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FORMAÇÃO DE PROFESSORES Caderno Bimestral II Língua Portuguesa Ensino Fundamental I

Língua Portuguesa Ensino Fundamental I - fundacaovale.org · Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II 2 n Compreender situações de leitura em sala

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Caderno Bimestral II

Língua Portuguesa Ensino Fundamental I

O programa Ação Educação da Fundação Vale tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento humano nos territórios onde atua, apoiando os municípios em ações que contribuam para fomentar a justiça social e promover a inclusão no mercado de trabalho da forma mais equânime possível.

Diretora FunDação ValeIsis Pagy

Gerente - Geral De eDucação FunDação ValeJoaquim Antônio Gonçalves

equipe De eDucação FunDação ValeAndreia PrestesAnna Cláudia Eutrópio B. d’AndreaCláudia CostaLílian Neves

apoio eDitorialDepartamento de Comunicação Corporativa Vale

parceiro Comunidade Educativa CEDAC

projeto GráFico e DiaGramaçãoCrama Design Inventum Design

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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O acesso aos bens culturais como ampliação da própria cultura

Professor(a)

Nosso cotidiano é ilustrado por sons e imagens que, muitas vezes, nos causam encanto ou estranha-mento e que, por isso, nos fazem sentir a necessidade de prestar mais atenção neles.

Neste bimestre, vamos pensar em como construir critérios de qualidade para o que ouvimos e vemos, bem como considerar a importância de se criar critérios de análise para os livros e textos que lemos pa-ra nossos alunos. Sabemos que o acesso a produções culturais de qualidade influencia positivamente na constituição do ser humano e sabemos também que para a grande maioria dos alunos só a escola pode garantir esse acesso.

Pensar na qualidade literária contribuirá para a seleção de textos com os quais você irá trabalhar em sa-la de aula e o ajudará a estabelecer critérios para formulação de boas perguntas aos alunos, fundamen-tais em uma conversa para garantir a compreensão e apreciação de textos.

Daremos continuidade também ao trabalho com as habilidades leitoras docentes por meio do exercí-cio de um procedimento muito útil para o estudo: o grifo, como forma de contribuir para o desenvolvi-mento da sua autonomia e desenvolvimento profissional.

Espera-se ampliar, neste caderno, o desenvolvimento das seguintes competências docentes:

n Trabalhar em equipe, interagindo com os colegas e colaborando com a formação do grupo.n Saber planejar adequadamente situações diversificadas de aprendizagem com foco

no desenvolvimento e/ou ampliação de competências e habilidades discentes na leitura.n Demonstrar atitudes de disponibilidade para a atualização, flexibilidade para

mudanças, gosto pela leitura e empenho na escrita profissional.n Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se

em compartilhar a prática e produzir coletivamente.

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n Compreender situações de leitura em sala de aula como potenciais para o desenvolvimento de comportamentos relacionados à leitura para fruição: comentar, trocar opiniões, discutir interpretações.

n Manifestar domínio do uso da língua portuguesa, nas suas formas oral e escrita, em termos de recepção e produção de textos; fazer a reflexão analítica e crítica sobre a linguagem como fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico.

Neste encontro, você participará de situações nas quais abordaremos os seguintes conteúdos:

n Qualidade literária.n Competências e habilidades do leitor.n Planejamento de atividades de leitura.n Relação entre a competência docente de fazer boas perguntas e a compreensão

do texto pelo aluno.

Encontro PresencialDuração: 4h

Para começo de conversaDuração: 30min

Compartilhando impressões

Para começar a conversa, vamos relembrar o primeiro encontro. Nele você analisou imagens, conheceu dados educacionais do Brasil e pensou sobre questões que envolvem a leitura em sala de aula a partir de diferentes situações.

Todas essas propostas – realizadas ora em duplas ou pequenos grupos, ora coletivamente; ora fazendo anotações pessoais ou em duplas, ora transformando-as em síntese do grupo de trabalho – tinham por objetivo o exercício de competências e habilidades fundamentais para você, professor: o estudo e a re-flexão, o trabalho em parceria, a colaboração profissional com os colegas e o planejamento.

Uma última atividade, proposta no tópico Reflexão sobre a Prática, foi a leitura do texto Como ganhar o mundo sem sair do lugar, de Rosângela Veliago. Foi solicitado trazer, para este Encontro Presencial, um cartaz ou uma faixa com as frases e/ou trechos destacados do texto lido que pudessem servir de incen-tivo à leitura em sua escola.

Agora é o momento de compartilhar esse material. A proposta é fazer uma corrente de ideias.

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Proposta

n Sentados em círculo, todos os participantes colocam sua frase com a escrita voltada para baixo no centro do grupo.

n Um professor voluntário embaralha as frases.

n Em seguida, cada professor pega uma das frases, volta ao seu lugar e a lê silenciosamente.

n Outro professor voluntário inicia a leitura, em voz alta, da frase que tem em mãos.

n O professor ou todos os que tenham selecionado a mesma frase lida justificam a escolha.

n Terminada a apresentação da primeira frase lida, um dos professores que fez a justificativa dá sequência à leitura de uma nova frase que tem em mãos.

n Sucessivamente, as frases escolhidas vão sendo lidas, socializadas e justificadas, transformando o pensamento de um no pensamento do grupo.

Vamos em frente!

Para começar o trabalho referente a este segundo encontro, a proposta é fazer a leitura compartilhada de três pequenos trechos de contos, para serem apreciados.

Um professor voluntário lê os trechos em voz alta e os demais acompanham.

Essa rápida leitura tem por objetivo fazer com que todos possam apreciar a beleza expressa nas ima-gens criadas pelos textos, que permitem ao leitor conhecer as personagens e a viajar por lugares im-pressionantes. As perguntas que acompanham cada trecho apenas apoiam a apreciação. Aproveite!

TREchO 1

“Era um fidalgo muito rico e poderoso. Tinha inúmeras propriedades e morava num magnífi-co castelo. Só andava em carruagens luxuosas, cravejadas de pedras preciosas e só se servia com baixelas de ouro e prata. Toda esta riqueza, porém, não o ajudava a resolver um grande problema, o de sua extrema feiura. Além de sua cara medonha, o fidalgo tinha a barba azul, o que tornava sua aparência ainda mais horrorosa.”

O Barba Azul. In: Histórias da Carochinha. Ática, 1986.

Você consegue imaginar a riqueza e a feiura do Barba Azul?

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TREchO 2

“Lá no alto, onde o vento glacial serpenteia e afia os dentes entre os labirintos da cordilheira nevada. Lá no topo dos Andes, onde quase podemos tocar as estrelas com a ponta dos dedos, repousa cristalino e resplandecente o lago mais alto do mundo.”

cARcAMO, Gonzalo. Thapa Kunturi - Ninho do condor. companhia das Letrinhas, 2007.

Que tal um lugar tão alto que “quase podemos tocar as estrelas com a ponta dos dedos”?

TREchO 3

“Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.

A Mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso.”

BARROS, Manoel de. O menino que carregava água na peneira. In: Exercícios de ser criança. Salamandra, 1999.

Que menino é esse que carrega água na peneira? Que cata espinhos na água? Que cria peixes no bolso?

Trabalhando competências docentes: exercite a leitura em voz alta e inclua constantemente em seu planejamento situações em que os alunos possam apreciar o momento de ouvir histórias, assim como apreciar textos bem escritos.

Para pensar

Resgate as histórias infantis que seus alunos ouvem em casa e nos ambientes que frequentam. Tente encontrá-las em livros para relê-las; elas podem sinalizar formas de lidar com as emoções e questões éticas que contribuem para a construção da subjetividade e da sensibilidade das crianças.

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Atividade de contextualização Duração: 50min

Sobre música, arte e literatura infantil

Música

Nosso cotidiano é ilustrado pelos sons do rádio e da TV, meios de comunicação sempre ativos nos di-versos locais que frequentamos. Na TV, a música faz parte de muitos programas, como de calouros, fes-tivais, shows, humorísticos, e de formas diversas participa de noticiários, documentários, novelas e fil-mes. No rádio, pelas ondas AM ou FM, a música ocupa a maior parte das programações das emissoras, assim como está presente nas salas de espera dos consultórios médicos, nos restaurantes, nas festas de escola, nos casamentos e aniversários. Na maioria das vezes, a música chama nossa atenção pelo ritmo, e nem prestamos atenção à letra. Mas vale a pena pensar sobre a qualidade das letras de músicas que são criadas pelos artistas e admiradas por tanta gente.

Agora reúna-se com três colegas e leia o seguinte comentário:

há muitas letras de música de boa qualidade, assim como há muitas letras ruins. Reconhecer a qualidade se soma aos gostos individuais. Nossos gostos se constroem de acordo com as experiências emocionais, o universo cultural, os hábitos familiares, influências de amigos e da mídia. Outro fator importante tem a ver com a nossa capacidade de análise, dependendo do conhecimento que temos sobre o assunto. Assim, quanto mais conhecemos sobre algo, mais capacidade temos de avaliar e de fazer escolhas.

Discussão

Que crítica vocês fariam a uma letra de música que contém este verso: Como o macaco gosta de banana eu gosto de ti? E o que pensam da sequência da letra: O teu focinho é que não me engana/pois se a macaca gosta de banana, você gosta de mim1?

Agora pare, pense e responda às questões acima antes de continuar lendo.

É sem dúvida uma letra que fala de amor, aparentemente engraçada, mas com uma abordagem indelicada.

Ainda no grupo com os três colegas, reflita sobre estes versos de uma segunda música: Pétalas, asas amareladas/Pétalas, espinho seco/Folha, flor, lagarta2.

O que vocês visualizam nessa cena?

Imaginem a maciez das pétalas das flores e analisem por que o compositor diz espinho seco logo em se-guida. Não lhes parece muito expressivo escolher a palavra seco para qualificar espinho? E colocar espin-ho tão próximo de pétalas?

