referente individual e ao mesmo nvel de exigncia tutelar autnoma, existem autnticos bens jurdicos sociais, transindividuais, transpessoais, coletivos.

Ora, de clareza solar que o meio ambiente enquanto bem jurdico possui esta caracterstica observada pelos doutrinadores referidos. Trata-se, com efeito, de bem que tem uma natureza jurdica prpria no pblico nem privado e no pode ser tutelado a partir de uma tica individual. Trata-se pois, de bem de natureza difusa.(grifo nosso)

Este bem jurdico, conforme identifica Gilberto passos de Freitas, tem caractersticas prprias e bem delineadas. Trata-se de um bem difuso, que pode revelar-se tanto material quanto imaterial, supraindividual, que abrange a vida, a sade, das presentes e futuras geraes, o patrimnio e outros interesses, inclusive no humanos e que tem caracterstica de direito fundamental.(...)Dessa forma, temos que em nosso ordenamento jurdico o meio ambiente um bem jurdico com dignidade constitucional e disciplina jurdica prpria. (Editora Revista dos Tribunais. So Paulo,2008, p.23/30.)Art. 2 - Quem, de qualquer forma, concorre para a prtica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de rgo tcnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatrio de pessoa jurdica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prtica, quando podia agir para evit-la.Art. 3 - As pessoas jurdicas sero responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infrao seja cometida por deciso de seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio da sua entidade.Pargrafo nico - A responsabilidade das pessoas jurdicas no exclui a das pessoas fsicas, autoras, co-autoras ou partcipes do mesmo fato.Jurisprudncias Artigo 3

PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DE PESSOA JURDICA. ART. 225, 3, CF/88. ART. 3, LEI N 9.605/98. 1. O pargrafo 3 do art. 225 da Constituio Federal de 1988 previu, em razo de opo poltica do legislador, a possibilidade de responsabilizao penal das pessoas jurdicas por crimes ambientais. 2. O art. 3 da Lei n 9.605/98, que cuida dos crimes contra o meio ambiente, regulamentou o preceito constitucional em referncia, dando-lhe a densidade necessria. 3. No h qualquer inconstitucionalidade no 3 do art. 225 da Constituio Federal, fruto de uma escolha poltica do legislador, que atende s expectativas por preveno e proteo de condutas atentatrias ao meio ambiente, bem jurdico de espectro coletivo, de enorme relevncia para o ser humano na atualidade. 4. Recurso em sentido estrito provido. (TRF 01 R.; RecCr 2007.41.00.006063-4; RO; Terceira Turma; Rel Juza Fed. Conv. Vnila de Moraes; Julg. 08/04/2008; DJF1 18/04/2008; Pg. 103). PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. LEI N 9.605/1998. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURDICA. EXCLUSO DA EMPRESA DA RELAO PROCESSUAL. IMPOSSIBILIDADE. 1. A Lei n 9.605/1998, no seu art. 3, e em ateno previso contida no art. 225, 3 da CF/88, atribui responsabilidade administrativa, civil e penal aos atos praticados por pessoa jurdica, por ordem de seu representante legal no interesse da empresa. 2. Uma vez recebida a denncia oferecida contra pessoa jurdica, impossibilitada a sua excluso da relao processual, aps a realizao da instruo processual, com fundamento no art. 43, III, do CPP, j que, sendo indisponvel a ao penal, somente a sentena poder encerrar a relao processual, devendo o Decreto sentencial julgar procedente ou improcedente a ao penal. 3. Provimento da apelao. (TRF 01 R.; ACr 2005.41.00.001244-4; RO; Terceira Turma; Rel. Juiz Fed. Conv. Saulo Jos Casali Bahia; Julg. 11/12/2007; DJU 01/02/2008; Pg. 1443)

PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 54, CAPUT, DA LEI N 9.605/98. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURDICA. CRIMES COMPROVADOS. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. 1. Embora ainda forte a discusso doutrinria, pacificou-se jurisprudencialmente como cabvel a persecuo criminal contra a empresa degradadora do ambiente, na esteira das previses expressas do art. 225, 3, CF e do art. 3 da Lei n 9.605/98. 2. Presente na espcie tambm a exigida persecuo penal do scio-gerente, responsvel pelas decises de lanamento de resduos de carvo para o rio Carvo, em desacordo com os padres de lanamento de efluentes estabelecidos pela legislao ambiental. 3. Materialidade e autoria do processo de beneficiamento de carvo mineral, sem licena do rgo ambiental competente, acarretando a poluio do rio Carvo, pelo lanamento de efluentes em desacordo com os padres legais, comprovando poluio com a mortandade de animais e riscos sade humana. (TRF 04 R.; ACr 2004.72.04.008940-0; SC; Stima Turma; Rel. Des. Fed. Nfi Cordeiro; Julg. 08/04/2008; DEJF 16/04/2008; Pg. 450)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO OFERTADO PELO REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO CONTRA DECISO QUE REJEITA, EM PARTE, A DENNCIA. Crime ambiental praticado por pessoa jurdica. Responsabilizao penal do ente coletivo. Possibilidade. Previso constitucional regulamentada por Lei Federal. Recebimento da denncia contra a pessoa jurdica que se impe. Recurso provido. (TJ-SC; RCR 2007.049732-1; Joinville; Segunda Cmara Criminal; Rel. Des. Tlio Jos Moura Pinheiro; DJSC 11/04/2008; Pg. 350)

