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LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
A PRAacuteTICA DE ALFABETIZACcedilAtildeO NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PUacuteBLICA
MUNICIPAL
CANOAS 2015
LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
A PRAacuteTICA DE ALFABETIZACcedilAtildeO NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PUacuteBLICA
MUNICIPAL
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada para a banca examinadora do programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle - UNILASALLE como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da Silva
CANOAS 2015
LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada para a banca examinadora do programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle - UNILASALLE como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Aprovado pela banca examinadora em 19 de dezembro de 2014
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da Silva
UNILASALLE
_______________________________________
Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva
UNILASALLE
__________________________________________
Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato
Centro Metodista IPA
__________________________________________
Profordf Drordm Mauro Meirelles
UNILASALLE
Dedico esta dissertaccedilatildeo agraves pessoas mais
presentes em minha vida agrave minha matildee
pelo exemplo de vida ao meu pai pela
generosidade em pessoa ao meu irmatildeo
Roberto pelo carinho e admiraccedilatildeo agrave
Deacutebora minha irmatilde do coraccedilatildeo pelo
incentivo constante e ao Valentino meu
grande amor e maior PRESENTE
AGRADECIMENTOS
Dou iniacutecio a meus agradecimentos por Deus visto que Ele permitiu minha
caminhada ao lado de pessoas tatildeo especiais sem as quais certamente natildeo teria
dado conta
A meus pais Maacuterio e Lili minha eterna gratidatildeo por terem me dado
educaccedilatildeo valores e acima de tudo amor Agrave minha matildee que me gerou e me
alfabetizou quando a escola tinha desacreditado na minha capacidade Obrigada
pelo amor infinito
Ao meu irmatildeo Roberto que do seu modo sempre se orgulhou de mim e me
valorizou Obrigada pela forccedila
Ao Valentino que jaacute me acompanhava dentro da minha barriga pelos
caminhos e salas da Unilasalle sem que eu soubesse e que no uacuteltimo ano esteve
tatildeo presente no desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo que agora inspira-me a querer
ser mais do que fui ateacute hoje
Ao Joabe por ser tatildeo importante na minha vida foi grande motivador para
que eu permanentemente continuasse estudando Obrigada pelo apoio
Agrave minha grande amiga Deacutebora parceira de todas as horas todas mesmo
Obrigada por sua maestria em me ensinar tantas coisas
Agradeccedilo tambeacutem agrave direccedilatildeo e agrave coordenaccedilatildeo da minha escola que se
mostrou aberta e me disponibilizou as saiacutedas necessaacuterias para estar presente nas
aulas que coincidiam com meu turno de trabalho Obrigada pelo incentivo
Agrave escola do municiacutepio escolhido para esta pesquisa pela receptividade e pela
acolhida desde o primeiro momento em que nela cheguei
Sou grata a todos os colegas que fizeram parte desta caminhada pelas
trocas de e-mails de experiecircncias e de dificuldades vivenciadas que me
propiciaram o crescimento
Agradeccedilo a todos os profissionais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo Mestrado do Centro Universitaacuterio La Salle por fazerem parte da
construccedilatildeo de meus conhecimentos acadecircmicos
Meu muito obrigado agraves contribuiccedilotildees do Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva e
da Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato pelas anaacutelises significativas trazidas
na Banca de Qualificaccedilatildeo as quais possibilitaram o aprimoramento desta
dissertaccedilatildeo
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
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organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
25
alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
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campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
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Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
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Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
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oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
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Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
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torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
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pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
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objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
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e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
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evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
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extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
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mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
41
Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
42
e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
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pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
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Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
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alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
51
educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
52
Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
54
qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
55
para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
56
soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
57
Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
58
Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
59
caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
60
Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
61
indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
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fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
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no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
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Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
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diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
67
capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
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Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
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se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
70
[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
72
De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
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luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
75
absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
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afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
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diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
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ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
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reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
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qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
112
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de abril de 2013 Altera a Lei nordm 9394 para dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo e dar outras providecircncias Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia 1996 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Brasiacutelia DF 2010 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo ndeg 04 Brasiacutelia DF 2008 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec wwwcnegovbrgt Acesso em 281013 BRASIL Indagaccedilotildees sobre curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BRASIL Lei Ndeg 11274 6 de Fevereiro de 2006 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 07022006 BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Entendendo o pacto Disponiacutevel em lthttppactomecgovbrcomponentcontentarticle2-uncategorised53-entendento-o-pactogt Acessado em 30042013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2012 Disponiacutevel emlthttpwwwcidadesibgegovbrpaineleducacaophplang=ampcodmun=431340ampsearch=rio-grande-do-sul|novo-hamburgo|infogrE1ficosescolas-docegt Acesso em 11072014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaSecretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do Processo de Implantaccedilatildeo 2ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia 2009 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspasso_a_passo_versao_atual_16_setembropdfgt Acesso em 16112013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa o Brasil do futuro com o comeccedilo que ele merece Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwmecgovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees Gerais Brasiacutelia 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2004
