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LONA618-29/10/2010

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, sexta-feira, 29 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 618Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

A hora da verdadePágs 2, 3, 7 e 8

Desde junho, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) são candidatos à Presidência da República. Após um primeiro turno em quetodos esperavam a vitória de Dilma, a existência de uma nova oportunidade de confronto entres os dois colocou novas temas em pauta,como o aborto e escândalos vindos dos dois lados. Hoje acontece o último debate, promovido pela Rede Globo. No domingo, o eleitortomará uma decisão que afetará os rumos do país durante os próximos quatro anos. Nesta que é a última edição do LONA deste anosão abordados temas que fizeram parte do cenário eleitoral nos últimos meses.

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Curitiba, sexta-feira, 29 de outubro de 20102

OpiniãoReitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Rei-tor de Administração:Arno Antonio Gnoatto;Coordenador do Cursode Jornalismo: CarlosAlexandre Gruber deCastro; Professores-ori-entadores: Ana PaulaMira e Marcelo Lima;Editores-chefes: DanielCastro ([email protected]), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Humberto FrassonDilma ou Serra? É o que temos para hoje e para os próxi-

mos quatro anos. Muitos dão graças a Deus pelo fim de uma dascampanhas eleitorais mais sujas dos últimos tempos. Uma guerrasem limites e, infelizmente, sem argumentos. Não foi difícil escu-tar nas ruas a opinião das pessoas alegando que desta vez nãohavia candidato à altura para se votar, não desmerecendo nenhumdeles, claro! Os últimos dias desta corrida deixaram brasileiras ebrasileiros na dúvida, principalmente pelas pesquisas apresenta-das pelos presidenciáveis.

Fazer um retrospecto dessa campanha não é tão complica-do quanto parece. Desde quebra de sigilo fiscal até escândalos nogoverno atual. Nada passou despercebido nas chefias de campa-nha, qualquer brecha era válida. Outro aspecto crucial foi o fatode todos terem se apoiado em antigos governantes, mas é precisoindagar: é possível voltar ao passado? Dilma, Serra... Serra, Dil-ma... FHC e Lula. Governos que não voltam mais e servem comobraço de apoio para uma campanha que mais se preocupou ematacar o adversário, do que apresentar novas propostas.

O voto dado no próximo domingo é parecido com um al-moço em um restaurante qualquer. A escolha no cardápio variacom uma questão de costumes, influências de família. E aí, vai que-rer o quê? A verdade é que a escolha foi muito complicada. O pró-prio segundo turno, que poderia ajudar a compreender melhorcada candidato, mais confundiu do que esclareceu. E aos meroseleitores o que resta? Meu caro, minha cara: pendure suas chutei-ras e torça para que sua escolha seja de fato a mais agradável.

Pendurandoas chuteiras erezandoAndré Rosas

Os últimosmomentos dabatalha planáltica

A maioria das guerras duram anos para que alguém seja con-siderado vitorioso. Por sorte, ou não, todos os brasileiros tiverama chance de ver uma das guerras mais cômicas e rápidas dos últi-mos tempos. A disputa presidencial para o segundo turno. De umlado, a toda poderosa indicada pelo molusco da nação. Do outro,o neto do conde Drácula lutando contra as próprias expectativasde vida. Sem considerar aparências e indicações, não há muito doque se analisar quanto às propostas apresentadas por cada um.

O PT tenta se manter à frente do país, prometendo melhorarprojetos que serviram apenas como propaganda política. Afinal,do que serviu o PAC2 se o PAC1 praticamente não existe? O PSDBvem com a sede dos derrotados que, após várias idas à lona juntaagora seus eleitos para tentar alavancar José Serra. Sem contar pro-postas um tanto quanto desesperadas, a exemplo do aumento dosalário mínimo para 600 reais já em 2011. Tudo bem que são pro-postas que, se executadas, podem melhorar o país. Entretanto, oeleitor não analisa, nem para pra pensar, se estas propostas sãorealmente exequíveis.

O cenário eleitoral brasileiro lembra muito a infância. Quandoo filho promete ao pai fazer tudo o que ele sempre quis em trocade um doce ou de um brinquedo. O fato é que o pai, assim como oeleitor, não enxerga além do óbvio. A criança, ou o político, temcomo objetivo alcançar benefícios a seu favor. Outra confusão clás-sica é achar que o presidente que for eleito é quem vai resolver ques-tões como a do aborto. Até uma questão como essa chegar nas mãosdo presidente, passa por vários ociosos senadores que o mesmoeleitor escolheu. O que não significa que esta escolha tenha sidotão debatida quanto a escolha do presidente.

Mas tudo bem, no próximo domingo, quando todos acordaremdepois de cessarem os porres alcoólico e político, a nação escolhe-rá o que quer para o futuro. A afilhada do metalúrgico e um zi-lhão de apoiadores. Ou o velho vampiro que luta para voltar aopoder e colocar o país novamente em seus trilhos. A batalha estáchegando ao fim, e chega a ser deprimente ver o desespero doscandidatos. O problema não é o engalfinhamento entre os políti-cos, mas o que esse ringue vai causar na mente de quem é gratui-tamente obrigado a assistir à propaganda eleitoral. Tomara que opai saiba diferenciar as promessas cabíveis e incabíveis que suascrianças terão de cumprir nos próximos quatro anos.

No próximo domingo, quando todosacordarem depois de cessarem os porresalcoólico e político, a nação escolherá o quequer para o futuro Fazer um retrospecto dessa campanha não

é tão complicado quanto parece. Desdequebra de sigilo fiscal até escândalos nogoverno atual.

