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Grupo de Comunicação
CLIPPING 12 de julho de 2019
12 de julho – Dia de São Gualberto, protetor das florestas e dos engenheiros florestais. A escultura da
foto encontra-se no Parque Estadual Alberto Löfgren (Horto Florestal SP) e foi trazida pelos monges
beneditinos de Valombrosa, Itália, em 1957.
2
Grupo de Comunicação
SUMÁRIO
ENTREVISTAS ............................................................................................................................... 4
Aterro mínimo é a nova alternativa ambiental, diz secretário em Bauru ................................................ 4
Bauru recebe secretário de estrutura e meio ambiente Marcos Penido .................................................. 5
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE ....................................................................... 5
PM apreende duas toneladas de peixes e multa pescadores em R$ 244 mil em SP ................................. 6
Contaminação em captação de água deixa mais de 80 bairros com abastecimento interrompido em Itu ... 7
A água de 80 bairros em Itu teve que ser cortada por contaminação ................................................... 8
Proibido, fogo em canaviais gera 89 multas ...................................................................................... 9
Curtas - Sabesp .......................................................................................................................... 10
Morador registra dezenas de peixes mortos na Lagoa do João Aranha em Paulínia ............................... 11
Defesa Civil reitera importância da campanha contra queimadas ....................................................... 12
Paulínia aciona Cetesb sobre denúncia de contaminação na Lagoa do João Aranha .............................. 13
SB na lista de cidades que podem ser afetadas por barragem, relatório foi entregue pelo Governo do Estado ....................................................................................................................................... 14
VEÍCULOS DIVERSOS .................................................................................................................. 15
Converso com governadores para revisar áreas de proteção ambiental, diz Bolsonaro .......................... 15
Em Piracicaba, restos de alimentos da lanchonete viram adubo para a comunidade ............................. 16
'Perturbação no Índico gerou ondas de calor e seca no Brasil ............................................................ 18
Peixes de água doce terão que comer mais detritos e vegetais para sobreviver ao aquecimento global, diz estudo de brasileiros .................................................................................................................... 20
Menino prodígio estuda as aves e se dedica a preservar as espécies .................................................. 22
FOLHA DE S. PAULO .................................................................................................................... 23
Painel: Indicação de Eduardo fragiliza chanceler e amplia poder do Senado sobre clã Bolsonaro ............ 23
Análise: Reforma evita caos fiscal, mas sozinha não devolve crescimento sustentável .......................... 25
Falha em barragem faz 350 famílias serem retiradas de casa na Bahia ............................................... 27
Helder Barbalho sanciona lei acusada de facilitar grilagem ................................................................ 29
Bolsonaro diz que discute com governadores revisão de áreas de preservação .................................... 30
Jovem de 13 anos lidera projeto para limpar afluente do Araguaia ..................................................... 31
Mônica Bergamo: Votação da reforma da Previdência supera expectativas de apoiadores ..................... 33
Julio Abramczyk: Sanidade agropecuária em debate no Instituto Biológico ......................................... 35
Carlos Vogt e Mariluce Moura : A ciência ainda não faz parte da cultura brasileira ............................... 36
O que a Folha pensa: Reforma para todos ...................................................................................... 37
ESTADÃO ................................................................................................................................... 38
‘Florestas de Papel’ da PF combate exploração ilícita de 8 mil caminhões de madeira na Amazônia ........ 38
Fundo para Infraestrutura em São Paulo ........................................................................................ 39
Fazendeiro monta armadilha para javali e captura onça em Jales (SP) ............................................... 41
Executivos da Vale conseguem evitar acareação em CPI da barragem ................................................ 42
Barragem transborda na Bahia e obriga moradores a deixar suas casas ............................................. 43
Bolsonaro diz que pode revisar áreas de proteção e 'desmarcar por decreto' ....................................... 45
Perigos de uma campanha precoce ................................................................................................ 46
VALOR ECONÔMICO .................................................................................................................... 48
3
Grupo de Comunicação
Barragem transborda na BA e deixa 350 famílias sem casa ............................................................... 48
Primeiro leilão de mineração do PPI mira arrecadar ao menos R$ 15 milhões ...................................... 49
Ambiente ameaça sim o acordo UE-Mercosul .................................................................................. 50
Jogar filiado às feras é oportunismo sem grandeza, diz FHC.............................................................. 52
A cooperação global está sob ameaça ............................................................................................ 53
Copel inicia a venda de seu braço de telecom ................................................................................. 57
Oferta subsequente de ações da Light levanta R$ 2,5 bi ................................................................... 59
Petrobras avança venda de ativos no exterior ................................................................................. 60
FGTS em Vale e Petrobras dá retorno expressivo ............................................................................. 62
Futuro depende de união da ciência e tecnologia com humanidades, diz Sérgio Mascarenhas, da brain4care .................................................................................................................................. 63
4
Grupo de Comunicação
ENTREVISTAS Veículo: Jornal da Cidade
Data: 12/07/2019
Aterro mínimo é a nova alternativa
ambiental, diz secretário em Bauru
http://cloud.boxnet.com.br/yxl8s3ef
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5
Grupo de Comunicação
Veículo: Rádio Jovem Pan News 760
AM/Bauru
Data: 11/07/2019
Bauru recebe secretário de estrutura e
meio ambiente Marcos Penido
RÁDIO JOVEM PAN NEWS 760 AM/BAURU |
LIGADO NA CIDADE - 2ª EDIÇÃO Data
Veiculação: 11/07/2019 às 15h53
Duração: 00:01:54
Transcrição
Verde Azul, qualificações, certificações, ano
,acontece, hoje, Secretaria de Infraestrutura,
certificado, enviam, técnicos, 85 tarefas,
ações, ligadas, nota, alcançada, considerada,
interlocutores, simulado
http://cloud.boxnet.com.br/y3ebhc2u
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SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E
MEIO AMBIENTE
6
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Santos e região
Data: 11/07/2019
PM apreende duas toneladas de peixes e
multa pescadores em R$ 244 mil em SP
Flagrante de crime ambiental ocorreu em
Cananéia, no litoral paulista. Uma rede de
pesca de sete quilômetros de comprimento
também foi apreendida.
Pelo menos 2 toneladas de peixes e uma rede
de pesca de sete quilômetros foram
apreendidos durante um flagrante de crime
ambiental na costa de Cananéia, no litoral de
São Paulo, nesta quinta-feira (11). Três
pescadores foram multados em R$ 244 mil.
O flagrante foi feito por uma equipe da
Companhia Marítima da Polícia Militar
Ambiental nas proximidades do Morro São
João, em local de mar abrigado. O local da
abordagem pertence à Área de Proteção
Ambiental Cananéia Iguape Peruíbe (APACIP).
Segundo a polícia, foi constatado a falta de
carteira de pescador profissional de três dos
quatro tripulantes do barco. Foram realizados
Autos de Infração Ambiental no valor
individual de R$ 81 mil, além da apreensão da
carga e equipamentos de pesca.
No porão da embarcação havia peixes
diversos. Eles foram entregues a instituições
beneficentes da região, previamente
cadastradas na Secretaria de Meio
Ambiente de São Paulo. Além da rede, a
embarcação também foi apreendida pela
polícia.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27110256&e=577
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7
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Sorocaba e Jundiaí
Data: 11/07/2019
Contaminação em captação de água deixa
mais de 80 bairros com abastecimento
interrompido em Itu
Companhia Ituana de Saneamento (cis)
esclarece que a água contaminada não foi
distribuída para os moradores; retorno está
previsto para meia-noite desta sexta-feira
(12).
A Companhia Ituana de Saneamento informou
nesta quinta-feira (11) que precisou
interromper o abastecimento de água em mais
de 80 bairros na região central de Itu (SP).
De acordo com o órgão, a interrupção foi após
ser constatada uma contaminação criminosa
da água no reservatório ETA Rancho Grande.
Contudo, a companhia esclarece que em
nenhum momento a água contaminada foi
distribuída à população, tendo em vista de que
o problema foi identificado antes da água
chegar aos reservatórios.
Ainda de acordo com a companhia, uma
investigação foi aberta juntamente com a
Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo (CESTESB) para averiguar a
contaminação. Até o momento, cerca de 120
mil pessoas foram afetadas.
O retorno da água ainda pode demorar
algumas horas para atingir toda rede de
distribuição. Em nota, a empresa afirma que
prevê o retorno do abastecimento por volta da
meia-noite desta sexta-feira (12).
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27100512&e=577
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8
Grupo de Comunicação
Veículo: SBT Jundiaí - Noticidade
Data: 11/07/2019
A água de 80 bairros em Itu teve que ser
cortada por contaminação
Duração: 00:02:23 Hora da Veiculação:
19:33:04
A água de oitenta bairros teve que ser uma
cortada por causa de uma contaminação as
informações quais aquele França e agora Jake
boa noite para você como com esse problema
vai ser resolvido já foi resolvido quando que a
água deve voltar.
A casa dos moradores mais uma vez boa noite
Jake.
Foi no labor nas para você para todo mundo aí
que tá acompanhando o noticiário é muito
importante que a pessoa fique bem atento né
são oitenta bairros é uma parte bem grande
da cidade é o pessoal que recebe o
abastecimento.
Pela estação de tratamento do rancho grande
esse problema foi constatado no rancho
grande é a informação que a prefeitura passou
é que eles perceberam uma contaminação na
água na capa.
São da água bruta e assim imediatamente eles
cortaram o abastecimento aí desses oitenta
bairros de toda a de toda a estação pra que.
Fosse purificada todo aquele setor justamente
por isso é que a prefeitura pede que as
pessoas têm um prudência ir no consumo da
água que ainda resta nas caixas.
Porque eles acreditam que hoje à meia noite
gradativamente eles consigam restabelecer
esse fornecimento de água mas isso ainda
pode demorar eles acredito que amanhã de
manhã.
Poucos bairros já tez um com o abastecimento
normalizado e a informação tamina prefeitura
é que eles acreditam que tenha sido uma
contaminação criminosa eles ainda não tem
detalhes a respeito disso a polícia ainda não
foi acionada mas a Cetesb.
Aqui é a companhia é que cuida dessa parte
de de meio ambiente aqui no estado de São
Paulo já foi acionada.
E eles vão fazer uma investigação para saber
o que exatamente contaminou essa água mas
é importante também que as pessoas fiquem
tranquilas água que tá saindo na torneira da
casa.
Das pessoas em Itu que recebem o
abastecimento hora do rancho grande não
está contaminada eles conseguiram perceber
isso antes.
Fosse para as estações elevatórias então
pessoal pode ficar tranquilo que a torneira é
uma água pura é uma água que pode ser
usada tranquilamente mas que quando acabar
ainda tem que ter um pouquinho de paciência
até que tudo seja normalizado a gente vai
acompanhar toda essa história até porque.
Não uma contaminação criminosa preocupa né
nono preocupa e muito e o recado então os
moradores que ainda tem água ali nas suas
caixas economizar pelo menos né Jake quando
homens a sempre quando minha sempre bom
obrigada Jacqueline boa noite para você bom
trabalho.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27109480&e=577
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9
Grupo de Comunicação
Veículo: Diário Web
Data: 12/07/2019
Proibido, fogo em canaviais gera 89
multas
Dezessete anos depois da publicação da Lei da
Queima de Cana-de-Açúcar para eliminação de
fogo na pré-colheita no Estado, a região de Rio
Preto ainda registra incêndios nos canaviais,
como o que destruiu, nesta quarta-feira, 10,
cerca de 500 metros quadrados de plantação,
em Neves Paulista. No ano passado, a
fiscalização puniu 89 responsáveis por fogo
em canaviais.
As autuações por incêndios clandestinos ou
criminosos em plantação de cana foram
realizadas pela Polícia Militar Ambiental e
pela Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb).
A maioria delas, 85 multas, foram aplicadas
pelos policiais responsáveis por fiscalizar
crimes contra o meio ambiente. Pelos dados
fornecidos pela corporação, o município com
mais ocorrência foi José Bonifácio com 12
registros. Neste ano, em toda a região, foram
aplicadas nove multas. Número que deve
aumentar a partir deste mês, com o avanço da
estiagem.
Para diminuir os danos, o setor
sucroenergético está ampliando investimentos
em ferramentas e tecnologias para facilitar a
identificação e o combate de focos de incêndio
nas plantações de cana. Na região, a Tereos
Açúcar e Energia Brasil, com sete unidades no
Noroeste paulista, como a de Cruz Alta, em
Olímpia, testa o uso do líquido gerador de
espuma (LGE) para conter o fogo com mais
rapidez.
O produto é uma espuma sintética que age
como se fosse um detergente no combate a
incêndios. O material diminui a concentração
de oxigênio, um dos três elementos da reação
química que produz o fogo. "O teste está
sendo feito para combater as chamas no meio
da cana. Já tive resposta de que funciona
muito bem", afirmou André Tebaldi, porta-voz
da empresa.
O programa de prevenção e combate a
incêndios da empresa também conta com
investimentos em preparação de brigadas de
incêndios, aplicativos, check list de ações,
veículos traçados para maior agilidade em
casos de emergência, além do monitoramento
via satélite, por meio do Observed Remote
Information from Orbital Navigation (Orion). O
sistema funciona com 13 satélites operados
por agências espaciais, como a norte-
americana Nasa. Em caso de focos, envia
alertas automáticos à central de controle da
empresa, em Olímpia, para providências
imediatas.
Segundo a empresa, o tempo de uma hora e
30 minutos que as equipes gastavam para
detectar as chamas foi reduzido para seis
minutos. Medidas que, segundo o grupo,
reduziram as queimadas pela metade na safra
do ano passado. "Mesmo com 22% menos de
chuva, tivemos uma queda de 50% das áreas
queimadas e de 38% nas toneladas de cana
incendiadas", afirmou Tebaldi.
A campanha da empresa também visa a
conscientizar a população para que não não
jogue bitucas de cigarro nas margens de
rodovias, não queime lixo e não coloque fogo
nos canaviais. "Aprimorar os programas de
combate é importante, mas trabalhar na
prevenção é essencial", concluiu o diretor de
Sustentabilidade, Edilberto Bannwart.
Qualquer registro de foco de incêndio deve ser
comunicado ao Corpo de Bombeiros (192) ou
a Polícia Militar (190).
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27120239&e=577
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10
Grupo de Comunicação
Veículo: Valor Econômico
Data: 12/07/2019
Curtas - Sabesp
Brent devolve ganho
Os contratos futuros de petróleo terminaram
em queda ontem, revertendo a alta registrada
no início da sessão, quando preocupações
relacionadas à tempestade tropical Barry
impulsionaram os preços. Ontem o petróleo
devolveu parte dos ganhos expressivos de
quarta-feira, quando as referências tiveram
avanços superiores a 4%. Os contratos futuros
do Brent para setembro encerraram o dia em
baixa de 0,73%, a US$ 66,52 o barril, em
Londres, enquanto os contratos do WTI para
agosto fecharam com perdas de 0,38%, a US$
60,20 o barril. Segundo analistas, investidores
começam a ver a tempestade tropical Barry no
Golfo do México como oportunidade de lucros.
"Furacões simplesmente não são mais tão
'bullish' (motivadores de compras) como
costumavam ser", diz o RBC. Dados do
governo dos EUA mostram que 53% da
produção de petróleo no Golfo do México foi
cortada. A RBC diz que "enquanto as
manchetes dos furacões podem proporcionar
aumento rápido no curto prazo, a redução da
demanda nas refinarias é ameaça maior".
Sabesp em alta
As ações da Sabesp voltaram a se valorizar
após declarações do governo paulista sobre
sua privatização. Ontem, os papéis da estatal
fecharam com alta de 4,67%, a R$ 51,81. O
motivo foi uma entrevista dada pelo
governador João Doria (PSDB) à TV
Bloomberg, na qual disse que a venda era a
"melhor opção" para a empresa. Apesar da
afirmação, o Valor apurou que ainda não há
uma decisão final sobre o modelo de
desestatização da Sabesp. Há uma preferência
da gestão pela privatização, mas isso
dependerá da aprovação do novo marco legal
do saneamento básico, ainda em tramitação
no Congresso Nacional. O projeto de lei traz
medidas que viabilizam a venda do controle de
estatais do setor de água e esgoto. A
valorização da companhia foi impulsionada
principalmente por investidores estrangeiros,
a julgar pelas corretoras que negociaram os
papéis. A declaração de Doria foi dada durante
um roadshow pelo Reino Unido, para atrair
investimentos ao Estado de São Paulo.
Amazon na música
A Amazon está captando assinantes para seu
serviço de streaming de música a uma
velocidade maior do que os rivais Spotify,
Apple e Google, fazendo com que a música
seja a mais nova indústria a ser reinventada
pelo grupo de varejo on-line. O número de
pessoas que assinaram o Amazon Music
Unlimited cresceu em torno a 70% nos últimos
12 meses, segundo fontes disseram ao
"Financial Times". Em abril, a Amazon tinha
mais de 32 milhões de assinantes de seus
serviços de música, incluindo o Unlimited e o
Prime Music. Em contraste, o Spotify, maior
serviço mundial de streaming de músicas, com
100 milhões de assinantes, cresce cerca de
25% ao ano. "A Amazon é a zebra [na
música]", disse o analista Mark Mulligan, da
Midia Research.
Parceria da Via Varejo
A Via Varejo fechou uma parceria com a
empresa americana ZestFinance, que produz
softwares de inteligência artificial. A intenção
é avançar na criação de modelos para análise
de crédito, para ser "mais assertiva na
concessão" de linhas de financiamento aos
consumidores. Segundo comunicado da
empresa, a rede deve passar a usar softwares
que apresentam análises de créditos "mais
estruturadas" sobre perfis de clientes.
Atualmente, cerca de 5 milhões de clientes
utilizam os carnês da Via Varejo. O acordo se
estende às operações do banco digital da Via
Varejo. A utilização da ZestFinance como
modelo de crédito entra em fase de testes no
segundo semestre deste ano, e em janeiro de
2020 será ampliado para toda a empresa.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27131596&e=577
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11
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Campinas e região
Data: 12/07/2019
Morador registra dezenas de peixes
mortos na Lagoa do João Aranha em
Paulínia
Segundo a Prefeitura, a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo
(CETESB) já acionada e coletou amostras no
local. Resultados podem demorar cerca de 15
a 20 dias.
Morador de Paulínia flagra dezenas de peixes
mortos na Lagoa do João Aranha
Um morador de Paulínia (SP) registrou
dezenas de peixes mortos na Lagoa do João
Aranha nesta semana. Segundo o
telespectador João Carlos Torissi, que enviou
as imagens à EPTV, afiliada da TV Globo, o
problema teria começado na última segunda-
feira (8).
Segundo a Prefeitura, a Secretaria de Defesa e
Desenvolvimento do Meio Ambiente
(Seddema) atendeu algumas denúncias de
vazamento de esgoto no local, uma possível
causa da mortandade de peixes. De acordo
com a responsável pela pasta, a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi
acionada.
Peixes mortos na Lagoa do João Aranha em
Paulínia — Foto: João Carlos Torissi
Em nota, a Cetesb informou que técnicos
realizaram uma inspeção na lagoa na quarta-
feira (10) e coletaram amostras da água para
análise em São Paulo (SP), com resultados
que podem demorar cerca de 15 a 20 dias.
Enquanto o laudo não é concluído, a Prefeitura
recomenda que os moradores da região
evitem a pesca e a ingestão de peixes
retirados do local, devido ao risco de
contaminação.
https://g1.globo.com/sp/campinas-
regiao/noticia/2019/07/12/morador-registra-
dezenas-de-peixes-mortos-na-lagoa-do-joao-
aranha-em-paulinia.ghtml
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12
Grupo de Comunicação
Veículo: O Imparcial – Araraquara
Data: 12/07/2019
Defesa Civil reitera importância da
campanha contra queimadas
http://cloud.boxnet.com.br/y4orao6q
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13
Grupo de Comunicação
Veículo: Tribuna Liberal – Sumaré
Data: 12/07/2019
Paulínia aciona Cetesb sobre denúncia de
contaminação na Lagoa do João Aranha
http://cloud.boxnet.com.br/y3zkldrj
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14
Grupo de Comunicação
Veículo: Diário de Santa Bárbara
Data: 12/07/2019
SB na lista de cidades que podem ser
afetadas por barragem, relatório foi
entregue pelo Governo do Estado
http://cloud.boxnet.com.br/y5gsg2uo
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15
Grupo de Comunicação
VEÍCULOS DIVERSOS Veículo1: Repórter Diário
Veículo2: Correio Popular
Data: 11/07/2019
Converso com governadores para revisar
áreas de proteção ambiental, diz
Bolsonaro
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27095029&e=577
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16
Grupo de Comunicação
Veículo: Jornal da USP
Data: 10/07/2019
Em Piracicaba, restos de alimentos da
lanchonete viram adubo para a
comunidade
Compostagem é realizada em cestos aramados – Foto: Divulgação/Divisão de Comunicação Esalq
Na lanchonete do campus da USP, em
Piracicaba, são servidos diariamente sucos e
refeições diversas. Tudo isso gera resíduos,
como cascas de frutas e legumes, além do que
sobra no prato dos usuários. Desde junho do
ano passado, esses restos têm sido
encaminhados para compostagem e
transformados em adubo, em um processo
que reduz o volume de lixo no ambiente,
devolve os nutrientes para o ciclo natural e
evita o acúmulo de resíduos em aterros e
lixões.
