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Livro de resumos Estoril, 20 e 21 de outubro 2016 Parceiros Organização Associação Portuguesa de Horticultura

Lio mo Associação Portuguesa de Horticultura · ... Horticultura e Economia Social ... Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues Adaptação e gestão da empresa agrícola para ... e

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Livro de resumos

Estoril, 20 e 21 de outubro 2016

ParceirosOrganização

Associação Portuguesade Horticultura

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Livro de resumos

Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril

20 e 21 de outubro 2016

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Parceiros

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FICHA TÉCNICA

Livro de Resumos I Colóquio Nacional de Horticultura Social e Terapêutica Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, Portugal 20 e 21 de outubro 2016 Propriedade e edição Associação Portuguesa de Horticultura (APH) Rua da Junqueira, 299, 1300-338 Lisboa Tel. 213623094 http://www.aphorticultura.pt Coordenação Isabel de Maria Mourão Maria Elvira Ferreira Luís Miguel Brito Ana Cristina Ramos Grafismo da capa: Miguel M. Brito Impressão: Centro de Cópias 17A, Braga Tiragem: 120 exemplares ISBN: 978-972-8936-22-8 Ano: 2016

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20 e 21 outubro 2016 - EHTE, Estoril

Livro de Resumos i

Índice

Índice ........................................................................................................................................... I

Introdução .................................................................................................................................. V

Organização ............................................................................................................................... VI

Programa geraL ....................................................................................................................... VIII

Programa ................................................................................................................................... IX

Comunicações em Painel ......................................................................................................... XII

Visitas Técnicas e Workshops .................................................................................................. XIV

RESUMOS ................................................................................................................................... 1

Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Comunicações orais

Using gardening to improve health and transform lives ........................................................... 4

Sean Morrissey

Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental ..................... 7

Maria Antónia Frasquilho

Horticultura na intuição inteligente ........................................................................................... 8

João Gil Pereira

Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários ................................................................. 11

Ana Firmino e Cláudia Brites

A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida – Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas ................ 14

Luís Alves, Mafalda R. Pereira, Isabel Mourão e Mário C. Cunha

Benefícios da horticultura nos utentes da APCC – Assoc. de Paralisia Cerebral de Coimbra .. 16

Margarida Domingues

Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do Parque da Devesa, V.N. Famalicão ....................................................................................................... 18

Marisa C. Moreira, Telma C. Almeida, Isabel Mourão, L. Miguel Brito

Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para a vida pós escolar ........................................................................................................................ 20

Fernanda Delgado, Conceição Marçal, Eduardo Miguel, Isabel Gaspar, Edite

Fernandes, Sónia Tomé, Rui Lopes, Teresa Almeida, Cristina Albuquerque

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Livro de Resumos ii

Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos - Comunicações em painel

Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso .................................................................................................................... 24

Natália Costa, Isabel Mourão, J. Raul Rodrigues e L. Miguel Brito

A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas ...... 26

Jorge Frazão Cancela

Os cientistas hortelões ............................................................................................................. 28

Mariana Mota, Elisabete Santos, Sónia Lázaro, Teresa Barranco

Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso ........................................ 30

Joaquim Almeida Cunha, Isabel Mourão, Luisa Moura, L. Miguel Brito

Semear para educar ................................................................................................................. 32

Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira

Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social ......................................................................................... 34

Armindo Pereira Magalhães, Isabel Mourão, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito, Luisa

Moura e J. Raul Rodrigues

Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade .................................................................................................................. 36

José Carlos Oliveira, Isabel Mourão, Luisa Moura

5 Dias no Pezinho - divagações ................................................................................................ 38

Maria Lucília Sousa

Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira ....................................................................... 40

Paula Silva

Horta solidária .......................................................................................................................... 42

Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes, Maria Mendes

O papel da horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais .......... 44

Elisabete Franco, Isabel Machado, Ana Lúcia Pinto-Sintra

Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de

Horticultura Social e Terapêutica ............................................................................................ 47

Avaliação externa de projetos de Horticultura Social e Terapêutica ...................................... 49

Cláudia Pedra

OASIS - Projeto de Hortoterapia ‘Quatro Luas’, na Quinta de Porto do Carro ........................ 50

Marta Gaspar

Projeto social SEMEAR – Terra de oportunidades ................................................................... 52

Tomás Sassetti Coimbra

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Livro de Resumos iii

Sessão 2 - Horticultura e Economia Social – Comunicações orais

Economia social e horticultura ................................................................................................. 57

Fernando Oliveira Baptista

Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming National Forum......................................................................................................................... 58

Ilaria Signoriello

Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear .... 60

Damián Copena Rodríguez e Xavier Simón Fernández

Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra .................................................... 63

Miguel Lago

Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão ............................................... 64

Olga Brito e Luisa Simões

Horta Associativa da Adroana .................................................................................................. 66

Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto, Sara Torres

Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta .............................................................. 68

Cristina Ferreira

Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau ........................................ 70

Pedro M.P. Santos, Patrícia Maridalho, Isabel Mourão, L. Miguel Brito

Sessão 2 - Horticultura e Economia Social - Comunicações em painel

Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas ............................................................................................................ 74

Cecília Delgado

Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social ..................................................... 76

Cláudia Brites e Ana Firmino

Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social ......................................................................................................................................... 79

Maria Raquel Sousa

“Horta do Saber” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas ......... 80

Maria de Lurdes Silva, Isabel Mourão, Lia Jorge, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito e J.

Raul Rodrigues

Práticas de economia solidária em iniciativas de agricultura urbana do concelho de Lisboa. Os casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio ....................................... 82

Carlos Paizinho, Maria de Fátima Ferreiro

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Livro de Resumos iv

Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar................. 84

Maria Helena Soares, Bernardo Costa, Vanessa Neves

Agricultura social na Escola Superior Agrária de Viseu ............................................................ 87

António Pinto, Daniela Teixeira, Helena Esteves Correia

As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia ............................ 88

M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz

Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal .................................................................................................................................... 90

Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira

Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento - Comunicações orais

Social Agriculture: Funding in the Netherlands ....................................................................... 92

Marjo Baeten

A agricultura social e o desenvolvimento rural ........................................................................ 94

Pedro Teixeira

Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua ........................ 96

Nuno Oliveira

A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal ...... 98

Carlota Quintão, Cristina Parente, Rui Martins, Susana Almeida

Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência ................................... 100

Miguel Mata Pereira

Redesenhar o Futuro .............................................................................................................. 102

Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues

Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de agricultura social ....................................................................................................................................... 104

Isabel Mourão

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Livro de Resumos v

Introdução

A Associação Portuguesa de Horticultura (APH), em parceria com a CERCICA e a Câmara

Municipal de Cascais, organizou o ‘I Colóquio Nacional de Horticultura Social e Terapêutica’,

realizado nos dias 20 e 21 de outubro 2016, no Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo do

Estoril. A este evento foi concedido o Alto Patrocínio de S. Ex.ª o Presidente da República, que

representa um contributo para a concretização de ideias que tenham por base o futuro de

Portugal.

A Horticultura Social e Terapêutica (HST) enquadra-se em programas de horticultura

urbana, de educação ambiental e de apoio a pessoas idosas, com deficiência ou dependência,

em instituições de saúde, de reabilitação psicossocial e de inclusão social. Estes programas

são promovidos por instituições particulares de solidariedade social, câmaras municipais,

associações, estabelecimentos prisionais, instituições de ensino superior e outras, e têm por

objetivo contribuir para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida das pessoas,

nomeadamente da sua saúde física, mental e emocional. Oferece, ainda, oportunidades para

a socialização, participação ativa e exercício físico, estímulo dos sentidos, da concentração e

da criatividade.

A HST relaciona-se com a Agricultura Social, que pode assumir uma forma de

diversificação das fontes de rendimento das empresas agrícolas que, prestando um serviço

social à comunidade, continuam sujeitas às leis do mercado. A Agricultura Social tem sido

também praticada em explorações agrícolas sem fins lucrativos, que exercem uma atividade

de produção e troca de bens e serviços de interesse social.

Este Colóquio envolve técnicos, investigadores, movimentos sociais, empresas,

pessoas e comunidades, e traduz-se numa partilha de experiências e de processos inovadores,

que procuram responder aos atuais desafios sociais, ambientais e económicos.

Os temas do colóquio incluem: avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos; fatores

de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de HST; economia, empreendedorismo

social e financiamento; agricultura social e desenvolvimento rural; e, também, o trabalho que

se tem vindo a desenvolver na Europa, apresentado por oradores de referência do Reino

Unido, Itália, Holanda e Espanha.

O colóquio é também uma oportunidade de formação através de visitas participativas

à CERCICA ou às diferentes tipologias das Hortas de Cascais e, ainda, através da participação

em workshops nas áreas de marketing e de empreendedorismo social.

A Comissão Organizadora

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Livro de Resumos vi

Organização

Comissão Organizadora

Ana Cristina Ramos (APH; INIAV, IP) Custódia Gonçalves (APACI) Frederico Rodrigues (UTAD) Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC; presidente) Jaime Ferreira (Agrobio) Luís Alves (Cantinho das Aromáticas) Manuela Araújo (CM Famalicão) Maria de Deus Domingos (DRAPAlg) Maria José Dinis (ASTA) Miguel Neves (Albergues Noturnos do Porto) Olga Brito (Cercica) Paula Rodrigues (CVP-Braga) Raquel Santos (CM Cascais) Rui Peixoto (CM Cascais) Sónia Lança (CM Seixal)

Comissão Científica

Alfredo Sendim (Herdade Freixo do Meio) Ana Firmino (FCSH/UNL) Artur Cristovão (UTAD) Carlos Portas (ISA/ULisboa) Cristina Amaro da Costa (ESAV/IPV) Fernando Oliveira Baptista (ISA/ULisboa) Filomena Miguéns (ESAC/IPC) Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC) Isabel Rodrigo (ISA/ULisboa) Luís Miguel Brito (CIMO/ESA/IPVC) Maria Elvira Ferreira (INIAV, IP) Mariana Mota (ISA/ULisboa)

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Livro de Resumos vii

Programa

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Livro de Resumos viii

Programa Geral Dia 20/10/2016 8.00 h - Registo, inscrição e entrega de documentação 9.00 h - Sessão de Abertura 9.30 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos 10.30 h - Café 11.00 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos 12.30 h - Almoço 14.00 h - Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica 15.30 h - Café 15.45 h - Sessão de painéis - Temas 1 e 2 16.30 h - Sessão 2 - Horticultura e Economia Social 19.30h - Jantar do Colóquio Dia 21/10/2016 9.00 h - Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento 11.00 h - Café 11.30 h - Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2 12.30 h - Sessão de Encerramento Síntese e conclusões do Colóquio 13.00 h - Almoço 14.30 h - 17.30 h - Visitas técnicas e Workshops

Visita técnica 1 - CERCICA Visita técnica 2 - Hortas de Cascais Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal

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Livro de Resumos ix

Programa

Dia 20/10/2016

8.00 h - Registo, inscrição e entrega de documentação 9.00 h - Sessão de Abertura 9.30 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos Moderadores: Carlos Portas (ISA/UL) e Isabel Mourão (ESAPL/IPVC) - Using gardening to improve health and transform lives Sean Morrissey (Thrive, UK) - Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental Maria Antónia Frasquilho (AlterStatus) - Horticultura na intuição inteligente João Gil Pereira (Naturena) 10.30h - Café 11.00 h - Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos Moderadores: Mariana Mota (ISA/UL) e André Miguel (CM Cascais) - Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários Ana Firmino e Cláudia Brites (FCSH-UNL) - A horticultura como ferramenta educativa, terapéutica e de participación social Inma Peña Fuciños (Asoc. Española de Terapia Hortícola y Horticultura Escolar) - A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida - Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas Luis Alves (CA), Mafalda Pereira, Isabel Mourão e Mário Cunha - Benefícios da horticultura nos utentes da APCC - Associação de Paralisia Cerebral de

Coimbra Margarida Domingues (APCC) - Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do

Parque da Devesa, V. N. Famalicão Marisa Moreira (CM VN Famalicão), Telma Almeida, Isabel Mourão e L. Miguel Brito - Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para

a vida pós escolar Fernanda Delgado (CERNAS/ESA/IPCB), Conceição Marçal, Eduardo Miguel, Isabel Gaspar,

Edite Fernandes, Sónia Tomé, Rui Lopes, Teresa Almeida, Cristina Albuquerque 12.30 h - Almoço

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Livro de Resumos x

Dia 20/10/2016

14.00 h - Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica Moderador: Fernando Alves (TSF)

Participantes

- Cláudia Pedra (Stone Soup Consulting) - Cristina Parente (ISUP/DSFL/UP) - Marta Gaspar (Oasis) - Miguel Mata Pereira (Quinta Essência) - Cristina Figueiredo (Cercica) - Tomás Sassetti Coimbra (Semear)

15.30 h - Café 15.45 h - Sessão de painéis - Temas 1 e 2 (Comunicações em painel listadas em baixo) 16.30 h- Sessão 2 - Horticultura e Economia Social Moderadores: Alfredo Sendim (Herdade Freixo do Meio) e Sónia Lança (CM Seixal) - Economia social e horticultura Fernando Oliveira Baptista (ISA-UL) - Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming

National Forum Ilaria Signoriello (Social Farming National Forum, Itália) - Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear Damián Copena e Xavier Simón (GIEEA/FE/U Vigo, Espanha) - Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra Miguel Lago (Cruz Vermelha Portuguesa) - Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão Olga Brito e Luisa Simões (Cercica) - Horta Associativa da Adroana Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto e Sara Torres (CM Cascais) - Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta Cristina Ferreira (Lipor) - Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau Pedro Santos, Patrícia Maridalho (VIDA), Isabel Mourão e L. Miguel Brito 19.30h - Jantar do Colóquio

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Livro de Resumos xi

Dia 21/10/2016 9.00 h - Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento Moderadores: Maria José Dinis (ASTA) e Rui Peixoto (CM Cascais) - Social Agriculture funding in the Netherlands Marjo Baeten (HAS Univ. of Applied Science, Holanda) - A agricultura social e o desenvolvimento rural Pedro Teixeira (DGADR/ MAFDR) - Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua Nuno Oliveira (Parques de Sintra, Monte da Lua) - A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal Carlota Quintão, Cristina Parente (IS-UP, Associação A3S), Rui Martins e Susana Almeida - Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência

Miguel Mata Pereira (Associação Quinta Essência) - Redesenhar o futuro Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues (APMRA/Novos Povoadores) - Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de

agricultura social Isabel Mourão (CIMO/ESA/IPVC) 11.00 h - Café 11.30 h - Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2 Moderadores: Maria Elvira Ferreira (INIAV) e Cristina Amaro da Costa (ESA/IPV) 12.30 h - Sessão de Encerramento Síntese e conclusões do Colóquio 13.00 h - Almoço 14.30 h - 17.30 h - Visitas técnicas e Workshops (programa detalhado em baixo)

Visita técnica 1 - CERCICA Visita técnica 2 - Hortas de Cascais Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar

Margarida Castro Caldas Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal

Nuno Frazão (IES -Social Business School)

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20 e 21 outubro 2016 - EHTE, Estoril

Livro de Resumos xii

Comunicações em painel

Tema 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos P1 Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso Natália Costa, Isabel Mourão, J. Raul Rodrigues e L. Miguel Brito P2* A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas Jorge Frazão Cancela P3 Os cientistas hortelões Mariana Mota, Elisabete Santos, Sónia Lázaro e Teresa Barranco P4 Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso Joaquim Almeida Cunha, Isabel Mourão, Luisa Moura e L. Miguel Brito P5 Semear para educar Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira P6* Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social Armindo Pereira Magalhães, Isabel Mourão, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito, Luisa Moura e J. Raul Rodrigues P7 Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade José Carlos Oliveira, Isabel Mourão e Luisa Moura P8* 5 Dias no Pezinho – divagações Maria Lucília Sousa P9* Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira Paula Silva P10* Horta Solidária Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes e Maria Mendes P11 O papel da Horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais Elisabete Franco, Isabel Machado e Ana Lúcia Pinto-Sintra

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20 e 21 outubro 2016 - EHTE, Estoril

Livro de Resumos xiii

Tema 2 - Horticultura e Economia Social P12* Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas Cecília Delgado P13 Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social Cláudia Brites e Ana Firmino P14* Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social Maria Raquel Sousa P15 “Horta do Saber” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas M. Lurdes Silva, Isabel Mourão, Lia Jorge, Paula Rodrigues, L. Miguel Brito e J. Raul Rodrigues P16* Práticas de Economia Solidária em Iniciativas de Agricultura Urbana do Concelho de Lisboa. Os Casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio Carlos Paizinho e Maria de Fátima Ferreiro P17 Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar Maria Helena Soares, Bernardo Costa e Vanessa Neves P18* Agricultura Social na Escola Superior Agrária de Viseu António Pinto, Daniela Teixeira e Helena Esteves Correia P19* As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz P20 Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira (*) – Apresentação na Sessão de painéis no auditório - Temas 1 e 2

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20 e 21 outubro 2016 - EHTE, Estoril

Livro de Resumos xiv

Visitas técnicas e Workshops

Dia 21/10/2016

Visita técnica 1 - CERCICA - www.cercica.pt - Objectivos

+ Conhecer a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais (CERCICA) e a sua história + Compreender o funcionamento, as metodologias e as estratégias da Cercica

- Programa + Visita guiada às instalações + Participação em atividades de horticultura social

- Local: Rua Principal, nº 320 / 320 A – Livramento, 2765-383 Estoril Visita técnica 2 - Hortas de Cascais - www.cascaisambiente.pt - Objectivos

+ Conhecer o programa Hortas de Cascais + Perceber a metodologia, funcionamento e especificidades das suas diferentes vertentes: hortas comunitárias, associativas, em Centros de Dia e numa quinta.

- Programa + Horta Comunitária da Adroana + Horta Associativa da Adroana + Horta num Centro de Dia + Horta da Quinta do Pisão

Workshop 1 - Marketing social: despertar, envolver, impactar

Powered by IES - Social Business School - Formadora: Margarida Castro Caldas - Objectivos

+ Estabelecer um entendimento comum do que é o marketing social; + Despertar a consciência para a necessidade e importância do marketing num projeto social; + Dar a conhecer metodologias e ferramentas; + Promover a capacidade de autoanálise de cada iniciativa ou projeto.

- Local: Sala na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril Workshop 2 - Empreendedorismo Social em Portugal - Formador: Nuno Frazão (IES -Social Business School) - Objectivos

+ Conceito + Metodologia de mapeamento e critérios de empreendedorismo social ES+ + Problemas sociais em Portugal + Financiadores + Soluções de empreendedorismo em social

- Local: Sala na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 1

Resumos

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 2

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 3

Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos

Comunicações orais

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 4

Using gardening to improve health and transform lives Sean Morrissey Thrive, The Geoffrey Udall Centre, Beech Hill, Reading, RG7 2AT, UK, [email protected]

Resumo

Social and Therapeutic Horticulture (STH) is the participation by vulnerable people in

groups and communities whose activities are centred on plants, horticulture and gardening.

STH is one of the core components of 'Green Care'. Green Care can best be understood as a

formalised approach to the use of nature for health and well-being and differs, as such, from

activities like recreational gardening or nature-based health promotion activities like 'walking

for health' or 'green exercise'. In this context, social and therapeutic horticulture involves a

trained practitioner who utilises gardens and gardening activities to enable groups of clients

with clearly identified support needs to achieve well-defined goals. STH practitioners harness

the opportunities that gardens provide for both a ‘passive’, ‘restorative’ experiencing of

nature, and gardening, which is flexible and often highly meaningful activity for various groups

of people.

There is nothing new about the use of nature and nature-based activities for health

and well-being. In the past few decades, however, recognition of the importance of green-

care provision in various settings has been growing amongst the health and social care

community. In the UK, the establishment of groups like the Green Care Coalition and the

publication of key reports by Natural England (a non-departmental public body of the UK

Government) and the King’s Fund (a health charity that shapes health and social care policy

and practice) have begun to influence clinical commissioning, social prescription and public

policy. When considered in the context of shrinking budgets and structural changes to health

and social services, STH and Green Care offer the promise of cost-effective alternatives to

established medical interventions for conditions and illnesses like depression, anxiety and

dementia.

In response to this burgeoning interest, professions like STH and care farming are

increasingly tasked with demonstrating an understanding of the mechanisms that enable

people to derive health and well-being from nature and nature-based activities; an evidence-

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 5

base that is robust, reliable and coherent; and that processes exist to assure the quality of

services.

The purpose of this presentation is to articulate a conceptual framework for nature-

based approaches to health and well-being in general, and social and therapeutic horticulture

specifically. In so doing, it will explore three interrelated theories that help describe the

relationship between people and their natural environments; Attention Restoration Theory,

the Biophilia Hypothesis and Psycho-Evolutionary Theory. The presentation will then explore

the evidence-base by drawing on research from a number of related fields. While recognising

some of the evidence base, the presentation will demonstrate the overwhelming strength of

consensus that exists about the value of nature-based approaches to health and well-being,

whether in active or experiential applications. Finally, it will explore some models of practice

and the ‘state’ of STH in the UK before suggesting some key strategies for closing the gap

between currently established approaches to commissioning and prescription and

organisations like Thrive who offer STH services.

Thrive are the UK's national Society for Horticultural Therapy. The charity was formed

in 1978 and now delivers around 10,000 gardening sessions to approximately 500 clients from

its four regional centres across England each year. In addition, Thrive deliver training,

education and consultancy services to 600-700 professionals annually and are involved in

ongoing research of the impact of social and therapeutic horticulture on diverse groups of

clients.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 6

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 7

Avaliação dos benefícios terapêuticos das plantas em termos de saúde mental

Maria Antónia Frasquilho CEO-AlterStatus, Saúde, Educação e Desenvolvimento Pessoal, Lda., Av. Bombeiros Voluntários de Algés nº42, S/L Esqª, 1495-020 Algés, Portugal, [email protected]

Resumo Esta comunicação abordará, no âmbito da saúde mental, as vantagens de plantar e

fará a síntese do estado atual do conhecimento científico relativo aos benefícios (e riscos) de

algumas plantas.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 8

Horticultura na intuição inteligente

João Gil Pereira Naturena - Agroturismo, Lugar Souto de Vilar, 4905-077 Durrães, Portugal, [email protected]

Resumo

O Método que a Intuição Inteligente desenvolveu e aplica na sua prática, não é mais

do que a urgência do ser humano reclamar para si uma capacidade secundarizada, ou até

perdida: a Intuição! Nunca antes o Homem teve ao seu alcance tanto, nem tão bom,

conhecimento. E como em tudo na vida, nós temos uma Intuição… Então, se à nossa Intuição

juntarmos a Inteligência, uma nova condição vai ter inicio, seguramente.

Há vários exemplos de Intuição Inteligente à nossa volta. Pensemos numa colmeia, por

exemplo. O produto final da colmeia é o Mel. Ele é intuitivamente armazenado em alvéolos.

São autênticos recipientes herméticos, finalizados com Veneno, uma espécie de atmosfera

controlada, e tamponados com Cera. E a ciência vem, depois, descodificar esta Intuição não

perdida.

