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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS · Até 1947, a Índia foi uma colônia do Império Britânico, o que influencia a forma como a Língua Inglesa é encarada pela sociedade

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Questões de 01 a 45

Questões de 01 a 05 (opção inglês)

QUESTÃO 01

Disponível em: <http://bizarro.com/wp-content/uploads/2017/01/Bizarro-01-22-17-WEBa.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2017.

Os cartuns, não raramente, recorrem à hipérbole para alcançar o efeito de humor. No cartum anterior, essa estratégia pode ser notada no(a)

A. feição perplexa da babá diante das orientações da mãe.

B. contraste entre a prolixidade da mãe e o silêncio do pai.

C. tranquilidade das crianças, apesar do que diz a mãe.

D. quantidade de instruções dadas pela mãe à babá.

E. tipo de orientações que a mulher dá à babá.

Alternativa E

Resolução:

A) INCORRETA – A feição da babá não apresenta qualquer tipo de exagero. Pelo contrário: trata-se de uma reação natural ao que a mãe lhe diz.

B) INCORRETA – Não existe hipérbole no contraste entre a prolixidade da mãe e o silêncio do pai. Além disso, esse contraste não gera nenhum efeito de riso, pois tal efeito se sustenta no conteúdo da fala da mãe.

C) INCORRETA – A tranquilidade no rosto das crianças pode suscitar uma sensação de estranhamento e absurdidade, até mesmo contribuindo para o efeito de humor. Contudo, não se nota hipérbole nesse aspecto do cartum. Portanto, a alternativa não atende ao que pede o enunciado.

D) INCORRETA – Embora as instruções dadas pela mãe à babá sejam de fato numerosas, não se trata de um exagero, pois é um acontecimento comum nesse tipo de situação em que um pai ou uma mãe deixa os filhos a cargo de outra pessoa. Além disso, essa característica não incorre, por si só, em efeito de humor.

E) CORRETA – As duas últimas instruções que a mãe dá à babá – “[...] make sure they both graduate high school and go to college, and don’t let them get married too young” – sugerem que os pais das crianças não pretendem voltar antes de os filhos alcançarem a idade adulta. Isso extrapola aquilo que se espera para o tipo de interação representada no cartum, ou seja, trata-se de uma hipérbole, um exagero. Esse exagero promove uma quebra de expectativa, que, por sua vez, suscita o efeito de humor.

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ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 1BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 02 More obese people in the world than underweight,

says study There are now more adults in the world classified as obese

than underweight, a major study has suggested. The research, led by scientists from Imperial College

London and published in The Lancet, compared body mass index (BMI) among almost 20 million adult men and women from 1975 to 2014.

It found obesity in men has tripled and more than doubled in women. Lead author Prof Majid Ezzat said it was an “epidemic of severe obesity” and urged governments to act.

The study, which pooled data from adults in 186 countries, found that the number of obese people worldwide had risen from 105 million in 1975 to 641 million in 2014.

Meanwhile the number of underweight people had risen from 330 million to 462 million over the same period. Crisis point

Global obesity rates among men went up from 3.2% in 1975 to 10.8%, while among women they rose from 6.4% in 1975 to 14.9%.

This equates to 266 million obese men and 375 million obese women in the world in 2014, the study said.

The research also predicted that the probability of reaching the World Health Organization’s global obesity target – which aims for no rise in obesity above 2010 levels by 2025 – would be “close to zero”.

Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 27 out. 2016. [Fragmento]

O artigo reproduzido anteriormente explicita as conclusões do estudo realizado por pesquisadores do Imperial College London. Os cientistas britânicos revelaram que o

A. percentual de pessoas abaixo do peso ideal manteve-se estável por 40 anos.

B. aumento das taxas de obesidade entre mulheres foi maior do que entre homens.

C. total de obesos no mundo ultrapassou a barreira dos 650 milhões de pessoas.

D. índice de obesos manteve-se superior ao de desnutridos entre 1975 e 2014.

E. crescimento do número de obesos no mundo poderá ser reduzido a zero.

Alternativa BResolução:

A) INCORRETA – De acordo com o quarto parágrafo do texto, o número de pessoas abaixo do peso ideal subiu de 330 milhões para 462 milhões. Com base nisso, é possível inferir que o percentual de indivíduos nessas condições também variou. Logo, a alternativa está incorreta.

B) CORRETA – No quinto parágrafo do texto, vemos que as taxas globais de obesidade (“global obesity rates”) entre mulheres aumentaram de 6,4% para 14,9%, isto é, mais 8,5%. Por outro lado, entre os homens, essas taxas subiram de 3,2% para 10,8%, ou seja, mais 7,6%. Portanto, o aumento foi maior entre mulheres do que entre homens e, por conseguinte, a alternativa B está correta.

AØFF C) INCORRETA – No terceiro parágrafo do texto, lê-se que o total de obesos no mundo alcançou os 641 milhões. Logo, não se pode afirmar que esse total tenha ultrapassado os 650 milhões.

D) INCORRETA – De acordo com o texto, em 1975, o total de obesos era de 105 milhões de pessoas, e o de “desnutridos” (pessoas abaixo do peso ideal), de 330 milhões. Portanto, é incorreto afirmar que o índice de obesos superava o de desnutridos.

E) INCORRETA – No último parágrafo do texto, podemos ver que, segundo a pesquisa, será impossível alcançar a meta da OMS de estancar o aumento dos índices mundiais de obesidade até 2025. Logo, a alternativa está incorreta.

QUESTÃO 03 English was a delicate subject in my household in India.

For my mother’s family while she was growing up, English was a hangover from the British colonial past. My grandfather was very English in his mannerisms. English was his first language, and for a long time his only language. Growing up, I had spent most of my time with my mother’s side of the family. It was a household in which people who didn’t speak English were ridiculed. Anyone with less or no knowledge of English was thought to be less intelligent. My father didn’t speak English very well. When he tried, my mother’s father and her brothers made fun of his pronunciation. Although my father had a master’s degree and a good job, he lacked confidence. He would hesitate to talk to my class teacher during parent-teacher conferences. Generally, he was hesitant to talk to anyone who might talk with him in English. My father wanted to be able to speak English so badly that he abhorred everything associated with the language.

Disponível em: <https://qz.com/1135783/excerpt-deepak-singhs-how-may-i-help-you-an-immigrants-journey-from-mba-to-minimum-wage/>.

Acesso em: 21 fev. 2017. [Fragmento]

Até 1947, a Índia foi uma colônia do Império Britânico, o que influencia a forma como a Língua Inglesa é encarada pela sociedade indiana. O texto anterior evidencia as relações de poder que se estabelecem por meio desse idioma, visto que

A. o uso da Língua Inglesa era um tabu no ambiente familiar do narrador.

B. os parentes do narrador se sentiam ridículos por terem um sotaque forte.

C. o pai do narrador se sentia diminuído diante de pessoas que falavam inglês.

D. o pai do narrador teve acesso limitado à educação por desconhecer a língua.

E. os professores do narrador se recusavam a utilizar a língua local nas reuniões.

Alternativa C

Resolução:

A) INCORRETA – O narrador não afirma que o uso do inglês era um tabu em seu ambiente familiar, mas sim que era uma reminiscência (uma ressaca – “a hangover” –, em uma tradução mais literal) do passado colonial britânico.

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LCT – PROVA I – PÁGINA 2 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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B) INCORRETA – O narrador afirma, na realidade, que seus parentes maternos ridicularizavam seu pai devido ao seu sotaque em inglês: “My father didn’t speak English very well. When he tried, my mother’s father and her brothers made fun of his pronunciation”.

C) CORRETA – O fato de que o pai do narrador se sentia diminuído diante de quem dominava a Língua Inglesa pode ser confirmado especialmente por meio dos seguintes excertos: “My father didn’t speak English very well. […] Generally, he was hesitant to talk to anyone who might talk with him in English”. O narrador ainda destaca que, embora seu pai tivesse boa educação e um bom emprego, mostrava-se inseguro em situações que lhe exigissem o uso do inglês, o que corrobora a alternativa: “Although my father had a master’s degree and a good job, he lacked confidence”.

D) INCORRETA – O narrador aponta que o pai tinha boa educação e um bom emprego: “[...] my father had a master’s degree and a good job”.

E) INCORRETA – Em nenhum momento, o narrador afirma que seus professores se recusavam a utilizar a língua local em reuniões. O que ele diz, na realidade, é que seu pai hesitava em conversar com seu(sua) professor(a) durante as reuniões, por não dominar bem o inglês. Se o(a) professor(a) se recusava ou não a usar outra língua não é algo que esteja explícito no texto.

QUESTÃO 04 Travelling to Argentina unaware of the complicated

history of Black people in that nation, I was confronted with a puzzling assertion by mainstream society: “There are no Black people here, they don’t exist.” This story initially seemed untrue and was proven to be so by the living, breathing, speaking presence of Black people that I eventually encountered. As puzzled as I was by this obvious contradiction, I was deeply unsettled by the way it was woven into the social fabric of Argentine society. I cannot recall the number of times I was asked the question, “¿De dónde sos?” (Where are you from?). I quickly realized that it was less about my obvious American demeanor and more about the fact that, by virtue of my blackness, I had to be from somewhere else.

Many people I encountered literally could not recognize that a Black person could be Argentine. More often than not they assumed that I was Brazilian – sometimes accusing me of lying when I told them that I was American. These experiences served as the springboard for a personal and intellectual quest to find out why so many people believed so fervently in this story; these encounters inspired me to research the ways that Blacks living in Argentina experienced the impossible union of blackness and Argentinidad.

Disponível em: <https://wesscholar.wesleyan.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=&httpsredir=1&article=1769&context=etd_hon_theses>.

Acesso em: 21 fev. 2017. [Fragmento adaptado]

Em textos científicos, é de praxe que se justifique a motivação da pesquisa. Em sua justificativa, a autora desse artigo afirma ter ficado perplexa com

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A. a contradição decorrente da ideia de que não há negros na Argentina.

B. o número pequeno de pessoas negras vivendo na Argentina.

C. o fato de ter sido acusada de mentirosa ao se declarar americana.

D. a impossibilidade de alguém ser negro e argentino ao mesmo tempo.

E. o fato de ter sido confundida com uma cidadã brasileira.

Alternativa A

Resolução:

A) CORRETA – No primeiro parágrafo do texto, a autora explica que, no meio não negro argentino, é corriqueira a afirmação de que não há negros no país: “I was confronted with a puzzling assertion by mainstream society: ‘There are no Black people here, they don’t exist’”. A esse mito, ela opõe o fato de que, no país, existem várias pessoas negras: “This story initially seemed untrue and was proven to be so by the living, breathing, speaking presence of Black people that I eventually encountered”. Por fim, a autora destaca sua perplexidade diante da contradição decorrente do mito da Argentina exclusivamente branca e de como esse mito está incrustado no dia a dia da sociedade não negra daquele país: “As puzzled as I was by this obvious contradiction, I was deeply unsettled by the way it was woven into the social fabric of Argentine society”.

B) INCORRETA – A autora não faz qualquer referência ao tamanho da comunidade negra argentina, portanto não se pode afirmar que o número de pessoas é pequeno.

C) INCORRETA – Embora a autora relate que, por vezes, foi acusada de estar mentindo ao se declarar americana, ela não afirma que ficou perplexa com esse acontecimento em particular.

D) INCORRETA – A própria autora mostra que uma pessoa pode, sim, ser negra e argentina ao mesmo tempo, pois existe uma comunidade negra no país: “This story initially seemed untrue and was proven to be so by the living, breathing, speaking presence of Black people that I eventually encountered”. Portanto, não há que se falar em “impossibilidade”, pois isso é um mito cultivado e mantido pela parcela não negra da sociedade argentina: “I was confronted with a puzzling assertion by mainstream society: ‘There are no Black people here’”. Com isso, conclui-se que a alternativa é inválida.

E) INCORRETA – A autora realmente afirma ter sido confundida com uma cidadã brasileira, mas não é isso que a deixa perplexa, e sim o fato de que, apesar de existir uma comunidade negra argentina, a população não negra local insiste em afirmar que não há negros no país.

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 05 Laws to protect breastfeeding inadequate in most countries

Joint news release WHO/UNICEF/IBFAN

9 May 2016 | Geneva / New York – A new report by WHO, UNICEF, and the International Baby Food Action Network (IBFAN) reveals the status of national laws to protect and promote breastfeeding.

Of the 194 countries analysed in the report, 135 have in place some form of legal measure related to the International Code of Marketing of Breast-Milk Substitutes and subsequent resolutions adopted by the World Health Assembly (the Code). This is up from 103 countries in 2011, when the last WHO analysis was done. Only 39 countries have laws that enact all provisions of the Code, however, a slight increase from 37 in 2011.

WHO and UNICEF recommend that babies are fed nothing but breast milk for their first 6 months, after which they should continue breastfeeding – as well as eating other safe and nutritionally adequate foods – until 2 years of age or beyond. In that context, WHO Member States have committed to increase the rate of exclusive breastfeeding in the first 6 months of life to at least 50% by 2025 as one of a set of global nutrition targets.

The Code calls on countries to protect breastfeeding by stopping the inappropriate marketing of breast-milk substitutes (including infant formula), feeding bottles and teats. It also aims to and ensure breast-milk substitutes are used safely when they are necessary. It bans all forms of promotion of substitutes, including advertising, gifts to health workers and distribution of free samples. In addition, labels cannot make nutritional and health claims or include images that idealize infant formula. They must include clear instructions on how to use the product and carry messages about the superiority of breastfeeding over formula and the risks of not breastfeeding.

Disponível em: <http://www.who.int/>. Acesso em: 27 jun. 2016.

Um dos pontos negativos ressaltados pelo relatório sobre a amamentação materna, emitido pela IBFAN em conjunto com a OMS e a UNICEF, é o(a)A. implementação de leis nacionais que apoiem

incondicionalmente a amamentação.B. fato de metade dos bebês com até seis meses ainda

ser alimentada com fórmulas infantis.C. proibição da publicidade e da distribuição de amostras

de leite em pó e suplementos.D. existência de leis que regulamentam a comercialização

de substitutos em 135 países.E. cumprimento de todas as determinações do Código

Internacional em apenas 39 países.

Alternativa EResolução: Esta questão exige a habilidade de reconhecer informações específicas e gerais no texto-base – um artigo sobre a implementação de leis de proteção à amamentação ao redor do mundo. A seguir, é feita uma análise de cada alternativa com base no texto. A) INCORRETA – Esta alternativa está incorreta, pois, nela,

afirma-se justamente o contrário do que o texto propõe. No título do artigo, chama-se a atenção do leitor para a inadequação das leis de proteção à amamentação na maioria dos países. Logo, é incorreto dizer que a implementação dessas mesmas leis seria, de acordo com o texto, algo negativo.

RC2D B) INCORRETA – Esta alternativa está incorreta, pois não se afirma, em nenhuma passagem do texto, que metade das crianças com até seis meses é alimentada com fórmulas infantis. O que se lê, no terceiro parágrafo do texto, é que os Estados membros da OMS se comprometeram a aumentar, em pelo menos 50%, a taxa de amamentação exclusiva até os 6 meses de idade.

C) INCORRETA – A inadequação desta alternativa encontra-se no fato de ela classificar a proibição da publicidade e da distribuição de amostras de leite em pó e suplementos como algo negativo, o que está em desacordo com o artigo. Na verdade, conforme se lê no último parágrafo do texto, o combate à publicidade inapropriada de substitutos do leite materno é uma das resoluções previstas no Código Internacional de Comercialização elaborado pela OMS em conjunto com outras organizações. Portanto, não se trata de um ponto negativo; muito pelo contrário.

D) INCORRETA – Para determinar se esta alternativa é correta ou incorreta, é necessário dar atenção à palavra “existência”. No segundo parágrafo do texto, lemos que, dos 194 países analisados no relatório da OMS, 135 possuem algum tipo de lei de proteção ao aleitamento materno. Vemos, assim, que o ponto negativo não é a existência dessas leis em si, mas sim o fato de nem todos os países terem se mobilizado para garantir o direito à amamentação. As leis são, na verdade, um ponto positivo, e o ideal seria que elas existissem em todas as nações analisadas. Portanto, a alternativa está incorreta.

E) CORRETA – Esta alternativa está de acordo com o segundo parágrafo do texto, no qual vemos que somente 39 dos 194 países analisados no relatório da OMS promulgaram leis que atendem a todas as resoluções previstas no Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno. O ponto negativo, portanto, é a baixa adesão dos países ao Código, e, assim, a alternativa está correta.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Questões de 01 a 45

Questões de 01 a 05 (opção espanhol)

QUESTÃO 01 Cadenas y demás

Un rasgo característico de los grupos de WhatsApp son las cadenas, los chistes (malos, buenos, subidos de tono, ininteligibles, repetidos ad nauseam, etcétera) y la compraventa de toda clase de productos y servicios. Excepto en casos muy específicos – por ejemplo, un grupo dedicado a emitir emergencias médicas o alertas meteorológicas –, mi postura es que está todo bien, aunque con ciertos límites relacionados con el hecho de que los chiquitos suelen sacarle el teléfono a papá o a mamá, y ciertamente no queremos que vean esas imágenes que algunas personas parecen tan entusiasmadas en compartir. Supongo que me entienden. Todo lo demás, está OK. Chistes, cadenas, videos, GIF, compraventa, no le veo nada de malo. Sí creo que el insulto y la descalificación no solo no suman, sino que contribuyen a crear una grieta, y de eso ya tuvimos bastante. En todo caso, las reglas deberían ser claras y establecerse desde el principio.

TORRES, A. Disponível em: <http://www.lanacion.com.ar>. Acesso em: 14 mar. 2017. [Fragmento]

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LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Os grupos de WhatsApp são hoje uma realidade e proporcionam a interação de pessoas de uma mesma família, grupo de amigos, companheiros de trabalho, entre outros. Para evitar situações constrangedoras ao participar de um grupo nessa rede social, o colunista do jornal argentino La Nación aconselha

A. evitar compartilhar piadas de diversos tipos.

B. incentivar o compartilhamento de correntes.

C. manter os aparelhos celulares longe das crianças.

D. expulsar os participantes que criam conflitos.

E. definir normas de conduta entre os integrantes.

Alternativa EResolução: A alternativa correta é a E, como pode ser confirmado na última linha do texto, na qual se afirma que, em qualquer caso, as regras devem ser claras e estabelecidas desde o princípio. A alternativa A está incorreta porque, na sétima linha do texto, o autor diz que piadas, correntes, vídeos, GIF e compra e venda podem ser compartilhados sem problema algum. A alternativa B está incorreta porque o autor não incentiva o compartilhamento de correntes, apenas diz que estas não representam um problema. A alternativa C está incorreta porque o autor adverte que algumas mensagens devem ser evitadas, já que as crianças costumam pegar os celulares dos pais, mas não diz que os aparelhos devem ser mantidos fora do alcance dos filhos. A alternativa D está incorreta porque o autor não especifica quais regras e punições cada grupo deve praticar.

QUESTÃO 02

La Casa Blanca retira el idioma español de su webMadrid (Sputnik) – El vicesecretario de Acción Sectorial

del Partido Popular (PP), Javier Maroto, valoró como una cuestión “bastante grave” que la Casa Blanca haya cerrado su página web en español.

“Es una cuestión bastante grave porque en Estados Unidos la ley no habla de ninguna lengua oficial”, recordó Maroto durante el transcurso de una entrevista en la televisión pública.

En opinión de Maroto, el Gobierno de Trump “debería exponer los contenidos de su web no solo en inglés y español, sino quizás en otras lenguas”.

El ministro de Justicia español y también miembro del PP, Rafael Catalá, aseguró que los hispanohablantes están obligados a “defender” su lengua ante los “desafíos trascendentes, relevantes y complejos” que la comunidad iberoamericana afronta actualmente.

El miembro del Gobierno español recordó que actualmente hay más de 560 millones de hispanohablantes y explicó que la previsión es que esa cifra aumente hasta los 750 millones en 2020.

En opinión de Catalá, el español es “una gran lengua común” y sus hablantes deben, además de defenderla, “potenciar todas sus capacidades”.

Disponível em: <https://mundo.sputniknews.com>. Acesso em: 29 jan. 2017 (Adaptação).

TAPV

O texto discorre sobre o fechamento do site da Casa Branca, na sua versão em espanhol, após a posse de Donald Trump. Os políticos espanhóis defendem que A. os Estados Unidos deveriam ter o inglês e o espanhol

como línguas oficiais e comuns. B. os falantes do espanhol deveriam defender o idioma

perante os desafios que enfrentam nos EUA.C. os mais de 560 milhões de falantes de espanhol

deveriam lutar contra o idioma inglês. D. os Estados Unidos poderiam expor os conteúdos na

Internet em todos os idiomas.E. as leis estadunidenses favoreceriam o idioma inglês

como língua dos veículos oficiais.

Alternativa BResolução: A alternativa correta é a B, como pode ser confirmado no quarto parágrafo do texto: “los hispanohablantes están obligados a ‘defender’ su lengua ante los ‘desafíos trascendentes, relevantes y complejos’” que “la comunidad iberoamericana afronta actualmente”. As alternativas A e E estão incorretas, pois o texto não informa se há nos EUA uma legislação que estabeleça uma língua oficial para o país. A alternativa C está incorreta, pois os falantes de espanhol deveriam lutar pelo idioma materno, e não contra a Língua Inglesa. A alternativa D está incorreta porque o texto não afirma que os conteúdos deveriam ser disponibilizados em todos os idiomas, e sim que, além do inglês e do espanhol, o site poderia utilizar de outros idiomas também.

QUESTÃO 03 Preparación del pollo al ajillo

1. Limpiar los muslos de pollo. También se puede utilizar un pollo entero troceado, con cuidado de que queden de tamaño parecido para que se frían por igual. 2. Picar muy finos los ajos, exprimir el zumo de limón y reservarlo. 3. Poner a calentar un poco de aceite en la sartén a fuego medio. Poner a freír los muslos de pollo, dejar unos minutos hasta que estén bien dorados, dándoles la vuelta de vez en cuando para que se hagan por igual. 4. Agregar a la sartén los ajos y el zumo de limón. Cuando los ajos empiecen a dorarse, añadir el vino y dejar para que se forme la salsa y el vino se reduzca y evapore el alcohol. 5. Echar un poco de perejil y salpimentar al gusto. Apagar el fuego y servir el pollo bañado con la salsa.

Disponível em: <http://www.guiainfantil.com/recetas/carnes/pollo-y-gallina/pollo-al-ajillo-receta-de-la-abuela/>. Acesso em: 09 abr. 2015.

Para descrever o modo de preparo da receita culinária, o autor utiliza verbos no infinitivo. Esse recurso tem por objetivo

A incentivar o receptor a preparar um prato diferente de maneira pessoal.

B promover a aproximação entre o enunciador e o leitor na execução da receita.

C instruir o leitor, de forma distanciada, sobre os passos da preparação de um prato.

D salientar os segredos da culinária hispânica de maneira informal.

E orientar o leitor, de forma imperativa, na preparação de um prato.

LEVQ

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa CResolução: O gênero receita visa instruir o leitor a preparar determinado prato culinário. Na receita apresentada, essa instrução é feita com verbos no infinitivo, demonstrando distanciamento do leitor e impessoalidade. Portanto, a alternativa correta é a C.

QUESTÃO 04 El Día de Reyes es una tradición católica muy arraigada

en España y varios países donde esta tuvo colonias. Los niños de todos estos lugares esperan con ansias la llegada de los tres Reyes Magos que dejarán regalos en sus hogares.

Melchor, Gaspar y Baltasar son los tres personajes que fueron a adorar a Jesús cuando aún estaba en el pecebre. San Mateo es quien relata esta visita de los Reyes Magos al niño, ellos le llevaron tres obsequios: oro, incienso y mirra.

Además de establecerse la fecha, 6 de enero, también se fueron afincando tradiciones junto al Día de Reyes. Desde dejar comida para los reyes y sus camellos hasta enviar cartas pidiendo regalos a cambio del buen comportamiento. En España se celebra en la víspera una hermosa cabalgata en cada ciudad para recibir a los Reyes Magos y es tradición que los niños asistan a ver el espectáculo.

Disponível em: <http://elcomercio.pe>. Acesso em: 15 jan. 2016. [Fragmento]

O texto apresenta uma tradição religiosa celebrada na Espanha e em diversos países latinos. De acordo com o texto, na tradicional festa,A. as pessoas deixam comida para os reis magos e seus

camelos. B. a cavalgada é uma recompensa às crianças que se

comportaram bem. C. as cartas com os pedidos das crianças são deixadas nos

sapatos. D. os personagens presenteiam as crianças com ouro,

incenso e mirra.E. as crianças ficam ansiosas pelos presentes deixados na

manjedoura.

Alternativa AResolução: A alternativa correta é a A, pois é tradição deixar comida para os reis magos e seus camelos no Dia de Reis, como é possível verificar no terceiro parágrafo do texto. A alternativa B é incorreta, pois o texto afirma que todas as crianças podem assistir à cavalgada. A alternativa C é incorreta, pois as cartas com os pedidos de presentes das crianças são enviadas aos reis magos, e não deixadas em sapatos. A alternativa D é incorreta, porque os reis não presentearam as crianças, mas sim Jesus, com ouro, incenso e mirra na ocasião de seu nascimento. A alternativa E é incorreta, pois os reis magos deixam os presentes nas casas das crianças, e não em uma manjedoura, como é possível confirmar no primeiro parágrafo do texto.

QUESTÃO 05

Ventajas y desventajas de las casas de piedraLas construcciones con materiales naturales son

convenientes en términos económicos y ecológicos.Con piedra se construye muy bien la base de una casa,

incluso la primera planta o gran parte de la misma, aislando la estructura de la humedad del suelo, dándole solidez y firmeza.

U7CD

NBI8

En dos listas cortas a continuación puede revisar los pros y contras del uso de la piedra para hacer casas.

Ventajas de la piedra en la construcción:• Es un material muy económico debido a su baja

demanda en cualquier tipo de construcción.

• Es un material natural que se puede conseguir en cualquier lado.

• Tiene gran resistencia, de hecho, en la historia de la arquitectura es uno de los materiales que más ha aguantado las inclemencias del tiempo.

• La piedra es un material con gran aislante de sonido.

• Viene en gran variedad de forma y colores.

• Es ideal para viviendas rústicas y rurales que brinda armonía con cualquier tipo de paisaje natural.

• Es un material a prueba de fuego, insectos, alimañas y descomposición.

• La piedra es atractiva y no necesita mantenimiento.

Desventajas del uso de la piedra en la arquitectura:• La humedad es muy frecuente en las casas de

piedra.

• El proceso de construcción puede ser lento y costoso.

• Es un material difícil de reparar y / o modificar.

• Es necesario tener mucha experiencia para completar una construcción con éxito y que resulte eficiente.Disponível em: <http://www.arquitecturadecasas.info/ventajas-y-

desventajas-de-las-casas-de-piedra/>. Acesso em: 06 mar. 2018. [Fragmento]

O texto, veiculado em um site de arquitetura, tem por objetivo

A. descrever as construções feitas com pedras.

B. convencer o leitor a comprar uma casa de pedra.

C. advertir sobre os riscos de usar pedras em moradias.

D. aconselhar o uso de pedras na construção de residências.

E. instruir o leitor acerca do uso de pedras em construções.

Alternativa EResolução: O texto, como fica claro no título e no conteúdo, se dedica a instruir o leitor acerca do uso de pedras em construções, listando prós e contras da utilização desse material. Portanto, a alternativa correta é a E. A alternativa A está incorreta porque o texto traz informações sobre casas de pedra, mas não se dedica a descrever construções que utilizam esse material. A alternativa B está incorreta porque o texto não tenta convencer o leitor a comprar uma casa de pedra, e sim lista as vantagens e desvantagens do uso do material em construções. A alternativa C está incorreta porque o texto não aponta riscos para o uso de pedras, mas sim desvantagens. Por fim, a alternativa D está incorreta porque o texto não aconselha nem desaconselha o uso de pedras na construção de residências.

LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 06

Dezembro é o mais cruel dos meses

O poeta T. S. Eliot inicia seu longo poema, a obra-prima “A terra desolada”, com o conhecidíssimo verso “Abril é o mais cruel dos meses”. Para mim, o mais cruel dos meses é dezembro – e por isso o mais detestável. Em dezembro as pessoas rendem-se ao consumismo desenfreado e, obedientes às luzinhas chinesas e aos obesos papais-noéis, inundam as ruas como se estivessem entorpecidas. Torna-se, então, obrigatório ser feliz – como se a felicidade dependesse única e exclusivamente do nosso poder de compra.

Essa volátil sensação de euforia que nos arrebata nesta época do ano serve apenas para nos alienar momentaneamente da realidade. É como as cercas elétricas, os muros altos, as câmeras de segurança e os sistemas de alarme que prometem proteção contra a violência do mundo “lá de fora”, quando, na verdade, não existe o mundo “lá de fora” – estamos imersos na mesma experiência de vida e cada ato que cometemos ou deixamos de cometer modifica de maneira substancial e definitiva tudo e todos que nos rodeiam.

RUFFATO, L. Disponível em: <https://brasil.elpais.com>. Acesso em: 03 dez. 2017. [Fragmento]

Em um texto dissertativo-argumentativo, a tese é um elemento central, pois é o ponto de partida para a argumentação a ser desenvolvida. No fragmento, o autor apresenta como tese uma crítica

A. à violência do mundo “lá fora”, que aumenta nos meses de dezembro.

B. ao pensamento de T. S. Eliot, que critica injustamente o mês de abril.

C. ao consumismo desenfreado, que distrai as pessoas no fim do ano.

D. à miséria dos pobres, que não podem comprar presentes de Natal.

E. ao desinteresse pelo social, que revela o egoísmo das pessoas.

Alternativa C

Resolução: A tese do autor do texto pode ser entendida como uma crítica ao consumismo desenfreado que domina as pessoas no final de ano, em razão das festividades natalinas. Essa tese é exposta logo no primeiro parágrafo, quando o autor menciona: “Em dezembro, as pessoas rendem-se ao consumismo desenfreado, [...] inundam as ruas como se estivessem entorpecidas”. Está correta, portanto, a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois o autor não afirma que a violência aumenta no mês de dezembro, mas sim que, nessa época, ficamos momentaneamente alienados da realidade. Também não é feita, no texto, uma crítica ao pensamento de T. S. Eliot, cuja citação no texto serve apenas como ponto de partida para o desenvolvimento da argumentação do autor, que defende que dezembro, e não abril, é o mês mais cruel; logo, está incorreta a alternativa B.

FGO3 A alternativa D também não procede, pois nada é falado no texto acerca da situação dos pobres ou da impossibilidade de fazerem compras natalinas. Igualmente, a alternativa E está incorreta, pois não se evidencia no texto uma crítica ao desinteresse pelo social nem uma revelação do egoísmo das pessoas, já que esses assuntos não são tratados pelo autor.

QUESTÃO 07

O presidente da Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista, uma das principais corretoras de moedas virtuais do país, ressalta que a criptomoeda é um ativo com diversos riscos envolvidos. Segundo ele, os interessados não devem aplicar parte significativa do patrimônio ou uma quantidade de dinheiro que fará falta. “O bitcoin, sobretudo, ainda é uma tecnologia experimental. As pessoas precisam estudar o negócio antes de investir”, detalha. De acordo com Guto Schiavon, sócio-fundador da FOXBIT, os interessados em aplicar em criptomoedas precisam ter noção de que esse é um mercado com grande volatilidade e é necessário o mínimo de conhecimento antes de tomar a decisão de investimento.

TIMÓTEO, A. Disponível em: <https://www.em.com.br>. Acesso em: 18 dez. 2017. [Fragmento]

As moedas virtuais são uma tecnologia recente que chamam atenção pelo seu alto valor de mercado. No fragmento, porém, autor e entrevistados destacam o fato de esse mercado ser

A. desconhecido.

B. experimental.

C. improdutivo.

D. oscilante.

E. recente.

Alternativa D

Resolução: O texto fala sobre a moeda virtual bitcoin e alerta para a necessidade de cuidado ao investir nesse tipo de mercado, devido ao fato de ser oscilante, não havendo, ainda, certeza de investimento. Está correta, assim, a alternativa D. A alternativa A não procede, pois o texto não fala que o mercado é desconhecido, mas sim volátil, havendo necessidade de se ter um conhecimento mínimo sobre ele antes de investir nas moedas virtuais. A alternativa B não procede, pois, embora o presidente da Mercado Bitcoin, Rodrigo Batista, cite que essa é uma tecnologia experimental, isso não é colocado como impedimento para os investimentos no mercado. O alerta é para que as pessoas tenham cuidado e estudem o mercado antes de investir, devido às suas oscilações. A alternativa C está incorreta, pois nada é falado no texto acerca do mercado de moedas virtuais ser improdutivo. A alternativa E está incorreta, pois o fato de ser um mercado recente não é destacado pelo autor nem pelos entrevistados.

O95Q

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QUESTÃO 08

Fumam ainda nas desertas praias Lagos de sangue tépidos e impuros Em que ondeiam cadáveres despidos, Pasto de corvos. Dura inda nos vales O rouco som da irada artilheria. MUSA, honremos o Herói que o povo rude Subjugou do Uraguai, e no seu sangue Dos decretos reais lavou a afronta. Ai tanto custas, ambição de império!

GAMA, B. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009. (Coleção L&PM Pocket). [Fragmento]

A estética arcadista confronta a estética barroca, a qual é carregada de efusões. Ao se analisar a forma do fragmento de Basílio da Gama, a evasão da estética barroca se faz notar

A. na métrica decassílaba.

B. na ausência de estrofes.

C. nos versos livres de rima.

D. no vocabulário elaborado.

E. no gênero epopeia clássica.

Alternativa C

Resolução: O distanciamento que o Arcadismo promove em relação à estética barroca surge com o objetivo de simplificar a poesia, livrando-a do rebuscamento exagerado. Assim, o retorno à estética clássica não se contrapõe ao Barroco, uma vez que os poetas barrocos também se valiam justamente de moldes clássicos, como o soneto e os versos metrificados e rimados. Nesse sentido, o uso de versos brancos, livres de rima, rompe com a estética barroca na epopeia de Basílio da Gama, como apontado corretamente na alternativa C. A alternativa A está incorreta porque a metrificação dos versos também estava presente na poesia barroca. A alternativa B está incorreta porque a ausência de estrofes não determina mudança estética frente ao Barroco. Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque a linguagem do texto se vale de vocabulário elaborado e diversas figuras de linguagem. Já a alternativa E está incorreta porque O Uraguai é uma nova epopeia, a qual apresenta mudanças em relação ao molde clássico, como o uso de versos brancos.

QUESTÃO 09

HANUKA, A. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 09 mar. 2015.

HDCL

Q7T8

O quadrinho pode ser interpretado como uma metáfora do próprio ato de criação. A concepção retratada nessa ilustração pode se relacionar à ideia de que criar é

A. romper com paradigmas artísticos.

B. retratar a realidade imediata.

C. expressar sentimentos elevados.

D. desenvolver uma técnica perfeita.

E. colocar ordem no caos interior.

Alternativa EResolução: No quadrinho, há uma metáfora do ato de criação, transmitindo-se a ideia de que criar é colocar ordem no caos interior, como pode ser visto nas duas primeiras imagens, as quais mostram a “cabeça” do artista como um emaranhado de fios, sendo substituída, depois, com o ato da criação, pela cabeça “normal”, expressando alívio pela finalização da obra. A alternativa que aponta corretamente esse entendimento é a alternativa E. Improcedem as alternativas A e B, pois a ideia no quadrinho não é a de romper com paradigmas ou retratar a realidade imediata. A alternativa C também não está correta, pois não são expressos sentimentos elevados no quadrinho, mas demonstra-se o desconforto do artista diante do trabalho em curso. A alternativa D também não está correta, pois não se tem, na ilustração, a ideia de desenvolvimento de uma técnica perfeita; ao contrário, nota-se a dificuldade do artista de passar para o papel em branco sua confusão mental, evidenciando o alívio final após conseguir concluir a obra e organizar o pensamento.

QUESTÃO 10 É inegável o fato de que, na sociedade brasileira

contemporânea, a igualdade de gêneros é algo que existe apenas na teoria. Medidas como a criação da Lei Maria da Penha e da Delegacia da Mulher, apesar de auxiliarem na fiscalização contra a violência ao sexo feminino e na proteção das vítimas, são insuficientes e pouco eficazes, algo comprovado através da alta taxa de feminicídios ocorridos em nosso país, além dos enormes índices de relatos de vítimas de violência.

BELÉM, S. D. C. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 12 mar. 2018. [Fragmento]

O título deve despertar a curiosidade do leitor e antecipar as principais ideias do texto. Considerando-se o exposto no trecho, introdução de uma redação, é um titulo coerente:

A. “Aumenta a taxa de feminicídios no Brasil”.

B. “Mulheres cada vez mais desprotegidas”.

C. “A importância da Lei Maria da Penha”.

D. “Conquistas da mulher no século XXI”.

E. “A ilusória igualdade de gêneros”.

Alternativa EResolução: A introdução da redação discorre sobre a situação das mulheres no país, mostrando como, a despeito de leis de proteção, continuam a existir relatos de violência contra elas. Tendo em vista essa exposição, o título mais adequado, entre as opções, é “A ilusória igualdade de gêneros”, uma vez que, de acordo com o texto, essa aclamada igualdade pouco tem se mostrado na prática,

5MSO

LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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existindo quase que apenas em teoria. Está correta, assim, a alternativa E. A alternativa A não está correta, pois o texto não fala sobre o aumento da taxa de feminicídio no Brasil, mas sim sobre sua manutenção; além disso, esse não é o foco do assunto de desenvolvimento do texto, consistindo apenas num dado citado pelo autor. Igualmente, a alternativa B não procede, pois não é falado, no texto, que as mulheres estão mais desprotegidas; ao contrário, hoje existem leis de proteção e delegacias especializadas; contudo, apesar disso, ainda há relatos de violência. A alternativa C não procede, pois o texto não discorre sobre a importância da Lei Maria da Penha, mas, em vez disso, aponta sua ineficácia e insuficiência. Do mesmo modo, a alternativa D está incorreta, pois nada é dito sobre as conquistas das mulheres no século XXI, mesmo que elas tenham existido.

QUESTÃO 11 Que poderei do mundo já querer, que naquilo em que pus tamanho amor, não vi senão desgosto e desamor, e morte, enfim; que mais não pode ser!

Pois vida me não farta de viver, pois já sei que não mata grande dor, se cousa há que mágoa dê maior, eu a verei, que tudo posso ver.

A morte, a meu pesar, me assegurou de quanto mal me vinha; já perdi o que perder o medo me ensinou.

Na vida desamor somente vi, na morte a grande dor que me ficou: parece que para isto só nasci!

CAMÕES, L. V. Rimas. Edição de Álvaro Júlio da Costa Pimpão. Coimbra: Atlântida, 1953.

O Barroco se manifesta numa linguagem conturbada e dramática. Nesse sentido, o soneto de Luís Vaz de Camões antecipa características estéticas desse movimento, pois

A. transparece o pessimismo com que o eu lírico encara a condição humana.

B. descreve o sofrimento por amor como consequência de uma vida pecaminosa.

C. critica o amor como uma ilusão humana diante de uma existência movida pela dor.

D. apresenta caráter biográfico ao descrever uma vida desde o nascimento até a morte.

E. revela a necessidade de se aproveitar cada momento frente à inevitabilidade da morte.

Alternativa AResolução: O soneto de Camões apresenta uma perspectiva pessimista da existência humana, pois “não vi senão desgosto e desamor”. Segundo a voz poética, não há o que aguardar da vida, a não ser mais dor e desilusão, uma vez que esse sentimento nunca passa, “pois já sei que não mata grande dor”. Tal pessimismo é sentimento recorrente para os artistas barrocos, para os quais a morte se tornou preocupação constante e inevitável. Assim, está correta a alternativa A.

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A alternativa B está incorreta porque, no soneto, a desilusão descrita não se limita a um relacionamento amoroso nem é apontada como punição por uma vida pecaminosa. A alternativa C está incorreta porque o soneto não apresenta tom de crítica ao sentimento amoroso, mas de sofrimento perante o inevitável. A alternativa D está incorreta porque a referência ao nascimento e à morte indicam a persistência da dor ao longo da vida. A alternativa E está incorreta porque o pessimismo que permeia o texto associa-se somente à dor da existência, e não ao Carpe diem.

QUESTÃO 12 A religião católica se implantara desde muito tempo.

A sociedade se constituíra sagrada. Tudo estava impregnado do divino e do religioso. Reis, nobres, clero e povo, todos tinham as mesmas certezas, as mesmas crenças, a mesma fé, o mesmo Deus; norteavam-se pelos mesmos princípios morais, praticavam os mesmos ritos e cultos, a mesma disciplina e as mesmas penitências: nasciam e morriam na Igreja. Neste contexto, o lugar social do clero tinha que estar em evidência.

PAIVA, J. M. Padre Vieira. São Paulo: Ícone, 2002. p. 24.

A maneira totalizante de vivenciar os dogmas da Igreja Católica norteou as produções literárias não só de Padre António Vieira, mas também a da maioria dos missionários da Companhia de Jesus ainda no século XVII. Com base na organização social de Portugal ao longo desse período, conclui-se que a obra dos missionários era destinada a

A. catequizar os povos das mais longínquas terras do Império Português.

B. determinar os hábitos e costumes da sociedade na metrópole e na colônia.

C. estabelecer novas maneiras de representação para as fragilidades de Deus.

D. disseminar de maneira positiva os valores advindos da Reforma Protestante.

E. questionar a hierarquia e o poder do clero em uma Europa em transformação.

Alternativa BResolução: Como exposto no fragmento, no século XVII a organização social de Portugal era tal que a religião católica ocupava lugar central, de modo que havia uma soberania do divino e do religioso, que fazia com que todos pensassem e agissem da mesma forma, seguindo os mesmos dogmas, conceitos e crenças. Nesse contexto, aqueles que não se adequavam a essa realidade eram alvo dos trabalhos de Padre António Vieira e da maioria dos missionários da Companhia de Jesus, que, em suas produções literárias, refletiam sobre o comportamento corrompido de fiéis e de sacerdotes desviados, determinando seus hábitos e costumes. Está correta, portanto, a alternativa B. Improcede a alternativa A, pois a catequização de povos do Império Português, embora presente nesse período, não era a destinação das obras literárias dos missionários da Companhia de Jesus. A alternativa C também está incorreta,

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pois, como exposto no fragmento de António Vieira, a religião católica e sua divindade eram vistas como autoridades máximas, logo, não havia o que se falar em fragilidade de Deus. Igualmente, a alternativa D não procede, pois os missionários da Companhia de Jesus estavam voltados para o trabalho da Contrarreforma, numa resposta direta ao protestantismo em defesa do catolicismo. A alternativa E também está incorreta, pois não se buscava, nesse período, questionar a hierarquia do clero; ao contrário, como exposto no fragmento de Padre Vieira, o clero, nesse contexto social, era inabalável e ocupava lugar social de evidência.

QUESTÃO 13

Capoeira na escola: os primeiros passos do projetoO Projeto de Capoeira na Escola é uma atividade

desenvolvida pelo Colegiado de Filosofia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de União da Vitória. A discussão em torno da cultura afro-brasileira tem crescido e lhe é assegurado um espaço de destaque no cenário educacional. Todavia, a discussão é, em determinado momento, tomada de forma ideológica, romântica e, também, preconceituosa. Mas não se pretende adentrar nesta seara; pelo contrário, a ênfase é justamente compreender a capoeira como ferramenta metodológica para discutir questões da cultura afro-brasileira.

ALMEIDA, A. C. S.; SANTIAGO, V. N. Capoeira na escola: cidadania e cultura. Disponível em: <http://periodicos.uesb.br>.

Acesso em: 10 dez. 2017. [Fragmento]

O texto é um fragmento da introdução de um artigo acadêmico. Segundo os autores, sua ênfase, acerca da prática da capoeira, é

A. abordá-la de forma ideológica no cenário educacional.

B. entendê-la como instrumento para promoção cultural.

C. discuti-la como atividade romântica e preconceituosa.

D. compreendê-la como uma possível disciplina escolar.

E. inseri-la no espaço de destaque da cultura brasileira.

Alternativa BResolução: Os autores revelam como a discussão sobre a capoeira tem sido empreendida até o presente e, ao final do trecho, apresentam sua abordagem, que consiste em “justamente compreender a capoeira como ferramenta metodológica para discutir questões da cultura afro- -brasileira”, ou seja, a capoeira é compreendida como um instrumento que possibilita a discussão de questões culturais e a promoção, especialmente, da cultura afro-brasileira. A alternativa correta é, portanto, a B. As abordagens ideológica, romântica e preconceituosa são aquelas que os autores citam como comumente empreendidas, as quais eles pretendem evitar, logo estão incorretas as alternativas A e C. A alternativa D está incorreta porque não há indícios no texto de que os autores compreendam a capoeira como uma disciplina escolar, uma vez que apenas apresentam o projeto de levá-la ao espaço da escola com o objetivo de fomentar a discussão de questões culturais, e não de formalizar a prática como disciplina. Por fim, a alternativa E está incorreta porque os autores não buscam inserir a capoeira no espaço da cultura brasileira, uma vez que a sua prática já é uma manifestação cultural nacional muito expressiva.

QJ4P

QUESTÃO 14

Disponível em: <https://alanshowreel.wordpress.com>. Acesso em: 16 fev. 2015.

A linguagem utilizada no anúncio publicitário, para cumprir a função do gênero, emprega

A. intertextualidade com a imagem do cão e do gato, considerados inimigos naturais, abraçados, para reforçar a importância de se combater a raiva.

B. forma imperativa, de modo a influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de convencê-lo sobre a importância da vacinação.

C. função poética, de modo a reiterar, com a forma da mensagem, o conteúdo apresentado.

D. subjetividade na transmissão da informação sobre a importância da vacinação, para sensibilizar os donos dos animais.

E. metalinguagem, para explicitar o próprio código empregado, que ressalta o objetivo da campanha.

Alternativa BResolução: Anúncios e campanhas publicitárias são textos geralmente pertencentes à tipologia injuntiva, por meio da qual são transmitidas orientação, instrução, sugestão, ordem ou conselho. No texto em análise, foram empregados verbos no modo imperativo (“mantenha” e “vacine”) para estabelecer uma interlocução direta com o leitor, influenciando-o acerca da necessidade e da importância da vacinação. A alternativa que aponta corretamente esse entendimento é a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o anúncio publicitário não faz uso de intertextualidade. As alternativas C e D estão incorretas, pois não são empregadas no texto função

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LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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poética ou subjetividade; ao contrário, o texto apresenta uma linguagem clara e objetiva, de modo a transmitir a mensagem de forma assertiva e direta. A alternativa E também está incorreta, pois não se nota, na campanha, a presença de metalinguagem.

QUESTÃO 15 Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem

blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. [...] Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo. [...] Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. [...] Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. [...] Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?

ANDRADE, C. D. O operário no mar. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Aguillar, 1964. [Fragmento]

“O operário no mar”, poema em prosa publicado em 1940, aborda a questão da diferença entre classes. Nota-se, que Drummond evita o discurso panfletário criando um personagem ambíguo que, dotado de características surreais, se apresenta como homem comum, para apontar a possibilidade do nascimento de um mundo novo e mais justo.

A passagem a seguir em que essa aproximação fraterna se faz presente é:

A. “Na rua passa um operário. Como vai firme!”

B. “Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros.”

C. “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão.”

D. “Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios”.

E. “Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido.”

Alternativa EResolução: No texto poético “O operário no mar”, nota-se uma aproximação fraterna, que aponta a possibilidade de nascimento de um mundo novo e mais justo, por meio da passagem “Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido”. Nesse trecho, o operário estabelece uma relação com o eu lírico, que até então vinha admirando e,

Y2AZ

ao mesmo tempo, evitando o sujeito, na crença de que este o desprezava, sabendo que eles não eram irmãos nem nunca se entenderiam. Essa barreira de relacionamento é quebrada pelo outro ao se voltar ao narrador e sorrir-lhe, levando-lhe ao rosto um beijo, que carrega consigo a esperança de compreensão. Está correta, assim, a alternativa E. As demais alternativas citam trechos que não representam a aproximação fraterna, estando, por isso, incorretas.

QUESTÃO 16

Deixo, ó Glaura, a triste lida Submergida em doce calma; E a minha alma ao bem se entrega, Que lhe nega o teu rigor.

Neste bosque alegre e rindo Sou amante afortunado; E desejo ser mudado No mais lindo Beija-flor.

Todo o corpo num instante Se atenua, exala e perde: É já de oiro, prata e verde A brilhante e nova cor.

ALVARENGA, S. O beija-flor – Rondó VII. In: Glaura: poemas eróticos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943. p. 16.

No conteúdo dos versos anteriores, de Manuel Inácio da Silva Alvarenga, reconhece-se a característica árcade da

A. apreciação das virtudes dos seres humanos.

B. valorização dos elementos da natureza.

C. reflexão sobre a efemeridade da vida.

D. exaltação das atividades cotidianas.

E. crítica ao trabalho árduo no campo.

Alternativa B

Resolução: O Arcadismo surge no século XVIII com a proposta de valorizar o contato com a natureza, tendo como cenário paisagens campestres e bucólicas, em contraposição ao início do desenvolvimento industrial naquela época. No poema de Manuel Inácio da Silva Alvarenga, pode-se perceber essa valorização por meio dos versos “Neste bosque alegre e rindo / sou amante afortunado; / E desejo ser mudado / no mais lindo Beija-flor”. Portanto, a alternativa correta é a alternativa B. As alternativas A e C estão incorretas, pois, nos versos, não se nota apreciação das virtudes dos seres humanos nem uma reflexão sobre a efemeridade da vida. Do mesmo modo, as alternativas D e E estão incorretas, pois não é característica do Arcadismo a exaltação das atividades cotidianas – temática que ganhará evidência no Realismo –, tampouco a crítica ao trabalho árduo no campo, elementos que não são constatados no poema em questão.

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QUESTÃO 17 O incentivo ao consumo do leite em diversas propagandas

está associado a uma vida mais saudável, com a prevenção de doenças crônicas, como a osteoporose, e como um alimento essencial para as crianças. No entanto, muitos estudos científicos não corroboram essa afirmação. Alguns não relacionam a ingestão de leite e seus derivados com o equilíbrio de cálcio no organismo. Além disso, ao contrário do que se pensa, outros estudos mostram que países que consumem pouco leite possuem menor incidência de osteoporose e fraturas ósseas.

Tudo começou em 2011, quando o departamento de nutrição da Universidade de Harvard nos EUA limitou o consumo de leite e seus derivados na sua nova pirâmide alimentar. A notícia foi como uma “bomba“ no campo da nutrição. Uma das causas dessa limitação ao leite seria devido à existência de alguns estudos que correlacionam o consumo do leite com câncer de mama e de próstata.

A sugestão de Harvard de consumir leite e seus derivados com moderação parece ser a melhor opção, mas novos e maiores estudos serão fundamentais para avaliar o real impacto do leite na saúde do homem.

RENKE, G. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com>. Acesso em: 10 dez. 2017. [Fragmento]

Considerando a tipologia textual predominante no texto, o objetivo primário do autor é

A. persuadir o leitor da necessidade de se reduzir o consumo de leite e derivados.

B. expor a abordagem incorreta de muitas publicidades sobre a ingestão de lactose.

C. instruir o leitor sobre o método para se prevenir doenças por meio da alimentação.

D. divulgar a pesquisa desenvolvida em Harvard que mudou dietas em todo o mundo.

E. descrever efeitos positivos e negativos dos derivados de leite no organismo humano.

Alternativa AResolução: O texto informa que o consumo de leite está associado, nas propagandas, a uma vida saudável e, em seguida, refuta essa ideia por meio da apresentação de um estudo científico que defende o contrário. Nesse sentido, o texto se enquadra na tipologia dissertativa- -argumentativa e tem como um de seus objetivos persuadir o leitor da necessidade de reduzir o consumo de leite e seus derivados, usando, para tal, a estratégia argumentativa do discurso de autoridade, o que torna correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque o autor expõe o equívoco das publicidades com o intuito de defender justamente o contrário do que é divulgado, que é importante reduzir o consumo de lactose. O texto também não instrui o leitor, como sugere a alternativa C, o que o enquadraria na tipologia injuntiva. Tampouco há no texto a intenção de divulgar a pesquisa feita pela Universidade de Harvard,

ZØXH como proposto na alternativa D, pois a menção a ela é um argumento de autoridade empregado para defender a moderação no consumo do leite. Por fim, não há a descrição de efeitos positivos e negativos dos derivados de leite no organismo humano, como sugere a alternativa E, mas uma contraposição entre os benefícios divulgados por propagandas e os efeitos divulgados por estudos científicos.

QUESTÃO 18 A sustentabilidade para as empresas não é um custo,

é um investimento.

Empresas que investem em sustentabilidade possuem uma melhor visibilidade e aceitação pelos clientes, sendo um diferencial competitivo.

Existem diversas maneiras de as empresas investirem em sustentabilidade, seja na logística reversa, utilização de energias renováveis (solar, eólica, etc.), contratação de terceiros que praticam a sustentabilidade, etc.

Se todas as empresas aderirem a todas as práticas possíveis de sustentabilidade, além de reduzirem os seus custos, demonstrarão preocupação com os clientes e a sociedade, gerando uma boa visibilidade e preferência pelos consumidores.

MONTEIRO, P. Disponível em: <http://www.administradores.com.br>. Acesso em: 10 dez. 2017. [Fragmento adaptado]

A tese defendida pelo autor se baseia principalmente na abordagem da sustentabilidade como uma estratégia de

A. aumentar o alcance da atuação empresarial na geração de benefícios para a sociedade.

B. estender o prazo de disponibilidade dos recursos naturais para utilização das empresas.

C. investir nos recursos da natureza para atender comercialmente às próximas gerações.

D. ampliar o prestígio e a evidência das empresas frente aos clientes e consumidores.

E. reduzir o impacto da indústria por meio da implantação de medidas de preservação.

Alternativa DResolução: O autor argumenta a favor da importância da sustentabilidade nas empresas com base na ideia de que esse engajamento demonstra a existência de uma preocupação das organizações com a sociedade e com o meio ambiente, o que gera uma boa visibilidade e pode despertar a preferência dos clientes, sendo este um diferencial competitivo no mercado. Está correta, portanto, a alternativa D. A geração de benefícios para a sociedade, sugerida na alternativa A, e a redução do impacto da indústria, proposta na E, estão subentendidas no conceito de sustentabilidade, mas não consistem na tese nem na argumentação presentes no texto, que foca no lucro e na visibilidade comercial que a empresa conquista. No mesmo sentido, a extensão do prazo de disponibilidade dos recursos naturais, conforme proposto na B, e o investimento nos recursos naturais para atender comercialmente às próximas gerações, sugerido na C, não são mencionados no texto, cujo foco são os resultados práticos para a empresa, o que invalida essas alternativas.

RO6Y

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QUESTÃO 19 AOS MISSIONÁRIOS, A QUEM O ARCEBISPO

D. FR. JOÃO DA MADRE DE DEUS RECOMENDAVA MUITO AS VIAS SACRAS,

QUE ENCHENDO A CIDADE DE CRUZES CHAMAVAM DO PÚLPITO AS PESSOAS POR SEUS NOMES,

REPREENDENDO A QUEM FALTAVA

Via de perfeição é a sacra via,Via do céu, caminho da verdade:Mas ir ao Céu com tal publicidade,Mais que à virtude, o boto à hipocrisia.