APELAO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL CONTRA A FLORA PRATICADO POR PESSOA JURDICA. PRELIMINAR DE INPCIA DA DENNCIA, SUSCITADA PELA PROCURADORIA DE JUSTIA. AUSNCIA DE DEMONSTRAO DA ATUAO DOS RESPONSVEIS EM NOME E BENEFCIO DA PESSOA JURDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. PRELIMINAR ACOLHIDA. A Lei Federal n 9.605/98, prev, de forma absoluta, a possibilidade de penalizao criminal das pessoas jurdicas por danos ao meio ambiente. A pessoa jurdica tem existncia prpria no ordenamento e pratica atos no meio social, podendo vir a praticar condutas tpicas e, portanto, ser passvel de responsabilizao penal, devendo a questo da culpabilidade, transcender ao velho princpio societas delinquere non potest. No se pode compreender a responsabilizao do ente moral dissociada da atuao de uma pessoa fsica, que age com elemento subjetivo prprio (dolo ou culpa). A pessoa jurdica foi denunciada isoladamente, tornando a inicial acusatria inepta, uma vez que no se pode compreender a responsabilizao do ente moral dissociada da atuao de uma agente humano, que age com elemento subjetivo prprio (dolo ou culpa), uma vez que a atuao do colegiado em nome e proveito da pessoa jurdica a prpria vontade da empresa. Preliminar acolhida. (TJ-ES; ACr 32050013542; Segunda Cmara Criminal; Rel. Des. Srgio Luiz Teixeira Gama; Julg. 10/10/2007; DJES 09/11/2007; Pg. 69)

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL. PESSOA JURDICA. POSSIBILIDADE (CF. ART. 225, 3, E LEI N 9.605/98. ART. 3). PESSOA JURDICA DEMANDADA JUNTAMENTE COM A PESSOA FSICA. HIPTESE DE LITISCONSORTE PASSIVO NECESSRIO. 1. Com o advento da Lei n 9.605/98, que regulamentou o art. 225, 3, da CF/88, so passveis de punio, no mbito penal, no s as pessoas fsicas, como tambm as jurdicas, por condutas lesivas ao meio ambiente. 2. A Lei n 9.605/1998 dispe quanto s penas que possam suportar as pessoas jurdicas, nos seus artigos 21, 22 e 23. 3. O art. 3 da Lei n 9.605/1998, ao disciplinar a responsabilizao penal da pessoa jurdica, prev, para tal, hiptese de co-autoria necessria, no se podendo dissociar a responsabilidade da pessoa jurdica da deciso de seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio da sociedade, devendo, assim, a pessoa jurdica ser demandada com a pessoa fsica que determinou a prtica do ato causador da infrao. 4. Tendo a pessoa jurdica sido demandada juntamente com os agentes que atuaram em seu nome e em seu benefcio, merece ser recebida a denncia oferecida, relativamente ao ente moral. 5. Recurso provido. (TRF 01 R.; RecCr 2007.41.00.002598-6; RO; Quarta Turma; Rel. Des. Fed. Hilton Queiroz; Julg. 25/09/2007; DJU 09/11/2007; Pg. 89) CF, art. 225

HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE. COMPETNCIA. INQURITO POLICIAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DA PESSOA NATURAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO CARACTERIZADO. ORDEM DENEGADA. 1. de se reconhecer a competncia desta egrgia Corte para anlise de inqurito policial instaurado mediante requisio do representante do Ministrio Pblico Federal. 2. O crime ambiental est sujeito tambm ao da pessoa jurdica, posto que no somente a pessoa natural pode ser sujeito ativo de um delito ambiental, mas tambm a pessoa moral, nos moldes do disposto no pargrafo 3, do artigo 225, da Constituio Federal, bem como no artigo 3, da Lei n. 9.605/98. 3. O crime previsto no artigo 48, da Lei n. 9.605/98, por ser cometido tanto pela pessoa moral como tambm pela pessoa natural, esta a revelar que, poderia, em tese, o paciente, como scio da aludida associao civil, perpetrar o delito em questo, sem prejuzo de eventual responsabilidade da entidade. 4. No restou comprovado, peremptoriamente, atravs de provas pr-constitudas, a no participao do paciente no delito em anlise, no sendo de se falar em falta de justa causa para a persecuo criminal. 5. Ordem de habeas corpus denegada. (TRF 03 R.; HC 23459; Proc. 2005.61.24.001182-9; SP; Quinta Turma; Rel Des Fed. Suzana de Camargo Gomes; DJU 23/05/2007; Pg. 735) CF, art. 225

PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME AMBIENTAL. POLO PASSIVO. DENNCIA APENAS CONTRA A PESSOA JURDICA. TRANCAMENTO DA AO PENAL. 1. De acordo com precedentes do Superior Tribunal de Justia - STJ, a pessoa jurdica pode figurar no plo passivo da ao penal desde que a denncia inclua tambm a pessoa fsica que atua em seu nome ou benefcio. 2. No ocorrendo tal circunstncia, a soluo o trancamento da ao penal, e no a rejeio da denncia que j havia sido recebida. 3. Recurso parcialmente provido. (TJ-DF; RSE 2004.01.1.006662-4; Ac. 286756; Primeira Turma Criminal; Rel. Des. Csar Loyola; DJU 21/11/2007; Pg. 244)

RECURSO CRIMINAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME AMBIENTAL. DENNCIA REJEITADA. RECONHECIMENTO DA RESPONSABILIDADE PENAL DAS PESSOAS JURDICAS. POSSIBILIDADE ANTE O ADVENTO DA LEI N. 9.605/98. AUSNCIA DE PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. ORIENTAO DOUTRINRIA. RECURSO PROVIDO. Pela clareza da Lei, perfeitamente cabvel a pessoa jurdica figurar no plo passivo da ao penal que tenta apurar a responsabilidade criminal de empresa por crime praticado contra o meio ambiente, consubstanciado no corte e beneficiamento de rvores consideradas em extino e legalmente protegidas. A Lei dos crimes ambientais inovou o direito brasileiro quando admitiu, expressamente, a responsabilidade penal da pessoa jurdica para coibir e penalizar os chamados crimes de dano ao meio ambiente cometido por empresas. Necessrio atender ao rigorismo pretendido pela legislao em relao ao infrator que provoca danos ao meio ambiente, seja pessoa fsica ou jurdica, resguardando, com isso, o direito constitucional que garante qualidade de vida ambiental a todos. (TJ-SC; RCR 2007.031556-2; Joaaba; Rel. Des. Solon DEa Neves; DJSC 19/12/2007; Pg. 332) PROCESSO PENAL. RECURSO CRIME EM SENTIDO ESTRITO. DELITO DO ART. 38, CAPUT, DA LEI N. 9.605/98. DENNCIA OFERECIDA EM FACE DE PESSOA JURDICA. ART. 3. DA LEI N. 9.605/98. Constitucionalidade. Arts. 173, 5., e 225, 3., ambos da constituio federal. Precedentes do STJ. Denuncia recebida. Sumula n. 709 do STF. Recurso provido. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequvoca, a possibilidade de penalizao criminal das pessoas jurdicas por danos ao meio-ambiente. (STJ). (TJ-PR; Rec. 307643-9; Ac. 18380; Palmas; Segunda Cmara Criminal; Rel. Des. Rogrio Kanayama; Julg. 15/12/2005)

HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. DENNCIA OFERTADA CONTRA PESSOA JURDICA. LEI N 9.605/98. Citao do representante legal. - Denncia ofertada exclusivamente contra pessoa jurdica, nos termos do artigo terceiro da lei 9.605/98. - Citao que somente pode ocorrer na pessoa do responsvel legal da empresa - Nulidade da citao feita a preposto sem poderes para a receber.- Falta legtimo interesse para requerer o trancamento de ao criminal a quem no consta da denncia. - Habeas corpus extinto sem apreciao do mrito. (TRF 5 R. HC 1.183 PE 3 T. rel. Des. Fed. Nereu Santos j. 15.02.2001).

CRIME AMBIENTAL IMPETRAO CONTRA DECISO QUE RECEBEU DENNCIA OFERECIDA CONTRA PESSOA JURDICA VIA IDNEA. O Mandado de Segurana o remdio adequado para atacar deciso que recebeu a denncia oferecida contra pessoa jurdica, imputando-lhe crime previsto na Lei n 9.605/98, no havendo que se cogitar de habeas corpus, pois a r no processo pessoa jurdica e as sanes previstas so de multa e restritivas de direitos (TACrimSP; MS n 349.440-8; Rel. Fbio Gouva; RJDTACrimSP 48/382).

Jurisprudncias Artigo 3 - EM SENTIDO CONTRRIO MANDADO DE SEGURANA. CRIME AMBIENTAL. PESSOA JURDICA . LEI 9.605/98 - Ausncia de normas disciplinadoras do processo penal na Lei 9.605/98. No h ilegalidade, face o artigo 79 desse diploma, que prev aplicao subsidiria do CPC. Pessoa jurdica, r no processo penal, onde se lhe responsabiliza por crime ambiental. Em no tendo a infrao sido cometida por deciso de seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio de entidade ( art. 3 da Lei 9.605/98), mas tratando-se de acidente que em nada beneficiou a pessoa jurdica, no h justa causa para ao penal. Ao penal trancada, por maioria dos votos, em relao PETROBRS. Mandado de segurana concedido (TRF 2 R. MS 20010201.046636-8 RJ 5 T. rel. p/ o AC. Juiz Antnio Ivan Athi DJU 21.10.2002, p. 182).

