1502
1 Anais do X Fórum de Estudos Linguísticos da UERJ Grupos Temáticos André C. Valente e Denise Salim (Organizadores) Língua Portuguesa, descrição e ensino: diálogos 2011

Língua Portuguesa, descrição e ensino

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1

    Anais do X Frum de Estudos Lingusticos da UERJGrupos Temticos

    Andr C. Valente e Denise Salim(Organizadores)

    Lngua Portuguesa, descrio e ensino: dilogos

    2011

  • Anais do X Frum de Estudos Lingusticos da UERJGrupos Temticos

    Andr C. Valente e Denise Salim(Organizadores)

    Lngua Portuguesa, descrio e ensino: dilogos

    2011

  • Copyright @2011 Andr C. Valente e Denise Salim

    Publicaes Dialogarts - www.dialogarts.uerj.br

    Coordenador do projeto:

    Darcilia Simes - [email protected]

    Co-coordenador do projeto:

    Flavio Garca - [email protected]

    Coordenador de divulgao:

    Cludio Cezar Henriques [email protected]

    Darcilia Simes - [email protected]

    Preparador de textos:

    Elir Ferrari

    Projeto de capa e diagramao:

    Marcos da Rocha Vieira - [email protected]

    Carlos Henrique Braga Brando - [email protected]

    Produo:

    Elisabete Estumano Freire - [email protected]

    Logotipo Dialogarts:

    Gisela Abad - [email protected]

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Centro de Educao e Humanidades

    Instituto de Letras

    Departamento de Lngua Portuguesa, Literatura Portuguesa e Filologia Romnica

    UERJ SR3 DEPEXT Publicaes Dialogarts-

    http://www.dialogarts.uerj.brmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
  • FICHA CATALOGRFICA

    V410

    Lngua Portuguesa, descrio e ensino: dilogos

    Anais do X Frum de Estudos Lingusticos da UERJ

    Grupos Temticos. / Andr C. Valente, Denise Salim

    (orgs.) - Rio de Janeiro: Dialogarts, 2011.

    Publicaes Dialogarts

    Bibliografia

    ISBN 978-85-86837-93-7

    1. Lingustica. 2. Lngua Portuguesa. 3. Descrio. 4.

    Ensino. I. Valente, Andr C. / Salim, Denise. II.

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro. III.

    Departamento de Extenso. IV. Ttulo

    CDD 410.469

    Correspondncias para:

    UERJ/IL - a/c Darcilia Simes

    R. So Francisco Xavier, 524 sala 11.139-F

    Maracan - Rio de Janeiro: CEP 20 569-900

    Contatos: [email protected]

    [email protected]

    [email protected]

    URL: http://www.dialogarts.uerj.br

    mailto:[email protected]:[email protected]
  • 5

    PREFCIO

    A dcima edio do Frum de Estudos Lingusticos, promovido pelo Programa de PsGraduao em Lngua Portuguesa, do Instituto de Letras da UERJ, reafirma os objetivos traados em sua primeira realizao, em 1996: o compartilhamento, a difuso, a discusso de estudos e pesquisas sobre a lngua materna, esta realidade plural, ou seja, um conjunto de inmeras variedades reconhecidas histrica, poltica e culturalmente como manifestaes de uma mesma lngua por seus falantes (Faraco, 2008, p.34) e sua produtividade na prtica pedaggica.

    A coletnea de artigos ora reunidos nesta mdia resultado dos trabalhos apresentados no desdobramento do X FELIN - apresentao de comunicaes em grupos temticos - atividade que, efetivamente, estimula a troca de experincias entre aqueles que se dedicam ao estudo da lngua materna, permite novas leituras e interpretaes, leva reflexo profunda sobre as questes da lngua. Mais que isto, propicia o intercmbio entre as diversas instituies de ensino superior, cuja funo primordial a produo do conhecimento.

    A heterogeneidade dos temas abordados, ao mesmo tempo que demonstra a riqueza de assuntos que excitam a curiosidade e o interesse do pesquisador acaba por acentuar a tessitura de nossa lngua nos seus entremeios, em suas tangncias, na trama de seus elementos. Destaca suas convergncias e divergncias, mas sempre estabelece o dilogo produtivo entre os diversos campos do saber lingustico. E neste confronto reafirma-se a unidade da lngua.

    Para atender ao carter multifacetado dos objetos e interdisciplinaridade dos estudos, esta coletnea contempla a descrio da lngua em seus diversos nveis, a produo textual, leitura, escrita e ensino, anlise do discurso, bilinguismo, histria da lngua, literatura, firmando-se como mais um documento de referncia para outros estudos, outras reflexes e intersees possveis, oferecendo ao campo do conhecimento novas extenses, nova dinmica e a renovao da aplicabilidade da teoria prtica, o grande problema enfrentado pelos profissionais que atuam dentro das salas de aula, na sua atividade cotidiana de levar a clientela no s funcionalidade do uso adequado da lngua portuguesa, mas tambm sensibiliz-la para o tanto de beleza que nela existe.

    Se assim for entendida esta publicao, teremos atingido o objetivo dos GTs do X Frum de Estudos Lingusticos da UERJ 2010: Lngua Portuguesa, descrio e ensino: dilogos.

    Bom proveito!

    Denise Salim Santos

  • SumRIO

    PREFCIO 5

    X FRum dE EStudOS LInguStICOS da uERJ Lngua PORtuguESa, dESCRIO E EnSInO: dILOgOSGrupos Temticos 25

    gt01 - anLISE dE EStRutuRaS LInguStICaS Em PERSPECtIva SIStmICO-FunCIOnaLCoordenao: Magda Bahia SchleeVania Lcia Rodrigues Dutra UERJ 26

    a COnJunO CauSaL: RELaES COESIvaS EXtERnaS E IntERnaS Vania L. R. DutraUERJ /UFF 27

    a COnStRuO da ImagEm dO JORnaLISta na guERRa E na COPa SEgundO uma anLISE SIStmICO-FunCIOnaL1Renata Cantanhede AmarantePUC-Rio 41

    a ImagEm da muLHER Em COntOS dE maRIna COLaSantI: a LInguStICa SIStmICO-FunCIOnaL COmO FERRamEnta PaRa a anLISE dO dISCuRSOElir Ferrari UERJ 50

    a mEtFORa gRamatICaL na COnStRuO dISCuRSIva dE gnEROS dO COntEXtO PEdaggICOValrio, R. G.Oliveira, L. P.PUC-Rio 60

    a mOdaLIdadE na PERSPECtIva SIStmICO-FunCIOnaLMagda Bahia SchleeUERJ / UFF 70

    EmbatES REPRESEntaCIOnaIS daS PERIFERIaS uRbanaS: O dISCuRSO RaPMichelle Souza CandidoSEERJ 82

  • OS vERbOS auXILIaRES mOdaIS Em Lngua PORtuguESa: uma abORdagEm SIStmICO-FunCIOnaLBruna Maria Vasconcellos TrindadeUERJ 92

    um OLHaR SIStmICO-FunCIOnaL SObRE a ESCRIta dE aLunOS nO EnSInO mdIOLivia Maria Aires de CastroPUC-Rio 103

    OS advRbIOS mOdaIS uma abORdagEm SIStmICO-FunCIOnaLBrbara Tavela da CostaUERJ 116

    gt02 - gRamtICa da FaLa E gRamtICa da ESCRItaCoordenao: Jos Carlos de AzeredoUERJ 126

    a IndEtERmInaO dO SuJEItO COm a tERCEIRa PESSOa dO PLuRaLAntonio Jos dos Santos JuniorUERJ 127

    IdEntIFICaO dE CaSOS dE ImPESSOaLIdadE vERbaL Em Lngua PORtuguESaAnderson Ulisses S. NascimentoUERJ 138

    O LXICO E OS PLanOS dE LEItuRa na POtICa dE JOO CabRaLFrancisco de Assis Moura SobreiraUERJ 147

    OS COnCEItOS dE dESInnCIa gEnRICa E vOgaL tEmtICa nOmInaL Em PORtuguSJairo da SilvaUERJ 157

    tOmaRa-QuE-CaIa Ou tOmaRa QuE CaIa? uma anLISE CRtICa dO PROCESSO dE HIFEnIZaO Em ItEnS LEXICaIS COmPOStOS LuZ dO nOvO aCORdO ORtOgRFICOMiguel Pais Moreira LopesPUC-Rio 168

  • gt03 - LEItuRa E EnSInOCoordenao: Maria Teresa Gonalves PereiraUERJ 178

    a EduCaO dE JOvEnS E aduLtOS (EJa): a InCLuSO SOCIaL PELOS CamInHOS da LEItuRa Ceclia Maria Lopes PugaUERJ 179

    a EduCaO dE JOvEnS E aduLtOS (EJa): REFLEXES, PRtICaS E PERSPECtIvaSJos Enildo Elias BezerraISEP 189

    a ImPORtnCIa da LEItuRa E da ESCRIta na FORmaO dE aLunOS da EduCaO dE JOvEnS E aduLtOSIvone da Silva RebelloCMPCB/SEMED-So Gonalo 194

    a LEItuRa na PERSPECtIva da anLISE dO dISCuRSO - REFLEXES SObRE a PRtICa PEdaggICa Maria da Graa CassanoUnisuam/UVA 203

    PROJEtO dE PESQuISa EmLIa vaI ESCOLa:EXPERImEntOS COm a LItERatuRa LObatEana nO SERtO baIanOMaria Afonsina Ferreira MatosDavi Carvalho PortoPPG / UESB 212

    LEItuRa E EnSInO: O LEItOR, O dESaFIO, a COnQuIStaTania Maria Nunes de Lima Camara UERJ / UNISUAM 216

    REFLEXES SObRE a LEItuRa LItERRIa nO EnSInO dE Lngua PORtuguESaFbio Andr Cardoso CoelhoUERJ 224

    tEXtO E O LEItORWelton da Silva CordeiroFSB-RJ 233

  • uma tRILHa PaRa O LEItOR OS COntOS dE FadaS E SuaS RELEItuRaSSissa JacobyPUCRS 240

    gt04 - dESCRIO dO PORtuguS: tEmaS dE mORFOLOgIa E SIntaXECoordenao: Claudio Cezar HenriquesUERJ 248

    EmERgnCIa da ORdEm [XP v (dP)] nO Pb COntEmPORnEO E O PaRmEtRO dO SuJEItO nuLO: uma abORdagEm mInImaLIStaChristiane Miranda ButhersUFMG 249

    gRamatICaLIZaO dO ItEm AGORA nO PORtuguS bRaSILEIRO.Elane S. Calmon UFMG 260

    LXICO, Lngua E IntERtEXtuaLIdadE bbLICa Em mEmORIaL dO CRIStO I E IIRegina Maria de SouzaUNESA 271

    OS PROCESSOS dE FORmaO dE PaLavRaS: mudanaS COm O tEmPO.Luci Mary Melo LeonUERJ 280

    vERbO: tRanSItIvIdadE E dIaCROnIaLaila HamdanCentro Universitrio Newton Paiva - MG 287

    gt05 - LEItuRa, PROduO tEXtuaL E EStRutuRaO LInguStICa Em PERSPECtIva SEmItICaCoordenao: Darcilia Marindir Pinto SimesUERJ 297

    a ICOnICIdadE vERbaL E a LEItuRa dO tEXtO dE HumORClaudia Moura da RochaUERJ 298

  • a SEmItICa PEIRCEana COmO aPORtE tERICO-mEtOdOLgICO na FORmaO dOCEntEAna Cristina dos Santos MalfaciniUniFOA 309

    REvIStaS FEmInInaS: PadRES dE COmPORtamEntO dEStInadOS manutEnO dE um PaRadIgma SOCIaLFlvia Cassino EstevesUERJ 319

    SObRE a nOO dE unIdadE CuLtuRaL na IntERPREtaO daS antOnOmSIaSAna Lcia Monteiro Ramalho Poltronieri MartinsUERJ 329

    um PaSSEIO PELO bRaSIL nO tREnZInHO dE vILLa-LObOS E manuEL bandEIRaAira Suzana Ribeiro MartinsCPII 337

    uma anLISE dO SubStantIvO nO dISCuRSO Maria Nomi Freire da Costa FreitasUERJ / SME 346

    gt06 - Lngua E HIStORICIdadECoordenao: Vanise Gomes de Medeiros UERJ 357

    a LItERatuRa dE mRIO dE andRadE E O dISCuRSO da CRtICa: POSIES SObRE a Lngua bRaSILEIRa nO mOdERnISmO.Lvia Letcia Belmiro BusccioINES 358

