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LITERATURA DE CORDEL “RAÍZES E TRADIÇÕES POPULARES EM VERSOS” OBJETIVOS DO PROJETO: Reconhecer a importância da Literatura de Cordel enquanto patrimônio histórico e cultural do povo nordestino e brasileiro; Desenvolver habilidades de leitura de textos cordelistas; identificando idéias e recursos de expressão, bem como as intenções que motivaram a sua construção; Identificar os grandes temas explorados pela Literatura de cordel e analisá-las no contexto social; Utilizar a Literatura de Cordel como fonte de informação e ponto de partida para o debate da realidade contemporânea nos diversos setores do conhecimento; Historiar o surgimento da Literatura de Cordel, sua transplantação para o Nordeste brasileiro e a cultivação pela cultura popular; Identificar os grandes nomes da Literatura de Cordel no Nordeste e a importância dessas personalidades. Utilizar a poesia de cordel como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação escolar como cidadania, solidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, espiritualidade, ética, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social da população, amor ao próximo. Estimular a leitura, produção e edição de folhetos de cordel entre professores, alunos e demais integrantes da comunidade escolar. Contribuir para o resgate da literatura de cordel na perspectiva de transformá-la em veículo de comunicação de massa. Realizar exposições em escolas, feiras livres, praças

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LITERATURA DE CORDEL “RAÍZES E TRADIÇÕES POPULARES EM VERSOS”

OBJETIVOS DO PROJETO:

• Reconhecer a importância da Literatura de Cordel enquanto patrimônio histórico e cultural do povo nordestino e brasileiro;

• Desenvolver habilidades de leitura de textos cordelistas; identificando idéias e recursos de expressão, bem como as intenções que motivaram a sua construção;

• Identificar os grandes temas explorados pela Literatura de cordel e analisá-las no contexto social;

• Utilizar a Literatura de Cordel como fonte de informação e ponto de partida para o debate da realidade contemporânea nos diversos setores do conhecimento;

• Historiar o surgimento da Literatura de Cordel, sua transplantação para o Nordeste brasileiro e a cultivação pela cultura popular;

• Identificar os grandes nomes da Literatura de Cordel no Nordeste e a importância dessas personalidades.

• Utilizar a poesia de cordel como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação escolar como cidadania, solidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, espiritualidade, ética, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social da população, amor ao próximo.

Estimular a leitura, produção e edição de folhetos de cordel entre professores, alunos e demais integrantes da comunidade escolar.

Contribuir para o resgate da literatura de cordel na perspectiva de transformá-la em veículo de comunicação de massa.

Realizar exposições em escolas, feiras livres, praças públicas, emissoras de rádio, carros de som, em outros ambientes e meios de divulgação.

Justificativa

Literatura de CordelÉ poesia popularÉ historia contada em versosEm estrofes a rimarEscrita em papel comumFeita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravuraTrabalho de artesãoQue esculpe em madeiraUm desenho com ponçãoPreparando a matrizPra fazer reprodução.

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Os folhetos de cordelNas feiras eram vendidosPendurados num cordãoFalando do acontecido,De amor, luta e mistério,De fé e do desassistido.

A minha literaturaDe cordel é reflexãoSobre a questão socialE orienta o cidadãoA valorizar a culturaE também a educação.

Mas trata de outros temas:Da luta do bem contra o mal,Da crença do nosso povo,Do hilário, coisa e talE você acha nas bancasPor apenas um real.

O cordel é uma expressãoDa autêntica poesiaDo povo da minha terraQue luta pra que um diaAcabe a fome e misériaHaja paz e harmonia.

        A poesia popular, enquanto literatura oral já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil o cordel chegou, trazido de Portugal, onde era vendido como "folhas soltas", mas foi com um poeta nascido em Pombal, que ele ganhou celebridade. Segundo Luís da Câmara Cascudo, no livro Vaqueiros e cantadores (Porto Alegre: Globo, 1939. p.16) os folhetos foram introduzidos no Brasil pelo cantador Silvino Pirauá de Lima e depois pela dupla Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista.

        O cordel que era vendido nas barracas das feiras livres pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores, hoje sofre dos males do esquecimento e do abandono, explicado pelo advento da era tecnológica e assimilação desenfreada da cultura estrangeira. Ele já foi, no interior do Nordeste, o jornal, a música, o lazer de um povo que se reunia nos salões ou terreiros das casas para fantasiar histórias lidas por aqueles que dominavam os códigos da leitura e servia também para alfabetizar tantos outros que as vezes sabia de cor folhetos famosos. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no Nordeste poetas de expressão como Patativa do Assaré e revelar ao mundo uma música inigualável de Luiz Gonzaga, valores que sintetizam a grandiosidade da nossa arte popular.

