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Historiografia do Desenho Arqueolgicoenquanto tcnica aplicada ArqueologiaManuel Lemos*

RESUMO O Desenho Arqueolgico, enquanto tcnica aplicada Arqueologia, do ponto de vista historiogrfico, est ligado historiografia do prprio desenho, bem como da Arqueologia. O presente trabalho pretende fazer uma abordagem simples desde suas origens pr-cientficas ao longo da Histria at hoje, ilustrando a sua evoluo.

ABSTRACT Archeological drawing, from an historiographic point of view as an Archeological technique, is tightly bound to the history of drawing as well as to the history of the Archeology itself. This work intends to make a simple approach to it pre-Scientifics origins until today, illustrated with some examples.

AGRADECIMENTOS O presente trabalho dificilmente teria sido feito nestes parmetros sem a ajuda preciosa dos meus amigos: Pedro Mendes, Patrcia Jordo e Antnio Cruz, que com os seus conhecimentos e pacincia me deram uma inestimvel ajuda.

NDICEIntroduo Contextualizao Histrica Origens dos diversos tipos de Desenho Arqueolgico Desenho Arqueolgico de materiais um exemplo Desenho e Arqueologia uma evoluo paralela Alguns exemplos de caractersticas no Desenho Arqueolgico de materiais Outros tipos de Desenho Arqueolgico Desenho em Arqueologia subaqutica Principais materiais de desenho Desenho Arqueolgico e Fotografia Em Concluso Bibliografia das ilustraes Bibliografia geral

* Aluno do 4 ano da Licenciatura Bietpica em Arqueologia da Paisagem do Departamento de Gesto do Territrio do Instituto Politcnico de Tomar

Historiografia do Desenho Arqueolgicoenquanto tcnica aplicada Arqueologia

INTRODUO O ser humano, se lhe for permitido, desde cedo na sua vida que contacta com o desenho: [...] o primeiro interesse por este tipo de actividade surge por volta do ano e meio de idade. Mas o verdadeiro mpeto, com garatujas mltiplas, arrojadas e seguras, no aparece antes dos dois anos. [...] (Morris, 1967), para alm de que, h muito na nossa histria, esta forma de comunicao foi eleita como forma de expresso:[...] Trata-se de um tipo de comportamento que assumiu, h milhares de anos, importncia vital para a nossa espcie, como atestam os vestgios pr-histricos de Altamira e de Lascaux. [...](Morris, 1967). Quando, exactamente, na nossa histria enquanto espcie, o teremos iniciado, incerto, mas sem dvida que ter sido ainda antes dos registos em grutas e rochas nossos conhecidos. Representar objectos, figuras ou paisagens, por meio de linhas, pontos e sombras, como forma de comunicao, pois algo que fazemos h muito. Muitas so tambm as formas, estilos e utilizaes do desenho ao longo da sua evoluo: as expresses plsticas e artsticas, e mesmo a prpria escrita [...] que um subproduto formalizado do desenho [...] (Morris, 1967). O Desenho Arqueolgico, semelhana da prpria Arqueologia, no criou totalmente as suas bases, importando muitos dos conhecimentos de que faz uso, das mais variadas reas. Essas reas vm h muito a evoluir, conforme as necessidades sentidas e meios tcnicos disposio, evoluindo da mesma forma e, consequentemente, o prprio Desenho Arqueolgico. Tomando como exemplo a associao do rigor ao desenho, embora possamos ter alguma dificuldade em assinalar com exactido no tempo quando aconteceu, podemos sem dvida alvitrar que ter surgido como necessidade premente nos trabalhos dos primeiros arquitectos das civilizaes pr-clssicas, surgindo em simultneo os conceitos de escala e medidas: as construes monumentais de povos como os Sumrios, Assrios ou Egpcios teriam necessariamente desenhos com medidas precisas, codificados, que conteriam os rudimentos do que hoje o desenho tcnico de Arquitectura; torna-se difcil imaginar o famoso autor das primeiras pirmides, Hemotep, conceber e transmitir as suas ideias e projectos sem o recurso ao desenho. Mais tarde com as civilizaes clssicas, e tomando por exemplo os romanos, essas necessidades tornaram-se evidentes com a prpria expanso do imprio, os romanos acabaram no s por melhorar e inovar as tcnicas e conceitos aplicados construo, como acabaram por ter de normalizar as regras de desenho aplicado, como bom exemplo o notvel manual criado por Vitrvio. Para alm das reas que forneceram os meios tcnicos ao Desenho Arqueolgico, ilustradas acima com o exemplo da Arquitectura, h ainda que referir outras, com cariz mais ilustrativo e didctico, como o desenho de ilustrao, o qual possivelmente ter nascido de uma qualidade que nos inerente: a de explicar a outros aquilo que conhecemos ou vimos, atravs de um simples desenho. Ao longo da nossa Histria temos mltiplos exemplos de desenhos como veculos de comunicao, mais ou menos erudita, como o desenho de um rinoceronte (executado por Drer, segundo as descries de espectadores), o livro de D. Carlos:Aves de Portugal , este ltimo filiavel no desenho cientfico, o qual conheceu um grande desenvolvimento no sculo XIX. Podemos afirmar que o Desenho Arqueolgico nasce num contexto de charneira de diferentes tipos de desenho, sendo a sua origem no obra do caso mas de uma lenta evoluo e combinao de factores sociais, polticos e de motivaes vrias, tendo evoludo com a prpria Arqueologia, a qual desde cedo o entendeu como uma das formas privilegiadas de ilustrao, divulgao e comparao de artefactos e estruturas. Relativamente a este trabalho, mais concretamente parte da contextualizao histrica, optou-se por ilustrar e exemplificar a mesma com personagens portuguesas, no por um furor nacionalista, mas por de facto serem exemplares, tanto na parte dos nossos descobrimentos, que vieram dar mundos ao mundo, como e