    CPLP E O aCORdO ORtOgRFICO: O POLtICO nO LIngu[]StICO. adO[P]tandO uma unIdadE PaCFICa da Lngua PORtuguESa PaRa aLm da FROntEIRa dO naCIOnaLAngela de Aguiar ArajoUNICAMP 367

    dIZER (d)O bRaSILEIRO: Lngua E SuJEItO (aPRESEntandO um PROJEtO)Vanise Medeiros UFF 377

  • Lngua, IdEntIdadE E CIdadanIa na ObRa dE LIma baRREtOLcia Maria de AssisUFLA 389

    EntRE O EXPOR E O NORMATIZAR, O dESLIZE E a dIFEREnCIaO dO LugaR dISCuRSIvO dO gRamtICO E dO LInguIStaThas de Arajo da CostaUERJ 410

    REFLEtIndO O PaPEL da LInguStICa PaRa a tRaduO na HIStRIa da LnguaMayelli Caldas de CastroUFES 420

    gt07 - EnSInO dE PORtuguS COmO Lngua matERna Coordenao: Helnio Fonseca de OliveiraUERJ 430

    POntuaO: uma QuEStO dE EnSInOValria Campos MunizUERJ 431

    aRgumEntaO Em SaLa dE auLa: CaRtaS dE LEItORES dE JORnaLSolange NascimentoUERJ 439

    EnSInO da ORtOgRaFIa COmO EvEntO REFLEXIvOProf. Dr. Jos Ricardo CarvalhoUFS 448

    EnSInO PROdutIvO dE gRamtICa nO EnSInO mdIOAureni da Silva Magalhes MarvilaUERJ 455

    HIStRICO da ORtOgRaFIa da Lngua PORtuguESa: dO CaOS ORdEmChristiane Lima da Camara MonteiroUERJ 466

    POR QuE InFRIngImOS REgRaS QuE COnHECEmOS Ou COmO aumEntaR a COnSCInCIa LInguStICa dO aLunOHelnio Fonseca de OliveiraUERJ / CIAD 476

  • SubSdIOS PaRa O EnSInO dE REdaO anLISE dE PROPOStaS dE REdaO dOS vEStIbuLaRES dO RIO dE JanEIRORenata Calheiros Alves BarbosaUERJ 483

    gt08 - EStudO dE tEXtOS Em dIFEREntES gnEROSCoordenao: Maria Teresa Tedesco Vilardo AbreuUERJ 491

    a COnStRuO dO SuJEItO atRavS da LItERatuRaValeria Cristina de Abreu Vale CaetanoCPII / UERJ 492

    a dESCRIO COmO RECuRSO aRgumEntatIvO nOS gnEROS EdItORIaL E aRtIgO dE OPInIOMarina Alves LoureiroUERJ / CCAA 501

    a IntERtEXtuaLIdadE na PROduO dE SEntIdOS da auLa dE FILOSOFIa E da auLa dE Lngua PORtuguESa: COntEXtuaLIZaO E IntERdISCIPLInaRIdadESuely ShibaoUERJ 511

    a PROXImIdadE dO dISCuRSO na CanO POPuLaR bRaSILEIRaIsabel Natlia Vivas PonteUFRGS 521

    EStudO dE tEXtOS Em dIFEREntES gnEROS: dESEnvOLvImEntO da COmPEtnCIa LEItORa: dESaFIOS PaRa O EnSInO dE Lngua matERna.Maria Teresa Vilardo Abreu TedescoUERJ 530

    HIStRIaS dE LEItuRaS - PRtICa dE EnSInO dE Lngua PORtuguESa COm COntOS dE FadaS E FbuLaSngela Cristina Rodrigues de CastroUERJ 537

    LEItuRa E PROduO dE FbuLaS COm aLunOS dO 2 CICLO dO EnSInO FundamEntaLGlayci Kelli Reis da Silva XavierUFF / UNIVERSO 547

  • gt09 - O dISCuRSO PubLICItRIO E SEuS mECanISmOS dE SEduOCoordenao: Rosane Santos Mauro MonneratUFF 558

    a IntEnSIFICaO nO dISCuRSO PubLICItRIO daS CatEgORIaS dE Lngua S CatEgORIaS dE dISCuRSOTania Maria dos Santos Carvalho UFF 559

    a QuaLIdadE QuE InCOmOda Em CamPanHaS PubLICItRIaS: ICOnICIdadE E PatEmIZaOBeatriz dos Santos FeresUFF 574

    EtHOS da SEduO aSPECtOS SEmntICOS da dEtERmInaO QuantItatIva E QuaLItatIva Em tEXtOS dE PubLICIdadELygia Maria Gonalves Trouche UFF 583

    mEtFORaS QuE nOS SEduZEm: um EStudO dO dISCuRSO PubLICItRIOSimone Xavier de LimaAbeu Centro Universitrio / UFRJ 595

    O aPagamEntO dO Eu nO tEXtO PubLICItRIO: uma EStRatgIa dE SEduOIlana da Silva Rebello ViegasUFF 606

    O dELOCutIvO E O HumOR: EStRatgIaS dE PRESERvaO da FaCE na dIvuLgaO dE EStEREtIPOS PELO dISCuRSO PubLICItRIOAdriano Oliveira SantosUFF 616

    O dISCuRSO PubLICItRIO E SEuS mECanISmOS dE SEduO Rosane S. Mauro MonneratUFF 626

    gt10 - abORdagEnS tEXtuaIS-dISCuRSIvaS E PRtICaS PEdaggICaS InOvadORaS nO EnSInO dE Lngua PORtuguESa (CInEma E IntERnEt)Coordenao: Sigrid Gavazzi UFF 634

  • CInEma-dOCumEntRIO SubSdIOS / SugEStES PaRa O O EnSInO dE Lngua PORtuguESaSigrid Gavazzi UFF / Grupo CIAD-RIO 635

    IntERnEt E EnSInO: O bLOg COmO FERRamEntaCarmen PimentelUERJ 646

    maCHadO dE aSSIS, dR. gOOgLE E OS JOvEnS LEItORES na ERa daS tECnOLOgIaS dIgItaISRaquel Oliveira de CastroSecretaria Municipal de Educao-RJ 656

    O aPagamEntO dO naRRadOR, na adaPtaO FLmICa dE a HORa da EStRELa, dE SuZana amaRaLTnia RodriguesUFRRJ 665

    O uSO dE RECuRSOS PEdaggICOS na auLa dE PORtuguSRenata da Silva de BarcellosColgio Estadual Jos Leite Lopes 671

    gt11 - dISCuRSO E EnSInO: tEXtO E EnunCIaOCoordenao: Maria Aparecida Lino PauliukonisUFRJ 677

    a COnStRuO dO ETHOS dE PauLO HOnRIORegina Celia Pereira Werneck de FreitasUFRJ - UBM 678

    a EnCEnaO naRRatIva na ESCRIta ESCOLaRAdriana Lopes RodriguesPriscila Azevedo Cesar dos SantosUFRJ 688

    COnStRuO dISCuRSIva na EnunCIaO ELOCutIvaZilda Andrade L. dos Santos 700

    EnunCIaO, CEnOgRaFIa E PERSuaSOJorge de Azevedo MoreiraCPII 710

    EStRatgIaS aRgumEntatIvaS Em tEXtOS JORnaLStICOS OPInatIvOSEliane Mello LimaUFRJ 721

  • EStRatgIaS mOdaLIZadORaS dO dISCuRSO mIdItICOAmanda Heiderich MarchonUFRJ 729

    OS ESPaOS dE PatEmIZaO Em REPORtagEnSSimone SantAnnaUFRJ 742

    mRtIRES da gLRIaLilian Manes de OliveiraUNESA 749

    SEm dESCuIdaR dOS anIS, tRata dE SaLvaR OS dEdOS. A SITUAO ENUNCIATIVA EM ARTIGOS DE OPINIOPatricia Ferreira Neves RibeiroUFF / UNILASALLE 756

    tEXtO COmO dISCuRSO: a FORmaO dO LEItOR CRtICOMaria Aparecida Lino PauliukonisUFRJ 765

    gt12 - PORtuguS COmO SEgunda Lngua PaRa EStRangEIROSCoordenao: Rosa Marina de Brito MeyerPUC-Rio 773

    a IntERFaCE L1-L2 nO EnSInO-aPREndIZagEm dE PL2Maria Ceclia G. Carvalho PUC-Rio 774

    maS QuE SaIa JuSta! Eu tE LIgO! EXPRESSES E EnSInO dE PL2ERicardo Borges AlencarSheila MejlachowiczPUC-Rio 783

    O gRIngO CaRIOCa On LInE: mdIa Em PL2EMrcia Arajo AlmeidaPUC-RJ 796

    PaRa O bEm Ou PaRa O maL: a COnStRuO dE IdEntIdadE PELO FaLantE dE PL2E a PaRtIR dE EStEREtIPOS dE bRaSILIdadERosa Marina de Brito MeyerPUC-Rio 803

  • PORtuguS COmO L2 PaRa bRaSILEIROS?: QuEStES SObRE a PROduO tEXtuaL dE aLunOS SuRdOS Em tuRmaS bILInguES nO EnSInO SuPERIORAlexandre do Amaral RibeiroINES/UERJ/UNESAAmlia Escotto do Amaral RibeiroUERJFelippe Pereira SodrUGF 808

    gt13 - dILOgOS IntERtEXtuaIS naS LItERatuRaS LuSFOnaSCoordenao: Claudia Maria de Souza Amorim UERJ 821

    a COntRadIO dO mundO E dO HOmEm Em VIAGENS NA MINHA TERRA, dE aLmEIda gaRREtt.Silvio Cesar dos Santos AlvesUERJ 822

    a Lngua PREnHE Em TERRA SONMbUlA: um (POSSvEL?) RISCunHO SObRE a mOambICanIdadERicardo Pinheiro de AlmeidaUERJ 835

    dEStERRItORIaLIZaO E IdEntIdadE(S) naS LItERatuRaS PORtuguESa E mOambICana COntEmPORnEaSClaudia AmorimUERJ 848

    HOJE dIa dE maRIa: a REInvEnO da muLHER naS nOvaS CaRtaS PORtuguESaSElisabeth Fernandes MartiniUERJ 854

    PEPEtELa: O tECELO angOLanOSilvia Terezinha R. MacedoUERJ 862

    gt14 - dISCuRSIvIdadE, HIStORICIdadE, SubJEtIvIdadECoordenao: Bethania Sampaio Corra Mariani UFF 869

  • a COnStItuIO dO SuJEItO nOS dISCuRSOS dE POSSE dOS PRESIdEntES dO SuPREmO tRIbunaL FEdERaL: uma REPRESEntaO HIStRICa, SOCIaL, LInguStICa E dISCuRSIvaClaudia Maria Gil SilvaUERJ / UniFOA 870

    a COnStRuO dO SuJEItO E dE Sua IdEntIdadE Em O ESPELHO, dE maCHadO dE aSSIS.Claudia Gonalves RibeiroUERJ / UFF 879

    a tRaduO dE um POntO dE vISta dISCuRSIvOBeatriz F. Caldas UNESA 887

    aS SubJEtIvIdadES Em TRISTE fIM DE POlICARPO qUARESMA Patrcia Fernandes de Barros FerreiraUERJ 897

    dISCuRSO RELIgIOSO QuInHEntISta: HIStRIa E SILnCIOAna Cristina OpitzUFRGS 907

    O aPRISIOnaR dE SEntIdOS amPLIFICadOR dE uma vOZ CEnSRIa: O J-ELEItO gRamatICaL nOS manuaIS dE REdaO JORnaLStICaPhellipe Marcel da Silva EstevesUERJ 918

    O FunCIOnamEntO dO tRavESSO Em A HORA DA ESTRElA dE CLaRICE LISPECtORFtima Almeida da SilvaUERJ 927

    POntO dE EXCLamaO, IntERROgaO E REtICnCIaS: O LugaR dO SuJEItOAngela Corra Ferreira BaalbakiUFF/Capes 936

    gt15 - ESCRIta E EXPERInCIa LItERRIaCoordenao: Mrio BrunoUERJ 947

  • dEuS ESCREvE CERtO POR LInHaS tORtaS: a ESCRItuRa dESvIantE E InaCabada dE mRCIO SOuZaAtaide Jos Mescolin VelosoUFRJ/UNESA/UNISUAM 948

    FOuCauLt : na bORda da Lngua, a EXPERInCIa dO FORaProf. Dr. Mrio BrunoUERJ / UFF 959

    LInguagEm E IndIFEREna: O vERSO-aSSInatuRa RICaRdO REISBrbara de Oliveira SantosUERJ 967

