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Maria José Grosso Direção ENSINO E APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS PARA FALANTES DE OUTRAS LÍNGUAS Língua Portuguesa em Timor-Leste Nuno Carlos de Almeida Ensino e Cidadania

Língua Portuguesa em Timor-Leste

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Compreender o papel da língua portuguesa na sociedade timorense, plurilingue, é fundamental para o processo de reintrodução desta língua em Timor-Leste. O enquadramento sociolinguístico da língua portuguesa naquele país, à luz de conceitos da Didática das Línguas, ajuda a que se tomem opções mais conscientes e adequadas às necessidades comunicativas dos diversos públicos. Além de potenciar a aprendizagem, uma abordagem do ensino do português virada para as necessidades dos aprendentes contribui para a preservação do património cultural e linguístico de Timor-Leste, que é complexo. Nas escolas, onde a língua portuguesa é língua de instrução, isso implica o estabelecimento de pontes com as línguas locais, seja com o intuito de ativar uma competência intercultural que leve ao desenvolvimento de valores de cidadania democrática, seja para facilitar o acesso ao conhecimento.

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Maria José Grosso

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Língua Por tuguesaem Timor-Leste

Nuno Carlos de Almeida

Ensino e Cidadania

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LISBOA — PORTOe-mail: [email protected]

http://www.lidel.pt (Lidel on-line)(site seguro certificado pela Thawte)

Língua Portuguesaem Timor-LesteEnsino e Cidadania

Nuno Carlos de Almeida

D i r e ç ã o

Maria José Grosso

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Pré-impressão: Milarte Atelier Gráfico, lda.Impressão e acabamento: Rolo & Filhos II, S.A. — Indústrias Gráficas

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Capa: José Manuel Reis

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LIVRARIAS

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Índice

Abreviaturas Utilizadas

Agradecimentos

Nota Prévia

Introdução1. Pertinência e Objetivos do Trabalho

2. Enquadramento Teórico e Metodológico3. Estrutura

4. Contexto de Realização do Trabalho e Limitações

Capítulo 11. Contextualização de Timor-Leste

1.1 Introdução 1.2 Breve Enquadramento Histórico

1.3 Presença da Língua Portuguesa em Timor-Leste1.4 Língua Portuguesa – Fator de Identidade

1.5 Panorama Linguístico 1.6 Considerações Finais

Capítulo 2 2. Enquadramento da Língua Portuguesa em Timor-Leste

2.1 Introdução 2.2 Língua Oficial, Língua de Escolarização e Língua Nacional

2.3 Língua Materna, Língua Estrangeira, Língua Segunda2.4 Aquisição vs. Aprendizagem e Ensino Comunicativo

2.5 Plurilinguismo2.6 Considerações Finais

Capítulo 33. Língua Portuguesa, Cultura e Cidadania

3.1 Introdução 3.2 Considerações Teóricas – Cultura e Língua

3.3 O Caso de Timor-Leste3.4 Língua e Mudança Cultural

3.5 Língua Portuguesa e Cidadania3.6 O Desenvolvimento da Língua Portuguesa na Perspetiva

da Administração Pública3.7 Considerações Finais

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Capítulo 44. O Papel da Língua Portuguesa para o Público

Timorense Não Adulto 4.1 Introdução

4.2 Questões Metodológicas4.3 O Inquérito

4.4 Caracterização da Amostra4.5 Apresentação e Interpretação dos Dados

4.6 Considerações Finais

Conclusões

Bibliografia

Sitografia

Anexo

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Índice

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Índices

Quadro 1 Desenvolvimento de L1 e L2

Tabela 1 Uso dos substantivos familiares em tétum

Figura 1 “As camadas de uma cebola” ou os diferentes níveis de manifestação de uma cultura

Figura 2 Educação multilingue baseada na língua materna

Figura 3 Língua portuguesa: uma ponte para o mundo

Gráfico 1Questão 1

Gráfico 2Questão 2

Gráfico 3Questão 3

Gráfico 4Questão 4

Gráfico 5Questão 5

Gráfico 6Questão 6

Gráfico 7Questão 7a

Gráfico 8Questão 7b

Gráfico 9Questão 8

Gráfico 10Questão 9

Gráfico 11Questão 10

Anexo

Inquérito [Husu]