1 Autor: José cid. João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, A festa dos micos, Leblon Records, 1993.2 Autores: Alceu Valença e hebert Azul. O essencial de Alceu Valença, Gravadora Sony, Selo RcA, 1994.

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Por que o autor escreve esta outra sequência: espinho seco, folha, flor, lagarta? Por que aparece a palavra lagarta? combina com espinho, flor e pétalas?

E observem como continua a letra: Pétalas/as flores voam e voltam noutra estação. Flores voam? Por que voam e voltam noutra estação? Ou são as borboletas que voam?

Por fim, o compositor termina dizendo: Só serei flor quando tu flores no verão. O que pensam desse últi-mo verso do compositor e cantor brasileiro Alceu Valença? Que jogo de linguagem ele produziu?

Vocês consideram esta uma boa letra de música? Sim ou não? Releiam apenas os versos acima em itáli-co, em sequência, e justifiquem.

Lembrem-se, agora, de letras de música que vocês consideram de boa qualidade. Discutam brevemente sobre elas. Escolham uma das letras ou trechos da letra e reflitam sobre as palavras que o compositor es-colheu, sobre a harmonia entre os versos, a beleza de algumas expressões, a maneira de abordar o assunto.

Para conhecer letras de música, faça uso da internet. Há muitos sites para esse fim, como: www.letrasdemusica.com.br; www.letras.terra.com.br; www.vagalume.com.br; www.musicas.mus.br, entre outros.

E este quadro, você já o viu? Onde? O que sabe sobre ele? como você avalia a qualidade deste quadro?

O que você imagina que as pessoas possam pensar ou sentir ao contemplar essa tela? Algo na imagem o leva a pensar isso? O que se apresenta na tela tem a ver com as experiências pessoais de cada ser humano ou somente com a vida do pintor?

Leia uma das últimas notícias sobre a obra.

O grito, Edvard Munch3.

3 Imagem retirada do link http://commons.wikimedia.org/wiki/File:SKRIG189.jpg?uselang=pt-br. Acesso em 24/06/2012.

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Venda de O grito por US$ 120 milhões quebra recorde em leilão

A tela levada a leilão é uma das quatro versões criadas pelo pintor expressionista norueguês.

NOVA YORK – Uma das imagens mais famosas da história da arte – a tela O grito, de Edvard Munch – foi vendida nesta quarta-feira pelo valor recorde de US$ 119.922.500,00 em leilão da Sotheby’s em Nova York. O quadro, de 1895, que retrata um homem segurando sua cabeça e gri-tando sob um céu riscado em vermelho, se tornou um símbolo da ansiedade moderna, popu-larizado em filmes e estampado em todo tipo de produto, de canecas a máscaras de halloween.

A tela levada a leilão é uma das quatro versões criadas pelo pintor expressionista norueguês. As outras três estão em museus em Oslo. O lance inicial pela obra havia sido fixado em US$ 80 milhões. com o resultado, o quadro bateu o recorde de uma tela vendida em leilão. Até então, o maior preço registrado havia sido de US$ 106,5 milhões para Nu, folhas verdes e busto, de Pi-casso, vendida em 2010.

“A obra define a modernidade e é imediatamente reconhecida por ser uma das poucas ima-gens que transcendem a história da arte e que possuem um alcance global, talvez atrás ape-nas da Mona Lisa”, disse Simon Shaw, diretor do leilão.

A receita da venda será usada para a criação de um novo museu, centro de arte e hotel em hvitsten, na Noruega.

Disponível em http://oglobo.globo.com/cultura/venda-de-grito-por-us-120-milhoes-quebra-recorde-em-leilao-4796193. Acesso em 03/05/2012.10:05h.

O que faz com que uma obra de arte atinja um valor tão elevado?

Você já deve ter visto, como indica a reportagem, a imagem desse quadro em filmes, em programas tele-visivos, em livros etc. A forma como o artista conseguiu representar na tela o que ele sentia, que é tão par-ticular, mas que consegue provocar diferentes sensações nas pessoas que a olham, que a admiram, em di-ferentes épocas, é que dão a ela o status de uma obra de arte, por sua capacidade de tocar a todos uni-versalmente. Assim, quanto mais conhecemos sobre o mundo da arte, os estilos de pintura, o momento histórico e social em que a obra foi criada, melhor conseguimos avaliar sua qualidade e seu valor.

Procure conhecer os demais quadros citados na notícia, em livros ou pela internet: Nu, folhas ver-des e busto, de Picasso, e a tão famosa Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, que são também conside-rados obras universais.

Trabalhando competências docentes: a discussão sobre música e pintura é uma oportunidade para olhar de forma mais atenta ao que se cria nos diferentes contextos sociais. Construir critérios para análise de obras não se restringe à literatura. É importante desenvolver as habilidades necessárias para apreciar diferentes criações artísticas. Aprecie obras de arte, como a pintura O grito, com seus alunos.

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Amplie seu universo cultural indo a museus e exposições em espaços culturais da sua cidade.

O Brasil é um país com uma diversidade cultural riquíssima. converse com os seus alunos so-bre os artistas locais, sobre suas obras e sua importância para nossas vidas.

Você pode também criar oportunidades para que eles conheçam outros espaços acessando sites pela internet, como:

Masp – Museu de Arte de São Paulo, www.masp.art.br, São Paulo (SP), Brasil. Atualmente com cerca de 8 mil peças do século XIII aos dias de hoje. Possui obras de destaque mundial, como dos artistas Van Gogh (holandês) e Picasso (espanhol) e dos brasileiros Anita Malfati, Di caval-canti e candido Portinari.

Museu Inhotim – www.inhotim.org.br, fundado em 2002, Brumadinho (MG), Brasil. Oferece um grande conjunto de obras de arte expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e per-manentes, situadas em um jardim botânico, de rara beleza.

Museu do Louvre – www.louvre.fr, Paris, França. Sua formação iniciou-se em 1692. É um dos maiores, mais famosos e o mais visitado museu do mundo, onde se encontra a Mona Lisa e a Vênus de Milo.

Literatura infantil

Depois de refletir sobre letras de música e sobre pintura, vamos pensar no que é escrito e publicado em livros para as crianças. Para isso, você formará dupla com um colega. Lerão dois inícios da mesma histó-ria em versões diferentes do conto de fadas Branca de Neve.

Atente para a forma como o texto foi escrito, para as palavras escolhidas pelo autor, para as construções de linguagem. Enquanto lê, imagine a cena, visualize o que é descrito, coloque-se no lugar das perso-nagens. Leia mais de uma vez a versão 1. Depois, leia mais de uma vez a versão 2. E reflita:

n Qual desses trechos agradou-lhe mais? Algum deles permitiu visualizar melhor o cenário?

n Qual tem um vocabulário mais rico? Você continuaria lendo qual dessas versões? O que diferencia um texto do outro?

VERSãO 1

Branca de Neve

“Era uma vez, foi em pleno inverno, quando flocos de neve caíam do céu como plumas, uma rainha costurava ao pé da janela cujos caixilhos eram de ébano. como prestasse mais atenção aos flocos de neve do que à costura, espetou o dedo na agulha, e três gotas de sangue pinga-ram na neve. Foi tão bonito o efeito do vermelho se desmanchando na brancura da neve, que ela pensou: ‘Ah! Se eu tivesse uma criança branca como a neve, corada como o sangue e de cabelos negros como o ébano.’ “

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Pouco tempo depois, a rainha deu à luz uma menina de pele alva como a neve, corada como sangue e de cabelos negros como ébano. Por isso, ela se chamou Branca de Neve. Infelizmen-te, a rainha morreu logo depois que a criança nasceu.

Um ano depois, o rei resolveu casar de novo. A nova rainha era linda, mas a tal ponto vaidosa e arrogante, que não podia suportar a ideia de que existisse alguém mais bela do que ela. Pos-suía um espelho mágico e todos os dias, ao olhar-se nele, perguntava: [...]”

Branca de Neve. In: Contos de grimm. companhia das Letrinhas, 1996.

VERSãO 2

Branca de Neve

“Era uma vez uma linda princesa chamada Branca de Neve. Seus cabelos eram negros e sua pele era branca como a neve.

A madrasta da Branca de Neve era muito vaidosa e orgulhosa, não aceitava a ideia de alguém ser mais bela do que ela. Por isso, sempre consultava seu espelho mágico: [...]”

Branca de Neve. In: Contos clássicos. ciranda cultural, 2011.

Registre suas conclusões. Depois, leia para o grupo, justificando a escolha da dupla.

Para conhecer mais sobre preferências literárias, assista à série do Canal Futura Livros que amei, que mostra as obras favoritas de convidados como compositores, escritores, músicos, artistas plásticos. No site www.futuratec.org.br você poderá se cadastrar para baixar os vídeos e usar alguns em sala de aula.

Conhecer melhor as obras literárias pode motivá-lo a compartilhar preferências com os colegas e com os alunos.

Compartilhando conclusões

Observe como o texto da versão 1 do conto Branca de Neve envolve o leitor mais que o da versão 2. A visu-alização da cena, por meio das descrições, provoca emoções no leitor e colabora para o desejo de continu-ar a leitura. A linguagem é poética, comparam-se os flocos de neve a plumas, enxerga-se o vermelho do sangue na brancura da neve, o que ajuda a compor a imagem da personagem que nasceu e dá título ao conto. Nessa versão, a força do desejo, a beleza do bebê e a morte da rainha, por sua vez, vão dar sentido muito maior à maldade da madrasta na sequência da história. A versão 2, tão resumida, omite o cenário, o desejo da rainha e alguns fatos que construiriam todo o sentido para o nascimento da criança.

Quando os alunos ouvem textos como os da versão 1, aprendem, dentre outras coisas, sobre como fun-ciona a linguagem, sobre os recursos que podem tornar os textos bem escritos.

