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LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA ANÁLISE DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO TIPO CONDOMINIAL DO BAIRRO DE SANTOS REIS, NATAL-RN NATAL-RN 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA ANÁLISE DOS ......Luan Rodrigo Rocha de Oliveira Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial

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LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO

DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO TIPO

CONDOMINIAL DO BAIRRO DE SANTOS REIS, NATAL-RN

NATAL-RN

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Page 2: LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA ANÁLISE DOS ......Luan Rodrigo Rocha de Oliveira Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial

Luan Rodrigo Rocha de Oliveira

Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo

condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN.

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

Artigo Científico, submetido ao Departamento

de Engenharia Civil da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos necessários para obtenção do Título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador(a): Prof(a) Dr(a). Juliana Delgado

Tinôco

Natal-RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Oliveira, Luan Rodrigo Rocha de.

Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de

esgotamento sanitário do tipo condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN / Luan Rodrigo Rocha de Oliveira. - 2017.

27 f.: il.

Artigo Científico (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia

Civil. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Profa. Dra. Juliana Delgado Tinôco.

1. Engenharia civil - Artigo. 2. Sistema condominial -

Artigo. 3. Obstruções - Artigo. 4. Água de chuva - Artigo. 5.

Caixa de gordura - Artigo. 6. Custos - Artigo. I. Tinôco,

Juliana Delgado. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624

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Luan Rodrigo Rocha de Oliveira

Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo

condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN.

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Artigo Científico, submetido ao Departamento

de Engenharia Civil da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 23 de Novembro de 2017:

___________________________________________________ Prof (a). Juliana Delgado Tinôco – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

___________________________________________________

Prof (a). Ada Cristina Scudelari – Examinador interno

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

___________________________________________________

Eng. Raulyson Ferreira de Araújo. – Examinador externo

Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte - CAERN

Natal-RN

2017

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DEDICATÓRIA

"Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas

do homem foram conquistadas do que parecia impossível”

(Charles Chaplin)

À minha mãe, dona Livramento, pelo esforço,

sacrifício, dedicação, paciência, carinho, cuidado e

pelo amor que ela tem incondicionalmente por

mim e pelos meus irmãos, Berg e Reniêr, pois sem

ela certamente tal realização não passaria de um

sonho impossível.

.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, dona Livramento, pela mulher guerreira e batalhadora que sempre foi. Mulher

essa que não mede esforços para educar e ver seus filhos bem.

Aos meus irmãos, Berg e Reniêr, pelo exemplo de homens de bem, pela ajuda, críticas,

conselhos e por muitas vezes exercerem a função de pai com seu irmão cacula aqui.

À Professora orientadora Juliana Tinôco, pela vasta experiência e conhecimento que tem sobre

a Engenharia Sanitária, pelo direcionamento dado no início do trabalho, abrindo meus olhos e

me orientando qual o caminho melhor seguir, e pela atenção desde o momento que a chamei

para me ajudar na elaboração desse trabalho. Sou eternamente grato.

Aos irmãos que conquistei no curso de Engenharia Civil que vou levar pra vida toda. Obrigado

por compartilharem noites de estudos, trabalhos intermináveis, lamentações, lanches,

aprovações, e muita risada boa. Obrigado por tudo.

Aos antigos amigos pela companhia e parceria de sempre. Somos irmãos, apenas com pais

diferentes. Obrigado pela preocupação e carinho, mesmo com o distanciamento devido às

atividades e rotinas que cada um leva.

Aos companheiros de trabalho, pela ajuda, apoio e descontração no ambiente de trabalho.

Obrigado por facilitarem e ajudarem a rotina de trabalho ser menos cansativa.

A todos os professores e servidores desta universidade, pelos conhecimentos repassados em

sala de aula, e pelo exemplo de competência que exercem suas funções.

A Deus, pois sei que Ele nunca me abandona, e por saber que ele sempre coloca anjos em meu

caminho.

Luan Rodrigo Rocha de Oliveira

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RESUMO

ANÁLISE DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DO SISTEMA DE

ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO TIPO CONDOMINIAL DO BAIRRO DE SANTOS

REIS, NATAL-RN

Autor: Luan Rodrigo Rocha de Oliveira

Orientador: Prof(a). Dra. Juliana Delgado Tinôco

Departamento de Engenharia Civil - UFRN

Natal, novembro de 2017

A universalização da prestação dos serviços de saneamento básico ainda é incipiente.

Com relação ao esgotamento sanitário, no Brasil apenas 42,67 % da população tem acesso à

rede coletora e tratamento de esgoto. Dessa maneira o sistema de esgotamento sanitário do tipo

condominial pode ser apontado como uma alternativa para a democratização das redes de

esgotos nas cidades, uma vez que apresenta baixos custos de implantação quando comparado

ao sistema convencional. Porém, quando verificado o número de solicitações de desobstrução

e conserto nos dois sistemas, as solicitações do condominial superam as do convencional.

Assim, foi realizada uma análise dos custos de operação e manutenção do sistema condominial

em detrimento ao convencional no bairro de Santos Reis, uma vez que este bairro apresentou a

maior razão de desobstrução por ligação de esgoto. Além disso, foi realizada uma pesquisa de

campo nesse bairro para verificar quais fatores interferem nos custos do sistema condominial.

A pesquisa apontou que em 61% dos imóveis havia ligação irregular de água de chuva; e que

59% afirmaram não ter o conhecimento de que não podia lançar água de chuva na rede de

esgotos. Além disso, 77% dos entrevistados não apresentaram caixa de gordura nas instalações

internas dos imóveis. Já nos imóveis que apresentaram caixa de gordura, 77% dos usuários não

realizam as limpezas no tempo correto. Além disso, após análise chegou-se o dado que o custo

total do sistema condominial apresentou-se 27,15% mais caro que o convencional. O custo da

manutenção do sistema de esgoto condominial em Santos Reis é 125, 71% mais caro quando

comparado ao convencional do mesmo bairro. Porém, a operação apresentou o inverso: o

sistema condominial apresentou uma redução de 61,02% em relação ao sistema convencional

do bairro de Santos Reis.