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Abreviaturas Utilizadas

ADB

CNRT

CPLP

DTL

ETTA

FRETILIN

GERTIL

INAP

IPAD

L2/LS

LE

LM

LN

LNM

LO

ONU

PCLP

PE

PL2/PLS

PLE

PLM

PLNM

PRLP

QECR

RDTL

UNDP

UNESCO

UNMISET

UNMIT

UNOTIL

UNTAET

WB

Asian Development Bank

Conselho Nacional de Resistência Timorense

Comunidade de Países de Língua Portuguesa

Dicionário Temático da Lusofonia

East Timor Transitional Administration

Frente Revolucionária Timor-Leste Independente

Grupo de Estudos de Reconstrução de Timor-Leste

Instituto Nacional da Administração Pública

Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento

Língua Segunda

Língua Estrangeira

Língua Materna

Língua Nacional

Língua Não Materna

Língua Oficial

Organização das Nações Unidas

Projeto de Consolidação da Língua Portuguesa (em Timor-Leste)

Português Europeu

Português Língua Segunda

Português Língua Estrangeira

Português Língua Materna

Português Língua Não Materna

Projeto de Reintrodução da Língua Portuguesa (em Timor-Leste)

Quadro Europeu Comum de Referência (para as Línguas)

República Democrática de Timor-Leste

United Nations Development Program

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

United Nations Mission of Support in East Timor

United Nations Mission in Timor-Leste

United Nations Office in Timor-Leste

United Nations Transitional Administration in East Timor

World Bank

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, os meus agradecimentos à Professora Doutora Maria José dosReis Grosso, pela orientação científica, pela disponibilidade sem reservas, pelo confor-tante apoio e incentivo, sem os quais este trabalho não teria sido possível.

Aos professores José Pinto Vieira, Faustino Almeida e Lourenço Fernandes, por terempossibilitado a aplicação do inquérito, em Lospalos – Lautém, e pela ajuda na traduçãodo mesmo.

Aos formadores/cooperantes, simultaneamente colegas e amigos, Leonel Lopes, LuísPereira e Mário Plácido, pelas valiosas contribuições, já na fase final da elaboração dolivro, e também pelo companheirismo e profissionalismo demonstrados ao longo dosvários anos de trabalho conjunto em Timor-Leste.

Ao Nuno Ezequiel, amigo e artista, pela contribuição de última hora que veio enrique-cer o conteúdo da presente publicação.

À Soraia, amiga, colega e companheira, agradeço muito especialmente, sobretudopela força e otimismo e pelo constante apoio.

Ainda uma palavra de agradecimento a todos aqueles que contribuíram com as suasproduções para a realização deste estudo.

Mais que tudo me cresceuE viveu vida dura

Luz pura vigilante prematuraGosto de saber que estará sempre

A ver o caminho meu

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Nota Prévia

Em Língua Portuguesa em Timor-Leste: Ensino e Cidadania, Nuno Almeida fala-nosde Timor-Leste, aliando as suas vivências à prática pedagógica neste território, e apre-senta um enquadramento da língua portuguesa em Timor-Leste, a nível histórico, social,cultural e identitário. Assim, contextualizando histórica e linguisticamente a presença dalíngua portuguesa, faz sobressair o seu papel como traço da identidade cultural timo-rense, a par da valorização das línguas nacionais daquele país.

Ao revisitar conceitos já consagrados na Didática das Línguas, como língua materna,língua segunda, língua estrangeira, língua oficial, língua de instrução, língua nacional(para além de outros considerados pertinentes no trabalho que desenvolve), este livroconduz a sua reflexão sobre o desenvolvimento de valores de cidadania democrática noensino/aprendizagem da língua portuguesa ao público aprendente de Timor-Leste.

Com base em dados obtidos por inquérito, este estudo dá-nos o olhar dos jovenstimorenses sobre a língua portuguesa em Timor-Leste, levando também o leitor a pers-petivar formas de atuação para a melhoria do processo de ensino/aprendizagem da lín-gua portuguesa naquele espaço.

Língua Portuguesa em Timor-Leste: Ensino e Cidadania é, sobretudo, uma base dereflexão importante e um ponto de partida para quem quer perceber a realidade do ensi-no e da aprendizagem da língua portuguesa em Timor-Leste.

