15
1 Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e Oportunidades. Autoria: Cristiane Biazzin Villar, Enise Aragão dos Santos, Elaine Cristina Burgarelli Resumo A logística humanitária é um ramo da logística responsável por todos os processos envolvidos na mobilização de recursos, conhecimentos e pessoas, para ajudar comunidades afetadas por situações emergenciais como catástrofes naturais, guerras ou atentados terroristas. A partir de um criterioso estudo bibliométrico, e com a adoção das técnicas de análise fatorial e análise de redes sociais, este estudo analisa e descreve a evolução dos estudos de logística humanitária, explorando o atual estado-da-arte, a configuração da rede de pesquisadores e as oportunidades de pesquisa. Palavras-chave: Logística humanitária; análise fatorial; análise de redes.

Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

1

Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e Oportunidades.

Autoria: Cristiane Biazzin Villar, Enise Aragão dos Santos, Elaine Cristina Burgarelli

Resumo A logística humanitária é um ramo da logística responsável por todos os processos envolvidos na mobilização de recursos, conhecimentos e pessoas, para ajudar comunidades afetadas por situações emergenciais como catástrofes naturais, guerras ou atentados terroristas. A partir de um criterioso estudo bibliométrico, e com a adoção das técnicas de análise fatorial e análise de redes sociais, este estudo analisa e descreve a evolução dos estudos de logística humanitária, explorando o atual estado-da-arte, a configuração da rede de pesquisadores e as oportunidades de pesquisa. Palavras-chave: Logística humanitária; análise fatorial; análise de redes.

Page 2: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

2

1. Introdução Uma porção significativa da população mundial tem sofrido nos últimos anos com o

resultado de desastres naturais e artificiais. A resposta humanitária aos diferentes desastres, tais como o tsunami de 2004 no Oceano Índico, o terremoto de 2005 no Paquistão, os vários furacões nos Estados Unidos, e a propagação da AIDS na África não têm conseguido ser eficaz nem eficiente. As razões são muitas, mas são em parte decorrentes da dimensão e do lcance de tais desastres. Uma resposta eficaz e eficiente humanitária depende da capacidade da logística para adquirir, transportar e receber o material no local de um esforço de ajuda humanitária.

Conforme relatado por Guha-Sapir (2011) do Centro de Investigação sobre a Epidemiologia dos Desastres (CRED), na última década somente o continente americano sofreu 922 desastres naturais, matando mais de 247 mil pessoas, afetando outros 82 milhões e causando pelo menos U$ 487 bilhões de dólares em prejuízos econômicos.

Os desastres podem ser de origem natural ou antropogênicos. Entretanto, não estão em evidência, no Brasil, atos terroristas, ataques químicos e crises de refugiados (Nogueira et al., 2008). No contexto de desastres antropogênicos, a logística humanitária tem maior aplicabilidade, no país, em eventuais acidentes nucleares nas usinas de Angra I e II. Com relação a desastres naturais, o país não costuma ter terremotos de grande magnitude, maremotos, tufões ou tornados. Em 2004, ocorreu o primeiro registro de furacão sobre a costa brasileira, o “Catarina”, que danificou 53 mil edificações e deixou 2,2 mil desabrigados (Nogueira et al., 2008). Porém, o país costuma sofrer com secas, enchentes e deslizamentos. Dos desastres naturais que ocorrem no Brasil, 58% são enchentes e 11% são deslizamentos (Thenório, 2011).

Segundo dados divulgados pela ONU (ONU, 2011), na última década, o Brasil foi atingido, em média, por seis desastres naturais por ano: seis secas atingiram dois milhões de pessoas; 37 enchentes deixaram 4,5 milhões de vítimas, sendo 1,2 mil fatais; cinco deslizamentos mataram 162 pessoas; cinco tempestades atingiram 15,7 mil pessoas, sendo 26 fatais; epidemias afetaram 606 brasileiros e mataram 203; um terremoto afetou 286 pessoas; e três incidentes de temperaturas extremas mataram 39 pessoas. Ainda, o Relatório de Clima do INPE mostra que eventos extremos de precipitação podem se tornar mais frequentes, gerando enchentes e alagamentos mais severos no país (Nogueira et al., 2009). Estes constantes desastres chamam a atenção para a necessidade de se estruturar procedimentos que tornem mais eficientes as ações de atendimento à região atingida. Como principal foco deste processo está à assistência à população diretamente atingida pelo desastre e, em paralelo, uma imediata implantação de medidas para reduzir a extensão dos impactos no contexto geográfico.

A assistência à população envolve a arrecadação e distribuição de itens básicos, como alimentos, roupas, abrigos, além de equipamentos para implantação de acampamentos visando o desenvolvimento de atividades básicas e atendimento médico. Para isto, é necessária a obtenção de recursos que possibilitem a aquisição destes itens. A maioria destes recursos é canalizada pelas Nações Unidas (ONU) ou por organizações não governamentais (ONG), que recebem 90% dos recursos destinados à ajuda humanitária (Tatham & Pettit, 2010). O processo de arrecadação e distribuição destes itens tem a característica de uma cadeia de suprimentos, ou seja, deve ser tratado com enfoque logístico. Neste contexto, a logística de atendimento à população impactada na região do desastre vem sendo chamada de Logística Humanitária.

