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Lei da Entrega

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Page 1: Lei da Entrega

,'2t2' EXMO' SR. I)R. GILBERTO NONAKA, DD. 2o pRoMoroR DE JUSTIÇA DOCONSUMIDOR DA CAPITAL DO MINISTERIO PUBLICO DE SÃO pAULO

DE SÃO PAULO

EDUARDO

qualificado na manifestação inicialmente

Paulo, veln perante V. Exu. apresentar os

1243n1 -2"PJ.

FIGUEREDO DE OLIVEIRA, já devidamenreapresentt'õao Ministério público do Estado de Sãoesclarecimentos requeridos pera Notificação ÉJC n".

0l' Trata-se de Representação oferecida em razão de manifestaçãopública do Diretor Adjunto de Fiscalização da Fundação Procon/Sp, que em entrevista concedidano dia 28/03/201 I à coluna/Blog Advogado de Defesa, do Jornal da Tard e, fezconsideraçõessobre a (não) fiscalização da aplicação da "Lei da Entrega" (Lei Estadual no. I 3.7471200g) peloreferido órgão público de proteção e def'esa do consumidor. para rnelhor compreensão dos fatossegue o teor da entrevista em questão:

"files de compru cobram poro cumprir Lei da Entrega(...)

. Os principais sites de compras onlirrc estão cobrando - e caro -para agendar o dia e o período da entrega das conxpras, Ltmserviço que é obrigatorio segundo a Lei I3.f qlrcg, a chimaia Leida Entrega. para quem não pode ou não quer pagar parafozer oagendanrcnto, os loias vírtuais nmntêm um sertiço de entregogratuito, mas que vai contra a legislação.(...)caso o consuntidor escorha a entrega comum, o frete pode sergraÍuittt'ou pago e os prazos de enlrega são variáveis, é estiptiladoapenas o máximo de dias que pode demorar a enírega. porém, e,rso, prótica vai contra o que determina a Lei da Entrega.

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Mas se o consumidor optar pelo serviço de agendatnenío, elesaberá o dia exato e o período (manhã, tarde ou noite) em que amercadoria chegará. Mas para isso, o cliente teró de pagor umataxa à parte e esperar, enx média, I5 dias após adquirir o produtopara só então poder agendar.(...)Segundo o Procon-SP, a irregulgridg(e esíd no continryidade emre-ali{qr entregas sery, agerrdamento e não em cgbrar -arqasendú-las. 'cobrar pela entregs eles podem, jd que é um serviço.o que ncio, pode é continuar oferecendo a entrega comumt Qü€não é agendada previamente como a lei determinu', diz RenanFerraciolli, diretor de Jiscalizaçiio do Procon-Sp.'Esses sites deveriam oferecer somente. o opção de enÍregaagendad', explica ele, ao assegurar que o Procon tem intensificadoa fiscalização.

'Serão aplicadas outras modalidades de sânçõe.scontras qs empresas desobedientes, como a suspensãct temporáriado serviço. Isso já foi alertado em reuniões com o segmento',conta.'Essa cobrança diferenciada não ë permitida pela lei. o qLteacontece é que os fornecedores estão teimando em não crrmprir alei', diz Mariana Ferueira Alves, adtogada do ldec.(...)Procttrado pare se pronunciar sobre o tenxa, o Grupo pão deAçúcar, que responde pelo Extra, casas Bahia e ponro Frio,afirmou que pauta suas ações na obediência à legislaçãobrasileira. Jcí a Ántericanas e o Compra Fácil não respordurom ooquestiortamento da reportagem. " Grífamos e sublinhamos.

02. O que efetivamente motivou o oferecimento da Representação foi o

fato de que há inequívoca burla à Lei Estadual 13.74712009 por forncedores que atuam no estado

de São Paulo. E tal fato, apesar de manifestamente reconhecido pela Fundação Procon/Sp e pelos

seus agentes públicos, conforme se infere da repoftagem, não estaria sendo devidamente

fiscalizado, coibido o sancionado. Explica-se melhor: há tempos que fornecedores de grandes

redes varejista não cobram e/ou não repassam explicitamente e/ou absorveram os custos de

entrega/frete aos consumidores. Todavia, apesar da entrega "gratuita", quando adquiria um

produto o consumidor sempre ficou ilimitadamente à clisposição do fornecedor para receber a

mercadoria bdquirida; São abundantes os relatos de consumidores que perderam dias inteiros à

espera do entregador de seu produto.

