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1 LIVRO DE LEIS Salvador, 3 de abril de 2017.

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LIVRO

DE LEIS

Salvador, 3 de abril de 2017.

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ÍNDICE

A) LEGISLAÇÃO FEDERAL

I – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ATÉ A EC N° 1/1969. ........................................ 5

II - LEI Nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra) ............................................................................. 19

III – LEI Nº 6.383/1976 (Discriminatória de Terras Devolutas da

União) 54

IV – CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988 ............................................................................... 60

V - LEI 11.326/2006 (Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos

Familiares Rurais) ..................................................................................................................... 64

VI - LEI Nº 11.446/2007 (Altera a Lei no 4.504/1964) ............................................................. 67

VII - LEI Nº 11.952/2009 (Reg. fundiária. União. Amazônia Legal ..................................... 68

VIII - LEI 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) ......................................................... 80

B) LEGISLAÇÃO ESTADUAL

I – LEI Nº 3.038/1972 (Lei de Terras Públicas)....................................................................... 94

II – LEI Nº 3.442/1975 (Altera a Lei nº 3.038/1972) ............................................................. 101

III – LEI Nº 3.635/1978 (Transforma o Instituto de Terras da Bahia em Autarquia e dá

outras providências) ................................................................................................................ 103

IV – LEI Nº 3.804/1980 (Altera a Lei 3.635/1978)................................................................. 105

V - LEI Nº 3.855/1980 (Altera a Lei n° 3.442/1975) .............................................................. 106

VI – CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, 1989 (Arts. 171 a 195) ............................................. 107

VII – LEI Nº 12.212/2011 (Modifica a estrutura organizacional e de cargos em comissão

da Administração Pública do Poder Executivo

Estadual) .................................................................................................................................. 111

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VIII - LEI Nº 12.910/2013 (Regularização fundiária de terras públicas estaduais, rurais e

devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades Remanescentes de Quilombos e

por Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos e dá outras

providências) ............................................................................................................................ 151

C) DECRETO FEDERAL

I - Nº 4.887/2003 (Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,

delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das

comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do

ADCT) ...................................................................................................................................... 154

II - N° 6.040/2007 (Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais. .................................................................................................... 159

III – Nº 6.992/2009. Regulamenta a Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor

sobre a regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito

da Amazônia Legal, definida pela Lei Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, e dá

outras providências. ................................................................................................................ 164

D) DECRETO ESTADUAL

I – Nº 11.850/2009 (Institui a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de

Quilombos e dispõe sobre a identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do

Estado da Bahia por essas comunidades, de que tratam o art. 51 do ADCT da Constituição

do Estado da Bahia de 1989) ...................................................................................................174

II – Nº 13.247/2011 (Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades

Tradicionais – CESPCT) ........................................................................................................ 179

III – Nº 13.914/2012. Altera o Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia,

aprovado pelo Decreto no 23.401, de 13 de abril de 1973, e dá outras providências. 187

E) PORTARIA

I - PORTARIA Nº 98/ 2007. FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES ............................. 189

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II - PORTARIA Nº 007/ 2014. SEPROMI ............................................................................ 191

F) INSTRUÇÃO NORMATIVA

I – IN Nº 001/2012 - SEAGRI/PGE ........................................................................................ 195

II – IN Nº 71/2012 – INCRA ................................................................................................... 204

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CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL, DE 25 DE MARÇO DE 1824.

Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por

base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, é garantida pela Constituição do

Império, pela maneira seguinte.

XXII – É garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem público

legalmente verificado exigir o uso e emprego da Propriedade do Cidadão, será ele previamente

indenizado do valor dela. A Lei marcará os casos em que terá que lograr esta única exceção, e

dará as regras para se determinar a indenização.

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 24 DE

FEVEREIRO DE 1891.

Art. 64. Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas situadas nos seus respectivos

territórios, cabendo à União somente a porção do território que for indispensável para a defesa

das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro federais.

Parágrafo único. Os próprios nacionais, que não forem necessários para o serviço da União,

passarão ao domínio dos Estados, em cujo território estiverem situados.

Art. 72. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade,

nos termos seguintes:

§ 17. O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salva a desapropriação por

necessidade ou utilidade pública, mediante indenização prévia. As minas pertencem aos

proprietários do solo, salvas as limitações que forem estabelecidas por lei a bem da exploração

deste ramo de indústria.

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 16 DE

JULHO DE 1934.

Art. 20. São do domínio da União:

I – os bens que a esta pertencem, nos termos das leis atualmente em vigor;

II – os lagos e quaisquer correntes em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um

Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a território estrangeiro;

III – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas fronteiriças.

Art. 21. São do domínio dos Estados:

I – os bens da propriedade destes pela legislação atualmente em vigor, com as restrições do

artigo antecedente;

II – as margens dos rios e lagos navegáveis, destinadas ao uso público, se por algum título não

forem do domínio federal, municipal ou particular.

Art. 113. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à

propriedade, nos termos seguintes:

3) A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

17) É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o interesse social

ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação por necessidade ou utilidade

pública far-se-á nos termos da lei, mediante prévia e justa indenização. Em caso de perigo

iminente, como guerra ou comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da

propriedade particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização

ulterior.

Art. 125. Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos

contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez

hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio

do solo, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.

Art. 126. Serão reduzidos de cinqüenta por cento os impostos que recaiam sobre imóvel rural,

de área não superior a cinqüenta hectares e de valor até dez contos de réis, instituído em bem de

família.

Art. 129. Será respeitada a posse de terras de silvícolas que nelas se achem permanentemente

localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las.

Art. 130. Nenhuma concessão de terras de superfície, superior a dez mil hectares, poderá ser

feita sem que, para cada caso, preceda autorização do Senado Federal.

Art. 166. Dentro de uma faixa de cem quilômetros ao longo das fronteiras, nenhuma concessão

de terras ou de vias de comunicação e a abertura destas se efetuarão sem audiência do Conselho

Superior da Segurança Nacional, estabelecendo este o predomínio de capitais e trabalhadores

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nacionais e determinando as ligações interiores necessárias à defesa das zonas servidas pelas

estradas de penetração.

§ 3º O Poder Executivo, tendo em vista as necessidades de ordem sanitária, aduaneira e da

defesa nacional, regulamentará a utilização das terras públicas, em região de fronteira, pela

União e pelos Estados, ficando subordinada à aprovação do Poder Legislativo a sua alienação.

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CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 10 DE NOVEMBRO DE

1937.

Art. 36. São do domínio federal:

a) os bens que pertencerem à União nos termos das leis atualmente em vigor;

b) os lagos e quaisquer correntes em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um

Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a territórios estrangeiros;

c) as ilhas fluviais e lacustres nas zonas fronteiriças.

Art. 37. São do domínio dos Estados:

a) os bens de propriedade destes, nos termos da legislação em vigor, com as restrições do artigo

antecedente;

b) as margens dos rios e lagos navegáveis destinadas ao uso público, se por algum título não

forem do domínio federal, municipal ou particular.

Art. 122. A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentes no País o direito à

liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:

14) O direito de propriedade, salvo a desapropriação por necessidade ou utilidade pública,

mediante indenização prévia. O seu conteúdo e os seus limites serão os definidos nas leis que

lhe regularem o exercício.

Art. 148. Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos

contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez

hectares, tornando-o produtivo com o seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o

domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.

Art. 155. Nenhuma concessão de terras, de área superior a dez mil hectares, poderá ser feita

sem que, em cada caso, preceda autorização do Conselho Federal.

Art. 165. Dentro de uma faixa de cento e cinqüenta quilômetros ao longo das fronteiras,

nenhuma concessão de terras ou de vias de comunicação poderá efetivar-se sem audiência do

Conselho Superior de Segurança Nacional, e a lei providenciará para que nas indústrias situadas

no interior da referida faixa predominem os capitais e trabalhadores de origem nacional.

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CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, DE 18 DE SETEMBRO DE

1946.

Art. 34. Incluem-se entre os bens da União:

I – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de

um Estado, sirvam de limite com outros países ou se estendam a território estrangeiro, e bem

assim as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;

II – a porção de terras devolutas indispensável à defesa das fronteiras, às fortificações,

construções militares e estradas de ferro.

Art. 35. Incluem-se entre os bens do Estado os lagos e rios em terrenos do seu domínio e os que

têm nascente e foz no território estadual.

Art. 141. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança individual e à

propriedade, nos termos seguintes:

§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

§ 16. É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou

utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. Em

caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as autoridades competentes

poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem público, ficando, todavia,

assegurado o direito à indenização ulterior.

Art. 147. O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. A lei poderá, com

observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição da propriedade, com

igual oportunidade para todos.

Art. 156. A lei facilitará a fixação do homem no campo, estabelecendo planos de colonização e

de aproveitamento das terras públicas. Para esse fim, serão preferidos os nacionais e, dentre

eles, os habitantes das zonas empobrecidas e os desempregados.

§ 1º Os Estados assegurarão aos posseiros de terras devolutas, que nelas tenham morada

habitual, preferência para aquisição até vinte e cinco hectares.

§ 2º Sem prévia autorização do Senado Federal, não se fará qualquer alienação ou concessão de

terras públicas com área superior a dez mil hectares.

§ 3º Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar, por dez anos

ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, trecho de terra não superior

a vinte e cinco hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele sua morada,

adquirir-lhe-á a propriedade, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.

Art. 180. Nas zonas indispensáveis à defesa do País, não se permitirá, sem prévio assentimento

do Conselho de Segurança Nacional:

I – qualquer ato referente à concessão de terras, a abertura de vias de comunicação e a instalação

de meios de transmissão;

§ 1º A lei especificará as zonas indispensáveis à defesa nacional, regulará a sua utilização e

assegurará, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores brasileiros.

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EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 10, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1964. EMENDA À

CONSTITUIÇÃO DE 1946

Art. 1º A letra a do nº XV do art. 5º da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte

redação:

“Art. 5º Compete à União: XV – Legislar sobre: a) Direito Civil, Comercial, Penal, Processual,

Eleitoral, Aeronáutico, do Trabalho e Agrário”;

Art. 2º O art. 15 é acrescido do item e parágrafo seguintes: “Art. 15. Compete à União decretar

impostos sobre: VII – Propriedade territorial rural.

§ 9º O produto da arrecadação do imposto territorial rural será entregue, na forma da lei, pela

União aos Municípios onde estejam localizados os imóveis sobre os quais incida a tributação”.

Art. 3º O art. 29 da Constituição e o seu inciso I passam a ter a seguinte redação:

“Art. 29. Além da renda que lhes é atribuída por força dos §§ 2º, 4º, 5º e 9º do art. 15, e dos

impostos que, no todo ou em parte, lhes forem transferidos pelo Estado, pertencem aos

Municípios os impostos: I – Sobre propriedade territorial urbana”;

Art. 4º O § 16 do art. 141 da Constituição Federal passa a ter a seguinte redação: “§ 16. É

garantido o direito de propriedade salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade

pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, com a exceção

prevista no § 1º do art. 147. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina, as

autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, se assim o exigir o bem

público, ficando, todavia, assegurado o direito a indenização ulterior”.

Art. 5º Ao art. 147 da Constituição Federal são acrescidos os parágrafos seguintes:

“§ 1º Para os fins previstos neste artigo, a União poderá promover desapropriação da

propriedade territorial rural, mediante pagamento da prévia e justa indenização em títulos

especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, segundo índices fixados

pelo Conselho Nacional de Economia, resgatáveis no prazo máximo de vinte anos, em parcelas

anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação a qualquer tempo, como meio de pagamento de

até cinqüenta por cento do Imposto Territorial Rural e como pagamento do preço de terras

públicas.

§ 2º A lei disporá sobre o volume anual ou periódico das emissões, bem como sobre as

características dos títulos, a taxa dos juros, o prazo e as condições de resgate.

§ 3º A desapropriação de que trata o § 1º é da competência exclusiva da União e limitar-se-á às

áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo sobre

propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o disposto neste artigo, conforme for

definido em lei.

§ 4º A indenização em títulos somente se fará quando se tratar de latifúndio, como tal

conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em

dinheiro.

§ 5º Os planos que envolvem desapropriação para fins de reforma agrária serão aprovados por

decreto do Poder Executivo, e sua execução será da competência de órgãos colegiados,

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constituídos por brasileiros de notável saber e idoneidade, nomeados pelo Presidente da

República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal.

§ 6º Nos casos de desapropriação, na forma do § 1º do presente artigo, os proprietários ficarão

isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam sobre a transferência da

propriedade desapropriada”.

Art. 6º Os §§ 1º, 2º e 3º do art. 156 da Constituição Federal passam a ter a seguinte redação:

“§ 1º Os Estados assegurarão aos posseiros de terras devolutas, que nelas tenham morada

habitual, preferência para aquisição até cem hectares.

§ 2º Sem prévia autorização do Senado Federal, não se fará qualquer alienação ou concessão de

terras públicas, com área superior a três mil hectares, salvo quando se tratar de execução de

planos de colonização aprovados pelo Governo Federal.

§ 3º Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar, por dez anos

ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, trecho de terra que haja

tornado produtivo por seu trabalho e de sua família, adquirir-lhe-á a propriedade, mediante

sentença declaratória devidamente transcrita. A área, nunca excedente de cem hectares, deverá

ser caracterizada como suficiente para assegurar, ao lavrador e sua família, condições de

subsistência e progresso social e econômico, nas dimensões fixadas pela lei, segundo os

sistemas agrícolas regionais”.

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CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, DE 24 DE JANEIRO DE 1967.

Art. 4º Incluem-se entre os bens da União:

I – a porção de terras devolutas indispensável à defesa nacional ou essencial ao seu

desenvolvimento econômico;

II – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de

um Estado, que sirvam de limites com outros países ou se estendam a território estrangeiro, as

ilhas oceânicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;

III – a plataforma submarina;

IV – as terras ocupadas pelos silvícolas;

V – os que atualmente lhe pertencem.

Art. 5º Incluem-se entre os bens dos Estados os lagos e rios em terrenos de seu domínio e os

que têm nascente e foz no território estadual, as ilhas fluviais e lacustres e as terras devolutas

não compreendidas no artigo anterior.

Art. 22. Compete à União decretar impostos sobre:

III – propriedade territorial, rural;

§ 1º O imposto territorial, de que trata o item III, não incidirá sobre glebas rurais de área não

excedente a vinte e cinco hectares, quando as cultive, só ou com sua família, o proprietário que

não possua outro imóvel.

Art. 91. Compete ao Conselho de Segurança Nacional:

II – nas áreas indispensáveis à segurança nacional, dar assentimento prévio para:

a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios de comunicação;

III – modificar ou cassar as concessões ou autorizações referidas no item anterior.

Parágrafo único. A lei especificará as áreas indispensáveis à segurança nacional, regulará sua

utilização e assegurará, nas indústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores

brasileiros.

Art. 150. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos

termos seguintes:

§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

§ 22. É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou

utilidade pública ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro,

ressalvado o disposto no art. 157, § 1º. Em caso de perigo público iminente, as autoridades

competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização

ulterior.

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Art. 157. A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos seguintes

princípios:

III – função social da propriedade;

§ 1º Para os fins previstos neste artigo, a União poderá promover a desapropriação da

propriedade territorial rural, mediante pagamento de prévia e justa indenização em títulos

especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, resgatáveis no prazo

máximo de vinte anos, em parcelas anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação, a qualquer

tempo, como meio de pagamento de até cinqüenta por cento do imposto territorial rural e como

pagamento do preço de terras públicas.

§ 2º A lei disporá sobre o volume anual ou periódico das emissões, sobre as características dos

títulos, a taxa dos juros, o prazo e as condições de resgate.

§ 3º A desapropriação de que trata o § 1º é da competência exclusiva da União e limitar-se-á às

áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo sobre

propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o disposto neste artigo, conforme for

definido em lei.

§ 4º A indenização em títulos somente se fará quando se tratar de latifúndio, como tal

conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em

dinheiro.

§ 5º Os planos que envolvem desapropriação para fins de reforma agrária serão aprovados por

decreto do Poder Executivo, e sua execução será da competência de órgãos colegiados,

constituídos por brasileiros, de notável saber e idoneidade, nomeados pelo Presidente da

República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal.

§ 6º Nos casos de desapropriação, na forma do § 1º do presente artigo, os proprietários ficarão

isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam sobre a transferência da

propriedade desapropriada.

Art. 164. A lei federal disporá sobre as condições de legitimação da posse e de preferência à

aquisição de até cem hectares de terras públicas por aqueles que as tornarem produtivas com o

seu trabalho e de sua família.

Parágrafo único. Salvo para execução de planos de reforma agrária, não se fará, sem prévia

aprovação do Senado Federal, alienação ou concessão de terras públicas com área superior a

três mil hectares.

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ATO INSTITUCIONAL Nº 9, DE 25 DE ABRIL DE 1969, Deu nova redação ao art. 157 da

Constituição do Brasil de 1967, referente à desapropriação de terras para fins de reforma

agrária.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

CONSIDERANDO a motivação contida nos Preâmbulos dos Atos Institucionais nºs 5 e 6,

respectivamente, de 13 de dezembro de 1968 e 1º de fevereiro, de 1969;

CONSIDERANDO, ainda, que a Reforma Agrária, para a sua execução, reclama instrumentos

hábeis que implicam alterações de ordem constitucional, resolve editar o seguinte Ato

Institucional:

Art. 1º O § 1º do art. 157 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 157. § 1º Para os fins previstos neste artigo a União poderá promover a desapropriação da

propriedade territorial rural, mediante pagamento de justa indenização, fixada segundo os

critérios que a lei estabelecer, em títulos especiais da dívida pública, com cláusula de exata

correção monetária, resgatáveis no prazo máximo de vinte anos, em parcelas anuais sucessivas,

assegurada a sua aceitação, a qualquer tempo, como meio de pagamento de até cinqüenta por

cento do imposto territorial rural e como pagamento do preço de terras públicas.”

Art. 2º É substituído o § 5º do art. 157 da Constituição Federal pelo seguinte:

“§ 5º O Presidente da República poderá delegar as atribuições para desapropriação de imóveis

rurais, por interesse social, sendo-lhe privativa a declaração de zonas prioritárias.”

Art. 3º Revoga-se o § 11 do art. 157 da Constituição Federal.

Art. 4º Este Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.

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EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1, DE 17 DE OUTUBRO DE 1969, Deu nova redação

à Constituição da República Federativa do Brasil de 1967.

Art. 4º Incluem-se entre os bens da União:

I – a porção de terras devolutas indispensável à segurança e ao desenvolvimento nacionais;

II – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de

um Estado, constituam limite com outros países ou se estendam a território estrangeiro; as ilhas

oceânicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;

III – a plataforma continental;

IV – as terras ocupadas pelos silvícolas;

V – os que atualmente lhe pertencem; e

VI – o mar territorial.

Art. 5º Incluem-se entre os bens dos Estados os lagos em terrenos de seu domínio, bem como os

rios que neles têm nascente e foz, as ilhas fluviais e lacustres e as terras devolutas não

compreendidas no artigo anterior.

Art. 89. Ao Conselho de Segurança Nacional compete:

III – indicar as áreas indispensáveis à segurança nacional e os municípios considerados de seu

interesse;

IV – dar, em relação às áreas indispensáveis à segurança nacional, assentimento prévio para:

a) concessão de terras, abertura de vias de transporte e instalação de meios de comunicação;

V – modificar ou cassar as concessões ou autorizações mencionadas no item anterior;

Art. 153. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos

termos seguintes:

§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

§ 22. É assegurado o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou

utilidade pública ou interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro,

ressalvado o disposto no artigo 161, facultando-se ao expropriado aceitar o pagamento em título

de dívida pública, com cláusula de exata correção monetária. Em caso de perigo público

iminente, as autoridades competentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao

proprietário indenização ulterior.

§ 34. A lei disporá sobre a aquisição da propriedade rural por brasileiro e estrangeiro residente

no país, assim como por pessoa natural ou jurídica, estabelecendo condições, restrições,

limitações e demais exigências, para a defesa da integridade do território, a segurança do Estado

e justa distribuição da propriedade.

Art. 160. A ordem econômica e social tem por fim realizar o desenvolvimento nacional e a

justiça social, com base nos seguintes princípios:

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I – liberdade de iniciativa;

II – valorização do trabalho como condição da dignidade humana;

III – função social da propriedade;

IV – harmonia e solidariedade entre as categorias sociais de produção;

V – repressão ao abuso do poder econômico, caracterizado pelo domínio dos mercados, a

eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros; e

VI – expansão das oportunidades de emprego produtivo.

Art. 161. A União poderá promover a desapropriação da propriedade territorial rural, mediante

pagamento de justa indenização, fixada segundo os critérios que a lei estabelecer, em títulos

especiais da dívida pública, com cláusula de exata correção monetária, resgatáveis no prazo de

vinte anos, em parcelas anuais sucessivas, assegurada a sua aceitação, a qualquer tempo, como

meio de pagamento até cinqüenta por cento do imposto territorial rural e como pagamento do

preço de terras públicas.

§ 1º A lei disporá sobre volume anual ou periódico das emissões dos títulos, suas características,

taxas dos juros, prazo e condições do resgate.

§ 2º A desapropriação de que trata este artigo é da competência exclusiva da União e limitar-se-

á às áreas incluídas nas zonas prioritárias, fixadas em decreto do Poder Executivo, só recaindo

sobre propriedades rurais cuja forma de exploração contrarie o acima disposto, conforme for

estabelecido em lei.

§ 3º A indenização em títulos somente será feita quando se tratar de latifúndio, como tal

conceituado em lei, excetuadas as benfeitorias necessárias e úteis, que serão sempre pagas em

dinheiro.

§ 4º O PRESIDENTE DA REPÚBLICA poderá delegar as atribuições para a desapropriação

de imóveis rurais por interesse social, sendo-lhe privativa a declaração de zonas prioritárias.

§ 5º Os proprietários ficarão isentos dos impostos federais, estaduais e municipais que incidam

sobre a transferência da propriedade sujeita a desapropriação na forma deste artigo.

Art. 171. A lei federal disporá sobre as condições de legitimação da posse e de preferência para

aquisição, até cem hectares, de terras públicas por aqueles que as tornarem produtivas com o seu

trabalho e o de sua família.

Parágrafo único. Salvo para execução de planos de reforma agrária, não se fará, sem prévia

aprovação do Senado Federal, alienação ou concessão de terras públicas com área superior a

três mil hectares.

Art. 172. A lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de

terras sujeitas a intempéries e calamidades. O mau uso da terra impedirá o proprietário de

receber incentivos e auxílios do Governo.

Art. 198. As terras habitadas pelos silvícolas são inalienáveis nos termos que a lei federal

determinar, a eles cabendo a sua posse permanente e ficando reconhecido o seu direito ao

usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes.

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§ 1º Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos de qualquer natureza que

tenham por objeto o domínio, a posse ou a ocupação de terras habitadas pelos silvícolas.

§ 2º A nulidade e extinção de que trata o parágrafo anterior não dão aos ocupantes direito a

qualquer ação ou indenização contra a União e a Fundação Nacional do Índio.

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LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO I

PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES

Art. 1º Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.

§ 1º Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor

distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos

princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.

§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da

terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias,

seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de

industrialização do País.

Art. 2º É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.

§ 1º A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,

simultaneamente:

a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de

suas famílias;

b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais;

d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a

possuem e a cultivam.

§ 2º É dever do Poder Público: a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à propriedade da terra

economicamente útil, de preferência nas regiões onde habita, ou, quando as circunstâncias

regionais o aconselhem em zonas previamente ajustadas na forma do disposto na

regulamentação desta Lei;

b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua função social, estimulando planos para

a sua racional utilização, promovendo a justa remuneração e o acesso do trabalhador aos

benefícios do aumento da produtividade e ao bem-estar coletivo.

§ 3º A todo agricultor assiste o direito de permanecer na terra que cultive, dentro dos termos e

limitações desta Lei, observadas sempre que for o caso, as normas dos contratos de trabalho.

§ 4º É assegurado às populações indígenas o direito à posse das terras que ocupam ou que lhes

sejam atribuídas de acordo com a legislação especial que disciplina o regime tutelar a que estão

sujeitas.

Art. 3º O Poder Público reconhece às entidades privadas, nacionais ou estrangeiras, o direito à

propriedade da terra em condomínio, quer sob a forma de cooperativas, quer como sociedades

abertas constituídas na forma da legislação em vigor.

Parágrafo único. Os estatutos das cooperativas e demais sociedades, que se organizarem na

forma prevista neste artigo, deverão ser aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária

(IBRA) que estabelecerá condições mínimas para a democratização dessas sociedades.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:

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I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se

destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos

públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;

II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor

e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso

social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e

eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;

III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidade inferiores às da propriedade familiar;

V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se

em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão

do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas,

econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente

explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico

...VETADO... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel

segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim,

equiparam-se às áreas cultivadas as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas

com benfeitorias;

VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma

Agrária ou à colonização pública ou privada;

VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (CIRA)", toda sociedade cooperativista mista,

de natureza civil, ...VETADO... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando

temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e

padronizar a produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na

legislação vigente;

IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o

aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de

Cooperativas ...VETADO...

Parágrafo único. Não se considera latifúndio:

a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o

ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante

planejamento adequado;

b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objetivo de preservação florestal ou de

outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente

da administração pública.

Art. 5º A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona de

características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de exploração

rural que nela possam ocorrer.

Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média ponderada das

partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.

CAPÍTULO II

DOS ACORDOS E CONVÊNIOS

Art. 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão unir seus esforços e

recursos, mediante acordos, convênios ou contratos para a solução de problemas de interesse

rural, principalmente os relacionados com a aplicação da presente Lei, visando a implantação da

Reforma Agrária e à unidade de critérios na execução desta.

§ 1º Para os efeitos da Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA representará a União nos acordos, convênios ou contratos multilaterais referidos neste

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artigo. (Parágrafo único transformado em § 1º com nova redação dada pela Medida Provisória

nº 2.183-56, de 24/8/2001)

§ 2º A União, mediante convênio, poderá delegar aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios o cadastramento, as vistorias e avaliações de propriedades rurais situadas no seu

território, bem como outras atribuições relativas à execução do Programa Nacional de Reforma

Agrária, observados os parâmetros e critérios estabelecidos nas leis e nos atos normativos

federais. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)

§ 3º O convênio de que trata o caput será celebrado com os Estados, com o Distrito Federal e

com os Municípios que tenham instituído órgão colegiado, com a participação das organizações

dos agricultores familiares e trabalhadores rurais sem terra, mantida a paridade de representação

entre o poder público e a sociedade civil organizada, com a finalidade de formular propostas

para a adequada implementação da política agrária. (Parágrafo acrescido pela Medida

Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)

§ 4º Para a realização da vistoria e avaliação do imóvel rural para fins de reforma agrária,

poderá o Estado utilizar-se de força policial. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº

2.183-56, de 24/8/2001)

§ 5º O convênio de que trata o caput deverá prever que a União poderá utilizar servidores

integrantes dos quadros de pessoal dos órgãos e das entidades da Administração Pública dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a execução das atividades referidas neste

artigo. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)

Art. 7º Mediante acordo com a União, os Estados poderão encarregar funcionários federais da

execução de Leis e serviços estaduais ou de atos e decisões das suas autoridades, pertinentes aos

problemas rurais, e, recìprocamente, a União poderá, em matéria de sua competência, cometer a

funcionários estaduais encargos análogos, provendo às necessárias despesas de conformidade

com o disposto no parágrafo terceiro do artigo 18 da Constituição Federal.

Art. 8º Os acordos, convênios ou contratos poderão conter cláusula que permita expressamente

a adesão de outras pessoas de direito público, interno ou externo, bem como de pessoas físicas

nacionais, ou estrangeiras, não participantes direta dos atos jurídicos celebrados.

Parágrafo único. A adesão efetivar-se-á com a só notificação oficial às partes contratantes, independentemente de condição ou termo.

CAPÍTULO III DAS TERRAS PÚBLICAS E PARTICULARES

Seção I

Das Terras Públicas

Art. 9º Dentre as terras públicas, terão prioridade, subordinando-se aos fins previstos nesta Lei,

as seguintes:

I - as de propriedade da União, que não tenham outra destinação específica;

II - as reservadas pelo Poder Público para serviços ou obras de qualquer natureza, ressalvadas as

pertinentes à segurança nacional, desde que o órgão competente considere sua utilização

econômica compatível com a atividade principal, sob a forma de exploração agrícola;

III - as devolutas da União, dos Estados e dos Municípios.

Art. 10. O Poder Público poderá explorar direta ou indiretamente, qualquer imóvel rural de sua

propriedade, unicamente para fins de pesquisa, experimentação, demonstração e fomento,

visando ao desenvolvimento da agricultura, a programas de colonização ou fins educativos de

assistência técnica e de readaptação.

§ 1º Somente se admitirá a existência de imóveis rurais de propriedade pública, com objetivos

diversos dos previstos neste artigo, em caráter transitório, desde que não haja viabilidade de

transferi-los para a propriedade privada.

§ 2º Executados os projetos de colonização nos imóveis rurais de propriedade pública, as

frações de terra restantes serão obrigatoriamente vendidas.

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§ 3º Os imóveis rurais pertencentes à União, cuja utilização não se enquadre nos termos deste

artigo, poderão ser transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou com ele

permutados por ato do Poder Executivo.

Art. 11. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária fica investido de poderes de representação da

União, para promover à discriminação das terras devolutas federais, restabelecida a instância

administrativa disciplinada pelo Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 e com

autoridade para reconhecer as posses legítimas manifestadas através de cultura efetiva e morada

habitual, bem como para incorporar ao patrimônio público as terras devolutas federais

ilegalmente ocupadas e as que se encontrarem desocupadas.

§ 1º Através de convênios, celebrados com os Estados e Municípios, iguais poderes poderão ser

atribuídos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, quanto às terras devolutas estaduais e

municipais, respeitada a legislação local, o regime jurídico próprio das terras situadas na faixa

da fronteira nacional bem como a atividade dos órgãos de valorização regional.

§ 2º Tanto quanto possível o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária imprimirá ao instituto das

terras devolutas orientação tendente a harmonizar as peculiaridades regionais com os altos

interesses do desbravamento através da colonização racional visando a erradicar os males do

minifúndio e do latifúndio.

Seção II

Das Terras Particulares

Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso é

condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta Lei.

Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de

exploração da terra que contrariem sua função social.

Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de associações de

pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento extrativo

agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação do sistema cooperativo, bem

como de outras modalidades associativas e societárias que objetivem a democratização do

capital. ("Caput" do artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de

24/8/2001)

§ 1º Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e trabalhadores

rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma consorcial ou condominial,

com a denominação de consórcio ou condomínio, nos termos dos arts. 3º e 6º desta Lei.

(Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)

§ 2º Os atos constitutivos dessas sociedades deverão ser arquivados na Junta Comercial, quando

elas praticarem atos de comércio, e no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, quando não

envolver essa atividade. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 2.183-56, de

24/8/2001)

Art. 15. A implantação da Reforma Agrária em terras particulares será feita em caráter

prioritário, quando se tratar de zonas críticas ou de tensão social.

TÍTULO II

DA REFORMA AGRÁRIA

CAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS E DOS MEIOS DE ACESSO À PROPRIEDADE RURAL

Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a

propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar

do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do País, com a gradual extinção do

minifúndio e do latifúndio.

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Parágrafo único. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para

promover e coordenar a execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e

do seu regulamento.

Art. 17. O acesso à propriedade rural será promovido mediante a distribuição ou a redistribuição

de terras, pela execução de qualquer das seguintes medidas:

a) desapropriação por interesse social; b) doação;

c) compra e venda;

d) arrecadação dos bens vagos; e) reversão à posse (VETADO) do Poder Público de terras de sua propriedade, indevidamente

ocupadas e exploradas, a qualquer título, por terceiros;

f) herança ou legado.

Art. 18. A desapropriação por interesse social tem por fim:

a) condicionar o uso da terra à sua função social;

b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade;

c) obrigar a exploração racional da terra;

d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;

e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica;

f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a fim de

preservá-los de atividades predatórias.

Art. 19. A desapropriação far-se-á na forma prevista na Constituição Federal, obedecidas às

normas constantes da presente Lei.

§ 1º Se for intentada desapropriação parcial, o proprietário poderá optar pela desapropriação de

todo o imóvel que lhe pertence, quando a área agricultável remanescente, inferior a cinqüenta

por cento da área original, ficar:

a) reduzida a superfície inferior a três vezes a dimensão do módulo de propriedade; ou b) prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja o seu

valor inferior ao da parte desapropriada.

§ 2º Para efeito de desapropriação observar-se-ão os seguintes princípios: a) para a fixação da justa indenização, na forma do artigo 147, § 1°, da Constituição Federal,

levar-se-ão em conta o valor declarado do imóvel para efeito do Imposto Territorial Rural, o

valor constante do cadastro acrescido das benfeitorias com a correção monetária porventura

cabível, apurada na forma da legislação específica, e o valor venal do mesmo;

b) o poder expropriante não será obrigado a consignar, para fins de imissão de posse dos bens,

quantia superior à que lhes tiver sido atribuída pelo proprietário na sua última declaração,

exigida pela Lei do Imposto de Renda, a partir de 1965, se se tratar de pessoa física ou o valor

constante do ativo, se se tratar de pessoa jurídica, num e noutro casos, com a correção monetária

cabível;

c) efetuada a imissão de posse, fica assegurado ao expropriado o levantamento de oitenta por cento da quantia depositada para obtenção da medida possessória.

§ 3º Salvo por motivo de necessidade ou utilidade pública, estão isentos da desapropriação: a) os imóveis rurais que, em cada zona, não excederem de três vezes o módulo de propriedade,

fixado nos termos do artigo 4º, inciso III;

b) os imóveis que satisfizerem os requisitos pertinentes à empresa rural, enunciados no artigo 4º,

inciso VI;

c) os imóveis que, embora não classificados como empresas rurais situados fora da área

prioritária de Reforma Agrária, tiverem aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária,

e em execução, projetos que em prazo determinado, os elevem àquela categoria.

§ 4° O foro competente para desapropriação é o da situação do imóvel. § 5º De toda decisão que fixar o preço em quantia superior à oferta formulada pelo órgão

expropriante, haverá, obrigatoriamente, recurso de ofício para o Tribunal Federal de Recursos.

Verificado, em ação expropriatória, ter o imóvel valor superior ao declarado pelo expropriado, e

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apurada a má-fé ou o dolo deste, poderá a sentença condená-lo à penalidade prevista no artigo

49, § 3º, desta Lei, deduzindo-se do valor da indenização o montante da penalidade.

Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público nas áreas prioritárias,

recairão sobre:

I - os minifúndios e latifúndios; II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto;

III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a por em

prática normas de conservação dos recursos naturais;

IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem logrado atingir seus objetivos;

V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros; VI - as terras cujo uso atual estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma

Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico.

Art. 21. Em áreas de minifúndio, o Poder Público tomará as medidas necessárias à organização

de unidades econômicas adequadas, desapropriando, aglutinando e redistribuindo as áreas.

Art. 22. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado, para todos os efeitos legais, a

promover as desapropriações necessárias ao cumprimento da presente Lei.

Parágrafo único. A União poderá desapropriar, por interesse social, bens do domínio dos

Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, precedido o ato, em qualquer caso, de

autorização legislativa.

Art. 23. Os bens desapropriados por sentença definitiva, uma vez incorporados ao patrimônio

público, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de

desapropriação. Qualquer ação julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.

Parágrafo único. A regra deste artigo aplica-se aos imóveis rurais incorporados ao domínio da

União, em consequência de ações por motivo de enriquecimento ilícito em prejuízo do

Patrimônio Federal, os quais transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, serão

aplicados aos objetivos desta Lei.

CAPÍTULO II

DA DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS

Art. 24. As terras desapropriadas para os fins da Reforma Agrária que, a qualquer título, vierem

a ser incorporadas ao patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, respeitada a

ocupação de terras devolutas federais manifestada em cultura efetiva e moradia habitual, só

poderão ser distribuídas:

I - sob a forma de propriedade familiar, nos termos das normas aprovadas pelo Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária;

II - a agricultores cujos imóveis rurais sejam comprovadamente insuficientes para o sustento

próprio e o de sua família;

III - para a formação de glebas destinadas à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, por associações de agricultores organizadas sob regime cooperativo;

IV - para fins de realização, a cargo do Poder Público, de atividades de demonstração educativa,

de pesquisa, experimentação, assistência técnica e de organização de colônias-escolas;

V - para fins de reflorestamento ou de conservação de reservas florestais a cargo da União, dos Estados ou dos Municípios.

Art. 25. As terras adquiridas pelo Poder Público, nos termos desta Lei, deverão ser vendidas,

atendidas as condições de maioridade, sanidade e de bons antecedentes, ou de reabilitação, de

acordo com a seguinte ordem de preferência:

I - ao proprietário do imóvel desapropriado, desde que venha a explorar a parcela, diretamente

ou por intermédio de sua família;

II - aos que trabalhem no imóvel desapropriado como posseiros, assalariados, parceiros ou

arrendatários;

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III - aos agricultores cujas propriedades não alcancem a dimensão da propriedade familiar da

região;

IV - aos agricultores cujas propriedades sejam comprovadamente insuficientes para o sustento

próprio e o de sua família;

V - aos tecnicamente habilitados na forma da legislação em vigor, ou que tenham comprovada

competência para a prática das atividades agrícolas.

§ 1º Na ordem de preferência de que trata este artigo, terão prioridade os chefes de família numerosa cujos membros se proponham a exercer atividade agrícola na área a ser distribuída.

§ 2º Só poderão adquirir lotes os trabalhadores sem terra, salvo as exceções previstas nesta Lei. § 3º Não poderá ser beneficiário da distribuição de terras a que se refere este artigo o

proprietário rural, salvo nos casos dos incisos I, III e IV, nem quem exerça função pública,

autárquica ou em órgão paraestatal, ou se ache investido de atribuições parafiscais.

§ 4º Sob pena de nulidade, qualquer alienação ou concessão de terras públicas, nas regiões

prioritárias, definidas na forma do art. 43, será precedida de consulta ao Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária, que se pronunciará obrigatoriamente no prazo de sessenta dias.

Art. 26. Na distribuição de terras regulada por este Capítulo, ressalvar-se-á sempre a

propriedade pública dos terrenos de marinha e seus acrescidos na orla oceânica e na faixa

marginal dos rios federais, até onde se faça sentir a influência das marés, bem como a reserva à

margem dos rios navegáveis e dos que formam os navegáveis.

CAPÍTULO III

DO FINANCIAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA

Seção I

Do Fundo Nacional de Reforma Agrária

Art. 27. É criado o Fundo Nacional da Reforma e do Desenvolvimento Agrário - FUNMIRAD,

destinado a fornecer os meios necessários para o financiamento da Reforma Agrária e dos

órgãos incumbidos da sua execução.

Parágrafo único. O FUNMIRAD é fundo especial de natureza contábil, regido pelas normas de

execução orçamentária e financeira aplicáveis à Administração Direta. (Artigo com redação

dada pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

Art. 28. São recursos do FUNMIRAD:

I - dotações consignadas no Orçamento Geral da União e em créditos adicionais;

II - recursos do Fundo de Investimento Social - FINSOCIAL, nos termos do § 5º do art. 1º do

Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, com a redação dada pelo art. 22 do Decreto-Lei nº

2.397, de 21 de dezembro de 1987;

III - doações realizadas por entidades nacionais ou internacionais, públicas ou privadas;

IV - recursos oriundos de acordos, ajustes, contratos e convênios celebrados com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal;

V - empréstimos de instituições financeiras, nacionais ou internacionais; e VI - quaisquer outros recursos atribuídos ao Ministério da Reforma e do Desenvolvimento

Agrário, desde que não vinculados a projetos ou atividades específicos. (Artigo com redação

dada pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

§ 1º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

§ 2º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

§ 3º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

§ 4º (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.431, de 12/5/1988)

Art. 29. Além dos recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, a execução dos projetos

regionais contará com as contribuições financeiras dos órgãos e entidades vinculados por

convênios ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, notadamente os de valorização regional,

como a Superintendência do Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE), a

Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) a Comissão do

Vale do São Francisco (CVSF) e a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da

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Região da Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), os quais deverão destinar, para este fim,

vinte por cento, no mínimo de suas dotações globais.

Parágrafo único. Os recursos referidos neste artigo, depois de aprovados os planos para as

respectivas regiões, serão entregues ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que, para a

execução destes, contribuirá com igual quantia.

Art. 30. Para fins da presente Lei, é o Poder Executivo autorizado a receber doações, bem como a contrair empréstimos no País e no exterior, até o limite fixado no art. 105.

Art. 31. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado a: I - firmar convênios com os Estados, Municípios, entidades públicas e privadas, para

financiamento, execução ou administração dos planos regionais de Reforma Agrária;

II - colocar os títulos da Dívida Agrária Nacional para os fins desta Lei;

III - realizar operações financeiras ou de compra e venda para os objetivos desta Lei; IV - praticar atos, tanto no contencioso como no administrativo, inclusive os relativos à

desapropriação por interesse social ou por utilidade ou necessidade públicas.

Seção II

Do Patrimônio do Órgão de Reforma Agrária

Art. 32. O Patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será constituído:

I - do Fundo Nacional de Reforma Agrária;

II - dos bens das entidades públicas incorporadas ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária;

III - das terras e demais bens adquiridos a qualquer título.

CAPÍTULO IV

DA EXECUÇÃO E DA ADMINISTRAÇÃO DA REFORMA AGRÁRIA

Seção I

Dos Planos Nacional e Regionais de Reforma Agrária

Art. 33. A Reforma Agrária será realizada por meio de planos periódicos, nacionais e regionais,

com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos específicos.

Art. 34. O Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Reforma

Agrária e aprovado pelo Presidente da República, consignará necessariamente:

I - a delimitação de áreas regionais prioritárias;

II - a especificação dos órgãos regionais, zonais e locais, que vierem a ser criados para a execução e a administração da Reforma Agrária;

III - a determinação dos objetivos que deverão condicionar a elaboração dos Planos Regionais;

IV - a hierarquização das medidas a serem programadas pelos órgãos públicos, nas áreas

prioritárias, nos setores de obras de saneamento, educação e assistência técnica;

V - a fixação dos limites das dotações destinadas à execução do Plano Nacional e de cada um

dos planos regionais.

§ 1º Uma vez aprovados, os Planos terão prioridade absoluta para atuação dos órgãos e serviços

federais já existentes nas áreas escolhidas.

§ 2º As entidades públicas e privadas que firmarem acordos, convênios ou tratados com o

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, nos termos desta Lei, assumirão, igualmente

compromisso expresso, quanto à prioridade aludida no parágrafo anterior, relativamente aos

assuntos e serviços de sua alçada nas respectivas áreas.

Art. 35. Os Planos Regionais de Reforma Agrária antecederão, sempre, qualquer desapropriação

por interesse social, e serão elaborados pelas Delegacias Regionais do Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária (IBRAR), obedecidos os seguintes requisitos mínimos:

I - delimitação da área de ação; II - determinação dos objetivos específicos da Reforma Agrária na região respectiva;

III - fixação das prioridades regionais;

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IV - extensão e localização das áreas desapropriáveis;

V - previsão das obras de melhoria;

VI - estimativa das inversões necessárias e dos custos.

Art. 36. Os projetos elaborados para regiões geo-econômicas ou grupos de imóveis rurais, que

possam ser tratados em comum, deverão consignar:

I - o levantamento sócio-econômico da área; II - os tipos e as unidades de exploração econômica perfeitamente determinados e

caracterizados;

III - as obras de infra-estrutura e os órgãos de defesa econômica dos parceleiros necessários à implementação do projeto;

IV - o custo dos investimentos e o seu esquema de aplicação;

V - os serviços essenciais a serem instalados no centro da comunidade;

VI - a renda familiar que se pretende alcançar;

VII - a colaboração a ser recebida dos órgãos públicos ou privados que celebrarem convênios ou

acordos para a execução do projeto.

Seção II

Dos Órgãos Específicos

Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: I - O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA);

II - O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas

Delegacias Regionais;

III - as Comissões Agrárias. (Artigo com redação dada pelo Decreto-Lei nº 582, de 15/5/1969)

Art. 38. O IBRA será dirigido por um Presidente nomeado pelo Presidente da República.

§ 1º O Presidente do IBRA terá a remuneração correspondente a 75% (setenta e cinco por cento)

do que percebem os Ministros de Estado.

§ 2º Integrarão, ainda, a Administração Superior do IBRA Diretores, até o máximo de seis, de

nomeação do Presidente do IBRA, mediante aprovação do GERA. (Artigo com redação dada

pelo Decreto-Lei nº 582, de 15/5/1969)

Art. 39. Ao Conselho Técnico competirá discutir e propor as diretrizes dos planos nacional e

regionais de Reforma Agrária, estudar e sugerir medidas de caráter legislativo e administrativo,

necessárias à boa execução da Reforma.

Art. 40. À Secretaria Executiva competirá elaborar e promover a execução do plano nacional de

Reforma Agrária, assessorar as Delegacias Regionais, analisar os projetos regionais e dirigir a

vida administrativa do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.

Art. 41. As Delegacias Regionais do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRAR), cada

qual dirigida por um Delegado Regional, nomeado pelo Presidente do Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária dentre técnicos de comprovada experiência em problemas agrários e

reconhecida idoneidade, são órgãos executores da Reforma nas regiões do País, com áreas de

jurisdição, competência e funções que serão fixadas na regulamentação da presente Lei,

compreendendo a elaboração do cadastro, classificação das terras, formas e condições de uso

atual e potencial da propriedade, preparo das propostas de desapropriação e seleção dos

candidatos à aquisição das parcelas.

Parágrafo único. Dentro de cento e oitenta dias, após a publicação do decreto que a criar, a

Delegacia Regional apresentará ao Presidente do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária o

plano regional de Reforma Agrária, na forma prevista nesta Lei.

Art. 42. A Comissão Agrária, constituída de um representante do Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária, que a presidirá, de três representantes dos trabalhadores rurais, eleitos ou

indicados pelos órgãos de classe respectivos, de três representantes dos proprietários rurais

eleitos ou indicados pelos órgãos de classe respectivos, um representante categorizado de

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entidade pública vinculada à agricultura e um representante dos estabelecimentos de ensino

agrícola, é o órgão competente para:

I - instruir e encaminhar os pedidos de aquisição e de desapropriação de terras;

II - manifestar-se sobre a lista de candidatos selecionados para a adjudicação de lotes; III - oferecer sugestões à Delegacia Regional na elaboração e execução dos programas regionais

de Reforma Agrária;

IV - acompanhar, até sua implantação, os programas de reforma nas áreas escolhidas, mantendo a Delegacia Regional informada sobre o andamento dos trabalhos.

§ 1º A Comissão Agrária será constituída quando estiver definida a área prioritária regional de

reforma agrária e terá vigência até a implantação dos respectivos projetos.

§ 2º VETADO.

Seção III

Do Zoneamento e dos Cadastros

Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos para o

zoneamento do País em regiões homogêneas do ponto de vista sócio-econômico e das

características da estrutura agrária, visando a definir:

I - as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos

minifúndios e dos latifúndios;

II - as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que não

ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias;

III - as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de subsistência e

cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada;

IV - as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de desbravamento,

povoamento e colonização de áreas pioneiras.

§ 1º Para a elaboração do zoneamento e caracterização das áreas prioritárias, serão levados em conta, essencialmente, os seguintes elementos:

a) a posição geográfica das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,

existentes no País;

b) o grau de intensidade de ocorrência de áreas em imóveis rurais acima de mil hectares e abaixo de cinquenta hectares;

c) o número médio de hectares por pessoa ocupada; d) as populações rurais, seu incremento anual e a densidade específica da população agrícola; e) a relação entre o número de proprietários e o número de rendeiros, parceiros e assalariados

em cada área.

§ 2º A declaração de áreas prioritárias será feita por decreto do Presidente da República,

mencionando:

a) a criação da Delegacia Regional do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária com a exata

delimitação de sua área de jurisdição;

b) a duração do período de intervenção governamental na área; c) os objetivos a alcançar, principalmente o número de unidades familiares e cooperativas a

serem criadas;

d) outras medidas destinadas a atender a peculiaridades regionais.

Art. 44. São objetivos dos zoneamentos definidos no artigo anterior:

I - estabelecer as diretrizes da política agrária a ser adotada em cada tipo de região;

II - programar a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor rural, nas

regiões delimitadas como de maior significação econômica e social.

Art. 45. A fim de completar os trabalhos de zoneamento serão elaborados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária levantamentos e análises para:

I - orientar as disponibilidades agropecuárias nas áreas sob o controle do Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária quanto à melhor destinação econômica das terras, adoção de práticas

adequadas segundo as condições ecológicas, capacidade potencial de uso e mercados interno e

externo;

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II - recuperar, diretamente, mediante projetos especiais, as áreas degradadas em virtude de uso

predatório e ausência de medidas de proteção dos recursos naturais renováveis e que se situem

em regiões de elevado valor econômico.

Art. 46. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá levantamentos, com utilização,

nos casos indicados, dos meios previstos no Capítulo II do Título I, para a elaboração do

cadastro dos imóveis rurais em todo o País, mencionando:

I - dados para caracterização dos imóveis rurais com indicação: a) do proprietário e de sua família;

b) dos títulos de domínio, da natureza da posse e da forma de administração;

c) da localização geográfica; d) da área com descrição das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes;

e) das dimensões das testadas para vias públicas;

f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalações existentes discriminadamente;

II - natureza e condições das vias de acesso e respectivas distâncias dos centros demográficos

mais próximos com população:

a) até 5.000 habitantes;

b) de mais de 5.000 a 10.000 habitantes; c) de mais de 10.000 a 20.000 habitantes;

d) de mais de 20.000 a 50.000 habitantes; e) de mais de 50.000 a 100.000 habitantes; f) de mais de 100.000 habitantes;

III - condições da exploração e do uso da terra, indicando: a) as percentagens da superfície total em cerrados, matas, pastagens, glebas de cultivo

(especificadamente em exploração e inexplorados) e em áreas inaproveitáveis;

b) os tipos de cultivo e de criação as formas de proteção e comercialização dos produtos; c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminação de arrendatários, parceiros e

trabalhadores rurais;

d) as práticas conservacionistas empregadas e o grau de mecanização;

e) os volumes e os índices médios relativos à produção obtida; f) as condições para o beneficiamento dos produtos agropecuários. § 1º Nas áreas prioritárias de reforma agrária serão complementadas as fichas cadastrais

elaboradas para atender às finalidades fiscais, com dados relativos ao relevo, às pendentes, à

drenagem, aos solos e a outras características ecológicas que permitam avaliar a capacidade do

uso atual e potencial, e fixar uma classificação das terras para os fins de realização de estudos

micro-econômicos, visando, essencialmente, à determinação por amostragem para cada zona e

forma de exploração:

a) das áreas mínimas ou módulos de propriedade rural determinados de acordo com elementos

enumerados neste parágrafo e, mais, a força de trabalho do conjunto familiar médio, o nível

tecnológico predominante e a renda familiar a ser obtida;

b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a

seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média dos

imóveis rurais, na respectiva zona;

c) das dimensões ótimas do imóvel rural do ponto de vista do rendimento econômico;

d) do valor das terras em função das características do imóvel rural, da classificação da

capacidade potencial de uso e da vocação agrícola das terras;

e) dos limites mínimos de produtividade agrícola para confronto com os mesmos índices obtidos

em cada imóvel nas áreas prioritárias de reforma agrária.

