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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA Bolsista: Majú do Nascimento Silva Orientador: Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO São Luís MA 2012

LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO … · que foram arquivados no banco de dados da página ... O desdobramento da industrialização no Brasil ... integrar associadamente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

Bolsista: Majú do Nascimento Silva

Orientador: Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior

LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO

São Luís – MA

2012

____________________________________________

Majú do Nascimento Silva

____________________________________________

Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior

LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO

Relatório apresentado ao Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação

Científica – PIBIC, na Universidade

Federal do Maranhão.

São Luís – MA

2012

RESUMO

Os conflitos gerados devido à implantação de grandes projetos ou àqueles que estão em

via de implantação no Maranhão ocorrem desde a década de 1970. Período este, desde

então, marcado por uma maior incidência de organização de grupos sociais locais em

reação às consequências de grandes projetos de desenvolvimento no Maranhão. O

presente relatório visa fazer um apanhado e análise dos conflitos gerados a partir desta

data, mas focando-se no período de agosto de 2011 a julho de 2012. Leva em

consideração os conflitos socioambientais atualmente existentes entre grandes

empreendimentos e grupos sociais locais, assim como, outros conflitos socioambientais

no Maranhão. Para isso, buscamos, por meio de informações veiculadas na imprensa e

pela internet, fazer uma análise dos conflitos socioambientais, considerando o conjunto

dos sujeitos envolvidos. A metodologia empregada nesta pesquisa partiu de um plano de

trabalho para atingir o objetivo designado. Para a análise dos conflitos, coletamos

notícias veiculadas por diferentes agentes de transmissão de informações via internet

que foram arquivados no banco de dados da página eletrônica do GEDMMA adotando

como procedimentos a seleção das notícias levando em consideração à temática da

pesquisa e o registro das notícias através da inserção dos conteúdos nos seguintes

campos na página eletrônica: Regional/Microrregião; Município; Data da Notícia; Tipo

do Conflito; Fonte da Notícia; Título da Notícia; Resumo da Notícia; Notícia.

Palavras-chave: Projetos de desenvolvimentos. Grupos sociais locais. Conflitos

socioambientais.

LISTA DE SIGLAS

ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade

CIMI – Conselho Indigenista Missionário

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CPT – Comissão Pastoral da Terra

DESOC – Departamento de Sociologia e Antropologia

EA/PBA – Estudo Ambiental e Plano Básico Ambiental

EFC – Estrada de Ferro Carajás

FUNAI – Fundação Nacional do Índio

GEDMMA – Grupo de Estudo Desenvolvimento Modernidade e Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCRA – Instituto Nacional de Reforma Agrária

MOQUIBOM – Movimento Quilombola do Maranhão

MPF/MA – Ministério Público Federal do Maranhão

MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

OAB/MA – Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão

PGPP – Pós-graduação em Políticas Públicas

PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

PPGCSoc – Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais

SEMA – Secretária Estadual do Meio Ambiente

SMDB – Sociedade Maranhense de Direitos Humanos

UFMA – Universidade Federal do Maranhão

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................05

2 OBJETIVOS...............................................................................................................10

2.1 Objetivo Geral..........................................................................................................10

2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................10

3 METODOLOGIA.......................................................................................................11

4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS...................................................................12

5 RESULTADOS...........................................................................................................13

6 CONCLUSÃO.............................................................................................................27

7 REFERÊNCIAS..........................................................................................................29

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1 INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo sistematizar os trabalhos desenvolvidos

no decurso de doze meses período entre agosto de 2011 a julho de 2012, relativos à

duração da bolsa de pesquisa PIBIC/CNPq/UFMA de 2011/2012. A pesquisa foi

realizada de acordo com o plano de trabalho da bolsista que se intitula “Levantamento

de conflitos socioambientais no Maranhão”. Assim, este relatório está sendo produzido

para uma avaliação acerca do plano de trabalho que está vinculado à pesquisa Projetos

de Desenvolvimento e Conflitos Socioambientais no Maranhão desenvolvido pelo

grupo de Estudo Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA)1.

Nesse âmbito, é importante destacar que, apesar do relatório ser final, a pesquisa não se

esgota aqui. O término da bolsa não implica no encerramento da pesquisa, pois os

levantamentos realizados até o presente momento terão caráter de análise base para

futuras pesquisas realizadas no grupo de estudo.

O plano de trabalho objetiva fazer um levantamento de conflitos socioambientais

decorrentes da crescente implantação de grandes projetos de desenvolvimento no estado

do Maranhão. Nesta pesquisa, buscamos identificar os tipos de projetos de

desenvolvimento e as consequências socioambientais causadas a partir de suas

implantações.

O desdobramento da industrialização no Brasil tem como marco o período após o

golpe militar de 1964. O processo da industrialização se dá pelo modelo de

desenvolvimento concedido e implementado durante os governos ditatoriais, no sentido

de industrializar e, consequentemente, modernizar o país. Os governos ditatoriais

juntamente com empreendimentos privados, brasileiros e internacionais, objetivaram

integrar associadamente a Amazônia brasileira e, consequentemente, o Maranhão ao

plano de modernização. Com isso, o governo passou a investir na formação de

infraestrutura básica, construindo grandes hidrelétricas rodovias, ferrovias, aeroportos e

portos. Dessa forma, visava permitir com maior rapidez a ocupação econômica e

consequentemente a inserção da Amazônia na rota da modernização.

1 O GEDMMA é vinculado aos Programas de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSoc) e Políticas

Públicas (PGPP) e ao Departamento de Sociologia e Antropologia (DESOC) da Universidade Federal do

Maranhão (UFMA).

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O plano de integração da Amazônia ao processo econômico nacional

desconsiderava a existência de inúmeros povos e grupos sociais que ocupavam região,

na qual vinham reproduzindo relações sociais e culturais ao longo de sua permanência

no local.

De todo modo, grandes projetos ainda são implantados ou estão em via de

implantação em áreas onde povos e grupos sociais, situados em determinadas

localidades, dependem dos recursos naturais lá existentes, sendo a principal fonte de

sobrevivência para suas famílias, e deparam-se com as implantações de grandes

empreendimentos que os atingem e, muitas vezes, obrigam-nos a deixar seus territórios

por ocuparem lugares almejados por tais projetos. Mas, muitos deles, diante dessas

situações, se mobilizam e formam movimentos de resistência para não saírem do local,

caracterizando, como alguns autores denominam, conflitos sociais que, em algumas

vezes, se desenvolvem para conflitos ambientais. Dessa forma, podem ser

caracterizados, conforme LEITE LOPES (2004), como “conflitos socioambientais”.

Mediante tais situações, tendo em vista as diferentes concepções que são

consideradas por aqueles que compõem a sociedade em relação ao meio ambiente, esta

relação, segundo Acselrad, é derivada dessas concepções que levam os grupos sociais

em relação à natureza, a conceber sentidos distintos:

Os objetos que constituem o “ambiente” não são redutíveis a meras

quantidades de matéria e energia, pois eles são culturais e históricos: os rios

para as comunidades indígenas não apresentam o mesmo sentido que para as

empresas geradoras de hidroeletricidade; a diversidade biológica cultivada

pelos pequenos produtores não traduz a mesma lógica que a biodiversidade

valorizada pelos capitais biotecnológicos etc. (ACSELRAD, 2004, p.

