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    O dia de ontem, 17 de fevereiro de 2013, poder ser lembrado como:

    - o dia em que o projeto linda* (linda cereja!), uma srie especial de textos sobre as cenas da msicaexperimental brasileira, ganhou seu segundo fascculo, tornando-se assim mais um produto bem-sucedidoe estvel do NME;

    - o dia em que o NME, ele-mesmo, em sua comunidade do Facebook, ultrapassou as 1000 curtidas.

    Simbolismos parte, consideramos que momento de comemorar onde o NME chegou em exatos doisanos e meio. No apenas no que toca nosso pblico e a comunidade de autores (que tm aumentado a cadadia), mas tambm a qualidade que vem se renando, edio a edio dos concertos, nmero a nmero darevista.

    Se a linda nasceu meio desprentensiosa, hoje j podemos ver a que veio e os caminhos que vm-se tomando e um desses caminhos essa edio linda-em-PDF, com uma editorao mais cuidadosa e uma seleo detextos que vem costurar uma leitura crtica, que aprofunda o dilogo entre eles.

    E para comemorar essa edio indita, que passar a ser bimestral, temos o prazer de apresentar umtexto indito e exclusivo para essa edio, do Gustavo Germano: A msica visual de Stan Brakhage!

    Alm dele, selecionamos textos que falam, sua maneira, dos estranhamentos dos sons e das ideiassonoras. Cada autor aqui, msico sua maneira (inclusive h msicos no-msicos de toda sorte), fala dassuas percepes sobre esse mundo que entra em nossos ouvidos a todo momento...

    Desejamos a todos, claro, uma excelente eagradvel leitura!

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    To sozinho quanto msicacontempornea em pleno sculo XXI,entre melodias, harmonias e ritmos,iniciei minha pesquisa de composio commanipulao de rudos. Era 2004 e tinha-se acabado de dissolver um duo chamadoClister, que j admitia um erte coma msica experimental, no qual tocavateclados, guitarras e softwares. Sendoassim, decidi seguir sozinho, estudando,lendo, ouvindo, conhecendo, descobrindo...Sem perceber j tinha mais de uma dezenade composies, o que acabou rendendoum lbum intitulado msica das cinzas,e mais curiosidade ainda por essa nova(no to nova assim) msica. Em 2005,uma semana de imerso em um estado deesprito sombrio fez nascer outro lbum,desta vez conceitual, intitulado In days liketoday I wanna die, primeiro trabalho srioda msica contempornea / experimental

    Aracaju. Capital do menor estado brasileiro, Sergipe, tem,

    segundo o ltimo senso do IBGE, 614.577 habitantes e umadimenso de 181.857km quadrados. Atualmente o cenriomusical da cidade tem crescido e se prossionalizado,porm geralmente msica popular, pop, rock... Temos umconservatrio catico, que vive eternamente em reforma,pianos de cordas quebradas... Sempre tive curiosidade pelodesconhecido. Falo em primeira pessoa, pois este relatopessoal e minha convivncia com a cidade e a msicaexperimental / contempornea, coexistindo no mesmoespao e tempo Aracaju, primeira dcada do sculo XXI, ede certa forma a minha histria se confunde com a histriada msica experimental aracajuana.

    DEZ ANOS DE SOLIDO.porALESSANDRO SANTANA

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    Alessandro Santana (soundcloud.com/musicadascinzas ) nasceu em Aracaju em 1977, ps-graduado em artes visuais pelo SENAC e graduado tambmem artes visuais pela Universidade Federal de Sergipe.Atua no cenrio musical de Aracaju desde a segundametade da dcada de 90. Autodidata, iniciou as primeirasexperimentaes em tas k7 de maneira rudimentar porvolta de 1995.

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    A primeira vez que ouvi realmentefalar de Curling foi em 2010, em Helsinki,quando dos jogos olmpicos de Vancouver.No hostel em que me hospedei, havia umasala de TV, onde se reuniam marmanjosde diversas nacionalidades para assistir spartidas dos diferentes esportes invernais.E incrivelmente, a nal de Curling,protagonizada pela vizinha Sucia contraa antri Canad, foi a maior comoopblica que vi no pas nrdico

    Hoje em dia, no Brasil, o Curling torna-se mais conhecido. Ontem, assistia ao MogiMirim 1 X 1 Corinthians, quando o narradorMilton Leite anunciou a transmisso dosJogos de Sochi. Aps citar umas 2 ou 3modalidades, terminou o anncio dizendoe Curling tambm, o esporte queridinhodos brasileiros!.