A iniciativa é do Programa USP Recicla do
campus, que adotou o modelo de
compostagem estática em cestos aramados.
Eles têm um tudo de PVC com furo ao centro
para proporcionar a aeração e permitir o
processo de decomposição do lixo orgânico.
Há diversas outras técnicas de compostagem,
adequadas a diversas necessidades – desde
pequenas quantidades produzidas em um
apartamento até maiores, em escala
industrial.
Desde junho do ano passado, os estagiários
do USP Recicla recebem dos funcionários da
lanchonete de três a cinco baldes de resíduos
orgânicos por dia, aproximadamente. O
material é pesado e encaminhado para a
compostagem.
São manejadas simultaneamente duas
composteiras. A primeira para cítricos (como
laranjas e limões) e a segunda para os restos
de alimentos em geral. “Na composteira de
cítricos, é utilizado um complemento com cal,
por se tratar de um resíduo ácido, buscando a
neutralização. A partir do momento em que as
composteiras ficam lotadas, são instaladas
outras e estas primeiras são fechadas com um
sombrite [tipo de tela] para que ocorra a
decomposição dos resíduos”, explica a
coordenadora do USP Recicla, Ana Meira.
Para organizar o processo, a equipe conta com
a ajuda do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Aproveitamento de Resíduos Agroindustriais
(Cepara) da Esalq.
Segundo Ana, estima-se que durante um ano
de atividade já foram compostados pelo
menos 10 toneladas de resíduos orgânicos,
incluindo folhas do campus, gerando cerca de
três toneladas de compostos. “Além de evitar
que esses resíduos sejam encaminhados para
aterro e otimizar recursos, esse processo
contribui para a educação ambiental da
comunidade, responsabilidade e exemplo de
prática de gerenciamento que pode ser
desenvolvida nas residências.”
Os compostos gerados pela reciclagem dos resíduos são
distribuídos entre os funcionários da lanchonete e a comunidade do campus – Foto: Divulgação/Divisão de Comunicação Esalq
Os sacos de compostos gerados pela
compostagem foram distribuídos
primeiramente para os funcionários da
lanchonete, como forma de valorizar a
disposição e a responsabilidade ambiental da
equipe. Este adubo também vem sendo
distribuído para a comunidade do campus.
“O contrato com a lanchonete terceirizada
também prevê o cuidado com outros itens
ambientais, tais como o uso de materiais
duráveis ao invés de descartáveis para evitar
a geração de resíduos, uso consciente de
água, entre outras ações de sustentabilidade
socioambiental”, lembra Ana Meira.
17
Grupo de Comunicação
No Brasil, a maioria dos resíduos é disposta
em “lixões” ou aterros controlados, causando
impactos negativos ao meio ambiente, saúde
e impedindo que esses materiais voltem ao
ciclo produtivo. Ao menos 50% dos resíduos
produzidos dentro de casa são orgânicos. Em
Piracicaba, segundo o Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, mais
de de 45% dos resíduos orgânicos são
enviados para aterros.
Mais informações: e-mail [email protected]
Adaptado de Caio Albuquerque, da Assessoria
de Comunicação da Esalq
https://jornal.usp.br/universidade/em-
piracicaba-restos-de-alimentos-da-lanchonete-
viram-adubo-para-a-comunidade/
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18
Grupo de Comunicação
Veículo: O Globo
Data: 12/07/2019
'Perturbação no Índico gerou ondas de
calor e seca no Brasil
Pesquisa encontra a principal causa para o
impedimento da formação de nuvens e de
chuva no sudeste, no verão de 2014
Ana Paula Blower
Um fenômeno climático que ocorreu bem
longe do Brasil teve efeitos severos no país,
como a seca que ocorreu no Sudeste no verão
de 2013/2014 e gerou uma crise hídrica em
São Paulo. A constatação faz parte de um
estudo sobre como uma perturbação
atmosférica no Oceano Índico causou, além
das secas na América do Sul, ondas de calor
marinhas no Atlântico Sul. O trabalho foi
publicado na revista científica "Nature
Geoscience" e liderado pela professora da
Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) Regina Rodrigues.
A pesquisa traçou o motivo da estabilidade da
alta de temperatura no Sudeste e Sul do Brasil
naquele verão. De acordo com o trabalho, o
início se deu com uma perturbação
atmosférica no Oceano Índico. O fenômeno
gerou uma onda planetária que atravessou o
Pacífico Sul e chegou ao Atlântico Sul.
- Identificamos que convecção (chuvas
tropicais intensas) no Índico deflagra
perturbações na atmosfera que se propagam e
mudam a circulação atmosférica sobre o
Sudeste do Brasil. A circulação se torna anti-
horário e não permite a formação de nuvens.
Com isso, não há chuva durante o verão.
Quanto mais persistente for essa circulação,
mais prolongada será o período seco. Como no
verão, tem muita insolação, sem as nuvens, o
calor aumenta, gerando ondas de calor na
terra e no mar - explica Rodrigues.
Em 2013/2014, o bloqueio foi tão persistente
que quase não choveu durante todo o verão
no Sudeste e Sul do país. As chuvas dessa
região vêm da zona de convergência do
Atlântico Sul. No verão de 2013/14, houve
uma massa de alta pressão que não deveria
estar lá e não permitiu que a zona de
convergência se formasse. Isso gerou longos
períodos de seca, como um de 15 dias e outro
de 30. As temperaturas também subiram,
aumentaram 5° Celsius acima da média.
A pesquisa sugere que não é a primeira vez
que o Oceano Índico levou a eventos extremos
no Brasil e que fenômenos semelhantes
podem ocorrer com maior frequência e
intensidade.
Para Rodrigues, um dos grandes ganhos do
estudo é a chance de entender e pre- ver
próximos fenômenos climáticos. E, assim, se
preparar para enfrentá-los : - Agora que
identificamos um processo físico, o
mecanismo, que ocorre lá no Índico e gera
essas ondas de calor, podemos monitorá-lo.
Nem sempre tem como evitar que ocorra, mas
pode se preparar na parte terrestre, como
sobre uma seca ou onda de calor - observa.
Sobre esse último fenômeno, que traz sérias
complicações de saúde e até mortes - como
ocorreu na Europa, neste ano - , a
pesquisadora explica que elas ocorrem todo
ano. A diferença é a sua intensidade e
permanência, o que vem se agravando com o
aquecimento global. Há estudos que preveem,
inclusive, um aumento na extensão do
fenômeno nos próximos verões.
Outro destaque importante do estudo,
segundo Rodrigues, é o efeito de aquecimento
no oceano, que forma ondas de calor
marinhas, gerando uma série de impactos
nesses ecossistemas. Naquele verão de 2013/
2014, por exemplo, o aumento de
temperatura no oceano foi de 3°C. Segundo
estudos em outros locais do mundo, já se
percebeu que possíveis impactos disso são
embranquecimento de coral e efeitos nocivos
na pesca. E estudos globais de ondas de calor
marinhas mostram que a tendência é de que
esses eventos sejam mais frequentes no
futuro.
IMPACTOS NA VIDA MARINHA Diante disso,
agora, a pesquisadora explica que o próximo
19
Grupo de Comunicação
passo é descobrir os impactos das ondas de
calor marinhas no Atlântico Sul, na costa
brasileira. Isso acontecerá a partir da
participação de Rodrigues em um projeto de
pesquisa, o Triatlas, financiado pela
Comunidade Européia, através do Programa
Horizon 2020, com investimento de 20
milhões de euros e a participação de 35
universidades, incluindo a UFSC.
Serão quatro anos para análise de dados, com
navios oceanográficos colaborando no
processo no Atlântico, para analisar o antes e
depois do fenômeno de calor. O primeiro
encontro do grupo será em agosto, na
Universidade de Bergen, na Noruega, que
coordena o programa.
- Temos três áreas de estudo: nossa costa do
Brasil, Sudoeste do Atlântico Sul, uma na
África do Sul, na Corrente de Benguela, e no
Atlântico Tropical, que vai da África ao Brasil -
diz Rodrigues, acrescentando que pode ocorrer
outra onda de calor durante os anos da
pesquisa, que poderá ser monitorada.
O estudo publicado na "Nature" teve a
colaboração de Andréa Taschetto, Alex Sen
Gupta (ambos da Universidade de New South
Wales, na Austrália) e Gregory Foltz (do
Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do
Atlântico, dos EUA).
"Agora que identificamos um processo físico, o
mecanismo, que ocorre lá no Indico e gera
essas ondas de calor, podemos monitorá-lo.
Nem sempre tem como evitar que ocorra, mas
pode se preparar na parte terrestre, como em
relação a uma seca ou onda de calor "
Regina Rodrigues, oceanógrafa da
Universidade Federal de Santa Catarina e líder
do estudo
Fonte: Nature Geoscience
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=27120954&e=577
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Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Natureza
Data: 12/07/2019
Peixes de água doce terão que comer
mais detritos e vegetais para sobreviver ao aquecimento global, diz estudo de brasileiros
A elevação das temperaturas do planeta por
causa do aquecimento global fará com que
algumas espécies de peixes de água doce
tenham que alterar seus hábitos alimentares e
comer mais vegetais e detritos para
sobreviver, prevê um estudo de pesquisadores
brasileiros publicado na revista "Ecography" na
segunda-feira (8).
Eles estudaram peixes de grande porte que
vivem em ambientes de água doce tropicais.
Essas espécies precisam de mais energia e
têm uma alimentação diferente dos peixes de
mesmo tamanho que vivem no mar ou em
ambientes temperados, mais frios.
São peixes que terão de se adaptar a
temperaturas mais altas.
O estudo observou a influência da
temperatura na relação entre o tamanho do
organismo dos peixes e a sua função na teia
alimentar. Após analisar 3.635 espécies de
peixes, pesquisadores preveem que, entre
outros possíveis impactos, o aquecimento
global pode influenciar a dieta das espécies
num futuro não muito distante.
O estudo foi realizado por uma equipe liderada
pelo professor José L. Attayde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e por
Danyhelton Dantas, pesquisador do Centro
Nacional de Pesquisa e Conservação da
Biodiversidade Amazônica (Cepam).
“O tamanho do corpo de um animal, mais
especificamente de um organismo aquático,
tem um papel fundamental na determinação
de suas relações alimentares”, diz Dantas, em
nota de divulgação do estudo.
Cadeia alimentar e temperaturas
Um dos co-autores, o pesquisador Ronaldo
Angelini, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), explicou ao G1 que
"os ecossistemas marinhos permitem às suas
espécies se deslocarem mais e encontrarem
outras fontes de energia, o que as afetaria
menos comparativamente às espécies de água
doce". Ele conta que a diversificação alimentar
deve se tornar uma vantagem para os peixes,
assim como já é para os humanos.
Por isso, as espécies de água doce serão as
mais impactadas nesse aspecto. Aquelas que
não se adaptarem às novas condições, correm
sérios riscos. Conforme o estudo, o clima não
afeta na mesma proporção a posição dos
peixes de água salgada na cadeia alimentar.
Segundo Rafael Guariento, da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), os
peixes de água doce não têm muita opção:
"usam a energia dos estratos mais baixos da
cadeia alimentar, incluindo em sua dieta
alimentos ricos em carbono como folhas,
frutos e sementes, possivelmente
provenientes do ambiente terrestre”. O
carbono é a fonte de energia para o
metabolismo dos organismos vivos.
Espécies de peixe água doce serão as mais
impactadas na relação entre temperatura e
posição na cadeia alimentar — Foto: Sander
Wehkamp/Unsplash
Como os peixes maiores basicamente
"engolem" peixes menores para se alimentar,
eles têm uma posição mais alta na cadeia
21
Grupo de Comunicação
alimentar. "Mas aí temos outro problema:
quanto maior o corpo, maior a necessidade de
energia”, explica Dantas.
Em águas com temperatura mais alta, como
nos ambientes tropicais, os peixes tendem a
gastar mais energia. Portanto, precisam comer
mais carbono do que aqueles peixes de
mesmo tamanho que vivem em climas
temperados, mais frios.
Por isso, eles acabam se alimentando de
plantas e detritos ricos em carbono. Uma
evidência disso é o fato de que há mais
espécies aquáticas herbívoras e onívoras nos
trópicos. Em outras palavras: a temperatura
tem um impacto na comida aquática
disponível para os peixes.
Ambientes marinhos e de água doce
Segundo Adriano Caliman, da UFRN, e um dos
principais co-autores do trabalho, ninguém
ainda tinha testado o efeito da temperatura na
relação: tamanho do corpo × posição na
cadeia alimentar dos peixes.
Os cientistas também compararam, em escala
global, essa relação em ambientes marinhos e
de água doce, pois são dois tipos de ambiente
"estruturalmente muito distintos". Para isso,
usaram dados de um sistema mundial com
informações sobre peixes, o Fishbase.
De acordo com Luciana Carneiro, também da
UFRN, esse trabalho dos brasileiros mostra
uma tendência clara: “Se o mundo ficar mais
quente, as espécies evoluirão limitadas pela
maior demanda de energia, mais
especificamente de carbono, e precisarão
comer mais vegetais e detritos."
Carneiro observa que essa dinâmica tornará
as cadeias alimentares mais curtas,
especialmente em ambientes de águas doce
tropicais. "Mas, provavelmente, nem todas as
espécies terão tempo para se ajustar às novas
condições”, completa.
Cientistas também compararam ambientes
marinhos e de água doce, pois são
"estruturalmente muito distintos" — Foto: Ian
Schneider/Unsplash
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/0
7/12/peixes-de-agua-doce-terao-que-comer-
mais-detritos-e-vegetais-para-sobreviver-ao-
aquecimento-global-diz-estudo-de-
brasileiros.ghtml
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Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Campinas e região
Data: 12/07/2019
Menino prodígio estuda as aves e se dedica a preservar as espécies
Estevão Santos, de 14 anos, se dedica de
forma autônoma a conhecer mais sobre a
avifauna brasileira e se destaca no universo do
“birdwatching”.
Estevão Santos é apaixonado pelas aves e até
guia observadores — Foto: Sergio Oliveira/TG
Qual é o sonho comum de todo garoto? Para a
grande maioria deles, com certeza, é ser
jogador de futebol. Mas é claro que sempre
existem as exceções. E Estevão Santos, de 14
anos, é uma delas. O menino que tem
costumes diferentes da grande maioria dos
jovens já traça o caminho que pretende seguir
pelo resto da vida: ser ornitólogo, aquele que
estuda as aves.
Apesar da pouca idade, Estevão se mostra
experiente e um ótimo conhecedor da
avifauna brasileira. Antes mesmo de o dia
clarear, o jovem observador já está em campo
para encontrar com o passaredo. E é na
companhia deste pequeno gigante que a nossa
equipe se aventura pela Serra dos Perineus,
em Goiás.
A câmera fotográfica e os binóculos são alguns
dos equipamentos que o garoto sempre
carrega consigo, mas o que surpreende
mesmo é o conhecimento e olhar que ele tem
sobre a natureza. Diante de tanta
familiaridade e expertise, a floresta virou “sala
de aula” pro time.
Patinho foi uma das espécies observadas
durante passarinhada — Foto: Sérgio
Oliveira/TG
Em pouco tempo de caminhada, algumas
espécies dão o ar da graça, como o bacurau-
da-telha, o patinho e o chorozinho-de-chapéu-
preto.
A paixão pela natureza veio desde pequeno,
quando o menino tinha apenas 2 anos. E claro
que esse amor pelo meio ambiente, e em
especial pelas aves, só aumenta a cada dia.
Mas muito mais do que simplesmente admirar,
ele busca fazer a diferença. Estevão já tem
projetos de criar um livro sobre a avifauna de
Goiás para ajudar a divulgar a riqueza da
biodiversidade local e ainda preservar as
espécies.
https://g1.globo.com/sp/campinas-
regiao/terra-da-
gente/noticia/2019/07/12/menino-prodigio-
estuda-as-aves-e-se-dedica-a-preservar-as-
especies.ghtml
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
FOLHA DE S. PAULO Painel: Indicação de Eduardo fragiliza
chanceler e amplia poder do Senado sobre
clã Bolsonaro
A República somos nós
A indicação de Eduardo Bolsonaro para a
Embaixada do Brasil em Washington repercute
politicamente em diversas camadas. Quem
conhece os meandros do Itamaraty diz que a
escolha acaba com qualquer respaldo moral que
a gestão do chanceler Ernesto Araújo pudesse ter
internamente e alastra a impressão de que o
ministro virou uma “rainha da Inglaterra”. A
missão dada ao 03 ainda amplia o poder do
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-
AP), sobre o destino do clã do Planalto.
Ninguém vai ao pai…
Indicações de embaixadores precisam ser
aprovadas pelo Senado. Além disso, cabe a
Alcolumbre instalar o Conselho de Ética da Casa,
uma porta de entrada para queixas sobre Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ).
…Senão por mim
Após a eleição, o filho mais velho de Jair
Bolsonaro passou a ser questionado sobre o
funcionamento de seu gabinete e a relação com o
ex-assessor Fabrício Queiroz, que recebia
dinheiro de outros funcionários da Assembleia do
Rio, o antigo habitat do 01. Ele é alvo de
investigação do Ministério Público.
É pegadinha
A indicação de Eduardo pegou o meio político de
surpresa, mas rapidamente deputados e
senadores fizeram análise quase unânime de que
o presidente superestimou sua força no
Parlamento após a aprovação do texto base da
reforma da Previdência por 379 votos.
Pari passu
Davi Alcolumbre carrega no bolso do paletó o
cronograma que prevê para a tramitação da
reforma da Previdência no Senado. Ele mostrou o
documento a pessoas próximas após a aprovação
do texto base do projeto na Câmara. Prevê que
as novas regras de aposentadoria serão votadas
em 37 dias.
Pari passu 2
Se todos os prazos regimentais fossem seguidos,
a análise da reforma levaria ao menos 48 dias –o
prazo mais enxuto, portanto, denota boa vontade
com o Planalto.
De olhos bem fechados
Poucos assuntos foram tão comentados nos
corredores da Câmara nesta quinta (11) como o
baile de máscaras que serviu de palco à
comemoração da aprovação da reforma da
Previdência na quarta (10).
Carola
Na casa de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da
Câmara, a celebração foi infinitamente mais
comedida. A comida demorou a sair. Por volta
das 22h30, alguns colegas desistiram de esperar
a ceia e saíram para jantar fora.
Teste de DNA
Durante a votação do texto base da reforma na
Câmara, na quarta (10), o nome do ministro
Paulo Guedes (Economia) foi citado apenas 13
vezes. A maior parte das menções foi crítica.
Apenas Alexandre Frota e Eduardo Bolsonaro,
ambos do PSL, o exaltaram.
Ra-Ra-Ratinho
Jair Bolsonaro foi citado 55 vezes –a maioria por
deputados de oposição. Só oito parlamentares,
incluindo o filho, foram elogiosos ou lhe deram
crédito pela reforma.
Bate e assopra
Aliados do presidente demonstraram chateação
pelo esforço do governo de liberar emendas
extraorçamentárias, facilitando a negociação do
texto, não ter sido reconhecido. O próprio
Bolsonaro, porém, se esquivou do gesto, dizendo
que pagava apenas emendas impositivas.
Que fase
O ministro Marcelo Álvaro Antonio (Turismo),
envolvido nas suspeitas de candidaturas laranjas
no PSL, literalmente caiu durante um almoço do
partido, nesta quinta (11). A cadeira na qual ele
estava sentado cedeu.
Que fase 2
Data: 12/07/2019
24
Grupo de Comunicação
Com os risos, segundo relatos, entrou na onda.
“Queriam me derrubar… Caí!”
Com o suor…
Deputados da CPI do BNDES precisaram tirar
dinheiro do próprio bolso para levar Antonio
Palocci ao colegiado. O ex-petista avisou que não
pegaria avião por medo de ser hostilizado e pediu
que a Câmara custeasse sua viagem de carro.