Palavras-chave: sistema condominial, obstruções, água de chuva, caixa de gordura, custos

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ABSTRACT

ANALYSIS OF THE MAINTENANCE COST AND SEWAGE TREATMENT

OPERATION OF THE CONDOMINIUM TYPE IN THE NEIGHBORHOOD OF

SANTOS REIS, NATAL-RN

Author: Luan Rodrigo Rocha de Oliveira

Advisor: Prof. Dra. Juliana Delgado Tinôco

Departament of Civil Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte,

Brazil- UFRN

Natal, november 2017

Universal access to basic sanitation services is still in its infancy. Regarding sanitary

sewage, not only Brazil, 42.67% of the population has access to the sewage collection and

treatment network. In this way, the condominial sewage system can be adapted as an alternative

for the democratization of sewage networks in the cities, since it presents low implantation costs

when compared to the conventional system. However, when checking the number of requests

for unblocking and repair in both systems, as requests of the condominium surpasses as

conventional.Thus, an analysis was made of the operation and maintenance costs of the

condominial system in detriment to the conventional one in the district of Santos Reis, since

this neighborhood presents a greater ratio of unblocking by connection of sewage. In addition,

a field survey was conducted at the bank to verify which factors interfere with the costs of the

condominial system. The survey pointed out that in 61% of the properties that contained

irregular rainwater; and 59% said they did not know that they could not send rainwater into the

sewage system. In addition, 77% of the respondents did not present a box of fat in the internal

facilities of the properties. We have already shown ourselves the fat box, 77% of users do not

perform as cleanings at the correct time. In addition, after the analysis came the data that the

total cost of the condominial and conventional system are connected. However, the cost of

maintaining the condominial sewage system in Santos Reis is 125, 71% more expensive when

compared to conventional ones in the same neighborhood. However, one operation had the

opposite: the condominial system presented a reduction of 61.02% in relation to the

conventional system of the neighborhood of Santos Reis.

Key-words: Condominium type, obstructions, rain water, grease trap, cost

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………...09

2. REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………...10

2.1 SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTOS…………………………………10

2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRAÇADO……………………………………....11

2.3 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA CONDOMINIAL………...13

3. MATERIAIS E MÉTODOS………………………………………………………...13

3.1 SANTOS REIS: BREVE CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO………………14

3.2 PESQUISA DE CAMPO……………………………………………………...15

3.3 ESTIMATIVA DO CUSTO DO SISTEMA CONDOMINIAL EM

COMPARAÇÃO AO SISTEMA CONVENCIONAL EM SANTOS REIS....16

4. RESULTADOS……………………………………………………………………....17

4.1 PESQUISA DE CAMPO……………………………………………………...17

4.2 ESTIMATIVA DE CUSTO CONDOMINIAL X CONVENCIONAL…….....22

5. DISCUSSÕES………………………………………………………………………..23

6. CONCLUSÕES……………………………………………………………………...25

7. REFERÊNCIAS……………………………………………………………………..26

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Luan Rodrigo Rocha de Oliveira, graduando em Engenharia Civil, UFRN

Juliana Delgado Tinôco, Prof(a). Dr(a)., Departamento de Engenharia Civil da UFRN

1. INTRODUÇÃO

A universalização da prestação dos serviços de saneamento básico, pressuposto

fundamental da Lei Federal nº 11.445/2007, ainda é incipiente. Dados da OMS (2015)

indicavam um déficit de aproximadamente 4 milhões de brasileiros sem acesso a infraestrutura

mínima de banheiros. No Brasil, apenas 42,67 % da população tem acesso à rede coletora e

tratamento de esgoto (SNIS, 2015). Na região Nordeste apenas 32,11% do esgoto é coletado e

tratado (SNIS, 2015). Já no estado do Rio Grande do Norte essa percentagem cai para 22,35%

(SNIS, 2015), enquanto a capital Natal apresenta atualmente apenas 36,5 % da população com

sistema de coleta e tratamento de esgoto. (CAERN, 2016).

O sistema condominial de Esgotos (SCE) é uma modalidade de coleta de esgoto

atualmente usada no Brasil e no mundo. Essa concepção é caracterizada como um conjunto de

conexões de regime de propriedade horizontal, onde cada imóvel de uma determinada quadra

está ligado por uma caixa de inspeção à rede coletiva de esgoto (NETO, 1992), diferindo assim

do sistema convencional, onde os efluentes dos imóveis são lançados única e diretamente na

rede de esgotos da rua.

O SCE tem como premissa básica a redução do custo de implantação quando comparado

com o sistema do tipo convencional, chegando a uma redução de custo em torno de 60%.

(MELO, 1994). Outros autores, como Ibam (2008), afirmam conseguir economias em até 75%

por metro linear nos ramais condominiais em comparação ao convencional. Já Neto (1992)

estima uma redução em torno de 57,5% na implantação do que seria gasto na rede e ramal

convencional.

Assim, o sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial pode surgir como

solução alternativa para a universalização das redes de esgoto das cidades devido ao seu baixo

custo de implantação, sua adaptação à tipologia educacional e habitacional, caracterizada pela

elevada densidade populacional e topografia acidentada (MORAIS, 1997), onde o sistema

convencional encontra dificuldades.

Como é o caso da Cidade de Natal-RN, cujo governo do Estado através do programa

“Sanear RN” pretende tornar Natal a primeira capital do Brasil com 100% das redes coletoras

de esgoto até o final 2018 (CAERN, 2017). Porém o sistema convencional não atende

tecnicamente a todas às condições urbanas da cidade, tornando assim o SCE uma solução.

O cálculo da tarifa de esgoto nas concessionárias e nos sistemas autônomos é obtido

como uma percentagem em relação ao consumo de água. Na Companhia de Saneamento

Ambiental do Distrito Federal (CAESB) a tarifa de esgoto do sistema convencional corresponde

a 100% do consumo de água, enquanto que a tarifa do condominial corresponde a 60% ou 100%

(dependendo da posição do ramal predial) desse consumo. Na companhia de saneamento da

Bahia (EMBASA) o sistema convencional corresponde a 80% do consumo de água, enquanto

que o condominial representa 45%.

Já na Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) o usuário com

esgoto convencional é tarifado em 70% do seu consumo de água, sendo a manutenção do ramal

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10 na parte externa de responsabilidade da concessionária. No esgoto condominial, a tarifa é

reduzida para 35%, como forma de compensação, uma vez que a manutenção do sistema

intradomiciliar (tubulações e caixas de inspeção) é de responsabilidade do usuário, inclusive

desobstruções. Porém, a participação da comunidade não é tão efetiva no que tange a

manutenção desse sistema. Assim, a própria concessionária realiza desobstruções e

intervenções nos imóveis dos usuários que alegam não ter condições financeiras para realizar

tais melhorias, mesmo sem ser de sua responsabilidade. Como o sistema condominial é coletivo,

a falta de manutenção pontual num determinado trecho da rede condominial, seja ela preventiva

ou corretiva, acaba prejudicando vários usuários do sistema.