O ódio é d’alma infame companhia,A paz deixou-a Deus à cristandade:Mas arrastar por força, uma vontade,Em vez de perfeição é tirania.

O dar pregões do púlpito e indecência,Que de Fulano? venha aqui sicrano:Porque o pecado, o pecador se veja:

E próprio de um Porteiro d’audiência,E se nisto maldigo, ou mal me engano,Eu me submeto à Santa Madre Igreja.

MATOS, G. In: AMADO, J. (Org.). Gregório de Matos: obra poética. Preparação e notas de Emanuel de Araújo. 3. ed. v. 2. Rio de Janeiro:

Record, 1992. p. 206-207.

Gregório de Matos foi capaz de inserir, até mesmo na poesia sacra, reflexões que condenavam o comportamento dos indivíduos de sua época. No soneto, o eu lírico critica

A. o método violento empregado na catequização dos sujeitos pagãos.

B. a crença na religiosidade como única possibilidade de salvação eterna.

C. o modelo de sermão empregado por padres recém- -chegados da metrópole.

D. a estratégia de persuasão que relaciona Deus à conquista de poder e dinheiro.

E. a forma compulsória com a qual os sujeitos são impelidos a frequentar a Igreja.

Alternativa EResolução: No poema, Gregório de Matos faz uma crítica direta à forma como os missionários compeliam os indivíduos a frequentarem a igreja, chamando-os, do púlpito, pelos nomes e repreendendo publicamente aqueles que faltavam ao compromisso. Isso pode ser entendido mais claramente na passagem que abre o poema e nos versos “Mas arrastar por força, uma vontade, / em vez de perfeição é tirania” e “Porque o pecado, o pecador se veja”. Nessas passagens, o poeta faz clara menção ao autoritarismo dos missionários que chamavam atenção dos fiéis e expunham seus “pecados” em público, impelindo-os a participarem da via sacra. Está correta, assim, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o poema não aborda a catequização de pagãos nem faz alusão à violência desse método.

XHJ8 Igualmente, é incorreta a alternativa B, pois o poeta não critica a crença na religiosidade como única possibilidade de salvação eterna; ao contrário, ele defende essa ideia – como pode ser visto nos versos “Via de perfeição é a sacra via, / Via do céu, caminho da verdade:” –, contudo critica a forma como os missionários compeliam as pessoas a participarem da vida na igreja. Está incorreta também a alternativa C, visto que o poeta não fala, em seu texto, sobre o modelo de sermão de padres recém-chegados. Por fim, também está incorreta a alternativa D, pois, no poema, não se vislumbra uma crítica, nem mesmo uma menção, à estratégia de persuasão que relaciona Deus à conquista de poder e dinheiro.

QUESTÃO 20 Parlamentos são pródigos em aprovar leis inúteis e

até contraproducentes. E, se há um campo em que essa tendência se torna uma certeza, é a história. Quando Legislativos se metem a determinar como fatos históricos devem ser interpretados, só fazem besteira.

O exemplo mais recente é o da norma polonesa que pune com multa e prisão por até três anos “quem declare, publicamente e contrariamente aos fatos, que a Nação Polonesa ou a República da Polônia é responsável ou corresponsável pelos crimes nazistas cometidos pelo Terceiro Reich”.

Para começar, a norma é epistemologicamente impossível. Nenhuma lei é capaz de dar conta da complexidade da história. A relação dos poloneses com os judeus, cheia de nuances e reviravoltas, é matéria para vários livros.

Em segundo lugar, a norma é estrategicamente tola. Se a meta dos legisladores poloneses era evitar lembranças incômodas, a lei chama a atenção para elas.

Por fim, a norma é democraticamente inaceitável. Ela tenta reescrever a história e o faz tolhendo a liberdade de expressão.

A regra é tão inadequada que só faz sentido se a pensarmos como um tributo do governo ao crescente nacionalismo dos poloneses. E ideologias de cunho nacionalista, convém lembrar, é o que está na origem dos crimes que o Parlamento polonês quer agora mitigar.

SCHWARTSMAN, H. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 13 fev. 2018. [Fragmento]

No desenvolvimento do texto, ao posicionar-se a respeito de um fato, o autor critica a

A. ocorrência do Holocausto judeu, que é entendido como crime histórico irremediável.

B. nação polonesa, que contribuiu com os massacres de judeus na Segunda Guerra.

C. ideologia de cunho nacionalista, que parece se revigorar em várias sociedades.

D. inviabilidade da norma, que procura reler de forma equivocada um fato histórico.

E. inutilidade das casas parlamentares, que efetuam mal sua tarefa de legislar.

6AØV

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Alternativa D

Resolução: A crítica feita no texto diz respeito à inviabilidade da norma polonesa que busca punir com multa ou prisão quem declare publicamente que a nação polonesa foi responsável ou corresponsável por crimes nazistas cometidos contra judeus durante o Terceiro Reich. Para isso, o autor apresenta argumentos contrários à aplicação dessa norma, mostrando sua improcedência, haja vista que ela tenta modificar um fato histórico. Está correta, assim, a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois a crítica do texto não é direcionada ao Holocausto, que meramente é mencionado quando é citada a norma polonesa. Também está incorreta a alternativa B, pois o texto não critica a nação polonesa nem a acusa abertamente de ter contribuído para os massacres de judeus. A alternativa C está incorreta, pois o texto não faz uma crítica direta às ideologias de cunho nacionalista nem menciona que elas têm se revigorado. A alternativa E, finalmente, está incorreta, pois o texto não afirma que as casas parlamentares são inúteis, mas apenas menciona que, muitas vezes, elas aprovam leis desnecessárias ou mesmo contraproducentes.

QUESTÃO 21

A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o mapa da violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o Balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.

O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher ”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, por estarem dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para esse tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.

CASTRO, A. C. M. Disponível em: <http://download.inep.gov.br>. Acesso em: 12 mar. 2018. [Fragmento]

No fragmento da redação, mesmo não havendo um conectivo explícito entre os parágrafos, a autora, para estruturá-los,

A. expõe a finalidade de uma ideia anterior, podendo iniciar o segundo parágrafo com “Para isso”.

B. conclui uma ideia da introdução, podendo iniciar o segundo parágrafo pela conjunção “Portanto”.

YF6Q

C. estabelece uma relação de oposição com a tese, podendo iniciar o segundo parágrafo com “Entretanto”.

D. apresenta noção causal, podendo iniciar o segundo parágrafo com “Primeiramente, deve-se observar que”.

E. traz a consequência do dado da introdução, podendo iniciar o segundo parágrafo com “Consequentemente”.

Alternativa DResolução: Na redação, embora não haja um conectivo entre os dois parágrafos, percebe-se uma evolução temática que segue uma noção causal, de modo que o segundo parágrafo está relacionado ao primeiro por meio dessa lógica. Portanto, para iniciar o segundo parágrafo, a autora poderia ter empregado: “Primeiramente, deve-se observar que”, indicando que uma das causas de a violência contra as mulheres ter aumentado é o fato de que o Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Está correta, assim, a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o segundo parágrafo não expõe a finalidade de uma ideia anterior, mas sim a desenvolve. Também está incorreta a alternativa B, pois o segundo parágrafo não conclui a ideia da introdução, mas sim a explica e justifica. A alternativa C não procede, pois não há relação de oposição entre as ideias, que não são contrárias, mas sim complementares. A alternativa E também está incorreta, pois não existe uma noção de consequência entre as ideias.

QUESTÃO 22

Soneto de fidelidadeDe tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento [...]

MORAES, V. Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora do autor, 1960. p. 96. [Fragmento]

As primeiras estrofes do poema indicam um discurso caracterizado como

A. confessional.

B. intertextual.

C. metalinguístico.

D. metafórico.

E. panfletário.

Alternativa AResolução: As primeiras estrofes do soneto de Vinicius de Moraes indicam um discurso confessional, como se pode perceber pelo recurso autobiográfico marcado pelo uso da primeira pessoa nos versos “De tudo ao me amor serei atento” e “Quero vivê-lo em cada vão momento”. Está correta, assim,

QJDL

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a alternativa A. As demais alternativas estão incorretas, pois não se nota, no soneto, um discurso intertextual (influência de um texto sobre outro), metalinguístico (o poema falando sobre a própria produção poética), metafórico (produção de sentido figurado por meio de semelhança semântica) ou panfletário (questionamento de pontos relevantes de sustentação da sociedade).

QUESTÃO 23

Disponível em: <http://www.casaronald.org.br>. Acesso em: 25 maio 2017.

Na campanha publicitária divulgada por uma rede de fast-food, os recursos argumentativos visuais e verbais objetivam, principalmente,A. informar sobre a dependência de pessoas a tratamentos

químicos diversos e custosos.B. fazer com que sejam mais constantes o apoio e as

doações à instituição beneficente.C. sensibilizar os cidadãos a entenderem o funcionamento

de campanhas contra o câncer.D. comover o público do restaurante para que

compreendam as consequências da doença.E. quantificar pessoas e empresas que ajudam causas

nobres como o combate ao câncer.

Alternativa BResolução: A imagem do garoto Theylor Webber tem, acima de tudo, o objetivo de comover o público, já que fotografias de crianças doentes normalmente sensibilizam as pessoas. O texto verbal da campanha, por sua vez, informa que o câncer infantil tem cura, se tratado com os recursos necessários, por isso o trecho “Faça sua doação” consta no cartaz, já que a instituição é beneficente, isto é, ajuda a comunidade à base de doações e apoio. Os trechos “Ele tem certeza disso” e “Diga sim à vida” também têm o objetivo de sensibilizar o público, induzindo-o a doar à instituição. Assim, a alternativa correta é a B. A alternativa A está incorreta porque, ainda que pacientes em tratamento contra o câncer sejam, de fato, dependentes de caros tratamentos químicos – daí a necessidade de doação –,

ØCU8

o cartaz não traz essa informação ao público. As alternativas C e D estão incorretas porque o cartaz também não tem o objetivo explicar como funcionam as campanhas contra o câncer (que podem acontecer de múltiplas maneiras) nem qual seria a consequência da doença (a cura é, por outro lado, consequência de um tratamento adequado). Já a alternativa E está incorreta porque a campanha não indica quem são nem quantos são os doadores a essa ou outras instituições.

QUESTÃO 24

O roubo do direito de ser criançaPreparar bem as crianças de agora implica, de maneira

lógica, ter uma sociedade melhor no futuro. É pensar por que atualmente, diante de grandes índices de violência, tantos menores de idade estão nessas estatísticas. É pensar que essa criança, esperança do futuro, vê-se numa encruzilhada vital tão cedo: trabalha, pratica crimes ou morre.

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, o Brasil tinha 4,6 milhões de trabalhadores com idade entre 10 e 17 anos. Segundo esses dados, 56,63% nada recebem por seu trabalho. Eis o roubo do direito de ser criança. Retiram-lhe, de maneira violenta, esse direito tão essencial, comprometendo os fatores biológicos, psicológicos, intelectuais e morais, numa fase de extrema importância da vida. Pais, que talvez quisessem educar, precisam ensinar o trabalho. Note bem a diferença entre educar e ensinar. Alguns, talvez munidos de sua educação mais privilegiada, hão de pensar que não configura motivo para a delinquência o fato de trabalhar desde cedo, afinal o trabalho é dignificante.

O trabalho é digno quando é exercido de forma digna. Não existe dignidade sem educação de qualidade e, não há dignidade em crianças de 10 anos trabalhando em meios insalubres, perigosos, em jornadas diárias superiores a 12 horas. Não há filhos de médicos, advogados, empresários trabalhando assim.

Crianças devem ser crianças. Esse tipo de trabalho não pode nem deve ser alternativa aos menores de idade porque marginaliza, tira deles um direito essencial de maneira tão violenta quanto aqueles que com uma arma roubam dez reais. Por isso, a importância da máxima de Rui Barbosa: “Aos iguais, tratamento igual; aos desiguais, tratamento desigual.”

MIGUEL, J. A. Folha de Londrina. 13 out. 2007. [Fragmento adaptado]

Argumentos de princípio são aqueles apresentados pela citação de valores e direitos garantidos por lei ou amplamente aceitos na sociedade. A passagem do texto que exemplifica essa estratégia argumentativa é:

A. “tantos menores de idade estão nessas estatísticas.”

B. “Eis o roubo do direito de ser criança.”

C. “Note bem a diferença entre educar e ensinar.”

D. “afinal o trabalho é dignificante.”

E. “Crianças devem ser crianças.”

SGØ3

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Alternativa E

Resolução: O título, porta de entrada para a interpretação de um texto, já deixa entrever o posicionamento crítico do autor, que considera inconcebível de fato de a criança – “esperança do futuro” – trabalhar ou praticar crimes. Ainda segundo o autor, crianças não podem ser expostas ao trabalho infantil porque “crianças devem ser crianças” e nada além disso. Esse argumento pode ser considerado um argumento de princípio porque trabalha com uma ideia aceita globalmente, a de que as crianças devem agir como crianças, ou seja, devem priorizar o estudo e as brincadeiras, sendo tratadas com respeito e carinho por seus responsáveis. Está correta, então, a alternativa E. As demais alternativas estão incorretas porque os trechos em A e C não apresentam traço argumentativo, e em B e D a argumentação não recorre à citação de valores e direitos garantidos por lei ou aceitos na sociedade. A afirmação de que “o trabalho é dignificante”, que pode ser tida como um lugar-comum, é, ao contrário, negada pelo autor.

QUESTÃO 25

TatuagemQuero ficar no teu corpo Feito tatuagem Que é pra te dar coragem Pra seguir viagem Quando a noite vem

Quero brincar no teu corpo Feito bailarina Que logo te alucina Salta e se ilumina Quando a noite vem

[...]BUARQUE, C. Disponível em: <http://letras.mus.br>.

Acesso em: 30 mar. 2015. [Fragmento]

A forma verbal “feita”, particípio passado de “fazer”, não ocorre nos versos de Chico Buarque, pois neles percebe-se que a forma utilizada, “feito”, indica o(a)

A. concepção de realização, isto é, algo que foi construído.

B. feitio, forma que é alcançada pelo eu lírico.

C. ideia de algo realizado com esmero.

D. sentido de uma conjunção comparativa.

E. significado de algo já terminado.

Alternativa D

Resolução: A forma “feito”, usada na letra da canção de Chico Buarque, tem o sentido de uma conjunção comparativa, podendo ser substituída, sem perda de sentido, por “como”. Está correta, portanto, a alternativa D. Estão incorretas as alternativas A, B, C e E porque a forma “feito” não assume o sentido do verbo “fazer” de realização, construção ou conclusão, tampouco o sentido de feitio, mas implica a noção de comparação entre termos.

7VZJ

QUESTÃO 26

Era uma vez dois pobres lenhadores, que voltavam para casa através de um grande pinheiral. Era inverno, e a noite estava extremamente fria. A neve jazia espessa no solo e sobre os galhos das árvores: a geada fazia estalar os tenros ramos por onde eles passavam; e quando chegaram à Cachoeira da Montanha, viram-na suspensa, imóvel no ar, pois o Rei Gelo a beijara.

O frio era tamanho que nem mesmo os animais e os pássaros sabiam como se arranjar.

– Ufa! – rosnou o lobo, ao passar vacilante, pelo mato, com a cauda entre as pernas. – Este tempo é terrivelmente monstruoso. Por que o governo não toma alguma providência?

– Piu, piu, piu! – pipilaram os pintarroxos verdes. – A velha terra está morta, e cobriram-na com sua mortalha branca.

– A terra vai se casar, e este é o seu vestido de noiva – murmuraram as rolas entre si. Seus pezinhos cor-de-rosa estavam inteiramente gelados pela neve, mas elas achavam que deveriam dar à situação uma nota romântica.

WILDE, O. O menino e a estrela. In: Contos e novelas de Oscar Wilde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 143.

A expressão que abre o conto marca, na cultura eurocêntrica, o modo de construção temporal de muitos gêneros narrativos. No fragmento do autor irlandês Oscar Wilde, o tempo é apresentado como momento impreciso, vinculando-se a uma representação

A. fantástica e transgressora dos contos populares.

B. mágica e longínqua da paisagem e dos animais.

C. objetiva e moralizante das relações pessoais.

D. inverossímil e infantilizada da natureza.

E. bem-humorada e irônica da vida rural.

Alternativa B

Resolução: A expressão “Era uma vez”, que abre o conto de Oscar Wilde, marca a imprecisão do tempo da narrativa, vinculando-se a uma representação mágica e longínqua da paisagem e das personagens. Corrobora essa ideia o trecho em que é informado que o Rei Gelo beijou a cachoeira, mencionando uma personagem de característica fantástica. Igualmente, o fato de os animais falarem também marca essa representação mágica do conto. Está correta, assim, a alternativa B. Improcede a alternativa A, pois, na narrativa, não há uma representação transgressora dos contos populares. Do mesmo modo, a alternativa C não procede, pois não se verifica no conto uma representação moralizante ou mesmo objetiva das relações pessoais. Ainda, no conto, não há uma representação inverossímil ou infantilizada da natureza, tampouco bem-humorada e irônica da vida rural, estando incorretas as alternativas D e E.

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QUESTÃO 27 Passei a vida com gente dizendo para eu viver a vida.

Esse conselho não solicitado era oferecido sempre que eu estava no meu canto, absorto e feliz, com um livro na mão. Na ideia simples dos simples, quem lê não “vive” realmente.

O que implica saber que tipo de “vida” pode ser qualificado de “vida”. Respirar o ar puro das montanhas? Passear no shopping? Conversar ininterruptamente ao celular? Ir para as redes sociais e rir alto com imagens de gatinhos que sabem como usar o controle remoto? Mistério.

Foram precisos anos e anos de luta contra a estupidez para perceber que o problema não estava em mim. Estava nos outros. Eles falavam da vida que não viviam – e inquietavam-se com alguém que parecia vivê-la mais intensamente, embora sem sair do lugar.

E quem fala em livros, fala no resto da criação humana. Rebecca Nicholson escreve no The guardian um ensaio primoroso sobre as horas que desperdiçamos com séries televisivas. O verbo, claro, está errado: para Rebecca, o que uns chamam “desperdício” é na verdade uma bênção dos céus.

Seinfeld, a mais brilhante comédia da história da televisão, exige 11 dias de trabalho. The Wire, o mais próximo que a ficção televisiva esteve da grande literatura, consome 7,5 dias. The Sopranos vê-se em 10,75 dias.

Por outras palavras: no espaço de um mês, ao ritmo de 8 horas diárias, é possível assistir a três obras-primas que nos acompanham para a vida. E ainda sobram mais 11 meses para respirar o ar puro das montanhas e rir alto com imagens de gatinhos que sabem como usar o controle remoto.

COUTINHO, J. P. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 13 fev. 2018. [Fragmento adaptado]

No texto, o autor menciona o cálculo matemático de Rebecca Nicholson para

A. concordar com as pessoas que acreditam que ler é desperdiçar a vida.

B. corroborar a hipótese de que as séries televisivas são perda de tempo.

C. discordar do ensaio do The guardian que defende a TV como bênção.

D. endossar a afirmação de que o desfrute da vida varia entre as pessoas.

E. refutar o raciocínio de que ver séries de TV é uma forma de viver bem.

Alternativa DResolução: O autor do texto defende a ideia de que a vida pode ser desfrutada de formas variadas por diferentes pessoas. Para endossar essa tese, ele cita o cálculo feito por Rebecca Nicholson, mostrando que é possível assistir a três aclamadas séries televisivas em um mês, o que para alguns poderia indicar um desperdício de tempo e, para outros, uma bênção. Está correta, portanto, a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o autor não concorda com as pessoas que acreditam que ler é desperdiçar a vida;

W4GM ao contrário, ele defende justamente que a leitura é uma forma de viver a vida mais intensamente, embora sem sair do lugar. As alternativas B, C e E estão incorretas, pois o autor não defende que assistir séries televisivas é perda de tempo nem que é uma bênção ou uma forma de viver bem; na verdade, ele defende a ideia de que o que é considerado perda de tempo para algumas pessoas não o é para outras, havendo uma variação entre as pessoas sobre o que é considerado “desfrutar a vida”.

QUESTÃO 28 Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente!

O esculhambador-geral da República!

E o Paul McCartney já veio pra São Paulo 17 vezes! O Paul McCartney vem pra São Paulo mais vezes que o Dória! Rarará! McCartney pra prefeito! Daqui a pouco a gente encontra o McCartney até na fila do pãozinho do Bom Preço de Itaquera!

E o Trump, o Bob Esponja do Mal? “Estados Unidos sai da Unesco”. Ele acha que o mundo são grupos de WhatsApp, sai a hora que quer! Trump sai do grupo da Unesco! Trump sai do grupo da Otan!

E uma eleitora do Bolsonaro me disse que a Unesco quer destruir a família brasileira.

E o líder da oposição na Venezuela se chama Armando Armas! Rarará!

SIMÃO, J. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2017. [Fragmento adaptado]

A respeito da coesão textual, a conjunção “e”, usada no início de vários parágrafos do artigo anterior,

A. representa um vazio semântico.

B. alude a um efeito de progressão.

C. mostra-se inadequado ao contexto.

D. torna fragmentadas as ideias expostas.

E. encadeia as ideias em variedade formal.

Alternativa BResolução: A conjunção “e”, usada no início de alguns parágrafos do texto, provoca, no campo da coesão textual, um efeito de progressão, uma vez que concatena ideias de mesmo valor semântico. Nota-se, nesse sentido, que cada parágrafo iniciado pela conjunção é uma “notícia” diferente, introduzindo assuntos relacionados ao campo da política, como se fossem chamadas jornalísticas. Logo, está correta a alternativa B. Está incorreta a alternativa A, pois o uso da conjunção não representa um vazio semântico; ao contrário, dá progressão a ideias de mesmo valor. Também está incorreta a alternativa C, haja vista que o uso dessa conjunção não é inadequado ao contexto, visto que se trata de um texto jornalístico. A alternativa D não procede, pois as ideias expostas não são fragmentadas. Como exposto, o uso da conjunção simula chamadas jornalísticas, introduzindo novos assuntos que, embora diferentes, estão relacionados ao mesmo campo de ideias. A alternativa E também está incorreta, pois não há um encadeamento de ideias de variedade formal por meio do uso da conjunção “e”.

O8MH

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QUESTÃO 29

Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/>. Acesso em: 30 nov. 2015.

O texto publicitário apresenta traços particulares acerca do uso da língua e da composição textual, que são próprios desse gênero. Na campanha em questão, como recursos para a valorização da mensagem, foram usados(as)

A. palavras repetidas para facilitar o entendimento.

B. verbos no imperativo para estabelecer interlocução.

C. expressões técnicas para cumprir o propósito.

D. frases descritivas para garantir objetividade.

E. conectivos para articular as ideias entre as orações.

Alternativa B

Resolução: Na campanha em questão, predomina a tipologia textual injuntiva, aquela por meio da qual é passada uma orientação, ordem, conselho, dica. Nesse tipo de texto, o objetivo é transmitir a mensagem de forma direta, com o intuito de levar o interlocutor a assumir determinada ação; nesse caso, evitar a disseminação da dengue por meio do controle do ambiente. Para isso, como recurso para a valorização da mensagem, foram empregados verbos no modo imperativo (“Elimine”, “fique”, “mantenha”, “não deixe”, etc.), que estabelece uma interlocução direta com o leitor, transmitindo a orientação de forma clara e assertiva. A alternativa que aponta corretamente esse entendimento é a alternativa B. As demais alternativas estão incorretas, pois não são recursos de valorização da mensagem, nessa campanha, repetição de palavras (alternativa A), expressões técnicas (alternativa C), frases descritivas (alternativa D) ou conectivos (alternativa E).

QUESTÃO 30

CAZO. Disponível em: <https://pt-br.facebook.com/luizfernando.cazo>. Acesso em: 18 fev. 2018.

HCSC

3VGE

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O humor da charge baseia-se na relação entre o texto verbal e o texto visual. Transpondo-se a imagem em palavra, o objeto que gera o riso equivale, do ponto vista sintático, a um

A. objeto direto.

B. objeto indireto.

C. complemento nominal.

D. sujeito.

E. adjunto adverbial.

Alternativa AResolução: O botijão de gás que o rapaz carrega atrás de si quebra a expectativa em relação à joia da qual ele fala, entendida como ornamento de metal de alto valor monetário. O texto, portanto, revela uma crítica ao preço do gás no Brasil. Do ponto de vista sintático, o botijão atua como complemento do verbo “comprar”. A pergunta feita, “Adivinha só o que eu comprei?”, apresentaria como resposta “Eu comprei um botijão de gás”. Nesse contexto, “um botijão de gás” é o objeto direto do verbo “comprar”. Está correta, então, a alternativa A.

QUESTÃO 31 Eram doze cavaleiros, Homens muito valorosos, Destemidos e animosos Entre todos os guerreiros, Como bem fosse Oliveiros, Um dos pares de fiança, Que sua perseverança Venceu todos os infiéis Eram uns leões cruéis Os Doze Pares de França! Todos eram conhecidos Pelos Leões da Igreja, Pois nunca foram a peleja Que nela fossem vencidos. Eram por turcos temidos, Pela Igreja estimados, Porque, quando estavam armados, Suas espadas luziam E os inimigos diziam: – Esses são endiabrados!

BARROS, L. G. A batalha de Oliveiros com Ferrabrás. São Paulo: Luzeiro. [Fragmento]

A literatura de cordel está permeada de características da poesia medieval, sendo o cordelista contemporâneo semelhante à figura do trovador. O trecho de Leandro Gomes de Barros dialoga com essa tradição porque

A. apresenta temáticas regionais associadas ao cristianismo.

B. recupera os eventos da guerra entre os gregos e os turcos.

C. carrega simbolismos religiosos na menção aos doze apóstolos.

VZM9

D. representa o culto ao ideal cavalheiresco e aos seus feitos heroicos.

E. recorre a estereótipos, como o cavaleiro, para fazer uma crítica social.

Alternativa DResolução: Em seu princípio, a literatura de cordel divulgava histórias tradicionais da mitologia grega e da cultura medieval. O trecho em análise foi inspirado pelas novelas de cavalaria medievais e conta a história de lendários cavaleiros e seus feitos heroicos. Dessa forma, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta porque o que se observa é a regionalização de temas universais, os quais não se limitam ao cristianismo. A alternativa B está incorreta porque na cultura do cordel a figura do turco representa o mal e é usada para indicar quão temidos e respeitados eram os doze cavaleiros, não havendo, portanto, descrição de guerra alguma entre gregos e turcos. A alternativa C está incorreta porque a menção à Igreja marca a extensão do domínio dos cavaleiros, temidos até pelas figuras de poder. Ainda, o texto faz referência a Carlos Magno e à sua tropa pessoal, formada por doze, cavaleiros, assim os doze apóstolos não são mencionados. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o trecho não apresenta crítica social, mas enaltecimento à figura dos cavaleiros e seus feitos.

QUESTÃO 32

TEXTO IChamam-lhes tatus, são tamanhos como coelhos

e têm um casco à maneira de lagosta como de cágado, mas é repartido em muitas juntas como lâminas; parecem totalmente um cavalo armado, têm um rabo do mesmo casco comprido, o focinho é como de leitão, e não botam mais fora do casco que a cabeça, têm as pernas baixas e criam-se em covas, a carne deles tem o sabor quase como de galinha. Esta caça é muito estimada na terra. Há também muitas galinhas de mato que os índios matam com frechas, e outras muitas aves muito gordas e sabrosas melhores que perdizes. Desta e de outra muita caça há no Brasil muita abundância.

