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Libertos da Sepultura

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A Igreja de Jesus Cristo - Antes, durante e depois da História - Efésios 2 - Texto base para os estudos, do livro de Efésios, nas reuniões das Comunidades da Igreja Batista Liberdade, em Araraquara.

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Pertenço a:

Copyrigth C 2014 Igreja Batista Liberdade - Araraquara

Copyrigth C 2014 by Wilson Porte Junior

A Igreja de Jesus Cristo – Antes, durante e depois da história

Parte 2 - Estudo de Efésios 2

Libertos da Sepultura

Livro de estudo para as Comunidades

Edição: Ministério de Comunicação e Internet

Projeto Gráfico: WebMais Comunicação

1a Edição - Setembro de 2014

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Wilson Porte Jr

A Igreja de Jesus CristoAntes, durante e depois da história

Parte 2

Estudo de Efésios

Libertos da Sepultura

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Dedico em amor à Igreja Ba-tista Liberdade, “pela graça e para a glória de Deus”, fundada em 11 de dezembro de 2010.

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Introdução

O que é a Igreja de Cristo? Uma instituição? Uma denominação? Um grupo de amigos que se reúnem sem compromisso denominacional? Um grupo sem pastor, mas que se ama? Uma religião, uma ong, uma seita? O que seria a Igreja de Cristo sobre a terra?

Tentando responder a essas questões (e muitas outras li-gadas a elas), as páginas seguintes são um estudo sobre o ca-pítulo 1 do livro bíblico que mais trata sobre a Igreja: Epístola de Paulo aos Efésios.

A Epístola de Paulo aos Efésios é uma das cartas mais importantes que o apóstolo escreveu. Para nosso tempo, sem dúvida é um dos livros da Bíblia que mais precisa ser redes-coberto e estudado. Se não fosse tão ignorado, negligenciado e desconhecido como é, sem dúvida não encontraríamos tanta confusão e desvios dentro das igrejas cristãs mundo afora.

Paulo possuía uma relação muito pessoal com essa igre-ja. Em At 19-20, o apóstolo passou aproximadamente três anos junto daqueles irmãos quando, em sua terceira viagem missio-nária, usava esta grande e famosa cidade como estratégia para sua vocação missionária. A epístola, contudo, foi escrita alguns

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anos depois, quando Paulo esteve preso em Roma (Ef 4.1). Éfeso não era qualquer cidade. Era a capital da provín-

cia romana da Ásia. Era famosa pelos antigos filósofos que vi-veram e ensinaram lá, como Heráclito, por exemplo, um filóso-fo pré-socrático, considerado o pai da dialética e que viveu em Éfeso em 500 a.C., aproximadamente.

Foi em Éfeso que o cristianismo mais se difundiu. Após o início da igreja durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 18.19-21), Paulo retornou para lá na terceira viagem mis-sionária (At 19.1) e li permaneceu durante os quase três anos já mencionados acima. Segundo os textos de At.18.18,19,24; I Tm.1.3; 2Tm.4.19, Timóteo, Apolo, Áquila e Priscila trabalha-ram na igreja de Éfeso.

Segundo a tradição da igreja (pais da igreja), o próprio Apóstolo João também trabalhou nesta igreja e acabou mor-rendo ali. Como ele, provavelmente Maria, a mãe de Cristo, também morou ali até a sua morte. Até hoje, existe uma casa na cidade de Éfeso onde realiza-se uma festa anual em come-moração aos anos em que Maria, mãe de Jesus Cristo, e João moraram ali.

Em 60 ou 61 d.C., Tíquico, um discípulo muito fiel a Cris-to, levou esta epístola de Roma a Éfeso (Ef 6.21-22). O objetivo desta carta é falar sobre a Igreja de Deus, ou, Igreja de Cristo, como eram chamados os cristãos primitivos.

Estudando-a verso a verso, palavra a palavra, preten-demos compreender o que é a Igreja de Deus. Quem são os seus ministros, como ela funciona, quando ela surgiu (se é que ela surgiu no tempo e na história), quem são aqueles que dela fazem parte, etc.? O objetivo final é, sem dúvida, oferecer um esclarecimento do caminho que Deus espera que andemos, como igreja e como filhos e filhas da Igreja de Cristo neste pla-neta e na história do mundo.

Éfeso era uma cidade fantástica. Aproximadamente 300.000 habitantes (segunda maior cidade do mundo no 1º

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século depois de Cristo), centro internacional de cultura, co-mércio e religião, Éfeso era, sem dúvida, um lugar estratégi-co de onde Paulo, sob a direção do Espírito Santo, espalharia o Evangelho da Salvação. Paulo não foi para uma pequena cida-de, sem nenhuma expressão. Foi para uma grande cidade, de onde o Evangelho poderia ser muito ouvido e difundido.

Ao longo das próximas semanas, com o estudo desta epís-tola, veremos outras interessantíssimas curiosidades sobre Éfeso e os efésios. Por enquanto, esta é a introdução que pre-tendo fazer sobre a cidade para a qual foi escrito o livro que es-tudaremos nos próximos meses.

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Versículos 1 a 3

Esta pequena introdução de Paulo ao capítulo 2 de Efé-sios, bem que poderia se chamar “Libertos da Sepultura”. Não apenas “Liberto”, tratando-se de nosso Senhor Jesus Cristo, mas “Libertos”, pois com ele todos alcançamos libertação.

Mais do que isso, com ele, todos alcançamos a própria vida. Nossa libertação não foi de uma simples escravidão, mas da própria sepultura onde vivíamos mortos para Deus.

O alcance da ressurreição de Cristo é tamanho que che-gou até nós e ainda chega àqueles que desejam viver para Deus, que desejam deixar o necrotério em direção ao castelo onde a festa acontece.

O convite feito aos mortos é tão verdadeiro quanto mila-groso, pois os libertam da miséria e do vazio e os conduz à um estado (e estilo) de vida com Deus cheio de alegria interior. Aquilo que chamamos de “alegria soberana”.

Assim diz o Senhor através do apóstolo Paulo em Ef 2.1-3:

1. Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,

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2. nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da de-sobediência;

3. entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.

“Ele vos deu vida”. Tais palavras do apóstolo Paulo nos

ensinam que houve um tempo em nossas vidas em que nós não estávamos vivos. Obviamente, este tempo não tem nada a ver com o tempo em que ainda não éramos nascidos. Trata-se do tempo em que ainda não havíamos nascidos para Deus.

Esta expressão “nascidos para Deus” é comum na Sagra-da Escritura. João, o apóstolo, a usou em uma de suas epísto-las quando escreveu (1Jo 5.1,4,18):

Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. ... porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. [...] Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guar-da, e o Maligno não lhe toca.

Paulo, então, ao escrever aos efésios, após louvar a Deus

pela preciosa salvação e libertação que dele recebemos, e após orar pelos efésios para que eles se mantivessem fieis a Deus e pondo sua fé em prática enquanto amassem a todos os san-tos com atitudes práticas, passa a descrever de onde cada um deles foi salvo. De onde e de quê cada um foi salvo.

O Senhor só dá vida para quem não a possui. O homem que não nasceu para Deus ainda é considerado morto. Embora vivo para o pecado, permanece morto para todo prazer e inte-resse pela pessoa de Deus.

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A morte do homem possui uma morada. Assim como o corpo humano morto reside no cemitério, a alma do homem morto para Deus reside no pecado.

“Estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”, essas são as palavras do apóstolo. A palavra mortos que o Espírito Santo guiou Paulo a escrever é a palavra νεκρούς (nekrous), de onde tiramos a palavra necrotério. Esta palavra grega, além de significar mortos, significa também alguém “totalmente in-capaz, ineficiente, morto e sem poder”.1

Ou seja, o ser humano que não nasceu para Deus é total-mente incapaz de vir a Deus, de escolher por Deus, ele é como al-guém morto dentro de um necrotério. Ali, ele vive, embora morto, muito bem em meio ao ambiente de ofensas (delitos) e pecados.

Paulo continua, no verso 2, afirmando que vários dos efé-sios viviam assim. Eram homens e mulheres mortos em seus pecados no passado. Não possuíam nenhum interesse por Deus. Sua vida girava em torno de si mesmos, de suas von-tades, planos e decisões pessoais. Deus não era importante a ponto de mudar decisões e atitudes em suas vidas. Eles agiam como bem queriam, como sua mente e coração lhes orientava.

