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CADERNOS DE EXCELÊNCIA
LIDERANÇA
2 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
MISSÃO
Disseminar os fundamentos da excelência em
gestão para o aumento de competitividade das
organizações e do Brasil.
VISÃO
Ser um dos principais centros mundiais de
estudo, debate e irradiação de conhecimento
sobre excelência em gestão.
Fundação Nacional da Qualidade
Cadernos de Excelência: Liderança / Fundação Nacional da Qualidade. – São Paulo : Fundação Nacional da
Qualidade, 2008. – (Série Cadernos de Excelência, n.1.)
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-60362-54-7
1. Critérios de Excelência. 2. Fundação Nacional da Qualidade. 3. Gestão da Qualidade Total.
4. Excelência empresarial. 5. Liderança.
CDD 658.562
SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA
RESPONSABILIDADE
Marcelo Marinho Aidar – Superintendente de
Premiação e Aplicações do MEG
REDAÇÃO
COORDENAÇÃO GERAL
Paulo Sergio Duarte de Almeida Valladares
EQUIPE
Caio Márcio Becker Soares
Carlos Amadeu Schauff
Cesarino Carvalho Júnior
Francisco Paulo Uras
Joaquim Emanuel Santini
Jorge Emanuel Reis Cajazeira
Mauro Sergio Sguerra Paganotti
Odair Mesquita Quintella
Ricardo Motta
Rodolfo Cardoso
Ronaldo Darwich Camilo
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL
Fernando Pachi
Odair Mesquita Quintella
AGRADECIMENTOS
A equipe de redação agradece a Jairo Barreto
dos Santos pelas críticas e sugestões ao Caderno
Liderança.
COLABORAÇÃO
C. Adriano Silva
Carla Marina Soriano
Christiane Rodrigues
PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA
Inah de Paula Comunicações
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta
publicação sem o prévio consentimento, por
escrito, da FNQ.
Publicado por
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 3
APRESENTAÇÃO
• Introdução ao Modelo de Excelência da
Gestão® (MEG)
• Liderança
• Estratégias e Planos
• Clientes
• Sociedade
• Informações e Conhecimento
• Pessoas
• Processos
• Resultados
• Auto-avaliação e Gestão de Melhorias
Escritos em linguagem acessível, os Cadernos de Excelência descrevem como os requisitos dos Critérios de Excelência
podem ser implementados a partir de soluções práticas, sem caráter prescritivo. Como ilustrações, são apresentados
exemplos de empresas finalistas ou vencedoras do PNQ, revelando o quanto podem ser proativas, refinadas ou ino-
vadoras as abordagens adotadas. No caso da sua utilização por organizações públicas, alguns conceitos como cliente,
mercado e concorrência precisam ser adaptados.
Espera-se que o leitor seja estimulado a consultar os Cadernos sempre que necessário e que se beneficie com os
exemplos apresentados. A série está disponível também em meio eletrônico – www.fnq.org.br.
Equipe de Redação
Este Caderno compõe a série Cadernos de Excelência, que tem por finalidade divulgar o Modelo de Excelência da
Gestão® (MEG) da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Destina-se a esclarecer as dúvidas de seus usuários
sobre o Modelo e a satisfazer aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre seu conteúdo. É uma va-
liosa ferramenta para quem pretende aperfeiçoar-se como membro da Banca Examinadora do Prêmio Nacional da
Qualidade (PNQ), aprimorar a gestão de sua organização ou preparar uma candidatura ao PNQ.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) está apresentado na publicação Critérios de Excelência, editada, anu-
almente, pela FNQ. Para uma leitura mais eficaz dos Cadernos desta série, recomenda-se que seja efetuada em
conjunto com os Critérios de Excelência.
Os Cadernos de Excelência são publicados na forma de “fascículos”, de modo a tornar a leitura mais agradável e a
facilitar seu manuseio. A série está organizada em dez volumes:
4 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................5
O CRITÉRIO LIDERANÇA ..................................................................................................6
Governança corporativa ........................................................................................................6
Exercício da liderança .........................................................................................................14
Análise do desempenho da organização ............................................................................25
BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................34
LIDERANÇA
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 5
INTRODUÇÃO
As grandes mudanças que estão ocorrendo nos merca-
dos, no perfil dos clientes, nas demandas da sociedade
e na tecnologia, têm exigido alto desempenho das
organizações. Para que uma organização possa ter su-
cesso em sua missão é essencial que as pessoas que a
integram se envolvam e se comprometam com a busca
da excelência da gestão. O estímulo a esse comporta-
mento exige dos representantes da instituição ou da
propriedade, das pessoas com direitos sobre a organi-
zação e dos dirigentes responsáveis pelo desempenho,
uma série de práticas para inspirar, criar ambiente fa-
vorável e convergir esforços. Isso implica em validar
orientações, liderando as ações necessárias à excelên-
cia do desempenho.
A liderança deve ser entendida como um conjunto
de práticas e ações em todos os níveis da organização.
Considera aspectos relativos à governança que promo-
ve a responsabilidade corporativa e a forma de atuação
da Direção. A liderança baseia-se em valores e prin-
cípios e leva à mobilização da força de trabalho, não
se restringindo somente na manifestação exclusiva e
pessoal de um único executivo de escalão superior.
A liderança que é exercida em nível da governança
deve promover o tratamento igualitário e justo entre os
detentores de participação, pautar-se por propor e pra-
ticar a ética e a transparência. Ela deve estar atenta aos
riscos buscando minimizar a probabilidade de eventos
adversos aos objetivos dos projetos da organização, am-
pliando-se assim as chances de sucesso. Desenvolver a
competência do líder nesta área é requisito fundamen-
tal para a governança da organização.
O exercício da liderança pressupõe que os líderes na
Direção sirvam de exemplo para todos, a partir de seu
comportamento ético e transparente, de suas habilida-
des de planejamento, comunicação e análise. Isso é que
revela a cultura e as necessidades de mudanças culturais
e estimula as pessoas a buscarem a excelência. A organi-
zação voltada para a excelência busca o engajamento de
todos os líderes, para que eles possam sensibilizar todos
os demais colaboradores da organização.
As ações dos líderes devem conduzir ao estabeleci-
mento e manutenção de relações com todas as partes
interessadas, de forma a obter também o comprometi-
mento necessário para concretizar a visão da organização
atuando como parte de em uma rede no mercado e na
sociedade. Estabelecer um sistema de governança
considerando um processo para levantamento e ma-
peamento de riscos, tomada de decisões e promover
a análise do desempenho da organização por meio de
processos estruturados que indicam os resultados alcan-
çados, são ações fundamentais da liderança. A liderança
esclarecida é responsável pela trajetória sustentável e
de progresso da organização, alavancando os resultados
e compensações e por minimizar a probabilidade de
eventos adversos aos objetivos da organização, prote-
gendo os interesses de todas as partes interessadas.
A liderança se torna fundamental na medida
em que é um caminho para se levar para dentro
das organizações a possibilidade de que todos
os seus profissionais tenham acesso ao modelo
da organização e possam, juntos, ir em busca da
excelência.
Élcio Aníbal de Lucca
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004
6 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
O CRITÉRIO LIDERANÇA
O Critério Liderança traduz, essencialmente, o fundamento da excelência Liderança e Cons-
tância de Propósito, que preconiza a forma aberta, democrática e inspiradora da atuação das
pessoas que detêm a propriedade e das que atuam na direção exercendo a liderança em todos
os níveis na organização. É a forma que visa ao desenvolvimento da cultura da excelência
como fonte de motivação, à promoção de relações de qualidade e à proteção dos interesses
das partes. Trata do comprometimento dos líderes com formas efetivas de governança, com
os valores e princípios da organização, além das estratégias e da promoção do sistema de
gestão para a excelência. Trata destacadamente da criação de um ambiente organizacional
que estimule as pessoas a buscar e realizar um propósito comum e duradouro.
O Critério está organizado em três temas principais. O primeiro referente à Governança cor-porativa aborda a atuação dos sócios detentores da propriedade, conselheiros, representantes
de partes interessadas, comunidades, poder público e demais líderes para aprimorar o nível
de confiança entre as partes interessadas, em condições de impactar favoravelmente o valor, a
sustentabilidade financeira, social e ambiental e a imagem da organização. Considera a imple-
mentação de controles sobre a direção, a geração de valores e princípios agregadores, as regras
de conduta e tratamento das questões éticas para os integrantes de sua administração, assim
como gestão de riscos e o processo decisório e de comunicação ampla. O segundo referente ao
Exercício da liderança aborda a forma de exercício da liderança, a interação da direção com
as partes interessadas. Aborda ainda as mudanças culturais, a diversidade de idéias necessárias
à busca da excelência, baseada no conjunto de valores e princípios compartilhados entre a
direção e a força de trabalho em coerência com as propostas da governança corporativa. Esses
valores e princípios, entendidos em toda a organização, são utilizados pela Direção como guia
e inspiração na consecução das estratégias (ver Caderno Estratégias e Planos); implementação
dos processos e práticas de gestão, definindo padrões de trabalho e assegurando o seu cumpri-
mento por meio de mecanismos de controle estruturados. Trata dos elementos necessários ao
desenvolvimento da liderança e da preparação dos líderes como também das formas do apren-
dizado da organização; e do desenvolvimento da inovação. O terceiro referente à Análise do desempenho da organização aborda como os líderes analisam o desempenho da organiza-
ção, incluindo a avaliação do atendimento aos principais requisitos das partes interessadas, em
alinhamento com a estratégia organizacional.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Este tema trata da implementação da governança corporativa ressaltando os aspectos relativos
à transparência, à eqüidade, à prestação de contas e à responsabilidade corporativa. Aborda o
estabelecimento de valores e princípios, de regras de conduta e tratamento das questões éticas.
Aborda também o gerenciamento dos riscos empresariais, a forma como as decisões são tomadas
e a realização da comunicação de fatos relevantes à sociedade e demais partes interessadas.
Para obter sucesso as organizações estabelecem arranjos institucionais que regem as rela-
ções entre acionistas (ou outros grupos) e suas administrações nomeadas que constituem
a sua Direção. Estes arranjos permitem melhores condições de sustentação da organiza-
ção, entendimento das demandas do negócio e atuação de forma competitiva e responsável,
para alcance de seus objetivos e metas. A governança corporativa define assim condições
para empreendedores líderes exercerem o direcionamento e controle sobre a organização de
modo a possibilitar uma alavancagem dos negócios.
A governança corporativa trata também de como as principais decisões são tomadas, co-
municadas e conduzidas em todos os níveis da organização, além da comunicação de fatos
relevantes também em seu ambiente externo. Essas decisões, normalmente, são tomadas
por meio de um conjunto de reuniões estruturadas, com finalidades e freqüências próprias,
que contam com a participação dos empreendedores envolvidos com a propriedade, com
representantes de partes interessadas e com a administração.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 7
Para refinar a sua estrutura de governança, a Promon implantou em 2007, um conselho de
administração composto por membros eleitos pelos acionistas, por voto direto e secreto, para
um mandato de três anos. O conselho se reúne mensalmente e tem a atribuição de definir
os objetivos, a política e a orientação geral dos negócios da companhia e de sua gestão, além
de aprovar o orçamento anual da empresa, dentre outras.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), organização dedicada a promover
a governança corporativa no Brasil, descreve em seu Código Brasileiro das Melhores Práticas
de Governança Corporativa os princípios básicos de uma boa governança (quadro 1), ou seja,
transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Quadro 1: Princípios básicos de uma boa governança (IBGC)
• Transparência - Mais do que “a obrigação de informar”, a Administração deve
cultivar o “desejo de informar”, sabendo que da boa comunicação interna e externa,
particularmente quando espontânea, franca e rápida resulta um clima de confiança,
tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros. A comunicação
não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar
também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e
que conduzem à criação de valor.
• Eqüidade - Caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos
minoritários, sejam do capital ou das demais partes interessadas, como colaborado-
res, clientes, fornecedores ou credores. Atitudes ou políticas discriminatórias, sob
qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis.
• Prestação de contas - Os agentes da governança corporativa devem prestar contas
de sua atuação a quem os elegeu e respondem integralmente por todos os atos que
praticarem no exercício de seus mandatos.
• Responsabilidade Corporativa - Conselheiros e executivos devem zelar pela pe-
renidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, de-
vem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios
e operações. Responsabilidade Corporativa é uma visão mais ampla da estratégia
empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que a
sociedade atua. A “função social” da empresa deve incluir a criação de riquezas e de
oportunidades de emprego, qualificação e diversidade da força de trabalho, estímulo
ao desenvolvimento científico por intermédio de tecnologia, e melhoria da qualida-
de de vida por meio de ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio
ambiente. Inclui-se neste princípio a contratação preferencial de recursos (trabalho
e insumos) oferecidos pela própria comunidade.
Fonte: IBGC: Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2004.
A governança inclui processos gerenciais como aprovação dos objetivos estratégicos, avaliação
e monitoramento do desempenho da Direção e da organização como um todo, planejamento
da sucessão, auditorias independentes, financeiras, de informática, de riscos ou de proces-
sos, internas e externas. Aborda também o estabelecimento de benefícios e compensações
aos executivos, gestão de riscos divulgações e relatos financeiros.
Assegurar a eficácia da governança é importante para assegurar a confiança das partes inte-
ressadas e de toda a sociedade, assim como para a eficácia organizacional.
O quadro 2 mostra as principais inter-relações com os demais temas dos Critérios de Excelência.
8 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Quadro 2: Principais inter-relacionamentos
Principais temas que influenciam
Motivos da influênciaTema sob
consideraçãoPrincipais temas
influenciadosConseqüências da influência
Análise do
desempenho da
organização
As conclusões da análise do
desempenho da organização
devem ser a base para
a prestação de contas,
orientações e controles da
administração.
