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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - Português Ensino Médio, 3º Ano Variedades dialetais: o contexto, o locutor/interlocutor, o propósito comunicativo e a pluralidade

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - Português

Ensino Médio, 3º AnoVariedades dialetais: o contexto, o locutor/interlocutor,

o propósito comunicativo e a pluralidade discursiva.

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COMPONENTE CURRICULAR: Língua PortuguesaEnsino Médio, 3º Ano

Tópico: Variedades dialetais: o contexto, o locutor / interlocutor, o propósito comunicativo e a

pluralidade discursiva

LÍNGUA PORTUGUESA, 3º Ano do Ensino MédioVariedades dialetais: o contexto, o locutor/interlocutor, o propósito comunicativo e a pluralidade discursiva

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Iniciemos nossa aula hoje lendo em voz alta o conteúdo abaixo:

Dialeto é a forma como uma língua é falada numa determinada região.

Trata-se de uma variante linguística constituída por características

fonológicas, sintáticas, semânticas e morfológicas próprias, típicas de uma

localidade.

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Essa definição nos situa no terreno da variedade dialetal, objeto de estudo da

nossa aula de hoje. Ainda fará parte dela o contexto, o locutor / interlocutor,

o propósito comunicativo e a pluralidade discursiva. Nosso objetivo é

estudarmos os fatores que influenciam no modo como a língua é falada por

meio da apresentação linguística mais real de sua manifestação, ou seja,

através dos próprios textos. Com sotaque ou sem sotaque pernambucano,

litorâneo, interiorano, sertanejo, agrestino ou canavieiro pergunto à turma:

PODEMOS COMEÇAR NOSSA AULA?

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As referências feitas às regiões do nosso estado foram apenas uma forma de

apresentar a ideia central do nosso estudo: de que, embora pertençamos ao

mesmo estado, falamos diferente de uma região para outra. E isso é

maravilhoso, pois representa perfeitamente o mosaico cultural que é o estado

de Pernambuco, o Brasil e, especificamente, a língua que neles falamos.

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Em nenhuma língua, os usos são uniformes. As línguas variam de acordo com

a situação em que é usada, com os falantes, suas intenções e a diversidade de

discursos existentes em nossa sociedade (BAGNO, 2007)

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Modalidades da língua

Formal : também chamada de culta ou padrão, corresponde àquele falar tido

como “modelar”, que obedece às regras da gramática normativa e não aceita

variações de qualquer natureza. A modalidade culta ou padrão é veiculada

nos dicionários, nas gramáticas, nos textos literários, técnico-científicos e

jornalísticos e nas redações oficiais do país. É a norma socialmente

prestigiada e quem não a utiliza é considerado ignorante, iletrado, caipira ou

matuto (o que não é verdade!), tornando-se vítima certa do preconceito

linguístico (ANTUNES, 2007).

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Informal: Podemos dizer que é a modalidade do dia a dia da maioria das

pessoas, que está “na boca do povo”, sem policiamento gramatical. Ao

conversamos com pessoas conhecidas, com as quais temos intimidade ou

mesmo familiaridade, podemos falar de modo informal, mais popular e

menos policiado, pois nosso interlocutor não se chocará com a nossa

linguagem. Usamos a modalidade informal geralmente em casa com nossos

familiares, com pessoas mais próximas ou em eventos que não seja

obrigatória a modalidade formal. Essa modalidade está aberta às inúmeras

variações.

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Imagine as situações abaixo:

você participando de uma formatura, realizando uma consulta médica,

conversando com familiares, conversando com pessoas desconhecidas, você

na arquibancada do seu time preferido, numa reunião da igreja, do clube, da

escola, dentro de um elevador com uma criança etc.

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Se é verdade que existem situações sociais diferentes (formatura, reunião,

conversa, consulta etc), com pessoas diferentes, em lugares e épocas

diferentes, também é verdade que existem usos da língua diferentes.