    ***

    Faz mais ou menos um ano, aprendi a assistir Curling.Curling um esporte que surgiu nos congelados lagosescoceses e que consiste, basicamente, em arremessarpedras sobre o gelo, buscando deix-las mais prximasao centro do alvo do que as pedras do time adversrio.Modalidade olmpica, o esporte tem seu auge nos jogos deinverno, como os de agora, em Sochi.

    CURLING, SALMIAKKIE MSICAELETROACSTICAporTIAGO DE MELLO

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    Tambm no o so o Salmiakki e o Curling.Porm, com eles, pode-se expandir o mundoem que se vive e, assim, viver melhor. Ese eu gosto tanto deles, talvez voc possagostar tambm :)

    A pergunta : o que faz com que alguns gostem tanto dealgo que simplesmente cuspido pelos demais; ou melhor: oque faz com que as pessoas cuspam aquilo por que tm tantoapreo os outros?

    Me chateio cada vez mais com quem simplesmente cospe,aos primeiros segundos (se que chegam a ouvir!, muitasvezes as pessoas no gostam sem sequer experimentar!)a minha msica. Ora, no sou um gnio, muito menos minhamsica uma obra-prima. Mas, h nela alguma tentativa decomunicar, algo que ca simplesmente entalado nas vi as da

    comunicao porque o outro fecha seus ouvidos, vai embora,pede para baixar o som.

    O incmodo causado pela estranheza do Curling, doSalmiakki ou da msica eletroacstica , simplesmente, umprimeiro obstculo s suas fruies. Somente a fora ativa davontade do descobrimento que podem salv-los da cartelados no-sabores. Somente as perguntas Mas por que elesgostam disso? e sobretudo Como eu posso gostar disso? que podem salvar as pessoas de um mundo montono, cheiode coisas iguais, de experincias j vividas.

    A msica eletroacstica no a salvao do mundo.

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    Em seus laboratrios, engenheiros dealimentos projetam e realizam sabores e,pouco importando se o produto em questotrata-se de uma balinha, um iogurte ouuma barra de cereal, voc encontrar todosem sabor Abacaxi. (um dia, quem sabe?,os estandes dos maiores mercados nosfornecero o prprio abacaxi, agora comsabor de batata! frita, por favor.)

    ***Desde 2004, a linha de batata chips Sensaes oferece-nos sabores os mais audaciosos: nas estantes da padariaou mercado mais prximos, voc encontrar batatas saborFrango Grelhado, batatas sabor Provolone com Ervas aoForno, ou, se preferir, batatas sabor Mediterrneo, o qualcombina tomate, alho e manjerico. Pesquisando agoramesmo por essa linha no Google, vi que, em diversos frunsinternet afora, os usurios reclamavam que a extinta batatacom sabor de camaro no espeto tinha pasmem! gostode limo.

    O SABOR DO QUEIJOporFRANCISCO DE OLIVEIRA

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    de uma sequncia de imagens estticas,apresentadas seguindo determinado ritmo.O ritmo me parece ser um dos fatores maisimportantes para induzir escuta dessamsica visual: intuitivamente observo quecada mudana de imagem sugere um novosom, um novo ataque, cujas caractersticasresultam de uma associao pessoalentre parmetros sonoros (timbre,altura, intensidade) e visuais (cor, forma,intensidade da luz).

    Outro fator que suponho sugerir essaescuta a estruturao do lme como umtodo. Em The Dark Tower enxerguei trspartes distintas (A, B, C) seguidas de umaretomada do tema A (com interfernciasde C) e uma coda nal. Essa formalizaono parte de uma tentativa consciente deanlise estrutural do lme, mas apenasdaquela impresso primeira e inevitvelque formamos assim que a projeo acaba,

    Recentemente, assistindo a uma srie de lmes mudoscontidos na compilao By Brakhage: an anthology, me deiconta de estar involuntariamente escutando as imagens.

    Poucas vezes assisti lmes sem qualquer tipo de som comoacompanhamento, mas lembro que, mesmo nessas outrasoportunidades, as associaes entre imagem e som nuncaforam to presentes. Me rero especicamente a seis lmes:Night Music (1986); The Dante Quartet (1987); Rage Net (1988);Stellar (1993); Black Ice (1994); e The Dark Tower (1999).