Como diz a banda Los Hermanos, todo carnaval tem seufim. Esta é a última edição do ano do Jornal Laboratório da No-tícia (LONA). Fazer um jornal como este significa matar um leãopor dia e vivenciar todos os desafios que os impressos diárioscarregam em suas costas. Ponto final nas edições deste ano, maso trabalho deve continuar intenso no ano que vem, aperfeiçoan-do o que deu certo e modificando o que deu errado em 2010.Ficam nossos sinceros agradecimentos a todos os alunos queparticiparam com artigos, matérias, colunas ou até mesmo palpi-tes. Por último, registramos o nosso muito obrigado ao professore companheiro de labuta Marcelo Lima e à professora Ana PaulaMira, sempre disposta a inovar. Fim!

Daniel CastroDiego SilvaNathalia Cavalcante

Todo carnaval tem seu fim

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Eleições 2010

Preocupados com o feri-ado prolongado e a abstençãodos eleitores neste segundoturno, os candidatos à presi-dência da República, José Ser-ra (PSDB) e Dilma Rousseff(PT), estão pedindo na propa-ganda eleitoral que os brasilei-ros votem antes de viajar. Osegundo turno, espremido en-tre o Dia do Servidor comemo-rado ontem e o Dia de Finados,que será celebrado na terça-fei-ra, dia 2, deve desfavorecer ocandidato Serra. É o que acre-dita o cientista político Ricar-do de Oliveira.

Segundo Oliveira, o can-didato tucano pode perder osvotos de pessoas que planeja-ram viajar, já que as classes Ae B possuem maior poder aqui-sitivo para viagens e são per-centual significativo dos elei-tores de Serra. No entanto, umlevantamento nacional feitopelo Datafolha e divulgado naquarta-feira mostra que a mai-oria dos entrevistados preten-de votar mesmo com feriado.Dos eleitores consultados, 97%disseram que vão votar, en-quanto 1% falou que vai viajare 2% ainda não sabe. O institu-to também perguntou aos en-trevistados se eles costumamviajar quando há feriado pro-longado e 55% responderamque sim.

Outro fator que pode au-mentar a abstenção dos votosé o fato de que nem todos oseleitores que pretendem viajarsolicitaram o voto em trânsitopara a Justiça Eleitoral até o dia15 de agosto. Segundo dadosda 178ª Zona Eleitoral de Cu-ritiba, foram cadastrados paravotar no primeiro turno na ci-dade 4.151 eleitores que nãoresidem na capital. Para o se-gundo turno, o número dimi-nuiu para 3.982. A maioria dos

Hoje acontece o últimodebate entre os candidatos à Pre-sidência da República. O encon-tro entre Dilma Rousseff (PT) eJosé Serra (PSDB) acontece naRede Globo, às 22h30, com a me-diação do jornalista WilliamBonner. O evento terá a partici-pação de eleitores indecisos, queestarão na platéia e farão per-guntas para os dois candidatos.

O debate terá três blocos.Em cada um deles, os eleitoresterão 30 segundos para fazer asuas perguntas. A resposta docandidato terá dois minutos, e oadversário terá réplica com omesmo tempo. Depois, quem res-pondeu terá mais dois minutospara a tréplica.

Este será o décimo debate

entre Dilma e Serra. No se-gundo turno, é o quarto en-contro entre os dois. O primei-ro deles aconteceu na Band, efoi marcado por uma posturaagressiva dos dois candida-tos. O segundo e o terceiro, naRede TV e na Record, respec-tivamente, tiveram temas po-lêmicos, mas não tão agressi-vos quanto o primeiro.

Para este último deba-te, a expectativa é de que Ser-ra busque reverter os resulta-dos das pesquisas, que apon-tam Dilma na frente. A petis-ta deve apostar em uma pos-tura mais sóbria do que aapresentada na Band, damesma forma que fez na RedeTV e Record.

Último debateacontece hojeEvento da Rede Globo encerra encontrosentre Dilma e SerraDaniel Castro

eleitores se cadastrou paravotar fora do domicílio elei-toral nos dois turnos, mesmosem saber se o pleito teria ounão continuidade. Em todo oBrasil, 76.528 eleitores se re-gistraram para votar em trân-sito para presidente da Repú-blica no próximo dia 31 deoutubro. No primeiro turno,mais de 66 mil eleitores vota-ram fora de seu domicílio elei-toral. Previsto na Lei 12.034/2009, o voto em trânsito po-derá ser exercido nas 27 ca-pitais brasileiras.

As datas para o primei-ro e segundo turnos dos plei-tos são definidas pela Lei Elei-toral número 9.504 de 1997, epara modificar o calendário énecessário que o CongressoNacional faça alterações. En-quanto isso não acontece,Claudemir Carvalho, asses-sor da 178ª Zona Eleitoral,alerta para a importância daparticipação dos brasileirosno processo eleitoral. “Para oeleitor que pensa em aprovei-tar o feriado e viajar vale lem-brar a importância de votarantes de viajar, pois não éapenas um voto, mas sim oseu voto, e serão quatro anosaté a nova eleição”, coloca.

AbstençãoAo contrário do que faz

todos os anos, a Prefeitura deCuritiba não liberou os servi-dores públicos para o feriado.Ao invés de recesso na segun-da-feira, os servidores nãoprecisaram trabalhar ontem eterão que suspender planospara um feriado prolongado,o que poderia aumentar a abs-tenção de votos. Já o governa-dor do Paraná, Orlando Pes-sutti (PMDB), aliado de Dil-ma, fez justamente ao contrá-rio: o dia do Servidor Público

foi de trabalho e a segunda-feiraserá feriado facultativo.

Em sete estados brasilei-ros, o feriadão será de cinco diasconsecutivos e entre esses, seis(Amapá, Amazonas, Bahia, Goi-ás, Mato Grosso e Pará) são go-vernados por políticos aliadosà candidatura de Dilma. Nos es-tados de São Paulo, Minas Ge-rais, Rio Grande do Sul, RioGrande do Norte e Pernambuco,o feriado foi antecipado e, des-ses cinco, três são governadospor partidários de Serra.