…do meu rosto
Como a Casa não pode pagar transporte
terrestre, por sugestão de Vanderlei Macris
(PSDB-SP), que considerava valiosa a
colaboração de Palocci, sete deputados racharam
o custo da viagem: R$ 3.220.
Visita à Folha
O vice-presidente executivo da Brasilcom
(Federação Nacional das Distribuidoras de
Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis),
Abel Leitão, visitou a Folha nesta quinta-feira
(11).
TIROTEIO
Temos o primeiro caso de nepotismo
internacional da história do Brasil. O lema agora
é: os parentes acima de tudo!
Do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do
B), sobre o presidente ter indicado o filho
Eduardo a embaixador nos EUA
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2019/07/12/i
ndicacao-de-eduardo-fragiliza-chanceler-e-
amplia-poder-do-senado-sobre-cla-bolsonaro/
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Análise: Reforma evita caos fiscal, mas
sozinha não devolve crescimento
sustentável
Mansueto Almeida
Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou
em primeiro turno uma das mais importantes
reformas econômicas que está há mais de duas
décadas atrasada: a reforma da Previdência.
Qualquer que seja a análise que se faça, a
aprovação dessa reforma com uma economia
perto de R$ 900 bilhões, em dez anos, e com 379
votos favoráveis ultrapassou as expectativas
mais otimistas.
Uma reforma que há menos de um ano era tida
como impopular passou, segundo o Datafolha, a
contar com a aprovação crescente da população:
47% a favor, ante 44% contra na pesquisa no
início deste mês.
A aprovação da reforma da Previdência decorreu
de um conjunto de fatores favoráveis. Primeiro,
ajudou muito o debate da insustentabilidade das
regras previdenciárias que teve início de forma
mais forte, em 2016.
Segundo, o governo Jair Bolsonaro por meio do
seu ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre
insistiu na aprovação de uma reforma da
Previdência robusta com uma economia próxima
a R$ 1 trilhão.
Terceiro, a habilidade política do secretário da
Previdência e do Trabalho, Rogério Marinho, e
apoio explícito dos principais líderes partidários e
dos presidentes da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal foram fundamentais na
construção do consenso político que levou a
aprovação da reforma da Previdência na Câmara
nesta semana.
Apesar desse passo importante, é preciso ter em
mente que a reforma da Previdência evita o
“caos” das contas públicas, mas está longe de ser
suficiente para colocar o país em uma trajetória
de crescimento sustentável.
Por exemplo, a economia decorrente da reforma
da Previdência não significa que a despesa
pública com aposentadorias e pensões diminuirá
nos próximos anos. A reforma reduz a a
velocidade de crescimento dessas despesas, mas
elas continuarão se expandindo e respondendo
por mais de 50% da despesa não financeira do
governo central.
Para o governo fazer o ajuste fiscal e cumprir
com o teto dos gastos, será necessário controlar
novas contratações no serviço público e
aumentos salariais nos próximos anos. Mas, para
o Brasil passar a crescer de forma consistente,
serão necessárias outras reformas.
O Brasil tem um sistema tributário caótico, com
um número muito grande de impostos e
contribuições, mudanças frequentes nas regras
tributárias, diversos regimes especais etc.
Uma reforma tributária é urgente. Se avançamos
na simplificação de regras e na redução do
número de impostos, já será um enorme ganho,
pois, no curto prazo, é limitado ou inexistente o
espaço para o setor público abrir mão de receita.
A abertura comercial é outra reforma importante
que ajudará na maior competitividade de nossa
empresas. O objetivo não é ter saldos comerciais
elevados no intercâmbio com o resto do mundo,
mas sim exportar e importar mais. O anúncio do
acordo União Europeia-Mercosul foi importante,
bem como o eventual ingresso futuro do Brasil na
OCDE.
Há décadas o Brasil não investe o necessário
para melhorar a nossa infraestrutura e, com a
crise fiscal dos últimos anos, o Estado brasileiro
perdeu a sua capacidade de investimento.
Precisamos retomar os leilões de concessão e ter
marcos regulatórios que incentivem a
concorrência e a entrada do capital privado nos
projetos de infraestrutura.
É preciso também avançar na qualidade da nossa
educação, em especial na melhoria da qualidade
do ensino básico. A meta é que qualquer criança
tenha acesso a um ensino de qualidade
independentemente da família e do local do seu
nascimento. Isso pode levar anos ou décadas,
mas precisamos insistir nesse objetivo.
A lista de reformas é grande, e aprová-las exigirá
um novo esforço no debate público e na criação
do consenso político. A boa notícia é que há
espaço para o bom debate político para aprová-
Data: 12/07/2019
26
Grupo de Comunicação
las, como ficou claro com a aprovação da
reforma da Previdência.
Quais reformas econômicas serão aprovadas e o
escopo dessas reformas vai depender do debate
político e do sucesso na construção de
consensos. Mas, em uma democracia, é assim
que deve ser.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/07
/reforma-evita-caos-fiscal-mas-sozinha-nao-
devolve-crescimento-sustentavel.shtml
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Data: 12/07/2019
27
Grupo de Comunicação
Falha em barragem faz 350 famílias serem
retiradas de casa na Bahia
João Pedro Pitombo
Uma falha na barragem do Quati, em Pedro
Alexandre (a 435 km de Salvador), nesta quinta-
feira (11) fez com que casas fossem inundadas,
estradas bloqueadas e 350 famílias fossem
retiradas de suas casas.
O episódio aconteceu após fortes chuvas terem
atingido a cidade, que fica na divisa entre Bahia e
Sergipe. Os alagamentos atingiram
principalmente a cidade de Coronel João Sá, que
fica numa região abaixo da barragem.
Responsável pela fiscalização da barragem, que
fica em um rio estadual, o governo da Bahia
informou que um transbordamento da água,
causando enxurradas e alagamentos.
Horas antes, contudo, o próprio governo, por
meio do seu diretor de Defesa Civil, informou que
uma parte da barragem havia rompido.
“Ela começou um processo de rompimento no
sangradouro, como se tivesse aberto uma
brecha, mas ainda não rompeu completamente.
De qualquer forma, já tem muita água saindo
dela”, afirmou Paulo Sergio Menezes Luz, diretor
da Defesa Civil estadual.
O Ministério do Desenvolvimento Regional, em
nota encaminhada à imprensa, também fala em
rompimento do equipamento.
Em Coronel João Sá, cerca de 40% da área
urbana da cidade, que tem 17 mil habitantes,
está submersa. Até o momento, não há registro
de feridos e vítimas.
“Muito difícil a situação, estamos no meio de um
caos. No centro da cidade, a água está batendo
nossa barriga”, afirma Diego Santos, chefe da
Defesa Civil de Coronel João Sá.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o
prefeito de Coronel João Sá Carlos Sobral pediu
que os moradores deixassem suas casas.
“É uma situação atípica, nunca aconteceu isso
com essa barragem e nós não sabemos das
consequências. Eu peço encarecidamente a todas
as pessoas que morem nas áreas de risco que
saiam de suas casas”, afirmou.
Em Pedro Alexandre, foram atingidas apenas três
casas que ficam nas proximidades da barragem.
As famílias já foram retiradas do local. Os dois
acessos viários para a barragem foram tomados
pela água.
A barragem foi construída pelo governo da Bahia
em 2000 e era mantida pela Associação de
Moradores da Comunidade de Quati. Sua
fiscalização era de responsabilidade do Inema,
órgão ambiental do Estado.
O governador da Bahia Rui Costa (PT) manifestou
solidariedade aos moradores e informou que irá
visitar as cidades de Coronel João Sá e Pedro
Alexandre nesta sexta-feira (12).
Agentes do Corpo de Bombeiros, técnicos da
Defesa Civil e do Inema foram mandados ao
local. Também que serão enviados mantimentos
e água mineral para os desabrigados, que estão
em cinco escolas de Coronel João Sá.
Em nota, o ministério do Desenvolvimento
Regional informou que acompanha a situação e
vai designar técnicos para monitorar os trabalhos
e auxiliar equipes locais.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a Defesa
Civil já está tomando providências e que o
Palácio do Planalto está à disposição dos
municípios atingidos caso precisem de ajuda
federal.
"Nossos órgãos da Defesa Civil estão informados
e tomando providência. Uma já foi atingida, outra
na iminência", disse. "O governo está à
disposição das prefeituras locais para qualquer
providência que porventura julguem necessária.
Não tive informação de pedido de ajuda ainda."
Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
ROMPIMENTOS
No início deste ano, em janeiro, o rompimento de
uma barragem da mineradora Vale, em
Brumadinho, deixou mortos e causou destruição
no município de Minas Gerais.
Nesta semana, a Justiça Estadual de Minas
Gerais condenou a mineradora a reparar
prejuízos causados pelo rompimento.
O desastre, considerado um dos mais trágicos da
história da mineração brasileira, deixou 247
mortos e 23 desaparecidos, num total de 270
vítimas. Esta é a primeira condenação da
mineradora relacionada a esta tragédia.
A decisão foi proferida na terça-feira (9) pelo juiz
Elton Pupo Nogueira, da 6ª Vara da Fazenda
Pública e Autarquias. Na decisão, o magistrado
condenou a Vale a reparar os prejuízos
provocados pela tragédia.
Colaborou Gustavo Uribe, de Brasília
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/0
7/barragem-rompe-na-bahia-e-familias-sao-
retiradas-de-suas-casas.shtml
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Data: 12/07/2019
29
Grupo de Comunicação
Helder Barbalho sanciona lei acusada de
facilitar grilagem
Fabiano Maisonnave
Com poucas alterações, o governo do Pará,
Helder Barbalho (MDB) sancionou nesta segunda-
feira (8) uma nova lei de terras que, segundo
especialistas, movimentos sociais e o Ministério
Público Federal, facilita a grilagem e estimula o
desmatamento.
A lei 8.878 prevê as regras de regularização
fundiária das terras públicas estaduais
paraenses. São 21,4 milhões de hectares sem
definição fundiária, uma área pouco maior do que
o estado do Paraná, segundo nota técnica da
ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia).
“A lei possibilita a privatização de florestas
públicas estaduais e deixa a porta aberta para
regularização de futuras ocupações de terras do
estado. Além disso, vai regularizar áreas
ocupadas para especulação [sem atividade
produtiva, sem morada permanente] a preços
muito abaixo do mercado”, afirma a
pesquisadora Brenda Brito, do Imazon.
“Todos esses pontos fazem com que essa lei
possa estimular a continuação do desmatamento
ilegal e do roubo do patrimônio fundiário da
sociedade. Esse quadro é ainda mais
preocupante devido à falta de transparência das
ações de regularização fundiária no Iterpa
[Instituto de Terras do Pará]”, completa.
Uma das mudanças mais polêmicas é a que torna
legítimos ocupantes de áreas rurais pessoas
físicas ou jurídicas “que pretendam exercer
atividades agrárias em terras do estado”. Antes,
era preciso ter morada permanente e já exercer
atividade agrária antes de ser regularizado.
Em nota técnica no final de junho, a Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão do MPF afirmou
que "parte considerável do patrimônio fundiário
do estado passará para mãos privadas com
possibilidade de preço até nove vezes inferior ao
do mercado de terras, sem grande expectativa
de contrapartida social e ambiental”.
Entidades como o MST e a CPT (Comissão
Pastoral da Terra) também têm criticado o teor
da lei e a falta de debate —o projeto de lei foi
aprovado a toque de caixa na Assembleia.
A reportagem solicitou nesta quarta-feira (10)
uma entrevista com um dos idealizadores da lei,
o presidente do Iterpa, Bruno Kono, mas ele não
respondeu ao pedido. No final de junho, a Folha
já havia tentando entrar em contato para falar do
assunto, também sem sucesso.
Barbalho vetou incisos que possibilitavam
legitimar títulos de posse antigos, que já
estavam sem validade jurídica.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0
7/helder-barbalho-sanciona-lei-acusada-de-
facilitar-grilagem.shtml
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Bolsonaro diz que discute com
governadores revisão de áreas de
preservação
Gustavo Uribe
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-
feira (11) que tem discutido com governadores
do país a revisão de unidades de preservação
ambiental.
Em café da manhã com a bancada evangélica, no
Palácio do Planalto, ele citou como exemplo a
estação ecológica de Tamoios, na região de
Angra dos Reis. Bolsonaro foi multado, em 2012,
por pesca nesta área protegida. A multa
prescreveu e nunca foi paga pelo presidente.
O plano do Palácio do Planalto é transformá-la
em um balneário turístico, como Cancún, no
México. "No Rio de Janeiro, a gente quer, com
dinheiro de fora, transformar a baia de Angra dos
Reis em uma Cancún. Mas o decreto que
demarcou a estação ecológica só pode ser
derrubado por uma lei", disse.
A ideia de Bolsonaro de reduzir tamanho ou
proteção de unidades de conservação, porém,
encontra resistência em decisão do ano passado
do STF (Supremo Tribunal Federal). O
entendimento, por unanimidade, do tribunal é
que a redução de áreas protegidas por medidas
provisórias é inconstitucional. Isso quer dizer que
qualquer alteração só pode ser feita por lei,
seguindo, dessa forma, o rito necessário no
Congresso.
O presidente relatou ter conversado sobre o
assunto com os governadores do Goiás, Ronaldo
Caiado, e do Pará, Helder Barbalho.
"Nós estamos conversando com vários outros
governadores no sentido de nos unirmos e
desmarcar muita coisa que foi feita por decreto
no passado para poder fazer com que o estado
possa prosseguir", disse.
A afirmação do presidente, contudo, não
encontra respaldo em dados. A área agropecuária
do Brasil é a terceira maior no mundo, atrás
somente de China e Estados Unidos, ocupando
cerca de 34% do território do país —valor
próximo à média mundial, de 37%—, segundo
dados do Observatório do Clima.
A reclamação sobre a quantidade de áreas
protegidas —que tem sido constante desde o
início de Bolsonaro à frente da Presidência—
também não encontra base em dados mundiais.
O Brasil tem cerca de 30% do seu território
destinado a áreas de proteção (unidades de
conservação e terras indígenas). A Alemanha,
uma das doadoras do Fundo Amazônia —que
está sob ataque o ministro do Meio Ambiente
Ricardo Salles— tem 38% de seu território
protegido.
Recentemente, o presidente francês, Emmanuel
Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel,
questionaram o presidente brasileiro sobre o
crescimento do desmatamento no Brasil. De volta
ao Brasil, em café da manhã com a bancada
ruralista, Bolsonaro disse que as autoridades
europeias não teriam autoridade para discutir
políticas ambientais para o Brasil.
Através do Fundo Amazônia, que corre o risco de
acabar, a Alemanha já doou ao Brasil cerca de R$
192 milhões para serem investidos em combate
ao desmatamento.
As afirmações de Bolsonaro de que as áreas
protegidas atrapalham a produção também não
levam em consideração os chamados serviços
ecológicos prestados pelas florestas —como
regulação de chuvas—, o que tem impacto direto
em atividades agropecuárias e em geração de
energia.
Estudo de 2018, publicado na revista Nature,
mostrou que, em algumas áreas da Amazônia, os
serviços ecológicos prestados pela floresta
poderiam ser quantificados em cerca de US$ 700
(quase R$ 2.600) por ano por hectare.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0
7/bolsonaro-diz-que-discute-com-governadores-
revisao-de-areas-de-preservacao.shtml
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Data: 12/07/2019
31
Grupo de Comunicação
Jovem de 13 anos lidera projeto para limpar
afluente do Araguaia
Patricia Pamplona
Foi após um incêndio na chácara em que morava
com a sua mãe na área rural de Araguatins, a
618 km de Palmas, que Rhenan Cauê, 13,
descobriu a vocação e a preocupação com o
ambiente. “Fiquei bastante emocionado em ver
os animais saindo de dentro da floresta. A
tristeza dentro dos olhos deles me transformou.”
Natural de Conceição do Araguaia (PA), o jovem
se aproximou da natureza justamente ao se
mudar para o Tocantins. Seis anos após o
episódio, já habitante da área urbana, precisou
elaborar um projeto para concorrer como
representante de sua escola na etapa regional da
Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente.
Rhenan desenvolveu, então, uma proposta de
revitalização e recuperação do córrego Brejinho,
afluente do rio Araguaia. “Nas minhas pesquisas,
observei que o córrego Brejinho fez bastante
parte da vida dos moradores, corta a cidade e
deságua no Araguaia, uma das principais bacias
hidrográficas do Brasil.”
A ação incluía um mutirão de limpeza das
margens, uma audiência pública com autoridades
e moradores e o plantio de mudas. Para
concretizá-la, no entanto, era preciso conseguir
apoiadores.
“Como a cidade é pequena, deu para ir de porta
em porta, e consegui parceria com Corpo de
Bombeiros, Polícia Civil, Polícia Ambiental, outras
escolas, órgãos como a Naturatins [Fundação
Natureza do Tocantins].”
Com esses parceiros, organizou uma carreata
que convidou a população para o mutirão
realizado na sequência. O próximo passo foi a
audiência pública, que discutiu o andamento do
projeto. “Com isso, conseguimos o isolamento da
área para o plantio das mudas.”
Sua capacidade de mobilização e liderança, bem
como sua iniciativa, chamaram a atenção durante
a conferência, e Rhenan foi escolhido como
delegado para representar sua escola na etapa
estadual. Foi para Palmas concorrer com mais de
180 escolas e ficou entre os 12 escolhidos para ir
a Sumaré, no interior de São Paulo, para uma
jornada de aprendizado com Edgard Gouveia.
Gouveia é fundador do programa Guerreiros Sem
Armas, que incentiva jovens a serem
mobilizadores e articuladores. O empreendedor
social da rede Ashoka também é a cabeça por
trás da Oásis, uma metodologia de brincadeiras
sociais que engaja os mais novos.
“Ele ensinou um modo de realizar tarefas
importantes dos projetos de forma alegre, ou
seja, lidar com problemas críticos da nossa
sociedade, só que de forma divertida”, conta
Rhenan sobre os aprendizados com Gouveia.
Ao voltar para o Tocantins, sua trajetória de
mobilizador ganhou ainda mais impulso. O
empreendedor social lançou um projeto chamado
Primavera X, como uma forma de dar sequência
aos ensinamentos da conferência.
Essa iniciativa funciona como uma gincana, em
que os jovens precisam realizar missões que
mostrem suas habilidades como mobilizadores.
Mais uma vez Rhenan se destacou, e Gouveia o
indicou para o programa Jovens Transformadores
da Ashoka.
A iniciativa da ONG identificou, no Brasil, dez
adolescentes de 13 a 20 anos que lideram
causas, projetos e ações que impactam
positivamente a sociedade brasileira. O líder do
programa no mundo, Yashveer Singh, disse à
Folha que essa é a melhor idade para se
trabalhar o desenvolvimento de seres humanos
Data: 12/07/2019
32
Grupo de Comunicação
transformadores –identificados pela Ashoka como
changemakers.
“O segundo desenvolvimento biológico da nossa
mente e de nossas habilidades acontece entre 13
e 19 anos. Se alguém se tornar um
transformador nessa idade, a chance de
continuar sendo para o resto de suas vidas é
muito alta”, afirmou Singh.
Um desses jovens reconhecidos foi Rhenan. Além
de conseguir mobilizar um município para a
importância de manter limpas as margens do
córrego que corta a cidade, o projeto sob sua
liderança ganhou tal forma que deve transformar
o Brejinho em um parque ecológico “para toda a
população voltar a utilizar a beleza dele”.
Do programa, ele espera aprimorar habilidades
que já demonstrou possuir. “Quero me
aperfeiçoar e aprender a ser como um
mobilizador melhor porque a gente nunca é
perfeito.” E para construir um “mundo belo para
as próximas gerações que virão”, ele não tem
dúvidas de quem deve tomar a frente. “Quem
deve arrumar a bagunça que fizemos no meio
ambiente somos nós mesmos.”
https://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsoc
ial/2019/07/jovem-de-13-anos-lidera-projeto-
para-limpar-afluente-do-araguaia.shtml
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Mônica Bergamo: Votação da reforma da
Previdência supera expectativas de
apoiadores
Mathilde Missioneiro/Folhapress
A votação da reforma da Previdência, na quarta
(10), surpreendeu o núcleo de parlamentares
mais próximos do ministro da Economia, Paulo
Guedes. Eles trabalhavam com a adesão de 320
a 345 parlamentares.
NO TRANCO
O apoio de boa parte dos deputados do PDT e do
PSB, que começou a ficar mais claro na própria
quarta, foi decisivo para o convencimento de
outros parlamentares de centro que ainda
vacilavam em votar a favor.