GÂNDAVO, P. M. Tratado da Terra do Brasil. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br>.

Acesso em: 13 mar. 2018.

TEXTO IIQuando Pero de Magalhães Gândavo, por exemplo,

quer descrever um tatu para os olhos europeus, o animal que brota de sua descrição tem tanto a ver com o verdadeiro tatu, quanto com a imagem de um monstro compósito que existe sobretudo ali mesmo no seu texto – tal acontece num poema –, o que caracteriza portanto um procedimento de fundo poético, centrado, nesse caso, na profusão de símiles, ainda que essa não fosse a intenção do autor.

FREITAS, M. V. Charles Frederick Hartt, um naturalista no império de Pedro II. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 84.

Inserido no contexto da colonização no território brasileiro ainda na segunda metade do século XVI, Gândavo foi um dos mais importantes cronistas responsáveis pela divulgação de uma paisagem idílica do Novo Mundo. Com base num de seus textos e num comentário acerca dele, conclui-se que o historiador português utiliza a estratégia de

5S3W

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A. elaboração da linguagem, que eleva o documento ao nível de texto artístico.

B. reinterpretação do cenário, que elimina os principais elementos da paisagem.

C. mescla de formalidade, que permite ao documento ser lido por qualquer pessoa.

D. recriação de estilo da Língua Portuguesa, que facilita a compreensão do texto.

E. construção inovadora do vocabulário, que descreve criativamente a realidade.

Alternativa A

Resolução: Como mencionado no texto II, um comentário acerca de um texto de Pero de Magalhães Gândavo, o cronista português usava efusivamente a estratégia de elaboração da linguagem, a exemplo do uso de diversos símiles, elevando seus textos, ainda que não intencionalmente, ao nível artístico. Está correta, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois o cronista não usava de reinterpretação do cenário nem eliminava os principais elementos da paisagem; ao contrário, como se nota na descrição do tatu, ele detalha o objeto analisado em pormenores, empregando, contudo, uma linguagem elaborada, quase poética. A alternativa C está incorreta porque o texto privilegia a linguagem formal; além disso, esses documentos eram lidos somente pela Corte portuguesa, não estando à disposição de “qualquer pessoa”. A alternativa D está incorreta porque Gândavo não recria a língua para facilitar a compreensão de seus textos, mas por uma necessidade de retratar seres ou coisas estranhos aos europeus. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há uma inovação do vocabulário no texto, mas uma elaboração que parte de um vocabulário já conhecido.

QUESTÃO 33 Na semana passada, vivi uma experiência muito

desagradável, ao descobrir que havia perdido a memória – memória virtual, bem entendido, mas hoje tão imprescindível quanto a real. Por causa de uma pane ou vírus, desapareceram de meu computador os quase quatro mil e-mails que estavam na caixa de entrada, os arquivos não foram atacados, só o correio eletrônico. [...] Em um segundo, cadê aquelas mensagens carinhosas que te enterneceram? Onde está aquele leitor com o qual você trocou alguns e-mails e já se sentiram amigos de infância? O que fazer com as respostas que você deixou para dar depois porque requeriam uma certa reflexão, não podiam ser dadas de estalo? E as outras tantas não respondidas por falta de tempo? Como vai se sentir a jovem deprimida que pediu um help meio desesperado e vai receber o silêncio?

VENTURA, Z. Se não me falha a... In: Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 71-72.

Como elemento estruturante da narrativa, o narrador pode assumir diversas formas e posicionamentos na trama. A partir do fragmento, conclui-se que as reflexões na crônica são empreendidas por uma voz

RBRY

A. desprovida de onisciência.

B. confusa em suas colocações.

C. autocentrada em suas falhas.

D. incapaz de definir o problema.

E. desenganada por uma injustiça.

Alternativa A

Resolução: Na crônica, o narrador assume uma voz desprovida de onisciência, já que não tem conhecimento absoluto e pleno sobre o que aconteceu, apresentando questionamentos que evidenciam sua ignorância diante de algumas colocações. Desse modo, está correta a alternativa A. Improcede a alternativa B, pois a voz narrativa não apresenta colocações confusas, mas sim questionamentos acerca de algumas situações que ficarão sem respostas. Também improcede a alternativa C, pois a voz narrativa não é autocentrada em suas falhas, não assumindo para si a responsabilidade sobre o acontecimento. A alternativa D está incorreta, pois o narrador consegue definir o problema, embora não tenha solução para ele. A alternativa E está incorreta, pois embora lamente o ocorrido, o narrador não se sente desenganado nem injustiçado.

QUESTÃO 34

Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2018.

Na campanha nacional do Ministério da Saúde, defende-se que a vacinação é necessária à boa saúde. A argumentação construída pauta-se, principalmente, em

W448

LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A. comoção dos filhos, oferecendo-lhes esportes, como futebol, e lazer, com a personagem.

B. sensibilização dos adultos, convocando-os a uma ação e instruindo-os sobre como proceder.

C. sedução das crianças, mostrando-lhes que o momento de vacinação pode ser de diversão.

D. intimidação dos pais, coagindo-os a se vacinarem também ao afirmar serem “duas gotinhas”.

E. exploração da diversidade, usando-a como recurso para o público-alvo compreender que todos devem participar.

Alternativa BResolução: A argumentação na campanha do Ministério da Saúde pauta-se na sensibilização dos pais, que são convocados a levar os filhos para serem vacinados. Na linguagem verbal, destaca-se, como argumento, o uso do pronome possessivo “seu”, relacionado a “filho”, estabelecendo uma relação direta com os pais, e do verbo “vacinar” no modo imperativo, chamando-os para uma ação direta. Na linguagem visual, destaca-se a imagem de várias crianças saudáveis e felizes, o que contribui para a sensibilização dos pais, que desejam ver seus filhos dessa forma. Ainda, a campanha instrui os pais sobre como proceder para a vacinação, informando que devem comparecer a um posto de vacinação e levar o “cartão criança”. Está correta, portanto, a alternativa B. As alternativas A e C não procedem, pois a campanha não é voltada para as crianças, mas sim para os pais. A alternativa D não procede, pois não se busca intimidar os pais, mas sim sensibilizá-los para a necessidade de vacinação infantil. Além disso, os pais não são coagidos a se vacinarem também, pois a campanha deixa muito claro se tratar da vacinação dos filhos. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a exploração da diversidade, embora presente na campanha, não é o argumento usado para convencer os pais a levarem seus filhos para vacinar, tratando-se, na verdade, de recurso complementar para possibilitar a identificação de um maior número de pessoas com a campanha.

QUESTÃO 35 Um corpo musculoso não é necessariamente sinônimo

de saúde. O corpo do atleta, por exemplo, que é moldado para o desempenho e para a vitória, pode apresentar uma série de lesões. Já o bodybuilding ou o fisiculturismo, que é a prática de exercícios de resistência progressiva para controlar e desenvolver os músculos do corpo, pode acarretar distúrbios como a vigorexia, definida pelo Dr. Drauzio Varella como uma distorção da autoimagem que leva os portadores à prática exagerada de exercícios físicos.

Há vários elementos que influenciam os padrões corporais. O mais evidente é a mídia, que influenciou o padrão do corpo feminino primeiro pelo cinema, depois pela televisão e hoje pela Internet. Também através da mídia criou-se um discurso da saúde relacionada à atividade física, somando-se o imaginário heroico que circunda o esporte.

5XLV

Tudo isso cria uma falsa relação no senso comum entre esporte e saúde. Porém, especialistas ressaltam a gravidade dessa associação.

VALE, T. F. Disponível em: <http://www.usp.br>. Acesso em: 05 dez. 2017. [Fragmento adaptado]

A estratégia argumentativa empregada como ponto de partida do texto é

A. a alusão a fato histórico relevante.

B. a desconstrução de lugar-comum.

C. a definição de conceito médico.

D. a apresentação de dados.

E. o discurso de autoridade.

Alternativa BResolução: O ponto de partida do texto é a desconstrução de um lugar-comum (“corpo musculoso é sinônimo de saúde”) como estratégia argumentativa. Partindo dessa desconstrução, logo no primeiro parágrafo, o autor dá continuidade ao desenvolvimento da ideia apresentando argumentos que corroborem o que foi afirmado. Nota-se, assim, que está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois não é feita alusão a um fato histórico na introdução do texto. A alternativa C também está incorreta, pois a apresentação de um conceito médico é apresentada apenas no final do primeiro parágrafo e funciona como argumento secundário para corroborar a tese apresentada inicialmente. A alternativa D está incorreta, pois não ocorre apresentação significativa de dados de modo a sustentar a tese argumentativa. A alternativa E está incorreta, pois, embora seja usado o discurso de autoridade – por meio da citação do médico Drauzio Varella –, esse não é o ponto de partida do texto, sendo, na verdade, um argumento secundário que corrobora a tese de que um corpo musculoso não necessariamente reflete saúde.

QUESTÃO 36 Em 2011, ganhei uma bolsa para passar três meses

na Índia. Eu estava trabalhando no rascunho de um livro e precisava de tempo para me dedicar exclusivamente a isso. Fui parar na Fundação Sanskriti, um lugar incrível, em Nova Deli, onde funcionam três museus e dez estúdios de artistas.

Logo que cheguei, recebi um pendrive de acesso à Internet e estava feliz da vida por ter conexão ilimitada. Até que apareci para o primeiro almoço coletivo e descobri que não pegava muito bem essa história de se conectar à Internet. Afinal, pensavam meus companheiros de residência, estávamos na Índia e, ali, a pessoa deve querer se desligar do mundo.

Diante disso, tive uma pequena crise e me perguntei se estava contaminando uma oportunidade de experiência autêntica por falar no Skype com minha família, compartilhar fotos no Instagram e descobrir notícias do mundo pelo mural do Facebook. Mas, ao postar a primeira foto da Índia e bater meu recorde de likes no Instagram, deixei de lado as dúvidas.

SOALHEIRO, B. Manga madura versus likes no Instagram. Vida simples. 137. ed. [Fragmento]

Y1RQ

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Ao expor considerações pessoais a respeito do uso da Internet em meio ao contexto social da Índia, a autora

A. questiona o distanciamento social para se entregar à escrita.

B. conclui ser positivo explorar as possibilidades tecnológicas no país.

C. relativiza a necessidade de estar conectada em viagens internacionais.

D. assume recorrer a amigos para se descontaminar de preconceitos.

E. identifica nas redes sociais uma oportunidade de divulgar seu livro.

Alternativa BResolução: No final de seu texto, a autora expõe que suas dúvidas sobre o uso da Internet no contexto social da Índia foram eliminadas depois que ela postou uma foto no Instagram e bateu recorde de likes, evidenciando que as pessoas aprovaram a imagem divulgada. Sendo assim, ela conclui, de maneira positiva, que vale a pena explorar os recursos tecnológicos no país, a despeito da ideia de alguns companheiros que acreditam ser a Índia um lugar para se desligar do mundo. Está correta, assim, a alternativa B. A alternativa A não procede, pois a autora não questiona o distanciamento social para se entregar à escrita, mas sim a necessidade de distanciamento digital para usufruir de uma oportunidade de experiência autêntica, chegando à conclusão de que não é necessário esse distanciamento para aproveitar o que o país tem a oferecer. A alternativa C também não procede, pois o foco do texto não é a relativização acerca da necessidade de se estar conectado em viagens internacionais, mas sim de aproveitar melhor uma experiência com ou sem o distanciamento digital. A alternativa D não procede, pois a autora não recorre a amigos para se descontaminar de preconceitos, assunto que sequer é levantado no texto. Também está incorreta a alternativa E, pois a autora não menciona ter descoberto uma possibilidade de divulgar seu livro através das redes sociais; ela apenas menciona querer usar as redes para se conectar com a família e se manter atualizada durante sua viagem.

QUESTÃO 37 Lira VII

Vou retratar a Marília,A Marília, meus amores;Porém como? Se eu não vejoQuem me empreste as finas cores:Dar-mas a terra não pode;Não, que a sua cor mimosaVence o lírio, vence a rosa,O jasmim, e as outras flores. Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os Astros, voa, Traze-me as tintas do Céu.

GONZAGA, T. A. Lira VII. In: Marília de Dirceu. São Paulo: Ediouro. p. 9.

Q5XL

Marília de Dirceu recria literariamente a paixão do poeta Tomás Antônio Gonzaga por Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão. Em seus versos, a natureza aparece como lugar ameno e agradável, no qual o eu lírico busca vivenciar o amor, característica das obras árcades. Na “Lira VII”, a apreciação dos elementos da natureza

A. impede que o sujeito poético represente o seu amor por Marília.

B. constrói uma imagem lúgubre e mórbida do cenário campestre.

C. evoca a dificuldade de representação da beleza da mulher amada.

D. associa a paisagem bucólica à subjetividade do comportamento feminino.

E. denuncia as limitações do trabalho de criação ao representar o belo.

Alternativa CResolução: Na “Lira VII”, de Tomás Antônio Gonzaga, o poeta demonstra a dificuldade de representar a beleza da mulher amada comparando-a a elementos da natureza. Em seus versos, pode-se ver a tentativa de associar a cor de Marília às cores das flores da natureza, contudo sem sucesso, pedindo, ao final, que sejam trazidas tintas dos céus, para que consiga ilustrar a beleza de sua amada. Está correta, assim, a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois a apreciação dos elementos da natureza, no poema, não é impedimento para que o poeta represente seu amor por Marília, sendo notada, nos versos, uma impossibilidade de comparação pela ausência de elementos que a retratem com fidelidade, mas não um impedimento. A alternativa B está incorreta, pois, no poema, não se tem uma paisagem campestre lúgubre e mórbida, mas sim uma representação bela das flores, que mesmo assim não se comparam à beleza de Marília. A alternativa D também está incorreta, pois não há, nos versos de Tomás Antônio Gonzaga, uma associação entre a paisagem e a subjetividade do comportamento feminino. Igualmente, a alternativa E não procede, pois não há uma denúncia da limitação do trabalho de criação, mas uma alusão à dificuldade de se encontrar, na natureza, cores que possam representar a beleza da mulher amada.

QUESTÃO 38 Aqui sentado neste mole assento Que formam as ervinhas deste prado, Enquanto a verde relva pasce o gado, Quero ver se divirto meu tormento.

Que fresca tarde está! Que brando o vento Move as águas do rio sossegado! E como neste choupo levantado Se queixa a triste rola em doce acento!

As flores com suavíssima fragrância, As aves com docíssima harmonia Fazem mais alegre esta fresca estância:

5KX1

LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Mas nada os meus pesares alivia; Que da minha saudade a cruel ânsia Me não deixa um instante de alegria.

CRUZ E SILVA, A. D. Soneto. In: MORATO, F. M. T. A. M. (Org.). Poesias de António Dinis da Cruz e Silva na Arcádia de Lisboa Elpino Nonacriense. Tomo I. Lisboa: Tipografia Lacerdina, 1807.

António Dinis da Cruz e Silva foi um dos fundadores da Arcádia Lusitana, a academia literária de Portugal, em meados do século XVIII, e um prolífico poeta dos princípios estéticos preconizados pelo Neoclassicismo. No soneto anterior, é característica desse movimento

A. a ânsia da morte resultante da passagem do tempo retratada na natureza.

B. a retomada do folclore medieval na representação da ninfa Flora pela natureza.

C. o conflito de um eu lírico atormentado pela vida rural em busca dos luxos da cidade.

D. a representação da realidade tal qual ela se apresenta sem o rebuscamento barroco.

E. a contenção elaborada dos sentimentos exposta em linguagem sem exagero figurativo.

Alternativa E

Resolução: A poesia do Arcadismo é marcada pelo enaltecimento da vida simples, desdenhando da nobreza e das grandes ambições. Nesse sentido, o soneto se insere nesse movimento tanto por estar permeado pela apreciação da natureza, com referências à amenidade da vida no campo, quanto por apresentar uma linguagem simples, sem figuras de linguagem ou inversões sintáticas em excesso. Além disso, a abordagem do tema proposto por Cruz e Silva se dá num discurso despojado, opondo-se ao exagero expressivo do Barroco. Está correta, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o soneto não representa as preocupações com a transitoriedade da vida, e os elementos naturais estão imersos no sentimento escapista. A alternativa B está incorreta porque não há referências folclóricas no texto, mas sim à observação da paisagem natural, a qual é incapaz de aliviar os pesares da voz poética. Por sua vez, a alternativa C está incorreta porque o eu lírico valoriza o ambiente campestre, não sendo este o motivo de seu tormento. Já a alternativa D está incorreta porque o soneto expõe o ensimesmamento do eu lírico, que, embora aprecie a natureza, revela-se atormentado; não há, portanto, uma representação fidedigna da realidade nem o rebuscamento estético comum ao Barroco.

QUESTÃO 39

QUINO. Toda Mafalda. 2. ed. São Paulo: Martins Editora, 2010.

Na tirinha, pai e filho conversam em linguagem coloquial. Uma inadequação à norma-padrão da língua está presente na

A. ausência do advérbio “onde” na pergunta do menino, no segundo quadrinho.

B. redundância do uso do verbo “vai”, no terceiro quadrinho.

C. posição proclítica do pronome “te”, no quarto quadrinho.

D. correlação entre “você” e “põe”, no quinto e no sexto quadrinhos.

E. pergunta realizada com o verbo “põe” no modo imperativo, no sexto quadrinho.

Alternativa D

Resolução: A linguagem empregada pelas personagens na tirinha é coloquial, portanto inadequações à norma culta da língua devem ser toleradas, já que o objetivo do autor foi justamente emular a fala do dia a dia entre pais e filhos. No entanto, considerando o que prevê a gramática prescritiva da língua, entre as inadequações sugeridas nas alternativas, viola as regras gramaticais a correlação entre “te”, pronome pessoal de segunda pessoa, e “você”, pronome de tratamento que se realiza na terceira pessoa. Para corrigir essa inadequação, há duas possibilidades: “Ah, tu não podes? / Me põe no chão, moço, po favô?”, ou “Ah, você não pode? / Me ponha no chão, moço, po favô?”. Isso ocorre na fala do menino nos últimos dois quadrinhos.

S3K3

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Assim, a resposta correta é a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque na pergunta “E o Sol?” está implícito o advérbio “onde”. A alternativa B está incorreta porque a segunda ocorrência de “vai” estabelece a interlocução entre os falantes. A alternativa C está incorreta porque o pronome “te” pode vir antes ou depois do verbo “trazer”. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o modo imperativo pode ser empregado numa pergunta, denotando pedido em vez de ordem.

QUESTÃO 40

Disponível em: <https://www.cendhec.org.br>. Acesso em: 07 dez. 2018.

Na campanha contra o trabalho infantil, empregou-se no texto verbal, para impor expressividade, a figura de linguagem

A. personificação.

B. eufemismo.

C. pleonasmo.

D. hipérbole.

E. antítese.

Alternativa A

Resolução: No slogan “A infância morre quando trabalha”, o substantivo abstrato “infância” é personificado, tornando-se dotado de ações praticadas por seres humanos: morrer e trabalhar. Portanto, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque expressão alguma é suavizada no texto; pelo contrário: a escolha vocabular tem o objetivo de sensibilizar os leitores por meio do verbo “morrer”. A alternativa C está incorreta porque não há a repetição, intencional ou não, de ideia alguma expressa na campanha. A alternativa D está incorreta porque também não há exagero intencional – poderia ser dito que há hipérbole em “a infância morre”, no entanto esse é um caso de metonímia, em que “infância” toma o lugar de “criança”, ou de metáfora, em que “morre” é sinônimo de “acaba”. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque não há contraste de ideias no texto.

QUESTÃO 41

Não deixam criar cabelo nas partes de seu corpo, porque todos os arrancam, somente os da cabeça deixam, os quais tosquiam de muitas maneiras, porque uns os trazem compridos com uma meia-lua rapada por diante, que dizem tomaram esse modo de São Thomé, e parece que tiveram dele alguma notícia, ainda que confusa. Outros fazem certo gênero de coroas e círculos que parecem frades: as mulheres todas têm cabelos compridos e de ordinário pretos, e de uns e outros é o cabelo corredio; quando andam anojados deixam crescer o cabelo, e as mulheres quando andam de dó cortam os cabelos, e também quando os maridos vão longe, e nisso mostram terem-lhe amor e guardarem-lhe lealdade; é tanta a variedade que têm em se tosquiarem que pela cabeça se conhecem as nações.

1X1Q

GC16

LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Agora já andam alguns vestidos, assim homens como mulheres, mas estimam-no tão pouco que o não trazem por honestidade, mas por cerimônia, e porque lho mandam trazer, como se vê bem, pois alguns saem de quando em quando com umas jornes que lhes dão pelo umbigo sem mais nada, e outros somente com uma carapuça na cabeça, e o mais vestido deixam em casa: as mulheres fazem muito caso de fitas e pentes.

CARDIM, F. Tratados da terra e gente do Brasil. São Paulo: Hedra, 2009. [Fragmento]

O trecho em que o jesuíta Fernão Cardim transparece a imposição cultural sofrida pelo indígena brasileiro é:

A. “somente os da cabeça deixam, os quais tosquiam de muitas maneiras”.

B. “Outros fazem certo gênero de coroas e círculos que parecem frades”.

C. “as mulheres quando andam de dó cortam os cabelos”.

D. “o não trazem por honestidade, mas por cerimônia, e porque lho mandam trazer”.

E. “alguns saem de quando em quando com umas jornes que lhes dão pelo umbigo”.

Alternativa DResolução: A literatura jesuíta faz parte do Quinhentismo e traz ideologias que visavam à aculturação da população indígena em busca de sua conversão para o cristianismo e para o modo de vida europeu. O relato de Fernão Cardim faz parte do cânone jesuíta e demonstra, no trecho exposto na alternativa D, como o indígena aderiu ao traje europeu contra a sua vontade, devido à imposição do colonizador. As demais alternativas estão incorretas porque expõem hábitos dos nativos, os quais ainda não haviam sido condenados nem proibidos pelos portugueses.

QUESTÃO 42 Receita para se fazer um herói

Toma-se um homem Feito de nada como nós Em tamanho natural [...] Embebece-lhe a carne De um jeito irracional Como a fome, como o ódio Depois, perto do fim Levanta-se o pendão E toca-se o clarim E toca-se o clarim Serve-se morto Serve-se morto Morto, morto

JUNG, A. et. al. Receita para se fazer um herói. In: Ira!. Psicoacústica. LP. WEA, 1988. [Fragmento]

9G71

Na letra da canção “Receita para se fazer um herói”, da banda de rock nacional Ira!, percebe-se certa confluência de gêneros, pois nesse texto mescla-se a estrutura tradicional de uma receita à(s)A. delimitação dos elementos estruturais típicos de uma

narrativa.B. encenação de um fato presente em subgêneros como

a tragédia. C. estrutura paralelística pertencente ao gênero dramático.D. lacunas e parcialidades características do gênero lírico.E. objetividade e formalidade inerentes ao gênero épico.

Alternativa DResolução: Na letra da banda Ira!, nota-se a confluência entre o gênero textual receita e o gênero literário lírico, esse último evidenciado por meio da parcialidade presente na letra da canção, como pode ser observado no verso “Feito de nada como nós”. Está correta, assim, a alternativa D. A letra A não procede, pois não são delimitados, na canção, elementos estruturais típicos da narrativa, como espaço, tempo, personagens. Tampouco há encenação de fatos, característica da tragédia, como apontado na alternativa B. As alternativas C e E também estão incorretas, pois, na canção, não se nota estrutura paralelística característica do gênero dramático, tampouco objetividade inerente ao gênero épico.

QUESTÃO 43

Disponível em: <https://www.designerd.com.br>. Acesso em: 03 maio 2017 (Adaptação).

Na publicidade, a mensagem do anunciante está relacionada à

A. ambição das mulheres de terem os cabelos lisos.

B. intervenção das mulheres na natureza dos cabelos.

C. mudança contínua do visual para elevar a autoestima.

D. postura apática de algumas mulheres frente à vaidade.

E. conscientização das dificuldades do tratamento capilar.

1KDW

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa B

Resolução: O anúncio mostra Marge Simpson, personagem do seriado Os Simpsons, em duas versões: com seu característico cabelo crespo e com um penteado bastante diferente. Há a sugestão de que ela os tratou com o produto divulgado, o que a teria deixado contente, como visto em seu sorriso, em oposição ao seu anterior olhar vacilante. O texto verbal do anúncio do creme capilar, ainda, revela que o cosmético “torna seus cabelos macios e brilhantes e não os deixa oleosos”. Assim, a mensagem do produto está voltada para mulheres que intervêm no aspecto natural de seus cabelos, como expõe a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o artigo definido “as” em “das mulheres” carrega o sentido de que todas as mulheres têm a ambição de ter os cabelos lisos, o que não é um fato e também não é defendido pelo texto. A alternativa C está incorreta porque o anúncio divulga um produto em específico, sem sugerir que as mulheres mudem constantemente a aparência de seus cabelos. A alternativa D está incorreta porque o texto não afirma que mulheres de “cabelos indisciplinados” não sejam vaidosas, ainda que carregue a inferência de que cabelos tratados com o produto em pauta sejam os “cabelos de uma mulher maravilhosa”. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o próprio texto vende um produto para tratamento capilar estético que provavelmente não funcionará em todas as mulheres e contribuirá para a perpetuação de estigmas e preconceitos na indústria da beleza, não havendo, portanto, conscientização alguma.

QUESTÃO 44

O que te torna sustentável?

Um conceito correto e amplo de sustentabilidade está associado a soluções, caminhos e planos que busquem resgatar adoções de práticas sustentáveis na vida de cada pessoa e que atinjam uma melhora comum a todos. Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), elaborados pela Cúpula das Nações Unidas em 2015, trazem essa atmosfera. Alguns desses pontos focam em igualdade de gênero, promoção do bem-estar e redução das desigualdades, por exemplo.

Sendo assim, é correto dizer que sustentabilidade é o respeito aos valores que sustentam a sua, a minha e a vida de todo mundo. Esses mesmos valores cabem no mundo corporativo, pois são eles também que sustentam o seu negócio. Ou seja, tem postura sustentável quem respeita esses valores.

E aqui entramos em um dos pontos fundamentais desta recategorização. É cada vez mais proeminente a necessidade de tomarmos decisões e atitudes que priorizem o todo. Agir com consciência, ética, espírito de coletividade e cumplicidade. Pensar em uma nova perspectiva para a vida comum, que traga equilíbrio entre as pessoas e o contexto social não é fácil, mas é o que alcança e faz sentido quando falamos da verdadeira preocupação com o próximo.

Finalmente, quando pensamos no futuro e em como estará o mundo, a lógica se inverte. Não temos mais de pensar no mundo que vamos deixar para nossos filhos, mas pensar nos filhos que nós vamos deixar para o mundo.

REQUIÃO, G. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br>. Acesso em: 04 set. 2017. [Fragmento]

Considerando a estrutura do texto dissertativo-argumentativo em questão, a construção do terceiro parágrafo, em relação aos demais, consiste em uma

A. reafirmação da tese de que as empresas não agem apenas na busca do lucro.

B. proposta de intervenção para desenvolver valores de uma postura sustentável.

C. proposição do tema da presença da sustentabilidade no mundo corporativo.

D. retomada do problema da conceituação ainda imprecisa de sustentabilidade.

E. argumentação que se opõe à existência de uma visão sustentável nas empresas.

Alternativa B

Resolução: Após definir o conceito de sustentabilidade e defender que ela pode ser adotada no mundo corporativo, o texto apresenta formas de se desenvolver os valores associados a uma postura sustentável, a saber: tomar decisões e atitudes que priorizem o todo, agir com consciência, ética, espírito de coletividade e cumplicidade, além de pensar em uma nova perspectiva para a vida comum, que traga equilíbrio entre as pessoas e o contexto social. Essas sugestões consistem na proposta de intervenção. A alternativa correta é, portanto, a B. A alternativa A está incorreta porque sugere que o terceiro parágrafo apresente a reafirmação da tese, característica comum nos parágrafos conclusivos, o que não se aplica ao caso. A incorreção da alternativa C consiste em afirmar que esse trecho seja a proposição do tema, o qual já foi anunciado nos parágrafos anteriores, ao se recomendar a presença da sustentabilidade no mundo corporativo. A alternativa D também está incorreta porque propõe que o trecho seja uma retomada do problema da conceituação ainda imprecisa de sustentabilidade, mas a conceituação foi feita de maneira precisa no parágrafo anterior. Por fim, a alternativa E apresenta a sugestão incorreta de que o trecho consiste em uma argumentação que se opõe à existência de uma visão sustentável nas empresas, mas é mostrado justamente o contrário em todo o texto.