Apesar de ser um sistema de baixo custo de implantação, percebe-se que a incidência

do número de solicitações de desobstrução na manutenção e operação é um pouco elevada.

Segundo Lima (2009), as solicitações de desobstrução no sistema do tipo condominial dos

bairros de Natal superam as do tipo convencional, o que pressupõe maiores gastos na

manutenção e operação desse sistema no decorrer do tempo.

Nesse caso em que a concessionária arca com os custos da manutenção intradomiciliar

do sistema condominial, é possível questionar a validade da economia obtida no momento da

implantação desse sistema em relação aos gastos da sua manutenção e operação.

Dessa forma, o referido trabalho objetiva analisar o custo do sistema condominial e

quais os principais fatores que interferem no custo desse sistema no bairro de Santos Reis, o

qual apresentou a maior incidência de obstrução por ligação de esgoto na cidade de Natal-RN

ao longo de 2014 (CAERN, 2017). Além disso, analisar-se-á isoladamente os custos da

manutenção e da operação do sistema condominial em detrimento aos custos da manutenção e

operação do convencional desse referido bairro também ao longo de 2014, afim de se verificar

a sustentabilidade técnico-econômica desse sistema com o passar dos anos desde sua

implantação em comparação ao sistema convencional.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTOS

O sistema condominial de esgotos foi idealizado no início do século XX através do

Engenheiro Sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito como solução para o plano de

saneamento da cidade paulista de Santos (ANDRADE, 1991).

A concepção básica do sistema condominial está no tratamento dos esgotos de um

conjunto de residências unifamiliares, que pode ser uma quadra, interligada através de uma rede

interna e encaminhada à rede pública em um único ponto apenas. A ideia dos condomínios está

nos edifícios de apartamento, ou seja, na rede que permite o escoamento dos esgotos

(MELO,1994).

A primeira implantação em grande escala desse sistema ocorreu na cidade de Natal na

década de 80 no estado do Rio Grande do Norte através da CAERN nos bairros das Rocas e

Santos Reis, onde no término da obra permitiu o atendimento de 96% das residências desses

bairros (NETO, 1999). Outros municípios também foram contemplados como Currais Novos,

Goianinha, Parnamirim e Santa Cruz (MELO, 2008). Atualmente o SCE está implantado em

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11 cidades de grande porte como Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Petrolina e Cuiabá

(MELO, 2008).

Esse sistema foi criado com intuito de universalizar os serviços de esgotamento sanitário

associando tecnologia adequada com a participação da população, a qual é uma das premissas

básicas do SEC, onde os usuários são responsáveis desde a escolha dos locais de passagem das

tubulações e a participação nos custos do sistema, até a participação de sua instalação e

manutenção (SANTIAGO, 2008).

2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRAÇADO

O sistema condominial de esgotos apresenta um traçado da rede mais racional, levando

em consideração a topografia do terreno e eventuais obstáculos que possam interferir na

implantação da rede. A principal característica desse sistema é que o esgoto gerado de um lote

é lançado na caixa de inspeção, a qual é construída dentro do lote, e em seguida é passado para

a caixa de um terreno vizinho através dos ramais condominiais intradomiciliares e assim

sucessivamente, até chegar na caixa de saída de quadra, onde são reunidos os dejetos de todos

os imóveis da quadra, e por fim lançado na rede pública de esgotos localizado na rua, como

mostra o esquema da Figura 01.

Já o sistema convencional é caracterizado pela captação do esgoto gerado por cada

residência na caixa de inspeção e posterior lançamento direto na rede pública de esgotos da rua

através dos ramais convencionais, como esquematizado na Figura 02. As caixas de inspeção

são localizadas em passeio público, além de todas as ruas da quadra terem de apresentar redes

de esgotos para atender todos os imóveis.

Figura 01 – Exemplos de traçado do sistema Condominial de esgotos.

Fonte – O Autor (2017)

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12

Confrontando as Figura 01 e Figura 02, pode-se observar que no sistema condominial

apresenta uma redução da extensão de rede de esgotos da rua, o que faz com que reduza a

quantidade de tubulação; diminui o volume de escavação, e consequentemente de reaterro e

bota-fora, assim como a retirada e reposição de pavimentação; além da redução do número de

poços de visita na rede de esgotos. Já nos ramais condominiais localizados dentro dos imóveis,

o diâmetro das tubulações é reduzido, assim como a profundidade de escavação das valas.

Estes serviços representam um valor significativo num orçamento de redes de esgotos,

e a redução dos mesmos proporciona uma economia considerável no custo de uma obra. Assim,

podemos citar que as principais vantagens de implantação desse sistema quando comparado ao

sistema convencional são:

Menores custos de implantação;

Maiores facilidades construtivas;

Atende às mais diversas condições topográficas;

O sistema condominial pode ser de três tipos básicos: o de fundo de lote, de jardim ou

de calçada. O ramal de fundo de lote é o mais utilizado em áreas de baixa renda, em função da

ocupação mais intensiva dos lotes. Podemos destacar como principais vantagens à tendência ao

melhor funcionamento e manutenção do sistema; a melhor conservação; e, principalmente o

menor custo decorrente de menores extensões e profundidades, além da diminuição da quebra

de pavimentação. A manutenção dos ramais deve ser de responsabilidade dos usuários, motivo

pelo qual ocorre redução nas tarifas (MELO, 1994).

Figura 02 – Exemplo de traçado do sistema Convencional de esgotos.

Fonte – O Autor (2017)

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13

Porém, segundo Borja (2007), a opção de “fundo de lote” deve ser evitada em

decorrência dos possíveis conflitos que possam surgir na etapa da obra (conflitos entre

moradores) e pós-obra (ampliação dos imóveis e extravasamentos dentro dos lotes), mesmo

apresentando a opção de menor extensão de rede condominial devido percorrer os menores

trajetos.

Já o ramal de jardim passa na frente e por dentro dos lotes. A manutenção dos ramais

também é de responsabilidade dos usuários. Há uma diminuição nas vantagens, com relação ao

custo e ao funcionamento, mas permite uma operacionalização mais simplificada (MELO, 1994

e FUNASA, 1999).

