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LIXO ELETRÔNICO: TES”OURO” JOGADO FORA
João Paulo Gonçalves de Oliveira1 - UNITOLEDO
Rodrigo Santos Almeida2 - UNITOLEDO
Carlos Adriano Rufino da Silva3 - UNITOLEDO
RESUMO
A extração de recursos renováveis para produção de equipamentos eletrônicos vem
crescendo, devido ao ritmo acelerado das empresas, gerando assim o consumismo frenético de
produtos e o descarte de maneira incorreta, pois, em pouco tempo são descartados pelo
consumidor por não atender as exigências e necessidades atuais. Este trabalho mostra os
diferentes metais que podem ser encontrados no lixo eletrônico, seus respectivos valores e
como pode ser valioso o que é considerado lixo.
Palavras-Chave: Lixo eletrônico, meio ambiente, sustentabilidade.
ABSTRACT
The extraction of renewable resources for the production of electronic equipment has
been growing due to the fast pace of the companies, thus generating frantic consumerism of
products and discarding in an incorrect way, since, in a short time, they are discarded by the
consumer for not meeting the requirements and needs Current. This work shows the different
metals that can be found in electronic waste, their respective values and how valuable what is
considered junk can be valuable.
Keys-Word: Electronic waste, environment, sustainability.
1. Introdução
1 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2016). [email protected]
2 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2016). [email protected]
3 Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual Paulista (2004). [email protected]
2
Diante do crescimento da população e o poder de compra cada vez maior de cada
cidadão obviamente houve um aumento bastante significativo de lixo e um descarte cada vez
menos adequado devido à falta de áreas específicas. O mais evidente desonrante dos lixos são
os resíduos sólidos, pois, suas formas de dispersão são bem menores se comparado com os
gasosos e líquidos, cada vez que se produz e consome, aumenta ainda mais esse tipo de
resíduo (LOPES, FONSECA, 2013).
A maior parte dos resíduos sólidos é produzida nas residências. Esses resíduos têm
impactado diretamente ou indiretamente o meio ambiente colaborando com o aquecimento
global, devido a população ter uma consciência de mera disposição para tudo o que é lixo,
muito não é reciclado e com isso são afetados mananciais, rios e lençóis freáticos. Enchentes
em grandes centros são, por exemplo, consequências de acúmulo de resíduos em lugares não
adequados (JACOBI & BESEN, 2011).
No meio dos resíduos sólidos alguns materiais encontrados têm alto valor econômico
por ter a possibilidade de serem reaproveitados. Países mais desenvolvidos conseguem ter um
reaproveitamento positivo e eficiente. Já no Brasil, caso essa prática seja feita, ainda assim é
muito pouco utilizado e poderia ser de uma forma mais organizada e voltada para o
desenvolvimento do país (JACOBI & BESEN, 2011; PELIZER, PONTIERI & MORAES,
2007).
Entre os resíduos sólidos está o tecnológico/eletrônico que são os equipamentos, como
micro-ondas, computadores, impressoras, celulares, televisões, rádio, videogame, baterias,
entre outros (COSTA, 2013).
Em um ritmo frenético em busca de novos lançamentos as empresas estão inovando
cada vez mais em um menor tempo, abastecendo o mercado com novas tecnologias levando
as pessoas a consumir novos produtos mesmo sem necessidade e fazendo assim, o descarte do
produto “antigo”, mesmo considerado em perfeito estado, em lugares não adequados gerando
assim de problemas com a produção do lixo eletrônico (VIEIRA, SOARES T & SOARES L,
2009).
Quando descartado em lixo comum, as substâncias químicas que estão presentes nos
eletroeletrônicos como, alumínio, chumbo, cobre, arsênio, cádmio e mercúrio, acabam
penetrando no solo e posteriormente chegando aos lençóis freáticos, contaminando plantas e
animais que consomem dessa água, podendo assim contaminar os seres humanos. As
consequências podem ser desde uma dor de cabeça a complicações mais sérias, podendo
comprometer o sistema nervoso e causar o surgimento de cânceres (MATTOS Katty,
MATTOS Karen & PERALES, 2008).
