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Lua de Papel

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Prospecto com informações acerca do livro "lua de papel" e o lançamento que acontecerá no dia 07 de agosto na Starbucks Alameda Santos às 20 horas.

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...o amor é um sentimento arisco, que provoca mudan-

ças surpreendentes.

No caso de Alexandra, protagonista de "Lua de Papel",

romance de Lunna Guedes que será lançado em agosto,

a transformação gera desconforto... cheia de rótulos e

oriunda de uma cidade pequena, onde "certo e errado"

são vertentes comuns de seus moradores; a persona-

gem, vê sua conturbada realidade ser esmigalhada por

um sentimento, considerado impróprio. Completamente

apaixonada por Raissa, a amiga que conhece na facul-

dade, Alexandra finge, foge e sucumbe em si mesma.

Com a verve poética que lhe é característica, a autora

conta a história desse conflito interno que é aceitar as

diferenças que norteiam o amor pelo outro, no caso, pe-

la outra...

A narrativa de Lunna Guedes nos oferece desde a pri-

meira linha o mundo de Alexandra Mendes, nos propor-

cionando sabê-la em suas limitações até o instante em

que um novo mundo acena a partir da personagem de

Raissa Mendelson que na história sendo es-

sa personagem sem regras ou preciosismo — vivendo

por viver somente... e a cada novo contato, personagem

e leitor são seduzidos por essa experiência nova e inusi-

tada.

Aceitar-se será, sem dúvida, o maior desafio de Alexan-

dra, que mergulha em um turbilhão de sensações, que

vão do fascínio ao desespero e da tristeza à decepção

num mesmo segundo.

Mais que um romance entre mulheres, Lua de Papel tra-

ta de escolhas e como cada decisão afeta a vida das pes-

soas envolvidas… Sem julgar as personagens em mo-

mento algum, Lunna traça o perfil das mulhe-

res envolvidas nessa trama e nos surpreende com um

cotidiano próximo a todos nós, cabendo ao leitor perce-

bê-los e reconhecer-se neles.

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Na vida — nasci em Gênova, (Itália) num dia de novembro, em meio ao outono… Mudei para São Paulo no meio de minha vida, num dia qualquer de agosto... disseram-me que era inverno, mas o asfalto quente e, a atmosfera seca lembravam o verão… Um pouco mais adiante, bem

provável que tenha sido num dia

qualquer de maio, me tornei :

“colecionadora de palavras” —

não há lembranças em mim

acerca da estação.... mas o calen-

dário local dirá que era outono,

mas a alma exibia tempestades

de janeiro, em pleno verão…

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No papel — pouco me atenho às publicações e, não me sinto pronta para um argumento defi-nitivo: “em estado de espanto é mi-nha condição no momento”... Talvez por isso tenha escolhido o formato artesanal, que combi-na com essa metamorfose que sou... Minha estreia aconteceu com “Reticências” (2010) - que ce-lebra minha escrita experimen-tal, um olhar para dentro... A primeira edição contou com 30 exemplares, entregues a olhos curiosos e próximos. A seguir veio “Diálogo Notur-no” (2011) — que é esse passo para dentro do precipício e, por fim “Escrevendo Pretéri-tos” (2012) que considero ser – ainda hoje - o meu melhor en-saio. E encerrando a série experimen-tal “diário das 4 estações”: o de-licioso “desenhando sombras no que resta da noite” — que veio celebrar essa fase de olhar para fora...

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Na Web — minhas primeiras letras começaram em junho de 2002 quando comecei a dese-nhar palavras no blogue intitula-do por mim de "menina no sótão", que hoje é parte inte-grante do zine "apenas um blogue" publicado em formato artesanal em meados de 2012.. Escritos na primeira pessoa do singular... eram uma espécie de ensaio para os dias seguintes. O ponto de partida da minha escri-ta… Em junho de 2004 surgiu

"caderno vermelho" — por-

que vermelho é o sentir, a emo-

ção, o existir e as palavras que

deixo no avesso da folha e a cor

da capa do caderno onde eu

comecei a inventar figuras

humanas na primeira terceira

pessoa do singular…

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Primeira Parte

A cidade é um chão de palavras pisadas

Na primeira página ela anotou o ano em

letras grandes como se acostumou a fazer ao

longo dos últimos anos — aquele era o seu oi-

tavo caderno —, sempre de capa preta com

folhas brancas e linhas retas.

Ainda se lembrava do primeiro caderno —

um presente de sua mãe — o mais caro dos

presentes. O único a fazer diferença de fato. A

deixá-la feliz. Saltitante. Empolgada... nunca

antes um presente causou tal efeito na menina

do interior.