    O fAUSTO dE FERnandO PESSOa: ImPOSSIbILIdadETatiana de Freitas MassunoUERJ 976

    O PROCESSO ESttICO PRESEntE na ObRa: O bARO DE lAVOS, dE abEL bOtELHO.Simone EscobarUERJ 987

    SOnHO E PObREZa da EXPERInCIa nO tEatRO ESttICO O MARINHEIRO, dE FERnandO PESSOaArinalva Paula dos SantosUERJ 997

    ttuLO: um nOmE, tOdOS OS nOmES: ACONTECIMENTO E DESGASTE Em NA TUA fACEIsabelle Meira ChristUERJ 1006

    gt16 - tEORIa E PESQuISa Em FunCIOnaLISmO LInguStICOCoordenao: Maria Jussara Abraado de AlmeidaUFF 1015

    COnStRuES PROvERbIaIS JuStaPOStaS: um CaSO dE aRtICuLaO HIPOttICaMaria de Lourdes Vaz Sppezapria DiasUFRJ 1016

    a tRanSItIvIdadE SOb a tICa FunCIOnaLISta: uma anLISE dE manCHEtES dE JORnaLCaroline SoaresElaine RodriguesUFF 1026

  • aS COnStRuES EnCaIXadaS E O FEnmEnO dE gRamatICaLIZaOCarmelita Minelio da Silva AmorimUFF 1031

    COnStRuES adItIvaS COORdEnadaS E CORRELataS Ivo da Costa do Rosrio UFRJ/UFF 1040

    gRamatICaLIZaO Em FOCO : O CaSO dE L + Sn(S), daQuI vEm E vamOS L Ana Cludia Machado dos SantosRossana Alves RochaRodrigo C. BarcellosUFF 1051

    mEtFORa E mEtOnmIa: mECanISmOS PRESEntES nO PROCESSO dE gRamatICaLIZaO dO EntOAna Beatriz ArenaFabiane PereiraUFF 1061

    nO InCIO ERa um vERbO (...): uma abORdagEm FunCIOnaL PaRa O EStudO dOS dEvERbaIS nO PORtuguS ESCRItO.Carlos Sodr Silva de AbreuUFF 1078

    O CaRtER muLtIFunCIOnaL dO AfINAl (DE CONTAS) Em PORtuguSGuilherme Henrique MayUFSC 1089

    Ou SEJa COmO maRCadOR dISCuRSIvO na FaLa dO PRESIdEntE LuS InCIO LuLa da SILvaHyla Vale RamalhoUFF 1098

    POR uma CaRaCtERIZaO FunCIOnaL da ORdEm ADVERbIAIS-VERbO-SUjEITO: OS advERbIaIS.Angelo S. FariasUFF 1108

    gt17 - a IntERtEXtuaLIdadE / IntERdISCuRSIvIdadE na PROduO dOS SEntIdOS dO tEXtOCoordenao: Lucia Helena Lopes de MatosUFRRJ 1118

  • a IntERtEXtuaLIdadE COmO EStRatgIa dE aRgumEntaO nOS dISCuRSOS dO aPStOLO PauLOAna Cristina La Ruina CarneiroUFRJ 1119

    a IntERtEXtuaLIdadE E a IntERdISCuRSIvIdadE COmO EStRatgIaS dE HumOR na CRnICa dE JOaQuIm FERREIRa dOS SantOS.Fabiana dos Anjos PintoUERJ/ SEE-RJ 1130

    aCEItabILIdadE E IntEnCIOnaLIdadE COmO EStRatgIaS na ESCOLHa dE tEXtOSAndreia Cristina DantasPUC-SP / PG 1142

    CaPItO CuECa: LEItuRa, dISCuRSO E mEtFORa Tnia Regina Pinto de Almeida 1144

    CHaRgE: um OLHaR IntERtEXtuaLKtia Cristina Fontes PraaUVA 1152

    IntERtEXtuaLIdadE E mEtFORa: CamInHOS CRuZadOS Lucia Helena Lopes de MatosUFRRJ 1167

    IntERtEXtuaLIdadE nO tEXtO aPREndIZ: uma PROPOSta IntERdISCIPLInaRMaria de Ftima F. BispoEAC/EMERJ/UERJ 1172

    a IntERtEXtuaLIdadE E a COnStRuO dE SEntIdOS Em PubLICIdadES vEICuLadaS Em OUTDOORStefania Camilo TurcoUFES/FAPES 1185

    O PaPEL dO IntERtEXtO/IntERdISCuRSO na COnStRuO dO EtHOS dOS COmPOSItORES da mPb nO COntEXtO da dItaduRa mILItaRMaria Aparecida Rocha GouvaUERJ/ UniFOA 1198

  • gt18 - EStudOS LEXICaIS naS LInguagEnS LItERRIa E mIdItICaCoordenao: Denise Salim Santos FACHA 1209

    anLISE mORFOLgICa dOS aPELIdOS, uma EXPERInCIa EntRE adOLESCEntESIrna BenineUERJ 1210

    EStudOS LEXICaIS naS LInguagEnS LItERRIa E mIdItICa aSPECtOS SEmntICO-dISCuRSIvOS nO LXICO da mPb: OS EmPRStImOS LInguStICOS nO PERCuRSO dE nOEL a bLanCRaul Robson SippelUERJ 1214

    dE tXutXuRIanaS E SOLta-baIXIOS: a InOvaO vOCabuLaR Em O FEItIO da ILHa dO PavODenise Salim SantosFACHA 1221

    nEOLOgISmOS na REa POLtICa: uma vISO LXICO dISCuRSIvaShirley Lima da Silva BrazUERJ 1229

    O QuE PaLavRa-PuXa-PaLavRa? O EStudO da POESIa dRummOndIana Em OtHOn m. gaRCIaAndr Nemi ConforteUERJ 1239

    O SubStantIvO E a ESSnCIa da POESIa Em O CO SEM PlUMAS: POR uma COnCREtIZaO ESttICa da gRamtICa da LnguaAnderson RibeiroUERJ 1249

    O uSO da ambIguIdadE na PROPaganda PubLICItRIa 1261Maria Gracinda Vieira de Almeida GrecoUNESA 1261

    PaLavRa dE bamba: EStudO LXICO-dISCuRSIvO dE PIOnEIROS dO Samba CaRIOCaFlvio de Aguiar BarbosaUERJ 1274

  • RELaES dE gnERO naS CaPaS dE VEjAPatrcia Ribeiro CORADO 1287

    gt19 - tEXtO E dISCuRSO Coordenao: Maria da Penha Pereira LinsUFES 1302

    a COnStRuO da REFEREnCIaO dE baRaCK Obama na REvISta vEJa: uma anLISE LIngStICO-dISCuRSIva. Michelle Teixeira da SilvaUFES 1303

    a SEmntICa dO nOmE-nCLEO dOS RtuLOS Em LIvROS dIdtICOS dE HIStRIa dO bRaSIL Gabrieli Pereira BezerraUFRJ 1312

    O EStudO dO tPICO dISCuRSIvO nO gnERO SInOPSE dE nOvELaGesieny Laurette NevesJuliene do Nascimento DantasUFES 1320

    aS EStRatgIaS dE gRICE E OS tEXtOS dE QuandRInHOS: um EStudO dO dISCuRSO da PERSOnagEm maRLYLorena Santana GonalvesUFES 1329

    EStRatgIaS LInguStICaS dE PRESERvaO dE FaCE nO gnERO EntREvISta ImPRESSaMaria da Penha Pereira LinsNatalia Muniz MarcheziUFES 1337

    mOdaLIZaO: RECuRSO dE COERnCIa tEXtuaLVivian Dias da SilvaCECIERJ / CEDERJ 1345

    IntERgEnERICIdadE: QuaL O nOmE daR aO gnERO?Gisele de Freitas Paula OliveiraUFES 1355

  • O CaSO dO RtuLO na PROgRESSO tEXtuaLTatiani RamosUFES 1361

    gt20 - HEtEROgEnEIdadE EnunCIatIva E SuaS dIFEREntES matERIaLIdadES: dIStIntOS ObJEtOS, mLtIPLOS SEntIdOSCoordenao: Vera Lucia de Albuquerque SantAnnaUERJ 1371

    PROPOSta dE EXPERInCIa CuRRICuLaR InOvadORa dO Em: a dImEnSO POLIFnICa dO dISCuRSO OFICIaLCludia Estevam CostaUFRJ - CPII 1372

    dISCuRSO naRRatIvIZadO Em QuEStO: POSSIbILIdadES dE anLISE Em dIFEREntES CORPORaBruno Deusdar UERJ 1379

    HEtEROgEnEIdadE PERFORmatIvaAntonio Francisco de Andrade JniorUFRJ 1385

    OS PaPIS dISCuRSIvOS dO SuJEItO nO gnERO CaRta: da RELaO SOCIaL RELaO dIaLgICa na COnStRuO dE SEntIdOSLuciana Paiva de Vilhena Leite UCP 1390

    REORIEntaO CuRRICuLaR PaRa O EnSInO da Lngua PORtuguESa (RJ): uma POLIFOnIa dE vOZESVanessa Souza da SilvaFASE/RJ 1400

    gt21 - O EnSInO da nORma PadROCoordenao: Paulo RosaUERJ 1409

    a dIFICuLdadE COntIda na anLISE dO SuJEItO gRamatICaLCelso Luiz dos Santos VieiraUERJ 1410

    a gRamtICa nORmatIva nO EnSInO dE SIntaXE Marco Aurlio S. Souza UCB 1420

  • dIFICuLdadES nO EnSInO dE Lngua PORtuguESaManoel Pinto RibeiroUERJ/UNISUAM/ABRAFIL 1430

    nOvO aCORdO ORtOgRFICO: da tEORIa PRatICa dE EnSInO Em SaLa dE auLaElaine Souza da SilvaFAETEC 1440

    O EnSInO da nORma PadROPaulo Cesar Costa da RosaUERJ 1449

    O LIvRO dIdtICO E O dESEnvOLvImEntO da COmPEtnCIa LInguStICa dISCEntEDaniela PorteUFF 1459

    SESSO dE PStERESCoordenao: Vanise Gomes de MedeirosUERJ 1465

    EmLIa nO PaS da gRamtICa E O EnSInO dE Lngua PORtuguESa nO bRaSILThuane de Almeida Pereira Elne Francisca de SousaElne Nardotto RiosUESB / Jequi 1466

    PROvInHa bRaSIL: abORdandO QuEStES SObRE LEtRamEntO E aLFabEtIZaO.Ana Beatriz Simes da MattaUERJ 1478

    uma vISO EStILStICO-SEmItICO-FunCIOnaL PaRa aS FIguRaS dE EStILO.Karla Menezes Lopes NielsThiago Serpa Gomes da RochaCarine Nascimento de LimaUERJ 1488

  • X FRum dE EStudOS LInguStICOS da uERJ

    Lngua PORtuguESa, dESCRIO E EnSInO: dILOgOS

    Grupos Temticos

  • gt01 - anLISE dE EStRutuRaS LInguStICaS Em PERSPECtIva SIStmICO-FunCIOnaL

    Coordenao: Magda Bahia SchleeVania Lcia Rodrigues Dutra

    UERJ

  • 27

    a COnJunO CauSaL: RELaES COESIvaS EXtERnaS E IntERnaS

    Vania L. R. Dutra UERJ / UFF

    RESumO:

    Considerando-se a concepo de conjuno adotada por Halliday e Hasan (1977), este trabalho trata, especificamente, das relaes coesivas conjuntivas causais em textos do tipo argumentativo. Fundamentado principalmente no Funcionalismo Lingustico, especialmente no modelo sistmico-funcional de Halliday (2002), e na noo de sequncia textual desenvolvida na anlise pragmtico-textual de Jean-Michel Adam (1992), o trabalho em tela identifica as relaes coesivas conjuntivas causais e explicita seu sentido com base na interpretao dessas relaes como externas ou internas, considerando-se os sentidos que os segmentos textuais por elas conectados expressam: sentido chamado externo (interpretado no mbito da funo ideacional da linguagem) ou interno (interpretado no mbito da funo interpessoal da linguagem). Para tanto, so analisadas ocorrncias dessas estruturas em sequncias argumentativas, todas elas componentes estruturais de textos do tipo argumentativo. Confirma-se a hiptese de, nesse tipo de texto, as relaes conjuntivas causais configurarem-se majoritariamente como relaes internas, demonstrando uma preocupao maior do enunciador com as relaes inerentes organizao do discurso, ao processo comunicativo em si nas formas de interao escritor-leitor, do que com as formas inerentes aos fenmenos, aos eventos que so relatados pela lngua. Busca-se, em ltima anlise, contribuir para uma melhor compreenso das relaes entre gramtica e discurso em lngua portuguesa, desenvolvendo uma descrio que leva em conta a funcionalidade das estruturas lxico-gramaticais na constituio dos textos.

