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Cultura do curto prazo limita êxito das empresas Empresas não têm potenciado investigação do ensino superior Investigação e Desenvolvimento (I&D), inovação e tecnologia, qualidade e dife- renciação constituem, cada vez mais, es- tratégias centrais para o aumento da com- petitividade da economia portuguesa, ga- rantindo mais crescimento económico, sustentabilidade das empresas e conse- quente criação de emprego. As ferramen- tas não são novas, pelo contrário, entraram no léxico das empresas de todo mundo como mais-valias para uma maior presen- ça na cadeia de valor. Em Portugal, muitos empresários já des- pertaram para uma nova consciência vo- cacionada para a necessidade de alterarem os seus padrões de gestão. Sabem que as empresas com êxito nos mercados são as que definem estratégias a médio e longo prazo, traduzindo a riqueza intelectual, tec- nológica e científica em riqueza material. Não se trata de uma mera opção. É obri- gatório acompanhar a mudança de para- digma que nos últimos anos se instalou na economia global. pena que alguns em- presários, ao longo da última década, não tenham estado com mais atenção aos ta- lentos que temos", lamenta Luís Portela, presidente da Bial, uma empresa alta- mente inovadora e competitiva, adian- tando que deveria ter havido "um maior acasalamento entre o que está a sair das universidades e o mundo empresarial". A construção de uma economia com- petitiva é um caminho sem fim e, por isso, o médico e empresário recorda a exis- tência de "um desafio de superação per- manente que exige do lado das empresas e das lideranças "atenção e dedicação, paixão e perseverança", além da inovação e inter- nacionalização, armas que constituem duas variáveis-chave nas estratégias com- petitivas. A qualidade e a mobilização dos recursos humanos, num ambiente esti- mulante à criatividade, mas rigoroso no de- sempenho individual, são outros desafios que o empresário, citado pelo Jornal de Ne- gócios, coloca à gestão empresarial. Uma das lacunas que, aliás, se tem veri- ficado no mundo empresarial português em geral prende-se com uma variante que é co- mum à maioria das empresas e que se

limita têm potenciado - Técnico Lisboa

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Page 1: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

Cultura do curto prazo limita êxito das empresas

Empresas não têm potenciadoinvestigação do ensino superior

Investigação e Desenvolvimento (I&D),inovação e tecnologia, qualidade e dife-

renciação constituem, cada vez mais, es-

tratégias centrais para o aumento da com-

petitividade da economia portuguesa, ga-rantindo mais crescimento económico,sustentabilidade das empresas e conse-

quente criação de emprego. As ferramen-

tas não são novas, pelo contrário, entraram

no léxico das empresas de todo mundocomo mais-valias para uma maior presen-

ça na cadeia de valor.Em Portugal, muitos empresários já des-

pertaram para uma nova consciência vo-cacionada para a necessidade de alterarem

os seus padrões de gestão. Sabem que as

empresas com êxito nos mercados são as

que definem estratégias a médio e longo

prazo, traduzindo a riqueza intelectual, tec-

nológica e científica em riqueza material.Não se trata de uma mera opção. É obri-

gatório acompanhar a mudança de para-digma que nos últimos anos se instalou na

economia global. "É pena que alguns em-

presários, ao longo da última década, nãotenham estado com mais atenção aos ta-lentos que temos", lamenta Luís Portela,

presidente da Bial, uma empresa alta-

mente inovadora e competitiva, adian-tando que deveria ter havido "um maioracasalamento entre o que está a sair das

universidades e o mundo empresarial".A construção de uma economia com-

petitiva é um caminho sem fim e, por

isso, o médico e empresário recorda a exis-

tência de "um desafio de superação per-manente que exige do lado das empresas e

das lideranças "atenção e dedicação, paixãoe perseverança", além da inovação e inter-

nacionalização, armas que constituemduas variáveis-chave nas estratégias com-

petitivas. A qualidade e a mobilização dos

recursos humanos, num ambiente esti-

mulante à criatividade, mas rigoroso no de-

sempenho individual, são outros desafios

que o empresário, citado pelo Jornal de Ne-

gócios, coloca à gestão empresarial.Uma das lacunas que, aliás, se tem veri-

ficado no mundo empresarial português em

geral prende-se com uma variante que é co-

mum à maioria das empresas e que se

Page 2: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

prende com a "cultura do curto prazo, dos

objectivos imediatos" . Características queo empresário considera ser a principal li-

mitação da acção para um percurso de su-

cesso. Em contraponto, as empresas quemelhor desenham uma visão de longo

prazo são as que, de forma mais consistente,têm ganho capacidade competitiva nummundo cada vez mais concorrencial.