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sobretudo, no sculo XIX, altura em que estvamos a par e passo com o que se fazia l fora a nvel de investigao e Arqueologia, no querendo de qualquer forma explorar em demasia a verte poltica nacional e o respectivo contexto internacional, sobejamente importantes para o desenrolar dos acontecimentos. Uma outra razo prende-se naturalmente com os conhecimentos adquiridos ao longo deste ano, noutras disciplinas, com o gosto pelos aventureiros portugueses destas pocas, e por fim, com a bibliografia disponvel. Tambm da opinio do aluno, que os seguintes exemplos (portugueses) so to ou mais vlidos quanto os estrangeiros, para qu falar do distinto Livingstone, se o mesmo andava perdido, sendo ajudado por portugueses para ir para bom porto?... Um outro ponto que foi focado, desta vez de uma forma mais ligeira foi o que concerne , s tcnicas e tecnologias do Desenho Arqueolgico, tema muito vasto, que foi resumido por forma a dar uma coerncia e suficiente brevidade ao trabalho, que de outra forma deixaria de ser uma historiografia para passar a ser uma monografia ou tese sobre o tema.

CONTEXTUALIZAO HISTRICA Alguns autores consideram como primeiros exemplos de Desenho Arqueolgico as imagens de alguns manuscritos da Idade Mdia, que esto ligados s lendas arturianas, relativos a monumentos megalticos. Contudo, e conforme foi exposto na introduo, o desenho em Arqueologia tem numerosas fontes, estando a sua origem ligada sobretudo paixo pelo antigo, pelo desconhecido, e naturalmente, prpria evoluo da Arqueologia. Tambm ser de referir que durante a Idade Mdia no foram feitos muitos desenhos ou registos arqueolgicos. Remontando paixo pelas civilizaes clssicas, uma das fontes que mais tarde ir dar origem ao Desenho Arqueolgico, o registo de estruturas e objectos de uma forma natural, como quem tira uma fotografia realidade que observa, de uma forma interessada mas amadora. Um dos primeiros a fazer desenhos de estruturas e monumentos antigos, foi Criaco de Pizzicolli, mercador italiano do sculo XV (1391 1452), ao longo das suas muitas viagens pelo Mediterrneo Oriental e Grcia, durante 25 anos. Por toda a Europa, os diferentes povos comeavam a necessitar de se afirmar como naes independentes, surgindo histrias fantasiosas acerca da fundao e antiguidade das mesmas, associadas a monumentos, que constituam na altura as provas fsicas do que se pretendia provar. Este furor nacionalista verifica-se pontualmente ao longo dos sculos, sendo o culminar do uso de estudos arqueolgicos para fins polticos bem ilustrado por Gustaf Kossina, na Alemanha pr-Segunda Guerra Mundial, com as suas teorias da raa superior. Esta uma das formas pelas quais surgem as primeiras investigaes sobre antiguidades Muitas vezes com apoio dos Estados, so executados estudos de uma forma . imprecisa e sumria, sem rigor cientfico, em busca das origens longnquas e nobres, ou por necessidade de afirmao patritica, como foi exemplo Portugal no sculo XVII, durante o domnio castelhano. Mas nem todos os estudos elaborados durante o sculo XVII e seguintes tm um cariz to pouco rigoroso, alis, muitos deles eram executados com o maior rigor que se conhecia na altura. Vrios so os estudiosos que, de mote prprio, com o apoio do Estado ou de uma instituio, vo fazer levantamentos de patrimnio (arqueolgico), constituindo muitas vezes os seus registos a nica prova actual da existncia de alguns monumentos, que entretanto foram destrudos. Prova disso o trabalho de inmeros interessados pelo passado, como foi o caso primeiro do humanista Andr de Resende,