Governança corporativa
Exercício da
liderança
O exercício da liderança reflete
valores e princípios, conduta
ética, justa e transparente
para a cultura da excelência
e a criação de valor para as
partes interessadas advindas da
governança corporativa.
Formulação das
estratégias
Na interação com os detentores
da propriedade e demais
partes interessadas, a Direção
deve comunicar as estratégias,
validar novas proposições e
buscar oportunidades para
facilitar a sua implementação.
Imagem e
conhecimento de
mercado
As definições da governança
corporativa e a comunicação de
fatos relevantes à sociedade e
às demais partes interessadas
afetam a imagem da organização
perante os clientes e mercados.
Os compromissos éticos influem
na autenticidade das mensagens
divulgadas ao mercado e aos
clientes.
Imagem e
conhecimento de
mercado
As necessidades e expectativas
dos clientes devem ser
consideradas para efeitos
de criação de valor e
desenvolvimento sustentável.
Relacionamento
com clientes
Os compromissos éticos devem
influenciar as formas como a
organização busca tornar os
clientes fiéis.
Relacionamento
com clientes
A segmentação do mercado
e o agrupamento de clientes
utilizado devem orientar a
definição dos fatos relevantes a
serem comunicados aos clientes.
Responsabilidade
socioambiental
As definições da governança
afetam a imagem da organização
perante a sociedade e as
comunidades.
Responsabilidade
socioambiental
Os aspectos e impactos sociais
e ambientais identificados
devem ser considerados
na identificação dos riscos
empresariais.
Qualidade de vida
A governança que sustenta
as ações da liderança e sua
interação com a força de
trabalho tem forte impacto no
clima organizacional.
Processos
econômico-
financeiros
Os riscos que afetam as
demonstrações financeiras
fazem parte do conjunto de
riscos empresariais.
Processos de
relacionamento
com fornecedores
As definições da governança
afetam a relação com
fornecedores quando do
estabelecimento dos valores
e princípios organizacionais
e criação de um ambiente de
oportunidades.
Fonte: FNQ, 2008.
PROTEÇÃO DE DIREITOS, TRANS-
PARÊNCIA, VALORES E PRINCÍPIOS
ORGANIZACIONAIS
Para que a governança tenha o foco efetivo na ma-
nutenção da confiança e na proteção dos direitos das
partes interessadas, a organização deve estruturar uma
base legal para assegurar seu papel social e as condições
de sua sustentabilidade. Assim é importante estabele-
cer as responsabilidades dos acionistas, proprietários,
conselhos de administração, presidente e diretores
em bases formais e igualitárias. Acordos corporati-
vos, estatutos e políticas documentam os direitos e as
responsabilidades de cada parte e descrevem como a
organização será dirigida e controlada para assegurar o
tratamento justo de todas as partes interessadas.
A organização deve assim estabelecer conselhos fis-
cais, de auditorias, conforme a natureza da governança
corporativa desejada. Por exemplo, um Conselho Fis-
cal pode ser definido para atuar considerando a sua
composição, a agenda de trabalho, relações com um
Conselho de Administração, com os auditores inde-
pendentes e com a auditoria interna.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 9
A Companhia Paulista de Força e Luz1 possui uma asses-
soria de governança corporativa que propõe, implementa,
aperfeiçoa e acompanha as práticas de governança corpo-
rativa propostas por entidades nacionais e internacionais.
A estrutura de governança da empresa é composta por
uma Assembléia Geral, Conselho de Administração,
Conselho Fiscal e Diretoria Executiva. Para assessorar
o Conselho de Administração, assegurando um processo
decisório eficaz e transparente, conta com seis comitês
compostos por conselheiros e representantes dos acionis-
tas da empresa: Comitê Executivo, de Remuneração, de
Auditoria, de Serviços Financeiros, de Obras e de Com-
pra e Venda de Insumos.
Para que se promova a cultura da excelência, a criação
de valor e o desenvolvimento sustentável, é necessá-
rio que haja convergência nas ações relativas a todos
os setores, unidades e processos organizacionais, le-
vando-se em consideração as expectativas e requisitos
de todas as partes interessadas. Para tanto, é funda-
mental que os líderes na governança da organização
estabeleçam um conjunto de valores e princípios orga-
nizacionais que definam os pilares do comportamento
organizacional e o rumo a ser seguido de forma a bali-
zar as decisões, as ações das pessoas e as formas mais
adequadas de controle dos atos da direção.
Esses princípios contemplam as orientações que a
organização deve seguir, por exemplo: missão, visão,
políticas, princípios gerenciais, compromissos com par-
tes interessadas e códigos de conduta. Eles sintetizam
claramente a causa da organização e são fundamentais
para o êxito do exercício da liderança — o principal
motor da motivação profissional nas organizações é a
causa pretendida.
Isso decorre do fato de os valores e os princípios mais
perenes formarem a identidade organizacional. Ou seja,
com eles as pessoas se identificarão, alinhando-se em
um mesmo rumo. De acordo com J. Collins e J. Porras2,
os valores são crenças que influenciam o comportamen-
to, as relações e o processo decisório de uma organização,
devendo ser utilizado para responder perguntas como:
• Como queremos conduzir nosso negócio?
• Como queremos tratar nossas partes interessadas?
• O que valorizamos?
• Em que acreditamos?
A missão é a expressão da razão de ser de uma orga-
nização; enfim é o seu propósito. Por outro lado, a
visão representa um estado futuro desejado, um dire-
cionamento para a organização. De forma implícita ou
explícita, a visão deve definir um conjunto de metas
audaciosas. Para ser válida, a visão não deve mudar a
cada ciclo de negócio, pois as estratégias serão formu-
ladas para torná-la real no longo prazo.
As organizações visionárias definem estados futuros
desafiadores que visam estimular o seu crescimento,
progresso e perpetuação, mas preservando seus valo-
res. Para tanto, devem alinhar seu sistema de liderança
e suas ações e decisões com esses valores e princípios.
Segundo Collins e Porras, construir uma organização
visionária requer 1% de visão e 99% de alinhamento.
Os valores e princípios, normalmente, são estabelecidos
por ocasião da validação do planejamento estratégico
pelas instâncias da governança da organização ou em
eventos especialmente definidos com esse propósito,
normalmente fora de suas instalações. Consultas envol-
vendo a força de trabalho e outras partes interessadas
são usualmente utilizadas pelas organizações para que
se tenha um processo mais participativo em termos de
criação ou atualização dos valores e princípios. Quando
esse processo é participativo, muito provavelmente, a
disseminação dos valores e princípios será mais fácil e a
adesão da força de trabalho será mais rápida.
Alguns exemplos de valores e princípios organizacio-
nais estão descritos nos quadros 3, 4 e 5.
Quadro 3: Valores e princípios da Belgo Juiz de Fora
1 Fonte: FNQ:Relatório da Gestão, Companhia Paulista de Força e Luz, 2005.2 COLLINS, James C. e Porras, Jerry I - Feitas para Durar – Editora Rocco.
VisãoSer referência na linha de aços para a construção civil e
para a indústria.
MissãoFornecer produtos de aço para a construção civil e in-
dústrias de trefilação.
Valores• Capacidade – Ser capaz é colocar toda a nossa forma-
ção e experiência na busca pela melhoria contínua, a
cada dia.
• Competência – Fazer bem feito é exercer nossa com-
petência e assumir responsabilidades.
• Coragem – A coragem nos faz enfrentar desafios e correr
riscos necessários para o sucesso de projetos e tarefas.
• Criatividade – Ser criativo é reinventar o caminho,
buscando alternativas onde, aparentemente, elas não
existem.
• Coração – A amizade e o espírito de equipe criam laços
de fraternidade, solidariedade e companheirismo.
• Comprometimento – Ser comprometido é zelar por
todos estes valores, buscando exercê-los, no trabalho
e na vida, em sua plenitude.
Política de Qualidade, Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Responsabilidade SocialSer uma empresa inovadora, na qualidade do produto e
no atendimento, com custo competitivo no mercado in-
terno e capacitada para exportação, buscando a harmonia
entre a atividade industrial, o homem e o meio ambiente,
respeitando os princípios da responsabilidade social.
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004.
10 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Quadro 4: Identidade da Petroquímica União
Visão
Tornar-se referencial de excelência
para a indústria petroquímica nacional
e internacional, pela qualidade da sua
gestão.
Missão
Ofertar à sociedade produtos químicos,
petroquímicos, derivados de petróleo e
serviços com competitividade, assegu-
rando o crescimento sustentável.
Valores• Valorização das pessoas
• Espírito de equipe
• Superação
• Senso de urgência
• Integridade
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2005.
Quadro 5: Valores Compartilhados Serasa - VCS
VisãoInformação SERASA em cada negócio.
NegócioSoluções em informação.
MissãoOferecer soluções em informação com
qualidade centrada no cliente, em espe-
cial no apoio a decisões de negócio, com
prioridade para o mercado de crédito,
buscando a excelência.
FILOSOFIA SERASASer ÉticoPraticamos em nossos relacionamentos
padrões morais que têm como princípio
o bem de todos.
Ser ExcelênciaBuscamos ser os melhores em tudo que
fazemos.
Ser EmpreendedorTransformamos o ambiente para
obtermos sucesso em negócios com
responsabilidade social.
Ser GenteValorizamos o próximo como a nós
mesmos.
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2005.
CONDUTA E COMPORTAMENTO ÉTICO
“A ética é a base da responsabilidade social, expressa nos princípios
e valores adotados pela organização. Não há responsabilidade social
sem ética nos negócios”.3 Portanto, as organizações que buscam a
incorporação do fundamento Responsabilidade Social devem man-
ter práticas que assegurem um relacionamento ético com todas as
partes interessadas e com os concorrentes. Uma prática usualmente
adotada é a formalização de um código de ética, que explicita os
princípios adotados pela organização e as regras de comportamento
a serem mantidas pelos seus representantes (Direção, força de tra-
balho). Normalmente, esse código de ética é divulgado tanto interna
como externamente. Para tratar eventuais problemas ligados à não-
observância do código de ética, há organizações que implementam
um comitê específico ou definem dentre seus executivos os respon-
sáveis para cuidar desses casos.
Fundamentado em seu modelo de gestão, a Bahia Sul Celulose
estabeleceu o seu código em um processo que contou com a partici-
pação de 20% de seu quadro organizacional e o suporte do Centro de
Estudos de Ética da FGV (CENE). Este instrumento está esque-
matizado em 12 diretrizes, considerando todas as partes interessadas
e a concorrência (quadro 6).
Quadro 6: Código de Ética da Bahia Sul Celulose
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose, 2001.
Tendo a organização definido seus compromissos éticos, o que pode
ser feito por meio de um código de ética, como sugerido anteriormente,
é implementar práticas para assegurar que estes compromissos sejam
divulgados e compreendidos pela força de trabalho.
3 Instituto Ethos – www.ethos.org.br
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 11
Alto Risco Médio Risco Alto
IMP
AC
TO
Compartilhar Mitigar e Controlar
Risco Baixo Risco Médio
Aceitar Controlar
Baixo(a) PROBABILIDADE Alta
É importante que a divulgação dos compromissos éti-
cos seja feita com a participação ativa dos membros da
Direção, para que estes demonstrem seu comprometi-
mento pessoal com os mesmos.
O Grupo Belgo entrega um exemplar de seu
código de ética aos empregados, clientes e for-
necedores, e o disponibiliza na intranet e na
internet. Campanhas internas incentivam a leitura
do código por meio de premiações associadas ao
entendimento do mesmo.
Existe um Comitê de Ética, que zela por:
• constante atualização e adequação do Código;
• deliberar em questões de dúvida sobre a inter-
pretação do texto;
• julgar casos de violação.
Adicionalmente, em 2004 foram criadas comissões
de ética nas diversas unidades, compostas por
elementos da liderança e do chão de fábrica, para
apoiar essas atividades.
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Belgo Juiz de Fora, 2004.
RISCOS EMPRESARIAIS
É essencial a implantação de mecanismos para identi-
ficar, classificar, analisar e tratar os riscos empresariais
mais significativos que possam afetar a imagem e a ca-
pacidade da organização de alcançar os seus objetivos.
A gestão de riscos é considerada um importante ele-
mento da governança corporativa, portanto, colabora
para a proteção dos interesses das partes interessadas.
Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência e
da(s) conseqüência(s) de um determinado evento não-
desejado.
São práticas importantes o mapeamento, classificação
e a avaliação dos riscos e o desenvolvimento de meca-
nismos para minimizar ou impedir ocorrências adversas
e/ou planos de contingência e sistemas de prontidão.
A figura 1 apresenta um exemplo de classificação de
riscos e, a partir destes, sugestão de ações a serem im-
plementadas para o tratamento dos riscos.
Figura 1: Impacto versus Probabilidade.
Fonte: COSO4: COSO Enterprise Risk Management – Integrated
Framework, 2004.
Na avaliação dos riscos, recomenda-se a classificação
dos mesmos de acordo com o grau de impacto e o grau
de probabilidade de ocorrência. Esses graus podem ser
classificados, por exemplo, em alto, médio e baixo, ou
por qualquer outra escala que exprima a criticidade do
impacto e a chance de ocorrência do evento de risco.
Preferencialmente, esses graus devem estar associados
a uma escala numérica como, por exemplo, um impac-
to de perdas significativas de receitas estaria associado
a um nível de mais de 40% ou uma probabilidade alta
de ocorrência estaria associada a um nível de mais de
uma vez por semana.
No tratamento dos riscos devem ser definidas ações
de eliminação ou minimização de ocorrência do risco
e implementados controles para monitorar o grau de
exposição do risco. A prática de simulação de ocorrên-
cia de riscos a partir de possíveis impactos adversos é
uma ação proativa para evitar impactos indesejáveis na
operação das organizações.