03. Também são vários os relatos de quem, tendo os seus

compromissos pessoais e profìssionais e por não dispor de alguém para auxíliá-los no ,trabalho

de espera pela entrQEã"0 deixaram de receber o produto, pois não poderiam ficar indefìnidamente

à disposição do fornecedor. Evidentemente, tiveram de efrentar outra batalha, que é a doreenvio...

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04' E para que tal situação manifestamente abusiva não mais ocorresse,foi apresentado pela Deputada vanessa Damo o PL 298 /200g,que aprovado pelo parlamento foiconvertido sancionada pelo Exmo. Governador na forma da Lei Estadual 13.747/2009.

05' Segundo consta do relatório do PL citado, a causa da proposiçãolegislativa era justamente a falta de parâmett'os no desenvolvimento das atividadses dosÍbrnecedoreso que impunham ao consumidor uma indubitável condição extremamenteprejudicial: ficar indefinidamente à disposição da empresa para receber, em dia e horáriosincertos, o produto adquirido.

06' com a sanção da lei, os fornecedores que atuam no estado de SãoPaulo ficaram obrigados a fixar, no ato da contra taçãode consumo, data e turno do dia em que sedará a entrega da mercadoria. E o que consta nos artigos 2.." e 3o da citada lei:

"' rtigo Io - Ficam os fornecedores tle bens e serviços localizaclosn0 Estsdo ohrigados a jixar daía e rurno poro rearização ,os, 'Íerviços ou entrega clos produtos oos cottsumidores.Artigo 2o - os fornecedores de bLns e serviços deverão estipular,no ab da conrraÍação, o cumprimento das suas obrigações nosturnos da manhã, íarde ou noite, €t,t conformidade com orseguintes horários:

horáriosI - turno da manhã; compreende o'período entre zh00 e 12h00(sete e doze horas),.II - turno da tarde; compt'eende o período entre 12h00 e t1h00(doze e dezoito horas);III - turno da noite; compreencle o período entre lgh00 e 23h00(dezoito e,vinte e três horà$.,,Grifamos.

07.

seguinte:E o Decreto no. 55.01 512009, que regulamentou a rei, estabereceu o

"Artigo Io - Este decreto reguramenta a obrígação de o fornecerÌorfixar data e turno para a entrega de proãukts e rearização deserv iços aos consumidore s.Artigo 2o - caberá à Fundação de proteção e Defesa doconsumidor - pRocoN/sp

fiscarizar o curnprirnento da Lei n,I 3'747, de 7 " de outu-bìo' de 2oog.

lrtigo 3' - o fornecetJor rJe bens e serviços deverá estipurar, no atoda contratação, a dato e o turrto pora o cunxprìmento das suasobrigaçõe,s.

$ /" - os turnos estaberecidos pero artigo 2o da Lei no 13.747/09são:I turno clo manhã; das 7 às 12 horas;II - turno da tarde: das 12 à, iS

'iï:;,,

III turno da noite: das I B às 23 horas.

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s.2' - o fornecedor deverá informar, prévia e adequadamente, asdatas e respectivos turnos disponíveis porct entrega de produtos ouprestação de serviços, sendo assegurado ao consumidor o direitode escolher eilreg J" - No ato d1 finatização da ï"*r*riouÍuíl ,rru"#::::";;bens ou da rearização de serviços, o fornecedor entregará aoconsumidor, por escrito, documento com as seguintes informações;I - identtficação do estabelecimento comercíal, da qual conste arazão social, o nome fantasia, o número de inscrição no cNpJ, oendereço e número do rctr|ny, para contato,.II - descrição Qo produto 'e ser entregue ou do serviço a serprestado,.

III - data e turno em qug o produto deverá ser entregue o,Prestado

^-^r- | , o serviço,'IV - endereço onde deverá ser entregue o produto ou realizado oserviço.

s 4' - No caso de comércio à dislância ou não presenciar, odocumento a que se refere o s 3' deste oìrigo deverá ser enviadoao consumidor, previamente à efetiva en"Írega do produto otlrealização do serviço, por meio de mensagent eretronica, fac_símile, correio otr olttro meio indicado.Artigo 'ío - o fo_rnececror que não infornrur data e turno paroentrega de produto ou paru realizu[ão clo serviço nos Íermoses-tabelecidos par este clecreto, ou não cumprir a clata e o Íurnoa!rytados, Jicard suieito às sanções previstis no artigo s6 da Leifederal no 8,028, de II de setembro cte lgg0 - código de Defesa cloconsumidor, apricdveis na forma cre seus artigos s7 a 60.,,Grifamos

Conforme se depreende da leitura das normas, @dever de agendamento d dia e turno

08.