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Trabalhando competências docentes: quando se analisam textos, também se desenvolve a competência de dominar o uso da língua portuguesa, na forma oral e escrita, amplia-se a capacidade de compreender e produzir textos, de refletir, analisar e criticar a linguagem como fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico.

como é importante ao educador ser um pesquisador, para aprofundar conhecimentos e assim desen-volver mais competência para realizar seu trabalho em sala de aula, releia um trecho sobre a importân-cia da leitura como alimento para a sua prática.

“Ler para crianças é uma atividade fundamental: elas merecem que os adultos leiam diaria-mente para elas. É ouvindo contos, fábulas, mitos, notícias ou poemas, enquanto ainda não sabem ler autonomamente, que elas podem ter acesso a tudo que a escrita representa, além de aprender muito a respeito da linguagem que usa para escrever.”

VELIAGO, Rosângela. como ganhar o mundo sem sair do lugar. In: Profa –

Coletânea de textos módulo 3. Brasília: MEc/SEF, 2001.

Quanto mais o professor analisa as formas expressivas de obras de arte, como escultura, pintura, litera-tura adulta ou infantil, mais critérios constrói para fazer escolhas e apreciar a arte como um bem dos ci-dadãos e para enriquecer suas possibilidades de trabalho na escola.

A Atividade Virtual que será proposta neste Caderno Bimestral oferecerá mais uma oportunidade de exercitar o olhar crítico, ampliando o repertório de literatura infantil e recomendando leitura aos cole-gas de trabalho. Veja de que forma, consultando o Portal de Aprendizagem e realizando a atividade.

A prática em questão Duração: 2h30min

Momento 1 – Estudo de caso

Nesta atividade coletiva vamos apresentar uma situação de sala de aula que contribua para a elabora-ção do planejamento que será proposto no próximo momento do trabalho.

Este estudo de caso pretende discutir a qualidade e as intenções das perguntas feitas aos alunos para ajudá-los a entender a história.

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1. Leia a versão deste conto.

A Bela Adormecida

Era uma vez, há muito tempo, um rei e uma rainha jovens, poderosos e ricos, mas pouco feli-zes, porque não tinham filhos.

– Se pudéssemos ter um filho! — suspirava o rei.

– E, se Deus quisesse, que nascesse uma menina! — animava-se a rainha.

– E por que não gêmeos? — acrescentava o rei.

Mas os filhos não chegavam, e o casal real ficava cada vez mais triste. Não se alegravam nem com os bailes da corte, nem com as caçadas, nem com os gracejos dos bufões, e em todo o castelo reinava uma grande melancolia.

Mas, numa tarde de verão, a rainha foi banhar-se no riacho que passava no fundo do parque real. E, de repente, pulou para fora da água uma rãzinha.

– Majestade, não fique triste, o seu desejo se realizará logo: daqui a um ano, a senhora dará à luz uma menina.

E a profecia da rã se concretizou. Meses depois, nasceu uma linda menina. O rei, louco de feli-cidade, chamou-a Flor Graciosa e preparou a festa de batizado. convidou uma multidão de súditos: parentes, amigos, nobres do reino e, como convidadas de honra, as fadas que viviam nos confins do reino: treze. Mas, quando os mensageiros iam saindo com os convites, o cama-reiro-mor correu até o rei, preocupadíssimo.

– Majestade, as fadas são treze, e nós só temos doze pratos de ouro. O que faremos? A fada que tiver de comer no prato de prata, como os outros convidados, poderá se ofender. E uma fada ofendida…

O rei refletiu longamente e decidiu:

– Não convidaremos a décima terceira fada — disse, resoluto. – Talvez nem saiba que nasceu a nossa filha e que daremos uma festa. Assim, não teremos complicações.

Partiram somente doze mensageiros, com convites para doze fadas, conforme o rei resolvera.

No dia da festa, cada uma delas chegou perto do berço em que dormia Flor Graciosa e ofere-ceu à recém-nascida um presente maravilhoso.

– Será a mais bela moça do reino — disse a primeira fada, debruçando-se sobre o berço.

– E a de caráter mais justo — acrescentou a segunda.

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– Terá riquezas a perder de vista — proclamou a terceira.

– Ninguém terá o coração mais caridoso que o seu — afirmou a quarta.

– A sua inteligência brilhará como um sol — comentou a quinta.

Onze fadas já tinham desfilado em frente ao berço; faltava somente uma (entretida em tirar uma mancha do vestido, no qual um criado desajeitado tinha virado uma taça de sorvete) quando chegou a décima terceira, aquela que não tinha sido convidada por falta de pratos de ouro.

Estava com a expressão muito sombria e ameaçadora, terrivelmente ofendida por ter sido exclu-ída. Lançou um olhar maldoso para Flor Graciosa, que dormia tranquila, e disse em voz baixíssima:

– Aos quinze anos, a princesa vai se ferir com o fuso de uma roca e morrerá.

E foi embora, deixando um silêncio desanimador.

Então aproximou-se a décima segunda fada, que devia ainda oferecer seu presente.

– Não posso cancelar a maldição que agora atingiu a princesa. Tenho poderes só para modifi-cá-la um pouco. Por isso, a Flor Graciosa não morrerá; dormirá por cem anos, até a chegada de um príncipe que a acordará com um beijo.

Passados os primeiros momentos de espanto e temor, o rei, considerada a necessidade de tomar providências, instituiu uma lei severa: todos os instrumentos de fiação existentes no reino deveriam ser destruídos. E, daquele dia em diante, ninguém mais fiava, nem linho, nem algodão, nem lã.

Flor Graciosa crescia, e os presentes das fadas, apesar da maldição, estavam dando resultados. Era bonita, boa, gentil e caridosa, os súditos a adoravam.

No dia em que completou quinze anos, o rei e a rainha estavam ausentes, ocupados numa partida de caça. Talvez, quem sabe, em todo esse tempo tivessem até esquecido a profecia da fada malvada.

Flor Graciosa, porém, estava se aborrecendo por estar sozinha e começou a andar pelas salas do castelo. chegando perto de um portãozinho de ferro que dava acesso à parte de cima de uma velha torre, abriu-o, subiu a longa escada e chegou, enfim, ao quartinho.

Ao lado da janela estava uma velhinha de cabelos brancos, fiando com o fuso uma meada de linho. A garota olhou, maravilhada. Nunca tinha visto um fuso.

– Bom dia, vovozinha.

– Bom dia a você, linda garota.

– O que está fazendo? Que instrumento é esse?

Sem levantar os olhos do seu trabalho, a velhinha respondeu com ar bonachão:

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– Não está vendo? Estou fiando!

A princesa, fascinada, olhava o fuso que girava rapidamente entre os dedos da velhinha.

– Parece mesmo divertido esse estranho pedaço de madeira que gira assim rápido. Posso ex-perimentá-lo também?

Sem esperar resposta, pegou o fuso. E, naquele instante, cumpriu-se o feitiço. Flor Graciosa fu-rou o dedo e sentiu um grande sono. Deu tempo apenas para deitar-se na cama que havia no aposento, e seus olhos se fecharam.

Na mesma hora, aquele sono estranho se difundiu por todo o palácio.

Adormeceram no trono o rei e a rainha, recém-chegados da partida de caça.

Adormeceram os cavalos na estrebaria, as galinhas no galinheiro, os cães no pátio e os pássa-ros no telhado.

Adormeceu o cozinheiro que assava a carne e o servente que lavava as louças; adormeceram os cavaleiros com as espadas na mão e as damas que enrolavam seus cabelos.

Também o fogo que ardia nos braseiros e nas lareiras parou de queimar, parou também o vento que assobiava na floresta. Nada e ninguém se mexia no palácio, mergulhado em pro-fundo silêncio.

Em volta do castelo surgiu rapidamente uma extensa mata. Tão extensa que, após alguns anos, o castelo ficou oculto.

Nem os muros apareciam, nem a ponte levadiça, nem as torres, nem a bandeira hasteada que pendia na torre mais alta.

Nas aldeias vizinhas, passava de pai para filho a história de Flor Graciosa, a bela adormecida que descansava, protegida pelo bosque cerrado. Flor Graciosa, a mais bela, a mais doce das princesas, injustamente castigada por um destino cruel.

Alguns, mais audaciosos, tentaram sem êxito chegar ao castelo. A grande barreira de mato e espinheiros, cerrada e impenetrável, parecia animada por vontade própria: os galhos avança-vam para cima dos coitados que tentavam passar: seguravam-nos, arranhavam-nos até fazê-los sangrar, e fechavam as mínimas frestas. Aqueles que tinham sorte conseguiam escapar, vol-tando em condições lastimáveis, machucados e sangrando. Outros, mais teimosos, sacrifica-vam a própria vida.

Um dia, chegou às redondezas um jovem príncipe, bonito e corajoso. Soube pelo bisavô a his-tória da bela adormecida que, desde muitos anos, tantos jovens procuravam em vão alcançar.

– Quero tentar eu também a aventura — disse o príncipe aos habitantes de uma aldeia pou-co distante do castelo.

Aconselharam-no a não ir.

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– Ninguém nunca conseguiu!

– Outros jovens, fortes e corajosos como você, falharam…

– Alguns morreram entre os espinheiros…

– Desista!

– Eu não tenho medo — afirmou o príncipe. – Eu quero ver Flor Graciosa.

No dia em que o príncipe decidiu satisfazer a sua vontade, se completavam justamente os cem anos após Flor Graciosa completar quinze anos e adormecer. chegara, finalmente, o dia em que a bela adormecida poderia despertar.

Quando o príncipe se encaminhou para o castelo, viu que, no lugar das árvores e galhos cheios de espinhos, se estendiam aos milhares, bem espessas, enormes carreiras de flores per-fumadas. E mais, aquela mata de flores cheirosas se abriu diante dele, como para encorajá-lo a prosseguir; e voltou a se fechar logo após sua passagem.

