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II JORNADA DISCENTE DO PPHPBC (CPDOC/FGV) INTELECTUAIS E PODER Simpósio 3 | Política e cidadania Leituras brasileiras sobre a Nova Ordem Internacional (1989-1991) Andrea Ribeiro Resumo: Essa comunicação tem por objetivo apresentar meu projeto de dissertação, de mesmo título, que busca levantar e analisar as leituras produzidas pela comunidade de política externa brasileira sobre o contexto histórico do fim da Guerra Fria e da redemocratização brasileira, assim como sobre o lugar do Brasil na Nova Ordem Internacional com base no uso de fontes primárias. As várias mudanças históricas e sociais que tiveram lugar nos anos 90: fim da Guerra Fria; a reestruturação da economia global; a redemocratização dos países latino- americanos e a emergência de novos atores (estatais e não estatais) e de novos temas (meio- ambiente, terrorismo, narcotráfico) nas relações internacionais; tiveram impacto sobre as políticas externas dos países periféricos, que passaram por um processo de atualização. O que mudou (se mudou) na maneira como os personagens escolhidos entendiam o mundo e o Brasil? Essa é a questão que se pretende responder. Palavras-chave: Comunidade de Política Externa, Ideias, Fim da Guerra Fria **** 1) Introdução: O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais do meu projeto de dissertação sobre as principais leituras do sistema internacional produzidas pela comunidade de política externa brasileira acerca do final da Guerra Fria. Trata-se de um estudo que recorre a fontes primárias (documentos textuais e depoimentos de história oral) e secundárias de modo a construir um quadro intelectual que possibilite caracterizar as principais visões Mestranda do PPHPBC/CPDOC/FGV

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II JORNADA DISCENTE DO PPHPBC (CPDOC/FGV)

INTELECTUAIS E PODER

Simpósio 3 | Política e cidadania

Leituras brasileiras sobre a Nova Ordem Internacional (1989-1991)

Andrea Ribeiro

Resumo: Essa comunicação tem por objetivo apresentar meu projeto de dissertação, de mesmo título, que busca levantar e analisar as leituras produzidas pela comunidade de política externa brasileira sobre o contexto histórico do fim da Guerra Fria e da redemocratização brasileira, assim como sobre o lugar do Brasil na Nova Ordem Internacional com base no uso de fontes primárias. As várias mudanças históricas e sociais que tiveram lugar nos anos 90: fim da Guerra Fria; a reestruturação da economia global; a redemocratização dos países latino-americanos e a emergência de novos atores (estatais e não estatais) e de novos temas (meio-ambiente, terrorismo, narcotráfico) nas relações internacionais; tiveram impacto sobre as políticas externas dos países periféricos, que passaram por um processo de atualização. O que mudou (se mudou) na maneira como os personagens escolhidos entendiam o mundo e o Brasil? Essa é a questão que se pretende responder.

Palavras-chave: Comunidade de Política Externa, Ideias, Fim da Guerra Fria

****

1) Introdução:

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais do meu projeto de

dissertação sobre as principais leituras do sistema internacional produzidas pela comunidade

de política externa brasileira acerca do final da Guerra Fria. Trata-se de um estudo que recorre

a fontes primárias (documentos textuais e depoimentos de história oral) e secundárias de

modo a construir um quadro intelectual que possibilite caracterizar as principais visões Mestranda do PPHPBC/CPDOC/FGV

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brasileiras sobre as causas, conseqüências e mesmo as oportunidades que surgiram a partir das

transformações no sistema internacional e na sociedade brasileira que coincidem no tempo

com a queda do Muro de Berlim e o fim da bipolaridade. O exame das leituras desta

comunidade é fundamental para entendermos como os principais pensadores da inserção

internacional do Brasil perceberam as transformações globais e as relacionaram com os

processos de transformação internos que ocorreram no Brasil.

A década de 1990 foi um período marcado por grandes transformações na política

internacional. O fim da Guerra Fria e o reordenamento do sistema internacional; a

reestruturação da economia global; a redemocratização dos países latino-americanos e a

emergência de novos atores (estatais e não estatais) e novos temas (meio-ambiente,

terrorismo, narcotráfico) nas relações internacionais são algumas dessas mudanças. Nesse

contexto, as políticas externas dos países periféricos passaram por um processo de atualização

para dar conta dessas transformações. De fato, muitos autores (Cervo, 2001, 2005; Lima,

2005; Hurrell, 2001; Pinheiro, 2001; Spektor, 2010; dentre outros) destacam a maior

participação dos países periféricos, em especial a do Brasil, no cenário internacional existente

no limiar do século XXI.