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“Nenhuma língua natural possui uma forma única de expressar as coisas.

Toda língua permite que os falantes falem sobre a mesma coisa de forma

diferente com recursos diferentes.”

(FERRAREZI JÚNIOR, 2008, p. 230)

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O contexto de produção é um dos fatores que determina a variação dialetal.

Observe como isso se dá, lendo a situação comunicativa que segue. Para

compreendê-la, suponha que uma amiga sua, de nome Maria vai de viagem

de Recife a Caruaru para conhecer os festejos juninos e, ao entrar no ônibus,

encontra apenas uma cadeira vazia, tendo como vizinho de poltrona um

rapaz. Observe a conversa que eles travam durante a viagem:

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-Licença, tem alguém aí? Perguntou Maria.

-Não, senhora – respondeu o rapaz.

Com o ônibus ainda parado no TIP, Maria senta, observa o rapaz e compra

uma água pela janela. Ela aponta a garrafa para ele e pergunta:

-Quer água? O rapaz olha fixamente para ela e responde:

-Não, senhora! A viagem prossegue e após mais uns 30 minutos em silêncio,

Maria se volta para o rapaz e faz mais uma pergunta:

-Você é pernambucano? Tenho a impressão de que lhe conheço de algum

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lugar... O rapaz sorri e pergunta: - Mas de onde você me conhece? Sou daqui

mesmo de Pernambuco, moro no Recife.

-Cara, você é o Juninho?! Pergunta Maria espantada.

-Sim e você é a Maria?! Responde o rapaz.

-Claro, mas Juninho como não te reconheci logo de peitada!? Fomos vizinhos

por longos anos – diz Maria. Eis que o rapaz feliz da vida pergunta:

-Lia, como vai o teu pessoal? E Maria também muito feliz responde:

-A raça toda vai bem e melhor vai ficar quando eu disser que dancei um forró

arretado cum você em Caruaru, home de deus!

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Inicialmente percebemos que os interlocutores não se reconheceram. À

primeira vista, eram apenas estranhos que se avizinhavam nas poltronas do

ônibus durante uma viagem. Esse contexto apenas permitiu conversas triviais

entre “os estranhos”, através de perguntas e respostas simples (“-Licença, tem

alguém aí?” “ -Não, senhora”, “Quer água?”). Observe a cor da letra azul

no texto para indicar distanciamento entre os interlocutores. O contexto

muda no momento em que se reconhecem e assim o uso da língua apresenta

sua variação. Embora continuando a mesma viagem, no mesmo ônibus, cria-

se uma intimidade, ou melhor, é resgatada a intimidade da amizade do

passado.

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Daí ser normal e não causar estranhamento a nós leitores o tratamento do

restante do texto com o uso de expressões como “cara”, “Juninho” “Lia” etc,

revelando assim o contexto de um reencontro entre amigos / vizinhos do

passado.

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Os agentes da interação: o locutor / interlocutor

Ninguém fala ou escreve para ninguém. Ao falarmos ou escrevermos, sempre

temos um interlocutor imediato ou pretendido. Na conversa, nos diálogos os

papeis do locutor / interlocutor se alternam: ora você é locutor (quando fala,

escreve), ora é interlocutor (quando o outro fala / escreve) para você. As

variedades dialetais também são percebidas por meio do uso da língua e o

que fazem locutor e interlocutor. Fatores como quem fala, de onde, para

quem, o que faz quem fala, a idade, o sexo, o grau de instrução, a situação

socioeconômica também permitem as variedades dialetais.

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Observe as variações dialetais no diálogo abaixo entre um agricultor e um engenheiro agrônomo:

- Bom dia, senhor! Já iniciou a colheita do milho? –Indagou o engenheiro.

-Qual nada, meu sinhô! Só no mei de santana – respondeu o agricultor.

-Senhor, mas quando é mesmo o mês de santana?- Perguntou pacientemente o engenheiro.