O príncipe chegou em frente ao castelo. A ponte levadiça estava abaixada e dois guardas dor-miam ao lado do portão, apoiados nas armas. No pátio havia um grande número de cães, al-guns deitados no chão, outros encostados nos cantos; os cavalos que ocupavam as estreba-rias dormiam em pé.

Nas grandes salas do castelo reinava um silêncio tão profundo que o príncipe ouvia sua pró-pria respiração, um pouco ofegante, ressoando naquela quietude. A cada passo do príncipe se levantavam nuvens de poeira.

Salões, escadarias, corredores, cozinha... Por toda parte, o mesmo espetáculo: gente que dormia nas mais estranhas posições. E todos exibiam as roupas que haviam sido moda exa-tamente há cem anos.

O príncipe perambulou por longo tempo no castelo.

Enfim, achou o portãozinho de ferro que levava à torre, subiu a escada e chegou ao quartinho em que dormia Flor Graciosa.

A princesa estava tão bela, com os cabelos soltos, espalhados nos travesseiros, o rosto rosado e risonho. O príncipe ficou deslumbrado. Logo que se recobrou, se inclinou e deu-lhe um beijo.

Imediatamente, Flor Graciosa abriu os olhos e olhou a sua volta, sorrindo:

– como eu dormi! Agradeço por você ter chegado, meu príncipe.

Na mesma hora em que Flor Graciosa despertava, o castelo todo também acordou. O rei e a rainha correram para trocar os trajes de caça empoeirados, os cavalos na estrebaria relincha-ram forte, reclamando suas rações de forragem, os cães no pátio começaram a ladrar, os pás-saros esvoaçaram, deixando seus esconderijos sob os telhados e voando em direção ao céu.

Acordou também o cozinheiro que assava a carne; o servente, bocejando, continuou lavando as louças, enquanto as damas da corte voltavam a enrolar seus cabelos. Também dois mole-ques retomaram a briga, voltando a surrar-se com força.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

15

O fogo das lareiras e dos braseiros subiu alto pelas chaminés, e o vento fazia murmurar as fo-lhas das árvores.

Logo, o rei e a rainha correram à procura da filha e, ao encontrá-la, chorando, agradeceram ao príncipe por tê-la despertado do longo sono de cem anos.

O príncipe, então, pediu a mão da linda princesa que, por sua vez, já estava apaixonada pelo seu valente salvador.

Ministério da Educação. Fundescola /Projeto Nordeste/

Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, 2000.

Leia algumas perguntas feitas por duas professoras aos seus alunos após a leitura de uma versão do conto A Bela Adormecida. compare as perguntas e troque ideias a respeito com seus colegas.

Professora A

n No trecho “Era uma vez, há muito tempo, um rei e uma rainha jovens, poderosos e ricos, mas pouco felizes, porque não tinham filhos”: a expressão “Era uma vez, há muito tempo...” poderia ser substituída por quais expressões?

n No trecho: “O rei refletiu longamente e decidiu: – Não convidaremos a décima terceira fada — disse, resoluto”, qual o sentido da palavra “resoluto”: decidido, resolvido, revoltado?

n Por qual motivo a décima terceira fada lançou uma maldição sobre a princesa?

n O rei mandou destruir todos os instrumentos de fiação do reino e mesmo assim a princesa, ao completar quinze anos, encontrou uma velhinha de cabelos brancos, fiando com o fuso uma meada de linho. Quem era essa velhinha?

n Essa história se desenvolve por causa de um problema principal. Qual é?

Professora B

n Qual era o desejo do rei e da rainha?

n Que revelação a rã fez à rainha quando estava no riacho?

n Que nome o rei deu à linda menina que nasceu?

n Quem seriam as convidadas de honra da festa de batizado da menina?

n Que problema o camareiro-mor contou para o rei? como o rei resolveu esse problema?

n O que a décima terceira fada disse ao chegar à festa?

n como a décima segunda fada, que ainda não havia oferecido nenhum presente, ajudou a princesa?

n Quem Flor Graciosa encontrou na velha torre do castelo? O que aconteceu na torre?

n O que acontecia com quem tentava entrar no castelo?

n Por que o jovem príncipe conseguiu passar pela barreira de mato e espinheiro?

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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n Ao entrar no castelo, o que o príncipe viu?

n O que o príncipe fez quando encontrou Flor Graciosa?

n Por que, ao despertar da princesa, o castelo todo acordou?

n O que poderia estar escrito no fim da história?

Depois de analisarem as perguntas, reflitam sobre as seguintes questões:

1. Que tipo de respostas as perguntas da professora A podem provocar? E da professora B?

2. Que tipo de respostas pode-se esperar destas perguntas: Qual era o desejo do rei e da rainha? Que revelação a rã fez à rainha quando estava no riacho? Que nome o rei deu à linda menina que nasceu?

3. comparando estas perguntas: “O que a décima terceira fada disse ao chegar à festa?” e “Por qual mo-tivo a décima terceira fada lançou uma maldição sobre a princesa?”, qual a diferença entre elas?

4. De forma geral, qual das duas professoras ajuda os alunos a entender melhor a história? Explique.

Após conversarem sobre as questões propostas e outras observações decorrentes da análise realizada, leiam o tópico abaixo.

Compartilhando conclusões

A quantidade de perguntas feitas pela professora B explicita a necessidade de controlar o entendimen-to do texto passo a passo, pois suas perguntas estão coladas à sequência da história. Apesar de muitas perguntas, e até por causa delas, esse tipo de encaminhamento não favorece um diálogo entre leitor e texto, pois não permite ao leitor refletir e estabelecer relações, na medida em que as respostas ficam res-tritas ao que está escrito literalmente.

Outra questão, talvez mais importante de salientar em relação às perguntas feitas por essa professora, é que quase todas são da mesma natureza: localizar informações explícitas no texto, ou seja, informa-ções que estão dadas, escritas no próprio texto. Essa é uma habilidade de leitura importante para um leitor competente, e por isso precisa ser trabalhada na escola. Também está presente nos descritores do Saeb/Prova Brasil, porém, representa apenas uma primeira aproximação do texto. Ao se restringir a esse tipo de pergunta, a professora estabeleceu uma leitura superficial, não contribuindo para o entendi-mento mais aprofundado.

Duas perguntas saem dessa lógica e enriquecem a discussão sobre o conto:

n Por que, ao despertar da princesa, o castelo todo acordou?

n O que poderia estar escrito no fim da história?

A primeira pergunta permite aos alunos voltar ao texto e relacionar suas partes. A segunda pergunta re-mete ao conhecimento do gênero, ao repertório que os alunos podem ou não ter dos contos de fadas, que normalmente terminam com a expressão “viveram felizes para sempre”.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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A professora A encaminha a discussão sobre o texto de outra forma. Faz perguntas que não acom- panham passo a passo a sequência da história nem estão ligadas literalmente ao que está escrito no texto. Mas é preciso ressaltar que, apesar de as perguntas apresentadas não estarem ligadas ao texto literalmente, também não são perguntas abertas sobre o que as crianças simplesmente “acham” so-bre o texto. São perguntas que propiciam voltar ao texto para pensar, relacionar, comparar, permitin-do uma ação ativa do leitor.

Outra importante diferença de encaminhamento é a diversidade de habilidades leitoras que as pergun-tas favorecem. As perguntas feitas oportunizaram que os alunos pudessem perceber características de gênero e o efeito de uma expressão no texto; inferir o sentido de uma palavra; localizar informação explícita; inferir informação implícita; estabelecer relações de causa e consequência e perceber o conflito gerador do enredo*. Essas são habilidades importantes para o desenvolvimento da competên-cia leitora e, por isso, precisam também estar presentes na sala de aula, além de constarem nos descrito-res do Saeb/Prova Brasil que você poderá consultar no fim deste caderno. Ao fazer perguntas como es-sas, a professora está não só contribuindo para o entendimento desse conto em especial como também para que seus alunos aprendam a fazer perguntas quando tiverem que entender outros textos.

Relação perguntas/habilidades

Perguntas da professora A Descritores de habilidades

No trecho “Era uma vez, há muito tempo, um rei e uma rainha jovens, poderosos e ricos, mas pouco felizes, porque não tinham filhos”, a expressão “Era uma vez, há muito tempo...” poderia ser substituída por quais expressões?

n Diferenciar, por comparação ou identificação de características, textos de diferentes gêneros.

n Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

No trecho: “O rei refletiu longamente e decidiu: – Não convidaremos a décima terceira fada — disse, resoluto”, qual o sentido da palavra “resoluto”: decidido, resolvido, revoltado?

n Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

Por qual motivo a décima terceira fada lançou uma maldição sobre a princesa?

n Localizar uma informação explícita no texto.

n Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

O rei mandou destruir todos os instrumentos de fiação do reino e mesmo assim a princesa, ao completar quinze anos, encontrou uma velhinha de cabelos brancos, fiando com o fuso uma meada de linho. Quem era essa velhinha?

n Inferir uma informação implícita no texto.

Essa história se desenvolve por causa de um problema principal. Qual é?

n Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Importante: as perguntas apresentadas acima demonstram como os descritores de habilidades da Prova Brasil podem ser trabalhados em uma conversa após a leitura pelo professor. conforme indicado no Caderno Bimestral I, p. 15-16, outras perguntas também podem ser realizadas, como, por exemplo, iniciar a conversa deixando que os alunos falem livremente sobre a história com a pergunta: “Vocês gos-tariam de comentar algo sobre a história?”

* Para saber mais, você pode consultar no site do MEC (www.mec.gov.br) os seguintes documentos:

– Língua portuguesa – orientações para o professor. Saeb/Prova Brasil – 4ª série/5º ano Ensino Fundamental. Brasília: Inep, 2009. Disponível em: http://provabrasil2009.inep.gov.br/ ou no site da Revista Nova Escola: http://revistaescola.abril.com.br/downloads/saeb_lingua-portuguesa.pdf

– PDE/Prova Brasil – Matriz de referência, temas, tópicos e descritores. Brasília: Inep, 2011. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/prova%20brasil_matriz2.pdf

Para pensar

Durante a conversa sobre o texto lido é importante ficar atento à participação de seus alunos, para que possa acolher, respeitar e considerar seus comentários, dando voz a todos, principalmente àqueles que pouco participam, chamando-os pelo nome.