O processo de redemocratização e a realização das primeiras eleições diretas depois de

20 anos de regime militar davam o tom dos debates, no Brasil, travados pelos atores

nacionais. Com a eleição, em 1989, de Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução

Nacional, que venceu o candidato Luis Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores,

foram colocadas em marcha reformas de caráter político-econômico cujo objetivo era tornar o

Estado eficiente e retomar o rumo do desenvolvimento econômico com o abandono do

tradicional modelo desenvolvimentista. Diante de uma crise inflacionária sem precedentes, as

metas propostas visavam garantir a transferência de tecnologias de ponta e o investimento de

capital estrangeiro para a modernização industrial, a partir da institucionalização de uma

política de comércio exterior e de uma política industrial voltada para a reformulação do

modelo de substituição de importações, que incluía a privatização de empresas estatais e a

renegociação da dívida externa com credores internacionais (Vieira, 2001). Além disso, o

programa de governo incluía a normalização das relações internacionais do Brasil, com a

adesão aos principais tratados internacionais, que envolviam os direitos humanos e a

transferência de tecnologias sensíveis.

Ao longo desses 20 anos, o debate sobre a conformação da ordem internacional e o

lugar do Brasil se tornou uma área fértil para pesquisa. Não apenas porque o Brasil hoje

ocupa um lugar de destaque, haja vista a discussão sobre que tipo de liderança regional pode

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ou deve ser exercida e como; mas também, por conta das fontes que começam a ser

disponibilizadas.

Nos últimos anos, novas abordagens como a de Odd Arne Westad (2005) e a de G.

John Ikenberry (2005, 2009), lançaram luzes sobre o tema da conformação da ordem. Westad

propôs que a Guerra Fria deveria ser entendida como um conflito ideológico entre dois

projetos de modernização: um liberal e outro comunista. Ele destaca um aspecto

freqüentemente esquecido ou escamoteado, o de que o próprio conceito de Terceiro Mundo

pode ser entendido como produto da Guerra Fria. Nos anos 70, a intensificação do conflito

bipolar global que se seguiu ao fim da deténte, de acordo com o autor, colocou o Terceiro

Mundo no centro dos acontecimentos históricos mundiais, e criou as condições para o fim da

Guerra Fria, com a última leva de guerras anticoloniais e a alteração irreversível da

distribuição de forças no mundo. É dessa forma que Westad explica não só as intervenções

das duas superpotências no Terceiro Mundo ao longo dos anos 70 e 80, mas também a

capacidade “adaptativa” dos países ‘terceiro-mundistas’ de construir programas de

desenvolvimento próprios nos termos dos programas, ou utilizando a linguagem, das

potências. O que é o mesmo que dizer que os países localizados fora do centro de poder do

sistema internacional atuaram e, em certa medida, construíram uma agenda internacional

própria, e não simplesmente determinada pela ingerência das superpotências. Ainda que

Westad não estenda sua análise aos países da América do Sul, pode-se pensar que também

para esses países havia um espaço de ação internacional que os permitiu desenvolver seus

projetos nacionais.

Para Ikenberry (2000) o que realmente acabou com o fim da Guerra Fria foi a

bipolaridade e a política do containment direcionada para a União Soviética e o seu projeto

comunista. Mais importante foi o que permaneceu: a ordem liberal calcada na

institucionalização das normas internacionais que nasce com o fim da Segunda Guerra

Mundial. Para o autor, o modo particular como os Estados Unidos exerceram sua hegemonia,

através do comprometimento próprio e da capacidade de comprometer outros Estados em

instituições compartilhadas - como a ONU, a OTAN, o GATT (que mais tarde se tornaria a

OMC), o FMI -, produziu tanto o fim pacífico da Guerra Fria quanto à ordem, profundamente

institucionalizada, do pós-Guerra Fria. A expansão do Ocidente e a manutenção da hegemonia

norte-americana dominaram as discussões sobre a conformação da Nova Ordem Internacional

empreendidas tanto por líderes políticos e seus assessores nos Estados Unidos quanto pelos

líderes políticos dos países periféricos, como o Brasil.