Maria José GrossoDiretora da Coleção

junho de 2011

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“Como país de língua oficial portuguesa, Timor-Leste privilegiará as relações comtodos os países em África, América Latina e Europa que partilham a mesma língua econtribuirá para o reforço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP –e para a construção do relacionamento desta Comunidade com as Comunidades dospaíses da Ásia e do Pacífico” (Convenção Nacional Timorense na Diáspora, 1998, cita-do por Esperança, J. P. T., 2001, pp. 125-126).

Esta decisão, aprovada pela Convenção Nacional Timorense na Diáspora, em abril de1998, em Peniche, juntamente com a criação formal do CNRT (Conselho Nacional deResistência Timorense), antecipava as opções que seriam posteriormente tomadas najá independente República Democrática de Timor-Leste. Para espanto da comunidadeinternacional, este novo país viria a escolher como língua oficial o português, retoman-do, formalmente e por vontade própria, os antigos laços estabelecidos com Portugal ecom a língua portuguesa ao longo de mais de 4 séculos.

No ano seguinte, quando os timorenses votaram no referendo à sua autodetermi-nação, estavam a mudar a história do seu pequeno país. Depois de séculos de domínioexterno, foi esse o primeiro passo para que se operassem mudanças radicais ao nívelpolítico e social. Um tal rompimento com o passado fragilizou a ordem social e terá tidocertamente consequências também em dimensões mais profundas, como a identidadee a cultura de Timor-Leste1.

Em termos linguísticos, abriu-se o caminho para a adoção da língua portuguesa comolíngua oficial e também para a ascensão social e política do tétum ao estatuto de línguaoficial de Timor-Leste. Se a língua tétum, uma das línguas locais, é um fator de mudançainterno, o português aparece como um fator externo de mudança, pese embora a liga-ção histórica e afetiva dos timorenses com a língua portuguesa.

O facto de atribuir o estatuto de língua oficial a uma língua implicava uma série deações concretas com vista à sua divulgação, ensino e uso. A escolha destas duas lín-guas oficiais representava, desde logo, um desafio para a efetivação do seu estatuto. Porum lado, o tétum, apesar de funcionar como uma língua franca, conhecida por uma boaparte da população, não era uma língua que permitisse a comunicação internacional,sendo ainda pouco estudada e não tendo sequer grafia oficial, pelo que era necessárioinvestir no estudo científico desta língua e no seu ensino formal nas escolas. Por outrolado, o português, apesar de ser uma língua internacional, não era uma língua nacional,isto é, apesar de ser falada por pessoas de outros países, em instituições internacionais,

Introdução

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1 Deve esclarecer-se neste momento inicial que, ao longo do trabalho, são usadas as designações “Timor-Leste” e “Timor” para referir a parteda “Ilha de Timor” que esteve sob administração portuguesa até 1975, que também é nomeada de “Timor Lorosa’e” ou “Timor Oriental” emoutros trabalhos. Porque o nome oficial daquele país em língua portuguesa – também língua oficial daquele país – é “República Democráticade Timor-Leste”, para nomear o país não é usada a designação “Timor Oriental”, que fica reservada para a função unicamente de localiza-ção geográfica. Quanto a “Timor Lorosa’e”, parece desnecessário recorrer a estas palavras da língua tétum num texto em português. Assim,para evitar as excessivas repetições, usa-se “Timor” – diferente de Ilha de Timor.

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praticamente não era falada em Timor, visto que não havia essa necessidade2, pelo queera necessária uma estratégia de ensino em massa desta língua e uma capacitação detodos os agentes das instituições públicas para a usarem nos seus serviços, de modoa impedir a criação de desigualdades sociais de acesso aos serviços do estado (Espe-rança, J. P. T., 2001, pp. 91-133).

1. Pertinência e Objetivos do Trabalho

Para ajudar na árdua tarefa de tornar efetiva a adoção do português como línguaoficial, foi com naturalidade que Portugal se afirmou como principal parceiro de Timor--Leste. Como tal, o governo português enviou um grande número de professores, ini-ciando-se, assim, o processo de reintrodução da língua portuguesa em Timor-Leste.“Mas, nos primeiros anos, os cursos e as ações de formação foram feitos com poucocritério e com resultados relativamente modestos” (Magalhães, A. B., 2007, p. 658).