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
114
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115
KATO Mary A No mundo da escrita Uma perspectiva psicolinguiacutestica 2 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1986 KLEIMAN Angela B Modelos de letramento e as praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo na escolardquo In KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do letramento Campinas Satildeo Paulo Mercado de Letras 1995 KRAMER Sonia A infacircncia e sua singularidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LAKATOS Eva Maria amp MARCONI Marina de Andrade Teacutecnicas de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2003 LEAL Telma F ALBUQUERQUE Eliana B G MORAIS Artur G Avaliaccedilatildeo e aprendizagem na escola a praacutetica pedagoacutegica como eixo da reflexatildeo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LIBAcircNEO J C Adeus professor adeus professora Novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 4 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIMA Elvira L Curriacuteculo e desenvolvimento humano In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 LUumlDKE Menga e ANDREacute Marli E D A Pesquisa em educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 1996 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede Rio de Janeiro Abrasco 2004 MOREIRA Antonio F B CANDAU Vera Maria Curriacuteculo conhecimento e cultura In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 MORTATTI M R L (org) Os sentidos da alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2000 MORTATTI M R L (org) Educaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo UNESP 2004 MUNARI Alberto Jean Piaget Alberto Munari traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Daniele Saheb ndash Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010
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NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
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SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
118
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
A PRAacuteTICA DE ALFABETIZACcedilAtildeO NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL UM ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PUacuteBLICA
MUNICIPAL
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada para a banca examinadora do programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle - UNILASALLE como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da Silva
CANOAS 2015
LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada para a banca examinadora do programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle - UNILASALLE como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Aprovado pela banca examinadora em 19 de dezembro de 2014
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da Silva
UNILASALLE
_______________________________________
Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva
UNILASALLE
__________________________________________
Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato
Centro Metodista IPA
__________________________________________
Profordf Drordm Mauro Meirelles
UNILASALLE
Dedico esta dissertaccedilatildeo agraves pessoas mais
presentes em minha vida agrave minha matildee
pelo exemplo de vida ao meu pai pela
generosidade em pessoa ao meu irmatildeo
Roberto pelo carinho e admiraccedilatildeo agrave
Deacutebora minha irmatilde do coraccedilatildeo pelo
incentivo constante e ao Valentino meu
grande amor e maior PRESENTE
AGRADECIMENTOS
Dou iniacutecio a meus agradecimentos por Deus visto que Ele permitiu minha
caminhada ao lado de pessoas tatildeo especiais sem as quais certamente natildeo teria
dado conta
A meus pais Maacuterio e Lili minha eterna gratidatildeo por terem me dado
educaccedilatildeo valores e acima de tudo amor Agrave minha matildee que me gerou e me
alfabetizou quando a escola tinha desacreditado na minha capacidade Obrigada
pelo amor infinito
Ao meu irmatildeo Roberto que do seu modo sempre se orgulhou de mim e me
valorizou Obrigada pela forccedila
Ao Valentino que jaacute me acompanhava dentro da minha barriga pelos
caminhos e salas da Unilasalle sem que eu soubesse e que no uacuteltimo ano esteve
tatildeo presente no desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo que agora inspira-me a querer
ser mais do que fui ateacute hoje
Ao Joabe por ser tatildeo importante na minha vida foi grande motivador para
que eu permanentemente continuasse estudando Obrigada pelo apoio
Agrave minha grande amiga Deacutebora parceira de todas as horas todas mesmo
Obrigada por sua maestria em me ensinar tantas coisas
Agradeccedilo tambeacutem agrave direccedilatildeo e agrave coordenaccedilatildeo da minha escola que se
mostrou aberta e me disponibilizou as saiacutedas necessaacuterias para estar presente nas
aulas que coincidiam com meu turno de trabalho Obrigada pelo incentivo
Agrave escola do municiacutepio escolhido para esta pesquisa pela receptividade e pela
acolhida desde o primeiro momento em que nela cheguei
Sou grata a todos os colegas que fizeram parte desta caminhada pelas
trocas de e-mails de experiecircncias e de dificuldades vivenciadas que me
propiciaram o crescimento
Agradeccedilo a todos os profissionais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo Mestrado do Centro Universitaacuterio La Salle por fazerem parte da
construccedilatildeo de meus conhecimentos acadecircmicos
Meu muito obrigado agraves contribuiccedilotildees do Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva e
da Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato pelas anaacutelises significativas trazidas
na Banca de Qualificaccedilatildeo as quais possibilitaram o aprimoramento desta
dissertaccedilatildeo
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
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organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
25
alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
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campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
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Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
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Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
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oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
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Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
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torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
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pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
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objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
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e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
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evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
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extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
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mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
40
conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
41
Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
42
e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
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pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
44
Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
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alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
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educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
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Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
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qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
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para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
56
soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
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Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
58
Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
59
caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
60
Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
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indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
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fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
