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7/23/2019 LFG Comenta Sobre a Atualidade
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Catta Preta pedra no sapato doneofeudalismo. Maquiavel e a lgica da
mfia iluminam o caminho
No nosso mundo neofeudalista (plutocrata, oligrquico e, frequentemente, cleptocrata) nem tudo
um mar de rosas. Mas o que importam so os fins, no os meios. A preservao dos nossos
interesses estacima de tudo. Para uma organizao mais que centenria que sempre viveu, em suas
derrapagens criminosas, da omert (que o silncio vigente nas mfias), esse negcio de delaes
premiadas estpassando dos limites e fugindo do nosso velho e conveniente controle. Dezessete j
foram feitas e agora anunciam mais 5. Onde tudo isso vai parar?
Os melhores quadros do nosso clube dominante esto sendo investigados, acusados e condenados.
No respeitam nem sequer os presidentes dos poderes. Recordemos: a priso no foi feita para ossenhores neofeudais. Esse negcio de igualdade perante a lei svale para os iguais. Ns, os
senhores desiguais, estamos acima da lei. Todos os nossos guerreiros (particularmente os da
poltica) jesto em campo (ameaando advogados, delatores, seus familiares etc.). Desde logo,
Catta Preta (a advogada dos delatores) no pode continuar sendo uma pedra no nosso sapato.
Convoque-a para a CPI (isso juridicamente um absurdo, mas o que conta a presso), usem as
tticas ameaadoras da mfia e vamos dar-lhe um esculacho pblico. Outro passo importante seria o
fechamento do seu escritrio. Nos acusam de usar a moral das gangues, que apregoa o triunfo pela
vingana, pela intimidao, pela opresso e para corrupo. Maquiavel ajuda a entender tudo isso.
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O moderno pensamento filosfico-poltico do Ocidente tem como protagonista primeiro
precisamente Maquiavel. O Prncipeconsiderado um dos cinco livros mais importantes para se
conhecer o pensamento poltico europeu moderno (os outros so:Leviathan de Hobbes,Second
Essayde Locke,LEsprit des loisde Montesquieu e Contract Socialde Rousseau). Para ele a
poltica [assim como toda dominao, como a nossa, neofeudal] radicalmente autnoma frente
tica ou Religio. Poltica, tica e Religio nem sempre se combinam. Mais importa a realidade(o realismo), o ser (os fatos como eles so), que o dever-ser (as coisas como deveriam ser). Se a
tica diz uma coisa e o pragmatismopoltico(da dominao) outra, deve o governante seguir o
pragmatismo (o realismo) e abandonar todos os preceitos ticos (nesse sentido: Viriato Soromenho-
Marques,A era da cidadania, Publicaes Europa-Amrica, 1996, p. 17 e ss.).
A condio humana (descrita por Maquiavel em 1513 e que continua mais atual que nunca)
caracteriza-se pela contnua busca do poder. O humano (mais singularmente as classes dominantes)
o que mais procura a conquista, a conservao e a expanso do poder: O desejo de conquistar
uma coisa muito natural e comum, e sempre que os homens que o puderem o fizerem serolouvados por isso, ou (pelo menos) no sero censurados. Para alcanar e conservar esse poder no
importam os meios. Por isso que se diz que essa antropologia competitiva, conquistadora e
expansiva do homem potencialmente belicosa. A violncia, a crueldade e a guerra podem ser
justificadas (posteriormente), desde que seja mantido o poder.
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O lder poltico [na verdade, todas as classes dominantes neofeudais] no pode nem deve jamais
pautar a sua prtica diria no governo como o indivduo orienta seus assuntos particulares: to
grande a diferena entre a maneira como se vive e a maneira como se deveria viver que quem trocar
o que se faz [o realismo, o pragmatismo] pelo que se deveria fazer [de acordo com a tica e a moral]
aprende mais a perder-se do que a salvar-se. Em outras palavras: se os donos do poder querem se
afundar, strocarem o pragmatismo realista pela tica. Em pouco tempo perdero seu Governo(seu domnio) (diz Maquiavel).
Mais ainda: Quem quer viver exclusivamente como homem de bem no pode evitar perder-se entre
tantos outros que no so bons. Portanto, necessrio a um prncipe [a todos que dominam] que
queira manter a sua posio aprender a poder no ser bom, e a servir-se ou no disso de acordo com
a necessidade. Em outras palavras: o mundo da dominao um zoolgico natural, quem no
souber usar a fora do leo e ser astuto como a raposa naufraga.
Mais Maquiavel (para que no haja dvida de compreenso do nosso pensamento):
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1) Nunca, porm, pode o dominante demonstrar (a questo de aparncia) ser favorvel
desonestidade, corrupo, violncia, crueldade etc. Ele , por natureza intrnseca do negcio,
tudo isso (hexcees, claro), mas no pode evidenciar nada disso (pois seno serodiado e/ou
desprezado e perdero poder, que o mximo sonho dele);
2) Se o mundo poltico [e da dominao neofeudal] vive e convive intrinsecamente com toda essa
indescritvel frouxido moral (com raras excees, que existem), um equvoco levantar contra eles
a bandeira da tica, da Moralidade etc. Nada disso pertence ao mundo deles. um discurso para
quem no escuta! Um dos maiores paradoxos, portanto, falar em Comisso de tica. Que tica?
Isso algo que soa estranho aos ouvidos dos dominadores.
3) Na verdade, quem num mundo cheio de perversos [esse o mundo neofeudal], no hnenhuma
dvida] pretende seguir em tudo os princpios da bondade [da retido, da fidelidade etc.], caminha
para a prpria perdio (Cap. XV).
4) O prncipe desejoso de manter-se no poder tem que aprender os meios de no ser bom e afazer uso ou no deles, conforme as necessidades (Cap. XV).
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5) As circunstncias podem conduzir o governante a se afastar de algumas qualidades (se
necessrio). Mas quando isso ocorre, cumpre-lhe ser bastante cauteloso para saber furtar-se
vergonha das que lhe ocasionariam a perda do estado [do poder] e, em certos casos, tambm
daquelas que no lha ocasionariam [a perda do poder] (Maquiavel, Cap. XV).
P.S.: Observao final:Maquiavel no um monstro de imoralidade (ele no disse que todos os
polticos e os poderosos dominantes devem ser corruptos, ladres etc.). Ele apenas descreveu o
significado da imoralidade, da corrupo, da crueldade e da bandidagem para a poltica e
para a lgica da dominao (ou seja: para a luta pela conquista, conservao e expanso do
poder).