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Prevenção

e Controle de

incêndios

florestais

MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS

FLORESTAIS

TUTOR: RONALDO VIANA SOARES

MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

ABEAS - Associação Brasileira de Educação Agricola Superior

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO AGRICOLA SUPERIOR SCS - Ed.

Ceará - 59 andar - Salas 507/09 - Tel.: (061) 225-5928 - 70.303 - Brasília - DF

CRONOGRAMA

CURSO Prevenção e controle de incêndios florestais

TUTOR: Dr. Ronaldo Vianna Soares INICIO:04/03/85 TÉRMINO: 06/08/85

TOTAL DE HORAS DO CURSO: 200 HORAS

MODULO INTRODUTÓRIO: PERÍODO: 04/03 a 28/03/85 DURAÇÃO: 35 HORAS MODULO 1 - PROPAGAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS PERIODO: 01/04 a 26/04/85 DURAÇÃO: 40 HORAS MÓDULO 2 ~ COMPORTAMENTO AO FOGO PERIODO: 29/04 a 10/05/85 DURAÇÃO: 20 HORAS MÓDULO 3 - EFEITOS DO FOGO SOBRE O ECOSSISTEMA PERÍODO: 13/05 a 31/05/85 DURAÇÃO: 30 HORAS • MODULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS PERIODO: 03/06 a 05/07/85 DURAÇÃO: 60 HORAS MÓDULO 5 - COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS PERIODO: 08/07 a 24/07/85 DURAÇÃO: 25 HORAS ENCONTRO NACIONAL PERÍODO: 05 e 06/08/85 LOCAL: SÃO PAULO

Prof. Ronaldo Pereira de Sousa Coordenador Metodológico

Prof. José Ferreira da Silva Coordenador

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PREVENÇÃO E CONTROLE DE I N C Ê N D I O S FLORESTAIS CURSO DE E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR TUTORIA À D I S T Â N C I A

| MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

PRÉ - TESTE

Indique, com um F ou com um V, se as afirmativas a seguir são fal_ sas ou verdadeiras:

1. 0 conceito de que todos os incêndios florestais são prejudiciais ao ambiente esta correto. ( )

2. 0 fogo ê usado em alguns países, dentro das florestas, como uma ferramenta auxiliar no manejo florestal. ( )

3. 0 fogo pode ser usado para reduzir o material combustível, tanto no interior como fora das florestas. ( )

4. 0 fogo ê bastante usado para preparar o terreno para plantio. ( ) 5. 0 fogo ê usado no controle de espécies indesejáveis, como as coní-

feras, por exemplo. ( ) 6. 0 fogo não pode ser usado para melhorar o habitat da fauna devido

a mortalidade que causa ã mesma. ( ) 7. 0 fogo, sob certas circunstâncias, pode ser usado no controle de

parasitas e doenças florestais. ( ) 8. No cerrado, o fogo é usado para favorecer o florescimento de algu-

mas espécies. ( ) 9. Existem técnicas de queima que permitem controlar a velocidade de

um fogo controlado. ( ) 10. A queima contra o vento consome mais combustível e por isto apre

senta maior intensidade que a queima em faixas a favor do vento ( )

11. A queima central ou em anel é a que forma a coluna de convecção me nos intensa. ( )

12. Fazer queimadas durante o dia polui mais o ar do que durante a noi-te. ( )

13. Índices de perigo de incêndio são números que indicam se vai ocor-rer incêndio naquele dia ou não. ( )

14. Os índices de perigo de incêndio usados no Brasil são calculados apenas através de dados meteorológicos. ( )

15. A maneira mais eficiente, a curto prazo, para prevenir a ocorrên-cia de incêndios é a educação da população. ( )

16. Segundo o código florestal, no Brasil ê proibido o uso do fogo nas florestas e demais formas de vegetação, a não ser que se obtenha uma permissão do poder publico. ( )

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17. A construção de aceiros é uma técnica valiosa para evitar a ocor-rência de incêndios. ( )

18. As cortinas de segurança são usadas para forçar o fogo a se propa-gar superficialmente. ( )

19. A construção de açudes apresenta varias vantagens na prevenção de incêndios florestais. ( )

20. Para se elaborar um plano de prevenção de incêndios ê preciso sa-ber, dentre outras coisas, as principais regiões de ocorrência,as causas e a duração da estação de incêndios. ( )

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•PREVENÇÃO E CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA À D I S T Â N C I A

MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

ÍNDICE Pagina

OBJETIVOS

10. QUEIMAS CONTROLADAS 94

10.1. Possíveis Usos do Fogo Controlado 96 10.1.1. Redução do Material Combustível 96 10.1.2. Preparo do Terreno 97 10.1.3. Controle de Espécies Indesejáveis 98 10.1.4. Melhoria do Habitat para a Fauna Silvestre 98 10.1.5. Controle de Parasitas e Doenças 99 10.1.6. Outros Usos do Fogo 99

10.2. Técnicas de Queima 100 10.2.1. Queima Contra o Vento 100 10.2.2. Queima em Faixas a Favor do Vento 101 10.2.3. Queima de Flanco 101 10.2.4. Queima em "V" 101 10.2.5. Queima em Manchas 102 10.2.6. Queima Central ou em Anel 102

10.3. ão trolada Aplicaç da Queima Con 10410.3.1. Estação do Ano 104 10.3.2. Hora do Dia 105 10.3.3. Intervalo entre as Queimas ' 105

10.4. Plano de Queima 105

11. ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIO 107

11.1. Principais índices de Perigo de Incêndio 108 11.1.1. índice de Angstron 108 11.1.2. índice Logaritmico de Telicyn 108 11.1.3. índice de Nesterov 109 11.1.4. Formula de Monte Alegre 110

11.2. Utilidades dos índices de Perigo de Incêndio 11.2.1. Conhecimento do Grau de Perigo 111 11.2.2. Planejamento do Controle de Incêndios 111 11.2.3. Permissão para Queimas Controladas 112 11.2.4. Estabelecimento de Zonas de Perigo 112 11.2.5. Previsão do Comportamento do Fogo 112 11.2.6. Advertência Pública do Grau de Perigo 112

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Pagina

12. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 113

12.1. Prevenção das Fontes de Fogo 113 12.1.1. Educação da População 114 12.1.2. Regulamentação do Uso da Floresta 115 12.1.3. Aplicação da Legislação 115

12.2. Prevenção da Propagação do Fogo 116 12.2.1. Construção e Manutenção de Aceiros 117 12.2.2. Redução do Material Combustível 117 12.2.3. Cortinas de Segurança 118 12.2.4. Construção de Açudes 118

12.3. Planos de Prevenção 118 12.3.1. Regiões de Ocorrência 118 12.3.2. Causas dos Incêndios 119 12.3.3. Duração do Período de Ocorrência 120 12.3.4. Classes de Materiais Combustíveis 121 12.3.5. Zonas Prioritárias 121

BIBLIOGRAFIA 122

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PREVENÇÃO E CONTROLE BE INCÊNDIOS FLORESTAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PO TUTORIA À D I S T Â N C I A

MODULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

OBJETIVOS

Após a leitura deste módulo o aluno deverá ser capaz de:

1. Diferenciar uma queima contro-lada de um incêndio florestal.

2. Enumerar os possíveis usos do fogo controlado.

3. Relacionar os benefícios que se pode obter com o fogo con-trolado no manejo das flores-tas.

4. Conhecer e descrever as princi-pais técnicas de queima contro lada.

5. Elaborar planos de queima con-trolada .

6. Definir índices de perigo de incêndio e relacionar suas principais utilidades.

7. Calcular os índices de peri-go de incêndio através dos métodos de Angstron, Telicyn, Nesterov e FMA.

8. Descrever as principais téc-nicas de prevenção das fon-tes de fogo.

9. Descrever as principais téc-nicas de prevenção da propa-gação do fogo.

10. Elaborar planos de preven-ção de incêndios.

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PREVENÇÃO E CONTROLE BE INCÊNDIOS

FLORESTAIS CURSO DE

E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR TUTORIA À

D I S T Â N C I A

MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

10. QUEIMAS CONTROLADAS

Conhecendo-se os inúmeros exemplos de danos produzidos pe-los incêndios ao ecossistema, pa-rece uma contradição falar sobre o uso do fogo em áreas florestais. No entanto, é preciso analisar o problema sob outro ponto de vista. Uma analogia com a medicina talvez ajude a entender a questão Nas mãos de um médico experiente, um remédio forte e perigoso pode ser usado com sucesso, muitas vezes salvando vidas seriamente a-meaçadas. Usado equivocadamente,o mesmo remédio pode ser um veneno mortal. Ninguém pode sustentar, no entanto, que porque o remédio é perigoso quando usado equivoca-damente ele não deva ser usado em nenhuma circunstância. Além dis-to, nenhum médico consciente vai generalizar os tratamentos de seus pacientes. Cada paciente a-presenta problemas e necessidades individuais, com diferentes aspe£ tos clínicos e, conseqüentemente, diagnose e tratamentos distintos. A mesma coisa ocorre com o fogo . E um forte e perigoso "remédio'1 , com várias evidências de que pode ser extremamente daninho. Entre tanto, com um correto diagnostico e hábil aplicação, ele pode ser uma boa alternativa em certas si-tuações .

O fogo, principalmente a queima de madeira, tem estado in-timamente ligado a espécie humana desde os primórdios da civiliza-ção. Os antropólogos consideram a descoberta e o uso do fogo como um dos fatores básicos que permi-

tiram ao homem viver e prosperar nas zonas temperadas. 0 homem conseguiu, graças ao fogo,an tecipar em alguns milhares de anos a ocupação daquelas regiões, evitando adaptações evolucionã-rias que ele certamente necessi-taria, a fim de sobreviver aos frios invernos. 0 homem desco-briu que com o fogo ele poderia modificar o ambiente para satis-fazer suas necessidades. A par-tir daí, o fogo continuou a de-sempenhar papéis importantes em todas as culturas pôsteriores. Os antigos filósofos gregos, por e xemplo, consideravam o fogo, em conjunto com o ar, a terra e a água como um dos quatro elemen tos básicos da natureza. 0 fogo, principalmente sob forma de com-bustão em ambientes fechados, co mo nas caldeiras de geração dê" vapor e nos motores de combustão interna, tem estado ligado a diversos avanços tecnológicos, através de toda a história da hu-manidade. Mas tem também, por ou tro lado, causado grandes catástrofes .

