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Os cientistas precisam escrever Robert Barrass Obra publicadacom a colaborao daUNIVERSIDADE DE SO PAULOReitor: Prof. Dr. Waldyr Muniz OlivaEDITORA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULOPresidente: Proi. Dr. Mrio Guimares FerriComisso Editorial:Presidente: Prof. Dr. Mrio Guimares Ferri (Instituto de Biocincias). Membros: Prof. Dr. Antonio Brito da Cunha (instituto de Biocincias), Prof. Dr. Carlos da Silva Lacaz (Faculdade de Medicina), Prof. Dr. Prsio de Souza Santos (Escola Politcnica) e Prof. Dr. Roque Spencer Maciel de Barros (Faculdade de Educao).OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERBIBLIOTECA DE CINCIAS NATURAIS DIREODr. Antonio Brito da Cunha(do InslitutO de Biocincias da Universidade de So Paulo) Volume 2ROBERT BARRASS (Professor da Po1itcnicu de Sunderlati(hOS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERguia de redao para cientistas, engenheiros e estudantesTraduo deLEILA NOVAESeLEONIDAS HEGENBERGT.,/'A. QUEIROZ, EDITOREDITORA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO So PauloDo original ingIls SCIENTIM MUST WRITEA guide to better w,itingJ)r seientists, engiiteers and stude?-,ts Publicado porChaprnari and Hall Ltd Londres Ql978 Roblert BarrassCIP-Brasil. Latal0qao-na-Fonte 'rnara Br,,,ileira do Livro, SpBar,ass. Robert.es cientistas Precisam es-reve, guia de re1aao para CiPritistas, engenheiros e estudantes / Pob.r,, Barrass ; t--aduo de Leila Novaes e LeI5nidas Llegeniberg. - So paujo : T. A. Queiroz : Ea. da '-'r.iversiiade de Sac, Paulo, 1979.v.2) 2i!b-4otec de cEnias naturaisEdizorao 2, Traba-j Trab31hos cjeRtf,- '1. Trabalhos cientfjcos lhos cientficos - Normas 3. CO,1 - Pedao 1. T-itulo.Indices Dara catjoqo sistemtcs: Escritosi. cientTficos : Redao 80,o66s2. Norros : Frabalhos cientficos : R2daao 808.066,53. Publica3es cientficas : Redaao 208.06654. Redao : Trabalios cientTfico-s 8l8,066S. irabalhos cientficos Normas : RedaEo 80s.06s,6. Trabalhos :ientficos Redao 8q8.ff,)665Proibida a cprodue, MeSrno parcial, e por qualquer processo, sern autori-zao expressa do editor.MONOGRAFIASUsp-FEA029B269C E.252946RARA CIENTISTAS ENGENHEIROS E ESTIJDANTES CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER GUIAPara AnnSobre a edio brasileiraNo limite do indispensvel, algumas adaptaes foram introduzidas nesta traduo, todas elas decorrentes de exigncias naturais, visando ao leitor local: exemplificao de formas redacionais sujeitas a interpretaes ambguas - nem sempre anlogas no ingls e no portugus -, de problemas mais comuns de lngua, e incluso de normas tcnicas adotadas em nosso Pas e sugestes de leitura complementar pertinente.Essa reduzida colaborao, necessria alm de til, e exercida com anuncia do Prof. Barrass, refora o interesse e o valor deste pequeno livro, dele fazendo, tambm para o leitor brasileiro, preciosa fonte-de informaes e instrues sobre a arte de escrever no s correta como apropriadamente sobretudo na rea do ensino, da pesquisa e da atividade profissional ligada cincia em geral.Nestes tempos de deteriorao do ensino, de descaso com o vernculo, de dificuldade s vezes quase insupervel de se traduzir um pensamento em palavras, este livro surge como uma contribuio vlida e oportuna ao esforo de. superao do problema da comunicao escrita. E , por isso, com grande prazer profissional que o oferecemos aos interessados em aprimorar a arte de escrever, seja nas faculdades, seja nos laboratrios, seja ainda nas empresas.Os editoresSum roAgradecimentos XV Prefcio 11. OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER 32. REGISTROS PESSOAIS 8Escrever ajuda a lembrar 8(Anotaes feitas em aula -- Registro de trabalhos prticos)Escrever ajuda a observar 12 Escrever ajuda a pensar 13(A descrio de um experimento -- Pensar e recordar- Relatrios sobre o andamento do trabalho)O exercicio de escrever 173. COMUNICAOES 19 Relatrios internos 19 Cartas e memorandos 20A comunicao como parte da cincia 27(O mtodo cientfico -- A publicao dos resultados da pesquisa)A popularizao da cincia 29 Exerccios de comunicao 29(Redao de uma carta - O preparo de instrues)4. COMO OS CIENTISTAS DEVEM ESCREVER 31 Explicao 31Clareza 31 Inteireza 31 Imparcialidade 31 Ordem 33 Acuidade 33 Objetividade 34 (Expresses teleolgicas) &Mplicidade 35 Escritos cientficos 36 (Como redigir instrues) Escritos no cientficos 375. PENSAR, PLANEJAR, ESCREVER, REVER 4O Opensareoplanejar 40(A reunio de idias e informaes - Esboo preliminar- A ordem dos pargrafos)A redao 45 A reviso 46Praticar a redao de ensaios .5O Tcnica de exame 54(Como preparar exames e atribuir notas - Corno usar seu tempo da melhor maneira possvel num exame Corno responder s questes de um exame)6 PENSAMENTOS POSTOS EM PALAVRAS 58 Vocabulrio 58O sionificado das palavras 62 Termos tcnicos 68 (Definies)Abreviaturas 7O Nomenclatura 717. O USO DAS PALAVRAS 72 Palavras no contexto 72 Palavras suprfluas 74(Motivos da prolixidade - A redao de um resumo)8. AJUDANDO O LEITOR 86Deciso sobre o que o leitor necessita saber 86 Escreva coma preocupao de tornar fcil a leitura 87 (Como principiar - Controle - nfase - Comprimento das frases - Ritmo - Estilo)Captar e manter a ateno do leitor 92 Usar born vernculo 94(Obstculos comunicao eletiva - Regras da comunicao eficiente)9. OS NOMEROS CONTRIBUEM PARA A PRECISO 103O uso de nmeros 103(Unidades SI)O uso de tabelas 106O uso de grficos e diagramas 10910. AS ILUSTRAES CONTRIBUEM PARA QUE HAJA CLAREZA 114O uso de ilustraes 114(Fotografias - Desenhos - Diagramas) A arte da ilustrao 119Desenhos para relatrios 121 (Dimenses - Como desenhar) A legenda 125Ilustraes terminadas 125 ,(Pontos a verificar nas ilustraes)li. LEITURA 128o trabalho dos outros 130(Enciclopdias - Manuais - Guias de padronizao ou normativos - Diretrios, ou Guias - Livros - Resenhas- Peridicos especializados - Peridicos especializados em extratos, ou resumos - Indices - "Current Contents") Anotaesfeitas durante a leitura 136Como ler 137Comofazer uma resenha 13812. RELATRIOS E TESES 140As partes de um relatrio de pesquisa 140(Capa - Folha de rosto - Sumrio - Introduo - Materiais e mtodos - Resultados - Discusso - Resumo - Agradecimentos - Lista de referncias bibliogrficas)Relatrio deprojetos e teses 152(Teses - Relatrios de projetos - Avaliao de projetos)13. PREPARO DO RELATRIO DE UMA INVESTIGAO 156 Opreparo do manuscrito 156(Pontos a verificar no manuscrito)O Preparo do original datilografado 159(Instrues para o trabalho de datilografia - Pontos a verificar no original datilografado)O preparo do indice remissivo 163O preparo do original datilografado para a tipografia 164 (Correspondncia com o redator - Pontos a considerar pelos avaliadores-, e autores - Direitos autorais -Pontos a verificar na reviso de provas) Resumo 170(Como preparar, para publicao, um relatrio sobre uma investigao ou um artigo)14. FALAR SOBRE CINCIA 174 Opreparo de uma conferncia 174(Avaliao do tempo - Uso do quadro negro - Uso de diaposifivos)A palestra 178APNDICE 181Unidades legais no Brasil 183 Projeto NB-66, da ABNT 197 Referncias bibliogrficas 219AgradecimentosNo escrevo na condio de especialista em linguagem, mas na de cientista atuante - sabendo o quo difcil escrever bem e como importante que os cientistas e engenheiros procurem faz-lo.Agradeo s seguintes pessoas, que leram os originais deste livro, por sua ajuda e encorajamento: Professor P. N. CampbelI, Diretor do Courtauld Institute of Biochemistry (The Middlesex Hospital Medical School, Universidade de Londres); J. Collerton, Diretor do Departamento de Humanidades da Newcastle-upon-Tyne Polytecimic; Dr. G. Evans, do Departamento de Geologia do Imperial College of Science and Technology, da Universidade de Londres; Professor M. Gibbons, do Departamento de Estudos Liberais em Cincia, da Universidade de Manchester; e aos meus colegas E. B. Davidson, Professor Titular do Departamento de Engenharia Eltrica e Eletronica, e Dr. J. B. Mitchell, Professor do Departamento de Biologia, da Sunderland Polytechnic. O Sr. D. W. Snowdown preparou as fotografias dos. desenhos reproduzidos de outras fontes (como se indica nas legendas dessas figuras). O Sr. D. B. Dougias desenhou as charges.PrefacioH quem afirme que os jovens cientistas e engenheiros deviam aprender a escrever - o que lhes possibilitaria ocupar cargos de administrao e gerncia. Isso verdade, mas eles tambm precisam saber escrever corretamente se pretendem alcanar xito como engenheiros e cientistas. Os requisitos para redigir trabalhos cientficos e tcnicos so os mesmos: clareza, inteireza, acuidade, simplicidade (ver o captulo 4). Neste livro, por conseguinte, a palavra cientista significa cientista e tecnlogo; e a expresso escrito cient'Yico abrange escritos cientficos e escritos tcnicos.Escrever parte da cincia. No obstante, muitos cientistas deixam de receber treinamento na arte de escrever. H uma certa ironia no fato de eminarmos nossos cientistas e engenheiros a utilizarem instrumentos e tcnicas, muitos dos quais jamais utilizaro em sua vida profissional, e, no entanto, no os ensinarmos a escrever. Escrever o que eles precisaro fazer todos os dias - como estudantes, como administradores, como executivos, como cientistas e engenheiros.Este livro, escrito por um cientista, no uma gramtica. Tanibm no se trata apenas de mais um livro sobre como redigir relatrios tcnicos, ou teses, ou artigos para publicao. O livro aborda todos os modos pelos quais escrever importante a estudantes, cientistas atuantes e engenheiros para ajud-los a lembrar, observar, pensar, planejar, organizar e transmitir suas idias.Os captulos 1, 2 e 3 versam todas as maneiras pelas quais escrever importante para os cientistas ou tecnlogos. O captulo 4 aborda as caractersticas do escrito cientfico. Espero que este livro Possa auxiliar a todos aqueles que encontram dificuldades em traduzir seus pensamentos em palavras (captulo 5), lev-los a avaliar e Pesar as palavras de que se utilizam (captulo 6) e como utilizam2 -- PREFACIOessas palavras (captulos 7 e 8). Nos escritos cientficos os nmeros (captulo 9) e as ilustraes (captulo 10) so importantes, sendo que o preparo das ilustraes , habitualmente, o primeiro passo ao redigirmos a parte de resultados de um relatrio, tese ou artigo cientfico (captulos 12 e 13). Foram includos um captulo sobre leitura (captulo 11) e outro relativo apresentao oral de idias (cap. tulo 14),Sempre que conveniente, o conselho dado ajustou-se s normas fixadas por rgos competentes - norte-americanos (ANSI - American National Standards Institute), ingleses (BS - British Standards) e internacional (ISO - International Organization for Standards)* (v. captulo 11) -, e, ainda, ao Guidefor the preparation of scientific papers and abstracts for publication (UNESCO, 1968).Este livro pode ser lido ou como alternativa de um curso formal sobre redao de trabalhos tcnicos e cientficos ou para complementar tal curso. Para facilitar a consulta de leitores que necessitam de orientao a respeito de algum detalhe especfico de redao, foram includos um minucioso Sumrio e um indice remissivo. Para ajudar a todos os leitores e reduzir o nmero de referencias cruzadas, vrios pontos essenciais foram repetidos em contextos diferentes.Foram