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2 O ANO – 2015 LÍNGUA PORTUGUESA - LITERATURA SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 1 LÍNGUA PORTUGUESA Questões de 01 a 20 1) Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes. Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010. O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada. b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol. c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum. d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação. 2) Marque, a seguir, a alternativa em cujo trecho a linguagem apresenta traço característico da variante coloquial. a) “O primeiro e-mail com a convocação para a manifestação foi de um chegado carioca, que nunca vi empunhando bandeiras, (...)” b) “Quanto aos clamores em prol do Tibete, dedicarei minhas preces aos tibetanos esta noite à distância, como faz o Dalai Lama, (...)” c) “Há algo de extremamente vaidoso e ingênuo nestas conclamações coletivas. Não descreio completamente da mobilização popular.” d) “(...) penso que isso deve ser próprio da natureza humana, aspirar ao que está fora de alcance, olhar antes para longe e só depois em redor.”

LÍNGUA PORTUGUESA Questões de 01 a 20 - Colégio Equipe · 2016-11-23 · O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado ... Quem foi diagnosticado

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2O ANO – 2015 LÍNGUA PORTUGUESA - LITERATURA

SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 1

LÍNGUA PORTUGUESA – Questões de 01 a 20

1) Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja

conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.

Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.

O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem

a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada. b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol. c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum. d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.

2) Marque, a seguir, a alternativa em cujo trecho a linguagem apresenta traço

característico da variante coloquial.

a) “O primeiro e-mail com a convocação para a manifestação foi de um chegado carioca, que nunca vi empunhando bandeiras, (...)”

b) “Quanto aos clamores em prol do Tibete, dedicarei minhas preces aos tibetanos esta noite à distância, como faz o Dalai Lama, (...)”

c) “Há algo de extremamente vaidoso – e ingênuo – nestas conclamações coletivas. Não descreio completamente da mobilização popular.”

d) “(...) penso que isso deve ser próprio da natureza humana, aspirar ao que está fora de alcance, olhar antes para longe e só depois em redor.”

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3) S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso

a) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil. b) literário, pela conformidade com as normas da gramática. c) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos. d) coloquial, por meio do registro de informalidade.

4) Observe os Segmentos:

I. “O teu silêncio é uma nau com todas as pelas pandas...” (Fernando Pessoa. Cancioneiro)

II. “José Ramiro morreu como decreto de uma lei nova.” (Guimarães Rosa. Grande sertão: veredas)

III. “Indefiníveis músicas supremas, Harmonias de cor e do perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume....” (Cruz e Souza. Obra Completa)

As figuras que encontramos nesses segmentos são, respectivamente: a) Comparação, antonímia e catacrese. b) Metáfora, comparação e sinestesia. c) Sinédoque, perífrase e comparação. d) Metonímia, metáfora e antonomásia.

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5) Leia o texto:

Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. As expressões salientadas no fragmento do poema “A Carolina”, de Machado de Assis, classificam-se como: a) Antítese b) Ironia c) Eufemismo d) Hipérbole

Leia atentamente o texto e responda as questões 6 a 10.

SÍNDROME DO EXCESSO DE INFORMAÇÃO

O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desconhecido começa a tomar uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale mais que qualquer outra coisa. As pessoas hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimilar tudo o que é produzido para aplacar a sede da humanidade por mais conhecimento.

Como toda ansiedade, a angústia típica de nosso tempo machuca. Seu componente de irracionalidade é irrelevante para quem se sente mal. O escritório de estatísticas da Inglaterra divulgou recentemente uma pesquisa que é ao mesmo tempo um diagnóstico. Cerca de um sexto dos ingleses entre 16 e 74 anos se sente incapaz de absorver todo o conhecimento com que esbarra no cotidiano. Isso provoca tal desconforto que muitos apresentam desordens neurológicas. O problema é mais sério entre os jovens e as mulheres. Quem foi diagnosticado com a síndrome do excesso de informação tem dificuldade até para adormecer. O sono não vem, espantado por uma atitude de alerta anormal da pessoa que sofre. Ela simplesmente não quer dormir para não perder tempo e continuar consumindo informações. Os médicos ingleses descobriram que as pessoas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de obsolescência, a sensação de que estão se tornando inúteis, imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto - o que já é bastante ruim.

O ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansiedade de informação especificamente. Mas tem atendido um número crescente de ansiosos que mencionam como causa de suas apreensões a incapacidade de absorver informações no ritmo que consideram ideal. "Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que deveríamos fazer cada vez mais. Não sabíamos que haveria um limite para isso. Está acontecendo com a informação o que já aconteceu com o hábito alimentar. Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando obesos de informação", diz Anna Verônica Mautner, psicanalista em São Paulo.

BAPTISTA, Cristina. Veja. São Paulo:

Abril.

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6) Pela composição do texto apresentado, podemos chegar à conclusão de que se trata, tipicamente,

a) de um manifesto popular – assim, um texto descritivo-apelativo. b) de um relato pessoal – logo, um texto levemente informativo. c) de uma exposição – um texto de divulgação, com informações objetivas. d) de uma crônica – assim, um texto de caráter literário.

7) O tema desenvolvido no texto se centra na abordagem de um problema que

a) é mais comum entre pessoas das sociedades europeias. b) é exclusivo dos grupos humanos pertencentes à atualidade. c) envolve o ritmo acelerado da produção do conhecimento. d) acomete, especificamente, a população urbana entre 16 e 74 anos.

8) O fragmento que representa o núcleo central do conteúdo do texto é:

a) “O ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansiedade de

informação.” b) “As pessoas hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimilar

tudo que é produzido.” c) “A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma

sensação de desconforto – o que já é bastante ruim.” d) “Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que devíamos fazer

cada vez mais.” 9) Analise o segmento: “Não sabíamos que haveria um limite para isso.” O item

destacado, para ser interpretado com êxito,

a) precisa ser entendido como uma palavra invariável. b) requer que conheçamos sua origem etimológica. c) necessita que se recorra a partes anteriores do texto. d) supõe que temos ciência de sua composição fonológica.

10) No trecho a seguir:

“Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando obesos de informação”.

O fragmento destacado a) exemplifica uma aliteração. b) manteve seu sentido literal. c) produz um efeito de ambiguidade. d) constitui uma metáfora.

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11) Observe o trecho: “Como toda ansiedade, a angústia típica de nosso tempo

machuca”. A expressão destacada estabelece, nesse trecho, uma relação semântica de

a) causa b) concessão c) condição d) comparação

12) Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns dos maiores nomes da

educação mundial na atualidade.

Trecho I Carlos Alberto Torres

O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Portanto, quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da diversidade não só em ideias contrapostas, mas também em identidades que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E este é um processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é que a diversidade está relacionada com a questão da educação e do poder. Se a diversidade fosse a simples descrição demográfica da realidade e a realidade fosse uma boa articulação dessa descrição demográfica em termos de constante articulação democrática, você não sentiria muito a presença do tema diversidade neste instante. Há o termo diversidade porque há uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, de uma perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe. [...]

Trecho II Rosa Maria Torres

O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto político e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade de reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e que a escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. Porém, o tema da diversidade também pode dar lugar a uma série de coisas indesejadas. [...]

Revista Pátio. Diversidade na educação: Limites e possibilidades. Ano V, n. 20,

Fev. / abr. 2002, p. 29. Adaptado.

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O termo em destaque em “E este é um processo de aprendizagem” faz

referência

a) ao enunciado que antecede e acrescenta uma informação conclusiva e conceitual.

b) apenas ao enunciado “um tema que cabe bem no pensamento pós-modernista” e introduz um esclarecimento do que foi dito.

c) às “ideias contrapostas” e pressupõe uma relação de contradição. d) ao “tema da diversidade” e anuncia a progressividade do texto.

13)

Não tem tradução

[...] Lá no morro, se eu fizer uma falseta A Risoleta desiste logo do francês e do inglês A gíria que o nosso morro criou Bem cedo a cidade aceitou e usou [...] Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês Tudo aquilo que o malandro pronuncia Com voz macia é brasileiro, já passou de português Amor lá no morro é amor pra chuchu As rimas do samba não são I love you E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny Só pode ser conversa de telefone

ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista Língua Portuguesa.