As transformações que se deram no período abarcado por esse trabalho (1989-1991)

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não se restringiram aos gabinetes, elas também se evidenciaram nas ruas, nas manifestações

populares por maior liberdade e melhores condições de vida ao redor do mundo, desde a

Praça da Paz Celestial, na China, passando pelos países do Leste Europeu, da América

Central, e os da América do Sul, até o Brasil. Aqui, por exemplo, em 1989, o debate

dominante girava em torno da continuidade do processo de democratização e da primeira

eleição presidencial direta, e não sobre o fim da Guerra Fria. As incertezas sobre a realização

das eleições, às críticas às políticas sociais e econômicas do governo José Sarney (além das

denúncias de corrupção) e às inúmeras greves e manifestações populares (de trabalhadores, de

sem-terra, de minorias indígenas) produziram um conturbado quadro histórico. As críticas e

crises se estenderiam pelos anos 1990 e 1991, com as medidas ortodoxas tomadas pelo

governo Collor para conter a inflação e enxugar os gastos públicos. A realização das eleições,

inclusive, não pode ser entendida como evento descolado desse contexto, pois esse "período"

histórico se concluiria apenas três anos depois com o impeachment do presidente sob intensa

pressão popular.

Não há ainda uma reflexão sistemática sobre esse período e sobre as suas implicações

para o Brasil no cenário internacional. De modo geral, e por conta das características

intrínsecas do desenvolvimento das ciências sociais (inclusive a história) no Brasil, há uma

resistência em pensar o país e sua trajetória como parte de uma narrativa histórica global. As

explicações produzidas tendem a focar no caráter específico do desenvolvimento político,

cultural e social brasileiro e nos constrangimentos externos sofridos, sem, contudo articular os

acontecimentos históricos internacionais aos nacionais. Os grandes intérpretes nacionais se

preocuparam em encontrar o que havia de específico no processo de desenvolvimento

brasileiro e identificaram as mazelas nacionais na mistura de raças (Freyre), na herança

colonial e escravista (Caio Prado, Buarque de Hollanda), no fraco sistema representativo

(Oliveira Viana) ou mesmo no processo imperfeito de formação do Estado brasileiro (Faoro).

As conexões existentes entre os problemas intrínsecos do Brasil em sua formação e outras

experiências nacionais, próximas ou distantes, serviam muito mais como exemplo do que

como componente explicativo.

2) Perguntas de Pesquisa:

A pergunta que orienta este projeto é "de que maneira a comunidade de política

externa brasileira (Ver Souza, 2009) pensou o sistema internacional entre 1989 e 1991"?

Como os indivíduos que a compõem perceberam as mudanças internas e externas e,

conseqüentemente, como as relacionaram com as oportunidades (ou falta de) surgidas para o

Brasil. O recorte de pesquisa corresponde ao período não somente das inflexões ocorridas no

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centro do poder mundial que resultaram no fim do conflito bipolar e no colapso da União

Soviética, mas também ao período em que, no Brasil, está em andamento o processo de

redemocratização (promulgação da Constituição de 1988, realização de eleições diretas,

instauração do primeiro governo democrático). O argumento principal é o de que houve não

apenas uma adaptação às injunções externas de modo a garantir a consecução de uma política

voltada ao exterior como meio de alcançar objetivos internos (como o desenvolvimento

econômico), mas que essa construção retórica muitas vezes se caracterizou como resistência

aos postulados liberais. O argumento subjacente é o de que há um conjunto de reflexões que

se ampliou no período em investigação, sobre o lugar do Brasil no mundo.

Ao compararmos as respostas de outros países de tipo médio, como o Brasil, ao

reordenamento internacional, é possível perceber as variedades de escolhas possíveis (desde o

alinhamento irrestrito argentino, até o isolamento cubano). Cervo (2005) argumenta que na

América Latina, a adoção de políticas neoliberais, nos anos 90, não encontrou paralelo em

qualquer lugar do mundo. O Chile, ainda nos anos 70, seria o país modelo para o continente.