Assim é “o curso desse mundo” no qual todos nós um dia “andamos”. Curiosamente, na Sagrada Escritura, “andar” tem a ver com o estilo de vida de uma pessoa.2 Confira nestes versos:

Ef 2.10: Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.Efésios 4.1,17: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chama-dos,... Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,Efésios 5.2,8: e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sa-crifício a Deus, em aroma suave. Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz

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Efésios 5.15: Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios.

Este mundo anda assim, neste estilo de vida de necroté-rio. Mortos achando-se vivos. Mortos brincando com a vida, en-quanto Deus lhes permite viver. Todavia, eles não conhecem o que é viver de verdade. Só Deus pode presentear o homem com a vida e fazê-lo sentir-se vivo de verdade.

CURIOSAMENTE, Paulo afirma no meio do verso 2 que este mundo possui um curso que é criado por demônios. O tal “príncipe da potestade do ar” não é ninguém menos do que o próprio Diabo. Quem é o príncipe dos poderes do ar? Ele é apresentado na Bíblia assim:

João 12.31: Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.João 14.30: Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim;João 16.11: do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.2a Coríntios 4.4: nos quais o deus deste século cegou o enten-dimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.1João 5.19: Sabemos que somos de Deus e que o mundo in-teiro jaz no Maligno.

Assim, este “príncipe”, ou seja, este ser que possui certa autoridade (limitada) sobre este mundo, é quem dá o curso, o rumo e a direção que vemos e acompanhamos deste mundo. Não é a toa que a cultura em nosso país se encontra cada dia mais promíscua e imoral. Quem é que dá o curso a ela? Os es-tilistas da moda? As redes de televisão?

É óbvio que não. Estes são apenas “laranjas”, apenas fan-toches nas mãos de alguém maior do que eles, alguém que pos-sui poder de seduzir e arrastar a muitos para o caminho da ofensa a Deus.

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No final do verso 2, Paulo afirma que este espírito imun-do é quem atua na vida de todos que desobedecem a Palavra de Deus. Ele atua! E atua para que todos desobedeçam. Por isso Jesus disse sobre os fariseus mentirosos:

João 8.44: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis sa-tisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, por-que é mentiroso e pai da mentira.

Assim, os filhos da desobediência descritos por Paulo em Ef 2.2 são os mesmos filhos do diabo, descritos por Jesus em Jo 8.44.

No verso 3, Paulo afirma ele e os efésios andavam se-gundo o curso dado pelo diabo. Sem medo de errar, eu também posso afirmar que todos vocês que me leem juntamente comi-go éramos cegamente guiados pelo príncipe deste mundo para fazermos tudo aquilo que ofende a Deus. E ainda estaríamos em seu curso e rumo não fosse a riqueza da misericórdia e da graça de Deus que um dia nos salvou.

Veja: “entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” Ef 2.3

Então, nestes três pequenos versos, aprendemos que onde e de quê o Senhor nos salvou. ONDE: O curso desse mundo cujo fim desagua no inferno. DE QUÊ: Do poder do diabo que ainda agora opera sobre a vida dos que permanecem mortos para Deus.

Embora Deus não possua adversários ou inimigos que lhe causem qualquer ameaça, nós, enquanto seres humanos frá-geis e impotentes, sempre teremos este inimigo de nossa alma, o próprio diabo e seus anjos caídos (demônios).

Sua obra sobre nós é atrair-nos de volta para o rumo e curso de onde fomos arrancados pelo poder de Deus. Voltar

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para lá, embora pareça absurdo, sempre será uma tentação, pois o velho homem, o homem morto, a carcaça que carregou (e ainda carrega) a natureza pecaminosa nos acompanhará até o último dia de nossas vidas.

Por isso, nossa luta é contra a nossa carne, contra o pró-prio diabo, e contra este mundo, moldado pelo diabo para satis-fazer enganosamente nossa carne. Todas as nossas lutas se re-sumem a isso: carne e diabo. O mundo é a armadilha do diabo para destruir a nossa carne. Jesus veio para salvar a nossa alma e santificar a nossa carne, separando-nos do mundo.

De Deus veio nossa libertação. De Deus veio a nossa sal-vação. Quanto mais perto dele estivermos mais nos sentiremos vivos e libertos. Mais provaremos da alegria soberana, alegria em Deus que nada nem ninguém pode destruir dentro de nós.

Desafio: ore por aqueles que você ama e que ainda estão mortos segundo a Sagrada Escritura. Ore para que eles tam-bém sejam libertos da morte para a vida com Deus.

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Versículos 4 a 7

Paulo, após falar sobre o poder que os mortos têm para viver, começa a tratar de um novo assunto. A proposta do após-tolo é que os efésios pensassem doravante no que implica esta-rem unidos com Cristo.

A expressão que o apóstolo usa com frequência em Ef 2.4-7 é έν Χριστώ Iησοΰ. Uma tradução simples traria “em Cris-to Jesus. Já um estudo mais detalhados destas palavras pos-sivelmente nos traria “dentro de Cristo Jesus”, ou “em união com Cristo Jesus (sendo que esta união se compreende quando nos vemos dentro dele).

A preposição grega έν (em) traz a ideia de algo que está li-teralmente dentro de alguma coisa. Traz a ideia de uma união perfeita onde o objetivo envolvido está absorvido interna e exter-namente por aquele que o envolve. Não é a toa que Paulo por di-versas vezes usa essa expressão para tratar dele e da igreja em Éfeso. Todos estavam “em Cristo”, e a correta compreensão do que significa isso traria conforto e gratidão ao coração dos efésios.

O texto em que Paulo enfatiza nossa união mística com Cristo encontra-se em Ef 2.4-7:

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Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do gran-de amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

O texto começa com a expressão:

Mas Deus

O sujeito de toda a ação que segue é o próprio Deus. É dele que tudo vem. É por ele que tudo acontece. É para a glória dele que os detalhes do que será dito chegam até nós.

sendo rico em misericórdia, por causado grande amor com que nos amou,

Duas expressões são muito especiais aqui: “Rico em mi-sericórdia” e “Grande amor”. É assim que Deus é retratado, como alguém cujos atributos da misericórdia e do amor são derramados sobre nós de um modo rico e abundante. Diferen-te de tudo que existe, Deus é extremamente pessoal, bondoso, misericordioso, amoroso e justo. No entanto, assim como são grandes seus atributos, são grandes as barbaridades e blas-fêmias ditas contra ele por aqueles cujos olhos permanecem cegos para a grandeza de sua graça.

É por isso que, com frequência, pessoas acusam Deus de ser injusto, tirano, maldoso, impaciente e impessoal. Se Deus não fosse tão grande, maravilhoso e rico em bondade, aque-les que o veem de forma distorcida não o veriam como grande também em maldade. Todavia, a proporção em que ele se reve-la àqueles cujos olhos foram abertos é a mesma daqueles que o veem distorcidamente (para não dizer pervertidamente).

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A palavra original para “misericórdia” inspirada pelo Es-pírito aqui é ἐλέει que vem de ἔλεος. Esta palavra denota al-guém que tem prazer em demonstrar uma atitude benevolente para com outra pessoa, que tem prazer em ser uma ajuda em meio à aflições e tribulações, alguém que se importa quando sabe que outro está seriamente precisando de ajuda3.

É raro encontrarmos uma pessoa assim, alguém cujo co-ração está sempre pronto para ajudar quem quer que seja. Quando encontramos, reconhecemos ser tal pessoa alguém diferente, uma verdadeira bênção para as demais pessoas. A realidade é que são poucas as pessoas dispostas a agir assim.