Mesmo com manobraspolíticas, o número de absten-ções geralmente é insuficientepara mudar os resultados, foi oque revelou os dados das elei-ções municipais de 2004, quetambém teve um segundo turnoem pleno feriado.

No primeiro turno daseleições deste ano, a abstençãofoi de 18,12%, o que equivale amais de 24 milhões de eleitores,número maior do que os mais de19 milhões de votos que a can-didata Marina Silva (PV) teve.Ainda no primeiro turno, Dilmarecebeu 46,91% dos votos e Ser-ra 32,61%. Para o segundo tur-no, o Datafolha divulgou na ter-ça-feira, dia 26, nova pesquisana qual a candidata DilmaRousseff tem 56% da preferên-cia dos eleitores, contra 44% deJosé Serra. A pesquisa foi regis-trada no Tribunal Superior Elei-toral (TSE) com o número37.404/2010 e a margem de erroé de 2 pontos percentuais.

Inevitavelmente, segundoo TSE, o número de abstenções émaior nos estados que não têmsegundo turno para governador.No entanto, o índice de 12% dediferença entre Dilma e Serra, se-gundo as últimas pesquisas doDatafolha não dão margem paraque esta variação mude os resul-tados.

Feriadão favoreceDilma no segundo turnoGislaine SilvaLuzimary Cavalheiro

Para cientista político, Serra pode perder votos das classes A e B, com maior poder aquisitivo para viagens

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?Cultura

Luma BendiniEmbora superficial possa

descrever qualquer assuntotratado nos debates políticos,quando a questão é culturasuperficialidade pode seruma palavra até generosa.No contexto recente, as cam-panhas eleitorais para gover-nador do estado deixaramclaro o despreparo e a faltade compromisso da classepolítica para lidar com o as-sunto, para quem, a cultura étida como artigo de luxo e su-pérfluo por não angariar nú-mero relativo de votos.

No debate realizado pelaUniversidade Positivo, no úl-timo dia 03 de agosto os doisprincipais candidatos ao go-

Arte, quantocustaMercado em expansão, a economia da cultura movimenta cerca de 8 milhões de reais por ano no Brasil. Mas opoder público ainda precisa refinar seu olhar artístico para atender a todas as etapas da produção cultural brasileira

verno do Estado foram ques-tionados diretamente sobre afalta de posicionamento doParaná com relação as polí-ticas públicas para área dacultura. Beto Richa falou deuma parceria com a “classeartística” e lembrou da refor-mulação da lei de incentivo àcultura que fez em Curitibaquando prefeito - esquecen-do-se, contudo, que em âmbi-to estadual nem mesmo exis-te uma lei desse porte paraser reformulada. OsmarDias, por sua vez, prometeucriar a Lei de Incentivo esta-dual, dizendo exatamenteaquilo que os profissionaisda área cultural gostariam

de ouvir, mas, sem dar enca-minhamentos mais objetivos.

Fato é que agora o governa-dor foi escolhido, ficará a car-go de Beto Richa desafundaro Paraná da estagnação cultu-ral que vive há, pelo menos, 8anos. Anos de constante lutapor parte dos profissionais doestado, que, no dia 16 de se-tembro organizaram um corte-jo cultural nas ruas de Curiti-ba em protesto por ser o Para-ná um dos três estados brasi-leiros a não ter o Conselho Es-tadual de Cultura (junto comMinas Gerais e Rondônia). OConselho permite que o Para-ná receba verbas do FundoNacional de Cultura.

1. A inadiável discussão, construção e implantação deuma política cultural para orientar a ação do Poder Pú-blico neste vital setor para a sociedade;

2. A necessária discussão, criação e imediata operaci-onalização de um moderno arcabouço institucional e le-gal dos mecanismos de apoio à execução da política cul-tural;

3. A discussão e aprovação – ao longo de 2011 – deum programa de fomento à cultura;

4. A estruturação de um programa de descentralizaçãodos bens culturais.

Fonte: http://www.betoricha.com.br/temas

Burocracia e incentivoEm termos federais , a

principal forma de financia-mento à cultura é através daLei de Incentivo à Cultura.Também conhecida como LeiRouanet, existe desde 1991 eprevê, a partir do abatimen-to no imposto de renda, queempresas e pessoas físicaspatrocinem produtos cultu-rais. Na prática, o esquemafunciona assim: há a figurade um proponente, ou seja,alguém que tem a ideia deelaborar um projeto cultural,que deve incluir os valoresnecessários para execuçãodo evento e suas especifica-ções técnicas (quantidade de

material, pessoal que serácontratado, etc.). Essa é a pri-meira etapa, logo esse proje-to é enviado para o Ministé-rio da Cultura (Minc), numprocesso que desde 2008 é to-talmente on-line, e aguardar aaprovação.

Depois de aprovado, se-gue a fase mais difícil, naqual muitos produtores a ar-tistas acabando falhando.É achamada captação de recur-sos. Aqui, entra em cena a fi-gura do captador, que vai atéa empresa explicar e oferecero projeto. Geralmente a faltade informação faz com que oempresariado fique com des-confiado na hora e investir eacaba pagando regularmentesem reverter nenhuma por-centagem aos produtos cultu-rais.

Especialistas, porém, criti-cam esse processo, pois neleo Estado delega à iniciativaprivada a decisão final entreapoiar ou não um projeto decultural. É o que acredita oconsultor Yacoff Sarkovas,que considera o sistema bra-sileiro de repasse de verbaspervertido: “Leis que permi-tem até 100% de dedução nãopodem ser denominadas deinstrumentos de incentivofiscal, pois fazem meros re-passe de dinheiro públicopara aplicação privada, não

existe nenhum centavo decontrapartida das empresas,chagando às vezes, à remu-nerá-las”.