A logística humanitária lida com uma série de desastres naturais, como terremotos, tsunamis, furações, tornados, epidemias, secas, inundações, e também com desastres antropogênicos, como atos terroristas, ataques químicos, crises de refugiados e acidentes nucleares (Kovacs & Spens, 2007; 2009). A logística é um aspecto crítico para o sucesso de

Page 3: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

3

uma operação humanitária, posto que 90% dos esforços de uma operação de mitigação a desastres se destinam a atividades logísticas (Trunick, 2005).

Em paralelo e observando-se o contexto do tema e a estrutura da pesquisa científica, percebe-se grande possibilidade de sinergia com os estudos de operações e gestão da cadeia de fornecimento organizacional, sinergia esta que deve ser explorada com maior profundidade, identificando similaridades, externalidades, oportunidades de compartilhamento e adequação de teorias e modelos. Segundo Kuhn (1970) o conhecimento científico evolui de forma cumulativa, mas não necessariamente linear. Como o próprio autor enfatiza (1970, p. 91):

“No desenvolvimento de qualquer ciência, admite-se habitualmente que o primeiro paradigma explica com bastante sucesso a maior parte das observações e experiências facilmente acessíveis aos praticantes daquela ciência. Em consequência, um desenvolvimento posterior comumente requer a construção de um equipamento elaborado, o desenvolvimento de um vocabulário e técnicas, além de um refinamento de conceitos que se assemelham cada vez menos com os protótipos habituais do senso comum”.

Neste contexto, emergem algumas questões: será que o paradigma da gestão da cadeia

de suprimentos convencional é adequado a gestão da logística humanitária? Como os estudos de logística humanitária estão estruturados atualmente? Quais as oportunidades ainda não exploradas?

A partir de um criterioso estudo bibliométrico, e com a adoção das técnicas de análise fatorial e análise de redes sociais, este estudo analisa e descreve a evolução dos estudos de logística humanitária, explorando o atual estado-da-arte, a configuração da rede de pesquisadores e as oportunidades de pesquisa futura.

O artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmente apresentam-se os principais conceitos de logística humanitária e a evolução dos estudos, seguida pela detalhada descrição dos procedimentos metodológicos adotados. Posteriormente, os dados são analisados com a utilização das técnicas de análise de redes e análise fatorial. O trabalho encerra-se com as conclusões e a discussão sobre oportunidades de pesquisa futura.

2. Logística Humanitária – Conceitos e evolução dos estudos

A definição da logística humanitária surge através dos objetivos da logística

relacionados à cadeia de abastecimento comercial, ou seja, vencer tempo e distância na movimentação de materiais e serviços de forma eficiente e eficaz. A logística humanitária é a função que visa o fluxo de pessoas e materiais de forma adequada e em tempo oportuno na cadeia de assistência, com o objetivo principal de atender de maneira correta o maior número de pessoas (Beamon, 2004).

A logística humanitária é “o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de bens do ponto de origem ao ponto de consumo a fim de aliviar o sofrimento de pessoas vulneráveis” (Thomas & Kopczak, 2007). Assim, a logística humanitária engloba, além de planejamento, suprimento, transporte, armazenamento, rastreamento, monitoramento e desembaraço alfandegário em resposta a catástrofes (Kovacs & Spens, 2007).

Até 2006, existia um conjunto limitado de pesquisa sobre Logística Humanitária (Beamom & Kotleba, 2006). Eram poucos os artigos dedicados ao tema até 2005 (Kovacs & Spens, 2007).

Porém, desde então, a Logística Humanitária passou a ser debatida em diferentes plataformas, sendo tema de sessões especiais em congressos renomados como o INFORMS, POMS, LRN (Kovacs & Spens, 2009). Foram publicadas edições especiais sobre o tema em

Page 4: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

4

periódicos como o POMS, International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, Transportation Research Part E e Journal of Production Economics. Em 2011, foi publicado o primeiro periódico exclusivo sobre Logística Humanitária, o Journal of Humanitarian Logistics and Supply Chain Management. Ainda, foram criados grupos de estudo sobre o tema, como o do Instituto Fritz, o do INSEAD e o do MIT (Kovacs & Spens, 2009).

Atualmente, existem cursos de mestrado e doutorado sobre o tema em diversas universidades (Kovacs & Spens, 2011). Logo, observa-se que a disciplina tem evoluído como corpo teórico. Contudo, o conceito de logística humanitária ainda é incipiente no Brasil. Há um grupo de pesquisadores que estudam o tema na Universidade Federal de Santa Catarina, tendo publicado artigos sobre o tema desde o desastre do furacão Catarina. Também são poucas as experiências de prevenção e mitigação de desastres no país. Segundo a ONG Contas Abertas, em 2010, a União investiu 14 vezes mais para sanar estragos causados pelas chuvas do que em prevenção (Campanato, 2011). No entanto, observa-se o início do desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal de Redução de Riscos e o Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres.