O ritual surgiu por acaso, permanecendo

ano após ano: sentava-se em sua cama. Cos-

tas contra a parede. Pés com meias brancas e

os dedos em movimentos ali dentro... silencio

imperfeito no quarto escuro. Um único fecho

de luz atravessava as frestas da janela indo

pousar, àquela hora — pouco depois das seis

de uma tarde quente de primavera —bem em

cima do lençol branco. Alexandra agitava o

lápis preto entre os dedos das mãos batendo o

lado sem ponta na capa do caderno.

Lua de Papel

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O olhar, pouco a pouco, se perdia junto ao

pedaço de paisagem que chegava pelos vãos

da janela se misturando a qualquer coisa sua...

era tão fácil velar aquela paisagem com um

suspiro próprio. Conhecia tão bem aquele ce-

nário que mesmo com os olhos e a janelas fe-

chados seguia revisitando os lugares... ela tinha

suas desordens pessoais. A estrada entre planta-

ções em primeiro lugar, percorria aquele chão

de terra batida, com suas imensas árvores ao

lado e o som das águas do rio que cortava a ci-

dade... o prédio da escola — do lado oposto —

em segundo, depois a represa, o banco da pra-

ça em frente a igreja e a avenida que a levava

de volta para casa... Se perder seria impossível.

A escrita se precipitava junto aos seus pas-

sos imaginários — primeiro dentro da pele — de-

pois junto ao papel. Havia qualquer coisa de se-

melhança e igualdade sendo preservada junto

aquelas linhas que diziam a cidade, sua g ente,

os lugares — era seu baú de memórias, já que

sua mente nem sempre dizia o que era de fato

necessário. Suas lembranças sempre foram au-

sentes...

Depois de se deixar dizer em linhas naquele

caderno — guardava-o na primeira gaveta da

cômoda embaixo de um punhado de toalhas

de banho e de rosto que vinha sendo guarda-

das para o momento mais esperado naquela

casa: o dia do casamento de Alexandra. Tudo

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era comprado aos poucos, lençóis, fronhas, to-

alhas... O dinheiro era pouco, mas quando as

festas chegavam à cidade de Teodoro, sempre

sobrava um pouco para uma nova peça do

enxoval.

O olhar de Alexandra desviou-se rapida-

mente para a gaveta onde seu passado se es-

condia. Respirou fundo, como sempre fazia ao

se dar contar que toda a sua vida se limitava a

uma simples gaveta. Ali estava toda a sua histó-

ria. Seu legado. Suas lembranças mais importan-

tes... parecia um pouco triste ter que carregar

aquela chave junto ao peito, pendurada em

sua corrente de prata, presente na infância de

seu pai. Alguém a tinha esquecido na mesa do

bar onde ele passava a maioria de suas horas.

Ele esperou alguns dias e, como ninguém apa-

receu, ao chegar a casa — ele, homem sem jei-

to e de poucas palavras — indagou "alguém es-

queceu lá no bar. Quer para você?" — foi a pri-

meira e a única vez que ele presenteou a filha,

não por falta de amor por aquela menina que

brilhava junto aos seus olhos, mas por não ter

habilidade em presentear. Não sabia fazê-lo...

ficava sem graça quando o gesto alheio toca-

va-lhe as mãos...

A chave presa ao peito tinha suas razões

de ser, fosse diferente, seus segredos na certa se

espalhariam pelos quatro cantos da cidade e,

seria insuportável saber que olhos que não os

dela visitaram aquelas páginas... e como na-

Lua de Papel

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Na segunda página ela escreveu,

“há esse lugar sem poemas. Uma linha reta

— traçada para dividir os homens e seus mo-

vimentos — damos voltas ao redor de um

mundo que não vai além da próxima esqui-

na. É sempre o mesmo céu, o mesmo véu.

Todos os homens aqui são pequenas ilhas e

todas as mulheres pequenas cidades…

Há uma multidão inteira do lado de fora da

minha janela, contando antigas histórias com

os mesmos nomes e eu os conheço todos,

embora seja indiferente a eles.

Aqui não há norte — apenas esferas —, e a

vida pulsa esse estranho ritmo que não me

satisfaz. Todos envelhecem sem perceber os

anos e as rugas que eles deixam nos cantos

da pele. Todos envelhecem… mas, olha-se

tanto um para o outro — todos os dias — que

fica impossível perceber-se. Saber-se. Então

não há diferença… é como se estivessem to-

dos empalhados!

As casas grudadas umas às outras contam a

vida alheia através das paredes finas e as

calçadas negam passos para outras dire-

ções pela manhã. É sempre para o mesmo

portão que se anda… Tudo aqui se mistura —

e se confunde — todo mundo sabe ou pensa

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saber absolutamente tudo sobre a vida do

outro… todo mundo vive ou pensa viver… As

cartilhas são as mesmas entregues em sala

de aula — reza-se o mesmo rosário — o Deus

na Igreja é o mesmo que faz a missa vestindo

a batina sagrada… e, nas ruas da cidade, as

cabeças acusam as maldições que carrega-

mos e que são denominadas como pecado.