É urgente transformarconhecimento em valor económico

Apesar da crise que o País vem atravessando

e que levou muitas empresas a encerrar e

ao consequente aumento do desemprego,Portugal passa, hoje, obrigatoriamente,

por um processo de mudança estrutural e

de recuperação em direcção à fronteira tec-

nológica, enfrentando o desafio de construir

um sistema de inovação capaz de propor-cionar novas vantagens competitivas.

Esta mudança de paradigma reflecte-

-se já na melhoria da posição de Portugal no

ranking de inovação da UE-27, embora a I&D

empresarial portuguesa represente apenas50% da investigação e desenvolvimento fei-

ta no País. Mesmo assim, registou-se umcrescimento de 10% face a 2005, o que re-

presenta, apesar de tudo, um "sinal positi-

vo", segundo um estudo realizado em

Portugal pela "Schuman Associates, Euro-

pean Consultants" e enviado à Comissão

Europeia,

Segundo aquele relatório, verifica-setambém que em Portugal o peso de I&D no

ensino superior em relação ao total da In-

vestigação e Desenvolvimento em Portugalé claramente superior à média da UE-27, mas

pouco participada pelo sector empresa-rial, permanecendo abaixo da média euro-

peia.Esta situação é explicada pela inves-

tigadora Elvira Fortunato (em entrevis-ta nesta revista), ao afirmar que existe"um hiato grande entre a criação de co-

nhecimento, transferência de conheci-mento e a sua materialização em valor

económico", notando-se, ainda, "algu-ma inércia por parte das empresas emcolaborar com instituições de I&D".Contudo, acredita, "se existirem direc-tivas muito claras e um alinhamento e

vontade políticas na área dos apoiospúblicos no sentido de rentabilizar o tra-balho das empresas com as capacidadese potencialidades instaladas em Portu-

-490É o lugar que Portugal ocupava no

ranking da competitividade em 2012.Em 2000, o Pais ocupava o 22o lugardo ranking World Economic Fórum,em 2004 desceu para a 24 o posição e

depois desse ano foi ultrapassado emmédia por três países por ano. Perdeu

27 lugares num indicadorconsiderado de grande visibilidade

Page 3: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

gal, ganhamos todos".Há, segundo lembra, vários estudos que

indicam um nível muito baixo de contra-

tação de serviços de I&D porparte das em-

presas, assim como a reduzida taxa de em-

prego de doutorados em empresas. "Esta

situação tem de ser alterada pois os recur-sos altamente qualificados em que o País

investiu nos últimos anos têm de ser mais

bem aproveitados".De qualquer forma, Elvira Fortunato

não tem dúvida de que os empresários por-tugueses já estão mais atentos, embora não

o suficiente. "É preciso trabalhar ainda mais

em parceria, em especial nesta área da in-

vestigação que é disruptiva e onde temostido várias patentes, muitas delas em par-cerias com empresas internacionais ounacionais", defende a cientista, desmisti-ficando a ideia de que "a investigação fei-ta nas universidades não tem interesse ime-diato". Neste momento "isso nãoé verda-de" e há vários projectos por todo o País quesão exemplo disso. "As empresas têm de se

aproximar mais das universidades assim

como as universidades das empresas",declara.

Se durante muito tempo houve um afas-

tamento grande, agora e até por força do

próximo programa quadro da União Eu-

ropeia (Horizonte 2020) "é mandatóriotrabalhar em parceria e não investigarpersi, e com um fim: satisfazer o mercado oucriar novos produtos de interesse para omercado". Por outro lado, explica, "ha-vendo indicações muito fortes para in-

vestigação com o intuito de se atingir o mer-cado com novos produtos capazes de po-

É pena que alguns

empresários, ao longo daúltima década, não tenhamestado com mais atençãoaos talentos que temosLuís Portela,presidente da Bial

tenciarem o crescimento económico e em-prego na Europa, onde podemos e devemos

conciliar fundos estruturais regionais (paraapoio à implementação da tecnologia ou

processos ou criação de áreas porta ban-deiras nacionais) com fundos comunitários