Assim, é necessário apresentar alguns pontos que segundo Meirim (2006), destacam os grandes desafios à logistica humanitária: a) Materiais: O que é necessário? Para onde deve ser enviado? Conforme podemos perceber em diversos desastres, o acúmulo de doações nas primeiras semanas pode gerar desperdícios e avarias, alem de ocorrerem chegada de itens inadequados as necessidades daquele momento. b) Ausência de processos coordenados sejam em relação ao fluxo de informações, pessoas e materiais. c) Infra Estrutura que na maior parte dos casos encontra-se destruída, dificultando assim o acesso, a chegada de recursos e a saída de pessoas. d) Recursos Humanos: Excesso de pessoas (voluntários) sem treinamento adequado, heróis que agem somente com a emoção, celebridades que desejam “5 minutos de fama”, pessoas que vão para o local e não conhecem a magnitude do problema.

De maneira geral, a logística humanitária propõe o uso efetivo dos conceitos logísticos adaptados às especificidades da cadeia de assistência humanitária. Esses conceitos podem ser o grande diferencial no sentido de maximizar a eficiência e o tempo de resposta à situação de emergência.

Grandes desafios de pesquisa são apontados na direção da implementação de processos logísticos sistematizados com foco na logística humanitária, merecendo destaque: aspectos ligados à infraestrutura, localização de centrais de assistência, distribuição de recursos, coordenação de processos (pessoas, suprimentos, informações, materiais).

Pettit e Beresford (2005) e Tatham e Pettit (2010) apontam semelhanças entre a logística humanitária e a logística militar: ambas têm demandas incertas, enfrentam dificuldades dadas pela degradação da infraestrutura física do local e à ausência de certas funções do Estado, atendem a indivíduos feridos e traumatizados, e estão sob observação constante da mídia. Por outro lado, para Ertem et al. (2010) a logística empresarial está 15 anos a frente da logística humanitária.

Segundo Nogueira et al. (2008), as condições enfrentadas pelas empresas são diferentes das enfrentadas em um desastre, de modo que há características específicas da logística humanitária que diferem da tradicional abordagem empresarial, como questões ligadas à vida humana, sistemas de informações pouco confiáveis, incompletos ou inexistentes e a demanda é gerada por efeitos aleatórios. A tabela 1 apresenta as principais diferenças entre a logística empresarial e a logística humanitária:

Page 5: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

5

Tópicos Logística empresarial Logística humanitária

Objetivo Maximizar lucro Salvar vidas e prestar assistência a beneficiários

Padrão de demanda Relativamente estável e pode ser previsto a partir de técnicas de previsão.

Irregular, com alto grau de incerteza e volatilidade. É estimada nas primeiras horas do desastre.

Fluxo de materiais Produtos comercializados Recursos como abrigo, alimentos, kits de higiene e limpeza, veículos para evacuação e pessoal.

Fluxo Financeiro Bilateral e conhecido Unilateral (do doador ao beneficiário) e incerto

Fornecedores De dois a 3 fornecedores, conhecidos previamente

Múltiplos fornecedores e doadores, sem acordos prévios

Clientes Consumidor final Beneficiário Stakeholders Acionistas, clientes e fornecedores Doadores, governos, militares, ONGs, ONU

e beneficiários Duração Costumam durar anos Costumam durar semanas ou meses Lead time Determinado nas necessidades

Fornecedor até consumidor final Lead time requerido é praticamente zero. (zero entre a ocorrência da demanda e a necessidade da mesma).

Medidas de Desempenho

Baseado em métricas de desempenho Tempo para responder ao desastre, % de demanda suprimida, atendimento às expectativas dos doadores

Recursos Humanos Disponibilidade de mão de obra capacitada

Alta rotatividade, com voluntários, ambiente desgastante tanto fisicamente quanto psicologicamente.

Equipamentos e veículos

Caminhões, veículos comuns e empilhadeiras

Equipamentos robustos, transporte aéreo.

Tabela 1: Comparação entre logística humanitária e logística empresarial Fonte: Adaptado a partir de Ertem et al. (2010)

3. Metodologia de Pesquisa

O principal interesse desta pesquisa é avaliar a abordagem dada à logística humanitária.

Para atingir o objetivo proposto pelo presente trabalho, conduziu-se um estudo bibliométrico exploratório. Os autores decidiram não conduzir um meta-estudo uma vez que o objetivo de pesquisa do presente estudo é explorar o que os pesquisadores têm estudado no âmbito da logística humanitária e não nos resultados encontrados. Desta forma, um estudo bibliométrico estruturado parece ser mais apropriado.

Esta pesquisa foi desenvolvida de forma iterativa e estruturada pelos autores, numa adaptação aos passos adotados e sugeridos pela literatura (Miles e Huberman 1984, Terpend et al, 2008). A revisão contou com cinco etapas, como apresentada na figura 1.

Figura 1: Etapas para o desenvolvimento da pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores

Page 6: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

6

Inicialmente, definiu-se o critério de seleção dos artigos para a base de dados. Para tanto

se optou por uma revisão da literatura baseada em um conjunto de artigos localizados através dos portais eletrônicos EBSCO Search e Google Acadêmico, onde buscaram-se as seguintes palavras-chave: “humanitarian”+“aid” ou “supply” ou “logistics” ou “reliefs”, “humanitária “+“ humanitária” ou “cadeia de fornecimento”.