Segundo Ahlgren e Ahlgren (1960), antes da colonização do país, os raios eram provavelmente a principal causa de incêndios nos EUA, embora o costume indíge_ na de colocar fogo em áreas de campo e florestas também tenha sido muito importante. Os ín-dios usavam o fogo para melho_ rar as condições de visibilidade e caminhamento nas florestas, pa ra conduzir e encurralar a caça,

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para limpar a terra e obter melho res pastagens e colheitas, para aumentar a produção de frutos sil-vestres, para comunicação e para eliminar moscas e mosquitos.

As condições entretanto, de acordo com Dodge (1972), mudaram drasticamente com a chegada dos colonizadores. Extensas áreas fio restais foram cortadas a fim de produzir madeira para construção de novas cidades, para escoras de minas e para combustível. A expio ração dessas florestas deixou, so-bre o solo, grandes quantidades de resíduos, como ponteiro de ar-vores, galhos e folhagem. A redu-ção da cobertura formada pelas co pas das arvores permitiu maior insolação e secagem do material combustível depositado nos pisos das florestas. A remoção de gran-de numero de arvores aumentou a velocidade do vento no interior da floresta, contribuindo também para a secagem do combustível. 0 resultado dessas condições adver sas foi uma série de incêndios devastadores ocorridos ao longo dos anos seguintes.

0 mesmo problema é relatado por Vines (1975), na Austrália. Segundo o autor, as praticas pro tecionistas e o aumento da explo-ração promovidos pelos colonizado-res europeus parecem ter alterado o equilíbrio original entre com-bustível e microclima, criando concentrações anormalmente altas de resíduos em muitas das flores-tas secas da Austrália. 0 resulta do também foi a ocorrência de grandes incêndios florestais.

Komarek (1971) acredita que o conceito de que todos os in cêndios são daninhos foi desenvol_ vido em um ambiente especial, as florestas latifoliadas da Europa, e daí extrapolado literalmente pa-ra todas as partes do mundo. Com o passar do tempo, porém, alguns pesquisadores começaram a duvidar da validade da política de total exclusão do fogo em qualquer cir-cunstância. Em ecossistemas onde o fogo desempenha papel importan-te, quanto mais eficiente a polí-tica de exclusão do fogo, maior

é o potencial de danos pelos in cêndios, devido ao aumento da quantidade de material combustí-vel . Além disto, em alguns lo-cais, espécies florestais impor-tantes, que necessitam do fogo ou outro distúrbio qualquer para se regenerar, começaram a ceder lugar a outras comunidades de me nor valor comercial.

Em 1849 apareceu, nos EUA, a primeira referência escrita so bre a importância do fogo na su-cessão de uma espécie florestal -o Pinus palustris. Segundo Lang-don (1971), ainda em 1888, Ellen Long sugeriu que talvez o Pinus palustris necessitasse de fogo para se regenerar - uma 'idéia ab-surda para a maioria dos pesqui-sadores da época. Riebold (1971) relata que Harper, um botânico , propôs, em 1911, o uso do fogo para controle de espécies folho-sas do sub-bosque das florestas de coníferas. E finalmente Chapman, um pesquisador florestal,co-meçou, a partir de 1909, através" de vários artigos, a pregação da necessidade do uso de fogo con-trolado na regeneração e manejo do Pinus palustris e outras espé-cies do sudeste americano.

Entretanto, apenas em 1943 o chefe do Serviço Florestal dos EUA aprovou uma política de quei_ mas controladas em povoamentos de Pinus palustris e Pinus e l l i o t t i i e autorizou a instala ção de pesquisas visando a utili-zação do fogo também em Pinus taeda. O reconhecimento de que o fogo desempenha importante papel em certos ecossistemas levou tam bém o Serviço de Parques Nacionais dos EUA, a partir de 1960, a adotar uma nova política com relação ao fogo, que estabelece o seguinte: i) deixar que alguns incêndios naturais queimem livre_ mente, desde que não ofereçam riscos a vida humana ou às propriedades ; ii) reconhecer a quei-ma controlada como um instrumento necessário ao manejo florestal; iii) continuar prevenindo e combatendo os incêndios nos va-les e próximo a áreas desenvolvi-

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das. Segundo Vines (1975), a to

tal exclusao do fogo nas flores-tas da Austrália é impossível de se alcançar e indesejável ecologi-camente. Por este motivo foi iniciado um programa de queima controlada no país com a finalidade de reduzir o risco de incêndios incontrolados e restaurar as condições ecológicas necessárias pa_ ra a sobrevivência da floresta e da fauna.

Atualmente, existem progra-mas regulares de queimas controla-das em áreas florestais em vários países do mundo. Nos EUA, queima-se, sob forma de fogo controlado, cerca de 1.800.000 ha por ano. Na Austrália o fogo controlado é aplicado a aproximadamente 820.000 ha por ano. No Canadá também se usa o fogo controlado em larga escala, sendo inclusive obrigató-ria a queima de resíduos flores-tais em áreas de corte raso no distrito florestal de Vancouver . Em Honduras, Nicarágua e Guatema-la o fogo tem sido usado e reco-mendado para favorecer a regenera ção das espécies de Pinus exis-tentes naqueles países.

■10.1. POSSÍVEIS USOS DO FOGO CON TROLADO

O fogo controlado pode ser um instrumento útil para se alcan-çar diversos objetivos no manejo florestal. No entanto, o fogo somente deve ser usado após um diagnostico cuidadoso que indi_ que ser ele mais seguro, barato, eficiente e prático do que outros tratamentos. Os problemas geralmen-te corrigidos pelo fogo controlado em áreas florestais incluem: grande acumulação de combustível, áreas inadequadas para alimenta-ção da fauna, invasão de espécies indesejáveis e condições ina-propriadas para a regeneração natural ou artificial.

10.1.1. Redução do Material Com bustível

Os combustíveis são parte integrante da floresta. Folhas ou acículas caídas, arbustos ,gra. míncas, resíduos de exploração e mesmo as próprias árvores podem produzir acumulação de combustí-vel altamente perigosas caso o-corra um incêndio. Considerando que o material combustível cons-titui um dos lados do triângulo do fogo, ele deve merecer uma atenção especial por parte do técnico florestal, principalmen-te porque o material combustível é um dos componentes do fogo que o homem tem mais condições de controlar.

Os pesquisadores que traba-lham no campo da proteção flores-tal reconhecem que o problema do acúmulo de material combustível na floresta existe e é bastante sério. Brown (1947) afirma que a quantidade de combustível e sua continuidade são reconhecida, mente fundamentais na determina-ção do potencial de danos pelos incêndios. Quando ocorre um in-cêndio nessas condições, ele cau sa problemas mais sérios porque existe grande quantidade de com-bustível para gerar mais calor e aumentar a intensidade de da-nos. Grandes incêndios, com for-ças altamente destruidoras, se propagando por milhares de hecta. res, podem então ocorrer durante condições críticas de tempo , como baixa umidade relativa e al_ ta velocidade do vento.

A completa remoção do mate_ rial combustível, entretanto ,,não é possível nem desejável. Em cer_ tos casos, é possível remover a maior parte do combustível acumu-lado através de meios químicos ou mecânicos, para utilização de resíduos como fonte de energia , ou por outras práticas de manejo. Na maioria das vezes, porém, esses tratamentos têm sido inade-quados, inviáveis ou extremamen-te caros. Tentativas, de se encon-

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trar decompositores químicos ou biológicos não têm tido sucesso . Trituração mecânica ou esmagamen-to e incorporação com equipamento pesado são praticas muito caras . Alem disso, a utilização de proces-sos mecânicos não elimina o mate; rial combustível, apenas muda sua forma e arranjo, embora o risco de incêndio realmente diminua.

A queima-controlada parece ser, no momento, a melhor solu-ção para o problema do acumulo de combustível. De acordo com Cooper (1972), a queima-controlada, prescrita e aplicada cientifi-camente, tem demonstrado, através dos tempos, ser a melhor manei-ra de manter o material combustível a níveis toleráveis. Mobley et alii (1973) afirmam que o fogo controlado é o mais pratico méto-do de manejo a se usar quando con centrações perigosas de combustí-veis se acumulam sob povoamentos equianos.

Em locais onde a probabili-dade de destruição da floresta pe-los incêndios é alta, a queima-controlada para redução do -risco geralmente é a melhor solução. A queima controlada para redução do material combustível não é re-comendada apenas para o interior dos povoamentos florestais. Ela é também a maneira mais eficiente e econômica para reduzir o combus-tível em áreas de campo nos limi-tes das florestas, evitando que incêndios vindos de fora atinjam os povoamentos. A queima controla da é ainda indicada para redução do material combustível após a ex-ploração florestal, em margens de estradas de ferro e outras áreas de alto risco de incêndios.

Quando se usa a queima con-trolada para reduzir a quantidade de material combustível, não é ne-cessário cobrir cem por cento da área. 0 objetivo principal é que-brar a continuidade do material combustível e reduções em 75 a 80% da área geralmente solucionam o problema.

A quantidade de material combustível consumida pelo fogo varia de acordo com a prescrição

feita pelo técnico florestal. Ge Talmente, os limites de consumo" estão entre 50 a 90% do material menor que 7,0 cm de diâmetro. Beaufait, Hardy e Fischer infor-mam que as queimas de resíduos de exploração no noroeste dos EUA geralmente consomem em média 80% do material. Soares (1979), em queimas controladas no interior de talhões de Pinus ooarpa e Pinus caribaea hondurensis com 7 anos e meio de idade, na região de Sacramento, MG, obteve reduções de 90 e 91%, respectiva, mente, do material combustível e xistente. As quantidades de mate-rial combustível antes da queima eram 8,5 e 7,9 t/ha, respecti-vãmente.

10.1.2. Preparo do Terreno

O fogo é o mais pratico e econômico de todos os meios co-nhecidos para preparar o terreno para plantio, tanto de espécies agrícolas como florestais . A literatura sobre o assunto mos-tra que a queima controlada tem sido usada, com sucesso, para es-sa finalidade nos EUA, Canada Austrália e vários outros países.

A maioria dos técnicos fio restais sabe que o plantio é mais fácil em áreas queimadas do que nas não-queimadas. Vyse e Muraro (1973) concluíram que a produti-vidade de plantio foi significa-tivamente aumentada na província de Columbia Britânica, Canadá, a-través da eficiente queima dos" restos vegetais. Eles acrescentam que os ganhos em produtivida-de diminuem nas áreas com menor quantidade de resíduos ou onde o consumo de material é menor.