(componente de inovação ou criativa do

mesmo projecto), isso só pode ser feito

com equipas que integrem empresas e in-

vestigadores das universidades". Deste

modo, combina-se o conhecimento com o

sentido prático das coisas. "0 trabalho em

equipa é imperativo para fortalecer o nos-

so conhecimento e colocá-lo ao serviço da

comunidade", sustenta.Também Ferraz da Costa, presidente do

Fórum para a Competitividade, faz notar

que, apesar do caminho que Portugal já per-correu no aumento da investigação e de-

senvolvimento, as empresas nacionais ape-nas empregam 24% dos investigadores ac-

tivos no País, enquanto essa taxa atinge os

80% nas empresas americanas e os 75% nos

países nórdicos. "Se houvesse uma estra-

tégia dos sectores onde Portugal pode in-vestir com sucesso teríamos com certeza

mais jovens investigadores de elevada em-

pregabilidade e menos investigadores de-

pendentes da distribuição de fundos co-

munitários", justifica.O responsável tem pena que as inicia-

tivas apoiadas com capital de risco pú-blico não tenham sido ainda avaliadas,

esforço que não terá sido feito "commedo de chegar à conclusão de que a es-

magadora maioria falhou". Lamenta,ainda, que no próximo programa quadro,Horizonte 2020, destinado à investigação,desenvolvimento tecnológico e inovação,"a previsão, apresentada no recente se-

minário da AIP, seja no sentido de as em-

presas ficarem com 30% das verbas,como aconteceu no quadro anterior, en-

quanto as universidades e os centros de

investigação ficarão com o restante bolo" .

Ao contrário da realidade portuguesa, "a

média europeia é inversa, ou seja, a

maior fatia fica do lado das empresas".

"Fazer as mesmas coisasde forma diferente"

A actividade de investigação pressupõetodo o trabalho criativo desenvolvido de

forma sistemática para gerar conheci-mento. No entanto, se o conhecimento cria-

do não for transferido para a economia, não

existe desenvolvimento económico, ouseja, não é criado qualquer valor. Neste sen-

tido, o grande desafio de Portugal já não se

Page 4: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

prende com o investimento em I&D, mas

sim com todo o processo de obtenção e va-

lorização de resultados que possam gerar

riqueza no País. "A necessidade actual pas-

sa assim por medir os resultados de ino-

vação pelas receitas geradas pelas novas pa-tentes, ao invés do número de patentes re-

gistadas", referem os investigadores que de-

ram corpo a um estudo recente sobre Prin-

cipais desafios da indústria em Portugal -

2013 - Uma abordagem coerente para a di-

namização do sector, adiantando que a

este nível Portugal confirma um desem-

penho claramente abaixo do que seria de es-

perar.A grande aposta para a economia portu-

guesa reside, assim, "na melhoria do pro-cesso de transferência de conhecimento,académico ou empresarial, para o tecido

económico, de preferência, de base em-

presarial, para que num contexto de mu-

dança exista criação de valor pela introdu-

ção no mercado de produtos e serviços no-

vos ou substancialmente melhorados",sustentam os especialistas que assinam o

estudo coordenado pela PwC e lançado porRicardo Bayão Horta e Mira Amaral.

Mas a inovação não reside apenas em no-

Inovar é algo que está presente nas

decisões da CAC - Companhia Avícola do

Centro, com sede em Leiria, que se

mantém de olhos postos no futuro eatenta às tendências do sector. Nestesentido tem apostado em sistemas

alternativos de produção de ovos. O

sistema tradicional de produção em

gaiolas dálugaramodalidadesmaissensíveis aos direitos dos animais, comosendo a produção em solo, ao ar livre e

biológica - todas já em funcionamento naCAC - pelo que a empresa definiu, para o

próximo ano apostar comercialmente econcentrar esforços nestas três vertentes .

"A ideia é estar na linha da frente e

antecipar um pouco o futuro", explica o

gerente Manuel Sobreiro. Foi também comesta orientação que a empresa investiurecentemente 1,5 milhões de euros emtecnologia de ponta que permite à CAC sermais célere e precisa na inspecção,

classificação e embalamento dos ovos,visando a diminuição da margem de erro.

vos produtos/serviços. Cada vez mais os

modelos de negócio terão de ser adaptadosà realidade global e nesse sentido existem

alguns exemplos paradigmáticos na in-dústria portuguesa, como sejam os casos

da indústria têxtil e da indústria do calça-do, que permitiram a muitas empresascompetir no mercado global, com um po-sicionamento completamente diferentedo tradicional, mais associado a estratégiasde diferenciação e inovação de produto e

de processo. Por isso, não se trata só de fa-

zer "novas coisas", mas também de "fazer

as mesmas coisas de forma diferente".