3
1.1 Objetivo
Este trabalho tem por objetivo destacar os materiais nobres, com alto valor econômico,
que estão presentes no lixo eletrônico, seus respectivos valores comerciais e o quão
importante e valiosos são em seus reaproveitamentos.
2. Desenvolvimento
2.1 Lixo Eletrônico
Considera-se eletrônico todo material proveniente de equipamentos que necessitam de
corrente elétrica ou eletromagnética para seu funcionamento, estes por fim se tornam lixo
quando se caracterizam tecnicamente inadequado para uso ou quando se perde todas as suas
possibilidades de reparo, atualização e reuso (KUNRATH & VEIT, 2015).
São considerados lixos eletrônicos, quando inutilizados, os seguintes produtos:
Computadores;
Tablets;
Impressoras;
Câmeras Fotográficas;
Aparelhos de Som;
Lâmpadas Eletrônicas;
Televisores;
Geladeira;
Fogão;
Micro-ondas;
Rádios;
Celulares;
Baterias;
Pilhas.
4
Com o passar do tempo percebeu-se que esses produtos estão se tornando cada vez
mais acessíveis a diversas classes sociais, entretanto nota-se também uma diminuição no
tempo útil desses aparelhos (ALVES, 2015).
Desta forma podem-se apontar alguns fatores que contribuem para o descarte, dentre
eles destacam-se a inferioridade dos equipamentos, a impossibilidade de encontrar peças para
reposição, a própria vontade de trocar o aparelho ou o custo elevado de conserto (ALVES,
2015).
A tabela 1 mostra alguns aparelhos que apresentam defeito ao menos uma vez, num
tempo médio de uso. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor - IDEC.
Tabela 1 – Defeito X Tempo
Percentual de aparelhos que apresentam defeito Tempo de uso de aparelhos
32% dos computadores 2,6 anos
22% dos celulares 3,1 anos
21% lavadoras de roupa 4,8 anos
17% de impressoras 2,9 anos
13 % de televisão 4,8 anos
11% DVD ou Blue Ray 3,9 anos
11% geladeira ou freezer 6,0 anos
9% câmera fotográfica 2,9 anos
9% micro-ondas 4,3 anos
8% fogão 5,6 anos
Fonte: IDEC, 2013.
Figura 1: Lixo eletrônico
Fonte: Atitudes sustentáveis.
5
2.2 Importância da reciclagem do lixo eletrônico na economia
O lixo eletrônico se tornou um grande atrativo para as empresas por possuir alto valor
econômico agregado e escondido em equipamentos nos quais serão descartados.
Visando esse crescimento, a partir do lixo eletrônico, várias empresas foram criadas
com o intuito de recolher esse lixo, beneficiá-lo e vendê-lo, conseguindo receitas e ajudando
também outras empresas a economizarem com matéria-prima na confecção de novos produtos
(ÉPOCA, 2016).
Ao mesmo tempo em que o lixo eletrônico pode ser considerado um problema pelo
seu grande volume e por seu descarte inadequado, é também uma oportunidade por conter
elementos preciosos em sua composição. Para se ter uma ideia em 1 tonelada, composta por
computador, pode conter mais ouro do que em 17 toneladas de minério (LAURINDO et. al.,
2013).
Um computador pessoal, por exemplo, pode conter até 4 gramas de ouro, além de
muitos outros materiais nobres contidos no lixo eletrônico, pois não apenas o ouro tem seu
alto valor econômico e quantidade considerável, também outros materiais são encontrados,
como por exemplo, em 1 tonelada de lixo eletrônico também contém 200 Kg de cobre
(SANTOS, 2011).
Economicamente, os prejuízos causados pela não reciclagem desse tipo de lixo são
imensos, pois quando não se faz a extração dos materiais contidos no lixo eletrônico para
posterior aproveitamento têm-se a necessidade de novas matérias-primas, (minerais
principalmente), pois esses materiais necessitam de extração, transporte, beneficiamento etc.
Esse tipo de atividade está se tornando cada vez mais custoso e difícil por conta da intensa
extração e exploração dos recursos e o fato de ter a necessidade de fazer escavações cada vez
mais profundas em busca de lugares distantes e menos acessíveis (ANDRADE et. al., 2010).