É claro que Portugal, comparativamente a Timor-Leste, é um país superiormentemunido de capacidade científica e profissional, sobretudo no que concerne ao ensino edivulgação da língua portuguesa. Contudo, para Portugal e para os portugueses, a lín-gua foi desde sempre uma questão pacífica, pois é a sua língua materna3. SendoPortugal um país tradicionalmente de emigração, recebendo apenas imigrantes das ex--colónias, de língua oficial portuguesa, o ensino da língua portuguesa e a formação dosprofessores desta disciplina têm sido, naturalmente, feitos na perspetiva de línguamaterna, até ao passado recente, em que começaram a chegar a Portugal cidadãos depaíses europeus, nomeadamente de Leste, para se integrarem no mercado de trabalhonacional, facto que despertou, finalmente, na comunidade científica um interesse maisefetivo em questões viradas para a língua portuguesa perspetivada como línguaestrangeira ou língua segunda. E em boa hora esse interesse tem vindo a crescer, a jul-gar pelas palavras críticas de Leiria (2004, p. 8): “Como é sabido, e apesar do orgulhocom que alguns referem frequentemente a importância do português entre as línguas domundo, ainda são muito poucos os trabalhos de investigação do português enquantolíngua não materna”4. A apresentação de um olhar mais científico sobre o caso da lín-gua portuguesa e do seu processo de ensino/aprendizagem em Timor-Leste é, por isso,uma virtude do presente trabalho.

2 O português nunca se tornou língua de comunicação quotidiana, nem língua de contacto entre os grupos etnolinguísticos. Tal função eradesempenhada pelo tétum, língua veicular, por imposição do liurai de Ué-Háli e língua de evangelização. O português, durante anos, con-viveu com uma situação de grande fragmentação linguística: uma vintena de línguas locais com significativas diferenças linguísticas e umalíngua comum – o tétum, que é também língua oficial da Igreja (Luís Costa, 2005, p. 614).

3 Uma referência àqueles falantes do mirandês cuja língua materna não foi o português. Ainda assim, também para estes, nunca constou quea língua oficial fosse uma situação problemática.

4 No artigo original, a autora acrescenta uma nota: “Gostaria, por isso mesmo, de lembrar aqui os trabalhos desenvolvidos na UniversidadeEduardo Mondlane, em Maputo, e na Unicamp, Universidade de Campinas, no Brasil. Espero, sinceramente, ter deixado muitos de fora…”

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Introdução

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Se os imigrantes da Europa de Leste são um desafio para o ensino do português emPortugal, o caso de Timor-Leste é um interessante e difícil teste à capacidade científicae pedagógica dos recursos portugueses no domínio do ensino da língua portuguesafora de fronteiras. É neste âmbito que este trabalho pretende ser relevante, analisandoa realidade timorense à luz de conceitos da área da Didática de Língua Estrangeira//Língua Segunda e de outras áreas do conhecimento científico que com esta disciplinase relacionam, com o intuito de melhor se poder delinear estratégias de atuação. Paraalém disto, contribui para um conhecimento mais objetivo da relação e do posiciona-mento dos estudantes timorenses face ao português e para que se faça a reintroduçãoda língua portuguesa em Timor não negligenciando determinados fatores culturais quepoderão ser verdadeiramente importantes para o sucesso e idoneidade da tarefa;poderá, portanto, ser um documento útil para os agentes educativos e políticos por-tugueses, timorenses ou outros que se ocupem desta questão em Timor.

A situação de Timor-Leste é, de facto, um caso diferente de tudo o que se conheceem termos de ensino do português. O caso que poderia servir de referência, por com-paração, seria o de Macau, onde, desde a década de 80 do século passado, se desen-volveu um esforço considerável na adequação de conteúdos, metodologias e materiaisàquele contexto específico. Porém, do trabalho feito em Macau, poderá ter-se em con-sideração apenas o esforço feito em termos de investigação sobre o contexto e sobrea adequação didática; isto porque existe, para além de outras, uma grande diferençaque faz com que o processo em Timor-Leste seja verdadeiramente sui generis: a línguaportuguesa é aprendida com o objetivo de a usar em Timor para, como sublinha tam-bém Antunes (2003, p. 7): “Servir de canal para a cultura autóctone (excluindo, por isso,um dos pressupostos básicos da didática de línguas estrangeiras: aproximação à cul-tura da pátria mãe da língua estrangeira em causa).”5 Para que se perceba a importân-cia desta questão, será apresentada, em momento oportuno, uma necessária reflexãosobre essa peculiaridade, relacionando-a com o facto de, em Timor-Leste, a implemen-tação da língua portuguesa aparecer associada à implementação da democracia.