APOIO
"O Ciro Gomes ajudou muito", diz Alexandre
Frota (PSL-SP), referindo-se à ameaça do ex-
presidenciável de expulsar correligionários do
PDT caso votassem "nessa proposta elitista" da
Previdência. "Ele acabou estimulando os
rebeldes", afirma.
EM FRENTE
O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou,
em sessão sigilosa na quarta (10), a liberação da
venda das ações do Banco do Brasil e da União
no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil).
LUPA
O órgão decidiu também que acompanhará a
formação do preço mínimo para a venda das
participações.
MAIS UMA
A decisão foi considerada uma vitória do ministro
da Economia, Paulo Guedes, que elegeu o
desinvestimento de estatais como uma de suas
principais bandeiras.
QUERO SABER
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), pode pedir informações à
Polícia Federal e ao Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras) sobre a existência de
uma investigação contra o jornalista Glenn
Greenwald, do The Intercept Brasil.
VINGANÇA
Ele foi sorteado para analisar pedido da Rede
para que qualquer investigação contra Greenwald
seja suspensa. O partido argumenta que o
procedimento, se existir, configura clara
retaliação a Greenwald pela publicação das
mensagens da Lava Jato, que contrariaram o
ministro da Justiça, Sergio Moro.
MURO
O Coaf já foi questionado sobre o assunto pelo
TCU (Tribunal de Contas da União). Mas foi dúbio
nas respostas.
STOP
E a Rede planeja recorrer ao STF e também
mover ação popular na Justiça Federal caso Jair
Bolsonaro confirme a indicação do próprio filho,
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada
dos EUA.
O banqueiro Alfredo Setubal, o professor José
Miguel Wisnik, o editor Luiz Schwarcz, a
estudante Luciana Lage, a professora Dora da
Cunha, a escritora Janaína da Cunha e a
curadora da Festa Literária de Paraty (Flip),
Fernanda Diamant, no coquetel de abertura do
evento.
ASSIM, NÃO
O projeto do governo de limitar a atuação de
conselhos profissionais enfureceu a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil). Entre outras medidas,
a iniciativa tira a obrigatoriedade de adesão dos
profissionais e limita poderes das entidades.
PEDRA
A OAB, que tem hoje 1,2 milhão de inscritos,
acredita que o movimento visa ao
enfraquecimento da ordem e, como
consequência, a invasão de bancas estrangeiras
no país.
PEDRA 2
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz,
procurou o Ministério da Economia para avisar
que abrirá uma batalha sem tréguas contra a
ideia.
QUERO...
Aldo Valentim pediu para ser exonerado do cargo
de secretário-adjunto da Secretaria Municipal de
Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Cultura de SP porque “não acredita em políticas
de eventos”. “O papel da secretaria é trabalhar e
fomentar a cultura da cidade inteira,
principalmente da periferia. E não ser uma
agência e produtora de shows”, diz.
... SAIR
“São várias discordâncias irreconciliáveis [com o
titular da pasta, Alê Youssef]. Espero que um dia
SP volte a ter um secretário de cultura e não um
produtor de eventos”, afirma Valentim.
CRÍTICAS
A pasta diz que “como ocorre habitualmente em
casos de demissões de profissionais em cargos
de confiança, Aldo Valentim deixa a função,
muito provavelmente, contrariado”. Não seria
"novidade que, em situações como esta, tal
contrariedade traduza-se em críticas aos projetos
nos quais ele próprio teve participação
importante”.
DIREÇÃO
A secretaria afirma que nos “seis meses em que
integrou a equipe, Valentim participou dos
processos de mudança de direção que a atual
SMC propôs-se a fazer pela cidade e pela cultura,
voltando seu olhar para projetos que
representam a democratização e a valorização da
cultura, espinha dorsal desta Secretaria”.
À MESA
O ministro da Secretaria de Governo da
Presidência, general Luiz Eduardo Ramos,
participa de almoço do Lide no dia 19 deste mês,
em SP.
Euclides da Cunha, uma árvore, muitos frutos
“Euclides da Cunha é uma grande árvore da
cultura, e nós somos as ramificações”, diz
Janaína da Cunha, 47, escritora e bisneta do
autor. Ela e a prima, Dora da Cunha, 62, com a
filha Luciana Lage, 32, trineta de Euclides,
estiveram no brinde de boas-vindas da Flip, na
quarta-feira (10).
“Se um dia eu produzir na vida 2% do que ele
fez, estou feliz”, afirma Luciana, que estuda
pedagogia. Ela não tem o sobrenome do escritor
por escolha da mãe. “Na escola eu tinha muito
orgulho de falar do meu trisavô, mas achavam
que estava mentindo”, conta, rindo.
“Costumamos dizer que puxamos o gênio forte
do Euclides. Dizem que não temos papas na
língua. E a gente fala mesmo. Tá no sangue”,
emenda.
A conversa esquenta quando a política vira
assunto. “Quase excluí a Janaína do meu
Facebook [em 2018]. A minha mãe eu cheguei a
bloquear, mas voltei atrás”, conta Luciana, que
votou em Fernando Haddad (PT). Para ela,
Euclides seria crítico do presidente Jair Bolsonaro
(PSL) e atacaria as medidas do governo.
“Discordo. Se fosse contra, ele não ia atacar.
Pensaria no país em primeiro lugar”, avalia
Janaína, que apoiou Bolsonaro. “Se a gente
boicotar [o atual presidente], acabamos
boicotando nós mesmos e o nosso progresso.”
“Temos que fazer o exercício de democracia
dentro da família. Eu apoio o Brasil”, completa
Janaína. “Se você apoiasse o Brasil, nem teria
votado”, ironiza Luciana.
“Na viagem a gente já tava vendo que ia ter
briga no quarto”, segue ela, rindo. “É por isso
que combinamos de evitar falar sobre política.”
CURTO-CIRCUITO
Estreia nesta sexta (12) a peça “Diana”, com
dramaturgia e atuação de Celso Frateschi. e
direção de Rudifran Pompeu. No Teatro Mínimo,
no Sesc Ipiranga.
A atriz Simone Zucato apresenta a peça “Sylvia”,
no Teatro das Artes.
com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI e
VICTORIA AZEVEDO; colaborou GABRIEL RIGONI
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabe
rgamo/2019/07/votacao-da-reforma-da-
previdencia-supera-expectativas-de-
apoiadores.shtml
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Julio Abramczyk: Sanidade agropecuária em
debate no Instituto Biológico
A 17ª edição do Congresso de Ciências Agrárias,
Biológicas e Ambientais será realizada no
Instituto Biológico de São Paulo (av. Conselheiro
Rodrigues Alves, 125, tel. 5087-1722) de 10 a 12
de setembro.
Entre os temas a serem abordados estão a
sanidade animal e vegetal, a proteção ambiental,
pragas urbanas, história da ciência, recursos
humanos e gestão de qualidade nos laboratórios
de pesquisa das instituições públicas.
Também serão tema de discussão a
nanotecnologia na agricultura, tendências da
agricultura digital, internet das coisas (“internet
of things”) e melhoramento genético animal e
vegetal.
O Instituto Biológico foi criado em 1927 para
estudar e divulgar conhecimentos na área
agropecuária. Quando o cientista brasileiro
Henrique da Rocha Lima (descobridor da causa
do tifo, na Alemanha, durante curso de pós-
graduação) retornou ao Brasil, assumiu em 1933
a direção da instituição.
Em sua gestão, o Instituto Biológico transformou-
se em importante centro de formação de
cientistas. Vários de seus estagiários se
destacaram na área das ciências, como Otto Bier
e José Reis, quando ainda estudantes de
medicina, no Rio.
Otto Bier assumiu a cátedra de microbiologia da
Escola Paulista de Medicina/Unifesp e publicou o
livro "Bacteriologia e Imunologia", adotado nas
principais escolas médicas da América do Sul.
O Instituto Biológico editou o "Tratado de
Doenças das Aves", de José Reis e Paulo
Nóbrega, de repercussão internacional.
José Reis criou na instituição a área da
divulgação científica e escreveu na Folha por
longos anos. Considerado um pioneiro nesta
área, o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) criou o
Prêmio José Reis de Divulgação Científica em sua
homenagem.
Também fez parte do Instituto Biológico a
famosa aviadora paulista Ada Rogato, que
participou da introdução pioneira na técnica de
pulverização aérea para o controle das
parasitoses da lavoura em nosso meio.
Julio Abramczyk
Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação
Científica) e J. Reis de Divulgação Científica
(CNPq).
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/julioabra
mczyk/2019/07/sanidade-agropecuaria-em-
debate-no-instituto-biologico.shtml
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Data: 12/07/2019
36
Grupo de Comunicação
Carlos Vogt e Mariluce Moura : A ciência
ainda não faz parte da cultura brasileira
Oswaldo Cruz morreu em 11 de fevereiro de
1917, há pouco mais de 102 anos. Alberto
Santos Dumont, quase 87 anos atrás, em 23 de
julho de 1932. Espanta, assim, que os dois, ao
lado do astronauta Marcos Pontes, atual ministro
da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações, tenham sido os mais citados
quando se perguntou recentemente a jovens
brasileiros, de 15 a 24 anos, que nomes de
cientistas brasileiros lembravam.
Mais: só 5% dos 2.206 entrevistados que
compuseram a amostra dessa população juvenil
do país, em 21 estados e no Distrito Federal,
apresentaram algum nome —93% deles, de
pronto, não sabiam nenhum.
Essa pergunta, na verdade, vem sendo feita há
bastante tempo em levantamentos de percepção
pública de ciência e tecnologia no Brasil. No início
deste ano, foi repetida em pesquisa do Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia em
Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia,
ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
divulgada em 24 de junho passado.
De caráter pioneiro relativamente à faixa etária
para a qual se voltou, sua metodologia foi similar
à de levantamentos para o conjunto da
população acima de 16 anos feitos pelo então
Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Centro
de Gestão e Estudos Estratégicos em 2006, 2010
e 2015. E, lamentavelmente, a indagação sobre
nomes de cientistas não trouxe respostas muito
distintas das obtidas anteriormente. Mesmo das
obtidas em "surveys" da década de 1980 e do
ano 2000.
Olhado mais de perto, entretanto, o espanto
inicial ante o fato de mesmo os poucos jovens
aparentemente mais informados só serem
capazes de identificar como cientistas um
astronauta ou figuras notáveis que viveram dez,
nove décadas atrás —intervalo de tempo que
configura um remotíssimo passado no imaginário
juvenil— cede lugar à percepção de que suas
referências são endereçadas a personagens que
já entraram na cultura popular.
Figuras intensa e longamente trazidas à cena por
formas narrativas tão atraentes quanto as
charges e as histórias em quadrinhos, por
exemplo. Refletem, assim, um interesse difuso
nessa espécie de ente nebuloso chamado ciência,
que paira no ar ou no imaginário social, sem
vínculo com um chão concreto, sem que se saiba
onde e como se materializa ou quem o parteja.
Em outros termos, a narrativa da ciência
propriamente não ecoa —ou ressoa muito
pouco— na sociedade brasileira, incluindo aí sua
parcela de 15 a 24 anos, mais de 30 milhões de
pessoas. O vasto campo da comunicação da
ciência, sob o qual podemos abarcar da
comunicação científica interpares as muitas
formas de divulgação científica e ao jornalismo
científico, sem encontrar em seu trajeto um
vasto lastro cultural que permita sua real
incorporação ao acervo de saberes da sociedade,
como que se bate contra um cérebro opaco.
Nesse ponto é que forçosamente voltamos à
educação lato sensu. Do ensino formal, a exigir
de forma gritante novas formas de abordagem
capazes de quebrar o desinteresse ante tudo que
não seja rápido, imediato, curto, visual, à
educação mais informal, ligada à exposição
contínua, sistemática, a ambientes apropriados à
formação cultural, sem preconceitos de qualquer
ordem. E ainda que no atual ambiente político do
país constatação dessa ordem leve fácil ao
desânimo e a densos temores é preciso insistir.
Há trabalho duro a ser feito na comunicação da
ciência e em defesa da produção científica, no
Brasil, garantida em 95% pelos grupos de
pesquisa das universidades públicas. Mas não é
menos exigente, ao contrário, o imenso trabalho
a ser feito no campo da educação para que se
possa, afinal, estabelecer um diálogo fecundo
ciência-sociedade, em lugar de nossa já muito
longa conversa de surdos. Para que a ciência faça
parte da cultura brasileira.
Carlos Vogt
Poeta e linguista, presidente do conselho
científico e cultural do Instituto de Estudos
Avançados, da Unicamp, ex-reitor da Unicamp
(1990-1994) e ex-presidente da Fapesp (2002-
2007)
Mariluce Moura
Jornalista, professora titular da Universidade
Federal da Bahia, coordenadora do projeto
Ciência na Rua e criadora e ex-diretora da revista
Pesquisa Fapesp (1995-2014)
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/07/
a-ciencia-ainda-nao-faz-parte-da-cultura-
brasileira.shtml
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Data: 12/07/2019
37
Grupo de Comunicação
O que a Folha pensa: Reforma para todos
Com a reforma da Previdência perto da
aprovação definitiva pela Câmara dos Deputados,
são animadoras as notícias de que no Senado já
se discutem propostas para adequar servidores
estaduais e municipais às novas regras.
Os governos regionais acabaram excluídos do
texto votado na quarta (10) em razão de uma
combinação de mesquinharias políticas.
Governadores de oposição, em especial do
Nordeste, relutaram em apoiar publicamente a
reforma, enquanto parlamentares favoráveis a
ela se recusaram a ajudar administrações de
adversários.
Há meios de reparar o dano, embora o
entendimento partidário possa se mostrar difícil.
Estuda-se a apresentação de uma proposta de
emenda constitucional específica para os demais
entes federativos, de modo a não atrasar a
tramitação do projeto original.
Fato é que em boa parte dos estados as
despesas previdenciárias já ameaçam
diretamente a prestação de serviços básicos à
população.
Segundo estudo da Instituição Fiscal
Independente, órgão consultivo ligado ao
Senado, em 2017 o déficit dos regimes estaduais
chegou a R$ 89 bilhões, valor equivalente a nada
menos de 14,7% da receita.
Em alguns casos, como os de Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o rombo fica
entre 25% e 30% da arrecadação. É absurdo que
tamanha parcela dos recursos disponíveis se
destine a um estrato diminuto da sociedade —
enquanto carências em educação, saúde e
segurança afetam a todos.
Observa-se hoje um óbvio desequilíbrio entre o
número de funcionários que contribuem para a
Previdência e o de inativos. A relação é de
apenas 1,13 para 1, e em pelo menos quatro
estados os aposentados e pensionistas já
superam em quantidade os que estão na ativa.
Corporações influentes, como fiscais de renda,
procuradores e membros do Judiciário continuam
a ignorar restrições orçamentárias. Outras, como
professores e policiais, numerosas e importantes,
gozam de regras mais benevolentes.
Entre 2006 e 2015, o valor da remuneração
média dos servidores estaduais cresceu 50,8%
acima da inflação, ao passo que o benefício
médio pago aos inativos subiu 32,7%. Em muitos
casos ainda se permitem integralidade
(aposentadoria com o último salário) e paridade
(correções de benefícios equivalentes às dos
salários da ativa).
Com déficits explosivos e serviços em colapso,
não há mais espaço para subterfúgios. O mais
simples e rápido é incluir todos os entes
federativos na reforma nacional. Caso não seja
possível, os Executivos e Legislativos locais
precisam enfrentar o problema.
Em qualquer hipótese, os governadores,
especialmente os de oposição, devem se dedicar
mais a expor publicamente a situação de suas
contas e a urgência dos ajustes.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/07/
reforma-para-todos.shtml
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Data: 12/07/2019
38
Grupo de Comunicação
ESTADÃO ‘Florestas de Papel’ da PF combate
exploração ilícita de 8 mil caminhões de
madeira na Amazônia
Pepita Ortega
Floresta Amazônica. Foto: Herton Escobar /
Estadão
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta
sexta, 12, a Operação Florestas de Papel, para
desarticular um esquema de exploração ilegal de
madeiras na região amazônica que envolveu 22
madeireiras entre 2014 e 2017. Mais de 91 mil
metros cúbicos de madeira serrada teriam sido
‘regularizados’ mediante fraude. Tal montante
equivaleria a 120 mil toras, o suficiente para
carregar cerca de 8 mil caminhões, informou a
PF.
São cumpridas nesta manhã mais de 70 medidas
judiciais – prisões preventivas, temporárias,
mandados de busca e apreensão e de suspensão
de atividade econômica – expedidas pela 4ª Vara
da Seção Judiciária de Roraima.
As ações acontecem em Roraima, Mato Grosso,
Amazonas, Maranhão e Pará e contam com a
participação de mais de 150 policiais federais.
Segundo a Polícia Federal, os crimes foram
apurados por seis inquéritos policiais, conduzidos
com apoio do Ministério Público Federal.
As investigações apontam que empresários
cometeram diversos tipos de fraudes no SISDOF,
sistema do Ibama que gerencia a expedição dos
Documentos de Origem Florestal (DOF), para dar
‘aparência de legalidade’ ao comércio e
movimentação de madeiras.
De acordo com a Polícia Federal, dentre as
espécies extraídas ilegalmente pelas madeireiras
estariam Ipês, Cedros, Maçarandubas, Aroeiras e
Jacarandás. No mercado, o valor das madeiras
poderia chegar a R$ 80 milhões, indicou a PF.
O esquema utilizava empresas de fachada para
conseguir ou utilizar Documentos de Origem
Florestal – licenças obrigatórias para o controle
do transporte e armazenamento de produtos e
subprodutos florestais de origem nativa, como
toras de madeira e madeira serrada.
Segundo a PF, os documentos ‘esquentavam’
madeiras retiradas ilegalmente simulando
extrações e operações de compra e venda de
unidades entre as empresas do esquema.
Alguns sócios das madeireiras seriam laranjas
dos reais proprietários, indicou a Polícia Federal.
A maior parte das empresas investigadas estão
localizadas no sul de Roraima.
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-
macedo/florestas-de-papel-da-pf-combate-
exploracao-ilicita-de-8-mil-caminhoes-de-
madeira-na-amazonia/
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Fundo para Infraestrutura em São Paulo
Sergio Victor*
Um dos gargalos estruturais da economia
brasileira ao lado da complexa carga tributária e
da burocracia, é a falta de poupança interna para
investimentos, também conhecida como taxa de
formação bruta de capital fixo. Ao longo dos
últimos vinte anos a taxa de investimento sobre
o PIB vem oscilando, ao sair de uma média de
2001-2010 de 18,2% para 20% entre 2011-2015
e entre 2016-2018 para 15,4% e no primeiro
trimestre de 2019 estabilizamos em 15,5%. Essa
oscilação demonstra na prática a magnitude da
insegurança do ambiente de negócios do país,
corriqueiramente associada a visão de uma
montanha russa uma vez que a economia
brasileira variou de um crescimento do PIB de
7,5% em 2009 para -3,3% em 2016.
Dado isso, quanto mais instável for a taxa de
investimento de uma economia, pior será o
desempenho do investimento em infraestrutura
para um país como o nosso. De acordo com um
estudo da Fiesp (Federação das Indústrias de São
Paulo) com base em dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.), os
investimentos em infraestrutura caíram 20%
entre 2014 e 2017. O ano de 2018 foi pior, com
apenas 0,4% do PIB investido em infraestrutura,
o menor percentual em 10 anos.
O Estado de São Paulo também não foi melhor,
segundo dados da Secretaria da Fazenda em
2018 apresentou o menor investimento em
“obras e instalações” desde 2010, cerca de 3,9
bilhões de reais. Em que pese o fato do êxito das
concessões para as rodovias estaduais, iniciado
nos anos 90, não conseguimos concluir os atuais
projetos para novas rodovias, como o contorno
da Tamoios no litoral norte ou mesmo o
complexo do rodoanel Mario Covas que se arrasta
por quase trinta anos. Quando olhamos para os
outros modais de logística a situação também
não é diferente, com investimentos não
contínuos ou com obras em ritmo lento como a
tímida expansão do metrô na capital.
De maneira prática o governo estadual tem
pouca margem de manobra para investimentos
no orçamento, devido aos gastos obrigatórios,
com ativos e inativos e serviço da dívida e o fato
da economia estar em retomada lenta também
não contribui para o aumento da receita
tributária. Os bancos de fomento do estado
também possuem limites para englobar todos os
programas de desenvolvimento econômico
previstos para os próximos anos. Tudo isso
implica em uma combinação perigosa de má
alocação de recursos escassos tanto na cobertura
da depreciação dos aparelhos públicos de
infraestrutura, como no investimento de novos
projetos de infraestrutura.