07)

Diante de tal consideração, podemos perceber, explicitamente, que são os

diferentes usos do meio ambiente que se relacionam diretamente com as diferentes

concepções da relação homem e natureza. Além disso, observa-se que, dentre esses

conflitos, os grupos sociais locais lutam pela sua área de moradia por questão de

sobrevivência, pois são fundamentais para poder garantir o sustento de suas famílias. E

como o que está em questão é a natureza, ela é o cerne dos conflitos, de modo que

Acselrad considera, “assim é que no processo de sua reprodução as sociedades se

confrontem a diferentes projetos de uso e significação de seus recursos ambientais. Ou

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seja, o uso destes recursos é como sublinhava Georgescu-Roegen, sujeito a conflitos

entre distintos projetos, sentidos e fins” (ACSELRAD, 2004, p. 08). Em outras palavras,

podemos dizer que todas essas situações se configuram como um conflito ambiental.

Conforme Acselrad afirma:

Os conflitos ambientais são, portanto, aqueles envolvendo grupos sociais

com modos diferentes de apropriação, uso e significação do território, tendo

origem quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade das formas

sociais de apropriação do meio que desenvolvem ameaçadas por impactos

indesejáveis - transmitidos pelo solo, água, ar ou sistemas vivos – decorrentes

do exercício das práticas de outros grupos (ACSELRAD, 2004, p. 26).

Consoante Acserald, os conflitos ambientais gerados por disputa de “apropriação

do mundo material”, podem ser desenvolvidos tanto por controle do território, ou seja,

“pelo acesso e uso dos recursos naturais decorrente da dificuldade de se definir a

propriedade sobre os recursos” (ACSELRAD, 2004, p. 18), assim como, atrelados a

essa questão, outras práticas sociais podem causar, também, “impactos indesejáveis” ao

meio ambiente, o que gera “conflitos por distribuição de externalidade”2, isto é,

conflitos em que “o desenvolvimento de uma atividade comprometa a possibilidade de

outras práticas se manterem” (ACSELRAD, 2004, p. 25), este se daria pelos efeitos

causados pelas práticas sociais.

O processo de implantação de grandes projetos desenvolvidos pelos governos

ditatoriais, também foi pensado para a Amazônia, dentre eles, o Projeto Grande Carajás,

instalado no sudeste do estado do Pará e o oeste do Maranhão com o objetivo principal

de garantir a exploração e comercialização das gigantescas jazidas de minério de ferro

localizas na Serra de Carajás, no Pará.

O Maranhão também esteve inserido nesse plano desenvolvimentista, o que levou

o estado a implantar a infraestrutura para que pudesse ser feita a exploração e o

escoamento da produção mineral, além de outras produções, assim como os de outros

estados vizinhos. A partir do final da década de 1970, o estado do Maranhão implantou

extensa rede de estrada de rodagem, ligando o estado ao restante do país. Com essa

2 Na ciência econômica, externalidade pode ser definida como aqueles fatores que não entram no cálculo

do processo produtivo, como, por exemplo, os efluentes líquidos e gasosos de um empreendimento

industrial ou fertilizantes e herbicidas que atingem cursos d’agua em função de sua utilização na

agricultura, fazendo com que os ganhos do processo produtivo sejam mantidos privadamente, pelos

empreendedores, e seus custos ambientais sejam socializados (MARTÍNEZ ALIER, 2007).

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iniciativa desenvolvimentista outras foram implantadas, tais como: a Estrada de Ferro

Carajás (EFC), o complexo portuário de São Luís, a Hidrelétrica de Estreito e a

Termelétrica do Porto do Itaqui, entre outros.

Em decorrência dessas implantações que partiram de iniciativas governamentais e

privadas, surgiram consequências socioambientais que atingiram diretamente o modo de

vida de populações locais nas áreas envolvidas.

Com base na Constituição Federal de 1988, na legislação ambiental brasileira e na

legislação referente a direitos territoriais de quilombolas e indígenas, muitos destes

povos e grupos sociais reivindicam seus direitos, intensificando conflitos

socioambientais. Conflitos estes que, no Maranhão, se iniciam no final da década de

1970 e continuam até a atualidade. Apesar de o modelo desenvolvimentista, atualmente,

utilizar um discurso de “desenvolvimento sustentável, sustentabilidade,

responsabilidade social e ambiental”, este modelo, ainda causa impactos

socioambientais.

Considerando tais aspectos, a realização desta pesquisa objetiva fazer um

levantamento de conflitos socioambientais decorrentes da crescente implantação de

grandes projetos de desenvolvimento no estado do Maranhão. Buscamos, também,

identificar os tipos de projetos de desenvolvimento e as consequências socioambientais

causadas a partir de suas implantações. Para isso, buscamos informações veiculadas na

imprensa e pela internet. Então, de início, na introdução, apresentamos um breve

contexto histórico acerca do início da implantação dos grandes projetos no Brasil, assim

como a implantação destes no estado do Maranhão.

O presente relatório é dividido em 7 itens, no início, no item 1 apresentamos a

introdução, conforme citamos anteriormente, no item 2 apresentamos os objetivos geral

e específicos. No item 3, apresentamos a metodologia da pesquisa. No item 4,

apresentamos os procedimentos experimentais. No item 5, apresentamos os resultados

obtidos no decorrer da pesquisa. Neste item, informamos o quantitativo de notícias

coletadas na pesquisa, expomos algumas destas notícias procurando sistematizar o

conteúdo conforme foram registradas no banco de dados. Partindo dessas exposições

fizemos as análises e discussões do assunto.

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Por fim, no item 6 apresentamos a conclusão, destacamos os principais pontos

desenvolvidos na pesquisa e também algumas direções tomadas atualmente acerca da

temática. No final, no item 7 apresentamos as referências.

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2 OBJETIVOS

2. 1 Objetivo geral

Identificar, acompanhar e analisar conflitos socioambientais no Maranhão

decorrente de projetos de desenvolvimento instalados a partir do final da década de

1970 e atualmente, em vias de instalação.

2. 2 Objetivos Específicos

Aprofundar os estudos teóricos sobre: modelos e projetos de

desenvolvimento, questões socioambientais, conflitos, populações

tradicionais, legislação ambiental;

Participar da criação e alimentação permanente do banco de dados

sobre conflitos socioambientais no Maranhão do GEDMMA;

Acompanhar e registrar o noticiário sobre conflitos socioambientais

veiculado nos principais jornais publicados em São Luís, desde 2007,

para mapear os principais projetos de desenvolvimentos, mapear as

áreas de incidência e identificar os tipos dos conflitos socioambientais;

Levantar panfletos, relatórios, documentos, diagnósticos, laudos,

páginas eletrônicas produzidos pelos diferentes agentes sociais

envolvidos em conflitos socioambientais.