Quando Deus apresenta tais palavras acerca de si mesmo, o que aprendemos é que ele não é apenas alguém que se impor-ta conosco, mas que ele é alguém que se importa de um modo rico, abundante. Deus é rico em misericórdia, incansável em fazer o bem. Veja esse atributo maravilhoso de Deus nas pala-vras do profeta Isaías:

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao can-sado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se can-sam, caminham e não se fatigam. Is 40.28-31

É por causa da riqueza dessa misericórdia que somos sal-vos, da morte para a vida. Não é por causa de qualquer mereci-mento ou esforço que façamos, e sim porque Deus, ativamente, decidiu derramar-se sobre nós. Paulo escreveu sobre esse der-ramar de Deus sobre nós em Rm 5.5:

Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. Rm 5.5

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É desse mesmo amor derramado em nosso coração que Paulo está falando em Ef 2.4. O grande amor com que nos amou é o amor que foi derramado em nossos corações. Embora não seja o propósito aqui comentar detalhadamente o conteú-do de outras cartas de Paulo, aqui isso se faz necessário pois a ideia de ἐκκέχυται ἐν ταῖς καρδίαις ἡμῶν (lit.: derramado em nos-sos corações), é a de algo que foi derramado com o fim de pre-encher de maneira completa4.

Mas Paulo continua com as seguintes palavras:

e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vidajuntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,

A primeira coisa que ele diz aqui é que, quando Deus der-ramou sua misericórdia e amor sobre nós, estávamos mortos em nossos delitos. Fomos totalmente passivos. É graças a Deus que um dia fomos salvos. Se um dia tomamos uma decisão por Cristo, esta só se deu por que Deus antes de tudo nos capaci-tou para que disséssemos sim para o chamado ao arrependi-mento e à fé. Sem essa graça (milagrosa), jamais levantaría-mos da sepultura.

Aqui, Paulo começa a falar de três coisas que acontecem conosco a partir do momento que somos levados a Cristo. Uma vez que estamos em Cristo, ou seja, dentro de Cristo:

1. Recebemos vida;2. Recebemos ressurreição;3. Recebemos a garantia de que estaremos

em “lugares altos”.

Antes de pensarmos nestas graças advindas de Cristo, permita-me uma ilustração ainda sobre estar “em Cristo”.

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Pense numa guerra, numa guerra em que o seu grupamento ou pelotão está em desvantagem, com muitos feridos e alguns mortos. Você também está ferido, certo de que, se um socor-ro não chegar rapidamente, a morte virá em poucas horas. É quando se avista perto de onde você está um tanque de guerra que nenhuma bomba ou munição de seus inimigos podem per-furar ou destruir. Aquele tanque chega perto de você, lhe reco-nhece, lhe põe dentro dele, e lhe promete que o levará em se-gurança até o quartel-general onde você receberá o cuidado ne-cessário. Dentro daquele tanque você está totalmente seguro. O tanque lhe envolve, protege e guia.

É assim que estamos em Cristo. Ele, muito além e acima de qualquer tanque de guerra, é aquele dentro de quem estamos enquanto ainda vivenciamos as batalhas es-pirituais deste mundo. Cristo também nos envolve, protege e guia, enquanto nos leva para “lugares altos”, onde encon-traremos paz eterna.

Com isso em mente, vejamos os três pontos colocados pelo Espírito Santo através de Paulo:

nos deu vida juntamentecom Cristo

Em Cristo, recebemos a vida eterna. Fora de Cristo, não há vida eterna, mas morte eterna. Só em Cristo encontramos a vida. A vida está em Cristo, dentro dele. Só recebemos a vida se formos colocados também no lugar onde a vida está, dentro de Cristo. É por isso que, se estivermos “em Cristo”, saberemos o que é verdadeiramente a vida.

A palavra grega usada aqui é συνεζωοποίησεν, que nos de-monstra que a vida só é recebido se formos ligados a outro que nos traga a vida. É a ideia de um enxerto de um ramo em uma árvore já madura. Por meio dessa ligação, o ramo enxertado passa a viver. Sem o enxerto, ele morre.

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Por causa da riqueza de sua misericórdia, Deus nos en-xertou em Cristo. Estávamos mortos, mas, em Cristo, recebe-mos a vida, vida eterna.

juntamente com ele, nos ressuscitou

O segundo ponto de Paulo é que, em Cristo, ressuscita-mos. Embora o tempo verbal pareça ser passado, sabemos que a ressurreição será futura. Todavia, Deus já a vê como algo certo, como algo consumado. Nada mudará seus planos sobre os seus, de dar a eles corpos novos, glorificados, e que viverão em sua presença por toda a eternidade.

Nas palavras de Paulo em 1Co 15, estes serão corpos in-corruptíveis. Da mesma forma, não receberíamos tais corpos glorificados se não fôssemos ligados à Cristo. É pela ressurrei-ção dele que seremos igualmente ressuscitados. Não tivesse Cristo ressuscitado, jamais ressuscitaríamos.

nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus

O terceiro ponto neste texto, é que, em Cristo, assentare-mos em lugares celestiais. A expressão grega demonstra que nós nos assentaremos juntos com Cristo em lugares celestiais. Duas palavras devem ser bem compreendidas:

Συνεκάθισεν - Fazer alguém sentar com outro alguém.

Ἐπουρανίοις - Sobre o céu, relacionado ou localizado no céu.

Mais uma vez, encontramos a gloriosa verdade de que a nossa segurança não depende em nada de nós, mas tão somen-te de Cristo, de sua obra realizada em nosso lugar, e da condes-

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cendência divina. Por bondade, recebemos de Deus direitos e privilégios que são devidos apenas a seu filho unigênito.

Todavia, como estamos “em Cristo”, desfrutaremos des-sas gloriosas e maravilhosas verdades na eternidade futura.

Quando pensamos em tudo isso, entendemos que o após-tolo Paulo desejou que soubéssemos, junto dos efésios, daquilo que nos aguarda e de qual é um dos objetivos de Deus em nos salvar. Longe de nós tentarmos esgotar o pensamento e propó-sito divinos por trás da história da redenção. Porém, algo fica claro para nós olhando para este texto: Deus deseja mostrar na eternidade através de nossas vidas a suprema riqueza de sua graça e bondade para nós, os que estivermos “em Cristo”.

Seremos como troféus nas mãos de Deus, troféus que de-monstrem a grandeza de sua misericórdia e graça, troféus que demonstrem o tamanho de seu amor que mudou o destino de milhões ou bilhões de pessoas que caminhavam a passos largos para o inferno para não somente morarem no novo céu e nova terra, mas se assentarem junto de Cristo, como co-herdeiros de tudo o que o Criador do céus e da terra outorgou a ele.

Nunca nos esqueçamos dessa grande doutrina que a Pa-lavra de Deus nos traz. Eu e você, se nos arrependemos de nos-sos pecados, se nos convertemos a Cristo deixando a vida de pecado e desobediência para trás, se já negamos a nós mesmos e pegamos a nossa cruz e estamos dia a dia morrendo para as tentações deste mundo, se estamos buscando a santificação e a pureza de nossos olhos e coração, então, estamos “em Cristo”.

Saiba que, se você não está “em Cristo”, você não sabe o que é a vida, a verdadeira vida e libertação. Disse Jesus: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, em Jo 8.32. Mais adiante ele também disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”, Jo 8.36. Cristo é a verdade que liberta e faz com que homens e mulheres comecem a verdadei-ramente viver, não importando sua idade. Mas, se você não está “em Cristo”, você não sabe o que é vida. Além disso, você

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não saberá o que será ressuscitar para a vida eterna ao lado de Deus e de pessoas que você tanto amou e que, talvez, estarão na eternidade com Deus também. Por fim, se você não está “em Cristo”, você também não saberá o que é assentar-se em luga-res altos, lugares celestiais, lugares onde a morte, as dores, as lágrimas, os sofrimentos, as angústias jamais entrarão.

Deus, pela sua misericórdia, deseja colocar-nos “em Cris-to”. No entanto, os passos para isso (que cabem a nós) são arre-pendimento, conversão e fé em Cristo para a sua salvação. Re-flita em sua vida e aproveite para orar por sua vida espiritual.

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Versículos 8 a 10

Como você passa os seus dias? Preocupado com quê? Preocupado com quem?

A resposta a essas perguntas está relacionada com o texto abaixo, Ef 2.8-10. Paulo, ao falar sobre salvação, deixa claro no que é que deveríamos estar passando os nossos dias.