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no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
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Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
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diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
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capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
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Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
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se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
70
[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
72
De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
74
luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
75
absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
76
afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
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diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
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ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
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reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
81
qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
112
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113
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
114
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NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
117
SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
118
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
LUCIANA JOSEacuteLIA CORREcircA CHERUTI
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada para a banca examinadora do programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle - UNILASALLE como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Educaccedilatildeo
Aprovado pela banca examinadora em 19 de dezembro de 2014
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da Silva
UNILASALLE
_______________________________________
Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva
UNILASALLE
__________________________________________
Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato
Centro Metodista IPA
__________________________________________
Profordf Drordm Mauro Meirelles
UNILASALLE
Dedico esta dissertaccedilatildeo agraves pessoas mais
presentes em minha vida agrave minha matildee
pelo exemplo de vida ao meu pai pela
generosidade em pessoa ao meu irmatildeo
Roberto pelo carinho e admiraccedilatildeo agrave
Deacutebora minha irmatilde do coraccedilatildeo pelo
incentivo constante e ao Valentino meu
grande amor e maior PRESENTE
AGRADECIMENTOS
Dou iniacutecio a meus agradecimentos por Deus visto que Ele permitiu minha
caminhada ao lado de pessoas tatildeo especiais sem as quais certamente natildeo teria
dado conta
A meus pais Maacuterio e Lili minha eterna gratidatildeo por terem me dado
educaccedilatildeo valores e acima de tudo amor Agrave minha matildee que me gerou e me
alfabetizou quando a escola tinha desacreditado na minha capacidade Obrigada
pelo amor infinito
Ao meu irmatildeo Roberto que do seu modo sempre se orgulhou de mim e me
valorizou Obrigada pela forccedila
Ao Valentino que jaacute me acompanhava dentro da minha barriga pelos
caminhos e salas da Unilasalle sem que eu soubesse e que no uacuteltimo ano esteve
tatildeo presente no desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo que agora inspira-me a querer
ser mais do que fui ateacute hoje
Ao Joabe por ser tatildeo importante na minha vida foi grande motivador para
que eu permanentemente continuasse estudando Obrigada pelo apoio
Agrave minha grande amiga Deacutebora parceira de todas as horas todas mesmo
Obrigada por sua maestria em me ensinar tantas coisas
Agradeccedilo tambeacutem agrave direccedilatildeo e agrave coordenaccedilatildeo da minha escola que se
mostrou aberta e me disponibilizou as saiacutedas necessaacuterias para estar presente nas
aulas que coincidiam com meu turno de trabalho Obrigada pelo incentivo
Agrave escola do municiacutepio escolhido para esta pesquisa pela receptividade e pela
acolhida desde o primeiro momento em que nela cheguei
Sou grata a todos os colegas que fizeram parte desta caminhada pelas
trocas de e-mails de experiecircncias e de dificuldades vivenciadas que me
propiciaram o crescimento
Agradeccedilo a todos os profissionais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo Mestrado do Centro Universitaacuterio La Salle por fazerem parte da
construccedilatildeo de meus conhecimentos acadecircmicos
Meu muito obrigado agraves contribuiccedilotildees do Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva e
da Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato pelas anaacutelises significativas trazidas
na Banca de Qualificaccedilatildeo as quais possibilitaram o aprimoramento desta
dissertaccedilatildeo
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
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organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
25
alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
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campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
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Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
29
Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
30
oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
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Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
32
torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
33
pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
35
objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
36
e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
37
evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
38
extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
39
mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
41
Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
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e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
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pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
44
Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
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alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
51
educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
52
Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
54
qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
55
para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
56
soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
57
Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
58
Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
59
caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
60
Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
61
indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
62
fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
63
no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
64
Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
66
diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
67
capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
68
Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
69
se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
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[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
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De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
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luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
75
absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
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afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
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diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
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ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
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reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
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qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
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grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
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NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
117
SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
118
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
Dedico esta dissertaccedilatildeo agraves pessoas mais
presentes em minha vida agrave minha matildee
pelo exemplo de vida ao meu pai pela
generosidade em pessoa ao meu irmatildeo
Roberto pelo carinho e admiraccedilatildeo agrave
Deacutebora minha irmatilde do coraccedilatildeo pelo
incentivo constante e ao Valentino meu
grande amor e maior PRESENTE
AGRADECIMENTOS
Dou iniacutecio a meus agradecimentos por Deus visto que Ele permitiu minha
caminhada ao lado de pessoas tatildeo especiais sem as quais certamente natildeo teria
dado conta