    So lmes curtos, nenhum com mais de 6 minutos,compostos predominantemente por pinturas do diretorrealizadas diretamente sobre cada quadro da pelcula, semnenhuma imagem gurativa. As imagens raramente uemem iluso de continuidade Brakhage deixa claro que se trata

    A MSICA VISUAL DESTAN BRAKHAGEporGUSTAVO GERMANO,

    exclusivo: linda-em-pdf!

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    (img#2: The Dark Tower, 1999)

    Ivan Chiarelli (soundcloud.com/ivan-chiarelli )

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    a que estamos submetidos: excesso deestmulos, diversicadas atenes exigidasao mesmo tempo, meia concentraoem cada coisa, que acaba antes numabatimento de cada sentido antes de umprocesso sinestsico. Ser obrigado a seconcentrar e ouvir a msica algo quepoucos ouvintes tem o hbito de fazer.

    Ademais, como em geral no h um focopara atrair o olhar a orquestra ou msicos aexecutar ao vivo -, tem-se tambm a quebracom a centralidade da viso que impera emnossa sociedade. certo que no raro asmsicas serem acompanhadas por vdeos o primeiro concerto do NME ao qual fui eraassim. De qualquer forma, a mistura som-vdeo ali posta, em que se v os rudos(como em Benziami, de Julia Teles e LuisLabaki), ou que desfaz a ligao imediataentre imagem e som (Pequena coleo dequedas, Henrique Iwao), me ajudaram a

    Como havia dito na crnica anterior, a mim, um leigoapreciador de msica eletroacstica, esta parece, em algunsaspectos, herdeira de um certo tradicionalismo da msicade concerto na recepo, na sua exigncia de concentrao.Com tradicionalismo eu no quis dizer conservadorismo.Pelo contrrio, no contexto da indstria cultural atual e suasformas de produo e recepo, a exigncia de ateno namsica ou na msica e no ch, numa tentativa de misturarsensaes, por exemplo uma quebra da lgica quotidiana

    A MSICAELETROACSTICA EA EXIGNCIA DE UMAOUTRA ESCUTAporDANIEL GORTE-DALMORO

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    com o renome do msico ou grupode msicos (no entendo nada de msicaclssica, mas at eu sei que a Filarmnicade Berlin boa);

    com o gnero ou estilo musical: quantomais elitista (msica erudita, por exemplo),melhor; quanto mais popular leia-sepobre, como o funk carioca pior.

    Note-se que a responsabilidade pela

    qualidade est quase sempre nos ombrosdo msico: seja por tocar algo socialmentereconhecido como bom ainda que oouvinte em si no aprecie, reconhece aqualidade porque a sociedade lhe diz queaquilo bom seja por tocar algo ruim(porque o ouvinte no aprecia aquele tipode msica, e o establishment da sociedaderefora seu preconceito ao lhe dizer queaquilo ruim, quase sempre numaassociao de qualidade e poder aquisitivo).

    A beleza no ouvido dequem escutaQuando falamos em boa msica, as associaes mais

    comuns so (no necessariamente nessa ordem):

    com bom gosto (a msica boa ou ruim dependendodo que o i nterlocutor aprecia ou no, respectivamente);

    com a fama do msico ou de uma msica em particular(eu no gosto de rock progressivo, mas adoro wish you werehere);

    ESCUTE COMRESPONSABILIDADEporIVAN CHIARELLI

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    No basta reconhecer que h umproblema na educao musical, necessrio agir sobre esse problema.Tanto ouvintes quanto msicos carecemde uma nova postura de escuta. No setrata de um referencial esttico (disfaradode julgamento qualitativo nas expressesmsica boa ou msica ruim). Tampoucose trata de um treinamento especco emalgum estilo. O que se faz necessrio umapostura de escuta que se volte para os sons

    e suas relaes. Que saiba a diferena entrerudo e barulho.

    O msico, como algum que convivecom determinados universos sonoros eos percebe a partir de um ponto de vistaespecializado em relao ao no-msico,precisa aprender a convidar o ouvinte adescobrir os universos propostos nas obrasapresentadas e deixar que ele chegues suas prprias concluses, ao invs de

    superior que ele no entende (e que, presumivelmente, jamais poder entender).