includos exerccios em locais apropriados do texto (ver Exerccios, no indice remissivo). So exerccios adequados para auto-instruo. H sugestes destinadas a facilitar a tarefa dos professores de cincia ou de redao de textos cientficos que desejem utiliz-los ou utilizar exerccios similares em seus cursos. Exemplos de redao cientfica inadequada ou de redao incorreta so acompanhados de notas sobre as falhas ou sugestes de aperfeioamento. Do mesmo modo que Gowers (1973), no forneo as fontes de onde recolhidos tais exemplos, mas as redaes so de pessoas que conhecem seu idioma: algumas de professores universitrios e todas de autores de livros ou colaboradores de revistas especializadas.Robert Barrass3O de maio de 1977No olvidando, claro, as normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas), (N. T.)os cientistas precisam escrever indagao "Por que devemos escrever?" a maioria dos cientistas e engenheiros logo pensa na necessidade de transmitir idias. A comunicao to importante que se torna fcil olvidar outros motivos para se escrever. Escrevemos naturalmente, como parte do nosso trabalho quotidiano: para ajudar-nos a lembrar, observar, pensar, planejar e organizar, assim como comunicar (Tabela 1). Escrever ajuda-nos, acima de tudo, a pensar e a expressar nossos pensamentos - e quem quer que escreva mal leva desvantagem tanto no estudo como no relacionamento com outras pessoas.Escrevendo, podemos estabelecer comunicao com pessoa,-, conhecidas que podem julgar-nos com base em tudo aquilo que sabem a nosso respeito - com base em nossa maneira de escrever e de conversar, em nossa aparencia e em nosso comportamento. Ao escrever, porm, para pessoas que nunca vimos, elas s podem julgar-nos de uma. nica maneira: pelo nosso modo de escrever. Unia carta solicitando emprego, por exemplo, pode ser tudo que um empregador necessita para concluir que o candidato no serve para o trabalho.Estudantes so avaliados por meio de seus trabalhos (breves ensaios, registros de experimentos, relatrios de projetos, e teses) e pelo seu desempenho em exames escritos. Apenas escrevendo bem Poderemos nos sair- satisfatoriamente como estudantes, candidatos a empregos ou empregadores (escrevendo cartas, instrues, relatrios de atividades, artigos e resenhas, e contribuies cientficas para publicao).Alguns cientistas e engenheiros sabem avaliar a importncia que o escrever representa para o seu trabalho. Do muita ateno ao que escrevem. Outros sabem que escrevem mal, mas no se preoclipam com isso. Esto enganados se acreditam que escrever no 4 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERparticularmente importante na cincia. Outros, ainda ' por estarem satisfeitos com o nvel de sua redao, escrevem sem cogitar da Possibilidade de aperfeioamentos.Muitas pessoas so levadas a crer que escrevem de modo satis. fatrio por causa do xito que obtm nos exames escolares e universitrios. Todavia, a maior parte dos alunos alcanaria ainda melho res notas em seus exames e trabalhos escolares se estivesse em con. dies mais satisfatrias de transportar seu pensamento para o papel. Professores e examinadores sabem perfeitamente quantos Pontos perdem os estudantes em suas notas por no revelarem, de modo claro, se tiveram ou no aproveitamento. Nas escolas, muitos dos mais aptos estudantes no conseguem demonstrar suas aptides. Por exemplo, os comentrios abaixo so do relatrio de um exami. nador sobre um trabalho de aproveitamento escolar:Todas as respostas incluem informaes bastante irrelevantes. Mesmo quando um diagrama foi includo, a descrio completa, por escrito, tambm foi dada. Expresses imprecisas indicam falta de raciocnio cuidadoso. O padro das explicaes desapontador (... ) muitos candidatos conheciam o assunto, mas foram incapazes de expressar-se adequadamente. Bem Poucas respostas foram compreensivas. Pontos foram perdidos em decorrncia de omisses. Mesmo quando conheciam a resposta, muitos candidatos tiveram dificuldade em reunir os fatos em ordem apropriada.Os estudantes universitrios so brilhantes e hbeis, mas so preju dicados porque seus professores negligenciaram em lhes ensinar as noes fundamentais da expresso literria (Rivet, 1976). O professor Rivet examinou 44 trabalhos escritos por estudantes de humanidades e cincias. Todos cometeram erros ortogrficos. Termos imprprios eram freqentes. A sintaxe confusa era comum: abundantes exemplos de mau uso dos particpios; sujeitos no singular eram ligados a verbos no plural e vice-versa; a conjuno "portanto" foi utilizada com o objetivo de introduzir uma idia nova (sem a noo de conseqncia); tempos verbais oscilavam de maneira aleatria. Na pontuao, o erro mais comum foi a troca de pontos por vrgulas e vice-versa (dois pontos e pontos-e-vrgulas desaparece-OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER - 5rani), mas alguns alunos omitiram por completo as vrgulas enquanto outros as esparramaram de modo arbitrrio, como se fossem despejadas de um regador, dificultando a compreenso do texto numa primeira leitura.Muitos estudantes so suficientemente hbeis para compreender a matria estudada, porm no so capazes de transmitir seus conhecimentos e suas idias de modo eficiente. Necessitam de auxlio em sua redao, mais do que novos esclarecimentos acerca dos assuntos ou matria que escolheram.A necessidade de aperfeioamento tambm fica patente nos escritos de cientistas e tecnologistas, que presumivelmente fazem o melhor que podem quando preparam trabalhos para publicao e, no obstante, precisam - muitos deles - do auxlio de revisores e redatores experientes:A parte mais importante do meu trabalho editorial a de tentar ajudar os autores a registrar, de maneira clara e concisa, aquilo que pretendem dizer.(... ) dever de todas as universidades zelar no sentido de que os jovens sejam, hoje mais do que nunca, treinados para expressar-se de modo lcido, conciso e preciso.Cambridge University Reporter, C. F. A. Pantin (1959)Enquanto fao a reviso de um artigo que talvez tenha efetivamente algo de aproveitvel entranhado na verbosidade; enquanto tento substituir substantivos por verbos e a voz passiva pela ativa, e procuro eliminar 'ismos' e 'izaes' em praticamente todo o texto estremeo ao pensar na quantidade de escritos congestionados e obscuros que se toleram em cincias sociais...Only Dsconnect, Bernard Crick (in MeIntyTe, 1975)Apesar dos esforos dos revisores numerosos artigos so publicados com redao verborrgica e perodos ambguos, indicando que muitas pessoas ou no pensam com cuidado acerca do que pretendem dizer ou so incapazes de expressar as suas idias de modo claro e conciso (v. Tabelas 14 e 15, cap. 8).6 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERCientistas e tecnologistas deveriam, todos, admitir que escrever parte de seu trabalho; mas, a maior dificuldade enfrentada por quem quer que procure aperfeioar os padres da comunicao escrita cientfica e tcnica est em que a maioria das pessoas cultas est satisfeita com o que escreve:Dificilmente somos persuadidos de que ainda temos muito que aprender nos domnios da linguagem, ou de que nosso entendimento da linguagem falho ( ...) A primeira coisa a fazer para aperfeioar o uso que os adultos fazem da comunicao escrita destruir essa absurda iluso.Practical Criticism, 1. A. Richards (1929) Muitos estudantes de cincia e tecnologia no recebem instruo formal sobre a arte de escrever; e quando se pem a escrever e escrevem mal seus erros talvez no sejam corrigidos. Essa a razo pela qual muitos cientistas no compreendem o quo importante a redao na cincia, e a razo que os leva a no tomar conhecimento de suas prprias deficincias.No basta ensinar cincia aos cientistas. Precisamos tambm ajud-los a serem eficientes como cientistas. H uma certa ironia no fato de ensinarmos nossos estudantes de cincia e engenharia a utilizarem instrumentos e tcnicas, alguns dos quais talvez nunca venham a empregar em sua vida profissional, e, no entanto, no os ensinarmos a escrever - exatamente aquilo que precisaro fazer diariamente como estudantes e como administradores, executivos, dirigentes, cientistas e engenheiros.Os requisitos para bem escrever, na rea tcnica, so os,mesmos que prevalecem na rea cientfica: clareza, acuidade, inteireza, simplicidade (v. captulo 4).Houve um tempo em que a Cincia era acadmica e intil e a Tecnologia era uma arte prtica; hoje, elas se acham de tal modo interligadas que ( ... ) [a maioria das pessoas] no consegue separ-las.Public KnowIedge, John Ziman (1968) A literatura cientfica provavelmente no seja pior que qualquer outra literatura, mas deveria ser melhor do que . Um fenmeno espantoso o fato de o cien-OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVER - 7tista, que habitualmente conduz sua pesquisa em laboratrio com o maior refinamento e a mais elevada preciso de que a ciencia capaz, com tanta freqncia se dispor a publicar trabalhos aodadamente sem antes certificar-se de que suas afirmaes se acham claramente expressas. Mais do que qualquer outro profissional, sem dvida, o cientista tem a obrigao de escrever no apenas de maneira a fazer-se entendido como de modo ano ser mal compreendido.E. H. McCIelland (1943) os professores de cincia devem colaborar com o ensino da lngua, mostrando aos jovens cientistas porque eles precisam escrever e como eles devem faz-lo. As crianas no sabero avaliar a importancia da redao, em todos os seus trabalhos escolares, se o professor de vernculo for o nico a preocupar-se com os erros gramaticais.os jovens cientistas deveriam saber, o mais cedo possvel em suas carreiras, que sero melhores estudantes e melhores cientistas se estiverem capacitados a escrever corretamente. "A nossa educao depende, toda ela, da compreenso e do uso adequado da linguagem - como disso depende tambm o xito em numerosos aspectos da vida adulta" (HMSO, 1975). Drucker (1952) deu o seguinte conselho sobre como ser um empregado:Se voce trabalha com mquinas, sua habilidade de expressar-se no ter grande importncia. Na medida, porm, em que o seu servio se afasta do trabalho manual, e na medida em que seja maior a organizao para a qual voc trabalha, maior ser a importncia de saber como transmitir seus pensamentos, por escrito e oralmente. A capacidade de expressar-se talvez seja a mais importante de todas as habilidades que voc possa possuir.grande o poder das palavras corretamente escolhidas, sejam elas usadas para informar, entreter ou persuadir (Potter, 1969). No h, contudo, atalhos para se conseguir escrever melhor. Aprendemos atravs da prtica da arte de escrever, levando em conta os comentrios de nossos professores e colegas ou os conselhos dos revisores, e seguindo os bons exemplos - lendo boa literatura.