§ 2º Os cadastros serão organizados de acordo com normas e fichas aprovadas pelo Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária na forma indicada no regulamento, e poderão ser executados

centralizadamente pelos órgãos de valorização regional, pelos Estados ou pelos Municípios,

caso em que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária lhes prestará assistência técnica e

financeira com o objetivo de acelerar sua realização em áreas prioritárias de Reforma Agrária.

§ 3º Os cadastros terão em vista a possibilidade de garantir a classificação, a identificação e o

grupamento dos vários imóveis rurais que pertençam a um único proprietário, ainda que

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situados em municípios distintos, sendo fornecido ao proprietário o certificado de cadastro na

forma indicada na regulamentação desta Lei.

§ 4º Os cadastros serão continuamente atualizados para inclusão das novas propriedades que

forem sendo constituídas e, no mínimo, de cinco em cinco anos serão feitas revisões gerais para

atualização das fichas já levantadas.

§ 5º Poderão os proprietários requerer a atualização de suas fichas, dentro de um ano da data das

modificações substanciais relativas aos respectivos imóveis rurais, desde que comprovadas as

alterações, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.

§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de herança, as partes ideais, para os fins desta

Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área que, na

partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados na área total do

imóvel rural.

§ 7º O cadastro inscreverá o valor de cada imóvel de acordo com os elementos enumerados

neste artigo, com base na declaração do proprietário relativa ao valor da terra nua, quando não

impugnado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou o valor que resultar da avaliação

cadastral.

TÍTULO III

DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO RURAL

CAPÍTULO I

DA TRIBUTAÇÃO DA TERRA

Seção I

Critérios Básicos

Art. 47. Para incentivar a política de desenvolvimento rural, o Poder Público se utilizará da

tributação progressiva da terra, do Imposto de Renda, da colonização pública e particular, da

assistência e proteção à economia rural e ao cooperativismo e, finalmente, da regulamentação

do uso e posse temporários da terra, objetivando:

I - desestimular os que exercem o direito de propriedade sem observância da função social e

econômica da terra;

II - estimular a racionalização da atividade agropecuária dentro dos princípios de conservação

dos recursos naturais renováveis;

III - proporcionar recursos à União, aos Estados e Municípios para financiar os projetos de

Reforma Agrária;

IV - aperfeiçoar os sistemas de controle da arrecadação dos impostos.

Seção II

Do Imposto Territorial Rural

Art. 48. Observar-se-ão, quanto ao Imposto Territorial Rural, os seguintes princípios:

I - a União poderá atribuir, por convênio, aos Estados e Municípios, o lançamento, tendo por

base os levantamentos cadastrais executados e periodicamente atualizados;

II - a União também poderá atribuir, por convênio, aos Municípios, a arrecadação, ficando a eles

garantida a utilização da importância arrecadada;

III - quando a arrecadação for atribuída, por convênio, ao Município, à União caberá o controle

da cobrança;

IV - as épocas de cobrança deverão ser fixadas em regulamento, de tal forma que, em cada

região, se ajustem, o mais possível, aos períodos normais de comercialização daprodução;

V - o imposto arrecadado será contabilizado diariamente como depósito à ordem,

exclusivamente, do Município, a que pertencer e a ele entregue diretamente pelas repartições

arrecadadoras, no último dia útil de cada mês;

VI - o imposto não incidirá sobre sítios de área não excedente a vinte hectares, quando os

cultive só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (artigo 29, parágrafo

único, da Constituição Federal).

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Art. 49. As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural

obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes

fatores:

I - o valor da terra nua;

II - a área do imóvel rural; III - o grau de utilização da terra na exploração agrícola, pecuária e florestal;

IV - o grau de eficiência obtido nas diferentes explorações;

V - a área total, no País, do conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário. § 1º Os fatores mencionados neste artigo serão estabelecidos com base nas informações

apresentadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de

imóveis rurais, obrigados a prestar declaração para cadastro, nos prazos e segundo normas

fixadas na regulamentação desta Lei.

§ 2º O órgão responsável pelo lançamento do imposto poderá efetuar o levantamento e a revisão

das declarações prestadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a

qualquer título, de imóveis rurais, procedendo-se a verificações in loco se necessário.

§ 3º As declarações previstas no parágrafo primeiro serão apresentadas sob inteira

responsabilidade dos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de

imóvel rural, e, no caso de dolo ou má-fé, os obrigará ao pagamento em dobro dos tributos

devidos, além das multas decorrentes e das despesas com as verificações necessárias.

§ 4º Fica facultado ao órgão responsável pelo lançamento, quando houver omissão dos

proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de imóvel rural, na

prestação da declaração para cadastro, proceder ao lançamento do imposto com a utilização de

dados indiciários, além da cobrança de multas e despesas necessárias à apuração dos referidos

dados. (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de

1/1/1980)

Art. 50. Para cálculo do imposto, aplicar-se-á sobre o valor da terra nua, constante da declaração

para cadastro, e não impugnado pelo órgão competente, ou resultante de avaliação, a alíquota

correspondente ao número de módulos fiscais do imóvel, de acordo com a tabela adiante:

NÚMERO DE MÓDULOS FISCAIS

ALÍQUOTA

Até 2 ............................................................................................................... 0,2%

Acima de 2 até 3 ............................................................................................. 0,3%

Acima de 3 até 4 ............................................................................................. 0,4%

Acima de 4 até 5 ............................................................................................. 0,5%

Acima de 5 até 6 ............................................................................................. 0,6%

Acima de 6 até 7 ............................................................................................. 0,7%

Acima de 7 até 8 ............................................................................................. 0,8%

Acima de 8 até 9 ............................................................................................. 0,9%

Acima de 9 até 10 ........................................................................................... 1,0%

Acima de 10 até 15 ......................................................................................... 1,2%

Acima de 15 até 20 ......................................................................................... 1,4%

Acima de 20 até 25 ......................................................................................... 1,6%

Acima de 25 até 30 ......................................................................................... 1,8%

Acima de 30 até 35 ......................................................................................... 2,0%

Acima de 35 até 40 ......................................................................................... 2,2%

Acima de 40 até 50 ......................................................................................... 2,4%

Acima de 50 até 60 ......................................................................................... 2,6%

Acima de 60 até 70 ......................................................................................... 2,8%

Acima de 70 até 80 ......................................................................................... 3,0%

Acima de 80 até 90 ......................................................................................... 3,2%

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Acima de 90 até 100 ....................................................................................... 3,4%

Acima de 100 .................................................................................................. 3,5%

§ 1º O imposto não incidirá sobre o imóvel rural, ou conjunto de imóveis rurais, de área igual ou

inferior a um módulo fiscal, desde que seu proprietário, titular do domínio útil ou possuidor, a

qualquer título, o cultive só ou com sua família, admitida a ajuda eventual de terceiros.

§ 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determinado levando-se em

conta os seguintes fatores:

a) o tipo de exploração predominante no Município: I - hortifrutigranjeira;

II - cultura permanente;

III - cultura temporária;

IV - pecuária;

V - florestal;

b) a renda obtida no tipo de exploração predominante; c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam

expressivas em função da renda ou da área utilizada;

d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta Lei.

§ 3º O número de módulos fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área

aproveitável total pelo módulo fiscal do Município.

§ 4º Para os efeitos desta Lei, constitui área aproveitável do imóvel rural a que for passível de

exploração agrícola, pecuária ou florestal. Não se considera aproveitável:

a) a área ocupada por benfeitoria; b) a área ocupada por floresta ou mata de efetiva preservação permanente, ou reflorestada com

essências nativas;

c) a área comprovadamente imprestável para qualquer exploração agrícola, pecuária ou florestal.

§ 5º O imposto calculado na forma do caput deste artigo poderá ser objeto de redução de até

90% (noventa por cento) a título de estímulo fiscal, segundo o grau de utilização econômica do

imóvel rural, da forma seguinte:

a) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de utilização da terra, medido pela

relação entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel rural;

b) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de eficiência na exploração,

medido pela relação entre o rendimento obtido por hectare para cada produto explorado e os

correspondentes índices regionais fixados pelo Poder Executivo e multiplicado pelo grau de

utilização da terra, referido na alínea a deste parágrafo.

§ 6º A redução do imposto de que trata o § 5º deste artigo não se aplicará para o imóvel que, na

data do lançamento, não esteja com o imposto de exercícios anteriores devidamente quitado,

ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 151 do Código Tributário Nacional.

§ 7º O Poder Executivo poderá, mantido o limite máximo de 90% (noventa por cento), alterar a

distribuição percentual prevista nas alíneas a e b do § 5º deste artigo, ajustando-a à política

agrícola adotada para as diversas regiões do País.

§ 8º Nos casos de intempérie ou calamidade de que resulte frustração de safras ou mesmo

destruição de pastos, para o cálculo da redução prevista nas alíneas a e b do § 5º deste artigo,

poderão ser utilizados os dados do período anterior ao da ocorrência, podendo ainda o Ministro

da Agricultura fixar as percentagens de redução do imposto que serão utilizadas.

§ 9º Para os imóveis rurais que apresentarem grau de utilização da terra, calculado na forma da

alínea a do § 5º deste artigo, inferior aos limites fixados no § 11, a alíquota a ser aplicada será

multiplicada pelos seguintes coeficientes:

a) no primeiro ano: 2,0 (dois); b) no segundo ano: 3,0 (três); c) no terceiro ano e seguintes: 4,0 (quatro).

§ 10. Em qualquer hipótese, a aplicação do disposto no § 9º não resultará em alíquotas inferiores

a:

a) no primeiro ano: 2% (dois por cento); b) no segundo ano: 3% (três por cento);

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c) no terceiro ano e seguintes: 4% (quatro por cento).

§ 11. Os limites referidos no § 9º são fixados segundo o tamanho do módulo fiscal do Município

de localização do imóvel rural, da seguinte forma:

ÁREA DO MÓDULO FISCAL GRAU DE UTILIZAÇÃO DA TERRA

Até25 hectares ............................................................................... 30%

Acima de 25 hectares até 50 hectares ............................................. 25%

Acima de 50 hectares até 80 hectares ............................................. 18%

Acima de 80 hectares ...................................................................... 10%

§ 12. Nos casos de projetos agropecuários, a suspensão da aplicação do disposto nos §§ 9º 10 e

11 deste artigo, poderá ser requerida por um período de até 3 (três) anos. (Artigo com redação

dada pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de 1/1/1980)

Art. 51. VETADO.

Parágrafo único. VETADO.

Art. 52. (Revogado pela Lei nº 6.746, de 10/12/1979, em vigor a partir de 1/1/1980)

Seção III

Do Rendimento da Exploração Agrícola

e Pastoril e das Indústrias Extrativas,

Vegetal e Animal

Art. 53. Na determinação, para efeitos do Imposto de Renda, do rendimento líquido da

exploração agrícola ou pastoril, das indústrias extrativas, vegetal e animal, e da transformação

de produtos agrícolas e pecuários feita pelo próprio agricultor ou criador, com matéria-prima da

propriedade explorada, aplicar-se-á o coeficiente de três por cento sobre o valor referido no

inciso I do art. 49 desta Lei, constante da declaração de bens ou do balanço patrimonial. (Vide

§2º do art. 1º da Lei nº 5.106, de 2/9/1966)

§ 1º As construções e benfeitorias serão deduzidas do valor do imóvel, sobre elas não recaindo a tributação de que trata este artigo.

§ 2º No caso de não ser possível apurar o valor exato das construções e benfeitorias existentes,

será ele arbitrado em trinta por cento do valor da terra nua, conforme declaração para efeito do

pagamento do imposto territorial.

§ 3º Igualmente será deduzido o valor do gado, das máquinas agrícolas e das culturas

permanentes, sobre ele aplicando-se o coeficiente da um por cento para a determinação da renda

tributável.

§ 4º No caso de imóvel rural explorado por arrendatário, o valor anual do arrendamento poderá

ser deduzido da importância tributável, calculado nos termos deste artigo e §§ 1°, 2° e 3º.

Admitir-se-á essa dedução dentro do limite de cinquenta por cento do respectivo valor, desde

que se comuniquem à repartição arrecadadora o nome e enderêço do proprietário, e o valor do

pagamento que lhe houver sido feito.

§ 5º Poderá também ser deduzida do valor tributável, referido no parágrafo anterior, a

importância paga pelo contribuinte no último exercício, a título de Imposto Territorial Rural.

§ 6º Não serão permitidas quaisquer outras deduções do rendimento líquido calculado na forma

deste artigo, ressalvado o disposto nos §§ 4° e 5°.

§ 7º Ao proprietário do imóvel rural, total ou parcialmente arrendado, conceder-se-á o direito de

excluir o valor dos bens arrendados, desde que declarado e comprovado o valor do

arrendamento e identificado o arrendatário.

§ 8º Às pessoas físicas é facultado reajustar o valor dos imóveis rurais em suas declarações de

renda e de bens, a partir do exercício financeiro de 1965, independentemente de qualquer

comprovação, sem que seja tributável o aumento de patrimônio resultante desse reajustamento.

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Às empresas rurais, organizadas sob a forma de sociedade civil, serão outorgados idênticos

benefícios quanto ao registro contábil e ao aumento do ativo líquido.

§ 9º A falta de integralização do capital das empresas rurais, referidas no parágrafo anterior, não

impede a correção do ativo, prevista neste artigo. O aumento do ativo líquido e do capital

resultante dessa correção não poderá ser aplicado na integralização de ações ou quotas.

§ 10. Os aumentos de capital das pessoas jurídicas resultantes da incorporação, a seu ativo, de

ações distribuídas em virtude da correção monetária realizada por empresas rurais, de que sejam

acionistas ou sócias nos termos deste artigo, não sofrerão qualquer tributação. Idêntica isenção

vigorará relativamente às ações resultantes daquele aumento de capital.

§ 11. Os valores de que tratam os §§ 8º e 10, deste artigo, não poderão ser inferiores ao preço de

aquisição do imóvel e das inversões em benfeitorias, atualizadas de acordo com os coeficientes

de correção monetária, fixados pelo Conselho Nacional de Economia.

Art. 54. VETADO.

§ 1º VETADO.

§ 2º VETADO.

§ 3º VETADO.

§ 4º VETADO.

§ 5º VETADO.

CAPÍTULO II

DA COLONIZAÇÃO

Seção I

Da Colonização Oficial

Art. 55. Na colonização oficial, o Poder Público tomará a iniciativa de recrutar e selecionar

pessoas ou famílias, dentro ou fora do território nacional, reunindo-as em núcleos agrícolas ou

agroindustriais, podendo encarregar-se de seu transporte, recepção, hospedagem e

encaminhamento, até a sua colocação e integração nos respectivos núcleos.

Art. 56. A colonização oficial deverá ser realizada em terras já incorporadas ao Patrimônio

Público ou que venham a sê-lo. Ela será efetuada, preferencialmente, nas áreas:

I - Ociosas ou de aproveitamento inadequado;

II - Próximas a grandes centros urbanos e de mercados de fácil acesso, tendo em vista os

problemas de abastecimento;

III - de êxodo, em locais de fácil acesso e comunicação, de acordo com os planos nacionais e

regionais de vias de transporte;

IV - de colonização predominantemente estrangeira, tendo em mira facilitar o processo de

interculturação;

V - de desbravamento ao longo dos eixos viários, para ampliar a fronteira econômica do País.

Art. 57. Os programas de colonização têm em vista, além dos objetivos especificados no artigo

56:

I - a integração e o progresso social e econômico do parceleiro;

II - o levantamento do nível de vida do trabalhador rural;

III - a conservação dos recursos naturais e a recuperação social e econômica de determinadas

áreas;

IV - o aumento da produção e da produtividade no setor primário.

Art. 58. Nas regiões prioritárias definidas pelo zoneamento e na fixação de suas populações em outras regiões, caberão ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária as atividades colonizadoras.

§ 1º Nas demais regiões, a colonização oficial obedecerá à metodologia observada nos projetos

realizados nas áreas prioritárias, e será coordenada pelo órgão do Ministério da Agricultura

referido no artigo 74, e executada por este, pelos Governos Estaduais ou por entidades de

valorização regional, mediante convênios.

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§ 2º As atribuições referentes à seleção de imigrantes são da competência do Ministério das

Relações Exteriores, conforme diretrizes fixadas pelo Ministério da Agricultura, em articulação

com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, cabendo ao órgão referido no art. 74 a

recepção e o encaminhamento dos imigrantes.

Art. 59. O órgão competente do Ministério da Agricultura referido no artigo 74, poderá criar

núcleos de colonização, visando a fins especiais, e deverá igualmente entrar em entendimentos

com o Ministério da Guerra para o estabelecimento de colônias, com assistência militar, na

fronteira continental.

Seção II

Da Colonização Particular

Art. 60. Para os efeitos desta Lei, consideram-se empresas particulares de colonização as

pessoas físicas, nacionais ou estrangeiras, residentes ou domiciliadas no Brasil, ou jurídicas,

constituídas e sediadas no País, que tiverem por finalidade executar programa de valorização da

área ou distribuição de terras. (Artigo com redação dada pela Lei nº 5.709, de 7/10/1971)

Art. 61. Os projetos de colonização particular, quanto à metodologia, deverão ser previamente

examinados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que inscreverá a entidade e o

respectivo projeto em registro próprio. Tais projetos serão aprovados pelo Ministério da

Agricultura, cujo órgão próprio coordenará a respectiva execução.

§ 1º Sem prévio registro da entidade colonizadora e do projeto e sem a aprovação deste,

nenhuma parcela poderá ser vendida em programas particulares de colonização.

§ 2º O proprietário de terras próprias para a lavoura ou pecuária, interessado em loteá-las para

fins de urbanização ou formação de sítios de recreio, deverá submeter o respectivo projeto à

prévia aprovação e fiscalização do órgão competente do Ministério da Agricultura ou do

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, conforme o caso.

§ 3º A fim de possibilitar o cadastro, o controle e a fiscalização dos loteamentos rurais, os

Cartórios de Registro de Imóveis são obrigados a comunicar aos órgãos competentes, referidos

no parágrafo anterior, os registros efetuados nas respectivas circunscrições, nos termos da

legislação em vigor, informando o nome do proprietário, a denominação do imóvel e sua

localização, bem como a área, o número de lotes, e a data do registro nos citados órgãos.

§ 4º Nenhum projeto de colonização particular será aprovado para gozar das vantagens desta

Lei, se não consignar para a empresa colonizadora as seguintes obrigações mínimas:

a) abertura de estradas de acesso e de penetração à área a ser colonizada; b) divisão dos lotes e respectivo piqueteamento, obedecendo a divisão, tanto quanto possível, ao

critério de acompanhar as vertentes, partindo a sua orientação no sentido do espigão para as

águas, de modo a todos os lotes possuírem água própria ou comum;

c) manutenção de uma reserva florestal nos vértices dos espigões e nas nascentes;

d) prestação de assistência médica e técnica aos adquirentes de lotes e aos membros de suas famílias;

e) fomento da produção de uma determinada cultura agrícola já predominante na região ou

ecologicamente aconselhada pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária ou do

Ministério da Agricultura;

f) entrega de documentação legalizada e em ordem aos adquirentes de lotes.

§ 5° VETADO

§ 6º VETADO

§ 7º VETADO

§ 8º VETADO.

Art. 62. Os interessados em projetos de colonização destinados à ocupação e valorização

econômica da terra, em que predominem o trabalho assalariado ou contratos de arrendamento e

parceria, não gozarão dos benefícios previstos nesta Lei.

Seção III

Da Organização da Colonização

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Art. 63. Para atender aos objetivos da presente Lei e garantir as melhores condições de fixação

do homem à terra e seu progresso social e econômico, os programas de colonização serão

elaborados prevendo-se os grupamentos de lotes em núcleos de colonização, e destes em

distritos, e associação dos parceleiros em cooperativas.

Art. 64. Os lotes de colonização podem ser: I - parcelas, quando se destinem ao trabalho agrícola do parceleiro e de sua família cuja

moradia, quando não for no próprio local, há de ser no centro da comunidade a que elas

correspondam;

II - urbanos, quando se destinem a constituir o centro da comunidade, incluindo as residências

dos trabalhadores dos vários serviços implantados no núcleo ou distritos, eventualmente às dos

próprios parceleiros, e as instalações necessárias à localização dos serviços administrativos

assistenciais, bem como das atividades cooperativas, comerciais, artesanais e industriais.

§ 1º Sempre que o órgão competente do Ministério da Agricultura ou o Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária não manifestar em, dentro de noventa dias da consulta, a preferência a que

terão direito, os lotes de colonização poderão ser alienados:

a) a pessoas que se enquadrem nas condições e ordem de preferência, previstas no art. 25; ou

b) livremente, após cinco anos, contados da data de sua transcrição. § 2º No caso em que o adquirente ou seu sucessor venha a desistir da exploração direta, os

imóveis rurais, vendidos nos termos desta Lei, reverterão ao patrimônio do alienante, podendo o

regulamento prever as condições em que se dará essa reversão, resguardada a restituição da

quantia já paga pelo adquirente, com a correção monetária de acordo com os índices do

Conselho Nacional de Economia, apurados entre a data do pagamento e da restituição, se tal

cláusula constar do contrato de venda respectivo.

§ 3º Se os adquirentes mantiverem inexploradas áreas suscetíveis de aproveitamento, desde que

à sua disposição existam condições objetivas para explorá-las, perderão o direito a essas áreas,

que reverterão ao patrimônio do alienante, com a simples devolução das despesas feitas.

§ 4º Na regulamentação das matérias de que trata este capítulo, com a observância das primazias

já codificadas, se estipularão:

a) as exigências quanto aos títulos de domínio e à demarcação de divisas; b) os critérios para fixação das áreas-limites de parcelas, lotes urbanos e glebas de uso comum,

bem como dos preços, condições de financiamento e pagamento;

c) o sistema de seleção dos parceleiros e artesãos; d) as limitações para distribuição, desmembramentos, alienação e transmissão dos lotes;

e) as sanções pelo inadimplemento das cláusulas contratuais; f) os serviços que devam ser assegurados aos promitentes compradores, bem como os encargos

e isenções tributárias que, nos termos da lei, lhes sejam conferidos.

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo

de propriedade rural. (Vide art. 11 do Decreto-Lei nº 57, de 18/11/1966)

§ 1º Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural.

§ 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis rurais,

não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade rural.

§ 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim havidas, o

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente ou requerentes

obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os demais condôminos.

§ 4º O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante prova de

que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote.

§ 5º Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais em

dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo

Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários

sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano. (Parágrafo acrescido pela

Lei nº 11.446, de 5/1/2007)

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§ 6º Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5º deste artigo poderá ser desmembrado ou

dividido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.446, de 5/1/2007)

Art. 66. Os compradores e promitentes compradores de parcelas resultantes de colonização

oficial ou particular, ficam isentos do pagamento dos tributos federais que incidam diretamente

sobre o imóvel durante o período de cinco anos, a contar da data da compra ou compromisso.

(Vide art. 6º do Decreto-Lei nº 57, de 18/11/1966)

Parágrafo único. O órgão competente firmará convênios com o fim de obter, para os compradores e promitentes compradores, idênticas isenções de tributos estaduais e municipais.

Art. 67. O Núcleo de Colonização, como unidade básica, caracteriza-se por um conjunto de parcelas integradas por uma sede administrativa e serviços comunitários.

Parágrafo único. O número de parcelas de um núcleo será condicionado essencialmente pela

possibilidade de conhecimento mútuo entre os parceleiros e de sua identificação pelo

administrador, em função das dimensões adequadas a cada região.

Art. 68. A emancipação do núcleo ocorrerá quando este tiver condições de vida autônoma, e

será declarada por ato do órgão competente, observados os preceitos legais e regulamentares.

Art. 69. O custo operacional do núcleo de colonização será progressivamente transferido aos

proprietários das parcelas, através de cooperativas ou outras entidades que os congreguem. O

prazo para essa transferência, nunca superior a cinco anos, contar-se-á:

a) a partir de sua emancipação; b) desde quando a maioria dos parceleiros já tenha recebido os títulos definitivos, embora o

núcleo não tenha adquirido condições de vida autônoma.

Art. 70. O Distrito de Colonização caracteriza-se como unidade constituída por três ou mais

núcleos interligados, subordinados a uma única chefia, integrado por serviços gerais

administrativos e comunitários.

Art. 71. Nos casos de regiões muito afastadas dos centros urbanos e dos mercados

consumidores, só se permitirá a organização de Distrito de Colonização.

Art. 72. A regulamentação deste capítulo estabelecerá, para os projetos de colonização que

venham a gozar dos benefícios desta Lei:

a) a forma de administração, a composição, a área de jurisdição e os critérios de vinculação,

desmembramento e incorporação dos núcleos aos Distritos de Colonização;

b) os serviços gerais administrativos e comunitários indispensáveis para a implantação de núcleos e Distrito de Colonizações;

c) os serviços complementares de assistência educacional, sanitária, social, técnica e creditícia; d) os serviços de produção, de beneficiamento e de industrialização e de eletrificação rural, de

comercialização e transportes;

e) os serviços de planejamento e execução de obras que, em cada caso, sejam aconselháveis e

devam ser considerados para a eficácia dos programas.

CAPÍTULO III

DA ASSISTÊNCIA E PROTEÇÃO À ECONOMIA RURAL

Art. 73. Dentro das diretrizes fixadas para a política de desenvolvimento rural, com o fim de

prestar assistência social, técnica e fomentista e de estimular a produção agropecuária, de forma

a que ela atenda não só ao consumo nacional, mas também à possibilidade de obtenção de

excedentes exportáveis, serão mobilizados, entre outros, os seguintes meios:

I - assistência técnica; II - produção e distribuição de sementes e mudas;

III - criação, venda e distribuição de reprodutores e uso da inseminação artificial;

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IV - mecanização agrícola;

V - cooperativismo;

VI - assistência financeira e creditícia;

VII - assistência à comercialização;

VIII - industrialização e beneficiamento dos produtos;

IX - eletrificação rural e obras de infra-estrutura;

X - seguro agrícola; XI - educação, através de estabelecimentos agrícolas de orientação profissional;

XII - garantia de preços mínimos à produção agrícola.

§ 1º Todos os meios enumerados neste artigo serão utilizados para dar plena capacitação ao

agricultor e sua família e visam, especialmente, ao preparo educacional, à formação empresarial

e técnico-profissional:

a) garantindo sua integração social e ativa participação no processo de desenvolvimento rural;

b) estabelecendo, no meio rural, clima de cooperação entre o homem e o Estado, no

aproveitamento da terra.

§ 2º No que tange aos campos de ação dos órgãos incumbidos de orientar, normalizar ou

executar a política de desenvolvimento rural, através dos meios enumerados neste artigo,

observar-se-á o seguinte:

a) nas áreas abrangidas pelas regiões prioritárias e incluídas nos planos nacional e regionais de

Reforma Agrária, a atuação competirá sempre ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária;

b) nas demais áreas do País, esses meios de assistência e proteção serão utilizados sob

coordenação do Ministério da Agricultura; no âmbito de atuação dos órgãos federais, pelas

repartições e entidades subordinadas ou vinculadas àquele Ministério; nas áreas de jurisdição

dos Estados, pelas respectivas Secretarias de Agricultura e entidades de economia mista, criadas

e adequadamente organizadas com a finalidade de promover o desenvolvimento rural; (Vide

art. 1º do Decreto nº 56.891, de 22/9/1965)

c) nas regiões em que atuem órgãos de valorização econômica, tais como a Superintendência do

Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE), a Superintendência do Plano de

Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF),

a Fundação Brasil Central (FBC), a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da

Região Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), a utilização desses meios poderá ser, no todo

ou em parte, exercida por esses órgãos.

§ 3º Os projetos de Reforma Agrária receberão assistência integral, assim compreendido o

emprego de todos os meios enumerados neste artigo, ficando a cargo dos organismos criados

pela presente Lei e daqueles já existentes, sob coordenação do Instituto Brasileiro de Reforma

Agrária.

§ 4º Nas regiões prioritárias de Reforma Agrária, será essa assistência prestada, também, pelo

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com os órgãos estaduais pertinentes,

aos proprietários rurais aí existentes, desde que se constituam em cooperativas, requeiram os

benefícios aqui mencionados e se comprometam a observar as normas estabelecidas.

Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da Agricultura,

o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica vinculada ao

mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo com o

prescrito nos dispositivos seguintes:

I - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o

desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo;

II - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio definidos na presente Lei;

III - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e um

Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República,

mediante indicação do Ministro da Agricultura;

IV - o Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão de

Planejamento da Política Agrícola;

V - além das atribuições que esta Lei lhe confere, cabe ao Instituto Nacional do

Desenvolvimento Agrário:

a) VETADO;

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b) planejar, programar, orientar, promover e fiscalizar as atividades relativas ao cooperativismo

e associativismo rural;

c) colaborar em programas de colonização e de recolonização;

d) planejar, programar, promover e controlar as atividades relativas à extensão rural e cooperar

com outros órgãos ou entidades que a executem;

e) planejar, programar e promover medidas visando à implantação e desenvolvimento da

eletrificação rural;

f) proceder à avaliação do desenvolvimento das atividades de extensão rural ...VETADO;

g) realizar estudos e pesquisas sobre a organização rural e propor as medidas deles decorrentes; h) VETADO;

i) atuar, em colaboração com os órgãos do Ministério do Trabalho incumbidos da sindicalização

rural visando a harmonizar as atribuições legais com os propósitos sociais, econômicos e

técnicos da agricultura;

j) estabelecer normas, proceder ao registro e promover a fiscalização do funcionamento das cooperativas e de outras entidades de associativismo rural;

k) planejar e promover a aquisição e revenda de materiais agropecuários, reprodutores, sementes

e mudas;

l) controlar os estoques e as operações financeiras de revenda; m) centralizar a movimentação de recursos financeiros destinados à aquisição e revenda de

materiais agropecuários, de acordo com o plano geral aprovado pela Comissão de Planejamento

da Política Agrícola;

n) exercer as atribuições de que trata o art. 88, desta Lei, no âmbito federal; o) desempenhar as atribuições constantes do art. 162 da Constituição Federal, observado o

disposto no § 2º do art. 58, desta Lei, coordenadas as suas atividades com as do Banco Nacional

de Crédito Cooperativo;

p) firmar convênios com os Estados, Municípios e entidades privadas para execução dos

programas de desenvolvimento rural nos setores da colonização, extensão rural, cooperativismo

e demais atividades de sua atribuição;

VI - a organização do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário e de seus sistemas de

funcionamento será estabelecida em regulamento, com competência idêntica à fixada para o

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, no art. 104 e seus parágrafos.

Seção I

Da Assistência Técnica

Art. 75. A assistência técnica, nas modalidades e com os objetivos definidos nos parágrafos

seguintes, será prestada por todos os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alíneas a, b e c.

§ 1º Nas áreas dos projetos de reforma agrária, a prestação de assistência técnica será feita

através do Administrador do Projeto, dos agentes de extensão rural e das equipes de

especialistas. O Administrador residirá obrigatoriamente, na área do projeto. Os agentes de

extensão rural e as equipes de especialistas atuarão ao nível da Delegacia Regional do Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária e deverão residir na sua área de jurisdição, e durante a fase da

implantação, se necessário, na própria área do projeto.

§ 2º Nas demais áreas, fora das regiões prioritárias, este tipo de assistência técnica será prestado na forma indicada no art. 73, parágrafo 2º, alínea b.

§ 3º Os estabelecimentos rurais isolados continuarão a ser atendidos pelos órgãos de assistência

técnica do Ministério da Agricultura e das Secretarias Estaduais, na forma atual ou através de

técnicas e sistemas que vierem a ser adotados por aqueles organismos.

§ 4º As atividades de assistência técnica tanto nas áreas prioritárias de Reforma Agrária como

nas previstas no § 3º deste artigo, terão, entre outros, os seguintes objetivos:

a) a planificação de empreendimentos e atividades agrícolas; b) a elevação do nível sanitário, através de serviços próprios de saúde e saneamento rural,

melhoria de habitação e de capacitação de lavradores e criadores, bem como de suas famílias;

c) a criação do espírito empresarial e a formação adequada em economia doméstica,

indispensável à gerência dos pequenos estabelecimentos rurais e à administração da própria vida

familiar;

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d) a transmissão de conhecimentos e acesso a meios técnicos concernentes a métodos e práticas

agropecuárias e extrativas, visando a escolha econômica das culturas e criações, a racional

implantação e desenvolvimento, e ao emprego de medidas de defesa sanitária vegetal e animal;

e) o auxílio e a assistência para o uso racional do solo, a execução de planos de reflorestamento, a obtenção de crédito e financiamento, a defesa e preservação dos recursos naturais;

f) a promoção, entre os agricultores, do espírito de liderança e de associativismo.

Seção II

Da Produção e Distribuição de

Sementes e Mudas

Art. 76. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão expandir suas atividades no

setor de produção e distribuição e de material de plantio, inclusive o básico, de modo a atender

tanto aos parceleiros como aos agricultores em geral.

Parágrafo único. A produção e distribuição de sementes e mudas, inclusive de novas variedades,

poderão também ser feitas por organizações particulares, dentro do sistema de certificação de

material de plantio, sob a fiscalização, controle e amparo do Poder Público.

Seção III

Da Criação, Venda, Distribuição de

Reprodutores e Uso da Inseminação Artificial

Art. 77. A melhoria dos rebanhos e plantéis será feita através de criação, venda de reprodutores

e uso da inseminação artificial, devendo os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b , ampliar

para esse fim, a sua rede de postos especializados.

Parágrafo único. A criação de reprodutores e o emprego da inseminação artificial poderão ser

feitos por entidades privadas, sob fiscalização, controle e amparo do Poder Público.

Seção IV

Da Mecanização Agrícola

Art. 78. Os planos de mecanização agrícola, elaborados pelos órgãos referidos no artigo 73, §

2°, alínea b, levarão em conta o mercado de mão-de-obra regional, as necessidades de

preparação e capacitação de pessoal, para utilização e manutenção de maquinaria.

§ 1º Esses planos serão dimensionados em função do grau de produtividade que se pretende

alcançar em cada uma das áreas geoeconômicas do País, e deverão ser condicionados ao nível

tecnológico já existente e à composição da força de trabalho ocorrente.

§ 2º Nos mesmos planos poderão ser incluídos serviços adequados de manutenção e de

orientação técnica para o uso econômico das máquinas e implementos, os quais, sempre que

possível deverão ser realizados por entidades privadas especializadas.

Seção V

Do Cooperativismo

Art. 79. A Cooperativa Integral de Reforma Agrária (CIRA) contará com a contribuição

financeira do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, durante o

período de implantação dos respectivos projetos.

§ 1º A contribuição financeira referida neste artigo será feita de acordo com o vulto do

empreendimento, a possibilidade de obtenção de crédito, empréstimo ou financiamento externo

e outras facilidades.

§ 2º A Cooperativa Integral de Reforma Agrária terá um Delegado indicado pelo Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária, integrante do Conselho de Administração, sem direito a voto,

com a função de prestar assistência técnico-administrativa à Diretoria e de orientar e fiscalizar a

aplicação de recursos que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária tiver destinado à entidade

cooperativa.

§ 3º Às cooperativas assim constituídas será permitida a contratação de gerentes não-cooperados

na forma de lei.

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§ 4º A participação direta do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária na constituição, instalação

e desenvolvimento da Cooperativa Integral de Reforma Agrária, quando constituir contribuição

financeira, será feita com recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, na forma de

investimentos sem recuperação direta, considerada a finalidade social e econômica desses

investimentos. Quando se tratar de assistência creditícia, tal participação será feita por

intermédio do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, de acordo com normas traçadas pela

entidade coordenadora do crédito rural.

§ 5º A Contribuição do Estado será feita pela Cooperativa Integral de Reforma Agrária, levada à

conta de um Fundo de Implantação da própria cooperativa.

§ 6º Quando o empreendimento resultante do projeto de Reforma Agrária tiver condições de

vida autônoma, sua emancipação será declarada pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária,

cessando as funções do Delegado de que trata o § 2° deste artigo e incorporando-se ao

patrimônio da cooperativa o Fundo requerido no parágrafo anterior.

§ 7º O Estatuto da Cooperativa integral de Reforma Agrária deverá determinar a incorporação

ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo do remanescente patrimonial no caso de dissolução

da sociedade.

§ 8º Além da sua designação qualitativa, a Cooperativa Integral de Reforma Agrária adotará a denominação que o respectivo Estatuto estabelecer.

§ 9º As cooperativas já existentes nas áreas prioritárias poderão transformar-se em Cooperativas

Integrais de Reforma Agrária, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.

§ 10. O disposto nesta seção aplica-se, no que couber, às demais cooperativas, inclusive às

destinadas a atividades extrativas.

Art. 80. O órgão referido no artigo 74 deverá promover a expansão do sistema cooperativista,

prestando, quando necessário, assistência técnica, financeira e comercial às cooperativas

visando à capacidade e ao treinamento dos cooperados para garantir a implantação dos serviços

administrativos, técnicos, comerciais e industriais.

Seção VI

Da Assistência Financeira e Creditícia

Art. 81. Para aquisição de terra destinada a seu trabalho e de sua família, o trabalhador rural terá

direito a um empréstimo correspondente ao valor do salário-mínimo anual da região, pelo

Fundo Nacional de Reforma Agrária, prazo de vinte anos, ao juro deseis por cento ao ano.

Parágrafo único. Poderão acumular o empréstimo de que trata este artigo, dois ou mais

trabalhadores rurais que se entenderem para aquisição de propriedade de área superior à que

estabelece o número 2 do artigo 4°, desta Lei, sob a administração comum ou em forma de

cooperativa.

Art. 82. Nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, a assistência creditícia aos parceleiros e

demais cooperados será prestada, preferencialmente, através das cooperativas.

Parágrafo único. Nas demais regiões, sempre que possível, far-se-á o mesmo com referência aos

pequenos e médios proprietários.

Art. 83. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com o Ministério da

Agricultura, a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) e a Coordenação Nacional do

Crédito Rural, promoverá as medidas legais necessárias para a institucionalização do crédito

rural, tecnificado.

§ 1º A Coordenação Nacional do Crédito Rural fixará as normas do contrato padrão de

financiamento que permita assegurar proteção ao agricultor, desde a fase do preparo da terra, até

a venda de suas safras, ou entrega das mesmas à cooperativa para comercialização ou

industrialização.

§ 2º O mesmo organismo deverá prover à forma de desconto de títulos oriundos de operações de

financiamento a agricultores ou de venda de produtos, máquinas, implementos e utilidades

agrícolas necessários ao custeio de safras, construção de benfeitorias e melhoramentos

fundiários.

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§ 3º A Superintendência da Moeda e do Crédito poderá determinar que dos depósitos

compulsórios dos Bancos particulares, à sua ordem, sejam deduzidas as quantias a serem

utilizadas em operações de crédito rural, na forma por ela regulamentada.

Seção VII

Da Assistência à Comercialização

Art. 84. Os planos de armazenamento e proteção dos produtos agropecuários levarão em conta o

zoneamento de que trata o artigo 43, a fim de condicionar, aos objetivos desta Lei, as atividades

da Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB) e de outros órgãos federais e

estaduais com atividades que objetivem o desenvolvimento rural.

§ 1º Os órgãos referidos neste artigo, se necessário, deverão instalar em convênio com o

Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, armazéns, silos, frigoríficos, postos ou agências de

compra, visando a dar segurança à produção agrícola.

§ 2º Os planos deverão também levar em conta a classificação dos produtos e o adequado e

oportuno escoamento das safras.

Art. 85. A fixação dos preços mínimos, de acordo com a essencialidade dos produtos

agropecuários, visando aos mercados interno e externo, deverá ser feita, no mínimo, sessenta

dias antes da época do plantio em cada região e reajustados, na época da venda, de acordo com

os índices de correção fixados pelo Conselho Nacional de Economia.

§ 1º Para fixação do preço mínimo se tomará por base o custo efetivo da produção, acrescido

das despesas de transporte para o mercado mais próximo e da margem de lucro do produtor, que

não poderá ser inferior a trinta por cento.

§ 2º As despesas do armazenamento, expurgo, conservação e embalagem dos produtos agrícolas

correrão por conta do órgão executor da política de garantia de preços mínimos, não sendo

dedutíveis do total a ser pago ao produtor.

Art. 86. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão, se necessário e quando a rede

comercial se mostrar insuficiente, promover a expansão desta ou expandir seus postos de

revenda para atender aos interesses de lavradores e de criadores na obtenção de mercadorias e

utilidades necessárias às suas atividades rurais, de forma oportuna e econômica, visando à

melhoria da produção e ao aumento da produtividade, através, entre outros, de serviços locais,

para distribuição de produção própria ou revenda de:

I - tratores, implementos agrícolas, conjuntos de irrigação e perfuração de poços, aparelhos e

utensílios para pequenas indústrias de beneficiamento da produção;

II - arames, herbicidas, inseticidas, fungicidas, rações, misturas, soros, vacinas e medicamentos

para animais;

III - corretivo de solo fertilizantes e adubos, sementes e mudas.

Seção VIII

Da Industrialização e Beneficiamento

dos Produtos Agrícolas

Art. 87. Nas áreas prioritárias da Reforma Agrária, a industrialização e o beneficiamento dos

produtos agrícolas serão promovidos pelas Cooperativas Integrais de Reforma Agrária.

Art. 88. O Poder Público, através dos órgãos referidos no art. 73, § 2º, alínea b, exercerá

atividades de orientação, planificação, execução e controle, com o objetivo de promover o

incentivo da industrialização, do beneficiamento dos produtos agropecuários e dos meios

indispensáveis ao aumento da produção e da produtividade agrícola, especialmente os referidos

no art. 86.

Parágrafo único. VETADO.

Seção IX

Da Eletrificação Rural e Obras de

Infra-estrutura

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Art. 89. Os planos nacional e regional de Reforma Agrária incluirão, obrigatoriamente, as

providências de valorização relativas a eletrificação rural e outras obras de melhoria de infra-

estrutura, tais como reflorestamento, regularização dos deflúvios dos cursos d'água, açudagem,

barragens submersas, drenagem, irrigação, abertura de poços, saneamento, obras de conservação

do solo, além do sistema viário indispensável à realização do projeto.

Art. 90. Os órgãos públicos federais ou estaduais referidos no art. 73, § 2º, alíneas a, b e c, bem

como o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, na medida de suas disponibilidades técnicas e

financeiras, promoverão a difusão das atividades de reflorestamento e de eletrificação rural,

estas essencialmente através de cooperativas de eletrificação e industrialização rural,

organizadas pelos lavradores e pecuaristas da região.

§ 1º Os mesmos órgãos, especialmente as entidades de economia mista destinadas a promover o

desenvolvimento rural, deverão manter serviços para atender à orientação, planificação,

execução e fiscalização das obras de melhoria e outras de infra-estrutura, referidas neste artigo.

§ 2º Os consumidores rurais de energia elétrica distribuída através de cooperativa de

eletrificação e industrialização rural ficarão isentos do respectivo empréstimo compulsório.

§ 3º Os projetos de eletrificação rural feitos pelas cooperativas rurais terão prioridade nos

financiamentos e poderão receber auxílio do Governo federal, estadual e municipal.

Seção X

Do Seguro Agrícola

Art. 91. A Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA), em convênio com o Instituto

Brasileiro de Reforma Agrária, atuará nas áreas do projeto de Reforma Agrária, garantindo

culturas, safras, colheitas, rebanhos e plantéis.

§ 1º O estabelecimento das tabelas dos prêmios de seguro para os vários tipos de atividade

agropecuária nas diversas regiões do País será feito tendo-se em vista a necessidade de sua

aplicação, não somente nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, como também nas outras

regiões selecionadas pela Companhia Nacional de Seguro Agrícola, nas quais a produção

agropecuária represente fator essencial de desenvolvimento.

§ 2º Os contratos de financiamento e empréstimo e os contratos agropecuários de qualquer

natureza, realizados através dos órgãos oficiais de crédito, deverão ser segurados na Companhia

Nacional de Seguro Agrícola.

CAPÍTULO IV

DO USO OU DA POSSE TEMPORÁRIA DA TERRA

Seção I

Das Normas Gerais

Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de contrato expresso ou

tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem atividade agrícola ou pecuária,

sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial e extrativa, nos

termos desta Lei.

§ 1º O proprietário garantirá ao arrendatário ou parceiro o uso e gozo do imóvel arrendado ou

cedido em parceria.

§ 2º Os preços de arrendamento e de parceria fixados em contrato ...VETADO... serão

reajustados periodicamente, de acordo com os índices aprovados pelo Conselho Nacional de

Economia. Nos casos em que ocorra exploração de produtos com preço oficialmente fixado, a

relação entre os preços reajustados e os iniciais não pode ultrapassar a relação entre o novo

preço fixado para os produtos e o respectivo preço na época do contrato, obedecidas as normas

do Regulamento desta Lei.

§ 3º No caso de alienação do imóvel arrendado, o arrendatário terá preferência para adquiri-lo

em igualdade de condições devendo o proprietário dar-lhe conhecimento da venda, a fim de que

possa exercitar o direito de preempção dentro de trinta dias, a contar da notificação judicial ou

comprovadamente efetuada, mediante recibo.

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§ 4º O arrendatário a quem não se notificar a venda poderá, depositando o preço, haver para si o

imóvel arrendado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar da transcrição do ato de

alienação no Registro de Imóveis.

§ 5º A alienação ou a imposição de ônus real ao imóvel não interrompe a vigência dos contratos

de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e obrigações do

alienante.

§ 6º O inadimplemento das obrigações assumidas por qualquer das partes dará lugar,

facultativamente, à rescisão do contrato de arrendamento ou de parceria. observado o disposto

em lei.

§ 7º Qualquer simulação ou fraude do proprietário nos contratos de arrendamento ou de

parceria, em que o preço seja satisfeito em produtos agrícolas, dará ao arrendatário ou ao

parceiro o direito de pagar pelas taxas mínimas vigorantes na região para cada tipo de contrato.

§ 8º Para prova dos contratos previstos neste artigo, será permitida a produção de testemunhas.

A ausência de contrato não poderá elidir a aplicação dos princípios estabelecidos neste Capítulo

e nas normas regulamentares.

§ 9º Para solução dos casos omissos na presente Lei, prevalecerá o disposto no Código Civil.

Art. 93. Ao proprietário é vedado exigir do arrendatário ou do parceiro:

I - prestação de serviço gratuito;

II - exclusividade da venda da colheita;

III - obrigatoriedade do beneficiamento da produção em seu estabelecimento;

IV - obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em seus armazéns ou barracões; V - aceitação de pagamento em "ordens", "vales", "borós" ou outras formas regionais

substitutivas da moeda.

Parágrafo único. Ao proprietário que houver financiado o arrendatário ou parceiro, por

inexistência de financiamento direto, será facultado exigir a venda da colheita até o limite do

financiamento concedido, observados os níveis de preços do mercado local.

Art. 94. É vedado contrato de arrendamento ou parceria na exploração de terras de propriedade

pública, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. Excepcionalmente, poderão ser arrendadas ou dadas em parceria terras de propriedade púbica, quando:

a) razões de segurança nacional o determinarem;

b) áreas de núcleos de colonização pioneira, na sua fase de implantação, forem organizadas para

fins de demonstração;

c) forem motivo de posse pacífica e a justo título, reconhecida pelo Poder Público, antes da

vigência desta Lei.

Seção II

Do Arrendamento Rural

Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes princípios:

I - os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, inclusive a de

plantas forrageiras temporárias cultiváveis. No caso de retardamento da colheita por motivo de

força maior, considerar-se-ão esses prazos prorrogados nas mesmas condições, até sua

ultimação;

II - presume-se feito, no prazo mínimo de três anos, o arrendamento por tempo indeterminado,

observada a regra do item anterior;

III - o arrendatário, para iniciar qualquer cultura cujos frutos não possam ser recolhidos antes de

terminado o prazo de arrendamento, deverá ajustar, previamente, com o arrendador a forma de

pagamento do uso da terra por esse prazo excedente; (Inciso com redação dada pela Lei nº

11.443, de 5/1/2007)

IV - em igualdade de condições com estranhos, o arrendatário terá preferência à renovação do

arrendamento, devendo o proprietário, até 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, fazer-

lhe a competente notificação extrajudicial das propostas existentes. Não se verificando a

notificação extrajudicial, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o

arrendador, nos 30 (trinta) dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule nova

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proposta, tudo mediante simples registro de suas declarações no competente Registro de Títulos

e Documentos; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

V - os direitos assegurados no inciso IV do caput deste artigo não prevalecerão se, no prazo de 6

(seis) meses antes do vencimento do contrato, o proprietário, por via de notificação

extrajudicial, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou por

intermédio de descendente seu; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

VI - sem expresso consentimento do proprietário é vedado o subarrendamento;

VII - poderá ser acertada, entre o proprietário e arrendatário, cláusula que permita a substituição

de área arrendada por outra equivalente no mesmo imóvel rural, desde que respeitadas as

condições de arrendamento e os direitos do arrendatário;

VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem direito à indenização das benfeitorias

necessárias e úteis; será indenizado das benfeitorias voluptuárias quando autorizadas pelo

proprietário do solo; e, enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias necessárias e

úteis, poderá permanecer no imóvel, no uso e gozo das vantagens por ele oferecidas, nos termos

do contrato de arrendamento e das disposições do inciso I deste artigo; (Inciso com redação

dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

IX - constando do contrato de arrendamento animais de cria, de corte ou de trabalho, cuja forma

de restituição não tenha sido expressamente regulada, o arrendatário é obrigado, findo ou

rescindido o contrato, a restituí-los em igual número, espécie e valor;

X - o arrendatário não responderá por qualquer deterioração ou prejuízo a que não tiver dado

causa;

XI - na regulamentação desta Lei, serão complementadas as seguintes condições que,

obrigatoriamente, constarão dos contratos de arrendamento:

a) limites da remuneração e formas de pagamento em dinheiro ou no seu equivalente em

produtos; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

b) prazos mínimos de arrendamento e limites de vigência para os vários tipos de atividades

agrícolas; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

c) bases para as renovações convencionadas;

d) formas de extinção ou rescisão;

e) direito e formas de indenização ajustadas quanto às benfeitorias realizadas; XII - a remuneração do arrendamento, sob qualquer forma de pagamento, não poderá ser

superior a 15% (quinze por cento) do valor cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que

entrarem na composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair apenas em

glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de alta rentabilidade, caso em que a

remuneração poderá ir até o limite de 30% (trinta por cento); (Inciso com redação dada pela Lei

nº 11.443, de 5/1/2007)

XIII - a todo aquele que ocupar, sob qualquer forma de arrendamento, por mais de cinco anos,

um imóvel rural desapropriado, em área prioritária de Reforma Agrária, é assegurado o direito

preferencial de acesso à terra ..VETADO.