Após expressar sua grande alegria por Deus-Pai ter nos dado ao Deus-Filho (explico isso melhor à frente), Paulo nos ensi-na como a graça da salvação é a única coisa que pode dar sentido às nossas vidas. Não há vida sem que sejamos ligados à Cristo.

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Porque pela graça sois salvos

Paulo, agora, passa a explicar de modo mais preciso o que escreveu no verso 5 – “pela graça sois salvos”. Que somos sal-

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vos pela graça, já está muito claro desde o início dessa epísto-la. Todo o louvor de Paulo até aqui foi exatamente porque Deus foi rico em misericórdia e graça para com Paulo. Foi pela pura graça e não pelas atitudes ou obras que Paulo tivesse praticado.

Tendo por certo (e louvando a Deus por isso) que a salva-ção dos seres humanos não se dá por méritos desses, mas por graça de Deus, Paulo estende a compreensão sobre a salvação afirmando que ela é recebida por meio da fé. Então, desde de um ambiente recheado de graça, a fé é o meio que a pessoa tem para ser salva. Paulo explica.

Mediante a fé

Fé em quê? Fé em Cristo, em sua morte em nosso lugar, e em sua ressurreição. Fé, também, no poder da ressurreição de Cristo. Fé de que também ressuscitaremos, ou melhor, já nos ressuscitamos “juntamente com ele”, Ef 2.6, conforme explica-do em páginas anteriores aqui.

Cristo é o dono do mérito da salvação. Sem ele, ninguém pode ser salvo. Só ele obteve “direito” de salvação, enquanto ser humano. Este direito ele compartilha com todos os que estão nele. Por isso, como afirmam Jamieson, Fausset e Brwon, “so-mente Cristo é o agente meritório”.5

Lembre-se de que, no verso 7, Paulo fala da “suprema ri-queza da sua graça”. Aqui, o apóstolo expande sua compreen-são do que seria tal graça de salvação que vem por meio da fé.

Portanto, a base e o meio de salvação para qualquer um é a fé! E fé não é uma “obra” humana. Se você crê, se você pos-sui fé, isso não é mérito seu. Isso apenas significa que você, um dia, aceitou esse presente de Deus.6 Vejamos neste versos:

Rm 3.22,25: justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há dis-tinção, ... a quem Deus propôs, no seu sangue, como propi-

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ciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados ante-riormente cometidos;

Gl 2.16: sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, tam-bém temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justifi-cados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.

1Pe 1.5: que sois guardados pelo poder de Deus, median-te a fé, para a salvação preparada para revelar-se no últi-mo tempo.

Vejam, então, que todos estes textos também apontam para a fé como o meio de salvação. A justiça de Deus só é apli-cada a nós mediante a fé. De condenados, nos tornamos justos, apenas por crermos no filho de Deus, em sua morte e ressur-reição. Crermos que nada em nós, que tenhamos ou que faça-mos, traz a nós dignidade de salvação. Somos como o mendigo, totalmente necessitados, pobres, nus, desprovidos de recursos próprios, e mal cheirosos. É sempre assim que ele recebe um novo convertido.

A única coisa que se espera daquele que vem a ele é fé. E até mesmo isso não vem de nós, é um presente também dele. Acompanhemos Paulo.

e isto não vem de vós; é dom de Deus;

Muita gente tem debatido sobre o real significado da pa-lavra “isto” (gr. Τοῦτο). Na língua grega, existem três gêneros: masculino, feminino e neutro. Na língua portuguesa, possuí-mos apenas dois, masculino e feminino. Aqui, a palavra “isto” é um pronome demonstrativo neutro. Ou seja, ele não pode estar ligado a palavras masculinas ou femininas, pois seria o mesmo

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que escrevermos “o menina” ou “aquelas ônibus”. Certamente, Paulo não cometeria este erro.

Tendo isso em mente, sabemos então que Paulo não es-tava falando sobre a fé ou sobre a graça, pois ambos são pala-vras femininas. Portanto, o “isto” não pode estar relacionado à “graça” nem mesmo à “fé”. Então, a que Paulo se refere quan-do diz que “isto não vem de vós; é dom de Deus”?

Como é comum na língua grega, o neutro aqui está se re-ferindo a toda a frase ou perícope anterior. Se quiser estudar outros exemplos, é só olhar para Ef 1.15 e Ef 3.1. Em ambas as passagens, o “isto” se refere ao contexto anterior narrado pelo escritor.

Portanto, o “isto” que não vem de nós citado por Paulo em Ef 2.8b refere-se à salvação como um todo, ou seja, à tudo aqui-lo que é citado imediatamente antes em Ef 2.4-8a. Ef 2.8b (“e isto não vem de vós; é dom de Deus”) é o desfecho.7

Essa doutrina sobre a soberania de Deus na salvação dos seres humanos não está apenas aqui em Efésios. Alguns textos bíblicos são importantíssimos para que compreendamos essa doutrina como um todo. Vejamos alguns deles:

João 6.37: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.

João 6.44: Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

João 6.65: E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.

Mateus 16.17: Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to re-velaram, mas meu Pai, que está nos céus.

João 1.12-13: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem

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no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da von-tade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

Atos dos Apóstolos 16.14: Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.

Romanos 10.14: Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?

Tiago 1.16–18: Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, des-cendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.

Visto que somos um presente de Deus-Pai para Deus-Fi-lho, Paulo conclui seu pensamento com as palavras:

não de obras, para queninguém se glorie.

Ou seja, qualquer um que se gloria de sua própria salva-ção é um insensato, um ser humano que está levemente en-ganado. Aliás, grandemente enganado, para não dizer quase cego. É completa loucura alguém afirmar que sua salvação se dá por causa de sua própria decisão, atitude ou mérito. Se fosse assim, a salvação seria pelas obras de alguém. O próprio fato de dizer que a salvação é fruto da “decisão” que alguém tomou um dia na vida, leva à conclusão de que a salvação de tal pessoa foi pela “obra” dela, visto que mesmo a mais simples decisão não é nada mais nem menos do que uma “obra”, uma “ação” tomada por alguém.

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Sabemos que há um momento na salvação em que a pes-soa é chamada a responder ao convite de salvação. Podemos chamar isso do momento da “decisão” de alguém. NO ENTAN-TO, não podemos esquecer de que para responder a esse cha-mado, é necessário que Deus dê vida àquele que está morto. Sem que Deus inicie o processo, o homem não pode fazer abso-lutamente nada.

Aliás, quando falamos em obras, atitudes humanas, somos lembrados de que fomos criados por Deus para realizar-mos boas obras. Elas não são nada mais do que a obrigação de todo ser humano. Paulo explica o porquê.

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Fomos criados à imagem de Deus. O próprio criador reve-la que o modus operandi do ser criado seguiria o modo do pró-prio Criador. Este colocou naquele sua imagem e semelhança e é por isso que o que se espera de todo homem não é nada mais nem menos do boas obras.

Quando alguém afirma que sua salvação está garantida pois o mesmo nunca roubou ninguém, tal pessoa ainda não compreendeu que não roubar alguém não passa de sua obriga-ção. As boas obras são nossa obrigação. Não realizá-las é peca-do, também.

Fomos criados do nada em Cristo Jesus (fomos feitos novas criaturas) com o propósito de resgatarmos a vida huma-na. (Vida humana = Consideração pelo próximo). Curiosamen-te, fomos criados novamente na regeneração de nossas almas (nossa conversão) para que andássemos sobre boas obras.

A palavra “andar” aqui é a palavra περιπατέω. Esta pala-vra tem a ver não só com andar sobre duas pernas, mas com

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estilo de vida, o modo como alguém vive, anda, existe. Assim, na conversão fomos recriados para que nosso estilo de vida da-quele momento em diante fosse marcado pelas boas obras.8

Elas são uma marca natural de todo aquele que foi rege-nerado.

Que tal pensar nisso e meditar sobre: de que maneira você pode ajudar alguém hoje? De que maneira você pode exercer seu “amor posto em prática”? De que maneira as boas obras podem se tornar seu estilo de vida? A vida de Cristo era marcada pelas boas obras. Imagino que você e eu não devemos desejar viver de outra maneira que não da maneira como Jesus viveu. Que seja assim, para a glória dele, e para a nossa alegria.