O ramal na calçada se situa nos passeios. É a alternativa de maior custo para o usuário

e menores vantagens no funcionamento, pois está mais exposto a sobrecargas e mais sujeito a

falta de cuidados e manutenção pela população. A manutenção dos ramais deverá ser de

responsabilidade da concessionária dos serviços, devido a sua localização pública. (MELO,

1994).

2.3 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA CONDOMINIAL

Segundo Melo (1994), os ramais prediais, individuais ou condominiais, quer sejam

internos ou externos, somente tem seu funcionamento alterado por uma das seguintes razões:

Defeito de construção, percebida pela repetição de problema;

Quebra de canalização, por choque, que pode ser percebida facilmente;

Obstrução por mau uso, causado por lixo ou águas pluviais e solucionado apenas

com educação sanitária;

Sabotagem de estranhos ou vizinhos, que se constitui em crime;

Vale ressaltar que a quebra das tubulações, além de serem ocasionadas por choque,

ocorrem também devido ao desgaste natural dos materiais das caixas de inspeção e das

canalizações, as quais podem ser de manilha cerâmica, material esse menos resistente e mais

suscetível a perda da sua via útil.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Por meio de uma pesquisa de campo foram identificados e analisados os fatores que

interferem no custo da manutenção e operação do sistema de esgotos do tipo condominial.

Dessa forma foi necessário inicialmente realizar um estudo para analisar qual bairro do

município de Natal apresentava a maior incidência de solicitações de desobstrução por ligação

de esgoto, como mostra a Tabela 01. Os bairros da zona norte da cidade não estão presentes

nesse estudo devido estes apresentarem baixa cobertura de coleta de esgotos, dessa forma sendo

desconsiderados. Além disso tais bairros são operados por outra unidade administrativa da

concessionária atual. Os dados desses bairros foram obtidos através do banco de dados do

Programa Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento (GSAN). Esse software foi

elaborado pela Gerência de Informática da CAERN, com o objetivo de cadastrar todas as

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14 solicitações dos clientes on-line de forma que possa ser acessada por qualquer funcionário da

empresa utilizando apenas a matrícula do imóvel solicitado.

Portanto, o bairro que apresentou a maior razão entre a quantidade de solicitação de

desobstrução por ligação de esgoto foi o bairro de Santos Reis, chegando a uma razão de 20%.

3.1 SANTOS REIS: BREVE CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO

O bairro de Santos Reis está localizado na zona leste da cidade de Natal, limitando-se

ao norte e leste com o oceano atlântico, ao sul com os bairros de Praia do Meio e Rocas, e a

oeste com o Rio Potengi. Segundo dados da Secretaria Municipal de Urbanismo da Cidade de

Natal, a população desse bairro é de 5.489 habitantes (SEMURB, 2015) e apresenta 1.531

domicílios particulares permanentes (SEMURB, 2015).

Com relação ao sistema de esgotamento sanitário, o referido bairro apresenta 94,57%

dos domicílios particulares permamentes utilizando o sistema de redes de esgotos (SEMURB,

Bairro Desobstrução (D)

Ligações

de esgoto

(E)

Razão (D/E) %

1 Santos Reis 248 1219 20%

2 Bom Pastor 339 1856 18%

3 Felipe Camarão 76 444 17%

4 Ribeira 84 507 17%

5 Rocas 584 3792 15%

6 Dix Sept Rosado 533 3716 14%

7 Praia do Meio 171 1212 14%

8 Quintas 986 7679 13%

9 Cidade da Esperança 663 5552 12%

10 N. Sra. Nazaré 400 3522 11%

11 Petrópolis 195 1834 11%

12 Areia Preta 82 797 10%

13 Nordeste 229 2597 9%

14 Ponta negra 411 5160 8%

15 Alecrim 765 9803 8%

16 Lagoa Seca 124 1630 8%

17 Mãe Luiza 138 2124 6%

18 Tirol 339 5304 6%

19 Cidade Alta 134 2710 5%

20 Lagoa Nova 231 5325 4%

21 Barro Vermelho 100 2643 4%

22 Nova Descoberta 46 2897 2%

Fonte: CAERN (2014)

Tabela 01 - Solicitação de desobstrução e ligações de esgoto por bairros no

município de Natal.

Page 16: LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA ANÁLISE DOS ......Luan Rodrigo Rocha de Oliveira Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial

15 2015). Conforme dados da CAERN (2017), existem 166 residências cadastradas no sistema de

esgoto convencional, enquanto que no sistema condominial existem 1053, o que representam

respectivamente 13,62% de imóveis cadastrados no sistema convencional e 86,38% dos

imóveis cadastrados no sistema condominial. Além disso, segundo a CAERN (2017) existem

111 imóveis com cadastro não informado.

3.2 PESQUISA DE CAMPO

Realizou-se uma pesquisa de campo em 211 imóveis do bairro de Santos Reis que

utilizam o sistema condominial de esgoto num total de 1053 residências, fazendo assim uma

amostra com 20% dos usuários que usam essa tipologia de esgoto nesse bairro.

A pesquisa foi realizada no período de março a junho de 2017, durante os finais de

semana, percorrendo todas as ruas desse bairro, sendo o imóvel escolhido na determinada rua

de forma aleatória, realizando em média por dia um total de 15 entrevistas. Foi realizado um

questionário, conforme Figura 03, com 12 perguntas a respeito das condições e do uso dos

moradores com o sistema de esgoto condominial.

Com relação a ação de desobstrução realizada pelo próprio cliente, conforme

Questionamento 10, consultou-se com que frequência os usuários realizam tais desobstruções.

Foi considerada uma desobstrução frequente a que acontece em menos de 2 meses, ou seja, 6

vezes ao ano; uma desobstrução que ocorre “às vezes” com uma frequência de 4 em 4 meses,

ou seja, 3 vezes ao ano; e uma desobstrução dita como rara com um retorno de obstrução em

um ano ou mais.