GZDC

LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 45 Há quem evite de me contar histórias porque, para

eles, talvez eu seja uma fofoqueira. Há quem tenha pavor de ter sua história contada aos quatro ventos. Mas nem saberão que são eles os felizardos de viverem tanta pequena coisa gostosa.

Dessas histórias, ouvi uma ontem à noite. Caiu-me de presente nos ouvidos, como se não fosse nada. Depois de um dia cansativo, desastrado, alguém me presenteia com um texto pronto. Só me faltava limar as beiradas para que ficassem arredondadas.

O francês Roland Barthes, lido com rigor durante a graduação, adora metáforas gastronômicas. Não estive cansada de lidar com as semelhanças entre saber e sabor, de etimologias parentes. Ou de pensar a delícia do gosto das palavras. Palavra, gente, precisa saber degustar. E isso a gente aprende, porque está aqui, nos nossos cinco sentidos mais primários. Todo mundo tem. Não sabe é porque ainda não sentiu o gosto. Não saboreou, melhor assim.RIBEIRO, A. E. Disponível em: <http://www.digestivocultural.com.br>.

Acesso em: 13 fev. 2018.

No trecho anterior, a relação sintática estabelecida entre “de presente” (. 7) e o verbo com o qual se vincula é a mesma daquela estabelecida por:

A. “ontem à noite” (. 6).

B. “me” (. 8).

C. “com um texto pronto” (. 9).

D. “metáforas gastronômicas” (. 12).

E. “a delícia do gosto das palavras” (. 14-15).

Alternativa AResolução: Em “caiu-me de presente nos ouvidos”, o verbo “cair” é transitivo indireto, sendo “me” o seu objeto indireto; “de presente”, seu adjunto adverbial, denotando modo; e “nos ouvidos”, também um adjunto adverbial, dessa vez indicando circunstância de lugar. De modo semelhante, “ontem à noite” representa o tempo em que uma das histórias foi ouvida, tratando-se também de um adjunto adverbial. Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque “presentear” é um verbo transitivo, e o termo “me” tem função de objeto direto. A alternativa C está incorreta porque “com um texto pronto” é o objeto indireto do verbo “presentear”. Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque “adorar” é transitivo direto e “metáforas gastronômicas” é seu objeto direto. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque “pensar” também é transitivo direto e “a delícia do gosto das palavras” é o objeto direto.

2HØE

5

10

15

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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TEXTO IO comportamento alimentar se define como “respostas

comportamentais ou sequenciais associadas ao ato de alimentar-se, maneira ou modos de se alimentar, padrões rítmicos da alimentação”. Esse tipo de comportamento é influenciado por condições sociais, demográficas e culturais, pela percepção individual e dos alimentos, por experiências prévias e pelo estado nutricional. Entre tais fatores, o impacto sociocultural no padrão alimentar e no desenvolvimento de transtornos alimentares tem sido estudado mais frequentemente, avaliando-se os costumes familiares e as informações veiculadas pelos meios de comunicação em massa.

GONÇALVES, J. A. et al. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Disponível em: <https://pdfs.semanticscholar.org>.

Acesso em: 15 mar. 2018.

TEXTO IISe já existe um estigma considerável a respeito de

distúrbios mentais mais conhecidos, ele chega a ser muito maior em torno de transtornos alimentares. O senso comum acredita que transtornos alimentares são perfeitamente controláveis, e que seus portadores fazem isso para chamar atenção. Ledo engano: transtorno alimentar é um termo psiquiátrico usado para descrever padrões comportamentais em relação à alimentação que podem trazer prejuízos graves para a saúde dos portadores.

Transtornos ou disfunções alimentares são síndromes psiquiátricas que se caracterizam pelo uso de dietas restritivas ou o consumo por compulsão e pelo uso de métodos diversos para a perda de peso; ou até mesmo pela rejeição de alimentos diversos. Transtornos alimentares podem afetar crianças, adolescentes e adultos e, embora haja prevalência de jovens mulheres entre as portadoras diagnosticadas, cresce o número de homens que também são diagnosticados com transtornos alimentares.

Disponível em: <https://www.suplementosbrasil.org>. Acesso em: 15 mar. 2018.

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. • O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de

linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:• desrespeitar os direitos humanos.• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES

821T

TEXTO IIIAdolescentes fazem parte de um grupo de risco para o

desenvolvimento de transtornos alimentares, visto que nessa fase de intenso desenvolvimento ocorrem modificações psíquicas, mentais e físicas, o que pode causar insatisfações corporais até que tal desenvolvimento termine.

Na adolescência, os pais assumem uma posição diferente na vida do indivíduo, causando muitas vezes certo distanciamento de seus filhos, enquanto os amigos e o grupo em que o adolescente está inserido assumem grande relevância, interferindo nas escolhas, valores, atributos sociais e características físicas.

O surgimento e a manutenção dos transtornos alimentares podem ser influenciados pelo padrão de beleza da sociedade atual, pelas mensagens e valores passados pela mídia, pela influência dos pares e pelas emoções que, quando não administradas corretamente, agravam e predispõem ao quadro.

UZUNIAN, L. G.; VITALLE, M. S. S. Habilidades sociais: fator de proteção contra transtornos alimentares em adolescentes.

Disponível em: <https://www.scielosp.org>. Acesso em: 15 mar. 2018. [Fragmento adaptado]

TEXTO IV

Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2018.

PROPOSTA DE REDAÇÃOA partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua

formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Os transtornos alimentares entre os jovens brasileiros”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A proposta de redação orienta-se por uma temática geral:

OS TRANSTORNOS ALIMENTARES ENTRE OS JOVENS BRASILEIROS

Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam assim, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como título.

Itens de correção de acordo com a grade Enem:

I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbo-nominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso sejam mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se o texto for claro, mas apresentar algumas falhas gramaticais, que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas.

• Número máximo de erros linguísticos para a obtenção de nota total nessa competência: dois erros (acima disso, penalizar na correção). Este item é avaliado em consonância com o item IV.

II. Na compreensão do tema, os alunos devem discutir a gravidade dos transtornos alimentares que acometem muitos cidadãos brasileiros, principalmente os jovens. Dessa forma, é necessário reconhecer os males causados a essa parte da população, apontando as possíveis causas desses transtornos. Analisando a coletânea de textos motivadores, vê-se no texto I, um artigo acadêmico, a conceituação de “comportamento alimentar”, sob o qual, segundo os autores, há a influência de aspectos socioculturais, que podem dar origem a algum transtorno alimentar. O segundo texto, por sua vez, reforça a gravidade dos transtornos alimentares, muitas vezes subestimados pela população geral, motivo pelo qual o diagnóstico pode demorar a acontecer. Já o texto III, também um artigo acadêmico, levanta hipotéticas causas para o desenvolvimento dos transtornos alimentares na adolescência: o fato de essa ser uma conturbada fase da vida em que o caráter está em formação. Finalmente, o quarto texto é uma campanha do Ministério da Saúde que busca sensibilizar o público-alvo por meio de um conteúdo verbo-visual impactante, comunicando que a anorexia, um dos mais usuais transtornos alimentares, pode matar. Com relação ao cumprimento do objetivo, os alunos devem perceber a necessidade de criar um enfoque problematizador do tema (desafios e perspectivas), já que é solicitada a criação de uma proposta de intervenção. Desse modo, podem propor uma tese de raciocínio relacionada, por exemplo, à necessidade de a sociedade ampliar a discussão acerca dos transtornos alimentares, principalmente em escolas e universidades. Também pode-se argumentar a favor de uma mudança na abordagem da estética corporal e dos hábitos alimentares por parte dos canais midiáticos, os quais são um dos principais motivadores dos transtornos devido à imposição de padrões do corpo.

• Sinalizar, na correção, existência ou ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese no texto dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor (nota mínima ou zero). Penalizar também a presença de trechos mais longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva (como os de cunho narrativo). Este item é avaliado em consonância com o item III.

III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, os alunos podem argumentar que os diferentes transtornos alimentares, enquanto síndromes psiquiátricas, também causam prejuízos físicos ou mesmo morte aos portadores, por isso a urgência de a sociedade ampliar a discussão desse tema e conscientizar-se sobre as melhores formas de combate. Problematizar a padronização da beleza pela mídia também trará aprofundamento da análise do tema ao projeto argumentativo do texto. É importante, ao longo do desenvolvimento, tratar do fato de muitos jovens alterarem completamente sua rotina por se sentirem pressionados pela mídia, pelos amigos, pela família ou por si mesmos a atender o modelo corporal imposto, comendo muito ou pouco, exercitando-se muito ou nada, entre outras práticas associadas aos transtornos alimentares.

• A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada (com nota igual ou inferior a 50%). Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas.

IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão (pontuação, conectores, etc.). As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos.

ENEM – VOL. 4 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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• Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as

situações-problema apresentadas ao longo do texto. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Em relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas que viabilizem a conscientização da população em geral, com foco nos jovens, a maioria entre os portadores dos transtornos. Podem ser sugeridos, por exemplo, programas governamentais que levem às escolas e universidades palestras ministradas por profissionais da área, como médicos, nutricionistas, educadores físicos ou psicólogos, que instruam os jovens sobre questões de cuidados com a saúde, alimentação, práticas esportivas e autoaceitação do corpo. Campanhas na mídia também podem alertar os pais ou responsáveis pelos jovens a identificar os sintomas desses transtornos, o que seria determinante para o diagnóstico e tratamento em tempo hábil. Pode-se sugerir, ainda, que, ao longo do Ensino Fundamental e Médio, sejam discutidas questões de autoimagem, orientando crianças, adolescentes e jovens sobre as naturais diferenças físicas entre as pessoas, razão que torna impossível a todos seguir o padrão estabelecido pela indústria da moda, o qual, aliás, constantemente é reformulado. Finalmente, pode-se exigir maior rigidez na fiscalização de propagandas que anunciam produtos estéticos, roupas e artigos de moda em geral, evitando que os mais novos se sintam constantemente em busca de medidas corporais virtualmente inalcançáveis a grande parte da população.

• A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo do texto. Do contrário, deve haver penalização.

LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Questões de 46 a 90

QUESTÃO 46

Xangai 391,4Km de metrô inaugurados (2003-2013)*

362,4336,1

208,6181,37178,4

7468,3

6127

2421,5

16,714,7

104,52,7000000

PequimSeul

GuangzhouNova Delhi

ShenzenDubaiMadri

SantiagoSanto Domingo

MoscouLima

São PauloRecife

BrasíliaPorto Alegre

Rio de JaneiroBelém

CuritibaManaus

Belo HorizonteFortalezaSalvador

*Em operação comercial. Não foram considerados VLTs e trens já existentes transformados em metrô.

Disponível em: <http://metrodorio.blogspot.com.br/2014/03/expansao-do-metro-de-2003-2013.html>. Acesso em: 14 fev. 2018.

Supondo que a evolução da construção de linhas do metrô nas cidades brasileiras entre 2003 e 2013 tivesse ocorrido em proporção semelhante à do metrô de Xangai e Pequim, uma provável consequência ambiental para as cidades do Brasil consideradas no gráfico seria a redução da

A. inversão térmica.

B. mobilidade urbana.

C. especulação imobiliária.

D. segregação socioespacial.

E. emissão de gases de efeito estufa.

Alternativa E

Resolução: O Brasil é um país com grande extensão territorial que optou pelo transporte rodoviário como principal meio de

transporte. Especialistas apontam para a urgente necessidade de rever essa preferência, uma vez que esse modal é um dos

mais caros e o que mais polui a atmosfera. Nas grandes cidades, com o fenômeno da intensa urbanização o transporte urbano

participa consideravelmente no aumento da emissão de poluentes e os meios de transporte selecionados são determinantes

para uma melhor qualidade do ar. Os dados apresentados no gráfico exibem a diferença entre a prioridade dada ao transporte

sobre trilhos em importantes cidades pelo mundo. Xangai e Pequim se destacam como as cidades que mais investiram em

metrô em dez anos (2003-2013). Caso a ampliação da rede de metrô não tivesse ocorrido nessas cidades, as consequências

poderiam ser semelhantes ao ocorrido nas grandes capitais do Brasil, ou seja, o crescimento do transporte rodoviário com

constantes congestionamentos e agravamento dos níveis de poluição atmosférica. A alternativa A está incorreta, pois a inversão

térmica é um fenômeno atmosférico natural que se configura como problema ambiental pela concentração dos poluentes

próximo à superfície. A alternativa B está incorreta porque a expansão das linhas de metrô favoreceria a mobilidade urbana.

A alternativa C está incorreta porque a ampliação da rede de transportes poderia acarretar uma maior especulação imobiliária

nas cidades. A alternativa D está incorreta, pois a segregação socioespacial urbana não diminuiria com uma mudança na

matriz brasileira de transportes.

OH19

ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 47

Ano População do Brasil1950 51 944 3971960 70 992 3431970 94 508 5831980 121 150 5731991 146 917 4592000 169 590 6932010 190 755 799

IBGE, Censo Demográfico 1950, 1960, 1970, 1980,1991, 2000 e 2010.

As causas para o ritmo de crescimento da população brasileira registrado nos Censos Demográficos de 1950 a 2010 são atribuídas ao aumento da

A. vinda de imigrantes e refugiados para o Brasil e à alta taxa de natalidade dessa nova população.

B. expectativa de vida dos brasileiros e às altas taxas de natalidade entre as décadas de 1940 e 1970.

C. esperança de vida e ao fracasso das políticas públicas de controle demográfico da década de 2000.

D. densidade demográfica nas regiões Norte e Centro-Oeste e à maior qualidade de vida nas grandes cidades.

E. população em progressão geométrica e à produção de alimentos, que se manteve em crescimento aritmético.

Alternativa B

Resolução: Um dos fatores que explicam a grande população do Brasil é o aumento da expectativa de vida, uma vez que, na década de 1950, era de 43 anos, enquanto que em 2010, esse mesmo índice saltou para 73 anos. Outro fator importante para o crescimento populacional, foi a alta taxa de natalidade entre as décadas de 1940 e 1970, período no qual havia uma média de seis filhos para cada mulher. Com esses números, o Brasil entrou na lista dos países mais populosos do mundo e de acordo com as projeções populacionais do IBGE, pelo menos até o ano de 2030, a população brasileira continuará crescendo. Embora apresente taxa de crescimento positiva, há uma tendência de diminuição da representatividade da população jovem no Brasil em relação à população em processo de envelhecimento, confirmando a mudança da estrutura etária do país. A alternativa A está incorreta porque o número de imigrantes e refugiados no Brasil é pouco significativo para o crescimento da população brasileira entre 1950 e 2010. A alternativa C está incorreta porque o Brasil não teve políticas públicas de controle demográfico o que é diferente de planejamento familiar. A alternativa D está incorreta, pois nas regiões Norte e Nordeste a densidade demográfica é baixa, e, nas grandes cidades, há uma deterioração da qualidade de vida. A alternativa E está incorreta, pois descreve a Teoria Malthusiana e não explica o crescimento populacional do Brasil.

GL74 QUESTÃO 48

Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência.

MARX, K. Para a crítica da economia política. In: Obras escolhidas. Lisboa: Avante!, 1982. p. 531.

Em seus traços gerais, nota-se que a perspectiva sociológica de Marx se fundamenta na convicção de que os(as)

A. indivíduos formam eticamente suas próprias consciências em um processo no qual apreendem valores morais.

B. interações entre indivíduos e sociedade se encontram em permanente confronto, gerando a consciência sobre a luta de classes.

C. formas ideológicas são o real âmbito de formação individual, sendo a economia uma dimensão da vida privada.

D. relações socioeconômicas, travadas pelos homens, atuam decisivamente na formação das consciências individuais.

E. pessoas agem de forma particular, embora suas relações econômicas sejam socialmente mediadas pelo capital.

Alternativa D

Resolução: O texto-base concede informações sobre o materialismo histórico, método de análise da realidade elaborado por Marx e Engels. Ambos estão afirmando que, para poder investigar a realidade social, é necessário, antes de tudo, partir do entendimento de como os indivíduos produzem a sua vida material. Ou seja, o materialismo histórico busca as causas das mudanças e do desenvolvimento da sociedade humana nos meios pelos quais os seres humanos produzem coletivamente as necessidades da vida. Assim, não se considera a existência de uma consciência, a priori, que determina a existência humana. Pelo contrário, a existência do ser humano está condicionada pelo modo como são organizados e produzidos os bens necessários para a existência. Por isso, a alternativa D é a correta. Vamos analisar as demais alternativas:

A) Não há, no texto-base, menção à formação ética dos

indivíduos.

B) Além de não existir menção à luta de classes no texto-

-base, para Marx, os donos dos meios de produção, por

intermédio da ideologia, mascaram do proletariado a real

situação da luta de classes.

C) Para Marx, as relações econômicas não são vinculadas

apenas à vida privada: os modos de produção e as

relações de produção determinam a vida dos indivíduos

na sociedade.

E) Não há, no texto-base, algo que aponte para a conclusão

de que as pessoas agem de forma particular na sociedade.

PFOR

CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 49 A opinião corrente é a de que a Filosofia nada tem a

dizer e carece de qualquer utilidade prática. [...] A oposição se traduz em fórmulas como: a Filosofia é demasiado complexa; não a compreendo; está além do meu alcance; não tenho vocação para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer: é inútil o interesse por questões fundamentais da vida; cabe abster-se de pensar no plano geral para mergulhar, através de trabalho consciencioso num capítulo qualquer da atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, basta ter “opiniões” e contentar-se com elas. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a Filosofia. Ela é perigosa. [...] O problema crucial é o seguinte: a Filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer.

JASPERS, K. Introdução ao pensamento filosófico. Tradução de Leônidas Hegenberg; Octanny S. da Mota. São Paulo:

Cultrix, 1993. p. 138-140. [Fragmento]

No fragmento, é observada a contraposição de duas concepções referentes à singularidade da Filosofia. Para o autor, a natureza da Filosofia caracteriza-se por ser

A. alheia à cotidianidade da vida, buscando um mundo metafísico e concentrando-se em conceitos abstratos.

B. dedicada à construção de opiniões que promovem a paz social, evitando a formação de conflitos.

C. elevada e de difícil acesso à maioria, tratando-se de uma ciência para iniciados que requer muita disciplina intelectual.

D. marcada pelo criticismo, sendo a sua essência a negatividade, que manifesta-se na constante procura por rupturas.

E. questionadora do senso comum, pretendendo superar a esfera das opiniões para concentrar-se no universo reflexivo.

Alternativa EResolução: A Filosofia caracteriza-se por ser um estudo sistemático, rigoroso e universal, não dos objetos em suas particularidades, mas das condições de possibilidade de se falar sobre um determinado objeto e de suas características e relações com o mundo. Ainda, a Filosofia trata dos seres humanos em vários aspectos de sua vida. Há perguntas filosóficas dos mais diversos tipos, como “Qual é a coisa certa a se fazer?” (Ética), “Qual é a melhor forma de governo?” (Política), “O que é o belo?” (Estética), “Como é possível alcançar o conhecimento?” (Epistemologia). Essas perguntas todas, e toda a Filosofia, se caracterizam por ser questionadoras do senso comum, pretendendo superar a esfera das opiniões para concentrar-se no universo reflexivo. Portanto, a resposta correta é a alternativa E.

A) Essa alternativa está incorreta porque a Filosofia não é alheia à vida e não busca um “isolamento metafísico”.

B) Essa alternativa está incorreta porque a Filosofia não é um instrumento de construção de consensos; pelo contrário, é um espaço do dissenso, do contraditório, do conflito de opiniões.

IJUM C) Essa alternativa está incorreta porque a Filosofia não é uma ciência fechada para um pequeno grupo. Apesar de difícil, ela é acessível para quem se dispuser a estudá-la.

D) Essa alternativa está incorreta porque a Filosofia não tem essência na negatividade, mas na dúvida e no constante questionamento.

QUESTÃO 50 A cratera de Colônia [em São Paulo], como é chamada

agora, foi descoberta no início da década de 1960, por meio de fotos aéreas e, um pouco mais tarde, imagens de satélite.

Apesar de sua forma circular característica, por um longo tempo sua origem permaneceu desconhecida. Havia uma hipótese de que teria sido causada por um corpo celeste, como um cometa ou meteoro. Mas ela também poderia ser a boca de um vulcão extinto.

Só recentemente ficou comprovado que o buraco foi causado por um objeto vindo do céu. Em 2013, o geólogo Victor Velázquez Fernandez, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, começou a colher evidências que comprovaram a hipótese do impacto.

[...]

“Nas amostras coletadas, encontramos várias evidências de que Colônia foi causada por um impacto. Uma delas, bastante forte, foi a transformação de vários minerais, em particular, quartzo e zircão. Para que isso ocorra, é necessária uma pressão superior a 40 quilobars [40 mil vezes a pressão atmosférica padrão] e uma temperatura da ordem de 5 000 °C.”

Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/geral-41772254>. Acesso em: 13 nov. 2017 (Adaptação).

Considerando o evento descrito no texto, há evidências da formação do seguinte tipo de rocha:

A. Extrusiva, resultante do rápido resfriamento do magma na superfície.

B. Clástica, gerada pela acumulação de fragmentos de minerais.

C. Metamórfica, produto da transformação de qualquer tipo de rocha.

D. Magmática, formada pela cristalização do magma do interior da terra.

E. Sedimentar, derivada do intemperismo das rochas expostas na atmosfera.

Alternativa C

Resolução: De acordo com o texto-base, uma das evidências encontradas nas amostras coletadas na cratera foi a transformação de minerais por altas temperatura e pressão, o que caracteriza o metamorfismo de impacto – provocado pela energia dissipada pelo choque de grandes meteoritos. As alternativas restantes estão incorretas porque embora caracterizem corretamente os tipos de rochas mencionados, não há evidências encontradas das suas formações.

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ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 51 Naturalmente, a força não se constitui no meio único do Estado – ninguém jamais o afirmaria –, porém a força

constitui-se num elemento específico do Estado. [...] Tal como as instituições políticas que o precederam historicamente, o Estado é uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência legítima (isto é, considerada legítima). Para que o Estado exista, os dominados devem obedecer à suposta autoridade dos poderes dominantes.

WEBER, M. A política como vocação. Brasília: UnB, 2003. p. 9-11.

De acordo com o texto, um atributo exclusivo do Estado para Weber é o(a)

A. fragilidade da classe política.

B. monopólio do uso da violência.

C. domínio de territórios pela força.

D. tendência de aumento da burocracia.

E. aspecto anárquico da sua configuração.

Alternativa B

Resolução: No texto-base, Weber está apresentando sua concepção de Estado. Para ele, uma das condições para a existência do Estado é a obediência, por parte dos dominados, à autoridade dos poderes dominantes. Logo, o Estado seria uma relação entre indivíduos que dominam seus iguais e é mantida pela violência legítima. Aqui está o cerne da questão, uma vez que o atributo exclusivo do Estado, ao qual Weber se refere, é o monopólio do uso da violência legítima, ou considerada legítima. Então, a definição clássica de Weber sobre o Estado é: “devemos dizer que um Estado é uma comunidade humana que se atribui (com êxito) o monopólio legítimo da violência física, nos limites de um território definido” (WEBER, M. A política como vocação. 2003, p. 9). Assim, a alternativa correta é a B. Vamos analisar as demais alternativas:

A) O texto-base não debate a questão da fragilidade da classe política.

C) O texto-base não menciona a conquista de territórios pela força sendo um atributo exclusivo do Estado.

D) O texto-base não discute a questão da burocracia.

E) O texto-base não demonstra o Estado possuindo uma organização anárquica.

QUESTÃO 52

DA VINCI, Leonardo. Disponível em: <http://www.unicamp.br/>. Acesso em: 08 nov. 2017.

P2ØX

4HØD

CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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DA VINCI, Leonardo. Disponível em: <http://davinciprojetoseobras.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2017.

Observados em seu conjunto, os trabalhos do artista Leonardo Da Vinci, apresentados anteriormente, são reveladores de uma característica do Renascimento europeu, entre os séculos XV e XVI, na medida em que demonstram, principalmente, a

A. exaltação da atitude crítica em relação às tradições.

B. adoção de uma postura individualista do sujeito.

C. reafirmação dos valores da cultura greco-romana.

D. valorização do caráter universalista dos indivíduos.

E. oposição radical aos valores teocêntricos medievais.

Alternativa DResolução: O artista renascentista Leonardo da Vinci, como demonstrado pelo conjunto dos seus trabalhos, foi um artista muito versátil e atuou nas mais diversas áreas do conhecimento humano, seja no estudo do corpo humano, como apresentado na imagem I, ou na arquitetura, como demonstrado na imagem II, além de ser, entre outros ofícios, pintor, desenhista, escultor e engenheiro. A crença em sua capacidade fazia com que o indivíduo do Renascimento se dedicasse às mais diversas atividades. Esses sujeitos, cujos conhecimentos não estavam limitados a uma única área eram conhecidos como polímatas. Assim, o conjunto dos trabalhos de Leonardo da Vinci é revelador da importância conferida ao caráter universalista dos indivíduos, durante o Renascimento, o que torna correta a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois, apesar de a desconfiança em relação às tradições e às verdades impostas pela autoridade clerical ser uma característica do Renascimento Europeu, o conjunto dos trabalhos de Da Vinci extrapola a exaltação da atitude crítica. A alternativa B também está incorreta, pois, ainda que o individualismo fosse uma característica do Renascimento, esse aspecto do período não é evidenciado pelo conjunto das obras apresentadas. Ainda que as obras renascentistas retomassem os valores do Período Clássico, os trabalhos de Da Vinci, apresentados na questão, não explicitam a reafirmação dos valores da cultura greco-romana, o que invalida a alternativa C.

Por fim, a alternativa E está incorreta, pois, ainda que os indivíduos do Renascimento buscassem se opor ao valores do teocentrismo, a mentalidade religiosa medieval ainda estava muito presente, não sendo correto afirmar que havia uma oposição radical em relação aos valores teocêntricos.

QUESTÃO 53

TEXTO IA vida não poderia se decompor desta forma; ela é una

e, em consequência, só pode ter por sede a substância viva em sua totalidade. Ela está no todo, não nas partes. Não são as partículas não vivas da célula que se alimentam, se reproduzem, em suma, que vivem; é a própria célula, e somente ela. O que dizemos da vida poderia ser dito de todas as sínteses possíveis. [...] Para compreender a maneira como a sociedade representa a si mesma e ao mundo que a cerca, é a natureza da sociedade, e não a dos particulares, que se deve considerar.

DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. XXII-XXIII.

TEXTO IIWeber apoia-se no ponto diametralmente oposto ao

de Durkheim ao rejeitar a existência de associações ou de instituições que tenham qualquer precedência sobre o indivíduo, ou mesmo que possam adquirir vida própria, desvinculada daquilo que lhes dá origem: a ação dotada de sentido, empreendida por um sujeito. O autor possibilita, pelas suas escolhas metodológicas, algum tipo de desenvolvimento teórico por linhas individualistas.

QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M.; OLIVEIRA, M. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

De acordo com os textos, o que demonstra uma diferença entre as visões de Weber e Durkheim sobre o fazer sociológico do século XIX é aA. compreensão fenomenológica das escolhas coletivas.B. correlação entre a sociedade e as instituições sociais.C. ligação da Sociologia com a modernidade.D. associação entre fato social e ação social.E. relação entre a sociedade e o indivíduo.

Alternativa EResolução: Weber e Durkheim, conforme os textos-base demonstram, possuem concepções diferentes sobre a relação entre a sociedade e o indivíduo. Para Durkheim, a sociedade é um todo sui generis, ou seja, sua existência independe dos indivíduos. Contudo, Weber rejeita que a sociedade e as instituições tenham uma primazia sobre o indivíduo, uma vez que sua sociologia parte da análise das ações sociais que são realizadas pelos indivíduos. Logo, temos duas concepções diferentes: a primeira, de Durkheim, assume a sociedade como maior do que os indivíduos, ou seja, o todo é maior do que a soma das partes; a segunda, de Weber, concede um foco maior no indivíduo, rejeitando a existência de um todo maior do que as partes. Diante disso, a alternativa correta é a E. Vamos analisar as demais alternativas:

A) Os textos-base não discutem uma compreensão fenomenológica sobre as escolhas coletivas.

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ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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B) Os textos-base não debatem a relação entre sociedade e instituição social, nos termos de Weber e Durkheim. Os trechos selecionados apontam para uma divergência na relação entre o indivíduo e a sociedade.

C) Não há menção, nos textos, sobre a ligação da sociologia com a modernidade.

D) São conceitos diferentes. Além disso, nos textos, não há uma discussão teórica específica sobre eles.

QUESTÃO 54 Evidentemente, os métodos indiretos de estudo da

estrutura interna da Terra são mais complexos, uma vez que se baseiam em avaliações que fogem da simples observação.

Disponível em: <https://tecnicoemineracao.com.br/metodos-diretos-e-indiretos-e-a-estrutura-interna-da-terra>. Acesso em: 31 jan. 2018

(Adaptação).

Para o estudo mencionado no texto anterior, são objeto de análise as

A. ondas sísmicas.

B. jazidas minerais.

C. rochas magmáticas.

D. perfurações rochosas.

E. amostras de sondagens.

Alternativa AResolução: O interior da Terra é inacessível, mas os métodos diretos e indiretos de investigação permitem que o ser humano saiba que a estrutura interna do planeta é de camadas concêntricas e que os materiais mais leves estão na camada mais externa e os mais densos na camada mais interna. A partir da sismologia, estudo das ondas sísmicas geradas por terremotos e por fontes artificiais, obtém-se as principais inferências sobre a composição interna da Terra. A velocidade de propagação das ondas geradas pelos abalos sísmicos é variável conforme atravessa o interior da Terra devido às diferentes composições químicas, de densidade e de fase. As demais alternativas estão incorretas, pois mencionam métodos diretos de investigação em que os materiais do interior do planeta estão disponíveis na superfície ou próximo dela, possibilitando uma análise direta.

QUESTÃO 55

Disponível em: <https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/2017/12/secoes/opiniao/charges/1088599-charge-animada-bitcoin.html>.

Acesso em: 10 fev. 2018.

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SXBX

A bitcoin e outras moedas virtuais surgiram no contexto da globalização, com o mercado financeiro interligado mediante tecnologias. Considerando esse cenário, e por meio da análise da charge, infere-se que o autor busca

A. destacar as maiores facilidades de pagamentos proporcionadas pelas novas tecnologias, que, com a globalização, aproximam as relações entre pobres e ricos.

B. ilustrar aspectos perversos da globalização, como a ineficácia da tecnologia e da livre circulação de capitais na resolução de problemas socioeconômicos.

C. enfatizar a abrangência e as vantagens de uma moeda virtual acessível à população de baixa renda, promovendo uma distribuição de renda igualitária.

D. reforçar a importância das moedas virtuais na redução da pobreza e na consolidação de uma economia realmente livre e globalizada.

E. criticar o uso das novas tecnologias, das moedas virtuais e das transações financeiras na Internet por pessoas com baixo poder aquisitivo.

Alternativa BResolução: A charge faz referência à moeda virtual bitcoin, apresentada em 2008 por um programador, ou grupo de programadores, de pseudônimo Satoshi Nakamoto. Na charge, o cartunista busca fazer uma crítica aos aspectos perversos da globalização econômica tanto no que se refere à fábula do livre acesso à tecnologia como à ineficácia da livre circulação de capitais na resolução de problemas socioeconômicos. Assim, a globalização é caracterizada por uma integração desigual dos países e, na prática, se apresenta com várias dissonâncias e disparidades apontando grande ineficácia e perversidade, principalmente nos aspectos referentes à injustiça social. As alternativas A e C estão incorretas porque a charge crítica a desigualdade de renda. A alternativa D está incorreta, pois nem a importância de moedas virtuais na redução da pobreza nem a consolidação de uma economia livre e globalizada são aspectos inferidos da charge. A alternativa E está incorreta porque o uso de recursos tecnológicos por pobres não é a crítica da charge, mas sim a injustiça social.

QUESTÃO 56 Diferentemente da Inquisição Medieval, cujos inquisidores

eram nomeados pelo papa, na Moderna eles eram nomeados pelos reis e atuavam por intermédio dos tribunais criados nos reinos, com a autorização do papa.

NOVINSKY, Anita W. A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 2007.

De acordo com o texto, a Inquisição Moderna se diferenciava da Inquisição Medieval, na medida em que representava o(a)

A. reafirmação do caráter laico dos Estados.

B. legitimação do poder real entre as massas.

C. fortalecimento da Igreja Católica na Europa.

D. interesse de grupos ligados ao poder político.

E. negação do argumento sacro dos julgamentos.

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CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa DResolução: Ao afirmar que na Inquisição Moderna “os inquisidores eram nomeados pelos reis e atuavam por intermédio dos tribunais criados nos reinos”, o texto demonstra que, diferentemente da Inquisição Medieval, o Tribunal da Inquisição Moderna, apesar das funções santas alegadas, foi uma instituição vinculada ao Estado e respondia aos interesses dos grupos ligados ao poder político, o que torna válida a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o uso da Inquisição como instrumento estatal, autorizado pelo papa, revela a associação entre Estado e Igreja Católica. A alternativa B também está incorreta, pois a Inquisição, ainda que atendesse aos interesses reais, não legitimava o poder dos reis entre as massas. A reabilitação da Inquisição, durante o período moderno, também buscava combater as críticas da Reforma Protestante à Igreja Católica. Assim, a Inquisição buscava preservar a posição de autoridade da Igreja e não representava o fortalecimento da instituição, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, ainda que a Inquisição respondesse aos interesses do Estado, o argumento religioso atribuído às ações do Tribunal do Santo Ofício se manteve na modernidade.

QUESTÃO 57 Apesar do elevado preço dos escravos na região das

Minas, a alforria parece ter sido uma prática comum, a ponto de preocupar as autoridades. [...] E a população livre de cor cresceu tanto que se tornou duas vezes superior à de outras áreas escravistas na América, como a Jamaica ou o sul dos Estados Unidos.

DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira. Colônia. São Paulo: LeYa, 2016. v. 1.

A excepcionalidade do número de alforrias registrado na sociedade mineradora está relacionado, entre outros fatores, à A. rentabilidade maior da mão de obra livre, sobretudo,

nas datas de ouro.B. preocupação dos senhores com uma rebelião

generalizada de escravos.C. existência de formas alternativas de trabalho, como a

escravidão ao ganho.D. dificuldade de adaptação dos africanos ao complexo

trabalho da mineração.E. pressão de setores católicos contrários ao trabalho

escravo negro no Brasil.

Alternativa CResolução: A relação de trabalho na região das Minas se baseava na exploração da mão de obra escrava. O universo marcadamente urbano contribuía para novas relações entre senhores e escravos, diminuindo, em algumas situações, o quadro de opressão que caracterizava as atividades rurais. A redução das tensões nas relações de domínio dos senhores sobre os cativos contribuiu para que alguns escravos conquistassem a autorização para praticarem algumas atividades comerciais – esses eram os chamados escravos de ganho. Parte da renda advinda dessas atividades ficava com os escravos, que assim poderiam, com suas economias, comprar a carta de alforria. Portanto,

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o grande número de alforrias registradas na sociedade mineradora no Brasil Colônia está relacionado a essas formas alternativas de trabalho permitidas aos escravos, o que torna válida a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, como indicado anteriormente, a economia da região das Minas era baseada no trabalho escravo, e não há aspectos no texto que indiquem a maior rentabilidade da mão de obra livre em relação ao trabalho escravo. A alternativa B também está incorreta, pois, ainda que a resistência escravista e o temor de uma rebelião generalizada tenham contribuído para reduzir as tensões na relação entre senhores e escravos, tais aspectos não resultaram efetivamente no maior número de alforrias. Contrariamente ao indicado na alternativa D, os africanos já dominavam muitos dos processos de mineração, sendo responsáveis pela introdução de muitas técnicas, trazidas da África, no Brasil Colonial. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois os setores católicos não eram contrários à utilização do trabalho escravo negro no Brasil, mas sim à exploração da mão de obra indígena, vista como inibidora do projeto de catequese.

QUESTÃO 58 O que se conhece da figura de Pitágoras pertence muito

mais ao mundo da lenda que à realidade. [...] Também é difícil estabelecer os aspectos da doutrina atribuíveis ao próprio Pitágoras e distingui-los dos que foram elaborados pelos seus discípulos. Em três pontos, contudo, parece que não pode haver dúvida: 1) a ideia de que o número é o primeiro princípio; o número e suas relações ou “harmonias” são os elementos de todas as coisas; o estudo do número reflete-se também no comportamento humano. 2) A forma dualista da teoria dos opostos, de tão largas consequências para todo o pensamento pré-socrático, também pode ser atribuída a Pitágoras. 3) A descoberta de verdades de ordem matemática, sobretudo do famoso teorema que lhe é atribuído.

BORNHEIM, G. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Editora Cultrix, 1998. p. 47 - 48.

A filosofia de Pitágoras de Samos é para muitos ainda desconhecida, tanto pela oralidade de sua apresentação quanto pela época histórica, que dificultava o acesso à escrita. É possível inserir o trabalho do filósofo na cultura pré-socrática grega à medida que sua filosofia

A. evidencia a ideia de número como primeiro princípio.

B. relativiza a verdade e a busca da physis e da arché.

C. relata o ser como o monismo único e principal.

D. prioriza a natureza como a origem das coisas.

E. encontra na constância a verdade metafísica.

Alternativa AResolução: Pitágoras e sua tradição são conhecidos por fazer da Matemática o instrumento principal de investigação “cósmica”, ou seja, do cosmos, da realidade primeira do mundo. Como o texto-base evidencia, um dos três pontos da doutrina de Pitágoras sobre o qual não há dúvida é estabelecer o número como o primeiro princípio. Considerando que a atividade dos filósofos conhecidos

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ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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como pré-socráticos tinha como eixo central a busca pelos primeiros princípios do mundo (physis), o trabalho de Pitágoras pode ser compreendido como pertencente a essa tradição uma vez que esse pensador indica o número como um elemento primordial, isto é, um primeiro princípio que dá origem ao cosmos.

Analisaremos as alternativas:

B) Pitágoras não era um relativista.

C) A ideia de ser uno e imutável é oriunda do pensamento de Parmênides.

D) Como o texto-base demonstrou, Pitágoras apresenta o número como primeiro princípio.

E) Essa ideia pode ser mais associada ao pensamento de Parmênides, não ao de Pitágoras.

QUESTÃO 59 A sobretaxa ao aço importado anunciada pelo presidente

dos Estados Unidos, Donald Trump, vai afetar em cheio as siderúrgicas brasileiras. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e as vendas para o país representam um terço das exportações brasileiras do produto.

O presidente Trump afirmou que a intenção é elevar as taxas em 25% para aço e em 10% para alumínio comprado de empresas estrangeiras. Ele recorreu à seção 232, um dispositivo voltado para investigar se produtos importados colocam a segurança nacional dos EUA em risco.

Disponível em: <https://g1.globo.com/>. Acesso em: 05 mar. 2018.

A medida do governo dos Estados Unidos é caracterizada no mercado internacional como A. protecionismo, nesse caso na forma de barreiras tarifárias.B. livre-comércio, sem impedimentos e cobranças

alfandegárias. C. dumping, comercialização de produtos abaixo do preço

de mercado. D. balança comercial, resultado da diferença entre

exportações e importações. E. subsídio, maneira de reduzir artificialmente os custos

do processo produtivo.

Alternativa AResolução: O protecionismo é um conjunto de medidas de proteção do mercado interno de um país por meio da restrição, tarifária ou não tarifária, de mercadorias importadas. Conforme o texto-base, o governo dos Estados Unidos decidiu sobretaxar o aço importado caracterizando o protecionismo do tipo barreira tarifária. A alternativa B está incorreta porque o livre-comércio é o oposto de protecionismo. A alternativa C está incorreta, pois as barreiras tarifárias não caracterizam o dumping. A alternativa D está incorreta porque a balança comercial é composta pelo saldo de exportações e importações dos países e isolada não revela as condições de comércio multilateral. A alternativa E está incorreta, pois a barreira comercial do governo estadunidense não é uma forma de subsídio.

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QUESTÃO 60 Aprendeu-se a liberdade Combatendo em Guararapes Entre flechas e tacapes Facas, fuzis e canhões Brasileiros irmanados Sem senhores, sem senzala E a Senhora dos Prazeres Transformando pedra em bala Bom Nassau já foi embora Fez-se a revolução E a Festa da Pitomba é a reconstituição. [...]

Disponível em: <https://www.letras.mus.br/vila-isabel-rj/474021/>. Acesso em: 23 jan. 2018.

A memória construída sobre a Insurreição Pernambucana (1645-1654), explicitada no samba-enredo, revela a importância do episódio para a história do Brasil e para Pernambuco, pois representou aA. reafirmação dos valores católicos frente ao

protestantismo.B. eliminação dos estratos sociais na sociedade

pernambucana.C. supressão do regime de produção baseado no trabalho

cativo.D. exaltação do poderio bélico das forças de resistência

coloniais.E. criação de elementos para a construção da identidade

nacional.

Alternativa EResolução: A Insurreição Pernambucana (1645-1654) foi o principal movimento de resistência contra a invasão holandesa no Nordeste brasileiro, que após uma série de conflitos, conseguiu expulsar os holandeses da rica região açucareira da colônia. Ao rememorar o evento do século XVII, o samba-enredo da Unidos de Vila Isabel afirma que “aprendeu-se a liberdade combatendo em Guararapes” e que “os brasileiros irmanados, sem senhores, sem senzalas” fizeram a revolução, indicando que a Insurreição forneceu elementos para a ideia de liberdade e para a construção da identidade do povo brasileiro, o que torna válida a alternativa E. É importante destacar que, apesar dessa construção da memória feita pelo samba-enredo, o sentimento de pertencimento nacional brasileiro só começaria a se consolidar bem mais tarde, já no século XIX. A alternativa A está incorreta, pois, apesar de destacar elementos da cultura católica, o samba não relaciona a Insurreição à reafirmação dos valores católicos em relação ao protestantismo. A alternativa B também está incorreta, pois, apesar de indicar a união de indivíduos de diferentes segmentos sociais do Brasil contra os holandeses, não há no texto a indicação de uma transformação da estrutura social da sociedade pernambucana do período. Ainda que afirme que os brasileiros estavam irmanados, “sem senhores,

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CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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sem senzalas”, não há no texto uma representação da supressão do regime escravista (o que aconteceria no Brasil apenas no final do século XIX), mas apenas a ideia de união de senhores e escravos contra um inimigo comum, o invasor holandês, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois, ao destacar as armas utilizadas nos conflitos, “entre flechas e tacapes, facas, fuzis e canhões”, o samba não promove a exaltação do poderio bélico das forças de resistência coloniais, mas revela a heterogeneidade social dos combatentes.

QUESTÃO 61

Venezuela

Bolívia

BrasilPeru

Chile

ColômbiaGuiana Suriname

GuianaFrancesa

ParaguaiParaguaiParaguai

Argentina

UruguaiUruguaiUruguai

Venezuela

Disponível em: <http://hiltonfranco.com.br/questoes-sobre-geopolitica-internacional/>. Acesso em: 07 mar. 2018.

O mapa apresenta as interações transfronteiriças entre núcleos urbanos com mais de 2 mil habitantes ao longo dos quase 17 000 km da fronteira terrestre brasileira. Essas interações envolvem aspectos políticos, econômicos e sociais, dando origem às A. metrópoles regionais. B. cidades gêmeas. C. cidades médias.D. megacidades. E. megalópoles.

Alternativa BResolução: Cidades-gêmeas são núcleos urbanos com mais de 2 mil habitantes e que ficam uma ao lado da outra, mas em países diferentes. Em alguns casos, formam um único conurbado urbano ou estão separadas apenas por vias ou pontes. As cidades-gêmeas têm uma integração econômica tão forte que muitas vezes necessitam de políticas públicas conjuntas entre as duas nações. Segundo o Ministério da Integração Nacional, há atualmente, no Brasil, 32 municípios reconhecidos como cidades-gêmeas. Destas, vinte e três encontram-se na Bacia do Prata (onze no Rio Grande Sul,

9X91

entre elas Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e Rivera, no Uruguai; uma em Santa Catarina, quatro no Paraná e sete no Mato Grosso do Sul). A concentração dessas cidades na Bacia do Prata remete à forma de colonização da região e à maior aglomeração urbana. Dentre os elementos incentivadores do surgimento das cidades-gêmeas, destacam-se: o isolamento de grande parte das regiões fronteiriças em relação aos grandes centros nacionais; as boas oportunidades de compra e venda de bens e serviços na cidade vizinha e a complementariedade econômica que, geralmente, instaura-se entre as cidades transfronteiriças. A alternativa A está incorreta porque metrópoles regionais são polos para outros municípios de uma região. A alternativa C está incorreta, pois cidades médias, de acordo com o IBGE, possuem população entre 100 000 e 500 000 habitantes. A alternativa D está incorreta porque megacidades possuem contingente populacional acima de 10 milhões de habitantes. A alternativa E está incorreta, pois megalópoles são definidas pela conurbação de metrópoles.

QUESTÃO 62 Prefiro um capitão trajado de panos grosseiros, mas que

sabe pelo que está lutando, àqueles a quem chamais de gentis-homens e que disso não passam. Honro um cavaleiro que se comporta como tal. [...] Se escolherdes homens honestos e de bem para capitães de cavalaria, os homens honestos os seguirão.

CROMWELL, Oliver. In: HILL, Christopher. O eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

O Exército de Novo Tipo, formado no contexto da Revolução Inglesa, se caracterizava pelo(a)A. rejeição aos valores liberais em sua organização

hierárquica.B. distanciamento dos soldados das questões de cunho

político. C. reconhecimento do mérito individual para a promoção

militar.D. persistência de características militares do período

medieval.E. homogeneidade ideológica entre os membros de

suas fileiras.

Alternativa CResolução: A Revolução Puritana (1640-1649) opôs o Parlamento ao rei Carlos I. Os chamados realistas ou cavaleiros apoiavam o rei. Os cabeças-redondas eram fiéis ao Parlamento. Após algumas derrotas iniciais, as forças de oposição ao rei obtiveram vitória com o estabelecimento de uma nova forma de organização militar, o Exército de Novo Tipo, liderado por Oliver Cromwell. As palavras de Cromwell, demonstradas no texto, revelam que o Exército revolucionário valorizou, em sua estrutura, o mérito e a capacidade individual, sendo o merecimento, e não mais a distinção pelo nascimento, o critério para a ascensão militar, o que torna válida a alternativa C. Contrariamente ao indicado na alternativa A, o Exército de Novo Tipo, ao valorizar a capacidade individual e não a origem dos

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ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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soldados, possibilitando a presença de indivíduos das camadas populares em cargos de comando, assumiu um caráter de tendência liberal. A alternativa B está incorreta, pois o texto, ao afirmar que “prefere um capitão que sabe pelo que está lutando”, indica o envolvimento dos soldados nas questões políticas da Revolução Inglesa. Durante a Idade Média, não havia exércitos regulares, as guerras medievais eram disputadas por um grupo restrito da nobreza, os cavaleiros, diferentemente da organização do Exército de Novo Tipo de Cromwell, o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o Exército do Parlamento era composto por diferentes tendências ideológicas, como os puritanos, a pequena e média nobreza, a burguesia e os trabalhadores urbanos e rurais.

QUESTÃO 63

TEXTO IO fenômeno da globalização, ao mesmo tempo que traz novas e bem-vindas formas de contato entre pessoas, empresas

e Estados, através das infovias, das redes sociais e da criação de espaços comuns de convivência transnacional, também carrega as mazelas inerentes à condição do ser humano em todas as épocas. Estamos falando da globalização do crime.

BRIGAGÃO, C.; RODRIGUES G. M. A. Globalização a olho nu: o mundo conectado. São Paulo: Moderna, 2004. p. 111.

TEXTO IIAs principais articulações espaciais do tráfico de drogas

Casaquistão

Irã

MadagascarMaurício

Índia

Havaí

Los Angeles

Nova Iorque

México

PanamáColômbia

Rio de JaneiroSão Paulo

Buenos AiresPrincipais zonas de produção Rotas (marítimas, aéreas ou terrestres)PapoulaCannabisPapoula e cannabis

HeroínaDerivados de cannabis(haxixe, maconha, etc.)CocaínaCoca

Disponível em: <http://educacao.globo.com/artigo/narcotrafico-global.html>. Acesso em: 05 out. 2017.

Considerando o contexto mundial do texto I e o mapa, o fluxo do comércio internacional de drogas segue o sentido contrário dos investimentos e da importação de alta tecnologia porque A. a produção da papoula e o destino final da heroína são específicos do continente asiático, principalmente do Irã e da Índia. B. os cultivos de papoula, de cannabis e de coca, matérias-primas das drogas, estão concentrados nas regiões intertropicais

do globo.C. a globalização econômica e a intensificação do comércio e das viagens internacionais facilitam o controle do tráfico de drogas. D. a heroína, os derivados de cannabis e a cocaína produzidos nos países pobres têm como destino principalmente os

países ricos. E. os países periféricos atuam nessa rede ilegal como fornecedores de bens industrializados, que são utilizados no

processamento das drogas.

Alternativa DResolução: Ao contrário do fluxo de investimentos e de alta tecnologia originados nos países ricos e que tem como destino os países pobres, na articulação espacial do tráfico internacional de drogas os países periféricos são produtores e os países centrais são consumidores, como pode ser visto no mapa da questão. A alternativa A está incorreta porque a papoula é cultivada sobretudo na Ásia, mas o consumo da heroína é difundido principalmente no mundo desenvolvido. A alternativa B está incorreta, pois conforme o mapa, há cultivos de papoula e de cannabis fora da zona intertropical. A alternativa C está incorreta porque a globalização econômica e a intensificação do comércio e das viagens internacionais dificultam o controle

Y6Q4

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do tráfico de drogas. Por exemplo, a vistoria rigorosa em cada carregamento de mercadorias importadas se limita a amostragens. A alternativa E está incorreta, pois o papel de fornecedores de bens industrializados para o beneficiamento das drogas cabe a países de economia intermediária, como Brasil e México, e essa informação não se extrai dos textos da questão.

QUESTÃO 64

Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.

CAMINHA, P. V. A carta. 1500. [Fragmento]

A afirmativa de Pero Vaz de Caminha pressupõe a vigência de uma visão de mundo

A. democrática, pois busca a aplicação de uma ação integrativa no espaço político.

B. etnocêntrica, pois tenta impor a própria cultura sem dimensionar os valores do outro.

C. humanista, pois realiza a pesquisa das características do homem em variados espaços.

D. igualitária, pois se dispõe a compartilhar espaços e experiências com os nativos.

E. pragmática, pois analisa os indígenas dentro de um arcabouço mercantilista.

Alternativa B

Resolução: O relato de Pero Vaz de Caminha apresentado na questão descreve os primeiros contatos entre os portugueses e os habitantes das “novas terras” a partir da visão do conquistador europeu. O texto revela que Caminha, ao afirmar que aquela gente “não tem nem entende nenhuma crença”, não compreendia a estrutura sociocultural indígena, e que, a partir de uma postura etnocêntrica, buscava impor a cultura europeia, marcadamente o cristianismo, aos nativos americanos, o que torna válida a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o texto não aborda o aspecto político da conquista europeia da América. Além disso, é sabido que no processo de colonização não houve uma integração “democrática” no espaço político. A alternativa C também está incorreta, pois Caminha não procurava entender o outro em sua própria cultura, mas a entendia a partir de uma visão eurocêntrica. Contrariamente ao indicado na alternativa D, não houve, no processo de conquista e colonização da América, uma relação igualitária entre europeus e nativos americanos, nem uma partilha de experiências, mas a imposição da cultura europeia aos indígenas. Por fim, o relato analisa os indígenas dentro de uma perspectiva cultural e religiosa e não mercantilista, o que invalida a alternativa E.

KOD6

QUESTÃO 65 Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta,

portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua [...].

Resta-nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há grande indício: não sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem meta; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo.

PARMÊNIDES DE ELEIA. Tratado do Ser. (Fragmentos 7 - 8) In.: BORNHEIM, Gerd (Org.). Os Filósofos pré-socráticos. São Paulo:

Editora Cultrix, 1998. p. 55.

Parmênides de Eleia, um dos pensadores mais importantes da filosofia pré-socrática, ao defender a via do Ser como única possível tem por objetivo

A. fragmentar a Filosofia em campos de investigação.

B. estabelecer um caminho para a busca da verdade.

C. corrigir os pensadores que negavam o saber empírico.

D. definir o universo como um todo em constante movimento.

E. afirmar a relevância do conhecimento advindo das experiências.

Alternativa BResolução: Parmênides, junto com Heráclito, é um dos nomes mais importantes do período conhecido como “filosofia da natureza” ou “filosofia pré-socrática”. Seu pensamento é conhecido por separar duas vias: a do ser e a do não-ser. A primeira, da verdade, a segunda, da opinião e do erro. Como podemos ler no texto, o filósofo afirma ter sido aconselhado que “Jamais se conseguirá provar que o não-ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação”. Ou seja, quando ele diz que não é possível provar que o “não-ser é”, ele afirma não ser possível afirmar nada sobre o “não-ser”, uma vez que ele não é coisa alguma. Ainda, em outro trecho, o pensador afirma: “Resta-nos assim um único caminho: o ser é. [...] não sendo gerado, é também imperecível; [...] pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo”. Ou seja, isso é dizer que defender a via do ser como única possível é estabelecer um caminho para o pensamento correto, sendo a resposta correta a alternativa B.

Analisaremos as alternativas:

A) Essa alternativa está incorreta porque Parmênides não fragmentou a Filosofia em campos de investigação.

C) Essa alternativa está incorreta porque Parmênides era também contrário ao saber empírico: “nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua”.

D) Essa alternativa está incorreta porque Parmênides pensava que o Ser, logo, o universo, não estava em constante mudança.

E) Idem da alternativa C.

CSK1

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QUESTÃO 66 [...] O Estado-nação moderno formou-se e se consolidou

à medida que as relações políticas e de produção que sustentavam o feudalismo se enfraqueciam, embora a nobreza ainda conseguisse manter privilégios como o controle de alguns tribunais e cobrança de pedágios. Benefício para a expansão do comércio, o fortalecimento do Estado-nação, por seu turno, induzia ao aumento dos impostos para o pagamento de exércitos profissionais, do corpo jurídico, da máquina administrativa e, em alguns casos, para comprar a submissão e a fidelidade da nobreza ao rei [...].

