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Universidade de Bras´ ılia Departamento de Matem´atica ´ Algebra 1 Lineu Neto 1- o /2004

Lineu Neto 1-o/2004 - mat.unb.br · Defini¸c˜ao 1.6 (Equivalˆencia de Proposi¸c˜ao). Sejam P e Q proposic¸˜oes (compostas). Dizemos que P ´e equivalente a Q, simbolizado

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Universidade de BrasıliaDepartamento de Matematica

Algebra 1

Lineu Neto

1 -o/2004

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Sumario

1 Nocoes de Logica Simbolica 1

Relacoes entre Proposicoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Lei da Algebra das Proposicoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 Nocoes de Teoria dos Conjuntos 13

Leis da Algebra de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3 Relacoes e Funcoes 23

Princıpio da Boa Ordenacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Comentarios Finais Sobre P.B.O. e Inducao Matematica . . . . . . 45

Algumas Funcoes Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Topicos Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4 Estruturas Algebricas 67

Principais Estruturas Algebricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Propriedades de Uma Operacao Binaria . . . . . . . . . . . . . . . 71

Tabua de Operacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Estruturas Algebricas Com Duas Operacoes Binarias . . . . . . . . 89

Exemplos de Aneis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

Exemplos de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

5 Homomorfismo Entre Estruturas Algebricas 125

Classificacao de Homomorfismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

6 Polinomios 131

Polinomios × Funcoes Polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134

Divisibilidade e Raızes de Polinomios . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

Raızes de Polinomios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

Curiosidades: (Historia da Matematica) . . . . . . . . . . . . . . . 141

Comentarios Finais Sobre Polinomios . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

7 Topicos Especiais Sobre Aneis e Grupos 150

Subestrutura Algebrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150

Aneis - Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160

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Exercıcios Propostos 180Logica & Conjuntos & Inducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180Relacoes & Funcoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184Operacoes Binarias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187Homomorfismos & Polinomios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189

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1 Nocoes de Logica Simbolica

Definicao 1.1 (Proposicao Simples). Proposicao (simples) e uma oracaodeclarativa suscetıvel a um unico valor logico (V ou F), sem ambiguidade.

Exemplos de sentencas que nao sao proposicoes

a) 1 + 1 (nao e oracao)

b)√

2 e numero racional? (nao e afirmacao)

c) x + 1 = 0 (nao sabemos se tal sentenca e V ou F , pois tal analisedepende do valor atribuıdo a variavel x)

Definicao 1.2 (Proposicao Composta). Proposicao composta e uma pro-posicao obtida a partir de duas ou mais proposicoes simples, atraves do usode modificadores e/ou conectivos.

Notacoes. p, q, r - proposicoes simplesP, Q, R - proposicoes compostas

Observacao. Para determinar o valor logico de uma proposicao usamos umdispositivo pratico chamado de Tabela-Verdade

• Modificador: ¬ (ou ∼)

(aplica-se a uma proposicao). Le-se: nao

p - proposicao¬ p - negacao de p

Tabela-Verdade da Negacao

p ¬pV FF V

• Conectivos: (aplica-se a duas ou mais proposicoes)

1 -o) ∨ (le-se: “ou”)

Observacao. Tal conectivo nao tem carater exclusivo.

1

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p, q - proposicoesp ∨ q - disjuncao de p e q

Tabela-Verdade da Disjuncao

p q p ∨ qV V VV F VF V VF F F

2 -o) ∧ (le-se: “e”)

p, q - proposicoesp ∧ q - conjuncao de p e q

Tabela-Verdade da Conjuncao

p q p ∧ qV V VV F FF V FF F F

3 -o) → (condicional simples)

p, q - proposicoes

p → q:

“se p entao q” ou“p e condicao suficiente para q” ou“q e condicao necessaria para p”

Tabela-Verdade da Condicionalp q p → qV V VV F FF V VF F V

4 -o) ↔ (bicondicional)

p, q - proposicoes

p ↔ q:

“p se e somente se q” ou“p e condicao necessaria e suficiente para q” ou“se p entao q e reciprocamente”

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Tabela-Verdade da Bicondicionalp q p ↔ qV V VV F FF V FF F V

Observacao. p ↔ q e V quando p e q tem o mesmo valor logico(ou seja, ou ambas sao verdadeiras ou ambas sao falsas)

Exercıcio: Construa tabelas-verdade para as seguintes proposicoes:

a) p ∧ (¬p)

b) ¬(¬p)

c) (p → q) ↔ (¬p) ∨ q

d) (p → q) ↔ (¬q → ¬p) (muito importante)

e) ¬(p ∧ q) ↔ (¬p) ∨ (¬q)

f) p ∧ (q ∨ r) ↔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)

Observacao. prioridade (de baixo pra cima):

↔→∧,∨¬

a) (contradicao)

p ¬p p ∧ (¬p)V F FF V F

b) p ¬p ¬(¬p)V F VF V F

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c) (tautologia)

p q ¬p p → q ¬p ∨ q (p → q) ↔ (¬p ∨ q)V V F V V VV F F F F VF V V V V VF F V V V V

d) (tautologia)

p q ¬p ¬q p → q ¬q → ¬p (p → q) ↔ (¬q → ¬q)V V F F V V VV F F V F F VF V V F V V VF F V V V V V

Definicao 1.3 (Tautologia). Dizemos que uma proposicao composta e umaTautologia (ou proposicao logicamente verdadeira) se o seu valor logico esempre V, independente dos valores logicos das proposicoes simples que aconstituem.

Exemplos: c, d (exercıcio anterior)

Definicao 1.4 (Contradicao). Dizemos que uma proposicao composta euma Contradicao (ou proposicao logicamente falsa) se o seu valor logico esempre F, independentemente dos valores logicos das proposicoes simples quea constituem.

Exemplo: a (exercıcio anterior)

e) (tautologia)

p q ¬p ¬q p ∧ q ¬(p ∧ q) (¬p) ∨ (¬q) ¬(p ∧ q) ↔ (¬p) ∨ (¬q)V V F F V F F VV F F V F V V VF V V F F V V VF F V V F V V V

4

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f) (tautologia)

p q r q ∨ r p ∧ q p ∧ r p ∧ (q ∨ r) (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) p ∧ (q ∨ r) ↔(p ∧ q) ∨ (p ∧ r)

V V V V V V V V VV V F V V F V V VV F V V F V V V VV F F F F F F F VF V V V F F F F VF V F V F F F F VF F V V F F F F VF F F F F F F F V

Relacoes entre Proposicoes

Definicao 1.5 (Implicacao Logica). Sejam P e Q duas proposicoes (com-postas). Dizemos que P implica em Q, simbolizado por P ⇒ Q se o condi-cional P → Q e uma tautologia, isto e, se nao ocorre de P ser V e Q serF .

Observacao. Em matematica, a maioria dos Teoremas envolve uma im-plicacao logica do tipo:

HIPOTESE(S) =⇒ TESE︸ ︷︷ ︸

Teorema (proposicao cuja veracidade depende de uma demonstracao)

Hipotese(s) −→ Tese

(aquilo que temos argumento logico (conclusao, aquilo quecomo verdade) (demonstracao) queremos demonstrar)

Exemplo: P : a e um numero par; Q : a2 e um numero par; P ⇒ Q(P → Q: se a e um numero par, entao a2 tambem o e)

Demonstracao.H: a e um numero par (isto e, a = 2k)T: a2 e um numero par (isto e, a2 = 2l)De fato: a2 = (2k)2 = 4k2 = 2 (2k2)

︸ ︷︷ ︸

l

= 2l

¥

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Definicao 1.6 (Equivalencia de Proposicao). Sejam P e Q proposicoes(compostas). Dizemos que P e equivalente a Q, simbolizado por P ⇔ Q, seo bicondicional P ↔ Q e uma tautologia, isto e, se P e Q tem a mesmatabela-verdade (mesmo valor logico).

Observacao. Em matematica, certos teoremas envolvem uma equivalenciade proposicoes. Neste caso:

HIPOTESE(S) ⇐⇒ TESE

Exemplo: P : a e um numero par; Q : a2 e um numero par; P ⇔ QP ↔ Q : a e um numero par se, e somente se, a2 tambem o e.

Demonstracao.H: a e um numero parT: a2 e um numero par(⇒) H ⇒ T (ok!)(⇐) T ⇒ HVimos que (p → q) ↔ (¬q → ¬p) e uma tautologia. Assim, (p → q) ⇔

(¬q → ¬p) (contra-positiva, contra-recıproca)Assim, mostrar que se a2 e par, entao a e par e equivalente a mostrar que

se a e ımpar, entao a2 e ımpar.De fato: (T ⇒ H) ⇔ (¬ H ⇒ ¬T)a e ımpar: a = 2k + 1a2 = (2k + 1)2 = 4k2 + 4k + 1 = 2 (2k2 + 2k)

︸ ︷︷ ︸

l

+1 = 2l + 1 ⇒ a2 e ımpar

¥

Definicao 1.7 (Sentenca Aberta ou Funcao Proposicional). Uma sen-tenca aberta e uma sentenca que envolve uma ou mais variaveis.

Observacao. Uma sentenca aberta NAO e uma proposicao, pois nao sabe-mos definir o seu valor logico, o qual depende da(s) variavel(is) envolvida(s).

Notacao. p (x) = sentenca aberta que depende da variavel x.

Exemplo: x + 1 = 0

x := −1︸︷︷︸

cte

(V ) x := 1 (F )

Uma sentenca aberta pode ser transformada numa proposicao atraves dedois recursos:

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i) atribuindo-se valores constantes a(s) variavel(is) envolvida(s);

ii) usando quantificadores.

Dois quantificadores:

a) Quantificador Universal : ∀ (le-se: “para todo” ou “qualquer que seja”);

b) Quantificador Existencial :

– ∃ (“existe” ou “ existe pelo menos um”);

– ∃! (le-se: “existe um unico”);

– ∄ (le-se: “nao existe”).

Notacoes. (∀x)(p (x)); (∃x)(p (x)); (∃! x)(p (x)); (∄ x)(p (x))

Exercıcio: Considerando que todas as variaveis envolvidas sao reais, usequantificadores para tornar proposicoes verdadeiras as seguintes sentencasabertas:

a)√

x2 = x: (∃x)(√

x2) (x > o)

b) sen(x + y) = sen x cos y + sen y cos x: (∀x, y)(sen(x + y) = sen x cos y +sen y cos x)

c)x2 − 1

x − 1= x + 1: (∃x)

(x2 − 1

x − 1= x + 1

)

(x 6= 1) ou (∀x)∧ (x 6= 1)

d) |x| = −x: (∃x)(|x| = −x) (x 6 0)

e) x < x2: (∃x)(x < x2) (x < 0 ou x > 1)

f) x2 + 1 = 0: (∄ x)(x2 + 1 = 0)

Negacao de Proposicoes e Sentencas Abertas Quantificadas:

1) Negacao da negacao:

¬(¬p) ⇔ p

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2) Negacao de conjuncao: (e ↔ ou)

¬(p ∧ q) ⇔ ¬p ∨ ¬q

Exemplo: p : a 6= 0, q : b 6= 0

p ∧ q : a 6= 0 e b 6= 0

¬(p ∧ q) : a = 0 ou b = 0

3) Negacao de uma disjuncao: (ou ↔ e)

¬(p ∨ q) ⇔ ¬p ∧ ¬q

4) Negacao de uma condicional:

¬(p → q) ⇔ p ∧ ¬q

Exercıcio: Verifique 4) de duas maneiras:

i) atraves da tebela-verdade;

p q ¬q p → q ¬(p → q) p ∧ ¬q ¬(p → q) ↔ p ∧ ¬qV V F V F F VV F V F V V VF V F V F F VF F V V F F V

ii) usando o resultado anterior: (p → q) ↔ (¬p∨ q) e uma tautologia

(p → q) ⇔ (¬p ∨ q)¬(p → q) ⇔ ¬(¬p ∨ q)¬(p → q) ⇔ p ∧ ¬q

5) Negacao de quantificadores: (∀ ↔ ∃)

¬(∀x)(p(x)) ⇔ (∃x)(¬p(x))

¬(∃x)(p(x)) ⇔ (∀x)(¬p(x))

Exemplos: (nos reais)

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a) (∀x)(sen2 x + cos2 x = 1) (V );

negacao: (∃x)(sen2 x + cos2 x 6= 1) (F )

b) (∃x)(x2 + 1 = 0) (F )

negacao: (∀x)(x2 + 1 6= 0) (V )

Lei da Algebra das Proposicoes

Qualquer proposicao composta pode ser expressa apenas com os conecti-vos ∧ e ∨ e com o modificador ¬. Em outras palavras, os conectivos → e ↔sao “superfluos”, pois podem ser escritos em termos de ∧,∨ e ¬.Exemplo: (p → q) ⇔ (¬p ∨ q)

(p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p) ⇔ (¬p ∨ q) ∧ (¬q ∨ p)

• P = “colecao” de todas as proposicoes

• p, q, r = proposicoes (“elementos de P”)

• duas “operacoes” binarias: ∧,∨

• uma “operacao” unaria: ¬

• “Relacao” de equivalencia

• dois extremos universais:

{v = tautologiaf = contradicao

P = P (∧,∨,¬, v, f) (Algebra das Proposicoes)

Teorema 1.8. P satisfaz as seguintes equivalencias:

I) (Leis Associativas)

{(p ∧ q) ∧ r ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r)(p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r)

II) (Leis Comutativas)

{p ∧ q ⇔ q ∧ pp ∨ q ⇔ q ∨ p

III) (Leis Idempotentes)

{p ∧ p ⇔ p ∧ pp ∨ p ⇔ p ∨ p

IV) (Leis de Absorcao)

{p ∧ (p ∨ q) ⇔ pp ∨ (p ∧ q) ⇔ p

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V) (Leis Distributivas)

{p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

VI) (Extremos Universais)

p ∧ v ⇔ pp ∧ f ⇔ fp ∨ v ⇔ vp ∨ f ⇔ p

VII) (Leis de Complementacao)

¬(¬p) ⇔ pp ∧ ¬p ⇔ fp ∨ ¬p ⇔ v

VIII) (Leis de De Morgan)

{¬(p ∧ q) ⇔ ¬p ∨ ¬q¬(p ∨ q) ⇔ ¬p ∧ ¬q

Demonstracao.

IV)(tautologia)

p q p ∨ q p ∧ (p ∨ q) p ∧ (p ∨ q) ⇔ pV V V V VV F V V VF V V F VF F F F V

I) (tautologia)

p q r p ∧ q q ∧ r (p ∧ q) ∧ r p ∧ (q ∧ r) ∧r ↔ p ∧ (q ∧ r)V V V V V V V VV V F V F F F VV F V F F F F VV F F F F F F VF V V F V F F VF V F F F F F VF F V F F F F VF F F F F F F V

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VIII) ¬(p ∧ q) ⇔ ¬p ∨ ¬q

p q ¬p ¬q p ∧ q ¬(p ∧ q) ¬p ∧ ¬qV V F F V F FV F F V F V VF V V F F V VF F V V F V V ¥

Observacao. Seja A um “conjunto” munido de duas “operacoes” binarias(∧,∨), uma “operacao” unaria ( ’ ), uma relacao entre seus “elementos” e doisextremos universais (0,1). Dizemos que A = A(∧,∨, ’, 0, 1) e uma Algebrade Boole (ou Algebra Booleana) se A satisfaz as propriedades (leis) I a VIIIanteriores. Assim, P = P (∧,∨,¬, v, f) e uma Algebra de Boole.

Vocabulario

• Definicao

• Proposicao

• Sentenca aberta

• Teorema (Se hipoteses , entao tese )

• Lema: “pequeno” Teorema (isto e, um Teorema auxiliar para demons-trar Teoremas mais complexos)

• Corolario: consequencia de um Teorema

• Axioma (ou Postulado): proposicao cuja veracidade e aceita sem de-monstracao (intuitivo)

Exemplo: (Geometria Plana)

Por um ponto fora de uma reta, passa uma unica reta pararlela a retadada (5 -o Axioma de Euclides).

P

r

s r ‖ s

• Conceito Primitivo: base de qualquer teoria matematica (nao se define)

Exemplos: ponto, reta, plano

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Objetivo:“Demonstrar” TeoremasTres tecnicas basicas

a) Direta (H ⇒ T)

b) Indireta

b.1) contra-recıproco ( ¬ T ⇒ ¬ H)

b.2) por absurdo: consiste em negar a tese (assumindo a hipotese ver-dadeira) e desenvolver um argumento logico corrente que produzauma contradicao da hipotese.

Exemplo: Teorema:√

2 e um numero irracional.

Demonstracao. T:√

2 e um numero irracional

Suponha, por absurdo, que√

2 e racional, ou seja, que√

2 = a/b,onde a, b sao numeros inteiros, b 6= 0 e a e b nao possuem fatoresem comum (isto e, a/b e irredutıvel)√

2 =a

b⇒ (

√2)2 =

a2

b2⇒ 2 =

a2

b2

isto e, a2 = 2b2 e um numero par (∗)Lembrando que, se a2 e par, entao a e par. Logo, a = 2l (∗∗)Substituindo (∗∗) em (∗), temos

(2l)2 = 2b2 ⇒ 4l2 = 2b2 ⇒ 2l2 = b2

isto e, b2 e par. Assim, b e par, isto e, b = 2m (∗ ∗ ∗)Conclusao: De (∗∗) e (∗ ∗ ∗), a e b tem 2 como fator comum, oque contradiz nossa hipotese de a fracao a/b ser irredutıvel.

√2 e

irracional. ¥

Exercıcio: (da 1 -a Lista, pag. 180)2) Considere as afirmacoes seguintes:

• Todo automovel alemao e bom

• Se um automovel e bom, entao ele e caro

• Existem automoveis suecos bons

• Se nao choveu, entao todas as lojas estao abertas

• Se x < y, entao z = 5 ou z = 7

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Admitindo a veracidade dessas 5 afirmacoes e admitindo que existamautomoveis franceses, alemaes, suecos e coreanos, julgue os itens a seguir:

a) (V ) Se alguma loja esta fechada, entao choveu. (C-R)

b) (V ) Se um automovel nao e caro, entao ele pode ser frances. (C-R)

c) (V ) Alguns automoveis suecos sao caros.

d) (F ) Existem automoveis coreanos caros.

e) (F ) Um automovel alemao pode nao ser caro.

f) (F ) Se z 6= 5 e z 6= 7, entao x > y.

2 Nocoes de Teoria dos Conjuntos

Tres conceitos primitivos

• Conjunto: qualquer colecao de objetos;

• Elemento: objeto que constitui um conjunto;

• Pertinencia: relacao entre conjunto e elemento.

Notacao.A,B,C, . . . - conjuntosa, b, c, . . . - elementosx ∈ A (le-se: “x pertence ao conjunto A”)x /∈ A (le-se: “x nao pertence a A”)

Definicao 2.1 (Igualdade de Conjuntos). Dois conjuntos A e B saoiguais se eles tem os mesmos elementos.

Notacao. A = B ⇔ (∀ x)((x ∈ A → x ∈ B) ∧ (x ∈ B → x ∈ A))

Exemplo: A =

{1

3

}

, B =

{∫ 1

0

x2dx

}

A = B

Caracterizacao de Conjuntos:

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i) Enumeracao dos elementos do conjunto;

ii) Atraves de uma propriedade (sentenca aberta) especıfica dos elementosdo conjunto;

iii) Atraves de um dispositivo pratico (Diagrama de Venn)

Notacao. A = {x |P (x)}

Exemplo: A = {x |x e professor ou pesquisador de Algebra do Departa-mento de Matematica}

B = {y | y e a nacionalidade dos professores de Algebra do Departamentode Matematica da UnB}

A = { Pavel Zalesski, Pavel Shumyatsky, Alexei Krassilnikov, RudolfMaier, Said Sidki, Salahoddin Shokranian, Nigel Pitt, Helder Matos, MarcusVinıcius, Hemar Godinho, Lineu Neto}

B = { russo, alemao, arabe, iraniano, ingles, brasileiro}Alguns conjuntos notaveis:

a) Universo: conjunto mais abrangente dentro de um certo contexto ma-tematico;

Notacao. E = conjunto universoEm C1, C2 e C3: E = REm VC: E = C

b) Vazio: conjunto que nao possui elementos;

Notacao. { } ou ∅

c) Unitario: conjunto que possui um unico elemento.Exemplo: A = {x |x e um mes que possui apenas 28 ou 29 dias} ={ fevereiro}

Definicao 2.2 (Inclusao). Sejam A e B conjuntos quaisquer. Dizemosque A e subconjunto de B (ou A e parte de B ou A esta contido em B ou Bcontem A) se todo elemento de A e tambem elemento de B.

Notacao. A ⊆ B (ou B ⊇ A) ⇔ (∀x)(x ∈ A → x ∈ B)

Negacao: A * B (ou B + A) ⇔ (∃x)(x ∈ A ∧ x /∈ B)

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Dizemos que A e um subconjunto proprio de B (ou A e parte propria deB ou B contem propriamente A) se A ⊆ B e A 6= B.

Em termos de Diagrama de Venn:

A

B

Notacao. A ⊂ B(ou A $ B) ⇔ (∀ x)(x ∈ A → x ∈ B) ∧ (∃ x)(x ∈ B ∧ x /∈ A)

Observacoes. i) A = B ⇔ A ⊆ B e B ⊆ A;

ii) A ⊆ A;

iii) ∅ ⊆ A

De fato: suponha, por absurdo, que ∅ * A. Assim, (∃ x)(x ∈ ∅∧x /∈ A).Mas, como ∅ nao possui elemtos, isto e absurdo.

Definicao 2.3 (Conjunto das Partes de Um Conjunto). Dado umconjunto A, definimos o conjunto das partes de A como sendo o conjunto detodos os subconjuntos de A.

Notacao. P (A) = {X | X ⊆ A}

Observacao. X ∈ P (A) ⇔ X ⊆ A

Exemplos:

a) A = ∅ ⇒ P (A) = {∅}

b) A = {a} ⇒ P (A) = {∅, {a}}

c) A = {a, b} ⇒ P (A) = {∅, {a}, {b}, {a, b}}

d) A = {a, b, c} ⇒ P (A) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}}

Observacoes. a) Dado um conjunto A, definimos a cardinalidade de Acomo sendo o numero de elementos de A.

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Notacao. |A| (ou n(A) ou #A)

b) Se |A| = n, entao |P (A)| = 2n

Conjuntos numericos:

• N = {1, 2, 3, 4, . . .} (numeros naturais)convencao: 0 /∈ N

• Z = {. . . ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, . . .} (numeros inteiros)

• Q = {a/b | a, b ∈ Z e b 6= 0} (numeros racionais)- numeros com representacao decimal finita: 1/2 = 0.5- numeros com representacao decimal infinita periodica: 1/3 =0, 333 . . .

• R = Q ∪ { numeros irracionais } (numeros reais)Exemplos:

√2 ∼= 1, 41;

√3 ∼= 1, 73; π ∼= 3, 14; e ∼= 2, 71828

• C = {a + bi | a, b ∈ R e i2 = −1 ou i =√−1} (numeros complexos)

N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R ⊂ C

Operacoes com Conjuntos (A,B ⊆ E)

A) Uniao: A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}

B) Interseccao: A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}

C) Complementacao: ∁EA = {x ∈ E | x /∈ A}

D) Diferenca: A − B = {x | x ∈ A e x /∈ B} ou A\B

Observacoes. a) Se B ⊆ A, entao podemos escrever A − B de umamaneira alternativa:A − B = ∁A(B)

︸ ︷︷ ︸

complementar de B em relacao a A

= {x | x ∈ A e x /∈ B}

b) Quando o conjunto universo E for explicitado (e nao houver am-biguidade), vamos omiti-lo no sımbolo do complementar. Assim,∁E(A) = ∁(A) (A ⊆ E).

c) Se A ∩ B = ∅, entao A e B sao ditos conjuntos disjuntos.

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Em termos de Diagrama de Venn:A) Uniao:

A B

E

A B

E

AB

E

(A ∩ B = ∅) (B ⊂ A)

B) Interseccao:

A B

E

A B

E

AB

E

(A ∩ B = ∅) (B ⊂ A)

C) Complementacao:

A

E

D) Diferenca:

A B

E

AB

E

Observacoes. a) A ∪ B e o “menor” conjunto que contem simultanea-mente A e B, isto e:

a.1) A ⊆ A ∪ B e B ⊆ A ∪ B;

a.2) Se A ⊆ C e B ⊆ C, entao A ∪ B ⊆ C.

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Notacao. (Reticulado) C

A ∪ B

OO

A

DD­­­­­­­­­­­­­­­

;;wwwwwwwwwB

ZZ444444444444444

ccGGGGGGGGG

b) A ∩B e o “maior” conjunto que esta contido simultaneamente em A eB, isto e:

b.1) A ∩ B ⊆ A e A ∩ B ⊆ B;

b.2) Se C ⊆ A e C ⊆ B, entao C ⊆ A ∩ B.

Notacao. (Reticulado) A B

A ∩ B

ccGGGGGGGGG

;;wwwwwwwww

C

ZZ444444444444444

OO

DD­­­­­­­­­­­­­­­

Exercıcios:

1) Sejam A,B ⊆ E. Mostre que se A ⊆ B, entao ∁E(B) ⊆ ∁E(A).

2) Sejam A,B ⊆ E. Mostre que:

a) ∁E(A ∪ B) = ∁E(A) ∩ ∁E(B) (1 -a Lei de De Morgan)

b) ∁E(∁E(A)) = A

3) Sejam A,B,C,D ⊆ E tais que A ⊆ C e B ⊆ D. Mostre que:

a) A ∪ B ⊆ C ∪ D

b) A ∩ B ⊆ C ∩ D

4) De um contra-exemplo que refute a seguinte afirmacao: se A ∪ B =A ∪ C, entao B = C.

5) (Desafio) Mostre que se A∪B = A∪C e A∩B = A∩C, entao B = C

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Demonstracao. 1)

{H: A ⊆ B ⇔ (∀ x)(x ∈ A → x ∈ B) (∗)T: ∁E(B) ⊆ ∁E(A)

Queremos mostrar que dado x ∈ ∁E(B) qualquer, entao x ∈ ∁E(A)

x ∈ ∁E(B) ⇒ x /∈ B(∗)

(C−R)+3 x /∈ A ⇒ x ∈ ∁E(A)

Como x e arbitrario, entao

(∀ x)(x ∈ ∁E(B) → x ∈ ∁E(A)), isto e, ∁E(B) ⊆ ∁E(A). ¥

Demonstracao. 2) (se algum dos conjuntos envolvidos for ∅, nao ha nadaa demonstrar)

a) Tome x ∈ ∁E(A ∪ B)

x ∈ ∁E(A ∪ B) ⇔ x /∈ A ∪ B ⇔ x /∈ A e x /∈ B ⇔ x ∈ ∁E(A) e x ∈ ∁E(B)⇔ x ∈ ∁E(A) ∩ ∁E(B)

b) Tome x ∈ ∁E(∁E(A))

x ∈ ∁E(∁E(A)) ⇔ x /∈ ∁E(A) ⇔ x ∈ A ¥

Demonstracao. 3)

H:

{A ⊆ C (∗)B ⊆ D (∗∗)

T:

{a) A ∪ B ⊆ C ∪ Db) A ∩ B ⊆ C ∩ D

a) x ∈ A ∪ B ⇒ x ∈ A ou x ∈ B(∗)⇒ x ∈ C ou x ∈ D ⇒ x ∈ C ∪ D

b) x ∈ A ∩ B ⇒ x ∈ A e x ∈ B ⇒ x ∈ C e x ∈ D ⇒ x ∈ C ∩ D ¥

Leis da Algebra de Conjuntos

• E 6= ∅ (conjunto universo)

• A,B,C ⊆ E (isto e, A,B,C ∈ P (E))

• duas “operacoes” binarias: ∪,∩

• uma “operacao” unaria: ∁E

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• dois extremos universais: ∅ e E

Teorema 2.4. (P (E),∪,∩, ∁E, ∅, E) e uma Algebra Booleana (ou Algebrade Boole), isto e, satisfaz as seguintes leis:

i) (associativas)

{A ∪ B(B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ CA ∩ B(B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C

ii) (comutativas)

{A ∪ B = B ∪ AA ∩ B = B ∩ A

iii) (idempotentes)

{A ∪ A = AA ∩ A = A

iv) (absorcao)

{A ∪ (A ∩ B) = AA ∩ (A ∪ B) = A

v) (distributivas)

{A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)

vi) (extremos universais)

A ∪ ∅ = AA ∩ ∅ = ∅A ∪ E = EA ∩ E = A

vii) (complementacao)

A ∪ ∁E(A) = EA ∩ ∁E(A) = ∅∁E(∁E(A)) = A

viii) (de Morgan)

{∁E(A ∪ B) = ∁E(A) ∩ ∁E(B)∁E(A ∩ B) = ∁E(A) ∪ ∁E(B)

Dois exemplos de Algebras Booleanas

PROPOSICOES CONJUNTOS∨ (ou) ∪∧ (e) ∩

¬ (nao) ∁E

v (taut) E (universo)f (cont) ∅

equivalencia igualdade dede proposicoes conjuntos

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1 -a lista

6) A,B ⊆ EA △ B := (A − B) ∪ (B − A)

ii) d) Tese: A △ B = (A ∪ B) − (A ∩ B) (igualdade de conjuntos)

Demonstracao. Devemos mostrar a dupla inclusao:

I) A △ B ⊆ (A ∪ B) − (A ∩ B) eII) (A ∪ B) − (A ∩ B) ⊆ A △ B

I) A △ B ⊆ (A ∪ B) − (A ∩ B)

Se A △ B = ∅, entao nao ha nada a demonstrar. Se A △ B 6= ∅,entao tome x ∈ A △ B (qualquer).

x ∈ A △ B ⇒ x ∈ (A − B) ∪ (B − A)

x ∈ A − Bou

x ∈ B − A⇒

x ∈ A e x /∈ B (1)ou

x ∈ B e x /∈ A (2)

(1)

x ∈ Ae

x /∈ B

(∗)⇒ x ∈ A∪B e x /∈ A∩B ⇒ x ∈ (A∪B)− (A∩B)

(2)

x ∈ Be

x /∈ A

(∗∗)⇒ x ∈ A∪B e x /∈ A∩B ⇒ x ∈ (A∪B)−(A∩B)

(∗) A ⊆ A ∪ B; A ∩ B ⊆ B(∗∗) B ⊆ A ∪ B; A ∩ B ⊆ A

II) (A ∪ B) − (A ∩ B) ⊆ A △ B

Se (A ∪ B) − (A ∩ B) = ∅, entao nao ha nada a demonstrar.Se (A ∪ B) − (A ∩ B) 6= ∅, entao tome x ∈ (A ∪ B) − (A ∩ B)(qualquer).

x ∈ (A∪B)− (A∩B) ⇒

x ∈ A ∪ Be

x /∈ A ∩ B⇒

x ∈ A ou x ∈ Be

x /∈ A ou x /∈ B

dist.=⇒

(x ∈ A ou x ∈ B) e (x /∈ A)ou

(x ∈ A ou x ∈ B) e (x /∈ B)

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dist.=⇒

(x ∈ A e x /∈ A) ou (x ∈ B e x /∈ A)ou

(x ∈ A e x /∈ B) ou (x ∈ B e x /∈ B)

x ∈ B e x /∈ Aou

x ∈ A e x /∈ B⇒ x ∈ (A − B) ∪ (B − A)

¥

9)

(⇒)

{H: A ⊆ BT: P (A) ⊆ P (B)

Queremos mostrar que P (A) ⊆ P (B), isto e (∀ X)(X ∈ P (A) → X ∈P (B)). De fato:

Tome X ∈ P (A) ⇒ X ⊆ AA ⊆ B

=⇒ X ⊆ B ⇒ X ∈ P (B).

(⇐)

{H: P (A) ⊆ P (B)T: A ⊆ B

Por hipotese, P (A) ⊆ P (B), isto e, (∀ X)(X ∈ P (A)) → (X ∈ P (B)).Em particular, tome X = A. Assim, A ∈ P (A) (pois A ⊆ A) ⇒ A ∈P (B), isto e A ⊆ B.

10) ∅ 6= A,B ⊆ E|A| < ∞; |B| < ∞Tese: a) A ∩ B = ∅ ⇒ |A ∪ B| = |A| + |B|b) A ⊆ B ⇒ |B − A| = |B| − |A|c) |A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|

Demonstracao.

a) A = {a1, a2, . . . , am} (|A| = m ∈ N)B = {b1, b2, . . . , bn} (|B| = n ∈ N)

Se A ∩ B = ∅, entao ai 6= bj, ∀ 1 6 i 6 m, ∀ 1 6 j 6 n. Entao,A ∪ B = {a1, a2, . . . , am, b1, b2, . . . , bn}, isto e, |A ∪ B| = m + n =|A| + |B|.

b) Observe que A ∩ (B − A) = ∅.Por a), |A ∪ (B − A)| = |A| + |B − A| ⇒ |B − A| = |B| − |A|.

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A

B

B − A

ւ

c) Usando a) (inducao),

|(A − B) ∪ (A ∩ B) ∪ (B − A)|︸ ︷︷ ︸

A ∪ B

= |A − B|︸ ︷︷ ︸

I

+ |A ∩ B|︸ ︷︷ ︸

II

+ |B − A|︸ ︷︷ ︸

III

A − BB − AA ∩ B

ւ ց↓

|A| a)= |A − B| + |A ∩ B| ⇒ |A − B| = |A| − |A ∩ B| (∗)

|B| a)= |A ∩ B| + |B − A| ⇒ |B − A| = |B| − |A ∩ B| (∗∗)

A

A − B A ∩ B

B

B − AA ∩ B

Substituindo (∗) em I e (∗∗) em III, temos|A∪B| = |A|−|A∩B|+|A∩B|+|B|−|A∩B| = |A|+|B|−|A∩B|

¥

3 Relacoes e Funcoes

Conceito primitivo:

• par ordenado (a, b) (coordenada)

• igualdade de pares ordenados:

(a, b) = (c, d) ↔{

a = c eb = d

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Observacao. Nao confundir conjunto com par ordenado.conjunto: a ordem e irrelevante {a, b} = { b, a}par ordenado: a ordem e essencial (a, b) 6= (b, a) (se a 6= b)

Definicao 3.1 (Produto Cartesiano). Sejam A,B 6= ∅, Definimos oProduto Cartesiano de A por B, simbolizado por A×B, como sendo o seguinteconjunto:

A × Bdef

:= {(x, y) | x ∈ A, y ∈ B}Caso particular: A = B

A2 = A × A = {(x, y) | x ∈ A, y ∈ A}

Observacoes. a) Se |A| = m e |B| = n, entao |A × B| = m · n

b) Se A = ∅ ou B = ∅, entao A × B = ∅

c) Em geral, A × B 6= B × A

Exemplo: A = {1, 2, 3}, B = {?, !}A × B = {(1, ?), (1, !), (2, ?), (2, !), (3, ?), (3, !)} 6=B × A = {(?, 1), (?, 2), (?, 3), (!, 1), (!, 2), (!, 3)}

d) Podemos generalizar produto cartesiano para n conjuntos (n ∈ N)

A1, A2, A3, . . . , An 6= ∅A1 × A2 × A3 × . . . × An = {(x1, x2, . . . , xn) | xi ∈ Ai, 1 6 i 6 n}Se A1 = A2 = . . . = An = A, entao An = A × A × . . . × A ={(x1, x2, . . . , xn) | xi ∈ A, i = 1, . . . , n}

Exemplos:

a) R2 = R × R = {(x, y) | x, y ∈ R}

R (eixo-x)

R (eixo-y)

0

b) R3 = R × R × R = {(x, y, z) | x, y, z ∈ R}

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R (eixo-x)

R (eixo-y)

R (eixo-z)

Definicao 3.2 (Relacao). Sejam A,B 6=. Dizemos que R e uma relacao(“binaria”) de A em B se R e um subconjunto de A × B.

Simbolicamente: R e relacao de A em B ↔ R ⊆ A × B

Notacoes. • a R b ⇔ (a, b) ∈ R

(negacao: a 6R b ⇔ (a, b) /∈ R)

• D(R) = domınio da relacao R = {x ∈ A | ∃ y ∈ B, (x, y) ∈ R} ⊆ A(conjunto dos primeiros elementos dos pares ordenados de R)

• Im(R) = imagem da relacao R = {y ∈ B | ∃ x ∈ A, (x, y) ∈ R} ⊆ B(conjunto dos segundos elementos dos pares ordenados de R)

Observacoes. i) Uma relacao pode ser representada de tres maneiras:

a) atraves de uma lei de formacao que relacione elementos x ∈ A ey ∈ B (pares ordenados);

b) atraves de Diagrama de Venn (se |A| < ∞ e |B| < ∞) (“diagramasde fecha”);

c) no plano cartesiano;

ii) Se A = B, entao uma relacao R de A em B e dita relacao sobre A.R e relacao sobre A ⇔ R ⊆ A2

Exemplos:

a) A = ZR1 = {(x, y) ∈ Z2 | x2 + y2 = 1} ⊆ Z2 = Z × Z

b) A = RR2 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y2 = 1}

c) A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = {6, 7, 8}R3 = {(x, y) ∈ A × B | x divide y}

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d) A = {a, b, c, d}, B = {a, b, c}R3 = {(x, y) ∈ A × B | x precede y no alfabeto}

e) A = RR5 = {(x, y) ∈ R2 | x + y 6 1}

f) A = { Calculo 1, Calculo 2, Calculo 3 },B = { IAL, Calculo Numerico, EDO, VC }R6 = {(x, y) ∈ A × B | x e pre-requisito direto de y}

Em termos de graficos e/ou diagramas de flechas, tambem temos as seguintesrepresentacoes:

a) R1 = {(−1, 0), (1, 0), (0, 1), (0,−1)}y

x

0

(1, 0)

(0, 1)

(−1, 0)

(0,−1)

0 0

11

−1 −1

ZZ

D(R1) = {−1, 0, 1}Im(R1) = {−1, 0, 1}

b) (cırculo unitario)

y

x0−1

−1

1

1D(R2) = [−1, 1] = {x ∈ R | −1 6 x 6 1}Im(R2) = [−1, 1] = {y ∈ R | −1 6 y 6 1}

c) R3 = {(1, 6), (1, 7), (1, 8), (2, 6), (2, 8), (3, 6), (4, 8)}

1

2

3

4

5

6

7

8

1 2 3 4 5

678

x

y

D(R3) = {1, 2, 3, 4}Im(R3) = {6, 7, 8}

Observacao. Sejam x, y ∈ Z. Dizemos que “x divide y” se existez ∈ Z tal que x · z = y.