Nesse processo é comumque produtos sem apelo co-mercial não consigam captarrecursos para sua produção.Além do que, nesse molde, aLei Rouanet acaba permitin-do uma concentração maiorde recursos – especialmentedo eixo Rio – São Paulo –onde encontram-se os produ-tores com maior acesso àseus recursos.

Até 2014 Beto Richa prometeu:

Estado pró-ativoNa tentativa de modificar

a forma passiva do Estado fi-nanciar a cultura, desde2003 o Ministério da Culturavem procurando maneirasmais pró-ativas de fomento.Como, por exemplo, a dispo-nibilização de editais queatendam a várias demandasna área cultural. Para o che-fe de gabinete de políticaspublicas do Minc, Fábio Ko-bol, os editais são uma ma-neira democrática e transpa-rente de distribuir a verbadestinada á cultura: “Peloseditais, agente estabelecequem pode e quem não podereceber uma verba e tambémde que forma. Depois, umacomissão avalia, pelo méritodo projeto, quem deva rece-ber o recurso”. Para Kobol,

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esse processo impossibilitaque quem tem mais contatos,ou fácil acesso aos gestoresda cultura acabem sempreangariando as verbas.

O secretário lembra aindada eminência do lançamentode editais de característicaestruturante, ou seja, que nãotenham apenas uma açãopontual sobre um determina-do projeto, mas que sirvamde fomento em longo prazo:“Um deles, por exemplo, é ode manutenção de institui-ções culturais que não te-nham um meio de subsistên-cia fixo. Em suma, um editalpara a instituição e não parao projeto em si”.

No bojo do processo de fi-nanciamento à cultura, con-tudo, é preciso entender queembora o artista seja umagente importante do proces-so de acessibilidade à cultu-ra, o cidadão é, na realidade,o objetivo final das políticaspúblicas. “O Ministério temque atender o cidadão brasi-leiro. O artista é um elo nes-sa cadeia, mas o Estado aten-de o público, não o artista”,conclui Fábio Kobol.

E quem paga o ingresso?Para a economia da cultu-

ra que sobrevive sem a mãofinanciadora do Estado, asleis de mercado são as prin-cipais mediadoras entre pú-blico e artista. Quando o as-sunto é arte a relação entreoferta e procura fica bastan-te difusa no que tange a de-manda da população porprodutos culturais. Afinal,qual a necessidade do ho-mem em consumir arte? Isen-tando as questões filosóficase sociológicas que envolvem

o tema, fato é que não deve-ria caber ao preço do ingres-so o papel de selecionador depúblico. Na prática, a bilhe-teria muitas vezes diz quempode e quem não pode teracesso a determinados bensculturais.

Uma das produtorasmais ativas na cena culturalcuritibana, Verinha Walflor,concorda que o preço do in-gresso não só se lec ionacomo também descrimina opúblico e, segundo ela, quemmais inflaciona o preço doingresso é a tal da meia-en-trada. “Quando estipulo opreço de algum espetáculo,nunca parto to pressupostoque o teatro vai lotar. Levoem conta ainda que o públi-co final é sempre constituídode 80 ou 90% de pagantesmeia-entrada, isso, acaba pe-sando no bolso de quempaga inteira”.

Walflor lembra o show docantor Daniel que produziupoucos dias antes de dar aentrevista, ela diz que umcasal que tenha pagado o in-gresso na integra gastou cer-ca de 360 reais para ir ao te-atro Guaíra ver o cantor. Pre-ço que a própria produtoraconsidera altíssimo e que,segundo ela, se não houves-se a obr igator iedade dameia-entrada, poderia tersido de aproximadamente200 reais. “Não é o estu-dante ou o professor quebanca a cultura, a le i dameia-entrada virou uma far-ra. O problema é que o Mi-nistério Público não fiscali-za e tão pouco o governoprevê alguma contrapartidae, o prejuízo, fica todo naconta do produtor”.

As relações entre arte eEstado, ou arte e economianunca foram estritamenteclaras. A própria noção dearte enquanto bem de con-sumo levou muito tempopara se estabelecer. Por játer sido experimentadotodo tipo de explicaçãopara o que é arte, relativi-zar esse conceito é essenci-al para entendê-la enquan-to política de estado. Arteé qualquer coisa que sepropõe a ser arte.

Por muito tempo, os es-tudos da Estética – umbraço do conhecimento fi-losófico - declararam a artecomo um fenômeno abso-luto, ou seja, desvinculadode seu contexto histórico esocial. Dessa forma de vera arte é que surge a ideiatalento, ou gênio: aquelesujeito que transcende anatureza comum ao ho-mem, é aquele que natura-liza a técnica ou simples-mente não precisa dela.

Essa ideia de gênio foi

colocada em questão noséculo XVIII com o surgi-mento do Iluminismo, umacorrente de pensamentoque passou a valorizar oconhecimento provindo dodomínio da natureza, ouseja, o conhecimento tecni-cista. Assim, a ideia demistério era inconcebívelpara um iluminista e con-sequentemente, talento umideal descartado paraaqueles pensadores. Ain-da, nesse novo contexto deconhecimentos científicos,começa a surgir a sociolo-gia, especialmente repre-sentada por Emile Du-rkheim, um francês consi-derado pai da sociologiamoderna. Durkheim vai sero primeiro teórico a des-vincular os acontecimen-tos sociais da ideia de mo-ral ou patologia. Ele vaianalisar, por exemplo, osuicídio como um fenôme-no social e não como umapatologia individual.