Mais tarde, sob o impacto do período de crises econômicas, México, Venezuela, Argentina

empreenderiam reformas significativas para proceder à liberalização econômica. No Brasil,

Bresser Pereira (1992) chamou atenção para a resistência do empresariado nacional às

reformas e ao caráter restrito de aplicação dos projetos de privatização de empresas e de

abertura comercial. Se durante os anos da Guerra Fria, o Brasil pôde se industrializar e

urbanizar através de um modelo de desenvolvimento ancorado no Estado, os anos 90

representariam um empecilho à manutenção desse modelo. A reflexão sobre a centralidade do

Estado nos projetos de desenvolvimento, e a transmutação desse papel do “Estado-propulsor”

para o de “Estado-obstáculo” como entrave ao crescimento econômico, e os questionamentos

sobre a necessidade de um Estado “menor” produziram efeitos sobre o modo como se pensava

que o país “deveria estar” no mundo. O que sugere que a atual posição brasileira no sistema

internacional, seu maior ativismo nos foros multilaterais e sua aproximação com a América do

Sul não são dados naturais, determinados a priori. Mas sim frutos de opções feitas pelas elites

dirigentes baseadas em formas de pensar e entender o Brasil e o mundo que tem suas raízes

no pensamento social (político e econômico) desenvolvido ao longo da segunda metade do

século XX.

A literatura internacional de relações internacionais sugere que as ideias (entendidas

como crenças de princípio ou de causa) exercem influência sobre as ações políticas (1)

quando fornecem mapas de ação (road maps) que tornam claros os objetivos a serem

atingidos; (2) quando afetam os resultados de situações estratégicas; e (3) quando elas se

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tornam parte das instituições políticas (Goldstein e Keohane, 1993). Outra perspectiva destaca

as percepções ou leituras que fazem os tomadores de decisão sobre uma situação específica,

segundo a disponibilidade de informação e a capacidade de gerar respostas em momentos de

pressão, que podem gerar interpretações equivocadas ou imprecisas (Jervis, 1976 e 1985). As

percepções não necessariamente se traduzem em ação política, mas certamente informam essa

ação. No entanto, o trabalho com percepções sugere que estamos lidando com algo que muda

muito rapidamente no “calor dos acontecimentos” e que produz evidência nova e convincente

sobre o poder no cenário internacional (Wohlforth, 1993). Nesse sentido, as percepções estão

sempre “correndo atrás” do que parece ser a real distribuição de poder.

No Brasil, a reflexão sobre as questões internacionais era a princípio feita no interior

das agências estatais (MRE, Forças Armadas e ministérios econômicos). Antes da criação de

uma área de estudos acadêmica, os temas discutidos estavam intrinsecamente relacionados

com a construção da agenda de política externa. A partir dos anos 90, também como resultado

da institucionalização das relações internacionais no Brasil, desenvolveram-se estudos de

política externa amparados no arcabouço teórico da literatura racional-institucionalista, assim

como na sua crítica construtivista, para explicar as ações e motivações dos diplomatas

enquanto tomadores de decisão e o papel central exercido pelo Itamaraty na formulação e

execução de política externa (Silva, 1998). Busca-se relativizar essa posição, argumentando

que as reflexões sobre a inserção do Brasil no mundo se deram também em outras esferas,

inclusive não estatais, capitaneadas, principalmente pelos economistas. Como é possível

depreender dos depoimentos de alguns dos nossos personagens, o Itamaraty representou

muitas vezes um foco de resistência às mudanças, com setores nitidamente nacional-

protecionistas (Ver Moreira, 2000).

Além dessas considerações de cunho metodológico e teórico, o trabalho de pesquisa

envolve a organização temática das variáveis independentes, divididas em transformações

exógenas e endógenas. As transformações que não tiveram como motor a vontade do governo

constituído ou a de um grupo político nacional e que ocorreram fora das fronteiras do Estado

nacional brasileiro. Falamos da queda do Muro de Berlim, do colapso do Comunismo, do fim

da Guerra Fria e da "democratização" do sistema internacional. Busca-se formar o quadro no

qual se definiu a nova distribuição de poder mundial, com as mudanças políticas e

econômicas ocorridas na União Soviética e seus impactos, ou respingos, em outras partes do

mundo. Segundo Lafer (2005), num primeiro momento, a multiplicação dos atores políticos

internacionais foi percebida como algo positivo, que contribuiria para a construção de uma

"ordem mundial mais pacífica e cooperativa". Esse otimismo foi substituído por ceticismo

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diante da multiplicação de conflitos étnicos e religiosos que colocavam em risco a paz.