Contrariando aquilo que tem vindo a ser popularizado, observações científicas

recentes revelam que a herança genética vale apenas 5 a 10% da nossa condição de saúde. A

parte restante é condicionada fundamentalmente pelo “ambiente”, que construímos à nossa

volta. Ou seja, grande parte das doenças tem muito mais a ver com o “ambiente” do que com

a genética. Não vale a pena, portanto, atribuir muito valor à genética. Primeiro, porque na

verdade não há muito a fazer. Segundo, porque não estaríamos a assumir a responsabilidade

da mudança, do problema e da solução. É que cada um de nós pode alterar o seu “ambiente”!

Voltemos ao exemplo da colmeia que confirma este pressuposto. Quando uma colmeia

percebe que a rainha deve ser substituída, as abelhas escolhem aleatoriamente algumas

larvas às quais induzem uma nova dieta, a Geleia Real, fazendo com que estas evoluam, não

para obreiras, mas sim para candidatas a rainhas. Abelhas muito maiores em tamanho e

providas duma capacidade incrível de postura. Uma evolução distinta conseguida apenas pela

alteração do “ambiente”, pela alteração da alimentação (alimentação funcional).

Então, a saúde que temos vindo a perder pode ser recuperada se alterarmos,

favoravelmente, o nosso “ambiente”. E esse passo de gigante é conseguido através do

MÉTODO DA INTUIÇÃO INTELIGENTE, sustentado por 5 grandes PILARES: Alimentação,

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 9

Emoções, Movimento, Sono e Respiração. Somos o que comemos e o que pensamos. Alguém

que come lixo, naturalmente pensa lixo. E vice-versa. Quando pensamos lixo, desencadeamos

um conjunto de emoções que não prestam. E de seguida, comportamentos que não

interessam, originando uma sociedade de “loucos”.

Então, se queremos mudar tudo isto, alteremos a dieta das pessoas. E tudo começa na

terra. Na plantação, no trato e na colheita.

Na Horticultura devemos pois despertar a nossa Intuição Inteligente para, por

exemplo, explorar devidamente as consociações. Um claro exemplo de Intuição são as práticas

agrícolas dos Incas. Eles combinam de forma magistral as culturas do milho com as do feijão

e as das aboboras. Os benefícios daqui provenientes são vários, quer para o corpo, quer para

o cultivo.

Esta harmonização fornece ao corpo tudo aquilo que ele precisa. Hidratos de carbono

do milho, vitaminas em grande quantidade das aboboras e proteínas provenientes do feijão.

Por outro lado, no terreno a organização da cultura é incrível. O milho ergue-se como

acessório para a sobrevivência com sucesso do feijão; o feijão trepa o milho fazendo dele

haste para buscar a luz; e a abobora estende no solo as suas grandes folhas protegendo-o de

ervas daninhas.

Isto é observação duma Intuição que a ciência agora explica.

Uma atitude destas é a oposta àquela que promove o “ataque” a uma qualquer praga

pelo recurso a um químico agressivo, que elimina o agressor e fragiliza a planta, penalizando

a alimentação que chega até cada um de nós.

E os cancros… estão ou não a aumentar? Há correlação?

É sobre isto, e muito mais, que vos vou falar no 1º Colóquio Nacional de Horticultura

Social e Terapêutica.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 10

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 11

Agricultura Social e Sociedade: diálogos solidários Ana Firmino e Cláudia Brites Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa, Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

A agricultura social engloba um conjunto de atividades desenvolvidas por vários

empreendedores, nomeadamente as associações sócio-terapêuticas, que são um pilar

importante da sociedade pelo alcance da sua ação, embora atuem duma forma por vezes

quase impercetível, sobretudo para quem não se movimente neste meio. Contudo, prestam

um serviço muito meritório, e desde há largos séculos, como é o caso das misericórdias, tanto

a quem tem limitações físicas ou mentais, como noutras situações que condicionem a inserção

social (delinquência, dependência de substancias químicas, marginalização, etc.).

Porém, os benefícios decorrentes da presença destas instituições, nos territórios em

que desenvolvem a sua ação, são muito mais abrangentes contribuindo, consoante as

situações, para a criação de infraestruturas que promovem criação de emprego, coesão social,

dinamização socioeconómica, oferta de atividades de interesse para as populações locais,

nomeadamente de cariz cultural.

O objetivo deste trabalho é dar a conhecer, a um público mais alargado, o contributo

destas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) não apenas para apoio aos seus

utentes mais diretos, mas sobretudo para o desenvolvimento dos territórios em que se

inserem, e para a criação de sinergias decorrentes das suas atividades, que poderão motivar

outros agentes.

Os exemplos apresentados resultam do trabalho conjunto que há já vários anos temos

vindo a desenvolver com a ASTA (Cabreira – Almeida), Quinta da Carapalha (Castelo Branco)

e Casa de Santa Isabel (São Romão – Seia) e têm como objetivo divulgar projetos no âmbito

da Responsabilidade Social das Empresas (RSE) que pretendem contribuir para um novo

modelo de consumo, orientado para a solidariedade social e a responsabilidade individual na

construção de um mundo melhor.

Palavras-chave: Agricultura Social, dinâmicas territoriais, responsabilidade social das

empresas (RSE), economia social, inovação social.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 12

Horticultural Therapy: horticulture as tool for education, therapy and social participation

Inmaculada Concepción Peña Fuciños President of AETHORES - Asociación Española de Horticultura Educativa, Social y Terapéutica, A Coruña, Spain, [email protected]

Abstract

The profession of horticultural therapist is relatively recent. The first associations

founded to promote the use of horticulture as a therapeutic tool are created in the 70s:

American Horticultural Therapy Association (1973), The Society for Horticultural Therapy -

Thrive- (1978). Then Horticultural Therapy Association of Victoria Inc and Horticultural

Therapy Society of NSW (1984), Gesellschaft für Gartenbau und Therapie (1988), Japan

Horticultural Therapy Society (1995), Horticultural Therapy South Australia (2005), Asociación

Chilena de Terapia Hortícola (2006), Asociación Argentina de Terapia Hortícola (2009), Asia

Pacific Association of Therapeutic Horticulture (2007), Association of Social and Therapeutic

Horticulture Practitioners, AETHORES (2014).

The importance of these associations is double: 1) promote and spread the relevance

for humans using the Horticultural Therapy for all its benefits; 2) collect a record of

horticultural therapists, which are professionals qualified to provide safe and effective

horticultural activities for health, education and social participation.

Affiliate and register is an active way of establishing credibility among other

professions and promoting HT as an effective discipline.

The Spanish Association of Horticultural Therapy and School Garden - AETHORES has

the following purposes:

• Encourage the use of horticulture as an educational, social and therapeutic tool to help

improve the quality of life, health, education, social participation, socio-labour inclusion and

general welfare of the people. Including: children, youth and older people of any gender;

people with any type of disability or functional diversity; persons who have suffered an

accident or illness; people at risk of social exclusion and/or disadvantaged for any reason; etc.

• Promote, research and spread the benefits of gardening as an educational, social and

therapeutic tool in all its aspects, including, among others, the discipline of Horticultural

Therapy and the School Gardening.

• Promote the professionalization of the people involved in activities related to horticulture

as educational, social and therapeutic tool by establishing: a specialized Horticultural Therapy

formation, an accreditation process as horticultural therapists, and professional standards.

• Promote the establishment of a professional association of horticultural therapists and a

professional code of conduct for themselves, to ensure the welfare and rights of individuals

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 13

to their activities, committing such professionals, reasonably, to ensure that their services

have adequate implementation within the framework of appropriate conditions.

• Promote quality and liability standards for programs and services using horticulture and

gardening as an educational, social and therapeutic tool, establishing a Quality Assurance

System for accreditation of projects.

• Encourage the preservation, protection and appreciation of the natural environment for

human life.

When we speak of Horticultural Therapy we do it in a broad sense, following the

terminology recognized by the AHTA, is meant to encompass the following programs:

- Horticultural Therapy: active process that occurs within a treatment plan established,

consisting of performing horticultural or gardening activities provided by a qualified therapist,

to achieve specific and documented treatment goals. Usually they develop within a clinical, or

health care environment: hospital, gerontological residence, neuropsychiatry centre, day care

centre, etc., as well as special education centres.

- Therapeutic horticulture: differs from the previous in that neither has specifically

determined, nor documented therapeutic goals; consists in the use of plants and activities

related to them, actively or passively, for the welfare of the participants, conduct for a

horticultural therapist.

- Social horticulture or Community gardening: recreational or leisure activity related to

plants and horticulture or gardening, in which there are no defined treatment goals, and the

focus is on social interaction and horticultural activities or gardening as final products, being

maintained by a group of people organized in a community with a common goal or purpose.

They can be supported in the general organization by a horticultural therapist. Its purpose is

both: vegetable production for the group (although some are merely ornamental -garden-, or

preservation of flora and fauna -environmental preservation-) and foster a sense of

community and interaction among participants.

- Vocational horticulture: it is often an important component of a Horticultural Therapy

program, it focuses on providing training that enables people to work in the horticulture

industry or professional gardening, regular work centres or special employment centres. In

many cases the intended purpose is to reintegrate a person into society and facilitate access

to employment. People who attend these programs may have disabilities or not, but in most

cases there are at risk of social exclusion.

- The Association also promotes School gardening: horticultural activities program for

children from junior kindergarten and young to second cycle High School, both included, which

allows them to experience curriculum content in a hands on and practical way, develops and

promotes physical, cognitive, sensory and social skills, as well as promote healthy habits, in a

natural setting and outdoor. It can be done, both at school and after-school. It can be

combined with programs of Horticultural Therapy, in case of students with disability.

Keywords: horticultural therapy, disability, disadvantage, elderly, children.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 14

A Horticultura Social e Terapêutica como instrumento de valorização e potenciação da qualidade de vida – Estudo de caso de voluntariado no Cantinho das Aromáticas Luís Alves1, Mafalda R. Pereira2, Isabel Mourão3 e Mário C. Cunha2 1 Cantinho das Aromáticas, Quinta do Paço, Rua do Meiral 508, 4400-501 Canidelo, Vila Nova de Gaia, Portugal 2 Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, sn 4169-007 Porto, Portugal. 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal

Resumo A qualidade de vida é definida pela Organização Mundial de Saúde, como a perceção

que cada indivíduo tem sobre o lugar que ocupa na vida, no contexto cultural e se o sistema

de valores em que vive está relacionado com os seus objetivos, expectativas, regras e

preocupações. Pode ser avaliada de formas distintas, sendo que uma delas abrange uma

perspetiva subjetiva que inclui a satisfação com a vida, que inclui o bem-estar pessoal, a

autoestima, a capacidade funcional, o nível socioeconómico, estado emocional, interação

social, atividade intelectual, autocuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais,

éticos e religiosos, estilo de vida, satisfação com o emprego e/ou com as atividades da vida

diária e com o ambiente em que se está inserido.

Realizou-se um estudo com o objetivo de avaliar a importância e o efeito da prática de

voluntariado na empresa Cantinho das Aromática, Vila Nova de Gaia, Portugal, na qualidade

de vida dos seus voluntários, em 2015. A quinta tem cerca de três hectares em zona urbana e

produz e comercializa plantas aromáticas, medicinais e condimentares em modo de produção

biológico. As tarefas de voluntariado são diversas e incluem tarefas mais aprazíveis no âmbito

do normal quotidiano da empresa, nomeadamente: propagação de plantas - preparação de

estacas e de tabuleiros com substrato para enraizamento; plantação e manutenção -

sementeira e plantação, envasamento, remoção de infestantes, manuseamento das telas de

cobertura do solo; colheita - sobretudo de perpétuas; pós-colheita - separação de folhas secas

para os lotes de infusão (normal e premium).

O trabalho de avaliação consistiu na recolha de instrumentos de caracterização

sociodemográfica e na aplicação da Escala de Satisfação com a Vida (Pais Ribeiro e Cummins,

2008) e da Escala de Felicidade Subjetiva (Pais Ribeiro, 2012), ambas validadas para a

população portuguesa. O grupo de voluntários foi constituído maioritariamente por

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 15

indivíduos do sexo feminino (75%), principalmente da faixa etária dos 56 a 65 anos (36,4%),

casados, com um grau de escolaridade correspondente ao 12ºano, com uma situação

profissional de reformado, sendo que a esmagadora maioria dos voluntários da amostra

reside em zonas urbanas.

A avaliação da satisfação com a vida do grupo de voluntários estudados resultou numa

pontuação média de 75,4%, valor superior à média da população portuguesa, cujo valor médio

é 68,9%. A análise da felicidade subjetiva permitiu verificar níveis de felicidade pessoal

percebida, nível de felicidade comparado com os outros e nível de otimismo, superiores ao

nível de "indiferença face à perceção pessoal da felicidade".

O voluntariado aumentou de forma percebida a qualidade de vida dos seus

praticantes, ou seja, a prática destas atividades contribuiu para que as pessoas se sentissem

mais felizes e satisfeitas com a vida, alterando e melhorando os seus hábitos e desenvolvendo

as suas capacidades pessoais.

Palavras-chave: Agricultura urbana, bem-estar, satisfação com a vida, felicidade subjetiva

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Livro de Resumos 16

Benefícios da horticultura nos utentes da APCC - Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra Margarida Domingues Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, Quinta da Conraria, Conraria, 3040 714 Castelo Viegas, Portugal, [email protected]

Resumo

A agricultura social na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) tem como

objetivo melhorar a qualidade de vida física, psicológica, social e ambiental; desenvolver

competências nos domínios da agricultura social e aumentar os níveis de competências sociais

de adultos com deficiência.

Concretiza-se na participação de um grupo de adultos com deficiência, do centro de

atividades ocupacionais e de jovens que concluíram o curso de formação profissional e se

encontram em situação de desvantagem inseridos, num programa estruturado de atividades

nos domínios da agricultura social. De uma forma geral, o projeto tem como objetivo nuclear

o desenvolvimento de competências profissionais agrícolas e de empreendedorismo num

grupo de adultos desempregados que, dados os seus diagnósticos e características funcionais

associadas, representam um grupo de vulnerabilidade aumentada para processos de

exclusão, isolamento e/ou falta de autonomia sociais.

A Quinta da Conraria da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC)

(www.apc-coimbra.org.pt) congrega um espaço verde e agrícola de dimensão considerável e

beleza singular, onde são dinamizadas diversas atividades e respostas sociais (e.g., formação

profissional, atividades ocupacionais, hipoterapia/equitação terapêutica, ateliês pedagógicos)

dirigidas primeiramente às pessoas em situação de desvantagem, com particular incidência

nas pessoas com deficiência, mas também à comunidade em geral. No domínio da agricultura,

a Quinta da Conraria da APCC carateriza-se pela existência de amplas áreas de terreno arável

e estufas, onde são cultivados diversos produtos hortícolas para autoconsumo e

comercialização. Especificamente, as atividades aliadas à agricultura social desenvolvidas na

APCC promovem a agricultura biológica, o cultivo de plantas aromáticas e medicinais e a

cultura de cogumelos “Pleurotus ostreatus”.

Pelo histórico da APCC na qualidade reconhecida na (re)habilitação de pessoas

incapacitadas, bem como pela dimensão territorial da zona de abrangência da intervenção

desenvolvida (zona Centro de Portugal), a APCC possui um conhecimento próximo e fiável das

necessidades de intervenção e desenvolvimento das pessoas em situação de desvantagem,

nomeadamente com incapacidades. Há internamente a preocupação na sustentabilidade de

um sistema integrado de promoção da inclusão social, qualidade de vida e empowerment

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 17

destes grupos em situação de desvantagem. Assim, no projeto da agricultura social da APCC

pretende-se, por um lado, avaliar o impacto global da participação de um grupo de adultos

com deficiência em atividades de agricultura social, e por outro lado, desenvolver nesse

mesmo grupo competências-chave de empreendedorismo que possam contribuir para a

promoção da sua empregabilidade. Em relação a este último aspeto, esta abordagem a nível

agrícola inclui no seu plano de desenvolvimento um módulo de formação em competências-

chave de empreendedorismo, derivado do manual de formação para pessoas com

incapacidades intelectuais, que tem vindo a ser adaptado no âmbito do projeto Europeu BE

(Business Enterprise) Inspired, www.adam-europe.eu/prj/9704/project_9704_en.pdf). No

que respeita à mensuração dos resultados, o seguinte protocolo de avaliação é administrado

aos participantes antes do início das atividades semanais e após o seu término: WHOQOL-

Bref, Instrumento Abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de

Saúde (The WHOQOL Group, 1994; Canavarro et al., 2006); Escala de Empowerment (Rogers,

Chamberlin, Ellison, & Crean, 1997); Inventário Clínico do Autoconceito (Vaz-Serra, 1986);

Escala de Esperança de Trabalho (Juntunen, 2006; Martins, Paixão, & Silva, 2012).

O projeto da agricultura social contribui, em primeiro lugar, para a resolução do

problema de ausência de respostas sociais adequadas às necessidades de adultos

desempregados com deficiência; em segundo lugar, promove a iniciativa privada e o

empreendedorismo numa população em que esses aspetos tendem a ser mais deficitários do

que na população geral; em terceiro lugar, aumenta as competências sociais e profissionais

(aqui entendidas como dimensões de empregabilidade), cujos níveis tendem a estar

comprometidos em adultos com deficiência; em quarto lugar, a escassa evidência empírica

sobre o impacto das iniciativas de agricultura social na qualidade de vida, inclusão e

empowerment de populações vulneráveis específicas.

De acordo com os objetivos delineados, estima-se que o impacto da agricultura social

junto do seu grupo-alvo seja verificado nas seguintes observações: (1) aumento dos níveis de

competências profissionais no domínio da agricultura; (2) aumento dos níveis de

empowerment, incluindo as dimensões de inclusão social e empreendedorismo; (3) melhoria

dos níveis de qualidade de vida Auto relatada nos domínios físico, psicológico, social e

ambiental; (4) melhoria dos níveis de participação social, nomeadamente através do incentivo

à autoiniciativa e do envolvimento ativo e pleno em atividades comunitárias comuns; (5)

aumento dos níveis de autoconfiança, esperança de trabalho e motivação para (re)definição

do projeto de vida profissional e de desenvolvimento pessoal.

Palavras-chave: Bem-estar, reabilitação, sociabilização, ambiente, motivação, competências,

empregabilidade.

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Livro de Resumos 18

Contributos para a avaliação do bem-estar nos utilizadores das hortas biológicas do Parque da Devesa, V.N. Famalicão

Marisa C. Moreira1, Telma C. Almeida2, Isabel Mourão3, L. Miguel Brito3 1 Município de Vila Nova de Famalicão, Praça Álvaro Marques, 4764-502 V. N. de Famalicão, Portugal, [email protected] 2 Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Campus Universitário, Quinta da Granja, 2829-511 Caparica, Portugal, [email protected] 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Inst. Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected]

Resumo

As hortas urbanas em Portugal têm tido um crescimento exponencial nos últimos anos,

mas a avaliação do seu contributo para a qualidade de vida das populações urbanas ainda é

uma questão pouco desenvolvida. A qualidade de vida assenta num conjunto de conceitos

amplos e subjetivos, e em que se consideram entre outros aspetos, os relacionados com bem-

estar pessoal, satisfação com a vida e felicidade subjetiva. O presente trabalho teve por

objetivo avaliar a importância e o efeito das hortas urbanas em modo de produção biológico,

no Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, procurando contribuir para a avaliação daa

qualidade de vida dos seus utilizadores. O estudo foi realizado em 2014 e baseou-se na recolha

de instrumentos de caraterização sociodemográfica e na administração da Escala de

Satisfação com a Vida de Pais Ribeiro e Cummins e da Escala de Felicidade Subjetiva de Pais

Ribeiro. Para além destas, foi também efetuada uma avaliação qualitativa quanto à perceção

pessoal dos pontos positivos e negativos por parte dos utilizadores das hortas.

Os utilizadores destacaram como benefícios percebidos mais relevantes a ocupação do

tempo e o relaxamento, a produção dos seus próprios alimentos saudáveis, o aumento da

sensibilização para as questões ambientais, a alteração de hábitos alimentares, a prática de

exercício físico, assim como a sociabilização e a interação com os outros. A avaliação da

satisfação com a vida revelou que os utilizadores das hortas apresentam níveis mais elevados

comparativamente com a média da população portuguesa, e que a maior periodicidade de

visita às hortas se relacionou positivamente com a perceção pessoal da felicidade subjetiva.

Para os utilizadores das hortas, destacam-se como pontos positivos aspetos relacionados com

a sociabilização, pela interação, convívio, espírito de camaradagem, entreajuda e laços de

amizade. A horta foi ainda apontada como um espaço de bem-estar associado ao

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 19

relaxamento, tranquilidade e felicidade pessoal. O fato das hortas serem em modo biológico

foi um fator muito determinante nos benefícios percebidos, dado que a valorização dos

alimentos produzidos, assim como o contributo para a preservação do ambiente é muito

considerada. Nos pontos negativos, foram referidas essencialmente questões de

funcionamento e organização do espaço.

As hortas urbanas do Parque da Devesa são um instrumento de valorização e

potenciação da qualidade de vida dos seus utilizadores. O uso deste espaço contribui, de

forma significativa, para que as pessoas se sintam mais felizes e satisfeitas com a vida,

alterando e melhorando os seus hábitos e desenvolvendo as suas capacidades pessoais.

Palavras-chave: hortas urbanas, satisfação com a vida, felicidade subjetiva.

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Livro de Resumos 20

Projeto- Escola BioAromas. Plantas aromáticas e medicinais. Promoção da transição para a vida pós escolar Fernanda Delgado1, Conceição Marçal2, Eduardo Miguel2, Isabel Gaspar3, Edite Fernandes4, Sónia Tomé4, Rui Lopes5, Teresa Almeida6, Cristina Albuquerque6 1Escola Superior Agrária, CERNAS-Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Quinta da Senhora de Mércules, Apartado 119, 6001-909 Castelo Branco, Portugal, [email protected] 2Escola Básica e Secundária Pedro da Fonseca, Av. do Colégio, n.º 26. 6150-401 Proença-a-Nova 3Câmara Municipal de Proença-a-Nova, Av. do Colégio, 6150-401 Proença-a-Nova 4Centro de Ciência Viva da Floresta, Estrada Nacional 241, Moitas, 6150-345 Proença-a-Nova 5Escola Superior de Saúde, Instituto Politécnico Leiria, Campus 2, Morro do Lena, Alto do Vieiro, Ap. 4137, 2411-901 Leiria 6Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra

Resumo

O Projeto Escola BioAromas, teve início no ano letivo 2007/2008, na Escola Básica e

Secundária Pedro da Fonseca, no Município de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

O BioAromas, é um projeto para a Promoção da Transição para a Vida Pós Escolar e o público-

alvo são os alunos com NEEp-Necessidades Educativas Especiais de carácter permanente que

beneficiem de Currículo Específico Individual (Dificuldades graves de Aprendizagem e outras

Deficiências), e desenvolve-se nos 3 anos do ensino secundário sendo ajustado em cada ano

letivo de acordo com as necessidades e características dos alunos. Este projeto foi idealizado

por professores e pais de alunos, com o principal objetivo de oferecer aos seus alunos/filhos

uma experiência de iniciação pré profissional em contexto de trabalho, com atividades que os

preparem para uma possível vida profissional. Este projeto pretende, numa fase transitória,

que os jovens sejam capazes de estabelecer uma relação com o mundo do trabalho, pela

atividades práticas desenvolvidas, aumentando o interesse pela atividade profissional

Ficou assim aberta uma janela de oportunidade que tem provado ser autossuficiente

em termos económicos. Tem igualmente permitido desenvolver as áreas de Comunicação,

Matemática para a Vida, Estudo do Meio e Vida Ativa da sua população alvo e a metodologia

utilizada é a intervenção em rede/trabalho de pares.