        O cordel precisa sobreviver e voltar a ser uma cultura de massa tal como antigamente. Certamente alguns poetas continuarão nas feiras, outros levarão suas obras às bancas de jornal, livrarias, outros ainda procurarão utilizar os recursos da mesma era tecnológica que ajudou a sucumbi-lo - como o rádio, jornal, tv e agora mais recentemente a internet - para fazer chegar aos quatro cantos do mundo a imponente cultura nordestina.

        Contudo, acreditamos que a literatura de cordel só poderá se transformar numa cultura de massa a partir do momento que a escola passar a estimular o seu uso, ou seja, a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários) adotar o hábito da leitura. Quando a escola procurar conscientizar a todos da real

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necessidade de se preservar o cordel enquanto saber histórico, estaremos caminhando em direção a sua revitalização.

        Levar a literatura de cordel até a escola significa oferecer um importante e motivante meio de educação aos alunos dos ensinos fundamental. Através da poesia popular o aluno poderá conhecer aspectos da história do nordestino, pois o cordel retrata a cultura, o cotidiano, a realidade do povo e suas peculiaridades. Mas pode versar sobre qualquer assunto e ser utilizado como recurso pedagógico para debater temas relacionados à educação escolar como cidadania, solidariedade, preconceito, discriminação racial, consciência ambiental, espiritualidade, ética, educação sexual, combate às drogas, violência, condição social da população, amor ao próximo...

        Ter o cordel nas bibliotecas das escolas pode representar um passo extremamente valioso para o devido reconhecimento e resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura. Significa observar o contato do passado, da memória do saber tradicional, do conto poético numa linguagem ao mesmo tempo simplória e bela, de fácil compreensão e de uma engenhosidade singular observada na construção dos versos e rimas. A escola tem que obrigatoriamente prestigiar a cultura popular, caso queira preservar a sua própria história. E demonstrar preocupação na manutenção do saber é assumir e incorporar a sua rotina o contato com as manifestações que o povo cultiva, que apresentam significância e um visível potencial pedagógico. A literatura de cordel é uma dessas manifestações que devem e precisam ser utilizadas no ambiente escolar.

        Enquanto livro para-didático ou leitura suplementar o cordel pode conduzir o leitor a uma viagem fascinante, a um universo textual completamente diferente do habitual onde a rima é um dos elementos que atrai, que desperta a curiosidade além de suscitar a sensibilidade artística.

        No espaço escolar o cordel poderá ser usado para estimular a criatividade. Como é uma leitura que pode ser cantada, acompanhada de um ou vários instrumentos musicais como viola, rabeca, sanfona, violão, pífano, zabumba, flauta, pandeiro ou outro de interesse do professor, vemos a riqueza da sua utilização. Indiretamente há um incentivo à aprendizagem de determinado instrumento musical, ao próprio canto e à estimulação da educação rítmica, mesmo para aqueles que não queiram estudar ou compor música. Finalmente pode-se orientar os alunos a produzir histórias, o que de fato mais contribuirá para que sejam revelados valores e com isso fazer perpetuar em nossa região o estigma de lugar dos grandes poetas.

        Por ser confeccionado com material simples, o folheto de cordel tradicionalmente teve preço acessível e as pessoas de baixo poder aquisitivo sempre tiveram oportunidade de adquiri-lo. Hoje falta divulgação para que ele seja conhecido pelas novas gerações, além de políticas públicas de incentivo.

        Adquirir títulos com o objetivo de serem distribuídos aos alunos da rede pública de ensino, bem como a sua aquisição para o acervo das bibliotecas das escolas, poderiam ser iniciativas dos governos que muito iriam contribuir nessa tarefa de promoção do cordel. Outro meio seria a realização de concursos no interior das escolas, patrocinados com a incumbência de revelar talentos onde os vencedores poderiam ter as suas obras editadas.

        Na escola o aluno deveria ser estimulado a ler, compor, conhecer as rimas, os tipos de versos, assim como estudar e criar a própria xilogravura.

        Considerando a literatura de cordel como Patrimônio Histórico do Povo nordestino e brasileiro, desenvolveremos o Projeto “Literatura de Cordel:raízes e

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tradições populares em versos” com o objetivo de favorecer o acesso ao cordel para toda a comunidade escolar.

Encaminhamentos Metodológicos: Trabalhar o cordel “o que é cordel” para que o aluno tenha

conhecimento da estrutura de um cordel. Organizar na sala de aula uma exposição de cordéis para

que os alunos leiam e se familiarizem com o estilo cordelista de se escrever e ler.