No que toca as transformações endógenas, o objetivo é identificar em que medida ou

de que maneiras as preocupações com os problemas políticos internos se relacionam com as

leituras brasileiras sobre a nova ordem internacional. Dedicamo-nos ao exame das leituras

sobre a redemocratização e seu impacto sobre a construção de um ideário de Novo Brasil, ao

papel da crise econômica e do desenvolvimento na construção de um projeto nacional. Como

dissemos anteriormente, os anos 80 se caracterizaram por crises intensas que desafiaram o

modo como era entendido o Estado brasileiro. Para tornar real o sistema político repaginado,

fundado na democracia e nas liberdades individuais, era necessário construir a crítica do

sistema anterior. Nesse sentido, coloca-se em perspectiva aquilo que Werneck Vianna (1996)

chamou de “revolução passiva”, isto é, que o ritmo das transformações políticas no Brasil não

é o dos movimentos abruptos, mas o dos movimentos suaves de recomposição das elites

dirigentes e de seus projetos de poder: as coisas mudam, mas mudam devagar. A transição do

sistema ditatorial repressivo, que vigorou formalmente entre 1964 e 1984, se deu de forma

“conservadora” e, portanto, algumas das resistências colocadas ao projeto liberalizante podem

ser localizadas naqueles setores freqüentemente identificados como representantes do

“entulho autoritário”. No entanto, a abertura política deu espaço para que setores antes

reprimidos pudessem se manifestar e era com essa efusão de vozes que o novo regime deveria

aprender a lidar. O diagnóstico de crise não se dava apenas no campo econômico – cujo

prognóstico indicava a falência do modelo nacional-desenvolvimentista -, mas atingia

também o campo político, por sua incapacidade de absorver as demandas sociais mais amplas

(melhores condições de emprego, salário, educação e saúde).

O objetivo é responder a pergunta: qual a influência ou em que medida esteve presente

a preocupação com o projeto nacional nas percepções da comunidade de política externa

brasileira? Segundo Maia (2009) o projeto nacional pode ser entendido como conceito nativo

empregado pelas elites intelectuais brasileiras que buscam formar ou modelar a identidade do

país e o senso de destino no mundo afora. Ele identifica repertórios e linguagens distintos na

modelagem do projeto nacional que contemplavam a ideia de periferia, o papel do Estado

como instrumento do desenvolvimento e conteúdos culturais da identidade brasileira. Esses

repertórios continuaram em operação mesmo depois que as condições externas haviam se

alterado. A ideia de projeto nacional está freqüentemente associada ao chamado

desenvolvimentismo nacional, programa político-econômico que se desenvolveu no Brasil a

partir dos anos 50 e que tem ligações com as teorias formuladas pela CEPAL (Comissão

Econômica para América Latina e Caribe da ONU). Nesse sentido, a resiliência do discurso

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do projeto nacional, diante da dissolução das condições materiais que deram lugar ao

desenvolvimentismo chama atenção. É essa aparente incongruência que gostaríamos de

contemplar nessa subseção.

No período analisado (1989-1991) o Brasil passou a fazer parte dos principais regimes

de direitos humanos. Em julho de 1989, ainda durante o governo Sarney, aderiu à Convenção

Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, e em setembro, à Convenção contra a Tortura

e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Em 1990, ratificou a Convenção

sobre os Direitos da Criança. Em 1992, ratificou o Pacto Internacional dos Direitos Civis e

Políticos, o Pacto Econômico dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Convenção

Americana de Direitos Humanos.

Na área do Meio-Ambiente, além de formatar um discurso ecologicamente correto –

após as seguidas críticas relativas ao ritmo acelerado do desmatamento das florestas tropicais

e às condições de trabalho dos “povos da floresta”, que culminariam com o assassinato do

líder seringueiro Chico Mendes, em 1987 – em que o Brasil demonstrava seu compromisso

com a preservação de suas reservas naturais, o país foi sede da Conferência das Nações

Unidas para o Meio-Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), ou simplesmente ECO-92,

que reuniu líderes políticos das mais variadas partes do mundo a fim de discutir o futuro do

planeta Terra e a possibilidade de conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação

do planeta.