O risco pode ser encontrado nas organizações por meio
de várias derivações em função do sentido de avaliação,
por exemplo, risco de saúde e segurança, risco ambien-
tal, risco financeiro, risco legal, risco empresarial, risco
do negócio, risco tecnológico, risco operacional, risco
externo, risco interno, dentre outros. O IBGC, dentro
de uma proposta inicial, classifica os riscos conforme
mostrado no quadro 7.
4 COSO – Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission
12 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Quadro 7: Classificação de riscos segundo o IBGC
• Negócio / setorial: relacionado ao mercado no
qual a firma opera
• Político / Legal / Regulatório / Social: fatores
externos às companhias
• Estratégicos: associados às escolhas estratégicas
• Financeiros: Perdas no valor dos ativos de-
corrente de mudanças nos preços de ativos
financeiros (risco de mercado) e da liquidez
das operações.
• Operacional: perdas potenciais resultantes de
sistemas inadequados, falha de gerenciamento,
falhas de segurança predial, falhas de segurança
de informações, erros humanos, fraudes, catás-
trofes ambientais entre outros.
Fonte: Comitê de Riscos do IBGC, 2004.
A Companhia Paulista de Força e Luz5 classifica seus
riscos empresariais em quatro categorias: financeiro,
operações, regulatórios e estratégicos.
Os riscos podem estar associados a investimentos
em novos produtos e novos mercados, investimen-
tos em países instáveis, compra e venda em moedas
distintas com susceptibilidade a variações cambiais,
operações que envolvem potenciais impactos ambien-
tais e sociais, ausência de fornecedores qualificados e
inadimplência, entre outros fatores.
Uma pesquisa realizada com 269 executivos de em-
presas globais revelou os riscos que mais desafiam os
negócios. Estes riscos estão apresentados no quadro 6.
A gestão de riscos pode ser entendida num contexto
mais amplo, como o processo contínuo de aprimora-
mento dos controles internos. Alguns benefícios de
uma prática estruturada de gestão de riscos são:
• permite maior controle dos riscos assumidos (quan-
tificação da incerteza), por meio do mapeamento
de riscos e da inclusão de barreiras contra adversi-
dades e planos de contingência;
• minimiza a ocorrência de crises e dos impactos da
sua gestão, por meio de manutenção de planos de
contingência e sistemas de pronta-resposta;
• minimiza a ocorrência de surpresas e problemas, por
meio da introdução de mecanismos de prevenção;
• protege a organização contra perdas catastróficas,
por meio de política de seguros e planos de recu-
peração de desastres;
• assegura o atendimento à regulamentação, por
meio de acompanhamento da evolução do acervo
legal e regulamentar;
• possibilita maior previsibilidade e melhor alavan-
cagem de resultados, por meio da antecipação a
adversidades e potencialização de ocorrências be-
néficas;
• aumenta a probabilidade de sucesso da organização.
Quadro 8: Riscos que mais desafiam os negócios
1ReputaçãoAmeaças à imagem de produtos ou marcas
2RegulatórioDesrespeito à legislação
3Capital humanoEscassez de talentos e turbulências na sucessão
4TecnologiaFalhas operacionais e no sistema de segurança
5MercadoDesvalorização dos ativos
6CréditoInadimplência dos clientes
7PaísDesafios específicos de uma região
8 FinanciamentoDificuldade de obter crédito
9 Terrorismo
10 Desastres naturais
Fonte: The Economist - Intelligence Unit, 2006.
TOMADA, COMUNICAÇÃO E IMPLE-
MENTAÇÃO DE DECISÕES E FATOS
RELEVANTES
Um componente significativo da governança é o pro-
cesso decisório da organização, o qual deve assegurar
que as decisões sejam tomadas, comunicadas e imple-
mentadas de forma estruturada.
A estruturação do processo requer que sejam definidos
eventos específicos em que os líderes se reúnam e pos-
sam tomar as decisões que gerem grandes impactos na
organização, como grandes mudanças estratégicas, apro-
vação de grandes compras, aquisição de novas tecnologias
e desenvolvimento e produção de novos produtos.
“A participação dos diretores em uma série de reu-
niões e eventos periódicos marcou um novo tempo
para a tomada de decisões na Politeno. O fato dos
executivos estarem mais presentes e atuantes
refletiu diretamente no aspecto motivacional e de
transparência das metas e objetivos traçados”
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002
5 Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Companhia Paulista de Força e Luz, 2005.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 13
As organizações excelentes definem claramente, de
acordo com o tipo de reunião, a forma de tomar suas
decisões: por consenso ou por vontade da maioria em
conselhos e assembléias, na Direção ou no âmbito da
atuação do principal executivo. Para que sejam efica-
zes, é fundamental que as reuniões decisórias adotem
mecanismos de funcionamento bem definidos, como
um programa claro que combine adequadamente pau-
tas fixas e variáveis, duração coerente com as pautas
propostas, atas com os registros das decisões tomadas,
periodicidade adequada, definição de participantes e
possíveis suplentes.
Para assegurar o cumprimento dos padrões de trabalho
dos eventos de tomada de decisão, recomenda-se que
haja um calendário formal de reuniões e que este este-
ja claramente inserido nas agendas dos líderes.
O processo decisório deve estar claramente contem-
plado pelo sistema de governança da organização,
definindo limites de autoridade e cadeias de aprova-
ção. Isso é fundamental para assegurar que as decisões
sejam tomadas de forma transparente, considerando-
se os anseios das partes interessadas e contemplando
os riscos associados.
As decisões tomadas pela Direção e demais líderes,
ressalvadas aquelas que, pelo seu caráter estratégico,
devem ser tratadas como reservadas, como a formação
de alianças e a aquisição de empresas, devem ser crite-
riosamente comunicadas à força de trabalho e demais
partes interessadas, quando pertinente.
A forma de comunicação depende do teor da decisão
e do público-alvo. Para decisões de maior relevância,
que podem requerer explicações detalhadas, a comu-
nicação interna pode ser feita por meio de palestras
feitas diretamente pelo principal executivo da organi-
zação, ou em cascata, por meio de reuniões conduzidas
pelos participantes dos eventos decisórios com suas
próprias equipes. A comunicação interna poderá ser
feita também por e-mail ou ata das reuniões, via intra-
net. Para o público externo, as organizações utilizam
as mais variadas formas de comunicação, como reuni-
ões, palestras, cartas ou e-mail. São exemplos clássicos
os fóruns anuais para comunicação das estratégias aos
fornecedores e as palestras para as comunidades em
ocasiões especiais, como o “Dia do Meio Ambiente”.
Em todos os casos, o conteúdo das informações deve
ser definido a priori, de tal forma que a organização
possa assegurar a sua clareza e autenticidade.
As decisões podem ser implementadas pelos próprios
participantes do processo decisório, por pessoas espe-
cificamente designadas ou, ainda, por equipes ad hoc,
especialmente montadas com esse propósito. É mui-
to importante que sejam definidos os mecanismos de
acompanhamento das ações implementadas.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
A governança corporativa é composta pelo conjunto de
protocolos, regulamentos e convenções culturais, que
rege a relação entre as administrações das empresas e
os acionistas ou outros grupos de interesses, incluindo
as formas de prestação de contas. A prestação de con-
tas associa-se à transparência e evidencia a separação
entre interesses da empresa e interesses pessoais. Não
se trata de apenas prestar contas das finanças e sim de
deixar claro para a sociedade quais são as ações em que
a empresa está envolvida.
Os agentes da governança corporativa devem prestar
contas de sua atuação a quem os elegeu e respondem
integralmente por todos os atos que praticarem no
exercício de seus mandatos. Dependendo das defi-
nições adotadas a Direção presta contas formalmente
somente aos acionistas. No modelo que considera as
partes interessadas aumenta o número de grupos as-
sim contemplados, levando à criação de instâncias que
formalizam os critérios a adotar e as informações a con-
siderar na prestação de contas.
A assembléia geral/reunião de sócios é o órgão so-
berano da sociedade, a quem via de regra as contas
são prestadas, por intermédio de um conselho fiscal.
Recomendações e avaliações dos auditores indepen-
dentes sobre o ambiente de controle e risco devem ser
permanentemente monitorados pelo Conselho de Ad-
ministração e/ou Comitê de Auditoria, que devem se
assegurar da demonstração de aderência de condutas
por parte dos diretores em relação às recomendações
feitas pelos auditores. Essas estruturas devem também
indicar a responsabilidade pela definição da política
de remuneração da Direção, tanto fixa quanto variável
(participações no resultado e opções de compra ações).
Isso inclui os critérios de remuneração da Diretoria Exe-
cutiva ligados às responsabilidades, o tempo dedicado
às funções, a competência e reputação profissional e o
valor dos serviços no mercado. Por exemplo, um banco
S.A. com ações listadas em bolsa pode adotar para sua
prestação de contas as seguintes atividades:
• Eleição de Conselho Fiscal totalmente indepen-
dente (com três membros altamente qualificados,
sendo um indicado pelos minoritários);
• Instauração do Regimento Interno do Conselho Fiscal
para maior transparência na atuação do Conselho;
• Instauração de Comitê de Divulgação e Negocia-
ção com criação das Políticas de Divulgação e de
Negociação;
• Indicação de Conselheiros Independentes;
• Desenvolvimento de um sistema de controle e ma-
peamento dos aderentes às Políticas;
• Instauração do Comitê de Auditoria, com 2 membros
do comitê conselheiros independentes e 1 externo;
• Cumprimento da Resolução 3.081 do CMN e Lei
Sarbanes-Oxley.
14 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
EXERCÍCIO DA LIDERANÇA
O exercício da liderança considera a mobilização da força de trabalho e obtenção de apoio das
partes interessadas para o êxito das estratégias. Trata também das mudanças culturais neces-
sárias para apoiar a concretização das estratégias. Para que se promova a cultura da excelência
na organização, é necessário que haja convergência nas ações relativas a todos os setores, uni-
dades e processos, levando-se em consideração as expectativas de todas as partes interessadas.
O exercício da liderança baseia-se em valores claros e em princípios organizacionais que sus-
tentem as decisões e permitam guiar e inspirar a organização, engajando seguidores no alcance
dos seus objetivos. Deve também abranger todos os líderes da organização, mesmo aqueles
designados para liderar equipes perenes ou temporárias, fora da estrutura hierárquica, como as
equipes multifuncionais, comitês, comissões, times e projetos.
O exercício da liderança leva assim à estruturação das práticas de gestão e de criação das
condições necessárias à busca da excelência pela organização. Considera as formas utilizadas
para estabelecer padrões de trabalho e para controlar as práticas de gestão a partir da verifica-
ção do cumprimento dos padrões e a implementação do aprendizado para avaliar e melhorar
as práticas e padrões. Finalmente, trata de como a inovação é desenvolvida na organização.
Como trata do estabelecimento de padrões de trabalho, dos mecanismos globais de controle
e do sistema de aprendizado da organização, este tema se inter-relaciona com todos os de-
mais temas dos processos gerenciais. Uma gestão coerente deveria assegurar que todas as
práticas de gestão seguissem as orientações preconizadas no exercício da liderança. O qua-
dro 9 explicita as principais inter-relações com os demais temas dos Critérios de Excelência.
Principais temas que influenciam Motivos da influência Tema sob
consideraçãoPrincipais temas
influenciados Conseqüências da influência
Análise do
desempenho da
organização
As conclusões da análise do
desempenho da organização
devem subsidiar o aprendizado
Exercício da
liderança
Governança
corporativa
A criação de valor para as partes interessadas
e o desenvolvimento sustentável devem
permear a governança corporativa
Formulação das
estratégias
O exercício da liderança e as
mudanças culturais devem
levar em consideração as estra-
tégias formuladas
Sistemas de
trabalho
O exercício da liderança deve orientar a
concepção das práticas de avaliação do
desempenho, bem como as de remuneração,
reconhecimento e incentivos
Desenvolvimento
social
O exercício da liderança, a
interação com as partes interes-
sadas e as mudanças culturais
devem estimular o desenvolvi-
mento social sustentável
Capacitação e
desenvolvimento
O exercício da liderança, as mudanças da
cultura organizacional para a excelência e a
criação de valor para as partes interessadas
devem ser abordados nos programas de
capacitação e desenvolvimento
Todos os Itens
de enfoque e
aplicação
A mudança cultural e a inovação devem
permear toda a organização. Os padrões de
trabalho, a verificação do seu cumprimento, e
a implementação do aprendizado devem ser
aplicados a todos os processos da organização
INTERAÇÃO, ALINHAMENTO E MOBILIZAÇÃO DAS PESSOAS
A ação da Direção e dos demais líderes deve conduzir a mobilização da força de trabalho
assegurando o equilíbrio e a harmonia no relacionamento com todas as partes interessadas,
de forma a assegurar o comprometimento e o consentimento geral para concretizar a visão
da organização. Assim, esta ação deve considerar as expectativas de todas as partes inte-
ressadas, de modo a poder entender as suas necessidades e encontrar a melhor forma de
atendê-las. Para tanto, é fundamental que essas necessidades sejam adequadamente identi-
ficadas e entendidas, para que possam, efetivamente, ser consideradas pela organização.
Quadro 9: Principais inter-relacionamentos
Fonte: FNQ, 2006.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 15
Naturalmente, as necessidades das partes interes-
sadas, muitas vezes, são conflitantes. Ou seja: os
acionistas requerem a redução dos custos e o aumento
de preços para maximizar a lucratividade e o retorno
a eles próprios; os clientes querem produtos cada vez
mais baratos e serviços cada vez mais completos; os
fornecedores querem faturar cada vez mais com seus
produtos e serviços, aumentando com isso, os custos
da organização; os colaboradores desejam remunera-
ções mais atraentes, melhores condições de trabalho e
oportunidades de desenvolvimento, o que certamente
demanda mais investimentos e gastos com os recur-
sos humanos; a sociedade exige que as organizações
atuem responsavelmente e não causem impactos am-
bientais e sociais; e o governo define leis que afetam a
carga tributária, onerando o negócio das organizações.