A comparação com a situação do ensino do português em Timor-Leste anterior a1975, altura em que cessou a administração portuguesa do território, também é impos-sível, desde logo porque a perspetiva com que a ciência olha para o ensino das línguasmudou muito de então para cá, mas também porque, em quase todo esse período, oensino do português era apenas para algumas elites e minorias privilegiadas, ao passoque, no presente, se trata de uma massificação da língua portuguesa no território,procurando-se chegar a todas as pessoas, de qualquer faixa etária, independentementeda sua profissão. Admitindo-se que os mais velhos se identificam com a língua por-

5 Este autor identifica ainda outras diferenças: enquanto, em Timor-Leste, a língua portuguesa está numa fase de implementação, em Macau,está a terminar um ciclo; há um contraste claro entre a ruralidade timorense e a urbanidade macaense; em Macau, procura-se a língua por-tuguesa por motivos pragmáticos, ao passo que, em Timor, os motivos são afetivos.

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6 Este trabalho foca, sobretudo, a situação vivida pelos jovens que entraram para o sistema escolar em 1999/2000, porque esta é a primeirageração de timorenses fruto da escola em português depois do período de ocupação indonésia. Esta opção é explicada com mais detalheem “4.3 O Inquérito”.

tuguesa, porque ainda com ela conviveram, e que os jovens escolarizados pelo domínioindonésio poderão manifestar mais afinidade com essa cultura e com a língua indonésia,falta saber de que forma a geração mais recente6 – a primeira a iniciar a escolaridadedepois da independência, em que a língua portuguesa já deveria ser língua de instrução– olha para essa língua, da qual teria apenas, antes do início do seu percurso escolar(coincidente com a independência), uma imagem remota, eventualmente passada pelosavós. É com esse propósito que se apresentam os resultados da aplicação de uminquérito que tem a pertinência de fornecer dados concretos sobre esta questão.

De um modo mais claro, espera-se que o presente livro possa percorrer, em maiorprofundidade nuns pontos do que noutros, o caminho certo para o cumprimento deobjetivos como:

• Apresentar um enquadramento da língua portuguesa em Timor-Leste, a nível históri-co, social, cultural e identitário.

• Definir a situação da língua portuguesa em Timor-Leste, tendo em conta o contex-to de aprendizagem, de modo a refletir sobre implicações práticas daí resultantes.

• Problematizar a adequação do ensino da língua portuguesa em Timor-Leste à realidadecultural timorense, minimizando possíveis efeitos advindos da presença de agentes deformação externos e mostrar caminhos que, partindo da diversidade linguística exis-tente no território, associem os valores da cidadania democrática ao ensino da línguaportuguesa em Timor-Leste e à valorização das línguas nacionais daquele país.

• Apresentar e interpretar dados concretos, no sentido de perceber como perspetivama língua portuguesa os primeiros jovens escolarizados nesta língua, em Timor-Leste,retirando desse exercício pistas de atuação para a melhoria do processo deensino/aprendizagem.

Estes objetivos, mais específicos, concorrem para outro objetivo de âmbito mais geral:

• Permitir a extração de conclusões que contribuam para o sucesso e adequação doensino, desenvolvimento, divulgação e fixação do português em Timor-Leste.

2. Enquadramento Teórico e Metodológico

Apesar de, em termos teóricos, recorrer a disciplinas diversas, este trabalho insere--se na Didática das Línguas, mais concretamente, no âmbito da Didática de PortuguêsLíngua Estrangeira/Língua Segunda (PLE/PL2), desde logo pelos seus objetivos, quegiram em torno do processo de ensino da língua portuguesa no contexto específico deTimor-Leste, tendo em vista a sua melhoria.

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Introdução

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Complementarmente, dado o valor e o volume da produção científica no campo doEnsino de Línguas, desenvolvida particularmente nos últimos anos, numa perspetiva comu-nicativa, e a pertinência da relação que tem vindo a ser estabelecida entre esta disciplina eo desenvolvimento de valores de cidadania democrática, ainda que direcionado para o casode Timor-Leste, este trabalho segue, em certa medida, a direção tomada pela investigação,no âmbito das políticas de educação linguística do Conselho da Europa.