Segundo Wade (1969), em áreas de corte raso no sudeste dos EUA, a queima controlada cus-ta em média menos de um décimo do total de outros tratamentos no preparo do terreno para plantio. Além disso, prossegue o autor, a queima controlada é talvez uma das poucas alternativas

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aceitáveis em terrenos montanho-sos, onde a erosão e um problema a ser levado em consideração.

Na regeneração natural, a queima controlada é também um 5ti mo meio de preparar a área para receber as sementes, ou mesmo fa-vorecer sua abundante germinação, como ocorre com a bracatinga (Mi-mosa scabrella) , importante espe-cie florestal do sul do Brasil. As" chances de uma boa germinação de sementes de algumas coníferas, a-lém do desenvolvimento das planti-nhas, são também consideravelmen-te aumentadas após uma queima -con trolada, com a conseqüente exposi-ção do solo. Pesquisas com Pinus taeda no sudeste dos EUA, relatadas por McNab e Ach (1967), mostraram que em áreas não-queimadas se necessita o dobro de sementes do que se necessitaria em áreas queimadas para se obter o mesmo número de mudas.

10.1.3. Controle de Espécies Inde sejãveis

A queima controlada pode ser usada para controlar espécies indesejáveis, desde que estas sejam mais sensíveis ao fogo do que aquelas que se quer preser-var. Em associações de coníferas e folhosas o fogo ira sempre favo recer as coníferas, por serem elas mais resistentes ao fogo. Em po-voamentos de Eucalyptus, após as árvores atingirem certo porte, o fogo controlado de baixa intensi-dade pode ser usado para evitar a competição de espécies indeseja-veis do sub-bosque, pois a maio-ria dos eucaliptos são mais resis-tentes ao fogo do que outras folhosas. Ao se usar o fogo deve-:se sempre observar os períodos ou es-tãgios de desenvolvimento das espécies que se quer preservar pa-ra evitar danos também a elas.Mes-mo espécies resistentes como Pinus palustris , Pinus e l l i o t t i i ,Pi-nus caribaea e Pinus taeda, são altamente susceptíveis a danos pe-Io fogo nos primeiros anos de vi-

da.

10.1.4. Melhoria do Habitat para a Fauna Silvestre

A queima controlada é um importante instrumento para me-lhorar o habitat para a fauna silvestre, sendo usada extensiva mente por florestais e biólogos-ligados a esse campo nos EUA. As queimas são pequenas e não se propagam rapidamente, para evi-tar mortalidade entre os ani-mais. 0 habitat é sensivelmente melhorado, especialmente para grandes mamíferos e pássaros, de vido a redução do acumulo da se-rapilheira e a criação de condi-ções favoráveis ã regeneração de espécies que servem de alimento a fauna.

Segundo Cooper (1971), no sudeste dos EUA, as plantas her-bãceas comestíveis para a fauna, são geralmente dez vezes mais abundantes em áreas queimadas do que nas não-queimadas. As legumi-nosas, um dos mais importantes gêneros na alimentação da fauna, são de modo geral cinco vezes mais abundantes após o fogo do que antes. Em áreas de maciços florestais, especialmente mono-culturas que não oferecem alimen-tação para a fauna, é conveniente criar aberturas para aumentar a quantidade de espécies forra-geiras. Esta prática, seguida por uma queima controlada, ainda de acordo com Cooper (1971), aumen-ta a produção de sementes em cer-ca de 300% e a abundância de plantas em aproximadamente 1001. Este aumento, acompanhado da fa-cilidade de acesso devido a redu-ção da serapilheira, torna aque-las aberturas particularmente a-traentes para as espécies selva-gens herbívoras.

Embora exemplos de mortali-dade sejam às vezes citados, mes-mo em queimas controladas, os benefícios gerais resultantes da melhoria do habitat, aumento

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da produtividade do sítio e estí mulo ao crescimento geralmente su peram os eventuais danos diretos" causados pelo fogo. No entanto, a queima controlada não deve ser u-sada durante a estação de procria ção da fauna, a primavera.

Um bom exemplo do uso de queima controlada na melhoria do habitat e conseqüente restauração da vida silvestre em uma área de-gradada é relatado por Czuhai e Cushwa (1968). Segundo eles, o Re fúgio Nacional de Vida Silvestre de Piedmont , sudeste dos EUA, foi estabelecido para demonstrar que a população faunística poderia ser restabelecida, nesta ou em áreas similares, através da prote-ção e manejo adequado. A maioria da área havia sido abandonada de-pois que praticas agrícolas inade-quadas haviam provocado severa e-rosão , reduzido a fertilidade do solo e eliminado os animais selva, gens de maior valor, como veados e perus. Após 27 anos de manejo da

área e proteção da fauna,as populações de veados e perus re-tornaram aos níveis anteriores e milhares de codornas , perdizes,le-bres, esquilos, pombas e outras espécies retornaram e permanece ram no refugio. Ainda segundo os autores, a queima controlada pe-riódica foi um dos fatores decisi-vos na restauração da vida silves tre naquela área.

10.1.5. Controle de Parasitas e Doenças

A crença popular sobre os efeitos sanitários e purificadores do fogo vem desde a antiguida. de. Na agricultura, o fogo é fre-qüentemente usado para combater certas pragas , destruir sementes de ervas daninhas, combater doen cas e eliminar resíduos de colhei tas. Em silvicultura, o uso do fo go no controle de parasitas e do-enças é ainda um assunto polêmico, devido ã falta de estudos neste campo.

Insetos e fungos são compo nentes vitais da dinâmica dos e~ cossistemas florestais. A ação destes agentes pode ser relacio-nada com o aumento da quantidade de material combustível e, por conseguinte a maior probabilida-de de ocorrência de incêndios de vido a sua atividade. Algumas ãr vores feridas pelo fogo, por ou-tro lado, atacadas por insetos e fungos, podem morrer, novamente acumulando material combustível e completando um ciclo vicioso . Isto é o que ocorre, por exem-plo, no ecossistema do Pinus coutorta nos EUA.

Em áreas florestais, a queima- controlada as vezes é usa-da para controlar certos coleop-teros. French e Keirle (1969) in formam que em plantações de Pinus radiata na Austrália, cara-beídeos e scarabeídeos foram reduzidos imediatamente apôs o fogo, embora fossem dos primeiros insetos a recolonizar a área. 0 fogo tem sido usado também para controlar o Oucideres impluviata, um coleoptero que ataca plantações de acácia negra no sul do Brasil.

0 maior sucesso já compro-vado do uso do fogo em controle de doenças é o combate a "mancha marron", que inibe o crescimento do Pinus palustris. No sul do Brasil, fungos causadores de importantes doenças em espécies florestais, como o Armilla-ria mellea e o Dothistroma pini, talvez pudessem ser combatidos a. través de queimas controladas.

10.1.6. Outros Usos do Fogo

A queima controlada ainda pode ser usada para se atingir outros objetivos no manejo flo-restal. 0 fogo tem sido um- ele-mento importante na^produçao de forragem mais palatãvel e nutri-tiva para o gado, tanto em pasta gens abertas como associadas a povoamentos florestais. Queimas

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criteriosa e oportunamente pres-critas podem melhorar tanto a quantidade quanto a qualidade da forragem para o gado. Hilmon e Hughes (197S) relatam que a produ ção de forragem, no sul dos EUA7 foi duas vezes maior nas parcelas queimadas quando comparadas com as não-queimadas e que os con teúdos de cálcio, fósforo e pro~ teínas foram mais altos na for-ragem primaveril das áreas queima das .

0 fogo controlado pode ser usado também para favorecer a re-generação de flores, como aconte-ce por exemplo no cerrado, melho-rando neste caso as condições es-téticas da área, além de viabili-zar uma atividade econômica regio-nal que é a comercialização des-sas flores. Pode ainda ser usado para facilitar o acesso no interior das florestas, tanto para me-lhorar as condições de exploração como para permitir o livre deslocamento do publico. Afinal, o a-cesso, assim como a aparência estética são importantes em áreas de florestas públicas de recreação .

Finalmente, é interessante apresentar uma estatística sobre a proporção de uso da queima con-trolada entre as diversas ativida, des acima descritas. No sudeste dos EUA, onde a arte e a ciência do fogo controlado são mais desen volvidas do que em qualquer ou-tra parte do mundo, os princi-pais usos da queima controlada são os seguinte, em ordem de im-portância: i) redução de mate-rial combustível, 40% do total da área queimada; ii) preparo de ter reno, 24% da área queimada; iii) controle de espécies indesejáveis, 141 da área queimada; iv) melhoria do habitat para a fauna sil-vestre, 131 da área; v) outros u-sos, 9% da área queimada.

10.2. TÉCNICAS DE QUEIMA

Varias técnicas ou métodos de queima foram desenvolvidos com a finalidade de se alcançar os objetivos propostos sob diferen-tes condições tempo, topografia e material combustível. Os obje-tivos da queima, a quantidade e tipo de combustível e os fatores climáticos devem estar estreita-mente correlacionados com a téc-nica adequada de queima para se evitar eventuais danos aos recur-sos florestais.

10.2.1. Queima Contra o Vento

Consiste em se colocar li nhas de fogo ao longo de aceiroi naturais ou artificiais e permi-tir que ele se propague apenas contra o vento (Figura 16-A). Em terrenos planos ou levemente on-dulados o fogo é colocado em li nhas perpendiculares à direção do vento; em terrenos com maior inclinação, o fogo deve ser for cado a se propagar montanha abaT xo. Aceiros adicionais são nece^ sãrios para cada linha de fogo colocada.

Esta é talvez a mais sim-ples e segura técnica de queimai-controlada, desde que exista ven to constante. Ela produz o míni-mo de crestamento e pode ser usada em grandes concentrações de combustível. Além de mais se-gura, é menos poluidora e desen-volve temperaturas menores que todas as outras técnicas. É, ne-cessariamente, a técnica que de-ve ser usada na primeira redução de combustível no interior de po-voamentos florestais.

Algumas desvantagens da queima contra o vento são: o tem po consumido na operação e a né-

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cessidade de se construírem acei-ros dentro da área, geralmente a intervalos de 50 a 200 m de dis-tância. E necessário também a e-xistência de ventos constantes com velocidade entre 6 a 16 km/h ao nível do solo, para dissipar a fumaça e evitar que o ar quente suba até as copas das arvores. A-lêm disto é mais caro que os de-mais e, depois de construídos os aceiros internos, inflexível, por somente permitir a queima a uma determinada direção do vento.