O conceito de fato soci-

al desenvolvido por Du-rkheim é bastante eficientepara pensar a arte inseridano contexto político de Es-tado. Pois, como fato soci-al a arte precisa ser anali-sada inserida num grupo.

Por isso, vai haver for-mas artísticas mais aceitas(e dessas quase não se du-vida o t í tulo de arte –como a Monalisa, porexemplo), e formas artísti-cas menos aceitas (normal-mente as que geram polê-mica, como o mictório deMichel Duchamp).

Se o estado tiver essaperspectiva de arte, poucoimporta se uma verba pú-blica será destinada a bai-les funks ou a orquestrassinfônicas, pois não cabeao poder público julgar oque é ou não arte. Cabe aele sim possibilitar seusmeios de produção e, pelolado do espectador, deacesso a esses bens cultu-rais.

Arte e Estado – Como entendê-los

“O Ministério tem que atender o cidadão brasileiro. O artista é um elo nessa cadeia, mas o Estado atende o público, não o artista”,chefe de gabinete de políticas públicas do Ministério da Cultura

MarcelDuchamp ouLeonardo DaVinci: o que éarte

Fotos: Luma Bendini

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“Futebol não pega, tenhocerteza; estrangeirices não en-tram facilmente na terra do es-pinho”, esse foi o palpite maisfurado da história do futebolbrasileiro, o primeiro sobre es-portes no país. Graciliano Ra-mos, o autor dessa infeliz frasesobre o esporte bretão não acre-ditava que um esporte inglêsconquistaria adeptos no Brasil.Imagina: nós sem o futebol? Poisna época do autor de Vidas Se-cas, o esporte mais popular erao remo, tanto que o clube futebo-lístico de maior torcida do paíschama-se Clube de Regatas Fla-mengo. Estranho falar que oremo deu origem ao futebol bra-sileiro, mas essa é a pura verda-de, o remo produziu boa partedas glórias passadas ao futebol.

As glórias e as históriassão tantas que um museu foi cri-ado especificamente para exal-tar a história de uma paixão na-cional. O Museu do Futebol, quefica localizado no Estádio do Pa-caembu, é uma viagem às ori-gens do velho futebol.

O Museu do Futebol é amáquina do tempo, não só dahistória do futebol brasileiro,mas do futebol mundial. Lá po-

De volta ao passadodemos viajar através da histó-ria do esporte em apenas umdia.

No primeiro andar ficamexposições itinerantes. No se-gundo andar do Museu pode-mos admirar os “anjos barro-cos”, craques que aperfeiçoa-ram o futebol brasileiro, tapu-mes holográficos penduradosno teto reproduzem as imagensde jogadores fantásticos comoZico, Falcão e Djalma Santos.Nesse mesmo espaço podemosver imagens da jogadora Mar-ta, a rainha do futebol femini-no, única mulher considerada“anjo barroco”. Ainda no se-gundo andar podemos ver joga-das históricas que envolvem ofutebol brasileiro. Também temuma parte destinada a uma ho-menagem à rádio e aos grandeslocutores, nesse espaço pode-mos ouvir até Ary Barrozo nar-rando um gol. O brilhante com-positor também era um locutorde futebol de garganta cheia.

Na passagem para o ter-ceiro andar existe um espaçoque inicialmente ficaria vazio,pois se localiza em baixo dasarquibancadas do Pacaembu.Ali foi criada a parte que home-

nageia as 30 maiores torcidasdo País. O terceiro andar é omais místico e o mais empol-gante, o espaço dos heróis exal-ta os grandes músicos, escrito-res, artistas, inventores e, claro,os jogadores de futebol. O ápiceda visita é quando nos depara-mos com oito totens que deta-lham a história do mundo e detodos os mundiais. Na saídadessa sala nos deparamos coma camisa que Pelé usou quandomarcou o gol na final da Copade 70. Antes de passar para aparte final do museu temos umespaço que exalta a criativida-de do Rei e de Garrincha, o“anjo das pernas tortas”. Lávemos imagens e gols que con-sagraram os dois jogadores quenunca perderam nenhuma par-tida pela seleção jogando jun-tos.

O Museu do futebol nãoé apenas um museu dedicadoao esporte de um país, mas simum museu que valoriza o pró-prio país por meio de uma desuas expressões mais significa-tivas: o futebol.

Pena que Graciliano Ra-mos não viu aquela estrangeiri-ce chamada futebol pegar.

Danilo GeorgeteEscreve quinzenalmente sobre esportes,às [email protected]

Esportes

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As glórias eas históriassão tantasque um mu-seu foi criadoespec i f i ca -mente paraexaltar a his-tória de umapaixão nacio-nal.

A França vem vivendo momentos difíceis nos últimos dias.Desde o anúncio das intenções do governo em reformar o sistemaprevidenciário, aumentando de 60 para 62 anos a idade mínima deaposentadoria e de 65 para 67 anos a idade para aposentadoriaintegral, os franceses mergulharam em jornadas sucessivas de pa-ralisações. Houve greves no sistema ferroviário, voos foram cance-lados, estradas foram bloqueadas, escolas foram fechadas e o blo-queio a refinarias francesas fez com que um grande número de pos-tos de gasolina fechasse por problemas de abastecimento.

O presidente francês Nicolas Sarkozy já anunciou que nãoabrirá mão da reforma da previdência, a qual considera essencialao país. E ele está certo. É um raciocínio lógico: para uma economiafuncionar ela precisa de trabalhadores, os quais integram uma par-cela da população chamada de População Economicamente Ativa,a mão de obra nacional. Após a Segunda Guerra Mundial aconte-ceu um fenômeno de natalidade nos países que participaram doconflito, o chamado “baby boom”. Milhares de crianças nasceramcom o retorno dos soldados a seus lares, o que reparou, por assimdizer, o déficit populacional trazido com a guerra.