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d) R4 = {(a, b), (a, c), (b, c)}

aa

bb

cc

d

D(R4) = {a, b}Im(R4) = {b, c}

e) (semiplano inferior)

1

1

x + y = 1

x

y

D(R5) = RIm(R5) = R

f) R6 = {(C2, EDO), (C2, CN), (C3, V C)}

C1

C2

C3

IAL

CN

EDO

V C

D(R6) = {C2, C3}Im(R6) = {EDO,CN, V C}

Definicao 3.3 (Relacao de Equivalencia). Seja A 6= ∅. Seja R umarelacao sobre A (isto e, R ⊆ A × A). Dizemos que R e uma Relacao deEquivalencia se R satisfaz as seguintes condicoes:

(Reflexiva)(RE1) ∀ a ∈ A, a R a; (isto e, (a, a) ∈ R,∀ a ∈ A)

(Simetrica)(RE2) ∀ a, b ∈ A, a R b → bR a; (isto e, se (a, b) ∈ R, entao(b, a) ∈ R)

(Transitiva)(RE3) ∀ a, b, c ∈ A, (a R b) ∧ (bR c) → a R c. (isto e, se(a, b) ∈ R, (b, c) ∈ R, entao (a, c) ∈ R)

Exemplos:

1) A = { retas no plano } r, s ∈ Ar R s ⇔ r ‖ s (r ∩ s = ∅ ou r = s)

Afirmacao. R e relacao de equivalencia.

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De fato:(RE1) r R r, pois r = r;(RE2) r R s → s R r (r ∩ s = ∅ → s ∩ r = ∅);(RE3) r R s, s R t → r R t (r ∩ s = ∅ s ∩ t = ∅ → r ∩ t = ∅)

2) A = { retas no plano } r, s ∈ Ar R s ⇔ r ⊥ s (r ∩ s = {p})Afirmacao. R nao e relacao de equivalencia.

(RE1) FALHA, pois uma reta nao e perpendicular a si mesma;(RE2) e verdadeira, pois r ⊥ s → s ⊥ r, ∀ r, s ∈ A;(RE3) FALHA, pois r ⊥ s e s ⊥ t ; r ⊥ t

3) A = { alunos de Algebra 1 (turma A) - 1 -o/2004 } x, y ∈ AxR y ⇔ x e y fazem o mesmo curso (curso (x) = curso (y))

R e relacao de equivalencia, pois:

(RE1) ∀ x ∈ A, xR x;(RE2) ∀ x, y ∈ A, se xR y, entao y R x;(RE3) ∀ x, y, z ∈ A, se xR y e y R z, entao xR z.

4) E 6= ∅A = P (E) = {X | X ⊆ E} X,Y ∈ AX R Y ⇔ X ⊆ Y (inclusao)

R NAO e relacao de equivalencia, pois

(RE1) e valida, pois X ⊆ X, ∀ x ∈ A;(RE3) e valida, pois se X ⊆ Y e Y ⊆ Z, entao X ⊆ Z, ∀ X,Y, Z ∈ A;(RE2) FALHA, pois X ⊆ Y ; Y ⊆ X.

Exemplo: E = {1, 2, 3}X = {1} ⊆ E e Y = {1, 2} ⊆ ETemos que X ⊆ Y , mas Y * X

5) A = Zx ∈ Z e par se x = 2k, k ∈ Zx ∈ Z e ımpar se x = 2k + 1, k ∈ Zx, y ∈ AxR y ⇔ x − y = 2k, k ∈ Z (isto e, x e y tem a mesma paridade)

R e relacao de equivalencia, pois:

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(RE1) ∀ x ∈ A, xR x, pois x − x = 0 = 2 · 0(RE2) ∀ x, y ∈ A, xR y

︸ ︷︷ ︸

H

⇒ y R x︸ ︷︷ ︸

T

:

xR y ⇒ x − y = 2k×(−1)=⇒ y − x = 2

∈ Z︷ ︸︸ ︷

(−k) ⇒ y R x

(RE3) ∀ x, y, z ∈ A, (xR y) e (y R z)︸ ︷︷ ︸

H

⇒ xR z︸ ︷︷ ︸

T

:

xR y ⇒ x − y = 2ky R z ⇒ y − z = 2l

}

⇒ x − y = 2 k + l︸︷︷︸

∈ Z

⇒ xR z

Tal relacao e chamada de Congruencia Modulo 2 e e simbolizada por:x ≡ y (mod 2) (le-se: x e congruente a y modulo 2, isto e, x e y deixamo mesmo resto na divisao por 2) (dois restos possıveis {0,1})

6) (Divisibilidade)A = Z x, y ∈ Z

Dizemos que “x divide y” (ou “x e divisor de y” ou “x e fator de y”ou “y e multiplo de x” ou “y e divisıvel por x”) se existe z ∈ A tal quex · z = y

Simbolicamente:

x | y∗ ⇔ ∃ z ∈ A, x · z = y ∗(le-se: x divide y)

Propriedades:

a) 1 | a,∀ a ∈ Z (pois 1 · a = a);

b) a | 0,∀ a ∈ Z (pois a · 0 = 0);(Em particular, 0 | 0) (e ind pois 0 = 0x,∀ x ∈ A)

c) a | a,∀ a ∈ Z (pois a = a · 1);

d) a | b e b | a ⇒ a = ± b;

e) a | b e c | d ⇒ a c | b d;

f) a | b e b | c ⇒ a | c; (transitiva)

g) a | b e a | c ⇒ a | b x + c y, ∀ x, y ∈ A;“a divide qualquer combinacao linear inteira de b e c”

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xR y ⇔ x | yR nao e relacao de equivalencia, pois:

(RE1) e verdadeira, pela propriedade c;(RE3) e verdadeira, pela propriedade f;(RE2) FALHA, pois a | b ; b | a.

Exemplo: 3 | 12 (pois 12 = 3 · 4), mas 12 ∤ 3.

Notacoes (para Relacao de Equivalencia). A 6= ∅ munido de umarelacao de equivalencia R.

• R ↔ ∼ ;(a R b ⇔ a ∼ b)

• x ∈ AA ⊇ x

def

:= {a ∈ A | a ∼ x}(classe de equivalencia de x pela relacao ∼)

• A/∼ = {x | x ∈ A}(conjunto quociente de A pela relacao ∼ ou conjunto de todas as classesde equivalencia)

Exemplos: (Voltando aos exemplos anteriores)

1) (Paralelismo)A = { retas do plano } r, s ∈ Ar ∼ s ⇔ r ‖ sr = {a ∈ A | a ∼ r} = {a ∈ A | a ‖ r} (feixe de retas paralelas a r)s = {a ∈ A | a ∼ s} = {a ∈ A | a ‖ s} (feixe de retas paralelas a s)

(Tais conjuntos r e s representam direcoes do plano, horizontal e ver-tical, respectivamente)

A/∼ = {a | a ∈ A} = { direcoes do plano } = {→, ↑,ր, . . .}

3) (Disciplina de Algebra 1)A = { alunos de Algebra 1 (turma A) - 1 -o/2004 } x, y ∈ Ax ∼ y ⇔ curso (x) = curso (y)

Jorge = {a ∈ A | a ∼ Jorge} = {a ∈ A | curso(a) = MAT} (conjuntodos alunos de MAT desta disciplina representados dor Jorge)

Eduardo = {a ∈ A | a ∼ Eduardo} = {a ∈ A | curso(a) = CIC}

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Renan = {a ∈ A | a ∼ Renan} = {a ∈ A | curso(a) = curso (Renan)= ENE}Fernando = {a ∈ A | a ∼ Fernando} = {a ∈ A | curso(a) = EST}Felipe = {a ∈ A | a ∼ Felipe} = {a ∈ A | curso(a) = FIS}A/∼ = {a | a ∈ A} = {Jorge, Eduardo, Renan, Fernando, Felipe}{MAT, CIC, ENE, EST, FIS}

AJorge Eduardo Renan Fernando FelipeMAT CIC ENE EST FIS

(Particao de A)

Observacoes. a) As cinco classes acima sao duas a duas disjuntas,isto e, X ∩ Y = ∅ (onde X 6= Y )

b) Jorge ∪ Eduardo ∪ Renan ∪ Fernando ∪ Felipe = A

5) A = Zx ∼ y ⇔ x − y = 2k, k ∈ Z

0 = {a ∈ A | a ∼ 0} = {a ∈ Z | a − 0 = 2k} = {a ∈ Z | a = 2k} ={0,±2,±4,±6, . . .} (conjunto dos numeros pares)

1 = {a ∈ A | a ∼ 1} = {a ∈ Z | a − 1 = 2k} = {a ∈ Z | a = 2k + 1} ={±1,±3,±5,±7, . . .} (conjunto dos numeros ımpares)

A/∼ = {0, 1}0 1 A

Observe que: a) 0 ∩ 1 = ∅;

b) 0 ∪ 1 = A

Observacoes. a) X 6= ∅,∀ x ∈ A; Isto se deve ao fato de uma relacao deequivalencia ∼ satisfazer a propriedade reflexiva (RE1) ∀ x ∈ A, x ∼ x;(ou seja, x ∈ X)

b) Dois elementos sao equivalentes se , e somente se, eles representam amesma classe. (Isto e, X = Y ⇔ X ∼ Y )

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Demonstracao. (⇒)

{H: X = YT: x ∼ y

X = {a ∈ A | a ∼ x} = {b ∈ A | b ∼ y} = Yx ∈ X (pois x ∼ x) ⇒ x ∈ Y , isto e, x ∼ yX = Y

(⇐)

{H: x ∼ yT: X = Y (igualdade de conjuntos)

Queremos mostrar uma dupla inclusao: X ⊆ Y e Y ⊆ X.Vamos mostrar apenas a 1 -a inclusao (a 2 -a e analoga, bastando trocar x

por y).Tome a ∈ X (arbitrario). Devemos mostrar que a ∈ Ya ∈ X ⇒ a ∼ x (I)Por hipotese, x ∼ y (II)De (I) e (II), segue que a ∼ y (pela propriedade transitiva (RE3)). Assim,

a ∈ Y .Conclusao: X ⊆ Y ¥

Definicao 3.4 (Particao de Um Conjunto). Seja A 6= ∅. Seja B umacolecao nao-vazia de subconjuntos de A (isto e, ∅ 6= B ⊆ P (A)). Dizemosque B e uma particao de A se:

i) ∅ /∈ B; (isto e, todo elemento de B e nao vazio)

ii) Quaisquer dois elementos distintos de B sao disjuntos (isto e, ∀ B1, B2

∈ B, se B1 6= B2, entao B1 ∩ B2 = ∅)

iii) A uniao de todos os elementos de B “reproduz” o conjunto original.⋃

Bi∈B Bi = A

Teorema 3.5. Seja A 6= ∅ munido de uma relacao de equivalencia ∼.Entao, o conjunto quociente A/∼ = {x | x ∈ A} e uma particao de A.(vide os tres exemplos anteriores)

Demonstracao. Devemos verificar que A/∼ = B satisfaz as tres condicoesde uma particao, a saber:

i) ∅ /∈ A/∼;

ii) ∀ X,Y ∈ A/∼, se X 6= Y , entao X ∩ Y = ∅;

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iii)⋃

X = A.

De fato:

i) (ok!), pois X 6= ∅ (pois x ∈ X);

ii) Equivalentemente, pelo Contra-Recıproco (ou Contra-Positiva), vamosmostrar que se X ∩ Y 6= ∅, entao X = Y .

Tome a ∈ X ∩ Y ⇒

a ∈ Xe

a ∈ Y=⇒

a ∼ xe

a ∼ y

(RE2)=⇒

x ∼ ae

a ∼ y

(RE3)=⇒

x ∼ y ⇒ X = Y

iii) (igualdade de conjuntos)

I)⋃

X ⊆ A;De fato: ∀ x ∈ A, X ⊆ A ⇒ ⋃

X ⊆ A

II) A ⊆ ⋃X:

∀ x ∈ A, x ∈ X ⊆ ⋃X ⇒ x ∈ ⋃

X ¥

Exemplo: (exercıcio 1 da 2 -a lista, pag. 184)Determine todas as relacoes de equivalencia sobre A = {1, 2, 3} e os respec-tivos conjuntos-quociente:

• A = {1}R = { (1,1) } e a unica relacao de equivalencia sobre A1 = {a ∈ A | a ∼ 1} = {1}A/∼ = {1} = {{1}}

• A = {1, 2}R1 = { (1,1), (2,2) } e uma relacao de equivalencia sobre AR2 = { (1,1), (2,2), (1,2), (2,1) } e uma relacao de equivalencia

Analise para R1:1 = {1} e 2 = {2}A/R1 = {1, 2} = {{1}, {2}}Analise para R2:1 = {1, 2} = 2A/R2 = {1}

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• A = {1, 2, 3}R1 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3)}R2 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (1, 2), (2, 1)}R3 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (1, 3), (3, 1)}R4 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (2, 3), (3, 2)}R5 = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (1, 2), (2, 1), (1, 3), (3, 1), (2, 3), (3, 2)} = A×A

Analise para R1

1 = {1}; 2 = {2}; 3 = {3}A/R1 = {1, 2, 3} = {{1}, {2}, {3}}Analise para R2

1 = {1, 2} = 2; 3 = {3}A/R2 = {1, 3} = {{1, 2}, {3}}Analise para R5

1 = 2 = 3 = {1, 2, 3}A/R5 = {I} = {{1, 2, 3}}Analise para R3:2 = {2}; 1 = 3 = {1, 3}A/R3 = {1, 2} = {{1, 3}, {2}}Analise para R4:1 = {1}; 2 = 3 = {2, 3}A/R4 = {1, 2} = {{1}, {2, 3}}

Exercıcio: Explique a razao pela qual as seguintes relacoes NAO sao deequivalencia sobre A = {1, 2, 3}

a) R∗ = { (1, 1), (2, 2), (1, 2), (2, 1) }nao satisfaz a propriedade reflexiva para o 3 (RE1 falha)

b) R∗∗ = { (1, 1), (2, 2), (3, 3), (1, 2) }nao satisfaz a propriedade simetrica (falta (2, 1)) (RE2 falha)

c) R∗∗∗ = { (1, 1), (2, 2), (3, 3), (1, 2), (2, 1), (1, 3), (3, 1) }nao satisfaz a propriedade transitiva (falta (2, 3) e (3, 2)) (RE3 falha)

Definicao 3.6 (Relacao de Ordem). Seja A 6= ∅ munido de uma relacaoR (isto e, R ⊆ A × A). Dizemos que R e uma Relacao de Ordem Parcial(ou que A e parcialmente ordenado por R) se valem as seguintes condicoes:

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(RO1) ∀ a ∈ A, a R a (isto e, (a, a) ∈ R)); (Reflexiva)

(RO2) ∀ a, b ∈ A, se a R b e bR a, entao a = b; (Anti-Simetrica)

(RO3) ∀ a, b, c ∈ A, se a R b e bR c, entao a R c. (Transitiva)

Observacao. Dizemos que R e uma relacao de ordem total (ou que A etotalmente ordenado por R) se, alem de (RO1), (RO2) e (RO3), vale umapropriedade adicional:

(RO4) ∀ a, b ∈ A, tem-se que ou a R b ou bR a; (para a 6= b)

(isto e, quaisquer dois elementos podem ser comparados)

Notacao (para Relacao de Ordem). R ↔6 (le-se: precede ou igual)

Exemplos:

1) A = N (ou Z ou Q ou R)x, y ∈ Ax 6 y ⇔ x − y 6 0 (6 = ordem natural)

x y

6 e relacao de ordem total, pois

(RO1) x 6 x,∀ x ∈ A;(RO2) ∀ x, y ∈ A, x 6 y e y 6 x ⇒ x = y;(RO3) ∀ x, y, z ∈ A, x 6 y e y 6 z ⇒ x 6 z;(RO4) ∀ x, y ∈ A, x 6 y ou y 6 x

2) E 6= ∅A = P (E) = {X | X ⊆ E}X,Y ∈ AX 6 Y ⇔ X ⊆ Y (lei de formacao)6 e uma relacao de ordem parcial (em geral, nao e total)

(RO1) ∀ X ∈ A, X ⊆ X;(RO2) ∀ X,Y ∈ A, se X ⊆ Y e Y ⊆ X, entao X = Y ; (igualdade deconjuntos)(RO3) ∀ X,Y, Z ∈ A, se X ⊆ Y e Y ⊆ Z, entao X ⊆ Z

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Observacoes. a) Em geral tal relacao nao e total.

Exemplo: E = {1, 2}A = P (E) = {∅, {1}, {2}, {1, 2}}X = {1}, Y = {2}Temos que X * Y e Y * X.

b) Se A e finito, entao podemos representar graficamente uma relacaode ordem atraves de um RETICULADO. (“Teoria dos Grafos”)

Exemplo: E = {1, 2, 3}A = P (E) = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}X,Y ∈ AX 6 Y ⇔ X ⊆ Y (6 ↔ ⊆)

E = {1, 2, 3}

{1, 2}

88pppppppppp

{1, 3}

OO

{2, 3}

ffNNNNNNNNNN

{1}

OO 88pppppppppppp{2}

ffNNNNNNNNNNNN

88pppppppppppp{3}

ffNNNNNNNNNNNN

OO

ggNNNNNNNNNNNNNN

OO 77pppppppppppppp

Observacao. Num reticulado e possıvel visualizar quando dois ele-mentos nao sao comparaveis. Tais elementos devem estar no mesmonıvel, de maneira que nao haja aresta(s) ligando-os. No exemplo an-terior, { 1 }, { 2 }, e { 3 } estao no mesmo nıvel. Logo, nao saocomparaveis ({ 1 } * { 2 } e { 2 } * { 1 })

3) A = Nx, y ∈ Ax 6 y ⇔ x | y (isto e, x · z = y, para algum z ∈ A)6 e uma relacao de ordem parcial (nao e total):

(RO1) ∀ x ∈ A, x | x (pois x = 1 · x);(RO2) ∀ x, y ∈ A, se x | y e y | x

︸ ︷︷ ︸

H

, entao x = y︸ ︷︷ ︸

T

;

De fato:x | y ⇒ x · z1 = y (I) (z1 ∈ A)

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y | x ⇒ y · z2 = x (II) (z2 ∈ A)(I) → (II):(x · z1) · z2 = x ⇒ z1 · z2 = 1 ⇒ z1 = 1 = z2

Assim, x = y.

(RO3) ∀ x, y, z ∈ A, se x | y e y | z︸ ︷︷ ︸

H

, entao x | z︸︷︷︸

T

x | y ⇒ x · l = y (I) (l ∈ A)y | z ⇒ y · m = z (II) (m ∈ A)(I) → (II):(x · l) · m = z ⇒ x · (l · m)

︸ ︷︷ ︸

∈ A

= z ⇒ x | z

Tal relacao NAO e total pois existem elementos em A que nao saocomparaveis.

Exemplo: x = 2, y = 3x ∤ y e y ∤ x

Exercıcios: 1)Usando a relacao de divisibilidade, construa o reticulado cor-respondente ao conjunto A = {x ∈ N | x divide 12} = D+(12)

2) Mostre que a relacao de divisibilidade em Z nao e relacao de ordem(Sugestao: verifique que (RO2) falha).

Resolucao:

1) A = D+(12) = {1, 2, 3, 4, 6, 12}x, y ∈ Ax 6 y ⇔ x | y

12

4

??~~~~~~~~6

__@@@@@@@@

2

__@@@@@@@@

??~~~~~~~~3

^^=======

1

__@@@@@@@@

@@¢¢¢¢¢¢¢

2) A = Z x, y ∈ Ax 6 y ⇔ x | y

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(RO1) ∀ x ∈ A, x | x;(RO2) ∃ x, y ∈ A, x | y, y | x e x 6= yx | y ⇒ y = x · z1 (z1 ∈ A) (I)y | x ⇒ x = y · z2 (z2 ∈ A) (II)(II) → (I):y = y · z2 · z1 ⇒ z2 · z1 = 1 ⇒ z1 = z2 = ±1Entao x = y ou x = −y, logo x pode ser diferente de y.

Definicao 3.7 (Elemento Mınimo e Elemento Maximo). Sejam E 6=∅ e ∅ 6= A ⊆ E (A esta ordenado por 6).

i) Dizemos que m e um elemento mınimo de A se:

a) m ∈ A;

b) m e uma cota inferior de A, isto e, m 6 a, ∀ a ∈ A.

ii) Dizemos que M e um elemento maximo de A se:

a) M ∈ A;

b) M e uma cota superior de A, isto e, a 6 M, ∀ a ∈ A.

Exemplos:

1) A = N; 6 = ordem habitualA = N = {1, 2, 3, . . .}

– A tem elemento mınimo (= 1): 1 = min(A)

– A nao tem elemento maximo (pois n < n + 1,∀ n ∈ A)

Notacao. m = min(A) e M = max(A)

2) E 6= ∅, A = P (E); 6 = inclusaoA = N = {1, 2, 3, . . .}

– A tem elemento mınimo: ∅ = min(A)

– A tem elemento maximo: E = max(A)

3) A = Z = {. . . ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, . . .}; 6 = ordem habitual

– A nao tem mınimo nem maximo (pois n−1 < n < n+1,∀ n ∈ A)

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4) A = {x ∈ Z | x 6 5} = {. . . ,−1, 0, 1, 2, 3, 4, 5}; 6 = ordem habitual

– A nao tem mınimo, mas tem maximo: 5 = max(A)

5) A = (0, 1) = {x ∈ R | 0 < x < 1}; 6 = ordem habitual

– A nao tem elemento mınimo (embora seja limitado inferiormente)

Observe que A possui infinitas cotas inferiores em E = R : 0,−1,−2,−3, . . . Mas nenhum x0 ∈ A e elemento mınimo (basta tomarx1 = 1/2 x0 < x0).

– A nao tem elemento maximo.

P.B.O. (Princıpio da Boa Ordenacao)

• 1 -a versao: (para N)Todo subconjunto nao-vazio de N possui elemento mınimo (isto e,∀ ∅ 6= A ⊆ N, ∃ min(A))

• 2 -a versao: (para Z)Todo subconjunto nao-vazio e limitado inferiormente de Z possui ele-mento mınimo.

• 3 -a versao: (caso geral)Seja E 6= ∅ munido de uma ordem total 6. E e dito bem ordenado(ou 6 e uma boa ordem) se todo subconjunto nao-vazio e limitadoinferiormente de E possui elemento mınimo.

Princıpio da Inducao Matematica

INDUCAO: PARTICULAR ⇒ GERAL

Observacao. Nao confundir a inducao matematica com a inducao empırica(usada nas Ciencias Naturais). A primeira delas e utilizada para demonstrarverdades matematicas em conjuntos infinitos que possuem elemento mınimo.Tal inducao baseia-se em logica e nao pode ser refutada (apos demonstrada)A segunda delas e “mais fraca” pois tenta explicar os fenomenos naturais apartir de um numero finito de observacoes (testadas experimentalmente), asquais podem ser invalidadas com o surgimento de uma nova teoria.

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Teorema 3.8 (Princıpio de Inducao Matematica - 1 -a versao). Sejamn0 ∈ Z fixado e P (n) uma sentenca aberta que depende de n, onde n > n0.Suponha que P (n) satisfaca duas condicoes:

i) P (n0) e V ; (Base da Inducao)

ii) Para todo n > n0, se P (n) e V , entao P (n + 1) tambem o e. (Etapada Inducao)

Entao, P (n) e V , ∀ n > n0

Observacao. Na pratica, P (n) e chamada de Hipotese de Inducao. (filainfinita de dominos)

Demonstracao. Defina A = {n ∈ Z | n > n0 e P (n) e F}. Queremosmostrar que A = ∅. Suponha, por absurdo, que A 6= ∅. Como ∅ 6= A ⊆ Z ee limitado inferiormente, entao, pelo P.B.O. (2 -a versao) ∃ b = min(A), istoe, b ∈ A e b 6 n, ∀ n ∈ A. b: primeiro ındice para o qual a sentenca abertae falsa. Como b ∈ A, segue que P (b) e F . (∗)

n0 b

Alem disso, b > n0. Por i), P (n0) e V . Assim, b(∈ A) 6= n0(/∈ A) e,portanto, b > n0

b > n0 ⇒ b > n0 + 1

⇒ b − 1 > n0

Como b − 1 < b e b e o primeiro ındice para o qual P (n) e F , entaoP (b − 1) e V .

Por ii), se P (b − 1) e V , entao P ((b − 1) + 1) = P (b) e V . (∗∗)Conclusao: de (∗) e (∗∗), P (b) e F e V (absurdo). Portanto, A = ∅.

¥

Exemplos:

1) 1 + 2 + 3 + . . . + n =n(n + 1)

2︸ ︷︷ ︸

P (n) (∗)

, ∀ n ∈ N. n0 = 1

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i) P (1) e V :

1 =1(1 + 1)

2(ok!)

ii) Dado n ∈ N, devemos mostrar que se P (n) e V , entao P (n + 1)tambem o e, ou seja, que

1 + 2 + . . . + (n + 1) =(n + 1)(n + 2)

2

De fato: 1 + 2 + . . . + n + (n + 1)(∗)=

n(n + 1)

2+ (n + 1)

=n(n + 1) + 2(n + 1)

2=

(n + 1)(n + 2)

2(ok!)

Conclusao: de i) e ii), temos, pelo princıpio de inducao matematica que(∗) e V, ∀ n ∈ N.

2) Se f(x) = xn (n ∈ Z), entao f ′(x) = nxn−1 (= P (n)) (∗)1 -a resolucao: (sem inducao)

f ′(x) = limh→0

f(x + h) − f(x)

h= lim

h→0

(x + h)n − xn

h

(BN)= nxn−1

2 -a resolucao: (inducao)i) n0 = 0, P (0) e V :

f(x) = x0 = 1f ′(x) = 0 x 0−1 = 0

ii) Dado n > 0, devemos mostrar que se (∗) e V para n, entao elatambem e valida para n + 1, isto e, se f(x) = xn+1, entaof ′(x) = (n + 1) xn.

De fato: f(x) = xn+1 = xn x

Pela regra do produto para derivadas, temos

f ′(x) = (xn x)′ = (xn)′ x + xn (x)′(∗)= (nxn−1) x + xn 1

= nxn + xn = (n + 1) xn

Conclusao: de i) e ii), temos, pelo Princıpio de Inducao, que (∗) eV, ∀ n > 0.

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3) (Lista) 1 + x + x2 + . . . + xn−1 =(1 − xn)

1 − x︸ ︷︷ ︸

(∗)

, ∀ n ∈ N, ∀ x ∈ R, x 6= 1

P.G.: a1 = 1 e q = x

1 -a resolucao: (2 -o grau e Calculo 2)

Sn = 1 + x + x2 + . . . + xn−1 (I)

xSn = x + x2 + x3 + . . . + xn (II)

(I) - (II): Sn − xSn = 1 − xn

Sn(1 − x) = 1 − xn x 6=1=⇒ Sn =

1 − xn

1 − x

2 -a resolucao: (usando inducao)

i) n = 1 1 =1 − x

1 − x

ii) Supondo que a hipotese de inducao (∗) e valida para n > 1, devemosmostrar a sua validade para n + 1, ou seja, que 1 + x + . . . + xn =(1 − xn+1)/(1 − x).

De fato:

1 + x + . . . + xn−1 + xn =1 − xn

1 − x+ xn =

1 − xn + xn (1 − x)

1 − x

=1 − xn + xn − xn+1

1 − x=

1 − xn+1

1 − x

De i) e ii), temos, pelo Princıpio de Inducao, que (∗) e valida ∀ n ∈ N.

4) (Exemplo onde a hipotese de inducao nao e fornecida) Problema: en-contrar a soma dos n primeiros numeros ımpares naturais.

42

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n = 1 1 = 1

n = 2 1 + 3 = 4

n = 3 1 + 3 + 5 = 9

n = 4 1 + 3 + 5 + 7 = 16

n = 5 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 25...

n generico: 1 + 3 + 5 + 7 + . . . + (2n − 1) = n2 (∗)(hipotese de inducao)

i) n = 1 : 1 = 12 (ok!)

ii) P (n) e V?⇒ P (n + 1) e V ;

P (n) = 1 + 3 + 5 + 7 + . . . + (2n − 1) = n2 (∗)P (n + 1) : 1 + 3 + 5 + 7 + . . . + (2n + 1) = (n + 1)2 (a obter)

De fato:

(∗)︷ ︸︸ ︷

1 + 3 + 5 + 7 + . . . + (2n − 1) +(2n + 1) = n2 + (2n + 1) =(n + 1)2

De i) e ii), (∗) e V, ∀ n ∈ N.

5) (Lista) (Desigualdade de Bernoulli)

(∗) (1 + x)n > 1 + nx, ∀ n ∈ N, ∀ x ∈ R, x > −1

i) n = 1 : 1 + x > 1 + x (ok!)

ii) P (n) e V?⇒ P (n + 1) e V

P (n) : (1 + x)n > 1 + nx (V ) (∗)P (n + 1) : (1 + x)n+1 > 1 + (n + 1) x

Como x > −1, entao x+1 > 0. Logo, multiplicando (∗) por x+1, naoalteramos o sentido da desigualdade:

(1 + x)n > 1 + nx×(x+1)=⇒ (1 + x)(1 + x)n > (1 + x)(1 + nx) ⇒

(1 + x)n+1 > 1 + nx + x + nx2 = 1 + (n + 1) x + nx2 > 1 + (n + 1) x

De i) e ii), (∗) e V, ∀ n ∈ N.

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6) (Lista) (Geometria Plana)

(∗) dn =n(n + 3)

2, ∀ n ∈ N, n > 3

dn: numero de diagonais de um polıgono convexo de n lados (diagonal:segmento de reta unindo vertices nao adjacentes)

n = 3: 0 diagonais

(

=3(3 − 3)

2

)

A

B C

n = 4: 2 diagonais

(

=4(4 − 3)

2

)

A B

C D

1 -a resolucao: (2 -o grau)

Cn,2 − n =

(n

2

)

− n =n!

2!(n − 2)!− n =

n(n − 1)(n − 2)!

2(n − 2)!− n =

n(n − 1)

2− n =

n(n − 1) − 2n

2=

n2 − 3n

2=

n(n − 3)

2

2 -a resolucao: (usando inducao)

i) n = 3 : 0 =3(3 − 3)

2= d3 (ok!)

ii) P (n) e V ⇒ P (n + 1) e V (n > 3)P (n) : dn = n(n − 3)/2 (V )P (n + 1) : dn+1 = (n + 1)(n − 2)/2 (a obter)

AB

CD

AC, BD = dia-

gonais AB

CD

E

AC, BD, DC,

AE, BE = dia-

gonais

Ao acrescentarmos mais um vertice, temos:

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i) as diagonais do polıgono de n lados sao preservados;

ii) um dos lados do polıgono original transforma-se numa diagonal;

iii) pelo novo vertice, ha n − 2 novas diagonais.

Conclusao:

dn+1 = dn + 1 + (n− 2)∗=

n(n − 3)

2+ (n− 1) =

n(n − 3) + 2(n − 1)

2=

n2 − n − 2

2=

(n + 1)(n − 2)

2(ok!)

De i) e ii), (∗) e V, ∀ n > 3.

7) (Lista) (Conjuntos)

Se |A| = n, entao |P (A)| = 2n (n ∈ Z+) (∗)i) n = 0 : A = ∅P (A) = {∅}|P (A)| = 1 = 20 (ok!)

ii) P (n) e V?⇒ P (n + 1) e V (n > 0)

P (n): se |A| = n, entao |P (A)| = 2n (V )P (n + 1): se |A| = n + 1, entao |P (A)| = 2n+1

A

A1

A2a1

a2

a3

an

an+1−→

ւ

{A = A1 ∪ A2 = {a1, a2, . . . , an+1}A1 ∩ A2 = ∅

Seja B ⊆ A. Queremos mostrar que ha 2n+1 possibilidades para B.Observe que ha dois casos a considerar:

1 -a) an+1 /∈ B: nesse caso, B ⊆ A1 = {a1, . . . , an}. Por (∗), ha 2n

possibilidades para B;

2 -a) an+1 ∈ B: nesse caso, B e obtido a partir dos subconjuntos de A1,acrescentando-se an+1. Assim, ha 2n possibilidades para B.

Conclusao: O numero total de possibilidades e 2n + 2n = 2 · 2n = 2n+1

Comentarios Finais Sobre P.B.O. e Inducao Matematica

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1) As condicoes i) e ii) no princıpio de inducao (1 -a versao) sao essencias.Caso uma delas falhe, entao nao podemos aplicar a inducao.Exemplo: onde i) falha:

“Todo numero natural coincide com o seu secessor”(n = n + 1, ∀ n ∈ N) (∗)Observe que ii) e valida, ou seja, P (n) e V ⇒ P (n + 1) e V (n ∈ N)

P (n) : n = n + 1 (V )⇓

P (n + 1) : n + 1 = (n + 1) + 1 (V )

Todavia, i) falha: P (1) e F : 1 = 2 (F )Exemplo: onde ii) falha

f(n) = n2 − n + 41 (n ∈ N)

Afirmacao. f(n) e primo, ∀ n ∈ N

Definicao 3.9 (Numeors Primos e Compostos). Seja n ∈ N

a) Dizemos que n e primo se:

i) n > 1;

ii) n = a b ⇒ a = 1 ou b = 1 (a, b ∈ N)

D+(n) = {d ∈ N | d divide n} = {1, n} (divisores triviais)

b) Dizemos que n e composto se n nao e primo, ou seja, se n possuidivisores nao-triviais (6= 1, n)

Exemplos: a) 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, . . . sao primosb) 4, 6, 8, 9, . . . sao compostos

Observe que i) e validan = 1 : f(1) = 12 − 1 + 41 = 41 e primon = 2 : f(2) = 22 − 2 + 41 = 43 e primon = 3 : f(3) = 32 − 3 + 41 = 47 e primo...n = 40 : f(40) = 402 − 40 + 41 = 1601 e primo

Todavia, para n = 41, f(n) e compostof(41) = 412 − 41 + 41 = 412

D+(412) = {1, 41, 412}

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Assim, a condicao ii) falha, pois f(40) e V , mas f(41) e F .

2) Ha uma 2 -a versao para o Princıpio da Inducao, cuja demonstracao esimilar a da 1 -a versao.

Teorema 3.10 (Princıpio da Inducao Matematica - 2 -a versao). Se-jam n0 ∈ Z (fixo) e P (n) uma sentenca aberta que depende de n ∈ Z, onden > n0. Suponha que P (n) satisfaca as seguintes condicoes:

i) P (n0) e V ;

ii) Dado m ∈ Z, m > n0, se P (k) e V para todo n0 6 k < m, entaoP (m) e V .

Entao, P (n) e V, ∀ n > n0.

3) O elemento mınimo de um conjunto A parcialmente ordenado, quandoexiste, e unico.

De fato: (unicidade)Vamos mostrar que se m e m′ sao elementos mınimos de A, entao m = m′.

H:

m = min(A) ⇒{

a) m ∈ Ab) m 6 a, ∀ a ∈ A

m′ = min(A) ⇒{

a’) m′ ∈ Ab’) m′ 6 a, ∀ a ∈ A

T: m = m′

De fato: de b) e a’), m 6 m′

de a) e b’), m′ 6 mPor (RO2), m′ = m.

Definicao 3.11 (Funcoes). Sejam A,B 6= ∅. Seja f uma relacao de Aem B (isto e, f ⊆ A × B). Dizemos que f e uma funcao (ou aplicacao) deA em B se:

i) ∀ x ∈ A, ∃ y ∈ B | (x, y) ∈ f ;

ii) ∀ x ∈ A, ∀ y, y′ ∈ B, se (x, y) ∈ f e (x, y′) ∈ f , entao y = y′.

Em outras palavras: uma funcao f de A em B e uma Regra (ou corres-pondencia) que associa a cada elemento x ∈ A um unico elemento y ∈ B.

x ∈ A −→ FUNCAO −→ y ∈ B

entrada saıda

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Notacao.f : A → B

x 7→ y = f(x)

• A = conjunto de partida = domınio de f (A = D(f))

• B = conjunto de chegada = contra-domınio de f (B = CD(f))

• x = variavel independente

• y = variavel dependente

• f : A → B (“funcao de A em B”)

• f(x) = imagem de x por f ou valor de f em x

• Im(f) = imagem de f = {y ∈ B | y = f(x), x ∈ A} ⊆ B

• Se A e B sao conjuntos numericos, entao definimos o grafico de f por:G(f) = {(x, y) ∈ A×B | y = f(x)} (alguns autores identificam G(f)com f)

Exemplos: a) R1 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y2 = 1} e uma relacao, mas nao efuncao.

De fato:

1

1−1

−1

2

√3

2

−√

32

O

y

x

i) falha, pois “sobram” elementos no domınio que nao estao associados.

Exemplo: 2 ∈ R nao esta associado a nenhum outro elemento.

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ii) falha, pois existem elementos no domınio com mais de uma imagem.

∀ (x) ∈ (−1, 1), existem duas imagens:

{y =

√1 − x2

y′ = −√

1 − x2

Exemplo:

(

1

2,

√3

2

)

∈ R1 e

(

1

2,−√

3

2

)

∈ R1

b) R2 = {(x, y) ∈ [−1, 1] × R | y =√

1 − x2} e funcao.f : [−1, 1] → R

x 7→ y = f(x) =√

1 − x2

1−1

y =√

1 − x2

O

y

x

Observacoes. 1) Conhecido o grafico de uma relacao R de A em B,podemos verificar se a mesma e uma funcao. Isso ocorrera se ∀ x ∈ A,existir uma reta vertical interceptando o grafico em um unico ponto.