Depois de selecionada a base preliminar de dados, os três autores revisaram a base e selecionaram os que eram apropriados ao contexto do estudo. A decisão pela inclusão foi sempre acordada entre todos e este método proporcionou a validade da amostra e favoreceu a seleção de estudos de alta qualidade. A amostra final contou com 59 artigos, conforme apresentado na tabela 2.

Periódico Qtde de artigos

International Journal of Physical Distribution and Logistics Management 16

Journal of Humanitarian Logistics and Supply Chain Management 10

Disaster Prevention and Management 6

JOM 5

Management Research News 5

The International Journal of Production Economics 4

IJOPM 3

Supply Chain Management - An International Journal 3

International Journal of Public Sector Management 2

Food Policy 1

International Journal of Productivity and Performance Management 1

Journal of Manufacturing Technologies 1

Socio-Economic Planning Sciences 1

The International Journal of Logistics Management 1

Total 59 Tabela 2: Resultado da pesquisa – Periódicos Fonte: Elaborado pelos autores

A etapa seguinte do processo de revisão considerou a criação de uma planilha

estruturada com a descrição de cada estudo, metodologia de pesquisa adotada, pergunta e objetivos de pesquisa, conclusões, palavras-chave e uma categorização sobre o escopo dos artigos, seguida de uma apreciação sobre o artigo analisado. Esta etapa foi conduzida pelos 3 pesquisadores e refinada posteriormente por um dos autores de forma a ter um relatório alinhado e estruturado. A revisão desses artigos proporcionou uma discussão entre os autores de forma a buscar, quando necessário, novos artigos para a inclusão a base de dados e/ou desenvolvimento do presente estudo. Depois de concluída a construção dessa base de dados, esta foi analisada a partir de duas técnicas estatísticas: análise de redes sociais e análise fatorial.

A decisão da utilização de análise de redes foi motivada pela possibilidade de descrever e analisar os aspectos estruturais e a dinâmica de relacionamento entre atores sociais, o que, segundo Mello, Crubellate e Rossoni (2009), apresenta emergencial importância para a compreensão dos processos de imersão social. Neste contexto, buscou-se analisar as relações entre os autores, bem como seus níveis de influência e compartilhamento de conhecimento. Uma vez que o conhecimento científico é dado a partir do acúmulo e refutação de paradigmas, a apreciação das relações entre os autores parece ser pertinente e relevante para a

Page 7: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

7

compreensão do fenômeno. Para o desenvolvimento da análise de redes sociais os pesquisadores utilizaram o software UCINET 6.0 (Borgatti, Everett & Freeman, 2002).

Complementar a esta abordagem, pretendeu-se explorar as conexões entre os temas intrínsecos a logística humanitária e para tanto, adotou-se a técnica de análise fatorial exploratória a partir das palavras-chave e dos códigos gerados pelos pesquisadores durante a revisão dos artigos.

A análise fatorial exploratória é uma técnica de análise multivariada que visa definir a estrutura inerente entre as variáveis de análise. Com esta técnica é possível identificar conjunto de variáveis que são fortemente inter-relacionadas, conhecidas como fatores. Segundo Hair Junior et al. (2009, p.143) “é uma poderosa ferramenta para melhor compreender a estrutura dos dados, e também pode ser usada para simplificar análises de um grande conjunto de variáveis substituindo-as por variáveis compostas.”.

4. Análise dos Dados

Nesta etapa os resultados da análise dos artigos serão apresentados. Observando a estrutura do período de publicação das revistas acadêmicas, nota-se uma emergência dos estudos relacionados ao tema principalmente nos últimos três anos, como apresentado no gráfico da figura 2, fato esse que será explorado pelo presente estudo.

Figura 2: Evolução dos estudos de logística humanitária Fonte: Dados da pesquisa

Quanto à metodologia de estudo adotada nos artigos analisados, percebe-se grande

destaque aos estudos conceituais (39%) e estudos de caso (35,6%). Os estudos qualitativos são tipicamente utilizados para explorar uma área não estudada previamente (Barrat, Choi & Li, 2011), como apresentado na tabela 3.

Ano Conceitual ModelagemMatemática

Empírico - survey

Empírico - dados secund.

Empírico - Estudo de Caso

1994 1 0 0 0 0

2001 1 0 0 0 0

2003 2 0 0 0 0

2005 0 0 0 1 0

Page 8: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

8

2006 2 1 0 0 0

2007 1 0 0 0 1

2008 0 0 1 0 2

2009 6 0 0 2 7

2010 4 2 0 1 5

2011 6 4 2 1 6

Total Geral 23 7 3 5 21

39,0% 11,9% 5,1% 8,5% 35,6% Tabela 3: Metodologia de pesquisa adotada pelos estudos de logística humanitária Fonte: Elaborado pelos autores

Em uma análise preliminar, isto parece contra intuitivo, uma vez que os estudos de

logística, gestão da cadeia de suprimentos e operações estão em discussão há algumas décadas na academia. Entretanto, essa abordagem nos sugere a possibilidade da logística empresarial não atender extensivamente as necessidades da logística humanitária.