Fig.1- Duarte Lopes

Fig.2- Indgena Africano

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Fig.3- Escavaes em Herculano

Fig.4- Palcio Assrio por Laiard

Fig.5- Serpa Pinto

enquadrado no movimento dos Dilitanti no sculo XVI, que estudou as antiguidades de vora, o castro da Sra. da Cola e publicou diversas inscries que estudou; Amador de Arraes, na sua obra Dialogos: Gloria e Triumpho dos Lusitanosde 1598, regista inscries originrias , de textos epigrficos, e menciona algumas runas de povoados. Do sculo XVII no existe registo de grande quantidade de desenhos de cariz arqueolgico, embora se tenham feito diversas publicaes, com o rigor e razes que j citmos; no sculo XVIII, surge-nos um ptimo exemplo, falamos de Fr. Jernimo Contador de Argote, dotado de um senso crtico maior que o dos seus antecessores, registando no s em desenho, como tambm descritivamente inmeros monumentos, como por exemplo em Panoias, perto de Vila Real, em 1732, e retomando um estudo de Antnio de Aguiar sobre as fragas de Panoias, registou fragas com inscries e pias votivas, num conjunto de estampas, conhecendo-se presentemente apenas 3 das 11 por ele estudadas. Para alm do desenho de registo de antiguidades vo-se , fazendo outro tipo de registos. Um pouco por todo o mundo surgem aventureiros e exploradores, que desenham aquilo que vem e que os impressiona. Um dos exemplos surge no sculo XVI, com o primeiro grande explorador do interior africano, Duarte Lopes, que parte em 1578 de Luanda (fundada em 1575), para o interior. O seu trabalho de registo influenciou o humanista Filippo Pigafetta, que escreveu a obra Relao do Reino do Congo e das terras circunvizinhas que sairia em 1591, com interessantes descries , zoolgicas e antropolgicas, permanecendo no tempo como a mais importante descrio de um reino africano. Na Europa, ao longo dos sculos XVII e XVIII, vo-se cruzando os interesses pela antiguidade, sendo a descoberta de Herculano e Pompeia, na primeira metade do sculo XVIII, um marco importante para o incio de uma nova fase de redescoberta do passado. Ainda durante todo o sculo XVIII vo-se formando grupos de interesse, como o caso da Sociedade de Diletantes de Londres, formada em 1734, a qual vai funcionar durante 80 anos, divulgando os seus estudos, ilustrando-os com imagens das suas descobertas e investigaes. a partir da crescente divulgao e interesse sobre as culturas antigas (interesse esse ao qual no alheia a divulgao de imagens das mesmas) que nasce a prpria Histria da Arte como um ramo separado dos estudos clssicos, sendo Johann Winckelmann (1717 11768) um dos responsveis, com a sua Histria da Arte Antiga (Geschichte der kunst des Altertums), de 1764, onde se faz a primeira diviso por perodos dos estilos escultricos de Grcia e Roma. Com o estudo das civilizaes clssicas, d-se o arranque para o aparecimento da Egiptologia e Assiriologia. Em finais do sculo XVIII quase nada se sabia acerca das civilizaes do Prximo Oriente e do Egipto. As primeiras observaes e estudos sobre o Egipto foram feitas em

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Fig.6- Carlos Ribeiro e Nery Delgado