Observou-se também o estado de conservação da caixa e ramal dos imóveis, conforme

Questionamento 08, e foram estabelecidos os seguintes parâmetros: foi considerada como ótima

uma caixa que estivesse dentro dos padrões da concessionária, ou seja, executada em tijolo

branco, reboco nas paredes da caixa em bom estado, fundo da caixa em concreto magro, calha

de pvc e tampa de concreto com espessura de 5 cm; uma caixa foi considerada boa quando o

reboco da parede da mesma apresentou poucas fissuras e a tampa da caixa estava lacrada e sem

danos; já uma caixa num estado regular apresentou muitas fissuras no reboco e início do

comprometimento da alvenaria, e tampa de caixa com fissuras; uma caixa considerada ruim

apresentou uma reboco desagregando da alvenaria e tampa da caixa entreaberta, possibilitando

assim a entrada de água de chuva e pequenos objetos que possam causar obstrução no sistema;

já uma caixa considerada péssima quando não havia tampa ou estivesse possibilitando a entrada

de objetos grandes que causassem facilmente obstrução no sistema, além da alvenaria da caixa

de esgoto apresentar-se destruída.

Questionou-se aos usuários do sistema a frequência de obstruções nas caixas e ramais

em seus imóveis, conforme Questionamento 04. Analogamente ao Questionamento 10,

considerou-se uma obstrução frequente a que acontece em menos de 2 meses, ou seja, 6 vezes

ao ano; uma obstrução que ocorre “às vezes” com uma frequência de 4 em 4 meses, ou seja, 3

vezes ao ano; e uma obstrução dita como rara com um retorno de um ano ou mais.

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16

Endereço: Bairro: Santos Reis

1 – Existe caixa de gordura nas instalações internas dos imóveis?

( ) SIM ( ) NÃO

2 – Existe ligação de água de chuva para a rede de esgotos?

( ) SIM ( ) NÃO

3 – Há construções irregulares sobre as caixas e ramais de esgotos?

( ) SIM ( ) NÃO

4 – Com que frequência ocorre entupimentos no imóvel?

( ) menos de 1 mês ( ) 1 vez por mês ( ) a cada 3 meses

( ) a cada 6 meses ( ) 1 vez por ano

5 – Houve casos onde o vizinho não autorizou a entrada da CAERN para realizar a

desobstrução?

( ) SIM ( ) NÃO

6 – Houve casos onde o vizinho não estava no imóvel e isso fez com que impossibilitasse de

realizar a desobstrução?

( ) SIM ( ) NÃO

7 – Já foi realizada alguma melhoria no sistema de esgotamento sanitário nesse imóvel?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SABE INFORMAR

8 – Qual o estado de conservação da caixa e ramal de esgoto do imóvel?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

9 – Como o cliente avalia o sistema condominial?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

10 – Você realiza ações para desobstrução do sistema condominial em sua casa?

( ) SIM ( ) NÃO

Se sim, com que frequência? _______________________________

11 – Quais os principais materiais (resíduos sólidos) encontrados em sua rede coletora de esgoto

que provocaram obstrução da rede?

_______________________________

12 – Qual seu nível de relacionamento com seu vizinho?

A montante do sistema condominial:

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

A Jusante do sistema condominial:

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

3.3 ESTIMATIVA DO CUSTO DO SISTEMA DE ESGOTO CONDOMINIAL

EM COMPARAÇÃO AO CONVENCIONAL EM SANTOS REIS

Para análise da estimativa de custo total do sistema de esgoto condominial em

detrimento ao sistema convencional, foi realizado um estudo do custo da manutenção e da

operação de ambos os sistemas no bairro de Santos Reis.

Figura 03 – Questionário aplicado

Fonte: O autor (2017)

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17

Vale salientar que todo o esgoto do bairro de Santos Reis é coletado e tratado na mesma

Estação de Tratamento, na ETE do Baldo, localizado na Rua Capitão Silveira Barreto, no bairro

do Alecrim. Devido ser na mesma estação, o custo para tratar 1 m³ de esgoto é o mesmo, sendo

esse volume de esgoto condominial ou convencional. Assim, a parcela do custo para o

tratamento de esgoto foi desconsiderada.

O custo da manutenção foi obtido através das análises dos boletins de medição dos

serviços de melhoria no sistema de esgoto condominial e convencional do bairro de Santos Reis

ao longo do ano de 2014, e posteriormente foi obtido o custo por ligação de esgoto.

Especificamente nesse bairro ao longo do ano de 2014 existia um contrato específico firmado

entra a CAERN e uma empresa terceirizada para realizar as devidas manutenções no sistema

condominial de esgotos, além de existir outra empresa para realizar as manutenções nas redes

e ramais de esgoto de um modo geral na zona leste da cidade, onde se inclui o citado bairro.

Por esse motivo foi escolhido o ano de 2014 para se fazer o estudo do custo da manutenção do

sistema condominial em Santos Reis.

Para análise do custo de desobstrução nesse sistema, foi obtido através do software

GSAN as solicitações de desobstruções do sistema condominial e convencional do bairro de

Santos Reis ao longo de 2014, além de todas as solicitações de desobstrução nos demais bairros

das zonas sul, leste e oeste de Natal onde existe rede de esgotos em operação.

O custo de um caminhão de desobstrução foi obtido através de composição de custo da

CAERN cuja locação de um caminhão combinado hidrojato e vácuo custaria por mês o valor

de R$ 26.999,99. Esse custo do caminhão já está incluso gastos com mão-de-obra,

equipamentos, EPI´s, insumos, manutenções veiculares, dentre outros aspectos. Assim, a

CAERN trabalha com 03 (três) caminhões de desobstrução hidrojato e vácuo ao longo do mês,

o que totaliza um gasto apenas com caminhões de desobstrução ao longo de um ano de R$

971.999,64 nos bairros de Natal, excetuando-se os da zona norte da cidade.

O custo de caminhão do condominial é obtido pela razão entre o total de desobstruções

no condominial em Santos Reis (A) pelo total de desobstruções nos demais bairros considerados

de Natal (B), multiplicando-se posteriormente tal razão (A/B = C) pelo custo total dos 05

caminhões ao longo do ano (D). Em seguida, divide-se o custo do caminhão por bairro (C*D =

E) pela quantidade de ligação de esgoto (F), obtendo assim o custo dos caminhões de

desobstrução condominial de Santos Reis por ligação de esgoto (E/F = G). O custo para a

operação do sistema de esgoto convencional por ligação de esgoto do bairro de santos Reis

deu-se da mesma maneira.

4. RESULTADOS

4.1 PESQUISA DE CAMPO

Na tabela 02 mostra a percentagem dos imóveis entrevistados que apresentavam caixa

de gordura (Figura 04), sendo representada a frequência de limpeza das caixas de gordura na

Figura 05; além dos imóveis que apresentavam irregularmente ligação de água de chuva para a

rede de esgotos (Figura 06); e a incidência de construções irregulares sobre as caixas e ramais.