O Projeto Escola BioAromas tem como atividades relacionadas com a natureza, a

produção biológica de PAM- Plantas Aromáticas e Medicinais, desde a sua sementeira,

transplante, apanha, corte, secagem e ensacamento em saquetas com rótulos próprios

criados em sala de aula e a produção de produtos ligados aos aromas, como confeção de

bolachas e bolos aromáticos, elaboração de sabonetes, extração de óleos essenciais e

construção de sacos de cheiro.

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Livro de Resumos 21

Para concretizar as atividades do projeto, a Escola Básica e Secundária Pedro da

Fonseca, como entidade promotora, tem a colaboração da Camara Municipal de Proença-a-

Nova, do Centro de Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova e da Escola Superior Agrária

do Instituto Politécnico de Castelo Branco. O município contribuí com o espaço físico, com os

viveiros municipais, com uma área aproximada de 162 m2, sitos na Zona Industrial, onde se

executa a produção de plantas aromáticas e medicinais em modo de produção biológico,

secagem, seleção e embalamento. Contribui ainda, com a logística de transporte e a

colaboração dos técnicos. Ao nível do Centro de Ciência Viva da Floresta, o apoio prestado é

na vertente científica e prática dando apoio aos coordenadores pedagógicos e, se necessário,

com o escoamento dos produtos que estas crianças e jovens produzem. Por último, a Escola

Superior Agrária de Castelo Branco, dá apoio técnico e científico nas atividades de

implementação, experimentação e demonstração, e também através de estágios de alunos

de diversas licenciaturas.

Anualmente, todos os parceiros realizam atividades conjuntas onde se partilham

experiências e conhecimentos, através da realização de visita de estudo de final de ano, da

qual se fazem trabalhos em sala de aula. Faz-se a comemoração do Dia Mundial da

Alimentação através de um workshop anual e temático onde se utilizam as plantas aromáticas

produzidas no âmbito do projeto.

Como resultados de estes 9 anos de atividade houve a necessidade de resumir as

particularidades das plantas e foi elaborado um livro titulado “BioAromas – plantas aromáticas

e medicinais”, com leitura e entendimento fácil, onde é possível consultar o conjunto das

plantas cultivadas e recolhidas pelos alunos com necessidades educativas especiais da escola,

com algumas das suas principais características, utilizações práticas e benefícios para a saúde,

cuja parte desenhada foi toda elaborada pelos alunos. Este livro contou com a colaboração

dos elementos parceiros do Projeto Escola BioAromas. Trabalha-se com um conjunto de 39

plantas, desenvolveram-se 18 receitas confecionadas de bebidas e doces com ervas e 17

misturas de ervas para infusões.

O BioAromas obteve uma Menção honrosa da Confederação Portuguesa das

Associações de Defesa do Ambiente. Foi selecionado como projeto de boas práticas pelo

Diretor da “National Geographic”. Foi objeto de divulgação no programa da RTP1– “Sociedade

Civil” com o tema: Biodiversidade, como preservá-la e foi alvo de várias reportagens nos

Media “Entrevista/reportagem do Jornal “Reconquista”, “Beira TV”, Rádio Beira Interior”,

Rádio Cova da Beira” e reconhecido pela Associação de Pais como projeto de Mérito Social

Palavras-chave: Bioaromas, plantas aromáticas e medicinais, NEEp, Proença-a-Nova.

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Livro de Resumos 22

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Livro de Resumos 23

Sessão 1 - Avaliação dos benefícios sociais e terapêuticos

Comunicações em painel

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Livro de Resumos 24

Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso Natália Costa1, Isabel Mourão2, J. Raul Rodrigues2 e L. Miguel Brito2 1Gabinete de Apoio ao Bioagricultor, Município da Póvoa de Lanhoso, Av. da República, 4830-513 Póvoa de Lanhoso, Portugal, [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected]

Resumo

A horticultura social e terapêutica tem crescido nos últimos anos sendo vários os

exemplos em modo de produção biológico (MPB) na Europa e, concretamente, em Portugal.

Contudo, são ainda escassos os estudos sobre os seus benefícios. O objetivo central deste

trabalho foi o estudo dos benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais em

MPB do Município da Póvoa de Lanhoso, acompanhado de uma análise da gestão técnica das

hortas (0,5 ha) e do perfil dos beneficiários desde 2010, numa perspetiva qualitativa e

quantitativa. Para o estudo foram entrevistados 17 beneficiários integrados nas hortas em

2015, foi realizada uma análise da biodiversidade, incluindo uma breve avaliação da

nematofauna e foram efetuadas análises ao solo e à água de rega. Foram ainda analisados os

custos de manutenção das hortas e os valores de ajuda alimentar na ótica do beneficiário e

do Município.

Entre 2010 e 2014 foram colhidos 17 t de produtos. A batata, a cebola e o feijão-verde

foram produzidos em maior quantidade, num universo de 17 produtos diferentes por ano. A

certificação em MPB foi renovada 9 anos consecutivos. Desde 2010 foram integrados 75

beneficiários (com 41 a 50 anos de idade), em situação de carência económica. A análise das

entrevistas segundo a metodologia "grounded theory" resultou em dois domínios: 9

categorias e 51 subcategorias. A maioria dos beneficiários apontou como razões principais da

sua integração e continuidade nas hortas, a ajuda alimentar e a socialização. Reconheceram

diversos benefícios de caráter social e ao nível da sua saúde física, mental e psicológica

(melhoria da atenção, memória e redução da dependência de medicamentos antidepressivos

e calmantes). Os produtos das hortas foram reconhecidos mais saudáveis, por serem

biológicos, diversificados e se conservarem melhor após a colheita.

A análise dos benefícios ambientais com base na biodiversidade e na composição da

comunidade de nemátodes no solo, revelou que o composto aplicado ao solo compensou a

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Livro de Resumos 25

mineralização da matéria orgânica, tendo ocorrido desde 2006 um aumento dos teores em

fósforo e potássio. Com base nos resultados da condutividade elétrica, pH e teor de nitratos,

verificou-se que a água de rega era de boa qualidade.

Quanto aos benefícios económicos, todos os beneficiários reconheceram a

importância económica da ajuda alimentar. Para o Município, a manutenção deste projeto é

sustentável a longo prazo, correspondendo a um valor bastante baixo do seu orçamento anual

(0,1%), permitindo a ajuda alimentar a 2577 pessoas, para além dos benefícios indiretos na

população mais carenciada.

A realização deste trabalho contribuiu para uma estruturação do estudo dos benefícios

ao nível social, ambiental e económico das hortas sociais em MPB, que se têm vindo a

desenvolver em Portugal, tal como no Município da Póvoa de Lanhoso. Com base no trabalho

já desenvolvido, pretende-se apresentar uma candidatura ao PDR 2020 que permita a

continuidade de uma gestão eficiente das hortas do Município e ainda o apoio à investigação

em horticultura biológica.

Palavras-chave: ajuda alimentar, beneficiários, Horticultura social e terapêutica, saúde física

e mental, sustentabilidade.

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Livro de Resumos 26

A horta acessível do Parque Agrícola da Alta de Lisboa. Historial, balanço e perspetivas Jorge Frazão Cancela AVAAL – Associação para a Valorização Ambiental Alta Lisboa, R. Luís Piçarra, 5 A e B, 1750-101 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

A Horta Acessível é um dos primeiros espaços urbanos desenhados especificamente

para a horticultura terapêutica, concebido com e para cidadãos com necessidades especiais,

físicas ou mentais. Foi inaugurada a 24 de Maio de 2012, com fundos privados provenientes

de candidaturas ganhas na Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP, Fundação

Montepio e ainda com o apoio de várias empresas locais.

A Horta Acessível está inserida na 1ª fase do Parque Agrícola da Alta de Lisboa (PAAL),

inaugurado a 10 de Maio de 2015, sendo dos poucos Parques Agrícolas nacionais de

nascimento e gestão associativa. Esta 1ª fase do PAAL conta com uma área de cerca de 20.000

m2 e 100 hortelões instalados, e é já um espaço de referência na agricultura urbana

comunitária nacional.

Estes processos foram gerados e são geridos pela Associação de Valorização Ambiental

da Alta de Lisboa (AVAAL), num exemplo de envolvimento entre cidadãos, empresas,

universidades e autarquias na definição de um novo modelo de gestão e participação no uso

da estrutura ecológica.

A Horta Acessível foi desenhada e construída de acordo com os princípios e regras

legais da mobilidade reduzida, tentando ser um exemplo inovador, pioneiro e replicável, com

o qual se pretende ajudar a resolver a carência de espaços de produção hortícola adaptada.

A Horta Acessível é composta por talhões elevados ao nível da cintura, de forma a

poder ser trabalhada tanto de pé como por pessoas em cadeiras de rodas. Os canteiros têm

uma largura estreita, para serem facilmente alcançados com os braços e trabalhar a terra

lateralmente. Os corredores entre os canteiros são largos, para permitir a passagem lado-a-

lado de duas cadeiras de rodas; há ainda guias no pavimento para auxiliar pessoas invisuais.

Os mais pequenos também têm um espaço com canteiros à sua medida para se tornarem

nuns pequenos hortelões.

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Livro de Resumos 27

Nesta comunicação far-se-á um breve historial dos referidos processos, mas

fundamentalmente um balanço de 4 anos de ocupação, destacando os pontos fortes, os

constrangimentos e aspetos a tentar melhorar, para que a Horta Acessível do PAAL seja cada

vez mais uma referência no panorama da horticultura terapêutica associativa.

Palavras-chave: Alta de Lisboa, PAAL, horticultura terapêutica

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Livro de Resumos 28

Os cientistas hortelões Mariana Mota1, Elisabete Santos2, Sónia Lázaro2, Teresa Barranco2 1LEAF, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, [email protected] 2Escola Básica Luz-Carnide, Rua Maria Brown, 1, 1600 - 430 Lisboa, Portugal

Resumo

No âmbito de um programa da Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica

e Tecnológica designado “Ciência Viva nos Pátios”, três turmas de uma escola primária da

região de Lisboa propuseram-se implementar uma horta no seu recreio. Este programa visa

desenvolver o espírito e o método científico nas crianças do Ensino Básico e Pré-escolar,

partindo de situações que possam ser experimentadas no recreio da escola que frequentam.

Fomentando os pátios como locais de aprendizagem fora da sala de aula, o programa

pretende que os alunos desenvolvam um pequeno projeto de investigação numa área

científica específica e com a colaboração de um investigador exterior à escola, que dá apoio

técnico e teórico durante o desenvolvimento do projeto, com quatro momentos de contacto

previstos, um no local de trabalho do investigador acompanhante e os restantes três via web

ou na escola. Os alunos devem percorrer todas as etapas do processo científico, desde a

colocação de perguntas até à comunicação dos resultados, de forma a desenvolver a sua

autonomia, a capacidade de trabalhar em equipa, o seu poder de observação e o espirito

critico. Participaram no projeto uma turma do 4º ano, uma do 3º ano e uma do ensino pré-

escolar, que adotaram abordagens diferentes quer em termos de culturas selecionadas quer

em termos de perguntas a que procuravam responder com o seu projeto experimental, em

função da idade das crianças de cada grupo. Na primeira visita da investigadora externa à

escola, cada turma escolheu culturas que gostaria de fazer, construindo depois o projeto de

investigação com a professora e a investigadora. Assim, a turma de pré-escolar investigou a

influência da densidade de sementeira nas culturas aromáticas, a turma do 3º ano estudou a

influência das plantas infestantes no desenvolvimento das culturas selecionadas e a turma de

4º ano a influência da rega também em diferentes culturas. Numa visita ao local de trabalho

da investigadora acompanhante, as crianças contactaram com os diferentes modos de

estabelecimento de culturas hortícolas, tendo feito um pequeno “viveiro/parque hortícola”

para levar para a escola. Ao longo do projeto, verificou-se que as professoras da Escola e as

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Livro de Resumos 29

crianças manifestaram enorme interesse pelo mesmo, além das reuniões presenciais,

surgiram frequentemente dúvidas de fitotecnia, pedidos de ajuda para a tomada de decisão,

estabelecendo-se um contacto muito próximo entre a investigadora acompanhante, as

professoras da escola e as crianças. As crianças revelaram muito interesse por partilhar e/ou

estabelecer experiências familiares semelhantes à experiência em estudo, começando

pequenas “horta” em casa ou trazendo propágulos para novas instalações. Verificou-se

também uma maior proximidade das crianças com o corpo de funcionários da escola, que

também se envolveram no acompanhamento das hortas. Aproximando-se o fim do ciclo de

produção, e do ano escolar, numa reunião em sala de aula, interpretaram-se os resultados

obtidos. Os produtos da horta foram depois utilizados em conjunto e cada turma apresentou

o seu projeto a outra turma da escola. Concluído este projeto, é de assinalar o empenho das

professoras envolvidas, a camaradagem do tempo de convívio na horta, um tempo diferente

de contacto com as professoras, e a ligação que as crianças criaram à horta. A tomada de

consciência de que as plantas são seres vivos, que necessitam de observação diária e cuidados

frequentes, por um lado, e o desenvolvimento da capacidade de abordar um problema e

propor uma hipótese de solução ressaltam como os aspetos mais importantes desta

experiência.

Palavras-chave: escola primária, hortas, método científico, pátios

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Livro de Resumos 30

Horticultura terapêutica em cuidados geriátricos - estudo de caso Joaquim Almeida Cunha1, Isabel Mourão2, Luisa Moura2, L. Miguel Brito2 1Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal

Resumo

A prática de Horticultura Social e Terapêutica (HST) em instituições de acolhimento de

idosos é uma atividade interativa e multifuncional de trabalho/cuidado, com vantagens na

melhoria e na manutenção da saúde dos utentes participantes. De acordo com as suas

capacidades, tem sido referenciado que a HST proporciona benefícios nas funções sociais,

cognitivas, físicas e psicológicas, melhorando a qualidade de vida e ajudando os idosos a

superar as vicissitudes associadas ao envelhecimento. O objetivo deste trabalho foi definir a

aplicabilidade de programas da HST em instituições de acolhimento de idosos, avaliar a sua

viabilidade, nomeadamente se as atividades e tarefas se adequam à população alvo e quais

os benefícios decorrentes destas atividades.

O estudo realizou-se nas instalações de um Lar Residencial na Região Norte de Portugal

(LRRNP). Os três idosos que se mostraram disponíveis e compareceram às sessões de HST

tinham idades compreendidas entre os 82 e os 92 anos de idade, eram naturais da Região e

apresentavam um diagnóstico clínico de depressão, demência leve e doenças vasculares.

Também participou no estudo um elemento com 54 anos que, embora não sendo idoso (<65

anos), estava institucionalizado juntamente com a sua mãe e revelava deficiência mental.

Elaborou-se um Programa Anual de Atividades de HST desenvolvido no sistema de

produção biológica e desenvolveram-se os protocolos de 6 sessões piloto. Estas sessões

incluíram atividades ajustadas à condição física e cognitiva do grupo, e foram planeadas de

modo a proporcionar momentos de criatividade, convívio, estímulo dos sentidos (audição,

paladar, visão, tato), bem como estimular a atividade física e a coordenação motora. As

sessões decorreram uma vez por semana na instituição, durante 6 semanas consecutivas, e

tiveram a duração de 2 horas/sessão e cerca de 30 minutos para a avaliação. A avaliação das

sessões de HST pelos idosos foi realizada com recurso ao preenchimento de um formulário

através de entrevista e a avaliação pelo técnico de HST foi baseada no seu papel de formador,

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Livro de Resumos 31

participante e observador. Os benefícios das atividades foram avaliados qualitativamente,

através do resultado das entrevistas.

As estratégias e os recursos utilizados em cada uma das atividades, que se

encontravam descritos nos respetivos protocolos, mostraram-se muito eficientes e foram um

elemento chave para que se pudessem atingir os objetivos propostos em cada sessão. Os

principais benefícios das sessões assinalados pelos participantes foram: o convívio, a aquisição

de conhecimentos, o prazer em criar e cuidar e a ocupação útil do tempo. Salienta-se ainda o

contributo para a diminuição da solidão, da perceção de abandono, da lembrança das doenças

e de outros aspetos negativos da vida. A avaliação das sessões pelo técnico de HST incluiu a

boa recetividade e participação dos idosos em todas as tarefas individuais e de grupo.

Em conclusão, o programa revelou-se adequado aos participantes e satisfez as suas

expectativas e motivações, nomeadamente de aprendizagem, estimulação física e cognitiva e

convivência social. Estes indicadores apontam para o potencial de implementação de

programas de HST em instituições de acolhimento de idosos, que poderão contribuir para uma

melhoria da sua autoestima e socialização e, consequentemente, do seu bem-estar e

qualidade de vida.

É necessário em estudos futuros utilizar instrumentos e metodologias mais ajustadas

para melhor se compreender os benefícios destes programas e a seleção das atividades mais

adequadas. O presente estudo não permitiu alcançar uma generalização das suas conclusões,

considerando o número reduzido de participantes nas sessões do programa de HST, mas

forneceu resultados e sugestões que permitem incrementar, melhorar e evoluir os programas

de HST em gerontologia.

Palavras-chave: Horticultura terapêutica, idosos, atividades, benefícios e qualidade de vida.

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Livro de Resumos 32

Semear para educar Alexandra Silva e Clara Costa Oliveira UMINHO, Instituto de Educação; Campus de Gualtar, Univ. do Minho, 4710 Braga, Portugal, [email protected]; [email protected]

Resumo

O projeto ‘Semear para Educar’ enquadra-se no projeto de uma horta comunitária,

que tem como finalidade contribuir para a inserção social de adultos (maioritariamente de

etnia cigana), dando a conhecer a este público coisas tão simples que a nossa sociedade exige,

mas que nem todos sabem, o que origina que estes adultos sejam penalizados socialmente.

Exemplo claro disso é o ato de preencher o IRS (declaração de impostos anual, em Portugal),

tendo-se verificado que apenas dois elementos da população-alvo sabiam em que consistia

esta prática.

Tendo como mote “Semear para Educar”, as linhas orientadoras deste projeto

basearam-se nos quatro pilares da Educação (aprender a ser, aprender a estar, aprender a

conhecer, aprender a fazer).

Objetivos específicos:

Proporcionar a socialização; disponibilizar o acesso ao conhecimento e à cultura;

promover a autoestima; promover a cidadania; desenvolver nos utentes hábitos de

reciclagem e reutilização de materiais como forma de promoção da educação ambiental;

sensibilizar os utentes para hábitos de vida saudável e questões de saúde através de atividades

lúdicas e formativas; fomentar a inter-relação humana e a integração social; promover

encontros intergeracionais e interétnicos.

Para melhor conhecimento da realidade foi necessário adotar uma metodologia que

se adaptasse a realidade existente. O paradigma de intervenção/investigação que

fundamenta este projeto é o de investigação/ação, com metodologia mista (inquérito por

questionário; conversas informais e observação participante). Métodos e técnicas de

intervenção como: situações-problema, trabalho de grupo, levantamento de ideias prévias,

notas de campo photovoice.

Qualquer projeto de investigação/intervenção tem os seus altos e baixos e tem que ser

flexível para acompanhar qualquer possível mudança. ‘Semear para educar’ foi alvo de

algumas alterações face ao que estava previamente previsto, de modo a que as atividades

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Livro de Resumos 33

fossem ao encontro das expectativas e interesses de todos, e atingissem o seu propósito com

sucesso. Deste modo, verifica-se que é no decorrer da intervenção que se apercebe mais

pormenorizadamente as dificuldades, necessidades e interesses do público-alvo.

Neste sentido, o projeto “Semear para Educar“ veio tentar colmatar necessidades

sociais e contribuir para a inserção destes adultos, desenvolvendo as suas dimensões e

potencialidades.

As mudanças verificadas no grande grupo, desde o início da implementação do projeto

“Semear para Educar” verificam-se em pequenos detalhes. Quem não conseguia ouvir o outro

sem o interromper, já começa a saber fazê-lo; quem não distinguia a forma de estar com os

colegas na horta e a forma de estar numa reunião ou numa formação, já começa a saber fazê-

lo; quem atendia o telemóvel no meio da formação, no meio de uma conversa, já começa a

levantar-se e a atender o telemóvel do outro lado, sem atrapalhar a formação; quem por vezes

tinha receio em partilhar as ferramentas ou até os excedentes agrícolas já começa a partilhar

com os colegas; quem por vezes partia para a violência agora consegue refletir e discutir sem

agressões. São mudanças pequenas, mas que fazem toda a diferença e só mostram a

importância do trabalho efetuado.

Os adultos tinham uma conceção muito limitada de aprendizagem e pensavam que

esta ocorre apenas no espaço sala de aula e que para esta ocorrer devem existir mesas,

cadeiras e exercícios escritos. Como em algumas atividades foram realizados workshops com

abordagens diferentes, como por exemplo, no caso concreto de “Comunicar com Sucesso”

(estivemos em círculo a conversar) e os adultos julgavam que não tinham aprendido nada. Foi

necessário desconstruir esta conceção de aprendizagem; para tal tivemos de efetuar uma

retrospetiva sobre todas as atividades realizadas, para que dessem um sentido a tudo o que

aprenderam com este projeto.

Palavras-chave: Aprendizagem ao longo da vida; inserção social.

.

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Livro de Resumos 34

Horticultura no Centro de Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga como estratégia de sustentabilidade na inserção social Armindo Pereira Magalhães1, Isabel Mourão2, Paula Rodrigues3, L. Miguel Brito2, Luisa Moura2, J. Raul Rodrigues2 1Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 3Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Braga, Av. 31 de Janeiro, 317, 4715-052 Braga, Portugal, [email protected]

Resumo

Os programas de horticultura social e terapêutica (HST), inseridos em unidades de

saúde, serviços sociais ou de formação profissional, têm por objetivo contribuir para o bem-

estar e melhoria das condições físicas, mentais e emocionais dos clientes, podendo ainda

traduzir-se numa estratégia de inclusão social. O presente trabalho decorreu no Centro de

Acolhimento Temporário de Nogueira, Braga (CAT-N), de pessoas em situação de sem-abrigo,

no âmbito do Projeto ‘Gotas de sustentabilidade na inserção social’, da Cruz Vermelha

Portuguesa – Delegação de Braga. Os objetivos do presente estudo incluíram: (i) o

desenvolvimento de um programa de HST em agricultura biológica, considerando que esta

assegura integridade com o ambiente e oportunidades de vida; (ii) a avaliação dos benefícios

terapêuticos da prática da horticultura, a nível de bem-estar e das relações sociais; (iii) o

impacto da horta social na comunidade.

