29
2 Ligações Semi-rígidas: Viga versus Pilar 2.1 Introdução às Ligações Semi-rígidas Na análise do comportamento global das estruturas metálicas, as ligações entre os elementos de viga e pilar têm grande parcela de influência na resistência e estabilidade dos pilares. As ligações podem se comportar desde seu estado rígido, resistindo à solicitação de flexão, esforços normais e cisalhamento, até o estado flexível, onde somente atuam solicitações de cisalhamento e esforços normais. A grande maioria das ligações utilizadas na construção em aço, não se comporta como nós rígidos ou flexíveis, e sim de um modo intermediário, colocando em dúvida o real comportamento da estrutura. Em pórticos que possuem somente ligações rígidas, como mostrado na Figura 2.1, pode ocorrer uma diminuição da solicitação nos pilares, e um aumento na solicitação da viga, a qual não foi dimensionada para um esforço mais alto, sem mencionar o desperdício de material na seção do pilar. No caso de ligações flexíveis, Figura 2.2, a diferença pode ser bem maior, pois se na realidade a ligação transmitir para o pilar um esforço de flexão, este pode estar seriamente comprometido pela solicitação de flexo-compressão, ocorrendo também desperdício de material na viga. Figura 2.1 - Pórtico de ligações rígidas

Ligações Semi-Rígidas - Viga Versus Pilar

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho que ensina a aplicar ligações semi-rígidas em projetos estruturais.

Citation preview

  • 2

    Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar

    2.1

    Introduo s Ligaes Semi-rgidas

    Na anlise do comportamento global das estruturas metlicas, as

    ligaes entre os elementos de viga e pilar tm grande parcela de influncia na

    resistncia e estabilidade dos pilares. As ligaes podem se comportar desde

    seu estado rgido, resistindo solicitao de flexo, esforos normais e

    cisalhamento, at o estado flexvel, onde somente atuam solicitaes de

    cisalhamento e esforos normais.

    A grande maioria das ligaes utilizadas na construo em ao, no se

    comporta como ns rgidos ou flexveis, e sim de um modo intermedirio,

    colocando em dvida o real comportamento da estrutura.

    Em prticos que possuem somente ligaes rgidas, como mostrado na

    Figura 2.1, pode ocorrer uma diminuio da solicitao nos pilares, e um

    aumento na solicitao da viga, a qual no foi dimensionada para um esforo

    mais alto, sem mencionar o desperdcio de material na seo do pilar. No caso

    de ligaes flexveis, Figura 2.2, a diferena pode ser bem maior, pois se na

    realidade a ligao transmitir para o pilar um esforo de flexo, este pode estar

    seriamente comprometido pela solicitao de flexo-compresso, ocorrendo

    tambm desperdcio de material na viga.

    Figura 2.1 - Prtico de ligaes rgidas

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 42

    Figura 2.2 - Prtico de ligaes flexveis

    Assumindo o comportamento semi-rgido das ligaes, Figura 2.3, pode-

    se obter uma melhor aproximao da realidade, pois existe a possibilidade de se

    fazer uma anlise com a verdadeira caracterstica geomtrica da estrutura. Os

    ns devem ser modelados com elementos de mola, cujos valores so fixados em

    funo das caractersticas de rigidez e resistncia flexo da ligao. Com esta

    modelagem, deve-se ressaltar que apenas a concepo da ligao alterada,

    sem mudanas na geometria, mas pode-se obter um ganho no aproveitamento

    global do material.

    Figura 2.3 - Prtico de ligaes semi-rgidas

    A ligao semi-rgida proporciona momentos fletores negativos menores

    que os produzidos nas situaes com ligaes rgidas e momentos fletores

    positivos menores no caso de se utilizar ligaes flexveis, podendo gerar uma

    ligao tima e permitindo rotaes suficientes.

    Com estas informaes, pode-se determinar a resistncia ou um ganho

    no aproveitamento dos materiais somente em situaes onde o concreto

    encontra-se sob compresso, no caso de pavimentos, onde s vigas so

    consideradas bi-apoiadas, quer dizer, sem nenhuma restrio as rotaes nos

    seus pontos de apoio, sendo que o mximo momento fletor localizado no centro

    do vo desta viga, Figura 2.4, o qual pode ser determinado com a equao

    abaixo.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 43

    8

    . 2lqM Rd (2.1)

    Figura 2.4 - Viga bi-apoiada

    O sistema estrutural destas vigas ainda pode ser considerado de uma

    forma totalmente contnuo, engastando os seus pontos de apoio atravs de

    ligaes rgidas, atraindo quase a totalidade dos esforos atuantes na viga,

    sobrecarregando as ligaes, que transmitiro estes mesmos esforos para os

    pilares. Desta forma obten-se um comportamento semelhante ao apresentado na

    figura abaixo:

    Figura 2.5 - Viga bi-engastada

    Este ltimo sistema compreende uma concentrao de esforos de

    momento fletor muito grande nas extremidades das vigas, exigindo maiores

    sees que a do sistema anteriormente comentado, e tambm exigindo sees

    mais rgidas e resistentes nas sees dos pilares.