Art. 95-A. Fica instituído o Programa de Arrendamento Rural, destinado ao atendimento

complementar de acesso à terra por parte dos trabalhadores rurais qualificados para participar do

Programa Nacional de Reforma Agrária, na forma estabelecida em regulamento.

Parágrafo único. Os imóveis que integrarem o Programa de Arrendamento Rural não serão

objeto de desapropriação para fins de reforma agrária enquanto se mantiverem arrendados,

desde que atendam aos requisitos estabelecidos em regulamento. (Artigo acrescido pela Medida

Provisória nº 2.183-56, de 24/8/2001)

Seção III

Da Parceria Agrícola, Pecuária,

Agro-Industrial e Extrativa

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Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial e extrativa, observar-se-ão os seguintes

princípios:

I - o prazo dos contratos de parceria, desde que não convencionados pelas partes, será no

mínimo de três anos, assegurado ao parceiro o direito à conclusão da colheita, pendente,

observada a norma constante do inciso I, do artigo 95;

II - expirado o prazo, se o proprietário não quiser explorar diretamente a terra por conta própria,

o parceiro em igualdade de condições com estranhos, terá preferência para firmar novo contrato

de parceria;

III - as despesas com o tratamento e criação dos animais, não havendo acordo em contrário,

correrão por conta do parceiro tratador e criador;

IV - o proprietário assegurará ao parceiro que residir no imóvel rural, e para atender ao uso

exclusivo da família deste, casa de moradia higiênica e área suficiente para horta e criação de

animais de pequeno porte;

V - no Regulamento desta Lei, serão complementadas, conforme o caso, as seguintes condições,

que constarão, obrigatoriamente, dos contratos de parceria agrícola, pecuária, ragroindustrial ou

extrativa:

a) quota-limite do proprietário na participação dos frutos, segundo a natureza de atividade

agropecuária e facilidades oferecidas ao parceiro;

b) prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo os vários tipos de atividade

agrícola;

c) bases para as renovações convencionadas;

d) formas de extinção ou rescisão; e) direitos e obrigações quanto às indenizações por benfeitorias levantadas com consentimento

do proprietário e aos danos substanciais causados pelo parceiro, por práticas predatórias na área

de exploração ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferramentas e implementos agrícolas a ele

cedidos;

f) direito e oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos;

VI - na participação dos frutos da parceria, a quota do proprietário não poderá ser superior a: a) 20% (vinte por cento), quando concorrer apenas com a terra nua; (Alínea com redação dada

pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

b) 25% (vinte e cinco por cento), quando concorrer com a terra preparada; (Alínea com redação

dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

c) 30% (trinta por cento), quando concorrer com a terra preparada e moradia; (Alínea com

redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

d) 40% (quarenta por cento), caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído

especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou currais,

conforme o caso; (Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

e) 50% (cinquenta por cento), caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico de

benfeitorias enumeradas na alínea d deste inciso e mais o fornecimento de máquinas e

implementos agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de

tração, e, no caso de parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50%

(cinquenta por cento) do número total de cabeças objeto de parceria; (Alínea com redação dada

pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

f) 75% (setenta e cinco por cento), nas zonas de pecuária ultra-extensiva em que forem os

animais de cria em proporção superior a 25% (vinte e cinco por cento) do rebanho e onde se

adotarem a meação do leite e a comissão mínima de 5% (cinco por cento) por animal vendido;

(Alínea com redação dada pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

g) nos casos não previstos nas alíneas anteriores, a quota adicional do proprietário será fixada

com base em percentagem máxima de dez por cento do valor das benfeitorias ou dos bens

postos à disposição do parceiro;

VII - aplicam-se à parceria agrícola, pecuária, agropecuária, ragroindustrial ou extrativa as

normas pertinentes ao arrendamento rural, no que couber, bem como as regras do contrato de

sociedade, no que não estiver regulado pela presente Lei.

VIII - o proprietário poderá sempre cobrar do parceiro, pelo seu preço de custo, o valor de

fertilizantes e inseticidas fornecidos no percentual que corresponder à participação deste, em

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qualquer das modalidades previstas nas alíneas do inciso VI do caput deste artigo; (Inciso

acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

IX - nos casos não previstos nas alíneas do inciso VI do caput deste artigo, a quota adicional do

proprietário será fixada com base em percentagem máxima de 10% (dez por cento) do valor das

benfeitorias ou dos bens postos à disposição do parceiro. (Inciso acrescido pela Lei nº 11.443,

de 5/1/2007)

§ 1º Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por

tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes dele, incluindo,

ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade

de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega

animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem

animal, mediante partilha, isolada ou cumulativamente, dos seguintes riscos:

I - caso fortuito e de força maior do empreendimento rural;

II - dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais estabelecidos no inciso VI do caput deste artigo;

III - variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento rural. (Parágrafo

acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

§ 2º As partes contratantes poderão estabelecer a prefixação, em quantidade ou volume, do

montante da participação do proprietário, desde que, ao final do contrato, seja realizado o

ajustamento do percentual pertencente ao proprietário, de acordo com a produção. (Parágrafo

acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

§ 3º Eventual adiantamento do montante prefixado não descaracteriza o contrato de parceria. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007) § 4º Os contratos que prevejam o pagamento do trabalhador, parte em dinheiro e parte em

percentual na lavoura cultivada ou em gado tratado, são considerados simples locação de

serviço, regulada pela legislação trabalhista, sempre que a direção dos trabalhos seja de inteira e

exclusiva responsabilidade do proprietário, locatário do serviço a quem cabe todo o risco,

assegurando-se ao locador, pelo menos, a percepção do salário mínimo no cômputo das 2 (duas)

parcelas. (Parágrafo único transformado em § 4º pela Lei nº 11.443, de 5/1/2007)

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica aos contratos de parceria agroindustrial, de aves e

suínos, que serão regulados por lei específica. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 11.443, de

5/1/2007)

Seção IV

Dos Ocupantes de Terras Públicas

Federais

Art. 97. Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas federais, observar-se-á o seguinte:

I - o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a discriminação das áreas ocupadas por

posseiros, para a progressiva regularização de suas condições de uso e posse da terra,

providenciando, nos casos e condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de domínio;

II - todo o trabalhador agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano, terras

devolutas, terá preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade rural,

que for estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.

Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos

ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por

seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente

para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o progresso

social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de propriedade, adquirir-

lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.

Art. 99. A transferência do domínio ao posseiro de terras devolutas federais efetivar-se-á no

competente processo administrativo de legitimação de posse, cujos atos e termos obedecerão às

normas do Regulamento da presente Lei.

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Art. 100. O título de domínio expedido pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será, dentro

do prazo que o Regulamento estabelecer, transcrito no competente Registro Geral de Imóveis.

Art. 101. As taxas devidas pelo legitimante de posse em terras devolutas federais, constarão de

tabela a ser periodicamente expedida pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, atendendo-se

à ancianidade da posse, bem como às diversificações das regiões em que se verificar a

respectiva discriminação.

Art. 102. Os direitos dos legítimos possuídores de terras devolutas federais estão condicionados

ao implemento dos requisitos absolutamente indispensáveis da cultura efetiva e da morada

habitual.

TÍTULO IV

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 103. A aplicação da presente Lei deverá objetivar, antes e acima de tudo, a perfeita

ordenação do sistema agrário do País, de acordo com os princípios da justiça social, conciliando

a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano.

§ 1º Para a plena execução do disposto neste artigo, o Poder Executivo, através dos órgãos da

sua administração centralizada e descentralizada, deverá prover no sentido de facultar e garantir

todas as atividades extrativas, agrícolas, pecuárias e agroindustriais, de modo a não prejudicar,

direta ou indiretamente, o harmônico desenvolvimento da vida rural.

§ 2º Dentro dessa orientação, a implantação dos serviços e trabalhos previstos nesta Lei

processar-se-á progressivamente, seguindo-se os critérios, as condições técnicas e as prioridades

fixadas pelas mesmas, a fim de que a política de desenvolvimento rural de nenhum modo tenha

solução de continuidade.

§ 3º De acordo com os princípios normativos deste artigo e dos parágrafos anteriores, será dada

prioridade à elaboração do zoneamento e do cadastro, previstos no Título II, Capítulo IV, Seção

III, desta Lei.

Art. 104. O Quadro de servidores do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será constituído de

pessoal dos órgãos e repartições a ele incorporados, ou para ele transferidos, e de pessoal

admitido na forma da lei.

§ 1º O disposto neste artigo não se aplica aos cargos ou funções cujos ocupantes estejam em

exercício como requisitados, nos mencionados órgãos incorporados ou transferidos, bem como

aos funcionários públicos civis ou militares, assim definidos pela legislação especial.

§ 2º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá admitir, mediante portaria ou contrato,

em regime especial de trabalho e salário, dentro das dotações orçamentárias próprias,

especialistas necessários ao desempenho de atividades técnicas e científicas para cuja execução

não dispuser de servidores habilitados.

§ 3º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá requisitar servidores da administração centralizada ou descentralizada, sem prejuízo dos seus vencimentos, direitos e vantagens.

§ 4º Nenhuma admissão de pessoal, com exceção do parágrafo segundo, poderá ser feita senão

mediante prestação de concurso de provas ou de títulos e provas.

§ 5º Os servidores da Superintendência da Política Agrária (SUPRA), pertencentes aos quadros

do extinto Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), e do Serviço Social Rural

(SSR) poderão optar pela sua lotação em qualquer órgão onde existirem cargos ou funções por

eles ocupados.

Art. 105. Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos, denominados Títulos da Dívida

Agrária, distribuídos em séries autônomas, respeitado o limite máximo de circulação

equivalente a 500.000.000 de OTN (quinhentos milhões de Obrigações do Tesouro Nacional).

("Caput" do artigo com redação dada pela Lei nº 7.647, de 19/1/1988)

§ 1º Os títulos de que trata este artigo vencerão juros de seis por cento a doze por cento ao ano,

terão cláusula de garantia contra eventual desvalorização da moeda, em função dos índices

fixados pelo Conselho Nacional de Economia, e poderão ser utilizados:

a) em pagamento de até cinquenta por cento do Imposto Territorial Rural;

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b) em pagamento de preço de terras públicas;

c) em caução para garantia de quaisquer contratos, obras e serviços celebrados coma União;

d) como fiança em geral;

e) em caução como garantia de empréstimos ou financiamentos em estabelecimentos da União,

autarquias federais e sociedades de economia mista, em entidades ou fundos de aplicação às

atividades rurais criadas para este fim;

f) em depósito, para assegurar a execução em ações judiciais ou administrativas.

§ 2º Esses títulos serão nominativos ou ao portador e de valor nominal de referência equivalente

ao de 5 (cinco), 10 (dez), 20 (vinte), 50 (cinquenta) e 100 (cem) Obrigações do Tesouro

Nacional, ou outra unidade de correção monetária plena que venha a substituí-las, de acordo

com o que estabelecer a regulamentação desta Lei. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº

7.647, de 19/1/1988)

§ 3º Os títulos de cada série autônoma serão resgatados a partir do segundo ano de sua efetiva

colocação em prazos variáveis de cinco, dez quinze e vinte anos, de conformidade com o que

estabelecer a regulamentação desta Lei. Dentro de uma mesma série não se poderá fazer

diferenciação de juros e de prazo.

§ 4º Os orçamentos da União, a partir do relativo ao exercício de 1966, consignarão verbas

específicas destinadas ao serviço de juros e amortização decorrentes desta Lei, inclusive as

dotações necessárias para cumprimento da cláusula de correção monetária, as quais serão

distribuídas automaticamente ao Tesouro Nacional.

§ 5º O Poder Executivo, de acordo com autorização e as normas constantes deste artigo e dos

parágrafos anteriores, regulamentará a expedição, condições e colocação dos Títulos da Dívida

Agrária.

Art. 106. A lei que for baixada para institucionalização do crédito rural tecnificado nos termos

do artigo 83 fixará as normas gerais a que devem satisfazer os fundos de garantia e as formas

permitidas para aplicação dos recursos provenientes da colocação, relativamente aos Títulos da

Dívida Agrária ou de Bônus Rurais, emitidos pelos Governos Estaduais, para que estes possam

ter direito à coobrigação da União Federal.

Art. 107. Os litígios judiciais entre proprietários e arrendatários rurais obedecerão ao rito processual previsto pelo artigo 685, do Código do Processo Civil.

§ 1º Não terão efeito suspensivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas nos

processos de que trata o presente artigo.

§ 2º Os litígios relativos às relações de trabalho rural em geral, inclusive as reclamações de

trabalhadores agrícolas, pecuários, agroindustriais ou extrativos, são de competência da Justiça

do Trabalho, regendo-se o seu processo pelo rito processual trabalhista.

Art. 108. Para fins de enquadramento serão revistos, a partir da data da publicação desta Lei, os

regulamentos, portarias, instruções, circulares e outras disposições administrativas ou técnicas

expedidas pelos Ministérios e Repartições.

Art. 109. Observado o disposto nesta Lei, será permitido o reajustamento das prestações

mensais de amortizações e juros e dos saldos devedores nos contratos de venda a prazo de:

I - lotes de terra com ou sem benfeitorias, em projetos de Reforma Agrária e em núcleos de

colonização;

II - máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, a cooperativas agrícolas ou entidades

especializadas em prestação de serviços e assistência à mecanização;

III - instalação de indústrias de beneficiamento, para cooperativas agrícolas ou empresas rurais. § 1º O reajustamento de que trata este artigo será feito em intervalos não inferiores a um ano,

proporcionalmente aos índices gerais de preços, fixados pelo Conselho Nacional de Economia.

§ 2º Os contratos relativos às operações referidas no inciso I, serão limitados ao prazo máximo

de vinte anos; os relativos às do inciso II ao prazo máximo de cinco anos; e os referentes às do

inciso III ao prazo máximo de quinze anos.

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§ 3º A correção monetária ...VETADO... não constituirá rendimento tributável dos seus

beneficiários.

Art. 110. Será permitida a negociação nas Bolsas de Valôres do País, de warrants fornecidos

pelos armazéns-gerais, silos e frigoríficos.

Art. 111. Os oficiais do Registro de Imóveis inscreverão obrigatoriamente os contratos de

promessa de venda ou de hipoteca celebrados de acordo com a presente Lei, declarando

expressamente que os valores deles constantes são meramente estimativos, estando sujeitos,

como as prestações mensais, às correções de valor determinadas nesta Lei.

§ 1º Mediante simples requerimento, firmado por qualquer das partes contratantes,

acompanhado da publicação oficial do índice de correção aplicado, os oficiais do Registro de

Imóveis averbarão, à margem das respectivas instruções, as correções de valor determinadas por

esta Lei, com indicação do novo valor do preço ou da dívida e do saldo respectivo, bem como

da nova prestação contratual.

§ 2º Se o promitente comprador ou mutuário se recusar a assinar o requerimento de averbação

das correções verificadas, ficará, não obstante, obrigado ao pagamento da nova prestação,

podendo a entidade financiadora, se lhe convier, rescindir o contrato com notificação prévia no

prazo de noventa dias.

Art. 112. Passa a ter a seguinte redação o artigo 38, alínea b, do Decreto nº 22.239, de 19 de dezembro de 1932, revigorado pelo Decreto-Lei nº 8.401, de 19 de dezembro de 1945:

"b) do beneficiamento, industrialização e venda em comum de produtos de origem extrativa, agrícola ou de criação de animais."

Art. 113. O Estabelecimento Rural do Tapajós, incorporado à Superintendência de Política

Agrária pela Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, fica, para todos os efeitos legais e

patrimoniais, transferido para o Ministério da Agricultura.

Art. 114. Para fins de regularização, os núcleos coloniais e as terras pertencentes ao antigo

Instituto Nacional de Imigração e Colonização, incorporados à Superintendência de Política

Agrária pela Lei Delegada referida no artigo anterior, serão transferidos:

a) ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, os localizados nas áreas prioritárias de reforma

agrária;

b) ao patrimônio do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário, os situados nas demais

áreas do País.

Art. 115. As atribuições conferidas à Superintendência de Política Agrária pela Lei Delegada nº

11, de 11 de outubro de 1962, e que não são transferidas para o Instituto Brasileiro de Reforma

Agrária, ficam distribuídas pelos órgãos federais, na forma dos seguintes dispositivos:

I - para os órgãos próprios do Ministério da Agricultura transferem-se as atribuições de: a) planejar e executar, direta ou indiretamente, programas de colonização visando à fixação e ao

acesso à terra própria de agricultores e trabalhadores sem terra, nacionais ou estrangeiros,

radicados no País, mediante a formação de unidades familiares reunidas em cooperativas nas

áreas de ocupação pioneira e nos vazios demográficos e econômicos;

b) promover, supletivamente, a entrada de imigrantes necessários ao aperfeiçoamento e à

difusão de métodos agrícolas mais avançados;

c) fixar diretrizes para o serviço de imigração e seleção de imigrantes, exercido pelo Ministério

das Relações Exteriores, através de seus órgãos próprios de representação;

d) administrar, direta ou indiretamente, os núcleos de colonização fora das áreas prioritárias de Reforma Agrária;

II - para os órgãos próprios de representação do Ministério das Relações Exteriores, as

atividades concernentes à seleção de imigrantes;

III - para os órgãos próprios do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, os assuntos

pertinentes à legalização de permanência, prorrogação e retificação de nacionalidade de

estrangeiros, no território nacional;

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IV - para a Divisão de Turismo e Certames, do Departamento Nacional de Comércio, do

Ministério da Indústria e do Comércio, o registro e a fiscalização de empresas de turismo e

venda de passagens;

V - para os órgãos próprios do Ministério do Trabalho e Previdência Social:

a) a assistência e o encaminhamento dos trabalhadores rurais migrantes de uma para outra

região, à vista das necessidades do desenvolvimento harmônico do País;

b) a recepção dos imigrantes selecionados pelo Ministério das Relações Exteriores,

encaminhando-os para áreas predeterminadas de acordo com as normas gerais convencionadas

com o Ministério da Agricultura.

Art. 116. Fica revogada a Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, extinta a

Superintendência de Política Agrária (SUPRA) e incorporados ao Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária, ao Ministério da Agricultura, ao Instituto Nacional do Desenvolvimento

Agrário e aos demais Ministérios, na forma do art. 115, para todos os efeitos legais, jurídicos e

patrimoniais, os serviços, atribuições e bens patrimoniais, na forma do disposto nesta Lei.

Parágrafo único. São transferidos para o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e para o

Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário, quando for o caso, os saldos das dotações

orçamentárias e dos créditos especiais destinados à Superintendência de Política Agrária,

inclusive os recursos financeiros arrecadados e os que forem a ela devidos até a data da

promulgação da presente Lei.

Art. 117. As atividades do Serviço Social Rural, incorporado à Superintendência de Política

Agrária pela Lei Delegada nº 11, de 11 de outubro de 1962, bem como o produto da arrecadação

das contribuições criadas pela Lei nº 2.613, de 23 de setembro de 1955, serão transferidas, de

acordo com o disposto nos seguintes incisos:

I - ao Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário caberão as atribuições relativas à extensão

rural e cinquenta por cento da arrecadação;

II - ao órgão do Serviço Social da Previdência que atenderá aos trabalhos rurais, ... VETADO ...

caberão as demais atribuições e cinquenta por cento da arrecadação. Enquanto não for criado

esse órgão, suas atribuições e arrecadações serão da competência da autarquia referida no inciso

I;

III - VETADO.

Art. 118. São extensivos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária os privilégios da Fazenda

Pública no tocante à cobrança dos seus créditos e processos em geral, custas, prazos de

prescrição, imunidades tributárias e isenções fiscais.

Art. 119. Não poderão gozar dos benefícios desta Lei, inclusive a obtenção de financiamentos,

empréstimos e outras facilidades financeiras, os proprietários de imóveis rurais, cujos

certificados de cadastro os classifiquem na forma prevista no artigo 4°, inciso V.

§ 1º Os órgãos competentes do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e do Ministério da

Agricultura, poderão acordar com o proprietário, a forma e o prazo de enquadramento do imóvel

nos objetivos desta Lei, dando deste fato ciência aos estabelecimentos de crédito de economia

mista.

§ 2º VETADO.

Art. 120. É instituído o Fundo Agro-Industrial de Reconversão, com a finalidade de financiar

projetos apresentados por proprietários cujos imóveis rurais tiverem sido desapropriados contra

pagamento por meio de Títulos da Dívida Agrária.

§ 1º O Fundo, administrado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE),

terá as seguintes fontes:

I - dez por cento do Fundo Nacional de Reforma Agrária;

II - recursos provenientes de empréstimos contraídos no País e no exterior;

III - resultado de suas operações;

IV - recursos próprios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ou de outras

entidades governamentais que venham a ser atribuídos ao Fundo.

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§ 2º O Fundo somente financiará projetos de desenvolvimento agropecuário ou industrial, que

satisfaçam as condições técnicas e econômicas estabelecidas pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e que se enquadrem dentro dos critérios de propriedade fixados

pelo Ministério Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica.

§ 3º Os encargos resultantes do financiamento, inclusive amortização e juros, serão liquidados

em Títulos da Dívida Agrária.

§ 4º Dentro dos recursos do Fundo, o financiamento será concedido em total nunca superior a

cinquenta por cento do montante dos Títulos da Dívida Agrária que tiverem entrado na

composição do preço da desapropriação.

Art. 121. É o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Agricultura, o crédito

especial de Cr$ 100.000.000,00 (cem milhões de cruzeiros) para atender às despesas de

qualquer natureza com a instalação, organização e funcionamento do Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária, bem como as relativas ao cumprimento do disposto nesta Lei.

Art. 122. O Poder Executivo, dentro do prazo de cento e oitenta dias, a partir da publicação da

presente Lei, deverá baixar a regulamentação necessária à sua execução.

Art. 123. O critério da tributação constante do Título III, Capítulo I, passará a vigorar a partir de

1° de janeiro de 1965.

Parágrafo único. Do Imposto Territorial Rural, calculado na forma do disposto no art. 50 e seus parágrafos serão feitas, nos três primeiros anos de aplicação desta Lei, as seguintes deduções:

a) no primeiro ano, setenta e cinco por cento do acréscimo verificado entre o valor apurado e o

imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei;

b) no segundo ano, cinquenta por cento do acréscimo verificado entre o valor apurado naquele

ano e o imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei, com a correção monetária

pelos índices do Conselho Nacional de Economia;

c) no terceiro ano, vinte e cinco por cento do acréscimo verificado para o respectivo ano, na

forma do disposto na alínea anterior.

Art. 124. A aplicação do disposto no art. 19, § 2°, a e b, só terá a vigência respectivamente a

partir das datas de encerramento da inscrição do cadastro das propriedades agrícolas e da de

declaração do Imposto de Renda relativa ao ano-base de 1964.

Art. 125. Dentro de dez anos contados da publicação da presente Lei ficam isentas do

pagamento do imposto sobre lucro imobiliário as transmissões de imóveis rurais realizadas com

o objetivo imediato de eliminar latifúndio ou efetuar reagrupamentos de glebas, no propósito de

corrigir minifúndios, desde que tais objetivos sejam verificados pelo Instituto Brasileiro de

Reforma Agrária.

Art. 126. A Carteira de Colonização do Banco do Brasil, sem prejuízo de suas atribuições legais, atuará como entidade financiadora nas operações de venda de lotes rurais ...VETADO.

§ 1º As Letras Hipotecárias que o Banco do Brasil está autorizado a emitir, em provimento de

recursos e em empréstimos da sua Carteira de Colonização, poderão conter cláusula de garantia

contra eventual desvalorização de moeda, de acordo com índices que forem sugeridos pelo

Conselho Nacional de Economia, assegurando ao mesmo Banco o ressarcimento de prejuízos já

previstos no artigo 4º da Lei nº 2.237, de 19 de junho de 1954.

§ 2º Caberá à Diretoria do Banco do Brasil fixar o limite do valor dos empréstimos que o Banco

fica autorizado a realizar no País ou no estrangeiro para aplicação, pela sua Carteira de

Colonização, revogado, portanto o limite estabelecido no parágrafo único do art. 8º da Lei

número 2.237, de 19 de junho de 1964, e as disposições em contrário.

Art. 127. VETADO.

Art. 128. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

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Brasília, 30 de novembro de 1964, 143º da Independência e 76º da República.

H. CASTELLO BRANCO

Milton Soares Campos

Ernesto de Mello Baptista

Arthur da Costa e Silva

Vasco da Cunha

Octavio Gouveia de Bulhões

Juarez Tavora

Hugo de Almeida Leme

Flávio Suplicy de Lacerda

Arnaldo Sussekind

Nelson Lavenère Wanderley Raymundo de Brito

Daniel Faraco

Mauro Thibau

Roberto Campos

Osvaldo Cordeiro de Farias

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LEI N° 6.383/1976. Dispõe sobre o Processo Discriminatório de Terras Devolutas da União, e

dá outras Providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I - Das Disposições Preliminares

Art. 1º - O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado por esta Lei.

Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial.

CAPÍTULO II - Do Processo Administrativo

Art. 2º - O processo discriminatório administrativo será instaurado por Comissões Especiais

constituídas de três membros, a saber: um bacharel em direito do Serviço Jurídico do Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, que a presidirá; um engenheiro

agrônomo e um outro funcionário que exercerá as funções de secretário.

§ 1º - As Comissões Especiais serão criadas por ato do presidente do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária

- INCRA, e terão jurisdição e sede estabelecidas no respectivo ato de criação, ficando os seus

presidentes investidos de poderes de representação da União, para promover o processo

discriminatório administrativo previsto nesta Lei.

§ 2º - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, no prazo de 30 (trinta)

dias após a vigência desta Lei, baixará Instruções Normativas, dispondo, inclusive, sobre o

apoio administrativo às Comissões Especiais.

Art. 3º - A Comissão Especial instruirá inicialmente o processo com memorial descritivo da

área, no qual constará:

I - o perímetro com suas características e confinância, certa ou aproximada, aproveitando, em

princípio, os acidentes naturais;

II - a indicação de registro da transcrição das propriedades;

III - o rol das ocupações conhecidas;

IV - o esboço circunstanciado da gleba a ser discriminada ou seu levantamento

aerofotogramétrico;

V - outras informações de interesse.

Art. 4º - O presidente da Comissão Especial convocará os interessados para apresentarem, no

prazo de 60 (sessenta) dias e em local a ser fixado no edital de convocação, seus títulos,

documentos, informações de interesse e, se for o caso, testemunhas.

§ 1º - Consideram-se de interesse as informações relativas à origem e seqüência dos títulos,

localização, valor estimado e área certa ou aproximada das terras de quem se julgar legítimo

proprietário ou ocupante; suas confrontações e nome dos confrontantes; natureza, qualidade e

valor das benfeitorias; culturas e criações nelas existentes; financiamento e ônus incidentes

sobre o imóvel e comprovantes de impostos pagos, se houver.

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§ 2º - O edital de convocação conterá a delimitação perimétrica da área a ser discriminada com

suas características e será dirigido, nominalmente, a todos os interessados, proprietários,

ocupantes, confinantes certos e respectivos cônjuges, bem como aos demais interessados

incertos ou desconhecidos.

§ 3º - O edital deverá ter a maior divulgação possível, observado o seguinte procedimento:

a) afixação em lugar público na sede dos municípios e distritos, onde se situar a área nele

indicada;

b) publicação simultânea, por duas vezes, no Diário Oficial da União, nos órgãos oficiais do

Estado ou Território Federal e na imprensa local, onde houver, com intervalo mínimo de 8 (oito)

e máximo de 15 (quinze) dias entre a primeira e a segunda.

§ 4º - O prazo de apresentação dos interessados será contado a partir da segunda publicação no

Diário Oficial da União.

Art. 5º - A Comissão Especial autuará e processará a documentação recebida de cada

interessado, em separado, de modo a ficar bem caracterizado o domínio ou a ocupação com suas

respectivas confrontações.

§ 1º - Quando se apresentarem dois ou mais interessados no mesmo imóvel, ou parte dele, a

Comissão Especial procederá à apensação dos processos.

§ 2º - Serão tomadas por termo as declarações dos interessados e, se for o caso, os depoimentos

de testemunhas previamente arroladas.

Art. 6º - Constituído o processo, deverá ser realizada, desde logo, obrigatoriamente, a vistoria

para identificação dos imóveis e, se forem necessárias, outras diligências.

Art. 7º - Encerrado o prazo estabelecido no edital de convocação, o presidente da Comissão

Especial, dentro de 30 (trinta) dias improrrogáveis, deverá pronunciar-se sobre as alegações,

títulos de domínio, documentos dos interessados e boa-fé das ocupações, mandando lavrar os

respectivos termos.

Art. 8º - Reconhecida a existência de dúvida sobre a legitimidade do título, o presidente da

Comissão Especial reduzirá a termo as irregularidades encontradas, encaminhando-o à

Procuradoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para

propositura da ação competente.

Art. 9º - Encontradas ocupações, legitimáveis ou não, serão lavrados os respectivos termos de

identificação, que serão encaminhados ao órgão competente do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - INCRA, para as providências cabíveis.

Art. 10 - Serão notificados, por ofício, os interessados e seus cônjuges para, no prazo não

inferior a 8 (oito) nem superior a 30 (trinta) dias, a contar da juntada ao processo do recibo de

notificação, celebrarem com a União os termos cabíveis.

Art. 11 - Celebrado, em cada caso, o termo que couber, o presidente da Comissão Especial

designará agrimensor para, em dia e hora avençados com os interessados, iniciar o levantamento

geodésico e topográfico das terras objeto de discriminação, ao fim da qual determinará a

demarcação das terras devolutas, bem como, se for o caso, das retificações objeto de acordo.

§ 1º - Aos interessados será permitido indicar um perito para colaborar com o agrimensor

designado.

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§ 2º - A designação do perito, a que se refere o parágrafo anterior, deverá ser feita até a véspera

do dia fixado para início do levantamento geodésico e topográfico.

Art. 12 - Concluídos os trabalhos demarcatórios, o presidente da Comissão Especial mandará

lavrar o termo de encerramento da discriminação administrativa, do qual constarão,

obrigatoriamente:

I - o mapa detalhado da área discriminada;

II - o rol de terras devolutas apuradas, com suas respectivas confrontações;

III - a descrição dos acordos realizados;

IV - a relação das áreas com titulação transcrita no Registro de Imóveis, cujos presumidos

proprietários ou ocupantes não atenderam ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e

10 desta Lei);

V - o rol das ocupações legitimáveis;

VI - o rol das propriedades reconhecidas; e

VII - a relação dos imóveis cujos títulos suscitaram dúvidas.

Art. 13 - Encerrado o processo discriminatório, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária - INCRA providenciará o registro, em nome da União, das terras devolutas

discriminadas, definidas em lei, como bens da União.

Parágrafo único. Caberá ao oficial do Registro de Imóveis proceder à matrícula e ao registro da

área devoluta discriminada em nome da União.

Art. 14 - O não-atendimento ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da

presente Lei) estabelece a presunção de discordância e acarretará imediata propositura da ação

judicial prevista no art. 19, II.

Parágrafo único. Os presumíveis proprietários e ocupantes, nas condições do presente artigo,

não terão acesso ao crédito oficial ou aos benefícios de incentivos fiscais, bem como terão

cancelados os respectivos cadastros rurais junto ao órgão competente.

Art. 15 - O presidente da Comissão Especial comunicará a instauração do processo

discriminatório administrativo a todos os oficiais de Registro de Imóveis da jurisdição.

Art. 16 - Uma vez instaurado o processo discriminatório administrativo, o oficial do Registro de

Imóveis não efetuará matrícula, registro, inscrição ou averbação estranhas à discriminação,

relativamente aos imóveis situados, total ou parcialmente, dentro da área discriminada, sem que

desses atos tome prévio conhecimento o presidente da Comissão Especial.

Parágrafo único. Contra os atos praticados com infração do disposto no presente artigo, o

presidente da Comissão Especial solicitará que a Procuradoria do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - INCRA utilize os instrumentos previstos no Código de

Processo Civil, incorrendo o oficial do Registro de Imóveis infrator nas penas do crime de

prevaricação.

Art. 17 - Os particulares não pagam custas no processo administrativo, salvo para serviços de

demarcação e diligências a seu exclusivo interesse.

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CAPÍTULO III - Do Processo Judicial

Art. 18 - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA fica investido de

poderes de representação da União, para promover a discriminação judicial das terras devolutas

da União.

Art. 19 - O processo discriminatório judicial será promovido:

I - quando o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por

presumida ineficácia;

II - contra aqueles que não atenderem ao edital de convocação ou à notificação (artigos 4º e 10

da presente Lei); e

III - quando configurada a hipótese do art. 25 desta Lei.

Parágrafo único. Compete à Justiça Federal processar e julgar o processo discriminatório

judicial regulado nesta Lei.

Art. 20 - No processo discriminatório judicial será observado o procedimento sumaríssimo de

que trata o Código de Processo Civil.

§ 1º - A petição inicial será instruída com o memorial descritivo da área, de que trata o art. 3º

desta Lei.

§ 2º - A citação será feita por edital, observados os prazos e condições estabelecidos no art. 4º

desta Lei.

Art. 21 - Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito devolutivo, facultada a

execução provisória.

Art. 22 - A demarcação da área será procedida, ainda que em execução provisória da sentença,

valendo esta, para efeitos de registro, como título de propriedade.

Parágrafo único. Na demarcação observar-se-á, no que couber, o procedimento prescrito

nos artigos 959 a 966 do Código de Processo Civil.

Art. 23 - O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às

ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em parte,

na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da competência para a Justiça

Federal.

Parágrafo único. Nas ações em que a União não for parte, dar-se-á, para os efeitos previstos

neste artigo, a sua intervenção.

CAPÍTULO IV - Das Disposições Gerais e Finais

Art. 24 - Iniciado o processo discriminatório, não poderão alterar-se quaisquer divisas na área

discriminada, sendo defesa a derrubada da cobertura vegetal, a construção de cercas e

transferências de benfeitorias a qualquer título, sem assentimento do representante da União.

Art. 25 - A infração ao disposto no artigo anterior constituirá atentado, cabendo a aplicação das

medidas cautelares previstas no Código de Processo Civil.

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Art. 26 - No processo discriminatório judicial os vencidos pagarão as custas a que houverem

dado causa e participarão pro rata das despesas da demarcação, considerada a extensão da linha

ou linhas de confrontação com as áreas públicas.

Art. 27 - O processo discriminatório previsto nesta Lei aplicar-se-á, no que couber, às terras

devolutas estaduais, observado o seguinte:

I - na instância administrativa, por intermédio de órgão estadual específico, ou através do

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, mediante convênio;

II - na instância judicial, na conformidade do que dispuser a Lei de Organização Judiciária local.

Art. 28 - Sempre que se apurar, através de pesquisa nos registros públicos, a inexistência de

domínio particular em áreas rurais declaradas indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento

nacionais, a União, desde logo, as arrecadará mediante ato do presidente do Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do qual constará:

I - a circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel, conforme o critério

adotado pela legislação local;

II - a eventual denominação, as características e confrontações doimóvel.

§ 1º - A autoridade que promover a pesquisa, para fins deste artigo, instruirá o processo de

arrecadação com certidão negativa comprobatória da inexistência de domínio particular,

expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis, certidões do Serviço do Patrimônio da União e

do órgão estadual competente que comprovem não haver contestação ou reclamação

administrativa promovida por terceiros, quanto ao domínio e posse do imóvel.

§ 2º - As certidões negativas mencionadas neste artigo consignarão expressamente a sua

finalidade.

Art. 29 - O ocupante de terras públicas, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o

de sua família, fará jus à legitimação da posse de área contínua até 100 (cem) hectares, desde

que preencha os seguintes requisitos:

I - não seja proprietário de imóvel rural;

II - comprove a morada permanente e cultura efetiva, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano.

§ 1º - A legitimação da posse de que trata o presente artigo consistirá no fornecimento de uma

Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de mais 4 (quatro) anos, findo o qual o ocupante terá

a preferência para aquisição do lote, pelo valor histórico da terra nua, satisfeitos os requisitos de

morada permanente e cultura efetiva e comprovada a sua capacidade para desenvolver a área

ocupada.

§ 2º - Aos portadores de Licenças de Ocupação, concedidas na forma da legislação anterior, será

assegurada a preferência para aquisição de área até 100 (cem) hectares, nas condições do

parágrafo anterior, e, o que exceder esse limite, pelo valor atual da terra nua.

§ 3º - A Licença de Ocupação será intransferível inter vivos e inegociável, não podendo ser

objeto de penhora e arresto.

Art. 30 - A Licença de Ocupação dará acesso aos financiamentos concedidos pelas instituições

financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural.

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§ 1º - As obrigações assumidas pelo detentor de Licença de Ocupação serão garantidas pelo

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA.

§ 2º - Ocorrendo inadimplência do favorecido, o Instituto Nacional de colonização e Reforma

Agrária - INCRA cancelará a Licença de Ocupação e providenciará a alienação do imóvel, na

forma da lei, a fim de ressarcir-se do que houver assegurado.

Art. 31 - A União poderá, por necessidade ou utilidade pública, em qualquer tempo que

necessitar do imóvel, cancelar a Licença de Ocupação e imitir-se na posse do mesmo,

promovendo, sumariamente, a sua desocupação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

§ 1º - As benfeitorias existentes serão indenizadas pela importância fixada através de avaliação

pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, considerados os valores

declarados para fins de cadastro.

§ 2º - Caso o interessado se recuse a receber o valor estipulado, o mesmo será depositado em

juízo.

§ 3º - O portador da Licença de Ocupação, na hipótese prevista no presente artigo, fará jus, se o

desejar, à instalação em outra gleba da União, assegurada a indenização, de que trata o § 1º

deste artigo, e computados os prazos de morada habitual e cultura efetiva da antiga ocupação.

Art. 32 - Não se aplica aos imóveis rurais o disposto nos artigos

19 a 31, 127 a 133, 139, 140 e 159 a 174 do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946.

Art. 33 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, aplicando-se, desde logo, aos

processos pendentes.

Art. 34 - Revogam-se a Lei nº 3.081, de 22 de dezembro de 1956, e as demais disposições em

contrário.

Brasília, 7 de dezembro de 1976; 155º da Independência e 88º da República.

ERNESTO GEISEL

Armando Falcão Alysson Paulinelli

Hugo de Andrade Abreu

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CAPÍTULO III

DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o

imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização

em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de

até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,

autoriza a União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,

para o processo judicial de desapropriação.

§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o

montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.

§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de

imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não

possua outra;

II - a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas

para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,

segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação

efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos

setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta,

especialmente:

I - os instrumentos creditícios e fiscais;

II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;

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III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;

IV - a assistência técnica e extensão rural;

V - o seguro agrícola;

VI - o cooperativismo;

VII - a eletrificação rural e irrigação;

VIII - a habitação para o trabalhador rural.

§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias,

pesqueiras e florestais.

§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política

agrícola e com o plano nacional de reforma agrária.

§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois

mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá

de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras

públicas para fins de reforma agrária.

Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão

títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à

mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em

lei.

Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por

pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do

Congresso Nacional.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por

cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta

hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,

adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

SEÇÃO II

DA CULTURA

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes

da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações

culturais.

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§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e

das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes

segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao

desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem

à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda Constitucional

nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,

de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas

dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,

de 2005)

V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de

2005)

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,

tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à

memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações

artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,

paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio

cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,

e de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental

e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. (Vide Lei nº

12.527, de 2011)

§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas

dos antigos quilombos.

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§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à

cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de

programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído

pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de

19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações

apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

TÍTULO X

ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS

Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é

reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

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LEI 11.326/2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da

Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1

o Esta Lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das

políticas públicas direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Art. 2

o A formulação, gestão e execução da Política Nacional da Agricultura Familiar e

Empreendimentos Familiares Rurais serão articuladas, em todas as fases de sua formulação e

implementação, com a política agrícola, na forma da lei, e com as políticas voltadas para a

reforma agrária.

Art. 3

o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural

aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes

requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu

estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu

estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada

pela Lei nº 12.512, de 2011)

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1

o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio

rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não

ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2

o São também beneficiários desta Lei:

I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste

artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles

ambientes;

II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste

artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou

ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em

tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV

do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os

garimpeiros e faiscadores;

IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos I, II, III e IV

do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira artesanalmente.

V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e

IV do caput do art. 3º; (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

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VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais povos e

comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e IV do caput do art.

3º. (Incluído pela Lei nº 12.512, de 2011)

§ 3

o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e condições adicionais

de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito destinadas aos agricultores familiares,

de forma a contemplar as especificidades dos seus diferentes segmentos. (Incluído pela Lei nº

12.058, de 2009)

§ 4

o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e associações que atendam a

percentuais mínimos de agricultores familiares em seu quadro de cooperados ou associados e de

matéria-prima beneficiada, processada ou comercializada oriunda desses agricultores, conforme

disposto pelo CMN. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)

Art. 4

o A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais

observará, dentre outros, os seguintes princípios:

I - descentralização;

II - sustentabilidade ambiental, social e econômica;

III - eqüidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de gênero, geração e etnia;

IV - participação dos agricultores familiares na formulação e implementação da política

nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.

Art. 5

o Para atingir seus objetivos, a Política Nacional da Agricultura Familiar e

Empreendimentos Familiares Rurais promoverá o planejamento e a execução das ações, de

forma a compatibilizar as seguintes áreas:

I - crédito e fundo de aval;

II - infra-estrutura e serviços;

III - assistência técnica e extensão rural;

IV - pesquisa;

V - comercialização;

VI - seguro;

VII - habitação;

VIII - legislação sanitária, previdenciária, comercial e tributária;

IX - cooperativismo e associativismo;

X - educação, capacitação e profissionalização;

XI - negócios e serviços rurais não agrícolas;

XII - agroindustrialização.

Art. 6o O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação.

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Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de julho de 2006; 185

o da Independência e 118

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Guilherme Cassel

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LEI Nº 11.446/2007. Altera a Lei nº 4.504/19464, dispondo sobre parcelamentos de imóveis

rurais, destinados à agricultura familiar, promovidos pelo Poder Público.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1

o O art. 65 da Lei n

o 4.504, de 30 de novembro de 1964, passa a vigorar acrescido dos

seguintes §§ 5o e 6

o:

Art. 65.

§ 5

o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais em

dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo

Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários

sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano.

§ 6

o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5

o deste artigo poderá ser desmembrado ou

dividido.” (NR)

Art. 2

o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de janeiro de 2007; 186

o da Independência e 119

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Guilherme Cassel

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LEI Nº 11.952/2009. Dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras

situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal; altera as Leis 8.666/1993, e

6.015/1973, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1

o Esta Lei dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras

situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal, definida no art. 2º da Lei

Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, mediante alienação e concessão de direito real

de uso de imóveis.

Parágrafo único. Fica vedado beneficiar, nos termos desta Lei, pessoa natural ou jurídica com a

regularização de mais de uma área ocupada.

Art. 2

o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

I - ocupação direta: aquela exercida pelo ocupante e sua família;

II - ocupação indireta: aquela exercida somente por interposta pessoa;

III - exploração direta: atividade econômica exercida em imóvel rural, praticada diretamente

pelo ocupante com o auxílio de seus familiares, ou com a ajuda de terceiros, ainda que

assalariados;

IV - exploração indireta: atividade econômica exercida em imóvel rural por meio de preposto ou

assalariado;

V - cultura efetiva: exploração agropecuária, agroindustrial, extrativa, florestal, pesqueira ou

outra atividade similar, mantida no imóvel rural e com o objetivo de prover subsistência dos

ocupantes, por meio da produção e da geração de renda;

VI - ocupação mansa e pacífica: aquela exercida sem oposição e de forma contínua;

VII - ordenamento territorial urbano: planejamento da área urbana, de expansão urbana ou de

urbanização específica, que considere os princípios e diretrizes da Lei no 10.257, de 10 de julho

de 2001, e inclua, no mínimo, os seguintes elementos:

a) delimitação de zonas especiais de interesse social em quantidade compatível com a demanda

de habitação de interesse social do Município;

b) diretrizes e parâmetros urbanísticos de parcelamento, uso e ocupação do solo urbano;

c) diretrizes para infraestrutura e equipamentos urbanos e comunitários; e

d) diretrizes para proteção do meio ambiente e do patrimônio cultural;

VIII - concessão de direito real de uso: cessão de direito real de uso, onerosa ou gratuita, por

tempo certo ou indeterminado, para fins específicos de regularização fundiária; e

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IX - alienação: doação ou venda, direta ou mediante licitação, nos termos da Lei no 8.666, de 21

de junho de 1993, do domínio pleno das terras previstas no art. 1o.

Art. 3

o São passíveis de regularização fundiária nos termos desta Lei as ocupações incidentes

em terras:

I - discriminadas, arrecadadas e registradas em nome da União com base no art. 1

o do Decreto-

Lei no 1.164, de 1

o de abril de 1971;

II - abrangidas pelas exceções dispostas no parágrafo único do art. 1o do Decreto-Lei n

o 2.375,

de 24 de novembro de 1987;

III - remanescentes de núcleos de colonização ou de projetos de reforma agrária que tiverem

perdido a vocação agrícola e se destinem à utilização urbana;

IV - devolutas localizadas em faixa de fronteira; ou

V - registradas em nome do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra, ou

por ele administradas.

Parágrafo único. Esta Lei aplica-se subsidiariamente a outras áreas sob domínio da União, na

Amazônia Legal, sem prejuízo da utilização dos instrumentos previstos na legislação

patrimonial.

Art. 4

o Não serão passíveis de alienação ou concessão de direito real de uso, nos termos desta

Lei, as ocupações que recaiam sobre áreas:

I - reservadas à administração militar federal e a outras finalidades de utilidade pública ou de

interesse social a cargo da União;

II - tradicionalmente ocupadas por população indígena;

III - de florestas públicas, nos termos da Lei n

o 11.284, de 2 de março de 2006, de unidades de

conservação ou que sejam objeto de processo administrativo voltado à criação de unidades de

conservação, conforme regulamento; ou

IV - que contenham acessões ou benfeitorias federais.

§ 1

o As áreas ocupadas que abranjam parte ou a totalidade de terrenos de marinha, terrenos

marginais ou reservados, seus acrescidos ou outras áreas insuscetíveis de alienação nos termos

do art. 20 da Constituição Federal, poderão ser regularizadas mediante outorga de título de

concessão de direito real de uso.

§ 2

o As terras ocupadas por comunidades quilombolas ou tradicionais que façam uso coletivo

da área serão regularizadas de acordo com as normas específicas, aplicando-se-lhes, no que

couber, os dispositivos desta Lei.

CAPÍTULO II

DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS RURAIS

Art. 5

o Para regularização da ocupação, nos termos desta Lei, o ocupante e seu cônjuge ou

companheiro deverão atender os seguintes requisitos:

I - ser brasileiro nato ou naturalizado;

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II - não ser proprietário de imóvel rural em qualquer parte do território nacional;

III - praticar cultura efetiva;

IV - comprovar o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por

seus antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004; e

V - não ter sido beneficiado por programa de reforma agrária ou de regularização fundiária de

área rural, ressalvadas as situações admitidas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

§ 1

o Fica vedada a regularização de ocupações em que o ocupante, seu cônjuge ou companheiro

exerçam cargo ou emprego público no Incra, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, na

Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão ou nos

órgãos estaduais de terras.

§ 2

o Nos casos em que o ocupante, seu cônjuge ou companheiro exerçam cargo ou emprego

público não referido no § 1o, deverão ser observados para a regularização os requisitos previstos

nos incisos II, III e IV do art. 3o da Lei n

o 11.326, de 24 de julho de 2006.

Art. 6o Preenchidos os requisitos previstos no art. 5

o, o Ministério do Desenvolvimento Agrário

ou, se for o caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão regularizará as áreas

ocupadas mediante alienação.

§ 1

o Serão regularizadas as ocupações de áreas de até 15 (quinze) módulos fiscais e não

superiores a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), respeitada a fração mínima de parcelamento.

§ 2

o Serão passíveis de alienação as áreas ocupadas, demarcadas e que não abranjam as áreas

previstas no art. 4o desta Lei.

§ 3

o Não serão regularizadas ocupações que incidam sobre áreas objeto de demanda judicial em

que seja parte a União ou seus entes da administração indireta, até o trânsito em julgado da

respectiva decisão.

§ 4

o A concessão de direito real de uso nas hipóteses previstas no § 1

o do art. 4

o desta Lei será

outorgada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, após a identificação da área,

nos termos de regulamento.

§ 5

o Os ocupantes de áreas inferiores à fração mínima de parcelamento terão preferência como

beneficiários na implantação de novos projetos de reforma agrária na Amazônia Legal.

Art. 7

o (VETADO)

Art. 8

o Em caso de conflito nas regularizações de que trata este Capítulo, a União priorizará:

I - a regularização em benefício das comunidades locais, definidas no inciso X do art. 3

o da Lei

no 11.284, de 2 de março de 2006, se o conflito for entre essas comunidades e particular, pessoa

natural ou jurídica;

II – (VETADO)

Art. 9

o A identificação do título de domínio destacado originariamente do patrimônio público

será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida

Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices

definidores dos limites do imóvel rural, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro.

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Parágrafo único. O memorial descritivo de que trata o caput será elaborado nos termos do

regulamento.

Art. 10. A certificação do memorial descritivo não será exigida no ato da abertura de matrícula

baseada em título de domínio de imóvel destacado do patrimônio público, nos termos desta Lei.

Parágrafo único. Os atos registrais subsequentes deverão ser feitos em observância ao art. 176

da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973.

Art. 11. Na ocupação de área contínua de até 1 (um) módulo fiscal, a alienação e, no caso

previsto no § 4o do art. 6

o desta Lei, a concessão de direito real de uso dar-se-ão de forma

gratuita, dispensada a licitação, ressalvado o disposto no art. 7o desta Lei.

Parágrafo único. O registro decorrente da alienação ou concessão de direito real de uso de que

trata este artigo será realizado de ofício pelo Registro de Imóveis competente,

independentemente de custas e emolumentos.