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3 METODOLOGIA

Para que se fizesse cumprir o objetivo designado, fez-se necessário, realizar

alguns procedimentos:

Revisão Bibliográfica;

Acompanhamento e registro do noticiário sobre conflitos

socioambientais veiculados através da internet pela impressa local,

blogs, sites etc. para levantamento e mapeamento dos principais

projetos de desenvolvimento e principais conflitos socioambientais no

Maranhão;

Levantamento e arquivamento de panfletos, relatórios, documentos,

diagnósticos, laudos produzidos pelos diferentes agentes sociais

envolvidos em conflitos socioambientais.

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4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

A pesquisa desenvolvida tem seu foco em noticiários de jornais locais e páginas

eletrônicas que tratam de questões de conflitos socioambientais no Maranhão. Para a

seleção das notícias tivemos como fonte, dentre outras, as seguintes páginas eletrônicas:

http//www.jornalpequeno.como.br

http//territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot

http://www.prma.mpf.gov.br/noticia

http://blog-do-pedrosa.blogspot.com

www.justicanostrilhos.org

www.oimparcial.com.br

http://alexandre-pinheiro.blogspot.com

http//www.itevaldo.com

www.viasdefato.gov.br

http://www.prma.mpf.gov.br/noticia

www.forumcarajas.org.br

www.imirante.globo.com

Nesta pesquisa, conforme citamos anteriormente, as notícias foram coletadas dos

jornais locais e páginas eletrônicas. A seleção das notícias foi feita de acordo com a

temática proposta pela pesquisa, ou seja, considerando as notícias que tratam de

conflitos socioambientais atualmente existentes entre grandes empreendimentos e

grupos sociais locais, assim como, outros conflitos socioambientais no Maranhão.

O procedimento de registro das notícias no banco de dados do GEDMMA foi

feito com o registro dos conteúdos nos seguintes campos na página eletrônica:

REGIONAL/MICRORREGIÃO3; MUNICÍPIO; DATA DA NOTÍCIA; TIPO DO

CONFLITO; FONTE DA NOTÍCIA; TÍTULO DA NOTÍCIA; RESUMO DA

NOTÍCIA; NOTÍCIA.

3 As definições das regiões e microrregiões do estado do Maranhão informadas neste trabalho seguem

aquelas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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5 RESULTADOS

Atendendo ao plano de trabalho, iremos analisar questões que envolvem apenas a

atualidade. Nesta pesquisa, foi observado através dos noticiários divulgados nos

jornais locais e nas páginas eletrônicas, no período investigado de Agosto de 2011 a

Julho de 2012, foram divulgadas 96 notícias que tratam de conflitos socioambientais,

sendo que algumas delas difundidas por mais de uma fonte. Na maioria destes

noticiários que tratam de conflitos socioambientais, observou-se que os mesmos são

gerados em decorrência da implantação de grandes empreendimentos e ou por

questões de apropriação de grandes latifundiários, em alguns casos, por proprietários

que cultivam a monocultura.

Nesse período, observamos também, que a população atingida, de acordo com os

noticiários, tem reivindicado com maior frequência seus direitos diante dos órgãos

públicos. Diante disso, é notório perceber a incidência do maior número de divulgação

nos principais jornais locais e pelas páginas eletrônicas que tratam acerca dessas

questões. Com isso, pressupõe-se, que essas divulgações são motivadas devido a maior

procura por parte da população atingida em reivindicar seus direitos.

Esta pesquisa, conforme informamos anteriormente, iniciou-se no mês de agosto de

2011. Mas, apesar da pesquisa ter início no referido mês não se esgota e nem se limita a

esse período, pois ao longo da pesquisa foi observado que alguns noticiários tratavam

de conflitos que vinham desde o ano de 2007, período em que diferentes

empreendimentos foram instalados ou iniciaram a instalação no Estado do Maranhão.

Além disso, os conflitos continuam ocorrendo e a pesquisa continua acontecendo. No

entanto, é importante ressaltar, embora tenhamos observado no decorrer da pesquisa que

alguns conflitos se arrastam de anos anteriores ao início da pesquisa, iremos nos focar

no período de agosto de 2011 a julho de 2012.

Outro ponto a se destacar, embora tenhamos coletadas 96 notícias divulgadas no

Maranhão, conforme citamos inicialmente, por diferentes agentes de transmissão de

informações locais como blogs, sites e jornais online, em alguns casos até da impressa

nacional, resolvemos por questões práticas para facilitar a compreensão, explicação da

pesquisa e para analisarmos e discutirmos o assunto, selecionar apenas 20 notícias,

cujos conteúdos foram sistematizados conforme registrados no banco de dados.

Ressaltamos que, embora os conflitos tenham ocorrido nas diferentes microrregiões do

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estado, não deixam de ter algumas semelhanças entre si. A seguir as notícias

selecionadas:

1- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Itapecuru, Município: Itapecuru-Mirim

Data da notícia: 23.09.11. Título da notícia: “MPF/MA: duplicação da Estrada de Ferro

Carajás em Itapecuru-Mirim está parcialmente suspensa”. Resumo da notícia: “Em

audiência de conciliação, a Justiça determinou a abertura de prazo para reavaliar os

impactos causados pelas obras nas comunidades quilombolas. Em audiência de

conciliação realizada na Justiça Federal do Maranhão, ficou decidido que a Vale terá

que limitar suas ações de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, no município de

Itapecuru-Mirim (MA). Além disto, representantes do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Fundação Cultural Palmares,

acompanhados do Ministério Público Federal no Maranhão (MPF/MA) e da Defensoria

Pública da União deverão visitar as comunidades de remanescentes quilombolas

situadas na região, e, ainda, realizar reuniões para discutir os impactos causados pelas

obras, visando a um possível acordo para resolver os problemas identificados”. Fonte

da notícia: http://www.prma.mpf.gov.br/noticia

2- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Gurupi, Município: Centro Novo, Data da

notícia: 12.10.11. Título da notícia: “MA: Minerador Canadense Jaguar que engolir

assentados de Centro Novo”. Resumo da notícia: “Parte dos assentamentos Sabiá e

Água Azul, no município de Centro Novo, estão ameaçadas de expulsão pela empresa

mineradora Jaguar e sua consorciada MCT Ltda. Mesmo detendo apenas uma licença

prévia, concedida pelo SEMA, a empresa iniciou trabalhos de prospecção no interior

dos assentamentos, onde apregoa que nada impedirá a Empresa de utilizar a área para a

exploração de ouro, uma vez que os assentados não seriam os proprietários da área”.