Somente para o quadriênio de 2019-2022 o
governo estadual prevê obras de cerca de 160
bilhões de reais em diversos projetos de
transporte, mobilidade, saneamento, energia,
habitação entre outros. Com isso não há dúvida
alguma da necessidade de um emprego maior do
pragmatismo no uso dos recursos dos impostos
pagos. A questão é como fazer isso sem cair na
lentidão da burocracia das obras públicas ou dos
efeitos dos calendários eleitorais políticos, uma
vez que muitas obras ultrapassam os tradicionais
períodos de quatro anos.
Uma solução que já é usada em vários países é a
estruturação de fundos com recursos dos
royalties do petróleo para financiar grandes obras
de infraestrutura. Países como Kuwait, Catar,
Cingapura, China e Noruega. É correto lembrar
que o governo brasileiro implementou um fundo
soberano em 2008 com recursos provenientes do
petróleo, porém seus recursos foram
desmobilizados ao longo dos últimos anos para
abater a dívida pública ou custeio da máquina
administrativa. No caso dos países citados, a
aplicação dos fundos soberanos diverge de
acordo com a realidade de cada país, a Noruega,
que possui o maior fundo do mundo com ativos
de quase 1 trilhão de dólares, paga a seguridade
social com os recursos do fundo, já os países do
oriente médio e Ásia financiam seus grandes
projetos de infraestrutura com as receitas do
fundo.
Em 2019 espera-se que o montante oriundo de
royalties de petróleo no estado de São Paulo seja
de R$ 5 bilhões – valor este maior do que os 3,9
bilhões de 2018 – e seguirá em viés de alta pelos
próximos anos, dado que os campos de pré-sal
no estado ainda não atingiram a sua maturidade.
Desse modo os royalties são uma alternativa real
e mais estável do que o orçamento engessado
em si. Com isso vale o esforço para montarmos
um fundo estadual com recursos oriundos de
royalties de petróleo e que seja dedicado
inteiramente a expansão e manutenção contínua
da infraestrutura estratégica. Assim como ocorre
na Noruega, a administração do fundo fica a
Data: 12/07/2019
40
Grupo de Comunicação
cargo de um gestor privado, escolhido por
licitação pública e que será remunerado pelo
retorno dos valores aplicados. É evidente que
este montante não resolve a curto prazo o déficit
de investimento em transportes, saneamento,
energia, etc mas a constituição do fundo é só o
começo, garantindo um lastro mínimo
acumulativo anual, permitindo que as políticas de
desenvolvimento econômico do estado tenham
continuidade, resultando em crescimento e
prosperidade a sociedade em geral.
*Sergio Victor é deputado estadual pelo Novo e
presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia,
Inovação e Informação da Assembleia Legislativa
de São Paulo
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-
macedo/fundo-para-infraestrutura-em-sao-paulo/
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Data: 12/07/2019
41
Grupo de Comunicação
Fazendeiro monta armadilha para javali e
captura onça em Jales (SP)
- São Paulo - Estadão
José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo
SOROCABA – Um fazendeiro montou uma
armadilha para capturar javalis e acabou
capturando uma onça-parda, nesta quarta-feira,
10, na zona rural de Jales, interior de São Paulo.
Ao se deparar com o felino, um espécime macho,
adulto, pesando cerca de 60 quilos, se debatendo
na pequena jaula, o ruralista viu-se obrigado a
acionar a Polícia Ambiental. O homem acabou
sendo multado por não ter autorização dos
órgãos ambientais para o uso de armadilha na
caça de javalis.
Os agentes precisaram usar uma gaiola especial
para retirar a onça em segurança da armadilha
Foto: Polícia Ambiental/Divulgação
Os agentes precisaram usar uma gaiola especial
para retirar a onça em segurança da armadilha.
Depois de ser avaliado em suas condições de
saúde, o felino foi levado de caminhonete e solto
em uma área de mata da região. A identidade do
ruralista e o valor da multa não foram
informados.
Apesar de ter se adaptado aos novos
ecossistemas paulistas, como o dos canaviais, a
onça-parda, também conhecida como suçuarana
ou puma, passou a ser considerada vulnerável na
última lista de animais ameaçados do Brasil, feita
em 2014 pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além
da caça, o felino é vítima das queimadas em
lavouras de cana-de-açúcar e de atropelamentos
em rodovias
https://sao-
paulo.estadao.com.br/noticias/geral,fazendeiro-
monta-armadilha-para-javali-e-captura-onca-em-
jales-sp,70002918944
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Data: 12/07/2019
42
Grupo de Comunicação
Executivos da Vale conseguem evitar
acareação em CPI da barragem
- Brasil - Estadão
BELO HORIZONTE - Quatro executivos da Vale
conseguiram habeas corpus na Justiça de Minas
Gerais para não participar de acareação que seria
realizada nesta quinta-feira, 11, na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia
Legislativa que investiga o rompimento da
barragem da mineradora em Brumadinho, na
Grande Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro.
Cinco meses e meio depois da tragédia, a Defesa
Civil do Estado confirma a morte de 248 pessoas
por causa da ruptura da estrutura. Outras 22
seguem desaparecidas. As buscas por corpos
continuam na área atingida pela lama que vazou
da estrutura.
Barragem de rejeitos de ferro pertencente à Vale
se rompeu em Brumadinho, na região
metropolitana de Belo Horizonte, no dia 25 de
janeiro de 2019 Foto: Wilton Júnior/ Estadão
A acareação seria feita entre os executivos
Cristina Malheiros, Renzo Albieri Guimarães
Carvalho, César Augusto Grandchamp e Artur
Bastos Ribeiro, envolvidos com o monitoramento
e segurança da barragem que se rompeu, e o
funcionário da mineradora há 18 anos Fernando
Henrique Barbosa Coelho, que à época da
tragédia era operador mecânico.
Em depoimento anterior à CPI, Barbosa Coelho
afirmou que seu pai, Olavo Coelho, morador da
região com profundo conhecimento sobre a
barragem, teria sido chamado seis meses antes
do rompimento pela empresa para dar opinião
sobre a situação da represa. A resposta do pai a
representantes da Vale, segundo o operador
mecânico, teria sido de que a barragem tinha
vazamentos, com danos irreversíveis, e que
poderia se romper. Olavo Coelho está entre as
vítimas da tragédia.
Todos os executivos da mineradora beneficiados
pelo habeas corpus afirmaram, também à CPI,
que a estrutura não apresentava sinais de que
poderia ruir.
A defesa dos executivos da Vale Cristina
Malheiros, Renzo Albieri Guimarães Carvalho e
Artur Bastos Ribeiro, no pedido de habeas
corpus, alegam, conforme consta no relatório da
decisão, que, "como testemunha ou investigado,
os pacientes fazem jus a duas garantias
constitucionais, a saber: o direito de
permanecerem em silêncio e o direito de não se
auto incriminarem. Diante disso, requerem o
deferimento da liminar, com a expedição de salvo
conduto, para que seja garantido aos pacientes o
direito de não comparecerem à sessão". Do
grupo, três executivos têm um mesmo advogado,
Marcelo Leonardo. Já Grandchamp tem Leonardo
Salles como defensor, segundo a assessoria da
relatoria da CPI.
Com os habeas corpus, a sessão da CPI foi
aberta e o funcionário da mineradora Barbosa
Coelha apenas reafirmou o depoimento prestado
anteriormente.
A Vale confirmou, em nota, conforme já
declarado por executivos da empresa em
depoimentos à CPI, que "disponibiliza assessoria
jurídica a seus empregados afastados por se
tratar de uma investigação de fatos ocorridos no
exercício de suas atividades profissionais".
No entanto, o posicionamento de ir ou não às
sessões da comissão, segundo a Vale, não parte
da empresa. "Tais decisões, bem como qualquer
outra decisão de natureza jurídica, cabem
exclusivamente aos empregados e suas
respectivas defesas técnicas, que sempre
atuaram e continuarão atuando com total
distanciamento, independência e autonomia
decisória."
https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,exec
utivos-da-vale-conseguem-evitar-acareacao-em-
cpi-da-barragem,70002918436
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Data: 12/07/2019
43
Grupo de Comunicação
Barragem transborda na Bahia e obriga
moradores a deixar suas casas
- Brasil - Estadão
Barragem se rompe na Bahia e obriga moradores
a deixar suas casas
Fortes chuvas que caíram na região contribuíram
para o rompimento da barragem do Quati em
Pedro Alexandre, na Bahia. Água e lama
atingiram o município de Coronel João Sá Foto:
Junior Nascimento /Prefeitura Coronel João Sá
SÃO PAULO e SALVADOR – Após fortes chuvas,
uma barragem de água transbordou no distrito
de Quati, em Pedro Alexandre (BA), na manhã
desta quinta-feira, 11. A correnteza alagou pelo
menos 157 imóveis na região, obrigou cerca de
500 pessoas a saírem de casa e também
interditou uma rodovia federal. Não há registro
de mortos ou feridos.
A barragem fica a 440 km de Salvador, perto da
divisa da Bahia com Sergipe. Nesta quinta mais
cedo, a Defesa Civil local havia informado o
rompimento da barragem, mas a
Superintendência de Defesa Civil da Bahia
(Sudec) disse que o excesso de precipitação
provocou, na realidade, um “galgamento”,
quando a água transborda da parede do açude.
“Não há rompimento”, afirmou o superintendente
adjunto Vitor Gantois, da Superintendência de
Defesa Civil da Bahia (Sudec). “Há rachaduras
nas laterais, que ainda não conseguimos
vistoriar.”
Segundo a coordenadora da Defesa Civil de
Pedro Alexandre, Carla Leão, a chuva atingiu
cerca de 100 milímetros em 24 horas na região.
“Desde as 7h20 nós já estávamos avisando a
população da região. Fomos avisando via internet
e ligando para que os moradores deixassem as
residências.”
Segundo os relatos, a água não chegou de uma
vez, o que permitiu que os moradores deixassem
as casas a tempo. Em alguns casos, foi possível
até recolher alguns objetos de valor, como
computadores, mas nem todos tiveram essa
chance. “Muita gente perdeu os móveis”, contou
a lavradora Sirleide da Silva.
Conforme a Defesa Civil, sete casas nos
povoados de Quati e Boa Sorte ficaram
inundadas pela quantidade de água e lama. A
área mais atingida, porém, foi uma parte da
cidade vizinha, Coronel João Sá, onde pelo
menos 150 imóveis foram atingidos.
A cidade decretou situação de emergência e
deslocou cerca de 500 moradores para cinco
escolas municipais. Segundo a Prefeitura de
Coronel João Sá, uma idosa que mora em uma
das ruas alagadas quase se afogou, mas os
bombeiros conseguiram resgatá-la a tempo.
“A prioridade, no momento, é fornecer
assistência às pessoas: colchão, cobertores,
mantimentos, água e roupas”, disse Carlinhos
Sobral (MDB), prefeito da cidade de 17,5 mil
habitantes. Pela manhã, nas redes sociais, Sobral
avisou à população sobre o risco de inundação e
a necessidade de sair das casas.
A água ainda bloqueou a rodovia BR-235, na
altura do km 25, trecho que liga Jeremoabo (BA)
e Carira (SE). Segundo a Polícia Rodoviária
Federal na Bahia, a estrada estava intransitável
nos dois sentidos até a tarde desta quinta. Ainda
segundo a Sudec, a grande quantidade de água e
lama nos acessos atrapalhava nesta quinta o
envio de ajuda e mantimentos.
Responsabilidade
Segundo o governo da Bahia, a barragem foi
construída pela Companhia de Densenvolvimento
e Ação Ragional, vinculada ao Estado, e entregue
em novembro de 2000 à Associação de
Moradores da Comunidade de Quati. É uma
estrutura pequena, com menos de 200 hectares,
e não chega a ser classificada dentro da Lei
Nacional de Barragens.
O governo estadual disse, ainda, que a
responsabilidade sobre a barragem é do
município, uma vez que foi entregue à
comunidade. O Estado não conseguiu contato
com a prefeitura de Pedro Alexandre nesta
quinta.
Data: 12/07/2019
44
Grupo de Comunicação
A Agência Nacional de Águas (ANA) afirmou que
a barragem não consta do Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens
(Snisb) e que, portanto, não tem informação
sobre risco ou dano potencial da sua estrutura.
Por se tratar de uma barragem em rio estadual,
segundo o órgão, a fiscalização desse açude não
compete à ANA, e sim à autoridade competente
na Bahia.
'Aqui nunca havia alagado antes'
Pelas redes sociais, moradores foram avisados do
transbordamento da barragem. “Estava
almoçando quando vi um vídeo do prefeito
pedindo para a cidade ser evacuada”, conta o
professor Seltom Abreu, de 34 anos, dono de
uma escola em Coronel João Sá. "Como a
barragem fica distante, a água não chegou de
uma vez. Foi alagando.”
Dessa forma, deu tempo para que ele e vizinhos
retirassem móveis e computadores. “A primeira
coisa que peguei foram documentos, o que não
daria para recuperar”, afirmou. “Está chovendo
há uma semana. No lugar onde fica a escola,
nunca havia alagado antes", disse ele, no início
da noite, por telefone, enquanto estava no
ginásio para onde foram os desabrigados.
https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,barra
gem-se-rompe-na-bahia-e-obriga-moradores-a-
deixarem-suas-casas-segundo-a-defesa-
civil,70002918327
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Data: 12/07/2019
45
Grupo de Comunicação
Bolsonaro diz que pode revisar áreas de
proteção e 'desmarcar por decreto'
- Sustentabilidade - Estadão
Teo Cury, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PSL)
disse nesta quinta-feira, 11, a parlamentares
evangélicos, durante café da manhã realizado no
Palácio do Planalto, que tem conversado com
governadores para revisar áreas de proteção
ambiental, como a Estação Ecológica de Angra
dos Reis, no litoral fluminense, e "desmarcar
muita coisa por decreto". Ele afirmou aos
parlamentares que há um "aparelhamento" de
legislação.
Café da manhã de Bolsonaro com parlamentares
evangélicos no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse a
parlamentares evangélicos, durante café da
manhã realizado no Palácio do Planalto, que tem
conversado com governadores para revisar áreas
de proteção ambiental Foto: Marcos Corrêa/PR
O presidente voltou a dizer que pretende
transformar a baía de Angra dos Reis em uma
"Cancún brasileira" com "dinheiro de fora".
"Mas o decreto que demarcou a Estação
Ecológica só pode ser derrubado por uma lei.
Conversei com o (Ronaldo) Caiado (governador
de Goiás) neste sentido, com o governador do
Pará (Helder Barbalho) também. Estamos
conversando com vários outros governadores no
sentido de nós nos unirmos e desmarcar muita
coisa por decreto no passado para poder fazer
com que o Estado possa prosseguir", disse.
Angra dos Reis, a 'Cancún brasileira'
Em maio, o presidente já havia afirmado que
pretendia transformar o local onde foi multado
em 2012 por pesca ilegal, em Angra, em uma
"Cancún brasileira". "Hoje em dia o que sobrou
para mim foi a caça submarina. Pretendo
implementá-la ali na região de Angra. Lá é uma
Estação Ecológica demarcada por decreto
presidencial. Estamos estudando nesse sentido,
né, revogar isso aí e abrir aquela área para fazer
um turismo, realmente, que o Brasil merece",
disse na ocasião. "A iniciativa privada vai investir
ali naquela região, e quem sabe nós tenhamos
uma Cancún aqui na baía de Angra brevemente."
https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/
geral,bolsonaro-diz-que-pode-revisar-areas-de-
protecao-e-desmarcar-por-decreto,70002918178
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Data: 12/07/2019
46
Grupo de Comunicação
Perigos de uma campanha precoce
- Opinião - Estadão
A reforma da Previdência e o acordo comercial
com a União Europeia são dois temas que podem
animar a economia. Mas não se pode
superestimá-los. Um trabalho de reconstrução
demanda um trabalho diuturno.
O clima de campanha política não é o melhor
para desenvolver essas tarefas. Bolsonaro falou
duas vezes em concorrer de novo em 2022.
Espera entregar um País melhor em 2026, mas
parece ignorar que passará pelo grande
julgamento no final do primeiro mandato.
O vazamento entrou na campanha. Moro decidiu
por uma saída política, contando com a
ambiguidade: os diálogos podem ou não ser
verdadeiros. Bolsonaro abraçou a Lava Jato com
o mesmo entusiasmo com que levantou a taça da
Copa América.
Duas estratégias podem ser desenhadas. A de
Bolsonaro, manter o apoio, independentemente
do que digam a Justiça e a opinião pública no fim
do processo. Sabe que uma independe da outra e
que a fidelidade popular à Lava Jato se tem
mantido a ponto de ainda ser a melhor escolha
eleitoral. Já a estratégia da esquerda, que
recusou uma autocrítica, conta com o desgaste
da Lava Jato para consagrar a sua tese de que a
operação foi uma grande manobra para derrotá-
la.
Mas o Brasil não se resume a esses dois grandes
blocos. No caso específico da Lava Jato, nem
todos os que a apoiam compartilham as teses
ultrapassadas de Bolsonaro. Assim como nem
todos os que questionam Moro necessariamente
acreditam na inocência da esquerda.
Ainda haverá uma decisão da Justiça baseada
nesses vazamentos. Andará alguns passos. Um
deles é verificar a autenticidade do material. O
outro, creio, é examinar todas as frases dentro
do seu contexto. Isso se for vencida a etapa
inicial: reconhecer ou não as provas obtidas
ilegalmente.
A Lava Jato é, de longe, a mais importante
operação contra o desvio de dinheiro público no
Brasil. Pelo número e pela importância dos
condenados, pelo dinheiro devolvido, pela
repercussão continental na política.
Outro dia viajei com um motorista peruano.
Contei que cobri a eleição de Ollanta Humala
contra Keiko Fujimori. “Pois é, ambos presos”,
comentou.
A operação dispôs-se a realizar seu trabalho sob
a legalidade e submeteu seus principais passos
ao Supremo. Passou por esse teste. Mas agora se
vê diante de um novo desafio. Seus documentos
públicos e oficiais não são escrutinados, mas,
sim, as conversas pessoais colhidas num
aplicativo.
Era uma operação para desmontar uma
organização criminosa, conforme definiu o
próprio ministro Celso de Mello. Depois de
algumas vitórias e alguns embates, não me
surpreende que houvesse um vínculo entre juiz e
promotores conscientes de que estavam lutando
contra algo muito forte.
Diante de uma organização criminosa só seria
eficaz um enfoque sistemático. Não se pode
ignorar que era composta de indivíduos com seus
direitos. Nesse caso, haveria um desvio
autoritário. Mas ignorar que existia uma
quadrilha e que eram mais do que indivíduos
vulneráveis diante do Estado, no meu entender,
é uma visão romântica .
Os sucessivos fracassos das operações anteriores
à Lava Jato esbarraram em procedimentos legais.
Trata-se de operações realizadas no universo
político, em que o filtro é mais rigoroso. Colocam
o problema básico: como combater uma
organização criminosa dentro desse universo, no
qual a grande barreira são o rigor e as filigranas
jurídicas?
Fora do crime político não há grande inquietação.
Os processos contra o PCC, o Comando Vermelho
ou a Família do Norte são desconhecidos nos
detalhes, no seu curso legal, quanto mais nas
trocas de mensagens pessoais dos seus agentes.
Pouco sabemos dos juízes forçados a viver com
escolta armada.
Como as coisas aconteceram num mundo mais
sofisticado, o debate é sobre o Estado de Direito
em sua visão mais rigorosa. Num primeiro e
cauteloso artigo sobre o material vazado afirmei
que, na minha opinião de leigo, o juiz poderia
indicar provas, sobretudo quando estivesse
diante de uma organização criminosa e sua
omissão a favorecesse.
Data: 12/07/2019
47
Grupo de Comunicação
O material da Veja traz uma frase em que Moro
lembra ao procurador a necessidade de inclusão
de um cheque nas provas. No artigo, escrevi
também: o juiz precisa ter serenidade para
avaliar a prova, mesmo tendo pedido a sua
inclusão. Pode rejeitá-la no contexto da
sentença.
No caso mencionado pela Veja, Moro, um
especialista em crimes financeiros, teria pedido a
prova e depois absolvido o réu. O que era apenas
uma hipótese no artigo, escrito muito antes de o
caso vir à tona, parecia confirmar-se ali. No
entanto, Moro desmentiu o diálogo vazado e
afirmou que seria esquizofrênico incluir provas e
absolver a pessoa em seguida.
Em síntese, para não repetir o adjetivo de Moro,
meu argumento parece estapafúrdio. Ou, então,
apenas fora de lugar numa batalha marcada pelo
cálculo político que aciona as paixões nas redes.
