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LUAN RODRIGO ROCHA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO TIPO
CONDOMINIAL DO BAIRRO DE SANTOS REIS, NATAL-RN
NATAL-RN
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Luan Rodrigo Rocha de Oliveira
Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo
condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN.
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos necessários para obtenção do Título
de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador(a): Prof(a) Dr(a). Juliana Delgado
Tinôco
Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Oliveira, Luan Rodrigo Rocha de.
Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de
esgotamento sanitário do tipo condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN / Luan Rodrigo Rocha de Oliveira. - 2017.
27 f.: il.
Artigo Científico (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia
Civil. Natal, RN, 2017.
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Delgado Tinôco.
1. Engenharia civil - Artigo. 2. Sistema condominial -
Artigo. 3. Obstruções - Artigo. 4. Água de chuva - Artigo. 5.
Caixa de gordura - Artigo. 6. Custos - Artigo. I. Tinôco,
Juliana Delgado. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 624
Luan Rodrigo Rocha de Oliveira
Análise dos custos de manutenção e operação do sistema de esgotamento sanitário do tipo
condominial do bairro de Santos Reis, Natal-RN.
Trabalho de conclusão de curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.
Aprovado em 23 de Novembro de 2017:
___________________________________________________ Prof (a). Juliana Delgado Tinôco – Orientador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________
Prof (a). Ada Cristina Scudelari – Examinador interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________
Eng. Raulyson Ferreira de Araújo. – Examinador externo
Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte - CAERN
Natal-RN
2017
DEDICATÓRIA
"Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas
do homem foram conquistadas do que parecia impossível”
(Charles Chaplin)
À minha mãe, dona Livramento, pelo esforço,
sacrifício, dedicação, paciência, carinho, cuidado e
pelo amor que ela tem incondicionalmente por
mim e pelos meus irmãos, Berg e Reniêr, pois sem
ela certamente tal realização não passaria de um
sonho impossível.
.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, dona Livramento, pela mulher guerreira e batalhadora que sempre foi. Mulher
essa que não mede esforços para educar e ver seus filhos bem.
Aos meus irmãos, Berg e Reniêr, pelo exemplo de homens de bem, pela ajuda, críticas,
conselhos e por muitas vezes exercerem a função de pai com seu irmão cacula aqui.
À Professora orientadora Juliana Tinôco, pela vasta experiência e conhecimento que tem sobre
a Engenharia Sanitária, pelo direcionamento dado no início do trabalho, abrindo meus olhos e
me orientando qual o caminho melhor seguir, e pela atenção desde o momento que a chamei
para me ajudar na elaboração desse trabalho. Sou eternamente grato.
Aos irmãos que conquistei no curso de Engenharia Civil que vou levar pra vida toda. Obrigado
por compartilharem noites de estudos, trabalhos intermináveis, lamentações, lanches,
aprovações, e muita risada boa. Obrigado por tudo.
Aos antigos amigos pela companhia e parceria de sempre. Somos irmãos, apenas com pais
diferentes. Obrigado pela preocupação e carinho, mesmo com o distanciamento devido às
atividades e rotinas que cada um leva.
Aos companheiros de trabalho, pela ajuda, apoio e descontração no ambiente de trabalho.
Obrigado por facilitarem e ajudarem a rotina de trabalho ser menos cansativa.
A todos os professores e servidores desta universidade, pelos conhecimentos repassados em
sala de aula, e pelo exemplo de competência que exercem suas funções.
A Deus, pois sei que Ele nunca me abandona, e por saber que ele sempre coloca anjos em meu
caminho.
Luan Rodrigo Rocha de Oliveira
RESUMO
ANÁLISE DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DO SISTEMA DE
ESGOTAMENTO SANITÁRIO DO TIPO CONDOMINIAL DO BAIRRO DE SANTOS
REIS, NATAL-RN
Autor: Luan Rodrigo Rocha de Oliveira
Orientador: Prof(a). Dra. Juliana Delgado Tinôco
Departamento de Engenharia Civil - UFRN
Natal, novembro de 2017
A universalização da prestação dos serviços de saneamento básico ainda é incipiente.
Com relação ao esgotamento sanitário, no Brasil apenas 42,67 % da população tem acesso à
rede coletora e tratamento de esgoto. Dessa maneira o sistema de esgotamento sanitário do tipo
condominial pode ser apontado como uma alternativa para a democratização das redes de
esgotos nas cidades, uma vez que apresenta baixos custos de implantação quando comparado
ao sistema convencional. Porém, quando verificado o número de solicitações de desobstrução
e conserto nos dois sistemas, as solicitações do condominial superam as do convencional.
Assim, foi realizada uma análise dos custos de operação e manutenção do sistema condominial
em detrimento ao convencional no bairro de Santos Reis, uma vez que este bairro apresentou a
maior razão de desobstrução por ligação de esgoto. Além disso, foi realizada uma pesquisa de
campo nesse bairro para verificar quais fatores interferem nos custos do sistema condominial.
A pesquisa apontou que em 61% dos imóveis havia ligação irregular de água de chuva; e que
59% afirmaram não ter o conhecimento de que não podia lançar água de chuva na rede de
esgotos. Além disso, 77% dos entrevistados não apresentaram caixa de gordura nas instalações
internas dos imóveis. Já nos imóveis que apresentaram caixa de gordura, 77% dos usuários não
realizam as limpezas no tempo correto. Além disso, após análise chegou-se o dado que o custo
total do sistema condominial apresentou-se 27,15% mais caro que o convencional. O custo da
manutenção do sistema de esgoto condominial em Santos Reis é 125, 71% mais caro quando
comparado ao convencional do mesmo bairro. Porém, a operação apresentou o inverso: o
sistema condominial apresentou uma redução de 61,02% em relação ao sistema convencional
do bairro de Santos Reis.