Consideraes DoutrinriasPaulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental Brasileiro) As infraes penal e administrativa pelas quais se responsabiliza uma pessoa jurdica devem ser cometidas por seu representante legal ou contratual ou por seu rgo colegiado. O representante legal normalmente indicado nos estatutos da empresa ou associao. O representante contratual pode ser o diretor, o administrador, o gerente, o preposto ou o mandatrio da pessoa jurdica. (...)A infrao deve ser cometida no interesse da entidade ou no benefcio da entidade. Interesse e benefcio so termos assemelhados, mas no idnticos. No teria sentido que a lei, to precisa em sua terminologia, tivesse empregado sinnimos ao definir um novo conceito jurdico.

Interesse no diz respeito s ao que traz vantagem para a entidade, mas aquilo que importa para a entidade. O termo vem do Latim interest importar, convir.(...) No , portanto, somente a idia de vantagem ou de lucro que existe no termo interesse. Assim, age criminosamente a entidade em que seu representante ou seu rgo colegiado deixa de tomar medidas de preveno do dano ambiental, por exemplo, usando tecnologia ultrapassada ou imprpria qualidade do ambiente. O fato de no investir em programas de manuteno ou de melhoria j revela a assuno do risco de produzir resultado danoso ao meio ambiente. O interesse da entidade no necessita estar expresso no lucro direto, consignado no balano contbil, mas pode se manifestar no dolo eventual e no comportamento culposo da omisso. (16 ed. Malheiros Editores. So Paulo,2008, p.703/704)Legislao Correlata

- Artigo 225 da Constituio Federal de 1988

- Artigo 81 do Cdigo de Defesa do Consumidor (traz a definio de direito difuso)Carta de So Paulo 2002 (Concluses do 6 Congresso Internacional de Direito Ambiental. So Paulo, 3 a 6 de junho de 2002)

- Responsabilidade Penal Ambiental

A responsabilidade penal da pessoa jurdica pressupe ato de gesto de representante da empresa, o qual ser, necessariamente, co-autor do crime, conforme artigo 3 da Lei 9.605/98, aplicando-se a ele a teoria do domnio do fato. Dirigente da pessoa jurdica pode ser agente de crime ambiental por omisso, quando tem o dever legal de agir para impedir o resultado, nos termos do artigo 13, pargrafo 2, a, do Cdigo Penal, c.c. o artigo 2, da Lei 9.605/98. A responsabilidade penal da pessoa jurdica objetiva, porm, calcada na responsabilidade subjetiva de seus gestores; justifica-se sua aplicabilidade pela teoria do risco inerente atividade. Artigos / Pareceres

- Da Responsabilidade Penal da Pessoa Jurdica Apontamentos Tericos e Prticos Promotores de Justia Gilberto Morelli Lima e Gustavo Senna Miranda (Anexo II)Observaes Importantes- Observaes Importantes para Responsabilidade Criminal da Pessoa Jurdica:1) Deve estar caracterizado o interesse ou benefcio da entidade;

2) Em caso de acidente que em nada beneficiou a pessoa jurdica no pode esta integrar o plo passivo da demanda penal;

3) Nas infraes ambientais praticadas por pessoa jurdica deve tambm figurar no plo passivo da demanda a pessoa fsica que atua em seu nome ou benefcio. Trata-se de litisconsrcio passivo necessrio;

4) Analisar o elemento subjetivo.

Art. 4 - Poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente.Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) - O artigo 4 sob exame, simplesmente refere que possvel a desconsiderao da pessoa jurdica sempre que sua personalidade for obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente. Como se observa, o nico requisito para a desconsiderao da personalidade jurdica ela ser obstculo ao ressarcimento de prejuzos ambientais.

Parece claro no haver impedimento em utilizar as premissas fixadas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor ou pelo Cdigo Civil para decretao judicial da desconsiderao da personalidade jurdica, ou seja, situaes de excesso de poder, abuso de direito, desvio de finalidade, confuso patrimonial, falncia ou qualquer outra circunstncia que ao final signifique obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente. (Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 2004. p. 22) Art. 5 - (VETADO)Conceitos- Meio Ambiente: o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Art. 3, I, Lei n 6.938/81).Conjunto dos agentes fsicos, qumicos, biolgicos e dos fatores sociais susceptveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem.