É claro que, no exercício de investigação nesta área, cada vez mais assumida comointerdisciplinar, é necessário recorrer a conceitos e práticas de outras latitudes do co-nhecimento científico. De imediato se pensa, de um modo mais geral, em Linguística,Sociologia ou História e, mais especificamente, em Linguística Aplicada, Sociolinguís-tica, Sociologia da Linguagem ou Política de Língua, para nomear, a título de exemplo,algumas com as quais mais visivelmente este trabalho terá pontos comuns. Não parecemuito producente, no entanto, dada a sua natureza tendencialmente prática e os obje-tivos definidos, gastar muito tempo na explanação deste item, justificando e explicandoa sua relação com cada uma das disciplinas e, eventualmente, problematizando ainfluência que cada uma delas tem no contributo de todas para a realização do mesmo,correndo o risco de, ainda assim, ser inconclusivo. Sendo assim, considera-se suficiente-mente esclarecida, para o efeito, esta questão, cabendo, contudo, acrescentar ainda, deuma forma perfeitamente discutível que, na prática, o que enquadra determinado trabalhoem dada disciplina acaba por ser sempre o uso que se faz dele, o que equivale a dizer que,se um sociólogo usar este livro ou parte dele para melhor compreender a sociedade timo-rense, manifestar-se-á a sua vertente sociológica, mas se, por outro lado, ele for usadopara levantamento de alguns dados históricos, será, então, visível a sua vertente histórica.

Com uma forte componente observativa e interpretativa, este livro pretende ser um con-tributo a nível prático, mas também teórico. A nível prático, no âmbito do ensino da línguaportuguesa em Timor-Leste; a nível teórico, para a formulação de teorias, no âmbitoespecífico da Didática de Línguas, que tenham em conta a realidade daquele país.Almeida & Pinto (2007, p. 62) esclarecem a importância da recolha de dados realizada portrabalhos de natureza empírica para a investigação: “a teoria aparece subordinada – exte-rior e posterior – à recolha de dados: resulta da indução-depuração da evidência empíri-ca.” Contudo, existem opiniões divergentes: Popper (1974, pp. 71 e segs.) afirma que asobservações estão impregnadas de teoria; Lakatos (1983, pp. 16 e segs.) defende que“todas as proposições da ciência são teóricas e que, por isso, uma proposição factual éapenas uma espécie particular de proposição teórica”. Não sendo relevante fazer aqui adiscussão do processo de construção do conhecimento – partindo da observação paraa teoria, ou estando irremediavelmente associado à teoria, por mais empírica que sejauma investigação – fica a convicção de que será um contributo para a construção de co-nhecimento científico em torno do caso da língua portuguesa em Timor-Leste.

Para um melhor entendimento de todo o trabalho, tendo presentes as informaçõesapresentadas e discutidas ao longo do mesmo, é necessário ter a noção dos procedi-

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mentos que permitiram a sua realização. Para tal, são devidas algumas brevíssimaspalavras para “focar a questão metodológica, que se prende à forma como a investi-gação [foi] feita, isto é, ao processo de coleta, tratamento de dados e discussão dosresultados” (Alarcão, I., 2001, p. 137).

O trabalho enquadra-se, como foi já dito, na investigação em Didática das Línguas,que se faz, como descreve Antunes, apoiando-se nos conceitos de Alarcão (1991, pp.299-317) e Andrade & Sá (1995), em três dimensões: “a dimensão racional (já queabstrai do concreto, estudando os fenómenos em diferido), a dimensão analítica (aodecompor a realidade estudada) e a integradora (ao apelar para conhecimentos diver-sos para descrever e interpretar os factos dessa mesma realidade)” (Antunes, R. J. F.,2003, p. 158).

Nas ciências sociais, desenvolveram-se procedimentos padronizados de recolha deinformação sobre a realidade (exemplo disso são as técnicas de inquérito por ques-tionário, da entrevista, da análise de conteúdo)7. O inquérito por questionário foi a técni-ca escolhida para auxiliar este trabalho.