- - - - - - - - - - - - -Registros PessoaisEscrever juda a lembrarA maioria dos cientistas se vale de urna agenda ou dirio para registro e lembrana do que fizeram e do que est por ser feito, Quando precisam lembrar-se de procedimentos a adotar no uso de UM instrumento ou de urna tcnica, seguem minuciosas instrues, preparadas por outras Pessoas. Um aluno, Porm, quando se vale pela Primeira vez de anotaes escritas, como auxiliar da niemria, registra sentenas completas ditadas pelo professor. Posteriormente, os estudantes tomam notas durante as aulas e no decorrer de investigaes (e enquanto lem - v. captulo 11).A"Otaesfeitas em aulasO tipo de notas feitas pelos alunos depende da maneira pela qual a aula dada. s vezes eles fazem anotaes minuciosas mas pouco se lembram do que foi dito na aula. Isso acontece quando o Professo, fala devagar, corno se estivesse ditando permitindo que pratica mente tudo seja registradoEm outras aulas, os estudantes tomam apenas algumas notas, mas com cuidado, selecionando ttulos, subttulos, palavras, nmeros, abreviaturas, frases e sentenas que lhes serviro de lembretes. Nessas aulas que os estudantes aprendem mais: no esto totalmente ocupados corri escrever e dispem de tempo para refletir.A tarefa do professor no oferecer a cada estudante ur ri conjunto bem arranjado de anotaes - ditando o rs no de livros- cveis:ur texto - mas apresentar uma sntese dos Pontos essenciais do tema discutido, apoiado em exeniplos; discutir Problemas, hipteses e lugar evidncias; explicar aspectos mais complicados, elucidar conceitos e sidade Princpios; aludir a outras fontes de informao; e responder per- seada guntas. Dessa maneira, o professor age corno uni controlador de casa,REGISTROS PESSOAIS - 9velocidade para o estudante, o qual, ouvindo, adianta-se mais rapidarnente do que o faria caso se limitasse a ler. No obstante, os alunos acharo mais simples a tarefa de tomar notas durante uma aula se j tiverem feito leituras preliminares e se tiverem compreendido e aproveitado as aulas anteriores do mesmo curso.Ao tomar notas, a primeira coisa a registrar, no topo de uma nova pgina, g data e, em seguida, o tema da aula. A fim de decidir a respeito da primeira anotao a fazer a maioria dos alunos se baseia em alguma sugesto do professor. Alguns professores parecem esperar que os alunos escrevam durante toda a aula, o que pode ser desejvel caso a informao apresentada no se encontre acessvel em livros-texto. Outros. professores preferem que os alunos apenas ouam, compreendam o que foi dito e usem seu prprio discernimento para distinguir os pontos essenciais dos pormenores de apoio.Um born professor pode principiar sua aula dizendo de que maneira pretende abordar o tema. Se a aula houver sido bem preparada, as notas de cada estudante revelaro um plano ordenado da aula, semelhante ao plano preparado pelo professor enquanto decidia o que dizer.Tomar notas ajuda as pessoas a permanecerem atentas. Os alunos devem ouvir a exposio e, depois, recorrer aos seus livros, ou, alternativamente, devem fazer as anotaes medida que acompanham o pensamento e as explicaes do professor. Em qualquer dos casos, os alunos devem aprender durante a aula e devem estar prontos a fazer ou a responder perguntas ao trmino da exposio.Os alunos precisam pensar no material que convm levar a uma aula. Alguns se valem de uma caderneta em que tomam notas de muitas aulas diferentes; depois, em casa, perdem tempo copiando o que anotaram. Outros se utilizam de vrios cadernos, um para cada curso, o que os poupa do trabalho de copiar as anotaes mais tarde, irias este mtodo incmodo. De tal sorte que a maioria dos alunos prefere levar o chamado "fichrio" de folhas soltas, desta-comeam cada assunto novo do trabalho escolar numa nova folha, deixando margens adequadas e espaando as anotaes, com para alteraes e acrscimos. com folhas soltas no h neces-de copiar as anotaes, j que cada folha pode ser manuseparadamente e mantida no arquivo mais apropriado em a ordem das folhas pode ser alterada quando necessrio, e1O - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERnovas folhas podem ser includas a qualquer momento no lugar mai conveniente.A padronizao uma boa idia (o papel 4A, 210X297 mm (ot formato ofcio), um tamanho adequado), assim corno o uso d papel com pautas largas para escrever e papel branco para dese. nhar. O papel pautado com linhas muito juntas no apropriadc para anotaes e trabalhos de redao porque no h, entre a linhas, espao para pequenos acrscimos e correes.Registro de trabalhos prticosAnotaes preparadas no decurso de uma investigao no devem ser feitas em papel de rascunho, mas numa caderneta de laboratrio ou de campo. Tem-se, dessa forma, como no caso de um dirio, um registro permanente daquilo que foi feito em cada dia de trabalho (por exemplo, a quantidade de cada componente de uma mistura, o mtodo usado em todas as preparaes, as providencias para padronizao das condies que prevaleceram durante a investigao, o nmero de cada instrumento, e a temperatura e presso atmosfrica se forem relevantes). A caderneta , ainda, o local apropriado para desenhar a aparelhagem, para os diagramas de circuitos, e para registrar marcaes dos instrumentos, descries e esboos feitos ao longo das observaes.A organizao dos dados deve principiar no momento 'mesmo em que eles so registrados, em folhas cuidadosamente preparadas para este fim. Essas tabelas devem ocupar pginas da prpria caderneta ou ser firmemente fixadas pgina apropriada. Unidades de medida devem constar de cada coluna, no topo. Essas tabelas so um guia para a observao, pois dirigem a ateno para as medies requeridas e de tal modo que as co .isas so registradas em ordem, no momento certo. Elas facilitam, ainda, a utilizao e a anlise de dados.Toda anotao deve ser datada. A data no fica na memria e pode, mais tarde, adquitir grande importncia, indicando a ordem em que as coisas se processaram. A data tambm o elementochave de registros feitos por tcnicos em assuntos como clima, durao do dia e as condies das mars. Convm, pois, registrar a hora em que uma observao iniciada, a hora em que cada anotao feita no decorrer da observao, e a hora em que a observao termina.REGISTROS PESSOAIS - 11Pormenores desse gnero sero necessrios se o trabalho realizado tiver de ser repetido; sero necessrios, tambm, para as seces "Materiais e mtodos" e "Resultados" de um relatrio: no devem ser confiados memria. E possvel, mesmo, que um relatrio no possa ser escrito se algum pormenor ficar sem registro - perdendose, assini, todo o tempo e todo o dinheiro gastos na pesquisa. Os pormenores facilitaro ainda a redao da "Introduo" e da parte relativa s "Discusses" do relatrio, se os motivos que levaram investigao e as notas acerca do desenvolvimento das idias e das hipteses forem registrados no decurso do trabalho.As notas no devem ser rascunhadas e passadas a limpo mais tarde. Isto perda de tempo e possibilita o surgimento de enganos. prefervel preparar notas "limpas" e escrever com cuidado perodos bem construidos.Perder uma caderneta de anotaes, aps uma investigao que levou semanas, meses ou anos, representa considervel desperdcio de tempo e de dinheiro. Recomenda-se, pois, que durante o trabalho os cientistas tirem uma cpia (com carbono) de cada pgina de suas cadernetas ou cadernos, em folhas soltas, conservando-as em outro lugar. Quem deixa de tomar essa precauo arrisca-se a perder anotaes insubstituveis (Figura 1). Tais perdas, geralmente provocadas pelo fogo, jamais so previstas. Ao realizar projetos e pesquisas o cientista no deve desmontar a aparelhagem usada antes de haver comp .letado as observaes, analisado os dados e preparado uma primeira verso do relatrio final. Aspectos aparentemente irrelevantes durante uma investigao podem revelar-se importantes mais tarde. O caderno de notas, nesse caso, estar em condies de fornecer as informaes sobre porque, como e quando as coisas foram feitas. Na caderneta de campo devem ser anotadas no apenas essas informaes relativas ao porque, o como e o quando, como tambm sobre onde elas tiveram lugar.E preciso registrar meticulosamente quaisquer observaes inesperadas, pois , em geral, a partir desses dados imprevistos e de experimentos malsucedidos que mais aprendemos.Adotei, tambm, durante muitos anos, uma regra de ouro: sempre que qualquer publicao, nova observao ou pensamento contrrios aos meus prprios resultados chegavam ao meu conhecimento, tomava12 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERnota disso imediatamente e sem falta; pois desco. brira, pela experincia, que tais fatos e pensamentos fugiam da memria muito mais facilmente do que aqueles que me eram favorveis.LifeandLetters, CharlesDarwin(1809-82)Escrever ajuda a observarA observao o alicerce da ciencia, e o preparo de uma descrio, como a execuo de um desenho preciso (Figura 1 lA), ajuda a focalizar a ateno sobre um objeto ou um acontecimento. Escrever necessrio para chegar a uma descrio precisa e um auxlio para o aprendizado.Onde foi que deixei minhas anotaes?Fig. 1. Conservar, em lugar seguro, uma cpia de cada pgina do caderno de anotaes.REGISTROS PESSOAIS - 13Quando um ponto houver sido adequadamente coberto numa descriOo, que se procure algo mais para descrever. Isto ajuda a perceber outros aspectos e a descrio no se limitar ao mais bvio. Uni observador experiente deve procurar no perder nada.A reviso de uma descrio enseja a oportunidade de rearranjar as observaes, de tal sorte que: haja uma clara distino entre o que parece ser as caractersticas mais importantes e aquilo que, com relao a essas caractersticas, detalhe; os acontecimentos sejam descritos na ordem temporal correta ou em outra ordem lgica; e a ateno seja voltada para diferentes observaes que parecem estar relacionadas.Escrever ajuda a pensarPensamos com palavras e ao escrever procuramos captar nossos pensamentos. Escrever , portanto, um processo criativo que nos ajuda a selecionar nossas idias, preservando-as para posterior considerao.Dificilmente um pensamento original acerca de temas sociais ou espirituais encontra eco na humanidade ou adquire importncia adequada nos intelectos- inclusive no de seu autor - antes de palavras e frases habilmente escolhidas terem fixado de maneira segura este pensamento.A System of Logic, John Stuart Mill (1875)(... ) a difcil tarefa de escrever e repensar pode ajudar a esclarecer e fixar muitas coisas que permanecem um pouco incertas em meu esprito por no terem jamais sido anunciadas explicitamente, e eu desejo descobrir suas incoerncias ocultas e suas falhas insuspeitadas. E tenho, assim, uma histria.,,The Passionate Friends, H. G. Wells (1913)(... ) um curso de ingls limitado gramtica seria muito estril, e o domnio de uma lngua melhor conseguido pelo seu uso como veculo para disciplinar e registrar idias e estimular o pensamento criativo.The Language of Mathematics, F. W. Land (1975)14 -OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERO preparo de um ensaio ou relatrio auxilia-nos a determinar o que sabemos e a descobrir lacunas em nosso conhecimento, conduzindo, pois, a uma compreenso mais profunda do trabalho em que nos empenhamos.Estudar a lngua materna no se compara a estudar outras disciplinas: a condio indispensvel da vida acadmica. Mais ainda, para as pessoas que falam o portugus, esse idioma o nico meio de expresso que transforma essas pessoas em seres humanos capazes de articular idias e de se tornarem inteligveis (Sampson,1.925).