Solicitação de uma pesquisa sobre Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga para discernimento da vida e obra desses autênticos representantes da cultura nordestina;

Leitura e debate do livro: Um mundo desconhecido : Patativa do Assaré;

Leitura do cordel “O encontro de Lampião,Luiz Gonzaga e Patativa no portão do céu”;

Divisão da turma em grupos;cada grupo ficará responsável em ilustrar uma parte do cordel lido e organizar um painel com os trabalhos realizados;

No período da realização do projeto,levar músicas de letras de Patativa cantadas na voz de Luiz Gonzaga, bem como, outros poemas como : Vaca Estrela e Boi Fubá, A morte de Nanã, dentre outros;

Organizar com a turma uma apresentação de um cordel Vida e obra de Luiz Gonzaga e dançar a música Vaca Estrela e Boi Fubá para culminância do projeto;

A culminância do projeto será organizado da seguinte maneira:*Exposição de varal de cordel,Baú de cordel e um sala com os filmes:A moça que dançou depois de morta; A árvore do dinheiro;O casamento do Curió; O lobisomem e o coronel;*Apresentação dos cordelistas da comunidade e Sabores do Nordeste com comidas típicas para todos;*Exposição organizadas nas salas por temáticas: o cangaço, Luiz Gonzaga e apresentação de xaxado, cordéis, e repentistas;*Finalizaremos com forrozeiros pé de serra na sala de Luiz Gonzaga com músicas do cantor para toda a comunidade escolar.

CORAÇÃO DO NORTE

Composição: Lenine e Paulo César Pinheiro

Sou o coração do folclore nordestino

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Eu sou Mateus e Bastião do BoiBumbáSou o boneco do Mestre VitalinoDançando uma ciranda em ItamaracáEu sou um verso de Carlos PenaFilhoNum frevo de CapibaAo som da orquestra armorialSou CapibaribeNum livro de João CabralSou mamulengo de São Bento doUnaVindo no baque solto de MaracatuEu sou um alto de Ariano SuassunaNo meio da Feira de CaruaruSou Frei Caneca do Pastoril doFacetaLevando a flor da liraPra Nova JerusalémSou Luis GonzagaE vou dando um cheiro em meu bemEu sou mameluco, sou de Casa ForteSou de Pernambuco, sou o Leão doNorteSou Macambira de Joaquim CardosoBanda de Pife no meio do CanavialNa noite dos tambores silenciososSou a calunga revelando o CarnavalSou a folia que desce lá de OlindaO homem da meia-noite puxandoesse cordãoSou jangadeiro na festa de JaboatãoEu sou mameluco...

MORTE DE NANÁEu vou contá uma histora

Que eu não sei como comece,

Pruquê meu coração chora,

A dô no meu peito cresce,

Omenta o meu sofrimento

E fico uvindo o lamento

De minha arma dilurida,

Pois é bem triste a sentença

De quem perdeu na isistença

O que mais amou na vida.

Já tou velho, acabrunhado,

Mas inriba dêste chão,

Fui o mais afortunado

De todos fios de Adão.

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Dentro da minha pobreza,

Eu tinha grande riqueza:

Era uma querida fia,

Porém morreu muito nova.

Foi sacudida na cova

Com seis ano e doze dia.

Morreu na sua inocença

Aquêle anjo incantadô,

Que foi na sua isistença,

A cura da minha dô

E a vida do meu vivê.

Eu bejava, com prazê,

Todo dia, demenhã,

Sua face pura e bela.

Era Ana o nome dela,

Mas, eu chamava Nanã.

Nanã tinha mais primô

De que as mais bonita jóia,

Mais linda do que as fulô

De un tá de Jardim de Tróia

Que fala o dotô Conrado.

Seu cabelo cachiado,

Prêto da cô de viludo.

Nanã era meu tesôro,

Meu diamante, meu ôro,

Meu anjo, meu céu, meu tudo,

Pelo terrêro corria,

Sempre sirrindo e cantando,

Era lutrida e sadia,

Pois, mesmo se alimentando

Com feijão, mio e farinha,

Era gorda, bem gordinha

Minha querida Nanã,

Tão gorda que reluzia.

O seu corpo parecia

Uma banana-maçã.

Todo dia, todo dia,

Quando eu vortava da roça,

Na mais compreta alegria,

Dento da minha paioça

Minha Nanã eu achava.

Por isso, eu não invejava

Riqueza nem posição

Dos grandes dêste país,

Pois eu era o mais feliz

De todos fio de Adão.