Palavras-chave: sistema condominial, obstruções, água de chuva, caixa de gordura, custos
ABSTRACT
ANALYSIS OF THE MAINTENANCE COST AND SEWAGE TREATMENT
OPERATION OF THE CONDOMINIUM TYPE IN THE NEIGHBORHOOD OF
SANTOS REIS, NATAL-RN
Author: Luan Rodrigo Rocha de Oliveira
Advisor: Prof. Dra. Juliana Delgado Tinôco
Departament of Civil Engineering, Federal University of Rio Grande do Norte,
Brazil- UFRN
Natal, november 2017
Universal access to basic sanitation services is still in its infancy. Regarding sanitary
sewage, not only Brazil, 42.67% of the population has access to the sewage collection and
treatment network. In this way, the condominial sewage system can be adapted as an alternative
for the democratization of sewage networks in the cities, since it presents low implantation costs
when compared to the conventional system. However, when checking the number of requests
for unblocking and repair in both systems, as requests of the condominium surpasses as
conventional.Thus, an analysis was made of the operation and maintenance costs of the
condominial system in detriment to the conventional one in the district of Santos Reis, since
this neighborhood presents a greater ratio of unblocking by connection of sewage. In addition,
a field survey was conducted at the bank to verify which factors interfere with the costs of the
condominial system. The survey pointed out that in 61% of the properties that contained
irregular rainwater; and 59% said they did not know that they could not send rainwater into the
sewage system. In addition, 77% of the respondents did not present a box of fat in the internal
facilities of the properties. We have already shown ourselves the fat box, 77% of users do not
perform as cleanings at the correct time. In addition, after the analysis came the data that the
total cost of the condominial and conventional system are connected. However, the cost of
maintaining the condominial sewage system in Santos Reis is 125, 71% more expensive when
compared to conventional ones in the same neighborhood. However, one operation had the
opposite: the condominial system presented a reduction of 61.02% in relation to the
conventional system of the neighborhood of Santos Reis.
Key-words: Condominium type, obstructions, rain water, grease trap, cost
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………...09
2. REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………...10
2.1 SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTOS…………………………………10
2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRAÇADO……………………………………....11
2.3 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA CONDOMINIAL………...13
3. MATERIAIS E MÉTODOS………………………………………………………...13
3.1 SANTOS REIS: BREVE CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO………………14
3.2 PESQUISA DE CAMPO……………………………………………………...15
3.3 ESTIMATIVA DO CUSTO DO SISTEMA CONDOMINIAL EM
COMPARAÇÃO AO SISTEMA CONVENCIONAL EM SANTOS REIS....16
4. RESULTADOS……………………………………………………………………....17
4.1 PESQUISA DE CAMPO……………………………………………………...17
4.2 ESTIMATIVA DE CUSTO CONDOMINIAL X CONVENCIONAL…….....22
5. DISCUSSÕES………………………………………………………………………..23
6. CONCLUSÕES……………………………………………………………………...25
7. REFERÊNCIAS……………………………………………………………………..26
9
Luan Rodrigo Rocha de Oliveira, graduando em Engenharia Civil, UFRN
Juliana Delgado Tinôco, Prof(a). Dr(a)., Departamento de Engenharia Civil da UFRN
1. INTRODUÇÃO
A universalização da prestação dos serviços de saneamento básico, pressuposto
fundamental da Lei Federal nº 11.445/2007, ainda é incipiente. Dados da OMS (2015)
indicavam um déficit de aproximadamente 4 milhões de brasileiros sem acesso a infraestrutura
mínima de banheiros. No Brasil, apenas 42,67 % da população tem acesso à rede coletora e
tratamento de esgoto (SNIS, 2015). Na região Nordeste apenas 32,11% do esgoto é coletado e
tratado (SNIS, 2015). Já no estado do Rio Grande do Norte essa percentagem cai para 22,35%
(SNIS, 2015), enquanto a capital Natal apresenta atualmente apenas 36,5 % da população com
sistema de coleta e tratamento de esgoto. (CAERN, 2016).
O sistema condominial de Esgotos (SCE) é uma modalidade de coleta de esgoto
atualmente usada no Brasil e no mundo. Essa concepção é caracterizada como um conjunto de
conexões de regime de propriedade horizontal, onde cada imóvel de uma determinada quadra
está ligado por uma caixa de inspeção à rede coletiva de esgoto (NETO, 1992), diferindo assim
do sistema convencional, onde os efluentes dos imóveis são lançados única e diretamente na
rede de esgotos da rua.
O SCE tem como premissa básica a redução do custo de implantação quando comparado
com o sistema do tipo convencional, chegando a uma redução de custo em torno de 60%.
(MELO, 1994). Outros autores, como Ibam (2008), afirmam conseguir economias em até 75%
por metro linear nos ramais condominiais em comparação ao convencional. Já Neto (1992)
estima uma redução em torno de 57,5% na implantação do que seria gasto na rede e ramal
convencional.
Assim, o sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial pode surgir como
solução alternativa para a universalização das redes de esgoto das cidades devido ao seu baixo
custo de implantação, sua adaptação à tipologia educacional e habitacional, caracterizada pela
elevada densidade populacional e topografia acidentada (MORAIS, 1997), onde o sistema
convencional encontra dificuldades.
Como é o caso da Cidade de Natal-RN, cujo governo do Estado através do programa
“Sanear RN” pretende tornar Natal a primeira capital do Brasil com 100% das redes coletoras
de esgoto até o final 2018 (CAERN, 2017). Porém o sistema convencional não atende
tecnicamente a todas às condições urbanas da cidade, tornando assim o SCE uma solução.
O cálculo da tarifa de esgoto nas concessionárias e nos sistemas autônomos é obtido
como uma percentagem em relação ao consumo de água. Na Companhia de Saneamento
Ambiental do Distrito Federal (CAESB) a tarifa de esgoto do sistema convencional corresponde
a 100% do consumo de água, enquanto que a tarifa do condominial corresponde a 60% ou 100%
(dependendo da posição do ramal predial) desse consumo. Na companhia de saneamento da
Bahia (EMBASA) o sistema convencional corresponde a 80% do consumo de água, enquanto
que o condominial representa 45%.