Momento 2 – Fundamentação

como você deve ter observado no estudo de caso, fazer perguntas é uma importante estratégia para ajudar os alunos a compreender um texto lido. Mas você deve ter observado também que não serve qualquer pergunta, nem é preciso elaborar muitas perguntas.

A proposta aqui é que você, junto com seus colegas, realize duas ações:

1. Leiam o texto A arte de fazer perguntas. As respostas do leitor e a discussão literária, na página seguinte, para”, para conhecer o que os pesquisadores têm apontado sobre este tema. A leitura poderá cola-borar para a análise de perguntas dos livros didáticos e na elaboração de novas perguntas – o que será proposto no próximo momento de trabalho.

2. Grifem no texto as ideias que interessam ao estudo. Desta forma, você estará trabalhando também uma importante competência para a profissão docente, que é a de estudar4.

4 Atividade elaborada com base no Projeto de formação de professores em procedimento de leitura. Nova Escola Gestão Escolar, edição 006, fev./mar. 2010.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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O texto abaixo está acompanhado de algumas informações no item “fique atento” que orientarão este trabalho. Leiam primeiramente estas informações, pois elas os auxiliarão a tomar decisões sobre um dos procedimentos de estudo, que é grifar.

Após ler as informações, um professor voluntário poderá ler o texto em voz alta enquanto os outros acompanham a leitura no caderno.

Você encontrará partes do texto já grifadas que ajudam a entender como boas perguntas são importan-tes para a compreensão de um texto, objetivo deste estudo. Faça outros grifos que achar pertinentes. Boa leitura.

A arte de fazer perguntas. As respostas do leitor e a discussão literária

Fique atento

Antes de grifar, é importante ler o texto inteiro pelo menos uma vez, para entrar em con-tato com o assunto e para perceber como ele está organizado.

Uma das estratégias utilizadas pelos leitores para construir sentido é fazer perguntas. De acordo com Frank Smith, a compreensão de um texto está relacionada com o que o leitor sabe e com o que quer saber; a compreensão implica fazer-se perguntas e obter as respostas (1988, p. 154). As respostas que surgem dão forma à sua experiência de leitura. A professora pode utilizar as pergun-tas como um recurso valioso para o ensino, que ajuda a promover as respostas, guia o processo de construir significados e abriga um alto nível de pensamento. Ao mesmo tempo, o professor de-monstra que se fazer perguntas é uma estratégia para elaborar sentido, que seus alunos podem aprender e utilizar em seus contatos independentes com os textos. A meta seria que seus alunos gerassem suas próprias perguntas para que conduzissem o processo de construção de significa-dos, e que utilizassem essa atividade como uma ferramenta para a aprendizagem, que pode guiá--los no processo de elaboração de significados e que permite que eles se sintam mais envolvidos na experiência de leitura como leitores e escritores. O objetivo de utilizar perguntas geradas pelo professor é ajudar os alunos a descobrir e utilizar a arte de se fazer perguntas como uma estratégia básica para a leitura, a escrita, a indagação e a aprendizagem independentes. Outro objetivo des-sas perguntas é ajudar os alunos a se aprofundar em suas respostas pessoais e ajudá-los a serem leitores mais críticos, que se interessam pelos assuntos sociais presentes nos textos e que façam perguntas sobre ideias e perspectivas dos autores e ilustradores desses textos.

[...]

Fique atento

É fundamental perceber que grifar um texto não é uma atividade espontânea e sim di-recionada pelo objetivo que se tem para aquela leitura. Ao grifar passagens do texto, te-mos a intenção de marcar as ideias que consideramos importantes. Não é necessário grifar parágrafos inteiros, pois longos trechos marcados impedem que se recuperem ra-pidamente as ideias essenciais

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Assim como as perguntas iniciadas pela professora conseguem levar os alunos para além do texto, quando são estimulados a explorar os múltiplos significados e interpretações e as liga-ções com as experiências literárias e de vida, elas também servem como guia para que retor-nem ao texto. Isso significa que é o texto que define a validade das respostas e, por isso, é que se espera que os alunos se apoiem no texto quando derem suas interpretações, inferências, opiniões ou realizarem suas análises comparativas.

[...]

Perguntas que são introduzidas para favorecer a resposta estética e para favorecer a discussão após a leitura

Em sua teoria transacional sobre ler literatura, Louise Rosenblatt (1978) define o leitor estético como alguém que “vive através” da história e a vive como uma experiência pessoal e emocio-nal única. As crianças são convidadas a compartilhar suas reações iniciais em relação à totalida-de da história ou personagens e cenas específicas, à arte do autor ou do ilustrador e a compar-tilhar pensamentos e sentimentos que tiveram enquanto liam ou escutavam a história. En-quanto compartilham essas respostas pessoais em uma discussão em grupo, os alunos desco-brem que os leitores têm reações diferentes para um mesmo texto. Descobrir inúmeras pers-pectivas oferece a oportunidade de as crianças enriquecerem sua própria compreensão. A pro-fessora pode abrir a discussão com: “O que vocês gostariam de dizer a respeito desta história?”

As perguntas adicionais podem ser utilizadas para mostrar maneiras como os estudantes po-dem articular e refletir sobre sua própria experiência de viver por meio da história. Por exemplo:

– No decorrer da história, você mudou de opinião a respeito de alguma personagem? Explique.

– Alguma das personagens ou acontecimentos da história fez com que você se lembrasse de alguma pessoa ou experiência de sua vida? Explique.

– como você se sentiria se fosse essa personagem?

– Você encontrou algo que fosse surpreendente, intrigante ou perturbador nas personagens ou acontecimentos deste conto?

– Quais partes desta história você gostaria de escutar ou ler de novo ou compartilhar com um amigo? Explique.

[...]

Fique atento

O que se grifa está relacionado ao objetivo proposto para a leitura. No caso deste grifo, é ter modelos para analisar e elaborar boas perguntas aos seus alunos.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Perguntas que são introduzidas para orientar a análise literária

Depois que os alunos tiveram oportunidade de compartilhar suas respostas pessoais dadas para o texto, eles são convidados a dar um passo atrás em relação ao texto e a se envolver na análise literária como uma parte do processo de construir significados. Os professores introdu-zem perguntas que chamam a atenção para os elementos literários (como o cenário, a trama, as personagens, o tema, o estilo e o ponto de vista) sobre o gênero, o estilo do autor ou as es-colhas que os autores fazem quando usam esses elementos literários para criarem narrativas. Na medida em que os alunos identificam os elementos literários, as relações entre eles e o pa-pel de um elemento específico na totalidade da história, eles podem começar a gerar signifi-cados por meio da inferência, da interpretação e do uso de seus conhecimentos literários pré-vios e de sua própria experiência pessoal.

Fique atento

Nesse trecho é importante perceber que as perguntas propostas a partir daqui estarão relacionadas à análise literária.

Por exemplo: pediu-se a um grupo de alunos do quarto ano que falasse a respeito do cenário depois de ter escutado The King Equal, de Katherine Paterson (1992). Um fragmento da discussão ilustra como é produzida a construção de significados realizada de forma cooperativa, assim co-mo o potencial desse conto de fadas moderno para estimular a exploração interpretativa:

– Existem dois cenários... Um é o palácio onde está o príncipe e o outro é a cabana na floresta em que Rosamund mora.

– Os cenários são opostos... Um é rico e o outro pobre.

[A professora]: – Que técnica o autor está utilizando aqui?

– Eu me lembro, é como essas duas histórias em uma que lemos. É a técnica da “história den-tro da história!”

– Mas são como uma história ao lado da outra, uma é sobre o príncipe e a outra sobre Rosamund...

– É como as linhas paralelas em nosso gráfico matemático. [Apontando para a parede em que estão os gráficos].

[A professora]: – É verdade, existe até um nome para isso: tramas paralelas.

Fique atento

Às vezes, o grifo é para marcar que há uma informação importante que precisa ser lida integralmente.

MOSS, Joy F. Literary discussion in the elementary classroom. Urbana: NcTE. 2002.

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Ao terminar a leitura, discuta com seus colegas duas questões:

n Se eles concordam com os grifos já feitos e se grifaram outros trechos. É importante que todos tentem explicitar os critérios adotados e que se chegue a um consenso do que deveria ser grifado, já que o objetivo do estudo era o mesmo.

n De que maneira as as ideias apresentadas no texto ajudam vocês a analisar e elaborar perguntas que favoreçam a compreensão do texto pelos alunos? Procurem se apoiar nos grifos para discutir essa questão.

Trabalhando competências docentes: é importante ressaltar que uma competência está em desenvolvimento ao longo de toda a formação. Por isso, o trabalho em equipe sempre estará contemplado. A interação entre os colegas colabora positivamente com a formação do grupo.

Momento 3 – Planejamento passo a passo

Nos Momentos 1 e 2 do tópico A prática em questão, salientamos que a conversa contribui para as crian-ças compreenderem um texto e que, para realizar essa conversa, além de meramente localizar o que es-tá escrito no texto, é essencial pensar em boas perguntas que mobilizem diversas habilidades leitoras.

Agora vamos pensar como isso ocorre no livro didático de língua portuguesa, um importante material para o trabalho docente. Para isso, selecione uma proposta de atividade de leitura do livro didático que você utiliza e siga o roteiro abaixo.

Roteiro para análise de atividades de leitura do livro didático

Livro didático utilizado: Editora:

Texto selecionado: Página:

1. Localize as perguntas propostas na atividade para trabalhar a interpretação do texto selecionado.

2. Identifique e registre as perguntas que mais favorecem a compreensão do texto, pensando que para compreender o texto é preciso acionar diversas habilidades leitoras.