2) Conhecido o grafico de uma funcao

f : A → Bx 7→ y

obtemos D(f) e Im(f) atraves de projecoes sobre os eixos coordenados

– D(f) = A = projecao de G(f) sobre o eixo − x

– Im(f) = projecao de G(f) sobre o eixo − y

No exemplo anterior:

{D(f) = [−1, 1]Im(f) = [0, 1]

3) Em geral, trabalharemos com funcoes reais de uma variavel real (A,B ⊂R). Quando A nao for explicitamente determinado, consideraremos odomınio como sendo o “maior” conjunto possıvel de valores para avariavel independente x.

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Exemplo: a) f(x) =√

1 − x2

D(f) = {x ∈ R | 1 − x2 > 0} = {x ∈ R | x2 6 1} = {x ∈ R | |x| 6 1} ={x ∈ R | −1 6 x 6 1} = [−1, 1]

Quando B nao for explicitamente determinado, entao B = R.>> Toda funcao e uma relacao, mas nem toda relacao e funcao.

Definicao 3.12 (Restricao e Prolongamento de Uma Funcao). Seja

f : A → Bx 7→ y = f(x)

uma funcao. Seja A′ ⊆ A. A funcao

g : A′ → Bx 7→ y = g(x) = f(x)

e dita uma RESTRICAO de f a A′ (Dizemos tambem que f e um PRO-LONGAMENTO de g a A).

Exemplo: f : R → R (prolongamento de g)x 7→ y = f(x) = x2

g : R+ → R (restricao de f)x 7→ y = g(x) = x2

(R+ = {x ∈ R | x > 0} ⊆ R)

f g

O Ox x

y y

Notacao. g = f/A′ (le-se: g e a restricao de f a A′ ⊆ A)

Algumas Funcoes Importantes

A) (Funcao Identidade)

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IdA : A → Ax 7→ IdA(x) = x

Em particular, se A = R

IdR : R → Rx 7→ IdR(x) = x

45o

x = y

x

y

B) (Funcao Cte)

f : A → Bx 7→ y = f(x) = b (fixo)

Im(f) = {b}Em particular, se A = B = R:

f : R → Rx 7→ f(x) = 1

y = 1

x

y

C) (Sequencia de Numeros Reais) (Calculo 2)

f : N → Rn 7→ f(n) = an

Im(f) = {an | n ∈ N} = {a1, a2, . . .}Na pratica, identificamos uma sequencia com a colecao dos an’s dispos-tos numa certa ordem.

Exemplo: (sequencia cte)

f : N → Rn 7→ f(n) = an = 1

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Im(f) = {1, 1, 1, 1, . . .} = {1}6=

(an)n∈N = (1, 1, 1, . . . , 1, . . .)

Definicao 3.13 (Imagem Direta e Imagem Inversa).

i) (Imagem Direta)

Sejam

f : A → Bx 7→ y = f(x)

uma funcao e A′ ⊆ A.

f(A′)def

:= {f(x) | x ∈ A′} ⊆ B

(Imagem (Direta) de A′ por f)

A B

f

A′ f(A′)

Observacao. Se A′ = A, entao f(A′) = Im(f)

Exemplo:

f : R → Rx 7→ y = f(x) = x2

A = R, A′ = [1, 2]f(A′) = f([1, 2]) = {f(x) | x ∈ [1, 2]}

= {x2 | x ∈ [1, 2]} = [1, 4]1

1

2

4

A′

f(A′)

x

y

ii) (Imagem Inversa) (nao confundir com funcao inversa)

Sejamf : A → B

x 7→ y = f(x)

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uma funcao e y ∈ B.

f−1(y)def

:= {x ∈ A | f(x) = y} ⊆ A

(Imagem Inversa ou pre-imagem de y por f)

A B

f

f-1(y)

y

Exemplos: a) f : R → Rx 7→ y = f(x) = sen x

f−1(1) = {x ∈ R | f(x) = 1} = {x ∈ R | sen x = 1}= {x ∈ R | x = π/2 + 2kπ, k ∈ Z}

1

-3π2

π2

5π2

9π2

x

y

b) f : R → Rx 7→ f(x) = |x|

f−1(3) = {x ∈ R | f(x) = 3} = {x ∈ R | |x| = 3} = {−3, 3}f−1(−1) = ∅

−1−3 3

3

x

y

Observacoes. a) Se y ∈ B e tal que y /∈ Im(f), entao f−1(y) = ∅;b) Tal conceito pode ser generalizado para conjuntos

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f : A → B ; B′ ⊆ Bx 7→ y = f(x)

f−1(B′)def

:= {x ∈ A | f(x) ∈ B′} ⊆ A

(Imagem inversa de B′ por f)

Exemplo: f : R → Rx 7→ y = f(x) = ex (e ∼= 2, 71828)

Im(f) = (0,∞) = R∗+

B′ = (0, 1]

f−1((0, 1])

(0, 1)

O x

y

f−1(B′) = f−1((0, 1]) = {x ∈ R | f(x) ∈ (0, 1]} = (−∞, 0]= {x ∈ R | x 6 0}

Definicao 3.14 (Funcao Sobrejetora, Injetora e Bijetora). Seja

f : A → Bx 7→ y = f(x)

uma funcao.

i) (vide 1 -a questao da 1 -a lista) f e Injetora (ou Injetiva) se ∀ x1, x2 ∈A, x1 6= x2 ⇒ f(x1) 6= f(x2) (ou, pela contra-positiva, ∀ x1, x2 ∈A, f(x1) = f(x2) ⇒ x1 = x2).

ii) f e Sobrejetora (ou Sobrejetiva) se Im(f) = B, isto e, ∀ y ∈ B,∃ x ∈A | y = f(x).

iii) f e Bijetora (ou Bijetiva ou Bijecao) se f e simultaneamente Injetorae Sobrejetora, isto e, ∀ y ∈ B, ∃! x ∈ A | y = f(x).

Exemplos:

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1) A B {e sobrejetoranao e injetora

2) A B {e injetoranao e sobrejetora

3) A B {nao e injetoranao e sobrejetora

4) A Bf {e injetorae sobrejetora

⇒ e bijetora

5)

f : R → Rx 7→ f(x) = 1

1

x

y {nao e injetoranao e sobrejetora

6)

f : R → Rx 7→ f(x) = x2 0 x

y {nao e injetoranao e sobrejetora

7)

f : R+ → Rx 7→ f(x) = x2 0 x

y {e injetoranao e sobrejetora

8)

f : R → R+

x 7→ f(x) = x2 0 x

y {e sobrejetoranao e injetora

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9)

f : R+ → R+

x 7→ f(x) = x2 0 x

y {e injetorae sobrejetora

⇒ e bijetora

Definicao 3.15 (Composicao de Funcoes). Sejam f : A → B eg : B → C, duas funcoes arbitrarias

Af //

h

ÃÃB

g // Cx 7→ f(x) 7→ y = g(f(x))Definimos a funcao composta de g com f porh : A → C

y = h(x) = g(f(x)) = (g ◦ f)(x)

Observacao. Pela nossa construcao, (g ◦ f) esta definida se CD(f) =D(g) = B.

Na pratica, basta que Im(f) ⊆ D(g).

A B Cf g

h = g ◦ f

x f(x)

Im(f)

g(f(x))

Exemplos:

1) f : R → Rx 7→ f(x) = x2

g : R → Rx 7→ g(x) = x + 1

g ◦ f : R → Rx 7→ (g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(x2) = x2 + 1

f ◦ g : R → Rx 7→ (f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f(x + 1) = (x + 1)2

Conclusao: g ◦ f 6= f ◦ g

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A composicao de funcoes nao e comutativa.

Observacao. (A = B = C = R)Duas funcoes f : A → B e g : C → D sao iguais se:

a) A = C (mesmo domınio);

b) B = D (mesmo contradomınio);

c) f(x) = g(x), ∀ x ∈ A (mesma lei de associacao).

No exemplo anterior:f : R → R g : R → R

x 7→ f(x) = x2 x 7→ g(x) = x + 1

g ◦ f : R → Rx 7→ (g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(x2) = x2 + 1

f ◦ g : R → Rx 7→ (f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f(x + 1) = (x + 1)2

x2 + 1 6= (x + 1)2

2)

f : A → BIdA : A → AIdB : B → B

⇒ f ◦ IdA = f (1)e IdB ◦ f = f (2)De fato:(1) A

IdA //

f◦IdA

88Af // B

f ◦ IdA : A → Bx 7→ (f ◦ IdA)(x) = f(IdA(x)) = f(x)

(2) Af //

IdB◦f88B

IdB // B

IdB ◦ f : A → Bx 7→ (IdB ◦ f)(x) = IdB(f(x)) = f(x)

Definicao 3.16 (Funcao Inversa). Seja f : A → B uma funcao. Dizemosque f e inversıvel (isto e, que f tem inversa) se existe uma funcao g : B → Atal que

g ◦ f = IdA e f ◦ g = IdB

57

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A Bf

g

x y

(g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(y) = x(f ◦ g)(y) = f(g(y)) = f(x) = y

Observacao. 1)

ABf

{e sobrejetoranao e injetora

AB

∄ g (funcao)

2)

A Bf

{e injetoranao e sobrejetora

A B

nao e funcao (∄ g)

3)f : A → B

x 7→ y = f(x)e inversıvel ⇔ f e bijecao

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Neste caso:f−1 = g : B → A

y 7→ g(y) = x

onde x e o unico elemento de A tal que f(x) = y.

Neste caso:

a) D(f) = Im(f−1);

b) Im(f) = D(f−1);

c) (x, y) ∈ f ⇔ (y, x) ∈ f−1

(Se A e B sao conjuntos numericos, entao os graficos de f e f−1

sao simetricos em relacao a reta y = x)

d) y = f(x) ⇔ x = f−1(y)

xf // y

f−1oo

Para esbocar os graficos de f e f−1 num mesmo sistema de eixos coor-denados, trocamos x por y em f−1. Assim,

x = f−1(y)↓ mudanca de variavel

y = f−1(x)

Exemplos:

a)f : R+ → R+

x 7→ f(x) = x2 (bijetora)

⇒ ∃ f−1

y = f(x) = x2 ⇒ x = ±√y

x>0=⇒ x = f−1(y) =

√y

ou y = f−1(x) =√

x

(a, b)

(b, a)

(1, 1)

x =√

y

y = x2

x

y

b)f : R → R+

x 7→ f(x) = ex (bijecao)x 6= y ⇒ ex 6= ey injCD(f) = R+ = Im(f) sob

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⇒ ∃ f−1

y = ex ⇒ x = ln y ou y = ln x

1

1

ln x

ex

x

y

Topicos Importantes

A) Determinar o numero de funcoes f : A → B, onde A e B sao finitos:A = {a1, . . . , am} (|A| = m ∈ N)B = {b1, . . . , bn} (|B| = n ∈ N)

Notacao. • F(A,B) = {f : A → B | f e funcao}• Inj(A,B) = {f : A → B | f e injetora}• Sur(A,B) = {f : A → B | f e sobrejetora} (surjective)

• Bij(A,B) = {f : A → B | f e bijetora}

Exemplos:

a) A = {0, 1} ; B = {a, b}Objetivo: obter pares ordenados do tipo (0, ∗) e (1, ∗∗), onde ∗, ∗∗ ∈{a, b} = B

Assim, ha 22 = 4 possibilidades para escolher os pares

f1 :

{0 7→ a1 7→ a

f1 = {(0, a), (1, a)}

f2 :

{0 7→ b1 7→ b

f2 = {(0, b), (1, b)}

f3 :

{0 7→ a1 7→ b

f3 = {(0, a), (1, b)}

f4 :

{0 7→ b1 7→ a

f4 = {(0, b), (1, a)}

|F(A,B)| = 4

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b) A = {0, 1} ; B = {a, b, c}f : A → B

0 7→ ? ( 3 escolhas para f(0))1 7→ ?? ( 3 escolhas para f(1))

Ha 32 = 9 possibilidades para escolher f(0) e f(1).

f1 :

{0 7→ a1 7→ a

f2 :

{0 7→ b1 7→ b

f3 :

{0 7→ c1 7→ c

f4 :

{0 7→ a1 7→ b

f5 :

{0 7→ a1 7→ c

f6 :

{0 7→ b1 7→ a

f7 :

{0 7→ b1 7→ c

f8 :

{0 7→ c1 7→ a

f9 :

{0 7→ c1 7→ b

|F(A,B)| = 32 = 9

c) Se |A| = m > n = |B|, entao f : A → B nao e injetora. (Equivalente-mente: se f e injetora, entao m 6 n)

A Bf

(Inj(A,B) = ∅)

d) Se |A| = m < n = |B|, entao f : A → B nao e sobrejetora. (Equiva-lentemente: se f e sobrejetora, entao m > n)

A Bf

(Sur(A,B) = ∅)

e) Se f e bijecao, m = n.

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Observacao. Se f : A → B e bijecao, |A| < ∞ e |B| < ∞, podemos, semperda de generalidade, considerar A = B.

A = {a1, . . . , am}l l

B = {b1, . . . , bn}(am = an e bn = bm)

Assim, uma bijecao f : A → A e dita uma permutacao de A.

Notacao.

Bij(A,A) = SA =

{f : A → Af e bijecao

Observacao. |A| = n ∈ N ⇒ |SA| = n!A = {a1, . . . , an}

a1 7→ n escolhas para f(a1)a2 7→ n − 1 escolhas para f(a2)...

...an 7→ 1 escolha para f(an)

Exemplos:1) A = {1, 2} (|A| = 2)SA = S2 = {f : A → A | f e bijecao}|SA| = 2

f1 :

{1 7→ 12 7→ 2

f2 :

{1 7→ 22 7→ 1

ou f1 :

(1 21 2

)

f2 :

(1 22 1

)

2) A = {1, 2, 3} (|A| = 3)SA = S3 = {f : A → A | f e bijecao}|SA| = 3! = 6

f1 :

1 7→ 12 7→ 23 7→ 3

ou f1 :

(1 2 31 2 3

)

f2 :

1 7→ 12 7→ 33 7→ 2

ou f2 :

(1 2 31 3 2

)

f3 :

1 7→ 32 7→ 23 7→ 1

ou f3 :

(1 2 33 2 1

)

62

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f4 :

1 7→ 22 7→ 13 7→ 3

ou f4 :

(1 2 32 1 3

)

f5 :

1 7→ 22 7→ 33 7→ 1

ou f5 :

(1 2 32 3 1

)

f6 :

1 7→ 32 7→ 13 7→ 2

ou f6 :

(1 2 33 1 2

)

Notacao. A = {1, 2, . . . , n}f : A → A bijecao

f =

(1 2 . . . n

f(1) f(2) f(n)

)

, onde f(i) ∈ A

B) Funcao InversaVimos que f : A → B e inversıvel (isto e, ∃ g : B → A | f ◦ g =

IdB e g ◦ f = IdA) ⇔ f e bijecao.Propriedades:

i) A inversa e unica e e denotada por f−1

ii) A composicao de duas bijecoes e uma bijecao, isto e, se f : A → B eg : B → C sao bijecoes, entao g ◦ f : A → C tambem o e. Neste caso,(g ◦ f)−1 = f−1 ◦ g−1

De fato:i) Suponha que g : B → A e h : B → A sejam inversas de f . Vamos

mostrar que g = h.{

g e inversa de f ⇔ g ◦ f = IdA e f ◦ g = IdB

h e inversa de f ⇔ h ◦ f = IdA e f ◦ h = IdB

g = g ◦ IdB = g ◦ (f ◦ h) = (g ◦ f) ◦ h = IdA ◦ h = hAssim, f ◦ f−1 = IdB e f−1 ◦ f = IdA. Alem disso, (f−1)−1 = f .ii) Vamos mostrar que a composta de duas funcoes sobrejetoras tambem

e sobrejetora e a composta de duas funcoes injetoras tambem e injetora.De fato:

1 -o) H:

{f : A → B sobrejetorag : B → C sobrejetora

T: {g ◦ f : A → C e sobrejetora

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Af //

g◦f>>B

g // C

x  // y  // z

Queremos mostrar que dado z ∈ C (qualquer), existe x ∈ A tal que(g ◦ f)(x) = z.

De fato: como g e sobrejetora, dado z ∈ C, existe y ∈ B tal queg(y) = z. Como f e sobrejetora, para tal y ∈ B, existe x ∈ A tal quef(x) = y. Assim, z = g(y) = g(f(x)) = (g ◦ f)(x).

2 -o) H:

{f : A → B e injetorag : B → C e injetora

T: {g ◦ f : A → C e injetora

Queremos mostrar que ∀ x, x′ ∈ A, x 6= x′ ⇒ (g ◦ f)(x) 6= (g ◦ f)(x′).Pela contrapositiva, isto e o mesmo que provar que (g ◦ f)(x) =(g ◦ f)(x′) ⇒ x = x′.

(g ◦ f)(x) = (g ◦ f)(x′) ⇒ g(f(x)) = g(f(x′))g e inj.=⇒ f(x) = f(x′)

f e inj.=⇒

x = x′

Relacao FuncaoDomınio esta contido no conjunto de par-

tida, primeiros elementos dospares ordenados

igual ao conjuntode partida

(D(R) ⊆ A) (D(f) = A)

2 -a lista

10) E 6= ∅; A = P (E) = {X | X ⊆ E}; ∅, X, Y ∈ AX ∼ Y ⇔ existe f : X → Y bijecao

Tese: ∼ define uma relacao de equivalencia sobre A. (Neste caso,dizemos que X e Y sao equipotentes, isto e, |X| = |Y |).

Demonstracao. Devemos verificar que ∼ satisfaz as tres proprie-dades de uma relacao de equivalencia:

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(RE1) (reflexiva) X ∼ XDevemos exibir uma bijecao f : X → X. Tal bijecao (mais sim-ples) e a Funcao Identidade:

IdX : X → Xx 7→ IdX(x) = x

IdX e bijecao:

a) IdX e injetora(x, x′ ∈ X)x 6= x′ ⇒ IdX(x) 6= IdX(x′)

b) IdX e sobrejetoraCD(IdX) = X = Im(IdX)

(RE2) (simetrica) X ∼ Y?⇒ Y ∼ X

X ∼ Y ⇒ ∃ f : X ∼ Y (bijecao) (⇒ ∃ f−1)⇒ ∃ f−1 : Y → X inversa, a qual e uma bijecao⇒ Y ∼ X

f ◦ f−1 = IdY e f−1 ◦ f = IdX

(RE3) (transitiva) X ∼ Y e Y ∼ Z?⇒ X ∼ Z

X ∼ Y ⇒ ∃ f : X ∼ Y bijecaoY ∼ Z ⇒ ∃ g : Y ∼ Z bijecao

⇒ ∃ h : g ◦ f : X → Z bijecao ⇒ X ∼ Z

(pois a composicao de bijecoes e uma bijecao) ¥

11) (Aplicacao do 10) |X| = |Y |

a) X = N; Y = {y ∈ N | y e par}Y ⊆ X

Para mostrar que |X| = |Y |, devemos exibir uma bijecaof : X → Y .

Tese:f : X → Y

n 7→ f(n) = 2n

e bijecao.

De fato:

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i) f e injetoran, n′ ∈ Xn 6= n′ ⇒ f(n) 6= f(n′)n 6= n′ ⇒ 2n 6= 2n′

ii) f e sobrejetoraCD(f) = Y = Im(f) = {2n | n ∈ X}

e) X = (−π/2, π/2); Y = R

π2-π

2

x

y

f : X → Yx 7→ y = tg x

f−1 : Y → Xx 7→ f−1(x) = arc tg x

8) Propriedades de divisibilidade

iii) H:

{a | b ⇒ ∃ m ∈ Z | a · m = b (∗)c | d ⇒ ∃ n ∈ Z | c · n = d (∗∗)

T: {a c | b d

Queremos mostrar que ∃ l ∈ Z | (ac) l = b d. Multiplicando (∗) e(∗∗) termo a termo, temos (am)(cn) = b d. Assim, tome l = mn:

(ac)(mn) = (ac) l = b d

v) a | b e b | a ⇔ |a| = |b|; (Se a, b ∈ N, entao a | b e b | a ⇔ a = b)

(⇒)

{H: a | b e b | aT: |a| = |b| (ou a = b ou − b)

1 -o caso: a = 00 | b e b | 0 ⇒ b = 0

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2 -o caso: a 6= 0a | b ⇒ ∃ m ∈ Z | a m = b (1)b | a ⇒ ∃ n ∈ Z | b n = a (2)

(1) → (2) : (a m) n = aa 6=0=⇒ m n = 1

Se m = n = 1, a = b. se m = n = −1, a = −b.

(⇐) Idem

4 Estruturas Algebricas

Objetivo: estudar as principais estruturas algebricas e algumas aplicacoesa Geometria, Computacao e Fısica.

Definicao 4.1 (Operacao Binaria ou Lei de Composicao Interna).Seja A 6= ∅. Uma operacao binaria (ou lei de composicao interna) sobre Ae qualquer funcao de A × A em A.

Notacao.∗ : A × A → A

(a, a′) 7→ a ∗ a′

le-se: a ∗ a′ = “a operado com a′ ”

Observacoes. i) Como ∗ e uma funcao, entao ∀ (a, a′) ∈ A×A, ∃! a∗a′.Neste caso, dizemos que ∗ esta bem definida.

ii) Alem disso, queremos que a ∗ a′ ∈ A, ∀ (a, a′) ∈ A × A. Neste caso,dizemos que A e fechado com relacao a operacao ∗.

Exemplos:

i) A = N (ou Z, Q, R, C)∗ = + (adicao)

⊕ : N × N → N(a, b) 7→ a + b

︸ ︷︷ ︸

SOMA de a e b

ii) A = N (ou Z, Q, R, C)∗ = · (multiplicacao)

⊙ : N × N → N(a, b) 7→ a · b

︸︷︷︸

produto de a por b

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Definicao 4.2 (Estrutura Algebrica). Seja A 6= ∅. Dizemos que A euma estrutura algebrica se A possui uma ou mais operacoes binarias bemdefinidas, satisfazendo determinadas propriedades.

Principais Estruturas Algebricas

• com uma operacao:

semigruposmonoidesgrupos

• com duas operacoes:

aneisdomınios de integridadecorposespacos vetoriaismodulos

• com tres operacoes: { Algebras

Exemplos:

1) E 6= ∅A = P (E) = {X | X ⊆ E}∗ = ∪ (uniao), ∩ (interseccao)

∪ : A × A → A(X,Y ) 7→ X ∪ Y

∩ : A × A → A(X,Y ) 7→ X ∩ Y

2) A = { proposicoes }∗ = ∧ (conjuncao), ∨ (disjuncao)

∧ : A × A → A(p, q) 7→ p ∧ q

∨ : A × A → A(p, q) 7→ p ∨ q

3) A = Mm×n(R) = {B = (aij)m×n | aij ∈ R}∗ = + (adicao)

+ : Mm×n(R) ×Mm×n(R) → Mm×n(R)(B,C) 7→ B + C

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onde B + C = (bij + cij)

caso particular: + : M3×2(R) ×M3×2(R) → M3×2(R)

1 23 45 6

,

−1 37 −20 1

7−→

0 510 25 7

4) A = Mm×n(R) = { matrizes quadradas n × n com entradas reais }∗ = ·· : Mn×n(R) ×Mm×n(R) → Mm×n(R)

B,C 7→ BC

onde BC = (dij), dij =n∑

k=1

bikckj

caso particular: · : M2×2(R) ×M2×2(R) → M2×2(R)((

1 23 4

)

,

(−1 01 3

))

7−→(

1 23 4

) (−1 01 3

)

=

(1 61 12

)

2×2

5) A = N∗ = potenciacao∗ : N × N → N

(a, b) 7→ a ∗ b = ab (= a · a · . . . · a︸ ︷︷ ︸

b fatores

)

6) A = Z (ou Q ou R)∗ = potenciacao

Afirmacao. ∗ NAO e operacao binaria sobre A

De fato:

– (2,−1) ∈ Z × Z, mas 2−1 /∈ Z (isto e, Z NAO e fechado para apotenciacao)

– (2, 1/2) ∈ Q × Q, mas 21/2 /∈ Q (isto e, Q NAO e fechado para apotenciacao)

– (−1, 1/2) ∈ R × R, mas (−1)1/2 /∈ R (isto e, R NAO e fechadopara a potenciacao)

Exercıcios: Verifique o fechamento (ou nao) das seguintes operacoes em B.

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i) A = R, ∗ = +B = R − Q ⊆ A

ii) A = R, ∗ = ·B = R∗

+ = {x ∈ R | x > 0} ⊆ A

iii) A = M2×2(R), ∗ = ·B =

{(cos α − sen αsen α cos α

)

; α ∈ R}

⊆ A

(matriz de rotacao de α rad no sentido anti-horario)

iv) A = R, ∗ = −B = N

v) A = Z, ∗ = +B1 = {x ∈ Z | x e par} = {x = 2k | k ∈ Z} ⊆ AB2 = {x ∈ Z | x e ımpar} = {x = 2k + 1 | k ∈ Z} ⊆ A

Resolucao:

i) A = R, ∗ = +B = R − Q = {numeros irracionais} ⊆ A

Afirmacao. B NAO e fechado com relacao a operacao de adicao (istoe, ∗ = + nao e uma operacao binaria sobre B)

Contra-exemplo:x = π ∈ B e y = −π ∈ B, mas x + y = π + (−π) = 0 /∈ B(isto e, 0 ∈ Q)

ii) A = R, ∗ = ·B = R∗

+ = {x ∈ R | x > 0} e FECHADO com relacao a operacao∗ = ·, pois ∀ x, y > 0, x · y > 0 (∀ x, y ∈ B, x · y ∈ B)

iii) A = M2×2(R), ∗ = ·B =

{(cos α − sen αsen α cos α

)∣∣∣∣

α ∈ R}

e FECHADO com relacao a opera-

cao ∗ = ·, pois

X =

(cos α − sen αsen α cos α

)

∈ B e Y =

(cos β − sen βsen β cos β

)

∈ B

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⇒ X · Y =

(cos α − sen αsen α cos α

) (cos β − sen βsen β cos β

)

=

(cos α cos β − sen α sen β − cos α sen β − sen α cos βsen α cos β + sen β cos α − sen α sen β + cos α cos β

)

=

(cos(α + β) − sen(α + β)sen(α + β) cos(α + β)

)

∈ B

iv) A = R, ∗ = −B = N ⊆ A NAO e fechado para ∗ = −, pois x = 1 ∈ B e y = 2 ∈ B,mas x − y = 1 − 2 = −1 /∈ B (−1 ∈ Z)

v) A = Z, ∗ = +B1 = {x ∈ Z | x = 2k, k ∈ Z} e B2 = {x ∈ Z | x = 2k + 1, k ∈ Z}B1 e FECHADO para ∗ = +, pois:{

x1 = 2k1 ∈ B1

x2 = 2k2 ∈ B1⇒ x1 + x2 = 2k1 + 2k2 = 2(k1 + k2) = 2k3 ∈ B1

B2 NAO e fechado para ∗ = +, pois:{

x1 = 2k1 + 1 ∈ B2

x2 = 2k2 + 1 ∈ B2, mas

x1 + x2 = (2k1 + 1) + (2k2 + 1)= 2(k1 + k2 + 1) = 2k3 /∈ B2

Propriedades de Uma Operacao Binaria

Seja A = ∅ munido de uma operacao binaria ∗.

A) (Associatividade)Dizemos que ∗ e associativa se ∀ x, y, z ∈ A,

(x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z)

Neste caso, o uso de parenteses e facultativo

B) (Comutatividade)Dizemos que ∗ e comutativa se ∀ x, y ∈ A,

x ∗ y = y ∗ x

C) (Existencia de Um Elemento Neutro)Seja e ∈ A. Dizemos que

71

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i) e e um elemento neutro a esquerda com relacao a operacao ∗ se

e ∗ x = x, ∀ x ∈ A

ii) e e um elemento neutro a direita com relacao a operacao ∗ se

x ∗ e = x, ∀ x ∈ A

iii) e e um elemento neutro (bilateral) com relacao a operacao ∗ se elee simultaneamente neutro a esquerda e a direita, ou seja,

e ∗ x = x = x ∗ e, ∀ x ∈ A

Exemplos:

i) A = N (ou Z, Q, R, C)∗ = + e associativa e comutativa{

(x + y) + z = x + (y + z)x + y = y + x

; (∀ x, y, z ∈ A)

Se A = N, entao ∄ elemento neutro para ∗ = +. Se A = Z (ou Q, R, C)entao e = 0 e o elemento neutro para ∗ = +.

{0 + x = x = x + 0, ∀ x ∈ A

ii) A = N (ou Z, Q, R, C)∗ = · e associativa e comutativa{

(x · y) · z = x · (y · z)x · y = y · x ; (∀ x, y, z ∈ A)

e = 1 e o elemento neutro para ∗ = ·

1 · x = x = x · 1, ∀ x ∈ A

iii) A = { proposicoes }∗ = ∨ (disjuncao) e associativa e comutativa{

(p ∨ q) ∨ r = p ∨ (q ∨ r)p ∨ q = q ∨ p

; (∀ p, q, r ∈ A)

e = f (contradicao) e o elemento neutro para ∗ = ∨

p ∨ f = p, ∀ p ∈ A

72

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∗′ = ∧ (conjuncao) e associativa e comutativa{

(p ∧ q) ∧ r = p ∧ (q ∧ r)p ∧ q = q ∧ p

; (∀ p, q, r ∈ A)

e = v (tautologia) e o elemento neutro para ∗′ = ∧

p ∧ v = v ∧ p = p, ∀ p ∈ A

iv) A = F(R, R) = {f : R → R | f e funcao}∗ = +

soma︷ ︸︸ ︷

f + g : R → Rx 7→ (f + g)(x) = f(x) + g(x)

∗ = + e associativa, comutativa e possui e = 0 (funcao constanteidenticamente nula) como elemento neutro{

(f + g) + h = f + (g + h)f + g = g + f

, ∀ f, g, h ∈ A

e ≡ 0 (isto e, e(x) = 0, ∀ x ∈ R)

(g + 0)(x) = g(x) + 0(x) = g(x) + 0 = g(x) e(0 + g)(x) = 0(x) + g(x) = 0 + g(x) = g(x)

∗′ = · :

produto︷︸︸︷

f · g : R → Rx 7→ (f · g)(x) = f(x)g(x)

∗′ = · e associativa, comutativa e possui e = 1 (funcao constante 1)como elemento neutro{

(f · g) · h = f · (g · h)f · g = g · f , ∀ f, g, h ∈ A

e ≡ 1 (isto e, e(x) = 1, ∀ x ∈ R){

(f · e)(x) = f(x)e(x) = f(x) · 1 = f(x)(e · f)(x) = e(x)f(x) = 1 · f(x) = f(x)

Exercıcios:

1) Considere A = M2×2(R). Verifique que

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i) ∗ = + e associativa, comutativa e possui

e =

(0 00 0

)

2×2

(matriz identicamente nula) como elemento neutro para ∗ = +.

ii) ∗ = · e associativa, NAO-comutativa e possui

e =

(1 00 1

)

2×2

= I2

(matriz identidade de ordem 2) como elemento neutro para ∗ = ·

2) Julgue os itens a seguir (V ou F ), justificando.

a) (V ) A subtracao em Z possui e = 0 como elemento neutro adireita, mas nao possui elemento neutro a esquerda.

b) (V ) A potenciacao em N possui e = 1 como elemento neutro adireita, mas nao possui elemento neutro a esquerda.

c) (F ) A subtracao em Z e associativa.

d) (F ) A subtracao em Z e comutativa.

e) (F ) A potenciacao em N e associativa.

f) (F ) A potenciacao em N e comutativa.

g) (V ) Sejam E 6= ∅ e A = P (E). Entao, ∗ = ∪ e associativa,comutativa e possui e = ∅ como elemento neutro para ∗ = ∪.

h) (V ) Sejam E 6= ∅ e A = P (E). Entao, ∗ = ∩ e associativa,comutativa e possui e = E como elemento neutro para ∗ = ∪.

3) Seja A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗. Mostre que se e ∈ Ae um elemento neutro (bilateral), entao ele e unico.

4) Considere A = F(R, R) = {f : R → R | f e funcao}

a) Verifique que ∗ = ◦ (composicao) e associativa

b) Verifique que ∗ = ◦ NAO e comutativa

c) Qual e o elemento neutro e para tal operacao ∗ = ◦?

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1) A = M2×2(R)

i)

(a bc d

)

+

[(e fg h

)

+

(i jk l

)]

=

(a bc d

)

+

(e + i f + jg + k h + l

)

=

(a + e + i b + f + jc + g + k d + h + l

)

=

(a + e b + fc + g d + h

)

+

(i jk l

)

=

[(a bc d

)

+

(e fg h

)]

+

(i jk l

)

(a bc d

)

+

(e fg h

)

=

(a + e b + fc + g d + h

)

=

(e + a f + bg + c h + d

)

=

(e fg h

)

+

(a bc d

)

(a bc d

)

+

(0 00 0

)

=

(a + 0 b + 0c + 0 d + 0

)

=

(a bc d

)

=

(0 00 0

)

+

(a bc d

)

ii)

(a bc d

) [(e fg h

)(i jk l

)]

=

(a bc d

)(ei + fk ej + flgi + hk gj + hl

)

=

(aei + afk + bgi + bhk aej + afl + bgj + bhlcei + cfk + dgi + dhk cej + cfl + dgj + dhl

)

=

(ae + bg af + bhce + dg cf + dh

)(i jk l

)

=

[(a bc d

)(e fg h

)](i jk l

)

(a bc d

)(e fg h

)

=

(ae + bg af + bhce + dg cf + dh

)

6=(

e fg h

) (a bc d

)

=

(ea + fc eb + fdga + hc gb + hd

)

(a bc d

) (1 00 1

)

=

(a bc d

)

=

(1 00 1

)(a bc d

)

2) a) (V ) z − 0 = z 6= −z = 0 − z, ∀ z ∈ Z∗

b) (V ) para n ∈ N, temos n1 = n, mas se a(∈ N) 6= 1, entao an 6= n

c) (F ) contra-exemplo: (7 − 4) − 3 = 0 6= 6 = 7 − (4 − 3)

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d) (F ) contra-exemplo: 2 − 1 = 1 6= −1 = 1 − 2

e) (F ) Seja a, b, c ∈ N, temos a(bc) 6= (ab)c = abc.Contra-exemplo: 2(34) = 281 6= 212 = (23)4

f) (F ) para a, b ∈ N, temos ab 6= ba.Contra-exemplo: 23 = 8 6= 9 = 32

g) (V ) Para X,Y, Z ∈ A, temos

X ∪ (Y ∪ Z) = (X ∪ Y ) ∪ ZX ∪ Y = Y ∪ XX ∪ ∅ = ∅ ∪ X = X

h) (V ) Para X,Y, Z ∈ A, temos

X ∩ (Y ∩ Z) = (X ∩ Y ) ∩ ZX ∩ Y = Y ∩ XX ∩ E = E ∩ X = X, pois X ⊆ E

Observacao. Se ∗ e comutativa, entao as nocoes de elemento neutro a es-querda, a direita e bilateral sao equivalentes.

3) (Unicidade do Elemento Neutro)A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗. e (∈ A) = elemento neutrobilateral (caso exista).Tese: e e unico

Demonstracao.

H: e e neutroT: e e unico

Suponha que e e e′ sao dois elementos neutros. Vamos mostrar quee = e′.

(I) e (∈ A) = elemento neutro ⇔ e ∗ x = x ∗ e = x, ∀ x ∈ A(II) e′ (∈ A) = elemento neutro ⇔ e′ ∗ y = y ∗ e′ = y, ∀ y ∈ A

Em particular, tome x = e′ em (I):

e ∗ e′ = e′ ∗ e = e′

Em particular, tome y = e em (II):

e′ ∗ e = e ∗ e′ = e

Logo, e′ = e ∗ e′ = e ¥

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4) (Importante)A = F(R, R) = {f : R → R | f e funcao}∗ = ◦ (composicao)

◦ : F(R, R) ×F(R, R) → F(R, R)(g, f) 7→ g ◦ f

Rf //

g◦f;;R

g // R Rg //

f◦g;;R

f // R

a) Tese: ∗ = ◦ e associativa, isto e, ∀ f, g, h ∈ A, (h◦g)◦f = h◦(g◦f)

Demonstracao. Vamos mostrar que as funcoes h ◦ g) ◦ f eh ◦ (g ◦ f) sao IGUAIS, ou seja:

i) D((h ◦ g) ◦ f) = D(h ◦ (g ◦ f))ii) CD((h ◦ g) ◦ f) = CD(h ◦ (g ◦ f)iii) ∀ x ∈ R, [(h ◦ g) ◦ f)](x) = [(h ◦ (g ◦ f ](x)

Rf //

(h◦g)◦f

@@Rg //

h◦g;;R h // R R

f //

h◦(g◦f)

@@g◦f

;;Rg // R h // R

Verificando iii)[(h ◦ g) ◦ f ](x) = (h ◦ g)(f(x)) = h(g(f(x)))[h ◦ (g ◦ f)](x) = h((g ◦ f)(x)) = h(g(f(x))) ¥

b) Tese: ∗ = ◦ NAO e comutativaExemplo: f(x) = sen x, g(x) = x2

(g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(sen x) = (sen x)2 = sen2 x(f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f(x2) = sen x2

c) e = Funcao Identidade

IR : R → Rx 7→ IR(x) = x

f ◦ IR = f e IR ◦ f = f

D) (Existencia de Elemento Inversıvel)Seja A 6= ∅ com uma operacao binaria ∗ e elemento neutro e. Dizemosque

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i) x ∈ A e inversıvel a esquerda se existe x′ ∈ A tal que

x′ ∗ x = e (x′ = inverso a esquerda de x)

ii) x ∈ A e inversıvel a direita se existe x′ ∈ A tal que

x ∗ x′ = e (x′ = inverso a direita de x)

iii) x ∈ A e inversıvel se ele e simultaneamente inversıvel a esquerdae a direita, ou seja, se existe x′ ∈ A tal que

x′ ∗ x = e = x ∗ x′ (x′ = inverso de x)

Observacoes. a) Se ∗ = +, denotamos x′ por −x (oposto, simetrico ouinverso aditivo)

b) Se ∗ = ·, denotamos x′ por x−1 (inverso multiplicativo de x)

c) U∗(A) = {x ∈ A | x e inversıvel com relacao a operacao ∗}U∗(A) 6= ∅, pois e ∈ U∗(A). De fato, e ∗ e = e.