    24

    . 2lqM Rd (2.2)

    12

    . 2lqM Rd (2.3)

    De forma a melhorar ainda mais o sistema de interao entre o ao e o

    concreto, prope-se atravs das ligaes semi-rgidas restringirem os seus

    pontos de apoio, dando continuidade parcial viga que anteriormente era bi-

    Mrd+

    Mrd+

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 44

    apoiada ou bi-engastada. Simplificadamente, far-se- uma suspenso do

    diagrama de momento fletor baseado no diagrama de momento fletor de uma

    viga bi-apoiada, ou um rebaixamento do mesmo grfico no caso de uma viga bi-

    engastada, obtendo um sistema mais equilibrado, como mostra o desenho

    abaixo.

    Figura 2.6 - Viga com ligaes semi-rgidas

    Os esforos de momento fletor podem ser determinados atravs das

    equaes descritas abaixo:

    24

    . 2lqM Rd (2.4)

    12

    . 2lqM Rd (2.5)

    Sendo que a equao (2.5) determina o momento fletor no meio do vo

    para o momento positivo e (2.4) o momento fletor sobre os apoios, para o

    momento negativo, desta forma distribuindo uniformemente o momento fletor

    sobre a viga.

    Pode-se dizer que esta atrai alguma parcela dos esforos para a regio

    dos apoios, surgindo momentos fletores negativos, fazendo maior

    aproveitamento da poro das extremidades da viga, solicitando mais as

    ligaes, e dando um alvio na parte central do vo.

    Com o uso das ligaes semi rgidas pode-se ate mesmo obter um a

    reduo da seo da viga, sem comprometimento das condies de

    deformaes no cnetro do vo. Ver desenho de ligao semi-rigida mista

    mostrada na seguinte figura.

    Mrd+ Mrd-Mrd+

    Mrd-Mrd-

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 45

    Figura 2.7 Descrio do conjunto da ligao mista

    O surgimento das vigas mistas ocorreu por observaes a partir da

    utilizao do conjunto laje-viga ou viga-laje, que consistia num conjunto de

    vigas suportando uma laje de concreto. Desta forma um novo sistema estrutural

    comeou a ser utilizado na obras civis, e de certo modo sendo modificado,

    buscando o melhor aproveitamento entre os dois materiais.

    A partir da utilizao de vigas metlicas e lajes de concreto, muitas

    variaes deste tipo de sistema estrutural foram utilizadas. No entanto, o sistema

    bsico consiste no melhor aproveitamento dos materiais que compem este

    sistema. Dessa forma as vigas metlicas para a poro inferior resistem trao

    e a laje de concreto na poro superior responde pelas solicitaes de

    compresso, comportamentos estes que caracterizam o melhor aproveitamento

    de cada um dos materiais do conjunto.

    De modo a interligar os dois materiais, ao e concreto, de forma a

    trabalharem como pea nica, necessria uma ligao mais resistente do que

    a ligao qumica existente entre a face superior da mesa da viga e a face

    inferior da laje de concreto, de modo que no ocorra um deslizamento entre os

    dois materiais, sendo necessrio solidarizar os mesmos atravs de elementos de

    travamento, elementos conhecidos como conectores de cisalhamento.

    hc d d1 2

    beff

    dtc

    M 1 M 2

    Vista SuperiorVista Lateral

    Laje de Concreto

    Armadura Longitudinal

    Conectores de Cisalhamento

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 46

    2.2

    Funcionamento Bsico do Sistema Misto

    De forma a obter o melhor aproveitamento dos dois materiais,

    necessrio que eles possuam um elo de ligao, de forma a deformarem

    proporcionalmente, Figura 2.8, aumentando consideravelmente a rigidez, a

    resistncia e reduzindo a flecha em vigas, evitando que o concreto deslize sobre

    as vigas de ao perdendo aderncia.

    Figura 2.8 Funcionamento bsico do sistema misto

    Para que no ocorra o deslizamento relativo entre os dois materiais,

    conectores so posicionados, ou melhor dizendo, soldados ao longo da mesa da

    viga, com uma quantidade necessria para que ocorra o comportamento

    idealizado pelo projetista. Parte-se de uma interao entre ao e concreto, onde

    os dois elementos estejam praticamente solidarizados, utilizando um grande

    nmero de conectores, chamada de interao total. A interao caracterizada

    pela utilizao de um nmero menor de conectores focalizando maior economia

    e rapidez na execuo deste elemento, pois no um material relativamente

    acessvel e necessita de uma mo de obra especializada para a sua correta

    instalao.