3. Elabore uma ou mais perguntas que você considere importantes para melhor compreensão do texto pelos seus alunos. Para tanto, releia as perguntas feitas pela professora A no Estudo de caso (Momento 1), tomando-as como modelo.

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Agora é com você!

Você fará para seus alunos a leitura do texto analisado no roteiro na página anterior, seguida de uma conversa.

Retome a análise para verificar se alguma das perguntas já contidas no livro ou elaboradas por você tra-balha uma das habilidades sugeridas abaixo:

n Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

n Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

n Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

Se não houver perguntas que trabalhem essas habilidades citadas, escolha duas das habilidades e for-mule perguntas para incluí-las no seu planejamento, a fim de que seus alunos acionem essas habilida-des e compreendam melhor o texto.

Registre as habilidades que você selecionou e as perguntas que formulou utilizando o quadro abaixo como modelo. Em seguida, complete os demais itens assinalados.

Roteiro para planejamento de leitura seguida de conversa

Livro didático no qual se encontra o texto:

Autor: Editora:

ETAPASPLANEjAMENTO

Registro dos encaminhamentos, material utilizado e tempo previsto

Selecionar, conhecer e preparar a leitura.Título do texto:

Tempo previsto para leitura e conversa com os alunos:

Definir habilidades leitoras a serem acionadas pelos alunos. habilidades leitoras:

Perguntas relacionadas às habilidades leitoras. Perguntas:

Preparar o ambiente para a leitura.Organização do espaço e dos alunos:

Os alunos deverão acompanhar a leitura com o livro didático.

DURANTE

Ler.

DEPOIS

conversar sobre o que foi lido.

Avaliar a atividade.

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Trabalhando competências docentes: quanto mais você compreender como ocorre a construção de sentido de um texto, melhor poderá planejar e adequar as propostas de leitura junto aos seus alunos. Observe sempre se as questões propostas nos livros didáticos que adota vão além de solicitar na resposta apenas que se reproduza o que o texto traz explícito. É importante que, sempre que possível, procure enriquecer e/ou ampliar as questões propostas.

Para pensar

Lembre-se de que para promover um clima favorável à aprendizagem é fundamental também conhecer seus alunos, a realidade em que estão inseridos e a relação afetiva que têm com histórias.

Avaliação do encontro Duração: 10min

Este é um momento para você avaliar como foi este Encontro Presencial.

Você terá acesso a uma avaliação avulsa. Preencha com bastante atenção e empenho, pois o objetivo é melhorar cada vez mais este programa de formação para você.

Preparação para o próximo encontro

Trazer o livro que será escolhido e para o qual produzirá uma indicação literária na proposta da Ati-vidade Virtual.

Sugestões de leituras complementares

n cOELhO, N. N. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 20105.

n OLIVEIRA, I. (Org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil – com a palavra o escritor. São Paulo: DcL, 2005.

n OLIVEIRA, I. (Org.). O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil – com a palavra o ilustrador. São Paulo: DcL, 2008.

5 Este livro foi encaminhado a todas as escolas pelo MEc. Verifique no acervo da sua escola.

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Sugestão de site

http://www.googleartproject.com/pt-br

O Google Art Project permite que o internauta visite 17 museus de todo o mundo, como a National Gallery, de Londres, o Museum of Modern Art, de Nova York, e o Museo Reina Sofia, de Madri. Usando a tecnologia do Street View, a empresa capturou imagens que recriam as obras e o ambiente dos espa-ços. Além das mais de mil obras disponíveis para visualização, o projeto disponibiliza também 17 obras em super-resolução. Os visitantes do site podem ver detalhes das pinturas muitas vezes difíceis de se-rem observados a olho nu. O site também permite que cada cibernauta crie sua coleção de arte virtual pessoal e compartilhe com outras pessoas.

Aplicação PráticaDuração: 4h

Desenvolva com seus alunos a leitura planejada no Encontro Presencial, tendo em vista ampliar as ha-bilidades leitoras selecionadas (use como modelo o Roteiro para planejamento de leitura seguida de conversa). Para isso, relembre e siga os passos:

n Releia seu planejamento e procure esclarecer eventuais dúvidas com seus colegas da escola.

n Relembre as habilidades leitoras que trabalhará na atividade e as perguntas formuladas para esse fim, bem como os encaminhamentos planejados.

n Releia o texto novamente para se preparar para a leitura em voz alta, a fim de torná-la atraente e compreensível para os alunos.

n Encaminhe então a atividade de leitura e, em seguida, realize a conversa, levando em conta tanto as perguntas planejadas como a participação de seus alunos. Para iniciar a conversa, abra um breve espaço para que os alunos comentem suas impressões sobre a história.

Boa atividade!

Para pensar

Procure observar se os alunos se envolvem com a leitura, que emoções demonstram. Motive-os, realizando uma leitura atraente, imitando a voz de personagens, mudando o tom de voz, o ritmo da leitura, criando suspense. Essas são formas de mobilizar emoções a fim de favorecer a aprendizagem.

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Registrando a prática

Após a leitura e conversa com seus alunos, utilize como modelo o roteiro proposto para registrar a ativida-de realizada. É importante que o faça logo após a aula, para que se recorde de aspectos relevantes como, por exemplo, algumas das falas dos alunos no momento em que você e eles conversaram sobre o texto.

Registro da atividade de leitura seguida de conversa

Município:

Escola:

Professor:

Ano/Série: Quantidade de alunos presentes no dia:

Tempo utilizado para realização da atividade:

Título do texto:

Autor: Editora:

Livro didático no qual se encontra:

Escolha uma das perguntas planejadas e que fez às crianças e registre um trecho importante da conversa após a leitura que se deu a partir dela:

O que avalia que as crianças aprenderam (procure basear-se nas habilidades leitoras que você definiu no planejamento):

Registre se teve dificuldades ou não na hora de elaborar as perguntas, relacionando-as às habilidades leitoras. Registre também se teve dificuldades ou não de conduzir a conversa articulando as perguntas planejadas com a participação dos alunos.

Releia e revise seu texto antes de colocá-lo no Portal de Aprendizagem (os dois modelos, de planeja-mento e registros, também estarão disponíveis no Portal).

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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6 “O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), desenvolvido desde 1997, tem o objetivo de promover o acesso à cultura e o incentivo à leitura nos alunos e professores por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência. O atendimento é feito em anos alternados: em um ano são contempladas as escolas de Educação Infantil, de Ensino Fundamental (anos iniciais) e de Educação de Jovens e Adultos. Já no ano seguinte são atendidas as escolas de Ensino Fundamental (anos finais) e de Ensino Médio. hoje o programa atende de forma universal e gratuita todas as escolas públicas de educação básica cadastradas no censo Escolar.

O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), em seu site, criou uma página para que todos possam acompanhar a distribuição dos livros em todo Brasil.

O link para acesso é: https://www.fnde.gov.br/pls/simad_fnde/%21simad_fnde.sisadweb_1_pc.” Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12368&Itemid=574

Atividade VirtualDuração: 4h

Proposta: descobrindo títulos de livros e produzindo indicação literária.

Esta é uma importante atividade! O percurso para resolvê-la possibilitará a você aproximar-se cada vez mais de um patrimônio precioso da sua escola: os livros enviados pelo MEc, pelo PNBE (Progra-ma Nacional Biblioteca da Escola)6. com isso, o desenvolvimento do seu olhar crítico para a qualida-de literária se tornará cada vez mais sofisticado, principalmente em relação às obras destinadas aos alunos das escolas públicas brasileiras.

A proposta agora será você consultar os livros do acervo enviado pelo MEc à sua escola no ano de 2012 para poder realizar a atividade que segue.

Focalizamos na tabela abaixo livros que fazem parte dos quatro acervos enviados para o Ensino Funda-mental – anos iniciais. como as escolas recebem de um a quatro acervos para cada segmento, depen-dendo da quantidade de alunos que possui, inserimos na tabela dois títulos de cada acervo. Isso garan-tirá que você possa conhecer pelo menos dois livros (se sua escola recebeu apenas um acervo) e no máximo oito livros (se sua escola recebeu os quatro acervos).

Primeiro desafio: você precisará descobrir os títulos dos livros focalizados na tabela e completar as in-formações que faltam sobre eles. A primeira linha da tabela reproduzida abaixo é um exemplo da ativi-dade: já tem a dica resolvida, o título de um livro e todas as referências sobre ele.

Dica Palavra-chave Título Autor Ilustrador Editora

Acervo 3.

Personagem presente nos contos Chapeuzinho Vermelho e Os três porquinhos.

Lobo O loboGabriela

Bozano hetzelElizabeth Teixeira

Manati Produções Editoriais Ltda

Você inicia na segunda linha da tabela.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Na primeira coluna há uma dica para você encontrar a palavra-chave. Registrada a palavra, você irá ao acervo de livros da sua escola para localizar o livro que tem essa palavra no título. como pode haver mais de um título com a mesma palavra-chave, verifique uma segunda dica que está dada na mesma linha da tabela (o nome do autor, da editora ou do ilustrador) e assim você saberá qual é o título correto. Exemplo:

Dica Palavra-chave Título Autor Ilustrador Editora

Acervo 2.

Ele solta fogo pelas ventas.

Editora Intrínseca

Depois de descobrir qual é o livro, copie o título e acrescente as informações que faltam sobre os livros da tabela aos quais você teve acesso na sua escola. Insira-a no Portal de Aprendizagem.

Atenção: a última linha na tabela está em branco. Ela foi reservada para você escolher um livro do mes-mo acervo, criar a “dica” e registrar as demais referências.

caso os livros não estejam na escola, procure saber deles com o diretor ou responsável.

Bom trabalho!

Explorando o acervo da sua escola

Município:Nome:Escola:

DICA PALAVRA-CHAVE TÍTULO AUTOR ILUSTRADOR EDITORA

Acervo 3.Personagem presente nos contos Chapeuzinho Vermelho e Os três porquinhos.