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Versículos 11 a 13

Se você tivesse que encontrar um antônimo para o lou-vor, qual seria? Segundo os dicionários, antônimos para louvor incluem as palavras depreciação, maledicência, murmuração, dentre outras.

Agora, reflita por um instante sobre o que mais está pre-sente em seus lábios: louvor ou murmúrio? A resposta a isso demonstra o quanto precisamos diariamente ser recordado sobre o nosso passado e o nosso presente. De onde fomos tira-dos e aonde estamos, hoje, plantados.

A falta de recordação diária sobre nosso passado e pre-sente em relação Deus é o que tem levado muitas pessoas a uma vida de tanto murmúrio ao invés de louvor. Homens e mu-lheres que, à semelhança dos moradores de Éfeso, vão à igre-ja, consideram-se cristãs, são batizadas, possuem cargos ecle-siásticos, no entanto, passam a maior parte de seus dias recla-mando, murmurando.

Isso revela uma fraca compreensão de quem nós somos em Cristo. Ligados à ele, somos novas criaturas cheios de mo-tivos para louvá-lo regular e diariamente.

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A solução para o murmúrio é a meditação. Fazer calar nosso coração diariamente diante da Palavra de Deus nos ajuda a pensar em nossa salvação, na nova vida que Cristo trouxe a nós. Assim, a salvação sobre a qual Paulo tanto fala no início desta epístola é considerada como um grande mila-gre, e não como algo de pequena importância. Paulo considera a salvação algo tão importante, que ele devota quase que cada linha dos primeiros capítulos desta carta para falar sobre ela.

Pouco considerado nos testemunhos modernos, o milagre da conversão é apontado na Sagrada Escritura como um dos princi-pais motivos de nosso louvor. Isso, se não for o principal motivo de nosso louvor. Se Deus curar você de uma deficiência física, ou lhe conceder um livramento sobrenatural, nada disso será moti-vo para você louvar a Deus eternamente. Muitos motivos farão parte de nosso louvor no novo céu e nova terra, mas nenhum du-rará eternamente como a nossa salvação. Assim, a salvação é o maior de todos os milagres reconhecidos na eternidade.

Deus e o que ele fez por nós, a lembrança de que esta-ríamos no lago de fogo caso não tivéssemos sido tocados pelo poder de Deus através da pregação do Evangelho que um dia ouvimos, farão parte da principal lembrança que teremos na glória. Assim, Paulo lembrará os efésios nas palavras que se-guem do maior milagre que jamais ouviremos.

Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circun-cisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Ef 2.11-13

Portanto,

“Portanto”, ou seja, depois de tudo que lhes disse ante-

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riormente. Cientes de que todos fomos presentes do Pai ao Filho, visto que nenhum de nós poderia ter vindo a Cristo se o Pai não tivesse nos trazido graciosamente, agora que esta-mos em Cristo, guardados, conduzidos e adotados por causa da obra do Filho de Deus, é necessário que nos lembremos de al-gumas verdades muito especiais.

Paulo introduz tais verdades convidando os efésios a lem-brarem de quem eram e de quem são. Lembrarmos frequente-mente sobre quem fomos e quem atualmente somos é saudável para todas as pessoas. Vejamos, então.

lembrai-vos

Quando os exorta a se lembrarem, tal palavra (μνημονεύω) não trata apenas de uma recordação. Antes, “lembrai-vos” tem a ver com trazer de volta uma informação da memória, sem ne-cessariamente a implicação de que a pessoa tenha esquecido daquilo.9 Obviamente, os efésios não haviam se esquecido de quem era. O problema era a falta de lembrança diária.

Tal palavra apresenta-se como um imperativo para os efésios. Consequentemente, nós também a recebemos como um imperativo. Ouvir este imperativo traz verdadeira libertação. A lembrança diária feita durante momentos de meditação e de-voção diárias traz ao coração do cristão verdadeira paz.

de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircunci-são por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separa-dos da comunidade de Israel e estranhos às alianças da pro-messa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.

A realidade das pessoas sem Cristo é esta que está aqui. Assim estavam todos os efésios. Todos os hoje salvos também experimentaram esta realidade na vida. E não podemos nunca nos esquecer disso.

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“Outrora”, todos éramos considerados “estranhos”, “es-trangeiros”, “gentios”. Incircuncisos. Todavia, éramos assim considerados por outros que se consideravam “perto” de Deus por conta de sua religiosidade, de sua ligação com a religião es-tabelecida.

Os “circuncisos” ou os “chamados circuncisão” são os ju-deus dentro do contexto dos efésios. Não apenas judeus não con-vertidos a Cristo, mas inclusive judeus convertidos, que consi-deravam Jesus como o Messias. Mesmo estes judeus messiâni-cos consideravam-se melhores pelo fato de serem circuncidados. Tanto estes quanto aqueles, consideravam-se mais em Deus do que os demais. O ponto é que ambos também estavam fora de Cristo, apesar de toda a arrogância e suposição religiosa.

Todos os incircuncisos/gentios/efésios a quem Paulo se di-rige são lembrados pelo apóstolo de que, além da sua incircunci-são, eles eram “estranhos às alianças da promessa”. Assim, tudo aquilo que Deus prometeu ao seu povo, além das providências extraordinárias e os milagres que o povo de Israel experimen-tava, era estranho para eles. Eles não conheceram nada disso.

A circuncisão era o meio de entrada à comunidade da alian-ça visto que representava a fé do circuncidado no Deus que exi-giu a circuncisão. A fé lhes dava o acesso, e não a circuncisão. Os efésios não possuíam nem uma coisa, nem outra.

O apóstolo termina sua palavra sobre o passado dos efésios lembrando-os de que eles, além de serem estranhos às alianças e incircuncisos, geograficamente permaneciam separados da co-munidade dos israelitas. Eles não possuíam esperança nenhu-ma. Deus era alguém totalmente estranho para eles.

Partindo disso, Paulo completa.

Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.

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Aqui está um milagre. Eles não vieram porque quiseram, mas foram aproximados. Isso está em pleno acordo com o que foi dito anteriormente a respeito dos cristãos serem presen-tes do Pai ao Filho, pessoas que o Pai, por motivos que nunca jamais entenderemos, decidiu desde antes da fundação do mundo, dar ao Filho como sua herança após a sua morte e res-surreição.

É bem possível que você que me lê nestas páginas seja um desses presentes do Pai ao Filho. Quem garantirá isso a você é o Espírito Santo, conforme afirma Rm 8:16:

O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.

Assim, uma vez que o Espírito do Senhor nos enche da paz de que, arrependidos e convertidos a nosso Senhor Jesus Cristo, somos filhos adotados pela misericórdia do Pai, deve-mos sempre nos lembrar de que a nossa salvação foi um pre-sente de Deus a nós. Não a merecemos. Ninguém a merece. É dom de Deus. É graça.

Paulo lembra os efésios de que, agora, eles estão “em Cris-to” (isto é, protegidos, guardados e guiados), perto de Deus. Es-távamos longe, mas agora estamos perto. Fomos aproximados pelo poder do sangue de Cristo Jesus.

Segundo a própria estrutura do verbo grego, somos todos passivos no processo de conversão a Cristo. Há algo misterio-so que acontece sobre nossas cabeças que envolve um amor gi-gantesco de Deus por nós, que nos transforma, nos quebran-ta, nos mostra o quanto o pecado é destruidor e maldito, nos mostra o quanto ele nos ama e, com este amor, nos constrange. Ele primeiro nos ama e, irresistivelmente, passamos a amá--lo também. Perdoados e lavados pelo sangue de Cristo, somos aproximados e continuamos a sê-lo a cada dia que passa.

Ele continuará a nos aproximar de si, até nos transfor-

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mar plenamente dando-nos plena condição para viver em sua presença pelos séculos dos séculos.

A consciência destas coisas deveria levar os efésios a lou-var a Deus. Essa é uma das principais motivações de Paulo ao escrever esta carta. Ele mesmo está explodindo de gratidão e louvor por Deus tê-lo salvo. E tudo o que Paulo dirá até o final deste capítulo está relacionado a isto, ao louvor que é fruto da grande salvação que todos herdamos de Deus.