    O conector de cisalhamento utilizado neste estudo refere se ao tipo pino

    com cabea, apresentado na figura abaixo:

    laje de concretoarmadura longitudinal

    viga metlica

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 47

    Figura 2.9 Conector de cisalhamento tipo pino com cabea

    A caracterizao do modo de interao vai influenciar a deformao na

    seo transversal como pode ser observado na figura abaixo:

    Figura 2.10 Grficos dos modos de interao

    a) deslizamento relativo considervel entre o ao e o concreto,

    submetido interao parcial, fazendo com que o conector de

    cisalhamento comece a interagir com a armadura tracionada;

    b) no existe deslizamento entre ao e concreto, ocorre devido

    interao total, no existe movimento relativo entre a laje de concreto

    e a mesa da viga.

    Inicialmente, para este estudo a utilizao da interao parcial

    descartada, considerando-se assim que a fora de transferncia total

    absorvida pela armadura, consolidando assim a interao total entre ao e

    concreto, Figura 2.11.

    Figura 2.11 Transferncia da fora de cisalhamento do sistema misto

    O dimensionamento dos conectores tipo pino com cabea pode ser feito

    atravs da formulao sugerida pelo Eurocode 4 [4], apresentada abaixo:

    (a) (b)

    hsc

    dsc

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 48

    ckcscscn fEAq ....5,0 (2.6)

    uscscscn fAq .. (2.7)

    Onde :

    sc = 0,8;

    scA = a rea de seo transversal do stud;

    ckc fE ..043,05,1 para 33 2522 m

    kNm

    kN

    cE = mdulo de elasticidade da seo do concreto (em MPa).

    A determinao da resistncia obtida atravs do menor dos resultados

    das duas equaes comentadas acima, as quais avaliam a resistncia do cone

    de concreto que envolve o conector, e a resistncia do conector submetido a

    trao, respectivamente, tambm conhecido como modos de ruptura 1 e modo

    de ruptura 2.

    Vrios autores sugerem aproximaes para a determinao da rigidez

    dos conectores de cisalhamento. O Eurocode 4 [4], sugere para conectores de

    cabea, tipo stud, com dimetro scd de 19mm um valor igual a

    mmkNksc 100 , os quais esto imersos em uma laje macia de concreto.

    Uma observao deve ser feita de modo a esclarecer que a resistncia

    determinada nos pargrafos anteriores est direcionada para regies de

    compresso em vigas bi-apoiadas, onde se concentram os esforos no meio do

    vo. Deste modo, este estudo busca avaliar solues para estruturas mistas em

    regies de momento negativo, a partir de estudos j consolidados em regies de

    momento positivo, adaptando de forma coerente segundo seu comportamento,

    reforando assim, a importncia desta pesquisa.

    Outro elemento de grande importncia nesse sistema estrutural ao-

    concreto a armadura longitudinal nas regies de momento negativo. Esta

    armadura responsvel por garantir que o concreto apresente resistncia

    suficiente para que as fissuras no levem a estrutura ao colapso. Desta forma,

    atravs da aderncia entre o concreto e a armadura, devem existir rigidez e

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 49

    resistncia suficientes para satisfazer as diferentes exigncias de carregamentos

    impostos e limitaes de deformao exigidas por norma.

    No caso de ligaes posicionadas em regies de momento negativo, a

    armadura possui resistncia total at que o concreto tracionado alcance sua

    tenso limite trao ctmf , surgindo a partir deste ponto, fissuras

    perpendiculares a direo da armadura longitudinal que reduzem a rigidez do

    mesmo devido superfcie da armadura envolvida pelo concreto. Esta reduo

    da rigidez pode ser observada na figura abaixo, que apresenta um

    comportamento idealizado de um tirante de concreto armado, apresentado por

    CEB-FIP [19] que compara uma barra isolada e outra envolvida por uma seo

    de concreto ao longo do seu comprimento.

    Figura 2.12 Comportamento idealizado de um tirante de concreto armado [19]

    Observando o comportamento do grfico de comportamento do tirante

    envolvido por concreto nota-se que a perda da rigidez ocorre inicialmente devido

    ao alongamento da barra propriamente dita, reduzindo a seo da barra, e

    conseqentemente a superfcie de ancoragem, assim, reduzindo a rigidez do

    conjunto, no entanto, permanece com um menor alongamento na barra e

    conseqentemente, maior resistncia comparada barra isolada.

    Resumidamente, o grfico da Figura 2.12 representa o comportamento

    idealizado de um tirante de concreto em suas vrias fases de fissurao. O

    grfico descrito a partir da fase no fissurada, a, e termina quando surge

    formao da primeira fissura, ponto R, passando pela fase de formao das

    fissuras, b, at o ponto S, onde forma-se a ltima fissura. Em seguida surge a

    fase das fissuras estabilizadas, c, fase esta que finalizada pelo ponto Y,

    onde inicia-se o escoamento da armadura, limite desejado pelo perfeito

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 50

    comportamento da estrutura ao-concreto, e da por diante ocorre o ps-

    escoamento.

    Entre fissuras, as foras de trao na armadura so transferidas para o

    concreto por meio de foras de aderncia, constituindo o concreto desta regio

    um fator de enrijecimento das mesmas. A distncia entre fissuras pode ser

    tomada como o dobro do comprimento de introduo/transmisso tl .