* Quando, portanto, algum diz "Eu no sou born em portugus", essa pessoa na realidade est afirmando que... "No sou born para pensar corretamente, no sei falar com clareza, no sirvo para ser eu nIesmo" (Strong, 1951). O ensino da lngua , conseqentemente, o ponto de partida indispensvel de toda educao, com todos os professores cuidando tambm do idioma.Mesmo as pessoas educadas escrevem mal quando no pensam bastante sobre o que desejam escrever.As palavras so ( ... ) a nica moeda com que podemos cambiar idias, at mesmo em nossos monlogos. Disso no decorre, portanto, que quanto mais acuradamente usarmos as palavras mais precisamente explicaremos nossos pensamentos? Disso no decorre que atravs do exerccio de escrever com clareza treinamos nossas mentes para tornarem cristalinos nossos pensamentos?On The Art of Writing, Sir Arthur Quiller-Couch (1916) Escrever auxilia as pessoas a ordenar seus pensamentos e a planejar seus trabalhos (v. captulo 5, "Pensar e planejar").O esforo de formular hipteses (transformar em palavras as possibilidades que examinamos) resulta numa conjetura qual podemos voltar posteriormente luz de novas experincias e em busca de outras possibilidades. As hipteses dirigem nossa ateno para* Sampson aludia, naturalmente, s pessoas que falam o ingls, asseverando que esse idioma o6nico meio de expressAo "by which they become articulate and intelligible human beings", mas a observao vlida, sem dvida, para o portugus ou outra lngua viva qualquer. (N.T.)REGISTROS PFSS 0A1 S --- 15novas questes e para hipteses alternativas. Aquilo que escrevemos forma uma base para atento exame e um estmulo para ulteriores investgaes(HMSO, 1975).Nos estudos, o valor do que se escreve demonstrado pelo uso que os professores fazem dos ensaios, pela contribuio do relatrio escrito na avaliao de projetos, e pelo papel da tese no trabalho de um estudante que se prepara para obter um grau acadmico mais alto. Um dos deveres da universidade fornecer instruo, "mas nossa funo precpua ensinar os estudantes a pensar - e o ensaio ou a tese so a principal evidncia da consecuo desse objetivo" (AlIbutt, 1923).A descrio de um experimentoA descrio deve basear-se em registros preparados no decorrer da investigao (inclusive notas sobre datas e prazos, materiais e mtodos, e dados). Depois de escolher um ttulo apropriado a matria distribuda em sees, que habitualmente so as seguintes: Introduo, Materiais e mtodos, Resultados, Discusso e conclusoes, e Bibliografa. A organizao das sees pode ser outra eventualmente mais apropriada, a no ser que os estudantes sejam orientados no sentido de usarem a mesma orientao em todos os relatrios.O ttulo deve informar qual o assunto do experimento. A Introduo deve dizer porque o experimento foi realiza-do. A seo de Materiais e mtodos deve ser suficientemente detalhada a fim de permitir que qualquer pessoa de formao e treinamento similares possa repetir as observaes e chegar a dados semelhantes. A seo de Resultados uma enunciao do que foi observado e inclui os resultados das anlises de dados (registrados em tabelas, grficos ou estatsticas incorporados ao texto). Os dados (pelo menos os dados representativos) tambm podem ser necessrios. A Discusso a Interpretao dada pelo autor aos resultados obtidos, mas pode tambm incluir referncias a trabalhos relev2ntes publicados por outros investigadores. As Concluses devem ser listadas, e cada uma delas deve ser acompanhada de comentrio especfico, numerado. -Pensar e recordarE til ter sempre no bolso um. pequeno caderno de anolaes e um14is, Para registrar idias que, de outra forma, Pc;baram se 1d1016 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVEResquecidas. Convm anotar idias e associaes de idias, e possvei; investigaes adicionais, medida que vm lembrana, a fim de que no caiam no esquecimento e possam receber ateno mais tarde.Relatrios sobre o andamento do trabalhoNos projetos e nas pesquisas, escrever deve ser parte integrante & investigao e no uma tarefa indesejvel a que s se d atenao n(, fim do trabalho. A atividade cientfica e a redao no so tarcfa: independentes e sucessivas. melhor comear por escrever, ante, mesmo de investigar: isto ajuda a definir o problema e a planejar os mtodos e experimentos (v. "O preparo do manuscrito"). Aqueles que no comeam a escrever enquanto a investigao no estej,,. concluda tornam seu trabalho desnecessariamente difcil. Um esboo elaborado no comeo da investigao deve ser revisto e ampliado medida que a pesquisa evolui. Isto permite praticar a arte de escrever e facilita a deteco de trabalhos adicionais que possam ser necessrios. Dessa forma, sempre que informaes sejam acrescentadas a cada seo o esboo de relatrio transforma-se nun-,. registro atualizado do desenvolvimento do trabalho.Auxlio til para conseguir-se clara compreenso dum problema escrever um relatrio sobre todas a,-. informaes disponveis. Isto ajuda quando se est,-, iniciando uma pesquisa, quando se enfrenta um,,. dificuldade ou quando a investigao est quase te-rminada. Tambm til no comeo de um2 pesquis, formular claramente as questes a que se pretend< responder. A formulao precisa do problema s vt zes meio caminho andado para sua soluo. A d posio sistemtica dos dados permite freqer,, mente detectar falhas de raciocnio ou identificar jJ nhas alternativas de pensamento que haviam passa(!,-, desapercebidas. Pressupostos e concluses inicia; mente tidas como "bvias" podem at mesmo revelai se indefensveis quando claramente explicitadas e citicamente analisadas.TheArtofScientficIivestigatin, W. 1. B. 13everidgeREGISTROS PESSOAIS - 17Uni relat rio sobre o andamento do trabalho de interesse para o supervisor ou orientador e para aqueles que financiam a pesquisa, ,nas de interesse muito maior para o prprio autor. Auxilia o cientista a planejar observaes adicionais, a contornar perturbaes irrelevantes (e, pois, conseqente perda de tempo), a ver o projeto como um todo e a perceber quando o trabalho est completo.Tabela 1. O que os cientistas escrevemRegistros particularesNotas de laboratrio ou de campo; dirios; estudos de casos Folhas de dadosDescries - como forma de auxlio observao Notas colhidas em aulas ou resultantes de leituras Cartes-indiceNotas de idias e lembretes; caderneta de bolsoNotas de informaes e idias que auxiliam a pensar e a planejar Notas para o preparo de aulasComunicaesCartes postais, cartas e memorandos Ensaios, artigos, folhetos, livros IlustraesRelatrios tcnicos, descries e especificaes Relatrios sobre andamento de trabalhos Teses (Disserta)es)Artigos sobre pesquisa para publicao Noticirio para a imprensaResenhas de livrosO exerccio de escreverConservar o registro de todo trabalho prtico numa caderneta de laboratrio.2. Usar escrever e desenhar como auxlios para a observao e descrio. Boa parte dos escritos cientficos baseia-se em descrio clara e acurada; entretanto, se solicitarmos que diversas pessoas, numa sala de aula, por exemplo, descrevam um acontecimentb, processo ou qualquer coisa, notaremos considerveis diferenas nas descries no s quanto18 --OS CIENTISTAS PRECISAM, ESCREVER qualidade da redao corno - o que alarmante quanto percepo daquilo que Pedimos fosse descrtc, (Henn, 1961).3. Em trabalhos de projeto, escrever uni relato sobre as observaes e experimentos feitos medida que o trabalho se desenvolve. Entender que o relatrio faz parte da investigao.4. Usar escrever como um recurso de apoio ao pensamento, Os professores podem iniciar um curso sobre redao cientfica solicitando que os alunos preparem, corno material bsico para discusses, urna lista dos tipos de redao utilizados pelos cientistas (Tabela 1). Se possvel, os professores (incluindo os Professores de vernculo) devem basear tais cursos nos cadernos prticos de anotaes dos estudantes, nos relatrios e ensaios escritos pelos estudantes; e os instrutores e redatores de indstrias e outras empresas devem utilizar cartas, memorandos e relatrios feitos em seus prprios escritrios. Esta a melhor maneira, talvez a nica, de mostrar aos cientistas e engenheiros que escrevendo bem eles sero,mais eficientes em seu trabalho.ComunicaesQuando se redigem relatrios para administradores e polticos, ou se escrevem cartas, ou tenta-se popularizar a cincia (tarefas que requerem tacto, imaginao e compreenso das necessidades do leitor), preciso escrever de modo claro e convincente, com palavras que as pessoas instrudas possam compreender, de modo que as concluses ou recomendaes sobressaiam entre os pormenores de apoio e a mensagem no seja mal compreendida.Relatrios internosUma pessoa apreciada tambm pelo que escreve e seu valor, como empregado, depende no apenas do conhecimento que tenha de cincia e de engenharia, mas tambm da sua habilidade na transmisso de informaes e de idias.A imagem popular de um engenheiro, por exemplo, a de um homem que trabalha com uma rgua de clculo, uma rgua-T e um compasso. E os estudantes de engenharia refletem essa imagem na atitude por eles assumida em relao palavra escrita, que vem como algo inteiramente irrelevante para seus futuros empregos. Mas a eficincia do engenheiro - e, com ela, a sua utilidade - depende tanto da sua habilidade de fazer com que outras pessoas entendam o seu trabalho quanto da prpria qualidade desse trabalho.How to be an Employee, Peter F. Drucker (1952) ()s eniPregados e funcionarios precisam comunicar-se com as pessoas Para as quais trabalham e, na medida em que passam a ocupar Postos de liderana, precisam transmitir instrues claras aos subordinados.2O - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERNo basta termos uma boa idia ou executarmos um born trabalho; preciso tambm sermos capazes de fazer com que outras pessoas entendam o que estamos fazendo, porque o fazemos e com que resultados (v. RelatOrios sobre o andamento de trabalhos). fcil fazer com que um assunto complicado parea complicado; preciso inteligncia e esforo, porm, para expor idias e informaes da maneira mais simples possvel. So pontos importantssimos a considerar (neste, como em outros casos de comunicao): por que se exige relatrio? que informao pedida? quem solicita a informao? (V. captulo 8.)Um relatrio interno deve estar de acordo com as normas da empresa ou com as exigncias do chefe de departamento. Se este no der qualquer orientao, deve-se procurar dispor as informaes necessrias numa ordem adequada, em uma pgina, com ttulo e subttulos apropriados, com as concluses ou recomendaes no fim. Em relatrios pequenos como este quaisquer pormenores de apoio, grficos ou diagramas devem ser citados no p da pgina e includos em folhas separadas, anexadas ao relatrio. (Sugestes sobre a elaborao de relatrios mais extensos so apresentadas no captulo 12.)Muitos so os jovens que, depois de obterem seus diplomas na rea de cincias, passam de imediato ao trabalho administrativo ou seguem cursos de gerncia; seu xito depender da capacidade que tiverem de comunicar-se com o pessoal da prpria firma em que trabalham e com pessoas de fora. O administrador que se empenha em melhorar sua redao ser um administrador mais eficiente: seu trabalho ser organizado de modo mais eficaz, ser mais facilmente lido e mais facilmente compreendido; e ele estar em melhores condies de avaliar os sentimentos e as necessidades alheias.Cartas e memorandosUma carta um born teste para avaliar a capacidade de comunicao adequada. Toda carta um exerccio de relaes pblicas; ela representa quem escreve e, muitas vezes, o prprio empregador. Quem escreve precisa, pois, cuidar da aparencia de suas cartas, do seu contedo e da disposio do texto escrito na