Uma vez que eles e nós fomos libertos da sepultura, nossa vida transforma-se em uma vida de louvor. Uma vez que aque-les que estavam mortos no pecado tornaram-se vivos para Deus, sua vida torna-se um constante de gratidão e louvor. Não há espaço para murmúrio. Veja outras razões bíblicas do porque não há mais murmuração:

Romanos 8.1: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Romanos 5.9: Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira

Colossenses 1.13: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.

Com todas essas palavras, unidas às de Paulo aos efé-sios, concluímos que Jesus mudou tanto o nosso estado quan-to nossa posição. Quanto ao estado, antes éramos condenados, mas agora somos livres. Quanto à posição, antes estávamos distantes, presos ao império das trevas, mas agora estamos dentro do reino do Filho do seu amor. Estávamos distantes de Deus (v. 17) e dos judeus (v. 12), mas pelo sangue de Cristo, sendo purificados por ele, fomos trazidos para perto de Deus e das promessas da aliança.

Pelo sacrifício e morte de Cristo, fomos conduzidos para

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perto tanto de Deus quanto dos judeus. Apesar do pecado e da condenação ter nos mantido distantes de Deus, no sofrimento e sacrifício de Cristo, a barreira da separação do pecado foi des-truída e nossa condenação foi assumida por ele.10

Por causa do grande amor de Deus por nós, através de Cristo, fomos trazidos de volta para nosso lar, para o lar da-quele que nos criou, para, com ele, experimentarmos todos os benefícios oriundos da salvação. Esse é o motivo maior de nosso louvor. Nunca se esqueça: trazidos para o reino de nosso Pai, recebidos em sua igreja, unidos à família da aliança, e re-cebendo todos os privilégios que são consequência dessa ben-dita união.11

Para estes efésios, bem como para todos os que, hoje, pos-suem em seus lábios mais louvor do que murmúrio, Deus está sempre perto, trazendo muita paz. Murmúrio é, com frequên-cia, sinal de perdição ou de vazio espiritual. Murmúrio é, com quase toda certeza, o principal sintoma de que algo maior está faltando à vida do que está sempre murmurando. Já o louvor frequentemente está relacionado com aqueles que experimen-taram a libertação. Louvor é, com freqüência, sinal de salvação e de comunhão espiritual. Louvor é, com quase toda certeza, a principal característica de que algo maior ocupou o vazio que, um dia, ocupou o coração de uma pessoa.

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Versículos 14 a 18

Onde encontrar paz? Você já se questionou sobre isso? Todos sabem que paz não se compra. Por mais dinheiro que uma pessoa tenha, toda sua fortuna pode lhe dar apenas uns poucos momentos de sossego, mas não uma paz perfeita e eter-na. Sempre haverá um sentimento de vazio interior. Sempre estará faltando algo.

Há pessoas hoje que, da mesma forma como as pessoas de Éfeso, não sabiam o que é paz. Possuíam paz em casa, mas não no trabalho. Possuíam paz no trabalho, mas em casa era (e é, para os de hoje) uma guerra. Paz em casa, paz no trabalho, mas não no coração. Sempre nos falta paz em alguma área da vida. Onde encontrar a paz? Ela pode ser encontrada?

Há pessoas com 18 anos de vida que dizem quem nunca tiveram paz. Conheço outras de 88 anos de idade que, de igual modo, afirmam que nunca tiveram sossego e paz em suas vidas. Será que é possível encontrar a paz? Será que é possí-vel ter paz?

Todos precisamos de paz para viver. Sem ela, vivemos como mortos. A paz é o que nos anima a continuar. Mesmo com

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pouco dinheiro ou comida, tendo paz, temos força para cami-nhar. Então, precisamos de paz. Ela é essencial para a vida. Deus nos criou para vivermos em paz. Por causa do pecado, estamos para sempre condenados (por nossa própria escolha diária pelo pecado) a vivermos sem paz.

Como é hoje, assim foi ontem com os efésios. Por isso, Paulo os exorta na seqüência de sua epístola a encontrarem a paz no lugar certo e na pessoa certa. Vejamos.

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo der-ribado a parede da separação que estava no meio, a inimi-zade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que está-veis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Ef 2.14-18

Se você é alguém que já sofreu muito na vida desejando encontrar paz em algo ou em alguém, mas se desesperou ao perceber que nada lhe trouxe paz, saiba que a razão de você não ter a encontrado se dá pelo único fato de você não ter pro-curado no lugar certo.

A paz tem nome. A paz tem lugar. E qualquer pessoa pode chegar lá e encontrá-la. No entanto, o caminho exige cer-tos passos do peregrino que deseja encontrá-la. É disso que o apóstolo Paulo trata nesta passagem de sua epístola aos efé-sios. Paulo quer falar de paz. Seu grande desejo é que os efé-sios encontrem esta paz e saibam que naquele exato momento eles estavam sentados sobre ela, sobre a verdadeira paz. Paulo começa com estas palavras:

Porque ele é a nossa paz

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Não há dúvidas, Jesus é a nossa paz. Sem ele não há paz. Sem ele não há descanso para nossa mente. O ponto de Paulo leva para outro assunto que, na verdade, não é outro, mas o alicerce para que se entenda como Jesus pode ser nossa paz, e como Jesus pode mudar a disposição interna de homens e mu-lheres trazendo-lhes paz.

Quando Paulo afirma que Cristo é a nossa paz, ela usa a palavra εἰρήνη (eirēnē). Dentro do contexto grego, esta palavra também sugere um pacificador, além da própria paz. Mas não apenas um pacificador, como aqueles chamados para solucionar problemas entre policiais, sequestradores e reféns, antes, Cris-to é colocado como o verdadeiro preço para que tenhamos paz.12

Sim, nossa paz tem um preço. E o preço foi pago por Cris-to e é, de certo modo, o próprio Cristo. Sem ele, nunca teríamos paz. Entenda, essa paz não diz respeito apenas à relação entre seres humanos e Deus, mas à própria relação dos seres huma-nos entre si. Sem Cristo, toda paz é ilusão e temporária.

Outras passagens da Escritura afirmam isso:

Isaías 9.6: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;

Lucas 1.79: para alumiar os que jazem nas trevas e na som-bra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

João 16.33: Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.

o qual de ambos fez um

Compreenda aqui que, as partes sobre as quais Paulo trata dizem respeito a:

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1. Deus e os homens; 2. Homens e homens.

Paulo, de início, trata da relação entre os povos. Havia uma certa inimizade, ainda que camuflada, entre os judeus e os não-judeus (gentios). Para a comunidade de Éfeso, como para as demais comunidades da época, isso era muito signifi-cativo. Em praticamente todas as igrejas daquele tempo, ju-deus e gentios dividiam o espaço de adoração. A igreja local, em toda parte, era composta de judeus e não judeus. E, obvia-mente, isso gerava tenções.

Desde o início foi assim. Em At 6, encontramos mulheres judias, todas viúvas, recebendo sua parte diária de ajuda da igreja. Já as viúvas não-judias, estavam sendo esquecidas. Li-teralmente, esquecidas! Em Antioquia, onde Barnabé e Paulo pastoreavam, judeus que haviam crido em Cristo começaram a levantar entre os irmãos a necessidade deles praticarem cos-tumes e obedecerem leis cerimoniais do Antigo Testamento se quisessem ser realmente salvos (At 15.6-29). Tal problema fez com que Barnabé e Paulo, juntos de outros judeus e gentios, subissem à Jerusalém para receberem dos apóstolos orienta-ção quanto ao que os judeus de Antioquia estavam falando.

Não é raro encontrarmos judeus considerando-se melho-res, gerando certo problema entre não-judeus. Vários conse-lhos de Paulo em suas epístolas estão relacionados a este pro-blema. Aqui, não é diferente.

Paulo está lembrando os cristãos da igreja em Éfeso que, sejam judeus, sejam gentios, Deus, por meio da obra de Cris-to, fez dos dois povos um só, sendo ambos, agora, um só corpo, um só homem, tendo ambos uma só cabeça, que é Cristo, o Se-nhor de todos.

e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos manda-

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mentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconcilias-se ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.