10.2.2. Queima em Faixas a Favor do Vento

Consiste em se colocar uma linha ou uma série de linhas . de fogo, de maneira tal que nenhuma linha possa desenvolver alta in-tensidade antes de encontrar ou-tra linha de fogo ou um aceiro(Fi-gura 16-B). A distância entre li-nhas de fogo depende das condi-ções locais mas geralmente varia de 20 a 60 m. Compensações devido a mudanças de direção do vento podem ser feitas alterando-se o ângulo da faixa de fogo com a li-nha básica. Do mesmo modo, ajus tes para quantidade e arranjo do material combustível podem ser feitos alterando-se a distância entre as linhas de fogo.

Este método é relativamente rápido, flexível e geralmente de custo moderado. Pode ser usado pa ra reduções periódicas de combus-tível no interior de plantações , desde que a primeira redução te-nha sido feita através da técnica contra o vento.

As principais desvantagens da queima em faixas a favor do vento são: a necessidade de aces-so ao interior da área e o aumen-to de intensidade no encontro das linhas de fogo, tornando maior a possibilidade de crestamento das copas.

10.2.3. Queima de Flanco

Neste método o fogo é colo cado simultaneamente ao longo de" linhas paralelas ao vento e se propaga perpendicularmente na di reçao do mesmo (Figura 16-C). As" linhas devem ser mantidas em com primentos iguais e espaçadas ã intervalos uniformes. A propaga-ção lateral, ou de flanco, do fogo geralmente dobra a velocida. de em relação a queima contra õ vento e, consequentemente, aumen-ta a taxa de calor liberada.

Este método é útil em pe-quenas áreas ou para facilitar a queima de grandes áreas em tempo relativamente curto. E também útil para segurar lateralmente o fogo quando se usa outros méto-dos .

A queima de flanco apresen ta algumas desvantagens e requer muita habilidade para se al-cançar bons resultados. Necessi-ta pessoal experimentado e per-feita coordenação de tempo e es-paço. Ha forte tendência de tur-bulência no encontro lateral das chamas, aumentando o perigo de crestamento. Mudança de direção do vento pode produzir indesejá-vel fogo a favor do vento.

10.2.4. Queima em "V"

Esta técnica foi desenvol-vida para uso em áreas acidenta-das, partindo-se sempre do topo para a base das montanhas. As li-nhas de fogo devem ser iniciadas, simultaneamente, de um único pon to, no local mais alto e prosse-guirem montanha abaixo, de forma radial (Figura 16-D). Basica-mente, esta técnica envolve o mesmo conceito da queima de flan-co, exceto que as linhas de fogo são radiais ao invés de parale-las. Apresenta, por isto mesmo , as mesmas vantagens e desvanta.

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gens que aquela técnica

10.2.5. Queima em Manchas

Consiste em se acender uma série de pontos ou círculos de fo go, os quais queimam em todas as direções mas vão se encontrando antes que se tornem muito grandes e se propaguem violentamente (Figura 16-E). Os círculos de fo-go devem ser colocados de 40 a 100 m de distância um do outro.

Uma equipe eficiente pode queimar grandes áreas em curto es paço de tempo usando este método. Ele pode ser usado com ventos moderados e variáveis, em diferen tes concentrações de combustível. É barato porque não necessita a-ceiros intermediários.

A desvantagem do método é que ele pode criar manchas quen-tes se a distância entre os pon-tos for malcalculada e portanto requer considerável experiência . Necessita também de acesso ao in-terior da área.

10.2.6. Queima Central ou em Anel

Neste método, vários pontos de fogo, em forma mais ou menos

circulares, são acesos no centro da área. A propagação destes pon-tos de fogo vai se acelerar a mé-dida que a liberação de calor au menta, formando uma ativa colu~ na de convecção. Em áreas maiores de 4,0 ha, uma segunda série de pontos de fogo (formando um anel em volta da primeira) é iniciada, entre 15 e 30 m do limite externo da área (Figura 16-F). Devido a forte coluna de con vecção criada na região central7 o fogo não se propaga com muita intensidade na direção dos limites externos da área. Isto facilita o trabalho do pessoal ao re dor da área e reduz a possibili~ dade do fogo ultrapassar os limi-tes da mesma. No entanto, é pre~ ciso cuidado pois a violenta coluna de convecção pode lançar fa gulhas a grandes distâncias, po~ dendo originar focos de incêndios fora da área queimada.

Este método e usado onde se necessita alta intensidade de fogo, como por exemplo elimina ção de resíduos de exploração pa ra preparo de terreno para plantio ou queimas para melho-rar o habitat da fauna silvestre em pequenas aberturas ou clareiras na floresta.

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FIGURA 16 - Técnicas de queima controlada: A - contra o vento; B - em faixas a favor do vento; C - de flanco; D - em "V"; E - em manchas; F - central ou em anel.

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10.3. APLICAÇÃO DA QUEIMA CONTRO LADA

Determinar se ha realmente necessidade de se usar o fogo no manejo da floresta é o primeiro passo para a aplicação da queima controlada. Esta determinação deve se basear numa clara e precisa avaliação dos propósitos e objeti vos da queima, bem como um balan" co entre os benefícios e os even-tuais danos da mesma. Deve-se sem pre considerar que os efeitos do fogo sobre qualquer área não são nunca totalmente daninhos nem to-talmente benéficos. Conseqüentemen te, ao se usar a queima controla-da, o objetivo real é maximizar os benefícios líquidos do fogo so bre a área considerada.

Quando se aplica a queima-controlada em ãreas florestais, é importante estabelecer a estação do ano mais favorável, a melhor hora do dia e o correto intervalo entre as queimas.

10.3.1. Estação do Ano

Decidir sobre a melhor es tação do ano para se fazer a queT ma controlada as vezes não ê fá-cil. A decisão depende de vários fatores, tais como objetivo da queima, tipo de vegetação, época de maior perigo de incêndio, quan tidade de combustível, hábitos da fauna silvestre local e condi-

ções climáticas. ^Normalmente, as melhores

estações para se queimar são o outono e o inverno, apesar de as vezes , ^dependendo dos objetivos, ser viável utilizar o fogo em ou tras épocas do ano. Em locais on de as estações são bem-diferen-- ciadas, as queimas no outono e inverno oferecem menor risco,por que os tecidos dormentes podem suportar exposições mais longas a altas temperaturas sem sofre rem danos. ~

Se o objetivo da queima re quer intensidades mais altas, co" mo por exemplo preparo de terre-no ou eliminação de espécies in-desejáveis, talvez o verão seja a estação mais indicada, devido a temperatura do ar ser mais al-ta. Queimas durante a primavera, entretanto, quase nunca são reco mendãveis, devido ã intensa ati" vidade vegetativa das árvores e, principalmente, pelos danos po-tenciais a fauna.

Brender e Cooper (1968)com pararam as queimas de verão corn as queimas de inverno na redução do material combustível em povoa mentos de Pinus taeda, no sudes^ te dos EUA. Os resultados indica ram que o consumo do material dê positado no piso da floresta (sê rapilheira) foi maior no verão do que no inverno, mas a intensi dade^do fogo foi mais dependente da técnica de queima utilizada do que da estação do ano. (Tabe-la 27) .

TABELA 27 - Dados do comportamento do fogo em queimas controladas con tra e a favor do vento, no verão e no inverno, em povoamentos de PT nus taeda.

Tipo de Queima

V e l o c i d a d e de Propagação

Consumo de Combustível por h e c t a r e

Intensidade do fogo

( m / s ) ( t o n ) (%) (kcal/m.s.)

Inverno ( c o n t r a o vento )

0 , 0 0 7 5 , 5 0 38 17,0

Verão ( c o n t r a o vento )

0 , 0 0 6 6 , 2 5 ■ 46 16,5

Inverno (a favor do vento) Verão (a

favor do vento)

0 , 0 4 4 0 , 0 5 0

6 , 0 0 7 , 2 5

40 53

1 16,4 154,3

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Outro fator a considerar quando se determina a melhor esta ção para se queimar é que as ãrv-res eventualmente danificadas pe-Io fogo na primavera ou no verão estarão sujeitas ao ataque de in-setos antes de terem tempo de se recuperar. Por outro lado, as ar-vores danificadas no outono ou in verno terão mais tempo para se re-cuperarem, ate a chegada da esta-ção de maior proliferação dos in-setos .

10.3.2. Hora do Dia

A determinação da melhor ho-ra do dia para iniciar uma queima e geralmente feita com base na necessidade de controle do fogo , objetivos da queima e aspectos de dispersão da fumaça, exatamente nessa ordem de prioridade.Queimas bem-sucedidas tanto podem ser fei-tas durante o dia como a noite,em-bora o período diurno seja geralmente mais favorável.

Apesar de que por razões administrativas e econômicas e ainda por possibilitar melhor dis-persão da fumaça, o período diurno seja preferido, existem circuns-tâncias que requerem queimas no-turnas. A primeira redução de ma-terial combustível no interior de uma plantação jovem é um exemplo da necessidade de queima noturna. Devido as condições climáticas , temperatura mais baixa e umidade mais alta, a intensidade do fogo e menor e consequentemente o risco de danos ãs arvores é sensivel-mente reduzido.

10.3.3. Intervalo entre as Quei-mas

Provavelmente o mais impor-tante uso da queima controlada se ja a redução do material combusti-vel, a fim de evitar riscos de da-nos maiores caso ocorra um incên-. dio incontrolado. Por este motivo, os estudos para se determinar o

melhor intervalo entre as quei-mas são geralmente orientados no-sentido de se estabelecer os intervalos entre acumulações críti cas de combustível.

Queimas a intervalos muito curtos, anuais, por exemplo, po-dem contribuir para a gradativa degradação do solo. Por outro la do, intervalos muito grandes pe? mitem o acúmulo de perigosas quantidades de combustível, aumentando o potencial de danos ao povoamento caso ocorra um in cêndio. Mobley et alii (1973) a-firmam que nos povoamentos de Pinus sp do sudeste dos EUA, in-tervalos de 3 anos são os mais adequados, pois não prejudicam o solo e mantém a quantidade de ma terial combustível em níveis se-guros .