Assim, num período em que a opção porbaixos salários já não é uma vantagem im-batível no quadro competitivo interna-

donal, "o caminho da indústria portuguesa

passa por aproveitar, de forma mais efi-

ciente, um dos recursos endógenos quePortugal ainda consegue produzir com

alguma abundância: o potencial científico

e técnico gerado no meio académico e notecido empresarial", revela ainda o estudo

sobre a indústria portuguesa.

Competitividade: o que falta?Não adianta falar de investigação e de-

Page 5: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

senvolvimento, inovação e diferenciação,se os níveis de competitividade se manti-verem baixos. E nesse sentido, ao contrá-

rio da I&D e inovação, a competitividadetem vindo a diminuir em Portugal. Em

2000, o País ocupava o 22° lugar do rankingWorld Economic Fórum, em 2004 desceu

para a 24o posição e depois desse ano foi ul-

trapassado em média por três países por

ano, situando-se no 49 o lugar em 2012.

"Perdemos 27 lugares num indicador com

grande visibilidade, de forma regular, ape-sar de alguns esforços conseguidos em

melhorar", considera Ferraz da Costa.

A competitividade abrange todos os fac-

tores da cadeia de valor. Segundo o res-

ponsável, nas últimas duas décadas, Por-

tugal "foi dos países da UE que mais in-vestiu em actividades não transaccionáveis,isto é, não sujeitas à concorrência interna-

Os jovens são o "veículo 1

para uma nova visão de

uma sociedade mais

aberta, mais interactiva,mais criativa e maisinvertidaCristina Barros,professora do IPLeiria epresidente da IncubadoraD.Dinis

cional, e dos que menos investiu em bens

transacionáveis". Logo, acrescenta, "fica-

mos longe de sentir a progressiva quebra de

competitividade externa bem evidenciada

nos saldos da balança corrente desde 2000,e que atingiu em 2010 - ano de todas as lou-

curas - quase 20 biliões de défice".

Para Ferraz da Costa, esta má alocação do

nível bastante elevado de investimentoefectuado foi consequência de más políti-cas públicas - desprezando a produção - e

de uma política macro-económica de sus-

tentação artificial da procura interna".0 que falta, pois, às empresas, mas prin-

cipalmente ao País, "é a noção de que temos

de nos redescobrir e renovar para que da-

qui a uma década tenhamos um sistema

económico substancialmente mais virado

para o exterior".

Construir a inovaçãocom jovens talentosPensar ao contrário, ver de um novo ân-

gulo, promovera audácia, a capacidadede mudar, alterar rumos, explorar opor-tunidades, exercitar a criatividade econstruir a inovação. Num momento em

que a inovação, o conhecimento e cria-tividade são igualmente palavras-chavede uma estratégia centrada na criação devalor global, com efeito no emprego e ri-

queza, o papel dos jovens é primor-dial, sendo neles que "reside o sonho, a

sede de conhecer, de fazer, de experi-mentar", explica Cristina Barros, pro-fessora do IPLeiria, presidente da Incu-badora D. Dinis e agora também coor-denadora do TEDxYouth@Leiria, umevento de e para jovens que terá lugareste mês no Teatro José Lúcio da Silva,em Leiria. "Queremos inverter" é o

mote deste evento, que pretende mos-trar, mais uma vez que os jovens são o

"veículo" para uma nova visão de umasociedade mais aberta, mais interactiva,mais criativa e mais invertida.

Optimista, apesar do "actual estado da

nação", Cristina Banos sugere que todos

temos o dever de tentar inverter a ideiade que "não vale a pena" e de que

" nãohá volta a dar". Alertando para a ne-cessidade de os jovens não poderemcrescer em pessimismo, a docente dã o

exemplo das actuais grandes empresasmundiais, como a Google ou o Face-

book, que "nasceram destas mentes in-

quietas, incomodadas e que vivem cons-

tantemente fora da sua zona de confor-to". Por isso, a responsável acredita

que os jovens, com a sua atitude de que"não há impossíveis, são agentes de

mudança e de resiliência fundamentais

Page 6: limita têm potenciado - Técnico Lisboa

para fazer acontecer de forma inovado-

ra. É destas mentes inquietas que o

nosso País precisa. É nelas que as gran-des empresas devem investir".

