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Leitura e conhecimento no espaço da biblioteca escolar Ana Paula Cecato de Oliveira Mestranda em Letras/UNIRITTER [email protected]

Leitura e conhecimento no espaço da biblioteca escolar

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Leitura e conhecimento no

espaço da biblioteca escolar

Ana Paula Cecato de OliveiraMestranda em Letras/UNIRITTER

[email protected]

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Considerações a partir de PRIETO (1999):

• As narrativas constituem uma das formas de pensar o mundo.

• Todos nós nascemos imersos numa trama de narrativas. Algumas delas, dada sua influência sobre nosso imaginário, parecem que nos possuem. Elas condicionam nosso modo de ver a vida, de tomar decisões, de resolver os problemas afetivos...

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• Estas narrativas formam o repertório que as crianças trazem à escola e deve ser considerado pelo mediador de leitura.

• As histórias são materiais de grande carga afetiva. Por exemplo, todos nós nos tornamos mediadores de leitura porque, de alguma forma, o espaço da biblioteca é presente em nossa memória afetiva.

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“Mar de histórias” é a expressão que se usava em sânscrito para se referir ao universo das narrativas. Ao transitar por essas rotas imaginárias, é sempre bom ter em mente a metáfora do mar. Ou seja, é preciso ter um caminho, é preciso manter o leme

firme, mas é também necessária a consciência de que se navega em águas que ora podem ser muito

tranquilas, ora podem se transformar em verdadeiros maremotos.

Esta é a aventura literária da qual fazem parte o mestre e seus alunos: é preciso coragem para

trafegar por mundos imaginários; porém, as viagens serão sempre cheias de descobertas.

Heloisa Prieto, em Quer ouvir uma história?

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 Mnemosine ou Mnemósine (em grego Mνημοσύνη,

pronounciado /mnɛːmosýːnɛː/) era uma das Titânides, filha de Urano e Gaia e a deusa que personificava a Memória. Ela é a mãe de todas as criações, com Zeus teve as Nove Musas:Calíope (Poesia Épica) Clio (Historia) Érato (Poesia Romântica) Euterpe (Música) Melpômene (Tragédia) Polímnia (Hinos) Terpsícore (Dança) Tália (Comédia) Urânia (Astronomia) Era aquela que preserva do esquecimento. Seria a divindade da enumeração vivificadora frente aos perigos da infinitude, frente aos perigos do esquecimento que na cosmogonia grega aparece como um rio, o Lete, um rio a cruzar a morada dos mortos (o de "letal" esquecimento), o Tártaro, e

de onde "as almas bebiam sua água quando estavam prestes a reencarnarem-se, e por isso esqueciam

sua existência anterior".

Mnemosyne, por Dante Gabriel Rossetti, 1828-1882, pintor e poeta inglês.

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A memória é o essencial, visto que a literatura está feita de sonhos e

os sonhos fazem-se combinando

recordações. Jorge Luis Borges

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• Quando alguém conta uma história, desperta a memória do outro, e assim começa uma roda de histórias.

• O homem faz uma pergunta ao mundo. Deseja compreender o universo como um todo, mas também quer conhecer os pormenores da vida. O homem coloca-se diante do mundo e o interroga, pedindo que lhe revele seus fenômenos. Recebe então uma resposta: palavras que vêm ao encontro das suas. Por pergunta e resposta, temos a formação da narrativa mitológica. (PRIETO, 1999)

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• A relação de significação com a linguagem na infância acontece por e com imagens, que remetem a um mundo sensível e mítico.

• A criança percebe o mundo através das imagens e de sua ludicidade.

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FALCÃO, Adriana. Ilust. MASSARANI, Mariana. Mania de explicação. São

Paulo: Salamandra, 2001.

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Tirinha da Mafalda, de Quino

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• Assim sendo, não se trata de somente conhecer a realidade social da comunidade onde trabalhamos, mas também conhecermos o modo como nossos leitores se relacionam com a linguagem.

• Em algumas comunidades, por exemplo, onde a leitura e de escrita pouco integram suas práticas cotidianas, gêneros que envolvam a imagem (quadrinhos, livros de imagem, de música) podem ser a “porta de entrada” para a constituição dos acervos de seus leitores.

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• Oportunizar eventos de letramento (práticas que precisam da escrita para serem significadas) na biblioteca colaboram para a construção do valor simbólico da leitura no imaginário da comunidade escolar.

• Envolver a comunidade nestes eventos (experiências como o Programa de Leitura Adote um Escritor).

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A partir da proposta de Britto (2009), perguntamo-nos:

LEITURA gera CONHECIMENTO ou

CONHECIMENTO gera LEITURA?

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• Não se trata de dizer que a leitura não proporciona conhecimento ao leitor, mas que o conhecimento (no étimo da palavra latina, saber a ação) só pode ser aperfeiçoado através da leitura. Dessa forma, abarcamos o repertório de conhecimentos prévios que o sujeito traz consigo ao ler (no étimo da palavra, colher o que está escrito).

• Nesse sentido, a biblioteca pode se tornar um espaço de estudo e acesso ao conhecimento elaborado pela tradição ocidental.

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A função da arteDiego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim

alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

- Me ajuda a olhar!

GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. - 9. ed. - Porto. Alegre: L&PM, 2002.

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O que é um bom livro infantil?

• Antes de tudo, deve considerar o repertório, o interesse e o propósito do leitor;

• Como mediadores, o texto deve aproximar o leitor do prazer estético e propor “uma educação do olhar”;

• Deve permitir ao leitor a construção de sentidos a partir da leitura;

• O essencial é que as produções cativem com o recurso à fantasia, por seu caráter mágico, pela valorização das sensações e emoções que os transporta para o mundo da imaginação, edificado pelas imagens e símbolos do texto literário. (MARTHA, 2011, p.50)

• O livro inserir-se num campo de produção cultural para a criança.

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O livro infantil como objeto cultural*

• Elementos externos ao texto verbal (capa, contracapa, orelhas, paratextos, informações contextualizantes dos autores, fonte, papel, ilustrações, projeto gráfico);

• Elementos internos (estruturais como foco narrativo, verossimilhança, linguagem, caráter de experimentação, intertextualidade, relação com outras lggs, rompimento de clichês e modelos, ambiguidade e pluralidade de significação da lggm literária, adequação do discurso das personagens a variáveis como tempo e espaço no mundo narrado).

• Jogo de sentidos – diálogo entre palavras e imagens – Literatura Infantil é um gênero híbrido.

*De acordo com MARTHA, 2011, p.49-53)

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Sugestões de trabalho na biblioteca escolar

• Com políticas de distribuição de livros para as bibliotecas escolares, o grande desafio do mediador de leitura é encontrar estratégias de trabalho com estas obras.

• Para isso, propomos algumas sugestões de trabalho, que, naturalmente, serão adequadas à realidade local da comunidade escolar.

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• O mediador deve ser um atento observador da realidade em que está inserido (conhecer o repertório cultural da comunidade, se participam de eventos de letramento, observar de que forma se expressam, quais temas lhes interessam) e um bom conhecedor de obras clássicas e contemporâneas de LI (o caminho pode ser o acervo disponibilizado pelo PNBE às bibliotecas escolares, a participação em eventos como seminários na Feira do Livro, acesso a sites sobre o gênero, onde podem ser encontradas resenhas dos livros...)

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• É preciso que a leitura e a escrita sejam entendidas como práticas que são significadas a partir das produções dos sujeitos envolvidos.

• Trabalhos interdisciplinares, contemplando os níveis de expressão oral, visual e escrito.

• Contextualização da obra lida.

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• Encarregar as turmas para produzirem material para exposição na biblioteca (experiência Dia do Livro).

• Investir em práticas de linguagem artística (verbal, visual, corporal).

• A biblioteca é o coração das nossas escolas, espaço de todos os membros da comunidade escolar!

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A convenção da maioria das escolas tem sido a de tratar a arte da narrativa – as canções, o drama, a ficção, o teatro, seja lá o que for – mais como uma “decoração” do que como uma necessidade, como algo que tenha que enfeitar o lazer, ou, às

vezes, até como moralmente exemplar. Apesar disso, formulamos os relatos de nossas origens culturais e

das crenças que nos são mais caras sob a forma de

histórias, e não apenas o “conteúdo” dessas histórias nos atrai,

mas seu artifício narrativo. (BRUNER, 2001, p. 171 apud CORSO, 2011 p.21).

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Alguns sites sobre LI:• Dobras da Leitura:

http://www.dobrasdaleitura.com/index.html• Memórias da LIJ:• http://www.museudapessoa.net/mdl/

memoriasDaLiteratura/• Mundo da Leitura:• http://mundodaleitura.upf.br/novo/index.php• O livro infantil:• http://olivroinfantil.blogspot.com.br/• Revista Tigre Albino (poesia infantil)• http://www.tigrealbino.com.br/• http://programasdeleitura.blogspot.com

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Referências• CORSO, Diana & Mario. A psicanálise na Terra do Nunca:

ensaios sobre a fantasia. Porto alegre: Penso, 2011. • MARINHO, Jorge Miguel. A convite das palavras:

motivações para ler, escrever e criar. São Paulo: Biruta, 2009.

• OLIVEIRA, Ieda de. O que é qualidade em Literatura Infantil e Juvenil – com a palavra o educador. São Paulo: DCL, 2011.

• PRIETO, Heloisa. Quer ouvir uma história? Lendas e mitos no mundo da criança. Campinas: Angra, 1999.

• RAMOS, Flávia Brochetto & NEVES, Nathalie Vieira. Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador em formação. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1806-58212009000300020&script=sci_arttext. Acesso em 30 abr 2012.

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Livros Infantis:

BRENMAN, Ilan. MORICONI, Renato. (Ilust.) O Alvo. São Paulo: Ática, 2011.

VASSALLO, Márcio. TERRA, Ana. (Ilust.) A professora encantadora. BH: Abacatte, 2010.

FALCÃO, Adriana. MASSARANI, Mariana. Mania de explicação. São Paulo: Moderna, 2011.

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“Entrar em uma biblioteca é entrar em uma viagem que pode

mudar a vida.”

Alberto Manguel, escritor argentino, autor de muitas obras, dentre elas Uma história da leitura (Cia das Letras, 1997)