A metodologia consistiu na participação de um técnico, um dia por semana na horta

social do CAT-N, de outubro de 2012 a junho de 2013, no planeamento da produção de

culturas hortícolas no modo de produção biológico, na implementação de um programa de

horticultura social com sessões de trabalho semanais e workshops técnicos com convidados.

A avaliação do impacto do programa nos utentes foi efetuada através de entrevistas a quatro

utentes que participaram em mais do que duas atividades realizadas, enquanto o impacto da

horta social na comunidade foi avaliado através de um questionário realizado a quatro

‘vizinhos’ do CAT-N.

Para muitos utentes do CAT-N, a agricultura era considerada como uma ocupação

“menor”, associada à pobreza e ignorância, o que foi contrariado pela introdução do programa

e dos workshops com convidados. Os workshops induziram a que os utentes se sentissem

‘especiais’ e agradecidos, reconhecendo o empenho da participação dos convidados, o que os

motivou a participarem mais nas sessões e a darem a sua opinião.

A importância da ligação nata do Homem com os outros seres vivos e com o ambiente

natural (biofilia) foi testemunhada no presente estudo, como por exemplo: “… sempre gostei

de trabalhar no campo, porque é uma coisa que dá para sobreviver, não é como na construção

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Livro de Resumos 35

civil (foi pintor numa profissão anterior). Se eu tiver fome não posso comer a tinta, não é? Aqui

tenho plantadas umas cenouras, umas laranjas e…temos muitas vantagens. A horta faz uma

coisa (…): a gente planta e fica a planta a crescer, depois começa a transplantar…é a mesma

coisa que acontece à vida. Uma pessoa começa… está a fazer um transplante de morangos e

diz: “vamos ver, se isto pega bem…” é como eu continuo a dizer, não podemos desistir e do

negativo fazer sempre coisas positivas. Chego lá no dia seguinte, vejo o morango e digo:

“pegou!” e dá vontade de fazer mais. “

Pelas entrevistas e convivência foi possível afirmar que o programa de HST resultou

num aumento da autoestima dos seus participantes. A motivação para trabalhar na horta, não

era a mesma para todos os utentes, mas alguns acabaram por confidenciar que nos dias em

que se realizavam atividades, levantavam-se com mais alento, sendo uma forma positiva de

passar o tempo, conversar e até se divertirem. A falta de remuneração foi um dos aspetos

referidos, o que poderia contribuir para garantir a sua continuidade e um incentivo para

trabalharem o dia todo e não apenas durante a manhã, como era habitual. Outro aspeto que

sobressaiu foi de que, se houvesse um espaço para horta onde os utentes pudessem trabalhar

de forma individual na produção biológica de culturas hortícolas, com um promotor para

vender os produtos hortícolas como por exemplo o PROVE, e com um colaborador com

características especiais, tecnicamente bem preparado e seguro para lhes dar estrutura,

confiança e motivação, resultaria numa situação em que os utentes alcançariam alguma

autonomia financeira e sentir-se-iam mais seguros de si, e quem sabe alguns deles podiam

seguir as suas vidas de forma independente.

As opiniões da vizinhança relativas ao CAT-N dividiram-se. Por um lado, as pessoas

acreditam que a criação do projeto da horta social trouxe benefícios à comunidade, uma vez

que os utentes estavam mais ocupados e empenhados num projeto, com reflexos na

diminuição do consumo de drogas, admitindo que já tinham comprado produtos produzidos

na horta. Por outro lado, a contrariedade dos vizinhos em aceitar a proximidade é evidente e

confunde-se com o facto do CAT-N se inserir num espaço físico estigmatizado, de exclusão e

conflitualidade, na cidade de Braga.

Apesar das características da pessoas sem-abrigo se traduzirem numa inconstante

mudança de paradigma, em síntese, foi possível depreender do presente trabalho que a

implementação do programa de HST contribuiu para criar competências em agricultura

biológica, promover uma potencial integração profissional e, ainda, para a promoção de

autoestima, bem-estar e melhoria das relações sociais que promovem a inclusão social.

Palavras-chave: benefícios, entrevistas, inserção social, horticultura biológica, sem-abrigo.

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Livro de Resumos 36

Associar os ritmos da natureza ao desenvolvimento de benefícios em pessoas com diversos tipos de dificuldade José Carlos Oliveira1, Isabel Mourão2, Luisa Moura2 1Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Inst. Politécnico Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected]

Resumo

Tem sido demonstrado que a horticultura social e terapêutica tem benefícios para

pessoas com diferentes tipos de dificuldades, aumentando a autoestima, a responsabilidade

e a realização pessoal. Atua ainda ao nível do desenvolvimento das suas capacidades sociais,

da reabilitação, inclusão, e saúde. O trabalho na agricultura com pessoas portadoras de algum

tipo de deficiência, é uma boa forma de fomentar sinergias, onde é possível desenvolver

diversos tipos de trabalho, combinando-o com as rotinas diárias. Trabalhar num ambiente ao

ar livre traz diversas sensações, através da perceção dos ritmos diários como os associados às

estações do ano, nomeadamente as variações da fauna, flora, água, luz, cor, frio e calor.

Um dos principais objetivos do presente trabalho foi estudar os ritmos que a natureza

proporciona, e a forma como eles influenciam as pessoas, nomeadamente as que têm algum

tipo de dificuldade.

O trabalho foi desenvolvido na Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais

de Penafiel (APADIMP), onde se organizaram dois grupos de oito pessoas: o grupo A, que

realizou atividades dentro de sala na área de montagem de componentes elétricos, e o grupo

B, que realizou atividades na área da agricultura social. Para o estudo, organizaram-se duas

atividades, que consistiram em sessões de sala antes e depois da realização de duas saídas de

campo no final do inverno e no final do verão. As sessões de sala destinaram-se a percecionar

a sensibilidade dos utentes em relação à natureza e aos seus ritmos. As duas atividades

decorreram separadamente para cada um dos grupos e foram presenciadas por dois técnicos

da APADIMP, nas sessões de sala, e por quatro técnicos nas saídas de campo. No final de cada

sessão, registaram as pontuações atribuídas aos diferentes benefícios específicos do tipo

físico, intelectual, emocional e social, numa escala de 1 a 5.

Os principais resultados indicaram que o grupo B (agricultura) se mostrou mais

concentrado nas mudanças/ritmos da natureza que fazem parte do seu dia-a-dia e

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Livro de Resumos 37

demonstrou um maior reconhecimento do facto de fazermos parte da natureza. Para este

grupo verificou-se que os benefícios físicos foram superiores em relação ao grupo A,

particularmente nos elementos do grupo com maior grau de deficiência. Para estes últimos

concluiu-se que os maiores benefícios foram ao nível intelectual e social. Para todos os

restantes benefícios avaliados, concluiu-se que foram semelhantes nos grupos A e B, ou

superiores nos utentes do grupo A com maiores capacidades.

No futuro, será importante desenvolver novos trabalhos que permitam compreender

e saber orientar melhor as atividades de horticultura social e terapêutica, que melhor

resultam em benefícios para pessoas com deficiências, no sentido de saber quando (melhor

altura do dia/semana/mês ou da estação do ano), como (quais as atividades mais

motivadoras) e durante quanto tempo se devem realizar. Deste modo, pretende-se contribuir

para que estes benefícios possam chegar a um maior número de pessoas portadoras de

deficiência, com aumento da sua qualidade de vida

Palavras chave: avaliação, benefícios, deficiência, horticultura social e terapêutica.

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Livro de Resumos 38

5 Dias no Pezinho - divagações Maria Lucília Sousa Obra de Nossa Senhora das Candeias, Quinta do Pezinho, 6400-556 Pinhel, Guarda, Portugal, [email protected]

Resumo

Estamos em Pinhel há cerca de 30 anos. A Obra de Nossa Senhora das Candeias é uma

instituição nascida no Porto há 56 anos. Começou por criar lares que acolhessem, na cidade

do Porto, jovens estudantes vindas/os da província.

Cresceu por necessidades sociais da época, acolhendo crianças e jovens sem família ou

de famílias carenciadas. Estendeu-se um pouco por todo o país: Porto, Braga, Águeda, Aveiro,

Olhão e, por fim, Pinhel (no distrito da Guarda).

Da necessidade clínica de foro psiquiátrico, nasceu o Núcleo Familiar da Quinta do

Pezinho, constituído por treze pessoas de diferentes idades. Esta Quinta possui 57 hectares, e

foi doada pela fundadora da Obra.

Vivemos no respeito pela pessoa humana, no sentido da sua inclusão social,

valorizando as respetivas qualidades. Trabalha-se com carinho e amor por e com cada

‘membro’ desta ‘família’, tal como é. Somos a Família que muitos não têm; por esquecimento

ou inexistência.

Atualmente, o edifício/sede encontra-se em remodelação e ampliação. Na Quinta do

Pezinho, além das atividades da vida diária, são três as principais áreas de atividades laborais:

Agricultura, Pecuária e Lenha. Na área agrícola, temos hortas, pomares de macieiras,

amendoais, olivais e forragem para os animais. As atividades decorrem em tempos próprios,

conforme as mesmas (preparar as terras, semear, cavar, regar, colher, etc.) ao longo do ano.

Toda a produção é para consumo próprio e, quando possível, é enviada para outros Núcleos

Familiares. Na área da criação de animais, salientamos (atualmente) galinhas e ovos, patos,

coelhos e ovelhas/borregos. As atividades decorrem com a regularidade diária necessária aos

cuidados respetivos. Tal como na área agrícola, toda a produção é para consumo próprio e,

sempre que possível, é enviada para outros Núcleos Familiares.

Na área da lenha, realizam-se atividades de arrancar, cortar, serrar e rachar lenhas de

diferentes árvores/proveniências. Ao mesmo tempo limpam-se matas e renovam-se pomares

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Livro de Resumos 39

e olivais. As atividades com a lenha decorrem ao longo de todo o ano e sobretudo em

intervalos das restantes. Como nas áreas anteriores, toda a produção é para consumo próprio

e, se possível, é enviada para outros Núcleos Familiares.

As diversas atividades são realizadas diariamente, com metas a cumprir, conforme as

capacidades e preferências de cada pessoa. Promovem a ocupação, a motricidade, a

responsabilidade, a cooperação, a organização (mental, espacial e temporal) e a realização

pessoal. Cada pessoa e cada equipa ficam felizes e realizadas ao conseguirem cumprir cada

uma das tarefas.

São também desenvolvidas atividades recreativas, desportivas e de inclusão social,

nomeadamente com pessoas de outras instituições. Destacamos: atletismo, caminhadas,

ciclismo, futebol, futsal, matraquilhos, natação, ténis de mesa, jogos paraolímpicos, etc.

Acompanhadas por técnicos, funcionários e voluntários, todas as atividades da vida

diária, laborais e lúdicas são realizadas pelos jovens e adultos com limitações de capacidades

mentais ou com problemas psiquiátricos, residentes nesta Grande Família da Quinta do

Pezinho.

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Livro de Resumos 40

Projeto Parque Hortícola do Vale da Amoreira Paula Silva Câmara Municipal da Moita, Praça da República, 2864-007 Moita, Portugal, [email protected]

Resumo

Considerando a importância que as hortas de génese espontânea exercem no contexto

atual junto de algumas famílias sobretudo em meios mais desfavorecidos, aliado ao efeito

negativo produzido pelo aspeto precário que estas apresentam, entendeu o Município da

Moita proceder a uma intervenção no Vale da Amoreira, em conformidade com o Programa

Municipal de Hortas Urbanas estabelecido. Assim, a partir de uma zona desordenada, com

hortas escondidas por detrás de vedações improvisadas feitas com resíduos e materiais

diversos, criou-se um espaço planeado e valorizado, onde os hortelãos têm legitimidade na

utilização do terreno, melhores condições de segurança e salubridade e acesso a formação

em práticas ecológicas de cultivo.

A área total da zona de hortas é de 23.166 m2, repartida por 81 parcelas de 50, 100,

150 e 200 m2, destinadas a famílias e associações, que dispõem de abrigos comuns para

ferramentas em contentores adaptados, rede de rega, zona de lazer, vedação exterior e

sinalética; estima-se que o número de beneficiários ascenda a 580.

O Município obteve financiamento através do Programa EDP Solidária, desenhando

um projeto que vai para além da obra física, focando-se na dinâmica humana do espaço,

através do qual se procura proporcionar aos utilizadores não apenas um complemento de

subsistência, mas também produzir efeitos ao nível do bem-estar e coesão social.

Resumidamente, pretende-se criar um espaço físico ordenado e valorizado de hortas urbanas

com fins sociais; realizar a formação e apoio técnico aos utilizadores em práticas biológicas; e

promover a coesão social.

A metodologia inclui:

1. Criação de um espaço físico ordenado e valorizado de hortas com fins sociais

Fez-se o levantamento das pessoas que ocupavam o espaço e entrevista pessoal,

tendo-se recolhido elementos que permitiram uma caracterização socioeconómica. As

parcelas têm dimensão variável, dependendo do tamanho do agregado familiar e a taxa a

pagar pela sua utilização variou com o rendimento familiar. Foram realizadas diversas

reuniões de informação e esclarecimento com as pessoas, e dado apoio individual ao

preenchimento de formulários de candidatura. O desenho da planta do parque e parcelas teve

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Livro de Resumos 41

em conta as especificidades do terreno, tendo sido elaborado de forma quase “personalizada”

devido às diferentes áreas das parcelas e atendendo a critérios de vizinhança de familiares ou

amigos, ou dificuldades de mobilidade.

2. Garantir práticas de agricultura biológica através de formação e apoio técnico

Foi criada uma ação de formação inicial em práticas de agricultura biológica, com a

duração de 8 horas, ministrada a 4 turmas, com horários de acordo com a disponibilidade dos

utilizadores, estando previstas também ações de formação informal, já iniciadas. O apoio

técnico consiste em visitas mensais ao terreno por especialista em modo de produção

biológica adaptado a pequenas áreas. As visitas permitem aconselhar e incentivar para as

práticas de agricultura biológica, incluindo a compostagem.

3. Promover uma boa convivência e coesão social, através de atividades de diálogo

intergeracional e intercultural e de diversas expressões artísticas que valorizem o papel do

hortelão.

Definiu-se um conjunto de atividades de “animação” complementares à prática

hortícola tout court, a realizar entre 2016 e 2017. As parcerias formais com três associações

locais permitem concretizar mais atividades que concorrem para este objetivo. São essas

atividades as seguintes: Hortinha Pedagógica com quatro atividades mensais para crianças e

jovens; workshops para crianças e jovens sobre temas diversos; evento de partilha de

sementes entre hortelões; atividades com estudantes universitários angolanos; atividade “Um

Livro na Horta”; workshops e eventos gastronómicos em datas comemorativas; A-Colher:

visitas guiadas pelos hortelãos; eventos de partilha de alimentos excedentários; workshop e

exposição “Diário Gráfico na Horta”; workshop de cinema com rodagem de um filme; exibição

do filme junto da comunidade.

Os principais pontos positivos registados até à data foram a boa convivência entre os

utilizadores e o respeito pelo espaço e equipamentos. Tendo havido ainda um número

limitado de atividades complementares, é precoce tirar conclusões acerca desta abordagem

junto dos utilizadores. Os inquéritos de satisfação a realizar em 2017 irão permitir fazer um

balanço e ajustar as abordagens complementares.

Palavras-chave: Hortas sociais; práticas ecológicas; coesão social; diálogo intercultural e

intergeracional; expressões artísticas.

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Livro de Resumos 42

Horta solidária Nuno Cabrita Alves, Pedro Louro, André Pontes, Maria Mendes Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve, Urb. St.º António do Alto, R. Raul de Matos, Lt. 72, c/v 8000-536 Faro, Portugal, [email protected]

Resumo

O projeto Horta Solidária surge de uma parceria entre a Federação Portuguesa dos

Bancos Alimentares e o Ministério da Justiça, através da Direção-Geral de Reinserção e

Serviços Prisionais. O principal objetivo deste projeto é o de alocar mão-de-obra reclusa à

produção de bens agrícolas, para posterior distribuição pelas populações desfavorecidas, no

âmbito da ação social dos Bancos Alimentares, por intermédio das instituições que com estes

têm acordo de cooperação celebrado.

Da parte do Ministério da Justiça o interesse está em promover o envolvimento e

participação de reclusos em atividades que visam reforçar os laços de pertença e de

solidariedade com as populações mais desfavorecidas e com a sociedade em geral. Estas

garantem um processo mais sustentado da reinserção social da população reclusa, no qual a

dinamização do voluntariado se afigura fundamental para a sua concretização, bem como

hábitos de trabalho.

Da parte dos Bancos Alimentares permite oferecer às populações carenciadas

produtos agrícolas frescos, no sentido de potenciar uma alimentação mais diversificada e

nutricionalmente mais equilibrada.

No ano de 2015 o Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve consegue reunir as

condições para o arranque do projeto, que teve de contar com novas e diferentes variantes,

face ao projeto inicial.

A ausência de terreno agrícola nos estabelecimentos prisionais da região, fez com que

um novo parceiro fosse adicionado ao projeto. A Direção Regional de Agricultura e Pescas do

Algarve (DRAPAlg) do Ministério da Agricultura e Pescas, através de acordo de colaboração,

que disponibiliza uma área perto de 10.000 m2 em Faro (Patacão). Nesse mesmo acordo é

disponibilizado apoio técnico e a utilização de máquinas, alfaias e equipamentos, e ainda água.

Não obstante haver um parceiro a nível nacional para as sementes, através de

parcerias diretas com dois viveiros do Algarve, passou o projeto a contar com plantas de

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Livro de Resumos 43

refugo, sendo que um dos viveiros assumiu o compromisso de produzir as plantas, sem custo,

para o projeto.

A produção tendencialmente biológica foi outra das apostas, ambientalmente mais

favorável, e nutricionalmente mais saudável. A não utilização de herbicidas, por exemplo,

requer a monda de infestantes, tarefa que tem de ser feita por recursos humanos. Além da

monda, estas populações promovem a colheita e outras atividades auxiliares, já que os

reclusos fazem a preparação do terreno, a colocação de sistema de rega e ainda a plantação.

Considerando a limitação dos estabelecimentos prisionais envolvidos, e os poucos

reclusos em RAI (regime aberto no interior), a mão-de-obra teve de ser reequacionada,

passando este constrangimento a uma oportunidade de alargar a integração social, bem como

os demais valores equacionados para a população prisional.

Das instituições parceiras do Banco Alimentar, no Algarve, duas ligadas à pessoa com

deficiência e ou incapacidade, e outras duas ligadas à recuperação de toxicodependentes e

alcoólicos são desafiadas e integradas nas atividades regulares. Passam assim a adotar este

projeto como seu, integrando o mesmo nas atividades regulares dos seus beneficiários.

No sentido de oferecer produtos variados, a aposta tem sido em ter sempre na terra

vegetais para salada, sopa e acompanhamento de prato. Balancear este objetivo com as

questões agrícolas, como a rotação de culturas, o equilíbrio nutricional dos solos ou a

minimização de pragas e ou infestantes, tem sido um desafio diário à equipa de técnicos da

DRAPAlg, bem como dos voluntários coordenadores do projeto.

As parcerias procuram a ausência de encargos, levando a que os custos sejam mínimos,

suportados apenas em áreas onde o pró-bono não é atingido. Assim consegue-se uma maior

sustentabilidade, permitindo uma longevidade ao projeto.

Palavras-chave: Integração social, preocupações ambientais, alimentação equilibrada.

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Livro de Resumos 44

O papel da horticultura na integração e motivação de alunos dos cursos vocacionais Elisabete Franco1,2, Isabel Machado3, Ana Lúcia Pinto-Sintra2,4 1Docente do grupo 520 (Biologia e Geologia) do Agrupamento de Escolas Latino Coelho, Lamego 2Centro de Investigação e de Tecnologias Agro¬ambientais e Biológicas, CITAB. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal 3Docente do Grupo 420 (Geografia) do Agrupamento de Escolas Latino Coelho - Lamego 4Departamento de Genética e Biotecnologia, Escola de Ciências da Vida e do Ambiente, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal. [email protected]

Resumo

A finalidade dos cursos vocacionais criados pela Portaria N.º 276/2013 de 23 de agosto

visou colmatar algumas lacunas geradas no processo de aprendizagem, nomeadamente com

o aumento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos. Pretendeu gerar condições para o

cumprimento da escolaridade obrigatória, a redução do abandono escolar precoce, o

desenvolvimento de conhecimentos/capacidades, científicas, culturais e de natureza técnica,

prática e profissional que permitissem uma melhor integração no mercado de trabalho e o

prosseguimento de estudos, conforme definido no diploma. Contudo, os seus destinatários

apresentam com frequência várias retenções, idades superiores ao nível de ensino que

frequentam, resistência às situações formais de ensino, insegurança e receio de exposição no

grupo onde estão inseridos. Dado o contexto turístico da região, o Agrupamento de Escolas

Latino Coelho (AELC) propôs-se implementar o curso secundário (10º ano) de Técnico de

Turismo Ambiental e Rural.

A forma como o programa da disciplina de Educação Ambiental se encontrava

estruturado não se coadunava com as características da população alvo do curso. Desta forma,

com o intuito de promover estímulos de concentração/criatividade, cidadania/socialização e

participação ativa, foi desenvolvida uma atividade experimental alternativa, envolvendo

horticultura, estabelecendo a ponte entre a teoria e a prática de Educação Ambiental; da

equipa pedagógica do Curso foi ainda associada a disciplina de Geografia – temática do clima

– associada ao Turismo. Dada a pertinência do tema e a proximidade da Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro (UTAD), estabeleceu-se uma parceria com a UTAD com vista para a

implementação da atividade experimental, envolvendo aspetos da problemática da poluição

atmosférica (tomando o ozono como exemplo), da sua deteção (através da biomonitorização

do ozono com 2 cultivares de tabaco) e do efeito nos seres vivos (efeitos nocivos na saúde

humana e no ambiente, legislação existente, etc.).

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Livro de Resumos 45

A primeira etapa decorreu no AELC e consistiu na apresentação do enquadramento da

atividade experimental proposta e sua metodologia. Tendo como pano de fundo a

biomonitorização do ozono troposférico, através da utilização de duas cultivares de Nicotiana

tabacum, uma sensível e a outra tolerante, procedeu-se a preparação do material necessário

para a germinação das sementes. Verificou-se uma grande adesão à atividade já que,

espontaneamente, todos os alunos pretenderam tomar parte nas tarefas. Na discussão

gerada com esta atividade, os alunos colocaram uma série de questões pertinentes sobre a

propagação de plantas e a sua utilização na investigação científica. Face à informação de que

alguns dos aspetos abordados apenas poderiam ser observados/demonstrados na UTAD, logo

surgiu a proposta por parte dos alunos para a realização desse novo momento experimental

– utilização de ferramentas biotecnológicas na produção de plantas. Confrontados com a

inexistência de verbas para a deslocação à UTAD, de imediato os alunos assumiram a vontade

de angariar essa verba, situação pouco vulgar nesta tipologia de alunos.