Entre judeus e gentios sempre houve uma grande inimi-zade. Resquícios dessa inimizade se veem até hoje. No entanto, inimizade se vê entre todos os povos e não apenas entre judeus e não-judeus. E essa inimizade entre os povos é apenas uma som-bra da grande inimizade existente entre Deus e a humanidade.

Segundo o verso 14, Jesus é a paz que reúne os homens entre si e toda a humanidade arrependida a Deus. Sem Cristo, nunca haverá paz perfeita e duradoura. Ele é a paz. O preço para que Cristo se tornasse a própria paz entre os homens e Deus foi seu sacrifício na cruz do calvário. Portanto, para que a paz possa reinar entre judeus e efésios, Cristo deve estar no centro.

Se esse foi um tema na mente e na pena de Paulo, sem dúvida, em Éfeso ele existia também. Portanto, os efésios pre-cisavam ser lembrados de que Cristo era a única fonte da paz entre ambos. Cristo quebrou a barreira de separação que es-tava no meio, ou seja, toda a legislação cerimonial peculiar do povo judeu. Segundo alguns comentaristas, esta separação era bem representado no templo dos judeus no qual havia parti-ções destinadas à judeus e à gentios, os quais ficavam separa-dos durante o período de adoração.13 Cristo aboliu toda sepa-ração. Em Cristo, nenhum homem permanece em guerra com outro homem. Em Cristo, todos encontram uma fonte que sa-tisfaz a ambos com paz.14

E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito.

Cristo não só é nossa paz, mas ele também pregou a paz. A

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grande expressão desta porção é “evangelizou paz”, εὐηγγελίσατο εἰρήνην (euēngelisato eirēnēn). Antes de seu sacrifício que selou a possibilidade da paz perfeita, Cristo pregou a paz entre os homens, pregou sobre a disposição e atitude diante dos inimi-gos, falou sobre como repartir seus bens inclusive com aqueles que nos perseguem ou nos fazem mal. Seus discípulos, compre-endendo isso, entenderam que não deveriam responder ao mal com o mal, mas com o bem (1Ts 5.15).

Paz é possível para aqueles que estavam longe. Não so-mente longe dos judeus, mas principalmente longe de Deus. Àqueles que permaneciam alienados de Israel e suas alianças, e também àqueles que estão perto, aos judeus, alvo também do evangelho que possibilita a paz.15

Sem o evangelho não é possível haver paz. O evangelho é a mensagem de que somos grandes pecadores e Jesus é um gran-de (e único) Salvador. Estamos perdidos, e só ele pode nos achar. Estamos nús, e só ele pode nos vestir. Estamos famintos e só ele pode nos saciar. O evangelho nos chama ao arrependimento, à conversão à Cristo. Nos convida a pensarmos em nossos cami-nhos de guerra e de pecado e a nos convida a morrermos para tudo o que buscamos e vivemos em nosso passado e nos entre-garmos totalmente a ele. Morremos para tudo o que vivemos até aquele momento, e renascemos para uma nova vida como discí-pulos e seguidores de nosso Senhor Jesus Cristo.

Evangelho: somos grande pecadores e Cristo é um gran-de e único Salvador. Sem o evangelho, não há salvação. Sem salvação, nunca haverá paz.

Cristo evangelizou paz a todos os homens, os de longe e os de perto dos judeus. Por ele, todos têm acesso ao Pai.

Reconciliação

Cristo, e só Cristo, possibilita a paz entre os homens. Sem Cristo, ninguém é capaz de estabelecer paz duradoura e per-

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feita. Com Cristo, todos encontram o caminho da reconciliação e do perdão. Com Cristo, ninguém que um dia brigou e criou uma inimizade permanece nesta condição. Cristo é o único capaz de estabelecer a paz entre inimigos. Por isso, não é pos-sível que um cristão mantenha em seu coração disposição para a separação. Em Cristo, todos somos capazes de perdoar e bus-car a paz. Aliás, é isso que ele espera de nós:

Hb 12.14: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor

E nunca podemos nos esquecer das palavras de Jesus quando ensinou a oração mais famosa do cristianismo:

Mt 6.12,14-15: e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores ... Porque, se per-doardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai ce-leste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vos-sas ofensas.

Além destas palavras, muitas outras foram ditas por Jesus e pelos apóstolos. Todas relacionadas à condição de paz que sempre será esperada dos cristãos. Nunca jamais cristãos de-verão viver em guerra ou facção. Pelos princípios fundamentais do cristianismo, o perdão, a reconciliação e a paz são elementos que claramente estarão presentes em toda comunidade cristã.

A qualquer um que falte paz, basta buscar a Cristo. É nele, e só nele, que toda buscar se encerra. Ele é a fonte. Ele é a paz.

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Versículos 19 a 22

Muitas denominações históricas recentemente têm tra-balhado com comissões para resgate de identidade denomina-cional. A perda da identidade de muitas denominações cris-tãs acabou por inspirar alguns escritores a cunharem o termo “pós-denominacional”. Para estes, vivemos no chamado perí-odo “pós-denominacional”, quando a preocupação e o envol-vimento com denominações históricas não são tão buscados quanto em tempos anteriores.

A perda de identidade sempre se dá quando se esquece os fundamentos mais básicos de nossa história. Os cristãos, por exemplo, possuem sua raiz (ou alicerce – termo muito usado por Paulo nesta epístola) sobre Cristo e o seu Evangelho, sua Boa Nova. Quando este fundamento é substituído por qual-quer outra coisa, o edifício e todos os que estão nele correm o risco de se perderem.

Outro risco é o abalo a cada tempestade que soprar. Assim como uma casa edificada sobre a areia, é a vida de alguém que não tem como base de sua vida Cristo. Uma denominação cris-tã que substituiu a simplicidade do Evangelho e de Cristo por

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centenas de outras coisas, também precisa de um retorno à simplicidade a fim de se reencontrar com sua identidade ou-trora perdida.

Antes de tudo, Paulo irá colocar neste trecho de sua epís-tola que cada efésio era uma pedra viva, muito bem escolhida, separada (santificada) e preparada para ser colocada no edifí-cio que o Senhor está construindo para sua habitação. Estas pedras não brigam, não se ofendem, mas se completam, coope-rando para o fim à que são destinadas. Elas glorificam a Deus, e e não a si mesmos.

19. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,

20. edificados sobre o fundamento dos apóstolos e pro-fetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra an-gular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual tam-bém vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.

Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,

No texto imediatamente anterior, o apóstolo Paulo abor-dou o significado do fim de toda separação entre pessoas que agora fazem parte de um só corpo. Nos comentários que fiz deste texto imediatamente anterior a este em estudo aqui, Paulo exorta os efésios de que toda separação ou inimizade no corpo de Cristo é um completo absurdo, uma impossibilida-de lógica. Um corpo dividido é um corpo morto. Como o corpo de Cristo nunca estará morto, alguém em brigas e inimizades dentro do corpo de Cristo só pode ser alguém completamente doente espiritualmente, ou alguém que, de fato, não pertence ao corpo.

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Tendo entendido a isso, Paulo passa a afirmar que tais pessoas são “concidadãos”, ou seja, pessoas que moram junto, que habitam na mesma casa. Mas, que casa? Com quem? Paulo continua afirmando que eles são “concidadãos dos santos”. Tais pessoas são vistas por Deus como quem mora no lugar perten-cente aos santos.

Os santos não são uma categoria especial dentro do povo de Deus. Os santos são o próprio povo de Deus. Logo, alguém que não é santo, não é parte do povo de Deus. Sem santidade, ninguém, jamais, verá ao Senhor (Hb 12.14). Os cidadãos que habitam juntos (concidadãos), por serem santos, são membros da família de Deus. E, como membros de um só corpo, lutam juntos contra qualquer invasão para destruição do mesmo. Pe-cados são combatidos em grupo, e nunca individualmente ape-nas. Todos sofrem quando um sofre, e todos vencem e se ale-gram quando um vence e se alegra.

edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,

O apóstolo Paulo continua sua argumentação relaciona-da à igreja demonstrando que todos os santos estão alicerça-dos sobre um único fundamento. Assim como uma casa é cons-truída sobre um alicerce bem feito com ferros, pedras, concre-to, amarrações, etc., a “casa de Deus” também precisa de um alicerce seguro sobre o qual possa ser construída sem perigo de desmoronar. E o nome deste alicerce é Cristo.