NEWTON, N. Estados Nacionais: burguesia se une ao rei e forma o Estado-nação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br>.

Acesso em: 19 nov. 2017.

Ao analisar o contexto de formação dos Estados Nacionais no continente europeu, o texto evidencia que esse processo foi caracterizado pelaA. manutenção da ordem social e política que marcou

o período medieval.B. ampliação da proeminência política e econômica dos

membros da nobreza.C. diminuição do protagonismo político e social dos

grupos ligados ao comércio.D. ascensão das camadas populares que passaram a ter

papel ativo na política.E. centralização político-econômica e da aplicação da

força militar na monarquia.

Alternativa EResolução: O processo de formação e consolidação dos Estados Modernos europeus, segundo o texto, deve ser entendido a partir das transformações ocorridas na Baixa Idade Média, período no qual “as relações políticas e de produção que sustentavam o feudalismo se enfraqueciam”, conduzindo ao declínio dos particularismos feudais em favor do fortalecimento do poder real. Portanto, o processo de organização dos Estados Nacionais europeus foi marcado pela centralização político-econômica e do uso da força militar na figura do rei, o que torna válida a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois, ainda que o Estado Moderno garantisse a manutenção da estrutura social aristocrática e estamental e que a nobreza ainda exercesse grande influência sobre a política, não há a manutenção da ordem que caracterizou o período medieval, na medida em que o poder político e militar, no Estado Moderno, estava concentrado na monarquia, e não mais nos senhores feudais. A alternativa B também está incorreta, pois, ainda que a centralização tenha beneficiado a nobreza, o Estado unificado não representou a ampliação da proeminência política e econômica da nobreza. A burguesia, interessada na eliminação dos particularismos que dificultavam as transações comerciais, encontrou na centralização político- -administrativa a possibilidade de se afirmar socialmente, ainda que isso não lhe conferisse protagonismo político, o que torna inválida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois a centralização não beneficiou politicamente e nem socialmente as camadas populares.

S7JH QUESTÃO 67

TEXTO IOra tu sabes que os tintureiros, quando querem tingir

a lã para ficar de cor de púrpura, primeiro escolhem, dentre todos os coloridos, uma só espécie, a branca; seguidamente preparam-na, aplicando-lhe não pequeno tratamento, a fim de que se imbua dessa cor o mais possível. E então é que a mergulham no tinto. E, se alguma coisa for tingida nesse processo, o tinto torna-se indelével, e a lavagem, com ou sem detergentes, não é capaz de lhe tirar a cor. [...] Supõe, portanto, que também nós realizamos uma coisa parecida, na medida das nossas forças, quando selecionamos os guerreiros e os educamos pela música e pela ginástica. Não julgues que planejamos outra coisa que não fosse imbuí-los das leis o melhor possível.

PLATÃO. A república. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. [Fragmento]

TEXTO IIO que estamos dizendo é confirmado pelo que acontece

nas cidades-estado: os legisladores tornam bons os cidadãos por meio dos hábitos que lhes incutem. Esse é o propósito de todos os legisladores, e quem não consegue lançar tal meta falha no desempenho de sua missão, e é exatamente neste ponto que reside a diferença entre a boa e a má constituição.

ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Martin Claret, 2001 (Adaptação).

Os textos evidenciam uma preocupação comum entre os pensadores no sentido deA. eximir a cidade-estado de qualquer responsabilidade

quanto à educação de seus habitantes.B. garantir que os membros da cidade-estado sejam

formados de acordo com bons valores.C. sugerir que os guerreiros e os demais cidadãos sejam

educados filosoficamente.D. diferenciar a educação direcionada aos guerreiros das

demais modalidades.E. limitar o escopo da formação intelectual hierarquizando

militares e civis.

Alternativa B

Resolução: A questão aborda um ponto de convergência das concepções platônica e aristotélica acerca do papel do Estado na formação dos seus membros – cidadãos ou não. Acerca disso, os dois autores concordam que é importante que os habitantes de uma cidade tenham incutidos em si bons valores para que, sendo partes boas, façam um todo bom. Assim, a resposta correta é a alternativa B, que afirma ser a preocupação comum entre os pensadores a garantia de que os membros de uma cidade-estado sejam formados de acordo com bons valores.

Analisaremos as alternativas:

A) Como é possível ler nos textos, nenhum dos pensadores defendia essa concepção. Pelo contrário, na concepção política grega antiga, a cidade-estado tinha um papel central na formação intelectual e moral dos seus habitantes, sejam eles cidadãos ou não.

KBPC

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C) Ambos os pensadores tinham uma concepção mais aristocrática sobre a quem se destina a educação filosófica. Aristóteles chega inclusive a afirmar, em sua Ética a Nicômaco, que a Filosofia não se destina aos “homens rudes”.

D) Platão faz essa diferenciação, de fato, mas como é possível ler nos textos, não é essa a preocupação comum evidenciada.

E) Não há hierarquização relativa à formação intelectual em termos de “civis” e “militares”, seja em Platão, seja em Aristóteles.

QUESTÃO 68 Ao preservar a aristocracia como grupo social distinto, submetendo-o ao príncipe, a Corte constitui o principal mecanismo que

permite aos reis franceses perpetuar seu poder pessoal. O monopólio fiscal, o monopólio militar e a etiqueta de corte são, portanto, os três instrumentos de dominação que, conjuntamente, definem essa forma social original que é a sociedade de corte.

ELIAS, N. A sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da aristocracia de corte. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. p. 18.

Os reis franceses, com o intuito de garantir o exercício do domínio social da nobreza, elaboraram as regras de etiqueta, que cumpriam a função social de

A. controle e distinção.

B. domínio e racionalidade.

C. equidade e conflito.

D. isonomia e poder.

E. probidade e subversão.

Alternativa AResolução: Entre os séculos XV e XVIII, a etiqueta consistia em um conjunto de regras e costumes que regiam o comportamento e o cotidiano da sociedade. Por meio dessas regras, esperava-se que as hierarquias fossem mantidas, em especial aquelas que se relacionavam aos nobres, que procuravam sobreviver após a perda do poderio feudal, sustentando-se como articuladoras do jogo político junto ao monarca. Assim, as regras de etiqueta, como destacado no texto, “preservavam a aristocracia como grupo social distinto”. De outra forma, a observância dos modos e comportamentos reais representava para a nobreza alguns benefícios e a obtenção de favores junto ao rei, de modo que, como evidenciado pelo texto, a aristocracia estava submetida ao monarca. Portanto, além de exercer uma função de distinção, as regras de etiqueta tinham a função de controlar a nobreza, perpetuando o poder pessoal do rei, o que torna válida a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois a etiqueta não estava associada à racionalidade. As alternativas C e D também estão incorretas, pois as regras de etiqueta diferenciavam não só a aristocracia das demais classes, mas também diferenciavam os membros da própria nobreza, não sendo correto afirmar que ela cumprisse a função de equidade ou isonomia. Por fim, como mencionado anteriormente, a etiqueta tinha como objetivo a manutenção das hierarquias e não a subversão, como propõe a alternativa E.

QUESTÃO 69 TEXTO I

6 000

5 000

4 000

3 000

2 000

1 000

01950

Pop

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Evolução da população urbana e rural segundo o nível de desenvolvimento

1960 1970 1980 1990 2000 2010* 2020* 2030* 2040* 2050*

*EstimativaPopulação urbana de regiões mais desenvolvidas

População urbana de regiões menos desenvolvidas

População rural de regiões mais desenvolvidas

População rural de regiões menos desenvolvidas

UNITED NATIONS DEPARTMENT OF ECONOMIC AND SOCIAL AFFAIRS / Population Division. World urbanization prospects: the 2009 Revision. New York: United Nations, 2009. p. 3. Disponível em: <http://esa.un.org/uhpd/wup>. Acesso em: 24 maio 2016.

T56Z

9K6F

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TEXTO IIA urbanização desenvolvida com o advento do

capitalismo aparece na Europa como fato moderno logo depois da Revolução Industrial. Mais recentemente, e paralelamente à modernização, ela se generaliza nos países subdesenvolvidos; por isso, costuma-se associar a ideia de urbanização à industrialização.

SANTOS, M. Manual de Geografia Urbana. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2008.

Segundo Milton Santos, “a urbanização é um fenômeno não apenas recente como também crescente e em escala planetária.” Se compararmos o processo de urbanização das regiões mais desenvolvidas com o ocorrido nas regiões menos desenvolvidas, percebe-se que ele foi mais

A. regular em ambas as regiões.

B. rápido nas regiões mais desenvolvidas.

C. constante nas regiões menos desenvolvidas.

D. intenso nas regiões mais desenvolvidas.

E. abrupto nas regiões menos desenvolvidas.

Alternativa EResolução: No gráfico, observa-se que a curva da população urbana em regiões menos desenvolvidas cresce de modo intenso e acelerado a partir dos anos 1960. As curvas das regiões mais desenvolvidas têm o comportamento parecido, mas em menor proporção, gradativo e lento. Por um lado, nos países desenvolvidos, a urbanização acompanhou gradualmente as sucessivas revoluções industriais ao longo do tempo. Por outro lado, nos países não desenvolvidos a urbanização seguiu a industrialização em um espaço de tempo curto e desordenadamente. As alternativas restantes estão incorretas porque não associam corretamente as curvas e os respectivos processos de urbanização das diferentes regiões.

QUESTÃO 70 É somente de mim que os meus tribunais recebem a sua

existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a mim que pertence o poder legislativo, sem dependência e sem partilha; é somente por minha autoridade que os funcionários dos meus tribunais procedem, [...] toda a ordem pública emana de mim e os direitos e interesses da nação, de que se pretende ousar fazer um corpo separado do monarca, estão necessariamente unidos com os meus e repousam inteiramente nas minha mãos.

FREITAS, G. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1976. p. 201-202.

O discurso anterior, pronunciado pelo rei francês Luís XV, em 1766, expressa aA. intenção de legitimar uma identidade única entre o rei,

o Estado e a nação.B. utilização recorrente do pronome possessivo para criar

o governo absolutista.

1OCA

C. separação proposital entre a figura do monarca absolutista e a nação francesa.

D. anulação da atividade dos políticos franceses ao submetê-los ao poder real.

E. insatisfação da nação ao processo de centralização do poder nas mãos do rei.

Alternativa A

Resolução:

A) CORRETA – O discurso expressa o caráter centralizador do governo absolutista. Observa-se que não há separação entre Estado, rei e nação, isto é, o monarca, que controla o Estado, apresenta-se dotado dos mesmos interesses da nação: “toda a ordem pública emana de mim e os direitos e interesses da Nação”. Desse modo, busca-se criar uma identidade única entre eles – opor-se à vontade do rei soberano, por exemplo, significaria, de acordo com a política absolutista, contrariar os desejos da nação.

B) INCORRETA – O discurso reforça o caráter absolutista francês, mas não expressa a criação do governo absolutista. Luís XIV, por exemplo, que governou entre 1643 e 1715, foi um dos grandes exemplos da centralização do poder na França.

C) INCORRETA – O discurso não demonstra a separação entre a figura do monarca e a nação, ao contrário.

D) INCORRETA – Apesar de o rei buscar submeter os políticos ao seu poder, não se anula ou proíbe a atuação deles.

E) INCORRETA – O discurso demonstra que o rei representa os interesses da nação, não expressa, assim, alguma insatisfação popular.

QUESTÃO 71

TEXTO I

Representação do bandeirante Domingo Jorge Velho. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Domingos_

Jorge_Velho.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2018.

TSI5

CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 4 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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TEXTO II

Um dia gostaria de escrever um romance histórico sobre os bandeirantes. Mas o livro não teria muito a ver com aquela imagem de homens destemidos que buscaram expandir as fronteiras. Nem suas roupas seriam como as daquela estátua de gosto duvidoso de Borba Gato em Santo Amaro, que está vestida quase como um nobre. Aliás, nobreza é uma coisa que os bandeirantes não tinham. Eram homens duros, que falavam mais guarani do que português, andavam descalços e não tinham pudor de usar golpes baixos para enganar os índios, como se disfarçarem de padres.

TORERO, J. R. Grandes nomes têm passado mais vermelho que dourado. Folha de S.Paulo, 25 jan. 2011. Caderno Especial São Paulo

457 anos, p. 3.

O argumento presente no texto II que se contrapõe à imagem construída pela historiografia tradicional sobre os bandeirantes, expressa no texto I, está identificado no(a)

A. heroísmo atribuído aos bandeirantes paulistas.

B. natureza miscigenada dos bandeirantes paulistas.

C. missão civilizatória conferida às bandeiras paulistas.

D. associação das bandeiras à presença lusa no interior.

E. desejo de enriquecimento que movia os bandeirantes.

Alternativa B

Resolução: A imagem de Domingo Jorge Velho, demonstrada no texto I, e o trecho da matéria do jornal Folha de São Paulo estão inseridas na intensa discussão acerca do bandeirantismo empreendido no Brasil, nos séculos XVII e XVIII. Na imagem, o bandeirante é representado com trajes característicos dos portugueses, associando claramente os bandeirantes aos nobres portugueses. No texto II, o autor destaca que os bandeirantes eram “homens duros, que falavam mais o guarani do que o português, andavam descalços”, indicando que os bandeirantes paulistas não eram portugueses natos, mas eram mamelucos, frutos da miscigenação entre portugueses e indígenas, o que contraria a ideia representada na imagem e torna válida a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois o texto contesta a ideia de heroísmo construída pela historiografia tradicional do século XIX e início do século XX. A alternativa C também está incorreta, pois, por serem, em sua maioria, mamelucos, os bandeirantes não compartilhavam da ideia de civilização defendida pelos portugueses, não sendo correto afirmar, portanto, que estivessem imbuídos de uma missão civilizatória. Contrariamente ao indicado na alternativa D, as bandeiras não representaram a presença portuguesa no interior da colônia, visto que os paulistas não eram de fato portugueses e não compartilhavam dos mesmos objetivos da Coroa lusa. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o texto II, assim como a historiografia tradicional, não nega o desejo de enriquecimento dos bandeirantes.

QUESTÃO 72

[…] É um complexo de falhas tectônicas criado há cerca de 35 milhões de anos com a separação das placas tectônicas africana e arábica. Essa estrutura estende-se no sentido norte-sul por cerca de 5 000 km, desde o norte da Síria até ao centro de Moçambique, com uma largura que varia entre 30 e 100 km.

Disponível em: <http://www.cmjornal.pt/tecnologia/detalhe/vai-nascer-um-oceano-em-africa>. Acesso em: 26 jan. 2018.

O texto descreve uma estrutura da superfície terrestre originada pelo seguinte agente geológico:

A. Orogênese, a partir da colisão de duas placas tectônicas continentais.

B. Epirogênese, com a movimentação verticalizada das placas litosféricas.

C. Intemperismo químico, em razão da expressiva umidade das baixas latitudes.

D. Erosão glacial, com a abertura de grandes fendas pelo recuo de antigas geleiras.

E. Tectonismo, com o abatimento da crosta devido à separação de placas tectônicas.

Alternativa E

Resolução: O Vale do Rift Africano originou-se por tectônica extensional sobre hostpost. O vale alongado é margeado por falhas do tipo graben e horst. A zona em que a crosta está abatida é demarcada por lagos. A alternativa A está incorreta porque a orogênese está relacionada à tectônica compressional de placas. A alternativa B está incorreta, pois a epirogênese é decorrente do equilíbrio isostático na astenosfera. As alternativas C e D estão incorretas porque citam agentes externos do relevo.

QUESTÃO 73

TEXTO IO homem vive, segundo Platão, inicialmente confinado

ao mundo dos fenômenos sensoriais. Aí ele pode despertar em si o Eros, o amor, inicialmente apenas voltado para o belo manifesto num determinado corpo. Ele progride na medida em que consegue se convencer que o belo num corpo é o mesmo em todos os corpos. Quando ele aprende a enxergar o belo também nas almas e nas instituições, ele se prepara para um grau de sublimação que contempla o belo nas ciências. Esse é o ponto a partir do qual ele pode se alçar ao supremo nível na contemplação do belo. Esse reside na pura ideia, que só consegue contemplar aquele que antes se purificou, livrando-se do apego ao mundo sensorial, e atingiu a dignidade e capacidade de apreciação de algo universal e absoluto. O auge da contemplação do belo consiste, pois, em chegar a contemplar a própria essência do belo que confere a todos os objetos particulares um pálido reflexo de beleza. Essa essência é a ideia pura e universal do belo.

GREUEL, Marcelo da Veiga. Da “teoria do belo” à “estética dos sentidos”: Reflexões sobre Platão e Friedrich Schiller. In.: Anuário de Literatura 2.

1994, p. 147 - 155. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/viewFile/5362/4757>. Acesso em: 03 abr. 2017.

3MZS

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TEXTO IIComparando com o que se lê em Platão, o tema

específico da beleza é bem menos assíduo em Aristóteles. Já não lhe interessa a beleza no estado abstrato, em si mesma, diríamos; o que Aristóteles persegue é a beleza concretizada: num corpo humano, numa cidade, num barco, num organismo vivo qualquer.

OLIVEIRA, João Vicente Ganzarolli de. Estética em Aristóteles. In: Phoînix, Rio de Janeiro, 2009. p. 101. Disponível em:

<https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/33174/1/Phoinix15-1_artigo7.pdf?ln=pt-pt>. Acesso em: 03 abr. 2017.

Os fragmentos apresentam uma contraposição entre os pensamentos de Platão e Aristóteles sobre a estética no que diz respeito à

A. logicidade dos juízos estéticos.

B. falsidade do conhecimento artístico.

C. retórica acerca dos assuntos artísticos.

D. dimensão concreta ou imaterial do belo.

E. dialética das obras de arte e suas funções.

Alternativa DResolução: Os textos abordam as concepções de Platão e Aristóteles sobre a estética. Em Platão, vemos a teoria das ideias entrar em campo, sendo que “o auge da contemplação do belo consiste, pois, em chegar a contemplar a própria essência do belo que confere a todos os objetos particulares um pálido reflexo de beleza. Essa essência é a ideia pura e universal do belo”. Em Aristóteles, vemos outra concepção entrar em jogo, já que “o tema específico da beleza é bem menos assíduo em Aristóteles. Já não lhe interessa a beleza no estado abstrato, em si mesma, diríamos; o que Aristóteles persegue é a beleza concretizada”. Assim, a resposta correta é a alternativa D.

QUESTÃO 74 O objetivo das colônias é o de fazer o comércio em

melhores condições para as metrópoles do que quando é praticado com os povos vizinhos, com os quais todas as vantagens são recíprocas. Estabeleceu-se que apenas a metrópole poderia negociar na colônia; e isso com grande razão, porque a finalidade do estabelecimento foi a constituição do comércio, e não a fundação de uma cidade ou de um novo império [...].

MONTESQUIEU. Do espírito das leis (1748). São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 387 (Adaptação).

O pensador Montesquieu discute algumas práticas mercantilistas, comuns nos Estados Absolutistas, durante a Idade Moderna. Nesse modelo econômico, conforme é apontado pelo autor, as colônias deveriam

A. atender à exclusividade exigida pela metrópole de priorizar o desenvolvimento do mercado interno.

B. buscar autonomia em relação aos laços metropolitanos, assim como defendiam os iluministas.

C. priorizar as estruturas urbanas para garantir a fixação e a eficácia do poder metropolitano.

D. potencializar as relações comerciais com a metrópole por meio da produção de manufaturas.

E. complementar a economia da metrópole, submetendo-se ao monopólio de exploração.

4JNA

Alternativa EResolução: A principal intenção das práticas mercantilistas adotadas pelos Estados Absolutistas europeus, durante a Idade Moderna, era garantir uma balança comercial favorável aos países da Europa, uma vez que a nação que conseguisse um saldo positivo em suas transações comerciais garantiria sua superioridade em relação às demais. Dentro dessa ideia, Montesquieu afirma que no comércio com os povos vizinhos “todas as vantagens são recíprocas” e destaca que por meio do monopólio de exploração das colônias as metrópoles teriam melhores condições para o comércio, apontando que o objetivo das colônias era complementar a economia da metrópole, o que torna válida, portanto, a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois, segundo o texto, o objetivo do monopólio metropolitano sobre as colônias era criar melhores condições comerciais para a metrópole, marcadamente o comércio exterior, e não o desenvolvimento do mercado interno. Montesquieu destaca que a colônia deveria comercializar exclusivamente com a metrópole, contrariando o argumento de autonomia apresentado na alternativa B. A alternativa C também está incorreta, pois, segundo o texto, o objetivo do estabelecimento colonial “não era a fundação de uma cidade ou de um novo império”. Por fim, o texto não confere às colônias a função de produzir manufaturas, o que contraria a alternativa D.

QUESTÃO 75 Apesar das condições desvantajosas – em parte

graças a elas porque forçaram uma grande dispersão –, as fazendas de gado se multiplicaram rapidamente, estendendo-se, embora numa ocupação muito rala e cheia de vácuos, por grandes áreas. Seus centros de irradiação são a Bahia e Pernambuco. A partir do primeiro, elas se espalham sobretudo para norte e noroeste em direção do Rio São Francisco, que já é alcançado em seu curso médio no correr do século XVII. De Pernambuco, o movimento também segue uma direção norte e noroeste, indo ocupar o interior dos atuais Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Um núcleo secundário que também deu origem a um certo movimento expansionista de fazendas de gado é o Maranhão: elas se localizam aí ao longo do Rio Itapicuru.

PRADO JÚNIOR, C. História econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1971 (Adaptação).

O processo experimentado pela pecuária no Brasil durante os séculos XVI e XVII, descrito no texto, contribuiu para o(a)

A. retração demográfica das regiões da costa nordestina.

B. desabastecimento das áreas de produção açucareira.

C. viabilização da sofisticação patrimonial da Colônia.

D. formação do espaço geográfico do Brasil colonial.

E. encolhimento econômico da América Portuguesa.

Alternativa DResolução: A destinação das terras férteis à lavoura canavieira, com o decorrer das décadas, obrigou os criadores de gado a buscarem, nas regiões interioranas, pastagem para o gado que se multiplicava. O deslocamento da pecuária, que ganhou maior impulso com o decreto da

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carta régia de 1701, que proibia a criação de currais na faixa de 50 km da costa, contribuiu para o desbravamento e ocupação do interior, desempenhando papel importante na formação do espaço geográfico do Brasil colonial, uma vez que promoveu o povoamento gradual e contínuo de uma vasta região, o que torna válida, portanto, a alternativa D. Contrariamente ao apontado na alternativa A, a expansão da pecuária para o interior do território colonial não implicou a retração demográfica das regiões da costa nordestina, visto que as áreas de cultivo da cana-de-açúcar encontravam-se em pleno crescimento, atraindo grande contingente de pessoas. Apesar do processo de interiorização da pecuária estar atrelado à concorrência com o cultivo da cana-de- -açúcar pelo uso dos solos férteis da costa colonial, a criação do gado permanecia voltada para o abastecimento das áreas de produção açucareira, o que invalida a alternativa B. O caráter extensivo e nômade da pecuária desenvolvida na colônia, contrariamente ao indicado na alternativa C, inviabilizou a sofisticação patrimonial e social observada nas estruturas produtivas do açúcar. Por fim, ao contrário do apontado na alternativa E, a pecuária contribuiu para diversificação e crescimento da economia colonial, visto que os lucros obtidos com a comercialização da produção foram incorporados ao Brasil.

QUESTÃO 76 Em Roma, no século XV, destruí ram-se ou

reconverteram-se conforme calhava em fortalezas privadas ou em igrejas muitos e belos monumentos, sem que as autoridades ou os mecenas ao menos se lembrassem de os restaurar. No melhor período desse “regresso ao antigo”, não se põe de pé nenhuma ruína, e toda a gente continua a explorar alegremente templos, teatros e anfiteatros, como se se tratasse de autênticas pedreiras. [...] Não se tratava de qualquer manifestação de curiosidade ou veneração, nem tampouco de preocupação dos colecionadores eruditos movidos por qualquer desejo de estudo, mas do simples hábito de reutilização, ditado por questões de economia. Estas “pedreiras” romanas de mármores antigos continuavam assim a fazer concorrência às de Carrara, estas sim naturais; era menos caro, e o tão celebrado – no papel – respeito pela Roma Antiga não era suficientemente forte, no século XVI, para pôr cobro a essas práticas devastadoras.

HEERS, J. A Idade Média: uma impostura. Porto: Edições Asa, 1994. p. 111 (Adaptação).

O trecho explora a relação histórica entre o Renascimento e o passado greco-romano, ressaltando o(a)

A admiração dos mecenas italianos pela preservação das heranças romanas.

B consciência patrimonial histórica iniciada pelos artistas da Renascença.

C incoerência dos renascentistas no reaproveitamento das ruínas romanas.

D interesse maior pelo lucro que pela arte entre os artistas renascentistas.

E valorização total dos princípios humanistas antigos por parte dos renascentistas.

PRZØ

Alternativa CResolução: A historiografia destaca que o Renascimento europeu foi marcado pela revalorização da cultura greco- -romana na orientação da postura do indivíduo do período. Entretanto, o texto-base evidencia que na Roma dos séculos XV e XVI, no período desse “regresso ao antigo”, “destruíram-se ou reconverteram-se conforme calhava em fortalezas privadas ou em Igrejas muitos e belos monumentos [da Antiguidade]” e que “nenhuma ruína foi posta de pé”, evidenciando uma incoerência dos renascentistas em relação ao reaproveitamento dessas ruínas antigas, o que torna válida a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, de acordo com o texto, os monumentos romanos antigos foram destruídos “sem que as autoridades ou os mecenas ao menos se lembrassem de os restaurar”. A alternativa B também está incorreta, pois a “reutilização das ruínas antigas romanas”, pautadas apenas em questões de economia e não pela “veneração ou pelo desejo de estudo”, apontam para a ausência de uma consciência patrimonial histórica dos artistas renascentistas. Ainda que o texto destaque que a reutilização das ruínas antigas era ditada por questões de economia, não é possível, através do texto, afirmar que os artistas renascentistas estavam mais interessados no lucro que na própria arte, o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o texto ressalta justamente uma incoerência dos artistas da renascença em relação a retomada dos valores da Antiguidade Clássica.

QUESTÃO 77 Cantava a bela Deusa que viriamDo Tejo, pelo mar que o Gama abrira,Armadas que as ribeiras venceriamPor onde o Oceano Índico suspira;E que os Gentios Reis que não dariamA cerviz sua ao jugo, o ferro e iraProvaria do braço duro e forteAté render-se a ele ou logo à morte.

CAMÕES, Luis de. Os Lusíadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

De acordo com o trecho dos Lusíadas, poema épico de Luís de Camões, a Expansão Marítima lusitana, no século XVI,

A. privilegiava a exploração do Atlântico.

B. simbolizava a promoção da fé católica.

C. priorizava as ações de cunho comercial.

D. buscava a conquista de metais preciosos.

E. apregoava o belicismo contra outras nações.

Alternativa EResolução: Os Lusíadas é uma epopeia do poeta Luís de Camões que narra a viagem de Vasco da Gama às Índias, no contexto da Expansão Marítima portuguesa. No trecho destacado na questão, Camões associa o expansionismo português às ações bélicas empreendidas pelos lusos contra os reinos gentios, que “provariam do braço duro e forte” do reino português, o que torna válida a alternativa E.

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A alternativa A está incorreta, pois o trecho do poema destaca a exploração do Oceano Índico e não do Atlântico. A alternativa B também está incorreta, pois, ainda que o projeto expansionista português visasse a ampliação da fé católica, o trecho do poema não vincula o expansionismo luso a esse aspecto. É historicamente sabido que a Expansão Marítima do século XVI foi fortemente marcada por ações de caráter comercial, entretanto, não é esse o aspecto destacado pelo texto, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois, ainda que os portugueses buscassem, por meio do expansionismo marítimo, conquistar metais preciosos, esse aspecto não é evidenciado no texto.