Exemplos:

i) A = N, ∗ = + (0 6= N)U+(N) = ∅

ii) A = Z+ = {x ∈ Z | x > 0} = N ∪ {0}, ∗ = +e = 0

x ∈ A (dado)x′ ∈ A (a obter)x + x′ = 0

U+(Z+) = {0} (pois 0 + 0 = 0)

iii) A = Z, ∗ = +, e = 0Sabemos que dado x ∈ Z, existe −x ∈ Z tal que x + (−x) = 0U+(Z) = Z

iv) A = M2×2(R) =

{(a bc d

) ∣∣∣ a, b, c, d ∈ R

}

∗ = ·

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(1 00 1

)

= I2 (matriz identidade de ordem 2)

X =

(1 23 6

)

(NAO e inversıvel com relacao a operacao ∗ = ·)

X ′ · X = I2(

a bc d

)(1 23 6

)

?=

(1 00 1

)

a + 3b = 12a + 6b = 0c + 3d = 02c + 6d = 1

⇒{

a + 3b = 12a + 6b = 0

e

{c + 3d = 02c + 6d = 1

⇒{

a + 3b = 1a + 3b = 0

e

{c + 3d = 0c + 3d = 1/2

Conclusao: ∄ X ′ = X−1

U·(M2×2(R)) =

{(a bc d

) ∣∣∣ ad − bc 6= 0

}

No exemplo anterior, det X = 6 − 6 = 0

v) A = F(R, R) = {f : R → R | f e funcao}, ∗ = ◦, e = IR

Exemplo: f(x) = x3 e inversıvel com relacao a operacao ∗ = ◦:

y = f(x) ⇔ x = f−1(y)

y = x3 ⇒ x = 3√

y ou y = 3√

x

g(x) = 3√

x = f−1(x), pois:

g ◦ f?= IR

ef ◦ g = IR

(g ◦ f)(x) = g(f(x)) = g(x3) =3√

x3 = x(f ◦ g)(x) = f(g(x)) = f( 3

√x) = ( 3

√x)3 = x

U◦(F(R, R)) = Bij(R, R) = {f : R → R | f e bijecao}

vi) A = Q (ou R ou C), ∗ = ·, e = 1

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x ∈ A (dado)x′ ∈ A (a obter)x′ · x = 1

U·(Q) = Q∗ = Q − {0}Exemplo: x = a/b ∈ Q∗ (a, b ∈ Z, b 6= 0 e a 6= 0)x−1 = b/a e o inverso de x

vii) A = Z, ∗ = ·, e = 1U·(Z) = {±1}

Observacao. x = 2 e inversıvel em Q, mas nao o e em Z2x = 1 NAO tem solucao em Z2x = 1 TEM solucao em Q : x = 1/2

E) (Lei do Cancelamento)Seja A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗.

i) a ∈ A e regular a esquerda se

a ∗ x = a ∗ y ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ A (cancelamento a esquerda)

ii) a ∈ A e regular a direita se

x ∗ a = y ∗ a ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ A (cancelamento a direita)

iii) a ∈ A e regular se

a ∗ x = a ∗ y ⇒ x = ye

x ∗ a = y ∗ a ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ A

Observacoes. a) Se ∗ e comutativa, tais nocoes de regular a esquerda ea direita sao iguais;

b) R∗(A) = {x ∈ A | x e regular com relacao a ∗}Observe que se e ∈ A e o elemento neutro, entao e e regular:

e ∗ x = e ∗ y ⇒ x = ye

x ∗ e = y ∗ e ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ A

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Exemplos: i) A = Z, ∗ = +R+(Z) = ZNeste caso, ∀ a ∈ Z, vale

a + x = a + y ⇒ x = ye

x + a = y + a ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ Z

ii) A = Q (ou R, C), ∗ = ·R·(Q) = Q∗

Neste caso, se a ∈ Q∗, entao:

a · x = a · y ÷a⇒ x = ye

x · a = y · a ÷a⇒ x = y

, ∀ x, y ∈ Z

0 nao e regular, pois 0 · 1 = 0 · 2, mas 1 6= 2

Exercıcios: (Teoricos)

1) Seja A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗ associativa e comelemento neutro e. Mostre que se x ∈ A e inversıvel, entao x′ (inversode x) e unico.

2) (1 -o exercıcio da 3 -a lista)Seja A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗ associativa e comelemento neutro e. Considere U∗(A) = {x ∈ A | x e inversıvel} eR∗(A) = {x ∈ A | x e regular}. Verifique que:

a) U∗(A) 6= ∅; R∗(A) 6= ∅

b) Se x ∈ U∗(A), entao x′ ∈ U∗(A). Neste caso, (x′)′ = x

c) Se x, y ∈ U∗(A), entao x ∗ y ∈ U∗(A). Neste caso, (x ∗ y)′ = y′ ∗ x′

Observacao. (Aplicando 2) b) e c) a dois contextos diferentes)1 -o) (matrizes)

A = Mn×n(R), ∗ = ·U∗(A) = { matrizes com determinante 6= 0 }b): (B−1)−1 = B; (supondo B inversıvel)c): (B · C)−1 = C−1B−1 (supondo que B e C sao inversıveis)

2 -o) (funcoes)A = F(R, R); ∗ = ◦

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U∗(A) = Bij(R, R)b): (f−1)−1 = f ; (supondo que f seja inversıvel)c): (f ◦ g)−1 = g−1 ◦ f−1 (supondo que f e g tem inversa)

Resolucao:

1)

H:

e∗ e associativax = elemento inversıvelx′ = inverso de x

T: { x′ e unico

Demonstracao. Suponha que x′ e x′′ sejam inversos de x:{

x′ ∗ x = e = x ∗ x′ (1)x′′ ∗ x = e = x ∗ x′′ (2)

Vamos mostrar que x′′ = x′. De fato:

x′′ = x′′ ∗ e(1)= x′′ ∗ (x ∗ x′)

assoc.= (x′′ ∗ x) ∗ x′ (2)

= e ∗ x′ = x′ ¥

2) Tese:

a) U∗(A) 6= ∅ : e ∈ U∗(A), pois e ∗ e = eR∗(A) 6= ∅ : e ∈ R∗(A)

b) H: x ∈ U∗(A)T: x′ ∈ U∗(A) e (x′)′ = x

Demonstracao. x ∈ U∗(A) ⇒ ∃ x′ ∈ A | x′ ∗ x = e = x ∗ x′

Dessa igualdade, segue que x′ ∈ U∗(A) e (x′)′ = x ¥

c) H: x, y ∈ U∗(A)T: x ∗ y ∈ U∗(A) e (x ∗ y)′ = y′ ∗ x′

Demonstracao. Como o inverso e unico (quando existe), bastamostrar que:

(x ∗ y) ∗ (y′ ∗ x′) = e e(y′ ∗ x′) ∗ (x ∗ y) = e

De fato:

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(x ∗ y) ∗ (y′ ∗ x′) = [x ∗ (y ∗ y′)] ∗ x′ = [x ∗ e] ∗ x′ = x ∗ x′ = e(y′ ∗ x′) ∗ (x ∗ y) = [y′ ∗ (x′ ∗ x)] ∗ y = [y′ ∗ e] ∗ y = y′ ∗ y = e ¥

Tabua de Operacao

A = {a1, a2, . . . , an}∗ : A × A → A

(ai, aj) 7→ ai ∗ aj (= aij)A tabua da operacao ∗ e uma tabela n × n cujos elementos sao os “ope-

rados” ai ∗ aj, onde i, j ∈ {1, 2, . . . , n}

∗ a1 a2 a3 . . . ai . . . aj . . . an

a1 a11

a2 a22...ai aii ai ∗ aj...aj ajj...

an ann

(linha fundamental)

(diagonal principal)

տ (coluna fundamental)

Exemplos:

a) A = {−1, 1}∗ = ·

· −1 1

−1 1 −11 −1 1

b) E = {a, b}A = P (E) = {∅, {a}, {b}, {a, b}}∗ = ∩

∩ ∅ {a} {b} {a, b}∅ ∅ ∅ ∅ ∅{a} ∅ {a} ∅ {a}{b} ∅ ∅ {b} {b}{a, b} ∅ {a} {b} {a, b}

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c) E = {1, 2}A = Bij(E,E) = {f : E → E | f e bijecao}∗ = ◦

f1 :

{1 7→ 12 7→ 2

(Identidade)

f2 :

{1 7→ 22 7→ 1

f1 ◦ f1 = f1

f1 ◦ f2 = f2

f2 ◦ f1 = f2

f2 ◦ f2 = f1

◦ f1 f2

f1 f1 f2

f2 f2 f1

Em notacao matricial:

f1 :

(1 21 2

)

f2 :

(1 22 1

)

f1 ◦ f2 =

(1 21 2

)

◦(

1 22 1

)

=

(1 22 1

)

= f2

f2 ◦ f2 =

(1 22 1

)

◦(

1 22 1

)

=

(1 21 2

)

= f1

Observacao. A partir da tabua de operacao, e possıvel verificar se a mesmae comutativa, se possui elemento(s) neutro(s), se possui elemento(s) inversı-vel(is) e se possui elemento(s) regular(es).

I) Comutatividade:

ai ∗ aj = aj ∗ ai, ∀ ai, aj ∈ A

Neste caso, ∗ e comutativa se a tabua da operacao e simetrica emrelacao a diagonal principal, ou seja, os elementos em posicoes simetri-

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cas em relacao a diagonal principal sao iguais.

∗ ai aj

a11... a22

ai aii aij...aj aji ajj

ann

Nos exemplos anteriores, ∗ e comutativa, pois:

a)

· −1 1

−1 1 −11 −1 1

b)

∩ ∅ {a} {b} {a, b}∅ ∅ ∅ ∅ ∅{a} ∅ {a} ∅ {a}{b} ∅ ∅ {b} {b}{a, b} ∅ {a} {b} {a, b}

c)

◦ f1 f2

f1 f1 f2

f2 f2 f1

II) Elemento Neutro

– e ∈ A e elemento neutro a esquerda ⇔ e ∗ ai = ai, ∀ ai ∈ A ⇔ nalinha de e aparece uma copia da linha fundamental;

– e ∈ A e elemento neutro a direita ⇔ ai ∗ e = ai, ∀ ai ∈ A ⇔ nacoluna de e aparece uma copia da coluna fundamental;

– e ∈ A e elemento neutro ⇔ a linha e a coluna de e sao copias,respectivamente, da linha e da coluna fundamental.

Nos exemplos anteriores

a) e = 1; b) e = {a, b} = E; c) e = f1

III) Elemento Inversoe = elemento neutro

– ai ∈ A e inversıvel a esquerda ⇔ ∃ a′i ∈ A | a′

i ∗ ai = e ⇔ oelemento neutro e aparece na coluna de ai;

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– ai ∈ A e inversıvel a direita ⇔ ∃ a′i ∈ A | ai ∗ a′

i = e ⇔ o elementoneutro e aparece na linha de ai;

– ai ∈ A e inversıvel ⇔ o elemento neutro e aparece na linha e nacoluna de ai.

Nos exemplos anteriores

a)

e = 1(−1)′ = −1(1)′ = 1

b)

{e = {a, b}({a, b})′ = {a, b} c)

e = f1

(f1)′ = f1

(f2)′ = f2

IV) Elementos Regulares

– a ∈ A e regular a esquerda ⇔ a ∗ x = a ∗ y ⇒ x = y, ∀ x, y ∈A

C-P⇐⇒ (x 6= y ⇒ a ∗ x 6= a ∗ y, ∀ x, y ∈ A) ⇔ todos os elementosda linha de a sao distintos;

– a ∈ A e regular a direita ⇔ x∗a = y ∗a ⇒ x = y, ∀ x, y ∈ AC-P⇐⇒

(x 6= y ⇒ x ∗ a 6= y ∗ a, ∀ x, y ∈ A) ⇔ todos os elementos dacoluna de a sao distintos;

– a ∈ A e regular ⇔ todos os elementos da linha de a sao distintose todos os elementos da coluna de a sao distintos.

Exercıcios: Nas tabuas de operacao abaixo, verifique a comutatividade e aexistencia de elementos neutros, inversıveis e regulares:

a)

∗ a b c

a a b cb b c ac c b b

• ∗ NAO e comutativa, pois c ∗ b 6= b ∗ c

• elemento neutro : a

• elementos inversıveis: a (bilateral)

(a′ = a) a ∗ a = a

b︸︷︷︸

inv a esq de c

∗ c︸︷︷︸

inv a dir de b

= a

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• elementos regulares: a (bilateral)

b - regular a esquerda, mas nao a direita

c - nao e regular a esquerda, mas e regular a direita.

b)

∗ a b c

a a b cb c a bc b a c

• ∗ nao e comutativa, pois a tabua nao e simetrica

• ∄ elemento neutro bilateral. a = elemento neutro a esquerda

• elementos inversıveis: ∄

• elementos regulares: a e regular bilateralmente, b e regular a esquerda,c e regular a esquerda.

c)

∗ e a1 a2 a3 a4

e e a1 a2 a3 a4

a1 a1 a2 a3 a4 ea2 a2 a3 a4 a1 a2

a3 a3 a4 a1 a2 a1

a4 a4 e a3 a4 a2

d)

∗ e a b c d

e e a b c da a b d e cb b c c b bc c d e a bd d e b d b

Definicao 4.3 (Semigrupo, Monoide, Grupo). Seja, A 6= ∅ munido deuma operacao binaria

∗ : A × A → A(a, a′) 7→ a ∗ a′

Um par (A, ∗) e dito uma Estrutura Algebrica com uma operacao binariase ∗ satisfaz determinadas propriedades

a) O par (A, ∗) e dito um Semigrupo se ∗ e associativa;

b) O par (A, ∗) e dito um Monoide se ∗ e associativa e possui elementoneutro (bilateral);

c) O par (A, ∗) e dito um Grupo se ∗ e associativa, possui elemento neutro(bilateral) e todo elemento e inversıvel, isto e:

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i) ∀ a, b, c ∈ A, a ∗ (b ∗ c) = (a ∗ b) ∗ c;

ii) ∃ e ∈ A | e ∗ a = a = a ∗ e, ∀ a ∈ A;

iii) ∀ a ∈ A, ∃ a′ ∈ A | a′ ∗ a = e = a ∗ a′

semigrupo

monoide

grupo

Exemplos: a) (N, +) = semigrupo, mas nao e monoide (pois e = 0 /∈ N)(∄ e)

b) (N, ·) = monoide, mas nao e um grupo (pois existem elementos naoinversıveis) (e = 1)

c) (Z, +) = grupo (e = 0, (x)′ = −x)

d) (Z, ·) = monoide, mas nao e um grupo (apenas 1 e −1 sao inversıveis)(e = 1, (1)′ = 1, (−1)′ = (−1))

e) (Q∗, ·) = (R∗, ·) = (C∗, ·) = grupos (e = 1, (x)′ = 1/x)

Exercıcios: Verifique se o par (A, ∗) e um semigrupo, monoide ou grupo:

a) (N, potenciacao) = nao e nenhuma das estruturas algebricas citadas

b) (Z,−) = nao e nenhuma das estruturas algebricas citadas

c) (F(R, R), ◦) = monoide (mas nao e grupo, pois apenas as funcoesbijetoras sao inversıveis)

d) (Mm×n(R), +) = grupo (e associativa, tem o elemento neutro (matriznula) e existe inverso)

e) (Mn×n(R), ·) = monoide (mas nao e grupo pois nem toda matriz einversıvel)

f) ({v, f},∧) = monoide (mas nao e grupo pois f nao e inversıvel)

g) (P ({a, b}),∪) = monoide (nao e grupo, pois apenas ∅ tem inverso)

Resolucao:

a) potenciacao nao e associativa, pois: (22)3 = 26 6= 28 = 2(23)

b) − nao e associativa, pois:

(2 − 2) − 3 = 0 − 3 = −3 6= 3 = 2 − (−1) = 2 − (2 − 3)

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f) e associativa, tem elemento neutro: e = v

∧ v f

v v ff f f

g) e = ∅

∪ ∅ {a} {b} {a, b}∅ ∅ {a} {b} {a, b}{a} {a} {a} {a, b} {a, b}{b} {b} {a, b} {b} {a, b}{a, b} {a, b} {a, b} {a, b} {a, b}

Teorema 4.4. Sejam (A, ∗) um monoide e U∗(A) = {x ∈ A | x e inversıvel}(⊆ A). Entao, (U∗(A), ∗) e um grupo.

Demonstracao. Como U∗(A) ⊆ A e ∗ e associativa em A, entao U∗(A)“herda” esta propriedade.

Alem disso, e (elemento neutro de A) pertence a U∗(A) (pois e ∗ e = e).Por definicao, U∗(A) e a colecao de todos os elementos inversıveis. Assim,

∀ a ∈ U∗(A), ∃ a′ ∈ U∗(A) | a ∗ a′ = e. ¥

Lembre-se: (1 -a questao da 3 -a lista){

(x′)′ = x;(x ∗ y)′ = y′ ∗ x′

Voltando aos exemplos anteriores:

a) A = Mn×n(R), ∗ = ·U∗(A) = GL(n, R) = {A = (aij)n×n ∈ Mn×n(R) | det A 6= 0}(Tal grupo e chamado Grupo Linear Geral de grau n com entradas emR)

b) A = F(R, R), ∗ = ◦U∗(A) = SR = Bij(R, R) = {f : R → R | f e bijecao}(Tal grupo e chamado Grupo Simetrico sobre R)

Estruturas Algebricas Com Duas Operacoes Binarias

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Seja A 6= ∅, munido de duas operacoes binarias△ : A × A → A

(a, a′) 7→ a △ a′ e¤ : A × A → A

(a, a′) 7→ a ¤ a′

A tripla (A,△,¤) e uma Estrutura Algebrica Com Duas Operacoes Bi-narias se △ e ¤ satisfaz certas propriedades.

Definicao 4.5 (Distributividade).

a) Dizemos que △ e distributiva a esquerda de ¤ se ∀ x, y, z ∈A, x △ (y ¤ z) = (x △ y) ¤ (x △ z);

b) Dizemos que △ e distributiva a direita de ¤ se ∀ x, y, z ∈A, (y ¤ z) △ x = (y △ x) ¤ (z △ x);

c) Dizemos que △ e distributiva com relacao ¤ se △ e simultaneamentedistributiva a esquerda e a direita de ¤.

Observacao. Se △ e comutativa, entao as tres nocoes anteriores sao equi-valentes.

Exemplos:

a) (Apostila 1)A = { proposicoes }△ = ∧ (“e”), ¤ = ∨ (“ou”) (comutativas)

∀ p, q, r ∈ A, p ∧ (q ∨ r) = (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)e p ∨ (q ∧ r) = (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

b) (Apostila 2)E 6= ∅ (universo)A = P (E) = {X | X ⊆ E}△ = ∩, ¤ = ∪ (comutativas)

∀ X,Y, Z ∈ A, X ∩ (Y ∪ Z) = (X ∩ Y ) ∪ (X ∩ Z)e X ∪ (Y ∩ Z) = (X ∪ Y ) ∩ (X ∪ Z)

Definicao 4.6 (Anel, Domınio de Integridade e Corpo). Seja A 6= ∅munido de duas operacoes binarias

+ : A × A → A(a, a′) 7→ a + a′ e

· : A × A → A(a, a′) 7→ a · a′

Dizemos que a tripla (A, +, ·) e um Anel se:

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i) (A, +) e um grupo comutativo (tambem chamado grupo abeliano)

a) (a + b) + c = a + (b + c)

b) Existe 0 ∈ A tal que 0 + a = a = a + 0

c) Para todo a ∈ A, existe a′ = −a ∈ A tal que a + (−a) = 0

d) a + b = b + a (∀ a, b ∈ A)

ii) (A, ·) e um semigrupo:(a · b) · c = a · (b · c), ∀ a, b, c ∈ A

iii) Vale a distributividade a esquerda e a direita

a · (b + c) = ab + ace

(b + c) · a = ba + ca

Observacoes. a) Se · e comutativa, entao (A, +, ·) e dito um Anel Co-mutativo.

a · b = b · a, ∀ a, b ∈ A

b) Se A possui um elemento neutro para a operacao · (= 1), entao (A, +, ·)e dito um Anel Comutativo com Identidade. (identidade = elementoneutro para ·)

c) (A, +, ·) e dito um Domınio de Integridade se A e um anel comutativocom identidade 1 6= 0 tal que ∀ a, b ∈ A, a 6= 0 e b 6= 0 ⇒ a · b 6= 0(Pela contra-positiva, isto e equivalente a ∀ a, b ∈ A, a · b = 0 ⇒ a = 0ou b = 0)

d) (A, +, ·) e dito um Corpo se A e um anel comutativo com identidade1 6= 0 tal que todo elemento nao-nulo e inversıvel para a operacao · :

∀ a ∈ A − {0}, ∃ a−1 ∈ A | a · a−1 = 1 = a−1 · a

Exemplos:

a) (Z, +, ·) = domınio de integridade, mas nao e corpo.Justificativa: nao e corpo, pois apenas 1 e −1 possuem inverso para amultiplicacao (2 nao tem inverso em Z, pois 2−1 = 1/2 /∈ Z)

b) (Q, +, ·), (R, +, ·), (C, +, ·) = corpos

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c) (Mn×n(R), +, ·) = anel. Nao-comutativo com identidade (logo, emparticular, nao e domınio de integridade) e, alem disso, e possıvel quea · b = 0 com a 6= 0 e b 6= 0.Justificativa: n = 2

– I2 =

(1 00 1

)

e a identidade

– nao-comutativa:

a =

(0 10 0

)

∈ M2×2(R) e b =

(0 01 0

)

∈ M2×2(R)

a · b =

(0 10 0

) (0 01 0

)

=

(1 00 0

)

6=

b · a =

(0 01 0

) (0 10 0

)

=

(0 00 1

)

– a 6= 0 e b 6= 0 tal que a · b = 0

a =

(0 10 2

)

6=(

0 00 0

)

= 0

b =

(3 40 2

)

6=(

0 00 0

)

= 0

a · b =

(0 10 2

)

6=(

3 40 0

)

=

(0 00 0

)

= 0

d) (F(R, R), +, ·) = anel comutativo com identidade, mas nao e domıniode integridade, pois existem f, g ∈ F(R, R), ambas nao-nulas, tal quef · g = 0.

Observacao. f ≡ 0 ⇔ f(x) = 0, ∀ x ∈ Rf 6= 0 ⇔ ∃ x ∈ R | f(x) 6= 0

Exemplo:

f(x) =

{0, se x < 01, se x > 0

e g(x) =

{−1, se x < 00, se x > 0

f(x) · g(x) =

{0 · (−1) = 0, se x < 01 · 0 = 0, se x > 0

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PSfrag

f(x)g(x)

1

−1O O Ox x x

y y y

Teorema 4.7. Todo corpo e um domınio de integridade.

Observacao. Nao vale a recıproca, ou seja, nem todo domınio de integri-dade e um corpo.

Exemplo: Z e um domınio de integridade, mas NAO e corpo (pois apenasos numeros 1 e −1 sao inversıveis para a multiplicacao). (Isto e, a equacaoa · x = 1 so tem solucao em Z se a = 1 ou −1)

Demonstracao.{H: (A, +, ·) e um corpoT: (A, +, ·) e um domınio de integridade

Por hipotese, (A, +, ·) e um corpo, ou seja, A e um anel comutativo comidentidade 1 6= 0 tal que ∀ a ∈ A, a 6= 0, ∃ a−1 ∈ A | a · a−1 = 1 = a−1 · a.Queremos mostrar que (A, +, ·) e um domınio de integridade. Portanto, bastamostrar que ∀ a, b ∈ A, se a · b = 0, entao a = 0 ou b = 0.

{H: a · b = 0T: a = 0 ou b = 0

Vamos mostrar que se a 6= 0, entao b = 0 (analogamente, se b 6= 0 entaoa = 0).

Por hipotese, a · b = 0 (∗), com a 6= 0. Como a 6= 0 e (A, +, ·) e um corpo,entao ∃ a−1 ∈ A | a · a−1 = 1 = a−1 · a. Assim, multiplicando (∗) por a−1:

a · b = 0 (×a−1)a−1 · (a · b) = a−1 · 0(a−1 · a) · b = 0 ⇒ 1 · b = 0 ⇒ b = 0Se b 6= 0 entao ∃ b−1 ∈ A : b · b−1 = 1 = b−1 · b, assima · b = 0(a · b) · b−1 = 0 · b−1

a · (b · b−1) = 0 ⇒ a · 1 = 0 ⇒ a = 0 ¥

Alguns exemplos classicos de aneis e grupos (aplicacoes a Fısica,Computacao, Geometria, Variaveis Complexas, Algebra Linear, etc)

A) Aneis

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quatro exemplos:

A.1) ZA.2) Zn (anel dos inteiros modulo n)

A.3) Z[√

2] = {a + b√

2 | a, b ∈ Z} ⊆ RA.4) Z[i] = {a + bi | a, b ∈ Z} ⊆ C

A.1) O anel dos inteiros - Z

• (Z, +, ·) = domınio de integridade;

• 6 = ordem total;(x 6 y ⇔ x − y 6 0, ∀ x, y ∈ Z)

• P.B.O.: (2 -a versao)Todo subconjunto nao-vazio de Z, limitado inferiormente, possui ele-mento mınimo, isto e, ∀ A ⊆ Z, A 6= ∅, ∃ m = min(A), ou seja, m ∈ Ae m 6 x, ∀ x ∈ A. Logo, para tais conjuntos (“A”), vale o Princıpiode Inducao.

Teorema 4.8 (Algoritmo da Divisao de Euclides). Sejam a, b ∈ Z, comb > 0. Entao, existem unicos q, r ∈ Z tais que a = b + qr, onde 0 6 r < b.(a = dividendo, b = divisor, q = quociente, r = resto)

Geometricamente: (a, b > 0)

0 1 b 2 b q b (q + 1) ba

r = a − q b

. . .

Demonstracao. I) Existencia de q e r:Defina A = {a− bx | x ∈ Z e a− bx > 0}. Temos que A ⊆ Z+ = N∪{0}.

Afirmacao. A 6= ∅

De fato:Tome x = −|a|. Entao,

a − bx = a − b(−|a|) = a + b|a| > a + |a| > 0

Assim, tal numero a−bx, para x = −|a|, pertence a A. Logo, pelo P.B.O.,∃ min(A) = r.

Temos que:

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a) r ∈ A ⇒ ∃ x = q ∈ Z | r = a − bx = a − bq (ou a = bq + r). Alemdisso, r > 0.

b) r 6 y, ∀ y ∈ A. Falta mostrar que r < b.Suponha, por absurdo, que r > b. Considere o numero y = a − b(q + 1).

Temos quey = a − b(q + 1) = a − bq − b = r − b < r

Por outro lado, y = r − b > 0. Assim, y ∈ A com y < r (absurdo). (poiscontradiz a minimalidade de r)

Conclusao: r < b

II) Unicidade de q e r:Vamos mostrar que se a = bq + r = bq′ + r′, com q, q′, r, r′ ∈ Z e

0 6 r, r′ < b, entao q = q′ e r = r′.

bq + r = bq′ + r′ ⇒ bq − bq′ = r′ − r ⇒ b(q − q′) = r′ − r

Se mostrarmos que q = q′, segue que r′ = r. Suponha, por absurdo, queq′ 6= q. Assim, q′ − q 6= 0. Entao,

|q′ − q| > 0 ⇒ |q′ − q| > 1 (1)

Por outro lado,{0 6 r′ < b0 6 r < b

⇒ |r′ − r| < b (2)

Voltando a igualdade anterior:

|b||q − q′| = |b(q − q′)| = |r′ − r|

b(1)

6 b|q − q′| = |r′ − r| (2)

< b (absurdo)

Conclusao: q′ = q (⇒ r′ = r) ¥

Exercıcio: Calcule q e r nos seguintes casos:

a) a = 102; b = 7

102 | 732 144

102 = 7 · 14 + 4

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b) a = −102; b = 7−102 = 7 · 15 + 3

Corolario 4.9. Dados a, b ∈ Z, com b 6= 0, existem unicos q, r ∈ Z tais quea = bq + r, onde 0 6 r < |b|.

Demonstracao. Como b 6= 0, segue que |b| > 0. Pelo Teorema anterior,existem unicos q′, r′ ∈ Z tais que a = |b| q′ + r′, com 0 6 r < |b|.

1 -o caso: b > 0: neste caso, |b| = b. Assim, basta tomar q′ = q er′ = r : a = bq + r, com 0 6 r < b.

2 -o caso: b < 0: neste caso, |b| = −b. Assim, basta tomar q = −q′ er = r′ : a = −bq′ + r′ = b(−q′) + r′, com 0 6 r < −b. ¥

Exemplos: 102 = (−7)(−14) + 4−102 = (−7) 15 + 3

Observacao. Se r = 0, entao dizemos que a divisao e EXATA. Neste caso,a = b q e dizemos que “b divide a” ou “b e divisor de a” ou “b e fator de a”ou “a e multiplo de b” ou “a e divisıvel por b”.

Notacao. b | a ⇔ ∃ q ∈ Z | b q = a (⇔ q = a/b ∈ Z)negacao: b ∤ a

Exemplos: −3 | 12 (pois (−3)(−4) = 12)−5 | −60 (pois (−5)(12) = −60)−7 ∤ 20 (pois −7x = 20 nao tem solucao em Z)

Teorema 4.10 (Regras de Divisibilidade).

i) 1 | a; a | a; a | 0;

ii) a | 1 ⇔ a = 1 ou − 1; 0 | b ⇔ b = 0;

iii) a | b e c | d ⇒ ac | bd;

iv) a | b e b | c ⇒ a | c;

v) a | b e b | a ⇒ a = b ou a = −b;

vi) a | b e b 6= 0 ⇒ |a| 6 |b|;

vii) a | b e a | c ⇒ a | bx + cy, ∀ x, y ∈ ZEm particular, a | b + c (x = y = 1) e a | b − c (x = 1 e y = −1)

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Demonstracao.

vi)

{H: a | b e b 6= 0T: |a| 6 |b|

a | b ⇒ ∃ q ∈ Z | a q = b

Como b 6= 0, segue que a 6= 0 e q 6= 0.

|a q| = |b||a| 6 |a| |q|

︸︷︷︸

>1

= |b|

vii)

{H: a | b e a | cT: a | bx + cy

a | b ⇒ ∃ m ∈ Z | a m = b (×x)a | c ⇒ ∃ n ∈ Z | a n = c (×y)

a m = b(×x)=⇒ a m x = bx

a n = c(×y)=⇒ a n y = cy

⇒ a m x + a n y = bx + cy ⇒ a (mx + ny)︸ ︷︷ ︸

q ∈ Z

= bx + cy ⇒ a | bx + cy

¥

Notacoes. a ∈ ZD(a) = { divisores inteiros de a }D+(a) = { divisores naturais de a }M(a) = { multiplos inteiros de a } = aZ = {ak | k ∈ Z}M+(a) = { multiplos naturais de a }

Exemplos: a) D(1) = {±1}b) D+(1) = {1}c) D(2) = {±1,±2}d) D+(2) = {1, 2}e) D(4) = {±1,±2,±4}f) D+(4) = {1, 2, 4}g) D(0) = Zh) M(0) = {0}i) M(2) = 2Z = {2k | k ∈ Z} = {0,±2,±3,±4,±6, . . .} (numeros pares)

Definicao 4.11 (Maximo Divisor Comum e Mınimo Multiplo Co-mum).

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M.D.C. (Maximo Divisor Comum)Sejam a, b ∈ Z, nao simultaneamente nulos. Definimos o M.D.C. de a eb como sendo o numero natural d = mdc(a, b) satisfazendo as seguintescondicoes:

i) d | a e d | b;

ii) Se c ∈ N tal que c | a e c | b, entao c | d (⇒ |c| 6 |d| ⇒ c 6 d).Em outras palavras, d = max[D(a) ∩ D(b)].

M.M.C. (Mınimo Multiplo Comum)Sejam a, b ∈ Z, ambos 6= 0. Definimos o M.M.C. de a e b como sendoo numero natural m = mmc(a, b) satisfazendo as seguintes condicoes:

i) a | m e b | m;

ii) Se c ∈ N tal que a | c e b | c, entao m | c (⇒ |m| 6 |c| ⇒ m 6 c).Em outras palavras, m = min[M+(a) ∩ M+(b)].

Exemplo: a = 45 ⇒ D(45) = {±1,±3,±5,±9,±15,±45}b = 36 ⇒ D(36) = {±1,±2,±3,±4,±6,±9,±12,±18,±36}D(45) ∩ D(36) = {±1,±3,±9}d = mdc(45, 36) = max[D(45) ∩ D(36)] = 9

Observacao. Se a = 0 e b 6= 0, entao mdc(a, b) = |b|

Exemplo: a = 45 ⇒ M(45) = {45k | k ∈ Z} = {0,±45,±90,±135,±180,±225, . . .}

b = 36 ⇒ M(36) = {36k | k ∈ Z} = {0,±36,±72,±108,±144,±180,±216, . . .}

M+(45) = {45, 90, 135, 180, 225, . . .}M+(36) = {36, 72, 108, 144, 180, 216, . . .}M+(45) ∩ M+(36) = {180, 360, 540, . . .}m = min[M+(45) ∩ M+(36)] = 180

Se a = b = 0, entao D(a) = D(b) = Z, D(a) ∩ D(b) = Z, nao existeelemento maximo (∄ mdc). Se a = 0 ou b = 0, M(0) = {0}, M+(0) = ∅,nao existe elemento mınimo (∄ mmc).

Alguns resultados importantes a respeito do M.D.C. e do M.M.C. (cujasdemonstracoes sao vistas no curso de Teoria dos Numeros):

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1) Sejam a, b ∈ Z, nao simultaneamente nulos. Seja d = mdc(a, b). Entao,existem x0, y0 ∈ Z tais que d = ax0 + by0.

2) Sejam a, b ∈ Z, ambos nao-nulos. Seja d = mdc(a, b) e m = mmc(a, b).Entao, d · m = |a · b|.

Exemplo: a = 45, b = 36d = mdc(45, 36) = 9 e m = mmc(45, 36) = 180|a b| = a b = 45 · 36 = 1620 = 9 · 180 = dm

3) (Metodo das Divisoes Sucessivas para o Calculo do M.D.C.)Sejam a, b ∈ Z, com b 6= 0. Faca r0 = |b|. Existem q1, r1 ∈ Z com a = b q1+r1,onde 0 6 r1 < |b| = r0.

Se r1 = 0, entao pare.Se r1 6= 0, entao existem q2, r2 ∈ Z com r0 = r1 q2 + r2, onde 0 6 r2 < r1.Se r2 = 0, entao pare.Se r2 6= 0, entao existem q3, r3 ∈ Z com r1 = r2 q3 + r3, onde 0 6 r3 < r2....rk−2 = rk−1 qk + rk, onde 0 6 rk < rk−1...Apos um numero finito de passos, existira n ∈ N tal que rn 6= 0 e rn+1 = 0rn−3 = rn−2 qn−1 + rn−1, onde 0 < rn−1 < rn−2

rn−2 = rn−1 qn + rn, onde 0 < rn < rn−1

rn−1 = rn qn+1 + 0︸︷︷︸

rn+1

Afirmacao. mdc = rn (ultimo resto nao nulo)

r0 > r1 > r2 > r3 > · · · > rk > · · · > 0︸ ︷︷ ︸

sequencia decrescente de inteiros nao negativos (limitada); tal sequencia converge para 0

Exemplo: d = mdc(45, 36) = 9restos →

quocientes →

9 045 36 9

1 4

Exercıcios Selecionados:

1) Considere a = 180 e b = 252

a) Calcule d = mdc(a, b) pelo metodo das divisoes sucessivas

99

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b) Determine x0, y0 ∈ Z tais que d = ax0 + by0

c) Calcule m = mmc(a, b)

2) Sejam a, b ∈ Z, nao simultaneamente nulos. Dizemos que a e b sao pri-mos entre si (ou relativamente primos ou co-primos) se d = mdc(a, b) =1. Mostre que dois numeros consecutivos sao primos entre si.

3) Sejam a, b, c ∈ Z tais que a | b c e mdc(a, b) = 1. Mostre que a | c.

Resolucao:

1) a)

180 72 36 0180 252 180 72 36

0 1 2 2⇒ d = mdc(180, 252) = 36

b) 252 = 180 · 1 + 72

180 = 72 · 2 + 3672 = 36 · 2 + 036 = 180 − 72 · 2 = 180 − (252 − 180 · 1) · 2 = 3 · 180 + (−2) · 252

x0 = 3, y0 = −2

c) m = mmc(180, 252)a = 180, b = 252, d = mdc(180, 252) = 36

Segue que a · b = d · m, isto e

m =a · bd

=252 · 180

36= 1260

2) H: n, n + 1 sao dois numeros consecutivosT: d = mdc(n, n + 1) = 1

Demonstracao. De fato:

d = mdc(n, n + 1) ⇒{

d | n ed | n + 1

vii)⇒ d | (n + 1) − n = 1ii)⇒ d = 1 ou − 1

d > 0⇒ d = 1 ¥

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3)

H:

{a | b cmdc(a, b) = 1

T: a | c

Demonstracao. a | b c ⇒ ∃ m ∈ Z | a m = b c (∗)mdc(a, b) = 1 ⇒ ∃ x0, y0 ∈ Z | ax0 + by0 = 1 (∗∗)Queremos mostrar que a | c, ou seja, ∃ l ∈ Z | a l = c

Multiplicando (∗∗) por c:

c(ax0 + by0) = c · 1 ⇒ c ax0 + c by0 = c(∗)⇒ c ax0 + a my0 = c

⇒ a (cx0 + my0)︸ ︷︷ ︸

l ∈ Z

= c ⇒ a | c

¥

Definicao 4.12 (Numero Primo e Numero Composto).