Não acredito que no final desse episódio as
conquistas da Lava Jato sejam anuladas. No
entanto, está em jogo também um modelo de
combate ao crime organizado.
O núcleo combatido pela Lava Jato teve a
assistência de talentosos advogados, que
produziram um cipoal de interpelações e
recursos. Nunca se viram tantas táticas na
Justiça comum. Nenhum outro processo atual foi
tão discutido em instâncias superiores.
A Lava Jato sobreviveu e tem sobrevivido no STF
e na gratidão pública, apesar dos vazamentos
envoltos em suspense e de uma dose de
sensacionalismo. Sua vulnerabilidade atual é
aparecer como aliada de Bolsonaro. É um
instrumento do Estado e deveria ter seus
métodos próprios de defesa.
Todos sabemos o que é uma campanha política
no Brasil. Uma campanha precoce, então, leva
para as profundezas o nível do debate.
*Fernando Gabeira é jornalista
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-
aberto,perigos-de-uma-campanha-
precoce,70002918852
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Data: 12/07/2019
48
Grupo de Comunicação
VALOR ECONÔMICO Barragem transborda na BA e deixa 350
famílias sem casa
Por Folhapress, de Salvador
A barragem do Quati, em Pedro Alexandre (a 435
quilômetros de Salvador), transbordou por volta
das 11h de ontem após fortes chuvas que
atingiram a cidade, que fica na divisa entre Bahia
e Sergipe.
A água inundou casas, bloqueou estradas e fez
com que 350 famílias fossem retiradas de suas
casas em Coronel João Sá, cidade vizinha que
fica numa região abaixo da barragem. Cerca de
40% da área urbana da cidade, que tem 17 mil
habitantes, ficou submersa. Até a conclusão
desta edição, não havia registro de feridos e
vítimas.
As famílias que estão nas áreas consideradas de
risco estavam sendo retiradas de suas casas, em
alguns casos com ajuda da Polícia Militar. Cinco
escolas da cidade foram disponibilizadas para
receber os desabrigados.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o
prefeito de Coronel João Sá, Carlos Sobral, pediu
que os moradores deixassem suas casas. "É uma
situação atípica, nunca aconteceu isso com essa
barragem e nós não sabemos das consequências.
Eu peço encarecidamente a todas as pessoas que
morem nas áreas de risco que saiam de suas
casas", afirmou.
De acordo com o governo baiano, a barragem do
Quati não chegou a se romper e que transbordou
devido ao temporal na região. A promessa é que
o governador Rui Costa (PT) visite hoje de
manhã as cidades de Coronel João Sá e Pedro
Alexandre. O governador de Sergipe, Belivaldo
Chagas (PSD), foi informado sobre o possível
impacto em cidades do Estado que fazem
fronteira com a Bahia.
A barragem foi construída pela Companhia de
Desenvolvimento e Ação Regional (Car) e
entregue em novembro de 2000 à Associação de
Moradores da Comunidade de Quati, segundo o
governo.
No início deste ano, em janeiro, o rompimento de
uma barragem da mineradora Vale, em
Brumadinho, deixou mortos e causou destruição
no município de Minas Gerais.
https://www.valor.com.br/brasil/6341933/barrag
em-transborda-na-ba-e-deixa-350-familias-sem-
casa
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Data: 12/07/2019
49
Grupo de Comunicação
Primeiro leilão de mineração do PPI mira
arrecadar ao menos R$ 15 milhões
Por Rafael Bitencourt e Carla Araújo | De Brasília
O governo lançou ontem o primeiro leilão de
cessão de direito minerário aprovado pelo
Programa de Parceria de Investimentos (PPI). O
projeto de extração de cobre, chumbo e zinco no
município de Palmeirópolis, no Tocantins, será
leiloado no dia 21 de outubro.
A oferta do direito de extrair os minérios no
Tocantins é o primeiro de um estoque de 30
empreendimentos, com cerca de 300 títulos, da
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM). Há mais de 30 anos esses projetos
aguardavam uma definição do governo.
Ao todo, quatro projetos minerários foram
aprovados pelo PPI - os demais ainda precisam
passar por consulta pública ou do aval do
Tribunal de Contas da União (TCU). Em
Palmeirópolis, os estudos definiram a outorga
mínima de R$ 15 milhões, com pagamento
parcelado. O edital deve ser publicado hoje.
O ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, informou que a extração em
Palmeirópolis terá investimento de R$ 255
milhões em dez anos. "A CPRM dá hoje [ontem]
um importante passo para a concretização do
modelo de oferta por meio de leilão", disse o
ministro em evento promovido pela Agência
Nacional de Mineração (ANM).
O projeto no Tocantins foi divulgado em road-
show realizado no mês passado, quando o
governo pôde constatar que há interesse por
parte dos investidores. Foram realizadas reuniões
com 19 empresas nacionais e estrangeiras
(mineradoras, investidores e escritórios de
advocacia especializados), além de entidades do
setor. O empreendimento foi divulgado em mais
de 20 países-sede de empresas com
"reconhecida expertise" no ramo de mineração.
O secretário de Geologia e Mineração, Alexandre
Vidigal de Oliveira, avalia que o leilão despertará
o interesse de investidores de todos os portes,
nacionais e estrangeiros. "Essa exploração tem
um bom atrativo no cenário mundial. Com todo
apelo das fontes energéticas, voltadas ao
armazenamento de energia, não tem como
pensar nesse tipo de solução sem os produtos
minerais imprescindíveis, como o cobre e o
zinco", afirmou.
A secretária especial do PPI, Martha Seillier, que
acabou de assumir o cargo, admitiu que o
modelo de oferta de áreas de mineração ainda
está sendo amadurecido. Segundo ela, a
elaboração dos editais passa por uma "curva de
aprendizagem" acompanhada pelo TCU.
Seillier lembrou que ainda tem mais 26 projetos
da CPRM a serem incluídos no PPI, além de
quatro que foram qualificados. Albuquerque disse
que os quatro projetos indicam investimento R$
1,2 bilhão. Os próximos editais são para os
projetos Fosfato de Miriri (PE e PB), carvão de
Candiota (RS) e cobre de Bom Jardim de Goiás
(GO).
https://www.valor.com.br/brasil/6341937/primei
ro-leilao-de-mineracao-do-ppi-mira-arrecadar-
ao-menos-r-15-milhoes
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Data: 12/07/2019
50
Grupo de Comunicação
Ambiente ameaça sim o acordo UE-Mercosul
Por Humberto Saccomandi
O governo Bolsonaro prometeu abrir o Brasil ao
comércio e flexibilizar as regras ambientais do
país. Esses compromissos podem se mostrar
incompatíveis, ao menos no caso do acordo UE-
Mercosul. O crescente lobby ambientalista
europeu ameaça inviabilizar o principal acordo
comercial já negociado pelo Brasil. É provável
que, nalgum momento, o governo tenha de
escolher qual é sua prioridade. Deveria ser
comércio aberto com proteção ambiental.
O acordo, pelo que se sabe, formaliza a adoção
de dispositivos ambientais num tratado
comercial, algo que é debatido há décadas e que
era já esperado. Esses dispositivos podem
facilmente se chocar com a política ambiental
praticada até agora no governo Bolsonaro.
A conclusão das negociações, após 20 anos, foi
anunciada há duas semanas. O texto final do
acordo, porém, ainda não está disponível. Está
passando por avaliação jurídica dos dois lados, o
que deve levar alguns meses, já que é normal
que surjam divergências de interpretação.
Europa vê o Brasil cada vez mais como um vilão
ambiental
Em seguida começa o processo de assinatura e
ratificação, o que deverá ser o maior desafio. Na
UE, o primeiro passo é a aprovação pelo
Conselho Europeu (que reúne os líderes dos 28
países do bloco). Como é preciso consenso,
qualquer país pode barrar o acordo. Se aprovado,
o texto vai para o Parlamento Europeu. Se de
novo aprovado, o Conselho pode colocar o acordo
em vigor, total ou parcialmente. Mas, para ele
ser finalmente aceito, o texto precisa ainda ser
ratificado pelos Parlamentos dos 28 países e por
alguns Parlamentos regionais.
É um processo complexo, politicamente difícil e
pouco transparente. Ou seja, é muito sujeito à
ação de lobbies. E, além do lobby agrícola
europeu, que nunca viu com bons olhos a
negociação com o Mercosul, soma-se agora o
cada vez mais poderoso lobby ambientalista.
Partidos verdes estão em alta na Europa. Eles
participam do governo de alguns países, como
Suécia, Dinamarca e Finlândia. Segundo
pesquisas, os Verdes são hoje o segundo maior
partido alemão em intenção de voto. O bloco
verde tem a quarta maior bancada no recém-
eleito Parlamento Europeu. Além disso, outros
partidos não querem ser vistos como
antiambientais.
"A UE pode não ratificar. No Brasil se dá a
entender que a ratificação são favas contadas.
Não é assim. Corremos o risco de preparar os
agentes econômicos, a sociedade, o Congresso
para o acordo, e ele não acontecer", diz o
embaixador José Alfredo Graça Lima, que foi o
principal negociador comercial do Brasil entre
1998 e 2002. "O acordo é um avanço
significativo [para o Brasil], mas pode ficar
parado até que a UE o ponha em vigor."
Para satisfazer esse poderoso lobby
ambientalista, o acordo UE-Mercosul, pelo que se
sabe, inclui dois dispositivos. Um é a
obrigatoriedade de os países permanecerem no
Acordo do Clima de Paris. Bolsonaro havia
prometido deixar esse acordo, mas já não fala
mais nisso. Permanecer, porém, significa cumprir
os compromissos assumidos pelo Brasil. E, neste
momento, o governo não sinaliza nessa direção.
Pelo contrário, há um desmanche dos órgãos que
deveriam implementar e fiscalizar esses
compromissos.
O segundo dispositivo é o princípio da precaução,
que permite limitar o comércio de produtos
prejudiciais. Com isso, a UE pode, por exemplo,
barrar bens (carne, soja) produzidos em áreas
desmatadas no Brasil, pois o desmatamento
provoca danos globais (pelo princípio, não é
preciso provar o dano, mas apenas ter evidências
científicas que sugiram essa possibilidade).
Desde a conclusão das negociações, houve uma
forte reação contrária ao acordo na Europa.
Grupos ambientalistas dizem que ele não tem
dentes, isto é, que não traz mecanismos para
punir um país em caso de violação ambiental.
Essa versão tem circulado também no Brasil.
Mas não é bem assim. "Se o acordo tiver um
mecanismo de solução de controvérsias, qualquer
percepção de que ele está sendo violado pode ser
levada ao mecanismo. A parte derrotada será
obrigada a aceitar a decisão", disse Graça Lima,
que é vice-presidente do Conselho Curador do
Data: 12/07/2019
51
Grupo de Comunicação
Centro Brasileiro de Relações Internacionais
(Cebri).
Autoridades na UE dizem que exportar padrões
ambientais aos países sul-americanos é uma das
metas do acordo. E é argumento forte em favor
da sua aprovação.
O Brasil reagiu agressivamente a essa
preocupação ambiental dos europeus. Bolsonaro
disse que não iria ao G-20 ser advertido e
chegou a cancelar uma reunião (depois realizada)
com o francês Emmanuel Macron. O ministro do
Gabinete de Segurança Institucional, Augusto
Heleno, disse aos europeus para irem "procurar a
sua turma".
Esse tipo de reação amplia as suspeitas na
Europa sobre as intenções do Brasil, cada vez
mais visto como um vilão ambiental. O dado de
desmatamento não ajudou. Divulgado logo após
o anúncio do acordo, ele indicou aumento de
88% em junho.
Mas a proteção ambiental joga contra o
desenvolvimento do Brasil? Possivelmente não.
No caso do comércio, diz Graça Lima, "situação
hoje é muito diferente da do início dos anos 90,
quando havia a necessidade absoluta de acesso a
mercado, com o temor de que exigências
ambientais afetassem isso".
Pelo contrário, essas exigências podem hoje
favorecer o Brasil na concorrência com
emergentes, como China e Índia, que têm matriz
energética mais suja, desafios ambientais mais
graves, e necessidade maior de ampliar a
geração de energia elétrica. Os custos desses
países para cumprir seus compromissos
ambientais serão maiores. Vão implicar em
custos maiores de produção, com vantagem para
o Brasil.
"O Brasil não é só uma potência agrícola, é uma
potência agro-ambiental. A ministra Tereza
Cristina tem consciência disso, talvez mais do
que o Ministério do Meio Ambiente", diz Graça
Lima. "Com cláusulas ambientais, o Brasil ganha
duas vezes. Ganha para si e ganha para o
comércio."
Para a UE, diz um experiente diplomata europeu,
a questão ambiental-climática é interesse
comum, como um clube. E, se um membro do
clube não cumprir com suas obrigações, não
pode usufruir dos benefícios comuns. "Se não
pagar a mensalidade, não pode frequentar a
piscina."
No acordo UE-Mercosul, essa mensalidade inclui
obrigações ambientais. O benefício sob ameaça é
o comércio. "Estamos para ver ainda como as
questões ambientais podem ter efeito negativo
no acordo", diz Graça Lima. "Mas esses
compromissos [do governo Bolsonaro, de
liberalizar o comércio e flexibilizar as regras
ambientais] podem sim ser incompatíveis."
Humberto Saccomandi é editor de Internacional.
Escreve mensalmente às sextas-feiras
E-mail: [email protected]
https://www.valor.com.br/politica/6341929/ambi
ente-ameaca-sim-o-acordo-ue-mercosul
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
Jogar filiado às feras é oportunismo sem
grandeza, diz FHC
Por Cristiane Agostine | De São Paulo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
criticou ontem a pressão do PSDB de São Paulo
pela expulsão do deputado Aécio Neves (MG) do
partido e disse que "jogar filiados às feras" antes
da decisão da Justiça é um "oportunismo sem
grandeza". Ontem, o prefeito de São Paulo,
Bruno Covas, ameaçou deixar a legenda se Aécio
não se desfiliar. O governador do Estado, João
Doria, também já defendeu publicamente o
afastamento de Aécio.
"O PSDB tem um estatuto e uma comissão de
ética. Há que respeitá-los. Jogar filiados às feras,
principalmente quem dele foi presidente, sem
esperar decisão da Justiça, é oportunismo sem
grandeza. Não redime erros cometidos nem
devolve confiança", afirmou Fernando Henrique,
em mensagem publicada no Twitter, sem citar
diretamente Aécio.
Deputado federal e ex-senador, Aécio foi
presidente nacional do PSDB e disputou a
Presidência da República pelo partido em 2014. O
tucano é réu sob acusação de corrupção e
obstrução da Justiça e alvo de nove inquéritos no
Supremo Tribunal Federal.
Na semana passada, a Justiça Federal de São
Paulo ratificou o recebimento de denúncia feita
pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo
Janot ao Supremo contra Aécio, tornando o
tucano réu por corrupção passiva e tentativa de
obstrução judicial de investigações da Lava-Jato.
Dois dias depois, na quinta-feira, o diretório
paulistano do PSDB encaminhou um pedido de
expulsão de Aécio ao comando nacional do
partido.
Ontem, Bruno Covas afirmou que é
"incompatível" ficar no mesmo partido que Aécio.
"Ou eu ou Aécio Neves", disse. "É um ou outro".
O diretório de Belo Horizonte, ligado a Aécio,
reagiu e ameaçou pedir a expulsão de Covas,
investigado em um processo de suposta
improbidade administrativa em editais do
Carnaval paulistano.
O pedido de expulsão de Aécio deve ser
analisado pelo conselho de ética do partido, mas
não há previsão de quando isso será feito. Em
maio, o PSDB aprovou um código de ética que
pune apenas condenados, poupando, dessa
forma, réus criminais como Aécio e o ex-
governador Marconi Perillo.
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo,
afirmou, no Twitter, que as representações
"contra quaisquer filiados do PSDB" seguirão a
tramitação prevista no Código de Ética da sigla.
"Sempre obedecendo todas as garantas
processuais, respeitando o devido contraditório, e
ao princípio da ampla defesa", afirmou Araújo, na
rede social.
A assessoria de imprensa de Aécio afirmou que o
deputado não tem se pronunciado sobre a
pressão de correligionários para deixar o partido.
https://www.valor.com.br/politica/6341907/jogar
-filiado-feras-e-oportunismo-sem-grandeza-diz-
fhc
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Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
A cooperação global está sob ameaça
Por Martin Wolf | Financial Times, de Londres
"Acabamos de reconhecer que a forma mais
inteligente e eficiente de proteger nossos
interesses nacionais é por meio da cooperação
internacional - isto é, por meio do esforço
conjunto para a consecução de objetivos
comuns" - discurso de encerramento da
Conferência de Bretton Woods, feito pelo
secretário do Tesouro dos EUA, Henry
Morgenthau Jr., em 22 de julho de 1944.
"Precisamos proteger nossas fronteiras da
devastação exercida por outros países que
fabricam nossos produtos, roubam nossas
empresas e destroem nossos empregos. A
proteção vai levar a maior prosperidade e força"
- discurso de posse presidencial de Donald
Trump, em 20 de janeiro de 2017.
A conferência em Bretton Woods, New
Hampshire, que serviu de base para boa parte da
ordem econômica mundial de hoje, ocorreu há 75
anos, entre 1º e 22 de julho de 1944. A Segunda
Guerra Mundial ainda não havia sido vencida.
Mesmo assim, as potências ocidentais - os EUA
mais do que todos - já pensavam em como
organização o mundo de forma diferente para ter
um futuro melhor.
Desde então, o mundo mudou imensamente.
Hoje, o espírito que deu vida àquela conferência
está sob ataque. Mas ele continua tão relevante
quanto foi em 1944. Este aniversário é mais do
que apenas um momento casual: é uma ocasião
para reflexão, sobre o que deu certo, o que deu
errado e o que deve acontecer para que o
espírito de Bretton Woods modele o mundo nas
próximas décadas ou para que naufrague, como
foi o caso da Liga das Nações no período
entreguerras.
Uma esplêndida coleção de 50 ensaios -
organizada pelo Comitê de Bretton Woods, com
sede em Washington - explora os formidáveis
desafios à frente. Como disse a ex-executiva-
chefe do banco Westpac: "Em 2019, Bretton
Woods chega a seu 75º aniversário [...]
Realmente, [há] muito a celebrar. Mas o
nacionalismo estridente cada vez maior, somado
ao protecionismo candente, tornaram o desafio
muito mais difícil."
Paul Volcker, ex-presidente do Federal Reserve
(Fed, banco central dos EUA), resumiu o espírito
de Bretton Woods: "A crença no interesse comum
da cooperação internacional, a importância de
certas regras básicas de bom comportamento no
que se refere às taxas de câmbio, e a
necessidade de desenvolvimento de um grande
número de nações 'emergentes'". Com o Acordo
Geral sobre Tarifas e Comércio (Gatt, na sigla em
inglês), que entrou em vigor como acordo
provisório em 1948, essa ideia de "certas regras
básicas de bom comportamento" também passou
a cobrir o comércio internacional.
Em termos de política econômica, Bretton Woods
significa um compromisso de cooperação, de
obrigações contratuais entre as nações e de
instituições internacionais competentes - o Fundo
Monetário Internacional (FMI), o grupo do Banco
Mundial e a Organização Mundial do Comércio
(OMC).
Hoje, há muito mais em termos de cooperação
econômica institucionalizada do que apenas
essas três instituições. Os bancos de
desenvolvimento regionais, criados com base no
modelo do Banco Mundial, e mais recentemente,
o Banco Asiático de Investimento em
Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês) e o Novo
Banco de Desenvolvimento, dos Brics, financiado
pela China, também desempenham um papel
importante.
Dois grupos informais de países também têm
sido influentes: o G-7, que inclui as sete grandes
economias de mais alta renda; e desde 2008, o
G-20, que inclui ainda as principais economias
emergentes e a União Europeia.
Se formos julgar o período que se seguiu a
Bretton Woods por meio do desempenho
econômico, temos que concluir que foi um
Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
triunfo. Em seu capítulo, Nicholas Stern, da
London School of Business, e Amar Bhattacharya,
da Brookings Institution, destacam que "no geral,
a renda per capita mundial quadruplicou desde
1950, enquanto a população aproximadamente
triplicou". Entre 1950 e 2017, o volume do
comércio mundial aumentou 39 vezes.
A proporção da população mundial que vive com
menos de US$ 2 por dia (pelo paridade do poder
de compra em 2011) caiu de cerca de 75%, em
1950, para 10% em 2015. A desigualdade
mundial também caiu de forma significativa nas
últimas décadas, em grande medida graças à
rápida ascensão das grandes economias
emergentes da Ásia, especialmente a China e a
Índia. Além disso, a economia mundial também
ficou muito mais estável em comparação à
primeira metade do século 20.