    Porm, no devemos confundir tal mscara com a prpriadivindade, como disse Joseph Campbell. Tal atitude, reexoda falta de uma educao musical apropriada nas escolasbrasileiras, reforada e alimentada pela postura dosmsicos, que apregoam uma noo de msica pautada emvalores estticos individuais, e por uma indstria fonogrcaque preza mais pela quantidade vendida que pela qualidadee variedade de seu catlogo de artistas. sempre necessriolembrar que qualidade um fator presente na relao entreo esmero na produo da msica e desta em relao aoambiente onde apresentada: Stravinsky pode ser timopara uma sala de concerto, mas pssimo para um salo debaile.

    necessrio mais do queapenas uma nova escuta,mas uma nova postura deescuta

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    mundo em que vivemos, e o mundo neste incio de milnio j radicalmente diferente do que era h poucas dcadasatrs: multifacetado, fragmentado, buscando unidade namultiplicidade e no na singularidade. Vivemos em umapoca que privilegia a multifuno (ainda que esta causemediocridade nas atividades exercidas em paralelo) emdetrimento da especicidade, mas que, paradoxalmente, temcomo modelo mximo a especializao extremada. umapoca de contrastes e incertezas nos prprios modelos deproduo. Um mundo que preza pela individualidade, peloextremismo do particular e do privado, mas que busca limitar

    ao mximo tal privacidade e cujos sons invadem nossos larescom frequncia cada vez maior. Como toda msica, a msicaeletroacstica um reexo da poca e da cultura em que estinserida. Se hoje ela nos parece estranha, catica, ruidosa, oque isso nos diz a respeito do nosso cotidiano?

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    centrado, formalmente, na repetio. Arepetio variada: sempre um A, A, A,A, A. Muitas das minhas peas giramem torno desse tema.

    Ou ainda um A que contm um A quecontm um A que contm um A... Essaestrutura de cristal, como eu chamo.

    Com o contato aqui em Viena, eu pudedesenvolver a parte experimental. Minhaspeas geralmente comeam do nada, de

    uma nova ideia... No tomo nem retomomuito... Atualmente eu retomo algumascoisas, mas eu sempre comeo do nada, ea desenvolvo isso instrumentalmente.

    Com o Gottfried Michael Koenig... OKoenig me inuenciou no aspecto dedestruio,como ele chama: no variao,mas voc tem um tema e voc o destri. Issome inuenciou nesse aspecto de repetio.

    E em Viena, eu me envolvi com artistas de

    Eu desenvolvi, esteticamente, muito do Willy Corra deOliveira. Na parte formal, na parta semitica, sempre memarcou muito o Gilberto (Mendes)... Essa abertura esttica,de colocar elementos do cotidiano, desse teatro musical, meinuenciou muito, esse mundo mgico, latino-americano.Tem algumas peas em que eu me remeto ao Gilberto.

    Ao (Louis) Andriessen, na parte de minimalismo, meinuenciou muito tambm. A parte eletroacstica dele defeedback, voltada ao minimalismo... No comeo, eu trabalhavamuito com retorno, com feedback... E at hoje eu sou muito

    CONVERSA COMIGOR LINTZ- MAUS:SUA MSICA,em transcrio de parteda conversa comTIAGO DE MELLO

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    Simultaneamente, eu me desenvolvi dentro da ideia doGRM, de orquestra de alto-falantes e com a parte de msicacom suporte em live-electronics. Assim, nesse contexto, eu,com meu colega da rdio de Budapeste, formei um festivalna Hungria de msica ao vivo, live-electronics. E l, a gentefez uma crtica ao trabalho de eletrnica ao vivo, em que osistema de produo muito limitado. Normalmente emum festival, voc chega de manh, monta os aparelhos, etem pouco tempo para trabalhar instrumentalmente, e dafaz o concerto. Isso fez com que a eletrnica no pudessese desenvolver... Mesmo voc podendo ter um estdio, voc

    no tem os msicos, com os quais voc pode desenvolver asideias e ento, na hora de tocar, sai apressado, com problemastcnicos.

    L (na Hungria), ns tnhamos a ideia de juntar as pessoasdurante uma semana, chegar em um domingo e at aquinta-feira, trabalhar em conjunto, hospedando todo mundo(tcnicos, msicos) no mesmo lugar e fazendo fruns decomposio. E no nal de semana, apresentar os concertos.Isso, a gente fez durante sete anos. Eram condies ideias,com o conjunto HEAR (Electroacustic Research de Budapeste),

    um conjunto de excelentes msicos e abertopara experimentao, com os tcnicos dardio, que gravavam as apresentaes.Foi um laboratrio muito importante. E aomesmo tempo, ns tnhamos um casteloe uma orquestra de alto-falantes (de 12alto-falantes), e eu desenvolvi o sistema deprojeo...