10.4. PLANO DE QUEIMA

A queima controlada e um trabalho altamente técnico, que exige conhecimentos do comporta-mento do fogo, seus efeitos so-bre o ambiente e técnicas de com bate. Por este motivo, a elabora-ção de um plano escrito e deta-lhado e recomendável para cada queima. Os principais pontos a-bordados em um plano de queima-controlada são:

i) Descrição e localização da área a ser queimada - o plano deve começar pela descrição da área, incluindo tipo de vegeta-ção, topografia, tipo e quantida-de de combustível e quantidade de hectares a serem queimados. É conveniente também apresentar um mapa detalhado da área, mostrando seus limites, aceiros, estradas e outros detalhes importantes .

ii) Objetivos da queima e muito importante incluir no plano os objetivos a serem atin-gidos e as razões para se usar o

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fogo. Deve-se indicar o que se es pera que o fogo faça na área, is-to é, se ele vai eliminar algumas espécies ou se vai consumir material combustível e que quanti-dade deverá ser consumida. E im-portante também apresentar um resumo dos aspectos de comportamento do fogo esperados, ou seja, a intensidade e a altura máxima de crestamento permitidas. Estas informações são essenciais para a avaliação da queima.

iii) Condições climáticas ideais - Com base no comportamen-to do fogo esperado, deve-se esta belecer os limites dos fatores climáticos, principalmente tempe-ratura do ar, velocidade e dire-ção do vento, umidade relativa é índice de perigo do fogo, sob os quais a queima pode ser feita sem riscos de danos ao ambiente.

iv) Técnica de queima - o método de queima a ser usado de-pende da quantidade de combustí-vel e da intensidade de fogo dese-jada. Quando a quantidade de com bustível e grande, queimas menos intensas podem ser feitas sob con dições de umidade mais alta e uti-lizando-se técnicas que não permi-tam a rápida propagação do fogo, como a queima contra o vento por

exemplo.

v) Vigilância, controle e rescaldo - um plano bem-elabora-do deve incluir todos os deta-lhes necessários para a perfeita segurança da queima. Pessoal e equipamento necessários para a realização da queima devem ser devidamente dimensionados e in-cluídos no plano. 0 esquema de vigilância, durante todo o trans correr da queima é também muito importante, para evitar que o fo-go atinja áreas adjacentes ou es-cape ao controle. Finalmente depois de queimada toda a área, e necessário fazer o rescaldo, eli-minando-se todos os vestígios de fogo remanescentes.

vi) Avaliação da queima deve-se deixar um espaço no pla-no de queima para a futura ava-liação da mesma. Na avaliação de-ve-se registrar a data e hora da queima, os aspectos do compor-tamento do fogo observados, isto e, velocidade de propagação, in-tensidade, altura de crestamento e também a quantidade de combus-tível consumida. 0 registro das condições climáticas, comporta-mento do fogo e efeitos sobre o ambiente são essenciais para se determinar a eficiência da quei-ma .

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11. ÍNDICES DE PER GO DE INCÊNDIO

índices de perigo de incên. dio são números que refletem, an-tecipadamente, a probabilidade de ocorrer um incêndio, assim como a facilidade do mesmo so propagar, com base nas condições atmosféri-cas do dia ou de uma seqüência de dias.

No passado, a tendência dos técnicos florestais em dedicar maior atenção as atividades de su pressão do fogo, analisando e pro curando aperfeiçoar os métodos de combate então disponíveis. A ten-dência moderna, no entanto, é de-dicar mais atenção as fases de prevenção e prê-supressão, pois é muito mais vantajoso, sob todos os aspectos, evitar um incêndio ou mesmo atacã-lo imediatamente a-pos seu início, do que combatê-lo após estabelecido e em franca pro-págação.

De acordo com a filosofia de dedicar maior atenção ã preven-ção, começaram a ser desenvolvidos os índices de perigo de incên-dio, os quais têm sido continuamente aperfeiçoados. Segundo Williams (1967), ate 1920 não se ha via pensado seriamente, no Canada, no uso sistemático de dados meteo-roíógicos para desenvolver estima-tivas do grau de perigo de incên-dio. Desde essa época, porem, ta-belas de perigo de incêndio come-çaram a ser construídas, para to-das as partes do país, através de inter-relações existentes entre clima, umidade do combustível e comportamento do fogo.

Segundo Countryman (1966) , nos EUA, desde o início do século, pesquisadores trabalhando no campo da proteção floresta, haviam percebido as variações do compor-tamento do fogo com as diferenças de clima, combustível e topogra-fia. Geralmente, eles faziam ava-liações qualitativas dessas dife-renças. Finalmente, em 1933, Gis-borne pela primeira vez estrutu-

rou um índice de perigo de incên-dio, ao elaborar uma escala do grau de perigo de incêndio. A es cala de Gisborne, baseada em di-versos componentes do clima, era composta por sete classes de pe-rigo . Seguindo o mesmo princípio, isto é, usar variáveis ou compo-nentes do clima, numerosos outros sistemas de predição do grau de perigo de incêndio foram desenvolvidos, em diversos países do mundo. Os Serviços Flores tais do Canadá e dos EUA, por e-xemplo, desenvolveram em 1970 e 1972, respectivamente, índices nacionais, para padronizar os sistemas de avaliação do grau de perigo em cada país.

No Brasil, até 1963 não se tinha notícia de nenhuma tabela ou equação de previsão do perigo de incêndios. Ao final daquele ano, devido ao grande incêndio ocorrido no Estado do Paraná, a Divisão de Estudos e Pesquisas Meteorológicas do Serviço de Me-teorologia do Ministério da Agri-cultura, divulgou duas equa-ções para estimativa do grau de perigo de incêndios, considerados os mais viáveis as condições climáticas e estruturais do país, os índices de Angstron e de Nesterov. Em 1972, Soares (1972), utilizando dados da re-gião central do Estado do Para-ná, desenvolveu o primeiro índice de perigo de incêndio do país, a Formula de Monte Alegre.

A estrutura dos índices de perigo de incêndio é fundamental-mente baseada na variação de cer-tos fatores meteorológicos. Ra-ciocinando-se em termos de uma determinada área florestal, pode-se distinguir dois tipos de fato-res determinantes do grau de pe-rigo de incêndio: os de caráter permanente (material combustível, tipo de floresta e topografia) e os variáveis (condições climãti-

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cas) . Os fatores de caráter perma-nente não são apropriados para a determinação do grau de perigo de ocorrência de incêndios pois, a curto prazo, não variam. Sempre ha, por exemplo, possibilidade de se produzir um incêndio em uma floresta levando-se em considera-ção apenas os fatores de caráter permanente. Eles são üteis em ín-dices mais complexos, que estimam a velocidade de propagação e o potencial de danos dos incêndios. Os fatores variáveis por sua vez apresentam uma base solida para a determinação apenas do grau de perigo de ocorrência.

Os índices de perigo de in-cêndio podem, empiricamente, ser divididos em dois grupos, índices de ocorrência e índices de propa-gação. Os primeiros estimam espe-cialmente a probabilidade de ocor-rência de um incêndio, isto é, se existem condições favoráveis ou não para o início da combustão. Os do segundo grupo, através da incorporação da velocidade do vento e alguns fatores de caráter perma-nente, alem das condições de combustão oferecem também uma previ-são do comportamento do fogo, isto é, das condições de propagação do mesmo. Todos os índices atualmente utilizados no país pertencem ao primeiro grupo.

0 conhecimento dos índices de perigo de incêndio é funda-mental dentro de um plano de pre-venção e combate aos incêndios florestais, por permitir a previ-são das condições de perigo, pos-sibilitando desta maneira a adoção de medidas preventivas em bases mais eficientes e econômicas. 0 planejamento do setor de prevenção deve ser ajustado as mudanças do grau de perigo, a cada dia, a fim de cumprir com os- objetivos de controle dos incêndios den tro de limites razoáveis de custos. A concentração de muitos recursos no controle dos incêndios torna-se excessivamente cara e, por outro lado, a limitação de re cursos a níveis muito baixos pode ser muito perigosa.

11.1. PRINCIPAIS ÍNDICES DE PERI-GO DE INCÊNDIO

Os principais índices de perigo de incêndio usados por organizações de prevenção e com-bate a incêndios florestais no país são apresentados a seguir.

11.1. índice de Angstron

Desenvolvido na Suécia, es te índice baseia-se fundamental-mente na temperatura e umidade re lativa do ar, ambos medidos dia-riamente as 13 horas. A equação do índice é a seguinte:

B.= 0,05 11 - 0,1 (T - 27)

sendo: B ■ índice de Angstron H = umidade relativa do ar em

% T = temperatura do ar em C.

Sempre que o valor de "B" for menor do que 2,5 haverá ris-co de incêndio, isto é, as ,condi-ções atmosféricas do dia estarão favoráveis a ocorrência de incên-dios.

11.2. índice Logarítmico de Te- licyn

Desenvolvido na URSS, este índice tem como variáveis as tem peraturas do ar e do ponto de or valho, ambas medidas as 13 ho-ras. O índice é acumulativo, is-to é, seu valor aumenta gradati-vamente, como realmente acontece com as condições de risco de in-cêndio, até que a ocorrência de uma chuva o reduza a zero, reco-meçando novo ciclo de cálculos . Sua equação é a seguinte:

I = E log(T - PO)

sendo: I = índice de Telicyn T = temperatura do ar em C PO = temperatura do ponto de or-valho em C log= logarítmo na base 10.

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Restrição do índice: sempre que ocorrer uma precipitação igual ou superior a 2,5 mm, abandonar a somatória e recomeçar o calculo no dia seguinte, ou quando a chuva cessar. No(s) dia(s) de chuva,

o índice é igual a zero.

Como o índice é acumulati-vo, a interpretação do grau de pe rigo é feita através de uma esca-Ia (Tabela 28) .

TABELA 28 - Escala de perigo do .índice logarítmico de Telicyn.

VALOR DE I GRAU DE PERIGO

=< 2 2,1 a 3,5 3,6 a 5,0 > 5

Nenhum Pequeno Médio Alto

11.1.3. índice de Nesterov

Desenvolvido na URSS e aper-feiçoado na Polônia, este índice tem como variáveis a temperatura e o déficit de saturação do ar, ambos medidos diariamente as 13 horas. 0 índice de Nesterov, que também é acumulativo, tem a se-guinte equação básica:

G = E(d.T)

sendo, G = índice de Nesterov d = déficit de saturação do ar

em milibares T = temperatura do ar em C.

0 déficit de saturação do ar, por sua vez, é igual ã dife-

rença entre a pressão máxima de vapor d'água e a pressão real de vapor d'água, podendo ser calcu-lado através da expressão:

sendo ,

d = déficit de saturação do ar em milibares E = pressão

máxima de vapor d'água em milibares H =

umidade relativa do ar em t.

No índice de Nesterov, a continuidade da somatória é limi. tada pela ocorrência de precipi-tação, através de uma série de restrições (Tabela 29).