Lobo O loboGabriela

Bozano hetzelElizabeth Teixeira

Manati Produções

Editoriais Ltda

Acervo 2. Ele solta fogo pelas ventas.

Editora Intrínseca

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Acervo 4. Onde se mira quando atira.

Renato Moriconi

Acervo 4.No título, “palavra” está nos graus diminutivo e aumentativo.

Ana Maria Machado

Acervo 2.Dizem que esse animal tem medo de rato.

Manati Produções

Editoriais Ltda

Acervo 1. Ele é peludo e mau nos contos de fadas.

Silvana de Menezes

Acervo 3.Diz-se que na vida todos devemos plantar uma...

cosac & Naif Edições Ltda

Acervo 3.Um dos estágios da borboleta.

Elena Ferrándiz

Acervo 1.Brilha no céu e é dos namorados.

Guazzelli

Segundo desafio: depois de localizar os livros, leia-os para conhecê-los. Acione sua competência críti-ca e escolha até cinco deles, dependendo do que você encontrar, para ler aos seus alunos, durante uma semana. Dentre eles, eleja o que, para você, tem melhor qualidade.

Formação de Professores Língua Portuguesa – Caderno Bimestral II

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Por fim, um grande desafio: redija um breve texto, indicando essa obra aos professores do Ensino Fun-damental que participam desta formação, sugerindo que leiam o livro aos alunos deles, por tratar-se de uma obra literária infantil de qualidade. Este gênero textual chama-se indicação literária. Dê um título chamativo ao seu texto. Insira-o no Portal de Aprendizagem.

Indicação literária

Nome:

Escola:

Livro:

Autor:

Editora:

Título:

Leia os três textos a seguir para ajudá-lo na sua tarefa:

1. Para você aprender mais sobre “qualidade de obras infantis”.

2. Definição para o gênero indicação literária.

3. Exemplo de indicação literária.

No próximo Encontro Presencial, haverá uma proposta para dar continuidade à discussão sobre quali-dade literária.

TEXTO 1

Qualidade de obras infantis

Uma boa obra literária infantil é aquela que respeita a criança, que a considera inteligente; que tem um olhar carinhoso para a criança mas não a trata como um ser frágil, ingênuo (por isso não usa excessos de diminutivos). Uma boa obra, por exemplo, tem uma linguagem rica; faz descrições que fogem de palavras muito batidas, empobrecidas; faz descrições muitas vezes detalhadas, que possibilitam ao leitor enxergar o lugar, a personagem, a cena; conta o fato de forma tão envolvente que o leitor sente as emoções dos personagens; não tem a intenção de passar lição de moral, dizendo como uma criança boazinha precisa agir, pois sabemos que as crianças interpretam os conteúdos que tratam de atitudes e valores sem que o autor precise verbalizar, impondo um modelo social que julga correto.

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Saiba mais sobre o assunto lendo o artigo do escritor Leo cunha Em busca de uma litera-tura de qualidade.

Disponível em: http://www.leocunha.jex.com.br/opiniao/em+busca+de+uma+literatura+infantil+de+qualidade.

Acesso em 8/06/2012.

TEXTO 2

Definição de indicação literária

Gênero textual cujo objetivo é incentivar o público ao qual se dirige a ler a obra em questão (o público desta proposta são os professores do Ensino Fundamental que frequentam este programa de formação). O texto dever ser breve. Precisa trazer as referências da obra e desta-car alguma(s) qualidade(s) do texto, da ilustração ou do autor. Veja alguns exemplos do que é possível ainda constar na sua análise:

n trata da relação entre irmãos;

n história envolvente;

n estrutura do texto interessante, pois começa contando o final, depois revela o que aconteceu para chegar a esse final;

n a cada página, o leitor se surpreende com os fatos novos apresentados;

n tem muito suspense, o leitor fica na expectativa de saber o que irá ocorrer em seguida;

n a linguagem é poética, há muita doçura na forma de falar da relação entre os personagens;

n tem um final surpreendente;

n há um vocabulário rico, possibilitando que as crianças se aproximem de palavras novas;

n é muito engraçada, envolve pelo humor;

n versão interessante de uma história tradicional.

comunidade Educativa cEDAc

TEXTO 3

Exemplo de indicação literária

Obra: A casa das dez Furunfunfelhas

Autor: Lenice Gomes

Ilustrações: Romont Willy

Editora: Mundo Mirim

A animada história das dez irmãs Furunfunfelhas se organiza de forma muito interessante: cada uma das irmãs vai dizendo um trava-língua; quando cada uma termina de dizer o seu, dá um

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“tangolomango” nela... E assim, uma a uma as irmãs vão sumindo da cena. Até que aparece o velho Félix, com seu fole, por quem todas morrem de amores. Do fole “fagulham adivinhas” e “a cada adivinha descoberta” uma Furunfunfelha desperta... Será que Félix ficará com uma delas?

Além de conseguir dizer os trava-línguas, ao leitor fica o desafio de acertar as adivinhas. Leia para seus alunos. Do início ao fim, esse livro que brinca com as palavras e traz ricas ilustrações é diversão certa para a criançada.

comunidade Educativa cEDAc

Depois de realizar as atividades, será necessário entrar no portal e incluir sua tabela e a indicação literá-ria. Poste sua indicação no Fórum para que todos os participantes tenham acesso. Localize a lista de in-dicações de outros professores, acesse os títulos que chamarem sua atenção, leia as indicações e plane-je as leituras dos livros que escolher para seus alunos.

Reflexão sobre a PráticaDuração: 4h

Esta parte do trabalho busca dar suporte para você refletir sobre sua prática em sala de aula, tendo co-mo ponto de partida as discussões e propostas realizadas ao longo deste caderno sobre a intencionali-dade das perguntas feitas aos alunos após a leitura de um texto. O objetivo é ampliar sua capacidade de avaliar as perguntas já presentes nos livros didáticos e poder elaborar outras, visando promover as competências e habilidades leitoras dos alunos.

Faça uma leitura cuidadosa e atenta do texto, grifando o que pode contribuir para a sua prática em sa-la de aula. Aproveite para fazer uso das orientações sobre procedimentos de estudo trabalhadas no En-contro Presencial, no tópico A prática em questão.

Trabalhando competências docentes: é importante que, aos poucos, você consiga desenvolver projetos pessoais de estudo, de acordo com seu interesse sobre o assunto, sobre questões que surgem da prática em sala de aula, por exemplo. Exercite procedimentos de estudo sempre que possível e compartilhe os conhecimentos com os colegas de escola. Isso contribui para o enriquecimento do grupo de professores.

O texto a seguir, embora mantenha sua essência, foi adaptado para este caderno. Faz parte de um do-cumento maior publicado pelo MEc em 2009, intitulado Língua portuguesa – Orientações para o profes-sor – Saeb/Prova Brasil 4a série/5o ano – Ensino Fundamental. É um fragmento do capítulo 6 que discute, detalhadamente, como a escola pode organizar o trabalho com leitura.

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Identificando aprendizagens realizadas: a leitura individual (ou em duplas) com questões para interpretação escrita

A atividade é composta de um texto literário impresso, com cópia para as duplas, contendo questões escritas para serem respondidas, de modo que os alunos estudem o texto a partir de um roteiro orientador. Trabalhar em parceria possibilita que se consolidem aprendizagens an-teriores e que ocorram novas aprendizagens a partir das informações disponibilizadas pelo parceiro e também pelo professor, mediador da atividade de todas as duplas.

O professor poderá observar as aprendizagens realizadas pelos alunos, acompanhando a ati-vidade das duplas – e também por meio da socialização das respostas, no fim. Para tanto, pre-cisará organizar uma pauta de observação do desempenho dos alunos.

É interessante, também, propor novamente uma atividade como a anterior, mas organizada com perguntas e respostas para serem respondidas individualmente. Dessa forma, o profes-sor terá informações a respeito da competência leitora de cada aluno. com esse levantamen-to, poderá, por exemplo, identificar novas necessidades de aprendizagem.

EXEMPLO DE ATIVIDADE 7

Leia a carta a seguir:

Ângela8:

Depois que você foi embora para Ribeirão Preto, eu fiquei um tempão andando pela ca-sa, que nem barata tonta, achando tudo muito sem graça. cada vez que eu pensava que ia ter que esperar até as outras férias pra brincar outra vez com você, me dava vontade de sair gritando de raiva. Mamãe me deu um picolé pra eu ficar mais contente, mas a raiva era tanta que eu mastiguei toda a ponta do pauzinho, até fazer uma franjinha. Mais tarde a Maria e a cláudia vieram me chamar pra brincar. Nós ficamos pulando corda na calçada, e depois sentamos no muro e ficamos brincando de botar apelido nos meni-nos. O carlinhos ficou sendo o carlão-sem-sabão. Toda a vez que a mãe dele chama pa-ra tomar banho, ele volta logo depois com outra roupa, mas com a mesma cara. A cláu-dia disse que o carlinhos abre o chuveiro só pra mãe dele ouvir o barulho, mas vai ver ele fica sentado na privada vendo a água correr. Aí troca de roupa, e pronto.

A mania do chico é dizer que um jogo não valeu sempre que ele está perdendo. Então o apelido dele ficou chico-não-valeu. Não deu pra inventar mais apelido porque os meninos ficaram loucos da vida, quiseram tomar a corda da gente e começaram a pu-xar nosso cabelo. No fim cansou, a gente acabou indo todo mundo jogar queimada na casa do Fernando.

7 Instrumento elaborado por professor da rede particular de ensino do município de São Paulo, em 26 de março de 2007, desenvolvido junto a uma turma de 3o ano (2a série) do Ensino Fundamental.