Fonte da notícia: http://blog-do-pedrosa.blogspot.com

3- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Chapadinha, Município: Anapurus, Data da

notícia: 24.11.11. Título da notícia: “Anapurus (MA): Suzano derruba casas e

desrespeita agricultores com aval da Justiça”. Resumo da notícia: “A poderosa

empresa Suzano Papel e Celulose, que cerca Chapadinha com promessas de milhões

em investimentos e milhares de empregos, há muito ronda outros municípios da região

deixando rastro de conflitos agrários, suspeita de dano ao meio ambiente e denúncias

de grilagem de terras, desrespeito e truculência contra trabalhadores rurais e

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comunidades tradicionais do Baixo Parnaíba”. Fonte da notícia: http://alexandre-

pinheiro.blogspot.com

4- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Chapadinha, Município: Anapurus, Data da

notícia: 30.11.11. Título da notícia: “SMDH Intervém em conflito de comunidade

contra a Suzano papel e celulose”. Resumo da notícia: “A Sociedade Maranhense de

Direitos Humanos (SMDH), através da assessoria sócio-jurídica do programa

Territórios Livres do Baixo Parnaíba Maranhense, está intervindo junto a órgãos e

instituições do sistema de Justiça em favor da comunidade de Formiga, na cidade de

Anapurus, distante 284 km da capital São Luís. No último dia 20 de novembro uma

liderança comunitária relatou o ocorrido, por telefone, à entidade: a comunidade foi

alvo do cumprimento de uma liminar de reintegração de posse de 148 hectares, em

ação possessória ajuizada pela Comercial Agrícola Paineiras, empresa de propriedade

da Suzano Papel e Celulose”. Fonte da notícia:

http//territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com

5- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Acailândia, Data da

notícia: 07.12.11. Título da notícia: “Marcha de Indignação em Açailândia-MA”.

Resumo da notícia: “Cerca de dois mil moradores do bairro de Piquiá de Baixo,

município de Açailândia/MA, irão protestar na Prefeitura e no Fórum da cidade. As

350 famílias do Piquiá saem em protesto em razão da última decisão do Tribunal de

Justiça que suspendeu provisoriamente a desapropriação do terreno escolhido para

abrigar as famílias, alegando ter na área 50 cabeças de gado”. Partes da matéria: “A

ideia é fazer uma grande marcha, pois não agüentamos mais ver nossos moradores

adoecendo e morrendo, precisamos urgentemente que o Tribunal de Justiça resolva

nosso caso e nos dê direito de uma moradia digna”. Fonte da notícia:

www.justicanostrilhos.org

6- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Acailândia, Data da

notícia: 07.12.11. Título da notícia: “MA: População prejudicada por Polo Siderúgico

interdita BR-222”. Resumo da notícia: “Moradores do bairro Piquiá de Baixo, em

Açailândia, interditaram a BR-222, que liga São Luís ao Sul do Maranhão. A

comunidade, localizada no KM (sic) 14,5 dessa rodovia, reivindica a realocação das

famílias que habitam a região para uma nova área. Segundo eles, a poluição causada

pelo Pólo Siderurgico de Açailândia (formado pelas empresas Fergumar, Gusa

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Nordeste, Pindaré, Simasa e Viena) prejudica a saúde da população. Partes da matéria:

“Estamos aqui hoje interditando essa rodovia para denunciar às autoridades de nosso

município e do estado, além da mineradora Vale, que abastece este pólo siderúrgico, a

morte de centenas de pessoas nos últimos anos por problemas pulmonares”. Fonte da

notícia: www.oimparcial.com.br

7- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Rosário, Município: Cachoeira Grande. Data da

notícia: 18.09.11. Título da notícia: “Obras da refinaria vão usar areia extraída do Rio

Munim”. Resumo da notícia: “Empresa FC Transportes - que presta serviços a

empreiteiras da refinaria que está sendo construída em Bacabeira – retira do rio 20

caçambas de areia por dia. Há mais de um mês, a empresa FC Transportes está retirando

desregradamente areia do leito do Rio Munim, no município de Cachoeira Grande (a

110 quilômetros de São Luís). A empresa, com sede em Brasília, presta serviços para

empreiteiras contratadas pela Petrobras para construir a Refinaria Premium, em

Bacabeira (cidade vizinha à capital maranhense). O destino a (sic) areia extraída do

Munim seria a etapa de edificação da refinaria, que ainda está na fase de

terraplenagem”. Fonte da noticia: http:/www.jornalpequeno.com.br

8- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Pindaré, Município: Bom Jardim. Data da notícia:

21.09.11. Título da notícia: “Índios denunciam omissão do poder público contra invasão

de madeireiros”. Resumo da notícia: “Índios Awá-Guajá, acompanhados de

missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e de representantes da

Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, no Maranhão

(OAB-MA), participaram de uma reunião no Ministério Público Federal (MPF), no

Bairro da Areinha, para denunciar a omissão dos poderes públicos, em especial a da

Fundação Nacional do Índio (Funai), em relação à ocupação ilegal feita por madeireiros

em terras demarcadas. Os quatro índios, que fazem parte da terra indígena Caru,

estiveram em São Luís. Eles já teriam sofrido violências e estariam sendo ameaçados de

morte”. Fonte da notícia: http:/www.jornalpequeno.com.br

9- LOCAL: Maranhão, Microrregião: São Luís, Município: São Luís. Data da notícia:

29.11.11. Título da notícia: “Reunião no Incra-MA tratará de regularização de terras e

violência”. Resumo da notícia: “Encontro foi definido depois da mais recente ocupação

do órgão, no fim de agosto. Representantes do governo federal e lideranças indígenas,

quilombolas, sem-terras, além de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem

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Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) vão se reunir na manhã da próxima

sexta-feira (30) em São Luís. A reunião acontecerá na sede do Instituto Nacional de

Reforma Agrária (Incra-MA), no Anil, e o objetivo do encontro é dar cumprimento ao

acordo firmado com os governos federal e estadual, que trata, entre outros assuntos, da

agilidade nos processos de regularização de terras e do combate à violência no campo”.

Fonte da notícia: http:/www.jornalpequeno.com.br

10- LOCAL: Maranhão, Microrregião: São Luís, Município: São Luís, Data da notícia:

11.10.11. Título da notícia: “Pescadores do Taim, Vila Cajueiro e Vila Maranhão

oprimidos e abusados”. Resumo da notícia: “A zona rural da ilha de São Luís é lugar de

desmando tanto quanto qualquer terra do Maranhão. Numa visita às vilas do

Taim, Cajueiro e Vila Maranhão o que se vê são terras sendo muradas e expulsão de

agricultores e pescadores de locais ocupados por eles há muitas décadas. E para surpresa

maior verifica-se a ‘onipresença’ do agronegócio e de tantas outras empresas que

abusam do meio ambiente sem sequer ouvir um ralhar maneiro da justiça ou do poder

público”. Fonte da notícia: http//territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com

11- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Açailândia, Data da

notícia: 20.01.2012. Título da notícia: “Manifestantes paralisam duplicação de ferrovia da Vale

em Açailândia”. Resumo da notícia: “Estrada de acesso ao local de obras foi ocupada.