A meus pais Maacuterio e Lili minha eterna gratidatildeo por terem me dado
educaccedilatildeo valores e acima de tudo amor Agrave minha matildee que me gerou e me
alfabetizou quando a escola tinha desacreditado na minha capacidade Obrigada
pelo amor infinito
Ao meu irmatildeo Roberto que do seu modo sempre se orgulhou de mim e me
valorizou Obrigada pela forccedila
Ao Valentino que jaacute me acompanhava dentro da minha barriga pelos
caminhos e salas da Unilasalle sem que eu soubesse e que no uacuteltimo ano esteve
tatildeo presente no desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo que agora inspira-me a querer
ser mais do que fui ateacute hoje
Ao Joabe por ser tatildeo importante na minha vida foi grande motivador para
que eu permanentemente continuasse estudando Obrigada pelo apoio
Agrave minha grande amiga Deacutebora parceira de todas as horas todas mesmo
Obrigada por sua maestria em me ensinar tantas coisas
Agradeccedilo tambeacutem agrave direccedilatildeo e agrave coordenaccedilatildeo da minha escola que se
mostrou aberta e me disponibilizou as saiacutedas necessaacuterias para estar presente nas
aulas que coincidiam com meu turno de trabalho Obrigada pelo incentivo
Agrave escola do municiacutepio escolhido para esta pesquisa pela receptividade e pela
acolhida desde o primeiro momento em que nela cheguei
Sou grata a todos os colegas que fizeram parte desta caminhada pelas
trocas de e-mails de experiecircncias e de dificuldades vivenciadas que me
propiciaram o crescimento
Agradeccedilo a todos os profissionais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo Mestrado do Centro Universitaacuterio La Salle por fazerem parte da
construccedilatildeo de meus conhecimentos acadecircmicos
Meu muito obrigado agraves contribuiccedilotildees do Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva e
da Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato pelas anaacutelises significativas trazidas
na Banca de Qualificaccedilatildeo as quais possibilitaram o aprimoramento desta
dissertaccedilatildeo
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
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organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
25
alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
26
campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
27
Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
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Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
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oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
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Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
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torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
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pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
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objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
36
e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
37
evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
38
extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
39
mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
41
Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
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e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
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pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
44
Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
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alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
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(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
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2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
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importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
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educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
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Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
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da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
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qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
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para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
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soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
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Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
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Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
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caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
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Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
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indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
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fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
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no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
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Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
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diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
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capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
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Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
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se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
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[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
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De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
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luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
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absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
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afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
78
diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
79
ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
80
reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
81
qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
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BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de abril de 2013 Altera a Lei nordm 9394 para dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo e dar outras providecircncias Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia 1996 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Brasiacutelia DF 2010 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo ndeg 04 Brasiacutelia DF 2008 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec wwwcnegovbrgt Acesso em 281013 BRASIL Indagaccedilotildees sobre curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BRASIL Lei Ndeg 11274 6 de Fevereiro de 2006 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 07022006 BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Entendendo o pacto Disponiacutevel em lthttppactomecgovbrcomponentcontentarticle2-uncategorised53-entendento-o-pactogt Acessado em 30042013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2012 Disponiacutevel emlthttpwwwcidadesibgegovbrpaineleducacaophplang=ampcodmun=431340ampsearch=rio-grande-do-sul|novo-hamburgo|infogrE1ficosescolas-docegt Acesso em 11072014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaSecretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do Processo de Implantaccedilatildeo 2ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia 2009 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspasso_a_passo_versao_atual_16_setembropdfgt Acesso em 16112013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa o Brasil do futuro com o comeccedilo que ele merece Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwmecgovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees Gerais Brasiacutelia 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2004
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