Ao longo do processo de investigação que deu origem a este livro, a informação foirecolhida através de procedimentos diferenciados, com objetivos diferentes: i) de modoa poder obter validade científica, este trabalho teria de ser apoiado por um enquadra-mento teórico e concetual adequado e pertinente – para tal, recorreu-se mormente àinvestigação bibliográfica; ii) era também importante assumir a investigação comouma ponte entre a teoria e a aplicação prática – para isso, revelou-se de muita utilidadea observação participante proporcionada por 4 anos de atividade enquanto profes-sor de língua portuguesa, no âmbito do trabalho desenvolvido pela CooperaçãoPortuguesa, em Timor-Leste, sob a tutela do Instituto de Apoio ao Desenvolvimento(IPAD); iii) por último, pela necessidade de recolher informação concreta sobre aspetosda convivência dos jovens aprendentes com a língua portuguesa – recorreu-se aoinquérito por questionário.

3. Estrutura

Este livro está organizado em cinco capítulos. Para dar, desde já, uma ideia da estru-tura global do mesmo e da forma como a informação vai sendo organizada, resume-seaqui cada uma das partes.

O primeiro capítulo serve para contextualizar Timor-Leste e a presença da línguaportuguesa naquele país. Primeiramente, é apresentada uma breve contextualiza-ção histórica do território, desde o período em que teve início a relação entre Portugale a Ilha de Timor, seguida de uma observação diacrónica, mais específica, da pre-sença da língua portuguesa naquele espaço, focando as suas razões e os seus agentes.

7 Para uma descrição das técnicas de recolha de informação em ciências sociais, veja-se João Ferreira de Almeida & José Madureira Pinto,1982, pp. 93-114.

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Introdução

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Posteriormente, são explicadas a natureza e as motivações da ligação entre a línguaportuguesa e a formação de uma identidade cultural leste-timorense, havendo aindalugar à apresentação genérica do panorama linguístico atual de Timor-Leste.

O segundo capítulo pretende aplicar conceitos do âmbito da Didática de Línguas aocaso Timor-Leste, de modo a enquadrar o ensino da língua portuguesa naquele país esugerir pistas de atuação com vista à sua melhoria. São abordados conceitos comoLíngua Materna, Língua Oficial, Língua de Instrução, Língua Nacional, Língua Materna,Língua Estrangeira e Língua Segunda, para além de outros considerados pertinentes àluz dos objetivos atrás apontados.

No terceiro capítulo, são chamados outros conceitos, de âmbito sociológico, paramostrar que o ensino da língua portuguesa em Timor-Leste, tendo em conta o contex-to de cooperação em que vem sendo desenvolvido, pode ter efeitos menos desejáveisna realidade cultural dos aprendentes, sendo avançadas hipóteses de minoração de taisconsequências. Ainda neste capítulo reflete-se sobre a pertinência e algumas possibili-dades de associação do ensino da língua portuguesa, em Timor-Leste, à formação e aodesenvolvimento de valores de cidadania democrática.

O quarto capítulo descreve a aplicação de um inquérito a um grupo de jovens estu-dantes timorenses, descrevendo os dados obtidos e fazendo a sua interpretação. Oinquérito pretende dar a conhecer o modo como os jovens perspetivam a língua por-tuguesa. A apresentação e a interpretação dos dados vão sendo desenvolvidas, em simul-tâneo, ao longo do capítulo, ao mesmo tempo que se vão retirando implicações práti-cas para o ensino da língua portuguesa em Timor-Leste.

O último capítulo é reservado para a apresentação de conclusões que derivam daobservação transversal dos dados recolhidos e da informação obtida. As conclusõesapresentadas não poderiam ter outro objetivo que não fosse o de contribuírem para osucesso e adequação do ensino do português em Timor.

4. Contexto de Realização do Trabalho e Limitações

Introduzido que está o trabalho, devidamente contextualizado a nível científico, faltafazer uma breve contextualização do mesmo a nível pessoal. É por isso que, momen-taneamente na primeira pessoa, escrevo algumas linhas para enquadrar a realizaçãodesta investigação.

No ano letivo de 2006/07, depois de ter terminado a parte curricular do Mestrado emLíngua e Cultura Portuguesa – Metodologia do Ensino do Português (LE/L2), surgiu aoportunidade de integrar o corpo de docentes que, desde o ano 2000, desenvolviam,em Timor-Leste, o Projeto de Reintrodução da Língua Portuguesa (PRLP). Uma vez queera chegado o momento de realizar um trabalho de investigação para apresentar comodissertação para a obtenção do grau de mestre, foi com naturalidade que decidi inte-grar o referido projeto, com a expectativa de poder vir a desenvolver, durante a presença

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Língua Portuguesa em Timor-Leste

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em Timor, um trabalho que pudesse ser um contributo válido para o processo de ensi-no da língua portuguesa em Timor-Leste.