    Na universidade, depois de alguns anos,eu z concertos de projeo com orquestrade alto-falantes mensalmente. Fiz, com osalunos, todo ms, o que chamvamos deKlangprojektion.

    E na rea da acusmtica, eu me lioao grupo do (Pierre) Schaeffer. Sou muitoamigo do Daniel Teruggi, e tambm doJonty Harrison, com quem estive junto noBEAST, em Birmingham (Inglaterra), e pudedesenvolver, conjuntamente a ele, ideias deprojeo sonora...

    E, nalmente, para terminar, na parte

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    S canta bem quem grita, ento?

    No, depende do grito.

    Tem que somar afinado + agudo +prolongado, a la Mariah Carey ou Sei l,Edson Cordeiro.

    C podep e r c e b e rn i t i d a m e n t eque to todosdelirando, nomnimo!

    Daqui pra diante, imagino que algunsLindos (vulgo leitores) pensem que estoudebochando desses artistas e de seusinfluenciados, mas a questo aqui : agente precisa mesmo levar a srio o que sev na televiso ou em qualquer outro cantoque ressoe msica?

    {Aos que pensam com seus respectivos botes, a resposta SIM: essa uma (quase) continuao do texto que Tiago

    de Mello escreveu na primeirssima edio da nossa Lindarevista}.

    ***Tempos atrs, um manifesto facebookiano de um colega

    ganhou meu like instantneo; foi um, dois. No lembroexatamente o que ele escreveu, mas a ideia era mais oumenos essa: se eu fosse levar a srio o tal padro cantor/cantora que se v no The Voice, seja na verso americana oubrasileira, s canta bem quem grita.

    EM TEMPOS DETHE VOICE BRASIL -EPISDIO IIporNICOLE PATRCIO

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    J Marcela Lucatelli tem seu *Gestus Kanto-GlytkH*. Oprimeiro lbum do projeto, lanado no ano passado, totalizaquase 10 minutos e traz sua DeKomposition y CantoKlastyaem 9 faixas que se conectam entre si ao menos a meu ouvir.So melodias e poesias recortadas, bugadas, feitas comoutras Ynterfaces::Dysposytyvos:::. Ela deseja, des-existe.E voc precisa entrar no >>Clyma::: se quiser entender orecado.

    H quem diga que qualquer pessoa pode berrardesarmoniosamente feito taquara rachada e dizer que fazmsica experimental, mas o trabalho dessas meninasresponde a cisma com um garrafal NO. Elas so incrveisno que fazem, assino e dou f. Porque gritar fcil, difcil melodiar o caos.

    Nicole Patrcio pedreira (vulgo recm-formada)em Jornalismo. Manifesta o alter-ego atravs de sua banda-de-uma-menina-s Alambradas, ama batata frita e falasozinha demasiadamente no nessa ordem.

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    No faz muito tempo, conversava eu sobre msica comalguns amigos os quais, sendo estudantes de cincias

    sociais e losoa, se declaram no msicos quando lhesfalei de um concerto do NME que ocorreria dali a alguns dias.Como assim, eletroacstica? era justamente deste tipo depergunta que gostaria de me esquivar. Eu queria convenc-los a irem ao concerto e a descobrirem por si prprios.Mas foi precisamente a pergunta que zeram. Naquelemomento, optei por qualquer coisa como msica feita comcomputadores, gravada ou em tempo real, que trabalha comtodo tipo de som, e, em seguida, dei um exemplo de umapea do Luc Ferrari, alguma de suas Presque Rien.

    LUC E A MSICA DOSOM-EM-SIporRICARDO LIRA

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    O que ouvimose gravamos trazconsigo relaes:de sua histria, deseu uso, de suasa m bi gu i da de sp o t e n c i a i s traz consigo umalinguagem. E com tudo isso que o compositor

    compe. Foi preciso que Ferrari chegassenos limites do som para nos mostrarque nem a msica de partitura nem aeletroacstica lidam com o som-em-si; lidam, antes, com estas relaes delinguagem sempre em movimento, comeste quase nada que converte objetossonoros em msica.

    que no era mais para a escuta. Para salvar a msica seriapreciso, ento, sacricar o som banal esse que aponta paraas coisas. Seria preciso ouvir o som por ele mesmo. Melhor:seria preciso apagar do som aquilo que tinha de banal parase poder alcanar o objeto sonoro pura qualidade sonora.Assim, o som-de-gua-fervente-na-chaleira desapareceria,dando lugar ao objeto sonoro de massa x, perl meldico ye allure z E para chegar ao objetosonoroele-mesmo preciso escutar, no mais simplesmente ouvir!