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18

Tabela 02 - Observações realizadas

Fonte: O Autor (2017)

Figura 04 – Ligação da pia da cozinha direto na caixa de esgotos sem a presença da caixa de gordura (a e b).

Fonte: O Autor (2017).

Figura 05 - Frequência de limpeza na caixa de gordura

Fonte: O Autor (2017)

19%

2%

24%

10%

2%

12%

31%

SEMANAL

QUINZENAL

MENSAL

BIMESTRAL

TRIMESTRAL

SEMESTRAL

ANUAL

Questionamento Sim (%) Não (%)

Existe caixa de gordura? 23 77

Tem incidência de água de chuva? 61 39

Há construções irregulares sobre as caixas e ramais? 37 63

a) b)

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19

Figura 06 – Incidência de ralos de água de chuva em áreas impermeáveis (a, c e d) e ligação direta da

calha da água de chuva do telhado para a caixa de esgoto (b).

Fonte: O Autor (2017)

Na tabela 03 apresenta as consultas realizadas junto aos entrevistados quanto ao

conhecimento da irregularidade da ligação de água de chuva no esgoto; bem como a

permanência e autorização dos vizinhos para a realização das desobstruções em seus imóveis;

bem como se a concessionária já realizou alguma melhoria nos ramais condominiais; e se já foi

realizada alguma desobstrução pelo próprio cliente.

Tabela 03 – Consultas realizadas

Questionamento Sim (%) Não (%)

Sabia que é proibida agua de chuva no esgoto? 41 59

Vizinho autorizou a entrada da concessionária para

realizar a desobstrução? 86 14

Vizinho estava no imóvel para realizar

a desobstrução? 87 13

Já foi realizada alguma melhoria no sistema

no imóvel pela concessionária? 36 64

Já foi realizada alguma ação de desobstrução

pelo próprio cliente? 30 70

Fonte: O Autor (2017)

a) b)

c) d)

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20 Nos imóveis que informaram realizar a ação de desobstrução por conta própria, foi

analisada com que frequência esses usuários realizam tais desentupimentos, como mostra a

Figura 07.

Figura 07 - Frequência de desobstrução no sistema realizadas pelo próprio cliente.

Fonte: O Autor (2017)

Na tabela 04 foi analisado o estado de conservação da caixa de esgotos; bem como o

grau de satisfação do usuário com o sistema condominial; e o seu nível de relacionamento com

seu vizinho a montante e à jusante dos imóveis entrevistados.

Tabela 04 - Consultas realizadas

Questionamento Ótimo

(%)

Bom

(%)

Regular

(%)

Ruim

(%)

Péssimo

(%)

Qual o estado de conservação da caixa e ramal

de esgoto do imóvel? 14 54 17 4 11

Como o cliente avalia o sistema condominial? 12 43 21 5 18

Qual o nível de relacionamento com seu vizinho

a montante? 32 49 13 1 4

Qual o nível de relacionamento com seu vizinho

a jusante? 32 49 13 1 4

Fonte: O Autor (2017)

Foram questionados quais os principais objetos inapropriados já encontrados no nas

caixas e ramais de esgotos condominial e foram elencados na Figura 08. No ítem diversos foram

agrupados objetos de menor representatividade, como materiais de construção, pedras, papel

higiênico, resto de comida, escovas e dentre outros.

56%23%

21%

RARAMENTE

AS VEZES

FREQUENTEMENTE

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21

Figura 08 - Materiais inadequados encontrados nas caixas de esgoto do sistema condominial

Fonte: O Autor (2017)

A frequência de obstruções no sistema de esgotos condominial no bairro de Santos Reis

foi apontada na Figura 09.

Figura 09 - Frequência de obstruções nos imóveis

Fonte: O Autor (2017)

16%

25%

13%

11%

8%

8%

7%

7%5%

TECIDO

DIVERSOS

PEÇAS ÍNTIMAS

ABSORVENTE

TALHER

FRALDA

PEDRA

PLÁSTICO

AREIA

40%

38%

14%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

FREQUENTEMENTE

AS VEZES

RARAMENTE

NUNCA

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22

Já na Figura 10 mostra a frequência de obstrução antes e depois da realização da

melhoria no sistema de esgoto condominial executado pela concessionária.

Figura 10 - Comparação da frequência de obstrução antes e depois do serviço de melhoria no sistema realizado

pela concessionária

Fonte: O Autor (2017)

4.2 ESTIMATIVA DE CUSTO CONDOMINIAL X CONVENCIONAL

A tabela 05 apesenta o custo da operação por tipologia de esgoto, calculado conforme

explicado anteriormente.

Tabela 05 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo operação)

Fonte: O Autor (2017)

O custo da manutenção dos sistemas de esgoto do tipo condominial e convencional do

bairro de Santos Reis estão apresentados na Tabela 06, sendo representado o custo por ligação

de esgoto.

2%

68%

20%

27%

17%

5%

61%

0%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

ANTES DEPOIS

NUNCA RARAMENTE AS VEZES FREQUENCIA

Tipo

Custo de 03

caminhões

por ano

(R$) - C

Total de

desobstruções

em Natal

(ano) - B

Desobstrução

por tipo

(Ano) - A

Custo de

caminhão por

tipo em

Santos Reis

D = (A/B) *C

Ligações

(unid.)

E

Custo por

ligação

(R$/ligação)

(F = D/E)

Cond. 971.999,64 6.878 136 19.219,53 1.053 18,25

Conv. 971.999,64 6.878 55 7.772,60 166 46,82

FREQUENTE

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23

Tabela 06 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo Manutenção)

Fonte: O Autor (2017)

Portanto, o custo estimado do sistema de esgoto condominial e convencional no bairro

de santos Reis foi obtido somando-se os custos de manutenção e de operação, conforme Tabela

07.

Tabela 07 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo Total)

Tipologia

Custo

Manutenção

(R$)

Custo

Desobstrução

(R$)

Custo

Estimado

(R$)

Condominial 94,55 18,25 112,80

Convencional 41,89 46,82 88,71

Fonte: O Autor (2017)

5. DISCUSSÕES

Conforme dados apresentados na pesquisa, expressivamente em 61% dos imóveis

observados constatou-se a presença de ligação irregular de água de chuva no sistema de esgoto.