Além disso, para preservar os ecossistemas e promover
o desenvolvimento sustentável, somas respeitáveis
devem ser investidas pelas organizações.
As partes interessadas, normalmente, possuem inte-
resses legítimos no sucesso da organização. Assim, é
fundamental que os líderes tenham competência para
entender e analisar esses interesses e determinar em
que grau eles podem ser atendidos de maneira harmô-
nica e balanceada, de forma a criar valor e manter um
nível de satisfação adequado desses públicos.
Uma organização que define objetivos estratégicos para
todos esses públicos e estabelece indicadores e metas
para cada um deles, utilizando, por exemplo, a meto-
dologia do BSC (Balanced Scorecard), estaria buscando
balancear as necessidades e procurando atendê-las de
forma harmônica. O Comitê Temático da FNQ “Pla-
nejamento do Sistema de Medição do Desempenho”,
por exemplo, sugere que os objetivos estratégicos de
uma organização e seus respectivos indicadores se-
jam definidos, de forma equilibrada, nas seguintes
perspectivas: financeira; clientes/mercado; inovação;
processos; pessoas; responsabilidade pública; aquisi-
ção/ fornecedores; e ambiente organizacional.
A Belgo Juiz de Fora6 definiu objetivos estratégicos e
indicadores de desempenho que atendessem as partes
interessadas, buscando com isso tomar decisões que
consideram os impactos que poderiam ser causados
a cada uma delas. As perspectivas do BSC da Belgo
são: finanças (acionista), clientes e mercado, processos
internos e fornecedores, e pessoas e responsabilidade
social (sociedade).
É fundamental que a Direção da organização intera-
ja diretamente com as partes interessadas, para que
possa identificar expectativas, de forma objetiva e
sem filtros. A direção deve avaliar e representar as
possibilidades de atender às novas necessidades que
as partes interessadas possam vir a ter. A presença
da Direção atesta o comprometimento da organiza-
ção com as partes interessadas. É muito importante,
portanto, que dedique uma parcela considerável do
seu tempo à atividades estratégicas e à busca de
oportunidades futuras para a organização, delegando
responsabilidade pelas atividades operacionais aos
demais gerentes e supervisores.
Exemplos de práticas que podem ser conduzidas pela
Direção para demonstrar comprometimento com as
partes interessadas são mostrados no quadro 10.
Quadro 10: Exemplos de práticas de interação da Direção com as partes interessadas
PARTE INTERESSADA PRÁTICAS DE INTERAÇÃO
ClientesParticipação em programas de visitas a clientes e de visitas dos clientes
Promoção de canal exclusivo para responder às reclamações e sugestões dos clientes
AcionistasApresentações da Diretoria em eventos do mercado de capitais
Participação da Direção em reuniões do Conselho de Administração
Pessoas
Abertura de cursos e eventos internos
Participação em reuniões de grupos de melhorias
Prática de walking around (vistas às áreas e interação com funcionários)
Auditoria do presidente
Fornecedores Participação em eventos com fornecedores e programa de visitas
Comunidade
Participação em reuniões com líderes das comunidades em eventos organizados
pela comunidade
Participação em campanhas de cunho social
Fonte: FNQ, 2007.
6 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004.
16 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Na Dana Albarus – Divisão Cardans7, a interação da liderança com todas as partes interes-
sadas, seja para comunicar informações e decisões, ou para desenvolver oportunidades de
negócio, ocorre por diversos meios, destacando-se aqueles apresentados no quadro 3.
Quadro 11: Práticas de interação com as partes interessadas da Dana Albarus – Divisão Cardans
PARTE INTERESSADA
PRÁTICAS DE INTERAÇÃO COM AS PARTES INTERESSADAS
FuncionáriosContatos diários, “Dia da Qualidade”, programa Agentes da Melhoria, Boletim
Diário e comemorações
Clientes “Dia do Cliente“, visitas, participação em feiras e eventos
Fornecedores Seminário de Fornecedores e reunião de feedback
ComunidadeReunião para Levantamento de Necessidades com autoridades locais, participação
em entidades institucionais e campanhas de suporte à comunidade
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
MUDANÇAS CULTURAIS
Mudanças culturais demandam tempo, constância de propósitos e melhoria contínua. Para
tanto, é fundamental que a Direção da organização vivencie o conjunto de valores e princí-
pios organizacionais estabelecidos que sustentam e apontam o rumo a ser seguido e balizem
as decisões e as ações das pessoas da organização.
A implementação de uma cultura de excelência, com novos padrões de comportamento, novos
desafios, uma nova visão de longo prazo, novos valores ou adequação nos existentes, novas
estratégias, enfim, novas diretrizes, freqüentemente, requer a mudança de algumas ou de
muitas atitudes e paradigmas organizacionais. O estímulo à diversidade de idéias, pensamen-
tos que afloram em ambiente propício oriundas de diferentes facetas da cultura organizacional
e das pessoas, é um importante promotor das mudanças organizacionais de sucesso.
A diversidade de idéias tem sido estimulada pelas organizações e os motivos vão desde a
busca de fontes diferenciadas de recursos e relações, passando pela leitura do que pode ser
realizado em relação à responsabilidade social e à atuação proativa em relação a combater
a discriminação. Também é uma condição para tornar o ambiente organizacional criativo e
mais inovador, pela aglutinação de perfis, formações, idades, gêneros e experiências diferen-
tes das pessoas que compõem a força de trabalho.
“Ao estimular a diversidade e atuar contra a discriminação, a empresa está fortalecen-
do o respeito mútuo entre as pessoas, o reconhecimento de suas particularidades e o
estímulo à sua criatividade e cooperação”.
Manual da diversidade do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2002)
A concretização das estratégias, usualmente, requer um processo estruturado de mudança.
Na verdade, a partir da conclusão do plano estratégico, os fatores críticos de sucesso e as
iniciativas ou planos de ação definem as mudanças culturais necessárias. Por exemplo, uma
organização pode definir como objetivo estratégico a internacionalização das suas operações,
entendendo que para isso é fundamental a realização de parcerias em outros países. Se nun-
ca trabalhou com parceiros, especialmente de outros países, certamente, terá de promover
uma mudança cultural na forma de fazer negócio e de relacionar-se com outras culturas orga-
nizacionais. Assim, as mudanças necessárias a serem implantadas na cultura organizacional
devem ocorrer de forma planejada, cuidadosa e estruturada, assegurando-se que sejam en-
tendidas, aceitas e bem-vindas.
As mudanças, normalmente, geram desconforto e provocam resistência. Dessa forma, um pro-
cesso de gestão da mudança que reflita as complexidades envolvidas deve ser considerado.
7 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 17
Os líderes devem entender o processo de mudança e
atuar como facilitadores e catalisadores, ou seja, como
agentes dessa mudança; devem ser os primeiros a acei-
tar e implementar as mudanças, para que possam ajudar
seus colaboradores nesse aspecto; devem ser pacientes
e entender que as mudanças não ocorrem da noite para
o dia e que as pessoas passam por um ciclo de mudança
que compreende negação, resistência inicial, exploração,
aceitação e implementação.
Algumas ações importantes que podem ser executadas
pelos líderes para facilitar o processo de mudança:
• implementar alguma ação simbólica, mas coerente
e alinhada com a mudança requerida, como remo-
ver alguns símbolos de status, por exemplo restau-
rantes diferentes e vagas reservadas para gerentes;
• implementar alguma mudança estrutural na orga-
nização, como eliminação de salas fechadas para
gerentes, diminuição de níveis hierárquicos e re-
dução de assinaturas de aprovação;
• envolver as pessoas solicitando opiniões sobre as
mudanças, incluindo-as no processo de definição
de missão e visão e no processo de planejamento
estratégico e implementando equipes multifuncio-
nais para inovação e melhoria de processos;
• implementar ações mais abrangentes e mais foca-
das na busca da excelência, como a introdução da
gestão por processos e a utilização de auto-avalia-
ções anuais segundo os Critérios de Excelência.
COMUNICAÇÃO DOS VALORES E PRINCÍ-
PIOS ORGANIZACIONAIS
Não basta somente a mera declaração dos valores e dos
princípios organizacionais. Sem a participação efetiva
dos líderes no estabelecimento, disseminação e na
garantia do entendimento pela força de trabalho e de-
mais partes interessadas, a cultura da excelência não se
forma ou não se mantém.
“A excelência não está no fim do caminho, mas
em cada passo dado, em cada conquista, na vitória
de cada dia...”
Cláudio Horta Mendes - Diretor da Belgo Juiz de Fora
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004
A comunicação dos valores e princípios é um aspecto
crítico para a adesão da força de trabalho e, conseqüen-
temente, para a sua efetiva utilização de modo a orientar
a execução do trabalho e a tomada de decisão.
O reforço dos valores e diretrizes implica demonstrar
como as decisões e ações organizacionais estão alinhadas
ou desalinhadas a eles. Isso pode ser feito em reuniões
gerenciais, em reuniões departamentais ou em grandes
fóruns com a presença massiva de colaboradores, em
que a direção da organização menciona exemplos reais
de decisões ou ações que reforçaram ou que contraria-
ram os valores e diretrizes organizacionais.
Se um dos valores de uma organização é, por exemplo,
busca da inovação, as últimas ações inovadoras devem
ser mencionadas, celebradas e identificadas como
ações alinhadas a este valor.
A comunicação, de forma geral, é uma das responsabili-
dades básicas dos líderes. A comunicação com todas as
partes interessadas é necessária para estabelecer confian-
ça, criar uma relação de transparência, fixar compromissos
mútuos e criar oportunidades para a organização.
O princípio básico de uma boa comunicação é que a mes-
ma constitua um processo de mão dupla, ou seja, que haja
entre transmissor e receptor uma sintonia adequada.
Alguns cuidados que devem ser tomados pelos líderes
para assegurar uma boa comunicação são:
• o propósito da comunicação deve ser claro;
• os colaboradores devem saber o que está sendo co-
municado e por quê;
• os mecanismos utilizados devem ser adequados ao
público-alvo e à relevância do assunto, ou seja, se
um assunto deve ser tratado em uma reunião, o en-
vio deste por e-mail pode não ser adequado;
• o momento da comunicação deve ser adequado.
Comunicar uma nova visão seis meses depois de
ter sido criada e de os objetivos estratégicos terem
sido definidos e incluídos nos programas de remu-
neração variável ou bônus pode ser tarde demais;
• os colaboradores devem ter oportunidade de discu-
tir o que está sendo comunicado.
Uma boa comunicação é, certamente, um fator de
sucesso nas organizações. Da mesma forma, a má co-
municação pode acabar com um negócio.
Se os líderes não deixam claro quais são os valores e os
princípios da organização, os colaboradores e demais
partes interessadas poderão assumir qualquer defini-
ção para os mesmos. Por exemplo, um hospital onde
não houvesse uma liderança forte e princípios orga-
nizacionais claros e explícitos, todos na organização
poderiam assumir que a missão do hospital é “curar
doenças”. Como resultado, todos os serviços e ações
estariam voltados para fornecer um bom tratamento.
No entanto, os pacientes (clientes) certamente pre-
feririam não estar doentes! Assim, o hospital deveria
exercer um papel importante de prevenção. Além
disso, nem todos os pacientes se recuperam de suas
enfermidades. Assim, o hospital também precisaria
prover serviços de apoio psicológico, assistência social,
aconselhamento etc. Certamente, os líderes deveriam
ter identificado que a missão do hospital talvez fosse
“prover serviços para melhorar a saúde da população”.
Isso faria diferença!
18 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Os principais mecanismos utilizados são: reuniões e encontros, murais, cartilhas e folders,
intranet e internet, gestão à vista etc.
A Serasa8, por exemplo, utiliza os seguintes mecanismos: TV SER SERASA, Correio Eletrô-
nico, Mural (Em Dia, Gente SERASA, Qualidade de Vida), Aplicando Qualidade/Informando
Qualidade, reuniões de Repasse, Mural Eletrônico, Café da Manhã e Quadro de Valores
Compartilhados Serasa.
Na Joal Teitelbaum9, a comunicação é feita de acordo com o quadro 12.
O principal mecanismo de comunicação da Dana Albarus – Divisão Cardans é o PROGRID –
Processo de Gerenciamento dos Recursos de Informação Dana10, sob a responsabilidade do
Comitê Estratégico, que tem como objetivo sistematizar e alinhar todos os subprocessos de co-
municação existentes e os respectivos meios de comunicação.
Destaca-se, também, o canal de interação Agentes da Melhoria (I e II), importante meio de
disseminação das diretrizes e valores, e da busca do comprometimento com a excelência.
É um programa de participação voluntária e aberto a todos os funcionários e estagiários,
composto de 16 palestras ministradas pela Equipe de Liderança e técnicos, com módulos
de disseminação e entendimento dos valores e do DQLP (Dana Quality Leadership Process),
criatividade e atitude pró-ativa.
Nos Agentes da Melhoria, o gerente da planta apresenta o planejamento estratégico, e os valores
organizacionais. Então, faz exercícios envolvendo o Estilo Dana, com levantamento dos pontos
positivos e negativos atendidos, e o padrão de conduta, por meio de três estudos de caso, que
devem ser discutidos pelos participantes em pequenos grupos e, depois, apresentados a todos.