pagina, assegurando uma boa impresso do destinatrio. Excetuando as breves, possvel aperfeioar e encurtar todas as cartas: basta anotar osCOMUNICAOES - 21pontos que se deseja acentuar e depois numer-los numa ordem apropriada antes de escrever ou ditar uma carta. As importantes devem ser lidas por mais algum da empresa e/ou reexaminadas pelo autor no dia seguinte, e ento - se necessrio - revistas. parte um retardamento dessa natureza, necessrio, toda correspondncia deve ser cuidada prontamente, o que uma questo de cortesia e eficincia. Ao escrever cartas ou memorando as exigncias bsicas so as mesmas de outras formas de comunicao. Deve-se saber o que se deseja dizer; em seguida, transmitir a mensagem de modo polido, claro e conciso, tendo em conta o ponto de vista do destinatrio e suas reaes provveis.A maioria das cartas ocupa uma s pgina (Tabelas 3 e 4; ver tambm a Tabela 5). A mensagem deve ser transmitida em poucas palavras, criando-se um clima de entendimento entre o autor e o(s) destnatrio(s). O torn de uma carta depende do seu propsito.Tabela 2. Diversos tipos de cartas e os estilos correspondentesPropsito da carta EstiloSolicitao de pormenores (de reunio, de fundos para Claro, simples, direto e pesquisa, de um item de equipamento). cortez.Convite a um conferencista.Pedido de emprego, de recursos para pesquisa, etc., inclui indicao de qualificao e usualmente instruido com informaes adicionais em folhas separadas (p. ex., dados pessoais do requerente e/ou detalhes do projeto de pesquisa proposto).Queixa ou reclamao.Claro, direto e objetivo, Confiante, sem ser agressivo.Claro e direto, mas no agressivo.Resposta (a um pedido de informacs ou a uma recla- Claro, direto, mao) dando informaes, instrues ou explicaes. informativo, polido, Dar resposta a todos os pontos levantados no pedido. prestativo e sincero.]Votificao de recebimento (de um pedido ou requeri- Simples e direto. Inento),Notifcao de recebimento por carto postal. Discreto.Carta de agradecimento.De reconhecimento.22 - OS CIENTISTAS PRECs,_N4 ESCREVERTabela 3. Forma das cartas pessoaisNo necessrio usar pontos finais no endereo. As palavras no devem aparecer abreviadas. A data deve ser indicada Por extenso, sem pontuao. A saudao inici , a_inclui o nome do destinatrio. A saudao final toma, em geral a forma "Cordialmente". A assinatura deve ser legvel. Nome e endereo do destinatrio escritos de modo igual ao utilizado no envelope. A carta Pessoal usada na Correspondncia de negcios quando o autor e destinatrio j se conhecem Pessoalmente, j falaram por telefone ou j trocaram cartas anteriormente.SaudaoEndereo do remetenteespaos (Data1' Informao requerida2 Pormenores de apoio3 Concluso e,/ou ao exigidaSaudao final, ou fecho AssinaturaNome (datilografado) do remetenteNome e endereo dodestinatrio*Linha de referncia: iniciais da pessoa que assina a carta; iniciais do datilgrafo.* Entre ns tambm usual a colocao do nome e endereo do destinatrio antes da saudao n1cal, ficando, neste caso, o endereo do remetente ou no p da pgina ou logo abaixo da assinatura, em seguida ao nome. (N.T.)COMUNICAES - 23Tabela 4. Forma das cartas comerciaisNo h pontuao no endereo. Pode-se abreviar certas palavras, como Companhia (Cia.) e Limitada (Ltda.). A data deve ser indicada por extenso, sem pontuao. Nome e endereo do destinatrio idnticos forma utilizada no envelope. A saudao inicial pode ser Prezado Senhor, ou Prezados Senhores, ou Prezada Senhora. A saudao final pode ser Atenciosamente ou Respeitosamente. Os pormenores de apoio, caso exijam mais que poucas linhas, devem ser reunidos em folha parte, encimados por um ttulo. Este e quaisquer outros anexos devem ser listados aps o nome do remetente, com a indicao: Anexos.Cargo e endereo do destinatrio SaudaoReferncia (indicao do assunto)1 Informao desejada2 Pormenores de apoio3 Concluso e/ou ao exigidaSaudao final, ou fecho AssinaturaNome e cargo do remetente (datilografados). Anexos:RelaoLinha de referncia: iniciais do signatrio e do datilgrafo,Endereo do remetenteespaos (Data24 - OS CIENTISTAS PRECISAM FSCREVERPertencem Coroa da Inglaterra os direitos autorais do seguinte memorando sobre BreVidade, escrito Por Winston Churchill em 194O e encaminhado aos chefes de todos os departamentos governamentais, e aqui reproduzido com permisso do "Cabnet Office-:Para executarmos, nosso trabalho todos ns precisamos ler grande quantidade de papis. Quase todos so excessivamente, 1,.,)ngos. Isso representa perda de temPo, e energia Precisa ser gasta na identificao dos pontos essenciais daquilo que lemos.Peo aos rneus colegas e aos seus subordinados que procurem tornar mais breves os seus Relatrios. (i) O objetivo deve ser: Relatrios que destaquem osPontos principais numa srie de pargrafos curtos e incisivos,(ii) Se um Relatrio se apia em pormenorizada anlise de fatores de certa complexidade, ou erri dados estats,,co.Apndice. s eles devem ser reunidos num (iii) Freqentemente, o melhor no apresentar uni Relatrio completo, mas um aide-memoire apenas relacionando os tpicos, que podero ser desenvolvidos oralmente, se necessrio.(iv) Terminemos com frases como estas: "Tambm importante no deixar de ter em mente as seguintes consideraes..." ou "Deve ser considerada a possibilidade de levar a efeito..,". Quase todas estas construoes redundantes so meros atavios que podem ser coripletamente abandonados ou substitudos por uma s palavra.No sejamos avessos ao uso de frases curtas e expressivas, ainda que vazadas em linguagem coloquial. Relatorios preparados do modo que proponho aprimeira vista podem parecer grosseiros quando comparados com a delicadeza do jargo oficial. Mas, a economia de tempo ser grande e o hbito de destacar apenas os pontos principais, concisamente, provar ser til para um raciocnio claro.Em muitas organizaes os memorandos substituem as cartas. Eles representam o remetente (e tambm o seu departamento). Os memo-COMUNICAOES - 2-Srandos no precisam ser impessoais, mas devem ser diretos, dando informaes, sugestes ou recomendaes, ou indicando claramente a providncia requerida. Os pargrafos de um memorando devem ser numerados (ou precedidos de ttulos de referncia). Os nmeros servem Para (1) dirigir a ateno do remetente e do destinatrio para cada um dos pontos principais; (2) levar o remetente a pensar naquilo que deve ser dito; (3) levar o remetente a dispr os assuntos numa ordem adequada; e (4) facilitar a leitura pelo destinatrio. Cada memorando deve ser cuidadosamente elaborado; deve ser to breve quanto possvel, mas to longo quanto necessrio. preciso verificar com cuidado a quem o memorando ser endereado. No se deve remeter cpias desnecessariamente para pessoas que delas no necessitam: isso desperdcio de papel, perda de tempo da parte de quem l e revela falta de discernimento do remetente.Tabela 5. Uso de cartes potaisNo se insere saudao inicial, nem saudao final.Data MensagemAssinaturaNome e endereo do remetente (datilografado ou impresso)(1) Lembre-se que um carto postal pode ser visto por outras pessoas, alm do destinatrio. Se, pois, um carto postal utilizado para acusar o recebimento de uma carta, no deve ser redigido de modo a tornar pblico o contedo ou o propsito da carta; deve conter apenas a data e os nmeros de referncia da carta.Cartas e memorandos devem ser escritos em papel no pautado e, de preferncia, a mquina. Cpias com papel carbono devem ser arquivadas. Memorandos utilizados para transmisso rotineira de informaes devem ser feitos em impresso padronizado; isso econo-26 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERmiza tempo, ajudando quem escreve a saber prontamente o que foi pedido, e por quem, e auxiliando quem recebe a localizar, sem dificuldade, quaisquer detalhes.A fim de fazer com que todas as comunicaes sejam breves e diretas, os pormerores indispensveis ou as informaes adicionais devem merecer rpida meno e juntadas na forma de anexo. Quem inicia qualquer correspondncia deve indicar o objetivo da carta ou numa linha inicial de referncia clara, precisa e especfica, ou na primeira sentena. A resposta, e toda correspondndia subseqente, deve ser iniciada: "Agradeo sua carta de. .. a respeito de ...... Assim procedendo, as pessoas que se correspondem sabem prontamente de que trata cada comunicao (v. tambm a Figura 2).Aguardando o favor de sua resposta, subscrevo - meAmo. Aw.Obrdo.Fig. 2. As cartas devem ser escritas em linguagem comum; evitar o emprego de construes antigas, ainda encontradas em cartas comerciais (jargo comercial).COMUNICAES - 27Ainda no h meio de comunicao que supere a utilizao de cartas e niemorandos. Acordos feitos por telefone precisam ser confirmados por escrito. Os mal-entendidos so possveis, a menos que as partes interessadas conservem registros escritos da conversao. Todas as cartas e memorandos devem ser criteriosamente arquivados pelo remetente e pelo destinatrio. Convm, pois, que cada carta e cada niemorando abordem um s assunto. Se for preciso escrever a respeito de mais de um assunto, para um mesmo destinatrio, convm tratar cada um deles numa comunicao ndependente Inesmo que todas as comunicaes sejam remetidas num s envelope.A comunicao como parte da cnciaO mtodo cientiyicoA pesquisa cientfica origina-se de um problema que pode ser levantado por observao pessoal ou da verificao de trabalhos alheios, Os problemas so examinados pelo mtodo de investigao, numa tentativa de obter-se evidncia que se associe a uma hiptese. Se o problema Posto como uma indagao, ento cada hiptese uma possvel resposta a essa indagao ou uma possvel explicao. As observaes e medidas registradas durante uma investigao transformam-se em dados, que so organizados, classificados, estudados e comparados com outros dados recolhidos em outras investigaes. Esta anlise leva a reunir inforinaes de variadas fontes, conduz a snteses, ao reconhecimento da ordem (para classificaes) e leva a generalizaes (apresentadas como normas, conceitos, princpios, teorias e leis).Quando urna evidncia d apoio a uma hiptese e rejeita outras. hipteses adicionais podem proporcionar explicaes alternativas. Cada hiptese conservada apenas enquanto fornece explicao satisfatria para as observaes colhidas sobre o assunto. Uma hptese de aceitao geral entre os cientistas que trabalham na mesrna rea pode ser considerada uma teoria, e pode conduzir a um princP'o, ou lei, cuio valor est no apenas no fato de explicar as observaes feitas mas tambm em permitir prevses do que acontecer em futuras observa,5es e experimentos.28 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERA comunicao est envolvida em todos os estdios de aplicao do mtodo cientfico. A hiptese em que cada investigao se baseia pode surgir das observaes do prprio investigador, mas ele deve conhecer as observaes e experimentos de outros cientistas que trabalham no mesmo problema ou na mesma rea de estudo. Isto ajuda a evitar duplicao desnecessria de esforos (v., contudo, o incio do captulo 11), podendo ainda resultar em contribuio para o conhecimento ao assegurar que novas observaes se relacionam com aquilo que j conhecemos.Hipteses, teorias e leis devem ser modificadas ou mesmo descartadas se a qualquer momento se revelarem falhas ou se uma explicao melhor for proposta para as observaes acumuladas