Mas além dos materiais que podem ser reaproveitados também são usados materiais
não renováveis. Para fabricação de 1 computador pessoal, por exemplo, são usados cerca de
240 kg de combustíveis fósseis para produção de energia, 22 kg de produtos químicos e
aproximadamente 1,5 t de água (ALVES et. al., 2015).
Os resíduos eletrônicos representam cerca de 5% de todo o lixo produzido pela
humanidade no mundo. Isso significa que 50 milhões de toneladas de lixo são jogadas foras
todos os anos pela população mundial (TECMUNDO, 2009).
6
O Brasil produz anualmente cerca de 1,4 milhão de tonelada de lixo eletrônico de
acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Desta forma, o país já está entre os
maiores produtores de lixo eletrônico e o que mais descarta aparelhos ultrapassados na
natureza, totalizando cerca de 7 quilos por habitante. De acordo com dados do Ministério do
Meio Ambiente apenas 13% do lixo eletrônico é tratado corretamente, e mesmo assim possui
cerca de 500 milhões de equipamentos sem uso nas residências.
Gráfico 1 – Produção anual de lixo eletrônico no Brasil.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente – MMA (2015).
É estimado que cada tonelada de lixo eletrônico processado gere em torno de US$
500. Uma pequena empresa de reciclagem de lixo eletrônico pode lucrar, anualmente, em
torno de R$ 500 mil. Este tipo de reciclagem está presente em todo o território e,
normalmente, é especializada no processamento de frações de materiais, que possuem maior
valor agregado. Contudo, o processo ainda está muito concentrado em algumas poucas
empresas e regiões para assim, representar uma atividade sustentável (TECHINBRAZIL,
2015).
O Brasil ainda não possui estudos específicos que forneçam dados precisos sobre o
descarte de lixo eletrônico e seu tratamento. O mesmo se aplica aos regulamentos, que são
ainda os mesmos utilizados para outros tipos de lixo (TECHINBRAZIL, 2015).
96,8
2,2
137
115
0
20
40
60
80
100
120
140
Computadores Celulares Televisores Refrigeradores
mil
ton
ela
das
Produção anual de lixo eletrônico no Brasil
7
2.3 Materiais nobres
Para desenvolver equipamentos tecnológicos as empresas necessitam de muita matéria
prima e dentre elas estão algumas que possuem um alto valor econômico, considerados
materiais nobres como ouro, prata, platina, cobre e o alumínio (DW, 2013).
A maior parte dos aparelhos tecnológicos é composta de materiais, como ferro,
alumínio, plástico e vidro, estes materiais correspondem cerca de 80% do seu peso, os outros
20% são compostos de materiais preciosos e também tóxicos, que mesmo parecendo ser
pouco, são materiais de grande importância (SILVA, 2011).
A tabela periódica da Figura 2 apresenta em destaque os elementos contidos no lixo
eletrônico oriundo de celulares.
Figura 2 - Elementos contidos no lixo eletrônico oriundo de um celular.
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA (2009).
Como pode ser visto, 43 dos 118 elementos químicos estão presente em um único
aparelho telefônico. Estes materiais causam danos tanto para o meio ambiente quanto para a
saúde do ser humano por conterem elementos tóxicos, poluentes e agressivos, além de gerar
gases, quando incinerados, contribuindo para o efeito estufa (PNUMA, 2009).
A tabela 2 mostra a quantidade e quais materiais são encontrados em
aproximadamente uma tonelada de lixo eletrônico misto.
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Tabela 2 - Fonte: Adaptado do Programa Ambiental das Nações Unidas
Material Porcentagem (%) Peso (Kg.)
Ferro 30% a 40% 400 Kg
Cobre 17% 170 Kg
Chumbo 1% e 2% 20 Kg
Alumínio 7% 70 Kg
Zinco 4% a 5% 50 Kg
Ouro 0,2% a 0,3% 3 Kg
Prata 0,3% a 1% 10 Kg
Platina 0,03% a 0,07% 0,7 Kg
Fibras plásticas 15% 150 Kg
Papel e embalagem 5% 50 Kg
Resíduos não recicláveis 3% a 5% 50 Kg
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA (2009).