Apesar de ainda se apontarem comoobstáculo à inovação e à investigação a

falta de ligação entre universidades,centros de investigação e empresas,Cristina Barros considera que esta é

uma dificuldade, mas que se está a in-

verter. "As unidades de ensino e inves-

tigação estão cada vez mais conscientes

e ligadas ao tecido empresarial e ao

mercado de trabalho, uma vez que esta

lacuna é um factor de atraso ao desen-

volvimento económico". Mas, segundoa docente, há também uma ligação de-

sadequada, uma teoria sem prática, e

uma prática que em nada se revê na teo-

ria". Logo, a partilha de conhecimento

e de experiência entre quem faz e quemensina é fundamental e tem de ser fo-mentado desde os primeiros anos de en-

sino. O Instituto Politécnico de Leiria,

acredita, "é um exemplo claro da ligação

entre as empresas e o ensino superior,

sendo inúmeros os projetos desenvol-

vidos com empresas", apresentandohoje, no seu corpo docente, "professo-res convidados do tecido empresarial

que partilham a sua experiência e co-

nhecimento" . Criou ainda uma bolsa de

emprego e uma rede alumni que têm pormissão aproximar a escola do mercadode trabalho.

Cristina Barros conta que o evento no

Teatro José Lúcio da Silva, no dia 16 des-

te mês, surge porque se acredita que "a

partilha de conhecimento, desenvolvida

dentro ou fora de portas, é muito enri-

quecedora". Trata-se, pois, de uma ini-

ciativa que "pretende inspirar os jovens

para a atitude de arriscar, para o acto de

criar e recriar, de experimentar, de falhar

e de voltar a tentar, pois só assim, e com

aposta na formação, se descobrem cami-

nhos e vocações". Pretende-se "mostrar

exemplos de que é possível criar, pensando

ao contrário", olhando o que "é invisível

aos olhos" e mostrando que existem mui-

tos caminhos e formas de criar". | Lindes

Trindade

Frutaf ormas premiadaInovar com fruta desidratada e com formas

Não é preciso ser grande, ter escala ou

dimensão para investigar e

desenvolver produtos inovadores. A

criatividade é uma característica

comum a pequenas e grandes

empresas, sejam de sectores

tradicionais ou não. Basta olhar para a

região Oeste, que se instituiu como"Marca Oeste", onde a fruta, pêra ou

maçã, tem sido objecto de granderevolução na área agroalimentar. No

Bombarral, a Frutaformas, uma

empresa com apenas um ano de

existência, acaba de receber a Ia

menção honrosa na categoria de

produto inovador, na 4a edição dos

Nutrition Awards, cujos prémios

pretendem valorizar projectos na área

agro-alimentar e criar pontes entre o

sector da investigação e o empresarial.Os prémios abrangeram três produtos

que propõem uma nova maneira deconsumir maçã e pêra, o "Croça Maçã",o "Frutinhas" e os "Lingotes de Pêra

Rocha", revelando que a Frutaformas

pegou num processo milenar -

conserva de fruta através da sua

secagem ao sol - dando-lhe um carácter

inovador, com recurso a tecnologia

também ela inovadora. Criou, assim,fruta desidratada, pronta a comer,aproveitando a produção de fruta do

Oeste e oferecendo uma alternativa

saudável, cómoda e divertida para o

seu consumo. O projecto surgiu através

da criação de um consórcio, onde cada

uma das empresas detém 50% do

capital, sendo que uma é produtoraagro-alimentar e outra especializadaem info-comunicação. A Azevagro,Lda, de que João Azevedo é sócio-

-gerente, é responsável pela produçãoe desenvolvimento de novos produtos.Anabela Sá é sócia gerente da

NSprojects.com e responsável pelo no

marketing, vendas e

internacionalização. Actualmente, aFrutaformas tem os seus produtos em

cerca de 200 pontos de venda no Pais

e numa loja em Londres. "A

internacionalização é um caminho

que desejamos percorrer. A fruta da

região Oeste é jã bastante apreciadano estrangeiro pelo seu sabor

distinto, um facto que apenas reforçaa nossa ambição para iniciarmos o

caminho da exportação", revelam os

responsáveis.