sobre o assunto. No obstante os cientistas possam trabalhar sozinhos, o mtodo cientfico torna, assim, a cincia uma tarefa de cooperao e nenhum trabalho estar completo antes de um relatrio ser escrito,A publicao dos resultados da pesquisaA literatura cientfica, registro permanente da comunicao entre cientistas, tambm a histria da cincia: registro da busca da verdade, de observaes e opinies, de hipteses que foram desprezadas ou se revelaram falhas ou que resistiram ao teste de observao e experimentao ulteriores. A cincia um esforo incessante no qual o fim de uma investigao pode transformar-se no incio de outra. Os cientistas devem escrever, portanto, para que suas descobertas sejam difundidas.Seu objetivo, em suma, elaborar Registros fidedignos de todos os Trabalhos da Natureza, ou da Arte, que venham a colocar-se ao seu alcance: de tal sorte que a Era atual, e a posteridade, possam ser capazes de assinalar os Erros, que tenham sido reforados por longa prescrio: de restaurar as Verdades, que ficaram esquecidas; de dar, s Verdades j conhecidas, novas e mais variegadas aplicaes; e de aplainar a via de acesso quelas que permaneceram ocultas. Este o alcance de seu Destino.History of the Royal Society, Thomas Sprat (1667)COMUNICAOES - 29A popularizao da cinciaos cientistas devem escrever relatos formais de seu trabalho para publicao em revistas lidas apenas por especialistas, mas que so acessveis a cientistas em toda parte. Mas, a cincia est moldando o nosso mundo, e os cientistas, quer estejam buscando a verdade apenas pela verdade, quer estejam tentando resolver problemas prticos, tambm devem escrever artigos, resenhas e livros - relatando o que esto fazendol, e porque, e comentando o trabalho de outros cientistas -- disseminando informaes entre cientistas de outras reas, entre alunos de cincia e outros interessados.Se no nos preocuparmos com a divulgao da cincia, ou com o debate sobre o impacto da cincia na sociedade, no deveremos nos surpreender se a cincia e a tecnologia permanecerem um livro fechado, inacessvei a muitas pessoas educadas, se o povo no confia no cientista, se no se d valor interdependncia entre a cincia pura e a aplicada, ou se as pessoas esperam demais da cincia.Nos livros escolares os cientistas a`presentam a cincia no apenas para os cientistas de amanh, mas tambm para os estudantes que iro trabalhar e tomar decises em outros campos. O autor de livr'os didticos dispe, assim, de uma oportunidade nica de despertar interesse e informar. Se no tiverem esse interesse despertado na juventude, pouco provvel que as pessoas venham a interessar-se pela cincia depois de maduras. Escrever bons livros para os jovens uma das mais importantes obrigaes de cada gerao de cientistas. Quanto mais baixa a faixa etria de leitores para os quais se escreve, mais importante o seu trabalho, pois as crianas no titubeiam em escolher entre os assuntos que interessam e os de que no gostam. Se uma criana no entende ou no levada a interessar-se pelo seu primeiro livro sobre um determinado assunto, a oportunidade de cativ-la pode estar perdida'para sempre.Exerccios de comunicaoRedao de uma cartaA maioria dos estudantes achar til e interessante o exerccio de redigir uma carta solicitando um emprego. Esta uma boa ocasio para se comear a ensinar os pontos essenciais de uma redao clara, concisa e polida.3O - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERO preparo de instruesUsamos instrues na cincia e na tecnologia, assim como na vida cotidiana: como montar um equipamento, como preparar uma mistura, como encontrar um livro numa biblioteca, etc. O preparo de instrues claras um born teste na arte da comunicao. O exerccio seguinte pode ser feito por qualquer pessoa, trabalhando sozinha, ou pode ser utilizado por um professor de redao cientfica, primeiro como trabalho de grupo e posteriormente como assunto de discusso em classe:Escrever um conjunto de instrues com o titulo ---Como escrever instrues "Veja uma soluo, ou resposta, no prximo captulo.Como os cientistas devem escreverUma redao reflete o modo de pensar e de trabalhar do autor, devendo, portanto, estar de acordo com os requisitos do mtodo cientfico.Explicao preciso, em primeiro lugar, ter em conta as necessidades do leitor.O que ele j sabe? De que novas explicaoes necessta? O propsito do autor, ao escrever sobre ciCncia, explicar. Que isso? com que se parece? Como funciona? Por que utilizado? Que se fez9 Por que, e como? Que se descobriu?Clareza A clareza de raciocnio indispensvel para a aplicao do mtodo cientfico (na formulao do problema, na formulao de hiptese na qual o trabalho se apia, rio planejamento e na execuo do trabalho) e deve refletir-se na clareza com que se escreve e com que se executam, as ilustraes (Figura 3).InteirezaO tratamento de uma questo deve ser compreensivo. Cada enunciado deve ser completo. Cada argumentao deve ser conduzida de modo cabal, at uma concluso lgica. O escrito no deve conter erros de om,.isso, rnas o autor deve demonstrar ter conscincia das limitaes de se-,, conhecimento.Imparcialdade Quem, escreve precisa deixar explcitos os pressupostos de sua argurnentao., j que pressupostos incorretos muitas vezes podem suge-32 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERrir concluses tambm incorretas. O autor deve indicar como, quando e onde obteve os dados de que se valeu e especificar as limitaes do trabalho, as fontes de erro e os provveis erros existentes nos dados colhidos, indicando os limites de validade das concluses (UNESCO, 1968). O autor deve mostrar que conhecetodas as facetas de uma questo e procurar no se deixar influenciar por vieses de idias preconcebidas, alm de cuidar de evitar superes timar a importncia do trabalho. No pode omitir fatos que contradigam a hiptese sustentada e tampouco subestimar resultados ob tidos por outros investigadores, se tais resultados parecem contraraos que o prprio autor encontrou.CONDUTORES SECUNDRIOSISOLAMENTOPRINCIPALCONDUTOR PRINCIPALFIAO SECUNDRIANCLEOISOLAMENTO DO NCLEO)Fig. 3. As ilustraes contribuem para a clareza: um transformador de correne. em corte, exibe o ncleo, o isolamento deste ncleo, a fiao secundn--, o isolamento principal e os terminais secundrios. De acordo con! A. Wrg (1968), Current Transformers, Chaprnan & Hall Ltd, Londres,Pressupostos, extrapolaes e generalizaes devem bascai- em suficiente evidncia e devem estar de acordo com tudo quanto sc, sabe a propsito do assunto. Hipteses, conjecturas e possibilidades discutidas no devem ser objeto de referncia, posteriormente, cotr_,_ se fossem fatos estabelecidos. A propsito, eis algumas expresses para as quais o autor deve ficar atento porque podem conotar --a admisso de uma hiptese: obviamente, certamente e claro (ve-tambm, a Tabela 6).COMO OS CIENTISTAS DEVEM ESCREVER - 33OrdemO leitor compreender mais facilmente uma dada mensagem se a informao e as idias forem apresentadas numa ordem lgica. no momento de dar instrues que se percebe de modo mais evidente a necessidade de explicao suficiente, clareza, inteireza, e apresentao ordenada de informaes (v. adiante, "Apresentao de instrL,es", e Figura 7).AcuidadeO mtodo cientfico depende de cuidado nas observaes, de preciso das mensuraes, de ateno no registro dessas observaes e medidas. Cada experimento deve ser passvel de reproduo e cada concluso deve ser passvel de verificao.O escritor pode deixar de lado suas boas intenes: acuidade e clareza dependem de meticulosa escolha de palavras e de seu preciso emprego (v. captulos 6 e 7).Tabela 6. Frases que os cientistas devem evitarFrases introdutriasComo ' oem sabido... E evidente que...Talvez sej'a verdade que...A maioria concorda em que...Todas as pessoas razoveis pensam.--- Por motivos bvios...No h duvida de que... provvel que...COMO os senhores sabem... Corno os senhores sabem... Conioj foi dito antes... Concluses provisriasAt onde sabemos...No preciso sublinhar o fato de que..O exemplo ini, tpcoInterpretaes possveisEu acho... Eu acho...No sei o que pensar... Algumas Pessoas pensa.rn que ... Eu acredito...No tenho qualquer evidncia ... Estou convencido...No consegui evidncia suficiente---Os senhores provavelmente no sabem., Isto suprfluoIsto suprfluo Possibilidades Podemos estar enganados...Eu no precisaria dizer-lhes que...O exemplo que mais me convm34 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVERObjetivdade izadas; por conseAs pessoas respeitam, em geral, as opinies autorguinte, um dos problemas que deve ser enfrentado por quem tenha algo de novo a dizer que as pessoas relutam em aceitar qualquer coisa que conflite com as crenas existentes, Em cncia, toda afirmao deve basear-se em prova e no em opinies infundadas. A especulao no pode substituir a prova. O cientista precisa, pois, evitar o uso exagerado de expresses de reserva ou ressalva. Palavras e frases como possivelmente, talvez, provavel que, e melhor seria dizer talvez levam-nos a pensar duas vezes. Teramos examinado , bastante as provas? H provas suficientes para deixarmos de lado ressalvas ou reservas? Em caso negativo, sero necessrias novas investigaes antes de darmos o trabalho por concludo e pronto para publicao? Esta ltima possibilidade parece ser muito grande,Quando no existe informao adicional sobre algum ponto, a2 'necessidade de novos trabalhos pode ser mencionada. Reeder (19.---) insistiu em que os cientistas no devem raciocinar com base ria falta de provas contra uma hiptese, ou apresentar uma opinio corno se fosse um fato. No se deve confiar na autoridade, mas em provas. No devemos expor opinies de oatTos cornio S.- fossem fatos; e jamais expor a opinio da maioria como se fosse um fato.Em escritos cientficos nada dever ficar subentendido ou por conta da imaginao do leitor, Os romancistas, jornalistas e publicitrios, para gravar algo na mente do leitor, podem recorrer. a repetio, ao exagero ou a moderao. Nenhunia destas tcnica,, pode ser utilizada pelo cientista, que deve seguir um caminho mais rduo e convencer os leitores corri base em provas, apoiando-se eln verdades claramente formuladas e em argumentaes lgica-Expresses teleolgicasOs cientistas no devem emprestar atributos humanos a coisas 1rianimadas ou mesmo a organismos vivos que no sejam gente. No poderri, nos escritos cientficos, aludir aos animais irracionais com o se fossem gente.Os cientistas devem evitar frases corno os resultados sugerem que.--- ou outra possibilidade sugere que.