    Palavras-chave:

    Conjuno causal; Relaes coesivas externas e internas; Texto argumentativo; Lngua portuguesa.

    1. Introduo

    O estudo das relaes entre gramtica e discurso tem despertado grande interesse e tem sido objeto de investigao das pesquisas mais recentes na rea dos estudos da linguagem. Nessa perspectiva, a gramtica considerada parte de um conjunto mais amplo de recursos que atuam na configurao da forma como a lngua colocada em uso, ou seja, na configurao da forma como os textos so construdos. Investiga-se como os processos interacionais organizam a linguagem e como lhe conferem significado. Nesse mbito, a gramtica tem a sua importncia resguardada, mas h um redimensionamento do espao por ela ocupado no mbito da anlise lingustica do texto.

    A viso funcionalista examina a lngua como uma entidade no suficiente em si, e investiga a estrutura lingustica vinculada a seu contexto de uso, o que confere especial relevncia correlao entre as propriedades das estruturas gramaticais e as propriedades dos contextos em que ocorrem.

  • 28

    A corrente funcionalista considerada como base para este trabalho a sistmico-funcional de Halliday, que prope um modelo de gramtica funcional. Essa gramtica funcional defendida pelo autor de base semntica, e nela o significado codificado pela gramtica, pela estruturao lingustica. No funcionalismo hallidayano, encontramos as bases que julgamos adequadas para nossa investigao. Esta teve por meta compreender melhor as relaes entre gramtica e discurso em lngua portuguesa, desenvolvendo uma descrio que leva em conta a funcionalidade das estruturas lxico-gramaticais na constituio dos textos. Mais especificamente, analisou o modo como as relaes conjuntivas causais so construdas no texto argumentativo, tendo em vista seus sentidos externo e interno. Buscamos, no funcionalismo hallidayano e na anlise pragmtico-textual de Adam, apoio terico para identificar o papel dos elementos conjuntivos causais nas sequncias argumentativas em termos de sua funo na construo do sentido do texto.

    Embora muitos trabalhos j tenham explorado, conforme Halliday & Hasan (1977), as relaes conjuntivas, especificamente as causais, como um dos aspectos coesivos dos textos, restava verificar a validade da distino proposta pelos autores entre sentido externo e interno para as relaes em conjuno. Para tanto, partimos da hiptese de que, em textos do tipo argumentativo em que se enquadram as redaes de vestibular, corpus desta pesquisa havia a predominncia das relaes conjuntivas internas sobre as externas, uma vez que a grande preocupao do enunciador, na produo de textos argumentativos, com a organizao do discurso, com o processo comunicativo em si nas formas de interao escritor-leitor. Consideramos que, em relao lngua portuguesa, h muito ainda a ser investigado nesse terreno. Consideramos, tambm, que essa discusso pode ser de grande valia para o avano dos estudos na rea da produo textual e da leitura, refletindo-se, portanto, na prtica pedaggica.

    Preocupamo-nos, ento, com os aspectos lingusticos da coeso conjuntiva causal caractersticos do portugus. Apesar de basear nossa anlise fundamentalmente no funcionalismo de Halliday & Hasan, no perdemos de vista o fato de que, para esses autores, a coeso se refere s relaes semnticas no texto, sendo responsvel pela sua coerncia. Entretanto, sabe-se, com base em estudos mais recentes, que a coerncia uma questo de contedo. Os nexos coesivos presentes na superfcie do texto so, na verdade, efeitos do arranjo dos signos lingusticos que possibilitam a produo da coerncia.

    Com base nas teorias que fundamentam nossa anlise, assumimos, neste trabalho:

    a) a conjuno, segundo Halliday & Hasan (1977), como um conceito semntico e muito mais amplo do que o apresentado tradicionalmente pela gramtica, atuando na conexo entre partes diferentes do texto e funcionando na construo da coerncia textual;

    b) os tipos de relaes conjuntivas causais apresentados pelos mesmos autores (razo, resultado, finalidade, alm de condio optamos, por uma questo metodolgica, por no trabalhar especificamente com as relaes condicionais, apesar de os autores as apresentarem sob o rtulo geral das causais), apesar da no coincidncia entre eles e aqueles com que professores e alunos lidam na sala de aula, e que esto presentes em quase todos seno todos os manuais didticos e compndios gramaticais sobre a Lngua Portuguesa;

    c) a possibilidade de as relaes conjuntivas causais estabelecerem coeso externa ou interna, conforme se explorem as relaes inerentes ao fenmeno o qual a linguagem

  • 29

    descreve, ou aqueles que so inerentes ao processo comunicativo, na forma da interao entre falante e ouvinte (HALLIDAY & HASAN, 1977: 241), respectivamente;

    d) a opo por trabalhar somente com as relaes conjuntivas causais marcadas linguisticamente pela presena de elementos conjuntivos.

    2. Relaes conjuntivas causais: relaes externas e internas

    De acordo com o modelo sistmico-funcional, a conjuno no simplesmente a coordenao estendida para operar entre frases. As relaes conjuntivas no so lgicas, mas textuais; elas representam tipos generalizados de conexo que existem entre frases. O que essas conexes representam depende, em ltima anlise, dos sentidos que aquelas frases expressam, e tais sentidos so, essencialmente, de dois tipos: ideacionais (representando a interpretao lingustica da experincia) e interpessoais (representando a participao na situao comunicativa).

    Segundo Halliday & Hasan (1977), essa uma distino geral comum aos quatro tipos de conjuno aditiva, adversativa, causal e temporal. No primeiro caso, a coeso interpretada no mbito da funo ideacional da linguagem, configurando-se como relao conjuntiva externa: considera-se o contedo das duas frases que esto em conjuno e o modo como elas esto relacionadas como fenmenos do mundo biossocial, da realidade extralingustica. No segundo, ela interpretada no mbito da funo interpessoal da linguagem, configurando-se como relao conjuntiva interna: considera-se o papel de cada uma das frases no discurso, o modo como elas esto relacionadas na perspectiva do enunciador.

    Halliday & Hasan (1977: 239) explicam a distino entre as relaes externas e internas com base em dois exemplos de relao conjuntiva temporal entre as oraes A e B apresentadas a seguir e duas outras precedentes, supostamente presentes no texto. So eles:

    A- Depois ele inseriu a chave na fechadura.

    B- Depois, ele foi incapaz de inserir a chave na fechadura. (traduo livre do texto original)

    Os autores esclarecem que h, em cada um dos casos, uma relao de sequenciao temporal entre a orao pressuposta e a iniciada por depois. A e B expressam, em relao as suas respectivas oraes pressupostas, uma relao que , em certo sentido, sucessiva no tempo, subsequente podendo ser ambas classificadas como temporais. Entretanto, essa contiguidade constitui-se de duas formas diferentes, gerando sentidos diferentes no texto.

    De acordo com Halliday & Hasan, em A, a relao se d entre eventos. A orao pressuposta poderia ser, por exemplo: Primeiro ele acendeu a luz. Assim, teramos:

    A- Primeiro ele acendeu a luz. Depois ele inseriu a chave na fechadura. (traduo livre do texto original)

    Primeiro, uma coisa acontece; em seguida, a outra poderia tratar-se, por exemplo, da descrio de uma cena com uma sequncia de aes. Aqui a sequenciao temporal est na tese, ou seja, no contedo que est sendo comunicado. Essa uma relao entre fenmenos externos linguagem.

    Em B, por outro lado, a orao pressuposta poderia ser: Primeiro ele foi incapaz de se manter de p. Desse modo:

  • 30

    B- Primeiro ele foi incapaz de se manter de p. Depois, ele foi incapaz de inserir a chave na fechadura. (traduo livre do texto original)

    Nesse caso, o que temos so eventos lingusticos, e a sequenciao est na organizao do discurso do enunciador, no nas aes da personagem. Poderamos dizer que a sequenciao temporal est no argumento, funcionando na construo de uma estratgia argumentativa em prol de uma ideia a ser defendida pelo enunciador, como, por exemplo, a ideia de que a personagem no deveria ter voltado para casa dirigindo aps ter consumido bebida alcolica. O que prevalece, ento, no a sequncia de aes, mas a escolha da ordem de apresentao dos argumentos, de acordo com a fora argumentativa de cada um deles conjugada inteno comunicativa do enunciador. a marca do enunciador no discurso, o papel que desempenha, seus julgamentos, suas atitudes.

    O fato que a comunicao ela mesma um processo, cujo produto o texto. isso que torna possvel haver dois tipos anlogos de relaes conjuntivas, um que se constri entre fenmenos externos e outro que se d internamente, na situao comunicativa. Essa diferenciao mais claramente perceptvel nas relaes conjuntivas temporais, uma vez que a sequenciao temporal uma propriedade tanto do processo de codificao dos fenmenos pela lngua quanto do prprio processo de interao lingustica. O fato de essas duas sequncias temporais configurarem diferentes planos da realidade justifica a coexistncia harmnica de dois elementos aparentemente contraditrios numa mesma frase, conforme exemplo de Halliday & Hasan (p. 240),

    Depois, ele j tinha oferecido previamente sua demisso. (traduo livre) que significa algo como e depois (tempo da interao relao interna), devo lhe dizer o que aconteceu antes disso (tempo dos fatos relatados relao externa).

    Apesar de proporem essa classificao para as quatro relaes conjuntivas por eles estabelecidas, os autores admitem que tal delimitao no sempre to clara. Essa distino no se faz de forma to exata em se tratando das relaes conjuntivas aditiva, adversativa e causal (p. 240-241):

    A analogia nos outros tipos de relaes conjuntivas, aditiva, adversativa e causal, um pouco menos exata; mas ainda suficientemente exata para muitas das mesmas expresses conjuntivas usadas com os mesmos sentidos, por exemplo:

    Ela nunca foi realmente feliz aqui. Ento ela est indo embora.

    Ela ficar melhor em um novo lugar. Ento ela est indo embora? (traduo livre)

    Afirmam os autores que esse um tpico exemplo do paralelismo existente entre os dois planos de relaes conjuntivas, o externo e o interno. Em (a), existe uma relao causal entre dois fenmenos, e o sentido que se constri : porque ela no era feliz, ela est indo embora. Em (b), tambm h uma relao causal, mas ela se d internamente ao processo comunicativo; trata-se de um dilogo e o sentido : porque voc se refere a ela como prestes a estar em um novo lugar, concluo que ela est indo embora.

    Em defesa desse quadro terico em que as relaes conjuntivas configuram-se como externas e internas, os autores explicam que (p. 241):

    O valor da distino que estamos estabelecendo precisamente o fato de ela ser geral para todas as diferentes relaes que entram em conjuno. Quando usamos a conjuno como um meio de criar textos, podemos explorar tanto as relaes inerentes ao fenmeno o qual a linguagem descreve, quanto aqueles que so inerentes ao processo comunicativo, na forma da interao entre falante e ouvinte, e essas duas possibilidades so as mesmas

  • 31

    sejam quais forem as relaes conjuntivas, se aditiva, adversativa, temporal ou causal. De fato, exploramos ambos os tipos. O limite entre elas no sempre ntido; mas ele est l, e forma uma parte essencial da totalidade da imagem. (traduo livre)

    Assim, essa distino entre as relaes coesivas conjuntivas, que se origina da organizao funcional do sistema semntico, determina o locus da conjuno, que se pode dar nos fenmenos que constituem o contedo do que est sendo enunciado (relao coesiva conjuntiva externa), ou na prpria interao o processo social que constitui o evento discursivo (relao coesiva conjuntiva interna).

    3. anlise dos dados

    O corpus inicial era composto por cem textos. Controlamos os aspectos eleitos como parmetros para nossa anlise em todos eles: os textos considerados pela pesquisa deveriam ter no s orientao argumentativa, mas estrutura argumentativa propriamente dita, sendo constitudos predominantemente por sequncias argumentativas; as sequncias argumentativas analisadas so aquelas cujas relaes coesivas conjuntivas causais de razo, de resultado e de finalidade esto marcadas linguisticamente por elemento conjuntivo. O corpus reduziu-se, ento, a cinquenta textos. Cada um deles foi analisado com base em seus aspectos estruturais e em seus aspectos coesivos.

    3.1 Exemplo de anlise (aspectos estruturais e aspectos coesivos)

    1 pargrafo

    Ser mesmo que s evolumos depois que erramos? As crises, os defeitos e a imaginao vem para nosso bem?