    Figura 2.13 Deformaes ao longo do tirante de concreto armado: (a)formao da

    primeira fissura; (b) estado de fissurao estabilizado;

    CEB-FIP [19]

    A fora que deve ser introduzida no concreto por aderncia (ou interao

    com outras partes da estrutura) para promover a fissurao dentro da rea de

    concreto efetiva, efcA , , no final do comprimento de introduo pode ser dada, no

    caso da fissurao estabilizada por:

    cefsctmefccr kfAF ),1(, (2.8)

    onde:

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 51

    ctmf a resistncia trao mdia do concreto,

    a razo entre os mdulos de elasticidade longitudinal do ao e do

    concreto ci

    s

    EE

    ,

    efs , a taxa efetiva de armadura efc

    r

    AA

    ,.

    Cada um dos pontos e das fases descritos anteriormente pode ser

    demonstrado da mesma forma em termos de tenses e deformaes. Desta

    forma, o efeito benfico do enrijecimento das armaduras promovido pelo seu

    envolvimento no concreto pode ser descrito em quatro etapas.

    ETAPA I: No fissurado:

    1, sms 10 srs (2.9)

    Etapa esta que limitada pela formao da primeira fissura, e inicia a

    prxima etapa onde iniciam a formao das fissuras.

    ETAPA II: Formao das fissuras:

    )()(

    )()(, 12

    1

    12 srsr

    srsrn

    ssrnsrstsms

    srnssr 1 (2.10)

    Esta etapa encerrada quando ocorre o trmino da fissurao, ou seja, a

    fissurao se torna estabilizada, pois a partir deste momento, somente a

    armadura responsvel pela resistncia deste sistema.

    ETAPA III: Fissuras estabelecidas:

    )(, 122 srsrtsms yssrn f (2.11)

    Esta etapa limitada pelo incio do escoamento da barra da armadura

    ETAPA IV: Ps escoamento:

    (1

    )(, 112 suy

    srsrsrtsyms

    f

    usy ff

    (2.12)

    onde:

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 52

    sy - a deformao correspondente tenso de escoamento;

    s - a tenso do ao na fissura;

    s

    scctmsr kf

    )1(1 - a tenso do ao na seo da fissura, quando

    a primeira fissura se forma;

    srn - a tenso do ao na seo da fissura, quando a ltima fissura se

    forma;

    40.0t 80.0

    1s - a deformao do ao no concreto no fissurado;

    2s - a deformao do ao na fissura;

    1sr - a deformao do ao no ponto de escorregamento nulo sob

    tenses atingindo ctmf ;

    2sr - a deformao do ao na fissura sob tenses atingindo ctmf .

    O valor 12 srsrsr , pode ser dado pela eq (2.13):

    ss

    ctmc

    c

    ctmc

    ss

    sctmcsr

    E

    fk

    E

    fk

    E

    fk

    )1( (2.13)

    Figura 2.14 Diagrama tenso versus deformao simplificada para armaduras

    envolvidas pelo concreto.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 53

    A considerao de uma rea efetiva de concreto nas expresses

    anteriores uma tentativa de se considerar a no uniformidade das tenses

    transferidas pela armadura por aderncia no final do comprimento de introduo.

    Este fato, alm da introduo da constante ck na eq. (2.14), permite

    simplificadamente, a extenso da teoria a membros fletidos, sujeitos tambm, a

    uma distribuio no uniforme de tenses normais:

    021

    19.0

    z

    touk

    cc

    (2.14)

    onde:

    ct - a espessura da mesa de concreto;

    0z - a distncia entre os centros de gravidade das sees no fissuradas,

    sem a contribuio das armaduras, da mesa de concreto e da viga composta;

    9.0ck - sugerido sob posies conservadoras.

    Finalmente, o alongamento ltimo das armaduras pode ser estimado por:

    tmustmusta

    tmusta

    must

    ru

    lelelL

    lelL

    l

    %8.0,,)(,)2

    (

    %8.0,,)2

    (

    %8.0,,2

    ,

    (2.15)

    onde:

    mus , e mys , - so a deformao mdia ltima e de escoamento da

    armadura envolvida pelo concreto, obtidas por meio da eq. (2.16), tomando-se

    sus 2 sys 2 , respectivamente. O comprimento de transmisso tl sobre o

    qual o deslocamento ltimo estimado pode ser obtido por:

    ssm

    ctmct

    fkl

    4 (2.16)

    onde:

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 54

    - o dimetro das armaduras

    sm - a tenso de aderncia mdia ao longo do comprimento de

    introduo, podendo ser adotado por um valor de ctmf8.1 .

    Vale salientar que, em geral, em ns compostos, a primeira e principal

    fissura se dar entre a face do elemento de apoio e o primeiro conector, com o

    escoamento do ao ocorrendo no interior desta fissura e tambm uma possvel

    ruptura.