--- ou sugerida pelos exre rimemos, pois resultados e experimentos nada podem sugerir ---quem sugere algo sempre uma pessoa. Tanibm devem ser evtad1 .1Como OS CIENTISTAS DEVEM ESCREVER - 35frases do tipo os dados apontam para (porque dados no apontani), ou do ponto de vista dos nmeros (j que os nmeros no tm ponto de vista), ou do ponto de vista dos solos (pois os solos no vem)O homem da rua pode dizer que seu carro no gosta de ladeiras ngremes ou que o sol tentou atravessar as nuvens, mas o cientista no deve permitir que tais expresses das emoes humanas insinuem-se em seus escritos.Smplicidade Ao optar por uma dentre vrias hipteses, o cientista deve dar preferncia explicao mais simples que se ajuste a todas as evidncias. Este critrio de escolha (para que as coisas no sejam desnecessariarnente multiplicadas) foi proposto no sculo XIV pelo telogo Guilherme de Ocam, e conhecido como a navalha de Ocam,A simplicidade no escrever (e nas ilustraes: Figura 4), como numa demonstrao matemtica, sinal evidente de clareza de pensamento. Os cientistas devem escrever de modo direto, sbrio, sem uso de jargo, isento de prolixidade e livre de outros enfeites que s fazem distrair.Fig. 4. Usn de diagrama para transmitir uma idia nova. A frmula estrutural do benzeno, proposta por Kekul (1872), em termos de hbrida ressonncia entre duasfo,mas constituintes.De D. li. Rouvray, (1975) Endeavour. v. 34 (121), p. 32.36 - OS CIENTISTAS PRECISAM ESCREVEREscritos cientficosEm seu livro The Technique of Persuasion Napley (1975) recomenda aos advogados que, para bem servirem seus clientes, apresentem suas peties de maneira ordenada e ntegra, com clareza, simplicidade, brevidade e interesse, evitando por completo a linguagem empolada. "Explicao, clareza, inteireza, imparcialidade, ordem, acuidade, objetividade e simplicidade so elementos que consideramos fundamentais nos escritos cientficos. Os trabalhos de autores cuidadosos apresentam ainda outras caractersticas:Adequao ao assunto, ao leitor e ao momento,Equilbrio (revelando conhecimento de todas as facetas de um problema; mantendo um senso de propores).Brevidade (uso de palavras em nmero no superior ao necessrio para transmitir cada pensamento ao leitor; omisso de pormenores desnecessrios).Coerncia (no uso de nmeros, nomes, abreviaes, smbolos; na grafia das palavras e na pontuao; no emprego de termos).Controle (cuidadosa ateno para com o arranjo, apresentao e tempo de leitura, objetivando impressionar o leitor de um modo predeterminado; ateno para com a organizao).Interesse (prendendo a ateno do leitor).Persuaso (convencer o leitor atravs de evidncia convincentemente exposta).Preciso (definies exatas apoiadas, quando conveniente, em dados numricos ou mensuraes acuradas).Sinceridade (franqueza, honestidade, humildade). Unidade (abrangncia, coerncia).A elaborao de um conjunto de instrues, mediante utilizao apenas de palavras, ou palavras apoiadas em eficientes ilustraes (ou exemplos), constitui uma boa introduo aos aspectos essenciais dos escritos de natureza cientfica.Como redigir instruesAs instrues devem ser completas, de modo a explanar a ao requerida e responder a todas as perguntas relevantes, Devem serCOMO OS CIENTISTAS DEVEM ESCREVER - 37claras, concisas, simples e de fcil entendimento. Devem, portanto, ser redigidas por algum que conhea a tarefa a executar.1. Considerar o destinatrio das instruks.2. Preceder as instrues de quaisquer explicaes indispensveis (particularmente sobre os motivos que levaram alterao dos procedimentos anteriormente aceitos.).3. Elaborar lista de materiais necessrios.4. Explicitar precaues relativas segurana; se preciso, repetir os mesmos informes imediatamente antes da fase em que as precaues devem ser tomadas.S. Colocar as instrues na ordem em que as coisas devem ser feitas.6. Indicar a ao exigida em cada uma das fases, separadamente.11 .Empregar sentenas completas, no modo imperativo.S. Numerar as sucessivas fases, de modo a realar a ao exigida em cada fase.9. Havendo desenhos, fotografias ou exemplos, coloc-los logo em seguida aos trechos que ilustram.10. Analisar as instrues.IL Efetuar um teste preliminar, no mnimo com duas pessoas- urna que tenha experincia da tarefa a executar, e outra sem essa experincia.12. Corrigir o trabalho, se necessrio, aps o teste. Acrescentar as iniciais do autor e a data.Escritos no cientficos-Exemplo 1A queixa dos examinadores de que os estudantes no sabem escrever corretamente aplica-se, penso eu, sobretudo aos alunos de cursos de cincia... Como suas aptides esto voltadas para assuntos no lterrios, no surpreende que os estudantes de cincia escrevam mal. Algumasfalhas1. Uma opinio emitida e, mais tarde, apresentada como um fato.O autor no fornece evidncia para apoiar a afirmao de que os estudantes so bons ou em literatura ou em cincia.38 - OS CIENTISIAS PRECiSAM ESCREVERExemplo 2Nas condies atuais, Pouca dvida pode haver de que o hidrogni,, talvez seja o mais importante fator para a alimentao do mundo, No necessrio destacar o fato de que. ..Algumasfalhas1. H, na primeira sentena, excessivas restries ou condicionantes,2. Na segunda frase, o autor prepara-se para destacar algum,. ponto que dispensa destaque,3, Se algo apresentado -como um fato, no preciso dizer que se trata ce um fato.Exemplo -3Os ltimos dez anos foram testemunha de alteraes, no ensino, de profundidade sem paralelo em qualquer perodo anterior da nossa histria educacional. Esses avanos exigiram monumental dispndio de dinheiro e de recursos hunianos, sendo interessante observar que enquanto em pases conio os Estados Unidos da Amrica...Algumas falhas1. Os anos foram testemunha expresso de carter teleolgico: os anos no testemunham, no vem.2. Deprofundidade sem paralelo significa apenas sem par,jejf)3. Err qualquerperodo anteriorda nossa histra educacional uma tautologia; deveria estar escrito em nossa hjst(-r,',a educacional.4. Fala-se em alteraes; em seguida, elas so dadas corne, avanos.S. Os avanos no exigem.6. Dispndios no podem ser monumentais.A frase sendo interessante observar que pode se,- oniit;d, sem qualquer alterao do sentido da exposio,8. H outros pases, alm dos Estados Unidos, como iguais - os Estados Unidos?9. A primeira sentena refere-se educao na Ingiaterra, entre 1964 e 1974. A afirinao verdadeira?OMO OS C,FNTIS'I-A DEVEM E-SCREVER - 39 Exemplo 4Dirigir de modo seguro e cf;,iellte p(^)r em Prfica as leis psicolgicas da lo-OrnOO etn um campo espacial . O cam j,do motorista, assim como a , O de segurana distncia n-Iinima deparada devem estar em consonncia com as Possibilidades ObJetvas, e entre esses dois fatores deve Prevalecer lima r-Lao rnaior que a unidade. Este o princpio bsico- Alta velocidade, esirada derraparte, dirigir noite, curvas fechadas, trfego pesado e outros fatores anlogos so perigosos - quando o sodistncia. POrQue, dimnuem a razo campo/ Algumasfaffias1. No est claro o que O alltcr Pretende dizer Pretende ele afirmar que o motorista deve estar sempre em condies de parar dentro da distncia, ou espao, que ele percebe estar desimpedda?2. O autor parece ter procurad,,,) complicar desnecessariamente um assuntc smples.Exemplo 5Boa parte da Romanha, na Itlia, por exemplo, que era densamente povoada nos tempos antigos, apenas foi reconduzida ao nvel da antiga populao e produtividade atravs de grandes esforos no presente sculo,A1gumas,a1has1. densamente povoada Quartos habi tantes?2. nos tempos antigos Quarldo?3, apenas foi reconduzida Reconduzda (-) 'apenas atraatravs de esv,4. da antiga populao Rssoas bem velhas!S. e produtividqde To produtiva como nos tempos antigos?Pensarg planejarg eserever, reverSe algum descia aperfeioar os seus ese.its, j ter dado o priMeiro passo ao reconhecer a Possiblida de, 'ass de aperfeoar,-,ento. Para egurar um aperfeioamento crescep.,c e zssil-rdevese cuidar de todas as composie's -- InesIr,, as breves - do mesino nodo: sempre pensar, planejar, escrever e depois rever.O pensar e o planejarOs dois Primeiros pass-,)s - pejisar e pianejar - ajudam a ivear um trabalho e encaminham o autor na direo correta: a completao da tarefa. Verilcar-se- Lanibrn que escrever mais fcil quando no se espera que o primeiro esboo seja perfeito e se est preparado para dedicar algum tempo a revises,A reunio de dias e informiat3esUm erro comum de redaao empregar demasia'1O tempo ria elabc,rao das partes iniciais do traballi. Eir. cor-seqncia dissk:,,, alguinas idias receberri aterio exagerada, simplesirrente porque so consideradas em primeiro lugar, enquanto outras merecem ateno insuficiente porque surgem depois.O planejamento pode tornar alguns minutos kcomo na organizao de um exame escolar) ou exigir tempo considervel na procura de informaes e idias, e na discusso e reflexo. Independentemente do tempo disponvel, o primeiro passo a organizao das idias. Um born ttulo ajuda o autor a definir o objetivo e o alcance da composio, e deve informar o leitor sobre tais objetivo e alcance. Em relatrios encomendados, analogamente, os termos de referncia devem deixar claro o que necessrio, por parte de quem e quando.PENSAR, PLANEJAR, ESCREVER, REVER - 41 E preciso pensar nos leitores e Prever as perguntas que elespodero fazer. Eles desejam informaes relevantes, bem organizadas e claramente apresentadas ' e suficientemente explicadas. Numa conversa eles fariam perguntas como Quem? Qu? Onde? Por qu? Como? O autor deve fazer essas perguntas a si mesmo elas atuam como abridores de lata (Warner, 1915). As respostas conduziro a novas indagaes.Uma pessoa sabe muito mais a respeito de muitos assuntos do que a princpio imagina. Em poucos momentos de meditao e reflexo normalmente possvel preparar uma sucesso de anotaoes importantes. Algumas dessas anotaes podem ser utilizadas como temas de pargrafos adicionais e outras como ideias ou conceitos de apoio numa determinada passagem. Na seleo final de material muitos pontos podero ser deixados de lado, ou porque descem a mincias desnecessrias ou porque melhores exemplos foram escolhidos.Esboo prelimnar medida que informaes e idias so reunidas convm anotar as palavras-chave, frases e sentenas numa pgina (ou escrev-las em fichas separadas). Deve-se usar os pontos principais como ttulos e registrar os pormenores de apoio sob os ttulos importantes. Em seguida os ttulos so numerados (ou as fichas postas em ordem) enquanto se decide:Qual o propsito e a amplitude da composio? Como introduzir o assunto?Qual o tema de cada pargrafo?Que informao e que idias devem ser includas em cada pargrafo?Que diagramas so necessrios, e onde devem ser colocados?O que pode ser omitido?O que necessita de maior nfase?Como ordenar os pargrafos numa seqncia lgica? Subttulos ajudariam o leitor?Qual a maneira mais eficiente de concluir a composi4o?O esboo dos tpicos colabora para a ordem e organizao, o que essencial na tarefa de escrever. O esboo permite que cada aspecto seja tratado e trabalhado de modo cabal num s lugar, evita as digres-42 -- OS ClENTISTAS PRECISAM ESCREVERses e ajuda a ma,Lter o impulso criativo que produz uma composio bem alicerada. Se for possvel, ser conveniente deixar de lado, por algum tempo, o esboo dos tpico: isto poupar tempo, mais tarde, porque mais fcil adicionar novos tpicos a uma lista ou modificar a numerao desses tpicos, do que mudar de orientao depois de completada a primeira redao, ou redao preliminar.Coligidas todas as informaes necessrias e satisfeito com o esboo dos tpicos, o autor est pronto para redigir. com base no esboo dos tpicos o autor pode escrever tendo em mente o trabalhe, coino um todo, adequando as palavras s sentenas, as sentenas aos pargrafos e estes con, posio final, fazendo com que todos os elementos ganhem sentido segundo as relaes que mantm entre si e o todo. Somente com o preparo de um plano possvel manter o controle sobre a redao final, permitindo que o autor exponha c, assunto de maneira simpcs, corviDecnILC e econrnica.Por serem as primeiras e as ltimas palavras de um pargralo as que mais chamam a ateno do leitor, nunca se deve iniciar um pargrafo com expresses sem importncia. Devem ser omitidas frases suprfluas como: Em primeiro lugar, consideremos.... EMTabela 7. Frases introdutrias e frases de liga0o que podem normalmente ser omitidas sem alterao do significado da sentenaConsidera-se. a este respeito, que... Deste pon to de vista, relevante mencionar que...com relao a.... quando consideramos.... evidente que... Na medida em que... seja considerado, pode-se observar que... Avalia-se que.... ao levar em conta... dt- interesse notar que.