Uma vez que o desenvolvimento do conhecimento científico está diretamente relacionado à rede de cooperação entre autores, o passo seguinte foi à apreciação das relações entre os atuais pesquisadores do tema, com o intuito de avaliar qual a convergência e cooperação entre esses especialistas. Diversos autores já utilizaram essa abordagem analítica em campos de operações (e.g. Pilkington & Fitzgerald, 2006; Martins et al., 2010), porém esta abordagem é seminal nos estudos de logística humanitária.

A partir da análise de redes de coautoria (1-mode), percebe-se que esta é altamente desconectada, possivelmente por conta da emergência do tema e da amplitude de recortes de pesquisa que esta abordagem favorece como apresentado no Apêndice A. Do total de 104 autores avaliados neste estudo, 6 desenvolveram suas pesquisas de forma isolada e estão representados na rede pelos pontos isolados a esquerda. Para melhor compreensão da relação entre os autores, foram calculados os graus de densidade, de centralidade e a centralidade de intermediação.

O grau de densidade caracteriza a intensidade de colaboração entre os autores e o indicador encontrado foi 0,73%, o que sugere que a rede é altamente desconectada. Por um lado esse resultado sugere a ainda falta de congruência entre os autores possivelmente causada pela incipiência do tema; por outro lado, seu conteúdo tende a não ser redundante uma vez que ainda os pesquisadores parecem buscar novos pares e novas formas de conhecimento para o tema.

FREEMAN’S DEGREE CENTRALITY

MEASURES   Estatística Descritiva

Degree NrmDegree Share   Degree NrmDegree Share

Beamon, B. 6.000 1.165 0.038   Mean 1.519 0.295 0.010

Spens, K. 6.000 1.165 0.038   Std Dev 1.101 0.214 0.007

Kovacs, G. 6.000 1.165 0.038   Sum 158.000 30.680 1000

Maxwell, D. 4.000 0.777 0.025   Variance 1.211 0.046 0.000

Tatham, P. 4.000 0.777 0.025   SSQ 366.000 13800 0.015

Wassenhove, L. 4.000 0.777 0.025   MCSSQ 125.962 4749 0.005

Charles, A 3.000 0.583 0.019   Euc Norm 19.131 3715 0.121

Régnier, P. 3.000 0.583 0.019   Minimum 0.000 0.000 0.000

McLachlin, R. 3.000 0.583 0.019   Maximum 6.000 1165 0.038

Jahre, M. 3.000 0.583 0.019   N of Obs 104.000 104000 104000

Overstreet, R.E. 3.000 0.583 0.019  

Page 9: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

9

              Network Centralization

= 0.89%

              Blau Heterogeneity = 1.47%

              Normalized = 0.51%Tabela 4: Grau de centralidade dos autores Fonte: Dados da pesquisa

Segundo Wasserman e Faust (1994), o grau de centralidade leva em conta o número de

laços que um autor possui com outros em uma mesma rede. Desta forma, como apresentado na tabela 4, percebe-se que os autores mais centrais são Benita Beamon, Karen Spens, G. Kovacs, Daniel Maxwell, Peter Tatham e Luk van Wassenhove. Entretanto o grau de centralização da rede é baixo (0,89%). Além do grau de centralidade, calculou-se também a centralidade de intermediação entre os autores, como apresentado na tabela 5. Pode-se perceber que dois autores – A. Charles e P.Tatham – destacam-se tanto na centralidade da rede como na centralidade de intermediação no desenvolvimento das pesquisas em logística humanitária.

FREEMAN BETWEENNESS CENTRALITY

Betweenness nBetweenness

Tatham, P. 3.000 0.029

Pettit, S. 2.000 0.019

Charles, A 1.000 0.010

Estatística Descritiva

Betweenness nBetweenness

Mean 0.058 0.001

Std Dev 0.362 0.003

Sum 6.000 0.057

Variance 0.131 0.000

SSQ 14.000 0.001

MCSSQ 13.654 0.001

Euc Norm 3.742 0.036

Minimum 0.000 0.000

Maximum 3.000 0.029

N of Obs 104.000 104000

Network

Centralization = 0.03% Tabela 5: Grau de centralidade de intermediação dos autores Fonte: Dados da pesquisa

Quanto ao escopo de estudo dos artigos selecionados, a partir análise de conteúdo dos trabalhos, os autores geraram 88 códigos. A base de dados codificada foi avaliada com a técnica de analise fatorial exploratória, utilizando o método de extração de componentes principais e o tipo de rotação Varimax e 15 fatores foram extraídos que respondem pela variância de 95%. Reconhece-se que a quantidade de fatores ainda é grande em relação à quantidade de artigos publicados neste período, entretanto, dado a diversidade de abordagens em que os estudos de logística humanitária se encontram, uma maior redução de fatores

Page 10: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

10

poderia comprometer a compreensão e o estado-da-arte dos estudos. Os temas principais e os artigos relacionados são apresentados na tabela 6. Principais Temas Artigos Relacionados