    Finalmente, a metodologia aqui apresentada baseada em modelos

    referentes a elementos tracionados, fazendo-se alguns ajustes para aplicao a

    membros fletidos. Mesmo com a introduo de alguns parmetros com o intuito

    de se considerar a no uniformidade de tenses na flexo, ck , e a limitao da

    influncia da armadura rea em volta da mesma, efcA , , a influncia da

    curvatura ainda no abordada, conduzindo perda da preciso entre resultados

    tericos e experimentais.

    Diferentemente do que se faz tradicionalmente no projeto de ligaes,

    onde estuda-se a forma de transmisso dos esforos normais, de cisalhamento e

    do momento fletor, nas ligaes semi-rgidas, busca-se relacionar o momento

    fletor transmitido pela ligao com o ngulo de rotao atravs de curvas M x

    onde representa a rotao relativa entre os elementos de viga e pilar,

    mostrado na Figura 2.15.

    Figura 2.15 - Rotao da viga com relao ao pilar

    As curvas momento versus rotao de alguns dos principais tipos de

    ligaes so mostradas na Figura 2.16, verificando-se que todas apresentam um

    comportamento no-linear.

    M

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 55

    Figura 2.16 - Comportamento M versus de alguns tipos de ligaes

    A capacidade de rotao das ligaes mistas, ao-concreto inclui a

    determinao das foras internas para todos os componentes, considerando o

    efeito das condies de carregamento e condies de compatibilidade

    necessrias para a ligao viga-pilar. A intensidade das foras internas para

    esse modelo usada para determinar a deformao dos componentes.

    Enquanto o modelo para a rigidez inicial e com a ligao de comportamento

    linear inicial, a avaliao do modelo da capacidade de rotao exige a

    deformao plstica dos componentes.

    Para a avaliao da capacidade de rotao, resume-se a seguir o modelo

    proposto por Silva, Coelho e Simes [27].

    Cada componente caracterizada por uma curva ( F ) do tipo

    representado na figura abaixo. A fora coF corresponde a resistncia, avaliada

    de acordo com o Anexo J do Eurocode 3 [1], enquanto que o ecoK a rigidez

    elstica da componente.

    aieco KKK . (coef. de rigidez segundo o Anexo J

    do Eurocode 3 [1],) (2.17)

    Figura 2.17 Diagrama aproximado fora-deslocamento representativo de uma

    componente genrica

    M

    j,Rd

    Cantoneira dupla de alma, t de topo e essento

    Placa de extremidade

    Cantoneira dupla de alma, de topo e essento

    Cantoneira dupla de alma

    F

    coF

    ecok

    y r

    pcok

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 56

    Onde:

    ecoK = rigidez elstica

    pcoK = rigidez plstica

    y = deformao elstica

    mmN

    N

    K

    F

    eco

    coy

    f = deformao mxima

    coF = resistncia

    cbwb

    b

    cbws

    s

    cbwr

    rult

    dDdDdD

    Onde:

    bsr ,, = representam as deformaes ao nvel da armadura do

    pavimento, da interface da viga metlica-pavimento e da linha superior de

    parafusos.

    bsr DDD ,, = representam as vrias distncias entre as componentes e o

    centro da mesa inferior da viga.

    cbwd = altura da alma da viga em compresso.

    )2

    .( 21c

    r

    hpp

    Onde:

    O alongamento r obtido considerando uma extenso plstica no ao da

    armadura do pavimento entre o eixo do pilar e o segundo conector (varivel

    entre 3000 15000 de acordo com resultados experimentais de Silva, Coelho

    e Simes [27]).

    1p = distncia da mesa do pilar at o primeiro conector;

    2p = distncia entre o primeiro e o segundo conector;

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 57

    ch = altura da seo do pilar;

    = extenso plstica na armadura do pavimento.

    s

    rs

    N

    F

    .50

    Onde:

    A deformao r obtida admitindo uma rigidez secante de mmkN50 .por

    conector (valor obtido experimentalmente) e que a fora desenvolvida nos

    conectores igual desenvolvida na armadura do pavimento ( rF ).

    sN = o menor valor entre:

    nmero de conectores na zona negativa;

    nmero de conectores necessrios para obter a interao

    total.

    b

    bb

    K

    F

    Onde:

    b a deformao ao nvel da linha superior de parafusos, admitindo-se

    que as respectivas componentes permaneam ainda na fase elstica.

    bF = fora desenvolvida na primeira linha de parafusos;

    bK = rigidez correspondente ( mmkN155 para ligaes mistas com placa

    de extremidade).

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 58

    2.3

    Classificao das Ligaes Segundo o Eurocode 3 [1] [2] [3]

    2.3.1

    Introduo

    O Eurocode 3 [1] [2] [3], classifica as ligaes entre um dos

    comportamentos, rgido, semi-rgido e flexvel, comportamento que pode ser

    demonstrado no grfico M x , Figura 2.18.

    Figura 2.18 Grfico momento versus rotao e curva bilinear de comportamento

    Alm da classificao do comportamento, ou tipo de ligao, o Eurocode

    conduz a determinao de parmetros como a resistncia e a rigidez, atravs do

    mtodo das componentes, que ser discutido a seguir.