Quadro 12: Forma de comunicação na Joal Teitelbaum
PARTE INTERESSADA FORMA DE COMUNICAÇÃO
Colaboradores
• Reuniões internas
• Reuniões do DCA (Dia do Colaborador Atuante)
• Procedimentos operacionais
• Murais
• Internet
• Memorandos
Fornecedores,
Empreiteiros e
Projetistas
• Correspondências
• Comunicados
• Procedimentos operacionais e instruções de serviço
• Murais da obra
• Internet
• Feedback de análises
• Reuniões com empreiteiros
• Reuniões de coordenação de projetos
• Newsletter
Clientes e
Comunidade
• Correspondência
• Internet
• Murais do EEJT e obras
• Tapumes de obra
• Workshops
• Newsletter
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
Como foi explicado, qualquer processo de comunicação requer um feedback sobre o en-
tendimento do que se deseja comunicar. Assim, é fundamental que a organização tenha
mecanismos para assegurar que os valores e princípios organizacionais sejam entendidos e
praticados por a toda força de trabalho. Os principais mecanismos utilizados são reuniões
e encontros, pesquisas específicas ou gerais como a de avaliação do clima organizacional e
avaliações das atitudes e ações da força de trabalho no dia-a-dia.
8 Fonte FNQ: Revista Classe Mundial, 2000.9 Fonte FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.10 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 19
IDENTIFICAÇÃO, AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES
Existem diversas práticas para se identificar potenciais líderes, por exemplo, a utilização das
avaliações formais de desempenho. Se o colaborador já exerce função de liderança, o grau
em que as competências de liderança são demonstradas pode evidenciar o potencial. Se o
colaborador ainda não exerce a função de liderança, a avaliação pode considerar algumas
competências de liderança, cabendo ao gerente avaliador identificar a presença de indícios
ou evidências reais do potencial de liderança. A designação de profissionais com esses indí-
cios para liderar equipes de projeto, times de melhoria ou assemelhados pode ser prevista
para avaliar o seu desempenho objetivamente, por meio de alcance de resultados pretendi-
dos quanto à capacidade de mobilizar pessoas para alcançar os objetivos empresariais.
Desde 1993, a Gerdau Aços Finos Piratini11 utiliza os programas de trainees e estagiários uni-
versitários como principal fonte de recrutamento de executivos. A empresa oferece várias
oportunidades para os funcionários operativos evidenciarem traços de liderança. Essas evi-
dências são identificadas pelos facilitadores e gestores, que estimulam e preparam as novas
lideranças e indicam processos de seleção interna quando há oportunidades de crescimento.
Na Eaton – Divisão Transmissões12, o processo de desenvolvimento do futuro líder segue
uma ou mais das práticas apresentadas no quadro 13.
Quadro 13: Práticas de desenvolvimento de líderes potenciais da Eaton
Job rotation – Indicação para trabalhar em outras plantas da Eaton no Brasil e exterior
Black Belt – Indicação para formação de especialistas em soluções de problemas em treinamento
nos EUA, por meio do Programa Corporativo Seis-Sigma
Program Manager – Indicação de profissionais para liderar programas de grande impacto na divisão
Treinamentos – Subvenção de MBA, especializações, mestrados, cursos de finanças e planeja-
mento estratégico, entre outros.
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001.
A excelência do desempenho requer que as organizações estejam sempre na vanguarda e de-
monstrem o senso de continuidade em suas operações. O sucesso nessa jornada, necessariamente,
tem início na forma como elas identificam e desenvolvem as suas lideranças. A organização deve
contar com líderes capazes em todos os níveis, com perfil adequado e com habilidade para mo-
tivar e engajar as equipes na causa da organização e no alcance de suas metas. As habilidades, os
conhecimentos e as atitudes dos líderes, que podem mudar ao longo do tempo, sob influência de
novos valores e princípios e das estratégias, devem ser reconhecidos.
Um dos atributos importantes de um líder é exatamente a capacidade de desenvolver novos
líderes. No entanto, esta competência deve ser utilizada de forma estruturada e igualitária
dentro da organização para evitar que preferências pessoais sejam utilizadas como critério
para a identificação dos colaboradores que têm potencial de liderança.
Para poder exercer a liderança nas organizações, seus líderes devem estar preparados e possuir
as competências necessárias. Algumas competências são genéricas e definem perfis genéricos
de um líder, por exemplo: agente de mudança, comunicador, criador de cultura, motivador e
inspirador, facilitador, participativo e estrategista.
Contudo, cada organização, em função de sua origem e cultura, incluindo seus valores e
princípios, os mercados em que atuam e suas estratégias, podem definir um perfil de lide-
rança específico e, portanto, estabelecer competências de liderança muito específicas.
A Politeno13 divide as competências em básicas, diferenciadoras e estratégicas. O quadro 14
descreve os tipos e apresenta as competências de liderança.
11 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002. 12 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001.13 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002.
20 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
14 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2000. 15 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
A definição clara dos atributos ou competências para
uma liderança eficaz e a existência de indicadores da
eficácia do exercício da liderança ajudam na avalia-
ção das habilidades de liderança. Assim, os líderes
devem ser avaliados e desenvolvidos em relação às
competências de liderança desejadas pela organiza-
ção. Essas avaliações podem ser feitas de diversas
formas, porém a mais completa envolve um processo
participativo em que chefes, subordinados e pares
possam expressar suas opiniões. A mais comum é a
avaliação 360 graus.
A identificação e o desenvolvimento das habilidades
dos líderes da Serasa14 são realizados por meio das fer-
ramentas apresentadas no quadro 15.
Quadro 15: Descrição das ferramentas para apuração das
habilidades de liderança na Serasa
FERRAMENTA DESCRIÇÃO
Human
Dynamics
Mapeia estilos gerenciais e de
comportamento interpessoal
Feedback 360º
Proporciona uma visão
holística de competências e
habilidades dos líderes
Programação
Neurolingüistica
Visa aprimorar a comunicação
interpessoal da liderança
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2000.
Na Joal Teitelbaum15, as competências de liderança
foram estabelecidas em função da Política da Qualida-
de e Meio Ambiente, Saúde e Segurança (PQMASS) e
do seu plano estratégico, em workshop realizado com a
presença de todos os membros da Direção. O quadro 16
mostra perfil desejado de líder na Joal Teitelbaum.
Quadro 16: Perfil do líder Joal Teitelbaum
• Ágil
• Agregador/integrador
• Autoconfiante
• Conhecimento técnico
• Criativo
• Decidido
• Energizador
• Entusiasta
• Exercita o diálogo
• Pratica o feedback com reciprocidade
• Gerencia efetivamente a Política da
Qualidade e MASS
• Gerencia mudanças
• Objetivo
• Proativo
• Simples/espontâneo
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
ESTABELECIMENTO E VERIFICAÇÃO
DE CUMPRIMENTO DE PADRÕES DE
TRABALHO
A implementação de uma cultura de excelência realizadora
requer a definição de processos gerenciais que assegurem
que todas as práticas de gestão relevantes sejam estrutura-
das, controladas e melhoradas continuamente.
O diagrama da gestão (figura 2) apresenta a seqüência
necessária para definir, implementar, controlar e melho-
rar uma prática de gestão, ou processo da organização.
Quadro 14: Competências de liderança na Politeno
Tipo Característica Competência
Básicas Presentes na cultura (atual)• Gestão da qualidade
• Raciocínio analítico
Diferenciadoras Alavancam resultados (atual)
• Autoconfiança
• Comprometimento organizacional
• Busca de informações
• Iniciativa
Estratégicas Necessárias para o futuro (futuras)
• Liderança de equipes
• Gestão de resultados
• Foco no cliente
• Visão do negócio
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 21
Verificação
(comparação com
padrão)
Ação
ExecuçãoPlanejamento da
execução
Verificação
(comparação com
padrão)
Ação
ExecuçãoPlanejamento da
execução
Verificação
(comparação com
padrão)
Ação
ExecuçãoPlanejamento da
execução
Definição das
práticas e padrões
Melhoria
Verificação
(comparação com
padrão)
Ação
ExecuçãoPlanejamento da
execução
Avaliação
16 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002. 17 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
Vale destacar que prática de gestão é o mesmo que
processo de gestão, cuja natureza é essencialmente
gerencial e não operacional. Portanto, uma prática de
gestão, por definição, também é um processo.
Todos os processos e práticas de gestão devem ter pa-
drões de trabalho — regras de funcionamento — que
orientem a sua execução de forma adequada. Esses
padrões, assim como nos processos operacionais, visam
garantir a repetitividade dos processos gerenciais, a fim
de garantir sua qualidade. Os processos gerenciais trans-
formam informações em decisões e, quando suportados
por métodos padronizados, são mais eficazes em alcan-
çar seus objetivos. A padronização das práticas permite
aumentar a confiabilidade, diminuir a variabilidade,
proteger o conhecimento e facilitar a sua gestão.
É fundamental, portanto, que a organização defina cri-
térios capazes de estabelecer os padrões de trabalho,
em termos tanto de conteúdo como de apresentação.
Alguns critérios importantes que devem ser considera-
dos incluem: atendimento das necessidades das partes
interessadas, valores e princípios, normas e diretrizes
organizacionais, objetivos estratégicos e metas a serem
alcançadas, leis existentes, e referenciais comparativos
internos e, principalmente, externos.
A Gerdau Aços Finos Piratini16 estabelece os padrões
de trabalho das principais práticas de gestão existentes
por meio do Padrão de Gerenciamento (PG), que inclui:
fluxo de gerenciamento (utilizando o PDCA), ativi-
dades e responsáveis, itens de controle (indicadores,
metas, origem da meta, freqüência de acompanha-
mento e responsável, tipo do indicador — controle ou
aprendizado), ações para o ano, seus responsáveis e
prazos, e atividades de controle e aprendizado.
O estabelecimento dos principais padrões de trabalho
na Gerdau Aços Finos Piratini é orientado por padrões
externos, tais como: normas NBR ISO 9000, QS 9000
(atual ISO/TS 16949) e NBR ISO 14001, Modelo DNV
de Segurança, Critérios de Excelência, práticas do TQC,
metodologia Seis-Sigma e regulamentos da Fepam. En-
tre os principais padrões da Gerdau Aços Finos Piratini,
incluem-se as diretrizes organizacionais e o Sistema
Gerdau de Gestão, que compreendem: Gestão com
Foco no Operador, Sistema de Segurança Total, Siste-
ma de Gestão Ambiental e Diretrizes Éticas Gerdau.
Na Dana Albarus - Divisão Cardans17, a definição, o
estabelecimento e a implementação dos padrões de
trabalho ocorrem principalmente em atendimento às
diretrizes corporativas da Dana, aos requisitos das nor-
mas dos sistemas da qualidade e gestão ambiental, e às
regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Os padrões de trabalho podem ser comunicados por
meio de procedimentos gerenciais ou operacionais,
de um sistema informatizado de padronização, ou de
páginas de Intranet organizadas por processos ou de-
partamentos, entre outras.
Figura 2: Diagrama da gestão.Fonte: Critérios de Excelência da FNQ, 2008.
22 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Conforme o diagrama da gestão apresentado na figura
2, uma vez estabelecidas, as práticas, bem como os seus
respectivos padrões, devem ser executados de forma a
gerar os resultados desejados.
É muito importante que a organização estabeleça um
sistema de controle que possa assegurar que os padrões
sejam cumpridos. Muitas organizações definem práticas
e processos com padrões excelentes e até criam proce-
dimentos para documentar esses padrões, mas não têm
mecanismos para verificar o cumprimento dos mesmos
e implementar as ações corretivas necessárias.
Os mecanismos de controle podem ser globais ou
específicos. Os mecanismos globais aplicam-se a um
conjunto de práticas e processos dos mais variados ti-
pos, como as auditorias dos sistemas da qualidade ou
dos sistemas integrados de gestão e reuniões de análi-
se de desempenho. O controle também pode se dar no
nível da documentação, como preconiza a ISO 9001,
e, portanto, exercer um papel preventivo, evitando-se
a utilização de padrões desatualizados. Isso pode ser
feito, por exemplo, retirando-se de circulação os docu-
mentos obsoletos.
Os mecanismos específicos aplicam-se exclusivamente
a uma prática ou conjunto limitado de práticas. Neste
caso, podem ser citados: monitoramento da elaboração
do planejamento estratégico, por exemplo, pelo acom-
panhamento do seu cronograma; monitoramento feito
pelo supervisor de RH com relação ao cumprimento
das avaliações de desempenho dos colaboradores pelos
gerentes, por meio de uma ferramenta informatizada; e
acompanhamento do retorno das pesquisas de satisfa-
ção dos clientes, por meio do indicador “taxa de retorno
da pesquisa”, realizado pelo analista de marketing.
Na Dana Albarus - Divisão Cardans, todos os padrões
estabelecidos são monitorados por auditorias, internas
e externas. A eliminação de não-conformidades encon-
tradas acontece a partir do recebimento do relatório da
auditoria, com a definição de um plano de ação corre-
tiva e preventiva.
APRENDIZADO E INOVAÇÃO
Seguindo o diagrama da gestão apresentado (figura 2),
as práticas de gestão devem ser avaliadas periodica-
mente, para assegurar que estão atualizadas em função
das mudanças de requisitos, tecnologia, melhores prá-
ticas, novas estratégias e novos desafios, enfim, em
relação às condições de negócio atuais. Caso não este-
jam, melhorias devem ser implementadas.
Essas melhorias podem ser incrementais ou de ruptu-
ra, sendo que a sua definição deve dar-se em função da
complexidade das mudanças requeridas.
Essa etapa de melhoria preconizada pelo diagrama da
gestão representa o Aprendizado Organizacional, que
é um dos fundamentos da excelência, sendo definido
como: “a busca e o alcance de um novo nível de co-
nhecimento para a organização por meio da percepção,
reflexão, avaliação e compartilhamento de experiências”
que podem ser traduzidos em resultados tangíveis.
O aprendizado organizacional deve ser uma intenção es-
tratégica e estar internalizado na cultura organizacional,
tornando-se parte do trabalho diário em quaisquer ativi-
dades, em todos os níveis da organização. Uma cultura
organizacional que tenha internalizado esse conceito
busca eliminar a causa de problemas, permite a experi-
mentação, utiliza o erro como instrumento pedagógico,
dissemina suas melhores práticas, compartilha informa-
ção e conhecimento, desenvolve soluções e implementa
melhorias e inovações de forma sustentada.