8 Extraído de: STAhEL, Mônica. Tem uma história nas cartas da Marisa. clube do Livro, 1986.

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Eu voltei pra casa contente da vida, mas quando o Fábio me viu foi dizendo: “Tá tristinha porque a priminha foi embora? Vai ser ruim mexericar sozinha por aí, né?” Ah, Ângela, que raiva! Às vezes dá vontade de trocar esse irmão marmanjo por uma irmã do meu ta-manho, como você!

Um beijo da

Marisa

Agora, responda às questões abaixo:

1. Para quem esta carta foi escrita?

2. A pessoa que escreveu a carta é adulta ou criança? Explique sua resposta.

3. Qual foi o motivo que levou Marisa a escrever esta carta?

4. Marisa escreveu em sua carta que mastigou toda a ponta do pauzinho do picolé, até fazer franjinha. Explique por que ela fez isso.

5. Durante a escrita da carta, Marisa participou de três brincadeiras. Quais foram?

6. Marisa fala de Fábio em sua carta. Quem é Fábio? Que idade você acha que ele tem?

Atenção! É preciso ressaltar que nem todas as habilidades de leitura foram acionadas nesse exemplo de atividade, portanto essa é uma proposta parcial, que propõe que o aluno ponha em jogo algumas habilidades que serão analisadas a seguir.

Análise das questões propostas

Para melhor entender esta análise, leia os comentários sobre cada pergunta, volte ao texto e localize o trecho citado.

Questão 1: Para quem esta carta foi escrita?

A questão requer uma resposta de localização simples de informação, desde que o leitor co-nheça o gênero e saiba que o nome do destinatário vem indicado antes do corpo da carta.

Questão 2: A pessoa que escreveu a carta é adulta ou criança? Explique sua resposta.

A resposta requer que o aluno articule informações presentes no texto como um todo. Na última linha, há uma indicação que permite inferir a idade da escritora. Nesse senti-do, trata-se de uma pergunta que requer articulação entre partes do texto para cons-truir uma informação a partir de inferências.

Questão 3: Qual foi o motivo que levou Marisa a escrever esta carta?

Da mesma forma que na questão anterior, a resposta requer que o leitor articule infor-mações do texto, em especial o que consta no primeiro e no segundo períodos e no úl-timo parágrafo, de modo que possa reconstruir o sentido para responder à pergunta.

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O leitor precisará inferir a resposta a partir dessa construção, pois ela não se encontra ex-plicitada no texto.

Questão 4: Marisa escreveu em sua carta que mastigou toda a ponta do pauzinho do picolé, até fazer franjinha. Explique por que ela fez isso.

Resposta que requer a localização da informação no terceiro período do texto, pois esta se encontra explicitada.

Questão 5: Durante a escrita da carta, Marisa participou de três brincadeiras. Quais foram?

A pergunta requer a localização de informações em três trechos diferentes do texto, a partir da identificação de cada uma como sendo “brincadeira”.

Questão 6: Marisa fala de Fábio em sua carta. Quem é Fábio? Que idade você acha que ele tem?

A pergunta solicita duas respostas. A primeira requer uma localização de informações, a partir da articulação entre a informação do 4o período do último parágrafo do texto – “trocar esse irmão” – com a que consta do 1o período desse mesmo parágrafo, pois o lei-tor tem que recuperar o sentido do pronome “esse”. A segunda questão requer uma infe-rência a ser realizada, sem muita precisão, a partir das informações no último parágrafo do texto – “trocar esse irmão marmanjo por uma irmã do meu tamanho, como você!”.

como se pode analisar, trata-se de um instrumento que permite avaliar, basicamente, três habilidades de leitura:

n localizar informações explícitas no texto;

n deduzir informação do texto a partir da articulação entre trechos do texto;

n realizar inferências locais simples.

Além disso, qualquer instrumento de leitura requer que o professor interprete as res-postas dos alunos, procurando analisar quais foram as habilidades efetivamente mo-bilizadas por ele.

Por exemplo, no instrumento acima, uma das respostas dos alunos, dada à questão 4 – “Ma-risa escreveu em sua carta que mastigou toda a ponta do pauzinho do picolé, até fazer franjinha. Explique por que ela fez isso” foi a seguinte: —“Ela fez isso porque ela estava com muita sauda-de”. Esta resposta não foi dada utilizando-se a capacidade de localização de informações, conforme se pretendia. O aluno, para responder dessa forma, localizou a informação “mas a raiva era tanta que eu mastiguei toda a ponta do pauzinho” e realizou uma inferência a par-tir dessa informação, articulando esse trecho do texto com o anterior, para supor que o mo-tivo foi a saudade: a personagem estava com raiva de tanta saudade, de tanta falta que sen-tia da amiga por ela ter ido embora. como se vê, a habilidade mobilizada pelo aluno foi mais complexa do que a que se pretendia, ou do que uma leitura mais rápida suporia. Essa respos-ta, portanto, está correta, embora muitos professores tendam a classificá-la como incorreta.

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Para pensar

É importante que você desenvolva um olhar atento e sensível para as respostas dadas pelos alunos às perguntas que faz, considerando como eles pensam; assim, você estará motivando-os e instigando-os para se envolverem com os textos e participarem das conversas.

Agora é importante ficar atento ao encaminhar qualquer atividade de leitura e analisar:

n Quais perguntas foram propostas?

n O que elas exigem como habilidades do aluno?

n Fazem o leitor refletir ou só solicitam a busca de informações explicitas no texto?

n É necessário relacionar partes do texto, fazer inferências?

Enfim, sempre que preciso, elabore outras questões que realmente ajudem na compreensão do texto.

Bom trabalho!

AutoavaliaçãoApós a realização das atividades e reflexões que foram desenvolvidas neste Caderno Bimestral, propo-mos que você faça uma autoavaliação. É um momento de reflexão sobre o que já foi apropriado por vo-cê e sobre o que ainda precisa de aprofundamento.

A autoavaliação refere-se às competências docentes que foram trabalhadas neste caderno. Trata-se de um conjunto de habilidades específicas que, juntas, constituirão aquelas competências mais amplas cujo desenvolvimento é o propósito deste processo formativo.

Leia cada item da coluna à esquerda. Após refletir, marque com X a coluna que corresponde à sua avaliação.

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Competências e habilidades para o trabalho docente

Plenamente desenvolvida/

ampliada

Parcialmente desenvolvida/

ampliada

Não foi desenvolvida/

ampliada

Envolver-se em atividades formativas na perspectiva do aprimoramento da prática pedagógica e do atendimento de objetivos e metas estabelecidos.

Trabalhar em equipe, interagindo com os colegas e colaborando com a formação do grupo.

Identificar a adequação das diferentes formas de organização do grupo (trabalho individual, em pequenos grupos e coletivo) e considerar suas potencialidades para a aprendizagem.

Realizar projetos pessoais de estudo e trabalho como forma de relacionar a teoria e subsidiar a prática docente.

Apreciar diferentes criações artísticas.

Realizar leitura profissional, explorando as potencialidades do texto e relacionando a teoria com a prática docente.

Demonstrar domínio do uso da língua portuguesa, na forma oral e escrita, ampliando a capacidade de compreender e produzir textos; de refletir, analisar e criticar a linguagem como fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico.

Identificar a responsabilidade da escola e do professor quanto à formação de leitores.

Planejar atividades que considerem e ampliem os conhecimentos de seus alunos.

O que você considera importante fazer para avançar em relação às competências e habilidades que identificou como ainda pendentes em sua formação? Anote.

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Você já pensou nas situações de leitura que vivenciou? Certamente, em várias delas, os textos não ofereceram dificuldades de compreensão. Mas, em outras, foi necessário ler e reler várias vezes, buscando resolver os desafios para apreender as informações.

Por que isso ocorre? Por que um texto pode ser mais fácil ou mais difícil de compreender? O que o leitor põe em jogo, ao ler, que colabora para maior ou menor sucesso na leitura?

No próximo caderno vamos discutir as estratégias que o leitor utiliza e que determinam a compreensão. O assunto é tão interessante quanto importante para a escola, que, conhecendo-o, pode contribuir para a formação de alunos leitores competentes.

Até a próxima!

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Competências e habilidades desenvolvidas pelas crianças durante a leitura

A tabela abaixo traz uma coletânea de habilidades de vários anos do Saeb e Prova Brasil para que você possa consultar no momento de fazer os planejamentos de leitura pelo professor, conforme indicado no item “A prática em questão – Momento 1: Estudo de caso”, p. 17, por-que entende-se que a escola tem o compromisso com a plena formação do leitor, não deven-do o professor ficar restrito apenas aos descritores das avaliações oficiais de cada ano.

Tópico 1 – Procedimentos de leitura

Descritores:

Localizar informações explícitas em um texto.

Verificar a adequação de uma afirmação de acordo com o texto.

Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

Inferir uma informação implícita em um texto.

Antecipar a continuação do texto a partir de fragmentos lidos anteriormente.

Antecipar informações a partir dos índices visuais.

Identificar o tema de um texto.

Distinguir um fato de uma opinião relativa a esse fato.

Relacionar texto e imagem.

Tópico 2 – Implicações do suporte, gênero e/ou enunciador na compreensão do texto

Descritores:

Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, fotos etc.).

Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

Diferenciar, por comparações ou identificação de características, textos de diferentes gêneros.

Tópico 3 – Relação entre textos

Descritores:

Reconhecer diferentes maneiras de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.

Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

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Tópico 4 – Coerência e coesão no processamento do texto

Descritores:

Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

construir a ideia geral a partir das relações entre partes e elementos do texto.

Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

Identificar a tese de um texto.

Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.

Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.

Tópico 5 – Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido

Descritores:

Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.

Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

Tópico 6 – Variação linguística

Descritores:

Diferenciar características típicas da fala em um texto escrito.

Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

Fontes: PDE/Prova Brasil 2009 e 2011; Banco de Atividades habituais de Leitura –

Escola que Vale – Fundação Vale (Matriz de referência do Saeb – 2001/2003/2007).

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Anotações

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