No que toca o tema da proliferação nuclear, ainda que o país só tenha ratificado o

Tratado de Não-Proliferação Nuclear em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, o

presidente Collor, ao jogar uma pá de cal na entrada de um túnel supostamente utilizado para

testes com armas nucleares na Serra do Cachimbo (PA) em setembro de 1990 (Oliveira, 1998)

demonstrou a disposição de envidar esforços para inserir o Brasil no rol dos países pacíficos.

Nesse sentido, a criação da ABACC – Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e

Controle de Materiais Nucleares, também em 1991, como decorrência da assinatura de um

Acordo para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear entre Brasil e Argentina que

criou o Sistema Comum de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (SCCC), cuja

administração está a cargo da ABACC, pode ser enquadrada como uma das iniciativas do

presidente Collor tomadas com o objetivo de remover o “entulho autoritário” dos anos de

ditadura e que havia sido motivo de atritos diplomáticos em anos anteriores (Ver, por

exemplo, “Renato Archer: energia atômica, soberania e desenvolvimento” (2006)).

Outro ponto em que houve nítida modificação de postura é o da dívida externa. Ainda

em 1987, o presidente Sarney havia declarado a moratória aos credores internacionais diante

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da impossibilidade prática de quitar débitos (as reservas brasileiras se aproximaram do zero).

Desde então, várias foram as reuniões (e os ocupantes do Ministério da Economia – Dílson

Funaro, Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega) entre os representantes brasileiros e os dos

bancos credores internacionais e vários foram os acordos assinados. Mesmo assim, diante das

duras exigências impostas pelo FMI para liquidação da dívida (do principal e dos juros), em

julho de 1989 os pagamentos foram novamente suspensos. Nos anos seguintes, sob o marco

do Plano Brady, que previa a bonificação de 30% a 35% da dívida global, e da subseqüente

negociação das dívidas mexicana e venezuelana, o Brasil continuou a negociar de forma a

obter um abatimento maior do principal da dívida, à época estimada em 115 bilhões de

dólares (dados do Banco Central). O acordo só foi fechado em 1992, depois que Marcílio

Marques Moreira assumiu o Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, tendo ao seu

lado, como chefe da equipe negociadora brasileira, o economista Pedro Malan.

Outro ponto digno de nota é da política comercial brasileira, especialmente no que se

refere à política de informática brasileira e às negociações sobre patentes. Ainda durante o

governo Reagan, as relações do Brasil com os Estados Unidos foram marcadas por disputas

comerciais que envolviam o setor de informática e o de patentes farmacêuticas. Quanto ao

problema da informática, a disputa girava em torno da reserva de mercado brasileira. O

governo Reagan abriu, em 1985, investigações com base na Seção 301 da Lei de Comércio

norte-americana por conta da aplicação da Lei de Reserva de Mercado brasileira que estaria

prejudicando as indústrias de software americanas, ao não garantir o uso desses softwares com

base em um sistema apropriado de proteção ao copyright, além da existência de uma lista de

produtos cuja importação era restrita e da imposição de barreiras aos investimentos

americanos no setor de informática (ver Moreira, 2000). As investigações prolongaram-se por

quatro anos, sem contudo implicar na aplicação de sanções comerciais contra o Brasil.

Diferente foi o caso do contencioso farmacêutico que, em 1987, com base também na Seção

301, teve início, sob as alegações de que o Código de Propriedade Industrial brasileiro, por

não contemplar a concessão de patentes para fármacos e produtos de química fina,

representaria uma ameaça à indústria farmacêutica norte-americana. O resultado dessas

investigações foi a imposição, em 1988, de uma sobretaxa de 100% sobre as importações de

produtos norte-americanos (papel, eletrônicos e química fina). Em resposta, o Brasil recorreu

aos mecanismos de solução de controvérsias do GATT solicitando o estabelecimento de um

painel, através do representante brasileiro Rubens Ricupero, alegando que as sanções

superariam os prejuízos causados às exportações brasileiras e que o Código de Proteção

Industrial brasileiro estaria de acordo com a Convenção de Paris de 1883. Em junho de 1990,

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o governo brasileiro anunciou sua intenção de submeter ao Congresso projeto de lei sobre

propriedade intelectual. Mas o Código só seria aprovado em 1995, no governo Fernando

Henrique Cardoso.

3) Tipologia das Fontes de Pesquisa:

Para responder a essas perguntas, utilizar-se-á da análise de fontes primárias

(documentos textuais e depoimentos de história oral) e secundárias (artigos e discursos, assim

como bibliografia relacionada ao tema) disponíveis.