A organização que avalia periodicamente as suas prá-
ticas, processos, padrões, estratégias e seu sistema de
gestão e que implementa as melhorias necessárias
adapta-se mais facilmente às mudanças e tem mais
condições de atingir e manter a excelência no desem-
penho e aumentar a competitividade.
Para melhorar as suas práticas de gestão e padrões de
trabalho, a organização deve implementar um sistema
de aprendizado organizacional capaz de reunir os me-
canismos organizacionais que, de forma estruturada,
questionem a forma como o trabalho é feito e propo-
nham ações de mudanças. Constituem exemplos os
seguintes mecanismos:
• avaliações da gestão, internas ou externas, com base
em modelos de gestão reconhecidos, como o Prêmio
Nacional da Qualidade®, Rumo à Excelência, premia-
ções setoriais ou regionais e outros desenvolvidos de
forma específica para as organizações: promove uma
profunda reflexão sobre possíveis lacunas existentes
no sistema gerencial, induzindo a criação, expansão
ou melhoria de práticas de gestão;
• avaliações da gestão, internas ou externas, com
base nos modelos citados: possibilita a identifica-
ção de lacunas a partir da avaliação de relatos da
situação atual do sistema gerencial, contribuindo
para a independência da avaliação;
• reuniões de análise crítica: promovem a discussão
sobre erros e acertos da gestão, proporcionando
uma revisão periódica dos processos gerenciais, le-
vando-se em conta resultados alcançados;
• prática do benchmarking para identificar e incor-
porar as melhores práticas gerenciais: promove a
captação de práticas bem-sucedidas em outras or-
ganizações;
• auditorias genéricas ou específicas, internas ou de
terceira parte: submetidas aos questionamentos
emanados de padrões auditados, as organizações
identificam lacunas em seus sistemas de gestão
(não-conformidades maiores), induzindo ajustes
em seus padrões;
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 23
18 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004.19 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001.20 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
• pesquisas que avaliam a satisfação das partes inte-
ressadas: podem induzir a ajustes nos padrões de
gerenciamento de maneira a que busquem atender
aos verdadeiros anseios das partes interessadas;
• mecanismo de geração de idéias e inovações: estimu-
la a criatividade gerencial para tornar padrões mais
eficientes e eficazes por meio de idéias inovadoras;
• comitês temáticos (clientes / sociedade / planeja-
mento / RH / governança / TI / outros): possibilitam
o intercâmbio de idéias entre atores de processos
gerenciais, trazendo novas idéias e novos insights;
• fóruns de reflexão: promovem o intercâmbio multi-
profissional para a análise de padrões gerenciais, possi-
bilitando a discussão de novas visões e novas soluções
gerenciais que considerem vários campos do conheci-
mento em alinhamento com os Critérios de Excelência.
“A Politeno buscou o aperfeiçoamento em todas as
áreas, utilizando-se dos relatórios de avaliação emi-
tidos pelos examinadores do PNQ e transformou
cada oportunidade de melhoria em um desafio a
ser vencido...”
Jaime Sartori – Diretor-superintendente da Politeno
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002
Naturalmente, este sistema de aprendizado deve
considerar a existência de práticas de aprendizado
com propósitos muito específicos, como workshop de
melhoria do planejamento estratégico, reuniões para
melhoria de pesquisas de clima ou de satisfação de
clientes e lições aprendidas em projetos.
Na busca pela melhoria contínua, a Belgo Juiz de
Fora criou e implementou os Times de Aprendizado
e Criatividade (TAC)18 Responsáveis pelas melhorias/
inovações das práticas de gestão, os times conciliam os
resultados obtidos com o valor agregado para as partes
interessadas, seguindo a metodologia geral de apren-
dizado. Oportunidades de melhoria identificadas no
relatório de avaliação (RA) da FNQ, resultados dos
indicadores de desempenho, resultados das auditorias
internas e relatórios de visitas de benchmarking servem
como subsídios para as reuniões semestrais dos times.
Quando o TAC identifica uma necessidade de me-
lhoria, indica um líder, cuja responsabilidade é formar
uma equipe para estudar as propostas e estabelecer um
plano de ação para a implementação da melhoria. Após
a aprovação, os padrões de trabalho são atualizados e,
em seguida, há a comunicação às partes interessadas.
Os times são os seguintes: Liderança, Planejamento
Estratégico e Capital Intelectual, Clientes, Responsa-
bilidade Social, Informações e Comparações, Pessoas,
Processos e Fornecedores.
Para aprender, a Bahia Sul Celulose utiliza a sistemáti-
ca consolidada no MABS — Modelo de Aprendizagem
Bahia Sul.19 O modelo compreende um processo basea-
do em três níveis, conforme apresentado no quadro 16.
Quadro 17: Modelo de Aprendizagem Bahia Sul (MABS)
Nível 0 — Aprendizado organizacional —
Processo de aprendizado global pelo qual a em-
presa, desde 1996, vem avaliando e melhorando
sua gestão, utilizando como referencial os Critérios
de Excelência da FNQ.
Nível 1 — Aprendizado nos processos —
É realizado com base na consolidação e análise dos
resultados de dois processos totalmente integrados
em nossa cultura: O Sistema de Avaliação da Satisfa-
ção do Colaborador (SASC) e o Sistema de Avaliação
da Satisfação do Cliente Interno (SACI).
Nível 2 — Aprendizado de práticas específicas ou fóruns de reflexão e aprendizado — Consiste
na realização de reuniões específicas, denominadas
R&A, para a análise crítica de todas as práticas
relevantes, inseridas no Modelo Bahia Sul de
Gestão. Em função dessas análises e de estudos
comparativos com referenciais (benchmarking),
são estabelecidos planos de ação, melhorias e
inovações.
Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001.
O aprendizado da gestão visando à excelência na Dana
Albarus - Divisão Cardans20 ocorre, desde 1996, a partir
do DQLP, sistema de gestão utilizado pela Dana mun-
dialmente, que adota os critérios do Prêmio Americano
Malcolm Baldrige como referência para a avaliação da
sua gestão. A pontuação atingida no DQLP permite
comparar o nível de excelência entre as divisões da
Dana no mundo todo, bem como promover a troca
de melhores práticas. O desenvolvimento da cultura
da excelência ocorre também nos diversos eventos
de análise, pela atuação dos comitês e subcomitês da
estrutura de liderança e pela constante utilização da
ferramenta de benchmarking, implementada segundo
procedimento específico.
A inovação é percebida, hoje, como o fator mais im-
portante para a manutenção de vantagem competitiva.
Porém, para que essa vantagem competitiva se torne
sustentada é preciso que a organização possa gerar ino-
vações de forma intencional e contínua, e que essas
inovações sejam não só de tecnologia, produtos/ser-
viços e processos, como tem sido a ênfase a partir da
década de 1990, mas também de negócios e de gestão.
24 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Assim, é necessário um processo estruturado que esti-
mule a geração, captação e análise de idéias e que as
transforme em soluções inovadoras. Essas soluções po-
dem estar associadas a processos, ferramentas, práticas
de gestão ou produtos inovadores.
O Fórum de Inovação da FGV-EAESP está desenvol-
vendo uma metodologia de diagnóstico de organizações
inovadoras que avalia seis dimensões internas da orga-
nização como sendo as características necessárias para
que ela possa sustentar um meio inovador interno. Es-
sas características são habilidades que precisam estar
presentes na organização inovadora, de forma seme-
lhante às habilidades avaliadas pelo PNQ, que denotam
a excelência em gestão. As seis habilidades para a ino-
vação são assim enunciadas: interpretação de sinais;
predisposição para alianças; modelo de gestão; liderança
e intenção estratégica para inovação, processos de ino-
vação e cultura para inovação. Segundo essa visão mais
ampla, a inovação passa por todas as áreas de compe-
tência da organização, da mesma forma que a gestão da
qualidade total, porém com enfoques diferentes.
“A inovação não é invenção, nem descoberta.
Ela pode requerer qualquer das duas – e com
freqüência o faz. Mas o seu foco não é o conhe-
cimento, mas o desempenho – e numa empresa
isso significa desempenho econômico. A inovação
é aplicável à descoberta do potencial do negócio
e à criação do futuro. Mas sua primeira aplicação
é como estratégia, para tornar o dia de hoje ple-
namente eficaz e para levar a empresa existente
para mais perto do ideal.”
Peter Drucker
O processo de inovar não deve ser confundido com
o de inventar. O indivíduo que inventa é aquele
que produz algo novo que surge de suas idéias, nor-
malmente sem uma metodologia, e que não está
necessariamente ligado a um processo de pesquisa. O
que se manifesta neste momento é a sua criatividade,
o que leva a criações que nem sempre terão alguma
aplicabilidade imediata ou está diretamente voltado
ao mercado. Sendo assim, organizações que planejam
aumentar sua competitividade sentem-se motivadas
a investir em práticas voltadas ao desenvolvimento
sistemático de novas tecnologias e a buscar novas for-
mas de desenvolver suas atividades, seja na criação de
novos produtos, serviços ou processos ou, ainda, aper-
feiçoando os já existentes.
Organização inovadora é aquela que promove inova-
ções de forma sistemática, que busca, deliberada e
organizadamente, as mudanças e que analisa as opor-
tunidades que tais mudanças podem oferecer para a
inovação econômica e socioambiental. Em outras pa-
lavras, a organização inovadora é permeada por um
processo contínuo e permanente de produção de ino-
vações de qualquer natureza: de produto, processo,
gestão ou de negócios.
A Direção e demais líderes têm um papel fundamental
na criação de um ambiente favorável à geração de idéias.
Parte do tempo dos líderes deve ser destinado a ações
que promovam a inovação, direta ou indiretamente.
Na Bahia Sul Celulose21, a inovação e a criatividade
são estimuladas de maneira sistemática pelo Programa
Click, cujas características básicas são as seguintes:
• Consideram-se dois tipos de idéias: aquelas que
têm impacto direto nos objetivos estratégicos, in-
corporando-se ao seu capital intelectual e aquelas
que têm escopo administrativo ou operacional.
• Abrangência: podem contribuir com suas idéias to-
dos os colaboradores, estagiários e trainees, exceto
gerentes e assessores, que serão premiados indire-
tamente em função do número e do valor total das
idéias originadas nas respectivas áreas.
• Premiação: idéias aprovadas são remuneradas com
um valor mínimo do prêmio de R$ 50,00, indepen-
dentemente de estimativas financeiras de retorno.
O valor máximo do prêmio é de R$ 10.000,00.
Na Dana Albarus - Divisão Cardans22, os seguintes
programas visam desenvolver o hábito da melhoria
contínua e inovação:
• Programa de Idéias;
• SOPE, programa de solução de problemas em equi-
pes permanentes, de participação voluntária, com
recompensa monetária, como parte do Programa de
Participação nos Resultados e sistema de reconheci-
mento específico (concurso, prêmios e viagens);
• Times de Melhoria, programa de solução de pro-
blemas em equipes não permanentes, usando a
metodologia Seis Sigma, com sistema de recom-
pensa e reconhecimento similar aos do SOPE;
• Prêmio de Engenharia da Dana Mercosul; e
• Dana Engineering Achievement Award, que é o pro-
grama mundial da Dana.
O aprendizado pela sua própria característica de
reflexão, análise e busca de novos patamares de de-
sempenho, pode gerar inovações importantes para a
organização.
21 Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose – 2001.22 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 25
ANÁLISE DO DESEMPENHO DA ORGANIZAÇÃO
A análise do desempenho da organização, revela como o alcance das estratégias e objetivos
da organização é avaliado. Durante esta análise, conclusões são tiradas e decisões são toma-
das. Também trata da comunicação dessas decisões, bem como do acompanhamento de sua
implementação.
A análise do desempenho é fundamental para que a organização identifique se a sua mis-
são está sendo cumprida, se suas estratégias estão sendo alcançadas. Isto é, se os objetivos
definidos estão sendo obtidos e, em última instância, se a sua visão de futuro está sendo
concretizada.
A análise do desempenho ocorre, basicamente, nos diversos níveis organizacionais, sendo
aquela feita pela Direção, obviamente, a mais abrangente e importante. As análises setoriais,
departamentais ou processuais são mais detalhadas e ocorrem com uma freqüência maior
(diária, semanal ou mensal), dependendo da criticidade do processo. São, usualmente, sema-
nais ou mensais, mas em alguns casos podem ser diárias. Suas conclusões servem de insumo
para a análise nos níveis organizacionais superiores. A análise da organização pela Direção
é mais abrangente e ocorre com freqüência menor, porém, muitas vezes, gera decisões que
impactam a organização como um todo. Algumas conclusões dessa análise requerem uma
investigação mais profunda e detalhada do que normalmente ocorre nas análises setoriais.
Os conceitos aqui apresentados se aplicam de forma geral à análise do desempenho da or-
ganização como um todo, mas poderão ser contextualizados com algumas adaptações para
as análises setoriais.
O tema, pela sua característica de análise, tomada de decisão e geração de ações, também
interage com todos os demais temas dos Critérios de Excelência. As principais inter-relações
estão apresentadas no quadro 18.
Quadro 18: Principais inter-relacionamentos
Principais temas que influenciam Motivos da influência Tema sob
consideraçãoPrincipais temas
influenciados Conseqüências da influência
Estratégias e
planos
A consecução das estratégias tra-
çadas pela organização e o alcance
das metas estabelecidas devem ser
objeto do processo de análise do
desempenho da organização
Análise do desempenho da
organização
Governança
corporativa e exer-
cício da liderança
As conclusões da análise do desempenho
da organização devem ser a base para a
tomada de decisões, para o exercício da li-
derança e para o aprendizado organizacional
Informações da
organização
As principais informações dos
ambientes interno e externo devem
ser consideradas na análise do
desempenho da organização
Estratégias e
planos
As conclusões da análise devem ser consi-
deradas para a correção de rumos ou para
formular e implementar novas estratégias
Informações
comparativas
As informações comparativas
pertinentes devem ser considera-
das na análise do desempenho da
organização
Clientes
As conclusões da análise de desempenho
devem ser consideradas para a correção de
rumos dos processos relativos aos clientes
e mercados
Resultados
Os resultados alcançados pela
organização devem ser objeto do
processo de análise do desempenho
Sociedade
As conclusões da análise de desempenho
devem ser consideradas para a correção de
rumos dos processos relativos à sociedade
Informações e
conhecimento
As conclusões da análise de desempenho
devem ser consideradas para a correção de
rumos dos processos relativos à informação
e ao conhecimento.