    2.3.2

    Dimensionamento das Ligaes Semi-Rgidas

    O dimensionamento de ligaes semi-rgidas propostas pelo Eurocode [1]

    [2] [3], baseado no mtodo das componentes, mtodo este que estima a

    resistncia e a rigidez inicial para as principais componentes que influenciam no

    comportamento da ligao, fundamentados na distribuio plstica das foras de

    trao nas linhas de parafusos. Isto significa que a fora ou a rigidez de qualquer

    linha determinada por sua parcela de contribuio, e no com relao a sua

    distncia ao centro de compresso ou seu brao de alavanca, como a tradicional

    distribuio triangular de solicitaes. Desta maneira, linhas de parafusos

    prximas mesa tracionada da viga ou a enrijecedores possuem maior

    contribuio para a resistncia e rigidez da ligao.

    O dimensionamento deve ser executado considerando a ligao no

    como um todo, mas sim, como uma srie de elementos bsicos,

    M

    Rgido

    Semi-rgido

    Flexvel

    j,Rd

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 59

    determinando para cada um deles, as propriedades mecnicas que esto

    distribudas em trs regies distintas: zona tracionada, zona comprimida

    e zona de cisalhamento.

    Figura 2.19 - Zonas de verificao

    2.3.2.1

    Modelo Mecnico

    O modelo mecnico caracterizado por um conjunto de elementos

    elasto-plsticos ideais conhecidos como molas, representando a rigidez e a

    resistncia flexo, e elementos rgido-plsticos representando somente a

    resistncia flexo da ligao, Figura 2.20.

    Para a montagem deste modelo mecnico, deve ser identificada cada

    uma das componentes bsicas que influenciam o comportamento da ligao

    adotada. Na Figura 2.20 podem ser observados alguns tipos de ligaes

    consideradas pelo Eurocode [1] [2] [3] e seus respectivos modelos mecnicos,

    que tambm so chamados de modelo de molas.

    Zona de cisalhamento

    Zona tracionada

    Zona comprimida

    M

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 60

    Ligao mista com placa de extremidade ajustada

    Figura 2.20 - Modelo mecnico de ligaes viga -pilar

    Cada mola representa uma componente que deve ser identificada aps a

    escolha do tipo de ligao mais adequada. As ligaes adotadas neste trabalho

    so aparafusadas com placa de extremidade em ao e mistas. Como exemplo,

    pode-se observar na Figura 2.21 uma ligao com placa de extremidade

    estendida que contm todas as componentes discutidas a seguir. No entanto, no

    captulo seis, ser discutido um novo modelo baseado nos mesmos princpios.

    Os componentes que controlam o comportamento destas ligaes so em

    nmero de oito, listados abaixo:

    Alma do pilar submetida ao cisalhamento (cws),

    Alma do pilar submetida compresso (cwc),

    cws cwc cfb

    cwt bwt

    bwtbtepbcfbcwt

    bfccwccws

    cws cwc bfc

    cwt cfb epb bt bwt

    M M

    cwt cfb epb bt

    M

    MM

    M

    Ligao soldada

    Ligao com placa de extremidade no extendida (flush end plate)

    Ligao com placa de extremidade extendida (extended end plate)

    rbt

    M

    bwtbtepbcfbcwt

    bfccwccws

    sc

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 61

    Mesa do pilar submetida flexo (cfb),

    Placa de extremidade submetida flexo (epb),

    Parafuso submetido trao (bt),

    Alma do pilar submetido trao (cwt),

    Mesa e alma da viga submetida compresso (bfc),

    Alma da viga submetida trao (bwt),

    Armadura submetida a trao (rbt),

    Conector submetido ao cisalhamento (sc).

    Figura 2.21 - Componentes da ligao mista com placa de extremidade estendida

    As componentes dependem da distribuio e do nmero de linhas

    consideradas no modelo. A contribuio da cada uma das linhas deve ser

    avaliada de modo individual e como um grupo, considerando todas as

    combinaes possveis e coerentes com todas as linhas de parafusos e da linha

    onde passa a armadura.

    2.3.2.2

    Procedimento para Anlise da Rigidez Rotacional da Ligao

    Aps a identificao de todas as componentes, elasto-plticas e rgido-

    plsticas, Figura 2.22, devem ser determinadas a rigidez inicial rotacional da

    ligao.

    Arnadura submetida a trao

    Conector submetido ao cisalhamento

    Alma do pilar submetida ao cisalhamento

    Alma do pilar submetido a trao

    Mesa do pilar submetido a flexo

    Placa de extremidade submetida a flexo

    Parafusos submetidos a trao

    Alma da viga submetida a trao

    Alma e mesa da viga submetidos a compresso

    Alma do pilar submetida a compresso

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 62

    Figura 2.22 - Componentes identificadas no modelo mecnico

    O processo de determinao da rigidez inicial rotacional, com base no

    Eurocode [1] [2] [3], consiste em calcular a rigidez efetiva rik , , de todas as

    componentes elasto-plsticas, do modelo mecnico como representado na

    Figura 2.22.