Ruptura Kovacs e Spens, 2011; McLachlin et al 2009; Rottkemper et al, 2011

Distribuição Kovacs e Spens, 2009

Riscos Kovacs et al, 2007; Lewis 2003

Logística Supuramanian e Dekker, 2003; Singhal e Singhal 2010

Gestão de conhecimento Schulz e Blecken, 2010; Tathan e Spens, 2011; Rodon et al 2011

Compras e Fornecimento Maxwell et al 2011; Chwen e Wacker, 2011; Kovacs e Spens, 2011; Falasca e Zobel, 2011; Sandwell 2011

Agências de Apoio

Rietjesn et al, 2007; Regnier, 2008; Walden et al, 2010; Trestrail e Maloni, 2009; Scholten et al 2010; Tathan e Pettit, 2010; Jahre e Jensen, 2010; Blecken, 2010; Ertem et al 2010; Pazirandeh 2011; Pettit e Beresfrod, 2009; Kovacs e Tatham, 2009; Meredith, 2001; Knemeyer et al 2009; Martineza et al 2011; Ertem e Buyurgan 2011; Chandes e Pache, 2010. Schulz e Heigh, 2009 Carroll e Neu, 2009 Wild e Zhou, 2011 Gatignon et al, 2010 Bacik et al 2010

Países Oloruntoba, 2005; Bagchi et al 2011

Desastres

Trestrail e Maloni, 2009; Scholten et al 2010; Jahre e Jensen, 2010; Charles et al 2010; Ertem et al 2010; Pazirandeh 2011; Nolz et al 2010; Oloruntoba e Gray, 2009; Kovacs e Tatham, 2009; Kumar et al 2009; Beamon e Balcik 2008; Meredith, 2001; Knemeyer et al 2009; Martineza et al 2011; Kovacs e Spens 2011; Overstreet et al 2011; Schulz e Heigh, 2009; Tysseland, 2009; Wild e Zhou, 2011; Oloruntoba e Gray, 2006; Maon et al 2009

Ajuda humanitária

Maxwell et al 201;1 Chwen e Wacker, 2011; Kovacs e Spens, 2011; Tatham e Houghton, 2011; Lodree 2011; Bensiou et al 2011; Kovacs e Spens 2011

Comunicação e Informação Walker e Harland, 2008 Gestão de alimentos – agilidade Taylor e Taylor 2009

Gestão de estoques McLachlin e Larson, 2011; Jahre et al 2009

Tomada de Decisão Lodree 2011

Performance Takeda e Helms, 2006 Tabela 6: Os principais temas encontrados na literatura de logística humanitária Fonte: Elaborado pelos autores

5. Conclusões

Desastres ao longo das últimas décadas têm sido maiores e mais freqüentes, e é sabido

que poderão ocorrer em maior intensidade e proporção nos próximos 50 anos, tantos os causados naturalmente, quanto os provocados pelos homens (Thomas & Kopzack, 2007). Lidar com o contingente de necessidades nestes eventos torna-se crucial, pois uma decisão incorreta pode levar inúmeras vidas a termo.

O presente estudo analisou e descreveu a evolução dos estudos de logística humanitária, explorando o atual estado-da-arte, a configuração da rede de pesquisadores e as oportunidades de pesquisa futura, a partir de um criterioso estudo bibliométrico, e com a adoção das técnicas de análise fatorial e análise de redes sociais.

Page 11: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

11

Em resumo, pode-se observar a emergência dos estudos relacionados ao tema principalmente nos últimos três anos e possivelmente a atual abordagem dada à logística empresarial pode contribuir, porém não atende exaustivamente às necessidades da logística humanitária.

O campo de estudos de logística humanitária ainda é fragmentado, o que pode ser claramente observado a partir da existência de vários grupos de autores. Este é um ponto crítico, pois dificulta o compartilhamento de ideias e o desenvolvimento científico, o que seria facilitado na existência de uma rede de colaboração mais coesa (Moody, 2004). Assim, como levantado por Bulgacov e Verdu (2001), a falta de planejamento de pesquisa possivelmente gera a fragmentação.

Existe a necessidade de equalização de pesquisadores e profissionais em mesmo patamar acadêmico e prático (Ferreira et al, 2011). Entretanto, ressalta-se a necessidade de adoção de medidas específicas dadas à natureza particular de cada desastre, natural ou antropogênico. Neste contexto, recomendam-se trabalhos futuros calcados em ambas às experiências práticas e pesquisa com fins de mitigação de riscos, apropriada gestão e adoção de medidas eficientes para a reconstrução de áreas afetadas e gerenciamento de recursos financeiros disponíveis, entre outras necessidades. Uma oportunidade de pesquisa futura é observar a evolução das redes de colaboração de pesquisadores em logística humanitária nos próximos anos. A base de dados atual ainda é insuficiente para o desenvolvimento adequado de uma evolução longitudinal robusta.

Foi possível identificar também que em nenhum dos trabalhos há citações ou participação de pesquisadores brasileiros. Apesar da crescente internacionalização dos pesquisadores brasileiros, a participação em grupos de pesquisa ainda não foi constatada pelos autores, pelo menos no campo explorado pelo presente estudo. Poderia inferir-se que tal fato dá-se por questões culturais e comportamentais e, não por questões tecnológicas ou de recursos como elucidado por Bulgacov e Verdu (2001), entretanto, não há evidências claras das razões da não participação brasileira.