Já na Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) o usuário com
esgoto convencional é tarifado em 70% do seu consumo de água, sendo a manutenção do ramal
10 na parte externa de responsabilidade da concessionária. No esgoto condominial, a tarifa é
reduzida para 35%, como forma de compensação, uma vez que a manutenção do sistema
intradomiciliar (tubulações e caixas de inspeção) é de responsabilidade do usuário, inclusive
desobstruções. Porém, a participação da comunidade não é tão efetiva no que tange a
manutenção desse sistema. Assim, a própria concessionária realiza desobstruções e
intervenções nos imóveis dos usuários que alegam não ter condições financeiras para realizar
tais melhorias, mesmo sem ser de sua responsabilidade. Como o sistema condominial é coletivo,
a falta de manutenção pontual num determinado trecho da rede condominial, seja ela preventiva
ou corretiva, acaba prejudicando vários usuários do sistema.
Apesar de ser um sistema de baixo custo de implantação, percebe-se que a incidência
do número de solicitações de desobstrução na manutenção e operação é um pouco elevada.
Segundo Lima (2009), as solicitações de desobstrução no sistema do tipo condominial dos
bairros de Natal superam as do tipo convencional, o que pressupõe maiores gastos na
manutenção e operação desse sistema no decorrer do tempo.
Nesse caso em que a concessionária arca com os custos da manutenção intradomiciliar
do sistema condominial, é possível questionar a validade da economia obtida no momento da
implantação desse sistema em relação aos gastos da sua manutenção e operação.
Dessa forma, o referido trabalho objetiva analisar o custo do sistema condominial e
quais os principais fatores que interferem no custo desse sistema no bairro de Santos Reis, o
qual apresentou a maior incidência de obstrução por ligação de esgoto na cidade de Natal-RN
ao longo de 2014 (CAERN, 2017). Além disso, analisar-se-á isoladamente os custos da
manutenção e da operação do sistema condominial em detrimento aos custos da manutenção e
operação do convencional desse referido bairro também ao longo de 2014, afim de se verificar
a sustentabilidade técnico-econômica desse sistema com o passar dos anos desde sua
implantação em comparação ao sistema convencional.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTOS
O sistema condominial de esgotos foi idealizado no início do século XX através do
Engenheiro Sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito como solução para o plano de
saneamento da cidade paulista de Santos (ANDRADE, 1991).
A concepção básica do sistema condominial está no tratamento dos esgotos de um
conjunto de residências unifamiliares, que pode ser uma quadra, interligada através de uma rede
interna e encaminhada à rede pública em um único ponto apenas. A ideia dos condomínios está
nos edifícios de apartamento, ou seja, na rede que permite o escoamento dos esgotos
(MELO,1994).
A primeira implantação em grande escala desse sistema ocorreu na cidade de Natal na
década de 80 no estado do Rio Grande do Norte através da CAERN nos bairros das Rocas e
Santos Reis, onde no término da obra permitiu o atendimento de 96% das residências desses
bairros (NETO, 1999). Outros municípios também foram contemplados como Currais Novos,
Goianinha, Parnamirim e Santa Cruz (MELO, 2008). Atualmente o SCE está implantado em
11 cidades de grande porte como Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Petrolina e Cuiabá
(MELO, 2008).
Esse sistema foi criado com intuito de universalizar os serviços de esgotamento sanitário
associando tecnologia adequada com a participação da população, a qual é uma das premissas
básicas do SEC, onde os usuários são responsáveis desde a escolha dos locais de passagem das
tubulações e a participação nos custos do sistema, até a participação de sua instalação e
manutenção (SANTIAGO, 2008).
2.2 CARACTERÍSTICAS DO TRAÇADO
O sistema condominial de esgotos apresenta um traçado da rede mais racional, levando
em consideração a topografia do terreno e eventuais obstáculos que possam interferir na
implantação da rede. A principal característica desse sistema é que o esgoto gerado de um lote
é lançado na caixa de inspeção, a qual é construída dentro do lote, e em seguida é passado para
a caixa de um terreno vizinho através dos ramais condominiais intradomiciliares e assim
sucessivamente, até chegar na caixa de saída de quadra, onde são reunidos os dejetos de todos
os imóveis da quadra, e por fim lançado na rede pública de esgotos localizado na rua, como
mostra o esquema da Figura 01.
Já o sistema convencional é caracterizado pela captação do esgoto gerado por cada
residência na caixa de inspeção e posterior lançamento direto na rede pública de esgotos da rua
através dos ramais convencionais, como esquematizado na Figura 02. As caixas de inspeção
são localizadas em passeio público, além de todas as ruas da quadra terem de apresentar redes
de esgotos para atender todos os imóveis.
Figura 01 – Exemplos de traçado do sistema Condominial de esgotos.
Fonte – O Autor (2017)
12
Confrontando as Figura 01 e Figura 02, pode-se observar que no sistema condominial
apresenta uma redução da extensão de rede de esgotos da rua, o que faz com que reduza a
quantidade de tubulação; diminui o volume de escavação, e consequentemente de reaterro e
bota-fora, assim como a retirada e reposição de pavimentação; além da redução do número de
poços de visita na rede de esgotos. Já nos ramais condominiais localizados dentro dos imóveis,
o diâmetro das tubulações é reduzido, assim como a profundidade de escavação das valas.
Estes serviços representam um valor significativo num orçamento de redes de esgotos,
e a redução dos mesmos proporciona uma economia considerável no custo de uma obra. Assim,
podemos citar que as principais vantagens de implantação desse sistema quando comparado ao
sistema convencional são:
Menores custos de implantação;
Maiores facilidades construtivas;
Atende às mais diversas condições topográficas;
O sistema condominial pode ser de três tipos básicos: o de fundo de lote, de jardim ou
de calçada. O ramal de fundo de lote é o mais utilizado em áreas de baixa renda, em função da
ocupação mais intensiva dos lotes. Podemos destacar como principais vantagens à tendência ao
melhor funcionamento e manutenção do sistema; a melhor conservação; e, principalmente o
menor custo decorrente de menores extensões e profundidades, além da diminuição da quebra
de pavimentação. A manutenção dos ramais deve ser de responsabilidade dos usuários, motivo
pelo qual ocorre redução nas tarifas (MELO, 1994).
Figura 02 – Exemplo de traçado do sistema Convencional de esgotos.