Uma confissão basta para nos resgatar de

nossos infernos mais íntimos…

As pessoas são pequenas-miúdas-encolhidas

— e fazem muito ruído dentro da manhã, da

tarde e da noite.

Às vezes, um silêncio crescente se apodera

da paisagem e o único som a se repetir lá fo-

ra é o dos grilos… nessa hora, as poucas luzes

da cidade enfrentam a escuridão — dizem

que os mortos se levantam e andam sob o lu-

ar — mas eu nunca dei por eles… vivo a espi-

ar a rua pelas frestas de minha janela, entre

uma página ou outra dos livros que leio, mas

o único movimento que percebo é de um

cão vira-lata, que veio não se sabe de onde,

há mais tempo do que eu consigo contar —

andando de um lado para o outro em busca

de alimento nas latas de lixo enfileiradas sob

as calçadas. Pela manhã, ele está deitado

na porta do bar de meu pai, que o alimenta

e trava com ele um estranho diálogo.

Lua de Papel

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Mesmo sabendo não haver mortos, não ouso

visitar as poucas vias de Teodoro e, quando

espio seus contornos pela frestas de minha

janela, o medo se precipita em mim, dizendo

fantasmas que essa gente inventou e eu a-

gasalhei.

A cidade de Teodoro e seu punhado de ruas

começa a esvaziar-se por volta das seis horas

no inverno, quando os dias são invariavel-

mente mais curtos e a sopa é servida pouco

depois da ave-maria… Nos dias de verão, o

horário é outro — oito horas — porque, nes-

ses dias, as senhoras levam para a calçada a

cadeira, lãs, agulhas e uma interminável von-

tade de tagarelar, dando um novo sentido à

palavra “tricotar”… Falam da vida alheia co-

mo se falassem da novela das oito e de seus

personagens comuns. Inventam histórias. A-

crescentam verdades pessoais e acusam os

desafetos. Sempre achei estranho os sorrisos

e os acenos que elas entregam para as vizi-

nhas desprezadas por gestos — ditos — in-

convenientes. No domingo, no entanto, sen-

tam-se lado a lado e fazem o sinal da cruz

para o homem de olhar amendoado no al-

tar, pouco depois dizem ‘amém’ e já estão

livres para o pecar mais um punhado de ve-

zes…

E eu, aqui nesse meu mundo pequeno-

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estreito, escondo-me a fim de sobreviver. Eu

só penso em resistir para não desaparecer,

como fazem todos nessa cidade.

Na semana passada morreu Lurdes Maria —

no velório discursou o padre Antônio, com su-

as palavras de sempre, que veem surgir no-

vas pausas em cada frase — em dezesseis a-

nos já ouvi dúzias de vezes aquele mesmo

discurso demorado…

A cidade inteira participou do cortejo — re-

zando as mesmas preces — e no dia seguin-

te ela era apenas um nome na lápide, ou o

nome citado em tom de saudade no meio

da conversa das senhoras desocupadas.

Contudo, bastou um punhado de dias para

que ninguém mais se lembrasse de quem ela

era ou do que ela tinha feito… agora ela é

apenas mais uma fotografia na parede da

loja do Paulo, que é esse homem que herdou

do pai a profissão de fotografar os habitan-

tes da cidade... o nome verdadeiro dele nin-

guém se lembra — Paulo era o nome do pai

— o dele ninguém nunca soube, porque nes-

sa cidade existir e desaparecer é quase a

mesma coisa”.

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Lua de Papel

— Não, mas é que há coisas que não

são passíveis de tradução, como um poema

escrito em outro idioma. Não basta saber as

palavras, conhecer a língua… o contexto. Eu

me lembro de que passei um bom tempo

pensando em como iria ser. Disse “não” vá-

rias vezes até que, numa noite eu finalmente

disse “sim”. De todos os movimentos que fize-

mos, o melhor foi o beijo: a maneira como

nossas bocas tomaram uma à outra me fez

mergulhar naquele encontro de salgado

sabor. Senti como se estivesse me afogando,

e com a vida prestes a afastar-se do corpo,

num sopro… voltei a respirar.

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YOU´RE INVITED

NOITE DE AUTOGRÁFOS

07 08

2014

STARBUCKS COFFEE

ALAMEDA SANTOS, 1054

CERQUEIRA CESAR | SP

...vai te fazer mergulhar

em turbilhão de sensações:

do fascínio ao desespero...

e da tristeza à decepção

dentro de um mesmo

segundo!

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Lua de Papel

LINKS

Catarina voltou a escrever

www.catarinavoltouaescrever.wordpress.com

Menina no Sótão

www.meninanosotao.wordpress.com

Scenarium Plural

www.scenariumplural.wordpress.com

Revista Plural

www.revistaplural.wordpress.com

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