Na angariação de fundos para a visita à UTAD, os alunos desenvolveram um conjunto

de atividades que melhoraram a sua socialização, que contaram com o apoio dos Pais e

Encarregados de Educação. No laboratório de Biotecnologia da UTAD, as atividades práticas

decorreram dentro dos padrões normais para alunos cujo background académico é da área

de Ciências e Tecnologias, tendo em certos casos superado o que seria expectável num aluno

pós secundário. A restante visita pela UTAD decorreu também em clima de grande

cordialidade e interesse pelos assuntos abordados nos vários locais, demonstrando os alunos

satisfação pela receção que lhes foi feita. A partilha das fotos da visita no Facebook do AELC

constituiu igualmente um momento de grande alegria, face à confiança que neles foi

depositada, tendo em conta o histórico de problemas disciplinares da turma.

Apesar do atraso no crescimento das plântulas, gerou-se um grande interesse à volta

das diversas manipulações do material vegetal. A entrada no laboratório de Ciências para a

manutenção das plântulas, até aí nunca ocorrida, contribuiu também para a colocação de

novas questões e alargar da compreensão da importância da ciência no quotidiano.

Em termos globais, com a implementação desta atividade prática envolvendo métodos

de horticultura, foi possível envolver e motivar estes alunos para as atividades letivas

propostas, contribuindo igualmente para a melhoria da sua autoestima e socialização, tendo

estes alunos vindo a demonstrar níveis de motivação/interesse no acompanhamento da

evolução da experiência idênticos aos alunos dos cursos de Ciências e Tecnologias.

Palavras-chave: Motivação pedagógica, participação na sala de aula, integração, socialização.

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Livro de Resumos 46

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Livro de Resumos 47

Mesa Redonda - Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura Social e Terapêutica

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Livro de Resumos 48

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Livro de Resumos 49

Avaliação externa de projetos de Horticultura Social e Terapêutica Cláudia Pedra Stone Soup Consulting, R. Manuel Viegas Guerreiro, 1, r/c Esq.º, 2770-193 Paço de Arcos, Portugal, [email protected]

Resumo

Da perspetiva da avaliação externa de projetos irei abordar os vários tipos de projetos

de horticultura social e terapêutica com que me deparei nos diversos pontos do país e para

vários tipos de público, com preponderância para os que estão em maior exclusão. Abordarei

os fatores de sucesso e de insucesso, muito ligados ao tipo de competências técnicas que a

organização consegue ter, sejam de contratação externa ou internalizadas. Falarei de alguns

casos de estudo para demonstrar os sucessos e insucessos das instituições visitadas e

interligarei a questão com a sustentabilidade de médio e longo prazo, em especial quando

termina o período de financiamento.

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Livro de Resumos 50

OASIS - Projeto de Hortoterapia ‘Q L ’, na Quinta de Porto do Carro Marta Gaspar OASIS - Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social, R. do Oasis, 1 -Vale Sepal, Pousos, 2410-279 Leiria, [email protected]

Resumo

O projeto “Quatro Luas” - Hortoterapia, na Quinta de Porto do Carro, surge como uma

resposta alternativa às terapias/atividades convencionais e como forma de resposta às

necessidades da Instituição: promover o aumento da participação e motivação de clientes do

Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e a diminuição de comportamentos disruptivos. O

projeto da Hortoterapia surgiu em 2013, posteriormente em 2014 abre a resposta social

Residência Autónoma (RA), no espaço da quinta, permitindo acolher sete clientes portadores

de incapacidade mental, com potencial de autonomia.

O principal fator de sucesso do projeto é o envolvimento de elementos da comunidade

nos projetos “Adote uma árvore” e “Mão Amiga”. No primeiro projeto é dada a possibilidade

de cada pessoa adotar uma árvore, entregando-a (ou o valor correspondente para a aquisição

da árvore) na Quinta da OASIS, podendo posteriormente acompanhar o crescimento da

árvore, provar os seus frutos e se desejar receber em todas as colheitas uma percentagem dos

frutos. O Projeto de agricultura social “Mão Amiga” compreende a troca de serviços com os

elementos da comunidade próximos à quinta: são exemplos as relações estabelecidas de

entreajuda com os vizinhos do espaço da quinta, em que os clientes da Quinta prestam

serviços e em troca recebem serviços (apoio nas podas; apoio nas colheitas; troca de

sementes, etc.). A satisfação, aumento da autoestima, sentido de autoeficácia, melhoria da

qualidade de vida, diminuição de comportamentos disruptivos (redução de medicação

psiquiátrica) dos clientes da Residência Autónoma inserida no contexto da Quinta de Porto do

Carro, são os resultados da importância da cooperação e da proximidade entre as pessoas,

cumprindo-se um dos objetivos base do projeto geral da Quinta da OASIS.

O projeto “Quatro Luas” procede da necessidade de encontrar formas simples e

eficazes para a aquisição de competências e conhecimentos básicos sobre a plantação e

manutenção de espécies cultivadas. A aprendizagem do ciclo da planta em paralelo com o

ciclo lunar revelou-se uma estratégia eficaz. Esta atividade desenvolve-se com predomínio em

dois dias da semana, nos quais os clientes do CAO, em conjunto com os clientes da RA

acompanhados da animadora sociocultural, da psicóloga/terapeuta ocupacional e de uma

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Livro de Resumos 51

monitora/técnico se deslocam à Quinta de Porto do Carro e semeiam os produtos hortícolas

(alface, tomate, cebola, ervilha, fava, tremoço, pepinos e ervas aromáticas); mondam; regam;

colhem; participando na comercialização (pequenas feiras na instituição) e finalização dos

produtos, com reflexo nos seus planos individuais. Nos restantes dias da semana as atividades

de monda e rega são asseguradas pelos clientes da Residência Autónoma, em regime rotativo.

Os ganhos são diversos centrando-se no controlo dos impulsos; controlo da atenção; treino

da memória; no temperamento e personalidade (maior responsabilidade e maior estabilidade

psico-emocional); e no controlo das funções psicomotoras (desenvolvimento das capacidades

de planificação, coordenação motora e diminuição do pensamento ruminativo).

Por outro lado, dando preferência ao termo “desafios no Projeto” por alternativa a

fatores de insucesso, concluiu-se que a própria história de desenvolvimento da Instituição ao

longo dos anos, se focou num modelo demasiado convencional, interior, com recurso às

terapias tradicionais – o que se traduziu num grande desafio a inclusão dos clientes num

contexto mais rural, desenvolvendo trabalho/tarefas na horta; o reduzido número de recursos

humanos associados ao projeto, e o fato desses colaboradores estarem afetos a múltiplas

respostas sociais da Instituição, têm-se traduzido num avanço pouco célere para a

prossecução da globalidade do projeto da Quinta; o desafio de consolidar o apoio de

entidades oficiais numa colaboração ativa no design do projeto; os parcos recursos materiais

disponíveis têm sido um desafio que tem colocado à prova a criatividade.

Projetos futuros: criação do parque de merendas e jardim sensorial (construção de um

coreto – preservação do património nacional, quinta totalmente adaptada a pessoas com

mobilidade reduzida); construção de infraestruturas para os animais num modelo de terapia

assistida pelos animais (ovelhas, asininos); criação de zona de miradouro e colmeias (extração

de mel com processo natural). A projeto tem como objetivo tornar-se um espaço de convívio

e de aprendizagem privilegiado, onde futuramente se prevê a realização de visitas de outras

instituições, escolas e outros, observando ou usufruindo simplesmente do espaço ou

participando nas oficinas da quinta. No âmbito das visitas guiadas, os nossos objetivos são

através deste espaço excecional, preconizar o direito à educação ambiental e a importância

vital da promoção das relações interpessoais, enquanto partes fundamentais do processo

“tornar-se pessoa”.

Palavras-chave: Horticultura terapia, reabilitação, inclusão social.

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Livro de Resumos 52

Projeto social SEMEAR – Terra de oportunidades Tomás Sassetti Coimbra SEMEAR - Instituto Superior de Agronomia - Edifício Abegoaria, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

Na qualidade de agrónomo de um projeto de Agricultura Social, o meu contributo

sobre o tema ‘Fatores de sucesso e de insucesso das instituições e projetos de Horticultura

Social e Terapêutica (HST), é evidenciar o fator que, em qualquer projeto nesta área, conduz

ao sucesso ou ao insucesso: o capital humano.

O projeto social SEMEAR é um programa inovador de integração em mercado de

trabalho, no sector agroalimentar, de jovens adultos com dificuldades intelectuais e de

desenvolvimento, mediante formação e capacitação pessoal, social e profissional. A formação

acontece no Instituto Superior de Agronomia e, nos últimos 18 meses, formámos 36 pessoas,

dos quais 20 encontraram uma resposta profissional: em agricultura, indústria ou comércio.

Neste mesmo período, o SEMEAR cresceu para ser uma entidade empregadora através

do nosso próprio negócio social. A nova exploração agrícola, sediada em Oeiras, mediante um

Protocolo com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, irá empregar até 15

pessoas com dificuldade intelectual para produzir horticultura certificada e de proximidade.

Pretendemos otimizar este modelo para, futuramente, levar esta resposta a mais zonas do

país.

Nos projetos de HST, como o SEMEAR, é admirável a multitude de áreas contidas para

levar avante a missão: ciências humanas e sociais, ciências naturais, estratégia e

posicionamento, marketing e comunicação, parcerias e financiamento, controlo de gestão e

divulgação de resultados, etc.

Podendo-se enumerar dentro de cada área, fatores que contribuem para o êxito e

fracasso de determinado projeto, o seu interesse para um outro, seria vazio. E é lógico que

assim seja: cada projeto é irrepetível, resultando num novelo único de oportunidades e

dificuldades. Mas, uma oportunidade precisa de uma equipa que a aproveite e uma

dificuldade precisa de uma equipa que a ultrapasse!

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 53

Aqui está o ponto unificador e determinante. O capital humano, na forma de uma

equipa de profissionais, é a chave para o sucesso ou insucesso de uma instituição/projeto de

HST. Para o fim a que este resumo se destina, tem ainda a grande vantagem de poder ser

explicável e replicável.

Pegando no exemplo do SEMEAR, o nosso sucesso deve-se aos fortes valores de

trabalho, confiança e verdade, de uma equipa multidisciplinar, dedicada e profissional e, ainda

se deve, ao otimismo na geração de mudança.

Concluindo, o capital humano que cada instituição/projeto aplica, determinará onde

chega o sonho.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, Fernando Pessoa.

Palavras-chave: Agricultura social, capital humano, jovens adultos com dificuldades,

capacitação pessoal, social e profissional.

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Livro de Resumos 54

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Livro de Resumos 55

Sessão 2 - Horticultura e Economia Social

Comunicações orais

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Livro de Resumos 56

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Livro de Resumos 57

Economia social e horticultura Fernando Oliveira Baptista Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

1. Economia social, Economia solidária e Terceiro sector

. convergências

. diferenças

. a economia social

2. Economia social

. a economia social, é uma economia

. um sector específico ou “tudo o que não tem uma lógica capitalista”

. a dimensão institucional

3. Agricultura social

. dimensão institucional

. benefícios sociais e lógicas económicas

. lógicas dos agentes e contexto socioeconómico

. economia social ou iniciativas de apoio à comunidade

4. As hortas urbanas

. agricultura familiar a tempo parcial ou agricultura social

. a dimensão social dos promotores das hortas urbanas

5. Agricultura social e Economia social

. lógicas económicas e dimensão institucional

. uma sociedade com diferentes interesses e economias

. os critérios e as implicações das políticas públicas

Palavras-chave: Agricultura social, economia social, hortas urbanas.

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Livro de Resumos 58

Social Farming in Italy: development and legislation. The experience of the Social Farming National Forum Ilaria Signoriello Forum Nazionale Agricoltura Sociale, Via del Grottino snc - 00046 Grottaferrata, Roma, Itália, [email protected]

Abstract

The Forum Nazionale Agricoltura Sociale (Social Farming National Forum, SFNF) is a

national network built in 2011 to promote and facilitate knowledge and experience sharing

between the very different actors involved in the Social farming processes (farmers,

associations, families, disadvantage people, universities, local authorities, educational

facilities, etc.).

The Forum promotes the integration of the different cultures: social, agricultural,

health, training and working. The Forum since its foundation started a dialogue with both the

Italian Members of National Parliament and Regions, giving support and contribution to

promote and support the legislative process of the National Law on Social Farming (Law No

141/2015).

“Social Farming aims to reunify needs, identities, safeguards and instances of freedom

for all citizens, regardless of their abilities. In this the value of work not only as personal

income, but also as a fundamental element of an inclusive society more just, cohesive and

sustainable ...”, from the Card of Principles of National Forum of Social Farming.

Social Farming National Forum has 500 organisation from all Italian regions. Our

associated are: Farms, Cooperatives of Type A and B, Associations, CSOs, NGOs, Universities,

educators, social workers, students, psychologists, etc. The SF is a national network organized

with Regional Forum.

Recent development of Social Farming (SF) in Italy includes: practices pre-existed to

the SF expression; started, grown and spread at local level, in various regions; the complexity

of the issue has made them “invisible" to the wider society; the expression “social agriculture"

began to be used since the early 2000’s; in this term very different initiatives and activities are

included some basic information are available on the general situation; a rapid growth of

attention at societal level is under way; in August 2015 a national law was approved; being in

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 59

Italy both agriculture and social policy managed by the Regional authorities, 12 Regions, out

of 20, have a regional legislation concerning SF.

The common aspects of SF initiatives in Italy are: adoption of organic methods of

production; highly diversified and flexible; choice of labour intensive cultivations; cropping

pattern with high value added; to be “open” enterprises; highly multifunctional; disabled as

most common users; indirect role of religion organization; preference for the short supply

chains.

The legislative definition of the Law No 141/2015, includes activities run by agricultural

entrepreneurs or social cooperatives aiming to the achievement of:

A. Labour insertion of disadvantaged people (see EC Reg.800/2008);

B. Services provided to the local community using material and immaterial agricultural

resources to foster social inclusion;

C. Therapeutic and health services that help traditional medical therapies;

D. Projects related with the environmental and food education run by social and

educational farms.

The challenge in the next future:

• implementing decrees of Law No 141/2015;

• Training for: farmers, social workers and local authorities’ administrative staff;

• to introduce SF in the University Curricula and secondary school (Polytechnic

University of Marche Region has introduce a Master Degree in SF, Tor Vergata

started a I level Master; UniSannio II Master Degree In management of Social Farm)

• to quantify the social impact of SF in terms of wellbeing of the people included in

farm process and local community and also the potential reduction of costs for the

National Health services and social services.

Keywords: Italy, National Law on Social Farming, organic production, training.

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Livro de Resumos 60

Ação coletiva e horticultura social nos montes comunais da Galiza: O Programa Verdear Damián Copena Rodríguez e Xavier Simón Fernández Grupo de Investigación en Economía Ecolóxica e Agroecoloxía. Univ. de Vigo, Espanha, [email protected]; [email protected]

Resumo

A horticultura social e terapéutica estão a medrar nos últimos anos na Galiza côa posta

en marcha de diferentes experiências de relevância. Um dos exemplos de maior interesse

neste âmbito é o que se está realizando na área periurbana da cidade de Vigo, concretamente

no lugar de Cabral: O chamado Programa Verdear.

Esta iniciativa nasceu no ano 2013 a partir da ação coletiva e da colaboração entre

diferentes agentes. Efetivamente, das colaborações entre a Comunidade de Montes de

Cabral, a Associação de Vizinhos de Lavadores e a Associação Cidadã de Luta contra a Droga

Alborada, nasce o Programa Verdear. Alborada, que é a entidade promotora desta iniciativa,

trabalha na horta com pessoas com problemáticas vinculadas com adições á droga e en risco

de exclusão social. O Programa usa os 5.000 m2 cedidos de finca, propriedade da entidade

comunitária de Cabral. Esta finca onde se desenvolve a experiência está localizada em

Cotogrande (Vigo), e conta com instalações básicas para o trabalho: uma pequena edificação,

uma estufa para culturas, varias parcelas de culturas em exterior, área de compostagem,

pequeno apiário, etc.

O Programa Verdear aposta polo modelo de produção da agricultura biológica tanto

para as culturas como para a formação que se oferece no Proxecto. O objetivo fundamental

do Programa Verdear é dotar de formação aos usuários de Alborada no âmbito da agricultura

biológica, para que, no futuro essas pessoas possam conseguir um emprego ou a sua

integração en projetos de hortas urbanas. Além de formação e emprego, o Programa verdear

tenta que os produtos de horta recolhidos podam ser consumidos pelos próprios usuários, nas

famílias necessitadas, en instituições sociais, etc., co objectivo de paliar as deficiências

alimentícias e nutricionais de alguns sectores da povoação.

O presente trabalho de pesquisa analisa a relevância social de o Proxecto Verdear. A

pesquisa está feita a partir de ferramentas da investigação participativa, como as visitas de

campo e a realização de entrevistas semi-estruturadas a pessoas participantes na iniciativa.

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Livro de Resumos 61

Assim, o trabalho analisa a experiência e as diferentes atividades que se tenham desenvolvido

no Programa Verdear nestes anos.

O Trabalho que se está a realizar em Cabral demonstra que a cooperação entre

distintos coletivos, num principio tão separados como uma Comunidade de Montes e uma

associação de luta contra a droga, pode conseguir desenvolver projetos de horta social

biológica de enorme interesse, dos quais se beneficiam tanto as pessoas participantes no

Programa como o conjunto da sociedade. A propriedade comunal, dentro duma visão

multifuncional do monte, pode converter-se, tal e como já acontece na iniciativa do Programa

Verdear, como um espaço onde a horticultura social e terapêutica tenha cabida, conseguindo

melhorar a qualidade de vida de pessoas com adições ás drogas e fornecer-lhe alimentos sãos

e de qualidade a sectores sociais com dificuldades econômicas.

Palavras-chave: Horticultura social, Montes Comunais, Ação coletiva, Horticultura biológica.

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Livro de Resumos 62

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Livro de Resumos 63

Projeto Alternative no Estabelecimento Prisional de Sintra Miguel Lago Área Internacional, Cruz Vermelha Portuguesa, Jardim 9 de Abril, 1 a 5, 1249 - 083 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

Descreve-se o papel fundamental que a formação em agricultura biológica teve no

desenvolvimento de um projeto de inclusão social, no Estabelecimento Prisional de Sintra, e

do processo que gerou impacto concreto na vida dos formandos / reclusos. Esta ação será

contextualizada no âmbito do projeto europeu Alternative, cuja principal finalidade foi

promover a implementação de medidas alternativas à prisão para infratores

toxicodependentes. Com este propósito e este grupo alvo em mente, foi delineado em

parceria com a Agrobio - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, um curso teórico e

prático do Modo de Produção Biológico para um grupo de reclusos do Estabelecimento

Prisional de Sintra, como forma de ganhar o acesso e a confiança dos serviços prisionais e dos

próprios reclusos, utilizando a agricultura biológica como instrumento de capacitação sócio

profissional.

Palavras-chave: agricultura biológica, Estabelecimento Prisional de Sintra,

toxicodependência.

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Livro de Resumos 64

Agricultura Social na Cercica: uma agricultura para a inclusão Olga Brito e Luisa Simões CERCICA - Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais, R. Principal, 320/320 A, Livramento, 2765-383 Estoril, Portugal, [email protected] Resumo

A CERCICA é uma cooperativa social, fundada em 1976 por pais e técnicos como

alternativa ao ensino regular para crianças com deficiência. A CERCICA existe para promover

a qualidade de vida e a inclusão de pessoas com deficiência intelectual, num contexto

profissional de excelência e de sustentabilidade, assumindo-se como um parceiro estratégico

para famílias, entidades públicas, empreendedores e outros atores da nossa sociedade. Tem

como visão ser uma organização de referência na habilitação e formação de pessoas com

deficiência intelectual, criando oportunidades para que vivam uma cidadania completa.

Atualmente a CERCICA é constituída por várias valências desde o Serviço de Apoio

Domiciliário, Residências, Formação Profissional, Centro de Atividades Ocupacionais (CAO),

Cerplant (jardinagem e produção de plantas), Gráfica, CERMov (piscina e atividades físicas)

entre outras.

A Cerplant foi criada em Novembro de 2001 com o objetivo de profissionalizar pessoas

em desvantagem socioprofissional, com deficiência mental ou em risco de exclusão social

(desempregados de longa duração), com vista à sua integração no mercado de trabalho.

O Centro de Atividades Ocupacionais é constituído pelo Pólo Oficinal

(desenvolvimento de atividades socialmente úteis) e o Pólo Terapêutico (atividades

terapêuticas e ocupacionais). Em 2006 foi criado um pólo oficinal em produção de plantas

ornamentais, na sequência de um estudo que concluiu que 60% de um grupo de utentes do

CAO havia registado uma evolução positiva em todas as atividades ligadas à jardinagem e à

produção de plantas (Henriques, A. 2006. Espaços verdes, saúde e bem-estar. Contributo da

jardinagem como ocupação terapêutica, ISA/U. Lisboa). Desde então este pólo oficinal cresceu

e integra atualmente 17 jovens com deficiência moderada que, num contexto mais

profissional, são responsáveis por mais de 70% da produção de plantas ornamentais. Foi

também estabelecido um protocolo com a Câmara Municipal de Cascais, através do qual são

fornecidas cerca de 50.000 plantas todos os anos para os jardins do Município.

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Livro de Resumos 65

A Agricultura Social na CERCICA tem como principal objetivo a empregabilidade de

cidadãos com deficiência ou desempregados de longa duração (Cerplant), diversificação de

atividades socialmente úteis para os clientes do CAO, fornecimento de local para estágio dos

formandos (Formação Profissional), recuperação ambiental dos solos de ecossistema agrícola,

contribuição para a sustentabilidade económica da instituição.

O trabalho desenvolvido por estes jovens, para além dos benefícios terapêuticos

relacionados com este tipo de atividades, é também de grande exposição e utilidade para a

comunidade local, sendo este trabalho reconhecido e identificado pelos agentes locais e pela

população em geral. Atualmente dá emprego direto a três funcionários da Cerplant e a três

jovens com deficiência (Programa Emprego Apoiado). Existem também dois jovens do CAO

que trabalham em protocolo e uma formanda do curso de viveirista em estágio.