Esse trabalho pode contribuir para o avanço dos estudos de logística humanitária, uma vez que pode identificar uma série de lacunas ainda não exploradas pelos pesquisadores. Isto não é de nenhuma maneira uma lista exaustiva, mas um começo de um registro de potenciais tópicos futuros de pesquisa, o qual é dinâmico por natureza, a saber: a) Pré-posicionamento: facilidade de localização, gestão de inventário para melhorar a velocidade de distribuição, desenvolvimento de modelos de fácil utilização. b) Características da cadeia de suprimentos humanitários: a visibilidade em função da velocidade, a complexidade das cadeias de abastecimento existentes contra a simplificação para a distribuição, a vulnerabilidade a perturbações, o tempo de ciclo do processo. c) O fluxo de materiais na cadeia de suprimentos humanitários: a demanda estocástica, o âmbito na gestão de abastecimento com a incerteza em escala e complexidade. d) Fluxo de Pessoas em uma cadeia de suprimentos humanitários: a evacuação, respostas dos clusters, e a capacidade da comunidade local, e) Objetivo da cadeia de suprimentos humanitários: salvar vidas em emergência, sustentação em longo prazo e ajuda para o seu desenvolvimento. f) Medidas de desempenho: estabelecimento e definição, g) Gestão da informação: visibilidade da rede e transparência nos fluxos de banco de dados comuns, para a localização e disposição das agências humanitárias. h) Colaboração: do outro lado e dentro dos setores, bem como entre as diversas agências.

Além das lacunas apresentadas, pretende-se ressaltar a questão da cultura local na logística humanitária. Sob o aspecto da ajuda humanitária, um fator de extrema importância além da própria logística é conhecer o próprio beneficiário. Lidando com as mais variadas culturas, muitas vezes uma decisão óbvia para um ocidental pode refletir de maneira

Page 12: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

12

equivocada a um oriental, por exemplo. Entre as diversas definições, cultura pode ser entendida como uma conceituação de regras, normas de comportamento e inúmeras formas de relações de poder, que funcionam como guias de conduta para as ações das pessoas pertencentes ao mesmo grupo (Walsham, 2002).

Diversos estudos anteriores puderam demonstrar a relevância desse ponto. A cultura existente nos locais de desastre pode influenciar significativamente no modo do resgate e sua coordenação (Van Wassenhove, 2006; Petit & Beresdorf, 2009; Balcik et al, 2010; Dowty & Wallace, 2010). Rodon et al (2011) desenvolveram um estudo sobre a influência da cultura como fator crítico de sucesso nas questões humanitárias. Eles analisaram um caso de epidemia de “cólera” na Somália em fevereiro de 1994. A organização de ajuda humanitária “Médicos sem Fronteiras” esteve presente neste episódio epidêmico e por entender que por questões sanitárias e para a preservação das vidas envolvidas, seria ideal que os corpos dos mortos, fossem queimados, porém sem o atributo do ritual da cultura local. Isso ocasionou uma revolta na comunidade, que preferiu estar presente, e que causou outras tantas mortes pela mesma moléstia, devido à contaminação. A revolta causou também a retirada de toda a comunidade do centro de ajuda ao combate à cólera.

Dessa forma, se a cultura local não for conhecida e respeitada, se não houver um guia local ou algum membro que conheça a comunidade, está poderá ir contra a ajuda humanitária e colocar toda a operação em risco, podendo causar até um segundo desastre.

Referências Bibliográficas

Balcik, B., Beamon, B.M., Krejci, C.C., Muramatsu, K.M. & Ramirez, M., (2010). Coordination in humanitarian relief chains: practices, challenges and opportunities. International Journal of Production Economics 126 (1), 22–34.

Beamon, B.M. (2004) Humanitarian Relief Chains: Issues and Challenges, R 34th Intl. Conference on Computers and Industrial Engineering San Francisco, CA, USA.

Beamon, B. & Kotleba, S. (2006). Inventory modeling for complex emergencies in humanitarian relief operations. International Journal of Logistics: Research and Applications, v. 9, n. 1, p. 1-18.

Borgatti, S.P., Everett, M.G. & Freeman, L.C. (2002). Ucinet for Windows: Software for Social Network Analysis. Harvard, MA: Analytic Technologies.

Bulgacov, S. & Verdu, F.C. (2001) Redes de Pesquisadores da Área de Administração: um Estudo Exploratório, Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, p. 163-182.

Campanato, V. (2011). Um ciclo de calamidades precisa ser interrompido. Revista do CREA/RJ, v. 86, Janeiro/Março de 2011.

Dowty, R. & Wallace, W. (2010). Implications of organizational culture for supply chain disruption and restoration. International Journal of Production Economics 126(1), 57–65.

Ertem, M., Buyurgan, N. & Rossetti, M. (2010). Multiple-buyer procurement auctions framework for humanitarian supply chain management. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 40, n. 3, p. 202-227.