Tal irregularidade se deve basicamente a presença de ralos localizados numa área descoberta

do imóvel, geralmente no quintal, cuja área é totalmente impermeável, o que não respeita o

Plano Diretor do Município de Natal, que orienta a deixar uma área de permeabilidade de 20%

da área do terreno. Como não há essa permeabilidade, tal fato gera a impossibilidade da

percolação da água de chuva no solo. Dessa forma, a água escoa para os ralos, os quais são

direcionados para dentro da caixa de inspeção, o que provoca uma sobrecarga em períodos

chuvosos no sistema de esgoto.

Porém, conforme consultas realizadas, 59% dos usuários do sistema alegaram não ter o

conhecimento de que não podia ligar a água de chuva no sistema de esgoto. Tal porcentagem é

similar a dos imóveis onde foi detectada a ligação irregular de água de chuva (61%), o que

pode-se inferir que tal irregularidade foi ocasionada devido à falta de informação dos usuários

a respeito da proibição do lançamento de água de chuva na rede de esgoto.

Considerando um índice pluviométrico médio de Natal de 100 mm/h, calcula-se que a

cada metro quadrado de uma área descoberta contribui com uma vazão avaliada de 1,67 litros

de água por minuto. Porém, a rede de esgotos do sistema condominial não é dimensionada para

receber essa vazão extra e irregular de água, o que acaba por provocar obstruções e até retorno

de esgoto para dentro dos imóveis dos usuários.

Tipologia Custo manutenção

(R$)

Ligações

(unid.)

Custo por

ligação

(R$/ligação)

Condominial 99.558,42 1053 94,55

Convencional 6.953,46 166 41,89

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24

Além disso, a presença desses ralos pode provocar o carreamento de materiais de menor

tamanho, como areia e pedras, os quais foram citados como um dos materiais que os usuários

mais encontram nas caixas do sistema de esgoto condominial, representando 5% e 7% dos

objetos citados, respectivamente. Tais materiais, assim como os demais citados como os tecidos

(16%), peças íntimas (13%), absorventes (11%) e talheres (8%), podem gerar obstruções no

sistema, bem como danificar as bombas das estações elevatórias devido a abrasão nas peças,

comprometendo assim o funcionamento das estações, o que pode levar a extravasamentos de

esgoto “in natura” nas avenidas, córregos, rios e lagos.

Outro dado relevante obtido na pesquisa foi a existência ou não de caixa de gordura nas

instalações internas dos imóveis, sendo que 77% dos imóveis pesquisados não têm caixa de

gordura. Além disso, nos imóveis que continham a caixa de gordura, foi pesquisada a constância

de limpeza nas mesmas, sendo informado que 31% dos entrevistados limpam a caixa de gordura

anualmente; 12% limpam semestralmente; 10% limpam bimestralmente; e 24% limpam

mensalmente, ou seja, 77% dos imóveis que apresentam a caixa de gordura (apenas 33% do

total de entrevistados) não realizam as limpezas no tempo correto, fato esse que compromete a

funcionalidade das caixas de gordura, o que acaba propiciando a entrada de óleos e graxas nas

tubulações.

Quando essa gordura que adentra nas tubulações é resfriada, forma blocos sólidos que

se fixam nas paredes dos tubos, diminuindo assim o espaço para a passagem do esgoto, o que

acarreta em entupimentos e transbordamentos.

O sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial é um sistema tecnicamente

viável e que promove a ideia da universalização da coleta de esgoto nas mais diversas tipologias

topográficas, habitacionais e ocupacionais. Como mostra a pesquisa, 76% dos usuários

categorizaram o sistema de esgoto do tipo condominial de regular a ótimo, mostrando dessa

forma que os usuários aprovam tal sistema de esgotos.

A pesquisa em questão apontou que tal sistema não apresentou problemas devido a

permissividade e permanência dos usuários vizinhos para realizarem as desobstruções dentro

dos seus imóveis: 86% dos entrevistados relataram que os seus vizinhos, tanto a montante

quanto a jusante, autorizaram a realização de desentupimento em seus imóveis; e 87%

afirmaram que os vizinhos estavam em seus domicílios quando necessitou desentupir o seu

sistema através da caixa de sua casa. Além disso, 81% dos entrevistados relataram ter um

relacionamento de bom a ótimo com seus vizinhos, tanto a jusante quanto a montante.

Outro ponto observado foi que em 64% dos imóveis não apresentaram construções

irregulares sobre as caixas de esgoto, tais como cerâmicas e/ou alvenarias, assim como a

presença das caixas em locais inapropriados, como cozinhas, banheiros e quartos. A presença

dessas irregularidades faz com que a ação de desobstrução seja menos eficiente e morosa,

prejudicando assim ainda mais os usuários do sistema.

Um fator importante analisado na pesquisa é que 70% dos entrevistados informaram que

não realizam por conta própria desobstruções no sistema de esgoto condominial dos seus

imóveis, e sim entram em contato com a concessionária para realizar o desentupimento nas

caixas e canalizações; e dos 30% que informaram realizar tais desobstruções, 56% relataram

realizar essas desobstruções raramente; e 23% informaram que realizam “às vezes” tais

desentupimentos por conta própria. Vale ressaltar que uma das ideias básicas do sistema

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25 condominial é que as desobstruções no sistema deveriam ser de responsabilidade dos usuários,

inclusive eventuais manutenções nas tubulações e caixas de esgoto. Porém, a concessionária

local acaba realizando essas desobstruções em virtude de a população alegar não apresentar

condições financeiras para tal manutenção, o que de fato prejudicaria os demais usuários por

ser um sistema coletivo. Dessa forma a concessionária acaba assumindo o ônus e realizando a

devida manutenção do sistema condominial.

Manutenção esta que, para o caso em questão, o sistema condominial apresentou um

custo de R$ 94,55 por ligação de esgoto, enquanto o sistema convencional apresentou um custo

de R$ 41,89. Dessa forma, o custo da manutenção do sistema condominial apresentou um

acréscimo de 125,71% em relação ao custo do convencional nesse bairro. Isso se dá

basicamente devido ao baixo número de intervenções para melhoria no sistema convencional.

No que concerne a operação, os números mostraram o inverso da manutenção. O custo

por ligação de esgoto condominial para operar os ramais foi de R$ 18,25, enquanto para

desobstruir os ramais convencionais foi de R$ 46,82, ou seja, há uma redução de 61,02% nos

custos da operação do condominial em relação ao convencional. Isso acontece porque, apesar

do número de solicitações de desobstrução do convencional ser menor (55 comparado a 136),

a quantidade de ligações de esgoto convencional é bem menor (166 comparado a 1053). Assim,

a quantidade de desobstrução do sistema convencional por ligação de esgoto dessa tipologia

representa 33,13%, enquanto que o condominial representa apenas 12,91%.