Sessenta anos depois, o cenário é outro, principalmente naEuropa: os baby-boomers estão velhos e muitos deixaram de traba-lhar, desfalcando a População Economicamente Ativa. Com o rápi-do envelhecimento da população europeia, o número de trabalha-dores está em queda livre, e a previdência social está em xeque:como pagar aposentadorias a milhares de cidadãos se não há traba-lhadores capazes de gerar riqueza suficiente? A resposta do gover-no francês, apesar de polêmica, foi correta e de tom emergencial.Para piorar a situação vem mais um fator: a rebeldia popular.

Por mais que se anuncie essa situação como a “crise do siste-ma previdenciário”, a nomenclatura não é das mais corretas. É bemverdade que essa foi a gota d’água para o início das manifestações,mas seu embasamento vem de uma esfera mais alta: o próprio poderexecutivo, personalizado por Nicolas Sarkozy. As manifestaçõessão, na verdade, contra o próprio presidente francês.

Sarkozy vem batendo recordes de desaprovação há tempos.No último dia 24, por exemplo, uma pesquisa anunciou: mais de70% da população francesa desaprova o seu governo. O presidente,que assumiu o posto em 2007, começou a governar com um bomnível de aprovação. Oito meses depois, entretanto, esse nível caíravinte e cinco pontos percentuais, arrastados pelas desastrosas me-didas econômicas adotadas que fizeram, por exemplo, com que ataxa de inflação francesa subisse a um patamar altíssimo em 2008.

O que faltava aos franceses era apenas uma oportunidade demostrar seu descontentamento. Afinal de contas, Sarkozy é um pre-sidente com mão de ferro num país mundialmente conhecido porsuas manifestações populares. Mesmo assim, talvez fosse exata-mente isso que a França precisasse: uma demonstração ativa deforça a uma população igualmente forte e ativa. O presidente xenó-fobo, que alega defender a integridade francesa a todo custo, está seafogando num mar de passeatas, repúdio e críticas, e ainda assimmantém suas posturas e não se deixa abater. Até quando vai durarseu patriotismo, monsieur Sarkozy?

Patriotismoimpopular

Thomas Mayer RiegerEscreve quinzenalmente sobre relaçõesinternacionais, às [email protected]

Relações internacionais

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Curitiba, sexta-feira, 29 de outubro de 2010 7

Eleições 2010

Jéssica MarcattiPaola Pruchneski

É comum pessoas afirma-rem que não se interessampor política. Em casos nãomuito extremos, alguns che-gam a dizer que não queremsaber de política.

Porém, a cada dois anos,todos os brasileiros são con-vocados a votar.

Quando acontecem elei-ções, todo brasileiro maiorde 18 anos e que ainda nãoatingiu 70 anos tem a obriga-ção de votar. Quem tiver en-tre 16 e 18 anos ou tiver 70

Consciência políticapara os cidadãosAvaliar os feitosanteriores docandidato aocargo públicopode ser umaopção antes deir às urnas

anos ou mais vota se qui-ser.

“Não deixo de votar .Mesmo não sendo maisobrigado a votar, acho im-portante minha contribui-ção para meu país. Sou ve-lho, mas ainda sou cidadãoe preciso exercer meus de-veres”, diz Euclides dosSantos, de 82 anos.

Nesses períodos, os can-didatos pol í t icos e seuspartidos invadem a vida detodo mundo, pela televisão,pelos jornais, nos outdoors,nas ruas, faixas e bicicletascom alto-falantes.

Quando é tempo de elei-ção, os temas políticos apa-recem nas conversas, nasdiscussões sobre os candi-datos , nas piadas . Foradesse período, a preocupa-ção com os temas políticosdiminui.

A política interfere navida das pessoas todos osdias. Leis e medidas toma-das por aqueles que foram

legitimamente eleitos, interfe-rem direta ou indiretamenteem nossas vidas.

Os impostos que os cida-dãos pagam, trânsito, vida es-colar, vida profissional e oslaços familiares são regidospelas decisões daqueles queforam escolhidos para gover-nar. Por isso, que se fala tan-to em consciência política. Ocidadão deve saber muito bemo que está fazendo no momen-to do voto , pois terá queaguentar as consequências deseus atos por quatro anos.

Consciência política signi-fica votar com sabedoria, ten-do como base as informaçõessobre os candidatos, pesqui-sando seus feitos pelo povo.Para ter certeza sobre a deci-são do voto, o eleitor precisaficar atento às ações do can-didato. É importante avaliarcada candidato, o setor queele mais representa, procurarsaber se ele está preparado,entender quais tarefas ele teráde cumprir no cargo, e para

qual está se candidatando.É preciso participar o

tempo todo, acompanharacontecimentos, aprender,buscar informações, com-preender, debater, manifes-tar-se e ouvir as pessoas.

"A política só vai mudarse nós fizermos alguma coi-sa. Se não o Brasil vai setransformar em um paísabandonado por sua popu-lação. Devemos parar de re-clamar sem tomar atitudes”,diz Josiane Lima, 21 anos.

Não é algo aceitável avenda e compra de voto, fa-zendo com que os interessesde um indivíduo f iquemacima dos interesses do Es-tado. O voto deve ser dadocom base em um pensamen-to comunitário, quando sepensa no bem de população,todos ficam satisfeitos coma situação vivenciada. O po-lítico que oferece “recom-pensas” por voto é conside-rado corrupto, por isso épreciso tomar cuidado com

ele.Para a jornalista Norma

Corrêa, a maior parte da po-pulação não é politizada. Amaior ia das pessoas nãovota pelas qualidades do can-didato, pelo caráter, pelo oque fez, se é ou não um bomcandidato. Consideram ape-nas a popularidade, aparên-cia e pesquisas realizadas.