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DURAN M C G Ensino Fundamental de nove anos argumentando sobre alguns dos seus sentidos In SILVA A M M et al Poliacuteticas Educacionais tecnologias e formaccedilatildeo do educador repercussotildees sobre a didaacutetica e as praacuteticas de ensino RecifePE 2006 FALKEMBACH E M F Diaacuterio de Campo um instrumento de reflexatildeo Revista ContextoEducaccedilatildeo Ijuiacute Unijuiacute v 7 sd 1987 FERREIRA Mauro Aprender e praticar gramaacutetica Satildeo Paulo Editora FTD 2003 FERREIRO Emilia e TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Artmed Editora Porto Alegre 1999 FERREIRO Emiacutelia Passado e presente dos verbos ler e escrever Satildeo Paulo Cortez 2002 Fonte artigo de HADDAD Seacutergio DI PIERRO Maria Clara Escolarizaccedilatildeo de jovens e adultos Revista Brasileira de Educaccedilatildeo MaiJunJulAgo 2000 Nordm 14 Disponiacutevel em lthttpanpedorgbrrberbedigitalRBDE14RBDE14_08_SERGIO_HADDAD_E_MARIA_CLARA_DI_PIERROpdfgt Acesso em 16112013 FREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler Satildeo Paulo 41ordf ed Cortez 2001 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 GOMES Lino G Diversidade e Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 GOULART Ceciacutelia A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico alfabetizaccedilatildeo e letramento como eixos orientadores Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 HIGOUNET C Histoacuteria concisa da escrita Satildeo Paulo Paraacutebola 2003 HOUAISS Antonio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2013 INEP Provinha Brasil Disponiacutevel em lthttpprovinhabrasilinepgovbr Acesso em 5 de novembro de 2013 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Indicadores sociais municipais uma anaacutelise dos resultados do universo do censo demograacutefico 2010 Rio de Janeiro IBGE 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocenso2010indicadores_sociais_municipaisindicadores_sociais_municipaispdfgt Acesso em 30 de outubro de 2013
115
KATO Mary A No mundo da escrita Uma perspectiva psicolinguiacutestica 2 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1986 KLEIMAN Angela B Modelos de letramento e as praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo na escolardquo In KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do letramento Campinas Satildeo Paulo Mercado de Letras 1995 KRAMER Sonia A infacircncia e sua singularidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LAKATOS Eva Maria amp MARCONI Marina de Andrade Teacutecnicas de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2003 LEAL Telma F ALBUQUERQUE Eliana B G MORAIS Artur G Avaliaccedilatildeo e aprendizagem na escola a praacutetica pedagoacutegica como eixo da reflexatildeo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LIBAcircNEO J C Adeus professor adeus professora Novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 4 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIMA Elvira L Curriacuteculo e desenvolvimento humano In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 LUumlDKE Menga e ANDREacute Marli E D A Pesquisa em educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 1996 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede Rio de Janeiro Abrasco 2004 MOREIRA Antonio F B CANDAU Vera Maria Curriacuteculo conhecimento e cultura In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 MORTATTI M R L (org) Os sentidos da alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2000 MORTATTI M R L (org) Educaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo UNESP 2004 MUNARI Alberto Jean Piaget Alberto Munari traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Daniele Saheb ndash Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010
116
NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
117
SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
118
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
AGRADECIMENTOS
Dou iniacutecio a meus agradecimentos por Deus visto que Ele permitiu minha
caminhada ao lado de pessoas tatildeo especiais sem as quais certamente natildeo teria
dado conta
A meus pais Maacuterio e Lili minha eterna gratidatildeo por terem me dado
educaccedilatildeo valores e acima de tudo amor Agrave minha matildee que me gerou e me
alfabetizou quando a escola tinha desacreditado na minha capacidade Obrigada
pelo amor infinito
Ao meu irmatildeo Roberto que do seu modo sempre se orgulhou de mim e me
valorizou Obrigada pela forccedila
Ao Valentino que jaacute me acompanhava dentro da minha barriga pelos
caminhos e salas da Unilasalle sem que eu soubesse e que no uacuteltimo ano esteve
tatildeo presente no desenvolvimento desta dissertaccedilatildeo que agora inspira-me a querer
ser mais do que fui ateacute hoje
Ao Joabe por ser tatildeo importante na minha vida foi grande motivador para
que eu permanentemente continuasse estudando Obrigada pelo apoio
Agrave minha grande amiga Deacutebora parceira de todas as horas todas mesmo
Obrigada por sua maestria em me ensinar tantas coisas
Agradeccedilo tambeacutem agrave direccedilatildeo e agrave coordenaccedilatildeo da minha escola que se
mostrou aberta e me disponibilizou as saiacutedas necessaacuterias para estar presente nas
aulas que coincidiam com meu turno de trabalho Obrigada pelo incentivo
Agrave escola do municiacutepio escolhido para esta pesquisa pela receptividade e pela
acolhida desde o primeiro momento em que nela cheguei
Sou grata a todos os colegas que fizeram parte desta caminhada pelas
trocas de e-mails de experiecircncias e de dificuldades vivenciadas que me
propiciaram o crescimento
Agradeccedilo a todos os profissionais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Educaccedilatildeo Mestrado do Centro Universitaacuterio La Salle por fazerem parte da
construccedilatildeo de meus conhecimentos acadecircmicos
Meu muito obrigado agraves contribuiccedilotildees do Profordm Drordm Gilberto Ferreira da Silva e
da Profordf Drordf Margareth Fadanelli Simionato pelas anaacutelises significativas trazidas
na Banca de Qualificaccedilatildeo as quais possibilitaram o aprimoramento desta
dissertaccedilatildeo
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
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consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
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2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
24
organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
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alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
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campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
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Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
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Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
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oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
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Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
32
torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
33
pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
35
objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
36
e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
37
evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
38
extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
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mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
41
Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
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e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
43
pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
44
Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
45
alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
51
educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
52
Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
54
qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
55
para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
56
soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
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Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
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Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
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caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
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Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
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indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
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fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
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no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
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Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
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diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
67
capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
68
Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
69
se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
70
[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
72
De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
74
luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
75
absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
76
afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
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diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
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ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