    Neste ponto, volto ao Luc Ferrari, que parece no ter seconvencido totalmente do ltro de escuta de Schaeffer e

    por essa mesma razo foi afastado do grupo que trabalhavacom msica concreta. Digo no totalmente porque, de fato,parecia plausvel dirigir a escuta s qualidades do objetosonoro proposta por Schaeffer. O problema era outro. Eraaquilo que tinha de ser eliminado fora, mas que sempreinsistia em retornar. O problema todo que quando gravoe quando escuto um som, no estou apenas gravando eescutando o som-ele-mesmo, este algo que seria analisvelem um nmero x de caracteres mais ou menos claros eobjetivos.

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    me apropriar de algum saudosismo deterceiros ou temendo abordar um tempo noqual eu no vivi, prero dar enfoque apenasao segundo ponto de vista. Falar dosmritos e desaos dos tempos de hoje, daminha gerao e das geraes de artistasque esto perto de mim, ainda que muitosdeles tenham feito parte do tal passadoaqui citado.

    de se admirar e de se alegrar com aquantidade de iniciativas que surgiram

    na cidade em poucos anos. Atualmente,a cidade palco de festivais, de sries deconcertos e demais espaos que se dedicamou abrem suas portas ao experimentalismo.Mais ou menos 10 grupos na cidade tmem sua proposta trabalhar esse tipode msica*. Boa parte de tais projetossurgiram em BH dentro dos ltimos 3anos. Crescente tambm foi o nmerode iniciativas pontuais de determinados

    Belo Horizonte foi, e ainda , a casa de diversos artistasque se empenham das mais variadas formas em fazer edivulgar a arte contempornea. Ao ser convidada para falarsobre a msica experimental feita aqui, eu poderia dividirmeu conhecimento a respeito do assunto em dois pontos devista: o primeiro baseado em inmeros depoimentos deprofessores e colegas a respeito dos msicos que trouxerame rmaram a msica contempornea no meio culturalda cidade. O segundo baseado em minhas experinciassobre o atual momento desse fazer musical. Com medo de

    UM ENFOQUE SOBRE AMSICA EXPERIMENTALE A CIDADE DE BELOHORIZONTEporTHAIS MONTANARI

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    os paradigmas da msica contempornea feita para ouvidosiniciados. Como resultado de tudo isso, temos uma bola deneve. Quanto mais espaos estes grupos abrem, mais gruposso incentivados busca de novos espaos.

    Quem me v falando assim pode at pensar que eu tenhoum orgulho imenso de fazer arte em Belo Horizonte e queeu acredito como ningum no futuro da msica experimentalque vem sendo feita aqui. Porm, eu no poderia deixar decitar alguns pontos negativos e corriqueiros de quem vive etrabalha com arte em BH.

    Belo Horizonte a capital mineira, logo a capital datradio e dos bons costumes da famlia. At quem passabrevemente por aqui capaz de perceber isso. Ademais,omineiro acostumado ao aconchego das montanhas e porisso se deixa cegar muitas vezes por essa proteo tamanha.Esquece que atrs das montanhas tem um mundo enormee to criativo quanto o daqui. Esquece que sempre bomrespirar novos ares e trazer novos ares para dentro de casa. constante, em nossa cidade, o enaltecimento (muitas vezesexagerado) dos artistas locais. E isso faz com que diversasgeraes ignorem a importncia de sair da sua zona de

    conforto para buscar novos desaos, novosconhecimentos e novos intercmbios. Obelo-horizontino, to acostumado coma famosa receptividade mineira, corresempre o risco de se fechar dentro de sie temer tanto dar a cara a tapa em outroscantos, que vai cando por aqui mesmo,apresentando sempre o mesmo trabalhos mesmas pessoas. E se sente bem, pois sempre bem recebido e aplaudido porquem j conhece de cor a sua arte. Minha

    preocupao enquanto artista de queos espaos que vm sendo conquistadospor ns, virem os espaos da repetio eda mesmice no futuro. E que os artistastransformem sua energia criativa em umcasulo alienado ao mundo externo.