Moradores de comunidades afetadas reclamam cumprimento de contrapartidas por parte

da mineradora. Agricultores e representantes de movimentos sociais paralisaram na

manhã de ontem (19) as obras que estão sendo realizadas pela mineradora Vale para

ampliar a capacidade da Estrada de Ferro de Carajás, no Maranhão. De acordo com

participantes da mobilização ouvidos pela Repórter Brasil, os moradores da zona rural

de Açailândia (MA), e de localidades próximas, afetados pela duplicação da ferrovia

ocuparam uma estrada vicinal que dá acesso ao canteiro de obras, impedindo a

passagem de ônibus com operários. Em nota, a Vale condenou o ato”. Fonte da notícia:

http:/www.jornalpequeno.com.br

12- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Vila Nova dos Martírios,

Data da Notícia: 10.05.2012, Título da Notícia: “MA: Suzano e Vale despejam

trabalhadores rurais ribeirinhos em Vila Nova dos Martírios”. Resumo da Notícia: “A

Comissão de Direitos Humanos e minorias da Assembleia Legislativa do Maranhão

promoveu, na cidade de Vila Nova dos Martírios, uma audiência pública para discutir a

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ameaça de despejo das famílias ribeirinhas ameaçadas pelos empreendimentos da Vale e

da Suzano”. Partes da Notícia: “Vila Nova dos Martírios vive uma situação de grave

conflito fundiário. Cerca de 60 famílias das comunidades ‘Deus Proteja’ e Cuverlândia,

posseiros das terras há mais de 30 anos estão sendo despejados injustamente. Senhor

Natal, presidente do Sindicato dos Trabalhadores rurais, afirmou que as grandes

empresas trouxeram muitos danos a população rural. ‘Eles não nos respeitaram e

expulsaram todo mundo de suas casas. Destruíram nossas plantações’, protestou”.

Fonte da notícia: www.forumcarajas.org.br

13- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Açailândia, Data da

notícia: 14.05.2012, Título da notícia: “Carajás: Rastro de destruição até em reserva

indígena”. Resumo da notícia: “A ferrovia de Carajás era a esperança nas margens da

BR-222. O sonho hoje é ir embora. AÇAILÂNDIA (MA) - Do igarapé Piquiá, à beira

da BR-222, brotam colunas gigantes de concreto. Formam quase uma fortaleza

empinada em direção ao céu, por onde locomotivas arrastam quilômetros de vagões de

minério de ferro num dos 892 km da Estrada de Ferro Carajás, operada pela Vale, que

começa em Carajás, no Pará, e vai até o Porto de Itaqui, no Maranhão, levando ,

principalmente, minério de ferro”. Partes da notícia: “Não foi o Piquiá que entrou no

polo industrial, foi o polo industrial que entrou no Piquiá. No início, quando as

empresas chegaram, a gente pensava que ia trazer muito benefício, emprego. Mas a

maioria dos empregados veio de Minas Gerais, pois diziam que aqui não tinha gente

qualificada. Depois, começou a vir o pó fino, as plantas foram queimando — conta dona

Angelita”. Fonte da notícia: www.forumcarajas.org.br

14- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Itapecuru-Mirim, Município: Pirapemas, Data

da notícia: 11.06.2012, Título da notícia: “Pirapemas(MA): Fazendeiros mandam tocar

fogo em casa de quilombola, denuncia CPT”. Resumo da notícia: “O advogado Diogo

Cabral, da Comissão Pastoral da Terra (CPT-MA), disse ao Jornal Pequeno, na manhã

de hoje (11), que novos conflitos entre fazendeiros e quilombolas voltaram a ocorrer

durante o final de semana, no município de Pirapemas (a 196 km de São Luís).

Segundo informações da Pastoral, uma casa de taipa de uma quilombola, identificada

como Francinalda, foi incendiada no sábado (9) por homens armados a mando de

fazendeiros da região. De acordo com Diogo Cabral, o crime foi um ‘recado direto’

dos fazendeiros, no intuito de intimidar os moradores do local”. Fonte da notícia:

www.jornalpequeno.com.br

19

15- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Baixada Maranhense, Município: São Vicente

Férrer, Data da notícia: 06.04.2012, Título da notícia: “Movimento quilombola do MA

bloqueia rodovia por oito horas”. Resumo da notícia: “Na quarta-feira (4), cerca de 250

quilombolas, do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), bloquearam a

MA-014, principal via de acesso à Baixada Maranhense, no quilombo do Charco, em

São Vicente Férrer. O grupo, com representantes de quase 20 comunidades

quilombolas, em protesto pela lentidão de titulação de suas terras, em repúdio à PEC

215, que objetiva transferir do Executivo para o Legislativo a competência para a

demarcação de territórios indígenas, quilombolas e outros, e em protesto contra a

ADIN 3239, Ação Direta de Inconstitucionalidade do decreto 4887/2003, que será

julgada dia 18 de abril próximo”. Fonte da notícia: www.jornalpequeno.com.br

16- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Imperatriz, Data da

notícia: 15.06.2012, Título da notícia: “Movimentos sociais denunciam impactos de

modelo de desenvolvimento no Maranhão”. Resumo da notícia: “No envio da delegação

dos movimentos sociais do Maranhão à Cúpula dos Povos, que acontece paralelamente

à Rio+20, que começou nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, diversas organizações do

campo e da cidade realizaram um protesto pelas ruas do município de Imperatriz. Nesta

quinta-feira, um conjunto de movimentos sociais, que representam Sem Terra, indígenas

e quilombolas, se mobilizou na cidade considerada como ‘portal da Amazônia’ em

defesa dos direitos humanos e do meio ambiente”. Partes da notícia: “Denunciamos o

que está acontecendo na Amazônia. É momento de debater, denunciar e demonstrar

indignação e revolta com esses grandes projetos’, disse Gilvânia, militante do MST no

Maranhão”. Fonte da notícia: www.forumcarajas.org.br

17- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Açailândia, Data da

notícia: 11.07.2012, Título da notícia: “Programa Grande Carajás: Críticas ao processo

de licenciamento da duplicação em Açailândia-MA”. Resumo da notícia: “Na noite do

dia 10 de julho será apresentado em Açailândia o projeto de expansão do Programa

Grande Carajás, que prevê a duplicação de todo o sistema mina-ferrovia-porto em

concessão à Vale. A reunião é a segunda de quatro encontros que vão ocorrer em

municípios que serão atingidos pela duplicação. Os movimentos sociais e as entidades

que estudaram o processo de licenciamento denunciam a total insuficiência dessas

reuniões. Veja em anexo o panfleto”. Partes da notícia: “Padre Dário Bossi, pároco em