    Tese anterior e dado ou premissa

    (que servem a todas as sequncias argumentativas do

    texto)

    2 pargrafo

    Quando estudamos histria percebemos que as crises so cclicas, e talvez s tenhamos percebido isso depois de vrias. Hoje sabendo disso tentamos evit-las, // porm no evolumos com a crise, evolumos ao tentar fazer com que elas no venham a acontecer, criando mtodos e instrumentos para isso. // Atualmente pases vivem profundas crises, que matam as pessoas. // Como podemos dizer que isso bom?

    Sequncia argumentativa (especificamente ligada ao

    elemento crise presente na tese anterior)

    3 pargrafo

    Navios petroleiros por alguma falha derramam leo no mar, matando uma infinidade de peixes, aves e outros seres. // Essa notcia j escutamos algumas vezes, nos levando a crer que no repensamos nas falhas e nos defeitos para tentar corrigir. // Ento o que teve de bom nesses acidentes?

    Sequncia argumentativa (especificamente ligada ao

    elemento defeitos presente na tese anterior)

    4 pargrafo

    A imaginao muitas vezes pode vir de uma premissa falsa, // sendo assim, nunca poder se tornar verdade. // Alm disso a imaginao fruto do sentimento humano // e por isso nos engana. Como ela pode ser boa?

    Sequncia argumentativa (especificamente ligada ao

    elemento imaginao presente na tese anterior)

  • 32

    5 pargrafo

    Da mesma forma que acertamos tambm erramos. // Quando acertamos, repetimos, j quando erramos, temos a tendncia a no fazer de novo. // Por isso dizer que errando que se aprende incorreto, mais correto seria dizer que fazendo que se aprende. // Sendo assim no temos motivos para errar.

    Sequncia argumentativa (especificamente ligada ao

    elemento erro presente na tese anterior)

    Fig. 1 Plano resumitivo da arquitetura do texto em suas macropartes.

    na Fig. 1:

    Cada sequncia argumentativa analisada de acordo com o esquema tpico proposto por Adam (1992). As partes que compem a sequncia so demarcadas por barras paralelas e classificadas de acordo com a nomenclatura proposta pelo autor: tese anterior (geralmente implcita), dados (premissas), escoramento de inferncias (argumento quando no explcito, dado pelo sentido do enunciado), restrio (contra-argumento pode faltar) e concluso (pode se configurar como uma nova tese).

    Em seguida, o elemento conjuntivo que marca a relao causal presente na sequncia argumentativa apresentado e a relao causal classificada semanticamente, de acordo com os parmetros apontados por Halliday & Hasan (1977): razo, resultado ou finalidade. Ento, caracteriza-se o tipo de relao encontrada, considerando-se os sentidos que os segmentos textuais por elas conectados expressam, sentidos classificados como: externo (interpretado no mbito da funo ideacional da linguagem) ou interno (interpretado no mbito da funo interpessoal da linguagem).

    3.2 Sequncias argumentativas exploradas em suas partes constitutivas segundo esquema prototpico proposto por adam (1992) e em seus aspectos coesivos conjuntivos

    Vale esclarecer, para uma melhor compreenso da anlise a ser apresentada em seguida, que a prova de redao do Vestibular UERJ 2003 oferecia aos candidatos uma coletnea de textos que defendem a importncia do defeito, do erro, da crise e da imaginao, para se chegar ao conhecimento, ao acerto, cincia e verdade. A proposta de escrita, por sua vez, pedia que o candidato escrevesse um texto argumentativo defendendo a possibilidade de se considerarem como negativas as consequncias do defeito, do erro, da crise ou da imaginao.

  • 33

    texto

    Sequnciaargumentativa

    Elemento conjuntivo

    causaltipo de relao causal Relao externa ou interna

    3 a

    escoramento de inferncia

    Navios petroleiros por alguma falha derramam leo no mar, matando uma infinidade

    dado

    de peixes, aves e outros seres. // Essa notcia j escutamos algumas vezes, nos levando a crer que no repensamos nas falhas e nos defeitos

    concluso

    para tentar corrigir. // Ento o que teve de bom nesses acidentes?

    POR

    PARA

    ENTO

    razo

    finalidade

    resultado

    externa

    externa

    interna

    Comentrio: o perodo inicial (orao complexa) dessa sequncia , individualmente, uma sequncia descritiva, que se encaixa em uma sequncia argumentativa, funcionando como uma de suas partes.

    A primeira relao coesiva dessa sequncia, explicitada pela preposio por, externa, uma vez que relaciona dois eventos, um desencadeando o acontecimento do outro: no caso, a falha desencadeando o desastre do leo derramado. A segunda, marcada por para, tambm se caracteriza como externa, pois se trata de uma relao inerente aos fatos, no ao processo comunicativo em si: repensar e tentar corrigir so dois fenmenos externos ao ato comunicativo, sobre os quais a linguagem fala. A terceira, marcada por ento, ao contrrio, configura-se como interna, pois a concluso a que se chega pela conduo do raciocnio, algo que se diz como resultado do que se avaliou na poro de texto anterior: se os acidentes se repetem por no pensarmos nos erros para impedir que eles voltem a acontecer, a concluso que esses acidentes no tiveram serventia alguma.

  • 34

    3 b

    dado

    A imaginao muitas vezes pode vir de uma

    concluso

    premissa falsa, // sendo assim, nunca poder

    dado

    se tornar verdade. // Alm disso a imaginao

    concluso

    fruto do sentimento humano // e por isso nos concluso

    engana. // Como ela pode ser boa?

    SENDO ASSIM

    POR ISSO

    resultado

    resultado

    interna

    interna

    Comentrio: a terceira concluso nessa sequncia , na verdade, a concluso de toda a sequncia, que se compe de dois esquemas binrios formados por dado/concluso e dado/concluso, entre os quais o dado e a concluso se interpe um j-dito (DUCROT, 1987) a tese anterior, implcita aqui, mas claramente expressa na proposta de redao.

    A primeira relao conjuntiva, de resultado, marcada por sendo assim, um caso de relao coesiva interna: seu sentido construdo entre eventos lingusticos, no entre fatos ou acontecimentos. Diz-se que a imaginao nunca poder se tornar verdade com base na possibilidade de ela vir de uma premissa falsa. A segunda, da mesma forma, se configura como uma relao interna: no primeiro segmento, a imaginao apresentada como fruto do sentimento humano, o que faz com que se conclua que ela nos engana. uma relao entre eventos lingusticos para a construo de um argumento.

  • 35

    3 C

    dado

    Da mesma forma que acertamos tambm escoramento de infernciaerramos. // Quando acertamos, repetimos, j quando erramos, temos a tendncia a no fazer

    conclusode novo. // Por isso dizer que errando que se aprende incorreto, mais correto seria dizer que concluso fazendo que se aprende. // Sendo assim no temos motivos para errar.

    POR ISSO

    SENDO ASSIM

    resultado

    resultado

    interna

    interna

    Comentrio: essa sequncia o pargrafo conclusivo de todo o texto. Ao mesmo tempo em que a concluso introduzida por sendo assim funciona como uma segunda concluso para a prpria sequncia, tambm funciona como o pice da concluso de todo o texto, para o qual todos os dados conduzem.

    A primeira relao causal de resultado, marcada com por isso, se caracteriza como interna, pois se d no mbito da metafuno interpessoal da linguagem, construindo um raciocnio que leva o leitor a uma determinada concluso: o enunciador afirma que o acerto leva repetio da experincia, o erro no; ento, conclui que fazendo que se aprende, no errando. A segunda relao, marcada por sendo assim, configura-se como interna. novamente a construo de um raciocnio, revelando a inteno do enunciador de conduzir o leitor sentido interpessoal a uma determinada concluso, no caso, que no se tem motivo para errar.

    Fig. 2 Explicitao dos sentidos externo e interno das relaes conjuntivas causais.

    4. Resultados

    O estudo realizado valida a caracterizao das relaes coesivas conjuntivas causais como relaes externas e internas, distino que se deriva da base funcional do sistema semntico da lngua, determinando o locus da conjuno.

    Conforme se pde observar no corpus analisado, a conjuno acontece entre os fenmenos que constituem o contedo do que est sendo dito (relao externa) e na interao propriamente dita, entre proposies (relao interna). A fim de determinar os sentidos externo e interno das relaes conjuntivas, procedemos leitura das sequncias argumentativas em que elas ocorrem, sem, no entanto, perdermos de vista o contexto maior em que se realizam: o texto e o co-texto. Com base nessa anlise, buscamos explicar os sentidos que estariam em jogo em cada caso. Constatamos, ento, a predominncia das relaes internas sobre as externas

  • 36

    nessa amostragem de textos que se configuram como do tipo argumentativo. Mais do que isso, percebemos a ntima relao entre as relaes causais do tipo internas de razo e de resultado, e o escoramento de inferncias e a concluso componentes semntico-funcionais das sequncias argumentativas.

    A identificao desses dois tipos de conjuno externa e interna, correspondentes respectivos das metafunes ideacional e interpessoal da linguagem como recursos coesivos que funcionam na construo dos dois planos diferentes de estruturao do texto, confirma, para o portugus, a observao de Halliday & Hasan (1977) que diz que, quando usamos a conjuno na construo de textos, exploramos tanto as relaes externas inerentes ao fenmeno o qual a linguagem descreve , quanto as internas inerentes ao processo comunicativo, na forma da interao entre falante e ouvinte. Os autores reforam a ideia de que o limite entre elas no sempre ntido; mas ele est l e forma uma parte essencial da totalidade da imagem. Assim como Halliday & Hasan, consideramos vlida essa distino e ainda vemos nela um meio para ampliar os estudos sobre o texto, explicitando os processos de organizao do texto argumentativo, nos quais a funcionalidade das estruturas gramaticais tem papel central.

    A seguir, apresentamos a traduo numrica dos dados apurados na anlise do corpus.

    tipo de Relao Ocorrncias / total FrequnciaExterna 66 / 147 45%Interna 81 / 147 55%

    Fig. 3 Relaes externas e internas.

    tipo de relao causal: RaZO

    Elemento conjuntivo causal encontradoRelao externa

    (ocorrncias)

    Relao interna(ocorrncias)

    POIS 6 14PORQUE 3 7POR 9 0DEVIDO A 3 1J QUE 0 4UMA VEZ QUE 0 2VISTO QUE 2 0DE FORMA QUE 0 1TENDO EM VISTA QUE 0 1EM FUNO DE 1 0COM 1 0E 1 0Ocorrncias / total 26 / 56 30 / 56Frequncia 46% 54%

    Fig. 4 Relao causal de razo.

  • 37

    tipo de relao causal: RESuLtadO

    Elemento conjuntivo causal encontrado

    Relao externa(ocorrncias)

    Relao interna(ocorrncias)

    POR ISSO 0 11PORTANTO 0 11ASSIM 2 8LOGO 1 4

    ENTO 0 4

    SENDO ASSIM 0 4DESSA FORMA 0 4POR CONSEQUNCIA 0 1POR CONSEGUINTE 1 0POR TUDO ISSO 0 1A PARTIR DESSE PONTO DE VISTA 0 1

    DA 1 0QUE 1 0E 0 1COM TUDO (grafia do candidato, equivalente a contudo)

    0 1

    Ocorrncias / total 6 / 57 51 / 57Frequncia 11% 89%

    Fig. 5 Relao causal de resultado.

    tipo de relao causal: FInaLIdadEElemento conjuntivo causal encontrado

    Relao externa(ocorrncias)

    Relao interna(ocorrncias)

    PARA 27 0PARA QUE 4 0A FIM DE 2 0COM O PROPSITO DE 1 0

    Ocorrncias / total 34 / 34 0 / 34Frequncia 100% 0%

    Fig. 6 Relao causal de finalidade.

    Conforme comprovam os dados expostos nas figuras 4, 5 e 6, as relaes de razo e de resultado so mais frequentes no tipo de texto argumentativo do que as de finalidade. A observao da composio das sequncias argumentativas discutidas na anlise dos dados, no que diz respeito s pores de texto em conjuno, permite-nos afirmar que as relaes de razo e de resultado cumprem uma funo especfica na organizao da sequncia argumentativa, estando intimamente relacionadas a algumas de suas partes essenciais.

  • 38

    Com base no cruzamento da frequncia das relaes marcadas de razo, de resultado e de finalidade e de seu emprego nos componentes especficos da sequncia argumentativa dado, escoramento de inferncias, restrio e concluso (Fig. 7), foi possvel chegar a algumas concluses sobre como esses dados se inte-relacionam na constituio do tipo de texto argumentativo.