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TABELA 29 - Restrições a somatória do índice de Nesterov, de acordo com a quantidade de chuva do dia. ....................

CHUVA DO DIA (mm)

........ MODIFICAÇÃO NO CALCULO

=< 2,0 Nenhuma

2,1 a 5,0 Abater 25% do valor de G calculado na véspera e somar (d.t) do dia.

5,1 a 8,0 Abater 50% no valor de G calculado na véspera e somar (d.t) do dia.

8,1 a 10,0 Abandonar a somatória anterior e reco meçar novo cálculo, isto é, G= (d.t) do dia.

> 10,0 Interromper o cálculo (G = 0) , recome- çando a somatória no dia seguinte ou quando a chuva cessar.

A interpretação do grau de risco estimado pelo Índice é fei-

ta através de uma escala de peri-go (Tabela 30).

TABELA 30 - Escala de perigo do índice de Nesterov

Valor de G Grau de Perigo

Vi!

300 301 a 500 501 a 1000 1001 a 4000

> 4000

Nenhum risco Risco pequeno Risco médio Grande risco Altíssimo risco

11.1.4. Fórmula de Monte Alegre

Desenvolvido através de da. dos da região central do Estado do Paraná, este índice, também a-cumulativo, tem como única variá-vel a umidade relativa do ar, me-dida as 13 horas. A sua equa-ção básica é a seguinte:

sendo, FMA = Formula de Monte Alegre H = umidade relativa do ar em % .

Sendo acumulativo, o índi-ce esta sujeito as restrições de precipitação, como mostra a Tabe-la 31 .

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TABELA 31 - Restrições à somatória da FMA, de acordo com a precipita ção do dia . .'■ .........

CHUVA DO DIA (mm)

MODIFICAÇÃO NO CÁLCULO

=< 2,4 Nenhuma

2,5 a 4,9 Abater 30% na FMA calculada na véspera e so mar

(100/H) do dia.5,0 a 9,9 Abater 60% na FMA calculada na véspera e so

mar (100/H) do dia.

10,0 a 12,9 Abater 80% na FMA calculada na véspera e so mar (100/H) do dia.

> 12,9 Interromper o cálculo (FMA= 0) e recomeçar a somatória no dia seguinte.

A interpretação do grau de perigo estimado pela FMA é também

feita através de uma escala (Ta-bela 32) .

TABELA 32 - Escala de perigo da Formula de Monte Alegre

VALOR DA FMA GRAU DE PERIGO

=< 1,0 1,1 a 3,0 3,1 a 8,0 8,1 a 20 ,0

> 20,0

Nulo Pequeno Me d io Alto Muito alto

11.2. UTILIDADES DOS ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIO

to do grau de perigo a que esta sujeita a área florestal.

Dentre as diversas utilida-des e aplicações dos índices de perigo de incêndio pode-se desta-car :

11.2.1. Conhecimento do Grau de Perigo

Ao estimar a probabilidade de ocorrência de incêndios, desde que exista uma £agulha para ini-ciar a combustão, os índices per-mitem, diariamente, um conhecimen

11.2.2, Planejamento do Controle de Incêndios

As medidas preventivas ou mesmo de prê-supressão, devem ser intensificadas a medida que os valores dos índices aumentam. Por outro lado, quando o índice indica não haver perigo de incêndio ou quando ele é pequeno, as medidas de prevenção e prontidão para eventuais combates podem ser atenuadas, conseguindo-se as

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sim uma grande economia no setor de proteção, pois tanto o pessoal como alguns equipamentos usa dos neste setor podem ser designa" dos para outros trabalhos.

mo o Paraná por exemplo, deve-se esperar diferenças significati-vas entre o grau de perigo das suas diversas regiões.

11.2.3.Permissão para Queimas Controladas

Segundo o Código Florestal, as queimas controladas somente po dem ser feitas mediante autoriza" ção do poder publico. 0 índice de perigo de incêndio deve ser um dos fatores fundamentais a se levar em consideração para a conces-são de permissão para queima. Quan do o perigo e alto ou muito alto7 não se deve permitir queimas pois o risco do fogo escapar e se trans formar em incêndios incontrolados é muito grande.

11.2.5. Previsão do Comportamen-to do Fogo

Os índices que estimam tam bém a propagação e o potencial de danos, fornecem uma boa idéia do comportamento do fogo, caso ocorra um incêndio. Mesmo os ín-dices de ocorrência, embora mais limitados, podem também dar uma indicação do que se deve esperar em termos de comportamento do fogo, que será certamente distin-to se o incêndio ocorrer em um dia de perigo médio ou muito alto, por exemplo.

11.2.4. Estabelecimento de Zonas de Perigo

0 acompanhamento dos valo-res dos índices de perigo de in cêndio durante certo tempo, em grandes regiões, permite estabele-cer as zonas potencialmente mais perigosas ou mais propícias ã o-corrência de incêndios. Considerando que o limite de validade e segurança dos índices é aproximadamente 40 km de raio em torno da estação meteorológica que fornecem os dados, em um Estado, co-

11.2.6. Advertência Pública do Grau de Perigo

A divulgação dos valores dos índices, através dos meios de comunicação disponíveis, é im portante para que as pessoas que trabalham na floresta ou a usam como recreação, tenham conheci-mento do grau de perigo de incên dio. Este conhecimento acompanha do de outros esclarecimentos,aju da a formar na população uma maior conscientização para os problemas que os incêndios podem causar as florestas.

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12. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

A proteção das florestas contra o fogo começa com a preven ção. A melhor maneira de combater" um incêndio e evitar que ele ocor ra. E considerando que a grande-maioria dos incêndios florestais são provenientes de causas huma-, nas, elas são, em sua maior par-te, teoricamente evitáveis.

A prevenção de incêndios florestais envolve dois níveis de atividades. Primeiro, a prevenção dos incêndios causados pelo ho-mem, procurando através da educa-ção da população, legislação espe cífica e medidas coercitivas, evi-tar que o fogo ocorra. Segundo usando técnicas para controlar principalmente o material combustível , impedir ou dificultar a propagação daqueles incêndios que não foi possível evitar.

12.1. PREVENÇÃO DAS FONTES DE FO-GO

Cada incêndio causado pelo homem em uma área florestal prote-gida deve ser considerada como e-vidência de que alguma coisa saiu errada. Geralmente, o incêndio é o resultado de uma combinação cri tica de circunstâncias que pode-riam ser evitadas ou impedidas de acontecer. Estas circunstâncias podem ser codificadas, a fim de permitir um diagnostico lógico e uma prescrição eficiente para ca-da caso. Por exemplo:

Um incêndio de fumante =um fuman-te + cigarro + fósforo + descuido

Se qualquer um dos quatro elementos do incêndio causado pe-lo fumante for eliminado, não ha-verá fogo. Deste modo, existem quatro maneiras de se prevenir um

incêndio deste tipo: i) Banir o fumante de áreas sujeitas a ocor rência de incêndios (fechamento completo da área) , induzi-lo a não fumar em determinadas áreas (proibição de fumar) ou proibi-lo de jogar material aceso em lo cais com combustível perigoso (não fumar enquanto estiver se deslocando pela área) ; ii) Limi-tar o uso de cigarro em determi-nadas áreas que não oferecem ris co, sem proibir totalmente o ato" de fumar; iii) Aumentar a segu-rança do agente de ignição, proi. bindo por exemplo o uso de fõsfo ros e permitindo apenas isquei-ros; iv) Finalmente, educar ou motivar o fumante para ser cuida doso e tomar as precauções neces-sarias a fim de evitar o incêndio .

Certamente, dessas quatro alternativas, a primeira é a mais direta e positiva para um certo período de tempo e determinada a-rea, mas não ha condições de es-tendê-la a grandes áreas, alem de ser uma medida de caráter tem porãrio. A quarta alternativa educação do fumante, leva muito mais tempo para ser efetivada mas apresenta um caráter mais permanente em termos de prevenção .

Este tipo de analise pode ser aplicada a todos os incên-dios onde as combinações críti-cas que causam o fogo são conhe-cidas. Um incêndio causado por incendiãrio, por exemplo, é a soma de uma pessoa, um motivo para queimai material para pro vocar a ignição. Neste caso, as principais alternativas de pre-venção seriam retirar a pessoa da área ou eliminar o seu motivo para queimar.

A prevenção de incêndios de causa humana, que pode ser alcançada através da educação da população, da regulamentação do

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uso da floresta e da aplicação da legislação pertinente, ainda apre-senta um grande potencial para" aperfeiçoamento.

12.1.1. Educação da População

As pessoas se constituem no primeiro problema da prevenção de incêndios. Se todos que usam ou transitam por áreas florestais ti-vessem plena consciência do poten-cial de destruição dos incêndios, fossem bem-informados sobre como evitar que eles ocorram e suficientemente motivados para procederem corretamente, apenas um número reduzido de incêndios ocorreria anualmente.

Por este motivos, a educa ção da população deve ser a pri-meira iniciativa na prevenção de incêndios. Seu objetivo principal é formar uma conscientização na população, com relação ã importân-cia das florestas e os danos que a elas podem causar os incêndios florestais.

0 grande obstáculo para se alcançar essas metas é a dificul-dade de atingir todas as classes de pessoas responsáveis por ocor-rências de incêndios através de uma comunicação simples e objeti-va, mostrando como e por que evi-tar o fogo nas florestas.

Os principais meios de comu nicação visando a educação da po-pulação são livros, revistas, fo-lhetos, rádio, televisão, filmes, painéis, palestras e contatos pessoais. Todos esses meios são eficientes quando usados hábil e adequadamente, considerando a época oportuna, o local adequado e a pessoa correta. Mas todos, ou quase todos eles, são necessá-rios, pois nenhum meio, isolada-mente, poderá alcançar todas as classes de pessoas e também por-que a reação dos indivíduos varia bastante em relação a apelos públicos, instruções e restrições

Ryan , Gladen e Folkman (1978) relatam um experimento con duzido na Califórnia, EUA, visan-

do conscientizar crianças de es cola de primeiro grau para o pro" blema de incêndios florestais. E quipes de quatro a oito pessoas" conduziram o programa visitando as salas de aula e apresentando sessões divididas em três partes, cada uma com cerca de 10 minutos de duração: trabalhos em gru-pos, apresentação de diapositi-" vos e visita do urso smokey. As crianças foram submetidas a tes-tes antes e depois de participarem do programa e suas respostas comparadas com as de crianças não-submetidas ao programa. As crianças submetidas ao programa obtiveram muito melhor performan ce nos testes sobre princípios de prevenção de incêndios do que as que não participaram do pro-grama.