Com base nos materiais apresentados na tabela 2, foi realizado o cálculo de quanto se
obteria se os materiais fossem retirados e vendidos pelo preço comercial. Foram analisados os
materiais, como ferro, cobre, chumbo, alumínio, zinco, ouro, prata e platina. Os valores
econômicos do grama de cada material foram extraídos (BULLION-RATES, INVESTING,
LITORALIMPO, MAXILIGAS) e seguem apresentados na tabela 3:
Tabela 3: Valores em R$ do grama de cada material
Materiais R$/grama
Ferro 0,0002
Cobre 0,012
Chumbo 0,0018
Alumínio 0,0033
Zinco 0,00235
Ouro 127,00
Prata 1,80
Platina 98,00
Fonte: Bullion-rates, Investing, Litoralimpo, Maxiligas. (28/10/2016).
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Com base nesses valores, o seguinte cálculo será feito para achar o valor em reais de
quanto se pode retirar de metais em aproximadamente uma tonelada de lixo eletrônico: o peso
de cada material será multiplicado pelo o valor comercial do grama, conforme a tabela 4.
Tabela 4 – Valor bruto possível no tratamento do lixo eletrônico por tonelada.
Materiais Quantidade (g.) R$/grama Peso x Valor (R$)
Ferro 400.000 0,0002 80,00
Cobre 170.000 0,012 2.040,00
Chumbo 20.000 0,0018 36,00
Alumínio 70.000 0,0033 231,00
Zinco 50.000 0,00235 117,50
Ouro 3.000 127,00 381.000,00
Prata 10.000 1,80 18.000,00
Platina 700 98,00 68.600,00
Valor total dos materiais (R$) 470.104,50
Após os cálculos obtém-se, o valor de R$ 470.104,50 (quatrocentos e setenta mil cento
e quatro reis e cinquenta centavos) que pode conter de metais em aproximadamente uma
tonelada de lixo eletrônico.
Levando em conta a quantidade de 50 milhões de toneladas anuais de lixo eletrônico
produzido no mundo, isto significa que mensalmente a quantidade é de aproximadamente
4.167.000 (quatro milhões cento e sessenta e sete mil) toneladas de lixo, assumindo que se
fossem retirados os valores máximos de cada material da tabela 2, a quantidade econômica
mundial seria mensalmente, conforme a tabela 5.
Tabela 5 – Valor bruto possível no tratamento do lixo mensal mundial
Quantidade no mês (ton.) Valor total por tonelada (R$) Total (R$)
4.167.000 470.104,50 1.958.925.451.500,00
Com a obtenção dos cálculos consegue-se chegar ao valor de R$ 1.958.925.451.500,00
(um trilhão novecentos e cinquenta e oito bilhões novecentos e vinte e cinco milhões
quatrocentos e cinquenta e um mil e quintos reais).
Fazendo o mesmo raciocínio de cálculo para a quantidade de lixo eletrônico produzido
no Brasil que é de 1,4 milhão de toneladas anualmente, fazendo a divisão, isso equivale a
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aproximadamente 117.000 (cento e dezessete mil) toneladas, com isso o resultado seria o
apresentado na tabela 6.
Tabela 6 – Valor bruto possível no tratamento do lixo mensal do Brasil
Quantidade no mês (ton.) Valor total por tonelada (R$) Total (R$)
117.000 470.104,50 55.002.226.500,00
O valor obtido após os cálculos foi de R$ 55.002.226.500,00 (cinquenta e cinco
bilhões dois milhões duzentos e vinte e seis mil e quinhentos reais).
Fazendo o cálculo para a cidade de Araçatuba que gera cerca de 2 a 3 toneladas de lixo
eletrônico por mês segundo a ONG Poluição Zero, que fez a última coleta em 2014, onde
estes resíduos foram descartados sem o devido tratamento. Calculando para o valor máximo
de 3 toneladas o resultado seria o presentado na tabela 7.
Tabela 7 – Valor bruto possível no tratamento do lixo mensal de Araçatuba
Quantidade no mês (ton.) Valor total por tonelada (R$) Total (R$)
3 470.104,50 1.410.313,50
Após o cálculo o valor encontrado para os materiais da tabela 4 se fossem retirados e
vendidos seria de R$ 1.410.313,50 (um milhão quatrocentos e dez mil trezentos e treze reais e
cinquenta centavos).