Em 2013 a CERCICA apresentou uma candidatura ao PRODER – Ação 4.1 - Cooperação

para o Desenvolvimento e Inovação (parceria com a Consulai e Instituto de Investigação

Cientifica Tropical), com o objetivo de estudar características agronómicas da Stevia

rebaudiana e Thymus mastichina – Projeto Aroma4Safe. Através deste projeto desenvolveu-

se uma nova área de produção agrícola na CERCICA, gerida pela equipa da Cerplant, no

entanto o principal objetivo foi a diversificação de atividades para os clientes do CAO,

beneficiando o Pólo Terapêutico através de tarefas de desfolha de ervas aromáticas. Para dar

resposta à crescente procura de plantas e outros produtos, a CERCICA candidatou-se ao

Prémio BPI Capacitar em 2013, com o projeto CerGarden. O CerGarden abriu em 2015, reúne

um pouco de todas as plantas produzidas no viveiro, para além das ervas aromáticas e de

todos os produtos da CERCICA (livros, artes do fogo, quadros, artesanato, etc.).

Um dos aspetos mais interessantes da agricultura social é a sua aptidão para inovação

e desenvolvimento. Em 2015 foi assinado um protocolo entre a CERCICA, a Cerci Lisboa, a

Segurança Social e a Câmara Municipal de Lisboa, com vista à exploração da Quinta das

Carmelitas em Carnide, naquela que é a primeira parceria entre IPSS, Segurança Social e um

Município. O objetivo é a exploração agrícola da Quinta, no modo de produção biológico, com

vista à constituição de uma empresa de emprego protegido.

Palavras-chave: benefícios terapêuticos, deficiência intelectual, empregabilidade, projetos.

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Livro de Resumos 66

Horta Associativa da Adroana Teresa Ribeiro, André Miguel, Rui Peixoto, Sara Torres EMAC - Empresa Municipal de Ambiente de Cascais, Complexo Multiserviços, Estrada de Manique, 1830, Alcoitão, 2645-138 Alcabideche, Portugal, [email protected]

Resumo

Em 2013 foi inaugurada uma horta comunitária, no Bairro da Adroana, em

Alcabideche. Esta horta não era suficiente para satisfazer a procura existente e em pouco

tempo os terrenos municipais em seu redor foram ocupados com hortas espontâneas.

Reconhecendo-se as necessidades dos residentes no bairro e a disponibilidade do terreno, a

Câmara Municipal de Cascais decidiu analisar a situação. As equipas técnicas das “Hortas de

Cascais” e da Divisão de Intervenção Social foram incumbidas de procurar uma forma de

promover a sua organização e legalização.

A divulgação chegou a todos os moradores do bairro, os ocupantes do terreno foram

identificados e como estratégia de intervenção promoveram-se encontros de apresentação,

discussão e decisão. Nestas reuniões foi estabelecido por todos um regulamento com as

definições dos conceitos, direitos e deveres dos intervenientes. Propôs-se a criação de uma

associação de horticultores para formalizar um acordo de cedência do terreno municipal com

a Câmara.

A experiencia da Divisão de Intervenção Social no terreno permitiu implementar um

processo participado, em que os moradores tiveram um canal permanente de comunicação

com a autarquia e sendo possível experimentar uma forma de decisão colaborativa.

Desenhou-se um Plano Geral da intervenção e foi decidida a demolição de todas as pré-

existências. Os interessados organizaram-se numa associação, colaboraram na construção da

horta e frequentaram uma ação de formação de horticultura biológica. Numa fase inicial o

terreno foi vedado e foram instalados pontos de água. Em seguida entrou em ação um grupo

de voluntários internacionais, organizado pela Associação Juvenil Rota Jovem, que durante

duas semanas colaboraram na construção da horta, ajudados pelos horticultores.

Os horários da formação foram ajustados à disponibilidade dos candidatos, e só após

a sua conclusão foi permitido que iniciassem o cultivo da sua parcela.

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Livro de Resumos 67

Resultou deste processo a criação de uma nova comunidade de 45 famílias, com

responsabilidades próprias, devidamente capacitada e consciente da partilha de bens. O

terreno anteriormente abandonado transformou-se num espaço requalificado e produtivo.

Palavras-chave: Horta, participação, comunidade, voluntariado.

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Livro de Resumos 68

Efeitos das hortas urbanas do projeto Horta à Porta Cristina Ferreira Divisão de Valorização Orgânica da LIPOR, Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, R. da Morena, 805, 4435-996 Baguim do Monte, Portugal, [email protected]

Resumo

A LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, é a

entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos resíduos urbanos produzidos

pelos seus 8 municípios associados: Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de

Varzim, Valongo e Vila do Conde. Constituída como Associação de Municípios em 1982, a

LIPOR tem preconizado a sua atuação numa estratégia integrada de resíduos, com base

naquilo que são as orientações estratégicas nacionais, bem como as orientações da União

Europeia para o setor.

Tendo por Missão “conceber, adotar e implementar soluções sustentáveis de gestão

de resíduos, tendo em consideração as necessidades dos nossos parceiros e das comunidades

que servimos”, o core business da Organização concretiza-se através da hierarquia europeia

da gestão de resíduos e na consequente valorização dos recursos, a par de projetos

responsabilidade social e de sustentabilidade, práticas de ecoeficiência e de educação

ambiental.

O Horta à Porta - Hortas Biológicas da Região

do Porto, surgiu em 2003 devido à necessidade de

articular a disponibilidade de várias entidades numa

rede que viabilizasse uma estratégia para a Região do Grande Porto no domínio da

compostagem caseira, na criação de hortas e na promoção da agricultura biológica. O projeto

quando surgiu tinha como objetivo a criação de espaços verdes dinâmicos, promovendo o

contacto com a natureza e hábitos saudáveis, sem esquecer a redução de resíduos.

Atualmente é um projeto que tem por base um trabalho de cooperação, potenciando

sinergias entre diferentes agentes da sociedade, com impactos ambientais, agrícolas e sociais

muito significativos, uma vez que promove práticas sustentáveis, através da compostagem

caseira e agricultura de modo biológico caseiro, alimentos mais saudáveis, mas também

promove o contacto com a natureza, a melhoria da qualidade de vida da população e fomenta

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Livro de Resumos 69

a coesão social. Na prática, este projeto pretende disponibilizar talhões de no mínimo 25 m2

a particulares interessados em praticar a agricultura biológica e a compostagem. Ao receber

o talhão de terreno, os futuros agricultores recebem também formação em agricultura

biológica (para amadores!). É disponibilizada água, um local para armazenar as ferramentas e

ainda um compostor comunitário, tudo sem qualquer custo para os utilizadores. Como forma

de complemento ao orçamento familiar, os produtos cultivados são para consumo próprio.

Atualmente, o projeto Horta à Porta conta com 49 hortas, que são dinamizadas pela

LIPOR em parceria com a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, Junta de

Freguesia de S. Pedro de Rates, União de Freguesias de Aver-o-mar, Amorim e Terroso, Maia,

Custóias e Vairão, Bonfim, Ermesinde, São Cosme os Municípios de Matosinhos, Maia, Porto,

Vila do Conde, Valongo, Espinho, Gondomar, a Santa Casa da Misericórdia, Social Catedral da

Sé, o Espaço Municipal da Maia, a Comunidade Terapêutica do Meilão, os Albergues Noturnos

do Porto, a TECMAIA, o CICCOPN, a Cooperativa da Cohaemato, o APPCDM de Aldoar, a

ACISJF, o Centro Social de Ermesinde e o ALADI. No total o Horta à Porta disponibiliza 1.561

talhões, maioritariamente em hortas localizadas em zonas urbanas. São cerca de 11 ha

cultivados em agricultura de modo biológico e com benefícios ambientais e sociais.

O Horta à Porta envolve diferentes agentes num projeto de desenvolvimento

ambiental sustentável e de responsabilidade social, tentando ir de encontro às carências que

a população tem indicado como cada vez mais necessárias para uma vida física e

psicologicamente saudável. Testemunhos obtidos por parte da população revelam que a

procura de projetos desta natureza resultam de uma crescente necessidade do contacto coma

natureza, lazer, convívio e produção dos próprios alimentos, mais saudáveis e como apoio ao

orçamento familiar. Ao envolver as famílias, permite também que os vários grupos etários –

crianças, jovens, adultos, idosos – participem na atividade agrícola biológica, sendo eles

igualmente veículos transmissores de boas práticas deste projeto.

Pretende--se proporcionar a todos a possibilidade de cultivarem a sua pequena horta,

com a garantia de qualidade dos produtos, de melhor saúde e ambiente.

Palavras-chave: hortas urbanas, benefícios ambientais, sociais e bem-estar.

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Livro de Resumos 70

Horticultura no desenvolvimento social no Norte da Guiné-Bissau Pedro M.P. Santos1, Patrícia Maridalho1, Isabel Mourão2, L. Miguel Brito2 1Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano - ONG VIDA, Pátio do Pimenta, nº 25, 1200-034 – Lisboa, Portugal, [email protected]; [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected]

Resumo

A Guiné-Bissau é um pequeno país da África Ocidental, com 1,6 milhões de habitantes,

e que desde a sua independência, em 1973 (declarada pela Guiné-Bissau), tem sido alvo de

instabilidade política contínua que não permitiu a implementação de políticas agrárias. Em

consequência, no país predomina uma agricultura familiar tradicional de subsistência, em que

a dificuldade de acesso aos fatores de produção, e aos mercados em geral, caracteriza o dia-

a-dia das famílias dos agricultores. A ONGD VIDA, a operar na Guiné-Bissau há 22 anos,

identificou seis aldeias na Região Norte do país em que a cultura do tomate, produzido

principalmente pelas mulheres, se tem assumido como cultura de rendimento, contribuindo,

assim, para garantir o sustento das suas famílias, para evitar situações de insegurança

alimentar severa e para apoiar as famílias ao nível da educação e saúde.

Através do projeto “Kópoti pa cudji nô futuro” (em crioulo da Guiné-Bissau “Cultivar

para colher no nosso futuro”) financiado pela União Europeia e Camões - Instituto da

Cooperação e da Língua, a ONGD VIDA está a implementar atividades de desenvolvimento

rural integrado nestas aldeias. Partindo de uma metodologia participativa, tem como um dos

seus principais objetivos o delineamento conjunto com as agricultoras de uma estratégia de

produção e de comercialização de produtos hortícolas. Esta estratégia visa reforçar as

capacidades produtivas e comerciais destas famílias, ao mesmo tempo que pretende

fortalecer as relações dentro e entre aldeias, através da criação de organismos associativos

ou cooperativos e de mecanismos que assegurem um melhor posicionamento comercial, que

poderão contribuir para um aumento do rendimento das famílias, aumento da segurança

alimentar e uma maior resiliência das famílias e comunidades.

As famílias e comunidades abrangidas pelo projeto são maioritariamente da etnia

felupe e têm como características comuns, a pobreza extrema, o isolamento, a baixa formação

técnica, a inexistência de uma cadeia de valor que facilite o escoamento dos produtos

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 71

agrícolas e a falta de acesso a informação agrícola atualizada bem como acesso aos fatores de

produção. Com base em inquéritos individuais realizados às agricultoras e a grupos focais nas

aldeias envolvidas no projeto, foi possível caracterizar os agregados familiares, o sistema de

produção agrícola por estes praticado, as principais fontes de rendimento, assim como, avaliar

a sua produção hortícola e o mercado de escoamento do tomate. No presente trabalho

discute-se, ainda, a capacidade da horticultura como fator de aliviamento da pobreza e como

dinamizadora do desenvolvimento social dentro e entre as referidas aldeias.

Apesar de se confirmarem as enormes dificuldades das famílias, que vivem na sua

totalidade em pobreza, sem capacidade de compra ou de investimento, sem acesso a

informação, fatores de produção e mercados, verificou-se após o primeiro ano de

implementação do projeto que, por sua livre iniciativa, as agricultoras organizaram uma

reunião de concertação para fixarem o preço de venda do tomate e iniciar a criação de hortas

comunitárias em cada uma das aldeias. Estas duas iniciativas demonstram a grande

capacidade organizativa e a motivação extrema que existe nas agricultoras para a mudança. É

evidente para estas famílias, que a horticultura, a par de proporcionar um desenvolvimento

económico e melhorar as condições de vida das famílias, é também um mecanismo de

desenvolvimento social capaz de desencadear dinâmicas sociais viradas para o associativismo,

e comércio organizado para a principal cultura hortícola produzida. A valorização da mulher

enquanto agente produtivo e ator principal na tomada de decisão no seio de um grupo,

associação ou comunidade, é também determinante para um desenvolvimento justo e

integral destas comunidades e sociedade onde os agregados familiares estão inseridos.

Palavras-chave: Guiné-Bissau, produção de tomate, recursos locais.

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Livro de Resumos 72

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 73

Sessão 2 - Horticultura e Economia Social

Comunicações em painel

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 74

Contributo para o estado da arte da Agricultura Urbana e Periurbana em Portugal: entre as perceções e as práticas Cecília Delgado Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC e CICS; NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, Av. do Brasil, 101, 1700-066 Lisboa, Portugal, [email protected]; [email protected]

Resumo

Pretende-se apresentar os resultados preliminares do estado da arte da Agricultura

Urbana e Periurbana [APU] em Portugal, com enfoque na sua dimensão territorial.

Argumenta-se que a APU em Portugal baseia-se particularmente na componente da

produção, e que as ligações com as restantes componentes do sistema urbano alimentar são

ainda limitadas.

Para fundamentar o argumento apresentam-se e analisam-se várias definições

internacionais na sua evolução de conteúdo ao longo do tempo. Esta análise é

complementada com duas pesquisas adicionais que fazem parte de uma investigação ampla

que incluí: (1) entrevista de informantes privilegiados; (2) pesquisa web baseada em palavras

e conceitos chave. Os restantes métodos de pesquisa incluem, revisão da literatura; visitas a

um conjunto selecionado de programas e práticas de uma lista extensa de casos identificados;

conhecimento e rede de saberes; participação em eventos; categorização das melhores

práticas identificadas pelo grupo de informantes privilegiados. O processamento da

informação obtida através das entrevistas aos informantes privilegiados sugere que a APU é

essencialmente percecionada na sua componente produtiva i.e. hortas urbanas. Esses espaços

são particularmente orientados numa perspetiva de inclusão social nomeadamente para

consumo próprio (mitigação da crise) ou usos recreativos. A terra é maioritariamente pública

ou semipública.

O impacto da APU na cadeia alimentar urbana apresenta-se ainda pouco desenvolvido.

Ou seja, neste momento, em Portugal a APU manifesta-se fundamentalmente nas dimensões

social e ecológica com enfoque na componente produtiva da cadeia alimentar em desabono

das restantes componentes da cadeia, tais como, processamento, distribuição e venda,

consumo, marketing, redução de desperdício alimentar, etc.. E ainda, que a dimensão

económica, numa perspetiva de orientação para o mercado com criação de emprego, salvo

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 75

excecionalmente, não é considerada. Contudo, a pesquisa web baseada em palavras e

conceitos chave ilustra uma panorâmica muito mais vasta em termos de dimensões e tipos de

agricultura i.e. social, ecológica e económica, e evidencia a presença de experiencias nas várias

componentes da cadeia urbana alimentar, confirmando a emergência e dinamismo da

temática em Portugal. Esta constatação abre interessantes perspetivas para a gestão da APU

como parte do sistema urbano alimentar, à semelhança do que está a ocorrer em várias

cidades no mundo.

Em síntese, as conclusões preliminares apontam para a necessidade de clarificar o

conceito de APU e criar sinergias entre todos os atores e setores envolvidos. Em paralelo

demonstram que a APU é um setor promissor e emergente em Portugal que pode ser

fomentado através do acesso à terra e espaço nas cidades e periferias, Portuguesas,

contribuindo para o bem-estar social das populações, a melhoria da paisagem, mas também

para o desenvolvimento da economia local.

Finalmente, defende-se a necessidade de criar espaços de debate, à escala local e,

simultaneamente, à escala nacional de modo a que todos, poder político, sociedade civil,

urbanistas, entre outros representantes das diversas politicas e interesses setoriais, possam

ser envolvidos e contribuir para um processo de planeamento colaborativo, que considere a

APU como parte de uma estratégia de coesão social e territorial em Portugal.

Palavras-chave: Agricultura urbana e periurbana, planeamento urbano, coesão territorial,

coesão social, sistema urbano alimentar, Portugal.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 76

Formas e moldes: dinâmicas futuras da Agricultura Social Cláudia Brites e Ana Firmino Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa, Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

Em muitas regiões e localidades do mundo, há uma necessidade cada vez maior de

encontrar novas soluções para o futuro, uma vez que existem cada vez mais conjuntos

entrelaçados de dificuldades ecológicas, sociais e económicas, mas também novas

oportunidades trazidas pela globalização da economia. Na verdade, há uma necessidade de

trabalhar para um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável e cruzar as muitas

fronteiras institucionais que impedem que novas soluções sejam criadas.

Claro que promover o desenvolvimento regional sustentável é um enorme desafio

num mundo que se caracteriza por uma visão quase patológica para os lucros a curto prazo,

políticas de visão curta, conflitos de interesses e busca de soluções rápidas. Além disso, não é

possível confiar apenas em intervenções estatais como o desenvolvimento regional que, é um

processo coletivo que envolve redes de atores públicos, privados e semipúblicos em que

nenhuma organização tem uma primazia na governação. Para superar estes e muitos outros

estrangulamentos potenciais de desenvolvimento regional equilibrado, serão necessárias

novas formas para o moldar.

O que torna tudo isto um conjunto exigente de desafios políticos é que as regiões e as

localidades precisam de encontrar formas de gerir o seu próprio destino, enquanto este é

manipulado por muitas forças.

A Agricultura Social utiliza o espaço rural para a promoção do bem-estar físico e

psicológico, integrando os sectores da saúde e serviços sociais com o agrícola. O espaço rural

é usado recreativamente ou em trabalho em atividades pedagógicas e/ou terapêuticas para

doentes e populações em risco social, adotando uma perspetiva multifuncional da agricultura,

incluindo empresas e integrando pessoas com incapacidades com o objetivo de inclusão e

melhoria de qualidade de vida. Desde 2009, após a Ação COST 866 – Green Care in Agriculture,

que a Agricultura Social tem vindo a ser debatida em Portugal, reunindo vários interessados.

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Livro de Resumos 77

Em vários países Europeus a Agricultura Social é uma prática reconhecida legalmente.

Têm sido realizados esforços para fomentar a sua legalização e o conceito é amplamente

reconhecido. Nos últimos anos o fenómeno da Agricultura Social, (também conhecida como

Green Care) tem sofrido um aumento significativo e constante. A maioria dos países europeus

têm Agricultura Social legislada ou em processo de negociação para tal, tendo o seu interesse

o devido reconhecimento da União Europeia (UE) através do Parecer do Comité Económico e

Social Europeu sobre a agricultura social: políticas com preocupações ambientais, sociais e de

saúde (parecer de iniciativa).

Existem várias redes europeias informais (ex. Farming for Health) ligando os diferentes

países que têm resultado em diversas parcerias de projetos internacionais (Ex. SoFar,

Ecopreneurship, Maie, Diana, Sophieu), onde surgem diferentes debates dependendo da

situação atual de cada um dos países envolvidos.

A situação portuguesa, em particular, tem tido um desenvolvimento dececionante. Na

teoria, seria expectável que a Federação Portuguesa de Agricultura Social (FEDPAS) estivesse

formalizada de maneira a aumentar as ligações entre as diferentes entidades a nível nacional

que estão potencialmente interessadas. Uma integração mais profunda de todos os esforços

constituiria uma inspiração essencial para a expansão da Agricultura Social em Portugal.

Contudo, desde há uma ano a esta parte, o debate e os esforços que tinham vindo a ser

realizados para promover esta união sofreu uma interrupção. A FEDPAS, nos seus estatutos

apresenta a ligação de dois importantes grupos: as instituições praticantes e as instituições de

investigação. De acordo com esta aproximação, a investigação estaria intrinsecamente ligada

aos problemas apresentados pelos praticantes, tentando apresentar soluções, beneficiando

desta forma os dois mundos.

Este artigo pretende oferecer aos investigadores e trabalhadores em Agricultura Social

a oportunidade de explorar e ver discutidas algumas questões-chave a partir de uma

multiplicidade de perspetivas e com diferentes pontos de suporte teórico e observações

empíricas de diferentes partes do mundo, de forma a lidar com os problemas da

sustentabilidade através do desenvolvimento de uma nova governação multi-atores,

capacidades de liderança e formulação de políticas.

Palavras-chave: Portugal, Europa, Agricultura Social.

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Livro de Resumos 78

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 79

Contribuição do trabalho voluntário na diminuição dos custos de projetos de horticultura social Maria Raquel Sousa Departamento de Arquitetura e Urbanismo, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

O presente estudo procurou mostrar as vantagens da inclusão de trabalho voluntário

em projetos de horticultura urbana, entre as quais a diminuição dos custos destes projetos.

Comparam-se dois tipos de projetos:

a) três parques hortícolas do projeto da Câmara Municipal de Lisboa;

b) um projeto de horticultura social criado por um grupo de cidadãos no centro de

Lisboa – Horta do baldio.

O objetivo do estudo foi identificar as vantagens existentes nestes dois tipos de

projetos, decorrentes do trabalho voluntário e incluiu duas metodologias: a aplicação de um

questionário e a comparação dos projetos incluindo, entre outras características, os custos de

implementação e manutenção.

Os dados foram analisados através da criação dos seguintes indicadores:

caracterização social dos jardineiros; a sua opinião acerca dos projetos e os custos inerentes.

O questionário resultou em respostas semelhantes em ambos os tipos de projeto, à

exceção de que no caso da Horta do Baldio, os participantes ressalvaram a importância da

participação e trabalho voluntário, que levou à implementação do projeto. Em relação ao

estudo de custos que incluiu consulta a sites de contratação pública, foi patente um

abaixamento de custos de implementação e de manutenção no caso da Horta do Baldio, que

apresenta maior envolvimento e trabalho voluntário. No entanto, os Parques hortícolas já

contabilizavam uma diminuição de custos de manutenção, dado os hortelões realizarem as

manutenções dos talhões, mas não das partes comuns.

Em conclusão, os dois tipos de projeto apresentam diferentes vantagens, mas a

diminuição de custos foi acentuada no caso da Horta do Baldio. Assim a integração de trabalho

voluntário em iniciativas públicas ou privadas, ou seja, o envolvimento dos cidadãos parece

poder contribuir significativamente para a diminuição dos custos dos projetos de horticultura

urbana.

Palavras-chave: hortas urbanas, custos de implementação e manutenção, voluntariado.