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reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
81
qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
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BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de abril de 2013 Altera a Lei nordm 9394 para dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo e dar outras providecircncias Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia 1996 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Brasiacutelia DF 2010 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo ndeg 04 Brasiacutelia DF 2008 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec wwwcnegovbrgt Acesso em 281013 BRASIL Indagaccedilotildees sobre curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BRASIL Lei Ndeg 11274 6 de Fevereiro de 2006 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 07022006 BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Entendendo o pacto Disponiacutevel em lthttppactomecgovbrcomponentcontentarticle2-uncategorised53-entendento-o-pactogt Acessado em 30042013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2012 Disponiacutevel emlthttpwwwcidadesibgegovbrpaineleducacaophplang=ampcodmun=431340ampsearch=rio-grande-do-sul|novo-hamburgo|infogrE1ficosescolas-docegt Acesso em 11072014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaSecretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do Processo de Implantaccedilatildeo 2ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia 2009 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspasso_a_passo_versao_atual_16_setembropdfgt Acesso em 16112013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa o Brasil do futuro com o comeccedilo que ele merece Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwmecgovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees Gerais Brasiacutelia 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2004
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
114
DURAN M C G Ensino Fundamental de nove anos argumentando sobre alguns dos seus sentidos In SILVA A M M et al Poliacuteticas Educacionais tecnologias e formaccedilatildeo do educador repercussotildees sobre a didaacutetica e as praacuteticas de ensino RecifePE 2006 FALKEMBACH E M F Diaacuterio de Campo um instrumento de reflexatildeo Revista ContextoEducaccedilatildeo Ijuiacute Unijuiacute v 7 sd 1987 FERREIRA Mauro Aprender e praticar gramaacutetica Satildeo Paulo Editora FTD 2003 FERREIRO Emilia e TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Artmed Editora Porto Alegre 1999 FERREIRO Emiacutelia Passado e presente dos verbos ler e escrever Satildeo Paulo Cortez 2002 Fonte artigo de HADDAD Seacutergio DI PIERRO Maria Clara Escolarizaccedilatildeo de jovens e adultos Revista Brasileira de Educaccedilatildeo MaiJunJulAgo 2000 Nordm 14 Disponiacutevel em lthttpanpedorgbrrberbedigitalRBDE14RBDE14_08_SERGIO_HADDAD_E_MARIA_CLARA_DI_PIERROpdfgt Acesso em 16112013 FREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler Satildeo Paulo 41ordf ed Cortez 2001 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 GOMES Lino G Diversidade e Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 GOULART Ceciacutelia A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico alfabetizaccedilatildeo e letramento como eixos orientadores Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 HIGOUNET C Histoacuteria concisa da escrita Satildeo Paulo Paraacutebola 2003 HOUAISS Antonio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2013 INEP Provinha Brasil Disponiacutevel em lthttpprovinhabrasilinepgovbr Acesso em 5 de novembro de 2013 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Indicadores sociais municipais uma anaacutelise dos resultados do universo do censo demograacutefico 2010 Rio de Janeiro IBGE 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocenso2010indicadores_sociais_municipaisindicadores_sociais_municipaispdfgt Acesso em 30 de outubro de 2013
115
KATO Mary A No mundo da escrita Uma perspectiva psicolinguiacutestica 2 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1986 KLEIMAN Angela B Modelos de letramento e as praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo na escolardquo In KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do letramento Campinas Satildeo Paulo Mercado de Letras 1995 KRAMER Sonia A infacircncia e sua singularidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LAKATOS Eva Maria amp MARCONI Marina de Andrade Teacutecnicas de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2003 LEAL Telma F ALBUQUERQUE Eliana B G MORAIS Artur G Avaliaccedilatildeo e aprendizagem na escola a praacutetica pedagoacutegica como eixo da reflexatildeo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LIBAcircNEO J C Adeus professor adeus professora Novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 4 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIMA Elvira L Curriacuteculo e desenvolvimento humano In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 LUumlDKE Menga e ANDREacute Marli E D A Pesquisa em educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 1996 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede Rio de Janeiro Abrasco 2004 MOREIRA Antonio F B CANDAU Vera Maria Curriacuteculo conhecimento e cultura In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 MORTATTI M R L (org) Os sentidos da alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2000 MORTATTI M R L (org) Educaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo UNESP 2004 MUNARI Alberto Jean Piaget Alberto Munari traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Daniele Saheb ndash Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010
116
NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
117
SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
118
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
Em especial meu agradecimento agrave Profordf Drordf Denise Regina Quaresma da
Silva minha orientadora pelas reflexotildees e pelas indagaccedilotildees durante a construccedilatildeo
deste trabalho Obrigada professora pela sua postura criacutetica eacutetica e sensiacutevel neste
percurso da minha trajetoacuteria
Bom agradecer pode ser a expressatildeo de uma emoccedilatildeo um jeito de dizer que
o carinho a cooperaccedilatildeo a parceria de algueacutem foi significativa em determinada
conquista Obrigada eacute uma palavra que recebe relevacircncia maior quando
reconhecemos que nossas conquistas dependem tambeacutem dos outros Por isso
meu muito obrigada a todos
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
24
organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
25
alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
26
campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
27
Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
28
brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
29
Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
30
oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
31
Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
32
torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
33
pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
34
O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
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objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
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e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
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evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
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extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
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mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
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Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
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e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
43
pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
44
Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
45
alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
51
educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
52
Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
54
qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
55
para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
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soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
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Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
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Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
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caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
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Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
61
indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
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fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
63
no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
64
Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