Art. 12. Na ocupação de área contínua acima de 1 (um) módulo fiscal e até 15 (quinze)

módulos fiscais, desde que inferior a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), a alienação e, no caso

previsto no § 4o do art. 6

o desta Lei, a concessão de direito real de uso dar-se-ão de forma

onerosa, dispensada a licitação, ressalvado o disposto no art. 7o.

§ 1

o A avaliação do imóvel terá como base o valor mínimo estabelecido em planilha referencial

de preços, sobre o qual incidirão índices que considerem os critérios de ancianidade da

ocupação, especificidades de cada região em que se situar a respectiva ocupação e dimensão da

área, conforme regulamento.

§ 2

o Ao valor do imóvel para alienação previsto no § 1

o serão acrescidos os custos relativos à

execução dos serviços topográficos, se executados pelo poder público, salvo em áreas onde as

ocupações não excedam a 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 3

o Poderão ser aplicados índices diferenciados, quanto aos critérios mencionados no § 1

o, para

a alienação ou concessão de direito real de uso das áreas onde as ocupações não excedam a 4

(quatro) módulos fiscais.

§ 4

o O ocupante de área de até 4 (quatro) módulos fiscais terá direito aos benefícios do

Programa Nossa Terra - Nossa Escola.

Art. 13. Os requisitos para a regularização fundiária dos imóveis de até 4 (quatro) módulos

fiscais serão averiguados por meio de declaração do ocupante, sujeita a responsabilização nas

esferas penal, administrativa e civil, dispensada a vistoria prévia.

Parágrafo único. É facultado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, ao

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão determinar a realização de vistoria de

fiscalização do imóvel rural na hipótese prevista no caput deste artigo.

Art. 14. As áreas ocupadas insuscetíveis de regularização por excederem os limites previstos no

§ 1o do art. 6

o poderão ser objeto de titulação parcial, nos moldes desta Lei, de área de até 15

(quinze) módulos fiscais, observado o limite máximo de 1.500ha (mil e quinhentos hectares).

§ 1

o A opção pela titulação, nos termos do caput, será condicionada à desocupação da área

excedente.

§ 2

o Ao valor do imóvel serão acrescidos os custos relativos à execução dos serviços

topográficos, se executados pelo poder público.

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Art. 15. O título de domínio ou, no caso previsto no § 4o do art. 6

o, o termo de concessão de

direito real de uso deverão conter, entre outras, cláusulas sob condição resolutiva pelo prazo de

10 (dez) anos, que determinem:

I - o aproveitamento racional e adequado da área;

II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma de

legislação ambiental;

III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o compromisso para

sua recuperação na forma da legislação vigente;

IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho; e

V - as condições e forma de pagamento.

§ 1o Na hipótese de pagamento por prazo superior a 10 (dez) anos, a eficácia da cláusula

resolutiva prevista no inciso V do caput deste artigo estender-se-á até a integral quitação.

§ 2o O desmatamento que vier a ser considerado irregular em áreas de preservação permanente

ou de reserva legal durante a vigência das cláusulas resolutivas, após processo administrativo,

em que tiver sido assegurada a ampla defesa e o contraditório, implica rescisão do título de

domínio ou termo de concessão com a conseqüente reversão da área em favor da União.

§ 3

o Os títulos referentes às áreas de até 4 (quatro) módulos fiscais serão intransferíveis e

inegociáveis por ato inter vivos pelo prazo previsto no caput.

§ 4

o Desde que o beneficiário originário esteja cumprindo as cláusulas resolutivas, decorridos 3

(três) anos da titulação, poderão ser transferidos títulos referentes a áreas superiores a 4 (quatro)

módulos fiscais, se a transferência for a terceiro que preencha os requisitos previstos em

regulamento.

§ 5

o A transferência dos títulos prevista no § 4

o somente será efetivada mediante anuência dos

órgãos expedidores.

§ 6

o O beneficiário que transferir ou negociar por qualquer meio o título obtido nos termos

desta Lei não poderá ser beneficiado novamente em programas de reforma agrária ou de

regularização fundiária.

Art. 16. As condições resolutivas do título de domínio e do termo de concessão de uso somente

serão liberadas após vistoria.

Art. 17. O valor do imóvel fixado na forma do art. 12 será pago pelo beneficiário da

regularização fundiária em prestações amortizáveis em até 20 (vinte) anos, com carência de até

3 (três) anos.

§ 1

o Sobre o valor fixado incidirão os mesmos encargos financeiros adotados para o crédito

rural oficial, na forma do regulamento, respeitadas as diferenças referentes ao enquadramento

dos beneficiários nas linhas de crédito disponíveis por ocasião da fixação do valor do imóvel.

§ 2

o Poderá ser concedido desconto ao beneficiário da regularização fundiária, de até 20%

(vinte por cento), no pagamento à vista.

§ 3

o Os títulos emitidos pelo Incra entre 1

o de maio de 2008 e 10 de fevereiro de 2009 para

ocupantes em terras públicas federais na Amazônia Legal terão seus valores passíveis de

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enquadramento ao previsto nesta Lei, desde que requerido pelo interessado e nos termos do

regulamento.

Art. 18. O descumprimento das condições resolutivas pelo titulado ou, na hipótese prevista no §

4o do art. 15, pelo terceiro adquirente implica rescisão do título de domínio ou do termo de

concessão, com a consequente reversão da área em favor da União, declarada no processo

administrativo que apurar o descumprimento das cláusulas resolutivas, assegurada a ampla

defesa e o contraditório.

Parágrafo único. Rescindido o título de domínio ou o termo de concessão na forma do caput, as

benfeitorias úteis e necessárias, desde que realizadas com observância da lei, serão indenizadas.

Art. 19. No caso de inadimplemento de contrato firmado com o Incra até 10 de fevereiro de

2009, ou de não observância de requisito imposto em termo de concessão de uso ou de licença

de ocupação, o ocupante terá prazo de 3 (três) anos, contados a partir de 11 de fevereiro de

2009, para adimplir o contrato no que foi descumprido ou renegociá-lo, sob pena de ser

retomada a área ocupada, conforme regulamento.

Art. 20. Todas as cessões de direitos a terceiros que envolvam títulos precários expedidos pelo

Incra em nome do ocupante original, antes de 11 de fevereiro de 2009, servirão somente para

fins de comprovação da ocupação do imóvel pelo cessionário ou por seus antecessores.

§ 1

o O terceiro cessionário mencionado no caput deste artigo somente poderá regularizar a área

por ele ocupada.

§ 2

o Os imóveis que não puderem ser regularizados na forma desta Lei serão revertidos, total ou

parcialmente, ao patrimônio da União.

CAPÍTULO III

DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA EM ÁREAS URBANAS

Art. 21. São passíveis de regularização fundiária as ocupações incidentes em terras públicas da

União, previstas no art. 3o desta Lei, situadas em áreas urbanas, de expansão urbana ou de

urbanização específica.

§ 1

o A regularização prevista no caput deste artigo será efetivada mediante doação aos

Municípios interessados, para a qual fica o Poder Executivo autorizado, sob a condição de que

sejam realizados pelas administrações locais os atos necessários à regularização das áreas

ocupadas, nos termos desta Lei.

§ 2

o Nas hipóteses previstas no § 1

o do art. 4

o desta Lei, será aplicada concessão de direito real

de uso das terras.

Art. 22. Constitui requisito para que o Município seja beneficiário da doação ou da concessão

de direito real de uso previstas no art. 21 desta Lei ordenamento territorial urbano que abranja a

área a ser regularizada, observados os elementos exigidos no inciso VII do art. 2o desta Lei.

§ 1

o Os elementos do ordenamento territorial das áreas urbanas, de expansão urbana ou de

urbanização específica constarão no plano diretor, em lei municipal específica para a área ou

áreas objeto de regularização ou em outra lei municipal.

§ 2

o Em áreas com ocupações para fins urbanos já consolidadas, nos termos do regulamento, a

transferência da União para o Município poderá ser feita independentemente da existência da lei

municipal referida no § 1o deste artigo.

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§ 3o Para transferência de áreas de expansão urbana, os municípios deverão apresentar

justificativa que demonstre a necessidade da área solicitada, considerando a capacidade de

atendimento dos serviços públicos em função do crescimento populacional previsto, o déficit

habitacional, a aptidão física para a urbanização e outros aspectos definidos em regulamento.

Art. 23. O pedido de doação ou de concessão de direito real de uso de terras para regularização

fundiária de área urbana ou de expansão urbana será dirigido:

I - ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, em terras arrecadadas ou administradas pelo

Incra; ou

II - ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em outras áreas sob domínio da União.

§ 1

o Os procedimentos de doação ou de concessão de direito real de uso deverão ser instruídos

pelo Município com as seguintes peças, além de outros documentos que poderão ser exigidos

em regulamento:

I - pedido de doação devidamente fundamentado e assinado pelo seu representante;

II - comprovação das condições de ocupação;

III - planta e memorial descritivo do perímetro da área pretendida, cuja precisão posicional será

fixada em regulamento;

IV - cópia do plano diretor ou da lei municipal que contemple os elementos do ordenamento

territorial urbano, observado o previsto no § 2o do art. 22 desta Lei;

V - relação de acessões e benfeitorias federais existentes na área pretendida, contendo

identificação e localização.

§ 2

o Caberá ao Incra ou, se for o caso, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

analisar se a planta e o memorial descritivo apresentados atendem as exigências técnicas

fixadas.

§ 3

o O Ministério das Cidades participará da análise do pedido de doação ou concessão e

emitirá parecer sobre sua adequação aos termos da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001.

Art. 24. Quando necessária a prévia arrecadação ou a discriminação da área, o Incra ou, se for o

caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão procederá à sua demarcação, com a

cooperação do Município interessado e de outros órgãos públicos federais e estaduais,

promovendo, em seguida, o registro imobiliário em nome da União.

Art. 25. No caso previsto no § 2

o do art. 21 desta Lei, o Ministério do Planejamento, Orçamento

e Gestão lavrará o auto de demarcação.

Parágrafo único. Nas áreas de várzeas, leitos de rios e outros corpos d’água federais, o auto de

demarcação será instruído apenas pela planta e memorial descritivo da área a ser regularizada,

fornecidos pelo Município, observado o disposto no inciso I do § 2º do art. 18-A do Decreto-Lei

nº 9.760, de 5 de setembro de 1946.

Art. 26. O Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, o Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão formalizará a doação em favor do Município, com a

expedição de título que será levado a registro, nos termos do art. 167, inciso I, da Lei no 6.015,

de 1973.

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§ 1o A formalização da concessão de direito real de uso no caso previsto no § 2

o do art. 21 desta

Lei será efetivada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 2

o Na hipótese de estarem abrangidas as áreas referidas nos incisos I a IV do caput do art.

4o desta Lei, o registro do título será condicionado à sua exclusão, bem como à abertura de nova

matrícula para as áreas destacadas objeto de doação ou concessão no registro imobiliário

competente, nos termos do inciso I do art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.

§ 3

o A delimitação das áreas de acessões, benfeitorias, terrenos de marinha e terrenos marginais

será atribuição dos órgãos federais competentes, facultada a realização de parceria com Estados

e Municípios.

§ 4

o A doação ou a concessão de direito real de uso serão precedidas de avaliação da terra nua

elaborada pelo Incra ou outro órgão federal competente com base em planilha referencial de

preços, sendo dispensada a vistoria da área.

§ 5

o A abertura de matrícula referente à área independerá do georreferenciamento do

remanescente da gleba, nos termos do § 3º do art. 176 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de

1973, desde que a doação ou a concessão de direito real de uso sejam precedidas do

reconhecimento dos limites da gleba pelo Incra ou, se for o caso, pelo Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, garantindo que a área esteja nela localizada.

Art. 27. A doação e a concessão de direito real de uso a um mesmo Município de terras que

venham a perfazer quantitativo superior a 2.500ha (dois mil e quinhentos hectares) em 1 (uma)

ou mais parcelas deverão previamente ser submetidas à aprovação do Congresso Nacional.

Art. 28. A doação e a concessão de direito real de uso implicarão o automático cancelamento,

total ou parcial, das autorizações e licenças de ocupação e quaisquer outros títulos não

definitivos outorgados pelo Incra ou, se for o caso, pelo Ministério do Planejamento, Orçamento

e Gestão, que incidam na área.

§ 1

o As novas pretensões de justificação ou legitimação de posse existentes sobre as áreas

alcançadas pelo cancelamento deverão ser submetidas ao Município.

§ 2

o Para o cumprimento do disposto no caput, o Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se

for o caso, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão fará publicar extrato dos títulos

expedidos em nome do Município, com indicação do número do processo administrativo e dos

locais para consulta ou obtenção de cópias das peças técnicas necessárias à identificação da área

doada ou concedida.

§ 3

o Garantir-se-ão às pessoas atingidas pelos efeitos do cancelamento a que se refere o caput:

I - a opção de aquisição de lote urbano incidente na área do título cancelado, desde que

preencham os requisitos fixados para qualquer das hipóteses do art. 30; e

II - o direito de receber do Município indenização pelas acessões e benfeitorias que houver

erigido em boa-fé nas áreas de que tiver que se retirar.

§ 4

o A União não responderá pelas acessões e benfeitorias erigidas de boa-fé nas áreas doadas

ou concedidas.

Art. 29. Incumbe ao Município dispensar às terras recebidas a destinação prevista nesta Lei,

observadas as condições nela previstas e aquelas fixadas no título, cabendo-lhe, em qualquer

caso:

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I - regularizar as ocupações nas áreas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização

específica; e

II - indenizar as benfeitorias de boa-fé erigidas nas áreas insuscetíveis de regularização.

Art. 30. O Município deverá realizar a regularização fundiária dos lotes ocupados, observados

os seguintes requisitos:

I - alienação gratuita a pessoa natural que tenha ingressado na área antes de 11 de fevereiro de

2009, atendidas pelo beneficiário as seguintes condições:

a) possua renda familiar mensal inferior a 5 (cinco) salários mínimos;

b) ocupe a área de até 1.000m² (mil metros quadrados) sem oposição, pelo prazo ininterrupto de,

no mínimo, 1 (um) ano, observadas, se houver, as dimensões de lotes fixadas na legislação

municipal;

c) utilize o imóvel como única moradia ou como meio lícito de subsistência, exceto locação ou

assemelhado; e

d) não seja proprietário ou possuidor de outro imóvel urbano, condição atestada mediante

declaração pessoal sujeita a responsabilização nas esferas penal, administrativa e civil;

II - alienação gratuita para órgãos e entidades da administração pública estadual, instalados até

11 de fevereiro de 2009;

III - alienação onerosa, precedida de licitação, com direito de preferência àquele que comprove

a ocupação, por 1 (um) ano ininterrupto, sem oposição, até 10 de fevereiro de 2009, de área

superior a 1.000m² (mil metros quadrados) e inferior a 5.000m² (cinco mil metros quadrados); e

IV - nas situações não abrangidas pelos incisos I a III, sejam observados na alienação a

alínea f do inciso I do art. 17 e as demais disposições da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

§ 1

o No caso previsto no § 2

o do art. 21, o Município deverá regularizar a área recebida

mediante a transferência da concessão de direito real de uso.

§ 2

o O registro decorrente da alienação de que trata o inciso I do caput e da concessão de direito

real de uso a beneficiário que preencha os requisitos estabelecidos nas alíneas a a d do mesmo

inciso será realizado de ofício pelo Registro de Imóveis competente, independentemente de

custas e emolumentos.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 31. Os agentes públicos que cometerem desvios na aplicação desta Lei incorrerão nas

sanções previstas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, sem prejuízo de outras penalidades

cabíveis.

Parágrafo único. Não haverá reversão do imóvel ao patrimônio da União em caso de

descumprimento das disposições dos arts. 29 e 30 pelo Município.

Art. 32. Com a finalidade de efetivar as atividades previstas nesta Lei, a União firmará acordos

de cooperação técnica, convênios ou outros instrumentos congêneres com Estados e Municípios.

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Art. 33. Ficam transferidas do Incra para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, pelo prazo

de 5 (cinco) anos renovável por igual período, nos termos de regulamento, em caráter

extraordinário, as competências para coordenar, normatizar e supervisionar o processo de

regularização fundiária de áreas rurais na Amazônia Legal, expedir os títulos de domínio

correspondentes e efetivar a doação prevista no § 1o do art. 21, mantendo-se as atribuições do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão previstas por esta Lei. (Regulamento)

Art. 34. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Planejamento, Orçamento

e Gestão criarão sistema informatizado a ser disponibilizado na rede mundial de computadores -

internet, visando a assegurar a transparência sobre o processo de regularização fundiária de que

trata esta Lei.

Art. 35. A implementação das disposições desta Lei será avaliada de forma sistemática por

comitê instituído especificamente para esse fim, assegurada a participação de representantes da

sociedade civil organizada que atue na região amazônica, segundo composição e normas de

funcionamento definidas em regulamento.

Art. 36. Os Estados da Amazônia Legal que não aprovarem, mediante lei estadual, o respectivo

Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE no prazo máximo de 3 (três) anos, a contar da entrada

em vigor desta Lei, ficarão proibidos de celebrar novos convênios com a União, até que tal

obrigação seja adimplida.

Art. 37. Ficam transformadas, sem aumento de despesa, no âmbito do Poder Executivo, para

fins de atendimento do disposto nesta Lei, 216 (duzentas e dezesseis) Funções Comissionadas

Técnicas, criadas pelo art. 58 da Medida Provisória no 2.229-43, de 6 de setembro de 2001,

sendo 3 (três) FCT-1, 7 (sete) FCT-2, 10 (dez) FCT-3, 8 (oito) FCT-4, 14 (quatorze) FCT-9, 75

(setenta e cinco) FCT-10, 34 (trinta e quatro) FCT-11, 24 (vinte e quatro) FCT-12, 30 (trinta)

FCT-13 e 11 (onze) FCT-15, em 71 (setenta e um) cargos do Grupo-Direção e Assessoramento

Superiores - DAS, sendo 1 (um) DAS-6, 1 (um) DAS-5, 11 (onze) DAS-4, 29 (vinte e nove)

DAS-3 e 29 (vinte e nove) DAS-2.

§ 1

o Os cargos referidos no caput serão destinados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e

à Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 2

o O Poder Executivo disporá sobre a alocação dos cargos em comissão transformados por

esta Lei na estrutura regimental dos órgãos referidos no § 1o.

§ 3o Fica o Poder Executivo autorizado a transformar, no âmbito do Incra, 10 (dez) DAS-1 e 1

(um) DAS-3 em 3 (três) DAS-4 e 2 (dois) DAS-2.

Art. 38. A União e suas entidades da administração indireta ficam autorizadas a proceder a

venda direta de imóveis residenciais de sua propriedade situados na Amazônia Legal aos

respectivos ocupantes que possam comprovar o período de ocupação efetiva e regular por

período igual ou superior a 5 (cinco) anos, excluídos:

I - os imóveis residenciais administrados pelas Forças Armadas, destinados à ocupação por

militares;

II - os imóveis considerados indispensáveis ao serviço público.

Art. 39. A Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 17. ........................................................................

I - ....................................................................................

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...............................................................................................

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de

qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;

.............................................................................................

i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da

União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais

ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os

requisitos legais;

.............................................................................................

§ 2

o ..................................................................................

.............................................................................................

II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente,

haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração

direta sobre área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a

15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares);

.............................................................................................

§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2

o ficam dispensadas de autorização legislativa, porém

submetem-se aos seguintes condicionamentos:

...................................................................................” (NR)

Art. 40. A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a vigorar com as seguintes

alterações:

“Art. 167. .....................................................................

.............................................................................................

II - ...................................................................................

.............................................................................................

24. do destaque de imóvel de gleba pública originária.” (NR)

“Art. 176. ......................................................................

.............................................................................................

§ 5º Nas hipóteses do § 3

o, caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial

descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o

memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio.

§ 6

o A certificação do memorial descritivo de glebas públicas será referente apenas ao seu

perímetro originário.

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§ 7o Não se exigirá, por ocasião da efetivação do registro do imóvel destacado de glebas

públicas, a retificação do memorial descritivo da área remanescente, que somente ocorrerá a

cada 3 (três) anos, contados a partir do primeiro destaque, englobando todos os destaques

realizados no período.” (NR)

“Art. 250. .....................................................................

.............................................................................................

IV - a requerimento da Fazenda Pública, instruído com certidão de conclusão de processo

administrativo que declarou, na forma da lei, a rescisão do título de domínio ou de concessão de

direito real de uso de imóvel rural, expedido para fins de regularização fundiária, e a reversão do

imóvel ao patrimônio público.” (NR)

Art. 41. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 25 de junho de 2009; 188o da Independência e 121

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro

Guido Mantega

Paulo Bernardo Silva

Carlos Minc

Guilherme Cassel

Márcio Fortes de Almeida

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LEI N° 12.288/2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis 7.716/1989,

9.029/1995, 7.347/1985, e 10.778/2003.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1

o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a

efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e

difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.

Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:

I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência

baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou

restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos

e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer

outro campo da vida pública ou privada;

II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens,

serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou

origem nacional ou étnica;

III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a

distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;

IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o

quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

ou que adotam autodefinição análoga;

V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento

de suas atribuições institucionais;

VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa

privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de

oportunidades.

Art. 2

o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a

todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação

na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais,

culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.

Art. 3

o Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e

garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade

Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-racial,

a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.

Art. 4

o A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida

econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por meio de:

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I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;

II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;

III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado enfrentamento e a

superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação étnica;

IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às

desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e estruturais;

V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a

representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;

VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à

promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas, inclusive

mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso

aos recursos públicos;

VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das

desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho,

moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e

outros.

Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas públicas

destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias

adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do País.

Art. 5

o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção

da Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III.

TÍTULO II

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I

DO DIREITO À SAÚDE

Art. 6

o O direito à saúde da população negra será garantido pelo poder público mediante

políticas universais, sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de outros

agravos.

§ 1

o O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS) para promoção,

proteção e recuperação da saúde da população negra será de responsabilidade dos órgãos e

instituições públicas federais, estaduais, distritais e municipais, da administração direta e

indireta.

§ 2

o O poder público garantirá que o segmento da população negra vinculado aos seguros

privados de saúde seja tratado sem discriminação.

Art. 7

o O conjunto de ações de saúde voltadas à população negra constitui a Política Nacional

de Saúde Integral da População Negra, organizada de acordo com as diretrizes abaixo

especificadas:

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82

I - ampliação e fortalecimento da participação de lideranças dos movimentos sociais em defesa

da saúde da população negra nas instâncias de participação e controle social do SUS;

II - produção de conhecimento científico e tecnológico em saúde da população negra;

III - desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educação para contribuir com

a redução das vulnerabilidades da população negra.

Art. 8

o Constituem objetivos da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra:

I - a promoção da saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades

étnicas e o combate à discriminação nas instituições e serviços do SUS;

II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação do SUS no que tange à coleta, ao

processamento e à análise dos dados desagregados por cor, etnia e gênero;

III - o fomento à realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra;

IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população negra nos processos de formação e educação

permanente dos trabalhadores da saúde;

V - a inclusão da temática saúde da população negra nos processos de formação política das

lideranças de movimentos sociais para o exercício da participação e controle social no SUS.

Parágrafo único. Os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos serão

beneficiários de incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, incluindo melhorias

nas condições ambientais, no saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e na

atenção integral à saúde.

CAPÍTULO II

DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

Seção I

Disposições Gerais

Art. 9o A população negra tem direito a participar de atividades educacionais, culturais,

esportivas e de lazer adequadas a seus interesses e condições, de modo a contribuir para o

patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira.

Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9

o, os governos federal, estaduais, distrital e

municipais adotarão as seguintes providências:

I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso da população negra ao ensino gratuito e

às atividades esportivas e de lazer;

II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham espaço para promoção social e cultural da

população negra;

III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que a solidariedade

aos membros da população negra faça parte da cultura de toda a sociedade;

IV - implementação de políticas públicas para o fortalecimento da juventude negra brasileira.

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83

Seção II

Da Educação

Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é

obrigatório o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil,

observado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

§ 1

o Os conteúdos referentes à história da população negra no Brasil serão ministrados no

âmbito de todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva para o

desenvolvimento social, econômico, político e cultural do País.

§ 2

o O órgão competente do Poder Executivo fomentará a formação inicial e continuada de

professores e a elaboração de material didático específico para o cumprimento do disposto

no caput deste artigo.

§ 3

o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos responsáveis pela educação

incentivarão a participação de intelectuais e representantes do movimento negro para debater

com os estudantes suas vivências relativas ao tema em comemoração.

Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de fomento à pesquisa e à pós-graduação

poderão criar incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados para temas referentes às

relações étnicas, aos quilombos e às questões pertinentes à população negra.

Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos competentes, incentivará as

instituições de ensino superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação em vigor, a:

I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa,

nos diversos programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas de interesse da população

negra;

II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de formação de professores temas que

incluam valores concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade brasileira;

III - desenvolver programas de extensão universitária destinados a aproximar jovens negros de

tecnologias avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade de gênero entre os

beneficiários;

IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos estabelecimentos de ensino públicos,

privados e comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio

e ensino técnico, para a formação docente baseada em princípios de equidade, de tolerância e de

respeito às diferenças étnicas.

Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações socioeducacionais realizadas por entidades

do movimento negro que desenvolvam atividades voltadas para a inclusão social, mediante

cooperação técnica, intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.

Art. 15. O poder público adotará programas de ação afirmativa.

Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos órgãos responsáveis pelas políticas de

promoção da igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os programas de que trata esta

Seção.

Seção III

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Da Cultura

Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras

formas de manifestação coletiva da população negra, com trajetória histórica comprovada, como

patrimônio histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.

Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comunidades dos quilombos o direito à

preservação de seus usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.

Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios detentores de reminiscências

históricas dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5o do art. 216 da Constituição

Federal, receberá especial atenção do poder público.

Art. 19. O poder público incentivará a celebração das personalidades e das datas

comemorativas relacionadas à trajetória do samba e de outras manifestações culturais de matriz

africana, bem como sua comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.

Art. 20. O poder público garantirá o registro e a proteção da capoeira, em todas as suas

modalidades, como bem de natureza imaterial e de formação da identidade cultural brasileira,

nos termos do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos normativos necessários, a

preservação dos elementos formadores tradicionais da capoeira nas suas relações internacionais.

Seção IV

Do Esporte e Lazer

Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da população negra às práticas desportivas,

consolidando o esporte e o lazer como direitos sociais.

Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de criação nacional, nos termos do art. 217 da

Constituição Federal.

§ 1

o A atividade de capoeirista será reconhecida em todas as modalidades em que a capoeira se

manifesta, seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o exercício em todo o território

nacional.

§ 2

o É facultado o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e

mestres tradicionais, pública e formalmente reconhecidos.

CAPÍTULO III

DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE

EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS

Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício

dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas

liturgias.

Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos

religiosos de matriz africana compreende:

I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a fundação e

manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;

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II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo com preceitos dasrespectivas religiões;

III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, de instituições beneficentes ligadas às

respectivas convicções religiosas;

IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso de artigos e materiais religiosos

adequados aos costumes e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressalvadas as

condutas vedadas por legislação específica;

V - a produção e a divulgação de publicações relacionadas ao exercício e à difusão das religiões

de matriz africana;

VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas naturais e jurídicas de natureza privada

para a manutenção das atividades religiosas e sociais das respectivas religiões;

VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação para divulgação das respectivas religiões;

VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertura de ação penal em face de atitudes e

práticas de intolerância religiosa nos meios de comunicação e em quaisquer outros locais.

Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas

internados em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles

submetidos a pena privativa de liberdade.

Art. 26. O poder público adotará as medidas necessárias para o combate à intolerância com as

religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, especialmente com o

objetivo de:

I - coibir a utilização dos meios de comunicação social para a difusão de proposições, imagens

ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por motivos fundados na

religiosidade de matrizes africanas;

II - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico e

cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados às religiões de

matrizes africanas;

III - assegurar a participação proporcional de representantes das religiões de matrizes africanas,

ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos, órgãos e outras

instâncias de deliberação vinculadas ao poder público.

CAPÍTULO IV

DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA

Seção I

Do Acesso à Terra

Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas públicas capazes de promover o

acesso da população negra à terra e às atividades produtivas no campo.

Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no

campo, o poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao

financiamento agrícola.

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Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do

acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a

comercialização da produção.

Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação profissional agrícola para os

trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.

Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras

é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais

voltadas para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos

quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.

Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos

receberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas

especiais de financiamento público, destinados à realização de suas atividades produtivas e de

infraestrutura.

Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as

iniciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.

Seção II

Da Moradia

Art. 35. O poder público garantirá a implementação de políticas públicas para assegurar o

direito à moradia adequada da população negra que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas

subutilizadas, degradadas ou em processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica

urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida.

Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas o

provimento habitacional, mas também a garantia da infraestrutura urbana e dos equipamentos

comunitários associados à função habitacional, bem como a assistência técnica e jurídica para a

construção, a reforma ou a regularização fundiária da habitação em área urbana.

Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governamentais realizadas no âmbito do Sistema

Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho

de 2005, devem considerar as peculiaridades sociais, econômicas e culturais da população

negra.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estimularão e facilitarão a

participação de organizações e movimentos representativos da população negra na composição

dos conselhos constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de Interesse

Social (FNHIS).

Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, promoverão ações para viabilizar o

acesso da população negra aos financiamentos habitacionais.

CAPÍTULO V

DO TRABALHO

Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado

de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se:

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I - o instituído neste Estatuto;

II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a

Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965;

III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção n

o 111, de 1958, da

Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na

profissão;

IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade

internacional.

Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no

mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas

visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de

medidas similares nas empresas e organizações privadas.

§ 1

o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção de políticas e programas de

formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra.

§ 2

o As ações visando a promover a igualdade de oportunidades na esfera da administração

pública far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação

específica e em seus regulamentos.

§ 3

o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor

privado.

§ 4

o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o princípio da proporcionalidade de

gênero entre os beneficiários.

§ 5

o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano,

com ações afirmativas para mulheres negras.

§ 6

o O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da

mulher negra no trabalho artístico e cultural.

§ 7

o O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação

profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores

negros de baixa escolarização.

Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará

políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de

trabalho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento.

Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de financiamento para constituição

e ampliação de pequenas e médias empresas e de programas de geração de renda, contemplarão

o estímulo à promoção de empresários negros.

Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades voltadas ao turismo étnico com

enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da

população negra.

Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando

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reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual,

observados os dados demográficos oficiais.

CAPÍTULO VI

DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a

participação da população negra na história do País.

Art. 44. Na produção de filmes e programas destinados à veiculação pelas emissoras de

televisão e em salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir oportunidades de

emprego para atores, figurantes e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discriminação

de natureza política, ideológica, étnica ou artística.

Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se aplica aos filmes e programas que

abordem especificidades de grupos étnicos determinados.

Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras de

televisão e em salas cinematográficas o disposto no art. 44.

Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica ou

fundacional, as empresas públicas e as sociedades de economia mista federais deverão incluir

cláusulas de participação de artistas negros nos contratos de realização de filmes, programas ou

quaisquer outras peças de caráter publicitário.

§ 1

o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação

de serviços de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças

publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas

relacionadas com o projeto ou serviço contratado.

§ 2

o Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medidas

sistemáticas executadas com a finalidade de garantir a diversidade étnica, de sexo e de idade na

equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3

o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prática de iguais

oportunidades de emprego, requerer auditoria por órgão do poder público federal.

§ 4

o A exigência disposta no caput não se aplica às produções publicitárias quando abordarem

especificidades de grupos étnicos determinados.

TÍTULO III

DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

(SINAPIR)

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como

forma de organização e de articulação voltadas à implementação do conjunto de políticas e

serviços destinados a superar as desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo poder

público federal.

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§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão participar do Sinapir mediante

adesão.

§ 2

o O poder público federal incentivará a sociedade e a iniciativa privada a participar do

Sinapir.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS

Art. 48. São objetivos do Sinapir:

I - promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do racismo,

inclusive mediante adoção de ações afirmativas;

II - formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a

integração social da população negra;

III - descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e

municipais;

IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;

V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das ações

afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.

CAPÍTULO III

DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA

Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano nacional de promoção da igualdade racial

contendo as metas, princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de

Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).

§ 1

o A elaboração, implementação, coordenação, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem

como a organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão efetivados pelo órgão

responsável pela política de promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.

§ 2

o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir fórum intergovernamental de promoção

da igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas políticas de promoção da

igualdade étnica, com o objetivo de implementar estratégias que visem à incorporação da

política nacional de promoção da igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e

Municípios.

§ 3

o As diretrizes das políticas nacional e regional de promoção da igualdade étnica serão

elaboradas por órgão colegiado que assegure a participação da sociedade civil.

Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais, no âmbito das respectivas

esferas de competência, poderão instituir conselhos de promoção da igualdade étnica, de caráter

permanente e consultivo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entidades

públicas e de organizações da sociedade civil representativas da população negra.

Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o repasse dos recursos referentes aos programas

e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham criado

conselhos de promoção da igualdade étnica.

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CAPÍTULO IV

DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo

e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e

encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a

implementação de medidas para a promoção da igualdade.

Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria

Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas

instâncias, para a garantia do cumprimento de seus direitos.

Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres negras em situação de violência,

garantida a assistência física, psíquica, social e jurídica.

Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violência policial incidente sobre a

população negra.

Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização e proteção da juventude

negra em conflito com a lei e exposta a experiências de exclusão social.

Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados

por servidores públicos em detrimento da população negra, observado, no que couber, o

disposto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aos interesses da

população negra decorrentes de situações de desigualdade étnica, recorrer-se-á, entre outros

instrumentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO V

DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Art. 56. Na implementação dos programas e das ações constantes dos planos plurianuais e dos

orçamentos anuais da União, deverão ser observadas as políticas de ação afirmativa a que se

refere o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo

promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social da população negra, especialmente

no que tange a:

I - promoção da igualdade de oportunidades em educação, emprego e moradia;

II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, saúde e emprego, voltadas para a

melhoria da qualidade de vida da população negra;

III - incentivo à criação de programas e veículos de comunicação destinados à divulgação de

matérias relacionadas aos interesses da população negra;

IV - incentivo à criação e à manutenção de microempresas administradas por pessoas

autodeclaradas negras;

V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanência das pessoas negras na educação

fundamental, média, técnica e superior;

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VI - apoio a programas e projetos dos governos estaduais, distrital e municipais e de entidades

da sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de oportunidades para a população

negra;

VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memória e das tradições africanas e brasileiras.

§ 1

o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar medidas que garantam, em cada exercício,

a transparência na alocação e na execução dos recursos necessários ao financiamento das ações

previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos recursos orçamentários

destinados aos programas de promoção da igualdade, especialmente nas áreas de educação,

saúde, emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação popular, desenvolvimento regional,

cultura, esporte e lazer.

§ 2

o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do exercício subsequente à publicação deste

Estatuto, os órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem políticas e programas nas

áreas referidas no § 1o deste artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a participação nos

programas de ação afirmativa referidos no inciso VII do art. 4o desta Lei.

§ 3

o O Poder Executivo é autorizado a adotar as medidas necessárias para a adequada

implementação do disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de participação

crescente dos programas de ação afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2o deste

artigo.

§ 4

o O órgão colegiado do Poder Executivo federal responsável pela promoção da igualdade

racial acompanhará e avaliará a programação das ações referidas neste artigo nas propostas

orçamentárias da União.

Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordinários, poderão ser consignados nos

orçamentos fiscal e da seguridade social para financiamento das ações de que trata o art. 56:

I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - doações voluntárias de particulares;

III - doações de empresas privadas e organizações não governamentais, nacionais ou

internacionais;

IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou internacionais;

V - doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos internacionais.

TÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem outras em prol da população negra que

tenham sido ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal ou

dos Municípios.

Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos para aferir a eficácia social das medidas

previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento constante, com a emissão e a divulgação de

relatórios periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.

Art. 60. Os arts. 3

o e 4

o da Lei nº 7.716, de 1989, passam a vigorar com a seguinte redação:

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“Art. 3o ........................................................................

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia,

religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)

“Art. 4

o ........................................................................

§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas

resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:

I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições

com os demais trabalhadores;

II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;

III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho,

especialmente quanto ao salário.

§ 2

o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo

atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de

recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para

emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências.” (NR)

Art. 61. Os arts. 3

o e 4

o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, passam a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 3

o Sem prejuízo do prescrito no art. 2

o e nos dispositivos legais que tipificam os crimes

resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto nesta Lei são passíveis

das seguintes cominações:

...................................................................................” (NR)

“Art. 4

o O rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes desta Lei,

além do direito à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado optar entre:

...................................................................................” (NR)

Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2

o,

renumerando-se o atual parágrafo único como § 1o:

“Art. 13. ........................................................................

§ 1

o ...............................................................................

§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de

discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1odesta Lei, a prestação em dinheiro

reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da

igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,

na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais

ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.” (NR)

Art. 63. O § 1

o do art. 1

o da Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 1

o .......................................................................

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§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou

conduta, baseada no gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desigualdade étnica, que

cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público

quanto no privado.

...................................................................................” (NR)

Art. 64. O § 3

o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso

III:

“Art. 20. ......................................................................

.............................................................................................

§ 3

o ...............................................................................

.............................................................................................

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de

computadores.

...................................................................................” (NR)

Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias após a data de sua publicação.

Brasília, 20 de julho de 2010; 189o da Independência e 122

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Eloi Ferreira de Araújo

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B) LEGISLAÇÃO ESTADUAL

LEI Nº 3.038 DE 10 DE OUTUBRO DE 1972. Dispõe sobre terras públicas e dá outras

providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço

saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - São do domínio do Estado da Bahia as terras:

a) Transferidas ao seu patrimônio pela Constituição Federal de 24 de fevereiro de 1891;

b) do domínio particular abandonadas pelos seus proprietários e as arrecadadas como herança

jacente;

c) que não estejam por título legítimo, sob domínio de terceiros;

d) adquiridas por qualquer outro meio legal.

Art. 2º - O Estado reconhecerá aos municípios o domínio sobre suas áreas urbana e suburbana,

cuja discriminação será promovida pelo município interessado, ou ex-ofício pelo órgão executor

da política agrária; não podendo ultrapassar três mil hectares.

§ 1º - Para as vilas e povoados de mais de duzentas habitações cuja área seja descontínua da

área suburbana da sede municipal, fica reduzido para quinhentos hectares o limite acima

previsto.

§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo ao município que já tenha discriminado as terras de

seu domínio nos termos da legislação anterior.

§ 3º - As medições terão como ponto de partida o Centro da Praça ou rua principal da sede

municipal, vila ou povoado.

§ 4º - As despesas com a discriminação correrão à conta do município interessado ainda que

feita ex-ofício pelo órgão executor da política agrária.

Art. 3 º - Além dos locais notabilizados por fatos históricos relevantes, serão reservados e

receberão adequada conservação as áreas necessárias:

a) à preservação de recursos hídricos,

b) à proteção da flora e fauna nativas;

c) à construção e conservação de estradas de rodagem, ferrovias, portos e campos de aviação;

d) ao estabelecimento de núcleos coloniais, bem como à fundação e incremento de povoações;

e) à proteção de monumentos históricos ou acidentes geográficos de excepcional valor sócio-

econômico ou estético;

f) a qualquer outro fim público.

Parágrafo único - A reserva será declarada mediante decreto que mencionará a localização,

natureza, extensão, confrontações e demais características da área respectiva.

CAPÍTULO I -

DAS TERRAS PÚBLICAS E DAS RESERVADAS

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Art. 4º - A transferência do domínio de terras reservadas somente poderá ser feita quando

indispensável a fim público relevante.

Art. 5º - É ocupante quem se apossa de terras públicas alienáveis, valorizando-as com seu

trabalho.

§ 1º - Considera-se invasor quem se apossa de terras públicas reservadas ou quando se tratar de

terras alienáveis não as valorizar ou explorá-las da maneira predatória.

§ 2º - Considera-se exploração predatória a derrubada de matas além do limite e sem as cautelas

legais determinadas na legislação específica assim como qualquer outra prática capaz de

modificar o equilíbrio ecológico.

Art. 6º - São do domínio particular as terras:

a) adquiridas na forma da lei;

b) assim declaradas por sentença judicial passada em julgado.

Art. 7º- A pedido de titular de domínio definido no artigo anterior, poderá o órgão competente,

após o levantamento topográfico e reconhecimento da validade jurídica dos documentos

apresentados, expedir-lhe título confirmatório.

Art. 8º - Todo proprietário de terras é obrigado a exibir o título respectivo, sempre que

solicitado pelo órgão executor da política agrária.

Art. 9º - O órgão executor da política agrária promoverá a discriminação das terras públicas,

medindo-as; descrevendo-as e extremando-as das do domínio particular; sem ônus para os

interessados segundo esquema de prioridade por zonas nos têrmos de regulamento desta Lei.

§ 1º - Os ocupantes serão notificado para que ... vetado ... legalizem a posse da gleba, ou a

desocupem após prévia e justa indenização das benfeitorias;

§ 2º - No caso de resistência a discriminação far-se-á judicialmente, cobrando-se do vencido o

custo do serviço e os encargos da sucumbência.

Art. 10 - Será promovido o desapossamento de quem ilegalmente detenha terras públicas

apurando-se a responsabilidade civil e penal.

Parágrafo único - As terras desapossadas poderão ser vendidas em hasta pública, concorrência

ou aproveitadas para fim compatível com a presente lei.

Art. 11 - Salvo prévia e expressa aquiescência do órgão executor da política agrária, será vedado

o acesso às terras públicas discriminadas como desocupadas que serão utilizadas em planos

racionais de ocupação do território na conformidade no disposto no Capítulo V desta lei .

CAPÍTULO I -

DO DOMÍNIO TERRITORIAL PARTICULAR

CAPÍTULO III -

DA DISCRIMINAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS.

CAPÍTULO IV -

DA ALIENAÇÃO DAS TERRAS PÚBLICAS

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Art. 12 - A disposição de terras públicas atenderá ao interesse público e objetivará o

desenvolvimento econômico e social do Estado.

Parágrafo único - A concessão gratuita de terras públicas dependerá de Lei Especial e somente

será admitida com a cláusula de reversão em benefício de pessoa jurídica de fins não lucrativos,

empenhada em iniciativa de interesse social.

Art. 13 - O Estado poderá ceder à União áreas necessárias a obras de interesse nacional.

Art. 14 - Somente nos termos desta lei poderá ser feita alienação de terras públicas e, quanto a

estrangeiros, na forma determinada pela legislação federal.

Parágrafo único - O instrumento de alienação conterá cláusula, expressa determinante de que,

em caso de desapropriação, a atualização do valor da terra nua, seja feita, com base no preço de

aquisição avaliando-se as benfeitorias a preço corrente no mercado.

Art. 15 - É vedada a alienação à mesma pessoa, natural ou jurídica, de terras públicas de área

superior a quinhentos hectares, exceto em caso de empreendimento considerado de interesse

para o desenvolvimento econômico do Estado.

§ 1º - Considera-se interesse para o desenvolvimento econômico do Estado o empreendimento

destinado a reflorestamento, colonização particular, ou exploração agro-pecuária racional e

intensiva com projeto aprovado pelo órgão executor da política agrária, ouvida a Secretaria do

Planejamento.

§ 2º - Exceto prévia autorização do órgão executor da política agrária, o

adquirente de terras públicas somente poderá aliená-las quando decorridos mais de cinco anos

de sua aquisição, ressalvadas as hipóteses de execução das garantias necessárias à concessão de

crédito rural por instituições financeiras e órgãos oficiais de crédito, ou transmissão causa-

mortis.

§ 2º do art. 15 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

§ 3º - Com o valor de terras públicas, estimado na forma do artigo 24 , o Estado poderá ter

participação não majoritária em empreendimentos de interesse para seu desenvolvimento.

Art. 16 - VETADO ...

Art. 17 - É vedada a aquisição de terras públicas por pessoa absoluta ou relativamente incapaz,

exceto no caso de sucessão causa-mortis.

Art. 18 - A transferência total ou parcial de domínio adquirido sobre terras públicas a ninguém

renova o direito à sua aquisição.

Art. 19 - Na regularização da ocupação observar-se-á, tanto quanto possível, o módulo fixado na

legislação federal.

Parágrafo único - Em área de extensão modular somente será admitida a exploração direta feita

por ocupante e sua família.

Art. 20 - Assegurar-se-á ao que tiver efetiva ocupação e beneficiamento de terras públicas o

direito de adquiri-las.

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§ 1º - A área vendida nos têrmos deste artigo não poderá exceder o dobro da efetivamente

beneficiada.

§ 2º - No caso de matas e pastagens, adotar-se-á para a fixação do limite de área alienável um

critério de proporcionalidade a ser estabelecido em regulamento.

Redação do § 2º do art. 20 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de

1975 .

Redação original: "§ 2º - Para os efeitos desta lei, não se considera beneficiamento da terra

as matas e pastagens naturais."

§ 3º - No caso de exploração pecuária adotar-se-á para fixação do limite

alienável um critério de proporcionalidade a ser fixado em regulamento.

§ 3º do art. 20 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

§ 4º - É documento hábil para o reconhecimento de domínio particular, bem como para a

alienação de terras públicas, o título expedido pelo órgão ao executor da política agrária, que o

poderá clausular, quando fromalizar translação do domínio.

Art. 21 - A justificação administrativa de ocupação, para os efeitos do artigo anterior, será feita

através requerimento ao órgão competente, indicando o interessado:

a) seu nome, nacionalidade, profissão, estado civil, filiação e residência, também, a identidade

de seu preposto, na área ocupada, se for o caso;

b) a origem, natureza e data da ocupação, comprovadas, se possível, através documentos;

c) prova de cadastramento no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA);

d) nome, situação e área, tanto quanto possível, exata da gleba ocupada, bem como os

confrontantes e suas residências;

e) culturas permanentes e temporárias, as espécies de criações e seu número.

Art. 22 - O processo de compra de terras públicas e o de reconhecimento do domínio particular

serão disciplinados em regulamento, assegurado o conhecimento de terceiros, especialmente dos

confinantes, e admitida a impugnação em qualquer fase do procedimento até a expedição do

título.

Redação do art. 22 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

Redação original: "Art. 22 - Para conhecimento de terceiros a justificação administrativa

será resumidamente publicada em Edital, no Diário Oficial, pelo prazo de trinta dias, e fixado

em quadro próprio, na sede do estabelecimento regional do órgão de execução da política

agrária."

Parágrafo único - A medição, para efeito de compra de terras públicas ou de reconhecimento do

domínio particular, poderá ser feita pelo órgão executor da política agrária ou por profissional

de nível técnico ou superior devidamente habilitado e inscrito no órgão competente da

Secretaria da Agricultura que examinará o curriculum vitae e condições de idoneidade técnica e

moral do candidato para os efeitos de habilitá-lo a qualquer futuras medições.

Redação do Parágrafo único do art. 22 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de

dezembro de 1975 . Redação original: "Parágrafo único - Se houver oposição que não possa

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ser decidida, de plano, após parecer dos setores técnicos e jurídicos do órgão competente, por

envolver questão de alta indagação, será suspenso o julgamento da justificação, devendo as

partes intentar o processo judicial."

Art. 23 - As alienações previstas no art. 15 ficarão sujeitas ao cumprimento do projeto alí

previsto . Redação do art. 23 de acordo com o art. 2º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de

1975 . Redação original: "Art. 23 - Serão feitas com a cláusula de retrovenda, pelo prazo de

três anos, as alienações prevista no artigo 15, parágrafo único, assim como as relativas a

todas as ocupações posteriores à vigência desta Lei."

Parágrafo único - Resolver-se-á a venda, se durante a execução do projeto, ocorrer o

descumprimento deste.

Redação do § 1º do art. 23, renomeado como Parágrafo único, de acordo com o art. 2º da Lei

nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 . Redação original: "§ 1º - Verificar-se-á a retrovenda se

o órgão executor da política agrária, dentro de trinta meses, a contar da alienação,

comprovar o descumprimento do projeto previsto no § 1º do artigo 15 , ou no caso de

exploração predatória."

§ 2º - No caso de projeto com período de implantação superior a três anos, será

estipulada, no contrato, cláusula de anulabilidade vinculada à inexecução total ou parcial do

projeto, sem prejuízo da apuração da responsabilidade civil e penal do inadimplente. § 2º do art.

23 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

§ 3º - Realizada a retrovenda, ou anulado o contrato, perderá o adquirinte, em

favor do Estado, as benfeitorias suntuárias e as feitas em desacordo com o projeto. § 3º do art.

23 supresso pelo art. 1º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

Art. 24 - O preço das terras públicas será calculado pelo somatório dos valores.

I - De mercado da terra nua;

II - De índice atribuído, no regulamento desta Lei, ao acervo dos recursos naturais disponíveis

na gleba ocupada;

III - Do custo do levantamento topográfico, planimétrico e altimétrico.

§ 1º - Far-se-á, bienalmente, por ato executivo e com base no valor médio da terra nua, como

apurado para efeito de cobrança do imposto territorial rural, a estimativa do valor de mercado da

terra nua, nas diversas regiões do Estado.

§ 2º - Incidirá sobre o valor da terra nua um coeficiente de redução diretamente proporcional ao

índice de racionalização e produtividade da exploração agro-pecuária, e inversamente

proporcional à proximidade de centro urbano, não podendo tal redução ultrapassar o limite de

cinqüenta por cento.

Art. 25 - A requerimento do interessado e sem exclusão do depósito prévio de vinte por cento, o

preço da gleba poderá ser parcelado até sessenta meses pagas anualmente as prestações, no caso

de exploração pecuária. Quando se tratar de exploração agrícola, serão relacionadas as

prestações com a época de comercialização da melhor colheita da região.

§ 1º - Nenhuma medição será realizada sem prévia verificação da existência de posseiros, cuja

preferência será assegurada.

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§ 2º - Sobrevindo após requerimento e caução o óbito de pessoa reconhecidamente pobre

pretendente a aquisição de área não superior a vinte e cinco hectares assegurar-se-á à esposa ou

companheira e filhos, dedicados efetivamente à gleba, à concessão do domínio

independentemente da integralização do preço.

Art. 26 - O custo dos serviços topográfico será bienalmente revisto por ato executivo.

Art. 27 - Serão inscritos na dívida ativa e cobrados executivamente os débitos relativos ao preço

de terras e custo de serviços previstos nesta Lei.

Art. 28 - Deverão ser aplicadas em planos racionais de ocupação do território as terras públicas

discriminadas como desocupadas que ficarão sob controle do órgão executor da política agrária

especialmente para fins de reflorestamento, colonização particular e exploração agro-pecuária

intensiva.