Em análise ao custo total de ambos os sistemas, o sistema condominial obteve um valor

maior que o convencional, chegando a apresentar-se 27,15% mais oneroso. O Estudo em

questão mostrou que, nesse caso específico, a operação do sistema condominial, por ser mais

barata, compensou a sua elevada manutenção, o que foi observado o inverso no sistema

convencional. A elevada manutenção do condominial é justificada pela ausência da

interferência nos ramais condominiais pelos moradores. Já a elevada operação do sistema

convencional está diretamente ligada às obstruções das redes e poços de visita das ruas, os quais

estando obstruídos impedem o fluxo de esgoto mais rapidamente nos ramais convencionais que

os condominiais devido a sua extensão ser menor, o que gera um maior número de obstruções

no sistema convencional.

6. CONCLUSÕES

A pesquisa apontou que existe uma incidência muito grande de ligações clandestinas de

água de chuva e da ausência e ineficiência das caixas de gordura nas instalações dos imóveis,

fatores esses que foram apontados como os principais fatores que interferem no custo do sistema

condominial de esgotos em questão.

Dessa forma, propõe-se uma maior divulgação contínua e frequente de esclarecimentos,

conscientização, educação ambiental e penalidades aos usuários do sistema condominial com

relação a essas irregularidades e as desobstruções por mau uso. Essas ações farão com que haja

uma minimização dos custos da operação desse sistema, e consequentemente os custos da

operação do sistema convencional também, uma vez que reduzirá as obstruções nas redes de

esgotos que atendem os ramais convencionais.

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26

A grande maioria dos imóveis visitados apresentaram ser do tipo condominial de fundo

de lote. Assim, salienta-se que o sistema condominial do tipo passeio ou jardim seria mais

vantajoso no sentido de inibir os usuários a realizarem as ligações clandestinas de água de

chuva, uma vez que facilitaria a questão da fiscalização dos órgãos responsáveis devido as

caixas não serem no fundo do lote dos imóveis, e sim na calçada ou jardim, estando assim mais

visíveis e acessíveis.

A manutenção dos ramais intradomiciliares do sistema condominial do caso em questão

é executada pela concessionária, o que gera o aumento do custo considerável na manutenção

desse sistema quando comparado ao convencional. Conforme literatura, a realização da

manutenção da parte intradomiciliar do sistema condominial, a qual representa a maior parte

do custo, deve ser realizada pelos próprios usuários devido a co-participação, não sendo de

responsabilidade da concessionária, uma vez que a tarifa de esgotos é reduzida para tal

finalidade.

Apesar do sistema condominial apresentar um custo de operação mais barato que o

convencional, o custo total do sistema condominial, que nesse caso foi obtido pela soma da

operação e da manutenção, apresentou um valor superior ao custo total do sistema convencional

para o caso em questão. Dessa forma, mesmo o sistema condominial apresentando um custo de

implantação inferior ao sistema convencional, é necessário a realização de uma análise técnico-

econômica do sistema condominial em detrimento ao convencional, pois, ao final da vida útil

desse sistema, o sistema convencional pode-se apresentar-se economicamente mais vantajoso

devido ao seu menor custo de manutenção, como pode ser observado na pesquisa em questão.

Assim, ressalta-se que o sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial é uma

alternativa viável para a solução da universalização das redes coletoras de esgotos desde que

sejam seguidas as premissas básicas do mesmo. Como visto na pesquisa, a participação da

população é de extrema importância para o bom e adequado funcionamento desse sistema,

desde o momento da sua implantação até a sua operação e manutenção, cujo envolvimento

interfere diretamente em seus custos.

7. REFERÊNCIAS

MELO, José Carlos. Sistema Condominial, uma resposta ao desafio da universalização do

saneamento. Brasília, Dezembro de 2008;

NETO, Cícero Onofre de Andrade. Participação da comunidade na implantação e na

operação de sistemas de esgoto, 20° Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e

Ambiental, Anais, Rio de Janeiro, 1999;

LIMA, Fabiana Pereira. Análise das viabilidade técnica e econômica do sistema de coleta

de esgotos condominial em Natal-RN. Uma visão prática da operação e manutenção.

Monografia. IFRN. Natal, 2009;

NETO, José Martiniano de. Tecnologias innovadoras y de bajo costo utilizadas en los

sistemas de alcantarillado. Washington, D.C.: OPS/OMS, 1992;

MORAIS. Luiz Roberto Santos; Avaliação Do Uso E Funcionamento Do Sistema

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27 Condominial De Esgotos Em Área Periurbana. Xxvii Congresso Interamericano de

Engenharia Sanitária e Ambiental: ABES, 1997.

SANTIAGO, Aníbal da Fonseca, Sistema Condominial de coleta de esgoto e tratamento em

decantador digestor seguidos de alagados construídos. Estudo de caso: Município de Nova

Redenção-BA. Monografia, EESC, São Carlos, 2008;

BORJA, P. C, Tecnologia de Sistemas condominiais de esgoto: uma avaliação de sua

aplicação em cidades de diferentes portes. 24° Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária

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FERREIRA, Clarisse Wanderley Souto. Avaliação dos aspectos técnicos e operacionais do

Sistema condominial da Mangueira. Monografia, UFPE, Recife, 2003;

ARIMURA. Ariana Iochie Moraes; et al. Perspectivas e limitações da implantação de um

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ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro de. O plano de Saturnino de Brito para Santos e a

construção da cidade moderna no Brasil. Espaço&Debates, NERU, São Paulo, ano XI, n.18,

p.50-63, 1991;

KLIGERMAN, Débora Cynamon. Esgotamento sanitário: alternativa tecnológica a

tecnologias apropriadas: uma análise técnica, econômica e social. 1995. 154 f. Dissertação

(Mestrado em Planejamento Urbano) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

1995;

FUNASA, Fundação Nacional de Saúde. Departamento de saneamento, Manual de

Saneamento. 3° Edição, Brasília, 1999;

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. Projeto de rede de esgotos. NBR 9649.

Publicada em 1986;

ANUÁRIO NATAL 2015 / Organizado por: Danielle Salviano S. N. Nunes, Francisco Lopes

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