Língua Portuguesa I: fonética e · PDF fileLíngua Portuguesa, ao mesmo tempo em que se apresentam as principais controvérsias relativas ao estabelecimento de alguns fonemas. Não

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  • AutoraAdelaide H. P. Silva

    Lngua Portuguesa I: fontica e fonologia

    2009

    Livro_Fontica_e_Fonologia.indb 1 20/3/2009 09:48:20

    Esse material parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informaes www.videoaulasonline.com.br

  • 2007 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

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    Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 Batel 80730-200 Curitiba PR

    www.iesde.com.br

    S586 Silva, Adelaide Herclia Pescatori. / Lngua Portuguesa I: fontica e fonologia. / Adelaide Herclia Pescatori Silva.

    Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.152 p.

    ISBN: 978-85-7638-764-0

    1. Lngua portuguesa Fonologia. 2. Lngua portuguesa Fon-tica. 3. Comunicao oral. I. Ttulo.

    CDD 469.15

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  • Sumrio

    Como a Lingstica estuda os sons da fala? | 7Do que trata a fontica? | 7O ciclo de produo da voz | 10Fontica articulatria | 11Articuladores do trato | 12

    Distinguindo os sons da fala: consoantes | 17Distinguindo as consoantes entre si | 18

    Distinguindo os sons da fala: vogais | 29Distinguindo as vogais entre si | 29Nomeando as vogais | 33Vogais reduzidas | 33Articulaes que se sobrepem s vogais | 34

    Uma notao para os sons da fala | 39Falta de correspondncia entre sons da fala e grafemas | 39

    Prosdia | 49A melodia dos sons da fala | 49

    Anlise acsticados sons da fala | 57O que um som? | 57

    Caracterizao acstica dos sons da fala | 67Caracterizao acstica das consoantes | 67Caracterizao acstica das vogais | 71

    Estudo dos sons com funo comunicativa: fonologia | 79Objeto de estudo da fonologia | 79Unidades de anlise fonolgica | 81Anlise fonmica | 84

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  • Identificando os fonemas de uma lngua | 91Pares mnimos | 93Pares anlogos | 94Pares suspeitos | 94Metodologia de anlise fonmica | 96

    Fonemas do Portugus brasileiro: consoantes | 101Distribuio dos fonemas | 102

    Fonemas do Portugus brasileiro: vogais | 113Distribuio das vogais no interior da slaba | 113Inventrio das vogais em funo do acento | 115

    O texto descritivo | 125O que um texto? | 125O que uma descrio? | 126Tipos de descrio | 127

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  • Apresentao

    Os sons da fala constituem o primeiro aspecto que chama a nossa ateno

    quando nos deparamos com uma lngua qualquer ou com um dialeto de nossa

    prpria lngua, diferente daquele que falamos. Seja por sons cuja pronncia varia,

    relativamente nossa prpria pronncia, seja por sons diferentes daqueles de

    nossa lngua e que existem numa lngua estrangeira que nos propomos a aprender,

    seja ainda por diferenas na prosdia, que fazem uma lngua ou um dialeto

    parecerem mais ou menos cantados do que nossa lngua ou nosso dialeto. Quem

    nunca reparou no s chiado de um carioca, ou no r retroflexo, ainda insistente

    mais inapropriadamente chamado caipira, de paulistas, mineiros, paranaenses,

    ao pronunciarem uma palavra como porta? Quem nunca se deparou com o th

    do Ingls, e a dificuldade inicial de pronunci-lo, assim como com o r vibrante do

    Espanhol, em palavras como rato?

    Pois bem, a Lingstica grosso modo definida como a cincia da linguagem

    , ao abordar seu objeto de estudo, enfoca partes dele sob o argumento de que a

    compreenso das partes pode levar compreenso do todo. Por isso, estabelece

    disciplinas vrias, cada uma das quais voltada para um aspecto especfico da

    linguagem.

    O nvel sonoro da linguagem, entretanto, contemplado por duas disciplinas:

    a fontica e a fonologia. O que muda de uma para outra o recorte que se faz da

    metodologia que se segue para abord-lo. Este livro foi ento elaborado de modo a

    apresentar ao aluno o objeto e a metodologia de anlise, tanto da fontica como da

    fonologia. Frise-se que assumimos em princpio a distino entre as duas disciplinas

    herana ainda do estruturalismo lingstico que se mantm no cenrio atual

    por uma questo didtica: consideramos que, dessa maneira, a exposio ficaria

    mais acessvel do que se assumssemos uma outra perspectiva, mais recente, que

    considera no haver a dissociao entre fontica e fonologia, o que implica tratar

    todos os aspectos sonoros das lnguas num mesmo e nico nvel, o nvel fnico.