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Livro de Resumos 80

“ S b ” - Projeto estratégico de sustentabilidade para famílias carenciadas Maria de Lurdes Silva1, Isabel Mourão2, Lia Jorge3, Paula Rodrigues3, L. Miguel Brito2, J. Raul Rodrigues2 1Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 3Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Braga, Av. 31 de Janeiro, 317, 4715-052 Braga, Portugal, [email protected]

Resumo

No atual contexto de elevado desemprego as hortas sociais em meio urbano podem

desempenhar um papel importante, contribuindo para uma melhoria do bem-estar,

alimentação e saúde das populações e, ainda, para uma maior sensibilização ambiental e

conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. A Cruz Vermelha Portuguesa -

Delegação de Braga, através do seu Centro Comunitário da Vila de Prado, propôs a criação de

uma horta comunitária, como forma de contribuir para a integração social de famílias

carenciadas, com baixos níveis de qualificação e socialmente estigmatizadas. O objetivo do

presente trabalho foi desenvolver o projeto desta horta comunitária, com base nas

características e espectativas dos beneficiários, incluindo: (i) um plano técnico agrícola

sustentável, segundo o modo de produção biológico; (ii) o funcionamento, recursos

necessários, promoção e divulgação; (iii) um plano formativo com vista a induzir capacitação

e a promover uma potencial integração profissional; (iv) um plano de atividades dirigido à

comunidade como forma de integração do projeto; e (v) a avaliação da influência do projeto

nos beneficiários. A metodologia incluiu o acompanhamento do processo de candidatura das

famílias; a análise do potencial agronómico do local e das interligações da comunidade; a

avaliação de outros projetos similares e entrevistas.

O projeto foi intitulado por “Horta do Saber” e foram criados a ficha de candidatura, o

regulamento geral e o contrato de participação. O levantamento topográfico foi

acompanhado e orientaram-se os trabalhos de limpeza do terreno. Elaborou-se o plano da

horta com cerca de 1,0 ha, conduzida no modo de produção biológico, incluindo 16 talhões

familiares (200 m²/talhão); talhões e estufa de produção comunitária, de propagação de

plantas e produção de produtos que permitam a sustentabilidade do projeto a médio e longo

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 81

prazo; pomar; compostagem; zona pedagógica e zona de lazer. O plano técnico incluiu a

correção do solo, a compostagem, a criação de um modelo de talhão familiar e de uma rotação

de culturas (12 anos) e a criação do caderno de campo. Foi elaborado e implementado um

plano de formação para os utentes, incluindo um curso de formação de 200 horas, diversos

workshops e visitas de estudo. Apresentou-se ainda um plano de atividades para a

comunidade e os meios de promoção e divulgação do projeto. A nível económico este projeto

contribui para um aumento significativo do bem-estar das famílias e do bem-estar da

comunidade sendo, ainda, um importante contributo para uma melhor qualidade ambiental

do espaço envolvente.

Palavras-chave: produção biológica, formação, benefícios ambientais, inclusão social.

Figura 1. Esquema do projeto “Horta do Saber”, incluindo lotes de 200 m²para 16 famílias,

estufa, pomar, unidade de compostagem e zonas de formação e de lazer.

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Livro de Resumos 82

Práticas de economia solidária em iniciativas de agricultura urbana do concelho de Lisboa. Os casos do Vale de Chelas, da Alta de Lisboa e da Horta do Baldio Carlos Paizinho1, Maria de Fátima Ferreiro2 [email protected] (sem afiliação institucional) 2ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

A partir de 2009 mais de metade da população mundial passou a residir em áreas

urbanas e, ao ritmo de crescimento atual, as Nações Unidas estimam que em 2050 esse valor

atinja os dois terços, o que contribui para uma crescente competição, nomeadamente com a

atividade agrícola, pela ocupação do solo disponível, fragilizando a soberania e a resiliência

alimentar das cidades, enquanto se conjugam velhos e novos problemas sociais, económicos

e ambientais.

A Agricultura Urbana, praticada em espaços urbanos e periurbanos, tem um

importante papel na mitigação destes problemas, através da promoção da coesão social, da

melhoria das condições de saúde da comunidade, da promoção de relações de reciprocidade,

da capacitação para o emprego e para o empreendedorismo inclusivo, da melhoria dos

rendimentos familiares, da promoção da produção local e da soberania alimentar, de práticas

agrícolas sustentáveis, da educação ambiental, do ordenamento do território e do uso de

solos abandonados.

Considerando esta multiplicidade de contributos, as iniciativas de Agricultura Urbana

são suscetíveis de serem analisadas à luz dos princípios e práticas da Economia Solidária que,

baseada em princípios da economia substantiva, como a reciprocidade, a domesticidade e a

redistribuição, em relações de solidariedade e em práticas de participação e gestão

democráticas, procura, através da diversidade de formulações que apresenta, encontrar

respostas para um vasto conjunto de preocupações sociais, económicas e ambientais.

Estas respostas são especialmente relevantes na versão da Macaronésia, a qual se

carateriza pela diversidade de projetos que propõe: social; económico; cultural; ambiental;

territorial; de conhecimento interativo; de gestão inovadora; político.

Tais princípios e práticas podem contribuir significativamente para a afirmação da

Agricultura Urbana enquanto atividade multifuncional, promotora de relações de

solidariedade, de reciprocidade e de afirmação da democracia participativa e acreditamos que

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 83

alguns deles estão presentes nas diversas iniciativas. Contudo, não conhecemos a sua

relevância.

Assim, decorrente desta problemática, procurámos identificar tais práticas através da

realização de um estudo empírico que envolveu três casos no concelho de Lisboa e para o qual

foram definidos os seguintes objetivos:

Geral: Identificar as práticas de Economia Solidária (perspetiva da Macaronésia) que

estão presentes em iniciativas de Agricultura Urbana do concelho de Lisboa.

Específicos: a) Selecionar iniciativas de agricultura urbana, de natureza formal e

informal, associativa e municipal, do concelho de Lisboa; b) identificar, através de

metodologia quantitativa e qualitativa, o modelo de funcionamento e as práticas seguidas em

cada um dos estudos de caso selecionados; c) identificar, com base nos projetos da Economia

Solidária da Macaronésia, as práticas que estão presentes nas iniciativas em estudo.

As iniciativas selecionadas para estudos de caso foram: o Parque Hortícola do Vale de

Chelas, enquanto iniciativa formal da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa; o

Parque Agrícola da Alta de Lisboa, enquanto iniciativa formal, associativa, da responsabilidade

da Associação para a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa e a Horta do Baldio, uma

iniciativa informal.

Foi adotada uma abordagem metodológica de natureza quantitativa e qualitativa

envolvendo a utilização de técnicas de inquirição, como inquéritos ministrados a utentes das

iniciativas, entrevistas semi-diretivas a atores com responsabilidades nas iniciativas e a

observação-participante.

Foram avaliadas 35 práticas, agrupadas em várias dimensões de análise, que

considerámos representativas dos oito projetos da Economia Solidária da Macaronésia, das

quais identificámos 31 nas iniciativas estudadas.

Contudo, considerando o seu grau de relevância, apenas identificámos 7 práticas como

sendo muito relevantes, destacando-se a produção para autoconsumo, a produção em modo

biológico, os contributos para a coesão social e para a saúde e a partilha de conhecimento

entre os utentes. Como relevantes identificámos 4 práticas, destacando-se a promoção de

relações de reciprocidade e a tomada democrática de decisões. As restantes 20 práticas foram

consideradas pouco relevantes. Dos projetos da Economia Social da Macaronésia destacam-

se, como mais explícitos, os Projetos Económico, Social e Ambiental.

Palavras-chave: Agricultura Urbana, Hortas Urbanas de Lisboa, Economia Solidária,

Economia Solidária da Macaronésia.

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Livro de Resumos 84

Contribuição da Horta Comunitária de Amares para a economia social e familiar Maria Helena Soares1,2, Bernardo Costa2, Vanessa Neves2 1Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected] 2Associação de Fomento Amarense, Largo Dom Gualdim Pais, nº27, 4720-013 Amares, Portugal, [email protected]

Resumo

A Horta Comunitária de Amares é uma iniciativa da Associação de Fomento Amarense

e foi a concretização de um dos objetivos estatutários da instituição, nomeadamente o apoio

à comunidade através de respostas ajustadas às necessidades emergentes do contexto social.

No ano de 2013 foi desenvolvido um projeto de formação para a inclusão, inserido no

eixo prioritário 6 do POPH, mais concretamente, formação na área de Fundamentos Práticos

de Agricultura Biológica, que teve como destinatários 15 beneficiários do Rendimento Social

de Inserção. Esta formação permitiu através da componente prática, criar os primeiros

alicerces para a criação da Horta Comunitária e proporcionou a continuidade do know-how

adquirido.

A Horta Comunitária tem a Câmara Municipal de Amares como entidade copromotora

e tem o apoio da Escola Profissional Amar Terra Verde.

A Horta Comunitária de Amares foi criada num terreno da Associação de Fomento

Amarense, com cerca de 3000 m2, sendo uma parte do terreno cultivado pela Associação e a

outra dividida em parcelas de 20 m2 cada para uso dos habitantes de Amares. Podem

candidatar-se ao uso das parcelas qualquer pessoa singular, maior, que não possua terreno

próprio, residente no concelho de Amares, no entanto, são candidatos preferenciais à

participação efetiva na Horta Comunitária de Amares, pessoa ou agregados familiares

economicamente carenciados; desempregados; famílias numerosas, com número igual ou

superior a 5 elementos e famílias monoparentais.

O utilizador terá de efetuar o pagamento da joia de inscrição e assim beneficiar da

formação em horticultura biológica e uma taxa de utilização, que terá um desconto de 50%

para os grupos preferenciais. O utilizador tem direito ao uso comum de recursos, espaços e

materiais, para a prática da atividade agrícola, tais como compostor, sistemas de água,

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 85

estacas, área de armazenamento, equipamentos (enxadas, engaços e regadores), entre outros

e ao esclarecimento de todas as dúvidas (e aconselhamento técnico) que possam surgir no

decorrer da sua atividade, bem como, ao acompanhamento dos trabalhos da Horta

Comunitária de Amares.

A Horta Comunitária de Amares tem como principais objetivos fomentar a prática da

horticultura biológica sustentável, dando a oportunidade de cultivar os seus próprios produtos

aos habitantes de Amares que não possuem terreno próprio; promover uma alimentação

saudável com produtos biológicos; sensibilizar a população para o respeito e defesa pelo

ambiente; valorizar o espírito comunitário na utilização do espaço e na manutenção do

mesmo; potenciar a utilização da compostagem e sensibilizar relativamente às questões dos

resíduos e contribuir para a recuperação da atividade hortícola como complemento da

economia familiar.

Neste momento a Horta Comunitária de Amares apresenta pouca adesão dos

habitantes de Amares sendo necessário melhorar a divulgação do projeto ao nível do

concelho, mas os poucos utilizadores que tem estão lá desde o início do funcionamento da

Horta. O facto de não se ter uma estufa, atrasa muito as produções no Inverno.

Num futuro próximo os responsáveis pela Horta esperam ter condições financeiras

para instalar um sistema de rega mais eficiente, construir um armazém com maiores

dimensões e criar um ponto de venda na própria Horta.

Neste momento a Horta Comunitária de Amares possui uma página no facebook, que

permite a divulgação de informação.

Palavras-chave: comunidade, inclusão, utilizador, economia familiar, ambiente.

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Livro de Resumos 86

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Livro de Resumos 87

Agricultura social na Escola Superior Agrária de Viseu António Pinto, Daniela Teixeira, Helena Esteves Correia Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viseu, Quinta da Alagoa, Estrada de Nelas, Ranhados, 3500-606 Viseu, Portugal, [email protected], [email protected], [email protected]

Resumo

O interesse em horticultura e espaços verdes tem vindo a aumentar nos últimos anos.

A criação e manutenção destes espaços constituem uma excelente “terapia” para combater o

stress do dia-a-dia, ajudando a manter o “apego à terra que é uma característica inata do

homem”. Ajudar a crescer cultural e esteticamente a sociedade, de modo a contribuir para o

bem-estar e melhoria da qualidade de vida das pessoas, criando oportunidades para a

socialização, melhorando a saúde física, mental e emocional é também uma das funções da

prática agrícola.

Neste sentido, a Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), sensível às questões da

agricultura social respondeu, em 2005, ao desafio proposto pela Universidade Sénior de Viseu

(USAVIS), com a criação de um curso prático de horticultura ao ar livre, que tem sido

ministrado em regime de voluntariado, com a frequência de duas horas por semana, durante

dois semestres em cada ano letivo. Esta parceria tem-se mantido até hoje.

A participação apaixonada dos formandos nas várias atividades agrícolas e lúdicas que

o curso proporciona, tem permitido incentivar a aprendizagem ao longo da vida, a partilha de

experiências e saberes, onde se privilegia a integração social, a camaradagem e o bem-estar,

promovendo a esperança, a cultura dos afetos, o companheirismo, a solidariedade e amizade,

o combate à solidão e a promoção de um envelhecimento ativo, útil e com muito respeito

pela dignidade e qualidade da vida humana.

É este exemplo vivido e partilhado durante mais de dez anos, que pretendemos

apresentar, por entendermos que esta outra forma de fazer agricultura, encerra em si mesmo,

um enorme potencial e uma mais-valia na preservação do ambiente e na integração social.

Palavras-chave: população sénior, socialização, saúde, bem-estar, horticultura

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Livro de Resumos 88

As hortas urbanas e a sustentabilidade dos recursos solo, água e energia M. Elvira Ferreira e Paulo B. Luz Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Av. da República, Quinta do Marquês 2780-157 Oeiras, Portugal, [email protected], [email protected]

Resumo

As potencialidades das hortas urbanas (HU) têm atualmente particular importância nas

políticas de "crescimento verde" que envolvem vertentes agroambientais, sociais e

económicas.

As HU são de uso múltiplo, ou seja, são espaços verdes que ajudam a descongestionar

o ambiente urbano, são espaços de lazer e recreio, através da interação social e a prevenção

da saúde, através da utilização de alimentos frescos, são geradoras de alimentos e até em

certos casos, complemento de rendimento familiar (Mourão, 2013).

A localização das HU é importante do ponto de vista ambiental e de saúde pública,

pelo que são de excluir HU em locais com solos e/ou águas subterrâneas contaminados, em

zonas industriais e urbanas de elevada poluição atmosférica ou em corredores poluídos. Em

Portugal há estudos que avaliam a qualidade do que é produzido nas HU de grandes cidades

(Pinto et al., 2011; Leitão et al., 2016).

A produção de alimentos em modo de produção biológico (MPB) é recomendada, pois

este modo de produção sustentável contribui para o aumento da fertilidade do solo e da

retenção da água, para uma melhor eficiência na utilização de recursos, para promover a

biodiversidade e tem um menor impacte nas alterações climáticas.

Na hora de escolher o que produzir deve ter-se em atenção as condições

edafoclimáticas do local e de entre as preferências alimentares escolher as espécies melhor

adaptadas à região e em cada espécie as variedades regionais que sendo mais rústicas

consomem menos água e são mais resistentes ao ataque de pragas e doenças. As plantas

hortícolas, as plantas aromáticas e medicinais (PAM) e as flores comestíveis são os grupos de

plantas mais adequados para produção urbana. As PAM, além de contribuírem para a

melhoria da dieta alimentar, são úteis na repulsão de pragas de outras culturas e atraem

auxiliares, beneficiando o controlo biológico.

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Livro de Resumos 89

O objetivo deste trabalho é apresentar propostas simples e viáveis, através de um

hipotético sistema solo-planta-atmosfera, que possam ser utilizadas aquando da

implementação de hortas urbanas sustentáveis. Utiliza-se como estudo de caso a cultura da

alface, com rega por aspersão automatizada com um relógio de rega ou com um sistema de

electroválvulas. A energia solar fotovoltaica, recorrendo a painéis solares, será simulada para

um parque hortícola.

Palavras-chave: energia fotovoltaica, kit escolar, planeamento, sistema de rega.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 90

Estratégias de uso de água para as hortas urbanas no contexto de zonas climáticas em Portugal Paulo B. Luz e M. Elvira Ferreira Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Av. da República, Quinta do Marquês 2780-157 Oeiras, Portugal, [email protected], [email protected]

Resumo

Na generalidade do território continental de Portugal verifica-se a existência de

diferentes zonas climáticas associadas ao clima mediterrânico. A classificação destas zonas

pode ser definida em função de índices de aridez ou seca, sendo assim necessário proceder a

determinações de componentes do ciclo da água, como a precipitação e a evapotranspiração

potencial (Rosário, 2004). Neste sentido, reveste-se de grande importância recorrer a

informação de base que utiliza dados de séries históricas destas variáveis, para uma adequada

abordagem e interpretação da interligação entre clima e os sistemas de produção em hortas

urbanas (HU).

As estratégias de gestão de água e da rega requerem o cumprimento de algumas

normas, atendendo também aos riscos e incertezas das condições de alteração ou

variabilidade climática, de forma a serem mitigados os efeitos de potenciais crises de

abastecimento de água e/ou de alimentos. Para situações de vulnerabilidade da HU face à

escassez de água (física ou económica), ou de externalidades negativas (e.g. poluição; erosão),

as soluções a adotar pelos horticultores, em função das características específicas das áreas e

talhões, deverão considerar os sistemas de rega e drenagem mais eficientes, e ainda algumas

opções tais como: 1) rega deficitária; 2) reutilização de águas tratadas; 3) espécies melhor

adaptadas a condições de secura; 4) estruturas de recolha, armazenamento e distribuição de

água; 5) monitorização do nível de água no solo; e 6) monitorização da qualidade dos recursos

naturais. A promoção de boas práticas em HU contribuirá para o reconhecimento de vários

impactos positivos ou benefícios (ao nível quantitativo ou qualitativo). Ou seja, através do seu

papel multifuncional e de princípios de sustentabilidade as HU contribuem, nomeadamente,

para: 1) a provisão de alimentos/plantas; 2) a regulação do ciclo da água; 3) o incremento da

biodiversidade; e 4) práticas de socialização e culturais.

Neste trabalho apresentam-se cenários climáticos associados ao índice de aridez

(Maliva e Missinger, 2012) e as soluções mais adequadas em HU, face a esses cenários à escala

local.

Palavras-chave: ciclo da água, gestão da água, índices climáticos, regadio.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 91

Sessão 3 - Empreendedorismo social e financiamento

Comunicações orais

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 92

Social Agriculture: Funding in the Netherlands Marjo Baeten HAS University of Applied Science, Hertogenbosch, Holanda, [email protected] Abstract

Social Agriculture, also referred to as ‘social farming’, is now extremely common in the

Netherlands. This is a broad term used to describe agricultural and/or horticultural activities

that include a social aspect. This may be in the form of educational activities on a farm, a farm

shop, a Bed & Breakfast or campsite, or a care farm. This presentation focuses on the care

farm.

Care farms in the Netherlands

Over recent years, agricultural multi-functionality has resulted in the development of

a growing number of care farms. As the traditional role of ‘producers’ has changed, an

increasing number of farmers are now looking for new potential sources of income and new

innovative ways of strengthening their relationship with society, and their direct customers,

in particular. Care farms are now a common phenomenon in the Netherlands, as more and

more farmers combine agricultural production with healthcare and other social services. In

the early years, the number of care farms in the Netherlands grew rapidly, from 75 in 1998,

to more than 1,000 in 2009. Changes to legislation and funding mean that, these days, there

are around 800 professional care farms in a country with a population of around 17 million.

Despite this reduction, the Netherlands remains the leading country in Europe when it comes

to care farms.

The history of care farm funding in the Netherlands

A major challenge for care farms has always been finding funding for the care services

they provide. From 1995, accredited care farms were eligible for funding from the AWBZ, the

collective health insurance programme for long-term care in the Netherlands. In later years,

the ‘Personal Budget’ programme enabled clients to contract the services of care farms

directly. This led to a substantial increase in the number of care farms.

In 2016, much of the national funding for care and support for clients with chronic

illnesses, disabilities or simply old age ceased, with key aspects now from the responsibility of

the local government. This change has impacted the care provided by care farms, in particular.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 93

In the presentation, I will explain the consequences and outline in more detail how care farm

funding is currently organised in the Netherlands.

Care farms and dementia: a special focus in its 2012 report, ‘Dementia: a public health

priority’, World Health Organization (WHO), called on countries to invest in health and social

systems, to improve care and services for people with dementia and for their caregivers. The

Netherlands has been a frontrunner in developing national plans, such as the National

Dementia Programme, to care for the country’s estimated 250,000 citizens currently living

with dementia.

Bringing quality care into the home

Prior to the Netherlands’ National Dementia Programme, options for care included

living at home and travelling to services, or living in large residential care facilities, which

varied considerably in terms of quality and service. As a result, people with dementia, and

their caregivers looked for alternatives such as care farms. These days, the Netherlands strives

to enable people with dementia to continue living in their own homes for as long as possible,

by delivering care services in the home. This is, however, subject to the client’s own social

network being able to facilitate this type of intensive care.

For those no longer able to live at home, Dutch public healthcare insurance funds care

in a nursing home, including in small-scale facilities in the community such as care farms.

Although most of these facilities are at capacity, the National Dementia Programme continues

to work to provide more organised care closer to the home, to enable people living with

dementia, to remain as integrated as possible in their local communities for as long as

possible.

Keywords: Care farms, care services, dementia, Netherlands, social systems.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 94

A agricultura social e o desenvolvimento rural Pedro Teixeira DGADR - Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural/MAFDR, Av. Afonso Costa, 3, 1949-002 Lisboa, Portugal, [email protected]

Resumo

A Agricultura Social baseia-se numa abordagem que inclui a agricultura multifuncional

e os cuidados sociais e saúde de base comunitária. Tendo por base a utilização dos recursos

agrícolas, fornece serviços de cuidados sociais ou educacionais para os grupos vulneráveis de

pessoas, apresentando como principais resultados a saúde, o emprego, a educação, a terapia,

a integração social, para além da produção. A agricultura é a atividade base que leva as

pessoas a trabalharem e participarem nas atividades inerentes, seja qual for o tipo de

produção, agrícola, florestal ou produção animal e este tipo de agricultura está muitas vezes

correlacionado com a agricultura familiar, sendo uma atividade complementar.

A Agricultura Social tem sido alvo de um interesse crescente nos últimos anos a nível

europeu e nacional, refletido pelos inúmeros exemplos de atividades agrícolas sociais

encontradas em todos os Estados-Membros da UE incluindo no nosso País. Este interesse

resulta de uma crescente compreensão do papel potencial dos recursos agrícolas e rurais para

melhorar o bem-estar social, físico e mental das pessoas e para o desenvolvimento rural.

Alguns exemplos concretos incluem a educação de crianças e serviços de cuidados a idosos,

bem como a integração de grupos desfavorecidos em atividades produtivas para promover a

sua reabilitação, inclusão social e empregabilidade. Outras experiências que incidem sobre a

prestação de cuidados e serviços educacionais são bons modelos na prestação de serviços

sociais inovadores e eficazes, nomeadamente em áreas rurais mais remotas.

A agricultura social também representa uma nova oportunidade, quer para os

agricultores, num contexto de multifuncionalidade das explorações agrícolas, quer para novas

empresas se instalarem (startups) em explorações agrícolas, podendo contribuir largamente

para o desenvolvimento dos territórios rurais.

Incorporando a prestação de serviços alternativos, ampliando e diversificando o

conjunto das suas atividades ou proporcionando oportunidades para novas empresas,

contribui para aumentar o rendimento das explorações agrícolas e dos agricultores, para além

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 95

de melhorar a imagem da agricultura no público em geral, pela contribuição acessória para

melhoria da eficiência do sistema de bem-estar social e qualidade dos serviços de saúde das

populações.