Mas, neste mundo de Cristo,

Pobre não pode gozá.

Eu, quando me lembro disto,

Dá vontade de chorá.

Quando há sêca no sertão,

Ao pobre farta feijão,

Farinha, mio e arrôis.

Foi isso que aconteceu:

A minha fia morreu,

Na sêca de trinta e dois.

Vendo que não tinha inverno,

O meu patrão, um tirano,

Sem temê Deus nem o inferno,

Me deixou no desengano,

Sem nada mais me arranjá.

Teve que se alimentá

Minha querida Nanã,

No mais penoso matrato,

Comendo caça do mato

E goma de mucunã.

E com as braba comida,

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Aquela pobre inocente

Foi mudando a sua vida,

Foi ficando deferente.

Não sirria nem brincava,

Bem pôco se alimentava

E inquanto a sua gordura

No corpo diminuía,

No meu coração crescia

A minha grande tortura.

Quando ela via o angu,

Todo dia demenhã,

Ou mesmo o rôxo beju

De goma de mucanã,

Sem a comida querê,

Oiava pro dicumê,

Depois oiava pra mim

E o meu coração doía,

Quando Nanã me dizia:

Papai, ô comida ruim!

Se passava o dia intêro

E a coitada não comia,

Não brincava no terrêro

Nem cantava de alegria,

Pois a farta de alimento

Acaba o contentamento,

Tudo destrói e consome.

Não saía da tipóia

A minha adorada jóia,

Infraquecida de fome.

Daqueles óio tão lindo

Eu via a luz se apagando

E tudo diminuindo.

Quando eu tava reparando

Os oínho da criança,

Vinha na minha lembrança

Um candiêro vazio

Com uma tochinha acesa

Representando a tristeza

Bem na ponta do pavio.

E, numa noite de agosto,

Noite escura e sem luá,

Eu vi crescê meu desgôsto,

Eu vi crescê meu pená.

Naquela noite, a criança

Se achava sem esperança

E quando vêi o rompê

Da linha e risonha orora,

Fartava bem pôcas hora

Pra minha Nanã morrê.

Por ali ninguém chegou,

Ninguém reparou nem viu

Aquela cena de horrô

Que o rico nunca assistiu,

Só eu a minha muié,

Que ainda cheia de fé

Rezava pro Pai Eterno,

Dando suspiro maguado

Com o rosto seu moiado

Das água do amó materno.

E, enquanto nós assistia

A morte da pequenina,

Na menhã daquele dia,

Veio um bando de campina,

De canaro e sabiá

E começaro a cantá

Um hino santificado,

Na copa de um cajuêro

Que havia bem no terrêro

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Do meu rancho esburacado.

Aqueles passo cantava,

Em lovô da despedida,

Vendo que Nanã dexava

As misera desta vida.

Pois não havia ricurso,

Já tava fugindo os purso.

Naquele estado misquinho,

Ia apressando o cansaço,

Seguido pelo compasso

Da musga dos passarinho.

Na sua pequena bôca

Eu via os laibo tremendo

E, naquela afrição lôca,

Ela também conhecendo

Que a vida tava no fim,

Foi regalando pra mim

Os tristes oínho seu,

Fêz um esfôrço ai, ai, ai,

E disse: "Abença, papai!"

Fechó os óio e morreu.

Enquanto finalizava

Seu momento derradêro,

Lá fora os passo cantava,

Na copa do cajuêro.

Em vez de gemido e choro,

As ave cantava em coro.

Era o bendito prefeito

Da morte do meu anjinho.

Nunca mais os passarinho

Cantaro daquele jeito.

Nanã foi, naquele dia,

A Jesus mostrá seu riso

E omentá mais a quantia

Dos anjo do Paraíso.

Na minha maginação,

Caço e não acho expressão

Pra dizê como é que fico.

Pensando naquele adeus

E a curpa não é de Deus,

A curpa é dos home rico.

Morreu no maió matrato

Meu amô lindo e mimoso.

Meu patrão, aquele ingrato,

Foi o maior criminoso

Foi o maió assassino.

O meu anjo pequenino

Foi sacudido no fundo

Do mais pobre cimitero

E eu hoje me considero

O mais pobre dêste mundo.

Soluçando, pensativo,

Sem consôlo e sem assunto,

Eu sinto que inda tou vivo,

Mas meu jeito é de defunto.

Invorvido na tristeza,

No meu rancho de pobreza,

Tôda vez que eu vou rezá,

Com meus juêio no chão,

Peço em minhas oração:

Nanã, venha me buscá!