Açailândia, destaca as dimensões do empreendimento: ‘O projeto de duplicação é

20

gigantesco, prevê um investimento de 40 bilhões de reais, mais de um milhão de m3 de

material de descarte, impactos em mais de 100 comunidades. Muitos já se consideram

atingidos pela cadeia de mineração e siderurgia, por conta da poluição, do barulho e

das vibrações constantes provocadas pelo trem, das mortes de pessoas e animais por

atropelamento... imagine-se o que acontecerá agora, com a duplicação!’, afirma o

padre”. Fonte da notícia: www.forumcarajas.org.br

18- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Açailândia, Data da

notícia: 27.07.2012, Título da notícia: “MA: Impactados pela mineração realizam

encontro regional em Açailândia”. Resumo da notícia: “Mais de sessenta pessoas de

muitas comunidades do corredor Carajás reúnem-se para trocar experiências e definir

estratégias. Mineração gera desenvolvimento, mineração gera progresso. Esse é o

discurso de uma das maiores empresas do mundo, a Vale S.A. Para tratar desse

assunto, acontece nessa quinta e sexta-feira o Encontro Regional dos Atingidos pela

Mineração. O evento, que reúne pessoas dos estados do Maranhão e Pará, é uma

iniciativa da Rede Justiça nos Trilhos. Esse encontro tem representação dos

Missionários Combonianos, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Sociedade

Maranhense de Direitos Humanos, Movimento sem Terra, Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de Açailândia, Centro de Estudos e Pesquisa Popular de Marabá,

entre outros”. Partes da notícia: “Entender o processo de mineração e o que significa a

duplicação da Estrada de Ferro Carajás foi a motivação para Cristiane Faustino,

representante da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, participar do encontro dos

atingidos. ‘Nós procuramos denunciar as injustiças ambientais e acreditamos que esse

modelo de desenvolvimento é desigual, afetando de forma negativa as pessoas pobres,

negras e indígenas’, relatou Cristiane, que trabalha com foco nas práticas de racismo

ambiental”. Fonte da notícia: www.forumcarajas.org.br

19- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Pindaré, Município: Zé Doca, Data da notícia:

31.07.2012, Título da notícia: “Mega mineradora põe em perigo a tribo mais

ameaçada do mundo”. Resumo da notícia: ferrovia da Vale trará morte aos Awá no

Maranhão. Os planos de uma mega mineradora de expandir uma ferrovia polémica

que já abriu partes da Amazônia brasileira para invasores, agora colocam em risco

direto a sobrevivência da tribo mais ameaçada do mundo. A empresa brasileira Vale é

proprietária da maior mina de minério de ferro do mundo e transporta seus lucrativos

21

recursos da Amazônia para o oceano Atlântico em trens de dois quilômetros de

comprimento”. Partes da Notícia: “O diretor da Survival, Stephen Corry, declarou

hoje: ‘O financiamento do Banco Mundial e da União Européia ao Projeto Carajás

levou à destruição massiva da floresta dos Awá. Agora, passados meros trinta anos e

a despeito da existência de uma ferrovia em pleno funcionamento, essa expansão

coloca a tribo e sua floresta sobre mais pressão ainda’”. Fonte da notícia:

www.forumcarajas.org.br

20- LOCAL: Maranhão, Microrregião: Imperatriz, Município: Açailândia, Data da

notícia: 31.07.2012, Título da notícia: “MA: Encontro Regional dos Atingidos pela

Mineração leva movimentos sociais às ruas de Açailândia”. Resumo da notícia: “O IV

Encontro Regional dos Atingidos pela Mineração iniciou no último dia 26 e teve

encerramento nessa sexta-feira (27) com uma manifestação pelas ruas da cidade de

Açailândia. A manifestação teve o objetivo de divulgar os assuntos debatidos durante

os dois dias de encontro. Contou com a representação de 17 comunidades que se

localizam no Corredor de Carajás e sofrem os impactos causados pela mineração”.

Partes da notícia: “O senhor Adelson, morador do bairro Piquiá de Baixo, em

Açailândia relata que mora no bairro há 25 anos”. ‘Quando eu cheguei lá não tinha

nenhuma empresa, hoje nós não enxergamos mais saúde nesse lugar, mas a Vale já

devia ter enxergado os problemas que ela causa há muito tempo’. Fonte da notícia:

www.forumcarajas.org.br

No geral, fazendo uma análise partindo desses noticiários, consideramos que

grande parte dos conflitos gerados decorre de grandes empreendimentos que visam se

instalar em áreas onde existem povoados há décadas ou séculos. Os habitantes desses

povoados, por morarem em locais que consideram de sua propriedade pelo tempo de

moradia, mas cuja posse legal normalmente é instável, são molestados para que deixem

o local por tais empreendedores. Outro problema também constatado é que, em alguns

casos os conflitos se arrastam porque povos e grupos sociais tentam manter seu modo

de vida, como terras indígenas, de quilombo ou unidades de conservação, tendo a posse

de suas terras reconhecidas legalmente, mas, mesmo assim, são desrespeitados por

empreendedores. Como, por exemplo, aqueles que vivem em áreas de preservação legal,

no caso de povos indígenas, que vivem ameaçados por invasores que buscam

desregradamente apoderarem-se de recursos madeireiros, provocando desmatamentos e

comprometendo a sobrevivência física e cultural dos povos localizados em suas terras.

22

Os indígenas localizados no Centro Maranhense sofrem com o modelo de

desenvolvimento implantado no estado desde a abertura das rodovias federais dentro de

seus territórios. A abertura das estradas facilitou a invasão de madeireiros, o que

facilitou, também, a permanência dos não indígenas nas suas terras, fazendo com que

fiquem vulneráveis a doenças e a outros infortúnios. Nesse processo

desenvolvimentista, a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes, tem se

tornado um agravante para as ações criminosas nas aldeias, tais como tráfego de drogas,

assaltos e comércio ilegal de madeira. Por conta disso, esses povos têm se mobilizado

na tentativa de reverter esse quadro, mas com a falta de assistência dos órgãos

competentes, a violência tem ocorrido com maior frequência nessas terras. De acordo

com os noticiários, a falta de controle por parte dos órgãos públicos, tem gerado uma

crescente violência dentro do território indígena, chegando a gerar mortes de índios.

Os remanescentes de Quilombos, também sofrem com os grandes

empreendimentos, como também, sofrem com o poderio dos grandes latifundiários.

Mesmo com o reconhecimento de suas terras que são protegidas por lei, como no caso

das terras indígenas, também, esses grupos sociais têm sido desrespeitados. Em alguns

noticiários tratam de conflitos gerados em decorrência do descumprimento dessas leis.