    Aps a avaliao individual de cada componente, deve-se tomar como

    um grupo cada linha de parafusos. Desta forma, faz-se um somatrio da rigidez

    efetiva r,ik de cada componente i , resultando em uma rigidez efetiva r,effk para

    cada linha r , atravs da eq. (2.18), formando um novo sistema de molas como

    mostrado na Figura 2.23.

    i r,i

    r,eff

    k

    1

    1k

    (2.18)

    Figura 2.23 - Rigidez equivalente de cada linha de parafusos

    necessrio que seja determinada uma mdia dos braos de alavanca

    eqz de cada linha de parafusos r e a linha onde passa a armadura, com relao

    rbt

    bwtbtepbcfbcwt

    bfccwccws

    sc

    F

    Componente elasto-plstica Componente rgido-plstica

    F

    FRd RdF

    cwccws

    ki,r

    k i,r

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 63

    ao centro de compresso, que se localiza no centro da mesa comprimida da

    viga, que calculado atravs da eq. (2.19).

    rrr,eff

    2r

    rr,eff

    eqh.k

    h.k

    z (2.19)

    Figura 2.24 - Representao do brao de alavanca das linhas de parafusos e da linha da

    armadura tracionada

    A rigidez equivalente eqk das linhas de parafusos r dada pela eq.

    (2.20).

    eq

    rr

    r,eff

    eqz

    h.k

    k

    (2.20)

    Finalmente, a determinao da rigidez inicial rotacional jS da ligao

    dada pelo somatrio entre a rigidez equivalente das linhas eqk , mais a rigidez

    das componentes da alma do pilar submetido ao cisalhamento cwsk e alma do

    pilar submetida compresso cwck , como mostra a eq. (2.21).

    cwccwseq

    eq

    j

    k

    1

    k

    1

    k

    1.

    z.ES

    (2.21)

    2.3.2.3

    Procedimento para Anlise da Resistncia Flexo da Ligao

    A resistncia flexo determinada por todas as componentes

    mostradas na Figura 2.21, como utilizado na determinao da rigidez rotacional.

    h

    h

    h

    3,r

    2,r

    1,rzeq

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 64

    No entanto, a ordem de clculo entre as componentes deve obedecer alguns

    procedimentos matemticos.

    Iniciando-se o procedimento de clculo, avalia-se a resistncia trao

    de cada linha de parafusos como um valor mnimo de resistncia entre as

    componentes bsicas mostradas na Figura 2.25 e Figura 2.26, mas avaliando

    como contribuio adicional de cada linha de parafusos para a resistncia global

    de todos os grupos possveis de linhas consecutivas de parafusos.

    Figura 2.25 - Resistncia da linha 1

    Figura 2.26 - Resistncia das linhas 2 e 1

    A contribuio de cada uma das componentes para o clculo do

    momento resistente obtida multiplicando-se a resistncia Rd,tiF pelo seu

    respectivo brao de alavanca ih , como mostra a Figura 2.24.

    Com referncia a Figura 2.25 e Figura 2.26, o procedimento para a

    determinao da resistncia da ligao deve seguir os seguintes passos:

    Fcwt,Rd(1)

    cfb,Rd(1)F

    cws,RdV

    cwc,RdF

    Fepb,Rd(1)

    bfc,RdF

    Frt,Rd(1)

    Fcwc,Rd

    Vcws,Rd

    Fcfb,Rd(2+1)

    cwt,Rd(2+1)F

    epb,Rd(2+1)F

    Fbfc,Rd

    cfb,Rd(2)F

    Fcwt,Rd(2)

    Fepb,Rd(2)

    bwt,RdF

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 65

    Avalia-se a primeira linha de parafusos e a linha por onde passa a

    armadura, escolhendo-se a menor das resistncias entre as

    componentes mostradas na Figura 2.25.

    RdrtRdepbRdcwtRdcfbRdbfcRdcwcRdcwsRdt FFFFFFVF ,,,,,,,,1 ,,,,,,/min (2.22)

    Para a segunda linha de parafusos devem-se avaliar os parafusos

    individualmente e em grupo combinando-se com a linha anterior,

    segundo recomenda o Eurocode 3 [1] [2] [3], sem esquecer-se de

    descontar a parcela de contribuio de resistncia da primeira linha.

    ,F,FF,FF,F/VminF )2(Rd,bwtRd,1tRd,bfcRd,1tRd,cwcRd,1tRd,cwsRd,2t Rd,epbRd,1t)12(Rd,cwt)2(Rd,cwtRd,1t)12(Rd,cfb)2(Rd,cfb F,FF,F,FF,F

    (2.23)

    A resistncia flexo das linhas de parafusos seguintes so

    calculadas da mesma forma como mostrado nos dois itens anteriores.