    Outro problema crnico em nossacapital a diculdade que o pblico tem emdepositar seu dinheiro em novas propostas

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    Ocina Msica Viva

    O Grivo

    Quarteto Corda Nova

    Srgio Rodrigo

    Sonante 21

    Festivais, mostras eespaos culturais Eu Gostaria de Ouvir

    Fundao de Educao Artstica

    MIEI Msica de Inveno Experimental e Improvisada

    Multifonias Msica Contempornea em Foco

    Georgette Zona Muda

    QI Quartas de Improviso

    VAC Vero de Arte Contempornea

    Thais Montanari de acordo comela mesma: Sou compositora, nasci ecresci em Minas Gerais. Em Belo Horizonte,conheci a msica contempornea e a partirde ento me dediquei a ela como minhaprimeira atividade. Trabalho h 3 anos como grupo de compositores Derivasons e, junto aos meus colegas, busco encontrare explorar novos locais e novos ouvidosinteressados em msica experimental.Trabalho ainda em projetos individuaisque, atualmente, giram em torno de meuenorme interesse pela msica visual etodo o universo que a ela pertence. Almdisso, estou constantemente envolvida naproduo de concertos e festivais que sepropem a divulgar e valorizar a msicacontempornea e experimental em minhacidade.

    http://www.oficinamusicaviva.com/http://ogrivo.com/?p=145http://cordanova.com.br/https://sergiorodrigomusic.bandpage.com/http://fernandorocha.info/pt/projetos/sonante-21.htmlhttps://www.facebook.com/EuGostariaDeOuvirhttp://fundacaoeducacaoartistica.org.br/https://www.facebook.com/musicadeinvencaohttp://multifonias.jimdo.com/http://georgettezonamuda.wordpress.com/http://seminalrecords.org/qi/http://veraoarte.com.br/2014/http://veraoarte.com.br/2014/http://seminalrecords.org/qi/http://georgettezonamuda.wordpress.com/http://multifonias.jimdo.com/https://www.facebook.com/musicadeinvencaohttp://fundacaoeducacaoartistica.org.br/https://www.facebook.com/EuGostariaDeOuvirhttp://fernandorocha.info/pt/projetos/sonante-21.htmlhttps://sergiorodrigomusic.bandpage.com/http://cordanova.com.br/http://ogrivo.com/?p=145http://www.oficinamusicaviva.com/
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    A revista se prope ao assunto: CulturaEletroacstica. Para nossa fortuna, tembastante assunto no mundo hoje praencher a Linda de edies e mais edies.Para mim, a possibilidade de textualizarum bocado de idias que piscam em minhatesta. Resultado de divagaes internas docotidiano, ou do meu prprio ofcio comoprodutor musical. Fortuna em dobro, poisminha vida gira em torno de Msica e Som.

    Trocando o valor poltico, e me dando o

    direito ao trocadilho do ttulo, a brincadeiranesse artigo (e nos posteriores que,possivelmente, sero desenvolvimentosdeste) consiste em trazer luz dos diasatuais as idias do manifesto Larte deiRumoride Luigi Russolo, produzido em1913 e, retomando ideias e conceitos dosmovimentos futuristas, decorrentes daprimeira metade do sculo retrasado,reetir sobre msica, som/rudo e pblico.

    Hoje inauguro minha coluna na Linda. Convite feito peloamigo e diretor do Nova Msica Eletroacstica, Tiago deMello.

    A idia pra mim uma aventura. H algum tempo tenhodespertada uma certa vontade de escrever, e prontamenteaceitei o convite. Pra mim, o dever de escrever quinzenalmenteser comparado a saltar de um avio. Resta saber se acordinha ir funcionar!

    SERIA ESTE O ITALIANDREAM?porTHIAGO LIGUORI

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    Copia em Ingls:

    Today, Noisetriumphs and reignssupreme over thesensibility of men.

    tentativa de traduo:

    Hoje, o rudotriunfa e reina comsupremacia sobrea sensibilidade dohomem.

    3 Por ultimo, tambm no nal do ano passado. Fui Sala So Paulo ouvir a OSESP (Orquestra Sinfnica doEstado de So Paulo) executar a Sagrao da Primavera e,no mesmo programa tocaram Amriques. Stravinski couno chinelo perto de Varse! Aquela quantidade de massasonora bombardeada na minha cabea foi fantstica, e a salaveio abaixo quando a orquestra nalizou a pea e o pblico,ensandecido, aplaudiu. Cinco minutos depois do ultimo ataqueda msica, com a sanidade razoavelmente retomada, pensei:Caceta! O mundo outro mesmo. Pessoas de diferentesgeraes na sala foram projetadas dentro uma msica no

    ortodoxa para ns de entretenimento, ou o que quer que seja.Ouviram mais barulho que outra coisa, e mesmo assim foramlevadas ao delrio.