Nesse sentido, é necessário fazer referência à limitação das fontes disponíveis. Nos

arquivos do Itamaraty as fontes produzidas entre os anos 1989 e 1992 não estão acessíveis ao

pesquisador, uma vez que a legislação (Decreto nº4553, de 27 de dezembro de 2002) vigente

impõe um prazo máximo de 30 anos para liberação de documentos considerados sigilosos.

Uma tentativa de abertura da documentação relacionada à política externa brasileira

tem sido feita pelo CPDOC/FGV. Uma série de documentos textuais e de depoimentos de

história oral vem sendo, paulatinamente, disponibilizados nas bases Accessus e de História

Oral na página do referido centro. Destacam-se as entrevistas feitas no âmbito do Projeto Luiz

Felipe Lampreia (2008), com alguns dos principais formuladores políticos do governo

Fernando Henrique Cardoso (1995-2001), como Gelson Fonseca Junior, José Botafogo

Gonçalves, Sebastião do Rego Barros e o próprio Luiz Felipe Lampreia. Além desses

depoimentos, há também os de Celso Lafer (1993) e Celso Amorim (1997). E os documentos

textuais dos Arquivos Marcílio Marques, Luiz Felipe Lampreia, Rubens Barbosa e George

Maciel depositados na instituição.

Outras possibilidades podem se abrir para a pesquisa nos arquivos norte-americanos.

Na página virtual da Library of Congress, por exemplo, já se pode encontrar depoimentos de

diplomatas norte-americanos, inclusive alguns que serviram no Brasil como Richard Melton

(embaixador entre 1989 e 1993) e Harry Shlaudeman (embaixador entre 1983 e 1989), na The

Foreign Affairs Oral History Collection of the Association for Diplomatic Studies and

Training.

As fontes de tipo periódicos (revistas e jornais) abarcam entrevistas concedidas a

Revista Veja (páginas amarelas) e artigos publicados em jornais (Valor Econômico, O Globo,

Folha de São Paulo) ou em revistas especializadas (Contexto Internacional, Revista Brasileira

de Política Internacional e Lua Nova). Uma lista preliminar desse tipo de fontes foi gerada, no

entanto, a análise ainda está por ser feita.

O critério de seleção dos atores se pautou pela participação e o envolvimento em

debates de questões internacionais. Por isso, selecionamos aqueles pertencentes à comunidade

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de política externa brasileira. Nesse sentido, é importante ter em mente que os sujeitos

analisados são todos homens que pertenciam ao ou gravitavam em torno do Itamaraty e que,

de alguma forma travaram contato com a Política Externa Independente (PEI) dos governos

de Jânio Quadros e João Goulart, que tinha um cunho mais nacionalista e independentista. E,

mais importante, são esses os homens responsáveis pela condução da política externa nos

anos 90 - Celso Amorim, Celso Lafer, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Rezek, José

Botafogo Gonçalves, Luiz Felipe Lampreia, Marcílio Marques Moreira, Marcos Castrioto

Azambuja, Paulo Tarso Flecha de Lima, Rubens Ricupero, Samuel Pinheiro Guimarães,

Sebastião do Rego Barros, etc. Mesmo assim, esses homens tinham interpretações distintas,

senão conflitantes dos eventos que se desenrolaram nos anos 90 e sobre como o Brasil deveria

reagir aos mesmos.

A análise desses textos leva em consideração a crítica de Skinner (1972, 1996) ao

método textualista, que ao tentar capturar a mentalité concentra sua atenção “naqueles que

debateram os problemas da vida política num nível de abstração e inteligência que nenhum de

seus contemporâneos terá alcançado” (p.12). Concentrar-se apenas nas informações contidas

no texto e ignorar as intenções e motivos por trás da escrita do texto, as informações

biográficas e históricas que envolvem a produção textual seria uma “falácia romântica”

(1972:397). Daí a importância de contextualizar, inserir esses textos no “contexto ideológico

adequado” (p.13) para construirmos uma imagem mais precisa de como o pensamento

político, em todas as suas formas, efetivamente procedeu no passado.

Dito isto, a próxima etapa do desenvolvimento deste projeto constituir-se-á da seleção

e análise das fontes levantadas e da análise da bibliografia secundária disponível.

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