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  • Para apresentar o objeto e a metodologia de anlise da fontica, recorremos

    inicialmente a uma fontica articulatria impressionstica, ou seja, que

    envolve a conscientizao sobre os articuladores acionados para produzir

    um determinado som da fala. Em seguida, apresentamos a metodologia

    de anlise da fontica acstica, que se tem difundido no Brasil nas ltimas

    dcadas, e que requer essencialmente que aprendamos a ver os sons.

    esse aprendizado que tentamos construir, relacionando o tempo todo o

    dado acstico ao dado articulatrio, como objetiva a Teoria Acstica de

    Produo da Fala (FANT, 1960), modelo que embasa nosso procedimento

    analtico.

    Em seguida, apresentamos a fonologia, recorrendo especialmente

    metodologia de anlise fonmica para depreender os fonemas de uma

    lngua e, ao mesmo tempo, distingui-los de seus eventuais alofones.

    Faz-se, ento, a apresentao dos fonemas consonantais e voclicos da

    Lngua Portuguesa, ao mesmo tempo em que se apresentam as principais

    controvrsias relativas ao estabelecimento de alguns fonemas. No

    exclumos, entretanto, uma outra perspectiva, que toma como primitivo de

    anlise o trao distintivo. Partimos do inventrio de Jakobson & Halle (1956),

    que o conjunto de traos que d origem inventrios posteriores de traos,

    como os dos modelos de orientao gerativa.

    Tendo organizado o livro dessa maneira, acreditamos poder fornecer aos

    alunos uma formao introdutria tal que lhes possibilite acompanhar

    leituras na rea e tambm, caso queiram, enveredar por essa rea, num

    outro momento de sua formao.

    Bons estudos!

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  • Como a Lingstica estuda os sons da fala?

    Adelaide H. P. Silva*

    Do que trata a fontica?Se recorrermos etimologia da palavra fontica, veremos que essa palavra vem do Grego pho-

    netiks1 e quer dizer conhecimento do som. preciso notar, entretanto, que a fontica no se ocupa do conhecimento de qualquer som: no lhe interessa estudar os rudos produzidos por caminhes que trafegam pela rua, ou os rudos de aparelhos domsticos. Interessa-lhe estudar os sons produzidos pelos seres humanos e, como conseqncia desse objetivo mais geral, a fontica estabelece dilogos muito profcuos com diferentes reas. Assim, h uma grande interface entre fontica e msica, que permite investigar, por exemplo, semelhanas e diferenas entre os sons produzidos atravs da fala e aqueles produzidos atravs do canto. Cabe adicionar, inclusive, que alguns foneticistas renomados, como os suecos Bjrn Lindblom e Johan Sundberg so msicos de formao.

    Estabelece-se, tambm, uma interface crescente entre a fontica e a rea mdica especialmente no que concerne a estudos de patologia de fala , entre a fontica e a Psicologia seja na investigao da aquisio dos sons pelas crianas, seja na investigao do processamento da fala , bem como en-tre a fontica e a Engenharia. Essa ltima interface, inclusive, fez surgir uma rea que se convencionou chamar cincia da fala a qual tem, entre outros objetivos, elaborar sistemas de converso texto-fala, isto , sistemas de sntese de fala, alm de sistemas de reconhecimento automtico de fala. Tem-se ainda aplicado a caracterizao fontica dos sons da fala para fins jurdicos, na identificao de falantes, o que constitui uma rea denominada fontica forense.

    * Doutora e mestre em Lingstica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 2002. Bacharel e licenciada em Letras pela Unicamp, 1993.1 Dicionrio Eletrnico Houaiss, verso 2001.

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  • 8 | Lngua Portuguesa I: fontica e fonologia

    Como deve ter ficado claro nesta breve exposio, a interlocuo da fontica com reas diversas grande, mas para a Lingstica a fontica tem um objetivo bem especfico: o de investigar os sons da fala e, em especial, os sons que estruturam as vrias lnguas do mundo.

    Nesse sentido, h uma interseco entre os objetivos da fontica e da fonologia, uma outra rea que tambm estuda os sons da fala, mas com um outro enfoque e que abordaremos mais adiante. Na verdade, impossvel fazer fonologia sem fontica e vice-versa e nisso tm insistido vrios autores, como John Ohala (1990) ou Morris Halle (2002). Este afirma, j na introduo de seu From Memory to Speech and Back

    A tese central dos artigos [reunidos no livro] a de que os aspectos ab