Captulo II

Da Aplicao da Pena

Art. 6 - Para imposio e gradao da penalidade, a autoridade competente observar:I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infrao e suas conseqncias para a sade pblica e para o meio ambiente;II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislao de interesse ambiental;III - a situao econmica do infrator, no caso de multa.Consideraes Doutrinrias:dis Milar e Paulo Jos da Costa Jnior (Direito Penal Ambiental Comentrios Lei n 9.605/98) Tecnicamente, aps a constituio Federal de 1988, s podem ser considerados antecedentes as condenaes transitadas em julgado que no possam ser computadas para fins de reincidncia.

Contudo a lei ambiental parece ter adotado conceito amplo de antecedentes, para abranger, inclusive, fatos passados que no tenham relevncia penal, como ilcitos administrativos (Millennium Editora. So Paulo, 2002, p. 44).

Art. 7 - As penas restritivas de direitos so autnomas e substituem as privativas de liberdade quando:I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstncias do crime indicarem que a substituio seja suficiente para efeitos de reprovao e preveno do crime.Pargrafo nico - As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo tero a mesma durao da pena privativa de liberdade substituda.Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) Com a inteno de incentivar o criminoso ambiental a reparar o dano ambiental, a Lei n 9.605/98 estabelece regra que determina a aplicao de penas restritivas de direito em substituio s penas privativas de liberdade, mais recomendvel que o encarceramento, em virtude da prpria natureza do crime.Segundo Celeste Leite dos Santos, a pena restritiva de direito coloca em relevo o valor social do bem jurdico ofendido, tendo um papel ressocializante preponderante. Ou seja, antes da punio de per si, com mero objetivo de punir, h que se tentar conscientizar o infrator ambiental das suas responsabilidades sociais, at como forma de multiplicar a idia de que todos so parte de um mesmo planeta, sendo a sorte deste a sorte de todos. (Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 2004. p. 32)Art. 8 - As penas restritivas de direito so:I - prestao de servios comunidade;II - interdio temporria de direitos;III - suspenso parcial ou total de atividades;IV - prestao pecuniria;V - recolhimento domiciliar.Art. 9 - A prestao de servios comunidade consiste na atribuio ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins pblicos e unidades de conservao, e, no caso de dano da coisa particular, pblica ou tombada, na restaurao desta, se possvel.Art. 10 - As penas de interdio temporria de direito so a proibio de o condenado contratar com o Poder Pblico, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefcios, bem como de participar de licitaes, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de trs anos, no de crimes culposos.Art. 11 - A suspenso de atividades ser aplicada quando estas no estiverem obedecendo s prescries legais.Art. 12 - A prestao pecuniria consiste no pagamento em dinheiro vtima ou entidade pblica ou privada com fim social, de importncia, fixada pelo juiz, no inferior a um salrio mnimo nem superior a trezentos e sessenta salrios mnimos. O valor pago ser deduzido do montante de eventual reparao civil a que for condenado o infrator.Art. 13 - O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que dever, sem vigilncia, trabalhar, freqentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horrios de folga em residncia ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentena condenatria.Art. 14 - So circunstncias que atenuam a pena:I - baixo grau de instruo ou escolaridade do agente;II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontnea reparao do dano, ou limitao significativa da degradao ambiental causada;III - comunicao prvia pelo agente do perigo iminente de degradao ambiental;IV - colaborao com os agentes encarregados da vigilncia e do controle ambiental.Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) (...) pode-se afirmar que o baixo grau e instruo ou escolaridade no se confundem, no so sinnimos. Instruo guarda um sentido etimolgico mais amplo que escolaridade, pois significa, alm do conhecimento adquirido nas escolas, aquele recebido na vida, das relaes pessoais negociais, das leituras e do que foi ouvido. Dificilmente se poderia dizer que algum com educao formal adquirida em bancos escolares de grau superior, e portanto com boa escolaridade, no seja instrudo. No entanto, possvel encontrar pessoas com pouca escolaridade mas com enorme conhecimento adquirido na vida, nas relaes sociais e nos negcios, sendo, portanto, bem instrudo.(...)

O arrependimento do infrator a que se refere o inciso II do artigo 14 aquele espontneo, ou seja, antes mesmo da descoberta do fato pela autoridade ambiental, e dever ser eficiente a ponto de reparar o dano. A lei coloca a limitao significativa do dano como opo ao referir a expresso ou, mas parece mais adequado aceit-la apenas quando for impossvel a reparao do dano. Ou seja, a limitao do dano uma segunda opo, que ser examinada quando da impossibilidade de reparar o dano.

O arrependimento do infrator no basta ficar na vontade, na inteno, mas ter que se materializar por medidas eficientes, eficazes, concretas, no sentido de recolocar a situao ambiental ao estado anterior ou, pelo menos, providenciar para que seus danos sejam limitados significativamente, o que ser avaliado por percia.Tambm haver a possibilidade de atenuao da pena quando o agente comunicar previamente de que sua atividade poder causar dano ao ambiente. O autor da comunicao dever ser o agente ou algum por ele mandado, e forma que a atitude de terceiro, sem o seu conhecimento, no o beneficia. Entendo, ainda, que o aviso deva ser feito s autoridades ambientais, encarregadas de providenciar medidas de proteo ou, pelo menos, autoridade policial, que se encarregar de encaminhar a comunicao a quem de direito.(...)