• 1 -a versao: (em N)Dizemos que n ∈ N e primo se:

i) n > 1;

ii) D+(n) = {1, n}(equivalentemente: se n = a · b, com a, b ∈ N, entao ou a = 1 oub = 1)

Dizemos que n ∈ N e composto se ele nao e primo, ou seja, n > 1 e epossıvel escrever n = a · b, com 1 < a, b < n (a, b ∈ N).

• 2 -a versao: (em Z)Dizemos que n ∈ Z e primo se:

i) n 6= 1 e n 6= −1;

ii) D(n) = {−1, 1, n,−n}

Dizemos que n ∈ Z e composto se ele nao e primo, isto e, se n 6= ±1e |D(n)| > 4.

Vamos nos restringir apenas ao caso natural.

101

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Observacao. 1 e n sao ditos divisores triviais de n

Exemplos: a) 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, . . . sao primosb) 4 e composto (pois D+(4) = {1, 2, 4})

6 e composto (pois D+(6) = {1, 2, 3, 6})Notacao. P = {p ∈ N | p e primo}

Exercıcios Selecionados:

1) a) Sejam p ∈ P e a, b ∈ N. Mostre que se p | a · b, entao p | a oup | b.

b) Atraves de um contra-exemplo, verifique que a) e falso se o numerofor composto.

2) Seja n ∈ N, n > 1. Mostre que existe p ∈ P tal que p | n (isto e, todonumero natural > 1 tem um primo que o divide).

Observacao. De 2), segue o Teorema Fundamental da Aritmetica:Seja n ∈ N, n > 1

a) Existem p1, p2, . . . , pr ∈ P (nao necessariamente distintos: p1 6 p2 6. . . 6 pr) tais que n = p1 . . . pr

b) Tal decomposicao e unica, ou seja, se n = p1 . . . pr = q1 . . . qs, comp1, . . . , pr ∈ P (p1 6 p2 6 . . . 6 pr) e q1, . . . , qs ∈ P (q1 6 q2 6 . . . 6qs), entao r = s e p1 = q1, p2 = q2, . . . , pr = qs.

Resolucao:

1) a) Demonstracao.

H:

{p ∈ Pp | a · b

T: p | a ou p | b

Queremos mostrar que se p | a · b, entao p | a ou p | b. Vamosmostrar que se p ∤ a, entao p | b. (analogamente, se p ∤ b, entaop | a)

De fato: p | a · b e p ∤ a.

Afirmacao. mdc(p, a) = 1

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d = mdc(p, a) ⇒

d | ae

d | p

Como d | p e p ∈ P, entao d = 1 ou p. Temos que d 6= p, pois,do contrario, terıamos que (d =)p | a (o que contradiz a nossasuposicao inicial). Assim, d = 1. Portanto,{

p | a · bmdc(p, a) = 1

⇒ p | b¥

b) contra-exemplo: 6 /∈ P6 = 2 · 36 | 6 = 2 · 3, mas 6 ∤ 2 e 6 ∤ 3

2) H: n > 1 (n ∈ N)T: ∃ p ∈ P | p divide n

Demonstracao. A = { divisores naturais de n, maiores do que 1 }= { t ∈ N | t > 1 e t | n }A 6= ∅ (pois n ∈ A); A ⊆ NP.B.O.=⇒ ∃ p = min(A)

Afirmacao. p ∈ P

De fato: Como p ∈ A, segue que p > 1. p nao pode ser composto pois,do contrario, chegarıamos ao seguinte absurdo:

p = a · b, com 1 < a, b < p = min(A){

a | pp | n

(trans)=⇒ a | n

a | n e a > 1 ⇒ a ∈ A (absurdo), pois a < p = min(A)

Conclusao: p ∈ P ¥

Teorema 4.13 (de Euclides). P e infinito

Demonstracao. P = {x ∈ N | x e primo} = {2, 3, 5, 7, . . .}Suponha, por absurdo, que P fosse finito. P = {p1, p2, . . . , pr}Considere N = p1 p2 . . . pr + 1 > 1. Pelo exercıcio 2), existe p ∈ P | p | N .

Como P e finito, entao p = pk, onde 1 6 k 6 r.

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{pk | N = p1 p2 . . . pk . . . pr + 1 (∗)pk | p1 p2 . . . pk . . . pr (∗∗)

Em particular, pk | (∗) − (∗∗) = N − p1 p2 . . . pk . . . pr

pk | (∗)− (∗∗) = (p1 p2 . . . pk . . . pr + 1)− (p1 p2 . . . pk . . . pr) = 1 ⇒ pk = 1ou −1

pk ∈ N

=⇒ pk = 1 (absurdo), pois pk ∈ P (logo, nao pode ser 1)Conclusao: P e infinito. ¥

A.2) O anel dos inteiros modulo n - Zn

Definicao 4.14 (Congruencia modulo n). Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N, n >1. Dizemos que a e b sao congruentes modulo n se n | a − b.

Notacao. a ≡ b (mod n) (le-se: a e congruente a b modulo n)a ≡ b (mod n) ⇔ n | a − b, ou seja, existe k ∈ Z | nk = a − b

Exemplo pratico: Relogio digital (congruencia modulo 12)15 ≡ 3

︸︷︷︸(mod 12), pois 12 | 15 − 3

resto da divisao de 15 por 12

21 ≡ 9 (mod 12), pois 12 | 21 − 9

Observacao. A negacao de a ≡ b (mod n) e a 6≡ b (mod n)

Teorema 4.15. A congruencia modulo n define uma relacao de equivalenciasobre Z.

Demonstracao. De fato:(RE1) Reflexiva: a ≡ a (mod n) pois n | a − a = 0 (n · 0 = 0)

(RE2) Simetrica:

H︷ ︸︸ ︷

a ≡ b (mod n) ⇒T

︷ ︸︸ ︷

b ≡ a (mod n)

a ≡ b (mod n) ⇒ n | a− b ⇒ nk = a− b, para algum k ∈ Z ⇒ (

l ∈ Z

︷︸︸︷

−k )n =b − a ⇒ n | b − a, isto e, b ≡ a (mod n)

(RE3) Transitiva: a ≡ b (mod n) e b ≡ c (mod n) ⇒ a ≡ c (mod n)a ≡ b (mod n) ⇒ n | a − b ⇒ nk1 = a − b (k1 ∈ Z) (1)b ≡ c (mod n) ⇒ n | b − c ⇒ nk2 = b − c (k2 ∈ Z) (2)(1) + (2): nk1 + nk2 = a − c ⇒ n(k1 + k2) = a − c ⇒ nk3 = a − c⇒ a ≡ c (mod n) ¥

Exercıcios Selecionados:

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1) Verifique as seguintes propriedades de congruencias: a ≡ b (mod n),c ≡ d (mod n)

a) a + c ≡ b + d (mod n)

b) a · c ≡ b · d (mod n)

c) ak ≡ bk (mod n), ∀ k ∈ N

2) Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N, n > 1. Entao, a ≡ b (mod n) ⇔ a e bdeixam o mesmo resto na divisao por n.

3) Sejam a ∈ Z e n ∈ N, n > 1. Entao, existe um unico r ∈ Z, com0 6 r 6 n − 1 tal que a ≡ r (mod n).

Resolucao:

1) H: a ≡ b (mod n) ⇒ n | a − b ⇒ nk1 = a − b (k1 ∈ Z) (∗)c ≡ d (mod n) ⇒ n | c − d ⇒ nk2 = c − d (k2 ∈ Z) (∗∗)

a) T: a + c ≡ b + d (mod n)

Queremos mostrar que n | (a + c) − (b + d). De fato:

n | a − be

n | c − d

⇒ n | (a − b) + (c − d) (= (a + c) − (b + d))

b) T: ac ≡ bd (mod n)

Queremos mostrar que n | ac − bd, ou seja, nk3 = ac − bd paraalgum k3 ∈ Z. De fato:

ac−bd = ac−ad+ad−bd = a(c−d)+d(a−b)(∗) (∗∗)= ank2+dnk1 =

n (ak2 + dk1)︸ ︷︷ ︸

k3 ∈ Z

⇒ n | ac − bd

c) H: a ≡ b (mod n) ⇒ n | a − b ⇒ nq1 = a − b (1)T: ak ≡ bk (mod n) ⇒ n | ak − bk ⇒ nq2 = ak − bk (2)

i) k0 = 2 :

nq1 = a − b×(a + b)=⇒ n q1(a + b)

︸ ︷︷ ︸

q2

= (a − b)(a + b) = (a2 − b2) ⇒

n | a2 − b2 ⇒ a2 ≡ b2 (mod n)

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ii) Supondo que am ≡ bm (mod n) seja valido para todo m, talque 2 6 m < k, temos que mostrar que ak ≡ bk (mod n) everdadeiro.Temos que ak−1 ≡ bk−1 (mod n) ⇒ nq3 = ak−1 − bk−1 (3)Entao,

ak − bk = ak − a bk−1 + a bk−1 − bk

= a (ak−1 − bk−1) + bk−1(a − b)(3) e (1)

= a n q3 + bk−1n q1

= n (a q3 + bk−1q1)︸ ︷︷ ︸

q4

⇒ n | ak − bk ⇒ ak ≡ bk (mod n), ∀ k ∈ Z

2) a ≡ b (mod n) ⇔ a e b deixam o mesmo resto na divisao por n.

Demonstracao. (⇐) H:

{a = n q1 + rb = n q2 + r

T: a ≡ b (mod n)

a − b = (n q1 + r) − (n q2 + r) = n q1 − n q2 = n(q1 − q2) = n q3

⇒ n | a − b ⇒ a ≡ b (mod n)(⇒) H: a ≡ b (mod n) ⇒ a = b em Zn

T: r1 = r2, onde

{r1 = a − n q1

r2 = b − n q2, 0 6 r1, r2 < n

Vamos supor que r1 6= r2. Entao 0 < |r1 − r2| < n. Temos

a = b ⇒ n q1 + r1 = n q2 + r2

⇒ n q1 + r1 = n q2 + r2 ⇒ n q1 + r1 = n q2 + r2

⇒ 0 q1 + r1 = 0 q2 + r2 ⇒ 0 + r1 = 0 + r2

⇒ r1 = r2 ⇒ r1 ≡ r2 (mod n)⇒ n | r1 − r2 ⇒ n k = r1 − r2

n(∗)6 |n||k| = |n k| = |r1 − r2| < n (absurdo)

(∗) n > 0 e |k| > 0Entao r1 = r2. ¥

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3) H: a ∈ Z, n ∈ N, n > 1T: existe um unico r ∈ Z, com 0 6 r 6 n − 1, tal que a ≡ r (mod n)

Demonstracao. Como n ∈ N, podemos dividir a por n. PeloAlgoritmo da Divisao de Euclides, existem unicos q, r ∈ Z tais quea = nq + r, com 0 6 r < n ⇔ 0 6 r 6 n − 1

a = nq + r ⇒ a − r = nq ⇒ n | a − r ⇒ a ≡ r (mod n) ¥

Observacao. Na divisao por n, ha n restos possıveis: 0, 1, 2, . . . , n − 1.

Objetivo: “Operar” (adicionar e multiplicar) com tais congruencias.

Notacao. a ∈ Z

• a = {x ∈ Z | x ≡ a (mod n)}(classe de equivalencia de a pela congruencia modulo n ou classe deresıduo de a modulo n)a = {x ∈ Z | n | x − a} = {x ∈ Z | nk = x − a, k ∈ Z} = {x ∈ Z |x = a + nk, k ∈ Z}

• Z/∼ = Z/≡ (mod n) = Zn = {a | a ∈ Z}(conjunto dos inteiros modulo n)

Pelo exercıcio 3, tal conjunto Zn e finito, a saber: Zn ={0, 1, 2, . . . , n − 1} (classes dos resıduos, ou restos, na divisao por n)

Observacoes. a) a (a e dito um representante da classe)

a = b ⇔ a ≡ b (mod n)

b) Zn e uma particao de Z

– a 6= ∅

– a 6= b ⇒ a ∩ b = ∅

–⋃

a ∈ Z

a = Z

Exemplos:

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a) n = 2Z2 = {0, 1}0 = {x = 0+2k = 2k, k ∈ Z} = {0,±2,±4,±6, . . . ,±2k, . . .} (pares)1 = {x = 1 + 2k, k ∈ Z} = {±1,±3,±5,±7, . . .} (ımpares)

0 1q q

{2k} {2k + 1}Z

b) n = 3 Z3 = {0, 1, 2}0 = {3k, k ∈ Z} = {0,±3,±6,±9, . . .}1 = {3k + 1, k ∈ Z} = {. . . ,−5,−2, 1, 4, . . .}2 = {3k + 2, k ∈ Z} = {. . . ,−4,−1, 2, 5, 8, . . .}

0 1 2 Z

Operacoes Binarias Modulo n

• Adicao:+ : Zn × Zn → Zn

(x, y) 7→ x + ydef

:= x + y

• Multiplicacao:· : Zn × Zn → Zn

(x, y) 7→ x · y def

:= x · y

Teorema 4.16. a) As operacoes de “+” e “ · ” acima estao bem defini-das, ou seja, independem da escolha dos representantes das classes;

b) (Z+, +, ·) e um anel comutativo com identidade (anel dos inteiros mo-dulo n);

c) (Z+, +, ·) e um domınio de integridade ⇔ n = p ∈ P;

d) Se n = p ∈ P, entao (Z+, +, ·) e um corpo.

Demonstracao.

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a) x + y = x + yx · y = x · yPara que tais operacoes sejam validas, elas nao devem depender daescolha dos representantes x e y das classes envolvidas. Isto e, se x′ ≡ x(mod n) (isto e, x′ = x) e y′ ≡ y (mod n) (isto e, y′ = y, entaox′ + y′ = x + y e x′ · y′ = x · y.

Tal resultado segue do exercıcio 1 (pagina 105) (propriedades de con-gruencia){

x′ ≡ x (mod n)y′ ≡ y (mod n)

⇒{

x′ + y′ ≡ x + y (mod n)x′ · y′ ≡ x · y (mod n)

⇒{

x′ + y′ = x + yx′ · y′ = x · y

b) Tese: (Z+, +, ·) e um anel comutativo com identidade.De fato:

i) (Z+, +) e um grupo abeliano:(a + b) + c = a + (b + c);a + 0 = a = 0 + a;a + (−a) = 0 = (−a) + a;a + b = b + a

ii) (Z+, ·) e um semigrupo a · (b · c) = (a · b) · c;iii) Valem as leis distributivas

a · (b + c) = a · b + a · ce

(b + c) · a = b · a + c · aiv) · e comutativo a · b = b · a;

v) · possui 1 como elemento neutro: a · 1 = a = 1 · a

c) (Zn, +, ·) e DI ⇔ n = p ∈ P

(⇐) H: n = p ∈ PT: (Zn, +, ·) e DI

Queremos mostrar que (Zn, +, ·) e um Domınio de Integridade,isto e, anel comutativo com identidade tal que

a · b = 0 ⇒ a = 0 ou b = 0 (a, b ∈ Zn)

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Falta mostrar que se a · b = 0, entao a = 0 ou b = 0

(∗) Lembre-se: p ∈ P, p | a · b ⇒ p | a ou p | ba · b = 0 ⇒ a b = 0 ⇒ a b ≡ 0 (mod p) ⇒ p | a b − 0 = a b

(∗)⇒

p | aou

p | b⇒

p | a − 0ou

p | b − 0⇒

a ≡ 0 (mod p)ou

b ≡ 0 (mod p)⇒

a = 0ou

b = 0

(⇒) H: (Z+, +, ·) e DIT: n ∈ Ppela contra-positiva, (H ⇒ T) ⇔ (¬ T ⇒ ¬ H)

¬ T: n /∈ P, ou seja, n e composto: n = a b, com 1 < a, b < n.

n = a b ⇒ n = a b = a · b = 0, onde a 6= 0 e b 6= 0, pois como{

a < n, entao n ∤ a − 0 (a 6≡ 0 (mod n))b < n, entao n ∤ b − 0 (b 6≡ 0 (mod n))

d) Tese: n = p ∈ P ⇒ (Zp, +, ·) e corpo

Queremos mostrar que (Zp, +, ·) e corpo, ou seja, anel comutativocom identidade tal que todo elemento 6= 0 possui inverso multipli-cativo:

∀ a ∈ Zp, a 6= 0, ∃ (a)−1 ∈ Zp | a (a)−1 = 1

Falta mostrar que dado a ∈ Zp, a 6= 0, ∃ (a)−1 ∈ Zp | a (a)−1 = 1

De fato:

(∗) Lembre-se: p ∈ P; a ∈ Zp ∤ a ⇒ mdc(p, a) = 1

Tome a ∈ Zp, com a 6= 0. Isto equivale a dizer que a 6≡ 0 (mod p),ou seja, p ∤ a − 0 = a. Por (∗), mdc(p, a) = 1. Logo, existemx0, y0 ∈ Z: px0 + ay0 = 1.

Tomando a classe de equivalencia

px0 + ay0 = 1 ⇒ px0 + ay0 = 1 ⇒ p x0 + a y0 = 1

⇒ 0x0 + a y0 = 1 ⇒ 0 + a y0 = 1 ⇒ a y0︸︷︷︸

(a)−1

= 1

¥

Exemplos: (Construcao das tabuas de adicao e multiplicacao para Zn)

• n = 2 : Z2 = {0, 1}, onde 0 = {2k | k ∈ Z} (pares) e 1 = {1 + 2k | k ∈Z} (ımpares)

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+ 0 1

0 0 11 1 0

· 0 1

0 0 01 0 1

• n = 3 : Z3 = {0, 1, 2}, onde

0 = {3k | k ∈ Z}1 = {1 + 3k | k ∈ Z}2 = {2 + 3k | k ∈ Z}

+ 0 1 2

0 0 1 21 1 2 02 2 0 1

· 0 1 2

0 0 0 01 0 1 22 0 2 1

• n = 4 : Z4 = {0, 1, 2, 3}, onde

0 = {4k | k ∈ Z}1 = {1 + 4k | k ∈ Z}2 = {2 + 4k | k ∈ Z}3 = {3 + 4k | k ∈ Z}

+ 0 1 2 3

0 0 1 2 31 1 2 3 02 2 3 0 13 3 0 1 2

· 0 1 2 3

0 0 0 0 01 0 1 2 31 0 2 0 22 0 3 2 1

• n = 5 : Z5 = {0, 1, 2, 3, 4}, onde

0 = {5k | k ∈ Z}1 = {1 + 5k | k ∈ Z}2 = {2 + 5k | k ∈ Z}3 = {3 + 5k | k ∈ Z}4 = {4 + 5k | k ∈ Z}

111

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+ 0 1 2 3 4

0 0 1 2 3 41 1 2 3 4 02 2 3 4 0 13 3 4 0 1 24 4 0 1 2 3

· 0 1 2 3 4

0 0 0 0 0 01 0 1 2 3 42 0 2 4 1 33 0 3 1 4 24 0 4 3 2 1

• n = 6 : Z6 = {0, 1, 2, 3, 4, 5}, onde

0 = {6k | k ∈ Z}1 = {1 + 6k | k ∈ Z}2 = {2 + 6k | k ∈ Z}3 = {3 + 6k | k ∈ Z}4 = {4 + 6k | k ∈ Z}5 = {5 + 6k | k ∈ Z}

+ 0 1 2 3 4 5

0 0 1 2 3 4 51 1 2 3 4 5 02 2 3 4 5 0 13 3 4 5 0 1 24 4 5 0 1 2 35 5 0 1 2 3 4

· 0 1 2 3 4 5

0 0 0 0 0 0 01 0 1 2 3 4 52 0 2 4 0 2 43 0 3 0 3 0 34 0 4 2 0 4 25 0 5 4 3 2 1

Exercıcio: Z6 e DI? Justifique atraves de um exemplo.Nao, pois 6 e composto. Exemplo: 2 6= 0 (pois 6 ∤ 2 − 0), 3 6= 0 (pois 6

∤ 3 − 0), mas 2 · 3 = 2 · 3 = 6 = 0

A.3) Z[i] = {a + bi | a, b ∈ Z e i2 = −1} ⊂ C = {a + bi | a, b ∈ R}(i = unidade imaginaria)Graficamente: C ↔ R2 (plano bidimensional)Z[i] ↔ Z2 = Z × Z = {(a, b) | a, b ∈ Z}

0 1

1

2

2

3

−1

−1

−2

−2−3

x

y

112

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• Adicao:x = a + bi ∈ Z[i]y = c + di ∈ Z[i]

x + y = (a + bi) + (c + di)def= (a + c) + (b + d)i

q q q(a, b) (c, d) (a + c, b + d)

• Multiplicacao:x · y = (a + bi) · (c + di) = (ac − bd) + (da + bc)i

(Z[i], +, ·) e um anel comutativo com identidade0 + 0i, 1 = 1 + 0i, −(a + bi) = (−a) + (−b)i

Exercıcios:1) Mostre que (Z[i], +, ·) e um domınio de integridade.2) Mostre que U·(Z[i]) = {±1,±i} (portanto, Z[i] nao e corpo)

Observacao. O anel (Z[i], +, ·) e dito o anel dos inteiros gaussianos.

Resolucao:

1) Falta mostrar que se (a + bi) · (x + yi) = 0 (= 0 + 0i) entao a + bi = 0ou x + yi = 0De fato:Suponha que a + bi 6= 0, isto e, a 6= 0 ou b 6= 0 (analogamente,x + yi 6= 0). Vamos mostrar que x + yi = 0.

(a+bi)(x+yi) = 0 = 0+0i ⇔{

ax − by = 0ay + bx = 0

⇔{

ax − by = 0bx + ay = 0

(∗)

(∗) e um Sistema Linear Homogeneo com duas equacoes a duas incog-nitas: x, y.

Em notacao matricial:(

a −bb a

)(xy

)

=

(00

)

det A =

∣∣∣∣

a −bb a

∣∣∣∣= a2 + b2 > 0 (6= 0)

(pois (a, b) 6= (0, 0))

⇒ (∗) e um SPD, isto e, tem solucao unica, a saber: trivial (0, 0).

113

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2) Tese: U·(Z[i]) = {±1,±i}Queremos resolver a seguinte equacao:

(a + bi)︸ ︷︷ ︸

(dado)

(x + yi)︸ ︷︷ ︸

(a obter)

= 1 = 1 + 0i

Como queremos que o produto seja 1, entao a + bi 6= 0 e x + yi 6= 0

(a + bi)(x + yi) = 1 = 1 + 0i ⇔{

ax − by = 1ay + bx = 0

⇔{

ax − by = 1bx + ay = 0

(a −bb a

)(xy

)

=

(10

)

Regra de Cramer

x =

∣∣∣∣

1 −b0 a

∣∣∣∣

∣∣∣∣

a −bb a

∣∣∣∣

=a

a2 + b2y =

∣∣∣∣

a 1b 0

∣∣∣∣

∣∣∣∣

a −bb a

∣∣∣∣

=−b

a2 + b2

Assim,

x + yi = (a + bi)−1 =a

a2 + b2− b

a2 + b2i ∈ Z[i]

Comoa

a2 + b2∈ Z e

−b

a2 + b2∈ Z, devemos impor que a2 + b2 = 1.

a2 + b2 = 1 tem solucao em Z ⇔

a2 = 1e

b2 = 0ou

a2 = 0e

b2 = 1

a = ±1e

b = 0ou

a = 0e

b = ±1

Assim, (1, 0), (−1, 0), (0, 1) e (0,−1) sao as unicas solucoes em Z.

A.4) Z[√

2] = {a + b√

2 | a, b ∈ Z} ⊂ R

• Adicao:(a + b

√2) + (c + d

√2) = (a + c) + (b + d)

√2

114

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• Multiplicacao:(a + b

√2)(c + d

√2) = (ac + 2bd) + (ad + bc)

√2

Exercıcio: Mostre que (Z[√

2], +, ·) e um domınio de integridade.

(Z[√

2], +, ·) e DI, ou seja, e um anel comutativo com identidade 1 6= 0,tal que, se a + b

√2 6= 0 e c + d

√2 6= 0, entao (a + b

√2)(c + d

√2) 6= 0.

De fato:

i) (Z[√

2], +) e um grupo abeliano:• (a+b

√2)+[(c+d

√2)+(e+f

√2)] = [(a+b

√2)+(c+d

√2)]+(e+f

√2)

• (a + b√

2) + (0 + 0√

2) = (0 + 0√

2) + (a + b√

2) = a + b√

2• (a + b

√2) + (−a − b

√2) = (−a − b

√2) + (a + b

√2) = 0 + 0

√2

• (a + b√

2) + (c + d√

2) = (c + d√

2) + (a + b√

2)

ii) (Z[√

2], ·) e um semigrupo:• (a + b

√2)[(c + d

√2)(e + f

√2)] = [(a + b

√2)(c + d

√2)](e + f

√2)

iii) vale a distributividade a esquerda e a direita• (a+b

√2)[(c+d

√2)+(e+f

√2)] = [(c+d

√2)+(e+f

√2)](a+b

√2) =

(a + b√

2)(c + d√

2) + (a + b√

2)(e + f√

2)

iv) “ · ” e comutativa• (a + b

√2)(c + d

√2) = (c + d

√2)(a + b

√2)

v) Z[√

2] possui elemento neutro para a “ · ”• (a + b

√2)(1 + 0

√2) = (1 + 0

√2)(a + b

√2) = a + b

√2

vi) Se (a + b√

2) 6= 0 e (c + d√

2) 6= 0, entao (a + b√

2)(c + d√

2) 6= 0 ou,pela contra-recıproca, (a + b

√2)(c + d

√2) = 0 ⇒ (a + b

√2) = 0 ou

(c + d√

2) = 0. Seja (a + b√

2)(c + d√

2) = 0.

– Suponha que (a + b√

2) 6= 0, vamos mostrar que (c + d√

2) = 0.Temos

(ac + 2bd) + (ad + bc)√

2 = 0 ⇒{

ac + 2bd = 0bc + ad = 0

em notacao matricial:(a 2bb a

)(cd

)

=

(00

)

(SLH)

det

(a 2bb a

)

= a2 − 2b2

115

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a2 − 2b2 = 0 ⇒ a2 = 2b2 ⇒ |a| =√

2|b|mas a, b ∈ Z, entao a2−2b2 6= 0. Daı, temos um SPD, so a solucaotrivial satisfaz o sistema, entao c + d

√2 = 0 + 0

√2 = 0

– Analogamente, se (c + d√

2) 6= 0, entao (a + b√

2) = 0.

B) GruposB.1) Grupos de Rotacoes no Plano R2

(x, y) (dado)

(x′, y′) (a obter)

θ

x

y

(Rotacao de (x, y) ao redor da origem de θ rad no sentido anti-horario)Em IAL (ou AL):

(x′

y′

)

=

(cos θ − sen θsen θ cos θ

)

︸ ︷︷ ︸

matriz de rotacao em R

(xy

)

Em R3 :

cos θ − sen θ 0sen θ cos θ 0

0 0 1

G =

{(cos θ − sen θsen θ cos θ

) ∣∣∣ θ ∈ R

}

e um grupo com relacao a operacao de

multiplicacao de matrizes.

• e =

(1 00 1

)

(θ = 0 ou 2π)

• fato:(a bc d

)−1

=1

ad − bc

(d −b−c a

)

, se ad − bc 6= 0

det

(cos θ − sen θsen θ cos θ

)

= cos2 θ + sen2 θ = 1 6= 0

116

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(cos θ − sen θsen θ cos θ

)−1

=

(cos θ sen θ− sen θ cos θ

)

= AT

(A−1 = AT matrizes ortogonais)

B.2) Grupos & Variaveis Complexas

• G = {z ∈ C | |z| = 1} e um grupo com relacao a operacao de multi-plicacao em C. (cırculo unitario)

1

i

−1

−i

z = (x, y)

z = (x,−y)

x

y

z = cos θ + i sen θ = eiθ

(

z−1 =1

z=

z

z z=

z

|z|2 = z

)

• G = {z ∈ C | zn = 1} = {1, w, w2, . . . , wn−1}, onde w = cos(2π/n) +i sen(2π/n), e um grupo com relacao a multiplicacao em C. (raızesn-esimas da unidade)

1

ww2

w3

wn−1

B.3) Grupos & Quımica & Fısica Quantica (Grupo das Sime-trias)

Motivacao: Quımica/ Fısica: (simetrias de uma molecula ou de um cris-tal)

Exemplo: NH3 (amonia) (molecula)CH4 (metano) (molecula)

117

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NaCl (cloreto de sodio) (cristal)Simetria de uma molecula: movimento em R3 que “preserve” a molecula,

ou seja, movimento que leve um atomo num atomo do mesmo elemento epreserve as valencias.

Simetria de um cristal: movimento em R3 que “preserve” o cristal (pre-servar ligacoes quımicas e propriedades dos elementos)

H H

H

H H

H H

N C

NH3 CH4

Em R2

Isometria em R2:T : R2 → R2

v 7→ T (v)

bijecao que preserva a distancia d(T(v1), T(v2)) = d(v1, v2)Em AL: as isometrias em R2 sao

• Rotacao em torno de pontos (linear)

• Reflexoes em torno de eixos (linear)

• Translacoes (nao e linear)

Seja X ⊆ R2 (por exemplo, um polıgono regular) limitado. Uma simetriade X e uma isometria que leva X em X. Neste caso, as unicas simetrias deX sao rotacoes e reflexoes.

Grupos Diedrais - Dn:Grupos das simetrias de um polıgono regular de n lados em R2:

A

B CO

120o

r

st

n = 3 : D3 = grupo diedral das simetrias de umtriangulo equilatero. (com relacao a composicao)

O = baricentro (origem fixa)(encontro das medianas)

Ha seis simetrias para o triangulo equilatero:

118

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• ρ 2π3: rotacao em torno de O no sentido anti-horario de 2π/3;

• ρ 4π3: rotacao em torno de O no sentido anti-horario de 4π/3;

• ρ2π: rotacao em torno de O no sentido anti-horario de 2π;

• τr: reflexao em torno da reta r passando por A e O;

• τs: reflexao em torno da reta s passando por B e O;

• τt: reflexao em torno da reta t passando por C e O

D3 = {ρ 2π3, ρ 4π

3, ρ2π, τr, τs, τt}

ρ 2π3

=

(1 2 32 3 1

)

ρ 4π3

=

(1 2 33 1 2

)

ρ2π =

(1 2 31 2 3

)

= Id

τr =

(1 2 31 3 2

)

τs =

(1 2 33 2 1

)

τt =

(1 2 32 1 3

)

(vide 3 -a lista)

rotacao ◦ rotacao = rotacaorotacao ◦ reflexao = reflexaoreflexao ◦ reflexao = rotacao

AB

C D

O

rs

h

v

n = 4: (quadrado)

O = centro de gravidade(fixo)

Oito simetrias:

• ρπ2: rotacao de π/2 rad no sentido anti-horario em torno de O;

• ρπ: rotacao de π rad no sentido anti-horario em torno de O;

• ρ 3π2: rotacao de 3π/2 rad no sentido anti-horario em torno de O;

• ρ2π = Id: rotacao de 2π rad no sentido anti-horario em torno de O;

• τr: reflexao em torno da reta r;

• τs: reflexao em torno da reta s;

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• τt: reflexao em torno da reta horizontal h;

• τt: reflexao em torno da reta vertical v

D4 = {I, ρπ2, ρπ, ρ 3π

2, τr, τs, τh, τv}

I =

(1 2 3 41 2 3 4

)

ρπ2

=

(1 2 3 42 3 4 1

)

ρπ =

(1 2 3 43 4 1 2

)

ρ 3π2

=

(1 2 3 44 1 2 3

)

τr =

(1 2 3 41 4 3 2

)

τs =

(1 2 3 43 2 1 4

)

τh =

(1 2 3 44 3 2 1

)

τv =

(1 2 3 42 1 4 3

)

Observacao. (Algebra 2) Pode-se mostrar que o grupo Dn (n > 3) e cons-tituıdo de 2n elementos, a saber:

• n rotacoes em torno do centro O: 2kπ/n, k = 1, . . . , n

• n reflexoes

– n ımpar: reflexao em torno de retas unindo vertices ao pontomedio do lado oposto

– n par: reflexao em torno de retas unindo vertices opostos e reflexaoem torno de retas unindo pontos medios de lados opostos

B.4) Grupos & Fısica

• Fısica Nuclear: representacao de grupos para classificar partıculas ele-mentares (quarks, anti-gearks, mesons, . . .)

interacao fracainteracao forteinteracao eletromagnetica

• Mecanica Classica & Relatividade: simetrias que preservem proprieda-des fısicas e mudancas de coordenadas

120

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– (Mecanica Classica): Grupo de Newton - Galileu{

x′ = x − vtt′ = t

– (Relatividade): Grupo de Lorentz

x′ =x − vt

1 −(v

c

)2

t′ =t −

( v

c2

)

x√

1 −(v

c

)2

(c = velocidade da luz)

Correcao: (lista 3)

9) Lembre-se: X 6= ∅Sim(X) = Bij(X,X) = {f : X → X | f e bijecao}∗ = ◦(Grupo Simetrico sobre X)

Caso particular: X = {1, 2, . . . , n}Sn = {f : X → X | f e bijecao}

– |Sn| = n!

– X = {1, 2, 3}(n = 3) : S3 = {f1, f2, f3, f4, f5, f6}, onde

f1 =

(1 2 31 2 3

)

= e = Idx f2 =

(1 2 31 3 2

)

f3 =

(1 2 33 2 1

)

f4 =

(1 2 32 1 3

)

f5 =

(1 2 32 3 1

)

f6 =

(1 2 33 1 2

)

(S3, ◦) NAO e abeliano, isto e, ◦ nao e comutativa.

Exemplo:

f2 ◦ f5 =

(1 2 31 3 2

)

◦(

1 2 32 3 1

)

=

(1 2 33 2 1

)

= f3

f5 ◦ f2 =

(1 2 32 3 1

)

◦(

1 2 31 3 2

)

=

(1 2 32 1 3

)

= f4

Conclusao: f2 ◦ f5 6= f5 ◦ f2

121

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2) d) nZ = {nk | k ∈ Z} (multiplos de n) n ∈ Nn = 1 : Zn = 2 : 2Z = {2k | k ∈ Z} (pares)

– nZ e fechado para +x = nk1 ∈ nZ (k1 ∈ Z) e y = nk2 ∈ nZ (k2 ∈ Z)x + y = nk1 + nk2 = n (k1 + k2)

︸ ︷︷ ︸

k3

∈ nZ

– nZ e fechado para ·x · y = (nk1) · (nk2) = n (k1nk2)

︸ ︷︷ ︸

k3

∈ nZ

3) A = P ({a, b}) = {∅, {a}, {b}, {a, b}}∗ = ∩

∩ ∅ {a} {b} {a, b}∅ ∅ ∅ ∅ ∅{a} ∅ {a} ∅ {a}{b} ∅ ∅ {b} {b}{a, b} ∅ {a} {b} {a, b}

– ∗ = ∩ e comutativa pois a tabua e simetrica em relacao a diagonalprincipal

– e = {a, b} (conjunto universo)

– elementos inversıveis (simetrizaveis): {a, b}′ = {a, b}– elementos regulares: {a, b}

Exercıcios Selecionados:

1) a) Calcule o mdc (d) de a = 3887 e b = 637 usando o metodo dasdivisoes sucessivas.

b) Determine x0, y0 ∈ Z tais que d = ax0 + by0

2) Sejam A um domınio de integridade e a, b, c ∈ A. Mostre que se a b =a c e a 6= 0, entao b = c (lei do cancelamento)

3) Mostre que√

p e irracional, onde p ∈ P. (Sugestao: p ∈ P e p | a · b ⇒p | a ou p | b)

122

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4) Explique o motivo pelo qual

a) Z NAO e corpo (Z, +, ·)b) (Z6, +, ·) nao e domınio de integridade

c) (N, +) nao e monoide

d) (Z,−) nao e semigrupo

e) (M2×2(R), +, ·) NAO e domınio de integridade

Resolucao:

1) a)

restos →

quocientes →

65 52 13 03887 637 65 52 13

6 9 1 4

d = mdc(a, b) = 13

b) x0, y0 ∈ Z =?13 = 3887x0 + 637y0

3887 = 637 · 6 + 65637 = 65 · 9 + 5265 = 52 · 1 + 1352 = 13 · 4 + 0

13 = 65 − 52 · 1 = 65 − (637 − 65 · 9) · 1 = 65 · 10 − 637 · 1= (3887 − 637 · 6) · 10 − 637 · 1 = 3887 · 10 − 637 · 61

= 3887 · 10 + 637 · (−61)

2) A = DI (anel comutativo com identidade tal que a · b = 0 ⇒ a =0 ou b = 0, ∀ a, b ∈ A)

H:

{a b = a ca 6= 0

T: b = c

Demonstracao. a b = a c ⇒ a b − a c = 0 ⇒ a (b − c) = 0A = DI=⇒ a = 0 ou b − c = 0

Como a 6= 0, segue que b − c = 0 ⇒ b = c ¥

123

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3) H: p ∈ PT:

√p e irracional

Demonstracao. Suponha, por absurdo, que√

p ∈ Q. Assim,∃ a, b ∈ Z, com b 6= 0 tal que

√p = a/b. Sem perda de generalidade,

a, b ∈ N e a/b e uma fracao irredutıvel, isto e, mdc(a, b) = 1.

√p =

a

b⇒ p =

a2

b2⇒ a2 = p · b2

︸ ︷︷ ︸

(∗)

⇒ p | a2 = a · a ⇒ p | a

p | a ⇒ a = p · m︸ ︷︷ ︸

(∗∗)

para algum m ∈ N

Substituindo (∗∗) em (∗)

(p m)2 = p b2 ⇒ p2 m2 = p b(p 6= 0)⇒ pm2 = b2 ⇒ p | b2 = b · b ⇒ p | b

Conclusao: a e b tem p como fator comum o que contradiz o fato demdc(a, b) = 1.