Ano 4, no 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba “Não tem tradução”, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe

a) incorporar novos costumes de origem francesa e americana, juntamente

com vocábulos estrangeiros. b) respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do

idioma do Brasil. c) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma

legítima de identidade nacional. d) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente

ritmo da música popular brasileira.

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14) É água que não acaba mais

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com volume estimado em 86.000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. “Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a população mundial durante 500 anos”, diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquífero Guarani (com 45 000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Época. Nº- 623, 26 abr. 2010.

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação, apresenta resultados de uma pesquisa científica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza

a) as suas opiniões, baseadas em fatos. b) os aspectos objetivos e precisos. c) os elementos de persuasão do leitor. d) os elementos estéticos na construção do texto.

15)

Entre ideia e tecnologia

O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão da brasilidade.

SCARDOVELI, E. Revista Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006.

O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a a) inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país. b) importância da língua para a construção da identidade nacional. c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua. d) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura.

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16)

A dança e a alma

A dança? Não é movimento súbito gesto musical É concentração, num momento, da humana graça natural

No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança – não vento nos ramos seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir a forma do ser por sobre o mistério das fábulas.

Carlos Drummond de Andrade.

A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é

a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e

afirmação do homem em todos os momentos de sua existência. b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos,

possibilitando ao homem a liberação de seu espírito. c) a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos,

passos e movimentos desconcertados. d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por

instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc. 17)

MANDIOCA - mais um presente da Amazônia

Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o território nacional : pão-de-pobre - e por motivos óbvios.

Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses — é a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da África.

O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento).

De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que a) existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta. b) mandioca é nome científico para uma espécie existente na região

amazônica. c) "pão-de-pobre" é designação específica para a planta da região amazônica. d) os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região.

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18) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de "Bicho Urbano", poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.

Bicho urbano

Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do país estou mentindo ainda que lá se possa de manhã lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco sabor de alvorada.

A natureza me assusta. Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. "Toda poesia". Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991)

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

a) "...e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada." b) “...ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho' c) "...A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas" d) "...suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto"

19) O pregar há-de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.

Ordenado, mas como as estrelas. (...) Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das palavras.

(Vieira, Sermão da Sexagésima.)

A metáfora do xadrez é explicada, no texto, com a seguinte figura de linguagem:

a) Hipérbole b) Antítese c) Repetição d) Rima

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20) Assinalar a alternativa em que a primeira palavra apresenta sufixo formador de advérbio e, a segunda, sufixo formador de substantivo:

a) Perfeitamente – varrendo b) Provavelmente – erro c) Lentamente – explicação d) Proveniente – furtado

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LITERATURA – Questões de 21 a 40

21) Considere o texto:

“O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963, tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (... Bem, mas não convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma idéia mais clara do palco, do cenário e principalmente da personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez inédito nos anais da espécie humana.”

(Érico Veríssimo)

Assinale a alternativa que evidencia o papel do narrador no fragmento acima:

a) O narrador tem senso prático, utilitário e quer transmitir uma experiência pessoal.

b) É um narrador introspectivo, que relata experiências que aconteceram no passado, em 1963.

c) Em atitude semelhante a de um jornalista ou de um espectador, escreve para narrar o que aconteceu com x ou y em tal lugar ou tal hora.

d) Fala de maneira exemplar ao leitor, porque considera sua visão a mais correta.

22) Um escritor classificou Vidas secas como “romance desmontável”, tendo em

vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas. Essas características da composição do livro:

a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e

do Regionalismo nordestino. b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este

ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo. c) revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha,

em Os sertões.

d) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo.

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23) No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:

Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria?

O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou.

Bem, bem. Não era preciso barulho não. (Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed.Rio de Janeiro: Record, 2003.)

No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário. Pertence a variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:

a) “Não se conformou: devia haver engano” b) “e Fabiano perdeu os estribos” c) “Passar a vida inteira assim no toco” d) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”

24) Leia os fragmentos para responder a questão.

Procura da Poesia

“(...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra E te pergunta, sem interesse pela resposta, Pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? (...)”

Carlos Drummond de Andrade.

A lição de Poesia.

“(...) E as vinte palavras recolhidas Nas águas salgadas do poeta E de que se servirá o poeta Na sua máquina útil. Vinte palavras sempre as mesmas De que conhece o funcionamento A evaporação, a densidade Menor que a do ar.”