Com o descumprimento dessas leis, as notícias revelam uma realidade violenta no

Maranhão, principalmente a realidade daqueles que vivem no interior do estado. Mais

especificamente no campo (notícia 14), no Norte Maranhense, onde vivem comunidades

quilombolas localizadas no município de Pirapemas, no qual os conflitos têm ocorrido

com maior frequência entre latifundiários e os quilombolas e, que em um dos casos, se

arrasta há mais de 30 anos. Os conflitos são derivados de questões relacionadas à do

território, embora os quilombolas já tenham conseguido, por meio jurídico, a

manutenção de posse a seu favor, mas mesmo assim, são desrespeitados pelos

latifundiários. O caso se agrava em função da intolerância dos latifundiários que agem

de forma ostensiva e violenta como forma de intimidação para que os moradores

desistam de morar no local. Conforme os noticiários, há relatos de inúmeras ações

violentas, como a presença diária de “capangas” armados rondando o local onde vivem,

envenenamentos de fontes de águas, matança de animais, destruição de roças e

plantações e, um dos casos mais recentes, incêndio na casa de uma das moradoras do

local. Ademais há as inúmeras ameaças que as lideranças dessas comunidades sofrem,

ocorrendo, em alguns casos, assassinatos. O mais grave desses fatos, conforme os

23

noticiários ocorrem pela omissão do poder público fazendo com que agrave ainda mais

a situação desse povo.

Os noticiários também apontam crescente mobilização da população, dos

movimentos sociais e comunidades diretamente atingidas por tais empreendimentos,

numa luta em defesa da moradia daqueles que estão ameaçados de serem expulsos das

terras onde vivem e em defesa do meio ambiente, devido à exploração desregrada por

parte dos grandes empreendimentos que exploram os recursos naturais sem a devida

preocupação com os impactos ambientais que possam causar. Os noticiários

demonstram que as mobilizações têm ocorrido como forma de resistência aos grandes

empreendimentos, motivadas devido à grande incidência da implantação ou expansão

dos grandes projetos desenvolvimentista no estado, que afetam diretamente as

comunidades que estão próximas ou no caminho dos locais visados por tais

empreendimentos.

Como no processo de disputa por territórios entre latifundiários, quilombolas e

camponeses, conforme alguns noticiários divulgados, os conflitos resultantes da

implantação dos grandes empreendimentos que exploram minérios de ferro desde a

década de 1980, que fazem escoamento via ferroviário no Maranhão, também não estão

próximos de uma solução pacífica para as comunidades.

Nestes casos, os noticiários revelam, com o avanço do processo

desenvolvimentista, que os grandes projetos de empreendimentos instalados décadas

atrás, como a empresa mineradora Vale S. A. estão entre os grandes causadores de

conflitos socioambientais no estado. No oeste do Maranhão, a implantação desses

projetos de empreendimentos que operam com minério de ferro atingem diretamente

alguns povos e grupos sociais locais, dentre elas, indígenas e quilombolas que estão

próximas das operações desses empreendimentos.

Além das comunidades quilombolas, povos indígenas também estão sendo

afetados pelas operações de exploração de minério de ferro. O grande problema são os

impactos e violações de direitos humanos causados pela cadeia de mineração e

produção de ferro-gusa no interior do Maranhão. O povo indígena Awá-Guajá,

localizado ao Oeste Maranhense, está sendo afetado pelas operações dos grandes

empreendimentos de exploração de minério de ferro. Além das invasões nas terras

indígenas e da exploração ilegal dos recursos naturais, conforme citamos anteriormente,

24

os povos indígenas sofrem também pelo Programa Grande Carajás, um projeto de

exploração mineral desenvolvido pela empresa Vale S. A. desde o início da sua

implantação na década de 1980. Os Awá estão ameaçados de extinção, pois, devido sua

proximidade com a ferrovia da mineradora, a sobrevivência desse povo está colocada

em risco. Com a ameaça de expandir suas operações na duplicação da estrada de ferro

para aumentar suas exportações de minério, vão aumentar também os problemas dos

indígenas, pois já sofrem devido à proximidade de suas aldeias com as linhas dos trens,

com o barulho dos trens que assustam as caças, seu principal meio de sobrevivência.

Esse povo vive da caça e de coleta de recursos naturais das florestas nativas. A

mineradora, ao abrir partes da Amazônia brasileira desde a sua implantação deu espaço

também, para invasores, pecuaristas e madeireiros.

Esses povos têm direitos originários reconhecidos pela Constituição Federal de

1988, de seus territórios que devem ser respeitados, mas em muitos casos pela falta de

fiscalização dos órgãos competentes faltam fazer valer essas leis. Conforme a

Constituição Federal, os povos indígenas e quilombolas são contemplados com a

garantia de seus territórios. A Constituição é bem clara acerca dessas garantias, há

registros especificamente no texto constitucional aos povos indígenas por meio do art.

231 Dos Índios4 na Constituição Federal, e aos povos quilombolas, por meio do art. 68

do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias5. Mas, a edição de tais normas não

garantiu que tais direitos, constitucionalmente estabelecidos, fossem automaticamente

aplicados para com esses povos e grupos sociais que, ainda hoje, passados mais de 20

anos da promulgação do texto constitucional, travam lutas dispendiosas em prol dessas

garantias.

Através dos noticiários, constatamos que o oeste do estado é uma das regiões

fortemente impactadas pelas operações dos empreendimentos de mineração. A

exploração e o escoamento dos minérios de ferro nessa região têm causado inúmeros

impactos ambientais e sociais. As operações das mineradoras são vistas como uma das

grandes responsáveis por diversas violações dos direitos humanos, como o direito a

4 Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e

os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,

proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 5 Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é

reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

25

saúde e a um ambiente adequado e digno para aquelas comunidades mais próximas que

são afetadas diretamente pelas operações da mineradora.

Em sua maioria, as comunidades são mais afetadas pelas linhas e pelos trens que

fazem o escoamento do minério de ferro. Essas comunidades mais próximas são

afetadas diretamente por poluentes, em muitos casos, pela extração e transporte

provocando doenças respiratórias nas pessoas que entram em contato com as partículas

minerais. Além disso, há outros infortúnios, a saber, doenças e mortes de animais e

pessoas que sofrem devido à passagem dos trens nas comunidades próximas às linhas

ou atravessadas por elas. Em outros casos, há aquelas impactadas pela poluição

provenientes das usinas de ferro-gusa e carvoarias. Estas emitem para o ar, a água e o

solo poluentes provocando graves doenças para as populações vizinhas, atacando

principalmente as vias respiratórias, os olhos e a pele.

Um desses exemplos é o bairro Pequiá de Baixo localizado no município de

Açailândia no interior do Maranhão. As comunidades deste bairro têm sofrido

constantemente devido a instalação de algumas siderúrgicas. Além dos problemas

causados pela mineradora Vale com suas operações no escoamento do minério de ferro,

feito pela ferrovia, que sai do Pará e vai até o Porto do Itaqui no Maranhão, foram

instaladas 5 siderurgias (Viena Siderúrgica, Gusa Nordeste, Companhia Siderúrgica

Vale do Pindaré, Simasa e Fergumar) em Açailândia, as quais são alimentadas pela

mineradora Vale com o minério de ferro. Estas siderúrgicas, no processo de seleção e

pureza do ferro, emitem poluentes que provocam graves doenças tanto respiratórias

como de pele para os moradores daquela região, havendo casos de doenças cancerígenas

chegando a óbito. À contaminação do ar, do solo e das águas dos rios, além desses

malefícios, também se acrescenta o impedimento do desenvolvimento (o “vingar”) de

qualquer espécie de planta nativa da região, principalmente aquelas utilizadas como

meio de subsistência dos moradores, como hortaliças e plantas frutíferas, que acabam

morrendo devido à poluição6.