Esses avanços não ocorreram porque tudo fluiu
em um mar de rosas. O regime de taxas de
câmbio fixas, mas ajustáveis, desmoronou em
1971, quando o governo Richard Nixon rompeu a
ligação do dólar com o ouro. A inflação, então, foi
às alturas nos anos 70, até ser controlada, a
custos substanciais, nos anos 80. A liberalização
financeira trouxe ondas de choques bancários e
de dívidas, que culminaram com a crise global e
da zona do euro de 2007-2013.
Houve surtos de protecionismo, inclusive no
início dos anos 80 nos EUA, em resposta à força
do dólar e ao sucesso do Japão. Um sistema de
comércio fundado no princípio da não
discriminação também se transformou em um
baseado em vários acordos econômicos
preferenciais (ou seja, discriminatório).
No geral, o ideal de Bretton Woods de
cooperação estruturada funcionou
extraordinariamente bem. Mas surgiram novos
desafios. Talvez o mais importante seja o
enfraquecimento do domínio ocidental,
principalmente dos EUA, diante da ascensão ao
status de superpotência da China. Em certos
aspectos, a China já é a maior economia do
mundo.
Também tem sido significativa a ascensão do
nacionalismo e do protecionismo e a consequente
ameaça de fragmentação, não apenas
globalmente, mas também dentro do Ocidente. A
ideia de Trump dos "EUA em primeiro lugar" e a
sua crença passional no protecionismo são um
repúdio fundamental ao espírito e à estrutura
institucional que deram vida à ordem criada pelos
EUA depois da Segunda Guerra Mundial.
A emergência desse espírito bem diferente, por
sua vez, é uma consequência das mudanças
econômicas que têm corroído a confiança tanto
numa economia mundial aberta quanto nas
pessoas e instituições que a administram. Nos
países de alta renda, houve fatores causais
importantes, como a desindustrialização, o
aumento da desigualdade, a desaceleração do
crescimento da produtividade e o choque de
crises financeiras inesperadas. Hoje, ao contrário
de 40 anos atrás, são os cidadãos dos países de
alta renda, não do mundo emergente, os que
mais desconfiam da integração econômica global.
A "desglobalização" começou. Catherine Mann,
ex-economista-chefe da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), destaca a queda da importância do fluxo
de comércio no crescimento e o
desmantelamento das cadeias de valor
internacionais desde a crise financeira. Isso,
argumenta ela, também pode ser um dos
motivos para a desaceleração do crescimento da
produtividade. Os fluxos financeiros entre
fronteiras também chegaram a seu ponto
máximo em 2007.
Outra mudança são as pressões cada vez
maiores com relação ao ambiente, especialmente
às mudanças climáticas. O mundo, argumenta-se
agora, passou do período do Holoceno para o do
Antropoceno: um planeta em grande medida
modelado, tanto para mal quanto para o bem,
pela atividade humana.
A isso devemos somar ainda as mudanças
tecnológicas. Mais recentemente, elas estão
minando a vantagem comparativa dos países em
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Grupo de Comunicação
desenvolvimento nos setores de uso intensivo de
mão de obra. Elas vêm ameaçando desestabilizar
em grande escala os padrões do emprego. Vêm
criando novos fluxos internacionais, mais
notavelmente de dados. Vêm transformando os
sistemas de pagamento e, provavelmente, terão
impactos ainda maiores nos sistemas monetários.
Como, então, seria possível sustentar uma ordem
econômica mundial cooperativa? Essa pergunta
pode ser respondida de forma mais específica,
em termos de propósito e de arquitetura
institucional, ou de uma forma mais ampla, em
termos gerais, de relações internacionais.
O foco dos ensaios está na arquitetura
institucional. Isso inclui a gestão dos sistemas
monetário e financeiro, o futuro das políticas de
desenvolvimento e as perspectivas da OMC e do
comércio mundial, todas questões que fizeram
parte dos debates em Bretton Woods ou que
estiveram relacionadas à conferência. Isso inclui
novas áreas de cooperação, como a corrupção,
as mudanças climáticas, os Estados em condições
frágeis, a migração e a tecnologia.
Uma questão costumeira é a dependência que o
sistema monetário global tem do dólar. Isso não
foi resolvido no acordo de Bretton Woods,
quando John Maynard Keynes propôs uma moeda
global. Nesta coleção, Jean-Claude Trichet, ex-
presidente do Banco Central Europeu, afirma que
uma moeda supranacional continua sendo
impossível. Mas um papel maior para os direitos
especiais de saque (SDR, na sigla em inglês, um
ativo de reserva criado dentro do FMI), não.
Gerenciar o sistema monetário mundial à medida
que o yuan se torna mais importante será um
desafio adicional.
Outra questão bastante conhecida é a
estabilidade financeira. Quanto a isso, Mark
Carney, presidente do Banco da Inglaterra
(banco central britânico) e ex-presidente do
Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na
sigla em inglês), é bastante otimista: "O
programa radical das reformas do G-20 deixou o
sistema financeiro mundial mais seguro, mais
simples e mais justo". Se isso tornou o sistema
seguro o suficiente, só saberemos com o tempo.
Uma questão desanimadora e familiar é o futuro
do sistema comercial. A liberalização global está
em suspenso. Os EUA não só seguiram uma
direção decisivamente protecionista, como
também violaram a carta e o espírito da OMC. E
também vem tentando neutralizar o sistema de
solução de litígios da OMC, tornando-o sem
quórum.
Sobre o desenvolvimento, Sri Mulyani Indrawati,
ministro das Finanças da Indonésia e ex-diretor
operacional do Banco Mundial, enfatiza a
necessidade de grandes investimentos para que
se possa cumprir com as atuais e ambiciosas
"metas de desenvolvimento sustentável". Os
financiamentos diretos por bancos de
desenvolvimento multilaterais, incluindo os novos
liderados por chineses, serão totalmente
inadequados. Os financiamentos terão de vir, em
grande parte, do setor privado.
David Miliband, diretor da Comissão Internacional
de Resgate e ex-ministro das Relações Exteriores
do Reino Unido, observa que "mais de 40% das
pessoas extremamente pobres vivem hoje em
Estados frágeis afetados por conflitos". Isso
também é a origem de grande parte da pressão
migratória global. Assim, se quisermos eliminar a
pobreza extrema e as levas de refugiados, tais
conflitos precisam ser resolvidos. Assim como,
continua ele, a pressão sobre os países
relativamente pobres que hoje recebem 84% dos
refugiados do mundo.
As mudanças climáticas estão piorando esses
problemas. Mesmo assim, países de alta renda e
egoístas, especialmente os EUA, aparentemente
decidiram não enfrentar esse desafio. Sanções
contra esse tipo de comportamento teriam de ser
consideradas.
Outro desafio importante é a corrupção, discutida
por Frank Vogl, cofundador da Transparência
Internacional, e William Rhodes, ex-vice-
presidente do Citigroup. Eles escrevem que "as
autoridades do FMI admitem reservadamente
Data: 12/07/2019
56
Grupo de Comunicação
que precisam se esforçar mais para levantar
explicitamente as questões que envolvem
finanças ilícitas com os governos dos grandes
países desenvolvidos ocidentais, cujos mercados
de capitais proporcionam portos seguros para
tanto dinheiro ilícito". Sim, isso inclui, acima de
tudo, os mercados de capitais americano e
britânico.
Essas questões perfeitamente adequadas sobre
como as instituições serão reformadas e os novos
desafios enfrentados - incluindo a necessidade de
se refletir as mudanças no poder global na
governança institucional - são, até certo ponto,
secundários. A questão maior é se será possível
sustentar o nível necessário de cooperação.
Os desafios econômicos de hoje se deparam com
um nacionalismo ressurgente. Mesmo assim,
países não são ilhas. Na verdade, a cooperação
global é mais importante hoje do que há 75 anos.
Mas também se tornou mais difícil.
A escola "realista" nos dirá que a cooperação é
uma quimera: as relações internacionais sempre
envolvem a política brutal do poder. Mas um
sistema é "realista" se leva a resultados
desastrosos para todos? Só se o conflito for o
único sistema imaginável. Agora que o mundo
não tem uma superpotência dominante, o velho
sistema hierárquico liderado pelos EUA não é
mais viável. Mas continua sendo essencial ter
algum tipo de sistema cooperativo.
Keyu Jin da London School of Economics, um dos
dois únicos colaboradores chineses, fornece uma
nova maneira de pensar esse desafio. Ela afirma
que as redes econômicas poderão suplantar as
relações entre as nações e tornar as noções
tradicionais de hegemonia redundantes. A China,
sugere ela, poderá acabar não como outra
potência hegemônica, mas sim como uma "líder
da rede global".
O grande ponto da professora Jin é importante:
como criamos ordem suficiente e cooperação
para sustentar nosso mundo complexo,
interdependente e ambientalmente estressado,
sem um poder hegemônico que a maioria dos
países queiram seguir? Isso somente poderá ser
feito por meio de redes de redes, estabelecidas
dentro de compromissos globais.
Bretton Woods moldou a era pós-Segunda
Guerra Mundial não tanto por causa dos acordos
específicos firmados, mas sim por causa do
compromisso com a cooperação institucionalizada
que ele personificava. Esse compromisso
permaneceu vital durantes as voltas e
reviravoltas dos 75 anos subsequentes e
continua tão importante como nunca.
As instituições precisam de fato se desenvolver.
Novos desafios precisam ser superados. Mesmo
assim, se o mundo não conseguir sustentar e
desenvolver o compromisso com a cooperação, o
progresso mundial poderá não ser sustentado e
os desafios que enfrentamos poderão não ser
superados.
Morgenthau estava certo. Trump está errado. É
simples - e também difícil - assim. (Tradução de
Sabino Ahumada e Mario Zamarian)
https://www.valor.com.br/internacional/6341901
/cooperacao-global-esta-sob-ameaca
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Data: 12/07/2019
57
Grupo de Comunicação
Copel inicia a venda de seu braço de
telecom
Por Camila Maia | De São Paulo
A estatal paranaense Copel deu um importante
passo na execução do seu plano de
desinvestimentos ontem, quando seu conselho de
administração aprovou a contratação dos
assessores financeiro e jurídico que vão atuar na
venda da Copel Telecom, primeiro dos ativos da
estatal de energia que será privatizado. A
assessoria financeira ficará com o Rothschild,
enquanto o escritório Cescon Barrieu será
responsável pelos aspectos jurídicos do negócio.
A expectativa da companhia é que a venda seja
concluída no primeiro trimestre de 2020, para
que os recursos levantados possam ser
reinvestidos em empreendimentos de geração e
transmissão de energia, disse, em entrevista ao
Valor, o presidente da Copel, Daniel Slaviero.
Segundo o executivo, a ideia com essa operação
é atrair investidores financeiros e de
infraestrutura. A contratação do Rothschild como
assessor financeiro da operação reforça essa
intenção de atrair investidores além dos
tradicionais operações de telecom. "Queremos
ter um formato de venda mais fácil de ser
entendido por investidores estrangeiros, vamos
buscar investidores de infraestrutura e também
de private equity", afirmou.
A Copel já vinha trabalhando na segregação dos
ativos do seu braço de telecomunicações dos de
distribuição de energia. Agora, com a contratação
oficial dos assessores, tudo passará por novo
escrutínio, inclusive a avaliação do valor a ser
arrecadado com a operação. Esse processo deve
levar de 60 a 90 dias, sendo concluído no
máximo até o fim de setembro. Depois disso, a
Copel espera levar de 30 a 45 dias para os ritos
de governança necessários para a operação, que
incluem a obtenção de aprovação pelo conselho
de administração e pela assembleia de acionistas
da companhia.
Definido e aprovado o modelo de venda, será
aberto data room (sala virtual de informações) e
a estatal vai trabalhar para concluir a venda no
primeiro trimestre do ano que vem. Ainda não se
sabe se a venda do ativo será por meio de leilão,
como fez a Cemig com seus ativos de telecom
ano passado, ou por meio de concorrência
semelhante ao executado pela Petrobras nos
seus processos de desinvestimentos.
A Copel fez seus próprios cálculos sobre o que
poderá arrecadar com a venda da empresa de
telecom, mas os valores serão revistos pelos
assessores. "Vamos agora fazer um processo de
revalidação", disse Slaviero. O Valor apurou que
a companhia avaliou o ativo em cerca de R$ 1,3
bilhão, mas o executivo não confirmou o valor,
que ainda está "em aberto". Segundo ele, a
Copel Telecom tem capacidade excedente na
rede que não tem utilização. "Operadores
privados vão otimizar muito a capacidade
instalada. Esse tipo de estudo que vamos fazer
para saber qual valor o ativo pode atingir", disse.
Os recursos que entrarem no caixa devem ir,
prioritariamente, para investimentos em geração,
transmissão e serviços de energia. "Nossa
prioridade é fortalecer o desenvolvimento da
companhia", disse. "Se não acharmos projetos
que tenham atratividade e uma taxa interna de
retorno que consideremos razoável, vamos
revisitar essa decisão", completou.
Não há uma destinação carimbada nem
preferência se será geração ou transmissão, por
exemplo. Segundo Slaviero, projetos "brownfield"
(já operacionais e gerando caixa) são preferíveis,
por envolverem menos riscos. "Isso mostrará
certo conservadorismo e cautela da empresa de
não entrar em projetos com muito risco, até
levando em conta o histórico da Copel. Queremos
ser mais cautelosos do que a empresa foi no
passado", afirmou.
Concluída a venda da empresa de
telecomunicações, a participação da Copel na
Compagas, distribuidora de gás do Paraná, será o
próximo ativo a ser desinvestido pela estatal.
Segundo Slaviero, as mudanças no marco legal
do setor de gás do país devem favorecer a
operação. Antes disso, contudo, é necessário
resolver um imbróglio que se arrasta referente à
concessão da companhia. A Compagas celebrou
no passado um contrato de concessão com o
Estado do Paraná com prazo final em julho de
2024. Em dezembro de 2017, contudo, o Paraná
promulgou uma lei que colocou a data de
vencimento em janeiro de 2019. A companhia
opera a concessão desde então em cima de uma
liminar.
Data: 12/07/2019
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Grupo de Comunicação
A Copel tem 51% de participação na Compagas.
Gaspetro e Mitsui têm 24,5% cada uma.
"A Compagas é o próximo item da lista, mas
antes disso temos a complexidade da discussão
sobre a concessão", disse Slaviero. "Mas estamos
acompanhando as mudanças estruturais no
mercado de gás", disse. A companhia segue
aguardando as medidas efetivas que serão
propostas pelo Ministério de Minas e Energia e
pelo Ministério da Economia sobre o assunto.
"Vemos isso muito positivamente, vai ser um
fator de atratividade enorme para o ativo", disse.
A outra prioridade da companhia é ter uma
solução para a hidrelétrica Foz do Areia, cuja
concessão vence em 2023. A Copel avalia propor
a venda do controle da usina em troca da
extensão da concessão, a exemplo do que foi
feito com a Cesp ano passado.
https://www.valor.com.br/empresas/6341875/co
pel-inicia-venda-de-seu-braco-de-telecom
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Data: 12/07/2019
59
Grupo de Comunicação
Oferta subsequente de ações da Light
levanta R$ 2,5 bi
Por Flávia Furlan e Camila Maia | De São Paulo
Empenhada num plano de recuperação
financeira, a elétrica Light captou R$ 2,5 bilhões
em uma oferta subsequente de ações finalizada
na noite de ontem, segundo apurou o Valor. Os
investidores pagaram R$ 18,75 por ação, o que
representou um desconto frente ao preço de tela,
uma vez que os papéis fecharam ontem cotados
a R$ 20,05, com queda de 0,59%.
Nesse preço, a empresa conseguiu captar R$
1,875 bilhão numa oferta primária de 100
milhões de papéis. Além disso, a estatal mineira
Cemig, até então controladora da companhia
carioca, levantou R$ 624,37 milhões com a
operação, sendo R$ 208,12 milhões com 11,1
milhões de ações no lote principal e R$ 416,25
milhões com 22,2 milhões de ações no lote
adicional.
A Cemig é a maior acionista da Light com a fatia
de 49%, mas deve ficar com menos de 22,6%
após a oferta, considerando o lote principal e o
adicional. A BNDESPar ficará com 6,3% após a
diluição e o restante (71,12%) ficará nas mãos
do mercado.
A gestão atual da Light, sob comando da
presidente Ana Marta Veloso, está executando
um plano de recuperação para reduzir o
endividamento e melhorar a rentabilidade do
negócio. No primeiro trimestre deste ano, a
empresa apresentou resultados melhores do que
no mesmo período de 2018, com crescimento de
77% no lucro e de 11,8% na receita, mas seu
endividamento ainda está muito próximo dos
limites dos contratos de dívidas. Os recursos
primários, que entrarão no caixa da companhia,
serão utilizados nesse plano de recuperação, que
também tem como objetivo o combate às perdas
de energia por furto ("gatos").
A Cemig, por sua vez, utilizará os recursos da
venda das ações para reduzir seu endividamento.
No futuro, a companhia pretende zerar a
participação na Light. O sindicato de bancos que
assessorou a oferta é composto por Itaú BBA, BB
Investimentos, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi,
Santander e XP.
https://www.valor.com.br/empresas/6341855/of
erta-subsequente-de-acoes-da-light-levanta-r-
25-bi
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Data: 12/07/2019
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Petrobras avança venda de ativos no
exterior
Por André Ramalho | Do Rio
A Petrobras avançou com a venda de sua
participação de 34% na Compañia MEGA, na
Argentina, ao anunciar ontem o início da fase não
vinculante do processo. O negócio representa
mais um passo da estatal na estratégia de
redução de sua presença no mercado
internacional. A venda de ativos no exterior é um
dos principais vetores do programa de
desinvestimentos da petroleira nos últimos anos.
Além da venda da MEGA, a Petrobras também
negocia com o governo uruguaio a devolução de
suas concessões de distribuição de gás natural no
país vizinho.
Depois de investir bilhões de dólares na sua
internacionalização ao longo dos anos 2000, a
Petrobras já se desfez de boa parte de sua
carteira global. Desde 2015, em resposta a sua
crise financeira, a estatal levantou US$ 5,1
bilhões com alienações no exterior e saiu de
países como Chile, Paraguai, Nigéria e Japão.
A Petrobras, contudo, ainda mantém uma base
de ativos nas Américas, incluindo redes de
distribuição de combustíveis no Uruguai e
Colômbia e alguns ativos de exploração e
produção na Bolívia, Estados Unidos, Argentina e
Colômbia, além e contratos de serviços no
México. Ao todo, a Petrobras produz 78 mil barris
diários de óleo equivalente (BOE/dia) de petróleo
e gás - cerca de 30% de tudo o que a companhia
produzia em 2004, quando a empresa atingiu seu
pico de produção internacional.
Na Argentina, a empresa caminha para se
desfazer da MEGA, ativo de separação de gás
natural, mas ainda possui uma participação de
33,6% no ativo de produção de gás não
convencional do Rio Neuquén. Nos últimos anos,
a empresa se desfez de ativos de exploração e
produção na Bacia Austral e vendeu a Petrobras
Argentina (PESA).
A produção internacional da estatal vem,
sobretudo, da Bolívia - os campos de San Alberto
e San Antonio fornecem gás ao mercado
brasileiro - e do Golfo do México, nos EUA. No
ano passado, a Petrobras fechou uma joint
venture com a Murphy Oil e passou a deter 20%
de participação na associação que atua nos
campos de Cascade, Chinook, Saint Malo e
Lucius. Ainda na Bolívia, a petroleira detém uma
fatia de 11% na GTB, proprietária da parte
boliviana do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Em tempos de intensificação do programa de
desinvetimentos da companhia, o futuro dos
ativos remanescentes da carteira internacional da
empresa ainda é incerto. Procurada, a Petrobras
preferiu não se manifestar sobre o assunto. Na
semana passada, o presidente da Petrobras,
Roberto Castello Branco, disse que, no futuro, a
empresa poderá voltar a pensar num plano de
globalização de suas atividades, mas que no
momento a petroleira está dedicada a fortalecer
sua presença no mercado brasileiro. "Até
podemos fazer no futuro [novos investimentos na
África], depois de reforçarmos nossa posição no
Brasil. Aí podemos pensar num plano de
globalização", afirmou.
