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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Estado de Sergipe
www.jfse.gov.br
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IPL nº 0054/2013-4 SR/DPF/SE Partes: Autor: Departamento de Polícia Federal em Sergipe
Réu: Jânio Sá Veloso
PENAL. PROCESSUAL PENAL. LIBERDADE PROVISÓRIA.
CRIME CAPITULADO NO ART. 333 DO CÓDIGO PENAL EM
CONCURSO MATERIAL COM O CRIME CAPITULADO NO
ARTIGO 306, § 1º DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DO FLAGRANTE EM
PRISÃO PREVENTIVA. APLICAÇÃO DE MEDIDAS
ACAUTELATÓRIAS PREVISTAS NO ART. 319, DO CPP E 294
DO CTB.
DECISÃO:
O autuado, após colidir seu veículo GOL, placa policia EAB 2758 – São
Paulo/SP em imóvel da empresa CARGO VOLKS, na altura do km 89 da BR 101, foi submetido
ao teste do etilômetro por policial rodoviário federal que atendeu a ocorrência, constatando-se a
sua embriaguês ao volante. Ao ser informado do resultado do exame, ofereceu ao Policial
Rodoviário Federal a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) para que fosse desconsiderada a
constatação do estado de embriaguês detectado no etilômetro, bem como não fosse adotado
qualquer procedimento por parte da polícia.
Ato contínuo, o policial rodoviário federal lhe deu voz de prisão pela prática do
crime de corrupção ativa previsto no art. 333 do Código Penal Brasileiro.
O auto de prisão em flagrante foi homologado, consoante decisão proferida nos
autos da Comunicação de Prisão em Flagrante Delito.
Remetido os autos ao Ministério Público Federal, foi emitida manifestação nos
seguintes termos:
a) Não conversão do flagrante e preventiva, expedindo-se o competente alvará
de soltura;
b) imposição da providência prevista no artigo 294 do CTB;
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c) imposição de medida cautelar substitutiva à preventiva, nos termos do art.
319,IV do CPP;
É O BREVE RELATO.
DECIDO.
Extrai-se dos depoimentos e provas colhidos no auto de prisão em flagrante a
materialidade e a autoria da infração descrita no artigo 333 do Código Penal, na forma
consumada, em concurso material com o delito previsto no artigo 306, § 1º do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB, conforme bem observado pelo representante do Ministério Público
Federal.
Preceitua, por outro lado, o art. 310 do Código de Processo Penal que, ao
receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá, fundamentadamente, tomar uma das
seguintes medidas: relaxar a prisão; convertê-la em prisão preventiva, se presente os requisitos
legais necessários; ou conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Para a segregação cautelar, faz-se mister a coexistência de dois pressupostos
principais e indispensáveis: provas da materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, ex
vi do art. 312 do Código de Processo Penal. Aliados a eles, a Lei nº 12.403/2011 trouxe, ainda,
outros, também necessários: a imprescindibilidade do enclausuramento, ante a impossibilidade
de aplicação de outra medida cautelar, tendo em vista a gravidade do crime, as circunstâncias
do fato e as condições pessoais do indiciado ou acusado; e a presença de uma das hipóteses do
art. 313 do Código de Processo Penal.
Transcrevo os dispositivos legais mais relevantes atinentes ao assunto:
TÍTULO IX
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE
PROVISÓRIA
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser
aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação
ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos,
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para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do
fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a
requerimento das partes ou, quando no curso da investigação
criminal, por representação da autoridade policial ou mediante
requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da
medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a
intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento
e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a
prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Incluído pela Lei
nº 12.403, de 2011).
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for
cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319).
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
CAPÍTULO III
DA PRISÃO PREVENTIVA
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no
curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do
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querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada
em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas
por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput
do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
No pertinente ao caso concreto em apuração, em que pese o tipo legal comporte
a decretação da prisão preventiva, vez que a pena máxima cominada ao crime de “corrupção
ativa” (art. 333, do CP) é de 12(doze) anos, não concorre os demais requisitos para a custódia
cautelar.
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Em consulta ao sítio do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, informa o
Ministério Público Federal que não há processos criminais em face do autuado, o que indica a
possível ausência de antecedentes criminais.
Quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, o autuado apresentou
documentação completa, indicou o endereço de sua residência fixa e o número de telefone para
contato, além de informar a sua profissão..
Assim, não vislumbro risco para a aplicação da lei penal e para a investigação
criminal.
Ademais, para que não haja probabilidade de que o flagranteado venha reincidir
na prática deste ilícito, determino a apreensão da sua carteira de habilitação pelo Oficial de
justiça, com a aplicação da medida cautelar de suspensão do direito de dirigir veículo
automotor, nos termos do artigo 294 do Código de trânsito Brasileiro – CTB:
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal,
havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz,
como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial,
decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida
cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público,
caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Reputo necessária, também, a aplicação de medida cautelar ao custodiado à luz
do que prescreve o artigo 319 do CPP.
POSTO ISSO, concedo a liberdade provisória, sem fiança, face à provável
carência de recursos financeiros do custodiado JÂNIO DE SÁ VELOSO, submetendo-o às
medidas cautelares de comparecimento ao Juízo até o 5º dia útil de cada mês, para justificar
suas atividades; proibição de ausentar-se deste Estado sem prévia autorização judicial; não
mudar de residência sem prévia comunicação e autorização deste Juízo.
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Expeça-se o alvará de soltura respectivo, a ser cumprido pelo Sr. Oficial de
Justiça, se por outro motivo não deva o custodiado permanecer preso, bem assim o Termo de
Comparecimento, cumprindo ao meirinho nele colher a assinatura do preso, devolvendo a este
Juízo ambos os documentos devidamente formalizados.
Oficie-se à Autoridade Policial responsável pela custódia do preso dando-lhe
ciência desta decisão.
Oficie-se à Polícia Federal, dando-lhe, também, ciência desta decisão, enviando-
lhe, ainda, cópia do alvará de soltura e do termo de compromisso.
Oficie-se ao Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe – DETRAN/SE para
efetivo cumprimento da medida cautelar de apreensão da carteira de habilitação do autuado,
com a aplicação da suspensão do direito de dirigir veículo automotor.
Dê-se ciência ao Ministério Publico Federal e a Defensoria Pública da União.
Cumpra-se.
Aracaju, 09 de março de 2013
Juiz Edmilson da Silva Pimenta