João Cabral de Melo Neto.

As estrofes destacadas revelam que, para Drummond e João Cabral, a criação poética centra-se no (a):

a) tratamento estético dado à matéria-prima da poesia: a palavra. b) nos aspectos formais do poema: metro, ritmo, rima... c) na desmontagem da palavra, ao gosto dos concretistas. d) na dissociação entre significante e significado.

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25) Leia:

“Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar.”

Os versos acima exemplificam as seguintes características da poesia de João Cabral de Melo Neto:

a) extrema economia verbal; concepção da criação poética como sinônimo de

delírio; subjetivismo exagerado. b) contenção do subjetivismo; poesia eminentemente descritiva; incorporação

de vozes e ritmos da linguagem afro-nordestina. c) descrição impessoalizadora; presença de elementos exóticos da paisagem

nordestina; reflexão acerca da própria poesia. d) acentuada tendência para uma linguagem concisa, elíptica;

metalinguagem; ausência de subjetivismo. 26) Sobre Guimarães Rosa podemos afirmar que:

a) foi autor regionalista, seguindo a linha do regionalismo romântico. b) inovou sobretudo nos temas, explorando tipos inéditos. c) inovou sobretudo o aspecto lingüístico, revelando trabalho criativo na

exploração do potencial da língua. d) escreveu obra política de contestação à sociedade de consumo.

Leia atentamente o texto e responda as questões 27 e 28.

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava, nas relações com as pessoas, a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e perigosas.

(Vidas Secas, Graciliano Ramos.)

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27) No texto, os aspectos descritivos são empregados para:

a) ridicularizar a forma de Fabiano andar e comunicar-se com as pessoas. b) enfatizar a eficiência comunicativa de Fabiano com as pessoas, ainda que

falasse pouco. c) mostrar que Fabiano conseguia se comunicar bem, pois era homem prolixo. d) caracterizar Fabiano de forma muito próxima aos animais, com os quais se

identifica. 28) Sobre a obra “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, o desfecho em que Fabiano

e sua família se dirigem ao sul sonhando encontrar um lugar melhor: “O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos”, expressa:

a) negação da saudade que ataca os sertanejos quando deixam a caatinga. b) revolta contra a dura existência no sertão nordestino. c) crítica ao fato de o nordestino precisar abandonar sua terra para fugir do

flagelo da seca. d) certeza de que adotar costumes diferentes, num lugar distante, é a solução

para o sertanejo.

29) O romance de Clarice Lispector:

a) filia-se à ficção romântica do século XIX, ao criar heroínas idealizadas e mistificar a figura da mulher.

b) define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma visão da mulher oprimida num universo masculino.

c) renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinada corrente de ficção modernista.

d) explora até as últimas consequências, utilizando embora a temática urbana, a linha do romance neonaturalista da geração de 30.

30) Este “auto de Natal pernambucano, longo poema equilibrado entre rigor formal

e temática, conta o roteiro de um homem do Agreste que vai em demanda do litoral e topa cada parada com a morte, presença anônima e coletiva, até que no último pouso lhe chega a nova do nascimento de um menino, signo de que algo resiste à constante negação da existência”

(Alfredo Bosi, História concisa da literatura brasileira, p.523);

Trata-se de:

a) Pai João b) Morte e vida severina c) Evocação do Recife d) Brasil-menino

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Leia atentamente o texto e responda as questões 31 e 32.

“(...) – Escuta, Mingulim, uma coisa você me perdoa? Eu tive inveja de você, porque o Papaco-o-Paco fala Minguilim me dá um beijim... e não aprendeu a falar meu nome...” O Dito estava com jeito: as pernas duras, dobradas nos joelhos, a cabeça dura na nuca, só para cima ele olhava. O pior era que o corte do pé ainda estava doente, mesmo pondo cataplasma doía muito demorado. Mas o papagaio tinha de aprender a falar o nome do Dito! – “Rosa, Rosa, você ensina Papaco-o-Paco a chamar alto o nome do Dito?” “Eu já pelejei, Minguilim, porque o Dito mesmo me pediu. Mas ele não quer falar, não fala nenhum, tem certos nomes assim eles teimam de não entender...”