Pode-se observar que os valores encontrados nas três tabelas são bastantes
significativos, mas são valores brutos que não levam em conta o custo da separação,
manutenção e mão de obra necessária para se fazer a extração e recuperação dos materiais.
2.4 Reuso dos materiais
O simples ato de “descartar” equipamentos eletrônicos, constantemente, assim que são
considerados como lixo, ora por conter defeito de fabricação, ora por defeito e/ou má
utilização, ora por se tornar obsoleto tendo em vista a grande quantidade de novos aparelhos
eletrônicos que são produzidos em massa por linhas de produções, aliada a evolução
econômica e pela grande compulsão e poder de compra dos consumidores, deve ser feito com
consciência de tal maneira que possa ser reaproveitado da melhor maneira possível.
11
O descarte pode ser feito de diversas maneiras, como: doação, venda, reciclagem,
roubo ou arte. Após a escolha de como será feito este descarte, é possível que o local que
receberá estes materiais os consiga identificar, separar, classificar e encaminhar para uma
empresa especializada que possa reaproveitar o máximo de todo este resíduo.
A gráfico 2 mostra a destinação dos aparelhos. A pesquisa realizada pelo Idec foi feita
por telefone, sendo entrevistados 806 pessoas de 18 a 69 anos de idade de diferentes classes
sociais. Os depoimentos foram recolhidos de agosto a outubro de 2013, sendo a margem de
erro de 3,5 % para mais ou para menos.
A pesquisa mostra que cerca de 74% dos eletrodomésticos foram doados ou vendidos,
5% deixaram guardado, 15% descartaram, nenhum foi perdido ou roubado e 6% dos
entrevistados não sabem (NS) ou não responderam (NR). Já sobre aparelhos digitais 63%
doaram, 21% deixaram guardado, 15% foram descartados, nenhum foi perdido ou roubado e
1% não sabem ou não responderam. Sobre aparelhos eletrônicos, 45% foi doado ou vendido,
31% foi guardado, 21% descartaram, nenhum foi perdido ou roubado e 3% não sabem ou não
responderam. Sobre celular 30% foram doados ou foram vendidos, 41% foram deixados
guardados, 13% foram descartados, cerca de 14% foram perdidos ou roubados e 3% não
sabem ou não responderam (IDEC, 2013).
Gráfico 2 – Formas de descarte de equipamentos antigos
Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC, 2013.
Neste contexto cabe observar a relevância de se descartar um material considerado
lixo eletrônico de maneira adequada, pois quando descartado de forma inadequada pode levá-
12
los para locais onde não há nenhuma estrutura e seja considerado como um lixo comum,
contribuindo para a poluição e degradação do meio ambiente além de não extrair todos os
materiais preciosos encontrados nesses aparelhos.
Além da reciclagem, o reuso e a remanufatura de produtos ou componentes podem ser
opções ecológicas e econômicas melhores para a economia de ciclo, desde que a oferta e a
demanda estejam em equilíbrio. Eletroeletrônicos como computadores, telefones celulares,
cartuchos de toner ou câmeras fotográficas descartáveis, já estão sendo remanufaturados com
sucesso (FLEISCHMANN, 2001).
2.5 Métodos de retirada de metais preciosos
As classificações dos materiais exigem procedimentos diferenciados, dependendo da
categoria do equipamento e do interesse econômico dos materiais contidos. Desta forma os
tipos de técnicas utilizadas, podem gerar custos e impactos ambientais conforme a eficiência
da gestão e também por conta da tecnologia que será aplicada. As principais técnicas
utilizadas são: mecânica (processo mecânico), a pirometalurgia, a hidrometalurgia, e a
eletrometalurgia (KUNRATH, 2015).
2.5.1 Processo mecânico
Consiste no processamento do lixo eletrônico. Este processo representa um pré
tratamento para que possa ser feita a seleção e posterior reaproveitamento dos materiais. Pode
ser feito através da densidade do material, granulometria, e também se usa propriedades
magnéticas, elétricas, entre outras (KUNRATH, 2015).