    Enm, pra resumir a conversa, por hoje, e retomandoalgumas leituras para escrever mais na coluna, me depareicom uma carta de Russolo enviada ao compositor futuristaFrancesco Balilla Pratella, contando sobre suas idias, eque dariam origem ao seu Intonarumori. Nesta carta, umapassagem resume o que proponho nessa inauguraoreexiva sobre msica, som e pblico.

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    Sempre fui muito interessado nasimagens de tas de VHS velhas, malconservadas, gravadas por cima de outrascoisas, das imagens toscas do Super 8,das fotograas mal reveladas e, assim,o meu primeiro desfruto esttico com oarquivo deteriorado por processos naturaisfoi atravs de imagens i ncluindo o contatocom o trabalho do videoartista brasileiroFelipe Barros, que registra o ato sem seconfundir com ele, gerando testemunhosde alta resoluo.

    Esse interesse me levou a descobrir olme Decasia, um documentrio compostode (e sobre) imagens em pelcula emdiversos estgios e tipos de decomposio.Aqui, a decomposio exposta se confundecom o prprio lme, acompanhado por umatrilha orquestral (disponvel no hiperlink)que busca musicar essa destruio vista natela, incluindo pianos desanados, phasing

    Hoje inauguro minha coluna na Linda. Convite feito peloNo meu ltimo texto, resolvi falar um pouco sobre o Glitche a sua relao com o Noise e a deturpao de sentidogerada por esses defeitos eletrnicos. O tema esbarra emoutro interesse meu, que a incorporao da deterioraode arquivos em obras musicais. Mesmo identicando-se com o Noise, catico, a deteriorao em seu estgiomximo apresenta o seu completo oposto o silncio (da taapagada, do cd ilegvel, etc) e acrescentam outras questesinteressantes s que estavam ali.

    DESTRUIOporRODRIGO FAUSTINI

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    narcsico no tema da decomposio, etalvez da venha sua constante relao coma imagem.

    Essa arte da destruio, de imagense sons que se decompem e se destroemdurante sua execuo seriam como ooposto do sopro de vida, criao deesprito e quaisquer outras metforasmenos rebuscadas para o ato criativo. Nacontemplao desses retornos ao nada hum sadismo no qual o espetculo seria a

    observao da luta pela sobrevivncia dosentido/sinal original contra a redenoao rudo e o nada. Porm, como a obra deBasinski demonstra, essa contemplaotambm faz parte de um processo de luto,momento de suspenso, transmutao dosinal. Escuta-se uma morte que tambm uma converso.

    destruio, morte do som e do arquivo, transio do sentidopara o nada, deteriorao do sopro pelo tempo.

    Sons desgastados, perda de delidade e distoro pedaos de ta sem informao ou em decomposio surgem abruptamente, interrompendo o uxo de umaaudio/fruio comum e se tornando o prprio foco dessaaudio, a repetio de cada loop inicialmente nos deixa cadavez mais familiarizados com ele, mas com o tempo cadavez mais distantes. Aproxima-se da sensao hipntica deobservar a chama de um fsforo ou algo que queima, semprese transformando at que se esgote seu combustvel ou, no

    caso, at que a natureza iditica da repetio do loop percaseu referencial inicial por completo.

    A lenta transio do sentido para o no-sentido, delicada ecomplexa assim como se observa na imagem que destruda, uma morte do signo apenas, uma vez que o materialanalgico no desaparece e sim sua informao, como numlossy encoding; as tas deterioradas, inclusive mantm-se vivas atravs das digitalizaes de Basinski, em maisuma antropomorzao do arquivo. H algo extremamente

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    direo e editorao:Tiago de Melloreviso e assistente de editorao:Ivan Chiarelliautores especiais: Alessandro Santana, Thais Montanari e

    Gustavo Germanocolunistas: Francisco de Oliveira, Srgio Abdalla

    Tiago de Mello, Thiago Liguori, Nicole Patrcio, RicarLira, Rodrigo Faustini, Ivan Chiarelli, Daniel Gorte-DalmLuis Felipe Labaki

    entrevistado:Igor Lintz-Maus