    Eis os nmeros:

    Relaes Causais

    Ocorrncias nos componentes da sequncia argumentativa

    dado Escoramento de inferncias Restrio Concluso

    Razo 7 / 56 26 / 56 3 / 56 20 / 56Resultado 7 / 57 10 / 57 1 / 57 39 / 57Finalidade 9 / 34 6 / 34 4 / 34 15 / 34

    Fig. 7 distribuio das relaes causais nos componentes da sequncia argumentativa.

    Como se pde constatar, a relao causal de razo funciona basicamente na construo do escoramento de inferncias e da concluso das sequncias argumentativas. A relao de resultado, por sua vez, se concentra basicamente na concluso. No que se refere relao de finalidade, pode-se dizer que h uma distribuio relativamente equilibrada de sua frequncia entre os componentes na sequncia argumentativa.

    Pela anlise dos componentes em que a relao de finalidade se constitui, o que se constata que, diferentemente do que ocorre com as relaes de razo e de resultado de uma forma geral, ela no responsvel pela configurao do componente como uma categoria semntico-funcional na sequncia a que pertence. A relao de finalidade atua, geralmente, uma camada abaixo da dos componentes da sequncia, e o segmento que contm em si a ideia de objetivo, propsito introduzido pelo elemento conjuntivo especfico funciona como um dos constituintes da estrutura da orao complexa, que pode, esta sim, funcionar como o componente da sequncia, ou mesmo como parte dele.

    Enfim, pode-se dizer que as relaes de razo e de resultado definem predominantemente o escoramento de inferncias e a concluso, categorias semntico-funcionais essenciais constituio da sequncia argumentativa, pois so elas que sustentam e confirmam, respectivamente, a ideia inicialmente lanada no dado. Sozinhas, elas perfazem um total de 72% da frequncia das relaes classificadas como internas, o que , agora, bastante significativo.

    Relaes causais Externas InternasRazo 26 / 56 30 / 57Resultado 6 / 56 51 / 57Ocorrncias / total 32 / 113 81 / 113Frequncia 28% 72%

    Fig. 8 Frequncia das relaes externas e internas.

  • 39

    A realizao textual da inteno argumentativa do produtor do texto, buscando convencer seu interlocutor acerca da verdade que defende, depende muito, e especialmente, da eficcia na construo dessas duas relaes, de razo e de resultado, que atuam na base da constituio dos componentes da sequncia argumentativa, principalmente o escoramento de inferncias e a concluso.

    5. Consideraes finais

    No mbito deste estudo, o que relevante destacar a validade da distino proposta por Halliday & Hasan para as relaes conjuntivas especificamente aqui as causais que, como recurso coesivo, funcionam nos dois planos de construo do texto: na conjuno externa e na conjuno interna. Essas duas possibilidades de conjuno, conforme propostas por Halliday & Hasan, constituem escolhas disponveis para o produtor de textos em lngua portuguesa, e cada uma delas corresponde a um conjunto de traos semnticos que a individualiza em relao outra.

    Consideramos que h, na anlise que desenvolvemos, contribuies tericas significativas para os estudos da lngua. A contribuio mais geral diz respeito aplicao de pressupostos da abordagem sistmico-funcional anlise de fatos da lngua portuguesa. Em nosso caso especfico, esse enfoque permitiu discutir um novo aspecto do processo de coeso na construo de textos argumentativos, tema que vem despertando a ateno de muitos estudiosos do portugus e que interessa diretamente a professores e alunos.

    A contribuio terica mais especfica a descrio semntica do processo de conjuno causal nos dois planos de constituio do texto, o que se d no mbito da metafuno ideacional da linguagem, conectando os contedos da experincia, e o que se d no mbito da metafuno interpessoal da linguagem, conectando proposies na construo de estratgias argumentativas.

    A organizao interna tpica de um gnero textual, assim como das sequncias que o compem, um dos aspectos de sua textura. Por isso a necessidade de sua explorao, nas aulas de lngua portuguesa, ao lado da explorao das estruturas gramaticais intrafrsicas e da coeso interfrsica. Todos esses aspectos juntos que vo dizer como e por que o texto significa o que significa e por que ele interpretado de determinada maneira. A anlise semntica aqui proposta, sempre ancorada nas marcas lingusticas, demonstra que a anlise lingustica de um texto no pode ser somente uma interpretao, mas uma explicao do texto, uma explicao sobre por que e como ele significa o que significa.

    A grande nfase que se v hoje, nos meios acadmicos, em relao Anlise do Discurso e Lingustica Textual tem relegado o estudo das estruturas gramaticais a um segundo plano. Segundo Halliday (2002: xvi), uma anlise do discurso que no se baseie na gramtica no uma anlise, mas simplesmente um comentrio rpido sobre um texto. Ou seja, o que ele prope a expanso de uma gramtica da frase para uma gramtica do discurso o que representa uma mudana no enfoque do trabalho com a lngua, colocando em foco a construo do sentido do texto, mudana essa corroborada pelos resultados da anlise aqui apresentada.

  • 40

    REFERnCIaS bIbLIOgRFICaS:

    ADAM, J. M. Les textes: types et prototypes. Paris: Nathan, 1992.

    DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987.

    DUTRA, V. L. R. Relaes conjuntivas causais no texto argumentativo. Tese de Doutorado. UERJ RJ, 2007.

    HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. 2. ed. London: Edward Arnold, 2002.

    _____. Estrutura e funo da linguagem. In: LYONS, J. (org.) Novos horizontes em lingstica. So Paulo: Cultrix, Ed. da Universidade de So Paulo, 1976.

    HALLIDAY, M. A. K; HASAN, R. Cohesion in English. London: Longman, 1977.

  • 41

    a COnStRuO da ImagEm dO JORnaLISta na guERRa E na COPa SEgundO uma anLISE SIStmICO-FunCIOnaL1

    Renata Cantanhede AmarantePUC-Rio

    RESumO:

    Neste trabalho, a anlise desenvolvida a partir da Lingustica Sistmico-Funcional (Halliday 1994, 2003) e da Lingustica de Corpus (cf. Hunston 2002, Hoey 2006, Stubbs 2006) permite verificar, em notcias de jornal, a imagem do jornalista que transmitida atravs das escolhas discursivas encontradas. O corpus utilizado nesta pesquisa composto por 1.050 notcias, publicadas em trs jornais brasileiros em dois momentos scio-histricos especficos: o primeiro ms da invaso do Iraque pelos EUA, em 2003, e a Copa do Mundo na Alemanha, em 2006. A pesquisa baseou-se na anlise de colocao dos vocbulos jornalista(s); alm de localizar e procurar classificar as ocorrncias desses vocbulos, em termos da metafuno experiencial (Halliday & Matthiessen 2004), como participantes de processos, buscou-se identificar e classificar tambm os processos propriamente ditos que apareciam relacionados a eles. Os resultados da anlise mostram como a linguagem utilizada para construir a imagem do jornalista como um profissional dedicado, que, apesar de demonstrar um lado humanizado, apresenta caractersticas idealizadas, de um profissional que desperta, com suas aes, reaes no pblico, trabalha em condies adversas e no se detm diante de obstculos.

    Palavras-chave:

    Lingustica Sistmico-Funcional, Jornalismo, Imagem, Corpus.

    Diariamente, nas notcias veiculadas pela imprensa, indivduos ligados s mais diversas profisses so transformados em personagens, sobre os quais so contadas histrias. Uma imagem desses personagens projetada nessas narrativas, no s individualmente como tambm como representantes de grupos por faixa etria, local de habitao ou ocupao profissional, entre outros. Pesquisadores na rea de Estudos da Linguagem tm se voltado para a anlise dessa imagem projetada pela imprensa de diversas profisses por exemplo, Leila Barbara analisou a construo da imagem do professor na mdia, utilizando a Lingustica de Corpus e a Lingustica Sistmico-Funcional para verificar que, para o professor universitrio, criada uma imagem favorvel, como autoridade ou especialista, mas que a imagem do professor como classe construda em torno de m formao, custos e manifestaes trabalhistas (BARBARA, SARDINHA, 2004).

    Levando-se em conta que o discurso da imprensa produzido, individualmente, por jornalistas, surge a curiosidade sobre que imagem seria projetada para os prprios jornalistas na imprensa. Afinal, se, quando trata de outras profisses, a imprensa est lidando com uma realidade que lhe externa, ao projetar uma determinada imagem da profisso e da atividade jornalsticas, a imprensa est, de certa forma, falando sobre si mesma. Neste trabalho, a anlise desenvolvida a partir da Lingustica Sistmico-Funcional (HALLIDAY 1994, 2003) e da Lingustica de Corpus (cf. HUNSTON 2002, HOEY 2006, STUBBS 2006), permite verificar, em notcias de jornal, a imagem do jornalista que transmitida atravs das escolhas discursivas encontradas.

  • 42

    Escolhas e sistemas

    Na teoria de Halliday, a lngua vista como um sistema de significados um sistema semitico. A lngua um sistema semitico: no no sentido de um sistema de signos, mas um recurso sistmico de significado o que Halliday denomina um potencial de significado (HALLIDAY 2003, p. 192-193). O significado construdo no sistema, atravs de escolhas que selecionam opes que surgem no ambiente de outras opes (id., p. 8). Como a lngua o potencial semitico, a descrio da linguagem uma descrio de escolhas. Os vrios nveis do cdigo semitico so redes interligadas de opes (id., p. 193).

    Ao fazer uma escolha em um sistema lingustico, o que uma pessoa escreve ou diz obtm significado ao ser interpretado em comparao com o que poderia ter sido significado (dito ou escrito) naquele contexto, mas no foi. Essas escolhas mais complexas so feitas a partir de sistemas que oferecem um conjunto de escolhas, que so abertas uma vez que uma condio de entrada seja satisfeita, ou seja, uma vez que uma escolha feita no sistema, escolhas mais especficas so abertas (THOMPSON, HUNSTON 2007, p. 5). As escolhas so feitas no eixo paradigmtico, ou seja, a escolha de um ou outro item lexical ou estrutura entre possveis opes envolve o falante em um processo de criao de significado, no qual preciso escolher quais aspectos de contraste se deseja enfatizar, como explica EGGINS (2004, p. 16). Qualquer que seja a escolha, o significado de cada palavra vem, em parte, do contraste dela com as outras palavras possveis. Identificar os sistemas de escolhas lexicais envolve reconhecer que as palavras trazem em si oposies significativas, e que o processo de escolha de um item lexical um processo semitico.

    Indo mais alm, vemos que Halliday (2002, p. 174) afirma que as opes feitas pelo falante no sistema tomam a forma de uma srie de estruturas sistmicas, e que as diferentes redes sistmicas codificam tipos diferentes de significado, ligando-se s diferentes funes da linguagem. Assim, o sistema de TRANSITIVIDADE, ligado ao que Halliday denomina funo ideacional, especifica os papis dos elementos da orao, como Ator, Meta, etc., codificando a experincia do mundo; o sistema de MODO, ligado funo interpessoal, especifica funes como Sujeito, Predicador, Complemento, e portanto diz respeito aos papis na fala; j o sistema de TEMA, que diz respeito funo textual, especifica as relaes dentro do prprio enunciado, ou entre o enunciado e a situao.

    Neste trabalho, o sistema da Transitividade, conforme proposto por Halliday e Matthiessen (2004), serve como base para a investigao da construo da imagem do jornalista atravs da anlise dos processos a ele associados e das funes por ele exercidas. A Transitividade o sistema gramatical atravs do qual se d a construo, no discurso, da nossa experincia da realidade, material e simblica: esse o sistema que permite que a orao seja uma forma de impor ordem eterna variao e fluxo de eventos (HALLIDAY, MATTHIESSEN 2004, p. 170). Fazer uma anlise do ponto de vista da Transitividade significa buscar como os eventos so representados nas oraes, em termos de processos, participantes e circunstncias, ou seja: que tipos de aes ou acontecimentos esto representados? Que participantes esto envolvidos, e como? Sob que circunstncias se do os eventos? O sistema da Transitividade organiza a experincia, e por isso serve como base para esta anlise.