Fig.7- Capelo e Ivens

Fig.8- Estcio da Veiga

1798 e 1799, durante a invaso do pas pelas tropas de Napoleo, o qual, para alm dos seus militares, levava uma verdadeira legio de estudiosos, entre eles desenhadores, com o propsito de registar a nova realidade. Elaborou-se uma Description de lEgipte de vrios volumes, iniciada em 1809. Foi nesta clebre campanha de Napoleo que se achou a no menos clebre Pedra de Roseta, com a qual Jean Franois Champollion decifrou os escritos do antigo Egipto. O coleccionismo por parte destes conquistadores e a mentalidade de crescente competio entre as grandes potncias nos finais do sculo XVIII e incios do sculo XIX, leva a uma atitude de saque de materiais e a uma necessidade de inventariar, catalogar, classificar e descrever, fazendo-se assim uso corrente das tcnicas de desenho. O gosto pelo antigo veio a alargar-se durante os finais do sculo XVIII e no sculo XIX, ultrapassando as fronteiras das civilizaes clssicas, iniciando-se uma crescente demanda pelo saber e conhecimento nas prprias terras europeias, como j vimos, e das possesses ultramarinas, onde existia um mundo desconhecido, cheio de mitos e lendas. De uma forma exemplar existiram aventureiros como Silva Porto, que tendo estado no Brasil, chega a Angola e, de uma forma autnoma, torna-se no primeiro a tentar uma travessia do continente Africano (concretizada em 1853), acompanhando mercadores rabes. Nesta expedio contactou com tribos indgenas, registando novidades. de destacar tambm o seu encontro com o famoso Livingstone, a quem forneceu informaes do caminho a seguir at Luanda. Ao longo do sculo XIX a revoluo industrial alastra-se por toda a Europa; com ela proporciona--se um desenvolvimento econmico e tecnolgico e um novo quadro social. Neste, destaca-se uma crescente classe mdia que protagoniza uma nova mentalidade que acredita no progresso e na cincia positivista. As inovaes tcnicas em diversos campos asseguram esta evoluo como algo de positivo, necessrio e indispensvel, a que ningum alheio e que todos querem partilhar. Surgem homens fascinados pela vaga de novas cincias, um corpo de sbios que se interessa por diversos campos do desenvolvimento Biologia, Etnologia, Antropologia, Arqueologia, Geografia, entre outros. So estes homens, seduzidos pelo desconhecido, que vamos encontrar na formao de Sociedades, que vo dinamizar actividades culturais como as expedies cientficas por mar e por terra, nomeadamente ao interior dos continentes. Por parte de Portugal, as expedies ao continente africano, numa primeira fase, at ao terceiro quartel do sculo XIX, tm um carcter comercial e aventureiro, como o caso de Silva Porto; numa segunda fase, aps a dcada de 70, tm objectivos essencialmente polticos, no contexto da corrida a frica tentando assegurar territrios. Nestas h uma , maior preocupao cientfica de registar tudo o que se apresenta aos olhos dos europeus, sejam etnias, flora, fauna, recursos mineralgicos e hidrolgicos, bem como a elaborao de mapas. neste contexto que a Sociedade de Geografia de Lisboa vai desempenhar um importante papel, na preparao e planeamento de expedies cientficas. Os homens destacados para tais empreendimentos, para alm de um esprito aventureiro, so seleccionados da elite cultural de cientistas, professores, militares, etc. Desta forma, em meados de 1877, o major Serpa Pinto parte para Benguela e renese com outros dois exploradores: Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, iniciando assim a primeira expedio cientfica no continente africano. Em Portugal continental formava-se a Comisso Geolgica e Mineira, dentro da qual se podem destacar diversos personagens, que ao cariz cientfico dos seus trabalhos, acabaram por associar a paixo pela incgnita do passado humano, executando estudos no campo da Arqueologia. Desses, destacam-se Carlos Ribeiro e Nery Delgado pela importncia e

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Fig.9- Monumento de Alcalar por Estcio da Veiga

Fig.10- Corte do Tell Hesy por Petri

pertinncia dos seus trabalhos, bem como pela presena no clebre IX Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia, em 1880, altura em que Portugal se encontra na vanguarda da Arqueologia. Um outro arquelogo que merece destaque pela qualidade e quantidade das suas publicaes Estcio da Veiga, que devido aos desenhos que executou com rigor na sua poca, nos permite hoje estudar alguns dos j desaparecidos monumentos pr-histricos em Portugal. Este facto comum maioria dos arquelogos do sculo XIX, demonstrando a importncia do registo em desenho de artefactos e estruturas para um futuro estudo. Na segunda metade do sculo XIX, com os primrdios da Arqueologia cientfica, o desenho, a par da escrita, comea a ser utilizado como mtodo de registo em contextos de escavao. Pitt-Rivers foi dos primeiros investigadores a ter a percepo da importncia do desenho, uma vez que permitia aquilo que a fotografia no possibilitava: a reconstruo esquemtica e no real do observado. O desenho em Arqueologia comeava, de facto, a tomar propores de importncia internacional: tanto na Amrica como no velho continente era usado amide, como para registar contextos geomorfolgicos e/ou objectos exumados. No incio do sculo XX, Petrie considerou que a escavao estava subordinada a dois objectivos: (...) obter a planta e informao topogrfica (...) e antiguidades transportveis (...) (Harris, 1989). De facto, o desenho foi tendo uma longa evoluo, tanto na sua vertente esttica quanto na sua vertente tcnico-cientfica. As suas preocupaes iniciais prendiam-se basicamente com a complementarizao grfica de textos, ilustrando o que era descrito. Hoje, o Desenho Arqueolgico descende no s da sua vertente ilustrativa, mas tambm de reas com maior rigor cientfico e tcnico, constituindo no s uma forma de ilustrao, mas tambm de informao.