-E o sinhô num sabe?! E como é dotô?!- Exclamou espantado o agricultor.

-Tudo bem, não precisa responder, mas em qual data aproximadamente de santana eu posso

voltar por aqui para assistir a sua colheita do milho?- Perguntou o engenheiro.

-Venha lá pro miado, pruquê só começo no miado do mei de santana mermo – Disse o agricultor.

-Tudo bem, senhor! Voltarei nessa data e bons lucros para o senhor e sua família – afirmou o

engenheiro.

-Agradecido e inté o miado de santana! Exclamou o senhor.

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Pela leitura do diálogo, deu para perceber a mesma língua sendo falada de

modo variado. Na voz do agricultor, tendo como interlocutor o engenheiro

agrônomo e vice-versa. Ambos usam expressões que os identificam tanto na

localidade, quanto na profissão em que atuam.

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A respeito do diálogo que você acabou de ler, responda:

a) Qual palavra usada pelo agricultor provocou a dificuldade de compreensão

por parte do engenheiro?

b) Durante a conversa dos dois, o que causou espanto no agricultor?

c) Caso você estivesse no lugar do agricultor, teria tido o mesmo espanto

dele? Justifique.

d) Por que o engenheiro “desistiu” de querer saber da explicação do

agricultor?

e) Você sabe informar a data precisa que o agricultor pediu para o engenheiro

retornar?

f) Retire do diálogo palavras e expressões que confirmem variação dialetal.

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Ao usarmos a língua em toda e qualquer situação temos intenções a serem

alcançadas. Conseguir atingir o objetivo pretendido na comunicação é o

desejo de todo falante. É o chamado propósito comunicativo que nos

acompanha a cada uso da nossa língua.

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Isso acontece mais ou menos assim:

se quero convencer uma plateia sobre o uso do cinto de segurança, porexemplo, devo elaborar um texto oral ou escrito, do gênero propaganda oufolheto informativo com esse fim; se quero descrever como foi um passeio, devo preparar um relato, umdiário, usar adjetivos que (des)qualifiquem o passeio e formar uma“fotografia” por meio da escrita para ajudar na concretização do propósitocomunicativo; se quero contar uma história, devo organizar os elementos da narrativa demodo harmônico para dar caráter de verossimilhança e a história apresentarcomeço, meio e fim; se quero advertir, passar instruções de algum serviço, devo elaborartextos instrucionais e assim cumprir meu propósito comunicativo.

Entenderam?!

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Para atingir os propósitos comunicativos apresentados anteriormente, a

língua será usada de modo variado. Para cada intenção comunicativa, um

jeito diferente de escrever ou falar. Ainda que inúmeras pessoas tivessem

um só propósito comunicativo, o uso da língua não seria único.

Inevitavelmente haveria variações no modo de dizer o mesmo discurso.

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Para cada objetivo do falante, a língua apresenta recursos diferentes,

plenamente adequados e suficientes quando bem utilizados pelos falantes.

(FERRAREZI JÚNIOR, 2008).

Saber variar os usos da língua conforme as situações, intenções e

interlocutores é uma forma de demonstrar competência comunicativa.

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Verifique sua aprendizagem lendo com atenção os textos seguintes e informando o propósito comunicativo dos seus produtores.

O sujeito estava no bar e próximo a ele um bêbado dormia numa mesa. De vinte em

vinte minutos, o dono do bar chegava no tonto, dava uma chacoalhada no infeliz e

gritava: - Acordaaaaaa! Depois da terceira ou quarta vez, o cara não aguentou e

chamou o dono: - Pô, que sacanagem é esta? Porque você tá acordando o cara e

deixando-o continuar na mesa? - O dono respondeu: - Né nada pessoal, não. É que

o cara, além de ser chato, paga a conta toda vez que eu o acordo........