Nesse sentido, o executivo disse que a
companhia está conversando com o governo
uruguaio para devolver "o mais rápido possível"
as concessões de distribuição de gás natural no
país vizinho (a Distribuidora de Gás Montevidéu e
a Conecta). No Uruguai, a Petrobras opera
também uma rede de cerca de 90 postos de
combustíveis. Na Colômbia, a rede soma
aproximadamente 120 postos e uma fábrica de
lubrificantes.
Foi o que sobrou depois de a companhia se
desfazer de todos os seus ativos de distribuição
na Argentina, Chile e Paraguai. Os
desinvestimentos feitos pela empresa nos últimos
anos desmancham boa parte de um processo de
internacionalização que começou ainda na
década de 1970, na Colômbia, mas que se
intensificou a partir dos anos 1990. Foi no
governo FHC que a internacionalização entrou no
radar de forma mais relevante. Nos anos 1990,
houve até uma tentativa de mudar o nome da
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companhia para Petrobrax, sob a alegação de
que o nome soava melhor aos estrangeiros e que
o nome Petrobras possuía uma associação
excessiva com o Brasil.
Foi na década passada, sobretudo no governo
Luiz Inácio Lula da Silva, porém, que a presença
global da brasileira se expandiu. Nos anos 2000,
a Petrobras entrou, por exemplo, em países
como Paraguai, Uruguai, Chile, Nigéria, Tanzânia,
Guiné Equatorial e Japão. Alguns desses
investimentos foram cercados de polêmicas. Na
Bolívia, as refinarias da companhia foram
nacionalizadas durante o governo Evo Morales. Já
a compra de Pasadena foi parar nos holofotes da
Lava-Jato.
https://www.valor.com.br/empresas/6341871/pe
trobras-avanca-venda-de-ativos-no-exterior
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FGTS em Vale e Petrobras dá retorno
expressivo
Por Weruska Goeking | De São Paulo
Os brasileiros que há quase 20 anos toparam
transferir seu dinheiro do tranquilo FGTS e
investir nas imprevisíveis ações de Petrobras e
Vale se deram bem.
Os fundos de ações da Petrobras acumulam, em
média, valorização de 822% desde seu início, em
agosto de 2000. O desempenho é cinco vezes
maior que o do FGTS no período (131%) e
também supera a alta do Ibovespa, de 507%.
Na época, o governo ofereceu um desconto de
20% em cima do preço das ações da estatal, mas
o apetite pelas ações da estatal não foi tão
grande. O governo ofereceu R$ 3,4 bilhões em
ações, mas só conseguiu vender R$ 1,6 bilhão
para 310 mil trabalhadores.
Se a primeira empreitada do não foi exatamente
um sucesso de público, a valorização
demonstrada pelos fundos da Petrobras
empolgou na oferta da Vale, em março de 2002.
O governo ofereceu R$ 1,05 bilhão em ações da
mineradora, mas a demanda chegou a R$ 3,4
bilhões.
Sem ações suficientes para a demanda, houve
rateio entre os interessados e 718 mil
trabalhadores embolsaram ações da Vale com
um desconto de 5%. O equivalente a 1% do
capital da Vale foi para a mão dos trabalhadores,
que investiram, em média, R$ 1.442 cada um.
Os fundos dedicados a ações da Vale acumulam
rendimento médio de 1.564% desde março de
2002, 13 vezes acima da rentabilidade oferecida
pelo FGTS no período, de 114% e mais que o
dobro do resultado do Ibovespa.
valorinveste.com
Confira a reportagem completa no site
www.valorinveste.com
https://www.valor.com.br/financas/6341669/fgts
-em-vale-e-petrobras-da-retorno-expressivo
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Futuro depende de união da ciência e
tecnologia com humanidades, diz Sérgio
Mascarenhas, da brain4care
Por Adriana Abujamra | Para o Valor, de Ribeirão
Preto
O mais velho dos filhos de Sérgio Mascarenhas
sofreu com a esquizofrenia a vida inteira. Entrou
na universidade para estudar bioquímica, mas
teve dificuldades para concluir o curso. "Ele
falava sozinho, andava para lá e para cá", diz
Mascarenhas, que estudou física e química e fez
carreira na academia como cientista. "Eu
pensava: o que vai ser dele depois que eu
morrer? De onde vai tirar o seu sustento?"
Para aplacar a angústia que sentia com a
situação, Mascarenhas criou o Serviço de
Assessoria e Proteção Radiológica (Sapra),
dedicado a proteger profissionais da saúde e
indivíduos expostos a radiação. O primogênito
acabou morrendo antes do pai. Hoje a empresa é
administrada por seus outros filhos, Paulo e
Helena, e se tornou a maior do ramo no país.
Mas tudo acaba em lição para o cientista, hoje
com 91 anos. "Veja que coisa mais linda", diz
Mascarenhas. "A vida é uma série de encontros e
desencontros, e até doenças malditas se tornam
benditas." E foi assim, lidando com os trancos da
vida, que o cientista se tornou Ph.D. em
transformar cargas negativas em positivas.
Outro gatilho foi o diagnóstico de hidrocefalia que
Mascarenhas recebeu aos 77 anos e o fez andar
com duas coisas na cabeça: uma válvula - para
evitar acúmulo de água e inchaço que podia
comprometer suas funções cerebrais - e uma
ideia fixa - descobrir um método menos arcaico
para tratar a doença. "Eu estava inconformado
por terem furado a minha cabeça em pleno
século XXI. Coloca a mão aqui, está vendo? Tem
um buraco, um calombo", diz.
O cientista, então, sentou na cozinha de sua casa
com um crânio emprestado da universidade e
inflou em seu interior uma bexiga. Colocou um
pequeno sensor na superfície, do tipo usado por
engenheiros para detectar deformações de viga,
e, com um aparelho de medir pressão arterial,
descobriu que o crânio é expansível e que essa
deformação pode ser detectada por fora.
Esse achado quebrou um paradigma. Durante
dois séculos as escolas médicas do mundo todo
ensinaram a doutrina de Monro-Kellie, segundo a
qual o crânio dos adultos é rígido e não sofre
expansão. Por isso, acreditava-se ser impossível
medir sua pressão do lado de fora. Mas a
experiência de Mascarenhas mostrou o contrário.
"Minha vontade era correr e contar para todo
mundo." Viajou para a Alemanha e apresentou
suas descobertas em um congresso de
neurociência "Eu queria chocar. Comecei dizendo
que o princípio de Monro-Kellie está errado. A
plateia fez 'óóóóó!", relembra ele, rindo.
Em 2014, após pesquisas e testes realizados com
equipe de médicos e pesquisadores de diferentes
universidades e apoio de programas da Fundação
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), surgiu a brain4care, empresa que
comercializa um dispositivo que mede a pressão
intracraniana (PIC) de forma não invasiva. Em
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2017, um grupo de investidores, encabeçado
pelo empresário Horácio Lafer Piva, presidente do
conselho da Klabin, fez um aporte na empresa de
US$ 5 milhões. O funcionamento da engenhoca
parece simples. Um sensor é posicionado
externamente, na cabeça do paciente, e gera
dados que podem ser visualizados em tempo
real, na tela de qualquer computador ou
dispositivo móvel conectado à internet. O método
já tem patente nos EUA e na Europa. Foi adotado
pelo Sírio-Libanês, está em fase de
implementação nos hospitais da Rede D'Or, no
Rio de Janeiro, e a expectativa é entrar em mais
dez hospitais nos próximos meses.
Mas há limites até para o rei da alquimia. O
cientista preserva a ebulição intelectual, mas
perdeu um pouco da audição. "É uma das
chatices da idade. Não escutar o próximo é
angustiante", diz, para logo soltar um gracejo.
"Esse camarada, Deus, não é bom profissional. É
péssimo desenhista de gente."
Professor aposentado da Universidade de São
Paulo e professor visitante de Harvard, Princeton
e outros centros de excelência, Mascarenhas
passou temporadas fora do país, mas sempre
voltou. "Pensei: se eu morrer no Brasil, quem
sabe deixo um legado e pago a dívida com a
educação gratuita que recebi. E tinha também
um sentimento de culpa. Você já foi a uma
favela? Precisa ter pele grossa para passar por
isso."
O cientista viveu boa parte da vida no interior de
São Paulo, primeiro em São Carlos, onde foi um
dos responsáveis pela criação do curso de
engenharia de materiais da universidade federal
local (UFSCar), em 1970, pioneiro na América
Latina e agora em Ribeirão Preto, no mesmo
condomínio onde fica o restaurante da Sociedade
Hípica, local deste "À Mesa com o Valor".
Mascarenhas chega acompanhado de Telma, sua
mulher; Paulo, filho do primeiro casamento e
diretor do Serviço de Assessoria e Proteção
Radiológica (Sapra); Plínio Targa, CEO e sócio da
brain4care; e a assessora Lídia de Santana.
De olhos miúdos e pernas longas, o cientista
salta de um assunto a outro com desenvoltura.
"Você sabia que eu era um malandro? Fui
reprovado três vezes, fugia do colégio interno
para os 'dancings' - eu dançava muito bem.
Amigos daquela época dizem 'Aquele camarada
virou professor? Não é possível'."
Abastados, os avós paternos administravam um
hotel em Minas Gerais e garantiam uma vida
cômoda para toda a família. Mas sua mãe, um
dia, já saturada com as constantes brigas com a
sogra, decidiu que a família iria para o Rio.
Instalaram-se em uma pensão frequentada por
Ary Barroso (1903-1964), responsável por
despertar o gosto musical no garoto. Como o pai
de Mascarenhas era cego, coube à mãe garantir
o sustento da casa.
"Tive uma vida dupla, de oscilações. Nas férias a
gente ia para a casa de meus avós, eu era rico.
Voltava para o Rio, era pobre, de uma família
fraturada." Quando Mascarenhas tinha 12 anos,
seus pais se separaram. "Aquilo quebrou minha
estabilidade." Caiu na farra até ser resgatado por
uma turma estudiosa, que discutia física,
matemática, filosofia, artes e literatura. Animado,
levanta o queixo, limpa a garganta e recita uma
poesia que compôs na época:
"Tenho um medo enorme do futuro, dos ignotus
dias que virão/(...) pela turba aprisionado em
ferro e muro, afogado no mar da multidão/ mas
tendo a separar-me dos humanos (...) a coroa
que eu próprio me forjei/ ao da morte enfrentar a
hora fria, o consolo me reste na agonia, a
majestade dos sonhos que sonhei".
Seu desejo inicial era ser advogado, ou talvez
poeta, mas mudou de ideia ao se deparar com a
ciência. Para ilustrar o que diz, cita o caso do
físico Paul Dirac (1902-1984). Ao descobrir que o
vácuo não é vazio, mas cheio de energia
negativa e de partículas, a comunidade científica
disse que Dirac provavelmente estava doido. O
britânico não se abalou. Respondeu que a
equação era tão linda, que era impossível estar
errada.
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"A beleza da matemática, com suas equações
simétricas, da física, da pintura, da música, é
muito importante, dá um sentido de alegria.
Observe a orquestra: o pulmão fornece oxigênio
ao coração, que fornece sangue oxigenado ao
cérebro. É feito um trio do Villa-Lobos, precisa
funcionar muito bem e em harmonia. É um
negócio tremendo."
Mascarenhas, que se interessa por temas que
vão da física à psicanálise, da química às artes
plásticas, criou um curso de música clássica para
os estudantes de engenharia da UFSCar.
Convidou uma cravista, que, além de dar aulas,
servia de concertista nos eventos da
universidade. No início, "esse pessoal grosseiro
da ciência" questionava a iniciativa, mas para
Mascarenhas a relação entre as áreas é
inconteste. Quanto maior a interação entre elas,
diz, mais rápido a informação será processada.
"Conhecimento é a matéria com a qual
interagimos com a realidade. Mas cognição é o
empoderamento do conhecimento e seu
processamento pelos 80 bilhões de neurônios do
nosso cérebro", diz. "O mais importante é como
articular esse conhecimento. O camarada pode
ter grande conhecimento, que não é o mesmo
que dizer que tem a sabedoria - dada pela
cognição. O que realmente importa é o
conectoma, ligações entre os neurônios. A beleza
da ciência está na sua transdisciplinaridade, e ela
é essencial para a inovação."
O futuro da humanidade, segundo ele, depende
da união virtuosa da ciência e da tecnologia com
as humanidades, o que o químico e romancista
britânico C.J.Snow (1905-1980) denominou de
Terceira Cultura. Por isso, Mascarenhas considera
um erro o "desprezo" do governo pelas ciências
humanas e lamenta não ter votado nas últimas
eleições. "O governo é um desastre. Ignora que a
filosofia e as humanidades são relevantes, ignora
a importância da ciência, ignora que a grande
força das ciências está nas universidades
públicas. A ignorância é mortal."
Ao ser lembrado pela família de que a tilápia com
arroz e molho vinagrete está esfriando no prato,
Mascarenhas levanta os braços e espalma as
mãos nas mãos da repórter. "Bate aqui, mulher!"
O bacana, diz, não é comer, "mas o conectoma".
Telma vai até ele para se certificar de que o
molho vinagrete está sobre o arroz. Ele aproveita
a deixa para enaltecê-la. Diz que sua
companheira, que é assistente social, foi muito
corajosa ao adotar duas crianças quando ainda
vivia sozinha. Elogia também sua primeira
mulher, Yvonne, física-química como ele e
vencedora de prêmios na área.
"Sou feminista, quero levantar essa bandeira.
Mulher sempre foi posta para baixo. Pouco a
pouco, elas estão assumindo seu potencial, não
apenas como geradoras de vida, mas como
geradoras de conhecimento. A ciência não pode
prescindir disso."
Mascarenhas criou recentemente o Prêmio Marie
Curie para incentivar jovens mulheres cientistas.
O nome do prêmio é homenagem à cientista
polonesa que descobriu os elementos químicos
rádio e polônio. Proibida de estudar em seu país,
Marie (1867-1934) fugiu para a França, ganhou
duas vezes o Nobel e foi a primeira mulher a dar
aulas na Sorbonne. Outro programa criado por
ele, mais antigo, é o Retorno de Cérebros.
Mascarenhas se empenhou em resgatar para as
universidades cientistas brasileiros que viviam
fora. Para convencê-los, conseguia verbas para
pesquisa e passagem para toda a família. "Temos
que ter força política pela ciência, pela
criatividade, assim como temos pelo futebol, pelo
Carnaval. Por que não podemos ter o Pelé da
ciência? É uma angústia que tenho."
Mascarenhas ajeita um pouco de comida no
garfo, mas o abandona antes de levá-lo à boca.
Diz que as questões da ciência no Brasil são
antigas e remetem aos 500 anos de colonização,
que nos tornou o país das commodities, sem
agregar inovação e tecnologia aos seus produtos.
"Nossa história nos torna um país de exploração
da mais-valia, exportador de matéria-prima, um
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país racista", diz. "A grande reformulação só será
dada pelo caminho da ciência, só assim para
libertar o Brasil dessa herança maldita. Não
adianta fazer uma ciência colonizada, não existe
ciência caipira. Ou você faz ciência de nível
global, ou vai ter que inventar a roda."
Pratos estão quase vazios, mas Mascarenhas mal
tocou no seu. Quando a reportagem sugere que
coma, ele brinca: " É uma maneira de fazer eu
parar de falar? Você ligou minha chave, agora o
motor está funcionando. O carro precisa de
gasolina, mas precisa mais ainda é poder viajar".
Ele, então, pega os talheres e passa a palavra
para Plínio Targa, seu ex-aluno e hoje sócio e
CEO da brain4care. "O Plínio viu o cenário mais
amplo de empreendedorismo, entendeu a
tecnologia e o mercado. Sem ele eu estaria na
torre de marfim da universidade. Tem que sair
dessa ilha para devolver para a sociedade."
Sempre referindo-se a Mascarenhas como
"professor", Targa conta que em 2005 o cientista
descobriu o novo método de medir pressão
intracraniana (PIC) e publicou os primeiros
artigos; em 2014 abriu a empresa e, dois anos
depois, ele e o empresário Carlos Bremer se
juntaram ao projeto.
No ano seguinte, a startup foi uma das 7 entre
500 empresas do mundo a serem escolhidas para
aceleração na Singularity University, centro de
tecnologias exponenciais do Vale do Silício, na
Califórnia. A comunidade de cientistas que
analisou o processo no Singularity acredita que a
descoberta de Mascarenhas tem potencial para
ganhar escala e causar impacto em 1 bilhão de
pessoas nos próximos dez anos, definindo o
sexto sinal vital da saúde. Hoje, os cinco sinais
vitais avaliados pelos médicos são temperatura,
pressão arterial, frequência cardíaca, frequência
respiratória e dor.
Com o avanço das pesquisas, descobriram que a
PIC está relacionada não apenas a distúrbios
neurológicos, como trauma craniano, hidrocefalia
e tumor cerebral, mas também a doenças
cardiológicas, eclâmpsia (quadro de hipertensão
em mulheres grávidas) e patologias relacionadas
ao fígado.
Com o "motor" turbinado, Mascarenhas larga os
talheres, assume a direção da conversa e nos
leva à Hiroshima, no Japão. Na década de 70,
quando lecionava no Instituto de Física de São
Carlos (IFSC-USP), o cientista descobriu que
irradiando ossos humanos com raios X, eles se
tornavam levemente magnéticos - propriedade
conhecida como paramagnetismo. O trabalho
rendeu um convite para lecionar na Harvard, nos
EUA. Antes, porém, ele foi ao Japão para tentar
obter amostras de ossos de vítimas das bombas
atômicas e, assim, testar seu método. Em
Hiroshima, ele foi ao Atomic Bomb Research
Center, centro de pesquisas criado pelos
americanos. "Veja que coisa dantesca. Além dos
americanos jogarem a bomba em Hiroshima e
Nagasaki, eles usaram as próprias vítimas para
fazer pesquisa."
Mascarenhas diz que foi tratado com desdém
pelo centro. Só mudaram o tom ao saberem que
o brasileiro havia sido convidado pela Harvard
para expor seu trabalho. De posse dos ossos das
vítimas, mediu a dosagem de radiação lá mesmo.
As amostras foram trazidas por Mascarenhas ao
Brasil, onde ele as guarda até hoje.
Desde então, os equipamentos evoluíram e o
cientista fez uma nova medição, mais atualizada
e confiável que a preliminar. Técnicas como essa,
diz, podem ser úteis. "Imagine que um terrorista
detone uma bomba comum em um grande centro
e grude no explosivo um pouco de material
radioativo. Faria um enorme estrago. O método
pode ajudar a identificar quem foi exposto à
poeira radioativa e necessita tratamento."
Os pratos são retirados. O professor anima-se
com os doces. Pede para trazerem duas caixas
de pequenos quadrados de sorvete cobertos com
chocolate, do tipo que se come com a mão. Já
com o doce entre os dedos, ele conta que no ano
passado o jornal "The Washington Post", ao
saber do experimento, veio ao Brasil entrevistá-
lo. "O 'Washington Post'!", repete, animado. "Na
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medida em que seus experimentos vão dando
certo e são reconhecidos internacionalmente, é
natural adquirir autoconfiança, mas dá também
vaidade, que pode ou não atrapalhar. Veja
Beethoven, Mozart: tinham talento, mas um ego
bastante agressivo também."
E como Mascarenhas lida com a vaidade? "Lido
mal. Sei que sou vaidoso. Corto um pedúnculo
aqui, nascem mais dois", diz. Para controlar as
penas da cauda de pavão, cerca-se de alunos
mais inteligentes que ele. "Ter alunos com maior
capacidade cognitiva na vizinhança dá um prazer
enorme e dá também aquele contentamento de
descobrir que foi você que descobriu."
No ano passado o professor publicou o liro
"Novos Olhares de Janus" (ed. Funpec). Na
mitologia romana, Janus é um deus bifronte, que
mantém uma face para o presente e outra para o
futuro. Enquanto escreve dedicatórias nos
exemplares - sem precisar colocar os óculos -,
avisa que ainda quer discorrer sobre seus novos
projetos, entre eles desenvolver um aplicativo
para ajudar no tratamento de Alzheimer,
investigar a cura do câncer ou ainda entender o
mecanismo da dor em termos numéricos. Sugere
também que a reportagem dê um pulo na
universidade para conhecer e fotografar a
coleção de ossos que trouxe de Hiroshima.
Mas, a esta altura, a dona do restaurante já está
aflita para fechar o salão. Mascarenhas pega o
último doce na caixa. "Meu tempo de validade
está acabando. Tenho pressa, mas o tempo das
pessoas é outro", diz. "Tenho 91 anos, não dá
para deixar nada para depois."
https://www.valor.com.br/cultura/6340683/futur
o-depende-de-uniao-da-ciencia-e-tecnologia-
com-humanidades-diz-sergio-mascarenhas-da-
brain4care
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