Fonte – O Autor (2017)
13
Porém, segundo Borja (2007), a opção de “fundo de lote” deve ser evitada em
decorrência dos possíveis conflitos que possam surgir na etapa da obra (conflitos entre
moradores) e pós-obra (ampliação dos imóveis e extravasamentos dentro dos lotes), mesmo
apresentando a opção de menor extensão de rede condominial devido percorrer os menores
trajetos.
Já o ramal de jardim passa na frente e por dentro dos lotes. A manutenção dos ramais
também é de responsabilidade dos usuários. Há uma diminuição nas vantagens, com relação ao
custo e ao funcionamento, mas permite uma operacionalização mais simplificada (MELO, 1994
e FUNASA, 1999).
O ramal na calçada se situa nos passeios. É a alternativa de maior custo para o usuário
e menores vantagens no funcionamento, pois está mais exposto a sobrecargas e mais sujeito a
falta de cuidados e manutenção pela população. A manutenção dos ramais deverá ser de
responsabilidade da concessionária dos serviços, devido a sua localização pública. (MELO,
1994).
2.3 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA CONDOMINIAL
Segundo Melo (1994), os ramais prediais, individuais ou condominiais, quer sejam
internos ou externos, somente tem seu funcionamento alterado por uma das seguintes razões:
Defeito de construção, percebida pela repetição de problema;
Quebra de canalização, por choque, que pode ser percebida facilmente;
Obstrução por mau uso, causado por lixo ou águas pluviais e solucionado apenas
com educação sanitária;
Sabotagem de estranhos ou vizinhos, que se constitui em crime;
Vale ressaltar que a quebra das tubulações, além de serem ocasionadas por choque,
ocorrem também devido ao desgaste natural dos materiais das caixas de inspeção e das
canalizações, as quais podem ser de manilha cerâmica, material esse menos resistente e mais
suscetível a perda da sua via útil.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Por meio de uma pesquisa de campo foram identificados e analisados os fatores que
interferem no custo da manutenção e operação do sistema de esgotos do tipo condominial.
Dessa forma foi necessário inicialmente realizar um estudo para analisar qual bairro do
município de Natal apresentava a maior incidência de solicitações de desobstrução por ligação
de esgoto, como mostra a Tabela 01. Os bairros da zona norte da cidade não estão presentes
nesse estudo devido estes apresentarem baixa cobertura de coleta de esgotos, dessa forma sendo
desconsiderados. Além disso tais bairros são operados por outra unidade administrativa da
concessionária atual. Os dados desses bairros foram obtidos através do banco de dados do
Programa Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento (GSAN). Esse software foi
elaborado pela Gerência de Informática da CAERN, com o objetivo de cadastrar todas as
14 solicitações dos clientes on-line de forma que possa ser acessada por qualquer funcionário da
empresa utilizando apenas a matrícula do imóvel solicitado.
Portanto, o bairro que apresentou a maior razão entre a quantidade de solicitação de
desobstrução por ligação de esgoto foi o bairro de Santos Reis, chegando a uma razão de 20%.
3.1 SANTOS REIS: BREVE CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO
O bairro de Santos Reis está localizado na zona leste da cidade de Natal, limitando-se
ao norte e leste com o oceano atlântico, ao sul com os bairros de Praia do Meio e Rocas, e a
oeste com o Rio Potengi. Segundo dados da Secretaria Municipal de Urbanismo da Cidade de
Natal, a população desse bairro é de 5.489 habitantes (SEMURB, 2015) e apresenta 1.531
domicílios particulares permanentes (SEMURB, 2015).
Com relação ao sistema de esgotamento sanitário, o referido bairro apresenta 94,57%
dos domicílios particulares permamentes utilizando o sistema de redes de esgotos (SEMURB,
Bairro Desobstrução (D)
Ligações
de esgoto
(E)
Razão (D/E) %
1 Santos Reis 248 1219 20%
2 Bom Pastor 339 1856 18%
3 Felipe Camarão 76 444 17%
4 Ribeira 84 507 17%
5 Rocas 584 3792 15%
6 Dix Sept Rosado 533 3716 14%
7 Praia do Meio 171 1212 14%
8 Quintas 986 7679 13%
9 Cidade da Esperança 663 5552 12%
10 N. Sra. Nazaré 400 3522 11%
11 Petrópolis 195 1834 11%
12 Areia Preta 82 797 10%
13 Nordeste 229 2597 9%
14 Ponta negra 411 5160 8%
15 Alecrim 765 9803 8%
16 Lagoa Seca 124 1630 8%
17 Mãe Luiza 138 2124 6%
18 Tirol 339 5304 6%
19 Cidade Alta 134 2710 5%
20 Lagoa Nova 231 5325 4%
21 Barro Vermelho 100 2643 4%
22 Nova Descoberta 46 2897 2%
Fonte: CAERN (2014)
Tabela 01 - Solicitação de desobstrução e ligações de esgoto por bairros no
município de Natal.
15 2015). Conforme dados da CAERN (2017), existem 166 residências cadastradas no sistema de
esgoto convencional, enquanto que no sistema condominial existem 1053, o que representam
respectivamente 13,62% de imóveis cadastrados no sistema convencional e 86,38% dos
imóveis cadastrados no sistema condominial. Além disso, segundo a CAERN (2017) existem
111 imóveis com cadastro não informado.
3.2 PESQUISA DE CAMPO
Realizou-se uma pesquisa de campo em 211 imóveis do bairro de Santos Reis que
utilizam o sistema condominial de esgoto num total de 1053 residências, fazendo assim uma
amostra com 20% dos usuários que usam essa tipologia de esgoto nesse bairro.
A pesquisa foi realizada no período de março a junho de 2017, durante os finais de
semana, percorrendo todas as ruas desse bairro, sendo o imóvel escolhido na determinada rua
de forma aleatória, realizando em média por dia um total de 15 entrevistas. Foi realizado um
questionário, conforme Figura 03, com 12 perguntas a respeito das condições e do uso dos
moradores com o sistema de esgoto condominial.
Com relação a ação de desobstrução realizada pelo próprio cliente, conforme
Questionamento 10, consultou-se com que frequência os usuários realizam tais desobstruções.
