Livro: Espiritismo Básico Autor: Pedro Franco Barbosa O ... · PDF fileespírita lhe mostra com clareza, a luz da doutrina das vidas sucessivas, da reencarnação, do carma e do livre-arbítrio,

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  • Livro: Espiritismo Bsico Autor: Pedro Franco Barbosa Segunda Parte: Postulados e Ensinamentos pg. 101 a 112

    O ESPIRITISMO FILOSOFICO O Espiritismo uma doutrina essencialmente filosfica, embora seus princpios sejam comprovados

    experimentalmente, o que lhe confere tambm o carter cientifico. Quando o Homem pergunta, interroga, cogita (41), quer saber o "como" e o "porque" das coisas, dos

    fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que so as coisas e porque so as coisas o que so.

    Em verdade, o Homem quer justificar-se a si mesmo e ao mundo em que vive, ao qual reage e do qual recebe contnuos impactos, procura compreender como as coisas e os fatos se ordenam, em suma, deseja conhecer sempre mais e mais.

    O carter filosfico do Espiritismo esta, portanto, no estudo que faz do Homem, sobretudo Esprito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinao. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relaes dos Homens, que vivem na Terra, com aqueles que j se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existncia, inquestionvel, de algo que tudo cria e tudo comanda, inteligentemente DEUS.

    Definindo as responsabilidades do Esprito quando encarnado (Alma) e tambm do desencarnado, o Espiritismo e Filosofia, uma regra moral de vida e comporta-mento para os seres da Criao, dotados de sentimento, razo e conscincia.

    A filosofia esprita nos mostra, assim, que

    "A lei natural e a lei de Deus; a nica verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que ele deve fazer ou no fazer, e ele s se torna infeliz porque dela se afasta." Allan Kardec, Questo 614 de "O Livro dos Espritos".

    Como ser moral, consciente, o Homem tem liberdade com responsabilidade, e isso que a filosofia

    esprita lhe mostra com clareza, a luz da doutrina das vidas sucessivas, da reencarnao, do carma e do livre-arbtrio, demonstrando-lhe tambm que a vida e eterna e que ele deve fazer dessa vida uma permanente fonte de ventura e felicidade, pela obedincia as leis que regem toda a Criao.

    Filosofia (42) de amor e bondade, de tolerncia e solidariedade, de conseqncias religiosas,

    "A Filosofia Esprita desemboca, assim, na Moral Esprita, que no e outra seno a prpria moral evanglica, racionalmente explicada, inteira-mente desembaraada das interpretaes teolgicas e msticas" J. Herculano Pires, "O Esprito e o Tempo".

    O ESPIRITISMO CIENTFICO O Espiritismo passa de filosofia a cincia (43), quando confirma, pela experimentao, os

    conhecimentos filosficos que prega e dissemina. De fato, ha, no Espiritismo, a fenomenologia, que deve ser provada por meios e mtodos cientficos.

    (44) O Espiritismo, no quadro geral do Espiritualismo, e positive* e consciente, no se perde em hipteses

    metafsicas e constitui um processo triplo de conhecimento: filosfico, cientifico, religioso (moral). Como filosofia trata do conhecimento frente a razo, indaga dos princpios, das causas, perscruta o

    Esprito, enfim, interpreta os fenmenos; como cincia, prova-os. Os fatos ou fenmenos espritas, isto e, produzidos por espritos desencarnados, so a substncia

    mesma da Cincia Esprita, cujo objeto e o estudo e conhecimento desses fenmenos, para fixao das leis que os regem. Eles constituem o meio de comunicao entre o nosso mundo fsico e o mundo espiritual, de caractersticas diferentes, mas que no impedem o intercmbio, que sempre houve, entre os vivos e os mortos, segundo a terminologia usual.

    Infelizmente, a Cincia acadmica, por preconceito e orgulho, no se disps ainda a um estudo sistemtico e profundo do fenmeno esprita, alegando que no pode obt-lo quando e onde deseja e na quantidade necessria, o que revela, simplesmente, desconhecimento completo do assunto. O fenmeno esprita tem caractersticas prprias, que no podem ser desatendidas, pois lidamos, no caso, com inteligncias, encarnadas e desencarnadas, com livre--arbtrio, razo e conscincia.

    As Casas Espritas, promovendo sesses medinicas, embora sem escopo de pesquisa cientfica, vo colhendo mensagens dos Espritos superiores, que nos permitem conhecer, em parte, o mecanismo das comunicaes entre os dois mundos, ordenando-se e disciplinando-se, assim, a mediunidade.

    Aspecto importante do Espiritismo que, sem idia de competio, ele alcana todas as formas de conhecimento do mundo atual, lanando luz sobre muitos problemas das cincias fsicas, biolgicas, sociolgicas, mdicas, polticas, jurdicas. Por isso, Kardec j dizia que

    "O Espiritismo e a Cincia se completam um pelo outro; a Cincia, sem o Espiritismo, se acha im-possibilitada de explicar certos fenmenos, unicamente pelas leis da matria; o Espiritismo, sem a Cincia, ficaria sem apoio e exame. "A Gnese".

    Essa verdade, que hoje honestamente no se pode contestar, reafirmada por Deolindo Amorim, quando declara que o Espiritismo "no se limita a um misticismo improdutivo, volve-se para onde possa chegar nossa atividade, dirige-se a todas as disciplinas, alcana todas as esferas do conhecimento".