Parágrafo único - Os planos racionais de ocupação do território serão elaborados pelo órgão

executor da política agrária com audiência obrigatória da Secretaria de Planejamento e do

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Art. 29 - A colonização oficial ou particular, visará a ocupação racional do território e a

expansão da fronteira agrícola, bem como a promover, através do uso adequado da terra, a

valorização do homem do campo, com preferência do elemento nacional, dado alienígena de

tratamento prescrito pela legislação federal específica.

Art. 30 - Considera-se empresa particular de colonização a pessoa física ou jurídica que tiver

como objetivo a valorização de áreas e a fixação do homem à terra, nos termos do artigo 29.

Parágrafo único - Será sempre facultada ao parceleiro, individualmente ou através de sua

cooperativa, a participação no capital da empresa de colonização.

Art. 31 - A colonização particular em terras públicas dependerá de prévia aprovação do projeto

específico, conforme previsto no artigo 15, § 1º bem como do registo no órgão executor da

política agrária, que terá poder de fiscalização.

Art. 32 - São obrigações mínimas das empresas colonizadoras:

a) abertura de estradas de penetração à área e de acesso aos lotes;

b) divisão e piqueteamento dos lotes, de modo a assegurar a todos água própria, ou comum;

c) manutenção de reserva florestal nos espigões e nascentes;

d) assistência técnica e médica aos adquirentes dos lotes e às suas famílias;

e) ensino primário;

f) fomento da produção de determinada cultura já predominante na região, ou ecologicamente

aconselhável, a critério do executor da política agrária;

g) organização de cooperativa de consumo e comercialização, de que sejam associados

obrigatórios os adquirentes de lotes.

CAPÍTULO V -

DA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO

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Art. 33 - Não será admitida, tanto na colonização oficial como na particular, a execução de

projetos em que predominem contratos de arrendamento e parceria, ou trabalho assalariado.

Art. 34 - Sob pena de responsabilidade funcional, ficam os oficiais de Registro

Imobiliário proibidos de fazer transcrição de escrituras ou formais relativos a meras transações

de posse, que poderão ser registradas nos cartórios de títulos e documentos.

Parágrafo único - Os Oficiais de Registro Imobiliário fornecerão ao órgão executor a política

agrária relação completa e circunstanciada dos títulos de terras transcritos em seus cartórios,

quando solicitados. Art. 34 e Parágrafo único revogados pelo art. 7º da Lei nº 3.442, de 12 de

dezembro de 1975 .

Art. 35 - Na comarca onde não existir representante legal do órgão executor da política agrária,

investido de legitimação postulatória, caberá ao Promotor de Justiça a representação desse

órgão, devendo ser-lhe paga pelo efetivo exercício dessa atividade, a gratificação prevista

no artigo 176 .

Parágrafo único - Serão fornecidos, prioritariamente, aos Promotores de Justiça os elementos de

informação necessários ao desempenho da representação prevista neste artigo, bem como para

sua intervenção nas ações de usucapião.

Art. 36 - O órgão executor da política agrária fornecerá, anualmente, ao Tribunal de Justiça e à

Procuradoria Geral da Justiça, em número suficiente para distribuição aos Juízes do Cível e da

Fazenda Pública, assim como aos Promotores de Justiça cartelas de atualização da

jurisprudência e legislação estadual e federal pertinentes às terras públicas.

Art. 37 - O Estado poderá celebrar convênios e acordos com a União para a aplicação da

legislação florestal e discriminação de terras públicas.

Art. 38 - É autorizada a Constituição de penhor rural sobre colheitas de searas estabelecidas em

terras públicas, subordinadas à prova de requerimento para legalização da ocupação as

operações bancárias subsequentes.

Art. 39 - Nos termos do artigo 3º , é erigida a monumento estadual a Cidade de Porto Seguro,

autorizado o Poder Executivo a adotar as providências necessárias a objetivação deste

dispositivo.

Art. 40 - No prazo de noventa dias de sua publicação, o Poder Executivo expedirá regulamento

para execução desta Lei, que entrará em vigor a 1º de janeiro de l973, ficando revogadas a Lei

nº 198 de 21 de agosto de l897, Lei nº 1.729 , de 23 de agosto de l924, o Decreto Lei nº 633, de

05 de novembro de l945 e, quaisquer outras disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 10 de outubro de l972.

ANTONIO CARLOS MAGALHÃES

Governador

Raymundo Fonseca Souza

CAPÍTULO VI -

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

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LEI Nº 3.442 DE 12 DE DEZEMBRO DE 1975

Altera dispositivos da Lei nº 3.038, de 10 de outubro de 1972 e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço saber que a

Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Ficam supressos os parágrafos 2º, do art. 15 , 3º, do art. 20 e 2º e 3º do art. 23, da Lei nº

3.038, de 10 de outubro de 1972 .

Art. 2º - O parágrafo 2º do art. 20 , o art. 22 e seu parágrafo único , e o art. 23 e seu parágrafo

1º, da referida Lei, passam a ter a seguinte redação :

"Art. 20 - ......................................................................

§ 2º - No caso de matas e pastagens, adotar-se-á para a fixação do limite de área alienável um

critério de proporcionalidade a ser estabelecido em regulamento".

"Art. 22 - O processo de compra de terras públicas e o de reconhecimento do domínio particular

serão disciplinados em regulamento, assegurado o conhecimento de terceiros, especialmente dos

confinantes, e admitida a impugnação em qualquer fase do procedimento até a expedição do

título".

Parágrafo único - A medição, para efeito de compra de terras públicas ou de reconhecimento do

domínio particular, poderá ser feita pelo órgão executor da política agrária ou por profissional

de nível técnico ou superior devidamente habilitado e inscrito no órgão competente da

Secretaria da Agricultura que examinará o curriculum vitae e condições de idoneidade técnica e

moral do candidato para os efeitos de habilitá-lo a qualquer futuras medições.

"Art. 23 - As alienações previstas no art. 15 ficarão sujeitas ao cumprimento do projeto alí

previsto .

Parágrafo único - Resolver-se-á a venda, se durante a execução do projeto, ocorrer o

descumprimento deste."

Art. 3º - Respeitado o limite estabelecido no artigo 108 de sua Constituição , o Estado

assegurará, gratuitamente, o domínio, outorgando o respectivo título de propriedade, salvo

impedimento legal à aquisição:

I - de área contínua não superior a cem hectares, ao ocupante de terras devolutas, que não seja

proprietário de outro imóvel rural e que as tenha tornado produtivas com seu trabalho e o de seu

conjunto familiar, desde que comprove posse mansa e pacífica, morada e cultura efetivas, por

mais de cinco anos, e capacidade para desenvolver a área ocupada;

II- de área contínua compreendida nas condições e limites fixados em projeto do INTERBA ou

de que este participe ao ocupante pequeno produtor, de baixa renda, ou relocado em virtude de

planos formulados ou aprovados pelo INTERBA.

Redação do art. 3º de acordo com a Lei nº 3.855, de 24 de outubro de 1980 . Redação original:

"Art. 3º - Ao possuidor de terra devoluta de área não superior à do limite fixado na Constituição

Estadual, assim considerado o ocupante que a beneficiou e continua a explorá-la, tornando-a

produtiva pelo seu trabalho, o Estado assegurará gratuitamente o domínio, outorgando o

respectivo título de propriedade, desde que o interessado prove:

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a) posse mansa, pacífica e continuada há mais de 15 (quinze) anos permitida, para esse fim, a

soma do tempo dos antecessores;

b) cultura e beneficiamento da terra;

c) inexistência de impedimento ou proibição à sua aquisição."

Art. 4º - O Estado reconhecerá, para todos os efeitos, como do domínio privado, as terras objeto

de transcrição no registro imobiliário, como particulares, provando o interessado:

a) por uma cadeia sucessória filiada, a transcrição de títulos legítimos, há mais de 15 (quinze)

anos da data desta Lei no Registro de Imóveis;

b) cultura e beneficiamento efetivos da terra;

c) medição e demarcação da área.

Art. 5º - O Poder Executivo expedirá o regulamento no prazo de sessenta (60) dias disciplinando

as condições em que se tornarão efetivas as medidas previstas nesta Lei.

Art. 6º - É dispensada a exigência de cadeia sucessória quando, feitas as demais provas do artigo

3º desta lei , a área se vincule efetivamente a projetos agro-pecuários ou agro-industriais

financiados por bancos oficiais, ou órgãos da administração pública, facultando o Estado o

direito de o possuidor oferecê-la em garantia do financiamento, mesmo antes da expedição do

título.

Art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em

contrário e, expressamente, o artigo 34 e seu parágrafo único da Lei nº 3.038, de 10 de outubro

de 1972 .

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de dezembro de 1975.

ROBERTO FIGUEIRA SANTOS

Governador

José Guilherme da Motta

Secretário da Agricultura

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LEI Nº 3.635 DE 04 DE JANEIRO DE 1978. Transforma o Instituto de Terras da Bahia

em Autarquia e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - O Instituto de Terras da Bahia, INTERBA, órgão em regime especial da administração

centralizada, fica transformado em autarquia, com personalidade jurídica de direito público,

autonomia administrativo - financeira e patrimônio próprio, vinculada à Secretária da

Agricultura.

Art. 2º - O INTERBA, com sede e foro na Cidade do Salvador e jurisdição em todo o território

do Estado da Bahia, tem por finalidade executar a política agrária estadual, competindo-lhe

executar e promover a disposição de terras públicas, compreendendo reestruturação agrária,

cadastramento rural e regularização fundiária; a fiscalização e preservação de recursos naturais,

a viabilização de Distritos Florestais e a definição de áreas de desenvolvimento agro-industrial.

Parágrafo único - É da exclusiva competência do INTERBA processar e julgar os pedidos de

regularização fundiária previstos na legislação sobre terras.

Art. 3º - O INTERBA terá a seguinte estrutura básica a ser desdobrada em regulamento:

I - Conselho Administrativo, do qual será presidente o Secretário da Agricultura;

II - Diretoria Executiva, cujo titular será nomeado, em comissão, pelo Governador do Estado.

Art. 4º - Constituem patrimônio do INTERBA:

I - as terras devolutas que lhe forem doadas pelo Estado, na forma da lei;

II - os bens que lhe venham a ser doados por qualquer pessoa de direito;

III - os bens móveis e imóveis pertencentes ao Estado, atualmente utilizados pelo INTERBA;

IV - o que vier a constituir na forma da lei.

Art. 5º - Constituem receita da Autarquia:

I - rendas patrimoniais;

II - recursos provenientes de dotações orçamentárias que lhe sejam transferidas pelo Estado;

III - quarenta por cento do valor arrecadado pelo Estado com alienações de terras devolutas de

sua propriedade;

IV - doações, contribuições, auxílios e subvenções que lhe sejam destinados;

V - produto da remuneração de serviços prestados;

VI - outras rendas, eventuais ou extraordinárias, de qualquer natureza.

Art. 6º - O pessoal do INTERBA será submetido à legislação trabalhista, assegurado aos

funcionários efetivos que nele atualmente servem o direito de opção.

Parágrafo único - Os funcionários que optarem pelo regime estatutário serão relotados em outras

repartições ou postos à disposição do INTERBA, sem prejuízo de vencimentos e vantagens.

Art. 7º - Caberá à Diretoria Executiva representar a Autarquia em juízo ou fora dele.

Parágrafo único - O exame jurídico dos processos administrativos de regularização fundiária

será procedido pela Procuradoria Jurídica do INTERBA e a representação em Juízo, quando

envolva interesses patrimoniais do Estado, far-se-á, na Comarca de Salvador, por intermédio da

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Procuradoria Geral do Estado e, por delegação desta, nas demais Comarcas, pelo representante

do Ministério Público, em ambos os casos com assistência do INTERBA.

Redação de acordo com a Lei nº 3.804, de 17 de junho de 1980.

Redação original: "Parágrafo único - A representação em juízo e o exame jurídico dos processos

administrativos de regularização fundiária serão realizados através da Procuradoria Jurídica da

Autarquia."

Art. 8º - Fica o Poder Executivo autorizado a:

I - efetuar, mediante decreto, as modificações orçamentárias decorrentes do disposto na presente

lei;

II - praticar os atos regulamentares, regimentais ou estatutários que decorram, explícita ou

implicitamente, das disposições desta lei, inclusive os que se relacionem com redistribuição de

pessoal, material e patrimônio.

Art. 9º - O INTERBA intervirá, como assistente do Estado, em todas as ações discriminatórias

de terras devolutas, de usucapião e de retificação de registros imobiliários.

Redação de acordo com a Lei nº 3.804, de 17 de junho de 1980.

Redação original: "Art. 9º - A Autarquia terá participação efetiva em todos os processos de

usucapião e retificação de registro imobiliário, bem como poderes para promover ações

discriminatórias de terras devolutas do Estado."

Art. 10 - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 04 de janeiro de 1978.

ROBERTO FIGUEIRA SANTOS

Governador

José Guilherme da Motta

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LEI Nº 3.804 DE 17 DE JUNHO DE 1980

Modifica a redação dos artigos 7º, parágrafo único , e 9º da Lei nº 3.635, de 04 de janeiro

de 1978 .

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembléia Legislativa

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Os artigos 7º, parágrafo único , e 9º da Lei nº 3.635, de 04 de janeiro de 1978 passam a

vigorar com a seguinte redação:

"Art. 7º - .....................................................................

"Parágrafo único - O exame jurídico dos processos administrativos de regularização fundiária

será procedido pela Procuradoria Jurídica do INTERBA e a representação em Juízo, quando

envolva interesses patrimoniais do Estado, far-se-á, na Comarca de Salvador, por intermédio da

Procuradoria Geral do Estado e, por delegação desta, nas demais Comarcas, pelo representante

do Ministério Público, em ambos os casos com assistência do INTERBA".

"Art. 9º - O INTERBA intervirá, como assistente do Estado, em todas as ações discriminatórias

de terras devolutas, de usucapião e de retificação de registros imobiliários".

Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 17 de junho de 1980.

ANTONIO CARLOS MAGALHÃES

Governador

Renan Rodrigues Baleeiro

Plinio Mariani Guerreiro

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LEI Nº 3.855 DE 24 DE OUTUBRO DE 1980

Altera a redação do artigo 3º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 .

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, faço saber que a

Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - O artigo 3º da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975 , fica assim redigido:

"Art. 3º - Respeitado o limite estabelecido no artigo 108 de sua Constituição , o Estado

assegurará, gratuitamente, o domínio, outorgando o respectivo título de propriedade, salvo

impedimento legal à aquisição:

I - de área contínua não superior a cem hectares, ao ocupante de terras devolutas, que não seja

proprietário de outro imóvel rural e que as tenha tornado produtivas com seu trabalho e o de seu

conjunto familiar, desde que comprove posse mansa e pacífica, morada e cultura efetivas, por

mais de cinco anos, e capacidade para desenvolver a área ocupada;

II- de área contínua compreendida nas condições e limites fixados em projeto do INTERBA ou

de que este participe ao ocupante pequeno produtor, de baixa renda, ou relocado em virtude de

planos formulados ou aprovados pelo INTERBA".

Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em

contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 24 de outubro de 1980.

ANTONIO CARLOS MAGALHÃES

Governador

Renan Rodrigues Baleeiro

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CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, 1989. CAPÍTULO III – DA POLÍTICA AGRÍCOLA,

FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA.

Art. 171 - São princípios e objetivos fundamentais da política agrícola e fundiária:

I - a dignidade da pessoa humana;

II - a valorização e proteção do trabalho, manifestadas pelo cultivo e pela exploração econômica e racional da terra, reconhecendo-se ao trabalhador e à sua família os frutos de seu trabalho;

III - a garantia do acesso à propriedade da terra a trabalhadores que dela dependem para a sua

existência ou subsistência e de suas famílias, como exigência da realização da ordem social;

IV - a modernização da estrutura fundiária, em busca da solução pacífica dos conflitos, do

equilíbrio econômico-social e da estabilidade do regime democrático, com a erradicação das

desigualdades;

V - a função social da propriedade.

Art. 172 - É dever do Estado e dos Municípios colaborar na execução da reforma agrária,

visando à realização do desenvolvimento econômico e à promoção da justiça social.

Art. 173 - A ação do Estado será desenvolvida em harmonia com a conservação da natureza, em

defesa do solo, do clima, da vegetação e dos recursos hídricos.

Art. 174 - Decreto fixará para as diversas regiões do Estado, até o limite de quinhentos hectares,

a área máxima de terras devolutas que os particulares podem ocupar, visando torná-las

produtivas, sem pedir permissão ou autorização do Estado.

§ 1º - É ocupante de terra devoluta aquele que a explora efetivamente, obedecidas as disposições

legais.

§ 2º - Ao ocupante cabe a preferência na aquisição das terras que ocupa; se o Estado não

respeitar o seu direito de preferência por motivo de interesse público ou social, indenizará as

benfeitorias e acessões feitas.

Art. 175 - Quem se instalou ou venha a se instalar em área superior à estabelecida na forma do

Art. 174 é mero detentor da área excedente.

Parágrafo único - O Estado poderá conceder aos detentores permissão em caráter precário para a utilização da área, desde que efetivamente explorada.

Art. 176 - Ao ocupante é autorizado realizar as operações de garantia de crédito agrícola.

Art. 177 - As glebas devolutas acima dos limites estabelecidos na forma do Art. 174, respeitado

o disposto na Constituição Federal quanto à aquisição de terras acima de dois mil e quinhentos

hectares, só poderão ser adquiridas mediante prévia aprovação, pelo órgão competente, de

projeto de exploração das referidas áreas.

§ 1º - Nessas alienações, o título de domínio concedido pelo Estado conterá cláusula contratual

resolutiva pelo não-cumprimento do projeto aprovado.

§ 2º - A condição contratual resolutiva estabelecerá o prazo dentro do qual o projeto deva ser

executado; se, dentro de tal prazo, ocorrer a inexecução total ou parcial, reverterá ao Estado a

terra não explorada, sem devolução do preço conforme cláusula contratual.

Art. 178 - Sempre que o Estado considerar conveniente, poderá utilizar-se do direito real de

concessão de uso, dispondo sobre a destinação da gleba, o prazo de concessão e outras

condições.

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Parágrafo único - No caso de uso e cultivo da terra sob forma comunitária, o Estado, se

considerar conveniente, poderá conceder o direito real da concessão de uso, gravado de cláusula

de inalienabilidade, à associação legitimamente constituída e integrada por todos os seus reais

ocupantes, especialmente nas áreas denominadas de Fundos de Pastos ou Fechos e nas ilhas de

propriedade do Estado, vedada a este transferência do domínio.

Art. 179 - As terras públicas e devolutas destinadas à irrigação serão sempre objeto de concessão de direito real de uso.

Art. 180 - Os órgãos de classe dos produtores e dos trabalhadores rurais serão cientificados de quaisquer requerimentos relativos a doação, venda ou concessão de terras do Estado.

Art. 181 - A lei disporá no sentido de preservar, nas alienações de áreas superior a três módulos

rurais, de três a dez por cento do imóvel para cultura de subsistência dos trabalhadores nele

residentes.

Art. 182 - O Estado protegerá o pequeno e o médio produtor, com o objetivo de aumentar a

produção e a produtividade, bem como apoiará e estimulará as formas associativas de

organização e o cooperativismo no meio rural.

Art. 183 - No planejamento de suas ações de política agrícola, fundiária e de reforma agrária, o

Estado garantirá a participação dos produtores e trabalhadores rurais.

Parágrafo único - O orçamento do Estado fixará anualmente o montante de recursos para

atender, no exercício, aos programas de política agrícola, fundiária e de reforma agrária.

Art. 184 - O Estado, em prazo determinado, promoverá a regularização fundiária e concederá o

direito real de uso, em áreas devolutas de até cem hectares, aos produtores que as tenham

tornado produtivas, residam e cultivem sob regime familiar.

Art. 185 - Na distribuição de terras devolutas a ser estabelecida, serão excluídas as áreas até

cinqüenta hectares, que já estejam ocupadas ou utilizadas, individualmente, por pequenos

produtores rurais ou aquelas utilizadas coletivamente por estes.

Art. 186 - Caberá ao Estado, de forma integrada com o Plano Nacional de Reforma Agrária e

em benefício dos projetos de assentamento, elaborar um plano estadual específico,

regulamentado em lei, fixando as prioridades regionais e ações a serem desenvolvidas, visando:

I - estabelecer e executar programas especiais de créditos, assistência técnica e extensão rural;

II - executar obras de infra-estrutura física e social;

III - estabelecer programa de fornecimento de insumos básicos de serviços de mecanização

agrícola;

IV - criar mecanismos de apoio à comercialização da produção;

V - estabelecer programas de pesquisas que subsidiem o diagnóstico e acompanhamento sócio-

econômico dos assentamentos, bem como seus levantamentos físicos.

Parágrafo único - As ações de apoio econômico e social dos organismos estaduais voltar-se-ão,

preferencialmente, para os benefícios dos projetos de assentamentos.

Art. 187 - O Estado, através de organismo competente, desenvolverá ação discriminatória

visando a identificação e a arrecadação das terras públicas como elemento indispensável à

regularização fundiária, que se destinarão, preferencialmente, ao assentamento de trabalhadores

rurais sem terra ou reservas ecológicas.

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Art. 188 - Fica criado o Cadastro Estadual de Propriedade, Terras Públicas e Devolutas, que

deverá unificar as informações já existentes nos diversos órgãos estaduais, estabelecida a

obrigatoriedade do registro no cadastro.

Art. 189 - Em todos os projetos de construção de obras públicas que importem desalojamento de

pequenos agricultores será incluída, obrigatoriamente, a prévia desapropriação de terras para

reassentamento dos atingidos, cabendo somente a estes a opção por reassentamento ou

indenização em dinheiro.

Art. 190 - Revogado

Art. 191 - A política agrícola será formulada, observada as peculiaridades locais, visando a

desenvolver e consolidar a diversificação e especialização regionais, voltada prioritariamente

para os pequenos produtores e para o abastecimento alimentar, assegurando-se:

I - a criação e manutenção de núcleos de demonstração e experimentação de tecnologia

apropriada à pequena produção;

II - a manutenção, pelo Poder Público, da pesquisa agropecuária voltada para o

desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições microrregionais e à pequena produção,

contemplando, inclusive, a identificação e difusão de alternativa ao uso de agrotóxicos;

III - a criação, pelo Poder Público, de programas de controle de erosão, manutenção da

fertilidade e da recuperação de solos degradados;

IV - a oferta, pelo Poder Público, de assistência técnica e extensão rural gratuita, com

exclusividade de atendimento a pequenos produtores rurais e suas diversas formas associativas,

bem como aos beneficiários de projetos de reforma agrária;

V - o seguro agrícola;

VI - a eletrificação e telefonia rurais;

VII - a ação sistemática e permanente de convivência com a seca;

VIII - a estruturação do setor público, sistematizando as ações do Estado, para que os diversos

segmentos intervenientes na agricultura possam planejar suas ações e investimentos com

perspectiva de médio e longo prazos.

Art. 192 - O setor público agrícola será estruturado com base nas seguintes funções específicas:

I - planejamento agrícola;

II - geração e difusão de tecnologia agropecuária;

III - defesa sanitária animal e vegetal;

IV - informação rural;

V - comercialização, abastecimento e armazenamento;

VI - cooperativismo e associativismo;

VII - crédito rural;

VIII - seguro agrícola;

IX - formação profissional e educação rural;

X - irrigação e drenagem;

XI - habitação e eletrificação rural;

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XII - agroindústria;

XIII - assistência técnica e extensão rural.

Art. 193 - A política de irrigação e drenagem será executada em todo o território estadual, com

prioridade para as regiões semi-áridas, áreas de reforma agrária ou colonização e projetos de

irrigação pública, compatibilizada com os planos de agricultura, abastecimento e meio

ambiente.

Art. 194 - O Estado garantirá ao pequeno produtor participação majoritária na elaboração e

gestão de programas e serviços de assistência técnica, armazenamento, irrigação, eletrificação

rural, produção e distribuição de insumos, sementes e habitações rurais a ele referentes.

Art. 195 - Os créditos oferecidos aos pequenos produtores rurais pelos programas e órgãos sob

controle do Estado terão taxa de juros diferenciada em relação à aplicada a grandes e médios

produtores, podendo ser ressarcidos com entrega de parte pré-fixada da produção.

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LEI Nº 12.212 DE 04 DE MAIO DE 2011. Modifica a estrutura organizacional e de cargos

em comissão da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, e dá outras

providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembleia Legislativa

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - A estrutura da Administração Pública do Poder Executivo Estadual fica modificada, na

forma da presente Lei.

Art. 2º - Fica criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM, com a finalidade de

planejar, coordenar e articular a execução de políticas públicas para as mulheres, tendo a

seguinte estrutura organizacional básica:

I - Órgão Colegiado:

a) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM;

II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete da Secretária;

b) Diretoria de Administração e Finanças;

c) Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas;

d) Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as Mulheres.

Art. 3º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM, órgão consultivo,

tem por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas às políticas e medidas que visem

eliminar a discriminação e garantir condições de liberdade e equidade de direitos para a mulher,

assegurando sua plena participação nas atividades políticas, sociais, econômicas e culturais do

Estado.

Parágrafo único - As normas de funcionamento do CDDM serão estabelecidas em Regimento

próprio.

Art. 4º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM tem a seguinte

composição:

I - a Secretária de Políticas para as Mulheres, que o presidirá;

II - 06 (seis) servidoras estaduais, representantes das Secretarias de Promoção da Igualdade

Racial, da Educação, da Saúde, da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, do Trabalho,

Emprego, Renda e Esporte e da Segurança Pública;

III - 12 (doze) representantes da sociedade civil, sendo:

a) 05 (cinco) membros de organizações de mulheres, legalmente constituídas;

b) 02 (duas) de notória atuação na luta pela defesa dos direitos da mulher;

c) 01 (uma) da comunidade acadêmica vinculada ao estudo da condição feminina;

d) 01 (uma) das trabalhadoras rurais;

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e) 01 (uma) das trabalhadoras urbanas;

f) 01 (uma) das mulheres negras;

g) 01 (uma) indígena.

§ 1º - As titulares do Conselho e suas suplentes serão nomeadas pelo Governador do Estado,

sendo que as referidas nos incisos II e III, deste artigo, serão indicadas pelos respectivos órgãos

e entidades.

§ 2º - O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher manterá a atual composição até a

definitiva indicação e nomeação dos representantes dos órgãos e entidades que o compõem,

conforme estabelecido nos incisos II e III deste artigo.

Art. 5º - O Gabinete da Secretária tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em

suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 6º - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e

coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,

estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,

recursos humanos, modernização administrativa e informática.

Art. 7º - A Coordenação de Articulação Institucional e Ações Temáticas tem por finalidade

integrar as políticas para as mulheres nas áreas de educação, saúde, trabalho e participação

política, visando o combate à violência contra a mulher e a redução das desigualdades de gênero

e a eliminação de todas as formas de discriminação identificadas.

Art. 8º - A Coordenação de Planejamento e Gestão de Políticas para as Mulheres tem por

finalidade apoiar a formulação e a implementação de políticas públicas de gênero, de forma

transversal.

Art. 9º - Fica alterada a denominação da Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI para

Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SEPROMI, que passa a ter por finalidade planejar

e executar políticas de promoção da igualdade racial e de proteção dos direitos de indivíduos e

grupos étnicos atingidos pela discriminação e demais formas de intolerância.

Art. 10 - Ficam excluídas da finalidade e competências da SEPROMI as atividades pertinentes

ao planejamento e execução das políticas públicas de caráter transversal para as mulheres.

Parágrafo único - Fica transferido da SEPROMI para a Secretaria de Políticas para as Mulheres

- SPM o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher - CDDM.

Art. 11 - A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial passa a ter a seguinte estrutura

organizacional básica:

I - Órgão Colegiado:

a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra - CDCN;

II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete do Secretário;

b) Diretoria de Administração e Finanças;

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c) Coordenação de Promoção da Igualdade Racial;

d) Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais.

Art. 12 - O Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra - CDCN, órgão colegiado,

tem por finalidade estudar, propor e acompanhar medidas de relacionamento dos órgãos

governamentais com a comunidade negra, visando resgatar o direito à sua plena cidadania e

participação na sociedade.

Art. 13 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em

suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 14 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e

coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,

estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,

recursos humanos, modernização administrativa e informática.

Art. 15 - A Coordenação de Promoção da Igualdade Racial tem por finalidade orientar, apoiar,

coordenar, acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltadas à implementação

de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e

grupos raciais e étnicos, afetados por discriminação racial e demais formas de intolerância.

Art. 16 - A Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais tem por finalidade

formular políticas de promoção da defesa dos direitos e interesses das comunidades tradicionais,

inclusive quilombolas, no Estado da Bahia, reduzindo as desigualdades e eliminando todas as

formas de discriminação identificadas.

Art. 17 - A estrutura de cargos em comissão da SEPROMI fica alterada, na forma a seguir

indicada:

I - ficam extintos 02 (dois) cargos de Superintendente, símbolo DAS-2A;

II - ficam criados 02 (dois) cargos de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B;

III - ficam remanejados, da extinta Superintendência de Políticas para as Mulheres para a

Coordenação de Políticas para as Comunidades Tradicionais, ora criada, 01 (um) cargo de

Coordenador I, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3, 01 (um)

cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I,

símbolo DAI-5.

Art. 18 - Fica criado, na estrutura de cargos em comissão da SEPROMI, alocado na Diretoria de

Administração e Finanças, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3.

Art. 19 - Fica criada a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, com

a finalidade de formular políticas de ações penais e de ressocialização de sentenciados, bem

como de planejar, coordenar e executar, em harmonia com o Poder Judiciário, os serviços

penais do Estado, tendo a seguinte estrutura organizacional básica:

I - Órgãos Colegiados:

a) Conselho Penitenciário - CP;

b) Conselho de Operações do Sistema Prisional;

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II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete do Secretário;

b) Ouvidoria;

c) Corregedoria do Sistema Penitenciário;

d) Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional;

e) Diretoria Geral;

f) Superintendência de Ressocialização Sustentável;

g) Superintendência de Gestão Prisional:

1. Sistema Prisional;

h) Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA:

1. Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas.

Art. 20 - O Conselho Penitenciário - CP, órgão consultivo e fiscalizador da execução penal, tem

por finalidade estabelecer diretrizes e normas relativas à política criminal e penitenciária no

Estado.

Parágrafo único - As normas de funcionamento do CP serão estabelecidas em Regimento

próprio.

Art. 21 - O Conselho Penitenciário - CP tem a seguinte composição:

I - o Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização;

II - 01 (um) representante da Defensoria Pública da União;

III - 01 (um) representante da Defensoria Pública do Estado da Bahia;

IV - 01 (um) representante do Ministério Público Federal;

V - 01 (um) representante do Ministério Público do Estado da Bahia;

VI - 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Secção Bahia, indicado

pelo seu Conselho Estadual;

VII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente especializados em Direito Penal,

Processual Penal ou Penitenciário;

VIII - 02 (dois) professores ou profissionais notoriamente especializados em Medicina Legal ou

Psiquiatria;

IX - 02 (dois) representantes da comunidade, de livre escolha do Governador.

§ 1º - O Presidente do Conselho será um de seus membros, nomeado pelo Governador do

Estado, mediante indicação do Colegiado, em lista tríplice, através de votação secreta.

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§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nomeados pelo Governador do Estado,

sendo que os referidos nos incisos II a VI deste artigo, serão indicados pelos respectivos órgãos

e entidades.

§ 3º - Os membros indicados nos incisos VII, VIII e IX deste artigo, serão escolhidos pelo

Governador do Estado.

Art. 22 - O Conselho de Operações do Sistema Prisional, órgão de integração e avaliação das

ações operacionais, é composto pelo Secretário de Administração Penitenciária e

Ressocialização, que o presidirá e pelos Dirigentes da Superintendência de Gestão Prisional, da

Corregedoria do Sistema Penitenciário e da Coordenação de Monitoramento e Avaliação do

Sistema Prisional, bem como das Unidades Prisionais.

Art. 23 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em

suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 24 - A Ouvidoria tem por finalidade receber e examinar denúncias, reclamações e sugestões

dos cidadãos, relacionadas à atuação da Secretaria.

Art. 25 - A Corregedoria do Sistema Penitenciário tem por finalidade acompanhar, controlar e

avaliar a regularidade da atuação funcional e da conduta dos servidores da Secretaria de

Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, em estreita articulação com o Sistema

de Correição Estadual.

Art. 26 - A Coordenação de Monitoramento e Avaliação do Sistema Prisional tem por finalidade

coordenar e acompanhar o fluxo de dados e informações, visando ao aprimoramento das

práticas das Unidades Prisionais.

Art. 27 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais e seccionais,

dos sistemas formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de

programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,

patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática, e

administração financeira e de contabilidade.

Art. 28 - A Superintendência de Ressocialização Sustentável tem por finalidade implantar

atividades que possibilitem a ressocialização e reabilitação do indivíduo sob custódia, através do

desenvolvimento de programas de educação, cultura e trabalho produtivo.

Art. 29 - A Superintendência de Gestão Prisional tem por finalidade administrar e supervisionar

o cumprimento das atividades alusivas à execução penal, em conformidade com ações de

humanização, bem como administrar e supervisionar o Sistema Prisional.

Parágrafo único - O Sistema Prisional é composto pelos Presídios, Penitenciárias, Colônias

Penais, Conjuntos Penais, Cadeias Públicas, Hospital de Custódia e Tratamento, Casa do

Albergado e Egressos, Centro de Observação Penal, Central Médica Penitenciária e Unidade

Especial Disciplinar.

Art. 30 - A Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia -

CEAPA tem por finalidade acompanhar a execução de medidas e penas alternativas aplicadas

pelos órgãos do Poder Judiciário do Estado da Bahia.

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Parágrafo único - Os Núcleos de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas de

que trata o art. 1º da Lei nº 11.042, de 09 de maio de 2008, ficam vinculados à Central de Apoio

e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas da Bahia - CEAPA.

Art. 31 - Ficam excluídas da finalidade e competências da Secretaria da Justiça, Cidadania e

Direitos Humanos - SJCDH, as atividades pertinentes à execução da política e da administração

do Sistema Penitenciário do Estado.

Art. 32 - Fica extinta, na SJCDH, a Superintendência de Assuntos Penais - SAP, ficando os seus

bens patrimoniais e acervo transferidos para a Secretaria de Administração Penitenciária e

Ressocialização - SEAP.

Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, fica extinto o Quadro de

Cargos em Comissão da Superintendência de Assuntos Penais - SAP, da Secretaria da Justiça,

Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH.

Art. 33 - Fica transferida da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH para

a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, a vinculação do

Conselho Penitenciário - CP, ficando extintos, da estrutura de cargos em comissão da SJCDH,

01 (um) cargo de Presidente de Conselho, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador II,

símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5.

Art. 34 - Ficam criadas, na estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria da

Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, as seguintes Unidades, na forma a seguir

indicada:

I - a Superintendência dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com a finalidade de planejar,

coordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das políticas públicas estaduais

voltadas para a promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência;

II - a Superintendência de Prevenção e Acolhimento aos Usuários de Drogas e Apoio Familiar,

com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar, avaliar e fiscalizar a execução das

políticas públicas preventivas às drogas e de atendimento aos dependentes e suas famílias,

promovendo a reinserção social de usuários de drogas.

§ 1º - Para atender ao disposto no inciso I deste artigo, ficam criados 01 (um) cargo de

Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um)

cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo,

símbolo DAI-4 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.

§ 2º - Para atender ao disposto no inciso II deste artigo, ficam criados 01 (um) cargo de

Superintendente, símbolo DAS-2A, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um)

cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I,

símbolo DAI-5.

§ 3º - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria da Justiça,

Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da

Pessoa com Deficiência, bem como 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-

2B.

Art. 35 - Fica extinta, da estrutura organizacional e de cargos em comissão da SJCDH, a

Corregedoria, bem como 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos

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de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo

DAI-5.

Art. 36 - Ficam extintos, da estrutura de cargos em comissão da SJCDH, 01 (um) cargo de

Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e

01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, alocados na Diretoria Geral.

Art. 37 - Fica alterada a denominação do Centro de Educação em Direitos Humanos e Assuntos

Penais - CEDHAP, criado pela Lei nº 10.955 , de 21 de dezembro de 2007, para Centro de

Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de executar programas, projetos e atividades

de formação e educação em Direitos Humanos.

Art. 38 - Fica criada a Secretaria de Comunicação Social - SECOM, com a finalidade de propor,

coordenar e executar a política de comunicação social do Governo, bem como de promover a

radiodifusão pública, tendo a seguinte estrutura organizacional básica:

I - Órgão Colegiado:

a) Conselho Estadual de Comunicação Social;

II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete do Secretário;

b) Assessoria de Imprensa do Governador;

c) Diretoria Geral;

d) Coordenação de Comunicação Integrada;

e) Coordenação de Jornalismo;

III - Entidade de Administração Indireta:

a) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB.

Art. 39 - O Conselho Estadual de Comunicação Social, órgão consultivo e deliberativo, tem por

finalidade formular a Política de Comunicação Social do Estado, observada a competência que

lhe confere o art. 277 da Constituição do Estado da Bahia e o disposto na Constituição Federal.

Parágrafo único - O Regimento do Conselho, por ele aprovado e homologado por ato do

Governador do Estado, fixará suas normas de funcionamento.

Art. 40 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem as seguintes competências, dentre

outras conferidas em Lei:

I - formular e acompanhar a execução da Política de Comunicação Social do Estado e

desenvolver canais institucionais e democráticos de comunicação permanente com a sociedade

baiana;

II - formular propostas que contemplem o cumprimento do disposto nos capítulos referentes à

comunicação social das Constituições Federal e Estadual;

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III - propor medidas que visem o aperfeiçoamento de uma política estadual de comunicação

social, com base nos princípios democráticos e na comunicação como direito fundamental,

estimulando o acesso, a produção e a difusão da informação de interesse coletivo;

IV - participar da elaboração do Plano Estadual de Políticas Públicas de Comunicação Social,

bem como acompanhar a sua execução;

V - orientar e acompanhar as atividades dos órgãos públicos de radiodifusão sonora e

radiodifusão de sons e imagem do Estado;

VI - atuar na defesa dos direitos difusos e coletivos da sociedade baiana no que tange a

comunicação social;

VII - receber e reencaminhar denúncias sobre abusos e violações de direitos humanos nos

veículos de comunicação no Estado da Bahia, aos órgãos competentes, para adoção de

providências nos seus respectivos âmbitos de atuação;

VIII - fomentar a produção e difusão de conteúdos de iniciativa estadual, observadas as

diversidades artísticas, culturais, regionais e sociais da Bahia;

IX - estimular o fortalecimento da rede pública de comunicação, de modo que ela tenha uma

participação ativa na execução das políticas de comunicação do Estado da Bahia;

X - articular ações para que a distribuição das verbas publicitárias do Estado seja baseada em

critérios técnicos de audiência e que garantam a diversidade e pluralidade;

XI - estimular a implementação e promover o fortalecimento dos veículos de comunicação

comunitária, para facilitar o acesso à produção e à comunicação social em todo o território

estadual;

XII - estimular a adoção dos recursos tecnológicos proporcionados pela digitalização da

radiodifusão privada, pública e comunitária, no incentivo à regionalização da produção cultural,

artística e jornalística, e democratização dos meios de comunicação;

XIII - recomendar a convocação e participar da execução da Conferência Estadual de

Comunicação e suas etapas preparatórias;

XIV - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, para posterior homologação por ato do Chefe

do Poder Executivo;

XV - convocar audiências e consultas públicas sobre comunicação e políticas públicas do setor;

XVI - acompanhar a criação e o funcionamento de conselhos municipais de comunicação;

XVII - fomentar a inclusão digital e o acesso às redes digitais em todo o território baiano, como

forma de democratizar a comunicação;

XVIII - fomentar a adoção de programas de capacitação e formação, assegurando a apropriação

social de novas tecnologias da comunicação.

Art. 41 - O Conselho Estadual de Comunicação Social tem a seguinte composição:

I - o Secretário de Comunicação Social, que o presidirá;

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II - 06 (seis) representantes do Poder Público Estadual, indicados pelo Titular da respectiva

Pasta, sendo:

a) 01 (um) representante da Secretaria de Comunicação Social - SECOM;

b) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura - SECULT;

c) 01 (um) representante da Secretaria da Educação - SEC;

d) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI;

e) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH;

f) 01 (um) representante do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia - IRDEB;

III - 20 (vinte) representantes da sociedade civil, sendo:

a) 01 (um) representante da entidade profissional de classe;

b) 01 (um) representante das universidades públicas, com atuação no Estado da Bahia;

c) 01 (um) representante do segmento de televisão aberta e por assinatura comercial;

d) 01 (um) representante do segmento de rádio comercial;

e) 01 (um) representante das empresas de jornais e revistas;

f) 01 (um) representante das agências de publicidade;

g) 01 (um) representante das empresas de telecomunicações;

h) 01 (um) representante das empresas de mídia exterior;

i) 01 (um) representante das produtoras de audiovisual ou serviços de comunicação;

j) 01 (um) representante do movimento de radiodifusão comunitária;

k) 01 (um) representante das entidades de classe dos trabalhadores do segmento de comunicação

social;

l) 01 (um) representante dos veículos comunitários ou alternativos;

m) 03 (três) representantes das Organizações Não-Governamentais - ONGS ou entidades sociais

vinculadas à comunicação;

n) 01 (um) representante dos movimentos sociais de comunicação;

o) 03 (três) representantes de entidades de movimentos sociais organizados;

p) 01 (um) representante de entidades de jornalismo digital.

§ 1º - A SECOM convocará, por meio de edital, publicado no Diário Oficial do Estado, reunião

para eleição dos representantes, citados no inciso III deste artigo, cabendo-lhe, ao final,

encaminhar o resultado das indicações para deliberação do Governador do Estado.

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§ 2º - Os membros do Conselho e seus suplentes serão nomeados pelo Governador do Estado e

tomarão posse na 1ª (primeira) reunião do Colegiado, e serão substituídos, em suas ausências e

impedimentos, pelos respectivos suplentes, previamente indicados.

§ 3º - O mandato dos Conselheiros e de seus respectivos suplentes será de 02 (dois) anos,

permitida uma recondução por igual período.

Art. 42 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em

suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 43 - A Assessoria de Imprensa do Governador tem por finalidade divulgar os atos e

expressar a opinião do Governador do Estado em comunicações à sociedade e à imprensa, em

articulação com as demais Unidades da Secretaria.

Art. 44 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais, dos sistemas

formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de programação,

orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material, patrimônio, serviços,

recursos humanos, modernização administrativa e informática, e administração financeira e de

contabilidade.

Art. 45 - A Coordenação de Comunicação Integrada tem por finalidade coordenar e acompanhar

o desenvolvimento de campanhas publicitárias institucionais do Governo, bem como avaliar a

sua publicidade.

Art. 46 - A Coordenação de Jornalismo tem por finalidade divulgar os atos do Governo para a

sociedade e a imprensa, bem como articular-se com os órgãos e entidades governamentais, para

fins de comunicação social.

Art. 47 - As Secretarias de Estado e demais órgãos e entidades da Administração Pública

Estadual prestarão o apoio e os recursos técnicos, quando solicitados pelo Secretário de

Comunicação Social, necessários à implementação do Plano Estadual de Comunicação Social, a

ser estabelecido pelo Conselho Estadual de Comunicação Social.

Art. 48 - Fica transferida a vinculação estrutural do Instituto de Radiodifusão Educativa da

Bahia - IRDEB, da Secretaria de Cultura - SECULT para a Secretaria de Comunicação Social -

SECOM, mantendo a mesma natureza jurídica.

Parágrafo único - Ficam excluídas da finalidade e competências da SECULT as

atividades/funções de radiodifusão cultural e educativa.

Art. 49 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto de Radiodifusão Educativa da

Bahia - IRDEB, as seguintes Unidades:

I - Diretoria de Programação e Conteúdos, com a finalidade de planejar, coordenar, acompanhar

e avaliar a programação da Rádio Educadora, TV Educativa, do Portal e da produção

jornalística do IRDEB, bem como promover e apoiar as ações relacionadas à produção e

conteúdo radiofônico e audiovisual para compor a programação do Instituto;

II - Coordenação de Planejamento e Relacionamento Institucional, com a finalidade de

coordenar, promover, desenvolver, acompanhar e avaliar as ações do IRDEB, visando

incentivar e aprimorar a interlocução e a interatividade com a sociedade.

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Art. 50 - A Diretoria de Operações passa a ter por finalidade promover, coordenar e

supervisionar a execução das atividades de radiodifusão, TV e engenharia de operação do

Instituto.

Art. 51 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão

Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de

Chefe de Gabinete, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-2C, e

01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3.

Art. 52 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão

Educativa da Bahia - IRDEB, 01 (um) cargo de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 05 (cinco)

cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 05 (cinco) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, e 04

(quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.

Art. 53 - O Quadro de Cargos em comissão do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia -

IRDEB passa a ser o constante do Anexo I desta Lei.

Art. 54 - Fica extinta, da estrutura organizacional da Casa Civil, a Assessoria Geral de

Comunicação Social - AGECOM.

Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, ficam extintos, do quadro de

cargos em comissão da Casa Civil, 01 (um) cargo de Assessor Geral, símbolo DAS-1, 01 (um)

cargo de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador I, símbolo DAS-

2C, 01 (um) cargo de Gerente, símbolo DAS-3, 15 (quinze) cargos de Assessor de Comunicação

Social I, símbolo DAS-3, 08 (oito) cargos de Assessor de Comunicação Social II, símbolo DAI-

4, 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente

Orçamentário, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social III, símbolo

DAI-5, 13 (treze) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5, 04 (quatro) cargos de Coordenador

IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5,

04 (quatro) cargos de Assistente V, símbolo DAI-6 e 05 (cinco) cargos de Secretário

Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 55 - Ficam excluídas da finalidade da Casa Civil as atividades de comunicação social.

Art. 56 - A estrutura organizacional da Casa Civil fica alterada, na forma a seguir indicada:

I - fica extinta a Coordenação de Acompanhamento de Políticas Governamentais;

II - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas de Infraestrutura, com a

finalidade de fornecer subsídios ao Governador, na análise das políticas relativas à

infraestrutura, promovendo a sua coordenação e integração, em articulação com os órgãos e

entidades executoras;

III - fica criada a Coordenação de Acompanhamento de Políticas Sociais, com a finalidade de

fornecer subsídios ao Governador, na análise das políticas sociais, promovendo a sua

coordenação e integração, em articulação com os órgãos e entidades executoras.

Art. 57 - A estrutura de cargos em comissão da Casa Civil fica alterada, na forma a seguir

indicada:

I - ficam criados 02 (dois) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de

Coordenador I, símbolo DAS-2C e 03 (três) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3;

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II - fica extinto 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, alocado no Gabinete do

Secretário.

Art. 58 - Ficam extintos, do Quadro Especial de Cargos em Comissão da Casa Civil, 02 (dois)

cargos de Assistente I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4 e 04

(quatro) cargos de Assistente IV, símbolo DAI-5.

Parágrafo único - O Quadro Especial de Cargos em Comissão da Casa Civil é o constante do

Anexo II, que integra esta Lei.

Art. 59 - Fica criada a Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil

2014 - SECOPA, com a finalidade de coordenar, articular, promover, acompanhar e integrar as

ações e projetos prioritários da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

Parágrafo único - Para cumprimento de sua finalidade, a SECOPA atuará diretamente e em

apoio a programas, projetos e ações executados por outros órgãos ou entidades da

Administração Pública de quaisquer esferas governamentais.

Art. 60 - A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 -

SECOPA tem a seguinte estrutura organizacional básica:

I - Órgão Colegiado:

a) Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014;

II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete do Secretário;

b) Diretoria de Administração e Finanças;

c) Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa;

d) Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa.

Art. 61 - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, presidido pelo Secretário da

SECOPA, tem por finalidade monitorar as ações necessárias ao cumprimento do calendário

definido pela Federation Internationale de Football Association - FIFA e pelo Comitê

Organizador Local - COL para a realização da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 na Cidade

de Salvador.

Parágrafo único - O Comitê Gestor da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 tem sua

composição e funcionamento estabelecidos em Regimento próprio.

Art. 62 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta, em

suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 63 - A Diretoria de Administração e Finanças tem por finalidade o planejamento e

coordenação das atividades de programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação,

estudos e análises, administração financeira e de contabilidade, material, patrimônio, serviços,

recursos humanos, modernização administrativa e informática.

Art. 64 - A Coordenação de Projetos para Assuntos da Copa tem por finalidade acompanhar e

monitorar a implementação dos projetos e ações relacionadas ao evento esportivo, bem como a

coordenação dos Grupos Executivos de Trabalho da Copa 2014.

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Art. 65 - A Coordenação de Marketing para Assuntos da Copa tem por finalidade planejar e

viabilizar a estratégia de marketing relacionada aos projetos e ações da Copa e ao fomento das

relações públicas da Secretaria.

Art. 66 - A SECOPA funcionará, a partir da data de publicação desta Lei, até 31 de dezembro de

2014, ficando extinta em 01 de janeiro de 2015.

Art. 67 - Para atender à implantação da Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM, da

Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização - SEAP, da Secretaria de

Comunicação Social - SECOM e da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da

FIFA Brasil 2014 - SECOPA, ficam criados 04 (quatro) cargos de Secretário de Estado, sendo

que os Quadros de Cargos em Comissão das Secretarias de Estado, ora criadas, são os

constantes dos Anexos III, IV, V e VI, respectivamente, que integram esta Lei.

Art. 68 - Com a extinção da SECOPA, conforme data prevista no art. 66 desta Lei, serão

extintos os cargos em comissão constantes do Anexo VI desta Lei, bem como transferidos para

os órgãos da Administração Pública do Poder Executivo Estadual os bens adquiridos para o

desenvolvimento das ações e projetos a critério do Poder Executivo Estadual.

Art. 69 - A Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração - SICM passa a ter por finalidade

formular e executar a política de desenvolvimento e apoio à indústria, ao comércio, aos serviços

e à mineração do Estado.

Art. 70 - O Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI passa a denominar-se Conselho de

Desenvolvimento da Indústria e do Comércio - CDIC, órgão de natureza consultiva, com a

finalidade de opinar sobre a formulação da política de desenvolvimento industrial e comercial

do Estado.

Art. 71 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria da Indústria, Comércio e

Mineração, a Superintendência de Desenvolvimento Econômico, com a finalidade de viabilizar

a implementação das políticas de desenvolvimento produtivo, competitividade e comércio

exterior, acompanhando e avaliando os seus projetos estratégicos, relacionados às atividades

finalísticas da Secretaria.

Art. 72 - A Superintendência de Comércio e Serviços passa a ter por finalidade propor políticas

relativas ao desenvolvimento comercial e de serviços, e das micro, pequenas e médias empresas,

bem como planejar e elaborar estudos e projetos.