(Guimarães Rosa)

31) Os diminutivos e a pontuação, no texto de Guimarães Rosa, contribuem para

criar uma linguagem:

a) afetiva. b) descuidada. c) lógica. d) enxuta.

32) De acordo com o texto:

a) a Rosa pelejou para ensinar o papagaio a falar o nome dela. b) o papagaio não conseguia falar nome algum porque estava doente. c) o Dito e o Minguilim pediram à Rosa que ensinasse o papagaio a falar o

nome do Dito. d) o Dito tinha jeito para ensinar o papagaio a falar.

33) Leia:

Sinhá Vitória

Sinha Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: - “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinha Vitória andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé.

Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu os meninos entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro, que secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e não encontrou motivo para repreendê-los. Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinha-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas.

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Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro; São Paulo: Record; Martins, 1975. p. 42-43.

A partir do texto acima, identifique a alternativa que contém a característica correta em relação à análise da obra de Graciliano Ramos e à sua inclusão na ficção regionalista dos anos 30.

a) Valorização do espaço urbano e das relações de poder. b) Ênfase em aspectos pitorescos da paisagem nordestina. c) Utilização de linguagem predominantemente metafórica. d) Atitude crítica e comprometida frente à realidade social.

34) Leia os textos para responder à questão.

Texto I

Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.

(Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.)

Texto II

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção.

É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

(Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.)

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SISTEMA EQUIPE DE ENSINO GABARITO 2 17

No texto II, verifica-se que o autor utiliza:

a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular.

b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.

d) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.

35) Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de preás. E lamberia as

mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

(Graciliano Ramos)

Sobre o texto acima, pode –se afirmar que:

a) há marcas próprias do chamado discurso direto através do qual são

reproduzidas as falas das personagens. b) o narrador é observador, pois conta a história de fora dela, na terceira

pessoa, sem participar das ações, como quem observou objetivamente os acontecimentos.

c) quem conta a história é uma das personagens, que tem uma relação íntima com as outras personagens, e, por isso, a maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais.

d) o narrador é onisciente, isto é, geralmente ele narra a história na terceira pessoa, sabe tudo sobre o enredo e sobre as personagens, inclusive sobre suas emoções, pensamentos mais íntimos, às vezes, até dimensões inconscientes.

Leia atentamente o texto e responda as questões 36 a 38. “Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, guardava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos - exclamações, onomatopeias. Na verdade, faltava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.”

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

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36) No texto, a referência aos pés:

a) Destoa completamente da frase seguinte. b) Justifica-se como preparação para o fato de que (Fabiano) “a pé, não se

aguentava bem”. c) Acentua a rudeza da personagem, a nível físico. d) Constitui um jogo de contrastes entre o mundo cultural e o mundo físico da

personagem. 37) A tentativa de reproduzir algumas palavras difíceis pode entender-se como:

a) Respeito à cultura literária e à alfabetização. b) Dificuldade de expressão dos valores de seu mundo cultural. c) Consciência do valor da palavra como meio de comunicação. d) Atração por formas alheias a seu universo cultural.

38) O texto, no seu conjunto, enfatiza:

a) A falta de escolaridade de Fabiano. b) A identificação de Fabiano com o mundo animal. c) A miséria moral de Fabiano. d) A brutalidade e grosseria de Fabiano.

39) “Diadorim me chamou, fomos caminhando, no meio da queleléia do povo.

Mesmo eu vi o Hermógenes: ele se amargou engolindo de boca fechada. – ‘Diadorim’ – eu disse – ‘esse Hermógenes está em verde, nas portas da inveja... ’ Mas Diadorim por certo não me ouviu bem, pelo que começou dizendo: - ‘Deus é servido...”

No texto acima há elementos que permitem identificar o romance do qual foi extraído. O romance é:

a) O coronel e o lobisomem. b) O Quinze. c) Grande sertão: veredas. d) Vidas secas.

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40) Seus romances, como Perto do Coração Selvagem ou Paixão Segundo G. H., têm em comum com a obra de Guimarães Rosa a inovação formal e o cuidado com a linguagem. A afirmativa se refere a: a) Raquel de Queirós. b) Clarice Lispector. c) José Lins do Rego. d) Graciliano Ramos.

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