√p /∈ Q. ¥

4) a) Pois apenas 1 e −1 tem inverso multiplicativo (U·(Z) = {±1})b) 6 /∈ P (6 = 2 · 3)

2 6= 0 e 3 6= 0, mas 2 · 3 = 6 = 0

c) ∄ elemento neutro (0 /∈ N)

d) − nao e associativaExemplo: (1−2)−3 = −1−3 = −4 6= 2 = 1−(−1) = 1−(2−3)

e) · nao e comutativaExemplo:(

0 10 0

)(0 01 0

)

=

(1 00 0

)

6=(

0 00 1

)

=

(0 01 0

)(0 10 0

)

Existem matrizes nao-nulas cujo produto e a matriz nula.

Exemplo:(

0 10 0

)(0 10 0

)

=

(0 00 0

)

124

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5 Homomorfismo Entre Estruturas Algebri-

cas

Motivacao: Dados A e B duas estruturas algebricas do mesmo tipo, que-remos definir uma funcao f : A → B que “preserve” as operacoes de cadaconjunto.

Definicao 5.1 (Homomorfismo Entre Duas Estruturas Algebricas).

i) (uma operacao binaria)Sejam (A, ∗) e (B, ◦) duas estruturas algebricas com uma operacaobinaria. Dizemos que uma funcao f : A → B e um homomorfismo sef “preserva” as operacoes “∗” e “◦”, ou seja,

∀ a, a′ ∈ A, f(a ∗ a′) = f(a) ◦ f(a′)

A B

a

a′

a ∗ a′

f(a)

f(a′)

f(a ∗ a′) = f(a) ◦ f(a′)

ii) (duas operacoes binarias)Sejam (A, ∗,¤) e (B, ◦,△) duas estruturas algebricas com duas ope-racoes binarias. Dizemos que uma funcao f : A → B e um homomor-fismo se f “preserva” as primeiras operacoes “∗” e “◦” e tambem assegundas operacoes “¤” e “△” de A e B, ou seja,

∀ a, a′ ∈ A, f(a ∗ a′) = f(a) ◦ f(a′)e

f(a ¤ a′) = f(a)△ f(a′)

Classificacao de Homomorfismo

Seja f : A → B um homomorfismo

a) Se f e sobrejetora, entao f e dito um Epimorfismo;

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b) Se f e injetora, entao f e dito um Monomorfismo;

c) Se f e bijecao, entao f e dito um Isomorfismo. Neste caso, A e B saoditos isomorfos.

Notacao. A ∼= B (le-se: A e isomorfo a B)

Casos particulares

d) Se A = B, entao f e dito um Endomorfismo

e) Se A = B e f e uma bijecao, entao f e dito um Automorfismo (=Endomorfismo Bijetor = Isomorfismo de um conjunto em si mesmo).

Exemplos:

a) E = {a, b}A = B = P (E) = {∅, {a}, {b}, {a, b}}∗ = ∩ (operacao em A)◦ = ∪ (operacao em B)

f : A → B = AX 7→ f(X) = ∁E(X) = E − X

f(∅) = ∁E∅ = E − ∅ = E = {a, b}f({a}) = ∁E{a} = E − {a} = {b}f({b}) = ∁E{b} = E − {b} = {a}f(E) = ∁EE = E − E = ∅

• f e injetora• f e sobrejetora

}

⇒ f e bijecao

Afirmacao. f e um homomorfismo (entre monoides).

De fato:

X,Y ∈ A (quaisquer)f(X ∗ Y ) = f(X) ◦ f(Y )f(X ∩ Y ) = ∁E(X ∩ Y ) = ∁E(X) ∪ ∁E(Y ) = f(X) ∪ f(Y )

Conclusao: f e isomorfismo (na verdade, como A = B, e automor-fismo).

126

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b) A = R, ∗ = + (grupo abeliano)B = R∗

+ = (0,∞), ◦ = · (grupo abeliano)

f : (R, +) → (R∗+, ·)

x 7→ f(x) = ex

Afirmacao. f e um isomorfismo (de grupos)

De fato:

• f e bijecao, pois

f−1 : (R∗+, ·) → (R, +)

x 7→ f−1(x) = ln x

e a inversa de f .

• f e homomorfismo: x, x′ ∈ Rf(x ∗ x′) = f(x) ◦ f(x′)f(x + x′) = ex+x′

= ex · ex′= f(x) · f(x′)

Analogamente, f−1 e um homomorfismo:

f−1(y · y′) = ln(y · y′) = ln y + ln y′ = f−1(y) + f−1(y′)

Assim, (R, +) ∼= (R∗+, ·)

c) A = GL(n, R) = grupo linear geral de dimensao (grau) n com entradasem R = {A = (aij) ∈ Mn×n(R) | A e inversıvel} = U·(Mn×n(R))∗ = ·(grupo nao abeliano)

B = R∗ = R − {0} (grupo abeliano)◦ = ·f : A → B

X 7→ f(X) = det X

Afirmacao. f e um epimorfismo (de grupos).

• f e um homomorfismo:X,Y ∈ Af(X · Y ) = det(X · Y ) = det X · det Y = f(X) · f(Y )

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• f e sobrejetora:Dado λ ∈ B, existe X ∈ A tal que f(X) = λ

X =

λ 0 . . . 00 1 . . . 0...

.... . .

0 0 1

n×n

(matriz diagonal)

det X = λ · 1 · 1 . . . 1︸ ︷︷ ︸

n−1 vezes

= λ

Observacao. f nao e injetora, pois matrizes distintas podem ter o mesmodeterminante.

Exemplo:

X =

1

1 00 . . .

1

⇒ det X = 1

Y =

−1

−1 01

0 . . .

1

⇒ det Y = 1

X 6= Y , mas det X = 1 = det Y

Exercıcios:

1) Verifique em cada caso que f e um homomorfismo e classifique-o:

a) (A, +, ·) - anel

f : A → Ax 7→ f(x) = x

(aplicacao identidade)

b) A = ZB = Zn = {0, 1, 2, . . . , n − 1} (n ∈ N, n > 1)

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(aneis)f : A → B

x 7→ f(x) = x

c) A = Z, ∗ = +B = 2Z = {2k | k ∈ Z}, ◦ = +(grupos abelianos)

f : A → Bx 7→ f(x) = 2x

d) (A, +, ·) = anelf : A → B = A

x 7→ f(x) = 0

(aplicacao nula)

2) Verifique sef : Z → Z

x 7→ f(x) = −x

e um homomorfismo de aneis.

Resolucao:

1) a)

{f(x + x′) = x + x′ = f(x) + f(x′)f(x · x′) = x · x′ = f(x) · f(x′)

⇒ f e homomorfismo• f e bijecaoisomorfismo (na verdade, automorfismo)

b)

{f(x + x′) = x + x′ = x + x′ = f(x) + f(x′)f(x · x′) = x · x′ = x · x′ = f(x) · f(x′)

⇒ f e homomorfismo• f e sobrejetora: CD(f) = Zn

Im(f) = {f(x) | x ∈ A} = {x | x ∈ Z} = Zn

Conclusao: f e um epimorfismo (chamado de projecao canonica)

Observacao. f nao e injetora, pois elementos distintos podem ter a mesmaimagem.

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Exemplo: n = 2

Z2 = {0, 1}2 6= 4, mas f(2) = 2 = 0 = 4 = f(4)

c) • f(x + x′) = 2(x + x′) = 2x + 2x′ = f(x) + f(x′)⇒ f e homomorfismo de grupo• f e sobrejetora, pois Im(f) = {2x | x ∈ A} = B = CD(f)• f e injetora, pois x 6= x′

︸ ︷︷ ︸

∈ A

⇒ f(x)︸︷︷︸

∈ B

= 2x 6= 2x′ = f(x′)︸ ︷︷ ︸

∈ B

Assim, f e bijecao. Logo, f e isomorfismo (Z ∼= 2Z)

d) • f(x + x′) = 0 = 0 + 0 = f(x) + f(x′)• f(x · x′) = 0 = 0 · 0 = f(x) · f(x′)

Se A 6= {0}, entao f nao e sobrejetora. Alem disso, f nao einjetora.

2) a) f(x + x′) = −(x + x′) = −x − x′ = (−x) + (−x′) = f(x) + f(x′)

(1 -a operacao e “preservada”)

b) f(x · x′) = −(x · x′)

6=f(x) · f(x′) = (−x) · (−x′) = x · x′

(2 -a operacao NAO e “preservada”)

Conclusao: f NAO e homomorfismo de aneis.

Observacao. (Algebra Linear)

A = V = espaco vetorial sobre um corpo K

+ (adicao de vetores); · (multiplicacao por escalar)

B = W = espaco vetorial sobre um corpo K

T : V → Wv 7→ w = T (v)

e uma Transformacao Linear se T “preserva” as operacoes “+” e “ · ”, ouseja, se T e um homomorfismo entre espacos vetoriais

{T (v + v′) = T (v) + T (v′); (∀ v, v′ ∈ V )T (αv) = αT (v); (α ∈ K, v ∈ V )

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6 Polinomios

Definicao 6.1 (Polinomio com Coeficientes num Anel A). Seja A umanel comutativo com identidade. Definimos um polinomio na indeterminadaX com coeficientes em A como sendo uma soma infinita do seguinte tipo:

a0 + a1X + a2X2 + . . . + anX

n + 0Xn+1 + 0Xn+2 + . . . + 0Xk + . . .

(onde ∃ n ∈ Z+ | aj = 0, se j > n)Por convencao, representamos apenas a parte “finita” do polinomio (sem

as infinitas parcelas de 0’s).

Notacoes. f(X) = a0 + a1X + a2X2 + . . . + anX

n

• ai’s ∈ A, 0 6 i 6 n: coeficientes do polinomio f(X) (constantes);

• X: indeterminada ou “variavel” (pode assumir qualquer valor, NAOnecessariamente em A;

• aiXi = monomio de polinomio f(X);

• A[X] = {a0+a1X+a2X2+ . . .+anX

n | ai’s ∈ A (0 6 i 6 n), n ∈ Z+}(le-se: conjunto dos polinomios na indeterminada X com coeficientesno anel A)

Observacoes. a) Definimos o polinomio identicamente nulo como sendoaquele cujos coeficientes sao todos nulos:

f(X) = 0 + 0X + 0X2 + . . . = 0 (aj’s = 0, ∀ j ∈ Z+)

b) Dois polinomios f(X) e g(X) sao iguais se os respectivos coeficientessao iguais, isto e:

f(X) = a0 + a1X + . . . + anXn (+ . . .)

g(X) = b0 + b1X + . . . + bmXm (+ . . .)f(X) = g(X) ⇔ aj = bj, ∀ j ∈ Z+

c) (Grau de Polinomio)

Seja f(X) ∈ A[X] − {0}. Entao, f(X) = a0 + a1X + . . . + anXn, coman 6= 0 e aj = 0, se j > n + 1. Definimos o grau de f(X) como sendogr(f) = n ∈ Z+. NAO se define grau para o polinomio identicamentenulo.

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Exemplos: a) f(X) = a (a 6= 0)gr(f) = 0 (polinomio constante)

b) f(X) = b + aX1 (a 6= 0)gr(f) = 1 (polinomio do 1 -o grau)

c) f(X) = c + bX + aX2 (a 6= 0)gr(f) = 2 (polinomio do 2 -o grau)

Afirmacao. Sejam f(X), g(X) ∈ A[X] − {0}. Entao, gr(f + g︸ ︷︷ ︸

6= 0

) 6

max{gr(f), gr(g)}.

Em A[X] vamos definir duas operacoesf(X) = a0 + a1X + . . . + anX

n, com an 6= 0 (gr(f) = n)g(X) = b0 + b1X + . . . + bmXm, com bm 6= 0 (gr(g) = m

• Adicao:

f(X)+g(X) =k∑

i=0

(ai + bi)Xi

︸ ︷︷ ︸

∈ A[X]

= (a0+b0)+(a1+b1)X+. . .+(ak+bk)Xk,

onde k 6 max{n,m}

• Multiplicacao:f(X) · g(X) = a) b0 + (a0 b1 + a1 b0)X + (a0 b2 + a1 b1 + a2 b0)X

2 + . . . +(a0 bk + a1 bk−1 + . . . + aI bk−i + . . . + ak b0)X

k + . . . + an bmXn+m =n+m∑

k=0

ck Xk,

onde ck =∑k

i=0 ai bk−i

Conclusao: Como A e anel comutativo com identidade, segue que

A[X] = {a0 + a1X + . . . + anXn | ai’s ∈ A (0 6 i 6 n), n ∈ Z+}

e tambem um anel comutativo com identidade chamado de Anel de Po-linomios na Indeterminada X com Coeficientes em A.

{0 = polinomio nulo (elemento neutro de +)1 = 1 + 0X + . . . (elemento neutro de ·)

Voltando a afirmacao anterior gr(f + g) 6 max{n,m}

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De fato:

Suponha que n > m (se n < m, o raciocınio e similar). Entao, max{n,m}= n.

f(X) = a0 + a1X + . . . + amXm + am+1Xm+1 + . . . + anX

n, com an 6= 0

g(X) = b0 + b1X + . . . + bmXm (+0Xm+1 + . . . + 0Xn), com bm 6= 0

Assim,

f(X) + g(X) = (a0 + b0) + (a1 + b1)X + . . . + (am + bm)Xm + am+1Xm+1 +

. . . + anXn

⇒ gr(f + g) = n = max{n,m}Se n = m e bn = −an, entao gr(f + g) < n = max{n,m}f(X) = a0 + a1X + . . . + anX

n

g(X) = b0 + b1X + . . . + bnXn = b0 + b1X + . . . + (−an)Xn

Teorema 6.2. Seja A um domınio de integridade. Entao:

a) Se f(X), g(X) ∈ A[X] − {0}, entao gr(f · g) = gr(f) + gr(g);

b) Se A e domınio de integridade, entao A[X] tambem o e.

Observacao. E essencial que A seja domınio de integridade.

Exemplo: A = Z4 = {0, 1, 2, 3} (nao e DI, pois 4 /∈ P)

f(x) = g(x) = 2x + 1 ∈ Z4[x]

gr(f) = gr(g) = 1

f(x) · g(x) = (2x + 1)(2x + 1) = (2x + 1)2 = 4x2 + 4x + 1 = 0x2 + 0x + 1(constante)

gr(f · g) = 0 6= 2 = gr(f) + gr(g)

Demonstracao.

a) f(X) = a0 + a1X + . . . + anXn, onde an 6= 0 e aj = 0, j > n + 1

(gr(f) = n)

g(X) = b0 + b1X + . . . + bmXm, onde bm 6= 0 e bj = 0, j > m + 1(gr(g) = m)

f(X) · g(X) = c0 + c1X + c2X2 + . . . + ckX

k + . . ., onde

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c0 = a0 b0

c1 = a0 b1 + a1 b0

c2 = a0 b2 + a1 b1 + a2 b0...ck = a0 bk + a1 bk−1 + . . . + ai bk−i + . . . + ak b0...

Afirmacao.

{(1) cn+m 6= 0(2) cn+m+j = 0, j > 1

(1) cn+m = (a0 bn+m + a1 bn+m−1 + . . . + an−1 bm+1) + (an bm) +(an+1 bm−1 + . . . + an+m b0) = an bm

Como A e DI, temos que se an 6= 0 e bm 6= 0, entao an bm 6= 0. Assim,cn+m = an bm 6= 0.

(2) Exercıcio

De (1) e (2), segue que gr(f · g) = n + m = gr(f) + gr(g)

b) Segue trivialmente de a) pois acabamos de mostrar que se f(X) 6= 0 eg(X) 6= 0, entao f(X) · g(X) 6= 0. ¥

Polinomios × Funcoes Polinomiais

Sejam A um anel comutativo com identidade e f(X) = a0 + a1X + . . . +anX

n ∈ A[X]. Definimos a funcao polinomial associada (ou induzida) aopolinomio f como sendo

f : A → A

u 7→ f(u) = f(u) = a0 + a1u + . . . + anun

︸ ︷︷ ︸

∈ A

{X = indeterminadau = variavel (restrito a A)

Observacao. Polinomios diferentes podem induzir a mesma funcao polino-mial.

Exemplo: A = Z2{0, 1}f(x) = x2 + x ∈ Z2[x] e g(x) = 0 ∈ Z2[x]

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Observe que f(x) 6= g(x). Todavia, f(u) = g(u), ∀ u ∈ A = Z2 (isto e,as funcoes polinomiais induzidas sao iguais).

f : Z2 → Z2

u 7→ f(u) = f(u) = u2 + u

u = 0 : f(0) = 0 2 + 0 = 0u = 1 : f(1) = 1 2 + 1 = 1 + 1 = 0

g : Z2 → Z2

u 7→ g(u) = g(u) = 0, ∀ u ∈ Z2

Divisibilidade e Raızes de Polinomios

Problema: f(X) = a0 + a1X + . . . + anXn ∈ A[X]

g(X) = b0 + b1X + . . . + bmXm ∈ A[X] − {0}

anXn + . . . + a0 = f(X)

∣∣ g(X) = bmXm + . . . + b0

r(X) q(X) = (an/bm)Xn−m + . . .

Solucao: a partir de agora, A = K = corpo (Q, R, C, Zp, p ∈ P)

Teorema 6.3 (Algoritmo de Euclides para Divisao de Polinomios).Sejam f(X), g(X) ∈ K[X], onde K e corpo e g(X) 6= 0. Entao, ∃! q(X),r(X) ∈ K[X] tais que

f(X) = g(X) · q(X) + r(X)

onde r(X) = 0 ou gr(r) < gr(g)

Observacao. Se r(X) = 0, entao a divisao e exata. Neste caso, f(X) =g(X) · q(X)

Notacao. g(X) | f(X) (le-se: “g(X) divide f(X)” ou “g(X) e divisor (fa-tor) de f(X)” ou “f(X) e multiplo de g(X)” ou “f(X) e divisıvel por g(X)”).

Demonstracao.

I) Existencia:

1 -o caso: f(X) = 0

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0∣∣ g(X)

? ?

Tome q(X) = 0 e r(X) = f(X) = 0

f(X) = 0 = 0 · g(X) + 0q q

q(X) r(X)

2 -o caso: f(X) 6= 0 e gr(f) < gr(g)

Neste caso,f(X) = 0 · g(X) + f(X)

q qq(X) r(X)

3 -o caso: f(X) 6= 0 e gr(f) > gr(g)

f(X) = anXn + an−1X

n−1 + . . . + a1X + a0 ∈ K[X],

com an 6= 0 (gr(f) = n)

g(X) = bmXm + bm−1Xm−1 + . . . + b1X + b0 ∈ K[X] − {0},

com bm 6= 0 (gr(g) = m)

Por hipotese, n > m.

(∗) Lembre-se: (Princıpio da Inducao - 2 -a versao)P (n) = sentenca aberta que depende de n, onde n > n0 (n0 ∈ Z fixo)

Suponha que:

i) P (n0) e V ;

ii) Dado m ∈ Z, com n0 6 m < n, se P (m) e V , entao P (n) e V .

Entao, P (n) e V, ∀ n > n0.

Vamos usar inducao sobre n = gr(f)

i) n = 0 (= n0) : f(X) = a0 6= 0

Como n > m > 0, segue que m = 0, isto e, g(X) = b0 6= 0 (⇒∃ b−1

0 ∈ K). Assim, f(X) = (a0/b0) g(X) + 0

136

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ii) Suponha que para todo polinomio de grau menor que n seja validoo teorema, ou seja, conseguimos dividi-lo por g(X) para obterq(X) e r(X). Queremos mostrar que o mesmo e valido para f .

anXn + . . . + a1X + a0

∣∣ bmXm + . . . + b1X + b0

f1(X) (an/bm)Xn−m

Defina f1(X) = f(X) − g(X) (an/bm)Xn−m

(ou f(X) = g(X) (an/bm)Xn−m + f1(X))

Observe que

f1(X) = (anXn + an−1X

n−1 + . . . + a0) − (bmXm + . . . + b1X +b0) (an/bm)Xn−m

Logo, gr(f1(X)) < n = gr(f)

Por (∗), segue que existem q1(X) e r1(X) tais que

f1(X) = g(X) · q1(X) + r1(X),

onde r1(X) = 0 ou gr(r1(X)) < gr(g(X)). Assim,

f(X) = g(X) (an/bm)Xn−m + f1(X)

= g(X) (an/bm)Xn−m + (g(X) · q1(X) + r1(X))

= g(X)[(an/bm)Xn−m + q1(X)] + r1(X)

Faca q(X) = (an/bm)Xn−m + q1(X) e r(X) = r1(X)

II) Unicidade

Suponha que ∃ q1(X), q2(X), r1(X), r2(X) ∈ K[X] tal que f(X) =g(X) · q1(X) + r1(X) e f(X) = g(X) · q2(X) + r2(X), com{

r1(X) = 0 ou gr(r1) < gr(g)r2(X) = 0 ou gr(r2) < gr(g)

Tese:

{

q1(X) = q2(X)

r1(X) = r2(X)e

De fato:

g(X) · q1(X) + r1(X) = g(X) · q2(X) + r2(X)

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g(X)[q1(X) − q2(X)] = r2(X) − r1(X) (∗∗)

Basta mostrar que q1(X) = q2(X) (⇒ r2(X) = r1(X)). Suponha, porabsurdo, que q1(X) 6= q2(X). Assim, q1(X)− q2(X) 6= 0 (⇒ gr(q1 − q2)esta bem definido). Tomando grau em (∗∗):

gr(g(X)) + gr(q1(X) − q2(X))︸ ︷︷ ︸

gr(g(X)) 6

= gr(r2(X) − r1(X))︸ ︷︷ ︸

6 max{gr(r1),gr(r2)} <gr(g)

Assim, q1(X) = q2(X) e, portanto, r1(X) = r2(X).¥

Exercıcios: Obtenha q(X) e r(X) em cada caso:

a) f(x) = 3x5 + 4x3 + 2x + 5, g(x) = 2x3 − 3x2 + 7 em Q[x] (ou R[x]);

b) f(x) = −x6 + 12x4 + 8x3 − 4x + 10, g(x) = x2 − 3 em Z[x]

c)

{f(x) = 4x5 + 3x3 − 4x2 − 2x + 3g(x) = 3x2 − 1x − 2 em Z7[x]

,

onde Z7 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}

Correcao dos Exercıcios:

Observacao. Se o anel de coeficientes A nao for um corpo (como em b),ainda sim e possıvel dividir f(x) por g(X), desde que bm (coeficiente da maiorpotencia de g(x)) tenha inverso multiplicativo em A.

a)

3x5 + 0x4 + 4x3 + 0x2 + 2x + 5∣∣2x3 − 3x2 + 7

−3x5 + 92x4 − 21

2x2 3

2x2 + 9

4x + 43

8

92x4 + 4x3 − 21

2x2 + 2x + 5

−92x4 + 27

4x3 − 63

4x

434x3 − 21

2x2 − 55

4x + 5

−434x3 + 129

8x2 − 301

8

458x2 − 55

4x − 261

8

{q(x) = (3/2)x2 + (9/4)x + (43/8)r(x) = (45/8)x2 − (55/4)x − (261/8)

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b)−x6 + 12x4 + 8x3 − 4x + 10

∣∣ 1x2 − 3

x6 − 3x4 −1x4 + 9x2 + 8x + 27

9x4 + 8x3 − 4x + 10

−9x4 + 27x2

8x3 + 27x2 − 4x + 10

−8x3 + 24x

27x2 + 20x + 10

−27x2 + 81

20x + 91

{q(x) = −x4 + 9x2 + 8x + 27r(x) = 20x + 91

c)

Observacao. i) 7 ∈ P ⇒ Z7 = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6} e corpo ⇒ ∀ a ∈Z7; a 6= 0, ∃ b ∈ Z7 | a · b = 1

ii) k = n + k, ∀ k ∈ Z (em Zn), pois n + k ≡ k (mod n)

Exemplo: Em Z7 : −4 = −4 + 7 = 3 (pois −4 ≡ 3 (mod 7))

4x5 + 0x4 + 3x3 − 4x2 − 2x + 3∣∣ 3x2 − 1x − 2

−18x5 + 6x4 + 12x3 6x3 + 2x2 + 1x + 5

−14x5 + 6x4 + 15x3 − 4x2 − 2x + 3

−6x4 + 2x3 + 4x2

17x3 − 2x + 3

−3x3 + 1x2 + 2x

14x3 + x2 + 3

−15x2 + 5x + 10

−14x2 + 5x + 13

{q(x) = 6x3 + 2x2 + 1x + 5r(x) = 5x + 6

Raızes de Polinomios

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Definicao 6.4 (Raiz de Um Polinomio). Sejam K um corpo e f(x) ∈K[x] − {0}. Seja α ∈ K. α e raiz de f(x) em K se f(α) = 0 ∈ K.

Obter uma raiz em K para f(x) significa resolver a equacao polinomialf(x) = 0 em K.

Tres problemas basicos:

1 -o) Existencia de solucoes;

2 -o) Contagem do numero de solucoes;

3 -o) Metodos de resolucao de equacoes polinomiais

– Geometricos;

– Algebricos;

– Numericos;

– Analıticos

Tais problemas dependem de K.

Exemplos:

1) f(x) = x2 − 2 ∈ Q[x]• K = Q : f(x) = 0 NAO tem solucao em K (isto e, f nao possui raizem K)0 solucoes (pois ±

√2 /∈ K)

• K = R (ou C) : f(x) = 0 tem 2 solucoes em K : ±√

2 ∈ K

2) f(x) = x2 + 1 ∈ Q[x]• K = Q (ou R) : f(x) = 0 NAO tem solucao em K0 solucoesDe fato: Se α ∈ K fosse raiz de f(x), entao α2 + 1 = 0. Assim,

α2︸︷︷︸

>0

= −1︸︷︷︸

<0

(absurdo)

• K = C : f(x) = 0 tem 2 solucoes em K : ± i

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3) f(x) = x3 − 2 ∈ Q[x]• K = Q : f(x) = 0 NAO tem solucao em K0 solucoes

• K = R : f(x) = 0 tem 1 solucao: 3√

2

• K = C : f(x) = 0 tem 3 solucoes: 3√

2, 3√

2 w, 3√

2 w2, onde w =cos(2π/3) + i sen(2π/3)

Curiosidades: (Historia da Matematica)

• ∼= 1800 a.C.: Os babilonios ja sabiam resolver determinadas equacoespraticas de 2 -o grau.

Exemplo: Obter dois numeros x, y ∈ R tais que sao conhecidos{

S = x + yP = x y

(x2 − Sx + P = 0)

• Civilizacao grega: Os gregos ja sabiam resolver, por metodos geome-tricos, certas equacoes do 2 -o e 3 -o graus.

Tres Problemas “Classicos”: (geometria)(Construcao com Regua e Compasso)

1 -o) Trisseccao do Angulo:

1

x x = “abertura”do angulo 1

1

y

y = “abertura”do angulo 2

Problema: Dado x, e possıvel com regua e compasso obter y talque angulo 1 = 3· angulo 2? NAO

2 -o) Duplicacao do Cubo:

Problema: Dado a (aresta do cubo 1), e possıvel com regua ecompasso obter b (aresta do cubo 2) tal que V2 = 2 · V1? NAO

3 -o) Quadratura do Cırculo:

Problema: Dado r, e possıvel com regua e compasso obter l talque A¤ = A◦? NAO

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a

V1 = a3

(dado)b

V2 = b3 = 2a3

(a obter)

r(dado)

l(a obter)

• Inıcio da Era Crista: Os arabes hindus aperfeicoaram os metodos an-tigos e obtiveram uma formula para obter as raızes de f(x) = ax2 +bx + c (a 6= 0)

x =−b ±

√b2 − 4ac

2a

(Formula de Bhaskara) (K = C)

• Sec. XV/XVI: quatro matematicos italianos (Scipione Del Ferro, Tar-taglia, Cardano, Ludovico Ferrari) se interessaram pela resolucao deax3 + bx2 + cx + d = 0 (a 6= 0)

ax3 + bx2 + cx + d = 0mud. var.←→ x3 + px + q = 0

x =3

−q

2+

p3

27+

q2

4+

3

−q

2−

p3

27+

q2

4

(Formula de Cardano)

• Sec. XVII: Existe uma formula (semelhante a de Bhaskara e a deCardano) para resolver

ax4 + bx3 + cx2 + dx + e = 0 (a 6= 0)

• 1824: Abel provou que se n = 5, entao nao existe formula para resolver

ax5 + bx4 + cx3 + dx2 + ex + f = 0 (a 6= 0)

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• 1832: Evariste Galois (1811 - 1832) determinou condicoes necessarias esuficientes para que uma equacao polinomial f(x) = 0 (onde gr(f) > 5)tenha solucao por meio de radicais (Teoria de Galois).

Teorema 6.5 (Teorema do Resto). Sejam K um corpo e f(x) ∈ K[x].Considere g(x) = x − α, onde α ∈ K. Entao o resto da divisao de f(x) porg(x) e f(α).

Corolario 6.6 (Teorema de D’Allembert). Nas condicoes anteriores, αe raiz de f(x) ⇔ g(x) | f(x).

Observacao. Tais resultados constituem a base do Algoritmo de Briott-Ruffini para dividir f(x) por g(x).

Demonstracao. (Teorema 6.5)Como g(x) = x − α 6= 0, entao podemos dividir f(x) por g(x) usando o

Algoritmo de Euclides:

f(x) = (x − α)q(x) + r(x),

onde r(x) = 0 ou gr(r) < gr(g) = 1 (isto e, em qualquer caso, r(x) = c ∈ K(constante)). Assim, f(x) = (x − α)q(x) + c. Substituindo x por α, temos

f(α) = (α − α)q(α) + c ⇒ r(x) = c = f(α) ¥

Demonstracao. (Corolario 6.6)α e raiz de

f(x) ⇔ f(α) = 0Teo⇔ r(x) = 0 ⇔ f(x) = (x − α)q(x)⇔ (g(x) =) x − α | f(x) ¥

Exemplo: K = Rf(x) = x2 − 5x + 6f(2) = 22 − 5 · 2 + 6 = 0 ⇒ 2 e raiz de f ⇒ x − 2 | f(x)f(3) = 32 − 5 · 3 + 6 = 0 ⇒ 3 e raiz de f ⇒ x − 3 | f(x)

Teorema 6.7 (Contagem do Numero de Raızes de Um PolinomioSobre Um Corpo). Sejam K um corpo e f(x) ∈ K[x] − {0}. Sejamn = gr(f) e N o numero de raızes de f em K. Entao, N 6 n, isto e,o numero de raızes de f em K (na verdade, em qualquer corpo L, tal queL ⊇ K) e no maximo o grau do polinomio.

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Demonstracao.

1 -o caso: Se f(x) nao possui raiz, entao nao ha nada a demonstrar.{N = 0 6 n = gr(f)

2 -o caso: Seja α raiz de f(x) em K. Neste caso, pelo Teorema deD’Allembert,

f(x) = (x − α)q(x) (∗)

onde gr(q) = n − 1. A ideia e usar inducao sobre n, supondo que oresultado que queremos mostrar seja valido para polinomios de grau< n.

i) n = 0. Neste caso, f(x) = c 6= 0 (constante). Assim, N = 0 = n.

(Podemos supor agora que f tem raiz)

ii) Se vale para grau < n, entao vale para n. Seja β ∈ K uma outraraiz de f(x) em K. Substituindo β em (∗), temos

f(β) = (β − α)︸ ︷︷ ︸

∈ K

q(β)︸︷︷︸

∈K

= 0corpo=⇒ β − α = 0 ou q(β) = 0

⇒ β = α ou β e raiz de q(x)

Como gr(q) = n − 1 < n = gr(f), segue da hipotese de inducao queq(x) tem no maximo n− 1 raızes em K. Logo, f(x) tem no maximo nraızes em K. ¥

Observacao. E essencial que K seja um corpo para que tal teorema valha.

Exemplo: f(x) = 1x2 +1x ∈ Z6[x], onde Z6 = {0, 1, 2, 3, 4, 5}. Como 6 /∈ P,entao Z6 nao e corpo.

n = gr(f) = 2N =?x = 0 : f(0) = 0 ⇒ 0 e raizx = 1 : f(1) = 1 2 + 1 = 2 6= 0x = 2 : f(2) = 2 2 + 2 = 6 = 0 ⇒ 2 e raizx = 3 : f(3) = 3 2 + 3 = 12 = 0 ⇒ 3 e raizx = 4 : f(4) = 4 2 + 4 = 20 = 2 6= 0x = 5 : f(5) = 5 2 + 5 = 30 = 0 ⇒ 5 e raiz

Logo, N = 4 > n = 2

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Pergunta: Tal exemplo contraria o Teorema?Nao, pois Z6 nao e corpo.

Exercıcios Selecionados: (lista 4)

7) Seja K um corpo (isto e, K = Q ou R ou C ou Zp, p ∈ P. Dize-mos que K e algebricamente fechado se todo polinomio, nao-constante,com coeficientes em K, admite pelo menos uma raiz em K (isto e,∀ f(x) ∈ K[x], gr(f) > 1, ∃ α ∈ K | f(α) = 0). Mostre que K = Rnao e algebricamente fechado.

Exemplo: f(x) = x2 + 1 ∈ R[x], gr(f) = 2

∄ α ∈ R | f(α) = 0, pois α2 + 1 = 0 ⇒ α2 = −1 (absurdo)

Observacao. C = {a + bi | a, b ∈ R} e algebricamente fechado. Este re-sultado e chamado de Teorema Fundamentel da Algebra, demonstrado pelaprimeira vez por Karl Friedrich Gauss (1777 - 1855) em sua Tese de Douto-rado em 1796 (aos 19 anos).

10) a) Mostre que o polinomio f(x) = x2 possui infinitas raızes no anelA = M2×2(R).

b) Comente o fato do polinomio f acima ter um numero de raızesmaior que o grau.

a) f(X) = 1 X2 ∈ M2×2(R)[X]f(X) = I2 X2, onde

I2 =

(1 00 1

)

α =

(0 c0 0

)

∈ A, onde c ∈ R

f(α) = α2 = α · α =

(0 c0 0

)(0 c0 0

)

=

(0 00 0

)

= 0

⇒ α e raiz de f(X) em A.

Como c ∈ R (arbitrario), entao ha infinitas escolhas para α, istoe, f tem infinitas raızes em A.

b) Como A nao e DI, entao A nao e corpo. Logo, o Teorema arespeito do numero de raızes nao e contrariado.

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20) a) Sejam A = Z2{0, 1} e f(x) = 1 + x + x3 ∈ Z2[x]. Determineg(x) ∈ Z2[x], g(x) 6= f(x), tal que g = f .

b) Sejam A = Z3 = {0, 1, 2}, f(x) = x, g(x) = x3, h(x) = x+5x3 +x9 ∈ Z3[x]. Mostre que f = g = h.

Lembre-se: (Polinomios vs Funcao Polinomial)• Polinomio sobre um anel A:

f(x) = anxn + . . . + a1x + a0 ∈ A[x]

{ai’s ∈ Ax = indeterminada

• Funcao polinomial (induzida por f)

f : A → A

u 7→ f(u) := f(u) = anun + . . . + a1u + a0 ∈ A

20) a) f(x) = 1 + x + x3 ∈ Z2[x]

f : Z2 → Z2

u 7→ f(u) = f(u) = 1 + u + u3

u = 0 : f(0) = f(0) = 1 + 0 + 0 3 = 1

u = 1 : f(1) = f(1) = 1 + 1 + 1 3 = 3 = 1

Assim, f e a funcao constante 1, pois ∀ u ∈ Z2, f(u) = 1. Enatural definir g(x) = 1 (polinomio constante 1). Neste caso,

g : Z2 → Z2

u 7→ g(u) = g(u) = 1

Logo, ∀ u ∈ Z2, g(u) = g(u) = 1 = f(u).

Conclusao: f(x) 6= g(x) (polinomios diferentes), mas f = g(funcoes polinomiais iguais).

b) Demonstracao. Observe que f 6= g 6= h. Queremos mostrarque as funcoes polinomiais induzidas sao iguais, isto e, f = g = h.

f : Z3 → Z3

u 7→ f(u) = f(u) = 1u

g : Z3 → Z3

u 7→ g(u) = g(u) = 1u3

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h : Z3 → Z3

u 7→ h(u) = h(u) = 1u + 5u3 + 1u9

u = 0:f(0) = f(0) = 0g(0) = g(0) = 0 3 = 0h(0) = h(0) = 0 + 5 0 3 + 0 9 = 0

u = 1:f(1) = f(1) = 1g(1) = g(1) = 1 3 = 1h(1) = h(1) = 1 + 5 1 3 + 1 9 = 7 = 1

u = 2:f(2) = f(2) = 2g(2) = g(2) = 2 3 = 8 = 2h(2) = h(2) = 2 + 5 2 3 + 2 9 = 2 + 40 + 512 = 554 = 2 ¥

3) Seja A um domınio de integridade. Determine U·(A[x]) = {f(x) ∈A[x] | f(x) e inversıvel para a multiplicacao}.Fatos:

• A - DI ⇒ A[x] = anel de polinomios na indeterminada x com coefici-entes em A - DI. Em particular, gr(f(x) · g(x)) = gr(f(x)) + gr(g(x)).

f(x) ∈ A[x] (Observe que f 6= 0 e g 6= 0)

f(x) ∈ U·(A[x]) ⇔ ∃ g(x) ∈ A[x] | f(x) · g(x) = 1

Tomando o grau em ambos os lados, temos:

f · g = 1gr(f · g) = gr(1)

gr(f) + gr(g) = 0 ⇔gr(f) = 0

egr(g) = 0

⇔f = a0 ∈ A∗ = A − {0}

eg = b0 ∈ A∗ = A − {0}

Assim, a0 · b0 = 1, isto e, f ∈ U·(A). Assim, U·(A[x]) = U·(A).