“Falta consciência políticae busca pela informação. Sãopoucos que verificam o que oscandidatos eleitos estão fa-zendo”, afirma a jornalista.

Não se pode pensar quetodo político é igual, ou quenão adianta votar porque to-dos eles roubam. Existemcandidatos sérios, honestos ecom propostas para a melho-ria de qualidade de vida dapopulação e para o desenvol-vimento da cidade, do Estadoe do País. Eleitores precisamusar o poder de análise e ava-liação, utilizando o voto, queé a ferramenta, para ajudar oBrasil a melhorar.

Internet torna campanha mais direta e agressivaRenato Murakami

Campanhas eleitorais emforma de spam, blogs e comu-nidades em redes sociais jáeram conhecidas desde as elei-ções passadas. Mas com o im-portante papel que teve naeleição do atual presidentedos Estados Unidos, BarackObama, a internet, com todasas suas ferramentas sociais,cresceu na consciência dos po-líticos brasileiros.

Twitter, Orkut, blogs, listasde discussão e web 2.0 entra-ram no dicionário político. Aforma de fazer e falar de polí-tica mudou. E cresceu a inten-sidade com que o tema daseleições se proliferou e, muitasvezes, invadiu o espaço virtu-al de cada usuário.

MudançaSe em eleições passadas a

internet foi utilizada comcerto cuidado e receio, atécom proibições por parte doTribunal Superior Eleitoral(TSE), em 2008; o cenário vi-rou em 2010. Houve um es-forço muito grande para cri-ar regulamentação específicapara campanhas políticas nainternet, talvez pela compre-ensão da importância domeio, talvez pela percepçãode que seria impossível bar-rar campanhas políticas nes-se meio.

IntrusãoPelo próprio aspecto da

internet, querendo ou não,qualquer usuário acaba en-

ConfusãoPara o eleitor indeciso, a

internet é um poço sem fun-dos de desinformação, extre-

ProcessoClaro que isso tudo faz

parte do processo democrá-

trando na discussão. Spams, e-mails redirecionados, páginasque muitas vezes jogam a pro-paganda na cara do usuáriosem qualquer cerimônia, redessociais que ficam lotadas dediscussões e mensagens redire-cionadas... É um verdadeiroataque.

E ai de você se reclamar, por-que poderá ser taxado de anti-patriota por não prestar aten-ção nesse importante processodemocrático do país. Pouco im-porta se você já se informa poroutros meios que julga maisconfiável.

mismo e campanhas duvido-sas. Se é difícil acreditar atéem fontes oficiais, quem diráa montanha de e-mails que serecebe todos os dias – sim,aqueles mesmos que vêm,com tom sarcástico, ou comprevisões apocalípticas, e quechegam a ofender o leitor,questionando sua inteligên-cia ao votar em tal ou tal can-didato.

Claro que o remetentenunca é o autor da mensa-gem. “Estou só repassando”,já avisam de antecedência.Ofendo sua opinião, mas semperder a amizade.

tico. Mas é de se pensar se oesvaziamento de personalida-de e caráter de certos candi-datos, e propostas mais dire-cionadas e específicas de par-tidos não tenham a ver comcerto receio da descontroladainternet.

Pois hoje o meio virtualnão só serve como arquivopermanente de tudo que foiprometido, como também é umambiente que possibilita aná-lises profundas das propos-tas. No fim, a internet é basi-camente uma ferramenta po-derosa. E como em muitas ou-tras áreas e setores que ela in-vadiu, pode ser usada tantopara boas ações, como paramás.

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Curitiba, sexta-feira, 29 de outubro de 20108

José Serra nasceu no dia 19 de marçode 1942, no bairro da Mooca, em SãoPaulo. Sua atuação política teve inícioem 1962, quando foi eleito presidenteda União Estadual dos Estudantes(UEE-SP), além de ser um dos fundado-res do movimento político partidárioAção Popular (AP). Em 1963 candida-tou-se a presidente da União Nacionaldos Estudantes (UNE), pela Ação Po-pular, apoiado pelo Partido ComunistaBrasileiro.

Logo após o Golpe Militar, em 1964,o político é exilado do país e refugia-sena Bolívia e na França. A fuga do Brasilimpediu que Serra terminasse a facul-dade de Engenharia Civil. Em 1965 re-tornou clandestinamente para partici-par na tentativa de reorganização daAção Popular. Após alguns meses foiobrigado a exilar-se novamente, destavez no Chile, onde permaneceu até1973.

No Chile, Serra conheceu sua mu-lher. Ele também concluiu seus estudose fez mestrado na Escolatina (Escola dePós-Graduação em Economia da Uni-versidade do Chile), além de lecionar emum instituto da Comissão EconômicaPara a América Latina e o Caribe (CE-PAL).

Com o Golpe Militar de Augusto Pi-nochet, Serra e sua família foram obri-gados a sair do Chile. Ele chegou a serpreso no aeroporto enquanto tentavamdeixar o país. Um major ajudou-o a fu-gir e se abrigar na embaixada da Itália,onde passou oito meses. Em seguida se-guiram para os Estados Unidos, ondefez doutorado em Economia pela Uni-versidade de Cornell.

Após quatorze anos exilado, Serraretornou ao Brasil em 1978, um dos pou-cos que se arriscaram a fazê-lo antes dalei de anistia de 1979. Retomou sua car-reira política e candidatou-se a deputa-do pelo Movimento Democrático Brasi-leiro (MDB), mas sua candidatura foiimpugnada sob a justificativa de queseus direitos políticos ainda estavamsuspensos. Apoiou e coordenou a can-didatura de Fernando Henrique Cardo-so ao senado. Em 1980 participou dafundação do Partido do Movimento De-mocrático Brasileiro (PMDB), sendo re-lator do primeiro programa do partido.