Propósito comunicativo:

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Venha à minha casa hoje à noite comer um pedaço de torta do meu aniversário. Não traga presente, será apenas um lanchinho! Bjos, Ju.

Propósito comunicativo:

LEIA, é importante!

Prezados estudantes inscritos no Enem, gostaríamos

de informar-lhes que as aulas de reforço serão

ministradas no Clube Municipal durante toda tarde

do sábado. Contamos com sua presença!

Professores e direção.

Propósito comunicativo:

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Imagem: Chocolate Batom / Agência: W/Brasil/ http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13505

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Pluralidade discursiva

Todo discurso que proferimos não é unicamente nosso, sempre haverá um

pouco daqui, um pouco de lá dos discursos de outras pessoas. Isso significa

dizer que aquilo que falamos ou escrevemos já foi dito por alguém. Isso

acontece quando lemos um texto, por exemplo. É provável que durante a

leitura nos lembremos de algo parecido que já vimos ou ouvimos, em algum

lugar, concordam? E é justamente nessa “mistura” de discursos que acontece

a variação dialetal.

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Num texto que você produz na aula de Português haverá sempre informações

que você viu na TV, na internet, em revistas e livros ou nas aulas das outras

disciplinas. Nossos discursos também são formados pelos discursos dos

nossos pais, parentes, vizinhos, amigos, etc. Por isso, fala-se em pluralidade

discursiva. Com os poetas acontece o mesmo, suas produções são frutos de

outras leituras do passado até mesmo quando se quer criticar o presente.

Veja a seguir como o texto original da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias

inspirou outros poetas através de paródias.

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Leia em voz alta e perceba o que, do 1º texto, está nos demais:

CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

(Gonçalves Dias)

NOVA CANÇÃO DO EXÍLIOUm sabiá na palmeira, longe.Estas aves cantam um outro canto.O céu cintila sobre flores úmidas.Vozes na mata, e o maior amor.Só, na noite, seria feliz: um sabiá, na palmeira,longe. Onde é tudo belo e fantástico,só, na noite, seria feliz. (Um sabiá, napalmeira, longe.) Ainda um grito devida e voltar para onde tudo é belo efantástico: a palmeira, o sabiá, olonge.

(Drummond)

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CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o mar

Os passarinhos daquiNão cantam como os de láMinha terra tem mais rosasE quase tem mais amores

Minha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosasEu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São Paulo

Sem que eu veja a rua 15E o progresso de São Paulo

(Oswald de Andrade)

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CANÇÃO DO EXÍLIOMinha terra tem macieiras da Califórnia

Onde cantam gaturamos de VenezaOs poetas da minha terra

São pretos que vivem em torres de ametista,Os sargentos do exército são monistas, cubistas,Os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormirCom os oradores e os pernilongos

Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.Eu morro sufocado

Em terra estrangeira.Nossas flores são mais bonitas

Nossas frutas são mais gostosasMas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdadeE ouvir um sabiá com certidão de idade !

(Murilo Mendes)

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Para finalizar, comente em folha à parte sobre a aproximação e o

distanciamento da poesia de cada um dos poetas apresentados (Drummond,

Oswald de Andrade e Murilo Mendes) com a poesia de Gonçalves Dias e em

seguida, como eles fizeram, também faça sua paródia. Boa produção!

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Bibliografia consultadaANTUNES, Irandé. Muito além da gramática. Por um ensino de línguas sempedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variaçãolinguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

BORTONI-RICARDO. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística &educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2005

FERRAREZI JÚNIOR, Celso. Semântica para a educação básica. São Paulo:Parábola Editorial, 2008.

SCHERRE, Maria Marta Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle: variaçãolinguística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

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Tabela de Imagensn° do slide

direito da imagem como está ao lado da foto

link do site onde se consegiu a informação Data do Acesso

26 Chocolate Batom / Agência: W/Brasil/

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13505

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=13505

13/09/2012