Exemplos: i) U·(Z[x]) = U·(Z) = {±1}ii) U∗

· (R[x]) = U·(R) = R∗ = R − {0}

Comentarios Finais Sobre Polinomios

1) E possıvel definir polinomios via sequencias infinitas. Seja A um anelcomutativo com identidade.

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• (sequencia de elementos de A)

f : Z+ → An 7→ f(n) = an

Identificamos

f = (an)n ∈ Z+ = (a0, a1, a2, . . . , an, . . .)

• f e dita sequencia quase nula em A se ∃ N ∈ Z+ | aj = 0, j > N .

Exemplos: 0 = (0, 0, 0, . . . , 0, . . .) (sequencia nula) (N = 0)1 = (1, 0, 0, . . . , 0, . . .) (N = 1)f = (a0, a1, a2, . . . , an, 0, 0, . . .) (sequencia nula) (N = n + 1)

• Operacoes com sequencias quase nulas em A:f = (a0, a1, . . . , an, 0, . . . , 0, . . .)g = (b0, b1, . . . , bm, 0, . . . , 0, . . .)

− igualdade: f = g ⇔ ai = bi, ∀ i− adicao: f + g = (c0, c1, c2, c3, . . . , 0, . . . , 0, . . .), onde ci = ai + bi, ∀ i− multiplicacao: f · g = (d0, d1, d2, . . . , 0, 0, . . .), onded0 = a0 b0

d1 = a0 b1 + a1 b0

d2 = a0 b2 + a1 b1 + a2 b0...

• Identificacao:

− a ∈ A (constante)a = (a, 0, 0, 0, . . .)

− x (indeterminada)x = (0, 1, 0, 0, . . .)

a · x = (a, 0, 0, . . .) · (0, 1, 0, . . .) = (0, a, 0, . . . , 0, . . .)x2 = x · x = (0, 1, 0, . . .) · (0, 1, 0, . . .) = (0, 0, 1, 0, . . .)... (inducao)xn = ( 0, 0, . . . , 0

︸ ︷︷ ︸

n posicoes de 0’s

, 1, 0, . . .)

Assim, para uma sequencia f = (a0, a1, a2, . . . , an, 0, . . .) generica, te-mos:

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f = (a0, 0, 0, . . .)+(0, a1, 0, . . .)+(0, 0, a2, . . .)+(0, 0, 0, a3, 0, . . .)+ . . .+(0, 0, . . . , 0, an, 0, . . .) = a0 + a1x + a2x

2 + . . . + anxn

2) Se K e um corpo, entao K[x] possui propriedades similares a Z:Semelhancas:

A) Algoritmo de Euclides: Dados f(x), g(x) ∈ K[x], com g(x) 6= 0, exis-tem unicos q(x), r(x) ∈ K[x] tal que f(x) = g(x) · q(x) + r(x) onder(x) = 0 ou gr(r) < gr(g).

B) Polinomios Irredutıveis: (analogo dos numeros primos)f(x) ∈ K[x] e irredutıvel se:

i) gr(f) > 1;

ii) Se f(x) = g(x) · h(x) com g(x), h(x) ∈ K[x], entao g(x) = cte(gr(g) = 0) ou h(x) = cte (gr(h) = 0)

Exemplos:a) f(x) = x2 − 5x + 6 ∈ R[x] e redutıvel em R, pois:

f(x) = (x − 2)(x − 3) (gr(g) = 1 = gr(h))b) f(x) = x2 + 1 ∈ R[x]

f e irredutıvel sobre R, mas f e redutıvel sobre C, poisf(x) = (x + i)(x − i)

c) f(x) = x2 − 2 ∈ R[x]f e irredutıvel sobre Q, mas f e redutıvel sobre R, poisf(x) = (x −

√2)(x +

√2)

C) Metodos das divisoes sucessivas para o calculo do MDC:

f(x), g(x) ∈ K[x] (nao simultaneamente nulos)d = mdc(f(x), g(x)) = ultimo polinomio nao-nulo (na divisao de f porg)

D) Fatoracao unica para polinomios (analogo ao Teorema Fundamental daAlgebra)

Todo polinomio f(x) ∈ K[x], de gr(f) > 1, pode ser escrito, de formaunica, como produto de polinomios irredutıveis (a menos de constan-tes).

Exemplo: f(x) = 3x3 − 3x ∈ R[x]f(x) = 3x2 − 3x = 3x(x2 − 1) = 3x(x + 1)(x − 1)

149

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7 Topicos Especiais Sobre Aneis e Grupos

Observacao. Tais topicos serao estudados com mais detalhe nos cursos deAlgebra 2 e 3).

Motivacao: Comportamento de subconjunto de um anel e de um grupocom relacao as operacoes do conjunto. Vamos introduzir a nocao de subes-trutura algebrica.

Subestrutura Algebrica

AB

A - estrutura algebrica com uma (semigrupo,monoide, grupo) ou duas (anel, domınio de integri-dade, corpo) operacoes;

B ⊆ A

Dizemos que B e uma subestrutura algebrica deA se B satisfaz as seguintes condicoes:

a) B 6= ∅;

b) B e fechado com relacao a(s) operacao(oes) de A;

c) B, com relacao a(s) operacao(oes) de A, e tambem uma estruturaalgebrica do mesmo tipo de A.

Exemplos:a) A = C (corpo); B1 = Q (corpo); B2 = R (corpo)

Q ⊆ R ⊆ CB1 e subcorpo de B2

B1 e subcorpo de AB2 e subcorpo de A

b) A = P ({a, b}) = {∅, {a}, {b}, {a, b}}∗ = ∪(A, ∗) - monoideB = {∅, {a, b}} ⊆ A

∪ ∅ {a, b}∅ ∅ {a, b}

{a, b} {a, b} {a, b}e = ∅

150

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Assim, B e um submonoide de A.

A partir de agora, vamos nos restringir ao estudo de aneis e grupos.

I) Aneis

Definicao 7.1 (Subanel). Seja (A, +, ·) um anel. Seja B ⊆ A. B e ditoum subanel de A se:

a) B 6= ∅;

b) ∀ x, y ∈ B, x + y ∈ B e x · y ∈ B;

c) B e um anel com relacao as operacoes de A.

Teorema 7.2 (Criterio para Determinar Subaneis). Seja A um anel.B ⊆ A e um subanel de A se, e somente se, valem as seguintes condicoes:

i) 0 ∈ B; (elemento neutro para + em A)

ii) ∀ x, y ∈ B, x − y ∈ B; (B e fechado para −)

iii) ∀ x, y ∈ B, x · y ∈ B. (B e fechado para ·)(Isto e, a), b) e c) sao equivalentes a i), ii), iii))

Demonstracao.

(⇒)

{H: a), b), c)T: i), ii), iii)

Nao ha nada a demonstrar neste caso.

(⇐)

{H: i), ii), iiiT: a), b), c)

• Por i), 0 ∈ B. Logo, B 6= ∅ (isto e, vale a)).• Vamos mostrar que se x, y ∈ B, entao x + y ∈ B. (primeira parte de

b)).De fato:Seja y ∈ B. Por i), 0 ∈ B. Assim, segue de ii), 0 − y = −y ∈ B (isto e,

se y ∈ B, entao −y ∈ B).Considere agora x ∈ B e −y ∈ B. Por ii), segue que x − (−y) ∈ B.• A segunda parte de b) (fechamento para ·) e equivalente a iii) (logo, nao

ha nada a demonstrar).• Como A e anel e B ⊆ A, entao B “herda” as propriedades associativa,

comutativa e distributiva de A. Entao, B e subanel de A. ¥

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Exercıcios: Verifique em cada caso que B e subanel de A:

a) A = ZB = nZ = {nk | k ∈ Z} (n ∈ N)

b) A = M2×2(R) =

{(a bc d

) ∣∣∣ a, b, c, d ∈ R

}

B =

{(a 00 0

) ∣∣∣ a ∈ R

}

c) A = C = {a + bi | a, b ∈ R}B = Z[i] = {a + bi | a, b ∈ Z} (anel dos inteiros gaussianos)

d) A = RB = Z[

√2] = {a + b

√2 | a, b ∈ Z}

e) (Calculo 1)

A = F(R, R) = {f : R → R | f e funcao}B = P(R, R) = {p : R → R | p e funcao polinomial}C = C(R, R) = {f : R → R | f e contınua}D = D(R, R) = {f : R → R | f e derivavel}B ⊆ D ⊆ C ⊆ A

Resolucao:

a) i) 0 ∈ B, pois 0 = n · 0ii) x, y ∈ B ⇒ x − y ∈ B

x = nk1, k1 ∈ Z e y = nk2, k2 ∈ Zx − y = nk1 − nk2 = n (k1 − k2)

︸ ︷︷ ︸

= k3

∈ B

iii) x, y ∈ B ⇒ x · y ∈ Bx · y = (nk1)(nk2) = n (k1nk2)

︸ ︷︷ ︸

= k3

∈ B

b) i)

(0 00 0

)

= 0 ∈ B, pois basta tomar a = 0

152

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ii) X =

(a 00 0

)

∈ B e Y =

(b 00 0

)

∈ B

X − Y =

(a 00 0

)

−(

b 00 0

)

=

(a − b 0

0 0

)

iii) X · Y =

(a 00 0

) (b 00 0

)

=

(a b 00 0

)

∈ B

c) i) 0 ∈ B, pois 0 + 0i ∈ B

ii) x = a + bi ∈ B e y = c + di ∈ Bx − y = (a + bi) − (c + di) = (a − c)

︸ ︷︷ ︸

∈ Z

+ (b − d)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

i ∈ B

iii) x · y = (a + bi)(c + di) = (ac − bd)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

+ (ad + bc)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

i ∈ B

d) i) 0 ∈ B, pois 0 + 0√

2 ∈ B

ii) x = a + b√

2 ∈ B e y = c + d√

2 ∈ Bx − y = (a + b

√2) − (c + d

√2) = (a − c)

︸ ︷︷ ︸

∈ Z

+ (b − d)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

√2 ∈ B

iii) x · y = (a + b√

2)(c + d√

2) = (ac + 2bd)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

+ (ad + bc)︸ ︷︷ ︸

∈ Z

√2 ∈ B

e) i) 0 ∈ B (funcao constante)

ii) A diferenca entre funcoes polinomiais (respectivamente, contınuas,derivaveis) tambem e polinomial (respectivamente, contınua, de-rivavel)

iii) O produto de duas funcoes polinomiais (respectivamente, contınu-as, derivaveis) e tambem polinomial (respectivamente, contınua,derivavel)

A

B

CD

153

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Exemplos: h(x) =

1, se x > 00, se x = 0−1, se x < 0

∈ A

g(x) = |x| ∈ C

f(x) = sen x ∈ D

Exercıcios:

1) Mostre que se B1 e B2 sao subaneis de A, entao B1 ∩ B2 tambem o e.

2) Vimos que se A e um anel e B ⊆ A e um subanel, entao B “herda” aspropriedades de A. Perem, se A e anel com identidade 1 6= 0, entao Bnao necessariamente possui a mesma identidade.

a) Verifique que A = Z e B = 2Z satisfazem a observacao acima.

b) Considere A = M2×2(R) e B =

{(a 00 0

) ∣∣∣ a ∈ R

}

.

Verifique que B possui identidade 1′, mas 1′ 6= 1

1 =

(1 00 1

)

∈ A e 1′ =

(1 00 0

)

∈ B

Resolucao:

1) H: B1 e B2 sao subaneis de AT: B1 ∩ B2 e subanel de A

i) 0 ∈ B1 ∩ B2, pois 0 ∈ B1 e 0 ∈ B2 (por hipotese)

ii)

x ∈ B1 ∩ B2 ⇒ x ∈ B1 e x ∈ B2

ey ∈ B1 ∩ B2 ⇒ y ∈ B1 e y ∈ B2

⇒x − y ∈ B1

ex − y ∈ B2

⇒ x − y ∈ B1 ∩ B2

iii) x · y ∈ B1 e x · y ∈ B2 ⇒ x · y ∈ B1 ∩ B2

2) a) A = Z e B = 2Z(A, +, ·) e um anel comutativo com identidade 1 6= 0B e subanel de A, mas 1 /∈ B, pois 2Z = {0,±2,±4, . . .}

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b) A = M2×2(R) e B =

{(a 00 0

) ∣∣∣ a ∈ R

}

1A = I =

(1 00 1

)

(a bc d

)

∈ A(

a bc d

) (1 00 1

)

=

(a bc d

)

=

(1 00 1

)(a bc d

)

(a 00 0

)

∈ B; 1B =

(b 00 0

)

∈ B(

a 00 0

)(b 00 0

)

=

(b 00 0

) (a 00 0

)

=

(ab 00 0

)

=

(a 00 0

)

⇔ a b = a ⇔ b = 1

⇒ 1B =

(1 00 0

)

6= 1A

Definicao 7.3 (Ideal de um Anel). Seja A um anel. Seja I ⊆ A. Dizemosque I e um ideal de A se:

i) I e subanel de A, ou seja

0 ∈ I;x − y ∈ I (x, y ∈ I);x · y ∈ I (x, y ∈ I)

ii) ∀ a ∈ A, ∀ x ∈ I, entao a · x ∈ I e x · a ∈ I

A

I

ax

a x

x a

Observacao. Se A e comutativo, entao a · x = x · a. Neste caso, a condicaoii) transforma-se em:

ii’) ∀ a ∈ A, ∀ x ∈ I, a · x = x · a ∈ I

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A partir de agora, A sera sempre um anel comutativo (exceto em algunsexemplos particulares)

Exemplos:

a) A = ZI = nZ = {nk | k ∈ Z} (multiplos de n ∈ N)

I e ideal de A, pois

i) I e subanel de A (veja pagina 152)

ii) Tome a ∈ Z e x ∈ I. Entao,

a x = x a = a(nk) = n (ak)︸︷︷︸

l∈Z

∈ I

b) A = M2×2(R) =

{(a bc d

) ∣∣∣ a, b, c, d ∈ R

}

I =

{(α β0 γ

) ∣∣∣ α, β, γ ∈ R

}

⊆ A

I e subanel de A, mas nao e ideal de A, pois:

(I) 0 =

(0 00 0

)

∈ I

(II) X =

(α β0 γ

)

∈ I e Y =

(λ ǫ0 φ

)

∈ I

⇒ X − Y =

(α − λ β − ǫ

0 γ − φ

)

∈ I

(III) X · Y =

(α β0 γ

)(λ ǫ0 φ

)

=

(αλ αǫ + βφ0 γφ

)

∈ I

De (I), (II) e (III), segue que I e subanel de A.

(IV) Tome X =

(1 20 3

)

e a =

(4 56 7

)

∈ A

Entao, x a =

(1 20 3

)(4 56 7

)

=

(16 1918 21

)

/∈ I

Logo, I nao e ideal de A.

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c) A = R, I = Q ⊆ A

I e subanel de A, mas nao e ideal de A (por exemplo: tome x = 1/2 ∈ Ie a = π ∈ A. Entao, x a /∈ I).

d) A - anel comutativo (generico)

A) {0} e A sao Ideais Triviais de A.(Se I e ideal de A nao-trivial, entao I e dito ideal proprio de A){0} $ I $ A

B) x1, x2, . . . , xn ∈ A (fixos)I = {a1x1 + a2x2 + . . . + anxn | ai’s ∈ A, 1 6 i 6 n} e um idealde A chamado de ideal gerado por x1, . . . , xn

Notacao. I = (x1, x2, . . . , xn) ou 〈x1, x2, . . . , xn〉

De fato:

• 0 ∈ I, pois 0 = 0x1 + 0x2 + . . . + 0xn

{α = a1x1 + . . . + anxn ∈ Iβ = b1x1 + . . . + bnxn ∈ I

α − β = (a1 − b1)x1 + . . . + (an − bn)xn ∈ I

• α · β ∈ I (exercıcio)

α · β = (a1x1 + . . . + anxn)(b1x1 + . . . + bnxn) = (a1x1 + . . . +anxn)b1x1+(a1x1+. . .+anxn)b2x2+. . .+(a1x1+. . .+anxn)bnxn =(a1b1x1 + . . . + anb1xn)︸ ︷︷ ︸

∈A

x1 + (a1b2x1 + . . . + anb2xn)︸ ︷︷ ︸

∈A

x2 + . . . +

(a1bnx1 + . . . + anbnxn)︸ ︷︷ ︸

∈A

xn ∈ I

Tome α ∈ I e y ∈ A. Entao, α·y = y ·α = y(a1x1+. . .+anxn) =(ya1)︸ ︷︷ ︸

∈ A

x1 + . . . + (yan)︸ ︷︷ ︸

∈ A

xn ∈ I.

Caso particular: (um gerador apenas)

Neste caso, I = (x1) = {ax1 | a ∈ A} (ideal principal gerado porx1)

C) (Operacoes com Ideais)

I, J - ideais de A

I ∩ Jdef

:= {x ∈ A | x ∈ I e x ∈ J} (interseccao de ideais)

I + Jdef

:= {x + y | x ∈ I e y ∈ J} (adicao de ideais)

157

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Afirmacao. I ∩ J e I + J sao ideais de A

A

I + J

OO

I

<<yyyyyyyyyJ

bbEEEEEEEEE

I ∩ J

bbEEEEEEEEE

<<yyyyyyyyy

{0}

OO

De fato:Vamos verificar que I ∩ J e ideal de A (o outro caso fica comoexercıcio)

• 0 ∈ I ∩ J , pois 0 ∈ I e 0 ∈ J

• x, y ∈ I ∩ J ⇒ x − y ∈ I ∩ J{

x ∈ I ∩ J ⇒ x ∈ I e x ∈ Jy ∈ I ∩ J ⇒ y ∈ I e y ∈ J

⇒ x − y ∈ I e x − y ∈ J

⇒ x − y ∈ I ∩ J

• x, y ∈ I ∩ J ⇒ x · y ∈ I ∩ J{

x ∈ I ∩ J ⇒ x ∈ I e x ∈ Jy ∈ I ∩ J ⇒ y ∈ I e y ∈ J

⇒ x · y ∈ I e x · y ∈ J

⇒ x · y ∈ I ∩ J

• x ∈ I ∩ J : a ∈ A ⇒ x a = a x ∈ I ∩ J

x ∈ I ∩ J ⇒ x ∈ I e x ∈ J

a ∈ A

Como I e ideal, entao a x ∈ I. Como J e ideal, entao, a x ∈ J .Segue que a x ∈ I ∩ J .

I + J e ideal de A• 0 ∈ I + J , pois 0 = 0

︸︷︷︸

∈ I

+ 0︸︷︷︸

∈ J

∈ I + J

• a, b ∈ I + J ⇒ a = x1 + y1 e b = x2 + y2

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a − b = (x1 + y1) − (x2 + y2) = (x1 − x2)︸ ︷︷ ︸

= x3 ∈ I

+ (y1 − y2)︸ ︷︷ ︸

= y3 ∈ J

∈ I + J

• a · b = (x1 + y1) · (x2 + y2) = x1 x2 +∈ I ∩ J︷︸︸︷x1 y2

︸ ︷︷ ︸

∈ I

+∈ I ∩ J︷︸︸︷x2 y1 +y1 y2

︸ ︷︷ ︸

∈ J

=

x3 + y3 ∈ I + J• c ∈ A e (x + y) ∈ I + Jc (x + y) = c x

︸︷︷︸

∈ I

+ c y︸︷︷︸

∈ J

∈ I + J

(x + y) c = x c︸︷︷︸

∈ I

+ y c︸︷︷︸

∈ J

∈ I + J

Exercıcios:

1) A = ZI = 2Z = {0,±2,±4,±6,±8,±10,±12, . . .} = {2x | x ∈ Z}J = 3Z = {0,±3,±6,±9,±12, . . .} = {3x | x ∈ Z}I ∩ J =? I + J =?

I ∩ J = (mmc(2, 3)) = (6) = 6ZI + J = (mdc(2, 3)) = (1) = Z

A = I + J

I•

•ttttttttttJ

•JJJJJJJJJJ

I ∩ J•

•ssssssssss•

•JJJJJJJJJJJ

2) Verifique que a uniao de ideais, em geral, nao e um ideal.

Exemplo: A = ZI = 2Z = {0,±2,±4, . . .}J = 3Z = {0,±3,±6, . . .}I ∪ J nao e ideal, poisx = 2 ∈ I ⊆ I ∪ J e y = 3 ∈ J ⊆ I ∪ Jy − x = 3 − 2 = 1 /∈ I ∪ J (nao vale o fechamento pra “−”)

3) Mostre que todo ideal de Z e principal, ou seja, se I e ideal de Z, entaoI = (n) = nZ = {nk | k ∈ Z} onde n ∈ Z+.

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Demonstracao. Seja I um ideal de Z. Se I = {0}, entao nao ha nada ademonstrar, pois I = 0Z = {0k | k ∈ Z} = {0}.

Podemos supor que I 6= {0}. Entao, ∃ x ∈ I−{0}. Como I e ideal, segueque −x ∈ I. Assim, I contem elementos positivos e negativos.

Considere S = I ∩ N = {a ∈ I | a > 0} ⊆ N, S 6= ∅ PBO⇒ ∃ n = min(S),ou seja, n ∈ S e n 6 a, ∀ a ∈ S.

Afirmacao. I = (n) = nZ (igualdade de conjuntos)

(A) nZ ⊆ ISegue do fato de nZ ser ideal de Z

n ∈ Ik ∈ Z

}

⇒ n k ∈ I ⇒ nZ ⊆ I

(B) I ⊆ nZTome a ∈ I. Queremos mostrar que a ∈ nZa ∈ I; n > 0

Podemos dividir a por n usando o Algoritmo de Euclides: a = kn + r,onde 0 6 r < n. Observe que r = a − kn ∈ I.

Afirmacao. r = 0 (⇒ a = kn)

Se r 6= 0, entao r ∈ I, r > 0 ⇒ r ∈ S = I ∩ N, o que e absurdo, poisr < n = min(S).

¥

Aneis - Quociente

Motivacao: Generalizar a nocao de congruencia para numeros inteiros.

Lembre-se: A = Zx, y ∈ Z, n ∈ Nx ≡ y (mod n) ⇔ n | x − y, ou seja, x − y = nk, para algum k ∈ Z.

Generalizando:

Sejam A um anel comutativo com identidade e I um ideal de A. Sejamx, y ∈ A. Dizemos que “x e congruente a y modulo I” se x − y ∈ I.

Notacao. x ≡ y (mod I) ⇔ x − y ∈ I (∗)

160

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Observacoes. i) A congruencia em Z e um caso particular da congruenciaacima, pois:

A = Z, I = nZ = {nk | k ∈ Z} (n ∈ N)Neste caso, dados x, y ∈ Z,

x ≡ y (mod I) ⇔ x − y ∈ I = nZ⇔ x − y = nk, para algum k ∈ Z⇔ n | x − y ⇔ x ≡ y (mod n)

ii) (∗) define uma relacao de equivalencia sobre A, pois:

(RE1) (Reflexiva) x ≡ x (mod I), ∀ x ∈ ADe fato: x − x = 0 ∈ I

(RE2) (Simetrica) x ≡ y (mod I) ⇒ y ≡ x (mod I)De fato: x ≡ y (mod I) ⇒ x − y ∈ I ⇒ −(x − y) ∈ I ⇒ y − x ∈ I ⇒y ≡ x (mod I)

(RE3) (Transitiva) x ≡ y (mod I) e y ≡ z (mod I) ⇒ x ≡ z (mod I)De fato: x ≡ y (mod I) ⇒ x − y ∈ I (A)

e y ≡ z (mod I) ⇒ y − z ∈ I (B)

(A) + (B): Como I e ideal, segue que

(x − y) + (y − z) ∈ I ⇒ x − z ∈ I ⇒ x ≡ z (mod I)

iii) Usando a congruencia (∗) e possıvel construir um novo anel analogoao anel dos inteiros modulo n. Zn = {0, 1, 2, . . . , n − 1}

• A - anel (comutativo com identidade)

• ≡ (mod I)

• x = {y ∈ A | y ≡ x (mod I)} = {y ∈ A | y − x = z ∈ I} = {y ∈ A |y = x + z, com z ∈ I} = X + I = {x + z | z ∈ I}(classe de equivalencia de x modulo I)

• A/I= A/≡ = {x | x ∈ A}

(conjunto das classes de equivalencia)

161

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Observe que A/Ie uma particao de A, ou seja,

a) x 6= ∅, ∀ x ∈ A;

b) x 6= y ⇒ x ∩ y = ∅

c)⋃

x∈A x = A

• Em A/I, podemos definir duas operacoes binarias (“+” e “·”) a partir

das seguintes propriedades

Se

{x ≡ x′ (mod I)y ≡ y′ (mod I)

, entao

{x + y ≡ x′ + y′ (mod I)x · y ≡ x′ · y′ (mod I)

Analogamente: Se

{x = x′

y = y′ , entao

{x + y = x′ + y′

x · y = x′ · y′

Desta maneira, podemos definir adicao e multiplicacao sa seguinte ma-neira:

+ : A/I× A/I

→ A/I

(x, y) 7→ x + ydef

:= x + y

(independe da escolha dos representantes)

· : A/I× A/I

→ A/I

(x, y) 7→ x · y def

:= x · y(independe da escolha dos representantes)

Assim, (A/I, +, ·) e um anel comutativo com identidade 1, chamado de

anel quociente de A pelo ideal I{

0 = elemento neutro para +1 = elemento neutro para ·

Exercıcios Selecionados:

1) Mostre que se K e um corpo, entao os unicos ideais de K sao os triviais:{0} e K.

2) Sejam A e B aneis. Seja f : A → B um homomorfismo, ou seja,{

f(a + a′) = f(a) + f(a′)f(a · a′) = f(a) · f(a′)

, ∀ a, a′ ∈ A

Mostre que

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a) f(0A) = 0B;

b) f(−a) = −f(a);

c) Se A e B sao domınios de integridade entao ou f e a funcao cons-tante 0 ou f(1A) = 1B

3) Sejam A e B aneis ef : A → B

a 7→ f(a)

um homomorfismo. Definimos

• Ker(f) = {a ∈ A | f(a) = 0B} ⊆ A (nucleo de f)

• Im(f) = {f(a) | a ∈ A} ⊆ B (imagem de f)

Mostre que

a) Im(f) e um subanel de B;

b) Ker(f) e um ideal de A;

c) f e injetiva ⇔ Ker(f) = {0A} (nucleo trivial)

Resolucao:

1) H:

{K − corpoI − ideal de K

T: I = {0} ou I = K

Demonstracao. Vamos supor que I 6= {0}. Queremos mostrar queI = K.

Se I 6= {0}, entao existe a ∈ I, com a 6= 0. Como K e corpo, entaoexiste b ∈ K tal que a · b = 1. Observe que{

a ∈ Ib ∈ K

⇒ a · b = 1 ∈ I

Assim, segue que se x ∈ K, entao x ∈ I, ou seja, K ⊆ I. Como I ⊆ K,segue que I = K. ¥

2) a) H: f : A → B (homomorfismo)T: f(0A) = 0B

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Demonstracao. 0A + 0A = 0A

f(0A + 0A) = f(0A) ⇒ f(0A) + f(0A) = f(0A) = f(0A) + 0B ⇒[f(0A) + f(0A)] + (−f(0A)) = [f(0A) + 0B] + (−f(0A)) ⇒ f(0A) +0B = 0B + 0B ⇒ f(0A) = 0B ¥

b) T: f(−a) = −f(a)

Demonstracao. a + (−a) = 0A

f(a + (−a)) = f(0A) ⇒ f(a) + f(−a) = 0B ⇒ [f(a) + f(−a)] +(−f(a)) = 0B + (−f(a)) ⇒ f(−a) = −f(a) ¥

c) H: A e B sao DIT: f ≡ 0 (funcao identidade nula) ou f(1A) = 1B

Demonstracao. Vamos supor que f 6≡ 0 e concluir quef(1A) = 1B.

De fato:

1A · 1A = 1A

f(1A · 1A) = f(1A) ⇒ f(1A)f(1A) = f(1A) ⇒ f(1A)f(1A) −f(1A) = 0B ⇒ f(1A)[f(1A) − 1B] = 0B

⇒ f(1A) = 0B ou f(1A) = 1B

Se ocorre o segundo caso, entao (ok!). Se ocorre o primeiro, entao,∀ x ∈ A,

f(x) = f(x · 1A) = f(x) · f(1A) = 0B ¥

3) Demonstracao.

a) Devemos mostrar que:i) 0B ∈ Im(f)ii) b1, b2 ∈ Im(f) ⇒ b1 − b2 ∈ Im(f)iii) b1, b2 ∈ Im(f) ⇒ b1 · b2 ∈ Im(f)

De fato:

i) Pelo exercıcio 2 (a), 0B = f(0A)

ii) b1 ∈ Im(f) ⇒ b1 = f(a1), a1 ∈ A; b2 ∈ Im(f) ⇒ b2 =f(a2), a2 ∈ AComo f e homomorfismo, entaof(a1−a2) = f(a1+(−a2)) = f(a1)+f(−a2) = f(a1)−f(a2) =b1 − b2 ∈ Im(f)

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iii) f(a1 · a2) = f(a1)f(a2) = b1 · b2 ∈ Im(f)

b) Devemos mostrar que:i) 0A ∈ Ker(f)ii) a1, a2 ∈ Ker(f) ⇒ a1 − a2 ∈ Ker(f)iii) a1, a2 ∈ Ker(f) ⇒ a1 · a2 ∈ Ker(f)iv) a ∈ Ker(f), x ∈ A ⇒ a x ∈ Ker(f) e x a ∈ Ker(f)

De fato:

i) Pelo exercıcio 2 (a), f(0A) = 0B ⇒ 0A ∈ Ker(f)

ii) a1 ∈ Ker(f) ⇒ f(a1) = 0B; a2 ∈ Ker(f) ⇒ f(a2) = 0B

Como f e homomorfismo,f(a1−a2) = f(a1)−f(a2) = 0B−0B = 0B ⇒ a1−a2 ∈ Ker(f)

iii) a1, a2 ∈ Ker(f) ⇒ a1 − a2 ∈ Ker(f)a1 ∈ Ker(f) ⇒ f(a1) = 0a2 ∈ Ker(f) ⇒ f(a2) = 0

f(a1 − a2)(∗)= f(a1) + f(−a2)

(∗)= f(a1) − f(a2) = 0 + 0 = 0

⇒ a1 − a2 ∈ Ker(f)

iv) a ∈ Ker(f), x ∈ A ⇒ a · x ∈ Ker(f) e x · a ∈ Ker(f)a ∈ Ker(f) ⇒ f(a) = 0

f(a · x)(∗)= f(a) · f(x) = 0 · f(x) = 0

⇒ a · x ∈ Ker(f)

f(x · a)(∗)= f(x) · f(a) = f(x) · 0 = 0

x · a ∈ Ker(f)

(∗) : f e homomorfismo

c) (⇒)

{H: f e injetivaT: Ker(f) = {0A}

Por hipotese, f e injetiva, ou seja, elementos distintos tem imagensdistintas. Assim, se a ∈ A e tal que a 6= 0A, entao f(a) 6= f(0A) =0B. Portanto, ∀ a 6= 0A, a /∈ Ker(f) ⇒ Ker(f) = {0A}.

(⇐)

{H: Ker(f) = {0A}T: f e injetora

Queremos mostrar que se f(a) = f(a′), entao a = a′.

De fato: f(a) = f(a′) ⇒ f(a) − f(a′) = 0B ⇒ f(a − a′) = 0B ⇒a − a′ ∈ Ker(f) = {0A} ⇒ a − a′ = 0A, isto e, a = a′ + 0A = a′.

¥

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Teorema 7.4 (Primeiro Teorema do Homomorfismo de Aneis). Sejaf : A → B um homomorfismo de aneis. Entao:

a) Im(f) e um subanel de B;

b) Ker(f) e um ideal de A;

c) O anel quociente A/Ker(f)e isomorfo a Im(f), isto e, A/Ker(f)

∼= Im(f)

Demonstracao. Falta apenas demonstrar c).Queremos mostrar que existe uma funcao ψ : A/Ker(f)

→ Im(f) tal que:i) ψ e bijecao;ii) ψ e homomorfismo.f : A → B (dada)

x 7→ y = f(x)

π : A → A/Ker(f)(auxiliar)

x 7→ π(x) = x

ψ : A/Ker(f)→ Im(f) (a obter)

x 7→ ψ(x) := f(x)

i) ψ e bijecao:• ψ e sobrejetora: CD(ψ) = Im(f)

Im(ψ) = {ψ(x) | x ∈ A/Ker(f)} = {f(x) | x ∈ A} = Im(f)

• ψ e injetiva: ψ(x) = ψ(y) ⇒ x = y

De fato:

ψ(x) = ψ(y) ⇒ f(x) = f(y) ⇒ f(x) − f(y) = 0B ⇒ f(x − y) = 0B ⇒x − y ∈ Ker(f) = I ⇒ x ≡ y (mod I) ⇒ x = y

ii) ψ e homomorfismo:

• ψ(x + y) = ψ(x) + ψ(y)

• ψ(x · y) = ψ(x) · ψ(y)

De fato:

• ψ(x + y) = ψ(x + y) = f(x + y) = f(x) + f(y) = ψ(x) + ψ(y)

• ψ(x · y) = ψ(x · y) = f(x · y) = f(x) · f(y) = ψ(x) · ψ(y) ¥

II) Grupos

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Definicao 7.5 (Grupo). Seja G 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗.Dizemos que o par (G, ∗) e um Grupo (ou que G e um grupo) se:

a) ∗ e associativa: (a ∗ b) ∗ c = a ∗ (b ∗ c), ∀ a, b, c ∈ G

b) ∗ possui um elemento neutro e : e ∗ a = a ∗ e (∀ a ∈ G)

c) ∀ a ∈ G, ∃ a′ ∈ G | a ∗ a′ = e e a′ ∗ a = e

Observacao. Se vale tambem a propriedaded) ∀ a, b ∈ G, a ∗ b = b ∗ a,entao G e dito grupo abeliano (ou comutativo).

Convencao: A partir de agora, vamos adotar uma notacao multiplicativapara um grupo (G, ∗).

notacao abstrata notacao multiplicativa∗ ·e 1a′ a−1

Com esta notacao, podemos definir potencias inteiras de a ∈ Ga0 := 1a1 := aa2 := a · a...an = a · a · a . . . a

︸ ︷︷ ︸

n vezes

= an−1 · a (n ∈ N)

a−n = (an)−1 (n ∈ N)

Propriedades: (Lei de Expoentes){

am · an = am+n = an · am

(am)n = am·n , (m,n ∈ Z)

Lembre-se:

{(a−1)−1 = a(a · b)−1 = b−1 · a−1

Exercıcio: (Desafio)Seja (G, ·) um grupo. Mostre que se x2 = 1, ∀ x ∈ G, entao G e abeliano.

Sugestao: usar

{(x−1)−1 = x(x y)−1 = y−1x−1

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x, y ∈ G ⇒ x · y ∈ G e (x · y)−1 ∈ G, pois (G, ·) e grupo.Como x2 = x · x = 1, ∀ x ∈ G, temos x−1 = x, ∀ x ∈ G. Entao,

x · y = (x · y)−1 = y−1 · x−1

mas, y−1 = y e x−1 = x, daı

x · y = y · x, ∀ x, y ∈ G

Observacao. Quando G e abeliano, e costume denotar ∗ por +. Neste caso:

notacao abstrata notacao aditiva∗ +e 0a′ −a

Com esta notacao, podemos definir multiplos inteiros de a ∈ G0 · a := 01 · a := a−1 · a := −an · a := a + a + a + . . . + a

︸ ︷︷ ︸

n parcelas

(n ∈ N)

−n · a := − [a + a + a + . . . + a]︸ ︷︷ ︸

n·a

(n ∈ N)

Propriedade: na + ma = (n + m)a (m,n ∈ Z)

Definicao 7.6 (Ordem de Um Grupo). Seja (G, ·) um grupo. Definimosa ordem de G como sendo a cardinalidade de G.

Notacao. ◦(G) = |G| (le-se: “ordem de G”)

Observacao. Se |G| < ∞, entao G e dito grupo finito. Caso contrario, G edito grupo infinito.