Um trabalho realizado a nível comunitário, por iniciativa da Rede Rural Europeia, em

2009, para identificar e analisar as oportunidades e os obstáculos apresentados para a

implementação da agricultura social, identificou como necessidades, nomeadamente o

estabelecimento de redes entre parceiros, dar visibilidade a exemplos de agricultura social e

dos serviços prestados ao público em geral, destacar, demonstrar e trocar exemplos de boas

práticas em agricultura social entre diferentes regiões e diferentes Estados Membros, bem

como o estabelecimento de programas de formação e qualificação dos agentes.

O principal instrumento de apoio financeiro têm sido o programa de desenvolvimento

rural (PDR), sobretudo via abordagem LEADER. Uma variedade de diferentes medidas do PDR

e outros Programas, podem ser usadas atualmente como possíveis instrumentos para o seu

desenvolvimento. Os apoios são diversificados, desde o apoio ao investimento nas

explorações agrícolas e à pequena transformação, como o apoio à capacitação (formação

profissional e ações de informação). Saliente-se neste âmbito, a possibilidade de integrar nos

percursos de formação profissional agrícola, a temática da agricultura social. Salienta-se ainda

a importância da tutoragem, aconselhamento e apoio ao desenvolvimento das empresas,

apoio à instalação de jovens agricultores, utilização de serviços de consultoria, modernização

das explorações agrícolas, criação de redes, a nível nacional/regional, envolvendo os principais

parceiros dos setores mais relevantes, a disseminação do conhecimento, das boas práticas,

desenvolvimento de parcerias com os centros de conhecimento, para desenvolver

investigação, fundamental para a criação de conhecimento e para a inovação social.

Palavras-chave: Agricultura, Social, multifuncional, oportunidade, desenvolvimento.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 96

Responsabilidade social - A experiência da Parques de Sintra, Monte da Lua Nuno Oliveira Parques de Sintra - Monte da Lua S.A., Parque de Monserrate, 2710-405 Sintra, Portugal. [email protected]

Resumo

A Parques de Sintra – Monte da Lua S.A (PSML), nos últimos anos tem vindo a adotar

uma política de responsabilidade social através de vários projetos, destacando-se a integração

nas suas equipas, de cidadãos com maior vulnerabilidade e com maiores dificuldades de

integração e acesso ao emprego. A ação da PSML desenvolve-se não só internamente mas

também em articulação com outras entidades, nomeadamente o Instituto de Emprego e

Formação Profissional, Estabelecimento Prisional de Sintra através do Ministério da Justiça, e

diversas Cooperativas de Solidariedade Social, das quais resultam diversos protocolos de

integração inclusiva, onde são desenvolvidas as mais variadas funções. Em 2007, foi assinado

o protocolo “Património Gera Inclusão”, com a Direção Geral dos Serviços Prisionais, através

do qual é possível a reclusos em fim de pena usufruírem de um posto de trabalho na PSML,

permitindo uma melhor adaptação à vida profissional após o cumprimento da pena. Esta

experiência de trabalho social, apesar de exigir uma coordenação elevada, demostra

resultados bastante positivos. Este projeto foi galardoado em 2009, na categoria da

Responsabilidade Social e Inclusão, dos European Enterprise Awards.

Em termos de regime de trabalho protegido, a PSML dispõe desde 2012, de protocolos

de cooperação com o CECD (Centro de Educação para o Cidadão Deficiente- Mira Sintra) e a

CERCICA (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais),

ambas cooperativas de solidariedade social, sem fins lucrativos. Algumas das mais

importantes valências do CECD e da CERCICA, envolvem a criação e manutenção de emprego

protegido (enquanto a transição para o mercado normal de trabalho não seja possível), assim

como a formação profissional de pessoas com deficiência. Estes protocolos têm incidido sobre

a prestação de serviços na área da jardinagem (manutenção do Parque da Pena e Jardins do

Palácio Nacional de Queluz).

Com o objetivo de permitir visitas às áreas sobre sua gestão mais inclusivas e a uma

maior diversidade de visitantes, independentemente das suas capacidades, a PSML iniciou em

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 97

2013 o projeto “Parques de Sintra Acolhem Melhor”. O projeto envolveu ações ao nível da

acessibilidade física, conteúdos mais acessíveis e melhoria nos serviços para melhor

atendimento, com uma forte componente de formação dos técnicos da PSML. No seguimento

do projeto, estabeleceram-se protocolos com várias associações nacionais e internacionais

destacando nacionalmente: Associação Portuguesa de Surdos, ACAPO e Associação Salvador

e a nível internacional a ENAT (European Network for Accessible Tourism). Desde a sua

implementação o projeto afirma-se como um bom exemplo de boas práticas do turismo

acessível e da igualdade na oportunidade de acesso.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 98

A inserção social pelo trabalho: o caso da empresa de floricultura da Dianova Portugal Carlota Quintão1, Cristina Parente1,2, Rui Martins3, Susana Almeida3 1A3S - Associação para o Empreendedorismo Social e a Sustentabilidade do Terceiro Sector, R. das Flores 69, Porto, Portugal, [email protected] 2Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto, Portugal, [email protected] 3Associação Dianova Portugal, Intervenção em Toxicodependências e Desenvolvimento Social, Quinta das Lapas, 2565-517 Monte Redondo, Torres Vedras, Portugal, [email protected]; [email protected]

Resumo

As empresas sociais de inserção pelo trabalho são empresas produtivas, em diversos

sectores de atividade económica. O que as distingue de outras empresas, é a sua missão social

de integrar pessoas desfavorecidas (por uma multiplicidade de problemáticas) no mercado de

trabalho. Internamente, enquanto estrutura organizacional, esta diferença reflete-se,

portanto, na existência de uma estrutura pedagógica (recursos humanos) dedicada ao

desenho e acompanhamento de percursos individuais e coletivos de inclusão social. Aqui o

trabalho é usado enquanto instrumento de apoio à inclusão social, designadamente o

emprego protegido ou atividades terapêuticas e ocupacionais, sendo a sua dimensão

económica estruturada que permite uma efetiva participação destas pessoas no mercado de

trabalho regular (acesso ao rendimento, um contrato, direitos sociais).

As empresas sociais de inserção tiveram origem na década de 1980 em países como a

França, Bélgica, Itália como resposta espontânea (bottom-up) de coletivos sujeitos à crise

económica de então. Em Portugal, a emergência das empresas de inserção advém de uma

iniciativa governamental de 1998, tendo sido paradoxalmente suspensa em 2012 e extinta em

2015, momento em que a sua relevância se evidencia com a atual crise financeira. Para lá do

seu potencial transformador enquanto iniciativas de economia social e empreendedorismo

social de base coletiva ou como política pública, é na sua vertente pedagógica e de potencial

terapêutico que aqui as abordamos.

A Empresa de Inserção Viveiros de Floricultura Dianova (EIVF) nasceu no ano 2000 com

o objetivo de combater a exclusão social de indivíduos com problemas de dependências,

através da sua inserção ou reintegração profissional. Através de um trabalho concertado entre

os técnicos de saúde que acompanharam o processo de tratamento de 10 pessoas da

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 99

Comunidade Terapêutica (CT) da Dianova iniciou-se este projeto através de iniciativas de

aquisição e desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais adequadas ao

exercício de uma cidadania ativa e de funções laborais em Viveiros de Floricultura.

Antes da implementação da empresa de inserção, foi feito um estudo de viabilidade

do mesmo para aferir se a área da floricultura seria sustentável. O projeto foi avaliado por

peritos do IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional, obtendo avaliação positiva e

respetivo financiamento. Durante o primeiro ano, foram criados 10 postos de trabalho de

pessoas cujas caraterísticas pessoais e sociais condenariam ao insucesso qualquer tentativa

de aproximação ao mercado laboral - baixos níveis de escolaridade, fracas/desadequadas

qualificações profissionais, experiências profissionais precárias, ausência de suporte familiar

e de redes de socialização, situação clínica (co-morbilidades associadas) e ausência de

rendimentos (risco de pobreza).

Para além de a Dianova ter superado os resultados esperados do projeto em cerca de

50%, a EIVF foi também das poucas empresas de inserção que atingiu um período de vida de

15 anos. A EIVF cessou a sua atividade nos moldes em que foi criada, uma vez que em 2015 o

Estado extinguiu todos os apoios referentes a esta medida de inserção.

No entanto, apostando na sustentabilidade socioeconómica deste projeto, a Dianova

mantém 5 postos de trabalho nesta unidade, totalmente suportados por capitais próprios,

gerando uma média anual de 250.000€ de receitas mediante a produção anual de 700.000

plantas e flores, sem recurso a financiamento estatal.

Palavras-chave: inclusão social, reinserção socioprofissional, empresas de inserção,

floricultura, empregabilidade, sustentabilidade.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 100

Projeto Lança Sementes: As hortas pedagógicas da Quinta Essência Miguel Mata Pereira Associação Quinta Essência - Uma nova linguagem para a incapacidade, R. Humberto Delgado, 52, 2710-050 Abrunheira, Portugal, [email protected]

Resumo

A Associação Quinta Essência (QE) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social

(IPSS) que tem como missão a promoção da qualidade de vida, a integração social e o

desenvolvimento do pleno potencial de pessoas com dificuldades intelectuais e de

desenvolvimento, com mais de 16 anos de idade.

Desde a sua fundação, em 2006, a QE promove conjuntamente com os seus clientes e

parceiros um simulador profissional de jardinagem dividido em várias componentes: estufa,

manutenção de jardins e espaços verdes, hortas, e land art.

Em 2011 a QE foi agraciada com o prémio Hortas Solidárias da Fundação EDP (FEDP),

iniciando-se o projeto Lança Sementes. Tendo como objetivos prioritários a consciencialização

e a sustentabilidade ambientais, através do desenvolvimento de atividades que potenciem a

autonomia e o desenvolvimento de competências funcionais e socioprofissionais dos clientes,

o projeto contou até Março 2013 com o apoio da FEDP, tornando-se sustentável a partir dessa

data.

O projeto Lança Sementes assenta em três eixos:

1) Germinar - Desenvolvimento de hortas pedagógicas, visando a prática de agricultura

biológica, permitindo o cultivo de produtos hortícolas e de ervas aromáticas. As atividades nas

hortas realizadas pelos clientes, com supervisão de um responsável. A aquisição de

competências, a autonomização, a criação de redes sociais de suporte e a integração social,

são aspetos fundamentais deste eixo. Foram criadas e sustentadas sinergias com parceiros

profissionais e com instituições congéneres, permitindo que clientes de outras organizações

também usufruam das hortas da QE.

2) Recriar - Desenvolvimento de projetos artísticos relacionados com o trabalho dos

clientes e participação em feiras de artesanato para divulgação e venda dos produtos

hortícolas provenientes do projeto. Os produtos obtidos a partir das hortas são a base de

muitos outros projetos realizados na QE.

3) Mentalizar - Desenvolvimento de boas práticas, tanto na vertente de educação e

consciencialização ambientais, como na vertente da representação e aceitação social das

pessoas com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento. A participação dos clientes em

eventos como feiras e mercados locais e as visitas realizadas à QE têm permitido a

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 101

sistematização deste eixo. O valor das vendas dos produtos provenientes destes projetos

reverte parcialmente para os clientes participantes, imprimindo uma significado de cariz sócio

laboral.

Gradualmente, o Lança Sementes foi introduzindo a temática da sustentabilidade

social e ambiental em todos os programas e projetos desenvolvidos pela QE, quer como parte

integrante da nossa política de qualidade, com um conjunto de regras a cumprir, quer como

tema central a ter em linha de conta, no desenvolvimento de qualquer nova atividade.

Durante a fase de implementação, o projeto contou com a monitorização da FEDP,

sendo mobilizada a metodologia de medição de impacto London Benchmarking Group (LGB).

Atualmente, a avaliação do projeto tem como base a participação de cada cliente, de acordo

com o seu Programa de Desenvolvimento Individual.

Tendo em linha conta os três eixos do projeto, os principais resultados são: Germinar

- criação de hortas biológicas, reestruturação do ateliê de jardinagem e estufa, produção de

ervas de cheiro e produtos hortícolas, separação de resíduos sólidos para compostagem e

posterior reutilização nas hortas biológicas. Recriar - produção de artigos de decoração

através da reutilização de materiais, utilização dos produtos hortícolas noutros projetos

pedagógicos. Mentalizar - divulgação das práticas ambientais desenvolvidas na QE e

consciencialização ambiental na comunidade envolvente, participação em feiras ecológicas e

outros eventos, venda de produtos hortícolas (Mercadinho QE), exposição dos produtos,

artigos e objetos produzidos a partir de materiais reciclados.

Sumariamente, o impacto do projeto tem-se feito sentir nas dimensões:

- Consciencialização da importância da educação ambiental e implementação de práticas de

respeito ambiental na QE;

- Desenvolvimento de uma nova área de aquisição de competências profissionalizantes

(agricultura biológica), potenciando a integração socioprofissional dos clientes;

- Desenvolvimento de competências sociais e pessoais nos clientes que participam na horta

com objetivos terapêuticos e ocupacionais (dimensões cognitiva, motora, emocional e social);

- Maior envolvimento com a comunidade, através da participação de clientes de outras

instituições e de visitas de estudo;

- Divulgação e reconhecimento público do trabalho dos clientes da QE, mediante a

participação em eventos onde são vendidos os produtos dos projetos.

Deste modo, o projeto Lança Sementes tem permitido interligar a temática ambiental

à temática da intervenção nas dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, com benefícios

evidentes ao nível das competências funcionais e socioprofissionais dos clientes, da sua

satisfação e realização pessoal.

Palavras-chave: Competências socioprofissionais, sustentabilidade social e ambiental.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 102

Redesenhar o Futuro Frederico Lucas e Suzanne Rodrigues APMRA - Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio / Novos Povoadores, Centro de Congressos de Lisboa, Rua da Junqueira 61 G, P1S5, 1300-307 Lisboa, Portugal, [email protected], [email protected]

Resumo

“Eu sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura”, Fernando

Pessoa.

Não conheço nada mais entediante que um país em crescimento económico à custa

de subsídios. É a negação da competitividade e da inovação. Não existindo uma causa efeito

entre o reconhecimento e a competência, o país fica entregue aos amigos. Aos amigos dos

amigos. E aos amigos do alheio.

Só a crise nos pode salvar do lodo social. Uma crise que nos conduza à reflexão coletiva

sobre aquilo que pretendemos para Portugal. E que promova novas ligações em detrimento

das velhas, isto é, novas combinações sociais e empresariais. Para criar algo que seja novo.

Porque foi o “velho” que nos trouxe até aqui.

Este manifesto não é inconsequente. Portugal é uma referência na criação de novos

produtos. A indústria de moldes da Marinha Grande é um marco. O sistema integrado de

pagamentos bancários é outro marco. As máquinas e equipamentos, o calçado, a

gastronomia...

Sim. Somos um país de criação de novos produtos. Ao invés dos países asiáticos que

replicam em escala os produtos já consagrados pelos mercados. E isso não acontece por acaso.

Temos 4 características intrínsecas que nos trouxeram a esta vocação:

a) Networking a capacidade de relacionamento com todos os povos, herança dos

Celtas. Os portugueses são um denominador comum a todas as culturas. Não temos barreiras

ideológicas para compreender aqueles que pensam de forma diferente. Podemos exportar

novos conceitos para todos os países.

b) Desenrascanço (lusitanus crisis management) influência herdada dos mouros pelos

países mediterrânicos. Com esta influência somos capazes de resolver novos problemas. (E de

criar outros, como a dívida externa!).

c) Inovação somos um povo apaixonado por ela, fruto da influência dos romanos.

Gostamos de testar novos produtos. Temos o contexto social perfeito para betatesters.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 103

d) Mercado reduzido - o nosso mercado interno é pequeno. Ideal para a

implementação de novas soluções com risco controlado. Esta reduzida dimensão resulta dos

problemas familiares de D. Afonso Henriques.

Com estes quatro condimentos, Portugal tem a oportunidade de ser um player global

na prototipagem de novos produtos e serviços. A aldeia da inovação a nível global. Isto

significa que podemos estar num sector de elevado valor acrescentado, capaz de remunerar

bem a sua mão-de-obra. Para isso precisamos de unir esforços entre três tipos de instituições:

a) Governos (nacional e locais) representação democrática do povo. Principais

responsáveis pelas decisões estratégicas de um país;

b) Universidades e centros de saber capazes de desenvolver investigação aplicada para

as empresas;

c) Empresas conversores de conhecimento em valor. Principais criadores de emprego

nas sociedades globais.

Julgo que este é o caminho para uma nova economia em Portugal. Em 2005 migrei

para o interior rural. Deixei Lisboa com 33 anos de idade. Na Beira Interior, o cluster é agrícola.

É essa a vocação do território. Mas a atividade agrícola é pouco recompensada pelo mercado.

O produto em 1ª gama (tal como são recolhidos no terreno), raras vezes ultrapassa o valor de

1 € ao quilo. Mas se esse produto tiver uma cobertura de chocolate, tal como ocorre com o

bombom Mon Chéri, o seu valor atinge os 40 € por quilo.

Esse é o desafio: acrescentar valor aos produtos endógenos. Seja neste caso com a

fruta da região, seja na indústria de moldes da Região Litoral Centro com novos equipamentos.

A Casa da Prisca é uma referência da região beirã. Famosa pelo fumeiro no mercado interno

e nos mercados de saudade, tem desenvolvido esforços para penetrar em mercados menos

voláteis. Nesta estratégia, criou em 2009 uma linha de produtos gourmet. Este sector de

produtos de 2ª gama (conservas) tem valorizado os pairings: combinados agridoce. Neste

sentido, a Casa da Prisca está a alcançar o reconhecimento em mercados nórdicos com novos

produtos, em especial com condimentos à base de frutas típicas do nosso País como as uvas,

os figos e as cerejas. Estes combinados atingem o valor de 25 € por quilo, não sendo no

entanto marginais os custos com packaging, bastante exigente neste segmento.

Acredito que é este o caminho que teremos de consolidar. Existem milhares de

projetos como este, que devem receber a atenção dos players da nossa sociedade: Governos,

Universidades, Empresas. A prototipagem implica riscos. O falhanço no lançamento de novos

produtos é bastante frequente. Temos de ser resilientes. E surdos para as vozes daqueles que

nada fazem para além de criticar. Porque só falha quem tenta!

Palavras-chave: Futuro, agro, negócios rurais, Novos Povoadores, inovação.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 104

Adaptação e gestão da empresa agrícola para implementação de um modelo de agricultura social Isabel Mourão Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, 4990-706 Ponte de Lima, Portugal, [email protected]

Resumo

A agricultura social faz parte da economia social e muitas explorações agrícolas ou

instituições sociais sem fins lucrativos, exercem uma atividade de produção e troca de bens e

serviços de utilidade social. Têm surgido também explorações agrícolas privadas em que a

agricultura social é uma maneira de diversificar as fontes de rendimento, prestando um

serviço social à comunidade e continuando sujeitas às leis do mercado.

A implementação de um modelo de gestão da empresa agrícola que combina a

prestação de serviços sociais e agricultura implica a definição antecipada do grupo-alvo e do

modelo de agricultura social., ajustado à disponibilidade do trabalho agrícola, às atividades e

acessibilidades, à procura por parte da assistência social e aos sistemas de financiamento

existentes.

O modelo de agricultura social poderá ser de um ou dois dias consecutivos, fim-de-

semana ou férias, ou consistir numa estadia residencial, no desenvolvimento de percursos de

aprendizagem e treino ou, ainda, a disponibilização da exploração agrícola, sendo a

orientação, organizada ou não pelo agricultor e prestada por pessoas/entidades externas,

embora a acessibilidade e segurança da exploração agrícola sejam da sua responsabilidade.

Na organização de uma empresa de agricultura social os principais requisitos pessoais

do empresário agrícola são, para além da motivação para a agricultura social, a empatia,

flexibilidade, competências de organização, perseverança e bom senso. Na orientação dos

participantes, o envolvimento, o respeito e a atenção para as potencialidades e limitações

específicas de cada participante, são essenciais. Um participante deve sentir-se seguro e

confiante na exploração agrícola social, sendo para isso necessária uma adequada atitude de

cuidados gerais e de atenção pessoal. Só assim se pode alcançar um sentimento de

envolvimento, essencial para a aprendizagem de coisas novas, para assumir

responsabilidades, para trabalhar de forma mais independente, para aceitar outras atividades

ou simplesmente para desfrutar.

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1.º COLÓQUIO NACIONAL DE HORTICULTURA SOCIAL E TERAPÊUTICA

Livro de Resumos 105

Dependendo do grupo-alvo de participantes, existem várias entidades externas com

as quais é necessário ou desejável contactar, para além dos participantes e os seus familiares,

os técnicos de assistência social, as pessoas e organizações de apoio social, bem como

organizações responsáveis pelos interesses dos participantes, organizações que

desempenham um papel no financiamento, o estado/decisores políticos, organizações de

consultoria e, finalmente, vizinhos e agricultores na área.

Para além de uma adequada gestão da produção agrícola é fundamental um plano de

negócios a fim de clarificar as exigências de iniciar uma exploração agrícola social. O plano

deverá mostrar que condições foram satisfeitas, quais as questões que ainda estão sem

resposta, o que ainda precisa ser estabelecido ou regulamentado. Um plano de negócios

deverá demonstrar a realização de forma eficiente das funções de produção agrícola e de

cuidados sociais e, muitas vezes, este plano de negócios é necessário para a obtenção de

financiamento.

É importante que haja, ao longo do ano, trabalho e atividades suficientes que atendam

aos objetivos e potencialidades dos participantes e que estes se encaixem nas características

da exploração agrícola, garantindo a continuidade do serviço social e da produção agrícola.

Um plano anual estruturado tem de ser organizado e as atividades devem ter um impacto

positivo no rendimento agrícola. É aconselhável ter uma perspetiva mensal das atividades, o

tempo necessário para que os participantes realizem essas atividades e o tempo necessário

para a orientação dos participantes.

Quando o trabalho do participante tem um valor económico relevante para a

exploração agrícola, o participante deve ser remunerado por esse trabalho, muitas vezes

através de um forte subsídio a essa remuneração. Normalmente, a orientação e apoio de um

participante é mais dispendiosa do que o valor resultante do trabalho realizado e, portanto,

trata-se de um serviço social que deve ser pago.

Quando os participantes necessitam de mais orientação/apoio ou quando o grupo de

participantes é numeroso, poderão ser necessárias adaptações na exploração agrícola,

nomeadamente na organização das tarefas, nas ferramentas e nas instalações e espaços, de

acordo com as atividades/serviços previstos, os grupos-alvo e a legislação aplicável. São

exemplos as adaptações a nível da acessibilidade da exploração agrícola, a existência de

refeitório, quartos e instalações sanitárias e, ainda, a nível da segurança na exploração agrícola

(máquinas, equipamentos e ferramentas) e nas instalações.

Palavras-chave: adaptações da exploração agrícola, serviços sociais e agricultura, grupos-alvo.

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Estoril, 20 e 21 de outubro 2016

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