    A Cincia Esprita se classifica, assim, entre as cincias positivas ou experimentais e se utiliza do mtodo analtico ou indutivo, porque observa e examina os fenmenos medinicos, faz experincias, comprova-os. Seu objeto (45) o Esprito, o princpio inteligente do Universo, e, por isso, disse muito bem o inolvidvel Pinheiro Guedes;

  • "O psiquismo sem dvida uma cincia, cincia vasta, profunda, ecltica; constri a sntese da vida humana e a evoluo do Esprito."

    Graas ao Espiritismo cientfico, desaparece o velho antagonismo, o eterno divrcio da cincia com a f, pois no mais se trata, agora, do espiritualismo utpico, dos dogmas, das crendices, do sobrenatural e do mstico; a prpria razo, o lcido raciocnio, a lgica mais cerrada, que formam, ao lado de uma vasta fenomenologia, cada dia mais exuberante e comprovada, o substrato, mesmo, da cincia psquica. De fato,

    "A nova cincia espiritualista no , pois, uma obra de imaginao; o resultado de longas e pacientes pesquisas, o fruto de inmeras investigaes. Os homens que as empreenderam so conhecidos em todas as esferas cientficas: so portadores de nomes clebres e acatados." Lon Denis, "No Invisvel".

    No foi sem motivo, portanto, que o Codificador preferiu definir o Espiritismo dizendo que

    " uma cincia que trata da natureza, origem e destino dos Espritos, bem como de suas relaes com o mundo corporal".

    Tambm Gabriel Delanne, em seu "O Espiritismo Perante a Cincia", afirma, categrico:

    "O Espiritismo deixa de parte as teorias nebulosas, desprende-se dos dogmas e das supersties e vai apoiar-se na base inabalvel da observao cientfica",

    opinio que igualmente expressa em "O Fenmeno Esprita", outra de suas monumentais obras:

    "O Espiritismo uma cincia, cujo fim a demonstrao experimental da existncia da alma e sua imortalidade, por meio de comunicaes com aqueles aos quais impropriamente chamam mortos."

    "Como cincia nova, ltima da escala das cincias, o Espiritismo abre nova era na histria do conhecimento", afirma o Prof. J. Herculano Pires, em seu magnfico "O Esprito e o Tempo", e embora considerados como "provas anedticas" os fatos do Esprito sempre atraram a ateno de numerosos grandes homens da Cincia, das Artes e das Letras. Os fsicos, principalmente, embora negando a sobrevivncia do Esprito e at mesmo sua existncia, deslumbram-se hoje com as maravilhas do mundo do infinitamente pequeno, inclinando-se para conceitos antinaturais como tempo regressivo e massa ne-gativa, s voltas com teorias que se contradizem, com o fantstico neutrino, capaz de atravessar, com a velocidade da luz, o corpo slido da Terra, como se fosse ura espao vazio.

    A teoria dos fluidos, lanada pelos Espritos, atravs da obra da Codificao, negada pela Cincia, revive no "oceano extraordinrio de eltrons negativos" de Dirac, a lembrar o velho conceito do ter.

    As experincias, apesar das marchas e contramarchas da Cincia, confirmam as teses espritas e, em verdade, existe hoje um verdadeiro namoro dos Fsicos com os fenmenos do Espiritismo, naturalmente com outros nomes, como afirma Arthur Koestler, em "As Razes da Coincidncia".

    Felizmente, a Parapsicologia j merece a ateno dos nossos cientistas (46), mas pouco, por incluir apenas o estudo de fenmenos anmicos, embora, atravs dela, os fenmenos theta j se faam sentir, veementemente. Nem sem motivo que pesquisadores assim se expressam, hoje:

    "A pesquisa psquica um dos ramos de investigao mais importantes que se oferece ao esprito humano." H, H. Price. "(...) afirmar que existe s a matria e nenhum esprito a mais ilgica das propostas. bem diferente da descoberta da Fsica moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do termo, no existe matria." V. A. Firsoff, "Mind and Galaxies". "Ocorre um fenmeno psquico quando uma informao transmitida por um sistema fsico sem o uso de qualquer forma conhecida de energia fsica." John Randall.

    Em resumo: A Doutrina Esprita cincia quando comprova, experimentalmente, a existncia do Esprito e sua sobrevivncia ao desaparecimento do corpo carnal. Essa comprovao se d por meio dos fenmenos espritas, observados nas sesses medinicas.

    O ESPIRITISMO RELIGIOSO

    Sempre se considerou religio (de relegere, que significa "tratar com as coisas de Deus", ou de religare, isto , ligar o homem a Deus, ou melhor, lev-lo de volta a Deus) o culto institudo e formal, com seu templo ou igreja, suas imagens, seu ritual, sua hierarquia sacerdotal, seus dogmas, mitos e crendices.

    Nesse sentido, o Espiritismo no religio. (47) Por isso, Kardec, orientado pelos Espritos, estabeleceu, primeiramente, os fundamentos filosficos e cientficos da Doutrina (48), pois conhecia bem os homens, com seu esprito de imitao, suas fraquezas e seu gosto pelo extico e pomposo. E porque no se tra