Bernardi (1973) testou a e-ficiência de três anúncios dê" 60 segundos sôbre prevenção de incêndios em emissoras de televi-são nos Estados da Califórnia é Oregon, EUA. Os filmes diferiam apenas de narrador: o urso smokey em um, rapaz jovem em outro e um guarda florestal no terceiro. A pesquisa demonstrou que o filme narrado pelo rapaz foi mais eficiente na conscientização da população amostrada, com relação a prevenção de incêndios. 0 autor concluiu ainda que os filmes foram mais eficientes quando mostrados em salas de aula do que quando exibidos para o públi-co de televisão em geral .

Os painéis colocados nas margens de estradas são também muito úteis na educação da popu-lação. Folkman (1973) demonstrou, através de pesquisa realizada na Califórnia, EUA, que as mensa. gens dos painéis mantém sua efi-ciência por pelo menos seis anos. Cinco diferentes mensagens foram colocadas ao longo de estradas florestais da região e, seis anos depois, as mensagens foram aumentadas para dez, os painéis redesenhados e apresentados com novas cores. Cerca de 97 % dos mo toristas entrevistados se lem-braram dos novos painéis e cerca

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de 70% disseram se lembrar também dos antigos.

De todos os métodos de edu-cação da população, o contato pes-soai e individual parece ser õ mais eficiente. A principal vanta-gem do contato pessoal é permitir um nível de troca de idéias que não é possível através de outros meios de comunicação. Este é um método altamente seletivo e que pode, eficientemente, preencher os espaços ou falhas deixados pelos outros métodos.

priamente dita por seu caráter mais localizado e pelo seu obje-tivo principal que é reduzir o risco de incêndio em áreas espe-cíficas. Um exemplo concreto de regulamentação do uso da flores-ta é citado por Brown e Davis (1973): nos Estados de Oregon e Washington, EUA, a operação de exploração florestal é suspensa toda vez que a umidade relativa do ar, nas áreas florestais, cai para menos de 30%.

12.1.2. Regulamentação do Uso da Floresta

A regulamentação do uso , principalmente das florestas de lazer, como os parques nacionais, estaduais e municipais, é muito importante na prevenção dos incên dios causados pelas pessoas que os utilizam.

A regulamentação esta rela-cionada, por um lado com a educa-ção da população e, por outro, a aplicação da legislação. Isto por-que inicialmente é necessário uma campanha de esclarecimento no sen tido de explicar as razões das restrições no uso da floresta. Em segundo lugar, não se deve transi-gir na aplicação da regulamenta-ção .

A forma mais drástica de re gulamentação seria fechar a flo-resta, ou os setores mais suscetí-veis aos incêndios, a visitação publica, em épocas críticas. Ou trás medidas que poderiam ser ado-tadas são a proibição ou restrição de fumar em determinadas á-reas em épocas de grande perigo ;o uso obrigatório de ferramentas como pás, machados e foices por par-te de pessoas que acampam na floresta; a proibição de pesca em certas áreas durante a estação de incêndios e outras medidas de caráter local ou regional que con tribuam para a redução do risco de incêndio.

A regulamentação do uso da floresta difere da legislação pro-

12.1.3. Aplicação da Legislação

Existe sempre uma minoria de pessoas negligentes, descuida das e refratãrias a qualquer le-gislação, que agem sempre em seus interesses pessoais. Para estas pessoas, a aplicação rigo-rosa da legislação é a medida mais eficiente na prevenção dos incêndios.

0 cumprimento rigoroso do Código Florestal Brasileiro, que tem quatro artigos que tratam diretamente do problema do fogo em florestas , seria uma medida extremamente útil na prevenção de incêndios no país.

0 Artigo 11°, do referido Código, diz que "o emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivos que impeçam a difu-são de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas flores-tas e demais formas de vegetação""

0 Artigo 25? estabelece que "em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os re cursos ordinários, compete não so ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade publica, requisitar os meios ma-teriais e convocar os homens em condições de prestar auxílio".

0 Artigo 26? diz, entre outras coisas, que "fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas;fa bricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provo-

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car incêndios nas florestas e de-mais formas de vegetação; e empre-gar, como combustível, produtos" florestais ou hulha sem uso de dispositivos que impeçam a difu-são de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios florestais , constituem contravenções penais. puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de um a cem salários mínimos, ou ambas as penas cumulativamente."

Finalmente, o Artigo 27? diz que "é proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação".. Entretanto, como o fo- go é um instrumento essencial em práticas agrícolas e florestais, o parágrafo único deste Artigo faz a seguinte ressalva: "se pecu- liaridades locais ou regionais justificam o emprego do fogo em práticas agro-florestais ou flo restais, a permissão será estabe lecida em ato de poder publico , circunscrevendo as áreas e estabe- lecendo normas de precaução." Se apenas este Artigo fosse rigorosa- mente observado, os incêndios fio restais no Brasil seriam sensivel- mente reduzidos.

A aplicação da legislação, principalmente nos casos de pro-cesso judicial, nem sempre e fá-cil. Em primeiro lugar, é neces-sário descobrir a causa do incên dio. Em seguida, deve-se estabe-lecer a identidade da pessoa res ponsável pelo fogo. Finalmente 7 é necessário provar legalmente o envolvimento da pessoa no incên-dio .

Folkman (1973) relata um programa experimental de preven-ção de incêndios no município de Butte, Califórnia, EUA, onde a aplicação da legislação foi um dos pontos principais, a fim de alertar o publico a respeito da seriedade do problema do fogo.Du rante os quatro anos de observa ção, vários foram os casos dê" condenação de pessoas responsá-veis por incêndios (Tabela 33) e houve uma sensível redução no nu mero de incêndios de causas huma-nas nos anos de 1969 e 1970.

TABELA 33 - Resultados do programa de aplicação da legislação de pre venção contra incêndios florestais no município de Butte Califórnia, EUA.

ATIVIDADE 1967 1968 1969 1970

Número de investigações 325 269 340 346

Ofensas menores 17 35 12 1 3 Ofensas grave s 1 1 1 0Condenações menores 15 33 9 13 Condenações graves 1 1 1 0

Ainda segundo Folkman (1973) , durante o transcurso da pesquisa, o fato do município estar sendo usado como área experimental foi mantido em segredo para evitar que o efeito de tal conhecimento pudesse influir no comportamento do público.

12.2. PREVENÇÃO DA PROPAGAÇÃO DO FOGO

A redução do risco de pro-pagação dos incêndios que não puderam ser evitados é outra im-portante parte da prevenção de incêndios florestais.

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Mesmo os mais eficientes pro gramas de prevenção não conseguem-evitar totalmente o início de in-cêndios em áreas florestais. Por este motivo, é essencial estabele cer sistemas que evitem ou difi--. cultem a propagação dos incêndios, principalmente através do controle da quantidade, arranjo, conti-nuidade e inflamabilidade, ou po-tencial de queima, do material com bustível.

A redução do risco de propa-gação dos incêndios em áreas flo-restais pode ser conseguida atra. vês da implantação das seguintes técnicas preventivas:

12.1. Construção e Manutenção de Aceiros

Aceiros são técnicas preven-tivas destinadas a quebrar a con-tinuidade do material combustível. Constituem-se basicamente de fai-xa- livres de vegetação, onde o solo mineral é exposto, distribuí-das através da área florestal, de acordo com as necessidades de pro-teção.

A largura dos aceiros depen-de das condições locais, mas não deve ser inferior a 5 m e, em lo-cais de extremo perigo, podem che-gar a 50 m. Em uma área florestal, onde deve existir uma rede de aceiros, a largura de cada um de-les varia de acordo com sua impor tância estratégica. Neste caso, existem aceiros principais, mais largos, e secundários, mais es-treitos .

Os aceiros, por si so, não são capazes de deter os incêndios , ou pelo menos a maioria deles, principalmente quando o fogo começa mais distante e chega até eles já com certa intensidade. No entanto, mesmo em incêndios de al-ta intensidade, os aceiros são ex-tremamente úteis como meios de acesso e pontos de apoio para as turmas de combate.

A manutenção dos aceiros é outro ponto fundamental na preven-ção da propagação do fogo. De na-

da adianta construir uma rede de aceiros se estes não são mantidos limpos e operacionãveis, pelo menos durante a época de maior perigo de incêndios. Geralmente, uma limpeza anual é suficiente para manter os aceiros em condi-ções satisfatórias.

12.2.2. Redução do Material Com-bustível

Esta é, sem dúvida, a téc-nica preventiva mais eficiente para evitar a propagação dos in-cêndios. No entanto, sua aplica-ção prática é bastante difícil , principalmente considerando-se que todo material lenhoso exis-tente na floresta é combustível.

Sendo a intensidade dos incêndios diretamente proporcio-nal â quantidade de material com bustível disponível existente , quanto menos material houver pa-ra queimar, mais fácil será o combate ao fogo e menores os da-nos a floresta.

A redução do material com bustível em uma floresta pode ser feita através de métodos qui micos, mecânicos ou por queima controlada. Destes, o mais econo-mico e eficiente, se bem que o mais arriscado, é a queima controlada, que pode ser feita no interior da floresta, desde que a espécie seja resistente ao fogo. A redução do material combus-tível através do fogo pode também ser feita na periferia da floresta, formando aceiros tempo-rãrios que impedem ou dificultam a penetração, na floresta, de incêndios vindos de fora. A quei-ma da vegetação seca ãs margens de estradas de ferro ou de rodagem, geralmente locais bastante suscetíveis a ocorrência de incêndios, é também um meio eficiente de redução de material combustível .

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12.2.3. Cortinas de Segurança

As cortinas de segurança são técnicas que, basicamente, alte-ram a inflamabilidade do mate-rial combustível. Quando existem grandes-extensões reflorestadas com espécies altamente combus-tíveis, sujeitas a incêndios de copa, o estabelecimento de fai-xas de espécies menos inflamãveis, folhosas por exemplo, para redu-zir a propagação de possíveis in-cêndios, facilitando o combate aos mesmos.

12.2.4. Construção de Açudes

São vários os benefícios que um conjunto de pequenos açu-des, formados através de simples barragens de terra ao longo de pe-quenos cursos d'água, pode trazer a uma propriedade florestal.

Sob o aspecto da prevenção de incêndios, esses açudes, além de se constituírem em locais de fácil captação de água para comba-ter o fogo, influem beneficamente no microclima local, através do aumento da superfície de evapora-ção e, consequentemente, da umida-de relativa do ar. Além do aspec-to protecionista, os açudes são úteis para a recreação e a psicul-tura.