Foi admitido como professor de

economia da Universidade de Campinas(Unicamp), onde permaneceu até 1983.

Depois, foi secretário estadual de Pla-nejamento de São Paulo em 1983. Deputa-do federal e constituinte em 1988. Sendorelator da Comissão do Sistema Tributá-rio, Orçamento e Finanças e também inte-grou a Comissão de Sistematização. Criti-cando a atuação sem coordenação de seupartido, o PMDB, não seguiu a orientaçãopartidária em todas as votações. Votou afavor da desapropria-ção das propriedadesrurais improdutivaspara fins de reformaagrária e foi contra aestabilidade no em-prego no setor priva-do e a favor do parla-mentarismo. Foi oconstituinte que con-seguiu o maior per-centual de aprovaçãode emendas, apro-vando 130 das 208que apresentou.

José Serra tambémfoi um dos fundado-res do Partido da So-cial Democracia Bra-sileira (PSDB) em1988. No mesmo anoconcorreu à prefeitu-ra de São Paulo, masnão foi eleito. Em1990, é reeleito Depu-tado Federal.

Presidiu a comis-são executiva doPSDB até 1991. Fernando Collor de Melloo convidou para assumir o Ministério daFazenda, mas ele negou o convite. Em 1992,Serra votou a favor do afastamento do pre-sidente Collor, defendeu reformas consti-tucionais, foi a favor do voto facultativo edo voto distrital.

Foi eleito Senador em 1994. Minis-tro do Planejamento Federal, no gover-no Fernando Henrique Cardoso de1995-1996 e depois Ministro da saúde(1998 – 2002) pelo mesmo governo.Candidato a presidência 2002 contraLula – perdeu segundo turno – tendosido eleito prefeito de São Paulo em2004, e governador do estado de SãoPaulo em 2006. Atualmente é candida-to à Presidência da República do Brasil.

Dilma Vana Roussef f Linharestem 62 anos, nasceu em Belo Hori-zonte (MG) e é candidata à presi-dência pela primeira vez pelo Par-tido dos Trabalhadores (PT). É for-mada em economia. Nascida emuma família de classe média e edu-cada em colégios tradicionais, Dil-ma passou a interessar-se pelasideias socialistas depois do GolpeMilitar de 1964. Ela foi integrante

do Coman-do de Libe-ração Naci-o n a l e d aV a n g u a r d aArmada, or-g a n i z a ç õ e sq u e d e f e n -diam a lutaa r m a d acontra o Re-g i m e M i l i -tar.

Dilma foit o r t u r a d ae m 1 9 7 0 ,p r e s a e mSão Paulo ec u m p r i u apena regu-lar duranted o i s a n o s .E m 1 9 7 2 ,voltou paraM i n a s G e -rais para ser e c u p e r a rperto da fa-

mília. Um ano depois, a atual can-didata mudou-se para o Rio Gran-de do Sul por causa da transferên-cia do marido Franklin, que estavapreso. Em Porto Alegre, Dilma tevePaula, sua única filha. Atualmen-te, a candidata mora em Porto Ale-gre e está separada do marido.

Em 1973 Dilma se filiou ao Par-t i d o D e m o c r á t i c o T r a b a l h i s t a(PDT), de Leonel Brizola. Após aeleição de Alceu Collares, Dilma foinomeada Secretária Municipal daFazenda. Em 1991, assumiu o car-go de Presidente da Fundação deEconomia e Estatística do Rio Gran-de do Sul. Seis anos depois, Dilmaassumiu o cargo de Secretária da

Energia, Minas e Comunicações doRio Grande do Sul.

Dilma filiou-se ao PT em 2001.Durante o governo Lula, Dilma foinomeada ministra-chefe da CasaCivil, logo após a renúncia de JoséDirceu, em 2005. Dilma foi indica-da por Lula para colaborar com aelaboração do Programa de Acele-ração do Crescimento (PAC), cria-do em 2007, com o objetivo de ace-lerar o crescimento da economiabrasileira.

Há dois anos, a candidata foi di-agnosticada com um linfoma, ten-do que fazer sessões de quimiote-rapia e conseguindo se recuperarda doença.

No ano de 2008, a petista teveseu nome envolvido em duas de-núncias na Casa Civil. A primeiraera relacionada com um supostodossiê que trazia os gastos pesso-ais do ex-presidente do Brasil, Fer-nando Henrique Cardoso. A segun-da denúncia era sobre a acusaçãoda ex- diretora da Agência Nacio-nal de Aviação Civil, Denise Abreu,que afirmou que a Casa Civil fezpressão em uma venda da Varigpara o fundo de investimentos deum norte-americano, Matlin Patter-son.

As propostas da candidata à presi-dência visam melhorar a qualidade doensino brasileiro, melhorar a habitaçãoe o sistema único de saúde (SUS), e con-cretizar os projetos que não foram con-cluídos durante o governo Lula. O vicede Dilma Roussef é Michel Temer(PMDB). A candidata prioriza a edu-cação, a saúde e o emprego.

Na educação, Dilma pretende erra-dicar o analfabetismo e, criar um Sis-tema Nacional Articulado de Educa-ção, que serviria para refazer os meca-nismos empregados na gestão do se-tor.

Na saúde, a petista pretende au-mentar os investimentos na área econtinuar com o Programa de Saúdeda Família e as UPAs (Unidades dePronto Atendimento).

No emprego, a candidata DilmaRousseff promete uma reforma tribu-tária para “aliviar” o bolso dos traba-lhadores.

José SerraDilma Rousseff

&Eleições 2010

Gabriela JunqueiraJessica LeiteManoela Militão

Amanda FernandesBarbara Helena

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