Art. 73 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração

fica alterada, na forma a seguir indicada:

I - ficam criados 01 (um) cargo de Superintendente, símbolo DAS-2A, 06 (seis) cargos de

Diretor, símbolo DAS-2B, 03 (três) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um)

cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 06 (seis) cargos de Assessor Administrativo,

símbolo DAI-4;

II - ficam extintos 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de

Coordenador III, símbolo DAI-4, 04 (quatro) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01

(um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5 e 06 (seis) cargos de Secretário

Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 74 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração é

o constante do Anexo VII, que integra esta Lei.

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Art. 75 - Fica criada, na estrutura organizacional da Secretaria de Relações Institucionais -

SERIN, a Coordenação de Políticas de Juventude, com a finalidade de coordenar, articular e

integrar os programas e ações do Governo do Estado, voltados à população jovem.

Parágrafo único - Para atender ao disposto no caput deste artigo, ficam criados, na estrutura de

cargos em comissão da SERIN, 01 (um) cargo de Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 01

(um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo

DAS-3 e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5.

Art. 76 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da SERIN, 02 (dois) cargos de

Coordenador I, símbolo DAS-2C, alocados na Coordenação de Assuntos Federativos e na

Coordenação de Articulação Social, respectivamente.

Art. 77 - A estrutura de cargos em comissão do Gabinete do Governador do Estado fica alterada,

na forma a seguir indicada:

I - ficam criados 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de

Coordenador de Escritório, símbolo DAS-2A, 01 (um) cargo de Chefe de Cerimonial, símbolo

DAS-2A, 07 (sete) cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2B, 01 (um) cargo de

Coordenador Executivo, símbolo DAS-2B, 04 (quatro) cargos de Assessor Especial, símbolo

DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-2C, 13 (treze) cargos de Coordenador

Técnico, símbolo DAS-2D, 03 (três) cargos de Assessor Técnico, símbolo DAS-3, 02 (dois)

cargos de Secretário de Gabinete, símbolo DAS-3, 01 (um) cargo de Assessor Administrativo,

símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de Assistente III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente

Orçamentário, símbolo DAI-4 e 04 (quatro) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4.

II - ficam extintos 01 (um) cargo de Assessor Especial do Governador, símbolo DAS-2A, 01

(um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2A e 01 (um) cargo de Coordenador de Escritório,

símbolo DAS-2B.

Art. 78 - Os cargos em comissão de Secretário Particular do Governador, símbolo DAS-2A e de

Chefe de Cerimonial, símbolo DAS-2A, alocadas no Gabinete do Governador, serão ocupados,

preferencialmente, por portadores de diploma de nível superior.

Art. 79 - O Quadro de Cargos em Comissão do Gabinete do Governador - GABGOV é o

constante do Anexo VIII que integra esta Lei.

Art. 80 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 08 (oito)

cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 03 (três) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4

e 02 (dois) cargos de Assessor Administrativo, símbolo DAI-4, alocados na Superintendência de

Agricultura Familiar - SUAF.

Art. 81 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Segurança Pública

- SSP, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo DAS-2C, na Polícia Militar

da Bahia - PM/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social, símbolo DAS-2C e 01

(um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3 e, na Polícia Civil do Estado

da Bahia - PC/BA, 01 (um) cargo de Assessor de Comunicação Social I, símbolo DAS-3.

Art. 82 - A estrutura de cargos em comissão da Secretaria da Saúde - SESAB fica modificada,

na forma a seguir indicada:

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I - ficam criados 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C e 01 (um) cargo de Diretor,

símbolo DAS-2D;

II - ficam extintos 01 (um) cargo de Coordenador II, símbolo DAS-3 e 03 (três) cargos de

Coordenador III, símbolo DAI-4.

Art. 83 - Fica alterada a estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de

Cultura - SECULT, da Fundação Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da

Bahia - FPC, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação

Cultural do Estado da Bahia - FUNCEB.

Art. 84 - A Superintendência de Cultura da SECULT passa a denominar-se Superintendência de

Desenvolvimento Territorial da Cultura, com a finalidade de propor políticas e programas para o

desenvolvimento da cultura territorializada, bem como coordenar, desenvolver e acompanhar

estudos, pesquisas e ações de apoio à criação, produção, difusão e ao consumo dos bens

culturais no Estado da Bahia.

Art. 85 - Fica criada, na estrutura organizacional da SECULT, o Centro de Culturas Populares e

Identitárias, com a finalidade de planejar, coordenar, fomentar e difundir informações sobre

culturas populares indígenas e afro-descendentes e sedimentar o processo de desenvolvimento

da cultura regional do Estado, bem como promover a dinamização e gestão cultural do Centro

Histórico de Salvador.

Art. 86 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria de Cultura, 02 (dois)

cargos de Assessor Especial, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Coordenador I, símbolo DAS-

2C, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo

DAS-3, 17 (dezessete) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois) cargos de Assessor

Administrativo, símbolo DAI-4, 17 (dezessete) cargos de Coordenador de Centro de Cultura,

símbolo DAI-4, 07 (sete) cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 02 (dois) cargos de

Coordenador IV, símbolo DAI-5, 01 (um) cargo de Secretário Administrativo I, símbolo DAI-5

e 18 (dezoito) cargos de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 87 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da Secretaria de Cultura, 01 (um)

cargo de Assistente de Execução Orçamentária, símbolo DAI-5.

Art. 88 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Fundação Pedro Calmon - Centro de

Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, as seguintes Unidades:

I - Centro de Memória da Bahia, com a finalidade de exercer a coordenação e supervisão geral

dos acervos documentais para subsidiar a realização de pesquisas e estudos na área da história

política e administrativa da Bahia;

II - Diretoria do Livro e da Leitura, com a finalidade de planejar, coordenar, avaliar e apoiar

programas e ações relacionadas ao desenvolvimento da leitura, da produção literária e da cadeia

produtiva do livro, no âmbito do Estado da Bahia, bem como incentivar estas ações;

III - Diretoria do Arquivo Público do Estado da Bahia, com a finalidade de planejar, coordenar,

promover, acompanhar, avaliar e apoiar as ações pertinentes ao processo de preservação de

documentos de valor histórico e cultural do Estado da Bahia.

Art. 89 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Pedro Calmon -

Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, 02 (dois) cargos de Coordenador II,

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símbolo DAS-3, 01 (um) cargo de Coordenador III, símbolo DAI-4, e 02 (dois) cargos de

Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 90 - Fica extinto, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Pedro Calmon - Centro

de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4.

Art. 91 - Ficam criadas, na estrutura organizacional do Instituto do Patrimônio Artístico e

Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes Unidades:

I - Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural, com a finalidade de planejar, coordenar e

promover ações para o resgate e preservação da memória cultural baiana em todas as suas

manifestações;

II - Diretoria de Projetos, Obras e Restauro, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e

avaliar as atividades pertinentes a projetos, obras, conservação e restauração dos bens móveis e

imóveis culturais do Estado da Bahia.

Art. 92 - Ficam extintas, na estrutura organizacional do Instituto do Patrimônio Artístico e

Cultural da Bahia - IPAC, as seguintes Unidades:

I - Diretoria de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural;

II - Diretoria de Ações Culturais.

Art. 93 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão do Instituto do Patrimônio Artístico

e Cultural da Bahia - IPAC, 04 (quatro) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, 02 (dois)

cargos de Coordenador III, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Coordenador IV, símbolo DAI-5,

e 01 (um) cargo de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 94 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão do Instituto do Patrimônio

Artístico e Cultural da Bahia - IPAC, 02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, e 01 (um)

cargo de Supervisor, símbolo DAI-5.

Art. 95 - Ficam extintas, na estrutura organizacional da Fundação Cultural do Estado da Bahia -

FUNCEB, as seguintes Unidades:

I - Diretoria de Literatura;

II - Diretoria de Música e Artes Cênicas.

Art. 96 - Ficam criadas, na estrutura organizacional da Fundação Cultural do Estado da Bahia -

FUNCEB, as seguintes Unidades:

I - Diretoria das Artes, com a finalidade de propor e estimular políticas públicas de fomento às

artes visuais, à música, ao teatro, à dança e à literatura;

II - Centro de Formação em Artes, com a finalidade de planejar, coordenar, executar e avaliar

ações e projetos artístico-educativos, promovendo a democratização do acesso aos cursos, o

funcionamento regular e a dinamização das diversas linguagens artísticas.

Art. 97 - A Diretoria de Administração, Orçamento e Finanças passa a denominar-se Diretoria

de Administração e Finanças, com a finalidade de executar as atividades de administração geral,

modernização e informática, administração financeira e contabilidade da Fundação Cultural do

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Estado da Bahia - FUNCEB, em articulação com a Diretoria Geral da Secretaria de Cultura e os

respectivos Sistemas formalmente instituídos.

Art. 98 - A Assessoria Técnica passa a ter por finalidade desempenhar as atividades de

planejamento, programação e orçamentação, em articulação com o respectivo Sistema Estadual

de Planejamento.

Art. 99 - Ficam criados, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Cultural do Estado da

Bahia - FUNCEB, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo DAS-2B, 06 (seis) cargos de Coordenador

I, símbolo DAS-2C, 02 (dois) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, e 11 (onze) cargos de

Coordenador III, símbolo DAI-4.

Art. 100 - Ficam extintos, na estrutura de cargos em comissão da Fundação Cultural do Estado

da Bahia - FUNCEB, 02 (dois) cargos de Diretor, símbolo DAS-2C, 04 (quatro) cargos de

Coordenador Técnico, símbolo DAS-2D, 01 (um) cargo de Assessor Técnico, símbolo DAS-3,

02 (dois) cargos de Gerente, símbolo DAS-3, 06 (seis) cargos de Administrador de Espaço

Cultural, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente III, símbolo DAI-4, 15 (quinze) cargos de

Coordenador de Centro de Cultura, símbolo DAI-4, 03 (três) cargos de Diretor, símbolo DAI-4,

05 (cinco) cargos de Subgerente, símbolo DAI-4, 01 (um) cargo de Assistente Administrativo-

Financeiro, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos de Assistente de Apoio Técnico, símbolo DAI-5,

05 (cinco) cargos de Coordenador IV, símbolo DAI-5, 02 (dois) cargos de Supervisor, símbolo

DAI-5, e 15 (quinze) cargos de Secretário Administrativo II, símbolo DAI-6.

Art. 101 - O Quadro de Cargos em Comissão da Secretaria de Cultura - SECULT, da Fundação

Pedro Calmon - Centro de Memória e Arquivo Público da Bahia - FPC, do Instituto do

Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC e da Fundação Cultural do Estado da Bahia -

FUNCEB passam a ser os constantes dos Anexos IX, X, XI e XII, respectivamente, desta Lei.

Art. 102 - Ficam extintos, na estrutura da Administração Pública do Poder Executivo Estadual:

I - o Instituto do Meio Ambiente - IMA, previsto no art. 5 da , de 06 de junho de 2008,

anteriormente denominado Centro de Recursos Ambientais, autarquia estadual criada pela Lei

Delegada nº 31 , de 03 de março de 1983;

II - o Instituto de Gestão das Águas e Clima - INGÁ, previsto no art. 10da , de 06 de junho de

2008, anteriormente denominado Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, autarquia

estadual criada pela Lei nº 6.812 , de 18 de janeiro de 1995.

Art. 103 - Fica criado o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA, como

autarquia vinculada à Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, dotada de personalidade jurídica

de direito público, autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, o qual reger-se-á

por esta Lei e demais normas legais aplicáveis.

§ 1º - O INEMA terá sede e foro na cidade de Salvador, Estado da Bahia e prazo de duração

indeterminado.

§ 2º - O INEMA gozará, no que couber, de todas as franquias e privilégios concedidos aos

órgãos da Administração Direta do Estado.

Art. 104 - Os recursos orçamentários e financeiros, bem como os acervos e obrigações do IMA

e do INGÁ passam a ser transferidos para o INEMA, que os sucederá ainda nos direitos,

créditos e obrigações decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive nas respectivas

receitas.

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Art. 105 - O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA tem por finalidade

executar a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade, a Política

Estadual de Recursos Hídricos, a Política Estadual sobre Mudança do Clima e a Política

Estadual de Educação Ambiental.

Art. 106 - O INEMA tem as seguintes competências:

I - executar as ações e programas relacionados à Política Estadual de Meio Ambiente e de

Proteção à Biodiversidade, da Política Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre

Mudança do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;

II - participar da elaboração e da implementação do Plano Estadual de Meio Ambiente, do Plano

Estadual de Recursos Hídricos e do Plano Estadual sobre Mudança do Clima;

III - realizar ações de Educação Ambiental, considerando as práticas de desenvolvimento

sustentável;

IV - promover a gestão florestal e do patrimônio genético, bem como a restauração de

ecossistemas, com vistas à proteção e preservação da flora e da fauna;

V - promover as ações relacionadas com a criação, a implantação e a gestão das Unidades de

Conservação, em consonância com o Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC,

bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo;

VI - promover a gestão das águas superficiais e subterrâneas de domínio do Estado;

VII - fomentar a criação e organização de Comitês de Bacia Hidrográfica, visando garantir o seu

funcionamento, bem como acompanhar a implementação dos seus respectivos planos;

VIII - executar programas, projetos e ações voltadas à proteção e melhoria do meio ambiente, da

biodiversidade e dos recursos hídricos;

IX - propor ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM e ao Conselho Estadual de

Recursos Hídricos - CONERH normas para a proteção, conservação, defesa e melhoria do meio

ambiente e dos recursos hídricos;

X - expedir licenças ambientais, emitir anuência prévia para implantação de empreendimentos e

atividades em unidades de conservação estaduais, autorizar a supressão de vegetação, conceder

outorga de direito de uso de recursos hídricos e praticar outros atos autorizativos, na forma da

lei;

XI - efetuar a cobrança pelo uso de recursos hídricos, de bens da biodiversidade e de outras

receitas previstas na legislação ambiental e de recursos hídricos;

XII - elaborar e gerenciar os cadastros ambientais e de recursos hídricos;

XIII - coordenar, executar, acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recursos

hídricos;

XIV - pesquisar e monitorar o tempo, o clima e as mudanças climáticas, bem como a ocorrência

da desertificação;

XV - efetuar a previsão meteorológica e os monitoramentos hidrológicos, hidrogeológicos,

climáticos e hidrometeorológicos;

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XVI - realizar estudos e pesquisas destinados à elaboração e execução de programas, projetos e

ações voltadas à melhoria da qualidade ambiental e de recursos hídricos;

XVII - celebrar convênios, contratos, ajustes e protocolos com instituições públicas e privadas,

nacionais, estrangeiras e internacionais, bem como termos de compromisso, observada a

legislação pertinente;

XVIII - exercer o poder de polícia administrativa, preventiva ou repressiva, fiscalizando o

cumprimento da legislação ambiental e de recursos hídricos.

Art. 107 - O INEMA atuará em articulação com os órgãos e entidades da Administração Pública

Estadual e com a sociedade civil organizada, para consecução de seus objetivos, em

consonância com as diretrizes das Políticas Nacionais do Meio Ambiente, de Recursos Hídricos,

sobre Mudança do Clima e de Educação Ambiental.

Art. 108 - O INEMA tem a seguinte estrutura organizacional básica:

I - Conselho de Administração;

II - Diretoria Geral.

Art. 109 - O Conselho de Administração, órgão consultivo, deliberativo, de orientação e

supervisão superior, tem por finalidade o acompanhamento, controle e avaliação das ações

executadas pelo INEMA, sendo integrado pelos seguintes membros:

I - o Secretário do Meio Ambiente, que o presidirá;

II - o Diretor Geral do INEMA;

III - 01 (um) representante da Casa Civil;

IV - 01 (um) representante da Secretaria da Administração;

V - 01 (um) representante da Procuradoria Geral do Estado;

VI - 01 (um) representante dos servidores do INEMA.

§ 1º - Os membros do Conselho de Administração e seus suplentes serão nomeados pelo

Governador do Estado, para um mandato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução, sendo

que os referidos nos incisos III a V serão indicados pelos respectivos órgãos.

§ 2º - O representante dos servidores do INEMA e seu respectivo suplente serão escolhidos por

votação, mediante escrutínio secreto, realizada por entidade dos servidores ou, na sua falta, por

comissão de servidores especialmente constituída para este fim.

§ 3º - O Diretor Geral do INEMA participará das reuniões do Conselho, porém, sem direito a

voto, quando forem deliberadas matérias referentes a relatórios e prestações de contas da

Autarquia ou assuntos do seu interesse próprio.

§ 4º - Os membros do Conselho serão substituídos, em suas ausências e impedimentos, pelos

respectivos suplentes.

§ 5º - O Regimento do Conselho de Administração, por ele aprovado e homologado por ato do

Governador do Estado, fixará as normas de seu funcionamento.

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Art. 110 - A Diretoria Geral do INEMA, composta pelo conjunto de órgãos de planejamento,

assessoramento, execução, avaliação e controle, tem a seguinte organização:

I - Gabinete do Diretor Geral;

II - Procuradoria Jurídica;

III - Coordenação de Ações Estratégicas;

IV - Coordenação de Atendimento Ambiental;

V - Coordenação de Interação Social;

VI - Coordenação de Gestão Descentralizada:

a) Unidades Regionais;

VII - Diretoria de Regulação;

VIII - Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental;

IX - Diretoria de Águas;

X - Diretoria de Biodiversidade;

XI - Diretoria de Unidades de Conservação;

XII - Diretoria Administrativa e Financeira.

Art. 111 - O Gabinete do Diretor Geral tem por finalidade prestar assistência ao Diretor Geral

em suas tarefas técnicas e administrativas.

Art. 112 - A Procuradoria Jurídica tem por finalidade exercer a representação judicial e

extrajudicial, a consultoria e o assessoramento jurídico ao INEMA, mediante a vinculação

técnica à Procuradoria Geral do Estado e, de acordo com a legislação das Procuradorias

Jurídicas das Autarquias e Fundações do Estado da Bahia.

Art. 113 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por finalidade coordenar ações que

promovam a melhoria da gestão e do aperfeiçoamento do Sistema Estadual de Informações

Ambientais e de Recursos Hídricos - SEIA, de acordo com as diretrizes e prioridades

estabelecidas pela SEMA, voltadas à otimização do desempenho organizacional e

fortalecimento dos resultados institucionais, em articulação com as unidades do INEMA.

Art. 114 - A Coordenação de Atendimento Ambiental tem por finalidade executar a triagem

técnica e administrativa de documentos, formar, exercer o acompanhamento, controle e guarda

de processos, bem como realizar o controle e a expedição de correspondências destinadas ao

Instituto ou geradas por este.

Art. 115 - A Coordenação de Interação Social tem por finalidade coordenar, gerir e executar, de

forma descentralizada e participativa, as ações relativas à implementação e funcionamento dos

Conselhos Gestores das Unidades de Conservação, dos Comitês de Bacia Hidrográfica e das

Audiências Públicas.

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Art. 116 - A Coordenação de Gestão Descentralizada tem por finalidade promover a articulação,

a gestão e a integração das Unidades Regionais, bem como apoiar a desconcentração e

descentralização da gestão ambiental do Estado.

Parágrafo único - As Unidades Regionais são unidades de desconcentração da gestão das

atividades da Autarquia, que têm por finalidade executar a Política Estadual do Meio Ambiente

e de Proteção à Biodiversidade e a Política Estadual de Recursos Hídricos, nas suas respectivas

regiões, através do licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental, além de prestar

apoio aos municípios no desenvolvimento da gestão ambiental local, em articulação com a

SEMA.

Art. 117 - A Diretoria de Regulação tem por finalidade planejar, organizar e coordenar as ações

necessárias para emissão das licenças ambientais e dos atos autorizativos de meio ambiente e de

recursos hídricos, na forma da lei.

Art. 118 - A Diretoria de Fiscalização e Monitoramento Ambiental tem por finalidade fiscalizar

o cumprimento da legislação ambiental e de recursos hídricos, bem como coordenar, executar,

acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade ambiental e de recursos hídricos.

Art. 119 - A Diretoria de Águas tem por finalidade implementar os planos de recursos hídricos,

bem como promover estudos, implementar e avaliar medidas, ações, programas e projetos,

visando assegurar o gerenciamento do uso, a qualidade e conservação dos recursos hídricos e o

atendimento da demanda e da oferta hídrica estadual.

Art. 120 - A Diretoria de Biodiversidade tem por finalidade coordenar a gestão florestal e do

patrimônio genético, bem como a execução de programas e projetos de proteção e restauração

de ecossistemas.

Art. 121 - A Diretoria de Unidades de Conservação tem por finalidade coordenar as ações

relacionadas com a criação, a implantação e a gestão das Unidades de Conservação, em

consonância com o SEUC, bem como elaborar e implementar os Planos de Manejo.

Art. 122 - A Diretoria Administrativa e Financeira tem por finalidade executar as atividades de

programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,

patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática,

administração financeira e de contabilidade, e de arrecadação.

Art. 123 - Ato do Chefe do Poder Executivo estabelecerá as Unidades Regionais, definindo as

suas áreas de abrangência.

Art. 124 - O Diretor Geral será nomeado pelo Governador do Estado.

Art. 125 - Aos Diretores e demais dirigentes do INEMA incumbe planejar, dirigir, avaliar o

desempenho, coordenar, controlar e orientar a execução das atividades de sua área de

competência e exercer outras atribuições que lhes forem cometidas pelo Diretor Geral da

entidade.

Art. 126 - Constituem patrimônio do INEMA, os bens móveis e imóveis, valores, rendas e

direitos atualmente pertencentes ao IMA e ao INGÁ ou que lhe venham a ser adjudicados ou

transferidos.

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§ 1º - Os bens, diretos e valores do INEMA serão utilizados, exclusivamente, no cumprimento

dos seus objetivos, permitida, a critério da Diretoria Geral, a utilização de uns e outros para

obtenção de rendas destinadas ao atendimento de suas finalidades.

§ 2º - Em caso de extinção do INEMA, seus bens e direitos reverterão ao patrimônio do Estado

da Bahia, salvo disposição em contrário expressa em lei.

Art. 127 - Constituem receitas do INEMA:

I - os créditos orçamentários que lhe forem consignados pelo Orçamento Geral do Estado;

II - os recursos correspondentes a 95% (noventa e cinco por cento) dos valores das multas

administrativas por atos lesivos ao meio ambiente, a serem repassados pelo Fundo de Recursos

para o Meio Ambiente - FERFA;

III - os valores correspondentes às multas administrativas por descumprimento da legislação

estadual de recursos hídricos;

IV - os valores da arrecadação da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, incidente sobre as

atividades utilizadoras de recursos naturais e atividades potencialmente poluidoras do meio

ambiente, prevista no art. 3º da Lei Estadual nº 11.631, de 30 de dezembro de 2009;

V - os recursos correspondentes a até 25% (vinte e cinco por cento) dos previstos no inciso III

do art. 1º da Lei Estadual nº 9.281, de 07 de outubro de 2004, referentes às compensações

financeiras previstas no § 1º do art. 20 da Constituição Federal, a serem repassados pelo

FERFA;

VI - os recursos correspondentes a 20% (vinte por cento) da cobrança pelo fornecimento de

água bruta dos reservatórios;

VII - os valores provenientes da remuneração pela análise dos processos de licenciamento

ambiental e pela prestação de serviços;

VIII - os valores provenientes da cobrança de emolumentos administrativos para expedição das

outorgas de direito de uso dos recursos hídricos;

IX - os valores correspondentes às multas aplicadas pelo descumprimento de Termo de

Compromisso celebrado pela Entidade;

X - os valores provenientes da venda de publicações ou outros materiais educativos e técnicos

produzidos pela Entidade;

XI - os recursos oriundos de convênios, acordos ou contratos celebrados com entidades públicas

ou privadas, organismos ou empresas nacionais, estrangeiras ou internacionais;

XII - as doações, legados, subvenções e quaisquer outras fontes ou atividades.

§ 1º - Será destinado a projetos de melhoria ambiental o percentual de 80% (oitenta por cento)

do valor resultante do recurso previsto no inciso II do caput deste artigo.

§ 2º - Fica mantida a destinação de 80% (oitenta por cento) dos recursos previstos no inciso VI

do caput deste artigo para o órgão responsável pela administração, operação e manutenção do

reservatório.

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Art. 128 - A prestação de contas do INEMA, relativa à administração dos bens e recursos

obtidos, no exercício ou na gestão, será elaborada em conformidade com as disposições

constitucionais sobre a matéria, com o disposto em lei, no Regimento e demais normas legais

aplicáveis, devendo ser encaminhadas ao Tribunal de Contas do Estado.

Art. 129 - O exercício financeiro do INEMA coincidirá com o ano civil.

Art. 130 - O regime jurídico do pessoal do INEMA é o estabelecido para o serviço público

estadual.

§ 1º - A admissão de servidores do INEMA dar-se-á mediante concurso público e com

observância ao plano de cargos e salários e benefícios previstos em lei.

§ 2º - Os cargos efetivos do INGÁ e do IMA passam a integrar o quadro do INEMA, onde

desempenharão as suas respectivas atribuições legais.

§ 3º - Ficam transferidos da estrutura de cargos efetivos do IMA e do INGÁ para o INEMA os

cargos de Procurador Jurídico e suas respectivas classes, previstos no Anexo II da Lei nº 8.208,

de 04 de fevereiro de 2002.

§ 4º - O Poder Executivo poderá colocar à disposição do INEMA servidores públicos do seu

quadro para auxiliar no desempenho de programas ou projetos específicos.

Art. 131 - Fica criado o Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos -

SEIA, que absorverá o Sistema Estadual de Informações Ambientais - SEIA e o Sistema

Estadual de Informações de Recursos Hídricos - SEIRH.

Art. 132 - A Secretaria do Meio Ambiente - SEMA, criada pela Lei n° 8.538, de 20 de

dezembro de 2002, alterada pelas Leis nº 9.525, de 21 de junho de 2005, nº 10.431, de 20 de

dezembro de 2006 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, tem por finalidade planejar, coordenar,

supervisionar e controlar a política estadual e as diretrizes governamentais fixadas para o meio

ambiente, a biodiversidade e os recursos hídricos.

Art. 133 - A SEMA passa a ter as seguintes competências:

I - planejar, coordenar, supervisionar e controlar a Política Estadual de Meio Ambiente e de

Proteção à Biodiversidade, da Política Estadual de Recursos Hídricos, da Política Estadual sobre

Mudança do Clima e da Política Estadual de Educação Ambiental;

II - planejar, coordenar, orientar e integrar as ações relativas ao Sistema Estadual do Meio

Ambiente - SISEMA e ao Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos -

SEGREH;

III - promover a integração das políticas ambientais do Estado entre si e com as políticas

públicas setoriais, bem como a articulação de sua atuação com o Sistema Nacional do Meio

Ambiente - SISNAMA e com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -

SINGREH;

IV - elaborar o Plano Estadual de Meio Ambiente, o Plano Estadual de Recursos Hídricos e o

Plano Estadual sobre Mudança do Clima, supervisionando a sua implementação;

V - gerir o Fundo de Recursos para o Meio Ambiente - FERFA, o Fundo Estadual de Recursos

Hídricos - FERHBA e a Câmara de Compensação Ambiental, exercendo o controle

orçamentário, financeiro e patrimonial dos mesmos;

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VI - exercer a Secretaria Executiva do CEPRAM e do CONERH;

VII - gerir e operacionalizar o SEIA, promovendo a integração com os demais sistemas

relacionados com a sua área de atuação;

VIII - planejar, coordenar e executar ações para a promoção de estudos e pesquisas voltados ao

desenvolvimento tecnológico e científico para o uso sustentável e racional dos recursos

ambientais e hídricos;

IX - apoiar o fortalecimento da gestão ambiental municipal, podendo delegar competência;

X - promover e estimular a celebração de convênios e acordos entre entidades públicas, privadas

e organizações não-governamentais, nacionais, estrangeiras e internacionais, com vistas à

otimização da gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado.

Art. 134 - A SEMA tem a seguinte estrutura organizacional básica:

I - Órgãos Colegiados:

a) Conselho Estadual do Meio Ambiente - CEPRAM;

b) Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH;

II - Órgãos da Administração Direta:

a) Gabinete do Secretário;

b) Coordenação de Ações Estratégicas;

c) Coordenação de Gestão dos Fundos;

d) Diretoria Geral;

e) Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais;

f) Superintendência de Políticas e Planejamento Ambiental;

III - Entidades da Administração Indireta:

a) Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA;

b) Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB.

Art. 135 - O CEPRAM, órgão superior do Sistema Estadual do Meio Ambiente, com funções de

natureza consultiva, normativa, deliberativa e recursal, tem por finalidade o planejamento e

acompanhamento da política e das diretrizes governamentais voltadas para o meio ambiente, a

biodiversidade e a definição de normas e padrões relacionados à preservação e conservação dos

recursos naturais.

Art. 136 - O CONERH, órgão superior do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, com caráter consultivo, normativo, deliberativo, recursal e de representação, tem por

finalidade o planejamento e acompanhamento da política e das diretrizes governamentais

voltadas para a gestão dos recursos hídricos.

Art. 137 - O Gabinete do Secretário tem por finalidade prestar assistência ao Titular da Pasta em

suas tarefas técnicas e administrativas.

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135

Art. 138 - A Coordenação de Ações Estratégicas tem por finalidade coordenar ações que

promovam a melhoria da gestão e do aperfeiçoamento do SEIA, de acordo com as diretrizes e

prioridades estabelecidas nas políticas governamentais voltadas para a otimização do

desempenho organizacional e fortalecimento dos resultados institucionais, em articulação com a

Diretoria Geral.

Art. 139 - A Coordenação de Gestão dos Fundos tem por finalidade exercer a gestão

orçamentária, financeira e patrimonial do FERFA, do FERHBA e da Câmara de Compensação

Ambiental.

Art. 140 - A Diretoria Geral tem por finalidade a coordenação dos órgãos setoriais e seccionais

dos sistemas formalmente instituídos, responsáveis pela execução das atividades de

programação, orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e análises, material,

patrimônio, serviços, recursos humanos, modernização administrativa e informática, e de

administração financeira e de contabilidade.

Art. 141 - A Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais tem por finalidade planejar,

coordenar e executar ações para a promoção do conhecimento, informação e inovação,

direcionadas ao desenvolvimento tecnológico e científico em gestão ambiental, bem como

aprimorar seus instrumentos de gestão ambiental na busca do desenvolvimento sustentável e da

qualidade ambiental.

Art. 142 - A Superintendência de Políticas e Planejamento Ambientais tem por finalidade

planejar as políticas de meio ambiente e de recursos hídricos, bem como coordenar e

supervisionar a execução de seus programas e projetos de gestão, promovendo a articulação

institucional e a educação ambiental.

Art. 143 - A Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia - CERB, criada pela Lei nº 2.929,

de 11 de maio de 1971, alterada pelas Leis nº 6.074, de 22 de maio de 1991, nº 8.538, de 20 de

dezembro de 2002 e nº 11.050, de 06 de junho de 2008, passa a denominar-se Companhia de

Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - CERB.

Art. 144 - A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - CERB,

sociedade de economia mista de capital autorizado, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente,

tem a finalidade de executar programas, projetos e ações de engenharia ambiental e

aproveitamento dos recursos hídricos, perenização de rios, perfuração de poços, construção,

operação e manutenção de barragens e obras para mitigação dos efeitos da seca e convivência

com o semi-árido, bem como a execução de outros programas, projetos e ações relativas a obras

de infraestrutura que lhe venham a ser atribuídas dentro da política de Governo do Estado para o

setor.

Parágrafo único - A estrutura organizacional e funcional da CERB, bem como a definição de

suas competências, inclusive das unidades organizacionais que a compõem, serão definidas em

seu Estatuto Social e Regimento Interno.

Art. 145 - O Quadro de Cargos em Comissão do INEMA é o constante do Anexo XIII desta Lei.

Art. 146 - Ficam extintos os cargos em comissão previstos nos Quadros de Cargos em Comissão

do IMA e do INGÁ, constantes dos Anexos II e III da Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008.

Art. 147 - Fica alterado o Quadro de Cargos em Comissão da SEMA, que passa a ser o

constante do Anexo XIV desta Lei.

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136

Art. 148 - Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,

os atos necessários:

I - à elaboração dos atos regulamentares e regimentais que decorram, implícita ou

explicitamente, das disposições desta Lei, inclusive os que se relacionam com pessoal, material

e patrimônio, bem como as alterações organizacionais e de cargos em comissão decorrentes

desta Lei;

II - à utilização, para o funcionamento das Secretarias de Estado, ora criadas, mediante processo

formal de cessão, de servidores das demais Secretarias, Autarquias e Fundações do Estado da

Bahia, bem como de servidores de outras esferas governamentais, por meio de instrumento

próprio adequado;

III - à abertura de créditos adicionais, necessários ao funcionamento das Secretarias e demais

órgãos e entidades da Administração Pública Indireta do Poder Executivo Estadual;

IV - à continuidade dos serviços, até a definitiva estruturação das Secretarias e demais órgãos e

entidades da Administração Pública Indireta do Poder Executivo Estadual, em especial os

processos licitatórios;

V - à transferência dos contratos, convênios, protocolos e demais instrumentos vigentes,

necessária à implementação das alterações das competências definidas nesta Lei, procedendo-se

às devidas adequações orçamentárias;

VI - à elaboração de estudos sobre o quadro de cargos efetivos para atendimento às atividades

inerentes às competências da SEMA e do INEMA, a ser definido em lei;

VII - às modificações orçamentárias que se fizerem necessárias ao cumprimento do disposto

nesta Lei, respeitados os valores globais constantes do orçamento vigente e no Plano Plurianual.

Art. 149 - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei nº 11.050 , de 06 de junho

de 2008, os artigos 49, 51 e 52 da Lei nº 11.612 , de 08 de outubro de 2009, e o artigo 171,

caput e parágrafo único da Lei nº 10.431 , de 20 de dezembro de 2006.

Art. 150 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 04 de maio de 2011.

JAQUES WAGNER

Governador

Eva Maria Cella Dal Chiavon

Secretária da Casa Civil Manoel Vitório da Silva Filho

Secretário da Administração

Eduardo Seixas de Salles

Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

Carlos Martins Marques de Santana

Secretário da Fazenda

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137

Zezéu Ribeiro

Secretário do Planejamento

Osvaldo Barreto Filho

Secretário da Educação

Otto Alencar

Secretário de Infra-Estrutura

Almiro Sena Soares Filho

Secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

Jorge José Santos Pereira Solla

Secretário da Saúde

James Silva Santos Correia

Secretário da Indústria, Comércio e Mineração

Nilton Vasconcelos Júnior

Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte

Maurício Teles Barbosa

Secretário da Segurança Pública

Antônio Albino Canelas Rubim

Secretário de Cultura

Eugênio Spengler

Secretário do Meio Ambiente

Cícero de Carvalho Monteiro

Secretário de Desenvolvimento Urbano

Paulo Francisco de Carvalho Câmera

Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação

Wilson Alves de Brito Filho

Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional

Domingos Leonelli Neto

Secretário de Turismo

Vanda Sampaio de Sá Barreto

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138

Secretária de Promoção da Igualdade, em exercício

Paulo Cézar Lisboa Cerqueira

Secretário de Relações Institucionais

Carlos Alberto Lopes Brasileiro

Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

ANEXO I

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO INSTITUTO DE RADIODIFUSÃO

EDUCATIVA DA BAHIA - IRDEB

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Diretor Geral DAS-2A 01

Diretor DAS-2B 03

Assessor Especial DAS-2C 01

Chefe de Gabinete DAS-2C 01

Coordenador I DAS-2C 09

Procurador Chefe DAS-2C 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 05

Coordenador II DAS-3 05

Gerente DAS-3 14

Assessor Administrativo DAI-4 05

Assistente III DAI-4 03

Coordenador III DAI-4 23

Secretário Administrativo II DAI-6 09

Assistente RA e TV I FC-3 10

Assistente RA e TV II FC-2 10

Assistente RA e TV III FC-1 10

ANEXO II

QUADRO ESPECIAL DE CARGOS EM COMISSÃO DA CASA CIVIL

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Assistente II DAS-3 08

Assistente III DAI-4 13

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139

Assistente IV DAI-5 21

ANEXO III

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS

MULHERES - SPM

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Coordenador Executivo DAS-2B 02

Assessor Especial DAS-2C 02

Diretor DAS-2C 01

Coordenador I DAS-2C 02

Assessor Técnico DAS-3 02

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Assistente II DAS-3 01

Coordenador II DAS-3 05

Coordenador III DAI-4 03

Assistente Orçamentário DAI-4 01

Oficial de Gabinete DAI-5 01

Secretário Administrativo I DAI-5 03

ANEXO IV

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

PENITENCIÁRIA E RESSOCIALIZAÇÃO - SEAP

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Superintendente DAS-2A 02

Diretor Geral DAS-2B 01

Assessor Especial DAS-2C 03

Diretor DAS-2C 28

Coordenador I DAS-2C 06

Coordenador Técnico DAS-2D 10

Diretor DAS-2D 09

Diretor Adjunto DAS-2D 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Diretor Adjunto DAS-3 28

Assistente de Conselho I DAS-3 01

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140

Assessor Técnico DAS-3 35

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Coordenador II DAS-3 20

Assessor Administrativo DAI-4 12

Coordenador III DAI-4 28

Assistente Orçamentário DAI-4 02

Coordenador IV DAI-5 112

Oficial de Gabinete DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 10

Coordenador V DAI-6 131

Secretário Administrativo II DAI-6 22

ANEXO V

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO

SOCIAL - SECOM

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Assessor de Imprensa do Governador DAS-2A 01

Diretor Geral DAS-2B 01

Coordenador Executivo DAS-2B 02

Assessor Especial DAS-2C 04

Diretor DAS-2C 03

Coordenador I DAS-2C 09

Assessor Técnico DAS-3 01

Coordenador II DAS-3 04

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 17

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Assessor de Comunicação Social II DAI-4 19

Assessor Administrativo DAI-4 06

Coordenador III DAI-4 07

Assistente Orçamentário DAI-4 02

Assessor de Comunicação Social III DAI-5 07

Oficial de Gabinete DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 08

ANEXO VI

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141

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA ESTADUAL PARA

ASSUNTOS DA COPA DO MUNDO DA FIFA BRASIL 2014 - SECOPA

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Coordenador Executivo DAS-2B 02

Assessor Especial DAS-2C 02

Diretor DAS-2C 01

Coordenador Técnico DAS-2D 04

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 01

Coordenador II DAS-3 03

Coordenador III DAI-4 01

Assistente Orçamentário DAI-4 01

Oficial de Gabinete DAI-5 01

Secretário Administrativo I DAI-5 04

ANEXO VII

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DA INDÚSTRIA COMÉRCIO

E MINERAÇÃO - SICM

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

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142

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Superintendente DAS-2A 03

Diretor Geral DAS-2B 01

Diretor DAS-2B 06

Assessor Especial DAS-2C 06

Coordenador I DAS-2C 14

Diretor DAS-2C 03

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 08

Coordenador II DAS-3 33

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Assessor Administrativo DAI-4 06

Assistente Orçamentário DAI-4 02

Coordenador III DAI-4 14

Coordenador IV DAI-5 03

Oficial de Gabinete DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 03

ANEXO VIII

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO GABINETE DO GOVERNADOR - GABGOV

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

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143

Assessor Chefe DAS-2A 01

Assessor Especial do Governador DAS-2A 03

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Coordenador de Escritório DAS-2A 01

Chefe de Cerimonial DAS-2A 01

Ouvidor Geral do Estado DAS-2A 01

Secretário Particular do Governador DAS-2A 01

Assessor Especial DAS-2B 09

Coordenador Executivo DAS-2B 01

Assessor Especial DAS-2C 09

Coordenador I DAS-2C 08

Diretor DAS-2C 01

Secretário de Gabinete do Governador DAS-2C 02

Coordenador Técnico DAS-2D 14

Assessor Técnico DAS-3 11

Assistente II DAS-3 04

Coordenação II DAS-3 05

Oficial de Gabinete do Governador DAS-3 04

Secretário de Gabinete DAS-3 04

Assessor Administrativo DAI-4 03

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144

Assistente III DAI-4 10

Assistente Orçamentário DAI-4 02

Coordenador III DAI-4 08

Assistente IV DAI-5 22

Secretário Administrativo I DAI-5 14

Assistente V DAI-6 02

Secretário Administrativo II DAI-6 01

ANEXO IX

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DE CULTURA - SECULT

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

Superintendente DAS-2A 02

Diretor Geral DAS-2B 01

Assessor Especial DAS-2C 03

Coordenador I DAS-2C 03

Diretor DAS-2C 09

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 05

Assistente de Conselho I DAS-3 01

Coordenador II DAS-3 35

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145

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Assessor Administrativo DAI-4 05

Assistente Orçamentário DAI-4 04

Secretário de Câmara DAI-4 04

Coordenador de Centro de Cultura DAI-4 17

Coordenador III DAI-4 11

Assistente IV DAI-5 01

Coordenador IV DAI-5 08

Oficial de Gabinete DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 04

Secretário de Câmara DAI-5 04

Secretário de Comissão DAI-5 01

Secretário Administrativo II DAI-6 28

ANEXO X

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA FUNDAÇÃO PEDRO CALMON - CENTRO

DE MEMÓRIA E ARQUIVO PÚBLICO DA BAHIA - FPC

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Diretor Geral DAS-2A 01

Diretor DAS-2B 02

Assessor Chefe DAS-2C 01

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146

Chefe de Gabinete DAS-2C 01

Diretor DAS-2C 04

Procurador Chefe DAS-2C 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 02

Coordenador II DAS-3 13

Diretor de Biblioteca I DAS-3 08

Gerente DAS-3 05

Assessor Administrativo DAI-4 08

Assistente III DAI-4 01

Coordenador III DAI-4 04

Subgerente DAI-4 18

Assistente de Apoio Técnico DAI-5 04

Assistente IV DAI-5 02

Coordenador IV DAI-5 18

Secretário Administrativo I DAI-5 03

Supervisor DAI-5 11

Assistente V DAI-6 12

Secretário Administrativo II DAI-6 22

ANEXO XI

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO

E CULTURAL DA BAHIA - IPAC

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147

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Diretor Geral DAS-2A 01

Assessor Chefe DAS-2C 01

Chefe de Gabinete DAS-2C 01

Diretor DAS-2C 07

Procurador Chefe DAS-2C 01

Coordenador Técnico DAS-2D 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 04

Coordenador II DAS-3 07

Gerente DAS-3 06

Assessor Administrativo DAI-4 06

Coordenador III DAI-4 05

Diretor de Museu DAI-4 06

Subgerente DAI-4 21

Assistente Administrativo e Financeiro DAI-5 04

Coordenador IV DAI-5 04

Coordenador Municipal DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 02

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148

Supervisor DAI-5 20

Secretário Administrativo II DAI-6 18

ANEXO XII

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA

BAHIA - FUNCEB

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Diretor Geral DAS-2A 01

Diretor DAS-2B 02

Assessor Chefe DAS-2C 01

Chefe de Gabinete DAS-2C 01

Coordenador I DAS-2C 06

Diretor DAS-2C 04

Procurador Chefe DAS-2C 01

Coordenador Técnico DAS-2D 01

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 05

Coordenador II DAS-3 07

Gerente DAS-3 04

Administrador de Espaço Cultural DAI-4 04

Assessor Administrativo DAI-4 01

Assessor de Comunicação Social II DAI-4 01

Assistente III DAI-4 09

Coordenador III DAI-4 21

Subgerente DAI-4 12

Assistente de Execução Orçamentária DAI-5 01

Assistente Administrativo-Financeiro DAI-5 01

Assistente de Apoio Técnico DAI-5 01

Coordenador IV DAI-5 15

Secretário Administrativo I DAI-5 01

Supervisor DAI-5 19

Coordenador V DAI-6 02

Secretário Administrativo II DAI-6 22

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149

ANEXO XIII

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DOINSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E

RECURSOS HÍDRICOS ? INEMA

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Diretor Geral DAS-2A 01

Chefe de Gabinete DAS-2B 01

Diretor DAS-2B 06

Procurador Chefe DAS-2C 01

Assessor Especial DAS-2C 02

Coordenador I DAS-2C 28

Coordenador Técnico DAS-2D 25

Coordenador II DAS-3 57

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Assessor Técnico DAS-3 07

Coordenador III DAI-4 27

Assessor Administrativo DAI-4 06

Coordenador IV DAI-5 10

Secretário Administrativo I DAI-5 18

ANEXO XIV

QUADRO DE CARGOS EM COMISSÃO DA SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE ?

SEMA

CARGO SÍMBOLO QUANTIDADE

Chefe de Gabinete DAS-2A 01

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150

Superintendente DAS-2A 02

Diretor Geral DAS-2B 01

Diretor DAS-2B 05

Coordenador Executivo DAS-2B 01

Assessor Especial DAS-2C 05

Diretor DAS-2C 03

Coordenador I DAS-2C 11

Coordenador Técnico DAS-2D 05

Coordenador II DAS-3 23

Assessor Técnico DAS-3 09

Assessor de Comunicação Social I DAS-3 01

Secretário de Gabinete DAS-3 01

Coordenador III DAI-4 07

Assessor Administrativo DAI-4 06

Assistente Orçamentário DAI-4 02

Oficial Gabinete DAI-5 02

Secretário Administrativo I DAI-5 10

Assistente IV DAI-5 01

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151

LEI Nº 12.910 DE 11 DE OUTUBRO DE 2013. Dispõe sobre a regularização fundiária de

terras públicas estaduais, rurais e devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades

Remanescentes de Quilombos e por Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos e dá outras

providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber que a Assembleia Legislativa

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica reconhecida a propriedade definitiva das terras públicas estaduais, rurais e

devolutas, ocupadas pelas Comunidades Remanescentes de Quilombos.

§ 1º - Para os fins desta Lei, são consideradas Comunidades Remanescentes de Quilombos os

grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria,

dotados de relações territoriais específicas e com presunção de ancestralidade negra relacionada

com a resistência à opressão histórica sofrida, e reconhecimento obtido pela Fundação Cultural

Palmares, do Ministério da Cultura, nos termos da Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de

1988.

§ 2º - O título de domínio coletivo e pró-indiviso será expedido em nome da associação

comunitária legalmente constituída, que represente a coletividade dos remanescentes da

comunidade quilombola, e gravado com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e

imprescritibilidade.

Art. 2º - Fica autorizada a concessão de direito real de uso das terras públicas estaduais, rurais e

devolutas, ocupadas tradicionalmente, de forma coletiva, pelas comunidades de Fundos de

Pastos ou Fechos de Pastos, com vistas à manutenção de sua reprodução física, social e cultural,

segundo critérios de autodefinição, e em que sejam observadas, simultaneamente, as seguintes

características:

I - uso comunitário da terra, podendo estar aliado ao uso individual para subsistência;

II - produção animal, produção agrícola de base familiar, policultura alimentar de subsistência,

para consumo ou comercialização, ou extrativismo de baixo impacto;

III - cultura própria, parentesco, compadrio ou solidariedade comunitária associada à

preservação de tradições e práticas sociais;

IV - uso adequado dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, segundo

práticas tradicionais;

V - localização nos biomas caatinga e cerrado, bem como nas transições caatinga/cerrado.

§ 1º - Compete ao Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Promoção da Igualdade

Racial - SEPROMI, declarar a existência da Comunidade de Fundos de Pastos ou Fechos de

Pastos, mediante certificação de reconhecimento expedida após regular processo administrativo,

dela cientificando a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais.

§ 2º - Para os fins desta Lei, são consideradas Comunidades de Fundos de Pastos ou Fechos de

Pastos aquelas certificadas pela SEPROMI, mediante autodefinição da comunidade, a qual

caberá indicar a área ocupada, observando-se os critérios previstos neste artigo.

§ 3º - A SEPROMI, por ato de seu Secretário, expedirá as normas necessárias à certificação prevista no § 1º deste artigo.

Art. 3º - O contrato de concessão de direito real de uso da área será celebrado por instrumento

público com associação comunitária, integrada por todos os seus reais ocupantes, e gravado com

cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade.

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152

§ 1º - O contrato terá duração de 90 (noventa) anos, prorrogável por iguais e sucessivos

períodos.

§ 2º - Os contratos de concessão de direito real de uso de que trata esta Lei serão celebrados

com as associações que protocolizem os pedidos de certificação de reconhecimento e de

regularização fundiária, nos órgãos competentes, até 31 de dezembro de 2018.

§ 3º - Nos casos de comprovação de desvio de finalidade na utilização da área concedida, nos

termos dos incisos I, II e IV do art. 2º desta Lei, por meio de regular processo administrativo,

operar-se-á a resolução do contrato, com retorno do bem à posse do Estado da Bahia, com

acessões e benfeitorias existentes e sem necessidade de nova notificação.

§ 4º - Na hipótese descrita no parágrafo anterior, será devida indenização pelas acessões e

benfeitorias, necessárias e úteis, erigidas exclusivamente durante o tempo de real duração, sem,

porém, reconhecimento do direito de retenção à concessionária ou a seus associados.

Art. 4º - Compete ao Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária,

Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI, a identificação, demarcação e

regularização das terras públicas estaduais, rurais e devolutas, ocupadas pelas comunidades de

que cuida esta Lei.

§ 1º - Nas questões surgidas em decorrência dos processos de regularização, a Defensoria

Pública do Estado apoiará, nos limites de suas competências legais, a defesa dos interesses das

Comunidades Remanescentes de Quilombos e as de Fundos de Pastos ou Fechos de Pastos.

§ 2º - Na hipótese de litígios acerca da dominialidade da área, a regularização fundiária que

envolva terras públicas estaduais será precedida da sua resolução, mediante processo

administrativo ou judicial, cabendo à Procuradoria Geral do Estado a defesa do patrimônio

público.

§ 3º - O Estado da Bahia priorizará a regularização fundiária das terras públicas estaduais, rurais

e devolutas, ocupadas pelas comunidades de que trata esta Lei envolvidas em conflitos coletivos

pela posse da terra.

Art. 5º - Fica assegurada às comunidades interessadas a participação em todas as fases do

processo administrativo de regularização, diretamente ou por meio de representantes por elas

constituídos, mediante instrumento público de mandato.

Parágrafo único - A representação jurídica, entendida aquela exercida por advogado

regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, será aceita por instrumento

particular.

Art. 6º - Quando as terras ocupadas estiverem sobrepostas às unidades de conservação

estaduais, os órgãos competentes adotarão as medidas cabíveis, visando garantir a

sustentabilidade e/ou a permanência destas comunidades, conciliando-se, sempre que possível,

os aspectos de interesse público em exame, com observância da legislação estadual e federal

pertinente, em especial da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Parágrafo único - Compete ao Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente

- SEMA em conjunto com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária,

Pesca e Aquicultura - SEAGRI e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial - SEPROMI, a

adoção de todas as medidas necessárias ao cumprimento da legislação, na hipótese prevista no

caput deste artigo.