12.3. PLANOS DE PREVENÇÃO

Para maior eficiência da prevenção dos incêndios flores-tais, planos regionais ou locais, especificando as técnicas mais adequadas e viáveis, podem ser estabelecidas. Os planos de pre-venção, basicamente, organizam o trabalho de proteção contra in-cêndios em uma área florestal.Pa ra isto, não é necessário elabo-rar planos complicados ou sofis-ticados, pois quanto mais simples e objetivos, mais operacionais e eficientes eles se tornam.

Para se elaborar um plano de prevenção de incêndios são ne-cessãrias algumas informações e estatísticas sobre ocorrências anteriores de fogo e aspectos ge-rais da área, no sentido de se estabelecer com mais eficiência os métodos e objetivos da preven-ção. Estas informações são, basi-camente, as seguintes:

12.3.1. Regiões de Ocorrência

Os incêndios não se distri-buem uniformemente através das áreas florestais. Existem locais onde a ocorrência de incêndios é mais freqüente, como por exemplo próximo a vilas ou acampamentos, margens de rodovias, margens de estradas de ferro, proximidades de áreas agrícolas e margens de rios e lagos (Figura 17). Por outro lado, existem locais den-tro de uma região florestal onde nunca, ou raramente, ocorrem in-cêndios .

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FIGURA 17 - Mapa das zonas de maior risco de ocorrência de incêndios em uma área florestal.

A elaboração de um mapa de risco, através da marcação dos pontos onde ocorreram os incên dios, possibilita a visualização das áreas de maior incidência de incêndios e ajuda na designação de medidas preventivas especiais para as áreas de maior risco.

12.3.2. Causas dos Incêndios

Para se fazer um trabalho objetivo de prevenção de incên-dios em uma área é necessário co-nhecer as principais causas ou

grupos de causas desses incên-dios. 0 agrupamento usado no Bra-sil engloba oito grupos de cau-sas, a saber: raios, queimas para limpeza, operações florestais, fogos campestres, fumantes, in-cendiãrios, estradas de ferro e diversos.

As causas dos incêndios va riam de região para região,prin-cipalmente em países de grande extensão territorial. Para se ter estatísticas confiáveis é ne-cessário investigar com afinco as causas dos incêndios e manter um arquivo ordenado dos dados ao longo dos anos. Um exemplo de es tatística de causas de incêndios em uma determinada região e mos-trado na Tabela 34.

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TABELA 34 - Classificação das causas dos incêndios florestais ocorridos e registrados no município de Telemaco Borba, Paraná de junho de 1965 a maio de 1974.

CAUSA INCÊNDIOS ÁREA QUEIMADA

(n?) (%) (ha) (%)

Queimas para limpeza Raios Fumante s

28 1 7 1

33,73 20,48 13,25

2.247 , 15 126,91 7 ,60

53,21 2 ,76 0,17

Diversos 7 8,43 24,55 0,53Incendiários Estradas de ferro

6 6

7,23 7 ,23

10,90 5,70

0,24 0,12

Operações florestais 5 6,03 375,30 8, 16 Fogos campestres . , 3 3,62 1.600,85 34 ,81

TOTAL 83 100,00 4.598,96 100 ,00

12.3.3. Duração do Período de 0-corrência

Os incêndios, devido princi-palmente âs condições climáticas, não ocorrem com a mesma freqüên cia durante todos os meses do ano. A variação do numero de ocorrên-cias de incêndios, de região para

região, ao longo dos meses, deve se as diversidades climáticas ou as diferenças nos níveis de ati-vidades agrícolas e florestais ; A Tabela 35 mostra um exemplo de distribuição de ocorrências de incêndios nos diferentes meses do ano, em uma região do Estado do Paraná.

TABELA 35 - Distribuição das ocorrências de incêndios e respectivas ã. reas queimadas no município de Telêmaco Borba, Paraná, en-tre junho de 1965 a dezembro de 1981.

INCÊNDIOS ÁREA QUEIMADA

MÊS (n?) (%) (ha) (%)

Janeiro 14 4,1 121,92 1.5

Fevereiro 15 4,4 37 ,35 0,5Março 14 4,1 1 17,67 1.5Abril 17 4,9 7,15 0,1Maio 17 4,9 1 1 ,08 0,2Junho 17 4,9 9,30 0,1Julho 50 14,6 684,84 8,7Agosto 64 18,7 1.014,15 12,9Setembro 66 19,2 1 .878,28 23,9Outubro 25 7,3 1 .866,21 23,8Novembro 25 7,3 76,32 1,0Dezembro 19 5,6 2.024,60 25,8

TOTAL 343 100,0 7.84 8,8 7 100,0

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O período de maior perigo de incêndios em uma região pode também ser obtido através do cal-culo dos índices de perigo de in-cêndio. Estes índices estimam, a-travês de escalas numéricas, o po-tencial de ignição ou de inflama-bilidade da vegetação. No Brasil, os indices melhor adaptação e de maior uso atualmente são a Formula de Monte Alegre e o Índice de Nesterov.

12.3.4. Classes de Materiais Com-bustíveis

Os tipos de vegetação in-fluem de modo distinto no poten-cial de propagação dos incêndios. A propagação é geralmente mais rá-pida e intensa em povoamentos de coníferas do que em folhosas,mais rápida em florestas plantadas do que em florestas naturais e mais rápida ainda em pastagens e cam-pos secos por geadas.

A elaboração de mapas, de preferência com o uso de diferen tes cores indicando os diversos tipos de vegetação, permite pre-ver em que áreas o fogo oferece maior risco de propagação. Es tes mapas são muito üteis na ela-boração dos planos de prevenção.

12.3.5. Zonas Prioritárias

Nenhum planejamento deve ser feito sem definir claramente as áreas que devem prioritaria-mente ser protegidas. Apesar de toda a floresta precisar de pro-teção, existem sempre áreas que devem receber tratamento priori-tário e por isto mesmo marcadas com destaque no mapa da região . Áreas experimentais, pomares de sementes, nascentes de água, á-reas de recreação, instalações in dustriais e zonas residenciais são exemplos de locais que devem merecer atenção especial em um plano de prevenção de incêndios florestais.

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A P Ê N D I C E

EXEMPLOS NUMÉRICOS DE CÁLCULOS DE ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIOS

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1) ÍNDICE DE ANGSTRON

2) ÍNDICE DE TELICYN

Suponhamos que o valor de "I" de ontem foi de 2,0 e que as condi-ções de hoje sejam:

3) INDICE DE NESTEROV

Suponhamos que o valor de "G" de ontem foi 800 e que as condi-ções de hoje sejam:

Utilizando-se os mesmos dados mas supondo uma chuva de 6,0 mm:

Ainda com os mesmos dados mas supondo uma chuva de 9,0 mm:

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3) FORMULA DE MONTE ALEGRE

Suponhamos que o valor de FMA de ontem tenha, sido, 15,0 e que as condições de hoje sejam:

Utilizando-se os mesmos dados mas supondo uma chuva de 6,0 mm:

Utilizando-se os mesmos dados mas supondo uma chuva de 12,0 mm:

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PREVENÇÃO E CONTROLE DE I N C Ê N D I O S F L O R E S T A I S CURSO DE E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR TUTORIA À

D I S T Â N C I A

MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

PÓS - TESTE

I PARTE: Responda sem consultar o Modulo.

1. Quais as principais diferenças entre uma queima controlada e um in cêndio florestal?

2. Que métodos podem ser usados para reduzir a quantidade de material combustível em uma floresta? Comentar as vantagens e desvanta-gens de cada um deles.

3. Quais as vantagens de se usar fogo controlado no preparo do terreno para plantio?

4. Por que se diz que a queima contra o vento é inflexível e a queima em faixas a favor do vento é flexível?

5. Quais as vantagens e desvantagens da queima central ou em anel?

6. Quais as principais utilidades dos índices de perigo de incêndio?

7. Na determinação do grau de perigo de uma região, quais os fatores de caráter permanente e quais os variáveis. Quais as influências de cada um dos grupos nesta determinação?

8. Quais as vantagens e desvantagens da educação da população sobre os outros métodos de prevenção de incêndios florestais?

9. Quais as vantagens da contrução de açudes na prevenção da propaga, ção dos incêndios ?

10. Quais as informações mais importantes para a elaboração de um pla-no de prevenção de incêndio?

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Curso de Especialização por Tutoria à Distância

II PARTE: Resolver consultando o modulo e as tabelas do modulo introdu tório.

Com os dados meteorológicos fornecidos a seguir, calcule os índi ces de perigo de incêndio através dos índices de Angstron, Telicyn Nesterov e FMA.

TEMPERATURA (°C) INDICES DIA

T.Seco T. Úmido

CHUVA (mm)

UMIDADE RELATI-VA (%)

PONTO DE ORVALHO (°C) Angstron Telicyn Nesterov FMA

1 20 20 17,8

2 20 18 -

3 23 19 — 4 23 20 -

5 25 20 -

6 27 21 -

7 28 22 -

8 27 23 -

9 29 23 4,6

10 25 22 9,2

11 23 21 4,4

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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTA IS CURSO DE E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR T U T O R I A À

D I S T Â N C I A

MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

PRÉ - TESTE GABARITO DE RESPOSTAS

QUESTÕES RESPOSTAS

1 F

2 V

3 V

4 V

5 F

6 F

7 V

8 V

9 V

10 F

11 F

12 F

13 F

14 V

15 F

16 V

17 F

18 V

19 V

20 V

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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO POR TUTORIA À DISTÂNCIA

MODULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

POS - TESTE FOLHA

DE RESPOSTAS

NOME DO ALUNO:

INSTITUIÇÃO:

MAT. :

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Curso de Especialização por Tutoria ã Distância

II PARTE: Resolver consultando o modulo e as tabelas do módulo introdu-tório.

Com os dados meteorológicos fornecidos a seguir, calcule os índi-ces de perigo de incêndio através dos índices de Angstron, Telicyn, Nesterov e FMA.

TEMPERATURA (°C) INDICES DIA

T.Seco T. Úmido

CHUVA (mm)

UMIDADE RELATI-VA (%)

PONTO DE ORVALHO (°C) Angstron Telicyn Nesterov FMA

1 20 20 17,8

2 20 18 -

3 23 19 -

4 23 20 -

5 25 20 - -

6 27 21 -

7 28 22 -

8 27 23 -

9 29 23 4,6

10 25 22 9,2

11 23 21 4,4

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