Pessoas
As conclusões da análise de desempenho
devem ser consideradas para a correção de
rumos dos processos relativos às pessoas
Processos
As conclusões da análise de desempenho
devem ser consideradas para a correção
de rumos dos processos relativos aos
processos principais do negócio e de apoio,
ao relacionamento com os fornecedores e à
gestão econômico-financeira
Fonte: FNQ, 2007.
26 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES
DE INFORMAÇÕES COMPARATIVAS
A análise de desempenho da organização baseia-se em
informações comparativas buscadas por seus líderes
e são geralmente de origem externa. Elas são prove-
nientes de fontes diversas (ver caderno informações e
conhecimento; informações comparativas), coerentes
com as estratégias de produtos e processos, incluindo-
se os de gestão.
Como nem todos os processos são críticos e nem todos
os resultados de indicadores de cada processo necessi-
tam ser comparados, isso pode implicar na existência
de algum tipo de critério que oriente os gestores dos
processos na seleção dos mais importantes a serem
comparados, bem como daqueles que devem ter me-
tas fixadas com base em comparações. Exemplo de
critério pode ser a necessidade de se ter informação
comparativa para todos os indicadores do tipo resul-
tante do BSC da organização.
Em segundo lugar, depois de definir os indicadores
cujos resultados devem ser comparados, serão defini-
das as informações comparativas ideais e o método de
comparação. A própria viabilidade de comparação é um
aspecto a ser considerado na definição de indicadores
(ver caderno estratégias e planos: implementação das
estratégias).
COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO
As organizações necessitam de informações externas
quantitativas para comparação com os seus resultados a
fim de possibilitar a avaliação do nível de desempenho
alcançado. Tais informações servem como parâmetros
quantitativos que, quando comparados com os prin-
cipais resultados da organização e de seus processos,
habilitam a organização a saber onde se posiciona em
relação aos competidores e aos melhores da classe,
identificando-se diferenciais competitivos favoráveis
e desfavoráveis.
Esse tipo de informação comparativa tem grande im-
portância no âmbito dos Critérios de Excelência, em
razão de no Critério Resultados exigir-se o nível atual do
resultado da organização de forma comparada. Dessa
forma, a organização viabiliza uma avaliação, com base
em fatos, da eficácia de seus processos e do desem-
penho dos seus produtos, em termos de excelência e
competitividade. Os resultados econômico-financei-
ros, os relativos aos clientes e ao mercado, à sociedade,
às pessoas, aos processos principais e de apoio e aos
fornecedores, quando analisados à luz de informa-
ções comparativas possibilitam o conhecimento sobre
níveis de desempenho alcançado. Os diferenciais des-
favoráveis encontrados evidenciam as prioridades para
buscar melhor desempenho e os favoráveis quantifi-
cam o diferencial competitivo.
Outro tipo de informação comparativa externa que
também permite avaliar o nível de desempenho de
alguns resultados em termos de competitividade são
os parâmetros definidos com base no cenário econô-
mico-financeiro. Incluem-se, por exemplo, índices
econômico-financeiros de desempenho da economia,
como crescimento do PIB, índice de inflação, taxa de
juros e rentabilidade de aplicações.
É importante notar que os parâmetros de desempe-
nho definidos com base em necessidades das partes
interessadas permitem avaliar o nível de desempenho,
mas não o grau de competitividade ou excelência da
organização. É o caso de requisitos e expectativas de
clientes, retornos financeiros aos acionistas e parâme-
tros regulamentares da sociedade.
Algumas dessas informações quantitativas utilizadas para
comparar resultados também se prestam para a organiza-
ção balizar a definição de metas para seus processos.
COMPARAÇÃO PARA MELHORIA DE
PRODUTOS
As informações comparativas para melhorar produtos ad-
vêm da pesquisa de características e do desempenho de
produtos (ou soluções) existentes no mercado, ou seja,
eficiência, velocidade, peso, tamanho, consumo de ener-
gia e custo, entre outras, que tenham a mesma finalidade
que os produtos, atuais ou em projeto, da organização.
Essas informações são levantadas estudando-se os pro-
dutos da concorrência ou de organizações que atuam em
outros mercados ou em outros ramos em que haja pro-
dutos ou serviços com finalidade similar àqueles com
que se deseja comparar, por meio de processos de análi-
se de detalhes de características e diferenças entre eles.
A comparação pode ser feita pela própria organização ou
por organizações independentes, como as contratadas
para essa finalidade ou como as organizações especiali-
zadas em publicações para consumidores.
Os produtos alvos da comparação podem ser adquiri-
dos no mercado ou intercambiados com a concorrência,
para reduzir os custos operacionais de benchmarking.
Tais produtos podem abranger tanto aqueles adqui-
ridos pelos clientes como aqueles produzidos para
apoiar ou viabilizar o produto principal. Por exemplo,
pode-se pesquisar, além das informações sobre carac-
terísticas e performance dos produtos principais da
concorrência, o perfil de serviços associados fornecidos
por ela aos seus clientes e ao mercado, como os ser-
viços de marketing, venda, pós-venda, faturamento,
cobrança e financeiros.
É importante notar que as informações comparati-
vas quantitativas sobre o desempenho de produtos
no mercado (vendas, defeitos, devoluções, recompra,
renovação de contrato, nível de preço etc.) estão en-
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 27
Resultados e
outras informações
Integração de
dados e realização
de análises
setoriais
Análise da
organização e
definição de ações
Comunicação
das conclusõesDecisões e
orientações
Implementação e
acompanhamento
das ações
quadradas na categoria de informações comparativas
para avaliar o nível de desempenho da organização,
vista anteriormente.
A Caterpillar Brasil (PNQ 1999) realiza estudos
comparativos regulares de características e de
desempenho de seus produtos em relação aos
produtos da concorrência, apoiados por metodo-
logia específica.
A Dana Albarus – Divisão de Cardans (PNQ
2003), utiliza informações comparativas de
produtos como dados de entrada no Advanced
Product Quality Planning (APQP) nas melhorias
dos processos, como dados para definição de novas
aplicações de produtos. As ferramentas utilizadas
para isso são engenharia reversa e testes de de-
sempenho com produtos de concorrentes.
COMPARAÇÃO PARA MELHORIA DE PRO-
CESSOS
As informações comparativas para melhorar os proces-
sos e as práticas de gestão são provenientes da pesquisa
das características e do desempenho da operação dos
processos e práticas de gestão de outras organizações
que tenham a mesma finalidade que os processos e
práticas da organização. Os processos podem abranger
tanto os principais do negócio como os de apoio. Para
facilitar e evitar repetições desnecessárias, as práticas
de gestão, que, na verdade, são processos gerenciais,
serão consideradas na categoria de processos.
A comparação sistemática do desempenho de pro-
cessos com finalidade similar em outras organizações
permite descobrir desempenhos superiores, projetar
com elas os ganhos de uma eventual operação em ní-
veis de performance similar ao encontrado e investigar
as características do processo da outra organização, in-
corporando as novas idéias encontradas.
Essas informações são levantadas obtendo-se acesso
direto ou indireto aos processos utilizados por outras
organizações, concorrentes ou não. Essas organizações
devem possuir processos com finalidade similar àque-
les com que se deseja comparar.
O acesso direto é geralmente efetivado por meca-
nismos formais de consultas, visitas e intercâmbio
de informações, como fóruns de benchmarking, geral-
mente regidos por código de conduta, ou por meio
da contratação de transferência de tecnologia. O
acesso indireto costuma ser realizado por meio da
contratação de consultorias especializadas, que acu-
mulam conhecimento de mercado em tecnologias
do processo estudado, ou por intermédio da aqui-
sição de publicações especializadas no tema tratado
e que trazem informações sobre experiências bem-
sucedidas.
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA OR-
GANIZAÇÃO
É importante que a organização tenha um processo
estruturado e consistente de análise do seu desem-
penho, com entradas ou insumos bem definidos,
atividades de processamento dessas entradas e agre-
gação de valor e atividades de tomada de decisão
e, finalmente saídas ou produtos dessa análise com
conclusões e decisões a serem comunicadas e im-
plementadas. A figura 3 mostra uma representação
esquemática desse processo.
Figura 3: Processo de análise do desempenho.Fonte: FNQ, 2007.
28 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Esse processo define quatro momentos importantes da análise do desempenho: integração
de dados e realização de estudos e análises setoriais; análise, tomada de decisão e definição
de ações corretivas e preventivas; comunicação das conclusões e decisões; e implementação
e acompanhamento das ações definidas.
Antes de iniciar a análise do desempenho da organização, é preciso integrar os resultados dos
indicadores e as informações qualitativas de todos os setores e processos, realizar estudos
e análises dessas informações e gerar conclusões e recomendações para serem utilizados
na análise da organização. A integração dos resultados é a grande diferença entre a análise
convencional e a análise global e estruturada aqui discutida. A análise convencional é feita
indicador por indicador, não permitindo a visão sistêmica.
O estágio atual de implementação dos objetivos estratégicos e planos de ação e qualquer altera-
ção nas necessidades das partes interessadas também devem ser consolidadas e utilizadas como
entradas para a análise da organização. Os resultados devem abranger informações relacionadas a
finanças, clientes e mercados, sociedade, pessoas, produtos, processos e fornecedores.
Um dos principais instrumentos usados para a consolidação e integração das informações nas
várias unidades da Eaton – Divisão Transmissões é a disponibilização na rede de computadores
do OPeMS (Operational Performance Management System)23, que contém as estratégias, planos de
ação, indicadores-chave e indicadores de processo. Os indicadores têm informações sobre sua
definição, o modo de cálculo, gráfico de resultados, metas e informações comparativas. Todos os
líderes da empresa têm acesso ao sistema, para acompanhamento do desempenho e para servir
de apoio à tomada de decisão. Além disso, vários outros relatórios estão disponíveis.
A análise é normalmente realizada por intermédio de reuniões específicas conduzidas pela Di-
reção, com o suporte dos sistemas informatizados, contendo as principais informações discutidas
na etapa de preparação. A base para a reunião são os resultados dos indicadores de desempenho
estratégicos, que refletem os objetivos estratégicos e os principais resultados operacionais.
A utilização do BSC24, definindo indicadores e, portanto, resultados, para as quatro pers-
pectivas genéricas recomendadas ou para perspectivas específicas, como as relacionadas às
partes interessadas, ajudam muito na condução da análise. As informações e/ou indicadores
monitorados pela Direção devem considerar todas as partes interessadas e as estratégias, a
fim de possibilitar a avaliação global da organização.
Normalmente, a periodicidade das reuniões de análise do desempenho da organização é
trimestral, quando se têm elementos suficientes para avaliar a consecução das estratégias.
No entanto, a periodicidade dessas reuniões pode variar em função da complexidade da
organização e do setor em que ela está inserida, do seu ciclo de negócio e de planejamento
estratégico, do estilo de liderança da Direção e do próprio processo de análise definido. Um
cuidado especial deve ser tomado para que as mesmas não sejam tão freqüentes, tendendo
a torná-las reuniões puramente operacionais, nem raras, ocorrendo somente uma vez ao ano,
tornando-as muito reativas e tardias para implementar as mudanças necessárias.
A análise do desempenho da organização deve ser apoiada pela análise do desempenho
operacional, executada com uma freqüência maior, usualmente mensal, para verificar o cum-
primento dos objetivos estabelecidos para os principais processos do negócio. Tem caráter
preventivo, buscando-se antecipar a identificação de potenciais problemas na operação que
possam vir a afetar o desempenho dos indicadores de nível mais estratégico. Assim como o
direcionamento estratégico deve estar orientado de “cima para baixo” (top down), as análises
setoriais ou operacionais são realizadas de “baixo para cima” (bottom up) sinalizando-se as
correções de rumo que deverão ocorrer, apoiando-se, assim, a análise e tomada de decisão
no nível da organização.
A figura 4 ilustra esta situação, complementada pela coleta e análise de informações que
ocorrem no dia-a-dia.
23 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2001.24 Kaplan, Robert e Norton, David – A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard – Editora Campus.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 29
Dia-a-dia
Mensal
Trimestral
ou semestral
Coletar indicadores
Comparar com metas
Analisar causa
Planos de melhoria
Integrar informações
Analisar correlações
Revisar metas
Revisar planos estratégicos
Figura 4: Análise do desempenho.Fonte: FNQ: Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho: Relatório do Comitê Temático da FNQ, 2002.
Este é o caso da análise do desempenho na Gerdau Aços Finos Piratini, que é realizada em
dois fóruns: um anual, com a participação do Conselho Diretor do Gerdau e representantes
da corporação, e outro mensal e interno, com enfoque preventivo.
Na Politeno25, o processo de análise crítica conta com quatro reuniões: a reunião mensal do
Programa QTP (Qualidade Total Politeno), a reunião mensal do GPD (Gerenciamento pelas
Diretrizes), a reunião semestral do Conselho da Gestão Integrada e a reunião trimestral do Pla-
nejamento Estratégico. O desempenho global é realizado nas duas últimas reuniões utilizando
o BSC cujos indicadores estão disponibilizados no Sistema de Gestão Estratégica (SGE).