Foi considerada uma desobstrução frequente a que acontece em menos de 2 meses, ou seja, 6
vezes ao ano; uma desobstrução que ocorre “às vezes” com uma frequência de 4 em 4 meses,
ou seja, 3 vezes ao ano; e uma desobstrução dita como rara com um retorno de obstrução em
um ano ou mais.
Observou-se também o estado de conservação da caixa e ramal dos imóveis, conforme
Questionamento 08, e foram estabelecidos os seguintes parâmetros: foi considerada como ótima
uma caixa que estivesse dentro dos padrões da concessionária, ou seja, executada em tijolo
branco, reboco nas paredes da caixa em bom estado, fundo da caixa em concreto magro, calha
de pvc e tampa de concreto com espessura de 5 cm; uma caixa foi considerada boa quando o
reboco da parede da mesma apresentou poucas fissuras e a tampa da caixa estava lacrada e sem
danos; já uma caixa num estado regular apresentou muitas fissuras no reboco e início do
comprometimento da alvenaria, e tampa de caixa com fissuras; uma caixa considerada ruim
apresentou uma reboco desagregando da alvenaria e tampa da caixa entreaberta, possibilitando
assim a entrada de água de chuva e pequenos objetos que possam causar obstrução no sistema;
já uma caixa considerada péssima quando não havia tampa ou estivesse possibilitando a entrada
de objetos grandes que causassem facilmente obstrução no sistema, além da alvenaria da caixa
de esgoto apresentar-se destruída.
Questionou-se aos usuários do sistema a frequência de obstruções nas caixas e ramais
em seus imóveis, conforme Questionamento 04. Analogamente ao Questionamento 10,
considerou-se uma obstrução frequente a que acontece em menos de 2 meses, ou seja, 6 vezes
ao ano; uma obstrução que ocorre “às vezes” com uma frequência de 4 em 4 meses, ou seja, 3
vezes ao ano; e uma obstrução dita como rara com um retorno de um ano ou mais.
16
Endereço: Bairro: Santos Reis
1 – Existe caixa de gordura nas instalações internas dos imóveis?
( ) SIM ( ) NÃO
2 – Existe ligação de água de chuva para a rede de esgotos?
( ) SIM ( ) NÃO
3 – Há construções irregulares sobre as caixas e ramais de esgotos?
( ) SIM ( ) NÃO
4 – Com que frequência ocorre entupimentos no imóvel?
( ) menos de 1 mês ( ) 1 vez por mês ( ) a cada 3 meses
( ) a cada 6 meses ( ) 1 vez por ano
5 – Houve casos onde o vizinho não autorizou a entrada da CAERN para realizar a
desobstrução?
( ) SIM ( ) NÃO
6 – Houve casos onde o vizinho não estava no imóvel e isso fez com que impossibilitasse de
realizar a desobstrução?
( ) SIM ( ) NÃO
7 – Já foi realizada alguma melhoria no sistema de esgotamento sanitário nesse imóvel?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) NÃO SABE INFORMAR
8 – Qual o estado de conservação da caixa e ramal de esgoto do imóvel?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
9 – Como o cliente avalia o sistema condominial?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
10 – Você realiza ações para desobstrução do sistema condominial em sua casa?
( ) SIM ( ) NÃO
Se sim, com que frequência? _______________________________
11 – Quais os principais materiais (resíduos sólidos) encontrados em sua rede coletora de esgoto
que provocaram obstrução da rede?
_______________________________
12 – Qual seu nível de relacionamento com seu vizinho?
A montante do sistema condominial:
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
A Jusante do sistema condominial:
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
3.3 ESTIMATIVA DO CUSTO DO SISTEMA DE ESGOTO CONDOMINIAL
EM COMPARAÇÃO AO CONVENCIONAL EM SANTOS REIS
Para análise da estimativa de custo total do sistema de esgoto condominial em
detrimento ao sistema convencional, foi realizado um estudo do custo da manutenção e da
operação de ambos os sistemas no bairro de Santos Reis.
Figura 03 – Questionário aplicado
Fonte: O autor (2017)
17
Vale salientar que todo o esgoto do bairro de Santos Reis é coletado e tratado na mesma
Estação de Tratamento, na ETE do Baldo, localizado na Rua Capitão Silveira Barreto, no bairro
do Alecrim. Devido ser na mesma estação, o custo para tratar 1 m³ de esgoto é o mesmo, sendo
esse volume de esgoto condominial ou convencional. Assim, a parcela do custo para o
tratamento de esgoto foi desconsiderada.
O custo da manutenção foi obtido através das análises dos boletins de medição dos
serviços de melhoria no sistema de esgoto condominial e convencional do bairro de Santos Reis
ao longo do ano de 2014, e posteriormente foi obtido o custo por ligação de esgoto.
Especificamente nesse bairro ao longo do ano de 2014 existia um contrato específico firmado
entra a CAERN e uma empresa terceirizada para realizar as devidas manutenções no sistema
condominial de esgotos, além de existir outra empresa para realizar as manutenções nas redes
e ramais de esgoto de um modo geral na zona leste da cidade, onde se inclui o citado bairro.
Por esse motivo foi escolhido o ano de 2014 para se fazer o estudo do custo da manutenção do
sistema condominial em Santos Reis.
Para análise do custo de desobstrução nesse sistema, foi obtido através do software
GSAN as solicitações de desobstruções do sistema condominial e convencional do bairro de
Santos Reis ao longo de 2014, além de todas as solicitações de desobstrução nos demais bairros
das zonas sul, leste e oeste de Natal onde existe rede de esgotos em operação.
O custo de um caminhão de desobstrução foi obtido através de composição de custo da
CAERN cuja locação de um caminhão combinado hidrojato e vácuo custaria por mês o valor
de R$ 26.999,99. Esse custo do caminhão já está incluso gastos com mão-de-obra,
equipamentos, EPI´s, insumos, manutenções veiculares, dentre outros aspectos. Assim, a
CAERN trabalha com 03 (três) caminhões de desobstrução hidrojato e vácuo ao longo do mês,
o que totaliza um gasto apenas com caminhões de desobstrução ao longo de um ano de R$
971.999,64 nos bairros de Natal, excetuando-se os da zona norte da cidade.