Ferreira,F., Taniguchi, E. & Schreiner, S. (2011). Gerenciamento de desastres naturais: oportunidades e desafios no contexto da logística humanitária. In: Anais do XXV Congresso de Pesquisa e Ensino em Transporte. Novembro 2011.

Guha-Sapir, D. (2011). Disaster Data: A Balanced Perspective. Issue nº 26. Centre for Research on the Epidemiology of Disasters. Acesso em janeiro/2012.

Hair Junior, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., Anderson, R, E. & Tathan, R. L. (2009) Análise Multivariada de Dados, 6a. Edição, Porto Alegre: Bookman, 688 P.

Page 13: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

13

Kovacs, G. & Spens, K. (2007). Humanitarian logistics in disaster relief operations. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 37, n. 2, p. 99-114.

Kovacs, G. & Spens, K. (2009). Identifying challenges in humanitarian logistics. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 39, n. 6, p. 506-528.

Kovacs, G. & Spens, K. (2011). Trends and developments in humanitarian logistics – a gap analysis. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 41, n. 1, p. 32-45.

Kuhn, T. (1970). A estrutura das revoluções científicas. 5ª. Edição. São Paulo: Perspectiva Martins, G.S., Rossoni, L., Csillag, J.M., Martins, M.E. & Pereira, S.C.F., (2010), Gestão de

Operações no Brasil: uma análise do campo científico a partir da rede social de pesquisadores, RAE-Eletronica, v.9, n.2.

Meirim, H. (2006). Logística Humanitária & Logística Empresarial. Sapucaia do Sul, Brasil : MMRBrasil, Disponível em http://www.mmrbrasil.com.br/artigos/40.pdf, acessado em 27/01/2012

Mello, C.M., Crubellate, J. M. & Rossoni, L. (2009), Rede de Coautorias entre docentes de programas brasileiros de pós-graduação (Stricto sensu) em administração: aspectos estruturais e dinâmica de relacionamento. Revista de Administração do Mackenzie, v. 10, n. 5, p. 130-155.

Moody, J. (2004). The Structure of a Social Science Collaboration Network: Disciplinary Cohesion from 1963 to 1999, American Sociological Review, v. 69, p. 213-238

Nogueira, C., Gonçalves, M. & Novaes A. (2008) Logística humanitária e Logística empresarial: Relações, conceitos e desafios. Anais do XXI Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes. Novembro. Rio de Janeiro.

Nogueira, C., Gonçalves, M. & Oliveira A. (2009). O Enfoque da Logística Humanitária no Desenvolvimento de uma Rede Dinâmica para Situações Emergenciais: o Caso do Vale do Itajaí em Santa Catarina. In: Anais do XXII Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes. Novembro

Pettit, S. & Beresford, A. (2009). Critical success factors in the context of humanitarian aid supply chains. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 39, n. 6, p. 450-468.

Pilkington, A. & Fitzgerald, R. (2006). Operations management themes, concepts and relationships: a forward retrospective of IJOPM. International Journal of Operations and Production Management, vol. 26, no. 11, p. 1255-1275.

Rodon, J., et al., (2011) Managing cultural conflicts for effective humanitarian aid. International Journal of Production Economics (2011), acessado on-line outubro/2011

Tatham, P. & Pettit, S. (2010). Transforming humanitarian logistics: the journey to supply network management. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 40, n. 8/9, p. 609-622.

Terpend, R.; Tyler, B. B.; Krause, D. R.; Handfield, R. B. (2008). “Buyer & supplier relationships: Derived value over two decades.” Journal of Supply Chain Management, v. 44, n. 2, p. 28-55.

Thenório, I. (2011). Mapeamento é desafio para alertar catástrofes, diz pesquisador. O Globo [online], Rio de Janeiro, 20 jan. 2011. Ciência e Saúde. Disponível em: http://g1.globo.com/ciencia-esaude/noticia/2011/01/mapeamento-e-desafio-para-alertar-sobre-catastrofes-diz-pesquisador.html acessado em janeiro/2012.

Thomas, A. & Kopczak, L.R. (2007), “Life-saving supply chains and the path forward”. In: Lee, H.L. and Lee, C.-Y. (Eds), Building Supply Chain Excellence in Emerging Economies, Springer Science and Business Media LLC, London, UK, pp. 93-111

Page 14: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

14

Trunick, P. (2005). Special report: delivering relief to tsunami victims. Logistics Today, Vol. 46 No. 2, pp. 1-3.

Van Wassenhove, L. (2006). Humanitarian aid logistics: supply chain management in high gear. Journal of the Operational Research Society, 57 (5), 475–489.

Walsham, G. (2002). Cross-cultural software production and use: a structurational analysis. MIS Quarterly 26 (4), 359–380.

Wasserman, S., & Faust, K. (1994). Social Network Analysis: Methods and Applications. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

Page 15: Logística Humanitária: Conceitos, Relacionamentos e ... · desenvolvimento de estudos e do planejamento para a prevenção e mitigação de desastres no país, como o Plano Municipal

15

Apêndice A

Rede de relações de coautoria entre os pesquisadores de logística humanitária Fonte: Elaborado pelos autores