Muitas organizações diferenciam as análises de desempenho dos sistemas de gestão (qua-
lidade, ambiental, e segurança e saúde) das análises do desempenho global. Outras como
o Sebrae / MS26, consolidaram as análises críticas do sistema de gestão da qualidade com as
do desempenho global, criando uma análise única, realizada quadrimestralmente. A nova
reunião chama-se Reunião de Análise Crítica do Sistema de Gestão para a Excelência.
A análise consiste basicamente em verificar o cumprimento das metas definidas para os
indicadores de desempenho, entendendo que essas traduzem os desejos da organização
expressos nos seus objetivos estratégicos e operacionais.
A figura 5 mostra um exemplo genérico de informações importantes que devem estar dis-
poníveis para análise. Essas informações compreendem a série histórica com o desempenho
de anos anteriores; o desempenho mensal, por exemplo, do ano corrente; o nível de desem-
penho requisitado pela parte interessada (limite PI); as metas de curto e longo prazo; e as
informações comparativas como, por exemplo, o benchmark.
Figura 5: Processo de análise do desempenho.
9
8
7
6
5
4
3
2
1
10Indicador de desempenho
2004 20052003 Fev MarJan Mai JunAbr Ago SetJul Nov DezOut benchmeta
2011
meta
2006
0
histórico acumulado meta curto prazo meta longo prazo
bench limite PI Linear (acumulado)
Fonte: Elaboração própria, 2006.
25 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2002.26 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2004.
30 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
% de pessoas treinadas em procedimentos Satisfação do cliente
Os desvios devem ser entendidos e analisados até se chegar à causa raiz, a partir da qual ações
corretivas devem ser implementadas. Essa análise profunda e detalhada pode não ser realiza-
da na própria reunião de análise do desempenho da organização, mas, por exemplo, definida
como uma pendência a ser solucionada nos níveis mais operacionais da organização.
Várias ferramentas podem ser utilizadas para essa análise desde as mais simples como o
Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa e gráficos de dispersão e correlação, até as mais
sofisticadas como projeto de experimentos.
Conforme explicado na etapa de integração de dados, a definição das principais relações
de causa e efeito entre os resultados dos indicadores é um insumo fundamental para a aná-
lise. Apesar da importância de fatos e dados individuais, estes normalmente não fornecem
uma boa base para a definição de ações e prioridades. A ação depende do entendimento
das relações de causa e efeito entre processos, entre os objetivos estratégicos, e entre os
processos e objetivos e os resultados da organização. Portanto, uma das ações importantes
da análise é confirmar as relações de causa e efeito e analisar as causas dos problemas
(efeitos) identificados.
É essencial ter uma base analítica para auxílio na tomada de decisões, uma vez que os recur-
sos para melhoria são limitados na maioria das situações, e que as relações de causa e efeito
normalmente não falam por si. De acordo com o Relatório do Comitê Temático da FNQ
“Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho”, existem dois tipos de análise das
relações de causa e efeito:
• Abordagem do passado. Usar os resultados reais dos indicadores (e os dados que os
geraram) para avaliar se as influências antecipadas e seus efeitos de fato aconteceram na
magnitude e no tempo previstos. Deve-se entender como os fatores externos participa-
ram dos efeitos obtidos. Nessa abordagem as correlações podem ser analisadas desde a
forma mais básica, utilizando-se a experiência e a capacidade de o ser humano integrar
informações, simplesmente “olhando” para gráficos, tabelas de indicadores e dados a
eles subordinados, avaliando-se os diversos graus de influência de forma qualitativa, ou
de forma mais técnica , por meio da aplicação de softwares estatísticos, obtendo os graus
de influência de forma numérica, embora ainda tenha que interpretar os dados como no
caso anterior. A figura 6 exemplifica essa situação.
Figura 6: Análise de correlações – abordagem do passado.Fonte: FNQ: Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho: Relatório do Comitê Temático da FNQ, 2002.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 31
• Abordagem do futuro. Usar resultados hipotéticos dos indicadores e dos fatores exter-
nos para simular a velocidade e a interação dos eventos, com base em funções matemáti-
cas presumidas entre os indicadores. Nessa abordagem, as correlações podem ser analisa-
das por meio de simulação dinâmica através de softwares especializados (Excel, Powersim,
iThink, Vensim etc.) utilizando-se de combinações hipotéticas dos indicadores para prever
os possíveis desdobramentos de cenários futuros, com o objetivo de compará-los com os
dados reais e identificar padrões de comportamento dos indicadores.
CONSIDERAÇÃO DE VARIÁVEIS DO AMBIENTE NA ANÁLISE DO
DESEMPENHO
Um conjunto abrangente de informações deve ser utilizado para apoiar e permitir a análise
do desempenho da organização. As principais estão apresentadas no quadro 19.
Informações relativas às mudanças no ambiente externo incluindo-se aspectos setoriais,
mercadológicos, competitivos, tecnológicos, econômicos, políticos e sociais são essenciais
para contextualizar a análise, já que o alcance de metas deve ser analisado à luz de novos
fatos, que podem ter mudado o cenário externo em relação ao cenário previsto e utilizado no
momento do planejamento e estabelecimento de metas.
Quadro 19: Principais informações para análise do desempenho da organização
• Necessidades identificadas das partes interessadas
• Estratégias e planos da organização
• Variáveis principais que foram premissas para o processo de formulação das estra-
tégias (ex.: preço do dólar, inflação, etc.)
• Informações gerais dos ambientes interno e externo
• Resultados integrados dos indicadores dos processos e setores
• Resultados consolidados das análises setoriais e de processos
• Referenciais comparativos
Fonte: Elaboração própria, 2006.
Dessa forma é fundamental que a organização obtenha essas informações com uma perio-
dicidade coerente com a freqüência de análise do desempenho organizacional. As mesmas
fontes utilizadas na ocasião do planejamento estratégico devem ser utilizadas. Caso as
mesmas não disponibilizem essas informações ao longo do ano, novas fontes devem ser
identificadas. Normalmente as áreas ou processos associados à inteligência de mercado, re-
lações institucionais e relações governamentais possuem acesso a essas fontes.
O mesmo raciocínio vale para as informações associadas ao cenário interno, que também devem
ser utilizadas para apoiar a análise do desempenho e o processo decisório da organização.
Informações comparativas como melhores práticas e melhores desempenhos de outras uni-
dades ou de outras organizações também devem ser consideradas. Essas informações são
fundamentais para validar as metas e apoiar o processo decisório. A existência de um proces-
so estruturado de gestão das informações comparativas deverá assegurar a disponibilidade
correta dessas informações. Para mais detalhes sobre as informações comparativas, consultar
o Caderno Informações e Conhecimento.
32 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
Por fim, as principais correlações existentes entre os indicadores de desempenho devem ser
preparadas para facilitar o processo de tomada de decisão. Na verdade, as causas e os efeitos
não ocorrem entre os indicadores, mas sim entre os conceitos a que eles estão subordinados,
por exemplo, a medição de um requisito ou objetivo estratégico. Sendo assim, estudar as
correlações entre os indicadores é estudar o grau de influência de um conceito no outro
através de dados consolidados, ou seja, indicadores.
Para organizações que utilizam a metodologia do BSC, o mapa estratégico define as princi-
pais relações de causa e efeito e, portanto, deve ser considerado na análise do desempenho
da organização.
Outros detalhes relativos à construção de sistemas de medição do desempenho e às relações
de causa e efeito entre os indicadores de desempenho podem ser encontradas no Caderno
Estratégias e Planos.
AVALIAÇÃO DO ALCANCE DAS ESTRATÉGIAS
A análise do desempenho da organização tem como premissa a verificação do estágio de cum-
primento dos objetivos estratégicos e, por conseqüência, dos gerenciais e operacionais. O mapa
estratégico e um painel de indicadores tipo BSC certamente facilitarão essa análise.
Vale destacar que a análise estratégica, embutida na análise do desempenho da organização,
não deve avaliar somente se as metas definidas para os objetivos e indicadores de desem-
penho estão sendo alcançadas. É importante questionar a própria estratégia e os objetivos e
metas definidos. Kaplan e Norton definem essa análise como sendo de aprendizado duplo e
enfatizam que o mapa estratégico colabora para esse entendimento.
Na verdade, um dos objetivos da análise do desempenho da organização é testar o mapa es-
tratégico e as hipóteses assumidas. A análise pode acusar erros na concepção estratégica ou
mostrar que, em função das mudanças de cenários, as premissas utilizadas na formulação das
estratégias mudaram e que, portanto, novos objetivos e metas ou adequação nos existentes
tornam-se críticos para o sucesso da organização.
COMUNICAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DAS
DECISÕES
Os produtos genéricos da análise do desempenho da organização são as conclusões e as
decisões, que, normalmente, são expressas em ações. De forma mais específica, essas ações
estão associadas às seguintes atividades:
• ajustes nos planos de ação existentes;
• implementação de novos planos;
• ações corretivas e preventivas para assegurar que os planos sejam implementados;
• ações específicas nos processos principais e de apoio ou nas atividades dos setores;
• mudanças nas metas;
• alterações nos próprios indicadores e nos seus métodos de cálculo;
• mudanças de rumo, alterando os objetivos estratégicos; e
• novas diretrizes de uma forma geral.
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 33
Assim, ao final da análise, duas atividades são fundamentais: a comunicação das conclusões
e decisões tomadas, tanto interna, como externamente à organização; e a implementação das
ações identificadas.
A comunicação pode ser feita de várias formas. As organizações excelentes possuem um
sistema integrado de reuniões como parte do seu sistema de liderança que permite que as
decisões sejam comunicadas e desdobradas, em cascata e de forma muito rápida, para os
colaboradores em todos os seus níveis. Outras formas incluem a publicação da ata da reunião
na Intranet, a colocação das principais decisões em murais e a inclusão das ações em sistemas
informatizados que permitem o registro e acompanhamento das ações.
A Companhia Paulista de Força e Luz27 utiliza uma combinação de práticas para comuni-
cação das decisões da análise do desempenho que incluem a disponibilização das atas na
intranet e no sistema Notes e reuniões dos diretores com os colaboradores das suas áreas
para repassar e discutir as decisões.
Os resultados e informações advindos das análises do desempenho na Joal Teitelbaum28,
transcritos nas atas do Conselho de Excelência, são utilizados imediatamente na tomada de
decisões e na implementação de ações de melhoria. Servem, também, para verificar como a
empresa está seguindo seu planejamento estratégico e para buscar novas oportunidades.
As decisões, quando pertinentes, devem ser comunicadas a outras partes interessadas. Por
exemplo, se a organização decide em uma reunião de análise de desempenho reduzir sua pro-
dução, é muito importante que os seus fornecedores de matéria-prima sejam comunicados
imediatamente. Da mesma forma, os representantes da comunidade devem ser informados
sobre decisões que possam causar-lhes impactos.
A implementação das ações é a materialização das decisões tomadas na análise de desempe-
nho da organização. Assim, para que essas decisões sejam efetivamente operacionalizadas, é
muito importante que sejam definidos os responsáveis pelas ações e os prazos, para que as
mesmas sejam implementadas com mecanismos rigorosos de acompanhamento das ações.
Algumas empresas possuem processos estruturados de implementação que consideram to-
dos os elementos descritos acima. A utilização dos conceitos de gerenciamento de projetos
é uma forma estruturada de assegurar a implementação das ações.
As organizações excelentes possuem sistemas de informação que registram as ações a serem
implementadas e permitem o acompanhamento eletrônico do estágio de implementação
das decisões tomadas, muitas vezes integradas no conjunto de planos de ação estabelecidos
para se alcançar os objetivos estratégicos da organização.
Na Dana Albarus – Divisão Cardans29, as decisões das reuniões de análise do desempenho
da organização são registradas, em forma de planos de ação, no sistema SIDI (Sistema de In-
tegração de Dados e Informações), com a indicação dos responsáveis formais ou designados,
permitindo-se o acompanhamento da implementação e eventuais ações corretivas.
Por fim, nas próprias reuniões que compõem o processo de análise de desempenho da
organização é realizado o acompanhamento das ações planejadas nas reuniões anteriores,
fechando-se o ciclo de acompanhamento da implementação das decisões.
27 Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Companhia Paulista de Força e Luz, 2005.28 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.29 Fonte: FNQ: Revista Classe Mundial, 2003.
34 | Cadernos de Excelência • FNQ | Liderança
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Campus, 1997.
OBJETIVO
Explicar detalhadamente o Modelo,
seus requisitos e suas inter-relações.
PÚBLICO-ALVO
Todos que estão implementando o
Modelo e o utilizando para avaliação de
uma organização.
Série “Cadernos de Excelência”
INTRODUÇÃO AO MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO ® (MEG)
CADERNOS LIDERANÇA; ESTRATÉGIAS E PLANOS; CLIENTES; SOCIEDADE; INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO; PESSOAS; PROCESSOS; E RESULTADOS.
CADERNO AUTO-AVALIAÇÃO E GESTÃO DE MELHORIAS
OBJETIVO
Promover uma visão
global do Modelo,
seus fundamentos e
sua aplicação.
PÚBLICO-ALVO
Todos que tenham
interesse em utili-
zar o Modelo, tanto
para implementação
na sua organização
quanto para uma ava-
liação.
OBJETIVO
Fornecer uma visão
global do ciclo PDCA
de gestão de melhorias,
enfatizando a auto-ava-
liação, as suas diferentes
metodologias e práticas
de planejamento e
controle.
PÚBLICO-ALVO
Todos que pretendam
implementar uma ges-
tão de melhorias a partir
de uma auto-avaliação
tendo como referência o
Modelo de Excelência
de Gestão® (MEG).
Liderança | Cadernos de Excelência • FNQ | 35
Av. das Nações Unidas, 11.857, 6º andar, Conj. 62Brooklin Novo, 04578-000, São Paulo, SP, BrasilTel.: 55 11 5509-7700 Fax: 55 11 5509-7730www.fnq.org.br
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