Todos na família de Deus estão alicerçados sobre Jesus Cristo. Se alguém presente na comunhão cristã não está ali-cerçado em Cristo, tal pessoa correi o risco de trazer instabi-lidade ao corpo. Sabemos que o corpo, o edifício, jamais será destruído. Todavia, pode ser abalado por conta de indivíduos que constroem suas vidas sobre o pecado, a ganância, a menti-ra, o adultério, etc. Tais pessoas, quando constroem suas vidas

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sobre o pecado, podem até permanecer bem por um tempo. To-davia, na primeira tempestade, suas vidas arruinarão.

Ou construímos nossas vidas sobre Cristo ou sobre o pe-cado que reina em nosso coração. Ou sobre a Rocha, ou sobre a areia. Só a tempestade prova sobre o que estamos alicerçados.

Para Paulo, “edificados” está relacionado a esta seguran-ça que o cristão tem na vida, mesmo diante de uma tempesta-de. Tudo o que fazemos na vida possui uma base. Não tomamos nenhuma decisão sem que nos apoiemos em algo ou alguém. Só Cristo é alicerce seguro. Só Cristo nos mantém em pé diante das piores tempestades.

Após mencionar a edificação, o apóstolo fala do “funda-mento”, isto é, a base lançada por apóstolos e profetas (a Bíblia Sagrada). Não há outro fundamento se não o Verbo Revelado e o Verbo Encarnado. É sobre o Verbo que todos estamos. Foi o Verbo que criou todas as coisas. É nEle que tudo subsiste.

Apóstolos e profetas aqui se referem à Sagrada Escri-tura, escrita, quase toda ela, por apóstolos e profetas. Foram estes que Deus usou para se revelar aos homens, dando-lhes o fundamento sobre o qual construírem suas vidas. É sobre este mesmo fundamento que a igreja está alicerçada.

sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;

Jesus é o único alicerce sobre o qual nossas vidas devem estar edificadas. Alguém que constrói sua vida sobre outro fundamento correi o risco de ver sua vida destruída, sua casa desabada.

A “pedra angular” sobre a qual Paulo fala era usada em construções antigas para sustentar todo o prédio. Ainda hoje, mesmo no Brasil, podemos encontrar algumas casas construí-das sobre tais pedras angulares, ou pedras de esquina. No cen-tro histórico da cidade de Paraty-RJ, algumas casas possuem

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esta pedra conhecida na antiguidade como o alicerce sobre o qual casas eram construídas.

Há diversas formas de pedras angulares. Há as que são postas na base de antigas casas. Há as que são postas sobre o arco de uma ponte, sustentando não apenas o arco todo, mas toda a estrutura sobre a ponte. Seja qual for a forma de uma pedra angular, sua função será sempre a mesma – dar segu-rança àquilo ou àqueles que estiverem sobre ela.

no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor,

Todo edifício aqui significa você e um monte de gente. Ou seja, todos aqueles que fazem parte desse corpo ou família de santos que compõe a família de Deus. Em outro lugar da Escri-tura, Pedro fala que somos “pedras vivas” (1Pe 2.1-10, princi-palmente o verso 5).

1Pe 2.1–10: Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledi-cências, desejai ardentemente, como crianças recém-nasci-das, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experi-ência de que o Senhor é bondoso. Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios es-pirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, por-tanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descren-tes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofen-sa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedien-tes, para o que também foram postos. Vós, porém, sois raça

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eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade ex-clusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daque-le que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.

Cristo, portanto, é a pedra angular, a pedra viva. E todos os cristãos são, igualmente, pedras vivas que compõe este gran-de edifício que está em contrição há milênios. Um dia a cons-trução chegará à conclusão. Todavia, este dia depende do com-pletar do número dos eleitos:

Ap 6.11: Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmen-te eles foram.

O ajuste deste prédio chamado aqui de “santuário dedica-do ao Senhor” é impecável quando posto sobre o alicerce. Bem ajustada traz a ideia de que todos possuem o mesmo funda-mento na vida (Cristo), vivendo todos vidas santas, amando todos a Deus mais do que a tudo, e exercendo todos seus dons para a edificação do corpo. Assim, todos permanecem devida-mente ajustados às suas funções dentro do corpo, cooperando através de seus dons.

Uma vez que tudo transcorre dessa maneira, a conse-qüência natural é o crescimento deste edifício. Assim, a igreja só não cresce se os seus membros não vivem como exposto até aqui. O crescimento não se dá pelas habilidades pastorais, mu-sicais, etc., mas pelo próprio movimento do corpo segundo seus dons e sua comunhão com Deus.

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no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.

O capítulo dois termina com a certeza do apóstolo de que todos eles estavam dentro deste edifício que ainda está em cons-trução. A “Casa do Senhor” ainda está em processo de edifica-ção. As pedras que compõe este edifício estão sendo “ganhas” a cada dia, mundo afora. E o edifício continuará a ser levantado até que se complete o número dos chamados. Até lá, cabe à igre-ja duas coisas: pregar o evangelho e alicerçar-se em tudo o que faz sobre o único alicerce que a mantêm de pé, Cristo.

Assim, a igreja crescerá sobre Cristo, a rocha verdadeira e única, o alicerce sobre o qual todos sempre estaremos bem se-guros. Não há segurança fora de Cristo. Todos que constroem suas vidas fora de Cristo, constroem sobre a areia, sobre o pe-cado, sobre o que é passageiro e inseguro. A areia pode susten-tar por um breve período toda contrição erguida sobre ela, mas não pode sustentar por todo tempo. À primeira tempestade, o edifício cairá. Assim também a vida dos que constroem suas histórias sobre o pecado – em qualquer tempestade ou aflição, suas vidas arruinarão caindo sobre uma depressão e vazio que ninguém poderá curar.

Cristo, no entanto, constrói sua igreja. Pedras vivas a compõe. Estas são santas, são chamadas “família de Deus”. Compõe o santuário que o próprio Senhor está construindo para fazer dela a “habitação de Deus no Espírito”, como Paulo encerra.

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Notas

1. Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 678.

2. Robert James Utley, Paul Bound, the Gospel Unbound: Letters from Prison (Colossians, Ephesians and Philemon, then later, Philippians), vol. Volume 8, Study Guide Commentary Series (Marshall, TX: Bible Lessons International, 1997), 84.

3. Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 750.

4. Gerhard Kittel, Geoffrey W. Bromiley, e Gerhard Friedrich, orgs., The-ological dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerd-mans, 1964–), 467.

5. Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Oak Harbor, WA: Logos Resear-ch Systems, Inc., 1997), Ef 2.8.

6. Harold W. Hoehner, “Ephesians”, in The Bible Knowledge Commenta-ry: An Exposition of the Scriptures, ed. J. F. Walvoord e R. B. Zuck, vol. 2 (Wheaton, IL: Victor Books, 1985), 624.

7. Harold W. Hoehner, “Ephesians”, in The Bible Knowledge Commenta-ry: An Exposition of the Scriptures, ed. J. F. Walvoord e R. B. Zuck, vol. 2 (Wheaton, IL: Victor Books, 1985), 624.

8. Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 504.

9. Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains (New York: United Bible Societies, 1996), 346.

10. Harold W. Hoehner, “Ephesians”, in The Bible Knowledge Commenta-ry: An Exposition of the Scriptures, ed. J. F. Walvoord e R. B. Zuck, vol. 2 (Wheaton, IL: Victor Books, 1985), 625.

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11. Matthew Henry, Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: complete and una-bridged in one volume (Peabody: Hendrickson, 1994), 2310.

12. Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Oak Harbor, WA: Logos Resear-ch Systems, Inc., 1997), Ef 2.14.

13. Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Oak Harbor, WA: Logos Resear-ch Systems, Inc., 1997), Ef 2.14.

14. Matthew Henry, Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: complete and una-bridged in one volume (Peabody: Hendrickson, 1994), 2310.

15. Harold W. Hoehner, “Ephesians”, in The Bible Knowledge Commenta-ry: An Exposition of the Scriptures, ed. J. F. Walvoord e R. B. Zuck, vol. 2 (Wheaton, IL: Victor Books, 1985), 626.

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