O custo de caminhão do condominial é obtido pela razão entre o total de desobstruções
no condominial em Santos Reis (A) pelo total de desobstruções nos demais bairros considerados
de Natal (B), multiplicando-se posteriormente tal razão (A/B = C) pelo custo total dos 05
caminhões ao longo do ano (D). Em seguida, divide-se o custo do caminhão por bairro (C*D =
E) pela quantidade de ligação de esgoto (F), obtendo assim o custo dos caminhões de
desobstrução condominial de Santos Reis por ligação de esgoto (E/F = G). O custo para a
operação do sistema de esgoto convencional por ligação de esgoto do bairro de santos Reis
deu-se da mesma maneira.
4. RESULTADOS
4.1 PESQUISA DE CAMPO
Na tabela 02 mostra a percentagem dos imóveis entrevistados que apresentavam caixa
de gordura (Figura 04), sendo representada a frequência de limpeza das caixas de gordura na
Figura 05; além dos imóveis que apresentavam irregularmente ligação de água de chuva para a
rede de esgotos (Figura 06); e a incidência de construções irregulares sobre as caixas e ramais.
18
Tabela 02 - Observações realizadas
Fonte: O Autor (2017)
Figura 04 – Ligação da pia da cozinha direto na caixa de esgotos sem a presença da caixa de gordura (a e b).
Fonte: O Autor (2017).
Figura 05 - Frequência de limpeza na caixa de gordura
Fonte: O Autor (2017)
19%
2%
24%
10%
2%
12%
31%
SEMANAL
QUINZENAL
MENSAL
BIMESTRAL
TRIMESTRAL
SEMESTRAL
ANUAL
Questionamento Sim (%) Não (%)
Existe caixa de gordura? 23 77
Tem incidência de água de chuva? 61 39
Há construções irregulares sobre as caixas e ramais? 37 63
a) b)
19
Figura 06 – Incidência de ralos de água de chuva em áreas impermeáveis (a, c e d) e ligação direta da
calha da água de chuva do telhado para a caixa de esgoto (b).
Fonte: O Autor (2017)
Na tabela 03 apresenta as consultas realizadas junto aos entrevistados quanto ao
conhecimento da irregularidade da ligação de água de chuva no esgoto; bem como a
permanência e autorização dos vizinhos para a realização das desobstruções em seus imóveis;
bem como se a concessionária já realizou alguma melhoria nos ramais condominiais; e se já foi
realizada alguma desobstrução pelo próprio cliente.
Tabela 03 – Consultas realizadas
Questionamento Sim (%) Não (%)
Sabia que é proibida agua de chuva no esgoto? 41 59
Vizinho autorizou a entrada da concessionária para
realizar a desobstrução? 86 14
Vizinho estava no imóvel para realizar
a desobstrução? 87 13
Já foi realizada alguma melhoria no sistema
no imóvel pela concessionária? 36 64
Já foi realizada alguma ação de desobstrução
pelo próprio cliente? 30 70
Fonte: O Autor (2017)
a) b)
c) d)
20 Nos imóveis que informaram realizar a ação de desobstrução por conta própria, foi
analisada com que frequência esses usuários realizam tais desentupimentos, como mostra a
Figura 07.
Figura 07 - Frequência de desobstrução no sistema realizadas pelo próprio cliente.
Fonte: O Autor (2017)
Na tabela 04 foi analisado o estado de conservação da caixa de esgotos; bem como o
grau de satisfação do usuário com o sistema condominial; e o seu nível de relacionamento com
seu vizinho a montante e à jusante dos imóveis entrevistados.
Tabela 04 - Consultas realizadas
Questionamento Ótimo
(%)
Bom
(%)
Regular
(%)
Ruim
(%)
Péssimo
(%)
Qual o estado de conservação da caixa e ramal
de esgoto do imóvel? 14 54 17 4 11
Como o cliente avalia o sistema condominial? 12 43 21 5 18
Qual o nível de relacionamento com seu vizinho
a montante? 32 49 13 1 4
Qual o nível de relacionamento com seu vizinho
a jusante? 32 49 13 1 4
Fonte: O Autor (2017)
Foram questionados quais os principais objetos inapropriados já encontrados no nas
caixas e ramais de esgotos condominial e foram elencados na Figura 08. No ítem diversos foram
agrupados objetos de menor representatividade, como materiais de construção, pedras, papel
higiênico, resto de comida, escovas e dentre outros.
56%23%
21%
RARAMENTE
AS VEZES
FREQUENTEMENTE
21
Figura 08 - Materiais inadequados encontrados nas caixas de esgoto do sistema condominial
Fonte: O Autor (2017)
A frequência de obstruções no sistema de esgotos condominial no bairro de Santos Reis
foi apontada na Figura 09.
Figura 09 - Frequência de obstruções nos imóveis
Fonte: O Autor (2017)
16%
25%
13%
11%
8%
8%
7%
7%5%
TECIDO
DIVERSOS
PEÇAS ÍNTIMAS
ABSORVENTE
TALHER
FRALDA
PEDRA
PLÁSTICO
AREIA
40%
38%
14%
8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
FREQUENTEMENTE
AS VEZES
RARAMENTE
NUNCA
22
Já na Figura 10 mostra a frequência de obstrução antes e depois da realização da
melhoria no sistema de esgoto condominial executado pela concessionária.
Figura 10 - Comparação da frequência de obstrução antes e depois do serviço de melhoria no sistema realizado
pela concessionária
Fonte: O Autor (2017)
4.2 ESTIMATIVA DE CUSTO CONDOMINIAL X CONVENCIONAL
A tabela 05 apesenta o custo da operação por tipologia de esgoto, calculado conforme
explicado anteriormente.
Tabela 05 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo operação)
Fonte: O Autor (2017)
O custo da manutenção dos sistemas de esgoto do tipo condominial e convencional do
bairro de Santos Reis estão apresentados na Tabela 06, sendo representado o custo por ligação
de esgoto.