Art. 7º - A transmissão e o registro imobiliário do título de domínio ou contrato de concessão de

direito real de uso de que trata esta Lei nos Ofícios Imobiliários competentes serão procedidos

pelo Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma

Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI, com o apoio da Secretaria da Administração - SAEB,

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sem ônus às comunidades beneficiadas, independentemente da dimensão da área, segundo o

previsto pela Lei nº 4.380, de 5 de dezembro de 1984.

Art. 8º - Não serão objeto de emissão de título de domínio nem de celebração de contrato de

concessão de direito real de uso, previstos nesta Lei, as terras de domínio particular, cujos

titulares apresentem títulos de propriedade em conformidade com o disposto nas legislações

estadual e federal.

Art. 9º - O Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial -

SEPROMI, procederá:

I - ao encaminhamento ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, à Fundação

Cultural Palmares - FCP e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN

das informações relativas ao patrimônio cultural, material e imaterial relativos às comunidades

de que trata esta Lei, para as providências legais pertinentes;

II - à identificação e ao mapeamento das comunidades de que trata esta Lei no território do

Estado da Bahia, devendo desenvolver e manter sistema intersetorial e integrado de

informações, envolvendo os órgãos e as entidades da Administração Direta e Indireta do Estado.

Art. 10 - Poderão ser firmados, para a execução das ações previstas nesta Lei, convênios,

acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres com órgãos e entidades da

Administração Pública Federal ou Municipal e entidades privadas, na forma da legislação

vigente.

Art. 11 - O Estado da Bahia, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação,

Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - SEAGRI e da Secretaria de Promoção da Igualdade

Racial - SEPROMI, fica autorizado a promover, no orçamento vigente, as alterações necessárias

ao cumprimento desta Lei.

Art. 12 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 11 de outubro de 2013.

JAQUES WAGNER

Governador

Rui Costa

Secretário da Casa Civil Eduardo Seixas de Salles

Secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura

Elias de Oliveira Sampaio

Secretário de Promoção da Igualdade Racial

Eugênio Spengler

Secretário do Meio Ambiente

Antônio Albino Canelas Rubim

Secretário de Cultura

Edelvino da Silva Góes Filho

Secretário da Administração em exercício

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C) DECRETO FEDERAL

Nº 4.887/2003 (Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento,

delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das

comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do ADCT)

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, incisos IV e

VI, alínea "a", da Constituição e de acordo com o disposto no art. 68 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias, DECRETA:

Art. 1

o Os procedimentos administrativos para a identificação, o reconhecimento, a delimitação,

a demarcação e a titulação da propriedade definitiva das terras ocupadas por remanescentes das

comunidades dos quilombos, de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias, serão procedidos de acordo com o estabelecido neste Decreto.

Art. 2

o Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste

Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica

própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra

relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

§ 1

o Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos

quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade.

§ 2

o São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para

a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural.

§ 3

o Para a medição e demarcação das terras, serão levados em consideração critérios de

territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos, sendo facultado

à comunidade interessada apresentar as peças técnicas para a instrução procedimental.

Art. 3

o Compete ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação,

demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos

quilombos, sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

§ 1

o O INCRA deverá regulamentar os procedimentos administrativos para identificação,

reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes

das comunidades dos quilombos, dentro de sessenta dias da publicação deste Decreto.

§ 2

o Para os fins deste Decreto, o INCRA poderá estabelecer convênios, contratos, acordos e

instrumentos similares com órgãos da administração pública federal, estadual, municipal, do

Distrito Federal, organizações não-governamentais e entidades privadas, observada a legislação

pertinente.

§ 3

o O procedimento administrativo será iniciado de ofício pelo INCRA ou por requerimento de

qualquer interessado.

§ 4

o A autodefinição de que trata o § 1

o do art. 2

o deste Decreto será inscrita no Cadastro Geral

junto à Fundação Cultural Palmares, que expedirá certidão respectiva na forma do regulamento.

Art. 4

o Compete à Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da

Presidência da República, assistir e acompanhar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o

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INCRA nas ações de regularização fundiária, para garantir os direitos étnicos e territoriais dos

remanescentes das comunidades dos quilombos, nos termos de sua competência legalmente

fixada.

Art. 5

o Compete ao Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, assistir e

acompanhar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o INCRA nas ações de regularização

fundiária, para garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades

dos quilombos, bem como para subsidiar os trabalhos técnicos quando houver contestação ao

procedimento de identificação e reconhecimento previsto neste Decreto.

Art. 6

o Fica assegurada aos remanescentes das comunidades dos quilombos a participação em

todas as fases do procedimento administrativo, diretamente ou por meio de representantes por

eles indicados.

Art. 7

o O INCRA, após concluir os trabalhos de campo de identificação, delimitação e

levantamento ocupacional e cartorial, publicará edital por duas vezes consecutivas no Diário

Oficial da União e no Diário Oficial da unidade federada onde se localiza a área sob estudo,

contendo as seguintes informações:

I - denominação do imóvel ocupado pelos remanescentes das comunidades dos quilombos;

II - circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel;

III - limites, confrontações e dimensão constantes do memorial descritivo das terras a serem

tituladas; e

IV - títulos, registros e matrículas eventualmente incidentes sobre as terras consideradas

suscetíveis de reconhecimento e demarcação.

§ 1

o A publicação do edital será afixada na sede da prefeitura municipal onde está situado o

imóvel.

§ 2

o O INCRA notificará os ocupantes e os confinantes da área delimitada.

Art. 8

o Após os trabalhos de identificação e delimitação, o INCRA remeterá o relatório técnico

aos órgãos e entidades abaixo relacionados, para, no prazo comum de trinta dias, opinar sobre as

matérias de suas respectivas competências:

I - Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional - IPHAN;

II - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

III - Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

IV - Fundação Nacional do Índio - FUNAI;

V - Secretaria Executiva do Conselho de Defesa Nacional;

VI - Fundação Cultural Palmares.

Parágrafo único. Expirado o prazo e não havendo manifestação dos órgãos e entidades, dar-se-á

como tácita a concordância com o conteúdo do relatório técnico.

Art. 9

o Todos os interessados terão o prazo de noventa dias, após a publicação e notificações a

que se refere o art. 7o, para oferecer contestações ao relatório, juntando as provas pertinentes.

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Parágrafo único. Não havendo impugnações ou sendo elas rejeitadas, o INCRA concluirá o

trabalho de titulação da terra ocupada pelos remanescentes das comunidades dos quilombos.

Art. 10. Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos

incidirem em terrenos de marinha, marginais de rios, ilhas e lagos, o INCRA e a Secretaria do

Patrimônio da União tomarão as medidas cabíveis para a expedição do título.

Art. 11. Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos

estiverem sobrepostas às unidades de conservação constituídas, às áreas de segurança nacional,

à faixa de fronteira e às terras indígenas, o INCRA, o IBAMA, a Secretaria-Executiva do

Conselho de Defesa Nacional, a FUNAI e a Fundação Cultural Palmares tomarão as medidas

cabíveis visando garantir a sustentabilidade destas comunidades, conciliando o interesse do

Estado.

Art. 12. Em sendo constatado que as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos

quilombos incidem sobre terras de propriedade dos Estados, do Distrito Federal ou dos

Municípios, o INCRA encaminhará os autos para os entes responsáveis pela titulação.

Art. 13. Incidindo nos territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos

título de domínio particular não invalidado por nulidade, prescrição ou comisso, e nem tornado

ineficaz por outros fundamentos, será realizada vistoria e avaliação do imóvel, objetivando a

adoção dos atos necessários à sua desapropriação, quando couber.

§ 1

o Para os fins deste Decreto, o INCRA estará autorizado a ingressar no imóvel de

propriedade particular, operando as publicações editalícias do art. 7o efeitos de comunicação

prévia.

§ 2

o O INCRA regulamentará as hipóteses suscetíveis de desapropriação, com obrigatória

disposição de prévio estudo sobre a autenticidade e legitimidade do título de propriedade,

mediante levantamento da cadeia dominial do imóvel até a sua origem.

Art. 14. Verificada a presença de ocupantes nas terras dos remanescentes das comunidades dos

quilombos, o INCRA acionará os dispositivos administrativos e legais para o reassentamento

das famílias de agricultores pertencentes à clientela da reforma agrária ou a indenização das

benfeitorias de boa-fé, quando couber.

Art. 15. Durante o processo de titulação, o INCRA garantirá a defesa dos interesses dos

remanescentes das comunidades dos quilombos nas questões surgidas em decorrência da

titulação das suas terras.

Art. 16. Após a expedição do título de reconhecimento de domínio, a Fundação Cultural

Palmares garantirá assistência jurídica, em todos os graus, aos remanescentes das comunidades

dos quilombos para defesa da posse contra esbulhos e turbações, para a proteção da integridade

territorial da área delimitada e sua utilização por terceiros, podendo firmar convênios com

outras entidades ou órgãos que prestem esta assistência.

Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares prestará assessoramento aos órgãos da

Defensoria Pública quando estes órgãos representarem em juízo os interesses dos remanescentes

das comunidades dos quilombos, nos termos do art. 134 da Constituição.

Art. 17. A titulação prevista neste Decreto será reconhecida e registrada mediante outorga de

título coletivo e pró-indiviso às comunidades a que se refere o art. 2o,caput, com obrigatória

inserção de cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade e de impenhorabilidade.

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Parágrafo único. As comunidades serão representadas por suas associações legalmente

constituídas.

Art. 18. Os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos

quilombos, encontrados por ocasião do procedimento de identificação, devem ser comunicados

ao IPHAN.

Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares deverá instruir o processo para fins de registro

ou tombamento e zelar pelo acautelamento e preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Art. 19. Fica instituído o Comitê Gestor para elaborar, no prazo de noventa dias, plano de

etnodesenvolvimento, destinado aos remanescentes das comunidades dos quilombos, integrado

por um representante de cada órgão a seguir indicado:

I - Casa Civil da Presidência da República;

II - Ministérios:

a) da Justiça;

b) da Educação;

c) do Trabalho e Emprego;

d) da Saúde;

e) do Planejamento, Orçamento e Gestão;

f) das Comunicações;

g) da Defesa;

h) da Integração Nacional;

i) da Cultura;

j) do Meio Ambiente;

k) do Desenvolvimento Agrário;

l) da Assistência Social;

m) do Esporte;

n) da Previdência Social;

o) do Turismo;

p) das Cidades;

III - do Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à

Fome;

IV - Secretarias Especiais da Presidência da República:

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a) de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;

b) de Aqüicultura e Pesca; e

c) dos Direitos Humanos.

§ 1

o O Comitê Gestor será coordenado pelo representante da Secretaria Especial de Políticas de

§ 2

o Os representantes do Comitê Gestor serão indicados pelos titulares dos órgãos referidos

nos incisos I a IV e designados pelo Secretário Especial de Políticas de Promoção da Igualdade

Racial.

§ 3

o A participação no Comitê Gestor será considerada prestação de serviço público relevante,

não remunerada.

Art. 20. Para os fins de política agrícola e agrária, os remanescentes das comunidades dos

quilombos receberão dos órgãos competentes tratamento preferencial, assistência técnica e

linhas especiais de financiamento, destinados à realização de suas atividades produtivas e de

infra-estrutura.

Art. 21. As disposições contidas neste Decreto incidem sobre os procedimentos administrativos

de reconhecimento em andamento, em qualquer fase em que se encontrem.

Parágrafo único. A Fundação Cultural Palmares e o INCRA estabelecerão regras de transição

para a transferência dos processos administrativos e judiciais anteriores à publicação deste

Decreto.

Art. 22. A expedição do título e o registro cadastral a ser procedido pelo INCRA far-se-ão sem

ônus de qualquer espécie, independentemente do tamanho da área.

Parágrafo único. O INCRA realizará o registro cadastral dos imóveis titulados em favor dos

remanescentes das comunidades dos quilombos em formulários específicos que respeitem suas

características econômicas e culturais.

Art. 23. As despesas decorrentes da aplicação das disposições contidas neste Decreto correrão à

conta das dotações orçamentárias consignadas na lei orçamentária anual para tal finalidade,

observados os limites de movimentação e empenho e de pagamento.

Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 25. Revoga-se o Decreto no 3.912, de 10 de setembro de 2001.

Brasília, 20 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Gilberto Gil

Miguel Soldatelli Rossetto

José Dirceu de Oliveira e Silva

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N° 6.040/2007 (Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,

alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1

o Fica instituída a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais - PNPCT, na forma do Anexo a este Decreto.

Art. 2

o Compete à Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais - CNPCT, criada pelo Decreto de 13 de julho de 2006, coordenar a

implementação da Política Nacional para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais.

Art. 3

o Para os fins deste Decreto e do seu Anexo compreende-se por:

I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem

como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e

recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e

econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pelatradição;

II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica

dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou

temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente,

o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias e demais regulamentações; e

III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a

melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as

gerações futuras.

Art. 4

o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 7 de fevereiro de 2007; 186

o da Independência e 119

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Patrus Ananias

Marina Silva

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ANEXO

POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

PRINCÍPIOS

Art. 1º As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da Política Nacional de

Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais deverão ocorrer de forma

intersetorial, integrada, coordenada, sistemática e observar os seguintes princípios:

I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos

povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta, dentre outros aspectos, os recortes

etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais,

entre outros, bem como a relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não

desrespeitar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos

ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade;

II - a visibilidade dos povos e comunidades tradicionais deve se expressar por meio do pleno e

efetivo exercício da cidadania;

III - a segurança alimentar e nutricional como direito dos povos e comunidades tradicionais ao

acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares

promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,

econômica e socialmente sustentáveis;

IV - o acesso em linguagem acessível à informação e ao conhecimento dos documentos

produzidos e utilizados no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos

Povos e Comunidades Tradicionais;

V - o desenvolvimento sustentável como promoção da melhoria da qualidade de vida dos povos

e comunidades tradicionais nas gerações atuais, garantindo as mesmas possibilidades para as

gerações futuras e respeitando os seus modos de vida e as suas tradições;

VI - a pluralidade socioambiental, econômica e cultural das comunidades e dos povos

tradicionais que interagem nos diferentes biomas e ecossistemas, sejam em áreas rurais ou

urbanas;

VII - a promoção da descentralização e transversalidade das ações e da ampla participação da

sociedade civil na elaboração, monitoramento e execução desta Política a ser implementada

pelas instâncias governamentais;

VIII - o reconhecimento e a consolidação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais;

IX - a articulação com as demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos Povos e

Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas de governo;

X - a promoção dos meios necessários para a efetiva participação dos Povos e Comunidades

Tradicionais nas instâncias de controle social e nos processos decisórios relacionados aos seus

direitos e interesses;

XI - a articulação e integração com o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;

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XII - a contribuição para a formação de uma sensibilização coletiva por parte dos órgãos

públicos sobre a importância dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e

do controle social para a garantia dos direitos dos povos e comunidades tradicionais;

XIII - a erradicação de todas as formas de discriminação, incluindo o combate à intolerância

religiosa; e

XIV - a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a memória

cultural e a identidade racial e étnica.

OBJETIVO GERAL

Art. 2

o A PNPCT tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sustentável dos

Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia

dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e

valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Art. 3

o São objetivos específicos da PNPCT:

I - garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos

naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;

II - solucionar e/ou minimizar os conflitos gerados pela implantação de Unidades de

Conservação de Proteção Integral em territórios tradicionais e estimular a criação de Unidades

de Conservação de Uso Sustentável;

III - implantar infra-estrutura adequada às realidades sócio-culturais e demandas dos povos e

comunidades tradicionais;

IV - garantir os direitos dos povos e das comunidades tradicionais afetados direta ou

indiretamente por projetos, obras e empreendimentos;

V - garantir e valorizar as formas tradicionais de educação e fortalecer processos dialógicos

como contribuição ao desenvolvimento próprio de cada povo e comunidade, garantindo a

participação e controle social tanto nos processos de formação educativos formais quanto nos

não-formais;

VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identificação dos povos e comunidades tradicionais, de

modo que possam ter acesso pleno aos seus direitos civis individuais e coletivos;

VII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso aos serviços de saúde de qualidade

e adequados às suas características sócio-culturais, suas necessidades e demandas, com ênfase

nas concepções e práticas da medicina tradicional;

VIII - garantir no sistema público previdenciário a adequação às especificidades dos povos e

comunidades tradicionais, no que diz respeito às suas atividades ocupacionais e religiosas e às

doenças decorrentes destas atividades;

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IX - criar e implementar, urgentemente, uma política pública de saúde voltada aos povos e

comunidades tradicionais;

X - garantir o acesso às políticas públicas sociais e a participação de representantes dos povos e

comunidades tradicionais nas instâncias de controle social;

XI - garantir nos programas e ações de inclusão social recortes diferenciados voltados

especificamente para os povos e comunidades tradicionais;

XII - implementar e fortalecer programas e ações voltados às relações de gênero nos povos e

comunidades tradicionais, assegurando a visão e a participação feminina nas ações

governamentais, valorizando a importância histórica das mulheres e sua liderança ética e social;

XIII - garantir aos povos e comunidades tradicionais o acesso e a gestão facilitados aos recursos

financeiros provenientes dos diferentes órgãos de governo;

XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos concernentes aos povos e

comunidades tradicionais, sobretudo nas situações de conflito ou ameaça à sua integridade;

XV - reconhecer, proteger e promover os direitos dos povos e comunidades tradicionais sobre

os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais;

XVI - apoiar e garantir o processo de formalização institucional, quando necessário,

considerando as formas tradicionais de organização e representação locais; e

XVII - apoiar e garantir a inclusão produtiva com a promoção de tecnologias sustentáveis,

respeitando o sistema de organização social dos povos e comunidades tradicionais, valorizando

os recursos naturais locais e práticas, saberes e tecnologias tradicionais.

DOS INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Art. 4

o São instrumentos de implementação da Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais:

I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais;

II - a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais, instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;

III - os fóruns regionais e locais; e

IV - o Plano Plurianual.

DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Art. 5

o Os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais têm

por objetivo fundamentar e orientar a implementação da PNPCT e consistem no conjunto das

ações de curto, médio e longo prazo, elaboradas com o fim de implementar, nas diferentes

esferas de governo, os princípios e os objetivos estabelecidos por esta Política:

I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais poderão

ser estabelecidos com base em parâmetros ambientais, regionais, temáticos, étnico-socio-

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culturais e deverão ser elaborados com a participação eqüitativa dos representantes de órgãos

governamentais e dos povos e comunidades tradicionais envolvidos;

II - a elaboração e implementação dos Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais poderá se dar por meio de fóruns especialmente criados para esta

finalidade ou de outros cuja composição, área de abrangência e finalidade sejam compatíveis

com o alcance dos objetivos desta Política; e

III - o estabelecimento de Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais não é limitado, desde que respeitada a atenção equiparada aos diversos segmentos

dos povos e comunidades tradicionais, de modo a não convergirem exclusivamente para um

tema, região, povo ou comunidade.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 6

o A Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais deverá, no âmbito de suas competências e no prazo máximo de noventa dias:

I - dar publicidade aos resultados das Oficinas Regionais que subsidiaram a construção da

PNPCT, realizadas no período de 13 a 23 de setembro de 2006;

II - estabelecer um Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável para os Povos e

Comunidades Tradicionais, o qual deverá ter como base os resultados das Oficinas Regionais

mencionados no inciso I; e

III - propor um Programa Multi-setorial destinado à implementação do Plano Nacional

mencionado no inciso II no âmbito do Plano Plurianual.

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Nº 6.992/2009. Regulamenta a Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor sobre a

regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito da

Amazônia Legal, definida pela Lei Complementar nº 124, de 3 de janeiro de 2007, e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV,

da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009,

DECRETA:

Art. 1

o Este Decreto regulamenta a Lei n

o 11.952, de 25 de junho de 2009, para dispor sobre a

regularização fundiária das áreas rurais situadas em terras da União, no âmbito da Amazônia

Legal, definida pela Lei Complementar no 124, de 3 de janeiro de 2007.

Parágrafo único. Este Decreto aplica-se subsidiariamente a outras áreas não descritas no art. 3º

da Lei nº 11.952, de 2009, sob domínio da União na Amazônia Legal, que serão regularizadas

por meio dos instrumentos previstos na legislação patrimonial.

Art. 2

o Para ser beneficiário da regularização fundiária prevista no art. 1

o, o ocupante e seu

cônjuge ou companheiro deverão atender aos requisitos do art. 5º da Lei nº 11.952, de 2009.

Art. 3o A regularização fundiária de ocupações incidentes em terras públicas rurais da União

ocorrerá de acordo com o seguinte procedimento:

I - cadastramento das ocupações e identificação ocupacional por Município ou por gleba,

conforme procedimento a ser definido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário;

II - elaboração de memorial descritivo dos perímetros das ocupações, com a devida Anotação de

Responsabilidade Técnica - ART, por profissional habilitado e credenciado no Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, contendo as coordenadas dos vértices

definidores dos limites do imóvel rural, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro; e

III - formalização de processo administrativo previamente à titulação, instruído com os documentos

e peças técnicas descritos nos incisos I e II e aprovado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário,

a partir dos critérios previstos na Lei nº 11.952, de 2009, e nas demais normas aplicáveis a cada

caso.

§ 1

o O cadastramento será feito por meio de formulário de declaração preenchido e assinado pelo

requerente, acompanhado de fotocópia de sua Carteira de Identidade e do Cadastro de Pessoas

Físicas, além de outros documentos a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

§ 2

o O formulário de declaração deverá conter informações sobre os dados pessoais do

ocupante e do cônjuge ou companheiro, área e localização do imóvel, tempo de ocupação direta

ou de seus antecessores, atividade econômica desenvolvida no imóvel e complementar,

existência de conflito agrário ou fundiário e outras informações a serem definidas pelo

Ministério do Desenvolvimento Agrário.

§ 3

o O cadastramento das ocupações não implicará reconhecimento de qualquer direito real

sobre a área.

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§ 4o As peças técnicas apresentadas pelo ocupante serão recepcionadas, analisadas e, caso

atendam aos requisitos normativos, validadas.

§ 5

o O profissional habilitado a elaborar o memorial descritivo, nos termos do art. 9º da Lei nº

11.952, de 2009, é aquele credenciado junto ao INCRA para a execução de serviços de

agrimensura necessários à implementação do CNIR - Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, e

demais serviços que objetivem a elaboração de memoriais descritivos destinados à composição

da malha fundiária nacional com finalidade de registro imobiliário, conforme ato normativo

específico.

§ 6

o O memorial descritivo elaborado pelo profissional habilitado de que trata o § 5

o será

submetido ao INCRA para validação.

§ 7

o Os serviços técnicos e os atos administrativos previstos neste artigo poderão ser praticados

em parceria com os Estados e Municípios.

Art. 4

o Identificada a existência de disputas em relação aos limites das ocupações, o órgão

executor buscará acordo entre os ocupantes, observado o disposto noart. 8º da Lei nº 11.952, de

2009.

§ 1o Alcançado o acordo, os ocupantes assinarão declaração escrita concordando com os limites

a serem demarcados.

§ 2

o Não havendo acordo entre os ocupantes em disputa, a regularização das ocupações em

conflito será suspensa para decisão administrativa do órgão executor da regularização fundiária,

nos termos de procedimento a ser definido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Art. 5

o Não será obrigatória a vistoria prévia à regularização dos imóveis de até quatro módulos

fiscais, nos termos do art. 13 da Lei nº 11.952, de 2009, salvo nos casos em que:

I - o ocupante tenha sido autuado:

a) por infrações ambientais junto ao órgão ambiental competente;

b) por manter em sua propriedade trabalhadores em condições análogas às de escravo;

II - o cadastramento previsto no art. 3o tenha sido realizado por meio de procuração;

III - houver conflito declarado no ato de cadastramento previsto no art. 3o ou registrado junto a

Ouvidoria Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário;

IV - outras razões estabelecidas em ato do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ouvido o

comitê referido no art. 35 da Lei nº 11.952, de 2009.

Art. 6o Para áreas de até quatro módulos fiscais, os requisitos previstos no art. 5º da Lei nº

11.952, de 2009, serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente e de seu

cônjuge ou companheiro, sob as penas da lei:

I - de que não são proprietários de outro imóvel rural em qualquer parte do território nacional e

não foram beneficiários de programa de reforma agrária ou de regularização fundiária rural;

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II - de que exercem ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si ou por seus

antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004;

III - de que praticam cultura efetiva;

IV - de que não exercem cargo ou emprego público no INCRA, no Ministério do

Desenvolvimento Agrário, na Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão, ou nos órgãos estaduais de terras.

Art. 7

o A regularização fundiária de ocupações incidentes em terras públicas rurais da União

com área superior a quatro e até o limite de quinze módulos fiscais, não superior a mil e

quinhentos hectares, obedecerá aos seguintes requisitos:

I - declaração firmada pelo requerente e seu cônjuge ou companheiro, sob as penas da lei, de

que preenchem os requisitos previstos nos incisos I e IV do art. 6o;

II - elaboração de laudo de vistoria da ocupação, subscrita por profissional regularmente

habilitado do Poder Executivo Federal ou por outro profissional habilitado em razão de

convênio, acordo ou instrumento similar firmado com órgão ou entidade da administração

pública da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios; e

III - apresentação de documentos, a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento

Agrário, que comprovem o exercício de ocupação e exploração direta, mansa e pacífica, por si

ou por seus antecessores, anterior a 1o de dezembro de 2004.

Parágrafo único. Na impossibilidade de apresentação dos documentos a que se refere o inciso

III, a verificação poderá ocorrer por meio de laudo de vistoria.

Art. 8

o As áreas ocupadas insuscetíveis de regularização por excederem os limites previstos

no § 1o do art. 6

o da Lei n

o 11.952, de 2009, poderão ser objeto de titulação parcial, de área de

até quinze módulos fiscais, observado o limite máximo de mil e quinhentos hectares.

§ 1

o A opção pela titulação, nos termos do caput, será condicionada à desocupação da área

excedente.

§ 2

o Ao valor do imóvel serão acrescidos os custos relativos à execução dos serviços

topográficos, se executados pelo poder público.

Art. 9

o Caso o requerente exerça cargo ou emprego público não referido no art. 5

o, § 1

o, da Lei

no 11.952, de 2009, deverá apresentar declaração de que atende aos requisitos previstos

nos incisos II, III e IV do art. 3o da Lei n

o 11.326, de 24 de julho de 2006.

Art. 10. O Ministério do Desenvolvimento Agrário definirá as glebas a serem regularizadas

após consulta à Secretaria do Patrimônio da União, à Fundação Nacional do Índio - FUNAI, ao

Serviço Florestal Brasileiro, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -

Instituto Chico Mendes e aos órgãos ambientais estaduais.

§ 1

o O Ministério do Desenvolvimento Agrário notificará os órgãos mencionados no caput,

encaminhando arquivo eletrônico contendo a identificação do perímetro da gleba, apurado nos

termos do art. 3o, inciso II, deste Decreto.

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§ 2o Os órgãos consultados poderão se manifestar sobre eventual interesse na área, no prazo

máximo de trinta dias, importando o silêncio na ausência de oposição à regularização.

§ 3

o A manifestação dos órgãos deverá demonstrar a existência de interesse ou vínculo da área

a ser regularizada com o desenvolvimento de suas atribuições, observadas suas respectivas

competências.

§ 4

o Havendo oposição dos órgãos previstos no caput e persistindo o interesse do Ministério do

Desenvolvimento Agrário na regularização fundiária da gleba, caberá ao Grupo Executivo

Intergovernamental, previsto no Decreto de 27 de abril de 2009, dirimir o conflito em torno da

regularização.

§ 5

o O Conselho de Defesa Nacional deverá ser consultado quando a regularização versar sobre

áreas localizadas em faixa de fronteira, podendo fixar critérios e condições de utilização e

opinar sobre o seu efetivo uso, no prazo de trinta dias.

Art. 11. Caso a gleba a ser regularizada abranja terrenos de marinha, marginais ou reservados,

seus acrescidos ou outras áreas insuscetíveis de alienação não demarcadas, caberá à Secretaria

do Patrimônio da União delimitar a faixa da gleba que não será suscetível à alienação.

Art. 12. Para delimitação da faixa prevista no art. 11, a Secretaria do Patrimônio da União

instituirá comissão composta por servidores dela integrantes.

§ 1

o Poderão ser convidados para participar da comissão prevista no caput, representantes do

Ministério do Desenvolvimento Agrário e de outros órgãos públicos envolvidos no processo de

regularização fundiária.

§ 2

o A faixa prevista no art. 11 será definida em cada uma das glebas e se estenderá até o limite

de quinze metros, para as áreas localizadas em terrenos marginais, e trinta e três metros, para as

áreas localizadas em terrenos de marinha, a partir da linha das cheias dos rios federais ou da

linha de preamar máxima, conforme o caso.

§ 3

o Para definição da faixa prevista no § 2

o, deverão ser desconsiderados os aterros e

acrescidos.

§ 4

o A delimitação prevista no caput será elaborada a partir da planta e memorial descritivo

georreferenciado da gleba a ser regularizada, que serão encaminhados à comissão de que trata

o caput pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Art. 13. A regularização das ocupações inseridas, total ou parcialmente, na faixa prevista no art.

11 será efetivada pela Secretaria do Patrimônio da União, por meio da outorga de título de

concessão de direito real de uso, nos termos da legislação específica.

§ 1

o O Ministério do Desenvolvimento Agrário disponibilizará à Secretaria do Patrimônio da

União os dados cadastrais dos ocupantes e geoespaciais das ocupações, visando subsidiar a

expedição dos contratos de concessão de direito real de uso.

§ 2

o Fica a Secretaria do Patrimônio da União autorizada a outorgar a concessão de direito real

de uso de que trata o art. 4o, § 1

o, da Lei n

o 11.952, de 2009.

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§ 3o A Secretaria de Patrimônio da União deverá estabelecer normas complementares sobre os

requisitos e condições para a outorga da concessão de direito real de uso, de que trata o art. 4º, §

1º, da Lei nº 11.952, de 2009.

Art. 14. Os títulos de domínio e de concessão de direito real de uso serão expedidos:

I - em nome da mulher e do homem, obrigatoriamente, quando casados ou convivendo em

regime de união estável;

II - em nome dos conviventes, havendo união homoafetiva; e

III - preferencialmente em nome da mulher, nos demais casos.

Art. 15. O título de domínio ou o termo de concessão de direito real de uso deverão conter

cláusulas sob condição resolutiva pelo prazo de dez anos, que determinem:

I - o aproveitamento racional e adequado da área;

II - a averbação da reserva legal, incluída a possibilidade de compensação na forma da

legislação ambiental;

III - a identificação das áreas de preservação permanente e, quando couber, o compromisso para

sua recuperação na forma da legislação vigente;

IV - a observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

V - as condições e forma de pagamento; e

VI - a recuperação ambiental de áreas degradadas, localizadas na reserva legal e nas áreas de

preservação permanente, observadas as normas técnicas definidas pelo Ministério do Meio

Ambiente.

§ 1

o O aproveitamento racional e adequado da área será aferido em conformidade com o art. 9

o,

§ 1o, da Lei n

o 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.

§ 2

o Quando se tratar da hipótese prevista no § 6

o do art. 16 da Lei n

o 4.771, de 15 de setembro

de 1965, a averbação de reserva legal deverá informar o percentual relativo ao cômputo de áreas

de preservação permanente no cálculo da reserva legal.

§ 3

o As áreas de preservação permanente e de reserva legal deverão ser indicadas pelo

beneficiário junto a sistema eletrônico de identificação georreferenciada da propriedade rural,

para fins de controle e monitoramento.

§ 4

o Na hipótese de pagamento por prazo superior a dez anos, a eficácia da cláusula resolutiva

prevista no inciso V do caput estender-se-á até a integral quitação.

§ 5

o Verificado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário ou, se for o caso, pela Secretaria

do Patrimônio da União, durante o prazo estabelecido no caput, o não cumprimento dos incisos

I a VII, o ocupante será notificado para adequação junto ao órgão competente, quando cabível.

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§ 6o Quando a violação de cláusula resolutiva for identificada por outro órgão ou entidade, o

Ministério do Desenvolvimento Agrário ou a Secretaria do Patrimônio da União, quando for o

caso, deverão ser informados para que seja instaurado procedimento administrativo destinado à

declaração de reversão do imóvel ao patrimônio da União.

§ 7

o O descumprimento das condições resolutivas pelo titulado ou, na hipótese prevista pelo §

4o do art. 15 da lei n

o 11.952, de 2009, pelo terceiro adquirente implicará rescisão do título de

domínio ou do termo de concessão de direito real de uso, com a conseqüente reversão da área

em favor da União, declarada em processo administrativo, assegurada a ampla defesa e o

contraditório.

§ 8

o Na hipótese de reversão da área ocupada, o Ministério do Desenvolvimento Agrário

notificará a Secretaria do Patrimônio da União e o INCRA para sua incorporação.

Art. 16. O desmatamento que vier a ser considerado irregular em áreas de preservação

permanente ou de reserva legal durante a vigência das cláusulas resolutivas, após processo

administrativo, em que tiver sido assegurada a ampla defesa e o contraditório, implica rescisão

do título de domínio ou termo de concessão com a conseqüente reversão da área em favor da

União.

§ 1

o O processo administrativo para apuração de desmatamento irregular em áreas de

preservação permanente ou de reserva legal tramitará no órgão ambiental competente, que, após

conclusão, comunicará o fato ao Ministério do Meio Ambiente e este representará ao Ministério

do Desenvolvimento Agrário para adotar as medidas de que trata o § 7o do art. 15, que não terá

por objeto a existência da infração ambiental.

§ 2

o A regularidade ambiental do imóvel, para fins de cumprimento das cláusulas resolutivas,

será atestada por meio de certidão expedida pelos órgãos ambientais competentes.

§ 3

o O Ministério do Desenvolvimento Agrário poderá celebrar acordos de cooperação com os

órgãos de meio ambiente, visando estabelecer mecanismos de comunicação de infrações

ambientais.

Art. 17. Os títulos concedidos nos termos deste Decreto serão inalienáveis pelo prazo de dez

anos, decorridos da titulação, ressalvado o caso das áreas superiores a quatro módulos fiscais,

que poderão ser transferidos a terceiros, decorridos três anos da titulação, desde que o

beneficiário originário esteja cumprindo as cláusulas resolutivas, a transferência seja aprovada

pelo órgão expedidor do título e o terceiro interessado preencha os seguintes requisitos:

I - ser brasileiro nato ou naturalizado;

II - sendo proprietário rural, a soma das áreas de sua titularidade com a área a ser adquirida não

poderá ultrapassar o limite de quinze módulos fiscais, observado, ainda, o limite máximo de mil

e quinhentos hectares;

III - não estar inadimplente com programa de reforma agrária ou de regularização fundiária de

área rural; e

IV - não exercer cargo ou emprego público no INCRA, no Ministério do Desenvolvimento

Agrário, na Secretaria de Patrimônio da União ou nos órgãos estaduais de terras.

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§ 1o O terceiro que preencha os requisitos previstos no caput terá direito à aquisição, desde que

observadas as seguintes condições:

I - quitação total do valor do imóvel;

II - apresentação, pelo beneficiário, de laudo formulado por profissional habilitado, com a

devida ART, conclusivo quanto à adimplência das demais cláusulas resolutivas, válido por um ano;

III - averbação da reserva legal; e

IV - vistoria administrativa, a critério do Ministério do Desenvolvimento Agrário ou da

Secretaria de Patrimônio da União.

§ 2

o As transferências dos títulos ocorridas antes da liberação das condições resolutivas serão

precedidas de anuência dos órgãos expedidores, na forma no § 1o.

§ 3

o Durante o período em que os títulos forem intransferíveis, os imóveis não poderão ser

objeto de nenhum direito real de garantia, salvo nas operações de crédito rural.

§ 4

o O terceiro adquirente sucede o titulado em todas as obrigações contidas no título pelo

restante do prazo previsto para a liberação das cláusulas resolutivas contidas no art. 15.

§ 5

o O beneficiário que transferir ou negociar por qualquer meio o título obtido nos termos

da Lei no 11.952, de 2009, não poderá ser beneficiado novamente em programas de reforma

agrária ou de regularização fundiária.

Art. 18. Serão gratuitas a alienação e a concessão de direito real de uso de áreas de até um

módulo fiscal, desde que observados os demais requisitos previstos neste Decreto.

Art. 19. A fixação do valor a ser cobrado pela alienação ou concessão de direito real de uso terá

como referência o valor mínimo da terra nua, estabelecido na planilha referencial de preços

editada pelo INCRA.

§ 1

o Para fins deste artigo, serão aplicados índices de adequação de preço sobre o valor de

referência, a serem definidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário ou pela Secretaria de

Patrimônio da União, no exercício da respectiva competência, segundo os seguintes critérios:

I - para ancianidade, será considerada a data da ocupação originária;

II - para especificidades regionais, serão considerados a localização e acesso de cada imóvel em

relação à sede do Município ou Distrito mais próximo; e

III - para dimensão da área, será considerada a sua quantificação em número de módulos

fiscais.

§ 2

o Os índices a que se refere o § 1

o poderão ser diferenciados para os imóveis acima de um e

até quatro módulos fiscais.

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§ 3o A concessão de direito real de uso onerosa terá seu preço fixado em, no máximo, sessenta

por cento e, no mínimo, quarenta por cento do valor da terra nua estabelecido na planilha

prevista no caput.

Art. 20. O valor do imóvel será pago pelo beneficiário da regularização fundiária em prestações

anuais, amortizáveis em até vinte anos, com carência de até três anos.

§ 1

o O pagamento deverá ser feito mediante guia de recolhimento da União ou outro instrumento

decorrente de convênio ou contrato firmado com instituições financeiras.

§ 2

o Sobre o valor fixado incidirão os mesmos encargos financeiros adotados para o crédito

rural oficial, bem como os respectivos bônus de adimplência, na forma definida pelo Ministério

do Desenvolvimento Agrário e pela Secretaria de Patrimônio da União, no exercício de suas

competências, respeitadas as diferenças referentes ao enquadramento dos beneficiários nas

linhas de crédito disponíveis por ocasião da fixação do valor do imóvel.

Art. 21. No caso de pagamento à vista, o beneficiário da regularização receberá desconto de

vinte por cento sobre o valor do imóvel, nos termos do art. 17, § 2o, da Lei n

o 11.952, de 2009.

Art. 22. No caso de inadimplemento de contrato, termo de concessão de uso ou de licença de

ocupação, firmados com o INCRA até 10 de fevereiro de 2009, o ocupante, desde que seja o

titular do imóvel, terá prazo de três anos, contados a partir de 11 de fevereiro de 2009, para

adimplir o contrato no que foi descumprido ou renegociá-lo, sob pena de ser retomada a área

ocupada.

§ 1

o O ocupante que figurar como titular do contrato referido no caput, que tenha cumprido as

cláusulas contratuais e cujo contrato originário tenha sido expedido há mais de dez anos, será

liberado das condições resolutivas ou, se for o caso, receberá o título de domínio sem condição

resolutiva.

§ 2

o No caso de inadimplemento por falta de pagamento, o ocupante originário deverá pagar o

valor devido, observados os seguintes critérios:

I - no caso de ter sido efetuado o pagamento de uma ou mais parcelas, sem quitação das demais,

será calculada a porcentagem da área paga em relação à área total alienada, a fim de se calcular

a área remanescente a ser paga conforme previsto no art. 19;

II - no caso de não ter sido paga nenhuma parcela, considerar-se-á o débito de cem por cento em

relação à área total concedida, calculado conforme previsto no art. 19.

§ 3

o Quando não houver valor estipulado nos contratos firmados com o INCRA, a fixação do

atual valor de mercado do imóvel se dará conforme dispõem os arts. 19 e 20.

§ 4

o O saldo devedor poderá ser pago de forma parcelada, observado o prazo de três anos

contados a partir de 11 de fevereiro de 2009, de maneira que a última parcela não seja posterior

a 11 de fevereiro de 2012.

Art. 23. Na ocorrência de ação judicial, que verse sobre os contratos referidos no art. 22, caput,

a regularização estará condicionada à prévia transação judicial entre as partes, desde que não

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contrarie o interesse público, devendo cada parte arcar com seus honorários e custas

processuais.

Art. 24. No caso de títulos emitidos pelo INCRA, entre maio de 2008 e fevereiro de 2009, seus

valores serão passíveis de enquadramento ao previsto nos arts. 19 e 20, desde que requerido

pelo interessado no prazo de um ano a partir da data de publicação deste Decreto.

§ 1

o Nos casos de títulos emitidos em áreas de até um módulo fiscal, o beneficiário poderá

requerer a gratuidade no prazo de um ano a partir da data de publicação deste Decreto.

§ 2

o Até que seja deferido o enquadramento, o requerente deverá continuar efetuando o

pagamento na forma estipulada originariamente no contrato.

Art. 25. Os acordos de cooperação técnica, convênios e outros instrumentos congêneres a serem

firmados entre a União, Estados e Municípios poderão ter como objeto as atividades de

geomensura, cadastramento, titulação, entre outras ações necessárias à implementação da

regularização fundiária na Amazônia Legal.

Art. 26. Os direitos decorrentes de título de domínio ou termo de concessão de direito real de

uso expedido após 11 de fevereiro de 2009 somente poderão ser cedidos após expirado o prazo

de dez anos previsto no art. 15 da Lei no 11.952, de 2009, ressalvada a hipótese do § 4

o do

mesmo artigo.

Art. 27. São nulas todas as cessões de direitos a terceiros que envolvam contratos firmados

entre o INCRA e o ocupante, efetivadas em desacordo com os prazos e restrições previstos nos

respectivos instrumentos.

§ 1

o A cessão de direitos mencionada no caput servirá somente para fins de comprovação da

ocupação atual do imóvel pelo terceiro cessionário.

§ 2

o O terceiro cessionário mencionado no § 1

o somente poderá regularizar a área ocupada nos

termos da Lei no 11.952, de 2009.

§ 3

o Os imóveis que não puderem ser regularizados na forma da Lei n

o 11.952, de 2009, serão

revertidos total ou parcialmente ao patrimônio da União.

Art. 28. O disposto neste Decreto não se aplica às alienações ou concessões de direito real de

uso precedidas de processo licitatório ocorrido após a edição da Lei no 11.952, de 2009.

Art. 29. O sistema informatizado de que trata o art. 34 da Lei n

o 11.952, de 2009, que permitirá

o acompanhamento das ações de regularização fundiária, da lista dos posseiros cadastrados, dos

dados geoespaciais dos imóveis a serem regularizados e de outras informações relevantes ao

programa, estará disponível na rede mundial de computadores, no endereço

portal.mda.gov.br/terralegal.

Parágrafo único. A regulamentação acerca do conjunto de informações constantes do sistema

informatizado será feita pelo comitê referido no art. 35 da Lei no11.952, de 2009.

Art. 30. A regularização de áreas ocupadas por comunidades de remanescentes de quilombos

será efetuada com base em norma específica.

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Art. 31. O título “SERVIÇOS COMUNS” do Anexo II do Decreto no 3.555, de 8 de agosto de

2000, passa a vigorar acrescido do seguinte item:

“38. Serviços topográficos” (NR)

Art. 32. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 28 de outubro de 2009; 188o da Independência e 121

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Paulo Bernardo Silva

Guilherme Cassel

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D) DECRETO ESTADUAL

DECRETO Nº 11.850 DE 23 DE NOVEMBRO DE 2009

Institui a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos e dispõe

sobre a identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do Estado da Bahia por

essas comunidades, de que tratam o art. 51 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias da Constituição do Estado da Bahia de 1989.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 105,

V, da Constituição do Estado da Bahia, e de acordo com o art. 51 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado da Bahia e art. 68 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República Federativa do Brasil,

considerando que o Estado da Bahia possui o maior contingente de comunidades certificadas

pela Fundação Cultural Palmares ? FCP, para as quais se faz necessária a instituição de políticas

públicas que se constituam em um processo de reparação pela dívida histórica do Estado para

com essas comunidades negras na diáspora;

considerando que o aludido art. 51 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição do

Estado da Bahia é norma constitucional que atribui direito e garantia fundamental, portanto

dotado de natureza auto-aplicável;

considerando que cabe ao Estado garantir a melhoria das condições de vida dessas

comunidades, através do diálogo baseado no respeito aos seus processos organizativos e às suas

práticas comunitárias, ou seja, às suas identidades e diversidades;

considerando que as ações a serem viabilizadas devam se pautar pela interação entre os

conhecimentos técnico-científicos e os conhecimentos tradicionais e comunitários, de modo a

garantir o empoderamento e a sustentabilidade das comunidades de forma coletiva e solidária,

D E C R E T A

Art. 1º - Fica instituída, nos termos deste Decreto, a Política Estadual para Comunidades

Remanescentes de Quilombos no Estado da Bahia, desenvolvida a partir de um conjunto de

ações e atividades intersetoriais sistemáticas, articuladas entre os órgãos da Administração

Direta e Indireta.

Art. 2º - A Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos tem por objetivo

geral reconhecer, promover e proteger os direitos das comunidades, respeitando suas

identidades, formas de organização e instituições.

Art. 3º - São objetivos específicos da Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos:

I -promover, com fundamento no Decreto Federal nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, o

acesso às políticas públicas sociais e de infra-estrutura, tendo em vista a sustentabilidade social,

econômica, cultural e ambiental das comunidades;

II -apoiar os processos de fortalecimento institucional, valorizando as formas de organização,

conhecimentos e práticas historicamente construídas nas comunidades;

III realizar a discriminação administrativa para identificação, delimitação e titulação das terras

devolutas estaduais ocupadas por Comunidades Remanescentes de Quilombos, que estejam

sendo por eles requeridas.

Art. 4º - Consideram-se Comunidades Remanescentes de Quilombos, para os fins deste Decreto,

os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória histórica própria,

dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada

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com a resistência à opressão histórica sofrida, nos termos do Decreto Federal nº 4.887, de 20 de

novembro de 2003.

Parágrafo único - Serão objeto da Política Estadual para Comunidades Remanescentes de

Quilombos, aquelas reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura,

nos termos do Decreto Federal nº 4.887, de 20 de novembro de 2003.

Art. 5º - A Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos será

implementada com base nos seguintes instrumentos:

I - os Planos de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis, consideradas as

especificidades das Comunidades Remanescentes de Quilombos;

II -o procedimento de discriminatória administrativa rural;

III - o Plano Plurianual - PPA.

Art. 6º - São terras devolutas ocupadas por Comunidades Remanescentes de Quilombos as

terras estaduais não destacadas do patrimônio público, desde que utilizadas para a garantia de

sua reprodução física, social, econômica e cultural, sobre as quais incidirá procedimento com

vistas à transferência da propriedade definitiva, a título gratuito.

Art. 7º - A transferência da propriedade definitiva será feita às Comunidades Remanescentes de

Quilombos que as ocupam, após o procedimento de discriminatória administrativa rural para

identificação, delimitação e titulação das terras devolutas do Estado da Bahia, na forma que a

Lei dispuser.

§ 1º - O procedimento de discriminatória administrativa rural, conforme a Lei Federal nº

6.383/76 e a Lei Estadual nº 3.038, de 10 de outubro de 1972, caberá à Secretaria da

Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, através da Coordenação de

Desenvolvimento Agrário - CDA.

§ 2º - O procedimento de discriminatória administrativa rural será iniciado de ofício pela CDA

ou por requerimento de associação interessada dirigido à Secretaria de Promoção da Igualdade -

SEPROMI.

§ 3º - Para o cumprimento da atribuição a que se refere o caput deste artigo, a SEAGRI poderá

estabelecer convênios, contratos, acordos e instrumentos similares com órgãos da administração

pública federal, estadual, municipal, do Distrito Federal, organizações não-governamentais e

entidades privadas, observada a legislação pertinente.

§ 4º - Será garantido às Comunidades Remanescentes de Quilombos o acompanhamento do procedimento de discriminatória administrativa rural.

§ 5º - As Comunidades Remanescentes de Quilombos serão representadas por suas associações

legalmente constituídas.

Art. 8º - A transferência da propriedade será reconhecida e registrada no Cartório de Imóveis

competente, em favor da associação representativa da comunidade respectiva a que se refere o

art. 4º, caput, deste Decreto, com obrigatória inserção das cláusulas de indivisibilidade,

intransferibilidade e inalienabilidade, na forma que a Lei dispuser.

CAPÍTULO I

DA IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO DAS TERRAS ESTADUAIS DEVOLUTAS

OCUPADAS POR COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS

CAPÍTULO II

DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ECONÔMICO E AMBIENTAL

SUSTENTÁVEIS DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS

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Art. 9º - Os Planos de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis para

Comunidades Remanescentes de Quilombos têm por objetivo nortear a implementação da

Política Estadual de que trata este Decreto, devendo contemplar programas, projetos e ações,

com definição de metas, recursos e responsabilidades dos órgãos públicos envolvidos na sua

execução.

Art. 10 - A dimensão da cultura imaterial, conforme definida pela política cultural do Estado,

deverá ser um dos pilares da construção dos Planos que levarão em conta os seguintes eixos,

transversalizados pelas dimensões racial, de gênero e geração:

I - qualidade de vida: educação, meio ambiente e educação ambiental, saúde, saneamento

básico, segurança alimentar, esporte e lazer, energia elétrica, infra-estrutura de estradas e meios

de transporte e habitação;

II - geração de renda com sustentabilidade ambiental: utilização da terra, infra-estrutura

produtiva, trabalho e geração de renda, assistência técnica, qualificação profissional e gerencial;

III - equidade de gênero, racial e geracional: ações voltadas para as mulheres, juventude e

idosos e enfrentamento à violência contra as mulheres;

IV - fortalecimento e empoderamento das comunidades: história, memória e cultura,

documentação e assistência social, acesso às tecnologias adaptadas, com enfoque em produção,

informação e comunicação;

V - participação e controle social: acompanhamento e monitoramento dos Planos.

Art. 11 - Os Planos poderão ser referidos a uma comunidade remanescente de quilombos ou a

um conjunto de comunidades no mesmo território, entendido este enquanto espaço necessário

para a garantia de áreas de moradia, da reprodução econômica, social e cultural, bem como dos

recursos ambientais necessários à preservação dos costumes, tradições, cultura e lazer.

Parágrafo único - Os Programas e ações específicos de cada comunidade remanescente de

quilombo serão definidos em reuniões públicas, estando garantida a sua participação em todas

as etapas de implementação.