--- naturalmente...-A fim de manter o problema na devida posio, gostaramos de acentuar que.. no h dvida de que... no sendo o de menor importncia entre os fatores.. Concluindo, com respeito a... verificou-se que ...A partir desta informao pode-se notar que .... na medida do... Sabe-se, atravs de uma efetiva investigao, que.--- como segue:Este relatrio um resumo dos resultados de urna pesquisa acerca de ... que, como devem lembrar-se, ... com respeito a...Est estabelecido que, essencialmente... no caso de...A evidncia apresentada neste relatrio d apoio ao ponto de vista de que ...na rea de... para informao dos senhores... na verdade.--- com respeito a.... em ltima anlise. ..PENSAR, PLANEJAR, ESCREVER, REVER -- 43segundo lugar, deve-se dizer que.... Exemplo interessante que deve ser lembrado neste contexto o de que.... Em seguida, cumpre ressaltar que... Concluindo.... Devemos ter sempre em mente que o plano para uso do autor (como um auxlio do pensamento). No se destina ao leitor (que s necessita dos resultados do pensamento do autor). Frases introdutrias suprfluas e frases de conexo de menor interesse apenas contribuem para distrair a ateno do leitor (Tabela 7). A mudana de assunto claramente indicada pela pausa entre os pargrafos, e o novo tpico deve ser introduzido dreta e convincentemente com as primeiras palavras do novo pargrafo,A ordem dos pargrafosAps o ttulo e o pargrafo introdutrio, os demais pargrafos devem ser dispostos de modo a conduzir, de maneira lgica, quele de concluso. A ordenao lgica pode ser ditada, digamos, por princpios cronolgicos ou geogrficos; em trabalhos curtos a ordem poder ser a da importncia crescente, em trabalhos inais longos poder ser a da importncia decrescente. A ordem poder tambm ser estabelecida pelas nornias da casa ou pelas exigncias de um cliente ou do supervisor do t-ahalho.O primeiro pargrafo proporciona ao leitor uma primeira avaliao daquilo que o trabalho contm. Esse primeiro pargrafo deve, pois, conquistar o interesse do leitor e deixar claro o propsito e a ampltude da cornpcso. mas h muitas maneiras de inici-lo, (Ver incio do captulo 8.)Deve haver um pargrafo para cada aspecto do assunto (para cada tpico), Cada pargrafo, portanto, dever ser bem concatenado e claramente inaportante, com um propOsito bem definido e limitado. O tpico de cada pargrafo em geral claramente explicitado na primeira sentena (ou fica patente nessa primeira sentena), mas isto pode ocorrer no final quando se trata de uma argumentao ou de uma explicao. Todas as sentenas do pargrafo devem conter informaes ou idias relevantes para o tpico abordado - mas nada de irrelevante - sendo que a primeira e a ltima tambm ajudaro- na ligao dos pargrafos, permitindo que o leitor perceba sem dficuldade conio uni pargrafo conduz de maneira lgica ao seguinte.44 - OS CIEN1ISTAS PRECISAM ESCREVERDentro do pargrafo cada sentena ser portadora de um pensamento; sinais de pontuao devem ser utilizados quando necessrios para esclarecer sentidos ou facilitar a leitura (Gowers, 1973; Partridge, 1953). Cada sentena deve associar-se, bvio, sentena anterior e seguinte. Nenhum enunciado novo dever ser introduzido de modo abrupto, sem prvia preparao. As sentenas de cada pargrafo devem, pois, ser dispostas numa orde nilgica e eficaz, de modo a assegurar coerncia e transmitir com preciso o pensamento do autor.O equilbrio importante na redao, como na maioria das nossas aes. As sentenas de um pargrafo, e os pargrafos de um ensaio, devem equilibrar-se, isoladamente e em conjunto, corro se equilibram o cabo e a lmina de uma faca. A composio, como uni todo, precisa ser bem balanada: idias de importncia similar devem merecer destaque comparvel.O final deve ser forte, contundente, convincente e concludente.Fig, 5. O final de qualquer composio deve ser udequado no sentido de deixo, no l vor, urna impre,sso duradoura do trabalho.PENSAR, PLANEJAR, ESCREVER, REVER - 45A paragraiao suaviza a leitura: proporciona pausas em pontos adequados da narrativa e ajuda o leitor a perceber que um detalhe foi abordado e que tempo de passar para o proximo. Pargrafos breves tornam a leitura mais fcil e permitern, pois, coinunicao eficiente. Entretanto, os pargrafos so unidades de pensaniento, cada qual com uma idia ou com vrias estreitamente relacionadas, de mode, que sua extenso varivel.Os tpicos abordados devem conduzir a alguma concluso e/ou a recomendaes; alternativamente, devem dar margem a1especulaes ou enfatizar algum aspee4 o do assunto, o que resulta no encadeamento dos pargrafos e leva formulao de uma teoria ou hiptese, Seja qual for o mtodo utilizado para concluir urna composio, o final deve ser bvio para o leitor (Figura 5). No h necessidade de iniciar o ltimo pargrafo, o que ainda usual entre escritores Mexperientes, com as palavras: Fui concluso... ou Concluindo---O escritor que aprecio usa pargrafos de extenso, desenvolvimento e organizao variveis. Ele no perde tempo com matria simples e explica (,..) os pontos dificeis. Os pargrafos so cuidadosamente interligados e quando ocorre um rnarcante desvio de pensamento h indicaes suficientes para que eu acompanhe a nuidana. Ele no se repete desnecessariamente; no f az digresses; ao contrrio, aborda seu te.ma de modo breve e cabal. Completa seu 'trabalho com um satisfatrio pargrafo final enquanto meu in, teresse ainda esta vivo 1, _.).E,ftctive Writing , 1-1. J. Tichy (1966)A redaoElaborado o plano completo, escolhido o L-erna e j tendo em niente a concluso, o escritor deve procurar redigir sua composio do princpio ao fim, sem interrupes, e usar as primeiras palavras que lhe venham lembrana. Interrupes para conversas, para reviso de perodos j escritos, para verificao da grafia de uma palavra ou para a procura de -ama palavra mais apropriada, podem, cortar o fluxo de idias e destruir, assim, a espontaneidade que d unidade, interesse e vida redao. A revio se faz depois de concluda a primeira verso do trabalho.46 - OS CIENTISTAS PRECISAM E.SCRUP,RDeve-se trabalhar a partir do esboo preliniffiar. Noes especficas que encerrem conhecimentos de pormenores devem ser apresentadas de maneira lgieR, interessante'e objetiVa. A quant-f, dade de palavras deve ser adequada para que os pensamentos quem claros. A economia de palavras resulta em explicao insu,, ficiente; ao passo que palavras em excesso podem tornar obscuros os pensamentos e levar o leitor a perder tempo. Evite-se a linguagem figurada, que pode confundir alguns dos leitores.O uso da imaginao pode ser estimulado num ensaio literrio. A imaginao e a especulao tm seu lugar na cincia (quando da formulao de hipteses), mas os escritos que no sejam fico devem ser imparciais, precisos e objetivos. Quando a interpretao e a avaliao de uma evidncia reclamar uma opinio, esta deve ser explicitam-Inte apresentada como opiffio,Argurnentos a favor de qualquer idia apresentada no podem deixar de bpsear-se na evidncia sintetizada rio trabalho e todas as afirmaes precisam do apoio de exempios, de tal sorte que o leil.Gr possa Ugar a sua validade. As fontes de informaes e de idiaR devem ser indcadas no texto por exemplo, o nome do autor e a, data da publicao a que se faz referncia). Crticas a trabalhos alheios tm de ser fundamentadas e no apenas baseadas em idias preconcebidas das quais no haja qualquer prova.*A revisoH dois processos envolvidos na comunicao escrita. O primeiro, no esprito do autor, z seleo de palavras capazes de exprunir seu pensamento. O segundo, no esprito do leitor, a converso das palavras escritas err. pensamentos. O ponto mais difcil, nessa cornunicao, o de assegurar que os penszinentos criados na mente do leitor resultem nos mesmos que os do autor.A ni_,a aitude apropriada procurar uma interpretao felz, um correto entendimento, como um triu,.-Ifo so,,)re o acaso. Precsarnos deixar de ver a m inter-PENSAR, PLANEJAR, ESCREVER. REVER -- 47pretao como um simples e lamentvel acidente. Precisamos encar-la como o evento normal e provvel.Practical Criticism, Professor 1. A. Richards (1929)com grande freqncia o leitor, diante 4e uma sentena ambgua ou de uma sentena obviamente errnea, precisa tentar adivinhar o que o autor pretendeu afirmar (ver Tabela 14, no final do captulo8). O autor que se orgulha de seus trabalhos deve rev-los com muito cuidado, procurando assegurar-se de que suas palavras registrem efetivamente seus pensamentos e de que o leitor os apreenda sem distores.Defeito comum de redao colocar num. lugar coisas que deveriam estar em outro. Na verdade, contudo, bem difcil distribuir toda a matria numa ordem apropriada. Esse defeito decorre do fato, entre outros, de - mesmo aps cuidadoso planejamento - permitirmos que nosso pensamento continue a divagar enquanto escrevemos. O resultado C que inclumos num pargrafo coisas que ficariam melhor em outro e at mesmo em outra seco do trabalho.Ao escrever, valemo-nos das primeiras palavras que nos ocorrem. Todavia, os primeiros pensamentos no so necessariamente os melhores e podem no estar na ordem mais corvenente. Paiavras inadequadas e palavras fora do lugar apropriado levam a ambigidades e distraem a ateno do leitor, provocando, portanto menor impacto que palaras certas nos lugares certos. As pessoas inteligentes devem ser capazes, sem divida, de aperfeioar a primeira verso, ou rascunho, de seus trabalhos com uma boa reviso.O autor, pois, deve rever cuidadosamente o que escreve, evitando que os leitores percam tempo com uma verso preliminar que pode no refletir nem as intenes nem a capacidade do autor. conveniente Iler todo o trabalho em voz alta, assegurando-se que ele soa bem e no contm palavras ou expresses canhestras que no seriam utilizadas na comunicao oral. (Ver Tabela 8, logo adiante; ver, tambm, as listas que se encontram no ;tem Ritmo, do cap-1tulo 8, e no item Pontos a verificar no manuscri .to, no comeo docaptulo 13).4,8 - ' OS CIENI ISTAS PRECISAM ESCREVERPensar, planejar, escrever e rever no so processos dissociados, j que escrever uma forma de auxiliar o pensamento. O tempo gasto com planejar, redigir e rever um tempo de reflexo. Tempo bem empregado porque, um_, vez concludo o trabalho, seu autor ter compreendido melhor o assunto,Admitir que preciso planejar o trabalho, que a verso preliminar no perfeita, que os vrios rascunhos necessitam, de revises e que so profcuas as trocas de idias com colegas ou com redatores experimentados no significa falta de inteligCncia. Mesmo depois de muitas revises possiVel que ainda no se avaliem todas as dificuldades do leitor. uma boa Idia, portanto, pedii a pelo menos duas pessoas que leiam a verso preliminar corrigida de unia comunicao importante. Um. desses leitores deve ser, de, preferncia, um perito no assunto e o outro um leigo. Lendo pela primeira vez o trabalho eles detectaro po