2.5.2 Pirometalurgia
Consiste em incinerar o lixo eletrônico (incluindo peças de plástico) e, depois, separar
os metais por ponto de fusão (o zinco, por exemplo, derrete a 419,5ºC, a prata, a 961,8ºC,
enquanto o ouro a 1064ºC).
Trata-se do método mais barato, porém, o processo de incineração gera muitos gases
tóxicos e os metais recuperados dessa forma têm baixo teor de pureza, não sendo tão viável o
aproveitamento do material retirado (GLOBO, 2016).
13
2.5.3 Hidrometalurgia
Consiste em dissolver o metal por meio de reações químicas, separando-o de todas as
outras substâncias encontradas junto ao metal.
Uma vantagem é o alto teor de pureza obtido. No caso do ouro, porém, o
procedimento costuma incluir cianeto de potássio – composto químico altamente tóxico,
prejudicial à saúde e que pode levar à morte mesmo em baixas quantidades (GLOBO, 2016).
2.5.4 Eletrometalurgia
Consiste na obtenção dos materiais através da eletrólise. Na reciclagem, este processo
tem o objetivo de fazer o refino para recuperar o metal mais puro. Também reduz o número
de etapas e pode apresentar de 95% a 97% do material nobre existente no resíduo, a
desvantagem no uso desse procedimento é a necessidade de se fazer a pré-classificação e o
tratamento dos resíduos (KUNRATH, 2015).
2.6 Custos do processo de retirada dos metais nobres
Informações sobre custos do processo de retirada dos metais nobres não são
divulgadas pelas empresas na qual realizam tais procedimentos, e devido à falta dessa
informação não é possível mensurar o lucro obtido.
3. Considerações finais
Como forma de solucionar ou amenizar os problemas com a geração do lixo eletrônico, foi
criado a Convenção da Basileia, 1989 com o intuito de banir a circulação desse tipo de material. O
tratado foi assinado por 183 países, inclusive o Brasil. Os Estados Unidos assinaram, mas depois
não ratificaram o acordo.
O principal caso que inspirou a Convenção da Basileia teve origem nos Estados Unidos
pois em 1986, o navio Khiam Sea carregou 14 mil toneladas de lixo incinerado na Philadelphia.
Seu destino era Bahamas, mas o governo de lá recusou a carga. Outros países da região, também
recusaram. Mesmo sem licença, uma parte foi descarregada numa praia do Haiti.
14
O navio do lixo seguiu à deriva pelos oceanos. Passou pela África, pela Europa, chegou a
trocar de nome duas vezes. Dois anos depois, reapareceu em Cingapura – vazio. Segundo o
comandante, mais de dez mil toneladas daquelas cinzas de lixo foram despejadas no mar. A parte
que tinha ficado no Haiti, só em 2002 – depois de 16 anos e muitas negociações, ela voltou aos
Estados Unidos, onde foi enterrada.
Seguindo a Convenção da Basileia, o Brasil tem hoje uma legislação rigorosa que proíbe a
importação de lixo eletrônico (GLOBO, 2015).
A lei brasileira, nº 12.305/2010, impede, por exemplo, "a importação de resíduos e rejeitos
perigosos mesmo que eles venham para cá para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou
recuperação".
A figura 3 representa a logística reversa desde quando o material começa a ser
fabricado até chegar ao consumidor. No momento em que o material deixa de ser útil, será
feito o desmanche desse material para ser utilizado como matérias primas-secundárias e
produzir novos materiais.
Figura 3: Esquema da logística reversa.
Fonte: Mueller (2012).
Esta pesquisa se propôs, de modo geral, apresentar um conjunto de fatores
demonstrando a importância da reciclagem de produtos eletrônicos que deixaram de ter sua
“funcionalidade” e passaram a ser considerados lixos, porém ainda conseguem ter sua
importância na economia, pelo fato da apresentação de tabelas pelas quais foi possível
observar a variedade de material e a quantia que pode ser gerada por tonelada, sendo bastante
significativa, mostrando como pode ser atraente dar atenção ao lixo eletrônico.
15
REFERÊNCIAS
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eletrônicos, baterias, pilhas, celulares e computadores na cidade de CACOAL/RO. 2015.
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