  • 43

    O corpus como base

    Uma das maneiras de investigar as escolhas discursivas atravs da Lingustica de Corpus, rea frequentemente associada Lingustica Sistmico-Funcional. Segundo Stubbs (2007, p. 16), a Lingustica de Corpus uma abordagem emprica do estudo da linguagem, que, como fazem as cincias naturais h muito tempo, busca resultados atravs da observao de grandes quantidades de dados. A pesquisa em Lingustica de Corpus apresenta quatro caractersticas, descritas por Conrad (2002, p. 76-78): o uso de um corpus, que uma coleo de textos reais, originalmente escritos ou transcritos de originais falados, armazenados de forma eletrnica; a utilizao de tcnicas de anlise que envolvem o uso de computadores, para dar conta da grande quantidade de dados; a nfase na anlise de padres empricos do uso da lngua, com base nas descobertas feitas a partir do corpus; e o uso simultneo de tcnicas quantitativas e qualitativas de anlise, mesmo que com o predomnio de um ou de outro aspecto. Alm disso, diversas caractersticas interativas podem ser analisadas simultaneamente atravs de uma abordagem baseada em corpus (id, p. 82).

    Para Hoey (2007, p. 53), por consideramos que a linguagem feita de escolhas, precisamos reconhecer que o que escolhido o item lexical com suas colocaes, suas coligaes2 e suas associaes semnticas. Stubbs (2007, p. 17) considera que as observaes mais importantes da Lingustica de Corpus esto justamente relacionadas s descobertas sobre coocorrncias, evidenciadas atravs de concordncias que demonstram padres repetidos e regularidades. Segundo ele, a importncia dessas observaes se deve ao fato de que demonstram um aspecto do uso da linguagem subestimado em descries prvias: a disseminao de combinaes semifixas com padres lexicogramaticais e semnticos definidos. a descoberta dessas unidades funcionais de significado que tem as implicaes mais importantes para a teoria e a descrio lingusticas, j que no correspondem a unidades lexicais ou gramaticais tradicionais. Em outras palavras, h camadas de organizao em uma lngua das quais anteriormente havia apenas, no mximo, ligeiras suspeitas (STUBBS 2007, p. 17). A anlise atravs de programas de computador, portanto, pode contribuir para descobertas lingusticas, pois evidncias que emergem dos dados podem ressaltar como relevantes aspectos antes no observados ou observveis (OLIVEIRA 2009).

    Para este trabalho, foi compilado um corpus que, por suas caractersticas composto apenas de notcias de jornal impresso, publicadas num perodo de tempo, sobre determinado assunto pode ser considerado um corpus especializado (cf. HUNSTON, 2002, pg. 14). Esse corpus foi composto de textos recolhidos dos jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo3, publicados em dois momentos diferentes: durante um perodo de 30 dias, de 20 de maro de 2003, o dia seguinte ao incio da invaso do Iraque pelas tropas da coalizo liderada pelos EUA, a 20 de abril, quando a guerra foi considerada encerrada; e durante um perodo de 50 dias, de 22 de maio de 2006, quando a Seleo Brasileira chegou Sua para dar incio preparao para a Copa do Mundo da Alemanha, at 10 de julho, o dia seguinte deciso final da competio, quando foram publicados os resultados finais. A cobertura de uma guerra ou de um evento esportivo do porte da Copa do Mundo um momento de concentrao de notcias sobre jornalistas, e isso levou escolha dos perodos para a seleo do corpus. preciso reconhecer, no entanto, que o trabalho nesse tipo de cobertura se diferencia da prtica jornalstica cotidiana, a comear pelo deslocamento fsico envolvido. Num dia comum, o jornalista baseia sua atividade na redao do veculo para o qual trabalha, e por mais horas que trabalhe, volta para casa ao fim do dia. Na Copa do

  • 44

    Mundo, redao e casa so substitudos por centro de imprensa e hotel, por algumas semanas. Na guerra, o jornalista hospeda-se em hotis, e desloca-se seguindo a progresso do conflito. Por isso, foi interessante tambm verificar caractersticas especficas de cada perodos em que as notcias foram coletadas.

    Para o corpus, foram recolhidos textos que apresentassem notcias sobre jornalistas, ou aqueles nos quais os jornalistas figurassem de forma no casual. Textos em que o jornalista aparece como personagem da notcia ou seja, a notcia contada sobre o jornalista; textos em que o jornalista aparece em uma referncia que comea casual, mas acrescenta informaes adicionais como, por exemplo, dizer que a declarao foi dada a um grupo de jornalistas indignados; ou textos em que objetos ou comportamentos que constituem a notcia so associados a jornalistas como menes a equipamentos de jornalistas foram confiscados ou as declaraes dos jornalistas causaram irritao. Os textos foram compilados a partir da internet, com o cuidado de utilizar apenas textos da verso impressa de cada jornal, ou seja, textos iguais aos que apareceram na verso publicada. Textos do Estado de S. Paulo do perodo da Guerra, foram obtidos a partir de consulta a microfilmes na Biblioteca Nacional. Do perodo da Copa, foram incorporados ao corpus 134 textos de O Globo, 226 da Folha de S. Paulo e 256 do Estado de S. Paulo. Do perodo da Guerra, foram incorporados 154 textos de O Globo, 183 da Folha de S. Paulo e 97 do Estado de S. Paulo.

    Para a investigao da imagem do jornalista construda nesses textos, foi utilizado o Concordancer MonoConcPRO (BARLOW, 1998), o que permitiu verificar que a palavra jornalista(s) apresentava a maior frequncia de ocorrncia dentre os termos ligados atividade jornalstica, como jornalista(s), reprter(es) e correspondente(s), e de termos mais genricos de referncia, como reportagem(ns), jornalismo, imprensa e mdia. Foi feita portanto a opo de concentrar a anlise nas ocorrncias de jornalista(s). Essas ocorrncias foram agrupadas, inicialmente, nos dois contextos de ocorrncia Guerra e Copa. Os resultados foram classificados, em um primeiro momento, em duas categorias. Na primeira, percebemos que o jornalista aparece como Profissional, exercendo a atividade jornalstica fazendo entrevistas, cobrindo jogos, etc. como em No foram poucas as ligaes feitas por jornalistas de madrugada para checar informaes. (Copa, Estado, 25/6/06). Na segunda, ele aparece como um Personagem morrendo, sentindo medo, torcendo, como em No jogo seguinte, contra Srvia e Montenegro, os jornalistas estrangeiros estavam extasiados (Copa, Estado, 19/6/06). Nos momentos em que aparece como Profissional, a informao a ser dada sobre ele est diretamente ligada atividade jornalstica. Quando aparece como um Personagem, queremos dizer que a notcia dada sobre um indivduo, que coincidentemente exerce o jornalismo. uma distino muitas vezes sutil, mas que acrescenta dados relevantes a este trabalho.

    Figura 1: Exemplos de jornalista(s) como Profissional e Personagem

    PR Fino foi o primeiro jornalista de todo o mundo a noticiar o comeo da guerra na televiso.

    PS Quatro jornalistas que haviam ficado oito dias presos em Bagd descreveram ontem, em Am, na Jordnia, o drama vivido no crcere.

  • 45

    Em seguida, cada grupo foi classificado com relao Transitividade (cf. Captulo 3), de acordo com os processos associados palavra jornalista(s), que se enquadravam como Materiais, Mentais, Verbais, Relacionais, Comportamentais ou Existenciais, e seus respectivos participantes. No podemos esquecer, claro, que a descrio dos processos proposta por Halliday e Matthiessen (2004) tem como base a lngua inglesa, e portanto foi necessrio refletir e adaptar essa descrio ao portugus.

    Uma das dificuldades desta etapa a existncia do princpio da indeterminao sistmica (HALLIDAY, MATTHIESSEN 2004, p. 173): a prpria constituio do sistema determina que elementos existam em reas fronteirias, dificultando a sua classificao. Um exemplo pode ser Jornalistas gregos tambm protestaram ontem pela morte de colegas no Iraque. (Copa, Folha, 11/4/03) em que protestaram tanto pode ser material foram s ruas para protestar quanto verbal falaram em protesto. Nesses casos, os contextos situacional e lingustico tiveram um papel importante na determinao de que classificao adotar aqui, tratava-se de uma manifestao nas ruas, portanto um processo material.

    Figura 2 Processos e Participantes4

    Processo Significado geral Participantes Material Fazer / Acontecer Ator, Meta, Recebedor, Alvo

    Comportamental Comportar-se Comportante

    Mental Sentir / Perceber / Conhecer / Desejar Experienciador, Fenmeno

    Verbal Dizer Dizente, Receptor, Alvo, Verbiagem

    Relacional Ser / estar Portador, AtributoIdentificado, Identificador

    Existencial Existir Existente

    desvendando a imagem

    Duas questes foram centrais na elaborao desta pesquisa: como a Transitividade a funo da construo da realidade usada para construir a imagem dos jornalistas na imprensa? E como os contextos de Guerra e Copa, em que foram coletados os dados, interferem nessa imagem?

    Vejamos primeiro algumas concluses sobre a diferena entre os perodos. Na Guerra, o jornalista aparece mais ligado a Processos Materiais, de fazer; na Copa, ele est mais ligado a Processos Verbais, de dizer. Podemos dizer que na Guerra se d mais ateno ao que o jornalista faz, ou ao que feito a ele, enquanto na Copa o que ele diz, ou que dizem a ele, recebe mais importncia.

    ator dizente

    Vrios jornalistas esto enviando notcias por blog. (Guerra, Globo, 24/3/03)

    Um jornalista perguntou ao tcnico o que achava de Pel ter dito que a seleo de 1970 era melhor que a

    atual. (Copa, Globo, 2/6/06 )

    Na Guerra como na Copa, o jornalista mais Meta que Ator, ou seja, ele aparece mais sendo afetado pela ao do que a gerando. Mas na Guerra ele ambas as coisas o dobro de vezes do que na Copa ou seja, sua imagem est sendo construda mais em funo do que faz e do que lhe feito na Guerra do que na Copa.

  • 46

    ator meta meta

    O jornalista acompanhava a 3 Diviso de Infantaria do Exrcito. (Guerra, Globo, 5/4/03)

    Jornalista da TV britnica morto acidentalmente por fogo aliado (Guerra, Globo, 24/3/03)

    No treino de ontem, os jornalistas foram enxotados, para evitar que descobrissem os segredos dos croatas, se que h algum. (Copa, Estado, 3/6/6)

    No perodo da Copa, vemos que os Processos Verbais ganham muito destaque. Chama ateno a participao do jornalista como Receptor, aquele a quem se fala, nesse perodo. Podemos dizer que ele est construdo, nesse momento, por seu papel profissional de buscar depoimentos e fazer entrevistas.

    Receptor

    Diz que no agenta mais falar de poltica e pediu aos jornalistas para no fazerem mais perguntas sobre o assunto aos integrantes da delegao iraniana. (Copa, Estado, 11/6/06)

    Na Guerra, so associados ao jornalista Processos Relacionais Atributivos, inclusive Possessivos e Circunstanciais, que no aparecem no perodo da Copa. Isso indica que na Guerra h uma preocupao maior com a descrio do jornalista em termos de relaes de posse e de localizaes. Na Copa, trata-se mais de caracterizar o jornalista por atributos individuais ou identificao a grupos (Processos Identificativos).

    atributivo Intensivo at. Circunstancial Identificativo

    Paul Moran, o jornalista morto, era cinegrafista free-lance do canal de televiso Australian Broadcasting Corp. (Guerra, Folha, 23/3/03)

    A jornalista Olga Rodrguez encontrava-se bem no andar acima do que foi atingido pelo projtil. (Guerra, Globo, 9/4/03)

    Ele o quarto jornalista morto no Iraque e o primeiro americano. (Guerra, Globo, 5/4/03)

    Por fim, na Copa, o maior nmero de ocorrncias do jornalista como Experienciador de Processos Mentais mostra uma preocupao maior com o que pensa, sente, percebe e deseja o jornalista muito mais do que na Guerra.

    Experienciador

    Como portugus e jornalista, no importa a ordem, toro para que Felipo siga com a seleo. (Copa, Estado, 7/6/06)

    Alm disso, voltando classificao como Profissional e Personagem, vemos que o jornalista mais Profissional na Copa e mais Personagem na Guerra. Como Profissional, ele mais Ator; ele exerce a ao. Dizente, aquele que fala, mas tambm Receptor, aquele que a quem se fala. caracterizado de maneiras diversas, inclusive atravs de circunstncias e relaes de posse. Como Personagem, ele mais Meta; ele afetado pela ao. Tambm Dizente, tambm fala, mas Alvo fala-se muito do jornalista como Personagem. Ele descrito basicamente por caractersticas individuais. E tem um aspecto ressaltado pelos Processos Mentais: seus sentimentos e desejos esto mais presentes.