Exemplos: a) (Z, +) = grupo infinito (abeliano)b) (Zn, +) = grupo finito (|Zn| = n) (abeliano)c) (Sn, ◦) = grupo finito (|Sn| = n!) (nao-abeliano)d) (R+, ·) = grupo infinito (abeliano) (|R| = ∞)

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Definicao 7.7 (Subgrupo). Sejam (G, ·) um grupo e H ⊆ G. Dizemosque H e um subgrupo de G se:

a) H 6= ∅ (isto e, 1 ∈ H);

b) ∀ h1, h2 ∈ H, h1 · h2 ∈ H;

c) (H, ·) e tambem um grupo

Exemplos:

a) ∀ grupo (G, ·), {1} e G sao subgrupos (subgrupos triviais)

b) G = GLn(R) = {A = (aij)n×n | aij’s ∈ R e det A 6= 0}(grupo linear geral de grau n); ∗ = ·det(A−1) = 1/ det A e det(AB) = det A · det B

H = {A ∈ GLn(R) | det A = 1} = SLn(R) ⊆ G(grupo linear especial de grau n)H e subgrupo de G (H 6 G)

Notacao. H 6 G (le-se: H e subgrupo de G)

c) G = Z6 = {0, 1, 2, 3, 4, 5}, ∗ = +

H = {0, 2, 4} ⊆ G

Afirmacao. H 6 G

e = 0 ∈ H+ 0 2 4

0 0 2 42 2 4 04 4 0 2

(vale o fechamento)

(0)′ = 0, (2)′ = 4 (= −2), (4)′ = 2 (= −4)

d) G = S3 = {f : {1, 2, 3} → {1, 2, 3} | f e bijecao}= {f1, f2, f3, f4, f5, f6}, onde

f1 = e =

(1 2 31 2 3

)

f2 =

(1 2 31 3 2

)

f3 =

(1 2 33 2 1

)

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f4 =

(1 2 32 1 3

)

f5 =

(1 2 32 3 1

)

f6 =

(1 2 33 1 2

)

H1 = {f1} 6 G (trivial)

H2 = {f1, f2} 6 G

H3 = {f1, f3} 6 G

H4 = {f1, f4} 6 G

H5 = {f1, f5, f6} 6 G

H6 = S3 6 G (trivial)

H5 6 G

De fato:

• f1 ∈ H5

◦ f1 f5 f6

f1 f1 f5 f6

f5 f5 f6 f1

f6 f6 f1 f5

f5 ◦ f5 =

(1 2 32 3 1

)

◦(

1 2 32 3 1

)

=

(1 2 33 1 2

)

= f6

f5 ◦ f6 =

(1 2 32 3 1

)

◦(

1 2 33 1 2

)

=

(1 2 31 2 3

)

= f1

f6 ◦ f5 =

(1 2 33 1 2

)

◦(

1 2 32 3 1

)

=

(1 2 31 2 3

)

= f1

f6 ◦ f6 =

(1 2 33 1 2

)

◦(

1 2 33 1 2

)

=

(1 2 32 3 1

)

= f5

(vale o fechamento)

(f1)−1 = f1, (f5)

−1 = f6, (f6)−1 = f5

• H2 = {f1, f2}◦ f1 f2

f1 f1 f2

f2 f2 f1

f2 ◦ f2 =

(1 2 31 3 2

)

◦(

1 2 31 3 2

)

=

(1 2 31 2 3

)

= f1

170

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f1 ∈ H2

vale o fechamento(f1)

−1 = f1, (f2)−1 = f2

⇒ H2 6 G

• H3 = {f1, f3}◦ f1 f3

f1 f1 f3

f3 f3 f1

f3 ◦ f3 =

(1 2 33 2 1

)

◦(

1 2 33 2 1

)

=

(1 2 31 2 3

)

= f1

f1 ∈ H3

vale o fechamento(f1)

−1 = f1, (f3)−1 = f3

⇒ H3 6 G

• H4 = {f1, f4}◦ f1 f4

f1 f1 f4

f4 f4 f1

f4 ◦ f4 =

(1 2 32 1 2

)

◦(

1 2 32 1 2

)

=

(1 2 31 2 3

)

= f1

f1 ∈ H4

vale o fechamento(f1)

−1 = f1, (f4)−1 = f4

⇒ H4 6 G

e) (Subgrupo Cıcilo)(G, ·) - grupo, a ∈ GH = {ak | k ∈ Z} = 〈a〉 6 G

(subgrupo cıclico gerado por a)

Observacao. Se 〈a〉 = G, isto e, ∀ g ∈ G, g = ak, para algum k ∈ Z, entaoG e dito grupo cıclico gerado por a.

Afirmacao. H 6 GDe fato:

• e = a0 (k = 0) ∈ H

•{

h1 = ak1 ∈ Hh2 = ak2 ∈ H

⇒ h1 · h2 = ak1ak2 = ak1+k2 ∈ H

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• (H, ·) e um grupo

− associativa− elemento neutro− (ak)−1 = a−k ∈ H

Caso particular: subgrupo cıclico com dois elementosG = R∗; a = −1∗ = ·H = {−1, 1} = 〈−1〉 = {(−1)n | n ∈ Z} ⊂ G

· −1 1

−1 1 −11 −1 1

Exercıcio: Sejam (G, ·) um grupo e H 6 G. Dados x, y ∈ G, defina:

x ≡ y (mod H) ⇔ x−1y ∈ H

Mostre que ≡ define uma relacao de equivalencia sobre G.Resolucao:

(RE 1) (Reflexiva)x ≡ x (mod H) (ok!), pois x−1x = 1 ∈ H

(RE 2) (Simetria)x ≡ y (mod H) ⇒ y ≡ x (mod H)

De fato: x ≡ y (mod H) ⇒ x−1y ∈ H ⇒ (x−1y)−1 ∈ H

(x−1y)−1 = y−1(x−1)−1 = y−1x ⇒ y ≡ x (mod H)

(RE 3) (Transitividade)x ≡ y (mod H) ⇒ x−1y ∈ Hy ≡ z (mod H) ⇒ y−1z ∈ H

Como H 6 G, (x−1y)(y−1z) ∈ H(x−1y)(y−1z) = x−1(yy−1)z = (x−11)z = x−1z ⇒ x ≡ z (mod H)

Teorema 7.8 (Teorema de Lagrange). (Tal Teorema relaciona as cardi-nalidades de H e G, onde H 6 G e |G| < ∞)

Seja (G, ·) um grupo finito. Seja H 6 G. Entao, |H| divide |G|.

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Exemplo: G = S3; ∗ = ◦|G| = 3! = 6H1 = {f1} ⇒ |H1| = 1 | 6H2 = {f1, f2} ⇒ |H2| = 2 | 6H3 = {f1, f3} ⇒ |H3| = 2 | 6H4 = {f1, f4} ⇒ |H4| = 2 | 6H5 = {f1, f5, f6} ⇒ |H5| = 3 | 6H6 = S3 ⇒ |H6| = 6 | 6

Correcao da Lista 4

2) a) Tese: f e monomorfismo de aneis

f : C → M2×2(R)

a + b i 7→ f(a + b i) =

(a −bb a

)

Demonstracao.

I) f e homomorfismo (preserva “+” e “ · ”)

z1 = a + b i ∈ C ⇒ f(z1) =

(a −bb a

)

∈ M2×2(R)

z2 = c + d i ∈ C ⇒ f(z2) =

(c −dd c

)

∈ M2×2(R)

z1 + z2 = (a + c) + (b + d)i ∈ C

f(z1 + z2) =

(a + c −(b + d)b + d a + c

)

=

(a −bb a

)

+

(c −dd c

)

= f(z1) + f(z2)

z1 · z2 = (a + b i)(c + d i) = (ac − bd) + (ad + bc)i

f(z1 · z2) =

(ac − bd −(ad + bc)ad + bc ac − bd

)

q

f(z1) · f(z2) =

(a −bb a

)(c −dd c

)

II) f e injetiva:

Ker(f) = {z ∈ C | f(z) = 0}=

{

a + b i ∈ C∣∣∣

(a −bb a

)

=

(0 00 0

)}

= {0 + 0i} = {0} ⇒ f e injetora ¥

173

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11) f(x) = x2 − x ∈ A[x], onde A e DI

Tese: As unicas raızes de f em A sao 0 e 1.

Demonstracao. α ∈ A e raiz de f se f(α) = 0

f(α) = 0 ⇒ α2 − α = 0 ⇒ α(α − 1) = 0 ⇒ α = 0 ou α − 1 = 0 ⇒α = 0 ou α = 1 ¥

Teorema de Lagrange (7.8). Sejam (G, ·) um grupo finito e H 6 G.Entao, |H| divide |G| (isto e, |G| = n|H|, com n ∈ N).

Demonstracao. (do Teorema 7.8)Pelo exercıcio da pagina 172, dados x, y ∈ G, x ≡ y (mod H) ⇔ x−1y ∈

H define uma relacao de equivalencia sobre G. Assim, podemos obter x(classe de equivalencia de x), a saber:

x = {y ∈ G | x ≡ y (mod H)} = {y ∈ G | x−1y = h ∈ H}= {y ∈ G | y = xh, h ∈ H} def

= xH = {xh | h ∈ H}(xH e a classe lateral a esquerda de H determinada por x)

Observacoes. a) Poderıamos tambem ter definido uma outra relacao deequivalencia:

x ≡ y (mod H) ⇔ xy−1 ∈ H

Neste caso, x = Hx (classe lateral a direita de H determinada por x)

b) Como G e finito, segue que ha um numero finito de classes laterais aesquerda, a saber: x1H, x2H, . . . , xnH. Tais classes constituem umaparticao de G, ou seja:

i) xiH 6= ∅, ∀ i ∈ {1, . . . , n};ii) xiH 6= xjH ⇒ xiH ∩ xjH = ∅, (i 6= j);

iii) G = x1H ∪ x2H ∪ . . . ∪ xnH

c) Todas as classes laterais a esqurda tem o mesmo numero de elementos.

De fato:f : H → xH

h 7→ f(h) = xh

e uma bijecao. Logo, |xH| = |H|, ∀ x ∈ G.

174

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Conclusao:

|G| = |x1H| + |x2H| + . . . + |xnH| = |H| + |H| + . . . + |H| = nH

(n = ındice de H em G = numero de distintas classes a esquerda) ¥

Exercıcios:

1) Fatore os seguintes polinomios como produto de fatores irredutıveis emR[x]:

a) f(x) = x3 + x2 + x + 1

b) f(x) = x3 + 1

c) f(x) = x3 − 1

d) f(x) = x3 − x

e) f(x) = x3 + x

f) f(x) = x4 + 1

g) f(x) = x6 − 1

2) (Multiplicidade de uma Raiz)

K = corpo (por exemplo: Q, R, C ou Zp)f(x) = anx

n + an−1xn−1 + . . . + a1x + a0 ∈ K[x], an 6= 0

α ∈ K - raiz de f(x) (isto e, f(α) = 0)m ∈ N

nomenclatura:

{• an = coeficiente dominante (lıder)• Se an = 1, entao f e dito monico

Dizemos que α e raiz de multiplicidade m se f(x) = (x − α)m · g(x),onde g(x) ∈ K[x] e g(α) 6= 0.

(Lembre-se: (Teorema do resto + Teorema de D’Allembert)

Mostre que α e raiz simples ⇔ f(α) = 0 e f ′(α) 6= 0. Eq: α e raizde multiplicidade m > 2 ⇔ f(α) = 0 e f ′(α) = 0. (Na verdade:f(α) = f ′(α) = . . . = f (m−1)(α) = 0 e f (m)(α) 6= 0)

Observacao.m = 1 : α e raiz simples

f(x) = (x − α)g(x)

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m = 2 : α e raiz dupla

f(x) = (x − α)g(x)...

Resolucao:

a) Lembre-se: Todo polinomio f(x) ∈ K[x] nao-constante (isto e, gr(f) >1) pode ser decomposto como um produto de fatores irredutıveis. Taldecomposicao e unica, a menos de constantes.

b) Em C (T.F.A.), os unicos polinomios irredutıveis sao os lineares: ax+b,com a 6= 0.

c) Em R, os unicos polinomios irredutıveis sao os lineares (ax + b, coma 6= 0) e os quadraticos com ∆ < 0 (ax2 + bx + c, com a 6= 0 e∆ = b2 − 4ac < 0)

d) Se α ∈ C e raiz de f(x) ∈ R[x] entao α ∈ C tambem o e

(x − α)(x − α) = x2 − (α + α)︸ ︷︷ ︸

2 Re(α) ∈ R

x + αα︸︷︷︸

|α|2 ∈ R

1) a) f(x) = x3 + x2 + x + 1 = x2(x + 1) + (x + 1) = (x + 1) (x2 + 1)︸ ︷︷ ︸

∆ = −4 < 0

b) f(x) = x3 + 1(1)= (x + 1) (x2 − x + 1)

︸ ︷︷ ︸

∆ = −3 < 0

c) f(x) = x3 − 1(2)= (x − 1)(x2 + x + 1)

d) f(x) = x3 − x = x(x2 − 1)(3)= x(x + 1)(x − 1)

e) f(x) = x3 + x = x (x2 + 1)︸ ︷︷ ︸

∆ = −4 < 0

f) f(x) = x4 +1 = [(x2)2 +2x2 · 1+12]− 2x2 · 1 = (x2 +1)2 − 2x2︸︷︷︸

(√

2x)2

(3)=

(x2 + 1 +√

2x)(x2 + 1 −√

2x) = (x2 +√

2x + 1)︸ ︷︷ ︸

∆ = −2 < 0

(x2 −√

2x + 1)︸ ︷︷ ︸

∆ = −2 < 0

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g) f(x) = x6 − 1(3)= (x3 − 1)(x3 + 1)

(2) e (1)= (x − 1) (x2 + x + 1)

︸ ︷︷ ︸

∆ = −3 < 0

(x + 1) (x2 − x + 1)︸ ︷︷ ︸

∆ = −3 < 0

(1) (a3 + b3) = (a + b)(a2 − ab + b2)(2) (a3 − b3) = (a − b)(a2 + ab + b2)(3) (a2 − b2) = (a + b)(a − b)

2) (Multiplicidade)

Exemplos:

a) f(x) = ax + b ∈ R[x], a 6= 0f(x) = 0 ⇒ ax + b = 0 ⇒ x = −b/a

f(x) = ax + b = a

(

x +b

a

)

= a

(

x −(

− b

a

))1

x = −b/a e raiz simples

f ′(x) = a 6= 0 (em particular, f ′(−b/a) 6= 0)

b) f(x) = ax2 + bx + c ∈ R[x], com a 6= 0

f(x) = 0 ⇒ ax2 + bx + c = 0 ⇒ x =−b ±

√b2 − 4ac

2a

∆ > 0 : x1, x2 ∈ R; x1 6= x2

∆ = 0 : x1, x2 ∈ R; x1 = x2

∆ < 0 : x1, x2 ∈ C; (x2 = x1)

Observe que se ∆ = 0, entao λ = (−b/2a) e uma raiz dupla (m =2). Assim, f(x) = a(x − x1)(x − x2) = a(x − λ)2 (λ = x1 = x2)

f ′(x) = 2ax + b

f ′′(x) = 2a 6= 0 (pois a 6= 0)

Observe que

f(λ) = 0f ′(λ) = 0f ′′(λ) 6= 0

c) f(x) = x3 ∈ R[x]x3 = (x − 0)3

x = 0 e raiz tripla (m = 3)

f(x) = x3 f ′′(x) = 6xf ′(x) = 3x2 f ′′′(x) = 6 6= 0

Observe que f(0) = f ′(0) = f ′′(0) = 0 e f ′′′(0) 6= 0.

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3) (Pendente - veja pagina 159)

A = Z (anel dos inteiros)a, b ∈ N

I = (a) = aZ = {ax | x ∈ Z} = {0,±a,±2a, . . .}J = (b) = bZ = {by | y ∈ Z} = {0,±b,±2b, . . .}I + J = (d) = dZ = {0,±d,±2d, . . .}I ∩ J = (m) = mZ = {0,±m,±2m, . . .}

Teorema 7.9. d = mdc(a, b) e m = mmc(a, b)

(d)

(a)

=={{{{{{{{

(b)

aaBBBBBBBB

(m)

aaCCCCCCCC

==||||||||

Exemplo: a = 2, b = 3

I = (2) = 2Z = {0,±2,±4,±6,±8,±10,±12, . . .}J = (3) = 3Z = {0,±3,±6,±9,±12,±15,±18, . . .}I + J = (mdc(3, 2)) = (1) = 1Z = Z

I ∩ J = (mmc(2, 3)) = (6) = 6Z = {0,±6,±12,±18, . . .}

Definicao 7.10 (Ordem de Um Elemento de Um Grupo). Sejam (G, ·)um grupo e a ∈ G. Dizemos que a tem ordem (ou perıodo) finita se ∃ n ∈N | an = 1. O mınimo valor de n e chamado de ordem (ou perıodo) de a.

Notacao. ◦(a) = min{n ∈ N | an = 1}

Observacao. Caso nao exista tal n ∈ N, dizemos que a tem ordem infinita.

4) Calcule ◦(a) nos seguintes casos:

a) G = {±1}, ∗ = ·a = 1 ⇒ ◦(1)a = −1 ⇒ ◦(−1)

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b) G = S3; ∗ = ◦a =

(1 2 32 3 1

)

⇒ ◦((

1 2 32 3 1

))

c) G = Z6; ∗ = +a = 2 ⇒ ◦(2)a = 3 ⇒ ◦(3)

d) G = C∗; ∗ = ·a = i ⇒ ◦(i)

Resolucao:

a) e = 1; an = 1◦(1) = 1, pois 11 = 1◦(−1) = 2, pois (−1)2 = 1

b) e =

(1 2 31 2 3

)

an = e (compor a n vezes)

a =

(1 2 32 3 1

)

6= e

a2 = a ◦ a =

(1 2 32 3 1

)

◦(

1 2 32 3 1

)

=

(1 2 33 1 2

)

6= e

a3 = a2 ◦ a =

(1 2 33 1 2

)

◦(

1 2 32 3 1

)

=

(1 2 31 2 3

)

= e

⇒ ◦(a) = 3

c) e = 0; ∗ = +

n a = 0

a = 2

1 · 2 = 2 6= 0

2 · 2 = 2 + 2 = 4 6= 0

3 · 2 = 2 + 2 + 2 = 6 = 0

◦(2) = 3

a = 3

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1 · 3 = 3 6= 0

2 · 3 = 3 + 3 = 6 = 0

◦(3) = 2

d) e = 1; an = 1

a = i

a1 = i 6= 1

a2 = −1 6= 1

a3 = −i 6= 1

a4 = 1

◦(a) = 4

Exercıcios Propostos

Logica & Conjuntos & Inducao

(1-a Lista de Exercıcios)

1) Joao e Ricardo estudam em colegios diferentes, porem estudam juntosem casa. Por coincidencia, no dia em que Joao teve aula sobre funcaoinjetora, Ricardo tambem a teve. No caderno de Joao estava escrito:“Uma funcao e injetora quando x1 6= x2 ⇒ f(x1) 6= f(x2)”. Ja nocaderno de Ricardo estava escrito: “Uma funcao e injetora quandof(x1) = f(x2) ⇒ x1 = x2”.

Assim, comecou uma discussao:

– Seu professor errou - disse Joao.

– Foi o seu quem errou, pois o meu nao erra - respondeu Ricardo.

Com base no texto acima, qual e a sua conclusao? Justifique.

2) Considere as afirmacoes seguintes:

• Todo automovel alemao e bom

• Se um automovel e bom, entao ele e caro

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• Existem automoveis suecos bons

• Se nao choveu, entao todas as lojas estao abertas

• Se x < y, entao z = 5 ou z = 7

Admitindo a veracidade dessas 5 afirmacoes e admitindo que existamautomoveis franceses, alemaes, suecos e coreanos, julgue os itens a se-guir:

a) ( ) Se alguma loja esta fechada, entao choveu.

b) ( ) Se um automovel nao e caro, entao ele pode ser frances.

c) ( ) Alguns automoveis suecos sao caros.

d) ( ) Existem automoveis coreanos caros.

e) ( ) Um automovel alemao pode nao ser caro.

f) ( ) Se z 6= 5 e z 6= 7, entao x > y.

3) (PAS - UnB) Em matematica, as manipulacoes algebricas sao funda-mentais e devem ser feitas com bastante cautela, a fim de que sejamevitadas operacoes incorretas. Na sequencia de igualdades abaixo, nu-meradas de I a VII, considere x e y numeros reais nao-nulos.

I) x = y

II) xy = y2

III) x2 − xy = x2 − y2

IV) x(x − y) = (x + y)(x − y)

V) x = x + y

VI) x = 2x

VII) 1 = 2

Com base nessas informacoes e admitindo I como verdadeira, julgue ositens abaixo:

a) ( ) II e consequencia de I.

b) ( ) Os processos de fatoracao usados em III para se obter IV valemapenas para x > 0.

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c) ( ) E correta a obtencao de V a partir de IV.

d) ( ) E correta a obtencao de VII a partir de VI.

4) Sendo A = {0, 1, 2, {2}, {1, 2}}, B = {2}, C = {∅, 2} e D = { }, julgueos itens abaixo:

a) ( ) 0 ∈ A f) ( ) {1, 2} ⊆ A l) ( ) B ∈ C

b) ( ) 2 ∈ A g) ( ) ∅ ⊆ C m) ( ) D ∈ C

c) ( ) B ∈ A h) ( ) D ⊆ C n) ( ) B ⊆ C

d) ( ) B ⊆ A i) ( ) 1 ∈ A o) ( ) D ⊆ B

e) ( ) ∅ ∈ C j) ( ) ∅ ∈ A p) ( ) {1, 2} ∈ A

5) (UnB) Sejam A,B,C e D conjuntos tais que (A ∪ B) ∩ (C ∪ D) = ∅.Observe a tabela abaixo e julgue os itens a seguir:

Conjunto n-o de elementos

(A − B) ∪ (C − D) 12C 11

(A ∩ B) ∪ (C ∩ D) 10A ∩ B 4A ∪ B 17

(C − D) ∪ (D − C) 13

a) ( ) |C − D| = 5

b) ( ) |D − C| = 9

c) ( ) |C ∪ D| = 19

d) ( ) |(A − B) ∪ (B − A)| = 13

e) ( ) |B − A| = 5

6) Sejam A,B ⊆ E. Definimos a diferenca simetrica entre A e B, deno-tado por A△B, por:

A△B := (A − B) ∪ (B − A)

i) Represente A△B por meio de Diagramas de Venn.

ii) Mostre que:

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a) A△A = ∅;

b) A△∅ = A;

c) A△B = B△A;

d) A△B = (A ∪ B) − (A ∩ B)

7) Determine os seguintes conjuntos:{

Z+ = conjunto dos inteiros nao-negativosZ− = conjunto dos inteiros nao-positivos

a) Z+ − Z− =

b) Z+ ∩ Z− =

c) Z+ ∪ Z− =

d) ∁R(Q) =

e) Z − N =

f) ∁C(R) =

8) Usando o Princıpio de Inducao, mostre que:

a) 1 + 2 + 3 + · · · + n =n(n + 1)

2, ∀ n ∈ N;

b) 12 + 22 + 32 + · · · + n2 =n(n + 1)(2n + 1)

6, ∀ n ∈ N;

c) 13 + 23 + 33 + · · · + n3 =n2(n + 1)2

4, ∀ n ∈ N;

d) 1 + x + x2 + · · · + xn−1 =1 − xn

1 − x, ∀ n ∈ N,∀ x ∈ R, x 6= 1;

e)1

1 · 2 +1

2 · 3 +1

3 · 4 + · · · + 1

n(n + 1)=

n

n + 1, ∀ n ∈ N;

f) 1 · 2 + 2 · 3 + 3 · 4 + · · · + n(n + 1) =n(n + 1)(n + 2)

3, ∀ n ∈ N;

g) (1 + x)n > 1 + nx, ∀ n ∈ N, ∀ x ∈ R, x > −1;(Desigualdade de Bernoulli)

h) an−bn = (a−b)(an−1 +an−2b+an−3b2 + · · ·+abn−2 +bn−1), ∀ n ∈N, n > 2;

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i) Sn = (n − 2) · 180◦, ∀ n ∈ N, n > 3;(Sn = soma das medidas dos angulos internos de um polıgonoconvexo de n lados)

j) dn =n(n − 3)

2, ∀ n ∈ N, n > 3;

(dn = numero de diagonais de um polıgono convexo de n lados)

l) n! > 2n, ∀ n ∈ N, n > 4;

m) Se A e um conjunto finito com n elementos, entao A possui 2n

subconjuntos. (Equivalente: se |A| = n, entao |P (A)| = 2n)

9) Sejam A,B ⊆ E. Mostre que A ⊆ B ⇔ P (A) ⊆ P (B).

10) Sejam A,B ⊆ E tais que |A| < ∞ e |B| < ∞. Mostre que:

a) Se A ∩ B = ∅, entao |A ∪ B| = |A| + |B|;b) Se A ⊆ B, entao |B − A| = |B| − |A|;c) |A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|

Relacoes & Funcoes

(2 -a Lista de Exercıcios)

1) Determinar todas as relacoes de equivalencia R sobre o conjuntoA = {1, 2, 3} e os respectivos conjuntos-quociente A/R

.

2) Dar exemplos de relacoes R sobre o conjunto A = {1, 2, 3} tais que:

a) R satisfaz (RE1), (RE2) e (RE3);

b) R satisfaz (RE1), mas nao satisfaz (RE2) e nem (RE3);

c) R satisfaz (RE2), mas nao satisfaz (RE1) e nem (RE3);

d) R satisfaz (RE3), mas nao satisfaz (RE1) e nem (RE2);

e) R satisfaz (RE1) e (RE2), mas nao satisfaz (RE3);

f) R satisfaz (RE1) e (RE3), mas nao satisfaz (RE2);

g) R satisfaz (RE2) e (RE3), mas nao satisfaz (RE1);

Conclusao: sao independentes entre si.

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3) Explicite a relacao dada por R = {(x, y) ∈ R × Z | 9x2 + 4y2 = 36},determinado D(R) e Im(R).

4) Seja A = Z × Z∗ (Z∗ = Z − {0}). Para (a, b), (c, d) ∈ A, defina:

(a, b) ∼ (c, d) ⇔ ad = bc

Mostre que ∼ define uma relacao de equivalencia sobre A.

5) Sejam A = Z e n ∈ N (fixado). Para x, y ∈ A, defina:

x ∼ y ⇔ n | x − y

Mostre que ∼ define uma relacao de equivalencia sobre A, chamadade congruencia modulo n e denotada por x ≡ y (mod n) (le-se: “x econgruente a y” (modulo n)).

6) Sabendo que A = {1, 2, 3} e B = {¤,△}, determine F(A,B),F(B,A), Sur(A,B), Inj(A,B), SA = Bij(A,A) e SB = Bij(B,B).

7) Mostre que se |A| = m e |B| = n, com m,n ∈ N, entao |F(A,B)| = nm.

8) Sejam A = Z e a, b, c ∈ A. Verifique as seguintes propriedades dedivisibilidade em A:

i) 1 | a; a | 0; a | a;

ii) a | b e b | c ⇒ a | c;

iii) a | b e c | d ⇒ ac | bd;

iv) a | b e a | c ⇒ a | bx + cy, ∀ x, y ∈ A;

v) a | b e b | a ⇔ |a| = |b|;vi) a | b e b 6= 0 ⇒ |a| 6 |b|;vii) a | 1 ⇔ a = ±1; 0 | b ⇔ b = 0;

Usando i, ii e v, conclua que a relacao de divisibilidade em A = Zsatisfaz as propriedades reflexiva e transitiva, mas nao a anti-simetrica.(Portanto, nao e uma relacao de ordem parcial sobre Z.)

9) Seja A = {1, 2, . . . , n}. Denotamos por SA = Bij(A,A) = Sn = {σ :A → A | σ e bijecao}. Um elemento σ ∈ SA e dito uma permutacao deA. Mostre que |SA| = n!.

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10) Sejam E 6= ∅ e A = P (E). Para ∅ 6= X,Y ∈ A, defina:

X ∼ Y ⇔ ∃ f : X → Y bijecao

Mostre que ∼ define uma relacao de equivalencia sobre A. (Neste caso,dizemos que X e Y sao equipotentes, ou seja, |X| = |Y |.)

11) Mostre que X e Y sao equipotentes nos seguintes casos:

a) X = N, Y = {y ∈ N | y e par};b) X = Z; Y = N;

c) X = (0, 1); Y = (a, b);

d) X = R; Y = R∗+ = {y ∈ R | y > 0}

e) X = (−π/2, π/2); Y = R

Sugestao:

a) Verifique que

f : X → Yn 7→ f(n) = 2n

e uma bijecao.

b) Verifique que

f : X → Y

n 7→ f(n) =

{2n, se n > 0−2n + 1, se n 6 0

e uma bijecao.

c) Verifique que

f : X → Yx 7→ f(x) = (b − a)x + a

e uma bijecao.

d) e e): Lembre-se de duas funcoes estudadas em Calculo 1.

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12) Seja A = N × N, onde N esta munido de sua ordem natural 6. Para(a, b), (c, d) ∈ A, defina:

(a, b) R (c, d) ⇔ a < c ou a = c e b 6 d

(ordem lexicografica). Mostre que R define uma relacao de ordem totalsobre A.

13) Seja f : A → B uma funcao, onde A,B 6= ∅. Para x, x′ ∈ A, defina:

x ∼ x′ ⇔ f(x) = f(x′)

Verifique que ∼ define uma relacao de equivalencia sobre A (∼ e arelacao de equivalencia induzida por f).

Operacoes Binarias

(3 -a Lista de Exercıcios)

1) Seja A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗ associativa e comelemento neutro e. Considere U∗(A) = {x ∈ A | x e inversıvel} eR∗(A) = {x ∈ A | x e regular}. Verifique que:

a) U∗(A) 6= ∅ e R∗(A) 6= ∅;

b) Se x ∈ U∗(A), entao x′ ∈ U∗(A). Neste caso, (x′)′ = x;

c) Se x, y ∈ U∗(A), entao x ∗ y ∈ U∗(A). Neste caso, (x ∗ y)′ = y′ ∗x′;

d) U∗(A) ⊆ R∗(A).

2) Diga quais dos seguintes subconjuntos de Z sao fechados para as ope-racoes de adicao e de multiplicacao:

a) Z− = {x ∈ Z | x 6 0}b) P = {x ∈ Z | x e par}c) I = {x ∈ Z | x e ımpar}d) nZ = {x ∈ Z | x = nk, k ∈ Z} (conjunto dos multiplos de n,

n ∈ N)

3) Considere A = P ({a, b}) munido de uma operacao∗, onde X ∗ Y =X ∩ Y . Verifique, usando a tabua de operacao, se ∗ e comutativa, seexiste elemento neutro e quais sao os elementos simetrizaveis.

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4) Determine o numero de operacoes binarias que se pode construir sobreum conjunto finito A com n elementos (n ∈ N).

5) Construa a tabua de uma operacao ∗ sobre A = {a, b, c, d} de modoque ∗ seja comutativa, a seja elemento neutro, U∗(A) = A, R∗(A) = Ae b ∗ c = a.

6) Construa a tabua de uma operacao ∗ sobre A = {e, a, b, c} de modoque ∗ seja comutativa, e seja elemento neutro, x ∗ a = a (∀ x ∈ A) eR∗(A) = A − {a}.

7) Considere A = Z e ∗ = ÷. Explique de duas maneiras distintas a razaopela qual ∗ nao e uma operacao binaria sobre A.

8) Considere A = R munido de uma operacao binaria ∗, onde x ∗ y =y, ∀ x, y ∈ A. Verifique se ∗ e associativa, comutativa e se possuielemento neutro a esquerda, a direita e bilateral.

9) Considere E = {1, 2, 3} e A = S3 = {f : E → E | f e bijecao}. Cons-trua a tabua de A com relacao a operacao de composicao de funcoes,verificando se a mesma e comutativa, se existe elemento neutro, quaiselementos sao inversıveis e quais sao regulares.

10) Determine todos os elementos neutros a esquerda no conjunto

A =

{(a b0 0

) ∣∣∣∣

a, b ∈ R}

para a operacao de multiplicacao.

11) Sejam A 6= ∅ munido de uma operacao binaria ∗ e a ∈ A. Considere

λa : A → A e ξa : A → Ax 7→ λa(x) = a ∗ x x 7→ ξa(x) = x ∗ a

Verifique que:

a) a e regular a esquerda ⇔ λa e injetora;

b) a e regular a direita ⇔ ξa e injetora.

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Homomorfismos & Polinomios

(4-a Lista de Exercıcios)

1) Para n, k ∈ Z+, com n > k > 0, definimos o coeficiente binomial(

nk

)

por n!/k!(n − k)!, onde

n! =

{n · (n − 1) · . . . · 3 · 2 · 1 , se n ∈ N;

1 , se n = 0

a) Demonstre, usando a definicao de coeficiente binomial, a Relacaode Stiffel:

(n

k − 1

)

+

(n

k

)

=

(n + 1

k

)

(n, k ∈ Z+; n > k > 1)

b) Seja A um anel comutativo com identidade. Usando a) e inducaosobre n, mostre que e valido o desenvolvimento binomial em A:

(a + b)n =

n∑

k=0

(nk

)ak · bn−k

ou , ∀ a, b ∈ A, ∀ n ∈ Nn∑

k=0

(nk

)an−k · bk

2) Mostre que:

a) f e um monomorfismo de aneis

f : C → M2×2(R)

a + bi 7→ f(a + bi) =

(a −bb a

)

b) g e um automorfismo de aneis

g : C → Ca + bi 7→ g(a + bi) = a − bi

c) h nao e um homomorfismo de aneis

h : M2×2(R) → M2×2(R)(

a bc d

)

︸ ︷︷ ︸

A

7→ h

((a bc d

))

=

(a cb a

)

︸ ︷︷ ︸

transposta de A

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3) Seja A um domınio de integridade. Determine U·(A[X]).

4) Calcule o quociente e o resto da divisao de f(X) por g(X) para osseguintes pares de polinomios:

i) f(X) = 3X5 + 4X3 + 2X + 5; g(X) = 2X3 − 3X2 + 7 em Q[X];

ii) f(X) = −X6 + 12X4 + 8X3 − 4X + 10; g(X) = X3 − 3 em Z[X];

iii) f(X) = 4X5 + 3X3 − 4X2 − 2X + 3; g(X) = 3X2 − 1X − 2 emZ7[X].

5) Seja f(X) = anXn + an−1X

n−1 + an−2Xn−2 + . . . + a1X + a0 ∈ Z[X],

onde gr(f) = n > 1.

a) Mostre que se r/s ∈ Q e raiz de f(X), com mdc(r, s) = 1, entaor | a0 e s | an.

b) Conclua que se r/s ∈ Q e raiz de f(X), com mdc(r, s) = 1, ean ∈ U·(Z), entao tal raiz e inteira.

6) Seja A um domınio de integridade e considere f(X) = anXn + . . . +

a2X2 + a1X + a0 ∈ A[X]. Definimos a “derivada formal” de f(X) por:

f ′(X) := nanXn−1 + . . . + 2a2X + a1 ∈ A[X]

Mostre que: (Regras de Derivacao)

a) (a · f)′ = a · f ′;

b) (f + g)′ = f ′ + g′;

c) (f · g)′ = f ′ · g + f · g′;

d) (fn)′ = nfn−1 · f ′.

(n ∈ N; f, g ∈ A[X]; a ∈ A)

7) Seja K um corpo. K e dito “algebricamente fechado” se ∀ f(X) ∈K[X], com gr(f) > 1, ∃ α ∈ K | f(α) = 0. Mostre que R nao ealgebricamente fechado.

8) a) Mostre que o polinomio f(X) = X2 − 1 possui quatro raızes noanel Z15.

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b) Comente o fato do polinomio f acima ter um numero de raızesmaior que o grau.

9) Sejam K um corpo infinito e f(X), g(X) ∈ K[X]. Mostre que f = g ⇔f = g (isto e, dois polinomios com coeficientes num corpo infinito saoiguais se, e somente se, eles induzem a mesma funcao polinomial).

10) a) Mostre que o polinomio f(X) = X2 possui infinitas raızes no anelM2×2(R).

b) Comente o fato do polinomio f acima ter um numero de raızesmaior que o grau.

11) Considere f(X) = X2 − X ∈ A[X], onde A e um domınio de integri-dade. Mostre que as unicas raızes de f em A sao 0 e 1.

12) Mostre que todo polinomio sobre R de grau ımpar possui pelo menosuma raiz real.

13) Sejam K = C e f(X) = anXn + an−1X

n−1 + . . . + a1X + a0 ∈ K[X],onde gr(f) = n > 1. Mostre que f pode ser fatorada da seguintemaneira:

f(X) = an(X − α1)(X − α2) . . . (X − αn),

onde α1, . . . , αn ∈ K sao as raızes de f(X) (nao necessariamente dis-tintas).

14) Calcule a soma e o produto de f(X) = 2X3 + 4X2 + 3X + 3 eg(X) = 3X4 + 2X + 4 sobre Z5 e sobre Z7.

15) Calcule q(x) e r(x) tais que f(x) = g(x)q(x) + r(x), onde r(x) = 0 ougr(r) < gr(g):

a) f(x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x2 + 7 ∈ Q[x]

b) f(x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x − 2 ∈ Q[x]

c) f(x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = 1x + 2 ∈ Z5[x]

d) f(x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x3 + x − 1 ∈ Z3[x]

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16) Seja K um corpo, onde K ⊆ C. Sejam f(X) ∈ K[X] − {0}, comgr(f) = n > 1, e α ∈ C uma raiz de f(X). Entao:

α e raiz simples de f(X) ⇔ f(α) = 0 e f ′(α) 6= 0

(Equivalentemente: α e raiz de f(X) de multiplicidade > 2 ⇔ f(α) = 0e f ′(α) = 0)

17) Liste todos os polinomios de grau 6 3 em Z2[X] e todos os de grau 62 em Z3[X] (incluindo o polinomio identicamente nulo).

18) Sejam (G, ·) um grupo e g ∈ G. Defina

ψg : G → Gx 7→ ψg(x) = g−1xg

Mostre que ψg e um automorfismo de G.

19) Calcule o MDC em Q[X] entre os seguintes polinomios:

a) f(x) = x4 + x3 + 2x2 + x + 1; g(x) = x3 + 4x2 + 4x + 3

b) f(x) = 4x5 + 7x3 + 2x2 + 1; g(x) = 3x3 + x + 1

c) f(x) = x4 + x3 + 2x2 + 3x + 1; g(x) = x4 + x3 − 2x2 − x + 1

20) a) Sejam A = Z2 e f(X) = 1 + X + X3 ∈ Z2[X]. Determine g(X) ∈Z2[X], g(X) 6= f(X), tal que g = f .

b) Sejam A = Z3 e f(X) = X, g(X) = X3, h(X) = X +5X3 +X9 ∈Z3[X]. Mostre que f = g = h.

21) Verifique em cada caso se f e um homomorfismo de grupos:

a)f : (Z, +) → (C∗, ·)

n 7→ f(n) = in

b)f : (C∗, ·) → (R∗

+, ·)z 7→ f(z) = |z|

c)f : (Z, +) → (Z, +)

n 7→ f(n) = kn(k ∈ Z dado)

d)f : (R, +) → (R, +)

x 7→ f(x) = x + 1

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e)f : (C∗, ·) → (C∗, ·)

z 7→ f(z) = z

22) Verifique em cada caso se f e um homomorfismo de aneis:

a)f : C → C

(a + bi) 7→ f(a + bi) = a − bi

b)f : Z → Z

x 7→ f(x) = x + 1

c)f : Z → Z

x 7→ f(x) = 2x

d)f : Z → Zn

x 7→ f(x) = x

e)f : Z → Z

x 7→ f(x) = −x

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