Art. 12 - Os Planos de que trata a Política Estadual para Comunidades Remanescentes de Quilombos serão desenvolvidos e executados por um Grupo Intersetorial composto por:

I -01 (um) representante da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "I - 01 (um) representante da Secretaria de Promoção da Igualdade;"

II -01 (um) representante da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "II - 03 (três) representantes da Secretaria da Agricultura, Irrigação e

Reforma Agrária;"

III -01 (um) representante da Secretaria do Meio Ambiente;

IV -01 (um) representante da Secretaria da Saúde;

V -02 (dois) representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "V - 03 (três) representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;"

VI -01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural;

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Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "V I - 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento e

Integração Regional;"

VII -01 (um) representante da Secretaria da Educação;

VIII -01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;

IX -01 (um) representante da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte;

X -01 (um) representante da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "X - 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e

Combate à Pobreza; e"

XI -02 (dois) representantes da Secretaria de Cultura;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Redação original: "XI - 01 (um) representante da Secretaria de Cultura."

XII -01 (um) representante da Secretaria de Relações Institucionais;

XIII -01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura;

XIV -01 (um) representante da Secretaria de Planejamento;

XV -01 (um) representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres;

XVI -01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento;

XVII -01 (um ) representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico;

XVIII -01 (um) representante da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão

Rural - BAHIATER;

XIX -01 (um) representante da Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA;

XX -01 (um) representante da Companhia de Desenvolvimento a Ação Regional - CAR.

Incisos XII a XX acrescidos ao art. 12 pelo Decreto nº 16.334, de 30 de setembro de 2015.

Parágrafo único - Os membros do Grupo Intersetorial de que trata o caput deste artigo serão

indicados, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação deste Decreto, pelos

respectivos Secretários e nomeados pelo Governador do Estado.

Art. 13 - Caberá à SEPROMI:

I - a coordenação do Grupo Intersetorial responsável pela elaboração dos Planos de

Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental Sustentáveis; e

II - o monitoramento da execução de programas federais para Comunidades Remanescentes de Quilombos, no âmbito do Governo do Estado.

Art. 14 - O Grupo Intersetorial previsto no art. 12 deste Decreto apresentará, à Secretaria de

Promoção da Igualdade, as ações contempladas no Plano Plurianual - PPA para os Territórios de

Identidade onde se localizem Comunidades Remanescentes de Quilombos, com indicativo dos

recursos comprometidos ou que possam vir a ser assegurados por fontes externas.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES FINAIS

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Parágrafo único - A apresentação das ações de que trata o caput deste artigo será feita num

prazo de até 90 (noventa) dias, contados a partir da nomeação dos representantes que compõem

o Grupo Intersetorial previsto no art. 12 deste Decreto.

Art. 15 - A Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, através da

Coordenação de Desenvolvimento Agrário ? CDA, apresentará ao Chefe do Poder Executivo

instrumentos legais que se fizerem necessários ao aperfeiçoamento da legislação estadual no que

se refere às Comunidades Remanescentes de Quilombos.

Art. 16 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 17 - Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 23 de novembro de 2009.

JAQUES WAGNER

Governador

Eva Maria Cella Dal Chiavon

Secretária da Casa Civil

Luíza Helena de Bairros

Secretária de Promoção da Igualdade

Roberto de Oliveira Muniz

Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

Edmon Lopes Lucas

Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional

Jorge José Santos Pereira Solla

Secretário da Saúde

Osvaldo Barreto Filho

Secretário da Educação

Nilton Vasconcelos Júnior

Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte Juliano Sousa Matos

Secretário do Meio Ambiente

Afonso Bandeira Florence

Secretário de Desenvolvimento Urbano Valmir Carlos da Assunção

Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

Eduardo Lacerda Ramos

Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação

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DECRETO Nº 13.247 DE 30 DE AGOSTO DE 2011. Dispõe sobre a Comissão Estadual

para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais - CESPCT.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 105,

inciso V, da Constituição Estadual, e à vista do disposto no Decreto Federal nº 6.040, de 07 de

fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais,

D E C R E T A

Art. 1º - A Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais -

CESPCT é instância deliberativa, com a finalidade de coordenar a elaboração e implementação

da Política e do Plano Estadual de Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais no

Estado da Bahia.

Parágrafo único - Para fins deste Decreto, compreende-se por:

I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados, tais como povos

indígenas, povos ciganos, povos de terreiro, comunidades quilombolas, geraizeiros,

marisqueiras, comunidades de fundos e fechos de pasto, pescadores artesanais, extrativistas que

ocupam ou reivindicam seus territórios tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo

como referência sua ancestralidade e reconhecendo-se a partir de seu pertencimento baseado na

identidade étnica e na autodefinição, que conservam suas próprias instituições sociais,

econômicas, culturais e políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente,

que são determinantes na preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial,

através da sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas,

inovações e conhecimentos gerados e transmitidos pela tradição;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " I - Povos e Comunidades Tradicionais: aqueles que ocupam ou reivindicam

seus Territórios Tradicionais, de forma permanente ou temporária, tendo como referência sua

ancestralidade e reconhecendo-se a partir de seu pertencimento baseado na identidade étnica e

na auto-definição, e que conservam suas próprias instituições sociais, econômicas, culturais e

políticas, línguas específicas e relação coletiva com o meio ambiente que são determinantes na

preservação e manutenção de seu patrimônio material e imaterial, através da sua reprodução

cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando práticas, inovações e conhecimentos

gerados e transmitidos pela tradição;"

II - territórios tradicionalmente ocupados: os espaços necessários à vivência de práticas

comunitárias e ancestrais e à reprodução cultural, social e econômica dos Povos e Comunidades

Tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, que estejam ou tenham

estado na posse desses Povos e Comunidades.

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários á reprodução cultural,

social e economia dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma

permanente ou temporária, observando, no que diz respeito aos Povos Indígenas e Quilombolas,

respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição Federal e 68 do seu Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias e demis regulamentações."

Art. 2º - A CESPCT deverá, no exercício das competências previstas no art. 3º deste Decreto:

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I - considerar as especificidades sociais, econômicas, culturais e ambientais, nas quais se

encontram inseridos os povos e comunidades tradicionais, a que se destinam a Política e o Plano

Estadual de que trata o art. 1º deste Decreto;

II - apoiar a elaboração de políticas específicas para os povos e comunidades tradicionais;

III - privilegiar a participação da sociedade civil.

Art. 3º - À CESPCT compete:

I - propor princípios e diretrizes para elaboração de políticas estaduais relevantes, bem como de

políticas específicas para a sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais, observadas

as competências dos órgãos e entidades envolvidos;

II - propor plano para a articulação, execução e consolidação de políticas relevantes para a

sustentabilidade de povos e comunidades tradicionais, estimulando a descentralização da

execução destas ações e a participação da sociedade civil, com especial atenção ao atendimento

das situações que exijam providências especiais ou de caráter emergencial;

III - construir, de forma articulada, todas as etapas dos Planos (diagnóstico, planejamento e

execução), mediante diálogo permanente com as comunidades, respeitando os seus processos e

práticas, suas identidades e diversidade, mantendo interação entre conhecimentos e priorizando

práticas coletivas e solidárias;

IV - identificar a necessidade e propor a criação ou modificação de instrumentos necessários à

implementação e monitoramento de políticas relevantes para a sustentabilidade dos povos e

comunidades tradicionais;

V - identificar, propor e estimular ações de capacitação de recursos humanos, fortalecimento

institucional e sensibilização, voltados tanto para o Poder Público quanto para a sociedade civil,

visando à sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais;

VI - promover, em articulação com órgãos, entidades e colegiados envolvidos, debates públicos

sobre os temas relacionados à formulação e execução de políticas voltadas para a

sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais.

VII - coordenar a implementação da Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável de

Povos e Comunidades Tradicionais;

Inciso VII acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

VIII - articular, junto as demais Secretarias e órgãos afins, a publicização dos resultados das

oficinas e fóruns locais e regionais que apresentarem propostas que devam integrar o Plano;

Inciso VIII acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

IX - articular, junto as demais Secretarias e órgãos afins, a elaboração das propostas para os

Planos de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que

consolidarão as propostas locais e regionais, conforme regulamento;

Inciso IX acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

X - articular, junto as Secretarias e órgãos afins, a proposição de programas multissetoriais,

destinados à implementação da Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos

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Povos e Comunidades Tradicionais - PEDSPCT e dos Planos de Desenvolvimento Sustentável

dos Povos e Comunidades Tradicionais, no âmbito do Plano Plurianual, em conformidade com

as necessidades dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Inciso X acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Parágrafo único - O resultado do exercício das competências de que trata este artigo deverá ser

encaminhado ao Chefe do Poder Executivo, no prazo máximo de 12 (doze) meses, a partir da

data de publicação deste Decreto.

Art. 4º - A CESPCT possui a seguinte organização:

I - Pleno;

II - Presidência;

III - Secretaria Executiva;

IV- Câmaras Técnicas;

V - Grupos de Trabalhos.

§ 1º - As Câmaras Técnicas serão compostas por representantes, na forma indicada no inciso III

do art. 9º deste Decreto, que serão designados por Portaria do Secretário de Promoção da

Igualdade Racial, observadas as competências do Grupo Intersetorial para Comunidades

Remanescentes de Quilombos, previstas no Decreto Estadual nº 11.850, de 23 de novembro de

2009, e do Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia, previstas

na Lei Estadual nº 11.897, de 16 de março de 2010.

§ 2º - Os Grupos de Trabalho serão constituídos para atender demandas emergenciais e

específicas, terão duração pré-determinada, cronograma de trabalho específico e composição

definida pela Presidência.

Art. 5º - O Pleno terá a seguinte formação:

I - Poder Executivo, sendo:

a) o Secretário de Promoção da Igualdade Racial, que o presidirá;

b) 01 (um) representante da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.305 , de 28 de agosto de 2015.

Redação original: "b) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e

Combate à Pobreza;"

c) 01 (um) representante da Secretaria de Relações Institucionais;

d) 01 (um) representante da Secretaria do Meio Ambiente;

e) 01 (um) representante da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária;

f) 01 (um) representante da Secretaria de Cultura;

g) 01 (um) representante da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte;

h) 01 (um) representante da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento;

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Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.

Redação original: "h) 01 (um) representante da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos

Humanos;"

i) 01 (um) representante da Secretaria da Saúde;

j) 01 (um) representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação;

k) 01 (um) representante da Secretaria da Educação;

l) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;

m) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.

Redação original: "m) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento e Integração

Regional;"

n) 01 (uma) representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres;

o) 01 (um) representante do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

p) 01 (um) representante da Secretaria do Planejamento;

Alinea "p" acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

q) 01 (um) representante da Secretaria de Infra-Estrutura;

Alinea "q" acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

r) 01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico;

Redação de acordo com o Decreto nº 16.305, de 28 de agosto de 2015.

Redação anterior de acordo com o art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014

que acresceu esta alínea ao inciso I do art. 5º: "r) 01 (um) representante da Secretaria da

Indústria, Comércio e Mineração."

II -18 (dezoito) representantes da sociedade civil, oriundos de entidades representativas de

Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia.

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " II - 15 (quinze) representantes da sociedade civil, oriundos de entidades

representativas de Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia."

Parágrafo único - Os representantes do Poder Executivo, constantes neste artigo, serão indicados

ao Presidente da CESPCT pelos Titulares dos respectivos órgãos e nomeados pelo Governador

do Estado.

Art. 6º - Os 18 (dezoito) representantes da sociedade civil comporão o Pleno da Comissão

Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais, com base na seguinte

proporção:

Redação de acordo com o art. 1 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " Art. 6º - Os 15 (quinze) representantes da sociedade civil comporão o Pleno

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da Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais, com base

na seguinte proporção:"

I -03 (três) representantes dos Povos Indígenas;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro

Redação original: " I - 03 (três) representantes das Comunidades Indígenas;"

de 2014.

II - 03 (três) representantes dos Povos de Terreiros;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " II - 03 (três) representantes de Comunidades de Terreiros de Matriz

Africana;"

III - 01 (um) representante dos Povos Ciganos;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro

Redação original: " III - 01 (um) representante de Comunidades de Povos Ciganos;"

de 2014.

IV - 03 (três) representantes de Comunidades Remanescentes de Quilombos;

V - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fundos de Pasto;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " V - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fundos e Fechos de Pasto;"

VI - 02 (dois) representantes de Comunidades de Pescadores e Marisqueiras;

Redação de acordo com o art. 12 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

Redação original: " VI - 01 (um) representante de Comunidades de Pescadores e Marisqueiras;"

VII - 01 (um) representante de Comunidades Extrativistas;

VIII - 01 (um) representante de Comunidades de Gerazeiros.

IX - 02 (dois) representantes de Comunidades de Fechos de Pasto.

Inciso IX acrescido pelo art. 11 do Decreto nº 15.634, de 06 de novembro de 2014.

§ 1º - Independentemente da proporção estabelecida no artigo anterior, a primeira CESPCT será

formada por todos os representantes dos Povos e Comunidades Tradicionais escolhidos no

Seminário Estadual de Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia,

realizado no período de 09 a 11 de dezembro de 2009.

§ 2º - Os representantes da sociedade civil, constantes neste artigo, serão eleitos em seminário

estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais no Estado da Bahia, com base na proporção

estabelecida no caput deste artigo, e nomeados pelo Governador do Estado.

§ 3º - Até o quinto dia após a publicação deste Decreto, serão publicados os atos de nomeação

dos titulares e seus suplentes, representantes da Administração Pública e representantes e

suplentes dos Povos e Comunidades Tradicionais.

§ 4º - As regras sobre processo de escolha, mandato, reeleição e recondução dos representantes

da sociedade civil serão definidas em Regimento Interno da CESPCT e publicadas mediante ato

da Presidência.

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Art. 7º - Caberá à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial as funções de Secretaria

Executiva da CESPCT.

Art. 8º - Os membros poderão sugerir ao Presidente da CESPCT a convocação de representantes

de órgãos governamentais de outras esferas, não governamentais e pessoas de notório saber,

para participarem das reuniões, sem direito a voto.

Art. 9º - Compete ao Pleno:

I - elaborar e aprovar o Regimento Interno da CESPCT;

II - deliberar sobre o resultado dos trabalhos das Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho;

III - indicar os representantes das Secretarias e das entidades da sociedade civil para a

composição das Câmaras Técnicas referidas no inciso IV do art. 4º desteDecreto.

IV - aprovar, na primeira reunião que realize, o calendário anual dos encontros mensais da

Comissão, bem assim controlar a frequência dos seus membros para a substituição dos ausentes

por seus suplentes, conforme definição prevista no Regimento Interno da CESPCT.

§ 1º - O Regimento Interno da CESPCT será aprovado por maioria absoluta de seus membros,

no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de publicação deste Decreto, e deverá ser

publicado mediante Portaria do Secretário de Promoção da Igualdade Racial.

§ 2º - As deliberações do Pleno dar-se-ão, preferencialmente, por consenso ou por maioria

simples de votos.

Art. 10 - Compete à Presidência:

I - encaminhar ao Chefe do Poder Executivo os documentos de que trata o parágrafo único do

art. 3º deste Decreto;

II - constituir, caso necessário, Grupos de Trabalhos temáticos auxiliares para o desempenho das

competências de que trata o art. 3º deste Decreto, designando seus membros por Portaria.

Art. 11 - Compete à Secretaria Executiva:

I - assessorar o Pleno no exercício das competências de que trata o art. 3º deste Decreto,

executando as suas deliberações;

II - assessorar o Pleno e a Presidência na organização dos processos administrativos para o seu

amplo funcionamento;

III - executar outras atividades delegadas pelo Pleno e pela Presidência;

IV- adotar as providências necessárias para a concretização das reuniões da Comissão, em

especial os procedimentos administrativos para o custeio das despesas de alimentação e

hospedagem dos representantes da sociedade civil, para o local dos encontros e atividades da

Comissão.

Parágrafo único - A competência da Secretaria Executiva dar-se-á sem prejuízo da titularidade

de acompanhamento e execução das políticas e programas em andamento, referentes às ações

específicas dos demais órgãos e entidades estaduais.

Art. 12 - Compete às Câmaras Técnicas e aos Grupos de Trabalho:

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I - assessorar o Pleno no exercício das competências de que trata o art. 3º deste Decreto,

observadas as especificidades das demandas dos povos e comunidades tradicionais;

II - propor estudos, reuniões e seminários referentes às áreas temáticas e especificidades dos

povos e comunidades por elas abrangidos;

III - propor ao Pleno sugestões para a elaboração de políticas estaduais relevantes, bem como de

políticas específicas para a sustentabilidade dos povos e comunidades tradicionais;

IV - propor ao Pleno sugestões para a elaboração do plano para a articulação, execução e

consolidação de políticas relevantes para a sustentabilidade de povos e comunidades

tradicionais.

Art. 13 - A participação na CESPCT é considerada de relevante interesse público no exercício

de cargo honorífico e não enseja qualquer tipo de remuneração, exceto a indenização por

despesas realizadas e comprovadas para o comparecimento às reuniões e atividades previamente

aprovadas pelo Pleno dos representantes da sociedade civil.

Parágrafo único - A CESPCT preservará plenamente a autonomia e a identidade dos órgãos

integrantes e não estabelecerá qualquer relação de hierarquia entre eles.

Art. 14 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 15 - Fica revogado o Decreto nº 12.433 , de 22 de outubro de 2010.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 30 de agosto de 2011.

JAQUES WAGNER

Governador

Eva Maria Cella Dal Chiavon

Secretária da Casa Civil

Elias de Oliveira Sampaio

Secretário de Promoção da Igualdade Racial

Eugênio Spengler

Secretário do Meio Ambiente

Nilton Vasconcelos Júnior

Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte

Eduardo Seixas de Salles

Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

Antônio Albino Canelas Rubim

Secretário de Cultura

Paulo Cézar Lisboa Cerqueira

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Secretário de Relações Institucionais

Osvaldo Barreto Filho

Secretário da Educação

Cícero de Carvalho Monteiro

Secretário de Desenvolvimento Urbano

Almiro Sena Soares Filho

Secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

Paulo Francisco de Carvalho Câmera

Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação

Vera Lúcia da Cruz Barbosa

Secretária de Políticas para as Mulheres

Jorge José Santos Pereira Solla

Secretário da Saúde

Wilson Alves de Brito Filho

Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional

Carlos Alberto Lopes Brasileiro

Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

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DECRETO Nº 13.914 DE 12 DE ABRIL DE 2012

Altera o Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia, aprovado pelo Decreto no

23.401, de 13 de abril de 1973, e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso V

do art. 105 da Constituição Estadual e com fundamento na Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de

1975,

D E C R E T A

Art. 1º - O Regulamento de Terras Públicas do Estado da Bahia, aprovado pelo Decreto nº

23.401, de 13 de abril de 1973, e alterado pelo Decreto nº 25.109, de 24 de janeiro de 1976,

passa a vigorar acrescido do seguinte dispositivo:

"Art. 22-A - Na doação de terras devolutas, será admitida a declaração do requerente e de seu

cônjuge ou companheiro, se houver, sob as penas da lei, de que não são proprietários de outro

imóvel rural em qualquer parte do território nacional, a fim de atender ao requisito do art. 3º, I,

da Lei nº 3.442, de 12 de dezembro de 1975."

Art. 2º - Na regularização fundiária por doação de áreas de até 50 (cinquenta) hectares cujos

processos tenham sido concluídos pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Secretaria

da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura - CDA/SEAGRI até

30 de novembro de 2011, os demais requisitos previstos no art. 3º da Lei nº 3.442, de 12 de

dezembro de 1975, serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente, sob as

penas da lei:

Redação de acordo com o Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.

Redação original: "Art. 2º - Para áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas em

zonas costeiras, nem no Território de Identidade do Extremo Sul do Estado, cujos processos

de doação tenham sido concluídos pela Coordenação de Desenvolvimento Agrário da

Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - CDA/SEAGRI até 30 de novembro

de 2011, os demais requisitos previstos no art. 3º da Lei no 3.442, de 12 de dezembro de 1975,

serão verificados por meio das seguintes declarações do requerente, sob as penas da lei: "

I - de que exerce ocupação, com moradia, e exploração direta, mansa e pacífica, por mais de 05

(cinco) anos;

II - de que pratica cultura efetiva, relacionando aquelas permanentes ou temporárias, bem como

as espécies e quantidades de criações.

Parágrafo único - Excluem-se da regra prevista no caput deste artigo as áreas localizadas em

faixa litorânea de 10 (dez) km demarcados na direção do continente, a partir da linha preamar

média 2002, e as áreas com metragem superior a 20 (vinte) hectares localizadas no Território de

Identidade do Extremo Sul do Estado.

Parágrafo único acrescido ao art. 2º pelo Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.

Art. 2-A - A Coordenação de Desenvolvimento Agrário da SEAGRI e a Procuradoria Geral do

Estado estabelecerão procedimentos com a finalidade de otimizar a regularização fundiária, pela

modalidade de doação, de áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas na faixa

litorânea a que se refere o parágrafo único do artigo 2º deste Decreto, podendo ser proferido

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parecer com caráter sistêmico, a fim de subsidiar a dispensa de manifestação do órgão jurídico,

nos termos do art. 88, IV, alíneas "r" e "s", do Decreto no 11.738 de 30 de setembro de 2009.

Art. 2º-A pelo Decreto nº 14.708 , de 12 de agosto de 2013.

Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de abril de 2012.

JAQUES WAGNER

Governador

Rui Costa

Secretário da Casa Civil

Eduardo Seixas de Salles

Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

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E) PORTARIA

PORTARIA Nº 98, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2007.

O Presidente da Fundação Cultural Palmares, no uso das atribuições que lhe confere o

art. 1º da Lei nº 7.688, de 22 de agosto de 1988, e considerando as atribuições conferidas à

Fundação pelo Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamenta o procedimento

para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por

remanescentes das comunidades de quilombo de que trata o art. 68/ADCT, e o disposto nos arts.

215 e 216 da Constituição Federal, resolve:

Art. 1° - Instituir o Cadastro Geral de Remanescentes das Comunidades dos Quilombos da

Fundação Cultural Palmares, também autodenominadas Terras de Preto, Comunidades Negras,

Mocambos, Quilombos, dentre outras denominações congêneres, para efeito do regulamento

que dispõe o Decreto nº 4.887/03. `

PAR` 1º O Cadastro Geral de que trata o caput deste artigo é o registro em livro próprio, de

folhas numeradas, da declaração de autodefinição de identidade étnica, segundo uma origem

comum presumida, conforme previsto no art. 2º do Decreto nº 4.887/03.

`PAR` 2º O Cadastro Geral é único e pertencerá ao patrimônio da Fundação Cultural Palmares.

`PAR` 3º As informações correspondentes às comunidades deverão ser igualmente registradas

em banco de dados informatizados, para efeito de informação e estudo.

Art. 2° Para fins desta Portaria, consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos

os grupos étnicos raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria,

dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada

com formas de resistência à opressão histórica sofrida.

Art. 3° Para a emissão da certidão de autodefinição como remanescente dos quilombos deverão

ser adotados os seguintes procedimentos:

I - A comunidade que não possui associação legalmente constituída deverá apresentar ata de

reunião convocada para específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,

aprovada pela maioria de seus moradores, acompanhada de lista de presença devidamente

assinada;

II - A comunidade que possui associação legalmente constituída deverá apresentar ata da

assembléia convocada para específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,

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aprovada pela maioria absoluta de seus membros, acompanhada de lista de presença

devidamente assinada;

III- Remessa à FCP, caso a comunidade os possua, de dados, documentos ou informações, tais

como fotos, reportagens, estudos realizados, entre outros, que atestem a história comum do

grupo ou suas manifestações culturais;

IV - Em qualquer caso, apresentação de relato sintético da trajetória comum do grupo (história

da comunidade); V - Solicitação ao Presidente da FCP de emissão da certidão de autodefinição.

`PAR` 1º. Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, havendo impossibilidade de

assinatura de próprio punho, esta será feita a rogo ao lado da respectiva impressão digital.

`PAR` 2º A Fundação Cultural Palmares poderá, dependendo do caso concreto, realizar visita

técnica à comunidade no intuito de obter informações e esclarecer possíveis dúvidas. Art. 4º As

comunidades quilombolas poderão auxiliar a Fundação Cultural Palmares na obtenção de

documentos e informações para instruir o procedimento administrativo de emissão de certidão

de autodefinição.

Art. 5º A Certidão de autodefinição será impressa em modelo próprio e deverá conter o número

do termo de registro no livro de Cadastro Geral de que trata o Art. 1º desta Portaria. Parágrafo

Único - A Fundação Cultural Palmares encaminhará à comunidade, sem qualquer ônus, os

originais da Certidão de autodefinição.

Art. 6º As certidões de autodefinição emitidas anteriormente a esta portaria continuarão com sua

plena eficácia sem prejuízo de a Fundação Cultural Palmares revisar seus atos.

Art. 7º Fica revogada a Portaria n.º 06, de 1º de março de 2004.

Art. 8º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se a todos os processos

administrativos ainda não concluídos.

Edvaldo Mendes Araújo.

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PORTARIA SEPROMI Nº 007, DE 31 DE MARÇO DE 2014.

Institui o Cadastro das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia.

O SECRETÁRIO DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DO ESTADO DA BAHIA,

no uso de suas atribuições legais e atendendo ao disposto no art. 2°, § 3°, da Lei n°. 12.910, de

11 de outubro de 2013, que “Dispõe sobre a regularização fundiária de terras públicas estaduais,

rurais e devolutas, ocupadas tradicionalmente por Comunidades Remanescentes de Quilombos e

por Fundos de Pasto ou Fechos de Pasto e dá outras providências”, RESOLVE:

Art. 1º. Para os fins da Lei n° 12.910/13, fica instituído o Cadastro das Comunidades de Fundos

de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia composto pelos registros relativos à certificação

de reconhecimento dessas comunidades, nos termos da referida lei e da presente Portaria.

Parágrafo único. No âmbito da SEPROMI, compete à Coordenação de Políticas para as

Comunidades Tradicionais - CPCT a execução dos procedimentos de que trata esta Portaria.

Art. 2°. São consideradas comunidades tradicionais de Fundos de Pastos e Fechos de Pastos os

grupos que ocupam suas terras tradicionalmente, de forma coletiva, com vistas à manutenção de

sua reprodução física, social e cultural, segundo critérios de autodefinição, e em que sejam

observadas, simultaneamente, as seguintes características:

I - uso comunitário da terra, podendo estar aliado ao uso individual para subsistência;

II - produção animal, produção agrícola de base familiar, policultura alimentar de subsistência,

para consumo ou comercialização, ou extrativismo de baixo impacto;

III - cultura própria, parentesco, compadrio ou solidariedade comunitária associada à

preservação de tradições e práticas sociais;

IV - uso adequado dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, segundo

práticas tradicionais;

V - localização nos biomas caatinga e cerrado, bem como nas transições caatinga/cerrado.

Art. 3º. O Cadastro das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto do Estado da Bahia,

de que trata a presente Portaria, é o registro numerado, em livro próprio, em folhas também

numeradas, das declarações de autodefinição das comunidades de fundos e fechos de pasto do

Estado da Bahia.

Art. 4º. A certidão de reconhecimento das Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto,

que é condição para celebração do contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU)

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destas comunidades em terras públicas estaduais, rurais e devolutas, será requerida à SEPROMI,

segundo critérios de autodefinição, mediante apresentação dos seguintes documentos:

I - Ata de fundação e Ata de eleição e posse da atual diretoria da associação comunitária

legalmente constituída;

II - Ata de reunião específica, convocada pela associação comunitária, com a finalidade de

deliberação a respeito da autodefinição da comunidade, aprovada pela maioria de seus

moradores;

III - Lista de presença à reunião referida no inciso anterior, devidamente assinada pelos

presentes, contendo os números das carteiras de identidade;

IV - Relato sintético da história da comunidade;

V - Formulário de caracterização da comunidade, indicação da área ocupada e, quando couber,

relato de situações de conflito fundiário;

VI - Declaração de autodefinição da comunidade enquanto Fundos de Pasto ou Fecho de Pasto;

VII - Outros documentos, caso a comunidade os possua, tais como fotografias, reportagens, e

estudos realizados, que atestem a história comum do grupo ou suas manifestações culturais.

VIII - Requerimento de emissão de certidão de reconhecimento dirigido ao Secretário de

Promoção da Igualdade Racial.

§1º. A comunidade que não possuir associação legalmente constituída deverá apresentar Ata de

reunião convocada com a específica finalidade de deliberação a respeito da autodefinição,

aprovada pela maioria de seus moradores, acompanhada de lista de presença devidamente

assinada. §2º. A abertura de processo poderá ser solicitada por Correio ou mediante a entrega da

documentação no Setor de Protocolo da SEPROMI, dentro do prazo a que se refere o artigo 3º,

§2º, da Lei nº 12.910/13.

Art. 5°. Para a emissão da certidão de reconhecimento de que trata o artigo 4°, no que se refere

às Comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto com processo de regularização fundiária

em curso na Coordenação de Desenvolvimento Agrário da Secretaria da Agricultura, Pecuária,

Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (SEAGRI/CDA), em área cujo perímetro esteja

georreferenciado e vistoriado, bastará declaração assinada pelo Coordenador Executivo do

Órgão, a ser encaminhada à SEPROMI, na qual se informará o nome da associação interessada,

o número do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ perante a Receita Federal do Brasil,

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o Município, a área coletiva objeto de regularização, e cópia do respectivo requerimento de

regularização fundiária.

Art. 6º. O Secretário de Promoção da Igualdade Racial, em face do processo administrativo

regularmente instruído com a documentação de que trata o art. 4° da presente Portaria

acompanhada de parecer técnico conclusivo, emitirá a certidão de reconhecimento de

comunidade de Fundos de Pasto ou Fechos de Pasto, e a fará publicar no Diário Oficial do

Estado, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de protocolo do requerimento.

§1º. Da certidão de reconhecimento constará o nome da comunidade, o município, o número do

termo de registro no livro de Cadastro Geral e a data de expedição.

§ 2º. A SEPROMI encaminhará à comunidade, sem qualquer ônus, os originais da certidão de

reconhecimento.

§ 3º. Das certidões de reconhecimento das comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto

emitidas será dada ciência à SEAGRI/CDA, à Comissão Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais e à Comissão Estadual para a

Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais do Estado da Bahia.

§4º. A SEPROMI poderá, dependendo do caso, realizar visita técnica à comunidade no intuito

de obter informações e esclarecer possíveis dúvidas.

Art. 7º. As informações dos processos administrativos de certificação das Comunidades de

Fundos de Pasto e Fechos de Pasto serão organizadas em sistema informatizado intersetorial e

integrado, desenvolvido e mantido pela SEPROMI, a que se refere o artigo 9°, inciso II, da Lei

n° 12.910/2013, e serão consideradas para efeito de informação, regularização fundiária e

atendimento por políticas públicas. Parágrafo único. No sistema serão inseridas informações

relacionadas à regularização fundiária, CDRU, aspectos ambientais e conflitos fundiários.

Art. 8º. A SEPROMI publicará mapeamento das comunidades de Fundos de Pasto e Fechos de

Pasto. §1º. Para o cumprimento do disposto no caput, a SEPROMI poderá firmar convênios,

acordos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres com órgãos e entidades da

Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal e entidades privadas, na forma da

legislação vigente.

Art. 9º. A SEPROMI encaminhará ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural - IPAC, à

Fundação Cultural Palmares - FCP e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –

IPHAN as informações relativas ao patrimônio cultural, material e imaterial das comunidades

de Fundos de Pasto e Fechos de Pasto, para as providências legais pertinentes, conforme o caso.

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Art. 10. Para compor o processo de requerimento da certidão de reconhecimento de que trata o

artigo 4°, a SEPROMI disponibilizará, de forma impressa e em meio eletrônico, os seguintes

documentos:

I - Formulário de caracterização de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto, indicação

da área ocupada e, quando couber, relato de situações de conflito fundiário;

II - Modelo de Declaração de autodefinição da comunidade que possui associação regularmente

constituída, enquanto Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto;

III - Modelo de Declaração de autodefinição da comunidade que não possui associação

regularmente constituída, enquanto Fundo de Pasto ou Fecho de Pasto;

IV – Formulário de requisição de certificação de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de

Pasto que possui associação regularmente constituída, dirigido ao Secretário de Promoção da

Igualdade Racial do Estado da Bahia;

V – Formulário de requisição de certificação de comunidade de Fundo de Pasto ou Fecho de

Pasto que não possui associação regularmente constituída, dirigido ao Secretário de Promoção

da Igualdade Racial do Estado da Bahia.

Art. 11. A SEPROMI suprirá as omissões supervenientes, após ouvir os órgãos pertinentes.

Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ELIAS DE OLIVEIRA SAMPAIO

Secretário de Promoção da Igualdade Racial

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Instrução Normativa Conjunta SEAGRI/PGE Nº 1 DE 18/07/2012

Dispõe sobre os procedimentos para a regularização fundiária de terras devolutas do Estado

da Bahia e dá outras providências.

O Secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária e o Procurador Geral do Estado, no

uso da atribuição que lhes confere o art. 109, inciso III, da Constituição Estadual e tendo em

vista o disposto na legislação de terras do Estado da Bahia,

Resolvem

1. A presente Instrução estabelece as normas e condições que regem a transferência e a

utilização de áreas localizadas em terras devolutas do Estado da Bahia, administradas pela

Coordenação de Desenvolvimento Agrário - CDA, órgão vinculado à Secretaria Estadual de

Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, e destinadas ao benefício de pequenos

produtores rurais ou de empreendimentos agropastoris ou florestais a serem implantados ou

ampliados.

2. O regime estabelecido para a aquisição de lotes de que trata o item 1 desta Instrução

Normativa rege-se pelos seguintes princípios gerais:

a) fomentar a ocupação territorial do Estado;

b) estimular o desenvolvimento e ordenamento agrícola;

c) estimular o desenvolvimento local de forma sustentada e ordenada;

d) reconhecer a função social da posse, valorizando o trabalho do ocupante;

e) apoiar iniciativas rurais e florestais, capazes de gerar emprego e renda.

3. Os interessados na aquisição de áreas localizadas em terras devolutas devem dirigir

requerimento a CDA, utilizando formulário-modelo constante do Anexo I desta Instrução.

A CDA poderá promover encontros nas comunidades rurais, inclusive com participação das

respectivas Prefeituras dos Municípios, entidades legais representativas de trabalhadores e/ou

empresários rurais, e outros órgãos federais, estaduais e/ou municipais envolvidos com a

titulação de terras para divulgar os diversos programas de regularização fundiária e elaborar

atividades para sua execução.

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4. O requerimento de que trata o item 3 desta Instrução deverá estar acompanhado dos seguintes

documentos:

Na hipótese de doação:

a) cópia da cédula de identidade e do Cadastro de Pessoas Física (CPF) do Interessado e do seu

cônjuge ou companheiro, se for o caso;

b) cópia da certidão de casamento e, se viúvo, da certidão de óbito do cônjuge;

c) quaisquer documentos que sirvam à prova indireta de posse, tais como escrituras ou recibos

de compra e venda, contas de consumo, declarações de Imposto Territorial Rural, cartão de

vacinação de animais emitidos por órgãos públicos, testemunhos assinados por vizinhos etc.;

d) declaração do interessado e de seu cônjuge ou companheiro, se houver, sob as penas da lei,

de que não são proprietários de outro imóvel rural em qualquer parte do território nacional;

e) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) perante o Instituto Nacional de Colonização

e Reforma Agrária - INCRA ou Comprovante de Entrega de Declaração para Cadastro de

Imóveis Rurais - CE;

f) certidão negativa de débitos perante a Fazenda Estadual.

Na hipótese de alienação simples, todos aqueles documentos arrolados no item 4.1. desta

Instrução, excetuando-se a declaração indicada na alínea "d"; e, se o Interessado for pessoa

jurídica, mais estes outros:

a) certidão de atividade da empresa emitida pela Junta Comercial do Estado de origem, ato

constitutivo e alterações posteriores;

b) cópia da cédula de identidade e do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) dos sócios, e, se for o

caso, também do procurador, acompanhada de procuração;

c) declaração firmada de ausência de impedimento dos sócios para o exercício de atividade

mercantil;

d) comprovação do registro do investidor estrangeiro junto ao Banco Central, no caso de

empresa com sócio no exterior;

e) balanços analíticos com respectivos Demonstrativos de Resultados dos três últimos exercícios

e último balancete, também com Demonstrativo de Resultados, que tenham servido de base à

elaboração de projeto, devidamente assinados pelo representante legal da empresa e por

contador com selo (DHP) do Conselho Regional de Contabilidade;

f) certidões de regularidade fiscal das Fazendas Públicas Federal, Municipal e Estadual;

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g) certidões de regularidade fiscal perante o INSS e o FGTS;

h) atestado de idoneidade da empresa ou do sócio majoritário emitida por instituição bancária,

no caso de empresas recém-criadas.

Na hipótese de alienação excepcional, todos aqueles documentos arrolados no item 4.2. desta

Instrução, acrescendo-se:

a) projeto completo do Empreendimento, contendo o Plano de Negócios, descritivo da

viabilidade econômico-financeira e resultados sócio-econômicos esperados, com juntada de

respectivas memórias de cálculo; e cronograma físico-financeiro das etapas de

implantação/ampliação, observando-se especialmente os incisos V a IX do art. 40 do Decreto

Estadual 23.401, de 13 de abril de 1973;

b) memorial descritivo e respectiva planta da área pretendida;

c) descrição das áreas verdes de proteção ambiental e respectiva reserva;

d) certidão de inexistência de processo falimentar, de dissolução de sociedade patrimonial ou de

ações de natureza patrimonial;

e) histórico das atividades econômicas desenvolvidas pelo Interessado.

Não será recebido requerimento quando constatada a falta de preenchimento ou rasura de

algum campo ou se o mesmo não estiver devidamente instruído.

Caberá ao Núcleo de Documentação e Informação - NDI receber o requerimento e esclarecer

ao interessado qual a informação ou o documento faltante, procedendo à devolução de todos os

documentos.

Na habilitação, serão entregues ao interessado as intimações pessoais dos confrontantes acerca

da medição, cabendo a ele devolvê-las devidamente recebidas no momento em que for realizada

a medição, conforme previsto no item 12.5.3. desta Instrução.

Na hipótese de requerimento firmado por estrangeiro, o NDI deverá verificar já em caráter

preliminar a possibilidade de transferência da área pretendida, seguindo-se a legislação vigente

e orientação prévia sistêmica da Procuradoria Geral do Estado.

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Se vedada por lei a aquisição da área pretendida pelo estrangeiro, deverá ser ele intimado, com

possibilidade de apresentar manifestação, em observância à Lei Estadual no 12.209, de 20 de

abril de 2011, e encaminhados os autos para a Coordenação Executiva da CDA para exame

final.

5. Na hipótese de alienação simples, o NDI deverá emitir guia de recolhimento de 40%

(quarenta por cento) do valor da área pelo Interessado e juntar o comprovante de pagamento aos

respectivos autos.

6. Em se tratando de alienação excepcional, o NDI deverá, primeiro, encaminhar os autos ao

Coordenador Executivo da CDA, que o enviará à Companhia de Desenvolvimento e Ação

Regional - CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Regional - SEDIR, para análise

fundamentada do projeto de empreendimento apresentado.

Após a manifestação do projeto pela CAR, o processo retornará à CDA para avaliação do

Coordenador Executivo.

Se favoráveis os opinativos técnicos da CAR e da CDA, o processo será submetido ao

Governador do Estado, por meio da SEAGRI, para decisão sobre a viabilidade do requerimento.

Se houver a reprovação do projeto, pela CAR ou pela CDA, ocorrerá o indeferimento liminar

do pleito, intimando-se o Interessado.

Poderá a CDA converter os autos em diligência à CAR para maiores e/ou novos

esclarecimentos sobre o projeto.

6.2. Obtido o deferimento de continuidade do pleito, os autos retornarão ao NDI para expedição

da guia de pagamento do valor de 40% (quarenta por cento) do preço estimado do imóvel,

devendo o Interessado juntar o comprovante da guia paga para prosseguimento regular do

processo.

7. Verificada a regularidade no preenchimento do requerimento e de sua instrução, com

atribuição de número ao processo formado, o NDI lançará no Sistema de Cadastro Fundiário -

SFC todos os dados ali contidos.

9. O NDI emitirá Certidão de Área descritiva da situação da gleba pretendida, bem como da

existência ou não de outros processos de titulação em nome do próprio Interessado e/ou de seus

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familiares, considerados estes parentes consanguíneos até o 3º grau, colaterais ou afins -

derivados estes últimos do casamento ou união estável-, até o 2º (segundo) grau; ou de empresas

diversas, mas com identidade entre sócios, consoante modelo constante no Anexo II desta

Instrução.

10. Não havendo registro de outros processos sobre a mesma área ou em nome do próprio

Interessado e/ou de seus familiares, ou de empresas, o NDI enviará o processo ao Setor de

Triagem que deverá promover a respectiva triagem, rati ou retificando as informações no

Sistema da Coordenação de Ação Fundiária - CAF, e iniciará o procedimento de vistoria e

medição das áreas com a elaboração do respectivo edital, seguindo o modelo do Anexo III desta

Instrução.

No edital deverão ser previstas as datas da medição e da vistoria, bem como as datas

substitutivas para a hipótese de impedimento à execução das referidas atividades.

Os editais deverão ser assinados pelo Coordenador de Ação Fundiária e posteriormente

remetidos à Coordenação do Grupo Móvel de Ações Especiais - GMAE.

11. Na hipótese contrária, existindo registro de outros processos sobre a mesma área

(sobreposição total ou parcial) ou em nome do próprio Interessado e/ou de seus familiares, ou

de empresa em que sejam sócios, o NDI reunirá todos os processos conexos, encaminhando-os

para análise do Coordenador de Ação Fundiária e, em seguida, à Procuradoria Geral do Estado

para pronunciamento jurídico.

Havendo a necessidade de levantamento técnico da situação fundiária da(s) área(s)

envolvida(s), os processos serão previamente remetidos ao GMAE para feitura de memorial

descritivo e plantas de localização.

12. Recebidos os processos para vistoria e medição, a Coordenação do GMAE adotará as

medidas cabíveis para sua execução, e, ao final, deverá analisar os novos dados obtidos com os

resultados de processos antigos, para retificação, anulação ou novas vistorias de áreas, quando

necessário.

O edital deverá ser afixado em local público, preferencialmente em mais de um local, pelo

prazo de 15 (quinze) dias antes da vistoria, bem como noticiado seu conteúdo através dos meios

de comunicação existentes no município, especialmente jornal e rádio locais, para garantir a sua

perfeita divulgação ao Interessado, confrontantes e terceiros.

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O técnico responsável pela execução dos trabalhos certificará nos autos do processo de

regularização fundiária a data e os locais de afixação do edital e os meios de divulgação

utilizados.

A vistoria compreende a descrição detalhada da situação da área, quanto a reais ocupação e

aproveitamento, devendo ser complementada por fotografias, no caso de alienação onerosa, e

observada o questionário previsto no Anexo IV desta Instrução.

O Relatório de Vistoria do Imóvel deverá ser assinada pelo responsável pela equipe técnica e

pelo interessado.

A medição compreenderá a elaboração de memorial descritivo e planta de localização da área,

com a indicação dos confrontantes.

As despesas correspondentes às etapas de vistoria e medição serão pagas pelos interessados, de

acordo com os critérios estabelecidos na legislação competente.

A ata de medição deverá ser assinada pelo responsável pela equipe técnica, pelo Interessado e

pelos confrontantes, estes últimos após sua devida qualificação, conforme modelo identificado

como Anexo V desta Instrução.

Se os confrontantes não puderem ou não souberem assinar, mas estiverem presentes, tomar-se-

á a sua assinatura a rogo, após aposição de sua digital. Entende-se por assinatura a rogo a

assinatura de terceiro do próprio nome pelo confrontante, testemunhada por duas outras pessoas.

Se ausentes os confrontantes ou se recusarem a assinar a ata de medição, deverá o responsável

pela equipe técnica certificar o fato.

O técnico responsável pela medição também deverá certificar a devolução pelo interessado das

intimações dos confrontantes ou a justificativa de sua não efetivação, conforme previsto no item

4.6 desta Instrução.

13. Realizadas a vistoria e medição, encaminham-se os dados técnicos para o Setor de

Computação Gráfica do GMAE para a elaboração das peças técnicas, consistentes nas plantas,

memoriais descritivos e planilhas em sistema gráfico, e as remete ao Setor de Triagem para

juntada aos respectivos processos.

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Na hipótese de área situada em zona costeira, deverá ser plotada a sua exata localização no

mapa do Município.

Deve o setor de Computação Gráfica salvar todas as peças técnicas no arquivo digital do

órgão, bem como promover a atualização e/ou correção de peças técnicas anteriores que

apresentavam alguma incorreção, utilizando-se as novas coordenadas geográficas obtidas,

através do sistema de georreferenciamento.

14. O Setor de Triagem promoverá a juntada do edital, da certificação de sua publicidade, do

relatório de vistoria, da ata de medição, das cartas de intimação dos confrontantes e das peças

técnicas ao processo, tramitando-o pelo sistema SCF, e os remeterá ao Setor de Análise Técnica

do GMAE para final manifestação técnica, competindo-lhe a análise do processo e a atualização

cadastral no sistema SCF.

15. Após análise técnica final, o processo é dirigido ao Coordenador Executivo da CDA que, se

verificar a correção da instrução processual, encaminhá-lo-á à Procuradoria Geral do Estado

para manifestação jurídica.

16. Retornando o processo da Procuradoria Geral do Estado com opinativo favorável, o NDI

emite o extrato da decisão administrativa para publicação no Diário Oficial do Estado- DOE.

17. Inexistindo impugnação ou afastada essa, o processo é dirigido ao Núcleo de Processamento

de Dados - NPD para emissão do Título de Terras, modelo identificado como Anexo VI desta

Instrução, atribuindo-lhe numeração sequencial, e os encaminha para a assinatura do

Coordenador Executivo da CDA e posterior chancela do Secretário Estadual de Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária e do Governador do Estado.

Na hipótese de alienação simples ou excepcional, antes da entrega do título ao Interessado, o

processo deverá ser encaminhado ao NDI para cálculo do valor da área e emissão da respectiva

guia de pagamento do valor remanescente.

Após, será o Interessado intimado para pagar o valor devido, devolvendo a guia respectiva,

com a posterior juntada desse comprovante de pagamento ao processo.

18. Assinado o título, o processo é direcionado ao setor de Arquivo para sua entrega ao

Interessado, mediante protocolo, e guarda do processo em arquivo permanente.

19. Os processos deverão ser corretamente organizados e numerados, não se admitindo rasuras.

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20. A avaliação do valor das áreas deverá ser realizada bienalmente, considerando o somatório

dos valores de mercado da terra nua, do índice atribuído, no Decreto Estadual nº 23.041,13 de

abril de 1973, ao acervo dos recursos naturais disponíveis na gleba ocupada, e do custo do

levantamento topográfico, planimétrico e altimétrico, publicando-se tabelas atualizadas por

portaria a cargo do Secretário Estadual da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, observado

o art. 24, §§ 1º e 2º da Lei Estadual no 3.038, de 10 de outubro de 1972.

21. Qualquer um que se julgue prejudicado por qualquer decisão administrativa ou pela vistoria

existente no processo poderá impugná-la, oferecendo suas razões por escrito e acompanhado das

provas que dispuser, em 15 (quinze) dias de sua publicação pelo meio oficial.

Se a impugnação for manifestada em até 24 (vinte e quatro) horas antes da vistoria, dever- se-á

suspendê-la até decisão administrativa.

Se a impugnação ocorrer durante a vistoria, deverá ser reduzida a termo e assinada pelo

Impugnante, não impedindo, porém, a conclusão dos trabalhos.

Deverá ser intimado o Interessado para se pronunciar sobre a impugnação em igual prazo de

15 (quinze) dias.

Após, os autos serão encaminhados sucessivamente ao setor técnico competente, identificado

segundo o objeto da impugnação, e à Procuradoria Geral do Estado, para opinar.

Competirá à Coordenação Executiva da CDA a decisão administrativa sobre a impugnação,

exceto naquelas hipóteses em que o ato impugnado for da lavra de autoridade superior, a quem

serão dirigidos os autos para novo pronunciamento.

Caberão recurso hierárquico, pedido de revisão e pedido de reconsideração, na forma da Lei

Estadual no 12.209, de 20 de abril de 2011, e do Decreto Estadual no 23.401, de 13 de abril de

1973.

22. Deverá ser efetivada a fiscalização da área concedida de maneira periódica, antes de 5

(cinco) anos de inalienabilidade do imóvel, intimando-se o Interessado, novel proprietário, para

acompanhá-la, com certificação posterior sobre sua presença ou não.

Na hipótese de alienação excepcional, a fiscalização também será realizada logo em seguida

ao termo final previsto para a concretização do projeto do empreendimento.

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Na hipótese de doação para áreas de até 50 (cinquenta) hectares, não localizadas em zonas

costeiras, nem no Território de Identidade do Extremo Sul do Estado, a fiscalização será

realizada por amostragem, com percentual a ser definido pelo setor técnico da CDA, a fim de

garantir a representatividade real dos dados colhidos.

Se constatada a inadequação na utilização da área, especialmente a não implantação do projeto

do empreendimento na hipótese de alienação excepcional, será o proprietário intimado para se

manifestar sobre a vistoria realizada, podendo, inclusive, oferecer opinativos técnicos,

consoante lei de processo administrativo em vigor.

Os autos devem ser encaminhados para a Procuradoria Geral do Estado para manifestação e,

após, para a Coordenação Executiva da CDA para decisão.

Se a decisão for pela desconstituição do título, deverá ser oficiado diretamente o Ofício de

Registro Imobiliário competente para a sua promoção, consoante Lei de Registros Públicos, e

adotadas as medidas necessárias para a reintegração na posse da área pelo Poder Público.

23. Para as doações disciplinadas pelo art. 2º do Decreto Estadual no 13.914, de 12 de abril de

2012, a CDA observará a listagem atualizada dos Municípios abrangidos pela faixa terrestre da

zona costeira, publicada anualmente pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA no Diário

Oficial da União, conforme estabelece o art. 4º, § 1º, do Decreto Federal no 5.300, de 07 de

dezembro de 2004.

24. Os casos omissos serão resolvidos no âmbito da CDA, ouvida a PGE na hipótese de

questões de natureza jurídica.

25. Os Anexos mencionados nesta Instrução Normativa estão disponibilizados no sítio

eletrônico da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI,

http://www.seagri.ba.gov.br.

26. Esta Instrução Normativa passará a vigorar na data de sua publicação, aplicando-se

imediatamente aos processos de regularização fundiária.

EDUARDO SEIXAS DE SALLES

Secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

RUI MORAES CRUZ

Procurador Geral do Estado

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