65
na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
66
diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
67
capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
68
Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
69
se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
70
[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
71
refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
72
De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
74
luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
75
absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
76
afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
77
mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
78
diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
79
ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
80
reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
81
qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
83
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
112
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
114
DURAN M C G Ensino Fundamental de nove anos argumentando sobre alguns dos seus sentidos In SILVA A M M et al Poliacuteticas Educacionais tecnologias e formaccedilatildeo do educador repercussotildees sobre a didaacutetica e as praacuteticas de ensino RecifePE 2006 FALKEMBACH E M F Diaacuterio de Campo um instrumento de reflexatildeo Revista ContextoEducaccedilatildeo Ijuiacute Unijuiacute v 7 sd 1987 FERREIRA Mauro Aprender e praticar gramaacutetica Satildeo Paulo Editora FTD 2003 FERREIRO Emilia e TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Artmed Editora Porto Alegre 1999 FERREIRO Emiacutelia Passado e presente dos verbos ler e escrever Satildeo Paulo Cortez 2002 Fonte artigo de HADDAD Seacutergio DI PIERRO Maria Clara Escolarizaccedilatildeo de jovens e adultos Revista Brasileira de Educaccedilatildeo MaiJunJulAgo 2000 Nordm 14 Disponiacutevel em lthttpanpedorgbrrberbedigitalRBDE14RBDE14_08_SERGIO_HADDAD_E_MARIA_CLARA_DI_PIERROpdfgt Acesso em 16112013 FREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler Satildeo Paulo 41ordf ed Cortez 2001 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 GOMES Lino G Diversidade e Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 GOULART Ceciacutelia A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico alfabetizaccedilatildeo e letramento como eixos orientadores Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 HIGOUNET C Histoacuteria concisa da escrita Satildeo Paulo Paraacutebola 2003 HOUAISS Antonio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2013 INEP Provinha Brasil Disponiacutevel em lthttpprovinhabrasilinepgovbr Acesso em 5 de novembro de 2013 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Indicadores sociais municipais uma anaacutelise dos resultados do universo do censo demograacutefico 2010 Rio de Janeiro IBGE 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocenso2010indicadores_sociais_municipaisindicadores_sociais_municipaispdfgt Acesso em 30 de outubro de 2013
115
KATO Mary A No mundo da escrita Uma perspectiva psicolinguiacutestica 2 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1986 KLEIMAN Angela B Modelos de letramento e as praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo na escolardquo In KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do letramento Campinas Satildeo Paulo Mercado de Letras 1995 KRAMER Sonia A infacircncia e sua singularidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LAKATOS Eva Maria amp MARCONI Marina de Andrade Teacutecnicas de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2003 LEAL Telma F ALBUQUERQUE Eliana B G MORAIS Artur G Avaliaccedilatildeo e aprendizagem na escola a praacutetica pedagoacutegica como eixo da reflexatildeo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LIBAcircNEO J C Adeus professor adeus professora Novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 4 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIMA Elvira L Curriacuteculo e desenvolvimento humano In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 LUumlDKE Menga e ANDREacute Marli E D A Pesquisa em educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 1996 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede Rio de Janeiro Abrasco 2004 MOREIRA Antonio F B CANDAU Vera Maria Curriacuteculo conhecimento e cultura In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 MORTATTI M R L (org) Os sentidos da alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2000 MORTATTI M R L (org) Educaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo UNESP 2004 MUNARI Alberto Jean Piaget Alberto Munari traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Daniele Saheb ndash Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010
116
NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
117
SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
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ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
119
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)
ldquoDe todas as coisas com que me envolvi em meus primeiros anos de
vida nada desperta em mim mais saudades que o jogo das letras Isso
prova como foi parte integrante da minha infacircncia O que busco nele
na verdade eacute ela mesma a infacircncia por inteiro tal qual a sabia
manipular a matildeo que empurrava as letras no filete onde se ordenava
como uma palavra A matildeo pode ainda sonhar com essa manipulaccedilatildeo
mas nunca mais poderaacute despertar para realizaacute-la de fato Assim posso
sonhar como no passado aprendi a andar Mas de nada adianta Hoje
sei andar poreacutem nunca mais poderei tornar a aprendecirc-lordquo
(BENJAMIN 1995 p 104-105)
RESUMO
Esta investigaccedilatildeo inserida na linha de pesquisa Formaccedilatildeo de Professores Teorias
e Praacuteticas Educativas do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro
Universitaacuterio La Salle - Unilasalle ndash tem como objetivo analisar a correlaccedilatildeo entre os
aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma
de 1deg ano numa escola da rede puacuteblica municipal de Novo HamburgoRio Grande
do Sul Os principais aportes teoacutericos utilizados advecircm de autores como Piaget
(1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky (1999) Mortatti (2000)
Soares (2003) Noacutevoa (2006) e Arroyo (2007) Este estudo tem cunho metodoloacutegico
qualitativo optando-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma
escola de ensino puacuteblico municipal por meio de entrevista semiestruturada
observaccedilotildees e anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada
tendo como base a anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988) Ao longo da
pesquisa verificou-se que haacute lacunas entre os discursos e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
no ensino fundamental Percebeu-se a inquietude da professora em priorizar a
alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade Tambeacutem se evidenciou uma preocupaccedilatildeo por
parte da educadora no que diz respeito agraves dificuldades encontradas no que
concerne agraves diferenccedilas sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias
acarretando impasses para a evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Entretanto constatou-se que apesar da escola oportunizar condiccedilotildees tanto em
termos ambientais quanto de recursos de ensino os mesmos natildeo foram utilizados
de forma a explorar toda a gama de possibilidades que apresentavam Concluiu-se
ao longo da pesquisa que haacute lacunas entre os discursos e o fazer pedagoacutegico bem
como um distanciamento entre a teoria e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental Devido a esses entendimentos nota-se que muito se tem a pesquisar
e a refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados
Palavras-chave Alfabetizaccedilatildeo 1deg ano do ensino fundamental de nove anos
Aspectos legais Praacutetica docente
ABSTRACT
This study is inserted in a research line called ldquoTeachers formation teaching practice
and theoryrdquo of the postgraduate program in education of La Salle University and
analyzes the correlation among the legal aspects MEC (Ministry of Education and
Culture) guidelines and the literacy practice in the first year of an elementary school
in the city of Novo Hamburgo The main theoretical contributions used come from
authors such as Piaget (1990) Vygotsky (1994) Freire (2001) Ferreiro e Teberosky
(1999) Mortatti (2000) Soares (2003) Noacutevoa (2006) and Arroyo (2007) This work
has a qualitative methodological nature using a case study The data collection has
taken place in a public school in the city of Novo Hamburgo through semi-structured
interviews observations and notes in a field diary The data analysis was carried out
based on analysis proposed by Bardin (1988) During the research it has been
verified that there is a gap between the speech and the literacy practice in regards to
the elementary school It was perceived the attention of the teacher in prioritize the
literacy process through playfulness It was noticed that the teacher emphasizes
what regards to the social disparities and to the families literacy universe leading to