Para aqueles que prestam ou prestaram colaborao aos agentes encarregados da vigilncia e do controle ambiental a lei tambm beneficia com a atenuao da pena, nos termos do artigo 14, inciso IV. Esta colaborao pode ser aquela que foi prestada aos agentes ambientais antes do cometimento do delito e aquela que vier a ser prestada aps o crime. Esta atividade de colaborao tanto pode ser para efeitos de investigar o delito, localizar testemunhas e outras provas, facilitar o acesso ao local, colocar materiais e veculos a disposio, como para preservar outras reas e evitar novos delitos. (Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 2004. p. 56/58)

Conceitos- Controle Ambiental: Conjunto de aes tomadas visando a manter em nveis satisfatrios as condies do ambiente. O termo pode tambm se referir atuao do Poder Pblico na orientao, correo, fiscalizao e monitorao ambiental, de acordo com as diretrizes administrativas e as leis em vigor.

Art. 15 - So circunstncias que agravam a pena, quando no constituem ou qualificam o crime:I - reincidncia nos crimes de natureza ambiental;II - ter o agente cometido a infrao:a) para obter vantagem pecuniria;b) coagindo outrem para a execuo material da infrao;c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a sade pblica ou o meio ambiente;d) concorrendo para danos propriedade alheia;e) atingindo reas de unidades de conservao ou reas sujeitas, por ato do Poder Pblico, a regime especial de uso;f) atingindo reas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;g) em perodo de defeso fauna;h) em domingos ou feriados;i) noite;j) em pocas de seca ou inundaes;

l) no interior do espao territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de mtodos cruis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiana;

o) mediante abuso do direito de licena, permisso ou autorizao ambiental;

p) no interesse de pessoa jurdica mantida, total ou parcialmente, por verbas pblicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espcies ameaadas, listadas em relatrios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionrio pblico no exerccio de suas funes.Art. 16 - Nos crimes previstos nesta Lei, a suspenso condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenao a pena privativa de liberdade no superior a trs anos.Consideraes Doutrinrias:Luiz Regis Prado (Direito Penal do Ambiente) Pelo artigo 16, o requisito objetivo da quantidade da pena para a aplicao da suspenso condicional da pena tornou-se mais elstico, isto , condenao a pena privativa de liberdade no superior a trs anos, portanto um ano alm do previsto pelo Cdigo Penal. Todavia, diante do silncio no que toca ao prazo de suspenso da pena, depreende-se seja ele de dois a quatro anos (art, 77, Caput, CP). (Editora revista dos Tribunais. So Paulo, 2005, p. 192).

Art. 17 - A verificao da reparao a que se refere o 2 do art. 78 do Cdigo Penal ser feita mediante laudo de reparao do dano ambiental, e as condies a serem impostas pelo juiz devero relacionar-se com a proteo ao meio ambiente. (Artigo 78, 2, Cdigo Penal).Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) (...) Como a Lei Ambiental no fixa regras completas acerca da suspenso condicional da pena, por fora do seu artigo 79, a ela aplicar-se- o Cdigo Penal (...), de forma subsidiria.(...)