O primeiro período de atividade docente em Timor-Leste foi de difícil adaptação. Fuicolocado na capital do distrito de Lautém, Lospalos, juntamente com outros seis for-madores, para dar formação a todos os professores daquele distrito. A formação desen-volvida passava, sobretudo, pelo ensino da língua, num Curso de Língua Portuguesa,com quatro níveis, mas também pela lecionação de disciplinas próprias de um currícu-lo de formação pedagógica. O preenchimento do horário com 24 horas letivas semanais(para lecionar horas efetivas, em certos pontos do distrito, era necessário gastar 4 horasna deslocação), juntamente com a atribuição de turmas de vários níveis e todo o tra-balho de secretaria, não deixavam muito tempo livre para a realização de atividades comvista ao desenvolvimento da investigação.

No ano letivo de 2007/2008, voltei a Timor e a Lospalos. No entanto, depois de janeirode 2008, as condições de trabalho melhoraram bastante, com a ampliação da residên-cia, a redução do número de níveis e disciplinas diferentes no horário e a fixação dasatividades letivas apenas na capital do distrito, o que me deixava mais tempo para quepudesse realmente lançar-me na elaboração de um trabalho de investigação. Nessaaltura, pela experiência adquirida no ano anterior quanto à forma de organizar o traba-lho, a principal limitação passou a ser a pesquisa bibliográfica, visto que não existiamespaços para consulta de livros no distrito de Lautém. Mesmo em Díli, onde me deslo-cava um fim de semana em cada mês, a pouca bibliografia disponível não estava facil-mente acessível, sobretudo ao fim de semana, período em que, diga-se, depois dasnecessárias reuniões com a coordenação do projeto e do tempo gasto a comprar todosos produtos, alimentares e outros, suficientes para 1 mês de vida no distrito (a 5 horasde Díli), fazer pesquisa bibliográfica tornava-se muito difícil. Assim, foi com muito esforçoe dedicação que fui avançando na investigação, da qual resultou a dissertação apresen-tada, em 2009, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Os 2 últimos anos de atividade em Timor-Leste implicaram a mudança para Díli, a ca-pital, onde tive a oportunidade de dar formação de língua portuguesa quase exclusiva-mente a funcionários da Administração Pública, no Instituto Nacional de AdministraçãoPública (INAP), para além de integrar, como consultor/formador de língua portuguesa, asecção dos Assuntos Jurídicos da Missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UnitedNations Mission in Timor-Leste – UNMIT). Estas experiências vieram complementar aperspetiva sobre o ensino do português naquele país, que agora apresento sob a formade livro, com as necessárias alterações e atualizações.

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ISBN 978-972-757-707-1

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9 789727 577071

Língua Por tuguesaem Timor-Leste

Nuno Carlos de Almeida é licenciado em Linguística e mestre em Língua e Cultura Por tu-guesa – Metodologia do Ensino de Por tuguês LE/L2. Adquir iu exper iência de ensino de por tuguês a fa lantes de outras línguas, em Timor-Leste, de 2006 a 2010, período durante o qual a sua atividade incidiu, sobretudo, na formação de língua por tuguesa a professo-res e funcionár ios da Administração Pública.

Compreender o papel da língua por tuguesa na sociedade timorense, plurilingue, é fundamenta l para o processo de reintrodução desta língua em T imor-Leste.

O enquadramento sociolinguístico da língua por tuguesa naquele país, à luz de conceitos da Didática das Línguas, ajuda a que se tomem opções mais conscientes

e adequadas às necessidades comunicativas dos diversos públicos.

Além de potenciar a aprendizagem, uma abordagem do ensino do por tuguês virada para as necessidades dos aprendentes contribui para a preservação do património cultural e

linguístico de Timor-Leste, que é complexo. Nas escolas, onde a língua por tuguesa é língua de instrução, isso implica o estabelecimento de pontes com as línguas locais, seja com o

intuito de ativar uma competência intercultural que leve ao desenvolvimento de valores de cidadania democrática, seja para facilitar o acesso ao conhecimento.

Língua Portuguesa em Timor-Leste: Ensino e Cidadania dir ige-se a todos os agentes envolvidos na reintrodução do por tuguês em Timor-Leste, sendo ainda uma leitura útil àqueles que procuram conhecer a realidade atual desta língua.