Diferentemente dos demais conflitos socioambientais ocorridos no estado, esse caso

se configura como atípico, pois normalmente as comunidades envolvidas em conflitos

lutam para permanecer no local em que vivem há décadas, mas neste caso, em

decorrência de vários fatores por parte das siderúrgicas instaladas em Açailândia e

6 Verificação em trabalho de campo, realizado em 26 e 27 de julho de 2012.

26

principalmente do descaso do poder público, o bairro luta para sair do local. Pois, os

moradores desta área estão morrendo devido à poluição emitida por tais

empreendimentos, que causa várias doenças.

A leitura feita dos noticiários nos dá também, as configurações de dois tipos de

conflitos: Conflitos por território, que se observa em maioria, e conflitos por

externalidade. O conflito por território se configura quando um determinado povo ou

grupo social busca manter-se numa localidade onde vive há vários anos e, neste local,

mantém relacionamentos sociais em que tem laços culturais que estão ligados a eles.

Mas, muitas vezes, são obrigados a deixarem suas moradias para dar espaço para os

diversos tipos de empreendimentos que visam instalar-se no local em que moram.

Podemos identificar alguns noticiários que apontam essas características e que foram

citados acima e estão identificados com a numeração 2, 3, 4, 8, 9, 10, 12, 14 e 15.

No caso de conflitos que se configuram por externalidade, temos aqueles que se

caracterizam em determinados conflitos quando alguns empreendimentos comprometem

de alguma forma, a qualidade de vida de uma comunidade. Isto é, as práticas investidas

por tais empreendimentos afetam negativamente a reprodução social, cultural ou

religiosa de um povo. Por exemplo, os grandes empreendimentos podem inviabilizar o

cultivo de uma produção agrícola familiar, a pesca em pequena escala, o abastecimento

de água de uma determinada comunidade, ou até mesmo, podem afetar a reprodução de

um povo, no caso dos indígenas. Notícias que se enquadram a este tipo de conflito são

os de numeração 7, 18, 19 e 20.

No entanto, é importante ressaltar, embora muitas vezes esses tipos de conflitos

ocorram separadamente, também podem ocorrer de forma conjunta, ou seja, eles podem

ocorrer associadamente tanto por territorialidade como por externalidade. Nestas

características, as notícias que se enquadram a estas se encontram na de numeração 1, 5,

6, 11, 13, 16 e 17.

27

6 CONCLUSÃO

Nesta pesquisa, é importante destacar que, embora o relatório seja final, os

resultados obtidos, através do acompanhamento de notícias divulgadas pela imprensa

local e ou páginas eletrônicas não apontam uma resolução definitiva dos problemas

relacionados aos conflitos existentes no Maranhão. Isto acontece porque, o processo do

modelo de empreendimento desenvolvimentista é constante, o que demonstra que as

investidas por tais empreendimentos visando instalar-se ou instalados em locais

ocupados por povos ou grupos sociais locais é recorrente levando instabilidade aos

mesmos.

Outro ponto observado nas notícias foi que, nesses últimos meses houve um

crescente aumento de conflitos relacionados a impactos causados pelos grandes

projetos, assim como, entre comunidades tradicionais e latifundiários no interior do

estado. As mobilizações observadas se devem, conforme os noticiários indicam à

população agir em defesa de seus direitos, principalmente as comunidades atingidas,

aquelas que são diretamente impactadas por tais empreendimentos, os quais tiram dos

moradores locais o único meio de sobrevivência, os recursos naturais utilizados pelos

grupos sociais. Consequentemente, mobilizam-se como forma de resistência aos

grandes empreendimentos que estão instalados, em processo de implantação ou em via

de instalação no estado.

Conforme analisamos no decorrer do trabalho, em alguns casos, os conflitos

acontecem devido ao descumprimento das leis por parte dos empreendimentos e,

principalmente, pela falta de fiscalização e omissão dos órgãos competentes, agravando

ainda mais os conflitos.

As notícias veiculadas nas páginas eletrônicas mostram a crescente violência no

campo. Em decorrência disso, tais notícias demonstram que os fatos, em alguns casos

de conflitos, deixam de ser divulgados e veiculados pela impressa local, por motivos

políticos, sendo divulgados apenas por blogs, sites ou pelas redes sociais. Por conta

disso, pressupõe-se, que a crescente mobilização dos movimentos sociais ocorre para

demonstrar a insatisfação da população em face ao descaso do poder público, que em

muitos casos, se omite e atua em defesa dos grandes empreendimentos.

28

As mobilizações geradas por parte da população, movimentos sociais e

comunidades diretamente atingidas pelos grandes empreendimentos e, em alguns casos,

por latifundiários, são motivadas também, conforme acompanhamento e análise das

notícias divulgadas, como forma de despertar e conscientizar a sociedade civil na

intenção de mostrar a realidade dos fatos dos povos e grupos sociais impactados por tais

empreendimentos, que utilizam o discurso de “desenvolvimento sustentável,

responsabilidade social e ambiental”, este modelo, ainda sendo o grande causador dos

principais impactos socioambientais. As mobilizações populares ocasionam, também, a

revelação de como realmente ocorre o processo de implantação desses grandes projetos

de empreendimentos que causam os conflitos socioambientais, no qual estes

empreendimentos se inserem no modelo desenvolvimentista implantado no estado desde

o final da década de 1970.

Portanto, cabe ainda ressaltar que, com as constantes mobilizações observadas de

resistências populares no Maranhão diante do processo desenvolvimentista, tem nos

mostrado a importância do acesso à moradia digna e aos territórios para essas

populações. Pois, além desses povos e grupos sociais lutarem para assegurar sua

reprodução social e seus direitos, constitucionalmente assegurados, ajudam a conservar

seus territórios que constituem a base para sua produção e reprodução cultural. Motivo

este que garantiria aos mesmos o direito de permanecer em seus territórios, o que é de

fundamental importância para garantir a sua existência.

Para finalizar, destacamos que, embora o relatório seja final, não implica no

encerramento desta pesquisa, pois os conflitos continuam ocorrendo e a pesquisa

permanece fazendo o levantamento e o mapeamento de conflitos já existentes. No

processo, o trabalho continua sendo desenvolvido através da renovação da bolsa

PIBIC/CNPq/UFMA, buscando novas notícias nos principais jornais locais e/ou páginas

eletrônicas. O aperfeiçoamento do banco de dados do GEDMMA está sendo realizado

com o intuito de ter uma melhor visibilidade e maior facilidade na busca das

informações contidas no banco de dados acerca dos conflitos ocorridos no estado do

Maranhão. De modo que tais notícias sejam fonte para outros pesquisadores do projeto,

assim como, outros interessados na temática.

29

7 REFERÊNCIAS

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Dumará, 2004.

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