ORIGENS DOS DIVERSOS TIPOS DE DESENHO ARQUEOLGICO Aps termos feito uma incurso pela historiografia do desenho e do Desenho Arqueolgico, podemos sem dvida afirmar que a origem do ltimo assenta em duas grandes famlias: a do desenho Tcnico e do desenho Artsticopedaggico. Da que designamos por desenho tcnico, ainda podemos subdividir em trs grandes campos: - Engenharia Geogrfica (Topografia/Cartografia) /Expresso Grfica - Desenho de Arquitectura - Engenharia Na famlia que designamos de desenho Artstico/Pedaggico, destacamos: - Ilustrao Cientfica - Desenho de Reconstituies Desta forma podemos ainda dizer que existe no apenas um tipo de Desenho Arqueolgico, mas vrios, com base nos tipos de desenho que

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lhes deram origem, ou aos quais se foram buscar ferramentas tcnicas e bases tericas: - Mapas e Cartas arqueolgicas (executadas com base em fontes pr-existentes, ex: Servios Geolgicos de Portugal, Servios Cartogrficos do Exrcito, etc.) - Plantas de Estrutura (as quais englobam desde estruturas monumentais s estruturas mais simples, como uma estrutura de combusto) - Estratigrafias -Levantamentos de Arte Pr-Histrica (sejam elas arte parietal, ao ar livre ou arte sobre blocos) -Artefactos: Lticos: Pedra polida e Pedra lascada. Cermica: Manual e a Torno. Metal: armas, objectos do quotidiano, entre outros. Arte mvel e Objectos de cariz mgico-religioso: Placas de xisto, figuras antropo e zoomrficas, objectos de adorno, entre muitos outros. Objectos em osso: desde os furadores aos arpes. Vidro: sobretudo contentores e objectos quotidianos. Materiais perecveis: em Madeira, Tecido, Pele, Fibras Vegetais, etc. Desenho de reconstituio: de contextos, estruturas e artefactos. Outros (como sejam restos faunsticos e ossos humanos)

DESENHO ARQUEOLGICO DE MATERIAIS UM EXEMPLO Um dos tipos de Desenho Arqueolgico que ilustra bem as actuais preocupaes referentes ao modo de execuo e aos objectivos de informao que pretende transmitir, o desenho de materiais: qualquer desenho de materiais arqueolgicos, que tenha por fim uma publicao, divulgao cientfica ou um registo de material exumado, ter forosamente de conter elementos essenciais e os elementos secundrios, por forma a transmitir correctamente a informao contida. Toda esta informao obedece a uma normalizao. Os elementos essenciais e secundrios que so contedo de um qualquer desenho arqueolgico de materiais, respeitam, regra geral e dependendo do material a desenhar, uma hierarquia de importncia, a qual se apresenta seguidamente: Elementos essenciais: 1 A forma do Objecto. 2 A decorao, caso possua. 3 - Elementos de normalizao como sejam as vistas do cubo de projeco (pelo mtodo americano ou europeu), os traos de continuidade, traos de ligao, seces, escala, etc. 4 Sombra, a qual nem sempre essencial, como no caso do vidro. Elementos secundrios: 5 Textura da pea, que pode no ser secundrio no caso do metal, por exemplo. 6 Cor. Estes contedos tm sido alvo de discusso entre os profissionais para tentar atingir valores de normalizao, tendo-se apenas na dcada de 70 do sculo XX iniciado o dilogo internacional sobre a questo. Por exemplo, convencionou-se que a luz projectada no

Fig.11- Litografia do ssc. XIX Cermicass

Fig.12- Prancha actual de cermicas

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objecto teria uma orientao de 45 vinda do canto superior esquerdo (o que pode no constituir regra para alguns materiais); que se faria uso da representao atravs do cubo de projeco, entre muitos outros.

DESENHO E ARQUEOLOGIA - UMA EVOLUO PARALELAFig.13- Litografia sc. XIX Lticos

Fig.15 Litografia do sc. XIX Metais

Fig.17 Litografia sc. XIX Restos sseos

Como j foi referido anteriormente, o Desenho Arqueolgico evoluiu de uma forma paralela prpria Arqueologia, em especial quando esta se tornou mais cientfica. Tomemos, novamente, o exemplo do desenho de materiais: este sem dvida que sofreu uma grande evoluo tcnica desde o sculo XIX. Para alm das condicionantes tcnicas a que uma publicao estava sujeita, que levava passagem dos desenhos para gravuras ou litografias (o que por si s colocava o uso de fotografias de parte, devido s dificuldades tcnicas representadas), ainda no havia uma to grande conscincia cientfica, nem um conhecimento de tipologias, dataes, relaes cronolgicas e espaciais, entre tantas outras, o que de resto era natural, no s pela mentalidade da poca, mas tambm por ser o incio de um estudo que ainda hoje est a evoluir, importando-se ou inventandose tcnicas conforme se vo sentindo necessidades de conduzir os estudos por determinados caminhos. por estas razes que as litografias e gravuras do sculo XIX so caractersticas, porque de uma forma geral, o rigor de ento no se enquadra com as necessidades de hoje, como passamos a exemplificar: - Os desenhos limitavam-se a representar uma vista frontal, esquecendo outras to necessrias para uma descrio ideal de objectos. No fundo isto devia-se inexistncia de um cubo de projeco que nos proporcionasse todas as vistas, ou as pertinentes para o estudo de determinado objecto. - Era por vezes usada a cor e o excesso de texturas que perturbavam o contraste necessrio para um melhor entendimento da forma e decorao (ex: cermica ). - Em muitos casos, havia ausncia total de aspectos normativos que facilitariam a comunio entre o desenhador e o leitor, isto , o desenho seria de leitura mais rpida e universal. Por exemplo: a utilizao de escala, ttulo, legenda, o uso de seces, traos de ligao e de continuidade, entre outros. - No caso das cermicas no se fazia a sua orientao e clculos de dimetro, inviabilizando reconstituies morfolgicas. - Na pedra lascada representavam a pontilhado aquilo que hoje seria feito com linhas curvas representativas da fractura concoidal, tpica deste tipo de artefactos. - Os metais que poderiam muitas vezes ter texturas, visto serem formas simples, sem grandes sombras e no decorados (com o intuito de representar eventuais concrees, dando uma ideia do