QUESTÃO 78 [...] Já havíamos chegado ao ano profícuo da Encarnação

do Filho de Deus, de 1348, quando na egrégia cidade de Florença, mais bela que qualquer outra cidade itálica, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores, ou em consequência das nossas ações iníquas, [...] lançada sobre os mortais por justa ira de Deus e para nossa expiação, começara nas plagas orientais, alguns anos antes. [...] Sem tréguas passara de um lugar a outro; e expandira-se miseravelmente para o Ocidente.

BOCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Livraria Martins Editora. p. 35-6.

O relato ficcional produzido na Baixa Idade Média remete aos efeitos reais produzidos pela Peste Negra na Europa. Nessa fonte documental, a incidência da Peste é apontada de uma perspectiva:A. Naturalista, ao dar ênfase às origens territoriais da

doença.B. Xenófoba, ao vincular a origem da Peste aos povos

orientais.C. Racional, ao considerar os impactos de sua rápida

proliferação.D. Místico-religiosa, ao associar a ocorrência da doença

à ação divina.E. Determinista, ao atribuir a epidemia às condições

ambientais italianas.

Alternativa DResolução: A alternativa A está incorreta, pois a mera indicação da origem do surto da doença não serve para considerá-la do ponto de vista natural. A alternativa B está incorreta, porque apesar da vinculação correta da origem da doença com as terras a Oriente, não há qualquer desqualificação de sua gente que possa incorrer em uma ação xenófoba. A alternativa C está incorreta, pois o texto é permeado por elementos não racionais na análise das causas da Peste Negra. A alternativa D está correta, pois, ao associar a doença aos pecados dos homens e ao castigo divino propiciador de redenção, o texto evidencia uma perspectiva místico-religiosa na abordagem da expansão da doença. A alternativa E está incorreta, pois embora cite aspectos relativos à Itália, o autor não associa a peste às condições ambientais italianas do período, contrariando a ideia de determinismo ambiental indicado na alternativa.

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QUESTÃO 79

Estreia: O impossível reconstitui a tragédia do tsunami de 2004

Embora a roupagem aponte para mais um filme- -catástrofe, O impossível é uma obra contundente do diretor catalão Juan Antonio Bayona [...] com base no tsunami que devastou a costa asiática em 2004, deixando mais de 230 mil mortos. Inspirado no drama de uma família espanhola – no filme, britânica – que passava férias na Tailândia, Bayona vai além do registro e traz à tela uma história humanista de sobrevivência sem perder a tensão.

Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/12/estreia-o-impossivel-reconstitui-tragedia-do-tsunami-de-2004-1.html>.

Acesso em: 12 dez. 2017.

A sinopse anterior dá uma visão geral de um filme sobre os efeitos de um desastre natural na Tailândia. As ondas que caracterizam o fenômeno mencionado têm como característica A. gerarem eletricidade por meio da energia maremotriz,

servindo de alternativa à matriz nuclear. B. apresentarem uma pequena altura na origem e

crescerem à medida que avançam até a costa. C. terem grande poder destrutivo em terra firme,

independentemente da localização do epicentro.D. serem provocadas por tufões no Pacífico que causam

ondas e marés, podendo ter proporções catastróficas. E. recuarem momentos antes de alcançarem o litoral, o

que é provocado por alteração nas correntes marítimas.

Alternativa BResolução: Tsunamis são ondas de grandes proporções que podem causar sérios danos e prejuízos às regiões afetadas. São provocadas por maremotos, vulcanismo, deslizamentos ou meteoritos. A velocidade diminui à medida que a profundidade reduz. Desse modo, sua altura aumenta conforme se aproxima da costa. A alternativa A está incorreta, pois a energia maremotriz é obtida dos movimentos marítimos regulares. São eles: energia das marés, energia das ondas e energia das correntes marinhas. O tsunami é classificado como desastre natural. A alternativa C está incorreta porque a proximidade do epicentro é determinante para o impacto do tsunami. A alternativa D está incorreta porque as ondas criadas por tufões não são consideradas tsunamis. A alternativa E está incorreta, pois o rebaixamento do nível mar antes da iminência de um tsunami é explicado pela redução da sua velocidade em profundidades menores e pelo aumento da altura da onda.

QUESTÃO 80 Em trezentos anos, a rica montanha de Potosí queimou

[...] oito milhões de vidas. Os índios eram arrancados das comunidades agrícolas e empurrados, junto com suas mulheres e seus filhos, rumo às minas. De cada dez que iam aos altos páramos gelados, sete nunca regressavam. [...] Nas comunidades, os indígenas viram voltar muitas mulheres aflitas, sem maridos, e muitos órfãos sem seus pais, sabiam que na mina esperavam mil mortes e desastres.

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Os espanhóis percorriam centenas de quilômetros em busca de mão de obra. Muitos dos índios morriam pelo caminho, antes de chegar a Potosí [...].

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Tradução de Galeano de Freitas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

A economia mineradora implantada pelos espanhóis na colonização do Novo Mundo baseou-se em um sistema que, de acordo com o texto,

A. reproduziu na América um modelo de exploração anteriormente aplicado na Espanha.

B. utilizou a mão de obra dos indígenas nos moldes dos regimes escravocratas modernos.

C. favoreceu a criação de um ambiente propício à intensificação das relações interétnicas.

D. contribuiu para a desagregação das estruturas sociopolíticas das sociedades dominadas.

E. eliminou os traços culturais das populações indígenas que habitavam a região andina.

Alternativa D

Resolução: A mineração representou a principal atividade econômica desenvolvida na região da América Espanhola e valeu-se da mão de obra dos nativos. Ao “arrancarem os índios das comunidades agrícolas e empurrá-los, junto com suas mulheres e seus filhos, rumo às minas”, das quais muitos não retornavam, a exploração do trabalho indígena na mineração contribuiu para a desagregação das estruturas sociopolíticas das sociedades dominadas, na medida em que muitas mulheres ficaram viúvas e muitos filhos tornaram-se órfãos, o que valida a alternativa D. A base da mão de obra utilizada na atividade de mineração foi indígena, por meio do sistema de mita, que se orientava pela exploração temporária de certo número de nativos. Essa forma de trabalho, contrariamente ao indicado na alternativa A, não se originou na Espanha, mas tratava-se de uma relação já existente entre os povos indígenas e que foi adaptada aos interesses dos invasores hispânicos. A mita, apesar de ser uma forma de trabalho compulsório, não se confunde com o modelo escravocrata moderno, na medida em que os índios não se tornavam propriedade de um senhor e eram remunerados com recursos de subsistência e moedas, o que invalida a alternativa B. A alternativa C está incorreta, pois, além do texto não abordar os aspectos interétnicos na exploração mineradora, a presença das mulheres junto aos seus maridos nas minas contraria a ideia de intensificação de relações interétnicas. Por fim, ainda que o texto destaque que milhões de indígenas morreram em decorrência do trabalho compulsório a que foram submetidos pelos espanhóis na exploração das minas de prata, esse processo não foi capaz de eliminar os traços culturais dos povos indígenas que habitavam a região andina, o que invalida a alternativa E.

QUESTÃO 81

Imagem representativa da natureza visível, o mapa é a construção mais lógica e rigorosa do mundo das imagens. Há, contudo, quem pense que ele é obra apenas de especialistas e de acesso restrito a poucas pessoas. Por isso, ao longo da história, ele tem sido objeto de usos dos mais diversos, sobretudo, no campo político e militar. Não é, portanto, de estranhar que o mapa, também, sirva para fazer a guerra. [...] O mapa tem, portanto, várias dimensões e, entre elas, a que mais inibe as pessoas quanto ao seu uso e leitura, é a sua dimensão técnica.

Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/bgg/article/view/4141/3643>. Acesso em: 30 jan. 2018.

Um aspecto dos mapas abordado no texto é a relação entre a cartografia e o(a)

A. preservação.

B. economia.

C. indústria.

D. religião.

E. poder.

Alternativa E

Resolução: A origem da cartografia é mais antiga do que se imagina e relaciona-se com a contínua preocupação da sociedade em aprender sobre o meio ambiente (físico, social, cultural), se deslocar no espaço e registrar imagens mentais em algum meio de representação. Os mapas representam, portanto, a percepção da realidade e são próprios de cada cultura. Há estudiosos que consideram a representação cartográfica como uma forma de poder e saber, utilizada para se produzir declarações ideológicas a respeito do mundo. Desse modo, é preciso ter cuidado quanto ao que se quer mostrar nos mapas. O texto-base relaciona cartografia e poder quando se refere ao uso dos mapas nos campos político e militar. As alternativas restantes estão incorretas porque citam relações que não estão explícitas no texto-base.

QUESTÃO 82

No início, para os aqui desembarcados, não era o Verbo, mas sim o nada. Apenas matas, medo e solidão. E um vasto litoral, desconhecido, que mais ameaçava do que acolhia. [...] Além das praias, o desconhecido gentio: escondido, armado e perigoso [...].

Ao olharem a imensidão desconhecida, os viajantes nelas projetavam as informações que circulavam no Ocidente cristão. Sonhavam sonhos de riquezas, como as que sabiam existir nas Índias Orientais: pedras preciosas, sedas, madeiras raras, chá, sal e especiarias. [...]

Rapidamente, os estrangeiros iriam entender que, de tantos sonhos, pouco ou nada existia. A realidade se impunha: a terra era “dos Papagaios” e assim ficou conhecida por algum tempo. [...]

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ENEM – VOL. 4 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 49BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Afinal, tudo parecia confirmar a opinião de Américo Vespúcio sobre as terras achadas por Cabral: “pode-se dizer que nelas não encontramos nada de proveito”.

DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira – Colônia. São Paulo: Leya Editora, 2016. v. 1, p. 15, 16 e 20.

A superação do cenário descrito no texto foi alcançada por meio do(a)

A. financiamento de expedições desbravadoras de apresamento dos nativos.

B. liberação da colônia à livre iniciativa de companhias de comércio europeias.

C. desenvolvimento na colônia da produção de um artigo de alto valor na Europa.

D. construção de povoados que absorveram o excedente populacional da metrópole.

E. estabelecimento de feitorias e fortificações militares destinadas à defesa do litoral.

Alternativa C

Resolução: O texto revela que os europeus ao chegarem às terras do Novo Mundo encontram um cenário no qual não havia nada ou quase nada de proveito econômico imediato e que era marcado pelo “medo” e pela “ameaça dos gentios, armados e perigosos”, muito diferente dos sonhos de riquezas, como as que sabiam existir nas Índias Orientais. Para superar esse cenário, os portugueses, valendo-se de sua experiência nas ilhas da costa africana, do clima favorável das novas terras e da disponibilidade de terra com solos férteis, desenvolveram na América a cultura da cana e a produção do açúcar, um artigo de alto valor na Europa, efetivando a colonização do Brasil, o que torna válida, portanto, a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois as expedições de apresamento ocorreram, sobretudo, a partir da primeira metade do século XVII e buscava atender as demandas por mão de obra escrava após a invasão holandesa das principais praças fornecedoras de cativos na costa da África. A alternativa B também está incorreta, pois a exploração da colônia portuguesa na América foi marcada pelo pacto colonial. Contrariamente ao indicado na alternativa D, não ocorreu, ao longo da colonização portuguesa da América, uma política de transferência de excedentes populacionais da Metrópole para a Colônia. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o estabelecimento de feitorias e fortificações militares não correspondia a uma forma de se superar o cenário econômico pouco ou nada favorável da Colônia, descrito no texto.

QUESTÃO 83

Na madrugada do último dia 08 de fevereiro [2018], um incêndio intencional feriu três pessoas de uma mesma família venezuelana, incluindo uma criança de 4 anos. O crime se assemelha muito a outro praticado 4 dias antes na capital Boa Vista [RR], onde a intensa migração somada à ausência de ações adequadas do Poder Público colocam em risco a segurança e a dignidade dessas pessoas que procuram no Brasil proteção e acolhida.

Disponível em: <http://migramundo.com/organizacoes-e-migrantes-repudiam-ataques-contra-venezuelanos-em-roraima/>. Acesso em: 13 fev. 2018 (Adaptação).

Os eventos descritos no texto, que acometeram os imigrantes venezuelanos no Brasil recentemente, são motivados pela

A. multietnicidade.

B. transumância.

C. homofobia.

D. legalidade.

E. xenofobia.

Alternativa E

Resolução: Tendo início na gestão de Hugo Chávez (1999-2013) a crise econômica e política que gerou violência, fome e a falta de medicamento é a grande responsável pela onda de imigração na Venezuela. O movimento foi encabeçado pela classe média, que passou a deixar o país rumo aos Estados Unidos e à Espanha. Posteriormente, os mais pobres passaram a seguir o mesmo caminho, mas com o enrijecimento das leis de imigração nesses países o Brasil passou a ser o destino mais viável, recebendo cada vez mais imigrantes. A travessia é feita muitas vezes a pé e a principal porta de entrada é o estado de Roraima que já recebeu mais de 40 mil venezuelanos. Na busca por melhores condições de vida, grande parte dessas pessoas são expostas a abusos, exploração, discriminação e xenofobia. A alternativa A está incorreta porque a multietnicidade é a coexistência de diferentes etnias em um mesmo espaço. A alternativa B está incorreta, pois a transumância é um movimento migratório temporário em certa época do ano. A alternativa C está incorreta, pois a homofobia é o preconceito contra homossexuais. A alternativa D está incorreta, pois as agressões contra os imigrantes venezuelanos não foram motivadas por questões de legalidade, uma vez que nem todos estão ilegalmente no Brasil.

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QUESTÃO 84 Objetos centrais da cartografia, os mapas simbolizam

e correspondem à representação gráfica da superfície terrestre. A confecção de materiais dessa natureza leva em consideração diferentes aspectos, tais como a escala, a perspectiva e o recorte espacial.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) por paísMaior que 0,9Entre 0,8 e 0,9Entre 0,7 e 0,8

Entre 0,5 e 0,6

N

Menor que 0,5Sem dados disponíveis

0 1 593 km

Disponível em: <https://www.mappi.net/asie_idh.jpg>. Acesso em: 12 dez. 2017 (Adaptação).

Os mapas também se diversificam quanto a sua finalidade, como é o caso dessa regionalização do continente asiático, que corresponde a um tipo de mapaA. especial, pois retrata um fenômeno que independe das

condições espaciais.B. batimétrico, pois considera os oceanos que banham o

continente em questão. C. político, pois destaca a localização e a distribuição dos

territórios representados. D. temático, pois aborda um tópico específico, no caso,

um indicador socioeconômico.E. hipsométrico, pois apresenta as condições naturais da

topografia dos países representados.

Alternativa DResolução: Mapas temáticos são destinados a temas específicos. Multiplicar e diversificar os mapas é uma forma de solucionar o problema de que não se pode expressar todos os fenômenos em um único mapa. O objetivo do mapa temático é oferecer, com base em símbolos qualitativos e quantitativos sobre uma base de referência, as informações de um certo tema ou fenômeno no território mapeado. A alternativa A está incorreta, pois os mapas temáticos, diferentemente dos gerais, expressam conhecimentos específicos de um tema (no caso, desenvolvimento humano) para o uso geral. Os mapas especiais são mais técnicos e destinados a determinado público. Além disso, a classificação de países de acordo com o desenvolvimento humano é um fenômeno espacial. A alternativa B está incorreta porque

ES98 o mapa batimétrico exprime as profundidades do oceano. A alternativa C está incorreta porque o objetivo do mapa da questão é classificar os países asiáticos de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A alternativa E está incorreta, pois o mapa hipsométrico representa a variação das altitudes do relevo.

QUESTÃO 85 Atualmente, a política econômica dominante em escala

mundial é a neoliberal. O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus defensores, a presença do Estado na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento.

Disponível em: <http://espacoeconomicotocolando.blogspot.com.br>. Acesso em: 13 jun. 2016 (Adaptação).

Considerando o texto anterior, uma das características do modelo neoliberal seria o(a)

A. fechamento econômico pela liberalização comercial.

B. estabelecimento de barreiras econômicas.

C. ampliação das políticas de estatização.

D. investimento dos Estados em políticas sociais.

E. flexibilização das leis trabalhistas.

Alternativa E

Resolução: A flexibilização das relações de trabalho faz parte da implantação do modelo de Estado neoliberal. De acordo com as teses neoliberais, as leis que protegem o trabalhador encarecem o custo da mão de obra e oneram as empresas e por isso a necessidade de flexibiliza-las. A alternativa A está incorreta, pois a liberalização comercial é acompanhada pela abertura econômica. A alternativa B está incorreta, pois as barreiras econômicas são contrárias ao livre mercado defendido pelos neoliberais. A alternativa C está incorreta, pois uma das características do neoliberalismo é privatização das estatais. A alternativa D está incorreta o neoliberalismo fundamenta-se no Estado mínimo.

QUESTÃO 86 Em geral, as terras ao redor do engenho eram ocupadas

por plantadores de cana que, sem capital para montar uma unidade própria, produziam matéria-prima para a unidade central. Como o custo da produção aumentava bastante em função das precárias condições de transporte em carros de boi, fazia sentido dedicar o máximo possível de terras próximas ao engenho para o plantio da cana, deixando outras culturas para agricultores mais distantes, como por exemplo a de alimentos. Outro insumo importante foi sendo criado em regiões cada vez mais longínquas: o gado que movia os engenhos menores e os carros de boi empregados no transporte da cana cortada. Da mesma forma, muitos engenhos dependiam do abastecimento de lenha, que precisava ser trazida de outras partes. Depois, era preciso embalar e transportar o açúcar até os portos, o que exigia mais serviços especializados.

CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista – ensaio sobre o Brasil. São Paulo: Editora 34 Ltda., 1999. p. 77.

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De acordo com o texto, o desenvolvimento da economia açucareira no Brasil ColonialA. exigiu a divisão espacial do trabalho no interior da colônia.B. favoreceu a integração econômica entre campo e cidade.C. reduziu o caráter monocultor dos engenhos açucareiros.D. impediu a exploração racional dos recursos naturais.E. provocou a queda da demanda por escravos negros.

Alternativa A

Resolução: A produção do açúcar exigia elevados investimentos, dada a necessidade de se montar uma estrutura complexa para a obtenção de lucros, o que impedia alguns senhores de construírem o próprio sistema produtivo para o processamento do açúcar. Além disso, as atividades nos engenhos eram diversas, não se limitando ao exercício da agricultura. Essa complexidade e especialização internas exigiu, como demonstrado pelo texto, uma divisão espacial do trabalho, visto que as terras mais próximas ao engenho eram dedicadas ao plantio da cana, enquanto as demais atividades que forneciam insumos à estrutura produtiva do açúcar passaram a ser desenvolvidas em áreas mais distantes da unidade central, o que torna válida, portanto, a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois, ainda que atividades associadas à produção do açúcar fossem realizadas em outras áreas da Colônia, elas também se desenvolveram em um ambiente marcadamente rural, não havendo, assim, uma integração campo e cidade. A alternativa C também está incorreta, pois, ainda que o texto demonstre uma série de outras atividades econômicas desenvolvidas na colônia, elas existiam em função da atividade monocultura canavieira. Ao afirmar que “fazia sentido dedicar o máximo possível de terras próximas ao engenho para o plantio de cana”, o texto indica uma exploração racional dos recursos, o que invalida a alternativa D. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois, apesar da especialização da estrutura produtiva do açúcar, o trabalho nos engenhos estava baseado no uso da mão de obra escrava, sobretudo dos negros africanos.

QUESTÃO 87 Intitulado O Futuro das Religiões do Mundo, o estudo

prevê que, em 2050, o número de muçulmanos no mundo será “quase igual” ao de cristãos, e que, “mantidas as tendências demográficas atuais, o número de muçulmanos deverá ultrapassar o de cristãos até o final do século”.

Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39501016>. Acesso em: 06 dez. 2017.

Além da conversão de novos fiéis, a tendência expressa no texto em relação ao islamismo é explicada pelo seguinte comportamento demográfico da população muçulmana: A. Pequeno número de jovens.B. Baixa expectativa de vida.C. Grande número de idosos. D. Elevada longevidade.E. Alta natalidade.

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Alternativa EResolução: O número alto de filhos entre os muçulmanos impulsiona o ritmo do crescimento do islã no mundo. As alternativas restantes estão incorretas porque nenhum dos mencionados comportamentos dos indicadores demográficos explicam a tendência de crescimento do islã.

QUESTÃO 88 O trabalho produz ao mesmo tempo mercadorias e o

operário enquanto mercadoria. O resultado do trabalho se enfrenta com seu produtor como um objeto alheio, estranho – está dado o mecanismo essencial de explicação da alienação. Como produtor, o operário não se sente sujeito, mas objeto do seu objeto. [...] Embora tenha o potencial transformador da realidade, o que o homem mais recusa é trabalhar. Foge do que o tornaria humano porque não se reconhece no que faz, no que produz, no mundo que transforma. Porque trata-se de trabalho alienado.

SADER, E. Apresentação. In: MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. p. 12-14.

De acordo com o texto, a existência da alienação A. altera a concepção do trabalhador, trazendo à tona o

potencial emancipador do trabalho para a vida humana. B. transforma o operário em mercadoria, fazendo com

que ele não se reconheça no produto que produziu.C. adultera o processo de produção, causando a satisfação

do proletariado com o resultado de seu trabalho. D. converte o trabalhador em mercadoria, potencializando

e emancipando sua capacidade de ser histórico. E. modifica a realidade do proletariado, transformando o

trabalho em uma atividade psicológica e intelectual.

Alternativa BResolução: O texto-base concede informações sobre aquilo que Marx e Engels consideram alienação. Para ambos, no fim do processo de trabalho, o produto é modificado e se transforma em algo estranho, alheio ao ser que lhe produziu. Ou seja, o trabalhador não se reconhece no produto final de sua própria produção e, paralelamente, também não tem acesso a ele. Como o trabalho, no capitalismo, perde sua função emancipadora do ser humano, o proletário é transformado, durante o processo produtivo, em mercadoria, uma vez que o trabalhador vende sua força de trabalho ao burguês. Assim, “enquanto nos modos de produção anteriores, como no feudal, o trabalhador livre conhecia todas as etapas do seu trabalho e, em alguma medida, usufruía do que produzia, no capitalismo o operário industrial não só não conhece toda a cadeia produtiva, como também se encontra impossibilitado de usufruir do que produz, devido à especialização da indústria. O operário industrial fica relegado à abstrata relação de assalariamento, e o trabalho perde sua função existencial, passando a ser uma relação de dominação” (DELAZARI, F. Karl Marx e o Materialismo Histórico. In: Coleção 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1. p. 28). Portanto, a alternativa correta é a B. Vamos analisar as demais alternativas:

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A) Como dito anteriormente, no capitalismo, o trabalho perde sua capacidade emancipatória.

C) De acordo com Marx, o proletariado não fica satisfeito com o resultado do trabalho. Pelo contrário, ele não se reconhece no próprio produto que produziu.

D) Embora, para Marx, o trabalhador seja convertido em uma mercadoria no capitalismo, ele não emancipa sua capacidade de ser histórico por meio do trabalho.

E) Não há, no texto-base, menção a uma transformação do trabalho, no capitalismo, em uma atividade psicológica e intelectual.

QUESTÃO 89 No protestantismo, graças à tradução que Lutero faz

do Eclesiastes, a noção de vocação ganhou o sentido de profissão, de ofício. O título da obra seminal de Weber tanto pode ser entendido como “a política como profissão” ou “a política como vocação”. Beruf, a palavra alemã para “toda sorte de atividade diretiva autônoma”, se refere tanto à conquista quanto ao exercício da direção de si mesmo. Com a alteração denotativa do conceito, o controle regular do estado de graça passou ao crente individual, deixando de lado a ideia do controle externo, pelos sacramentos mágicos ou pelas eventuais recompensas extraterrenas das boas ações. A sacralização do trabalho consolidou o entendimento de que o ofício é um chamado e favoreceu o autopoliciamento do trabalhador.

THIRY-CHERQUES, H. R. Max Weber: o processo de racionalização e o desencantamento do trabalho nas organizações contemporâneas. In:

Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, 2009. n. 43, v. 4, p. 909.

Em sua teoria, Weber identificou afinidades entre a religião e a economia. Para o autor, a economia capitalista e a religião protestante se encontram, prioritariamente, à medida que o(a)

A. lógica do trabalho se torna essencial.

B. revolução industrial se estabelece.

C. fé católica entra em decadência.

D. burguesia passa a ser religiosa.

E. lucro passa a ser ambicionado.

Alternativa AResolução: Em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber faz um estudo entre religião e relações sociais. Na tentativa de estabelecer um vínculo entre a economia capitalista e o conteúdo doutrinal do protestantismo, sem estipular uma causalidade estrita entre essas duas categorias, Weber percebe a incidência de afinidades eletivas entre ambas. Ou seja, para o sociólogo alemão, a concepção puritana de vida, ligada à ascese vinculada ao trabalho, ajudou na formação do homo economicus moderno. Logo, “o protestante [...] dedica-se intensa e disciplinadamente ao trabalho, mas não consome seus lucros de forma leviana. Apoiado em ações sociais racionais (com relação a valores e a fins), realiza poupanças ou investe na produção, estimulando a economia de base capitalista” (DELAZARI, F. Durkheim e Weber. In: Coleção 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino,

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2018. v. 1. p. 21). Então, baseando-se no próprio texto-base, que ressalta a sacralização do trabalho, e nas informações anteriormente relatadas, percebe-se que a alternativa correta é a A.Vamos analisar as demais alternativas: B) O texto-base não concede informações para que

possamos fazer esse tipo de afirmativa. C) O texto-base não indica uma correlação possível para

essa afirmação. Ele apenas diz que, em referência ao catolicismo, os protestantes passaram a interpretar o controle do estado de graça como individual, e não dependente de sacramentos mágicos.

D) Embora Weber identifique os protestantes ocupando posições sociais mais abastadas na sociedade da época, o texto-base não insere elementos para que essa alternativa seja a correta.

E) Weber demonstra, realmente, uma mudança na visão do lucro. Os protestantes, diferentemente dos católicos, passaram a enxergar o lucro e a riqueza como sinal da graça divina. Contudo, o texto-base não menciona essa mudança de perspectiva, que está também correlacionada com a ascese no trabalho.

QUESTÃO 90 Ao longo dos anos 2000, em decorrência da transformação

da economia de regiões brasileiras, uma onda de migração de retorno ocorreu no país, o que poderia reordenar o processo de urbanização.

O caso mais evidente de migração de retorno nas últimas décadas envolve a regiãoA. Centro-Oeste, pela expansão do agronegócio e pelo

crescimento das cidades médias.B. Sul, pela redução da concentração fundiária em função

da reforma agrária.C. Nordeste, pelo crescimento industrial e econômico,

fruto da desconcentração produtiva.D. Sudeste, pela redução do poder de polarização de suas

metrópoles mais antigas.E. Norte, pela dinamização industrial para atender à

demanda do mercado venezuelano.

Alternativa CResolução: As transformações nas estruturas econômicas nordestinas, que se esboçaram a partir da década de 1970, são o contexto da intensificação dos fluxos de retorno para o Nordeste, revelados no Censo Demográfico 2000. A migração de retorno foi influenciada pelo processo de desconcentração produtiva no Brasil com as políticas de incentivo ao investimento industrial no Nordeste. As alternativas A e D estão incorretas porque os fluxos do Nordeste para o Sudeste e o Centro-Oeste se destacam até os anos 1970 e na década de 1990 quando a migração de retorno de nordestinos também se acentuou. A alternativa B está incorreta, pois a evolução desconcentradora de terras da região Sul não definiu uma migração de retorno. A alternativa E está incorreta porque não houve dinamização industrial da região Norte para atender à demanda do mercado venezuelano.

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