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Impulsividade, irritabilidade e agressividade podem ser controladas por meio de medicações. Com o diagnóstico correto, é possível seguir medidas paliativas para conviver com o transtorno TEXTO E ENTREVISTAS NATÁLIA NEGRETTI Lidando com o MAL

Lidando com o mal

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Com o diagnóstico correto, é possível seguir medidas paliativas para conviver com o transtorno.

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Impulsividade, irritabilidade e agressividade podem ser controladas por meio de medicações.

Com o diagnóstico correto, é possível

seguir medidas paliativas para

conviver com o transtorno

TEXTO E ENTREVISTAS NATÁLIA NEGRETTI

Lidando com o MAL

O PODER DA HIPNOSEUma das terapias que pode ser aplicada nos casos de psicopatias é a hipnose. De acordo com Stephen Paul Adler, psicanalista que aplica a hipnose Ericksoniana, voltada à resolução de trauma psicológico, focalização e treinamentos corporativos, os psicopatas estão em uma espécie de transe destrutivo negativo, ficando muito sensíveis ao transe hipnótico. “Eles normalmente sofrem de má ligação e um transtorno de apego a si mesmos. A hipnose pode ser usada para refazer uma conexão para que eles possam eventualmente tornar-se conectado com firmeza. Um indivíduo bem conectado tem conhecimento de outras pessoas e suas necessidades e vive a vida em uma base relacional”, explica Adler. Seguindo esta linha de tratamento, quem sofre do transtorno pode ser curado, porém, é um caminho longo: “pode ser refeito através de transes hipnóticos positivos que permitem que o paciente relembre traumas passados ou experiências negativas da família e construa um final diferente e saudável. Um final que deveria ter acontecido, mas não o fez”, conta o especialista. Contudo, é importante destacar que nem todos os casos podem ser resolvidos. “Nem todas as abordagens funcionam com qualquer um. Cerca de 95% de toda a mudança de comportamento começa no inconsciente”, relata.

CONSULTORIAS Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Centro Avançado em Saúde da Beneficência Portuguesa de São Paulo; Sérgio Tamai, psiquiatra e presidente do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM); Stephen Paul Adler, psicanalista criador do ACT Institute Brasil; Vladimir Bernik, coordenador da equipe de psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo (SP).

eficaz para a psicopatia como um todo. Como a impulsividade, a irritabilidade e a agressividade são frequentes neste transtorno, medicações que controlam estes sintomas, tais como o carbonato de lítio, alguns anticonvulsivantes e antipsicóticos, são utilizados. Além disso, a psicoterapia cognitivo-comportamental costuma ser associada aos medicamentos”, explica o psiquiatra Sérgio Tamai. Assim, na busca pelo controle (e não cura!) do mal, diversos profissionais são envolvidos com seus meios específicos.

Melhor do que remediar...... é prevenir! O velho ditado também pode

ser aplicado no caso de psicopatas. Apesar de não se saber completamente o motivo do desenvolvimento do transtorno, bem como o que seria o estopim que desencadeia o compor-tamento agressivo, o ambiente pode apresentar forte influência. Assim, possibilitar qualidade de vida desde a infância é fundamental para evitar o desenvolvimento da psicopatia. “A prevenção por meio de programas pré-escolares e o esclarecimento de pais e professores são medidas socioeducativas importantes para reduzir o aparecimento do transtorno em crianças e adolescentes. O encarceramento é comum a muitos portadores de psicopatia por conta da prática de crimes e atos violentos contra pessoas”, destaca Ribeiro.

Nenhum transtorno mental é fácil de ser tratado, já que são manifestações complexas e que, por não serem doenças, não são passíveis de cura. O

que ocorre, muitas vezes, é o controle dos sintomas, o que ameniza comportamentos agressivos e melhora a convivência social.

Isto é o que acontece no transtorno de perso-nalidade antissocial. “Por não ser uma doença, não existe tratamento. Nem medicamentos e nem psicoterapia”, afirma o psiquiatra Vladi-mir Bernik. Isso quer dizer que devemos nos refugiar nas colinas mais próximas fugindo dos psicopatas a solta? Não é bem assim...

Contornando os sintomasApesar de a ciência ter evoluído bastante,

tornando capaz a identificação de diversas ca-racterísticas da psicopatia, pouco se sabe sobre como controlar todos os sintomas do indivíduo considerado psicopata, porém, medidas paliativas têm demonstrado bons resultados. “Todos os tratamentos atualmente disponíveis são palia-tivos e não visam a cura do transtorno, mas o controle dos sintomas e comportamentos”, conta o psicólogo Armando Ribeiro. O especialista destaca as terapias, como a cognitivo-com-portamental, a cognitiva dos esquemas e a comportamental dialética, entre algumas das abordagens psicológicas mais usadas atualmente para lidar com o transtorno. “Elas apresentam dados positivos sobre a redução dos sintomas das psicopatias, principalmente no fortalecimento das conexões cerebrais relacionadas à empatia e ao controle do impulso”, complementa.

Com toda sua complexidade e sintomas di-versos, é comum que mais de uma terapia seja aplicada no indivíduo. “Não há um tratamento

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COMO FUNCIONAM AS TERAPIAS

Terapia cognitivo-comportamental: uma mescla de terapia cognitiva e de terapia comportamental, é considerada uma das técnicas mais eficazes no tratamento de transtornos mentais. É guiada pelo diagnóstico do transtorno e pela análise do problema individual.

Terapia cognitiva dos esquemas: desenvolvida pelo psicólogo norte-

americano Jeffrey Young, a técnica foca no tratamento de diversos transtornos de personalidade. O objetivo é mudar a forma de encarar, interpretar e reagir aos estímulos, chamado de esquema.

Terapia comportamental dialética: desenvolvida especialmente para o tratamento de transtornos de personalidade, busca resolver conflitos de forma reacional por meio de sua exposição direta, ao mesmo tempo em que prioriza a qualidade de vida do paciente.

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