No juzo criminal comum a constatao de reparao do dano pode se dar mediante mera declarao da vtima de que recebeu o valor monetrio suficiente para ver-se indenizado, ou a oitiva de testemunhas de que o prejuzo foi reparado.(...)Os danos ambientais, de regra, s podem ser reparados aps projeto de recuperao elaborado por tcnico e aprovado pela autoridade ambiental. A forma de recuperao foge do conhecimento do aplicador do direito, pois envolve conhecimento de tcnicas estranhas ao direito e comuns a outras reas, tais como engenharia florestal, geologia, zoologia, qumica, etc.Por isto, a lei exige que a reparao seja atestada por laudo de reparao do dano ambiental, que uma pea bem mais complexa e completa que simples declarao de constatao de reparao. Tal laudo dever, como j dito, ser elaborado por tcnico da rea, mediante anotao de responsabilidade tcnica. Conter a exposio do dano, se possvel com levantamento fotogrfico e topogrfico, as providncias que foram tomadas e os resultados obtidos, referindo eventual dano remanescente. (Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 2004. p. 70/71)Art. 18 - A multa ser calculada segundo os critrios do Cdigo Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor mximo, poder ser aumentada at trs vezes, tendo em vista o valor da vantagem econmica auferida.Art. 19 - A percia de constatao do dano ambiental, sempre que possvel, fixar o montante do prejuzo causado para efeitos de prestao de fiana e clculo de multa.Pargrafo nico - A percia produzida no inqurito civil ou no juzo cvel poder ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditrio.Jurisprudncias - Artigo 19 PENAL - CRIME AMBIENTAL - ARTIGOS 54, PARAGRAFO 2, V e 60, DA LEI N 9605/98 - COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL - CERCEAMENTO DE DEFESA - INOCORRNCIA - PENALIZAO DA PESSOA JURDICA - POSSIBILIDADE - INPCIA DA DENNCIA - PROVA DA MATERIALIDADE - IMPRESCINDIBILIDADE DO EXAME PERICIAL ART. 19 DA LEI 9605/98 E ART.158 DO CPP - EXAME INDIRETO - IMPOSSIBILIDADE - PROVA TESTEMUNHAL CONTRADITRIA - ABSOLVIO - EXTINO DA PUNIBILIDADE. I.Aos acusados, ora apelantes, foram imputadas trs condutas. As duas primeiras - i. armazenar, irregularmente, a cu aberto, resduos slidos originrios da limpeza dos cascos de navios e resduos lquidos e ii. lanamento de detritos na baa da Guanabara, provenientes do despejo de esgoto sem tratamento - caracterizariam o delito descrito no art. 54, caput e 2., V, da Lei 9.605/98. A terceira conduta - operar, sem licena da FEEMA,- caracterizaria o delito descrito no art. 60, do mesmo diploma legal. II. Competncia da Justia Federal evidenciada. Conquanto a jurisprudncia hoje predominante entenda ser da competncia da Justia Estadual a maioria dos crimes ambientais resta evidente, no caso concreto, o interesse da Unio Federal. Na linha da Smula n. 40 deste Eg. Tribunal, permanecem sob competncia da Justia Federal os crimes praticados em detrimento de bens da Unio Federal, dentre os quais a Baa da Guanabara, integrante do mar territorial. III. Inexistncia de cerceamento de defesa se a inspeo judicial requerida, durante a instruo, estiver prejudicada pela modificao do local dos fatos ao longo do tempo. IV. Pena devidamente individualizada e fundamentada. Inexistncia de vcios denotadores de necessidade de anulao. V. O artigo 3. da Lei n. 9.605/98, prevendo a punio criminal da pessoa jurdica, constitucional. Precedentes. Inocorrncia de bis in idem, eis que a fundamentao lgica que conclui pela constitucionalidade da norma depende do conceito de autonomia entre as pessoas fsicas e jurdicas envolvidas. VI. Suposta inpcia da denncia superada ante a jurisprudncia no sentido de que, proferida sentena de mrito, torna-se prejudicada a discusso acerca de eventuais vcios da inicial acusatria. VII. Considerando que a denncia foi recebida em 20/11/2000, e que a sentena condenatria s foi publicada em secretaria em 06/02/2004, constata-se que ocorreu a extino da punibilidade pelo suposto cometimento do delito descrito no art.. 60 da Lei 9.605/98. VIII. A materialidade foi tida por comprovada, na sentena recorrida, com base, unicamente, nos pareceres tcnicos do IBAMA e na prova oral produzida. IX. A condenao pelo delito descrito no art. 54 da Lei n. 9.605/98 depende da existncia de laudo tcnico demonstrando a natureza dos agentes poluentes, bem como do respectivo nexo com os potenciais danos ambientais (mortandade de animais e flora). Da anlise pericial dos vestgios e de suas conseqncias, ainda que potenciais, que se poder dizer haver adequao ao modelo tpico. X. No qualquer poluio que ensejar enquadramento criminal. A realizao do tipo objetivo dependente de prova tcnica delimitadora da potencialidade lesiva sade humana ou a vida de animais e plantas. Qualquer introduo de elementos exgenos no meio poluio, mas poluio criminosa somente aquela que capaz de gerar risco sade humana ou a que causa os danos que o tipo legal prev. O conceito de poluio mais amplo do que a caracterizao administrativa da poluio, e o conceito de poluio criminosa , ainda, mais estreito. XI. A realizao de percia, em se tratando de delito que deixa vestgios, no pode ser suprida pela prova testemunhal, a teor do art. 19 da Lei 9605/98 e do art. 158 do CPP. A uma, porque havia possibilidade real de elaborao do exame direto no momento oportuno. A duas, porque a prova testemunhal produzida mostra-se evidentemente contraditria. A trs, porque embora a prova testemunhal tenha afirmado a existncia de alguma poluio, no conclusiva quanto a ser de nvel tal caracterizador de perigo sade humana, ou vida de espcimes da fauna ou flora. XII. Extino da punibilidade do delito descrito no art. 60 da Lei. 9.605/98. Provimento dos recursos defensivos. Absolvio dos rus. (TRF 2 R; ACr 2000.51.02.005956-3; Primeira Turma Especializada; Rel. Desembargador Federal ALEXANDRE LIBONATI DE ABREU, Julg. 14/12/2005; DJU - Data::03/02/2006 - Pgina::247)Consideraes DoutrinriasJoo Marcos Adede y Castro (Crimes Ambientais Comentrios Lei n 9.605/98) voz corrente na doutrina que no fcil avaliar o quantum do dano ambiental, pois se trata de bem de todos e sua degradao no causa apenas aqueles danos imediatamente constatveis a olho nu, mas, principalmente, conseqncias futuras s avalireis por tcnico altamente qualificado.