    Um aspecto recorrente ressaltado pelo uso dos Processos o de profissional que trabalha em condies adversas no s tendo de competir com centenas e batalhes de colegas, na Copa,

  • 47

    como, pior ainda, na Guerra, tendo que enfrentar restries, tiros, ameaas, priso, morte e no hesitando diante de perguntas e comentrios que podem desagradar os interlocutores. Suas aes irritam e causam represlias, como expulses, agresses e boicotes, mas isso no os detm: se no podem falar com um jogador, notcia que o jogador no queira falar com eles. Se o governo do Iraque ou dos EUA tenta impedir seu trabalho, so notcia as manobras utilizadas para isso. Tcnicos e jogadores so os astros do espetculo que a Copa do Mundo, mas o jornalista um coadjuvante sempre presente. Se falam mal dele, isso notcia; se no falam com ele, tambm. Nada detm o intrpido jornalista.

    O jornalista na Copa faz seu trabalho, mas tem um lado humano: se diverte, ri de piadas, torce, conta vantagem, comenta diferenas culturais, reclama do que no gosta, pede mudanas na escalao. Como Personagem, o jornalista d entrevistas aos colegas, discute com jogadores, reage ao inesperado, tenta explicar o inexplicvel. E como todo bom torcedor, defende seu time do corao.

    Na Guerra, o jornalista uma criatura ativa, que participa de aes. Ele faz coisas. E essas coisas so compatveis com o que se imagina de um correspondente de guerra: ele viaja, cruza fronteiras, chega a bloqueios, se aventura em fronteiras, corre para lugares protegidos. Faz tudo isso sem deixar de lado a atividade profissional: acompanha as tropas, cobre a guerra, envia informes direto das divises militares, registra a informao, cumpre seu trabalho profissional. As atividades do jornalista trazem uma carga de perigo e emoo: ele vive momentos de tenso, entra em pnico, faz de seu carro ambulncia, alvo de restries e tiros. preso. Desaparece. E morre.

    Concluso

    A inspirao para este trabalho veio da indagao: j que a mdia constroi imagens de profissionais, que imagem construir de si mesma? Quando projeta uma imagem para uma outra categoria profissional, como a de professor, a mdia est falando de terceiros; mas ao projetar uma imagem para o jornalista, est, como foi considerado aqui, falando de si mesma. Este trabalho teve como proposta apresentar uma leitura dessa imagem, ou autoimagem, construda pela imprensa. Usando a Lingustica de Corpus, foi possvel trabalhar com grande quantidade de textos, de forma a generalizar mais essa leitura.

    Um desafio norteou este trabalho: utilizar o sistema da TRANSITIVIDADE como base para a anlise, j que esse o sistema que v como a realidade construda. Com base nesse sistema, foi possvel extrair das notcias de jornal uma imagem idealizada da profisso de jornalista. Delineiam-se no corpus escolhido duas figuras: a do jornalista-torcedor-provocador, empenhado em realizar sua misso profissional e ao mesmo tempo defender o sucesso de sua seleo, e a do jornalista-correspondente-heri, comprometido com a verdade da guerra e a necessidade de informar sobre os fatos, enfrentando todo tipo de perigo para realizar sua tarefa.

    No a estrela, mas um coadjuvante imprescindvel; dotado de opinies e reaes como qualquer ser humano; questionador, provocador, incmodo por ocupao e vocao, e, ao mesmo tempo, torcedor dedicado e emocionado de sua seleo: assim o jornalista-torcedor-provocador configurado nas pginas dos jornais.

  • 48

    A imagem do jornalista-correspondente-heri que aparece no corpus de uma figura herica, que cumpre seu dever at diante da morte. Por outro lado, tambm uma criatura frgil, que precisa ser protegida. Sujeita boa vontade do poderes constitudos, ora conta com a proteo e colaborao do exrcito, ora serve de alvo para tiros de canho. Mas no deixa de lado sua obrigao profissional.

    A anlise feita neste trabalho verificou caractersticas bastante definidas da imagem do jornalista projetada no corpus. O jornalista, por definio, aquele que transmite os fatos, de maneira isenta e sem expressar sua opinio; tambm por definio, ele o observador imparcial da realidade (PENA 2005). Mas, no corpus usado neste trabalho, esse suposto observador se torna protagonista dos fatos. Paradoxalmente, quem vai relatar esses fatos outro jornalista, que dever ser o observador imparcial da realidade que aconteceu ao colega. Em seu texto, cada escolha, tanto lexical quanto discursiva, demonstra seu posicionamento em relao narrativa que faz.

    Embora os momentos estudados neste trabalho, a invaso do Iraque pelos EUA, em 2003, e a Copa do Mundo de 2006, constituam contextos de exceo, acreditamos que as concluses obtidas com relao imagem projetada do jornalista sejam vlidas para outros momentos. Unindo os dois perodos analisados, surge uma nica imagem: a do profissional dedicado, consciente, que busca incessantemente a notcia e no esmorece diante de dificuldades, e que revela sua humanidade em questes chave que vo alm do racional: a paixo por seu time e a tenso diante da morte. Um verdadeiro heri de papel.

    REFERnCIaS:

    AMARANTE, Renata Maria Cantanhede; Oliveira, Lucia Pacheco. Herois de Papel: A imagem do jornalista em notcias de guerra e esporte atravs da perspectiva sistmico-funcional e da anlise de corpus. Tese de Doutorado Departamento de Letras. Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro. 117 p. Rio de Janeiro, 2009.

    CONRAD, Susan. Corpus linguistic approaches for discourse analysis. in: annual Review of applied Linguistics. Cambridge University Press, 2002, v. 22, 75-95.

    EGGINS, S. an introduction do Systemic Functional Linguistics. 2 edio. Londres: Continuum, 2004. p. 1 a 22.

    HALLIDAY, M. On grammar. Londres: Continuum, 2002. 442 p.

    HALLIDAY, M. On language and linguistics. Londres: Continuum, 2003. 476 p.

    HALLIDAY, M. e MATTHIESSEN, C. an introduction to Functional grammar. (3 ed). London: Arnold, 2004. 689 p.

    HOEY, M. Language as choice: what is chosen? In: THOMPSON, G. e HUNSTON, S. System and Corpus: exploring connections. Londres: Equinox, 2007. pg. 37 a 54.

    HUNSTON, S. Corpora in applied Linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. 254 p.

    LEILA BARBARA e SARDINHA, Tony Berber. Professor: A imagem projetada na imprensa. in: Investigaes: Lingustica e teoria Literria, Recife, vol. 17, n 2, pg. 115-126, Julho 2004.

  • 49

    OLIVEIRA, L. P. Lingustica de Corpus: teoria, interfaces e aplicaes. In: Revista matraga. Vol. 16, n 24, Jan/Junho. Rio de Janeiro: Programa de Ps-Graduao em Letras da UERJ, 2009.

    PENA, Felipe. teoria do jornalismo. So Paulo: Contexto, 2005. 240 p.

    STUBBS, Michael. Corpus analysis: the state of the art and three types of unanswered questions. In: THOMPSON, G. e HUNSTON, S. System and Corpus: exploring connections. Londres: Equinox, 2007. pg. 15 a 36.

    THOMPSON, G. e HUNSTON, S. System and Corpus: two traditions with a commong ground. In: THOMPSON, G. e HUNSTON, S. System and Corpus: exploring connections. Londres: Equinox, 2007. pg. 1 a 14.

    SOFtWaRE: BARLOW, M. (1998). MonoConc Pro. Houston: Athelstan.

    notas:

    1- Baseado na tese de doutorado Heris de Papel: A imagem do jornalista em notcias de guerra e esporte atravs da perspectiva sistmico-funcional e da anlise de corpus (AMARANTE, 2009)

    2- Coligaes so as companhias gramaticais em que o item aparece, ou no aparece, tanto no seu grupo ou em um grupo hierarquicamente superior, bem como as funes gramaticais que esse grupo prefere ou evita cf. Hoey 2007, p. 38.

    3- Dados da Associao Nacional de Jornais (ANJ), com base nos resultados do Instituto Verificador de Circulao (IVC), relacionam estes trs jornais entre os quatro maiores do pas (em posies alternadas), de 2001 a 2006. O quarto jornal citado nesse perodo, mas no usado neste trabalho, o Extra, tambm do Rio de Janeiro, de perfil assumidamente mais popular, e pertencente mesma empresa que O Globo. Durante a coleta do corpus, foi verificado que Extra, O Globo e O Dirio de So Paulo, todos da mesma empresa, publicavam textos produzidos por uma equipe comum, ligada aos trs jornais, o que sugere contedos iguais ou pelo menos semelhantes o suficiente para tornar tendenciosos os resultados da anlise.

    4- Adaptada de Halliday e Matthiessen 2004, p. 260.

  • 50

    a ImagEm da muLHER Em COntOS dE maRIna COLaSantI: a LInguStICa SIStmICO-FunCIOnaL COmO FERRamEnta

    PaRa a anLISE dO dISCuRSO

    Elir Ferrari UERJ

    RESumO:

    A Anlise de contos de Marina Colasanti destaca algumas questes acerca da representao da mulher em textos que veiculam um discurso feminista. Para tanto, utilizou-se as categorias propostas por van Leeuwen (1996) para a representao dos atores sociais, sistema sociossemntico desenvolvido a partir da LSF de Halliday (2004). Os contos foram retirados do livro Contos de amor rasgados, publicado na dcada de 1980, dcada em que o feminismo brasileiro encontrava-se numa fase de consolidao, em que muito se publicou a respeito do movimento (Pinto, 2003). A Anlise Crtica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1995) tem dedicado seus estudos s mudanas sociais atravs dos discursos e o movimento feminista se inscreve em algumas mudanas. Dessa perspectiva, as categorias de van Leeuwen servem de instrumental para uma anlise mais detalhada das relaes homem-mulher, permitindo desvelar algumas questes feministas tematizadas nos contos, questes apontadas por Pinto (op. cit.). Os resultados da anlise dos contos pela utilizao da LSF demonstram que a mulher representada ora como um pano de fundo, ora enfraquecida (apassivada, como meta ou recipiente etc.) em favor de seu marido/amante. Assim, os conflitos gerados a partir das aes do homem sobre a mulher nos contos confirmam certas preocupaes do discurso feminista, mesmo que no tenham como personagem central uma mulher positivamente representada e bem resolvida.

    Palavras-chave:

    Marina Colasanti; discurso feminista; anlise crtica do discurso; lingustica sistmico funcional; ethos putativo

    Introduo

    A literatura sempre acompanha sua poca. Cada momento histrico produz uma gama de textos quer orais, escritos, literrios, de uso cotidiano para mera comunicao humana que circulam pela sociedade como prticas sociais de alguma forma mais ou menos intensas, estabelecidas culturalmente (BOURDIEU, 1996). Da mesma forma, os discursos circulam culturalmente. Fairclough (1993) entende que o discurso possui uma noo tridimensional, que une trs dimenses analticas: discurso como texto, prtica discursiva e prtica social. As anlises textuais incluem vocabulrio, gramtica, coeso e estrutura (arquitetura), e constituem parte potencialmente importante na anlise do discurso. Os textos passam por processos de produo, distribuio e consumo, so produzidos de maneiras especficas e em contextos especficos de uma rotina social complexa, so consumidos de forma diferente e nos diferentes contextos sociais; certa conjuntura social exige certas prticas discursivo-textuais (FAIRCLOUGH, 1993, p. 73-86, passim). A literatura, ento, parte de um conjunto de textos constituintes de discursos que podem provocar reaes e mudanas nas prticas sociais. Integra, ainda, um mercado de bens

  • 51

    simblicos (BOURDIEU, 1996). As mudanas discursivas podem promover mudanas sociais e vice-versa, mas, segundo Fairclough, as mudanas envolvem formas de transgresso, rompimento de limites, tais como alocar convenes j existentes em novas combinaes, ou mover o que est convencionado para situaes que geralmente as impedem (FAIRCLOUGH, 1993, p. 96).

    A ideia de discurso e mudana social nos levou a refletir sobre o movimento feminista. De acordo com Pinto (2003), o movimento no Brasil teve seu incio de fato na virada do sculo XIX para o XX com pequenas aes independentes de mulheres corajosas, mas foi somente aps a dcada de 1960 que o grande movimento social, de alcance mundial, atingiu suas principais conquistas (PINTO, 2003, p. 10), sendo o ano de 1975 considerado o momento inaugural do feminismo brasileiro (idem, p. 56). A dcada de 1980 perodo de redemocratizao foi a fase de consolidao do movimento, com a incluso de vrios conselhos regionais e ministrios, o que indicou uma mudana no pensamento no mbito da poltica nacional. O movimento feminista , assim, partidarizado e institucionalizado. A constituio de 1988 consagra os direitos da mulher ao incluir artigos que reforam que homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, alm de questes empregatcias como licena gestante para amamentao. O avano d