Fig.14- Prancha actual de Lticos

Fig.16 Prancha actual de Metais

Fig.18 Prancha actual com Dentes de Tubaro

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Fig.19 Enxs de pedr polida Gruta I de Senhora da Luz Rio Maior

estado de conservao), eram representados de uma forma simples, muitas vezes sem sombra. - Finalmente a prpria construco das pranchas era deficiente na medida em que no obedecia a critrios tipolgicos mais precisos (ex: ossos juntamente com artefactos de osso) e havia uma visvel sobrelotao das pranchas, o que inviabiliza uma leitura rpida e acessvel (facto a que provavelmente no seria alheio o custo das mesmas problema que ainda hoje se sente, em muitas publicaes). Este tipo de desenho, embora no tenha prosseguido em Arqueologia, excepto em raros casos, acabou por evoluir tambm para os desenhos cientfico e de ilustrao.NOTA: Muitos dos aspectos aqui referidos so ainda hoje esquecidos pelos desenhadores e investigadores pelo facto de, ao contrrio de outro tipos de desenhos, em Arqueologia a necessidade de normalizao ainda no ser consensual.Fig.20 Alabaarda e Punhal - Gruta IIb Senhora da Luz Rio Maior

ALGUNS EXEMPLOS DE CARACTERSTICAS NO DESENHO ARQUEOLGICO DE MATERIAIS De uma forma rpida, podemos ainda falar de mais exemplos de caractersticas actuais do desenho de materiai, tendo em conta que elas so muito mais vastas do que as apresentadas, e que, como se diz em Conservao e Restauro cada caso um caso: os lticos - a evoluo do desenho deste tipo de artefactos, para alm das acima citadas, prende-se em muito com a necessidade de entendimento global e imediato por parte dos investigadores, tendo-se criado normas para representar diferentes tipos de pedra em que os objectos so executados, por exemplo (e abreviando muitssimo), comparando as diferentes texturas usadas: para a pedra polida, temos pontilhado criando o volume das peas atravs do efeito de sombra, ao passo que para a pedra lascada (no caso do slex), as linhas so curvas sugerindo no s a fractura concoidal da matria prima mas tambm o volume, expresso atravs do tamanho, orientao, espessura e espao entre as linhas; os metais - em particular nas armas: respeitando a prioridade de importncia, privilegia-se a forma dos objectos, seguidamente a sombra, feita normalmente com a tcnica de degrads a pontilhado. Contudo, em peas prximas da bidimensionalidade, torna-se difcil representar a sombra, neste caso a sombra suavizada e representam-se as concrees existentes, dando uma melhor noo do volume das peas e a ideia do estado de conservao; a cermica a torno - esta difere da cermica manual a nvel de representao, pois prescinde da sombra, evidenciando caso exista,

Fig.21 Alabarda em cobre Algar Joo Ramos - Alcobaa

Fig.22 Pontas de seta e punhal em cobre Algar Joo Ramos, Alcobaa

Fig.23 Cerrmica Islmica, a torno, 1, 2, 3 Cantaros 4 Tampa 5 Bilha pequena

Fig.24 Fotografia de lacrimrio do sculo VI

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a decorao e assinalando as marcas de torno; objectos em vidro - tendo a incontornvel caracterstica do prprio material, que translcido, a sombra abolida deste tipo de desenho, privilegiando-se a forma e a decorao. Para alm do contorno e decorao, so representadas muitas vezes as fracturas e defeitos de fabrico. objectos em osso - caso a decorao esteja ausente, o desenho feito de maneira a privilegiar a forma/funo dos objectos, como tal so representadas as fracturas e texturas do material sseo, se o objecto tiver decorao, ela ser naturalmente privilegiada; os objectos de significado simblico - no obedecem a uma normalizao especfica, representando-se muitas vezes por forma a evidenciar determinadas caractersticas do objecto. No caso especfico das placas de xisto, dada relevncia representao da decorao, devido sua importncia. A sombra relegada para segundo plano, sendo muitas vezes ignorada ou representandose apenas a textura do material; materiais de origem animal - se for o caso de se representarem ecofactos e no artefactos, o desenho reveste-se de um cariz de ilustrao cientfica, assemelhando-se mais a um registo do real. Por vezes, mesmo nestes casos, faz-se o uso do cubo de projeco, escala, de seces e cortes das peas, adicionado-se desta forma mais informao no desenho;Fig.27 Figura femenina em cermica, com reconstituio parcial. Minas de Gav Espanha. Segundo Bosch e Estrada.