09.

aos consumidores.

Pois bem. Anarisando a íntegra da reportagem em questão e deacordo com o contexto relatado, os fornecedores submetidos à lei supracitada estariam seutilizando do seguinte artiffcio: no ato de aquisição de produto/serviço que exija a entrega oconsumidor poderia optar pela entrega realizada na forma preconizada peta Leil3'747/2009' Neste caso, arcariam com os ônus do frete. Todavia, se acaso preferissem aentrega gratuita (modalidade de entrega amplamente praticada antes da Lei 13.747/2009) ,esta seria realizada em desconformidade com o que é determinado pela Lei 13.747/200g, ouseja'

- a entrega gratuita seria realizada em horário comercial, sem data previamente

definida para a sua realziação, exatamente o modo combatido pela citada Lei 13.747/2009.

l o. ora,gratuitamente' Ao contrário do. que supõe o Direitor de Fiscalização do procon/sp ao Íìxar

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parâmetros para a realização de entregas (antes inexistentes), a lei não criou umaoportunidade comercial' A lei não criou e tampouco pretendeu criar quarquer exceção, emuito menos um novo "nicho de mercado", representado pela demanda de entregasagendadas' As empresas submetidas à Lei Estadual 13.747/2009, pelo seu texto, devem semprerealizar as suas entregas no território paulista na forma estabelecida pelo diploma legal e o seuDecreto regulamentador, seja o frete gratuito ou seja o frete pago pelo consumidor.

l l .

' ,

contudo - conforme o se infere do contexto da reportagem anexada- para nao se submeterem às norma da Lei da Entrega as empresas passaram a cobrar ofrete dos consumidores exclusivamente no caso de se exigir o respeito à Lei Estadual13'747/2009' se o consumidor desejar, terá a entrega gratuita, mas era não será rearizadaem conformidade com a Lei da Entrega.

12' Por outro lado, em situações nas quais sequer existia lei estadualdisciplinando determirlaclo assunto, a Fundação procon jri cumpria o seu paper institucionar,inclusive invocando, por mais de vezes o artigo 4o, r do cDC, como ocorria nos casos em que oscustos de boletos bancários eram repassados aos consumidores. Nesta situação específica,mesmo antes da Lei Estadual 14'463/201 I a Fundação Procon invocava as disposições do cDCe' ainda' a Nota Técnica no' 777/2005, do DPDC, que considera abusivo o repasse de custos parao exercício de um dever imposto por lei aos fornecedores.

13. Com relação à Lei da Entrega, não obstante os fatos narrados nositens 0l ' 02' 05 e 06' percebe-se que a Fundação procon/sp, em razãodo posicionamentoinstitucional' s'm'i' não acata as reclamações/queixas de consumidores que tenham porobjeto a exigência de preço/cobrança de frete,

14' Esta situação é conhecida pela Fundação procon/Sp, mas ao relevartais fatos' o órgão público descumpre o dever instituição que lhe foi imposto pelo artigo 2o doDecreto no' 55'015/2009, e' em razão do entendimento institucional veiculado na reportagem eno ofício FPDC 311/2001., as queixas de consumidores relacionadas à utilizaçãodo artífïcio paraimpedir a exigência de cumprimento da Lei Estadual 13.747/200g não têm so acolhidas eregistradas pela Fundação Procon, o que faz com que seja prejudicada quarquer mensuraçãoquais empresas estariam descumprindo a referida Lei da Entrega. contudo,.é presumível a

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existência de dano difuso, uma vez que um número incalculávelexpostos às práticas ilegais objeto da presente Representação;

de consumidores podem estar

15' Neste ato, trago ao conhecimento de v. Su cópia da manifestaçãodo Diretor Executivo da Fundação Procon confirmando os fatos contidos na Representação, eíatificando a atuação objeto dos encaminhamentos a esta promotoria do conzumidor.

16. , junto aos autos

simulação de compras no sÍes do wallM art e Extra.com, nos quais são apontadas claramente asdiferenças das formas de entregas. outras empresas descumpridoras podem eventualmente serinformadas pelo próprio pRocoN, órgão fiscalizador da lei.

17 . Por último, informo à v. Su que os esclarecimentos são prestados

. .u*/

nesta data pois o recebimento, de fato, da Notificação 1243/ll somente ocorreu em22/0g p.ptendo em vista a sua recepção não se deu em mãos do representante.

São Paulo,29 de agos'ïo de 201l.

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Eduardo Figuòrffi de OliveiraÌ,'.f

oAB/Sf P?t.607I