2%
68%
20%
27%
17%
5%
61%
0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
ANTES DEPOIS
NUNCA RARAMENTE AS VEZES FREQUENCIA
Tipo
Custo de 03
caminhões
por ano
(R$) - C
Total de
desobstruções
em Natal
(ano) - B
Desobstrução
por tipo
(Ano) - A
Custo de
caminhão por
tipo em
Santos Reis
D = (A/B) *C
Ligações
(unid.)
E
Custo por
ligação
(R$/ligação)
(F = D/E)
Cond. 971.999,64 6.878 136 19.219,53 1.053 18,25
Conv. 971.999,64 6.878 55 7.772,60 166 46,82
FREQUENTE
23
Tabela 06 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo Manutenção)
Fonte: O Autor (2017)
Portanto, o custo estimado do sistema de esgoto condominial e convencional no bairro
de santos Reis foi obtido somando-se os custos de manutenção e de operação, conforme Tabela
07.
Tabela 07 – Sistema de Esgoto de Santos Reis (Custo Total)
Tipologia
Custo
Manutenção
(R$)
Custo
Desobstrução
(R$)
Custo
Estimado
(R$)
Condominial 94,55 18,25 112,80
Convencional 41,89 46,82 88,71
Fonte: O Autor (2017)
5. DISCUSSÕES
Conforme dados apresentados na pesquisa, expressivamente em 61% dos imóveis
observados constatou-se a presença de ligação irregular de água de chuva no sistema de esgoto.
Tal irregularidade se deve basicamente a presença de ralos localizados numa área descoberta
do imóvel, geralmente no quintal, cuja área é totalmente impermeável, o que não respeita o
Plano Diretor do Município de Natal, que orienta a deixar uma área de permeabilidade de 20%
da área do terreno. Como não há essa permeabilidade, tal fato gera a impossibilidade da
percolação da água de chuva no solo. Dessa forma, a água escoa para os ralos, os quais são
direcionados para dentro da caixa de inspeção, o que provoca uma sobrecarga em períodos
chuvosos no sistema de esgoto.
Porém, conforme consultas realizadas, 59% dos usuários do sistema alegaram não ter o
conhecimento de que não podia ligar a água de chuva no sistema de esgoto. Tal porcentagem é
similar a dos imóveis onde foi detectada a ligação irregular de água de chuva (61%), o que
pode-se inferir que tal irregularidade foi ocasionada devido à falta de informação dos usuários
a respeito da proibição do lançamento de água de chuva na rede de esgoto.
Considerando um índice pluviométrico médio de Natal de 100 mm/h, calcula-se que a
cada metro quadrado de uma área descoberta contribui com uma vazão avaliada de 1,67 litros
de água por minuto. Porém, a rede de esgotos do sistema condominial não é dimensionada para
receber essa vazão extra e irregular de água, o que acaba por provocar obstruções e até retorno
de esgoto para dentro dos imóveis dos usuários.
Tipologia Custo manutenção
(R$)
Ligações
(unid.)
Custo por
ligação
(R$/ligação)
Condominial 99.558,42 1053 94,55
Convencional 6.953,46 166 41,89
24
Além disso, a presença desses ralos pode provocar o carreamento de materiais de menor
tamanho, como areia e pedras, os quais foram citados como um dos materiais que os usuários
mais encontram nas caixas do sistema de esgoto condominial, representando 5% e 7% dos
objetos citados, respectivamente. Tais materiais, assim como os demais citados como os tecidos
(16%), peças íntimas (13%), absorventes (11%) e talheres (8%), podem gerar obstruções no
sistema, bem como danificar as bombas das estações elevatórias devido a abrasão nas peças,
comprometendo assim o funcionamento das estações, o que pode levar a extravasamentos de
esgoto “in natura” nas avenidas, córregos, rios e lagos.
Outro dado relevante obtido na pesquisa foi a existência ou não de caixa de gordura nas
instalações internas dos imóveis, sendo que 77% dos imóveis pesquisados não têm caixa de
gordura. Além disso, nos imóveis que continham a caixa de gordura, foi pesquisada a constância
de limpeza nas mesmas, sendo informado que 31% dos entrevistados limpam a caixa de gordura
anualmente; 12% limpam semestralmente; 10% limpam bimestralmente; e 24% limpam
mensalmente, ou seja, 77% dos imóveis que apresentam a caixa de gordura (apenas 33% do
total de entrevistados) não realizam as limpezas no tempo correto, fato esse que compromete a
funcionalidade das caixas de gordura, o que acaba propiciando a entrada de óleos e graxas nas
tubulações.
Quando essa gordura que adentra nas tubulações é resfriada, forma blocos sólidos que
se fixam nas paredes dos tubos, diminuindo assim o espaço para a passagem do esgoto, o que
acarreta em entupimentos e transbordamentos.
O sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial é um sistema tecnicamente
viável e que promove a ideia da universalização da coleta de esgoto nas mais diversas tipologias
topográficas, habitacionais e ocupacionais. Como mostra a pesquisa, 76% dos usuários
categorizaram o sistema de esgoto do tipo condominial de regular a ótimo, mostrando dessa
forma que os usuários aprovam tal sistema de esgotos.
A pesquisa em questão apontou que tal sistema não apresentou problemas devido a
permissividade e permanência dos usuários vizinhos para realizarem as desobstruções dentro
dos seus imóveis: 86% dos entrevistados relataram que os seus vizinhos, tanto a montante
quanto a jusante, autorizaram a realização de desentupimento em seus imóveis; e 87%
afirmaram que os vizinhos estavam em seus domicílios quando necessitou desentupir o seu
sistema através da caixa de sua casa. Além disso, 81% dos entrevistados relataram ter um
relacionamento de bom a ótimo com seus vizinhos, tanto a jusante quanto a montante.
Outro ponto observado foi que em 64% dos imóveis não apresentaram construções
irregulares sobre as caixas de esgoto, tais como cerâmicas e/ou alvenarias, assim como a
presença das caixas em locais inapropriados, como cozinhas, banheiros e quartos. A presença
dessas irregularidades faz com que a ação de desobstrução seja menos eficiente e morosa,
prejudicando assim ainda mais os usuários do sistema.