    Rd,1tRd,2t)123(Rd,cfbRd,2t)23(Rd,cfb)3(Rd,cfbRd,3t FFF,FF,FminF (2.24)

    Finalmente determina-se a resistncia a flexo da ligao atravs da

    eq. (2.25) que o somatrio das resistncias mnimas de cada linha

    de r , multiplicados pelos respectivos braos de alavanca.

    rn

    1iRd,tiiRd,j F.hM (2.25)

    A avaliao de linhas de parafusos prximas da regio em compresso

    da ligao no feita devido a sua pequena contribuio tanto para a rigidez

    rotacional quanto para a resistncia a flexo. Este procedimento adotado em

    virtude de agilizar ou simplificar os clculos. Porm, na maioria dos programas

    que utilizam este mtodo de clculo, costuma-se considerar de todas as linhas e

    suas possveis combinaes.

    2.3.2.4

    Curva Momento versus Rotao

    A representao matemtica do comportamento de uma ligao viga-

    pilar, faz-se atravs da curva momento versus rotao, que possui diferentes

    formas de representao. Formas estas que diferem entre si pelo grau de

    refinamento que o software de anlise est capacitado. Mas no se pode

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 66

    esquecer contudo a existncia da anlise experimental, assunto este que no

    ser abordado neste trabalho.

    O grfico momento versus rotao pode ser representado pela curva

    mais simples como a linear, seguindo para as mais complexas, bilinear, trilinear,

    multilinear at a de mais alto grau de refinamento, a curva no-linear,

    representadas na Figura 2.27.

    Figura 2.27 - Diferentes representaes da curva: momento versus rotao

    Como mostrado no Eurocode [1] [2] [3], pode-se classificar a ligao

    viga-pilar entre um dos comportamentos, como mostrado na Figura 2.28. Cada

    um destes comportamentos separado por limites, que so conhecidos como

    limite superior, que separa o comportamento rgido do semi-rgido, e o limite

    inferior, que separa o comportamento semi-rgido do flexvel.

    A determinao das fronteiras, ou limites entre os comportamentos, pode

    ser feita como recomenda o Eurocode [1] [2] [3], descrito a seguir.

    Figura 2.28 - Classificao da ligao viga-pilar

    j,Rd

    M M

    j,RdM

    j,Rd

    j,Rd

    M M

    j,Rd j,RdM

    Linear Bilinear Trilinear

    Trilinear + trecho no-linear Multilinear No-linear

    M

    Rgido

    Semi-rgido

    Flexvel

    Limite Superior

    Limite Inferior

    j,Rd

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 67

    Comportamento Rgido:

    b

    bbini,j

    L

    EIkS (2.26)

    8kb para prticos onde o sistema de travamento ou

    contraventamento reduz o deslocamento horizontal pelo menos 80%.

    25kb para outros prticos.

    Comportamento Flexvel:

    b

    bini,j

    L

    EI5.0S (2.27)

    Comportamento Semi-rgido: intermedirio aos dois comportamentos

    citados acima.

    Para a anlise de uma ligao semi-rgida pode-se utilizar um dos

    procedimentos de clculo seguintes:

    Anlise Elstica da Estrutura - Clculo Elstico da Ligao (EE);

    Anlise Elstica da Estrutura - Clculo Plstico da Ligao (EP);

    Anlise Plstica da Estrutura - Clculo Plstico da Ligao (PP);

    Na anlise elstica da estrutura assume-se que, ocorrendo pequenos

    deslocamentos, rotaes e deformaes, permanece linear a relao entre

    tenso e deformao (Lei de Hooke). Isto significa que a distribuio de fora

    nos componentes da estrutura pode ser calculada com a geometria indeformada,

    e desta forma as deformaes no influenciam significativamente na distribuio

    das foras na estrutura.

    No clculo elstico da ligao assume-se que o material segue a Lei de

    Hooke. No existe nenhuma redistribuio de foras possvel. Isto demonstra

    que a capacidade da ligao alcanada assim que um desses componentes j

    no mais obedece lei de Hooke.

    A rigidez rotacional tomada igual rigidez inicial Sj,ini proveniente da anlise

    elstica da estrutura.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 68

    A nica exigncia que o momento atuante Msd seja menor que 2/3 do

    momento resistente Mj;rd. Este limite chamado de momento resistente elstico

    da ligao conforme observado na Figura 2.29.

    Neste tipo de anlise, a verificao da resistncia da ligao deve ser feita

    atravs das equaes apresentadas a seguir:

    Msd

  • 2. Ligaes Semi-rgidas: Viga versus Pilar 69

    Figura 2.30 - Anlise plstica da ligao

    Na anlise plstica da estrutura, assume-se que j ocorreram

    deslocamentos, rotaes e deformaes significativos, e conseqentemente, j

    no permanece vlida a lei de Hooke. A grande deformao plstica pode

    conduzir a redistribuio de foras. Esta no-linearidade mostra que o clculo da

    distribuio das foras se faz atravs de um processo interativo.

    Sj,ini /

    Mj,Rd

    Comportamento real

    Representao idealizada

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0410738/CA