Fig.25 Desnho do mesmo lacrimrio do sculo VI

Fig.26 Prancha com furadores de osso. Gruta do Escoural - Montemor

objectos em materiais perecveis - que no os j citados, como por exemplo, artefactos em madeira, tecidos, cestaria, etc. Para estes, talvez por serem pouco vulgares, no existem regras especficas para a sua representao, no entanto o mais vulgar desenhar maneira de uma ilustrao cientfica acrescentando sempre que possvel algumas normas do Desenho Arqueolgico, como as j citadas.

Fig.28 Placa de Xisto. Gruta do Furadouro da Rocha Forte Cadaval.

OUTROS TIPOS DE DESENHO ARQUEOLGICO O Desenho Arqueolgico no se limita a objectos e artefactos, como j vimos. Seguidamente, apresentam-se alguns exemplos de outros tipos de desenho arqueolgico e algumas das respectivas caractersticas: Cartas Arqueolgicas - um dos bons exemplos de cartas arqueolgicas a do concelho do Alandroal, nela o autor socorrese das normas e conhecimentos de engenharia geogrfica e da expresso grfica, por exemplo: Partindo das fontes de cartografia

Fig.29 Restos Faunsticos, Gruta II da Senhora da Luz Rio Maior.

Fig.30 Objectos de cestaria. Gruta de los Murcilagos de Albol. Desnho de Gngora, 1868.

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nacional produzida por organismos oficiais, retira todos os elementos dispensveis do fundo do mapa deixando unicamente as curvas de nvel, rede hidrogrfica e cotas. Assim, simplificou-o fazendo destacar o contedo; utilizou uma janela quadriculada numa escala menor para que leitor localizasse melhor o contexto; correctamente fez mapas unitemticos de leitura holstica, isto , fez por cada conjunto de estaes arqueolgicas de diferentes cronologias uma carta. Com isto evitou uma sobrecarga de informao e a criao de excesso de smbolos. A apreenso de informao rpida, simples e proporciona uma leitura de conjunto; O desenho de campo - pode conter em si alguns dos elementos j descritos anteriormente, como a escala, legenda e orientao, para alm de ser uma das primeiras formas de registo, posteriormente poder vir a ser tintado (a tintagem comum, no por meras questes estticas, mas sobretudo para uma posterior reproduo; reprodues grficas que vo desde a simples fotocpia, cpia heliogrfica e serigrafia para publicao, entre outras); Desenho de cortes - tm muitas vezes uma janela da localizao de onde foi feito o corte, contendo ainda elementos como a altimetria e escala, estando associados com as plantas gerais, que por sua vez tm assinalados os cortes efectuados, cotas, orientao, quadrcula e escala. Os desenhos de perfis estratigrficos - proporcionam-nos uma leitura seleccionada e simplificada da realidade, permitindo uma visualizao imediata dos diferentes contextos estratigrficos, contendo normalmente escala, legenda, altimetria; Levantamento de gravuras e de arte parietal - neste casos, o destaque dado decorao, uma vez que ela o objecto de estudo, e no a forma ou material sobre a qual est, pois a cor, textura e o prprio volume da rocha dificulta a leitura das imagens representadas. So usadas vrias tcnicas para o efeito, no estando este processo normalizado, pode-se dar o exemplo do decalque directo, ou a utilizao de mtodos mais complexos, com meios informatizados. O desenho de reconstituies - sendo por regra um desenho de interpretao, permite ao arquelogo exprimir as suas prprias interpretaes, sejam elas de objectos, elementos arquitectnicos, contextos, ou mesmo de paisagens e meios ambientes que enquadrem uma estao arqueolgica ou uma estrutura. Em qualquer dos casos, parte-se sempre de uma realidade material estudada para uma possibilidade mais ou menos verosmil. As reconstituies para alm de facilitarem a visualizao da tese que se pretende demonstrar, tm uma forte componente pedaggica.

Fig.32 Galeria 3, contexto funerrio, Gruta do Escoural

Fig.31- Carta Arqueolgica do Alandroal

Fig.33 e 34- Planta e corte de estruturas das termas de Tongbrica Marco de Canavezes

Fig. 34

Fig.35 Perfl estratigrfico Castro de S. Mamede - Bombarral

Fig.36 Plaqueta de calcite. Gruta de Puits Chauffaud.