Alm disso, no sendo o meio ambiente um bem de valor econmico, mas um bem de valor social, a simples recuperao atravs da reconstituio ao status quo ante no suficiente, pois esta, como regra, demorada, e nem sempre consegue, de fato, eliminar todo o prejuzo.

(...)

Ao referir que sempre que possvel, o artigo 19 quis indicar que nem sempre possvel uma percia de constatao de dano, principalmente quando, pela passagem do tempo, a natureza encarregou-se de auto-regenerar-se, sem interveno humana ou quando o criminoso tomou as necessrias providncias para reparar o dano antes da percia.

Por outro lado sempre que possvel tambm quer dizer que nem sempre possvel fixar o montante do prejuzo causado. Hoje, em funo do avano das tcnicas de levantamento do fato danoso e de suas conseqncias, e da ainda incipiente mas segura forma de clculo em funo do valor de mercado do bem ecolgico, como j visto, parece que dificilmente, havendo real interesse do juiz, deixar de haver condies de fixar-se o montante do prejuzo causado ao meio ambiente, para efeitos de clculo do valor de prestao e fiana e multa.

Isto porque, necessariamente, para efeitos de clculo da multa administrativa e da reparao a ser paga no juzo cvel, haver um laudo do prejuzo econmico causado ao meio ambiente, mesmo que seja, inicialmente, meramente estimativo, mas suficiente para aproximar o juzo penal do valor a ser cobrado na fiana ou na multa.

Tal raciocnio corroborado pelo pargrafo nico, que permite seja a percia feita no inqurito civil ou no juzo cvel aproveitado no processo penal, instaurando-se o contraditrio. (Sergio Antonio Fabris Editor. Porto Alegre. 2004. p. 75/76)Art. 20 - A sentena penal condenatria, sempre que possvel, fixar o valor mnimo para reparao dos danos causados pela infrao, considerando os prejuzos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.Pargrafo nico - Transitada em julgado a sentena condenatria, a execuo poder efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuzo da liquidao para apurao do dano efetivamente sofrido. Art. 21- As penas aplicveis isolada, cumulativa ou alternativamente s pessoas jurdicas, de acordo com o disposto no art. 3, so:I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestao de servios comunidade.Art. 22 - As penas restritivas de direitos da pessoa jurdica so:I - suspenso parcial ou total de atividades;

II - interdio temporria de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibio de contratar com o Poder Pblico, bem como dele obter subsdios, subvenes ou doaes. 1 - A suspenso de atividades ser aplicada quando estas no estiverem obedecendo s disposies legais ou regulamentares, relativas proteo do meio ambiente. 2 - A interdio ser aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorizao, ou em desacordo com a concedida, ou com violao de disposio legal ou regulamentar. 3 - A proibio de contratar com o Poder Pblico e dele obter subsdios, subvenes ou doaes no poder exceder o prazo de dez anos.Art. 23 - A prestao de servios comunidade pela pessoa jurdica consistir em:I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execuo de obras de recuperao de reas degradadas;

III - manuteno de espaos pblicos;

IV - contribuies a entidades ambientais ou culturais pblicas.Art. 24 - A pessoa jurdica constituda ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prtica de crime definido nesta Lei ter decretada sua liquidao forada, seu patrimnio ser considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitencirio Nacional. Captulo III

Da Apreenso do Produto e do Instrumento de Infrao Administrativa ou de CrimeArt. 25 - Verificada a infrao, sero apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 1 - Os animais sero libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoolgicos, fundaes ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de tcnicos habilitados. 2 - Tratando-se de produtos perecveis ou madeiras, sero estes avaliados e doados a instituies cientficas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. 3 - Os produtos e subprodutos da fauna no perecveis sero destrudos ou doados a instituies cientficas, culturais ou educacionais. 4 - Os instrumentos utilizados na prtica da infrao sero vendidos, garantida a sua descaracterizao por meio da reciclagem.Jurisprudncias - Artigo 25

PROCESSUAL PENAL. RESTITUIO DE COISA APREENDIDA. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE. DVIDA SOBRE A PROPRIEDADE DO BEM. 1. Inegvel que a restituio pretendida esbarra na regra do art. 25, 4, da Lei n 9.605/1998, uma vez que incontroverso nos autos que o veculo seqestrado foi utilizado para a prtica de crime ambiental, no se tendo tornado inequvoco que o apelante ostenta a condio de real proprietrio do bem, tendo agido de boa-f, condio indispensvel para o deferimento da medida judicial pleiteada. 2. Apelao no provida. (TRF 01 R.; ACr 2007.