Um fator importante analisado na pesquisa é que 70% dos entrevistados informaram que
não realizam por conta própria desobstruções no sistema de esgoto condominial dos seus
imóveis, e sim entram em contato com a concessionária para realizar o desentupimento nas
caixas e canalizações; e dos 30% que informaram realizar tais desobstruções, 56% relataram
realizar essas desobstruções raramente; e 23% informaram que realizam “às vezes” tais
desentupimentos por conta própria. Vale ressaltar que uma das ideias básicas do sistema
25 condominial é que as desobstruções no sistema deveriam ser de responsabilidade dos usuários,
inclusive eventuais manutenções nas tubulações e caixas de esgoto. Porém, a concessionária
local acaba realizando essas desobstruções em virtude de a população alegar não apresentar
condições financeiras para tal manutenção, o que de fato prejudicaria os demais usuários por
ser um sistema coletivo. Dessa forma a concessionária acaba assumindo o ônus e realizando a
devida manutenção do sistema condominial.
Manutenção esta que, para o caso em questão, o sistema condominial apresentou um
custo de R$ 94,55 por ligação de esgoto, enquanto o sistema convencional apresentou um custo
de R$ 41,89. Dessa forma, o custo da manutenção do sistema condominial apresentou um
acréscimo de 125,71% em relação ao custo do convencional nesse bairro. Isso se dá
basicamente devido ao baixo número de intervenções para melhoria no sistema convencional.
No que concerne a operação, os números mostraram o inverso da manutenção. O custo
por ligação de esgoto condominial para operar os ramais foi de R$ 18,25, enquanto para
desobstruir os ramais convencionais foi de R$ 46,82, ou seja, há uma redução de 61,02% nos
custos da operação do condominial em relação ao convencional. Isso acontece porque, apesar
do número de solicitações de desobstrução do convencional ser menor (55 comparado a 136),
a quantidade de ligações de esgoto convencional é bem menor (166 comparado a 1053). Assim,
a quantidade de desobstrução do sistema convencional por ligação de esgoto dessa tipologia
representa 33,13%, enquanto que o condominial representa apenas 12,91%.
Em análise ao custo total de ambos os sistemas, o sistema condominial obteve um valor
maior que o convencional, chegando a apresentar-se 27,15% mais oneroso. O Estudo em
questão mostrou que, nesse caso específico, a operação do sistema condominial, por ser mais
barata, compensou a sua elevada manutenção, o que foi observado o inverso no sistema
convencional. A elevada manutenção do condominial é justificada pela ausência da
interferência nos ramais condominiais pelos moradores. Já a elevada operação do sistema
convencional está diretamente ligada às obstruções das redes e poços de visita das ruas, os quais
estando obstruídos impedem o fluxo de esgoto mais rapidamente nos ramais convencionais que
os condominiais devido a sua extensão ser menor, o que gera um maior número de obstruções
no sistema convencional.
6. CONCLUSÕES
A pesquisa apontou que existe uma incidência muito grande de ligações clandestinas de
água de chuva e da ausência e ineficiência das caixas de gordura nas instalações dos imóveis,
fatores esses que foram apontados como os principais fatores que interferem no custo do sistema
condominial de esgotos em questão.
Dessa forma, propõe-se uma maior divulgação contínua e frequente de esclarecimentos,
conscientização, educação ambiental e penalidades aos usuários do sistema condominial com
relação a essas irregularidades e as desobstruções por mau uso. Essas ações farão com que haja
uma minimização dos custos da operação desse sistema, e consequentemente os custos da
operação do sistema convencional também, uma vez que reduzirá as obstruções nas redes de
esgotos que atendem os ramais convencionais.
26
A grande maioria dos imóveis visitados apresentaram ser do tipo condominial de fundo
de lote. Assim, salienta-se que o sistema condominial do tipo passeio ou jardim seria mais
vantajoso no sentido de inibir os usuários a realizarem as ligações clandestinas de água de
chuva, uma vez que facilitaria a questão da fiscalização dos órgãos responsáveis devido as
caixas não serem no fundo do lote dos imóveis, e sim na calçada ou jardim, estando assim mais
visíveis e acessíveis.
A manutenção dos ramais intradomiciliares do sistema condominial do caso em questão
é executada pela concessionária, o que gera o aumento do custo considerável na manutenção
desse sistema quando comparado ao convencional. Conforme literatura, a realização da
manutenção da parte intradomiciliar do sistema condominial, a qual representa a maior parte
do custo, deve ser realizada pelos próprios usuários devido a co-participação, não sendo de
responsabilidade da concessionária, uma vez que a tarifa de esgotos é reduzida para tal
finalidade.
Apesar do sistema condominial apresentar um custo de operação mais barato que o
convencional, o custo total do sistema condominial, que nesse caso foi obtido pela soma da
operação e da manutenção, apresentou um valor superior ao custo total do sistema convencional
para o caso em questão. Dessa forma, mesmo o sistema condominial apresentando um custo de
implantação inferior ao sistema convencional, é necessário a realização de uma análise técnico-
econômica do sistema condominial em detrimento ao convencional, pois, ao final da vida útil
desse sistema, o sistema convencional pode-se apresentar-se economicamente mais vantajoso
devido ao seu menor custo de manutenção, como pode ser observado na pesquisa em questão.
Assim, ressalta-se que o sistema de esgotamento sanitário do tipo condominial é uma
alternativa viável para a solução da universalização das redes coletoras de esgotos desde que
sejam seguidas as premissas básicas do mesmo. Como visto na pesquisa, a participação da
população é de extrema importância para o bom e adequado funcionamento desse sistema,
desde o momento da sua implantação até a sua operação e manutenção, cujo envolvimento
interfere diretamente em seus custos.
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ANUÁRIO NATAL 2015 / Organizado por: Danielle Salviano S. N. Nunes, Francisco Lopes
Junior, Euclides Tavares, Carlos Virgílio Sales de Araújo, Ada Laís Soares de Morais, Matheus
Câmara da Costa, Anna Luiza Conegundes Pereira, Lilly Anne Rocha do Gomes. Natal:
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