Historiografia do Desenho Arqueolgicoenquanto tcnica aplicada Arqueologia

DESENHO EM ARQUEOLOGIA SUBAQUTICA A arqueologia no se limita aos meios terrestres, como tal, o Desenho Arqueolgico acompanha essa diversidade. Neste caso, em meio subaqutico, o desenho ter necessariamente de se adaptar s condies (falta de visibilidade, escassez de tempo, possibilidade de alterao das condies, estado de desequilbrio constante do desenhador, a presso a que este submetido, entre outras), transpondo o que possvel dos mtodos terrestres e arranjando novas solues conforme as necessidades e meios disponveis. Mudando de materiais de desenho, basicamente o resultado final idntico. Os objectos resultantes da recolha subaqutica so naturalmente tratados como os das escavaes terrestres, conforme j foi exposto acima. PRINCIPAIS MATERIAIS DE DESENHO Seguidamente apresenta-se uma breve lista dos principais materiais que se utilizam para desenhar no campo e em gabinete, para alm de toda a panplia de material informtico que pode ser usado como auxiliar na sua elaborao e como arquivo: Compasso; compassos de pontas curvas; paqumetro; perfilador ou pente de perfis; diedro; esquadro graduado; rgua flexvel (cobra); rgua graduada; escalmetro; lupa de mo; lapiseira; lpis de cor; canetas de tinta da china; tinta da china; X-Acto; papel milimtrico; pelcula de polister; borracha macia; plasticina; fio de prumo; fita mtrica malevel; fita mtrica de metal; metro articulado; prancheta de desenho.

Fig.37 Reconstituio do povoado do Torro Elvas. Desenho de Pedro Mendes

Fig.40- Principais materiais de desenho

Fig.38 Trabalho de Desenho Aarqueolgico subaqutico Cabo Gelinia -Turquia

DESENHO ARQUEOLGICO E FOTOGRAFIA Como forma de registo, o desenho em Arqueologia no substitui ou substituvel pela fotografia, podendo ser complementares. A principal diferena da fotografia em relao ao desenho o tipo de perspectiva, que no primeiro caso cnica ao passo que o Desenho Arqueolgico construdo a partir de uma projeco ou vista ortogonal, onde todos os pontos representados so perpendiculares em relao ao observador. De maneira diferente, a mquina fotogrfica produz imagens de realidades estruturadas segundo uma projeco cnica. Tambm, o desenho em Arqueologia constitui uma seleco consciente da realidade, de modo a evidenciar as suas caractersticas segundo o objectivo do investigador, a fotografia reproduz o que se v, de forma mais igualitria e complexa, onde o excesso de informao se torna contraproducente compreenso rpida dos objectos. O desenho facilita a compreenso do artefacto, na medida em que selecciona e hierarquiza a informao.

Fig.41 e 42 Fotografia e desenho de pintura a cor negra cabea de cavalo. Gruta do Escoural

Fig.38 Trabalho de Desenho Aarqueolgico subaqutico Cabo Gelinia -Turquia

Fig.43 e 44 Fotografia e desenho de Alabarda em cobre. Algar Joo Ramos Alcobaa. Desenho por Pedro Mendes

Tcnicas de Escavao Terrestre

EM CONCLUSO Tendo aparecido enquanto tcnica cientfica, aliado Arqueologia nos seus primrdios, o Desenho Arqueolgico tem vindo lentamente a evoluir, conforme as necessidades e conscincias de cada poca em especfico. Como forma de registo, no substitui ou substituvel por qualquer outra forma, sendo muitas vezes complementar aos registos fotogrficos e/ou escritos. Um dos fins do Desenho Arqueolgico, o de auxiliar a Arqueologia na interpretao do passado atravs do estudo dos materiais, para alm de ser uma forma de registo elegvel pelas suas caractersticas e qualidades. O desenho permite exprimir as interpretaes do arquelogo, quer de objectos, de elementos arquitectnicos, de contextos, ou mesmo de paisagens e meios ambientes que enquadrem uma estao arqueolgica ou uma estrutura. Em qualquer dos casos, parte-se sempre de uma realidade material estudada para uma possibilidade mais ou menos verosmil. Hoje em dia, com o advento da informtica, o desenho pode ser trabalhado por forma a obter efeitos mais dinmicos, servindo ainda a tecnologia como forma de potencializao e rentabilidade do prprio desenho. Por fim, h que salientar a necessidade de normalizao, com o fim de tornar o Desenho Arqueolgico mais universal. As suas bases tericas j esto lanadas, necessitando no entanto os investigadores e desenhadores de chegar a um consenso e consciencializao para a implementao e evoluo das mesmas.

Fig. 44

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