difficulties to the acquisition of reading and writing material However it was found
that although the school gave the resources and a good ambience they were not
used in a way to explore the whole opportunities that they gave It was concluded
along the research that there are plenty of gaps between the speeches and the
pedagogical actions as well as a detachment between the theory and literacy
practice in the elementary school Due to these understandings it follows that there
is still a lot to be searched and reflected about the subject and that more studies
concerning these matters should be carried out
Key words Literacy First year of elementary school of a nine-year period Legal
aspects Teaching practice
LISTAGEM DAS SIGLAS UTILIZADAS
ANA - Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo
ANEB - Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica
ANRESC - Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar
CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel Superior
CEB - Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
CEPLAR - Campanha de Educaccedilatildeo Popular
COEF - Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
CPC - Centro Popular de Cultura
DCOCEB - Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo
Baacutesica
DCNEB - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo Baacutesica
DCNEF - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
DPE - Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo Infantil e Ensino Fundamental
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDEB - Iacutendice de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica
IES - Instituiccedilotildees de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular
MEB - Movimento de Educaccedilatildeo de Base
MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetizaccedilatildeo
ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental
OCDE - Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econocircmico
PAS - Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria
PIB - Produto Interno Bruto
PISA - Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo de Alunos
PNAC - Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania
PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo
PNLD - Programa Nacional do Livro Didaacutetico
PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico
Saeb - Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica
Seduc - Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo
SEA - Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos
SEB - Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica
SEEA - Secretaria Extraordinaacuteria Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo
SMED - Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo (Prefeitura de Porto Alegre)
UNE - Uniatildeo Nacional dos Estudantes
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 13
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo 16
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO 20
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil 20
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo 22
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade 31
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental 44
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
54
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos 60
3 PERCURSOS DA METODOLOGIA 83
31 Pesquisa qualitativa 83
32 Estudo de caso 83
33 Observaccedilatildeo 84
34 Entrevista semiestruturada 86
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa 88
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa 89
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 91
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental 91
42 Entrevista com a professora 92
43 Anaacutelise dos resultados 93
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade 93
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado 95
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola 97
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico 99
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino 100
4342 Dificuldade de aprendizagem 101
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional 104
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica 106
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 108
REFEREcircNCIAS 111
ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 118
ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora 119
13
1 INTRODUCcedilAtildeO
A temaacutetica em estudo parte da questatildeo importante que todo educador precisa
ter em mente agrave busca por formaccedilatildeo Por que pesquisar Por que todo o ser humano
se revela inquieto perante a vida As indagaccedilotildees que se fazem ao longo da
existecircncia repercutem maior efeito do que o encontro das respostas em si Um
pesquisador deve ficar muito mais fascinado com as perguntas do que com as
respostas O que impulsiona o constante evoluir no mundo eacute a sede pelo saber
Nesse sentido o educador deve se compreender como um estimulador em relaccedilatildeo agrave
busca pelo conhecimento
Freire (1996) retrata a grande urgecircncia do educador na busca pelo saber A
curiosidade move-o a seguir em frente a procurar por respostas no acircmago do seu
pensar e no seu fazer docente Eacute ela que o impulsiona a ir ao encontro do ato de
investigar aquilo que fomenta os anseios mais profundos Esse autor exprime o
desejo que precisa ser inerente a todo o educador e que eacute o de permanecer na
procura na indagaccedilatildeo na constataccedilatildeo e na intervenccedilatildeo enquanto educa A
pesquisa - para quem ensina - eacute uma forma de se educar de anunciar e de revelar o
novo
A busca pelo saber antes de tudo deve abarcar a anaacutelise da formaccedilatildeo e
atuaccedilatildeo profissional do professor Essa busca mostra ser relevante para a
pesquisadora porque direciona e esclarece sua atraccedilatildeo pelo aprendizado infantil
Este interesse iniciou-se desde a formaccedilatildeo da pesquisadora no magisteacuterio e na
atuaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil antes de trabalhar com o ensino fundamental Como
revela Tardif (2002) a evoluccedilatildeo do saber profissional eacute reunida agraves suas motivaccedilotildees
e aos locais de obtenccedilatildeo quanto agraves etapas e agraves fases de criaccedilatildeo Grande parte do
que os professores percebem sobre o ensino sobre as atribuiccedilotildees do educador e
sobre como ensinar decorrem de sua proacutepria histoacuteria de vida principalmente de sua
socializaccedilatildeo enquanto educando (TARDIF 2002)
A presente dissertaccedilatildeo traz um assunto bastante atual que chama muito a
atenccedilatildeo da pesquisadora a mudanccedila do ensino fundamental de oito para nove
anos Mudanccedila essa que eacute significativa pois eacute vivenciada no cotidiano profissional
da autora deste trabalho A escolha deste assunto suscita cada vez mais
indagaccedilotildees revisotildees e meditaccedilotildees Para que o professor natildeo termine se
engessando e sendo engolido pelo sistema deve estar em processo de formaccedilatildeo
14
contiacutenua e precisa desacomodar-se atraveacutes de atualizaccedilotildees e de mais estudos na
aacuterea em que atua Ele natildeo deve se contentar com o que se diz estabelecido sem
usar de senso criacutetico diante da realidade (FREIRE 1996)
Especificando o tema da dissertaccedilatildeo conectada agrave mudanccedila do ensino
fundamental o que mais desassossega eacute o enfoque da inclusatildeo de crianccedilas de seis
anos de idade e a relaccedilatildeo com os aspectos legais com a praacutetica docente Kramer
(2007) constata o que exige a praacutetica docente em correspondecircncia agrave teoria
Evidencia a necessidade de assegurar que cada crianccedila tenha atendimento de
acordo com o que lhe eacute indispensaacutevel ou seja a aprendizagem e o luacutedico O
educador tem o dever de planejar aulas e acompanhar o aluno tanto na educaccedilatildeo
infantil quanto no ensino fundamental Precisa aprender a perceber nos dois casos
a crianccedila como tal e como um ser em sua totalidade o que engloba o seu lado
artiacutestico cultural os saberes e as vivecircncias e natildeo como algueacutem a quem se deve
transmitir algo
Muito se tem falado do tema e discorrido sobre ele Contudo o
aprofundamento ainda requer muitas investigaccedilotildees em variadas gamas da
educaccedilatildeo Sabe-se que embora o mundo mude rapidamente a escola natildeo caminha
da mesma forma Este eacute um tema que natildeo se esgotou e natildeo se esgotaraacute tatildeo cedo
As transformaccedilotildees produzidas ao se programar o ensino fundamental de nove
anos propendem a gerar resultados a curto meacutedio e longo prazo A escola sendo
comparada com a arte de representar encenaraacute uma peccedila no teatro da vida a qual
pode ser bem ou mal sucedida Por isso nada mais vaacutelido do que investigar o centro
onde acontece a verdadeira mudanccedila na educaccedilatildeo a praacutetica da sala de aula
Freire (1996) em seu relato de vivecircncia como professor enuncia a busca ideal
de todo o mestre narrando que quando o educador entrar em seu ambiente de
trabalho precisa estar acessiacutevel aos questionamentos aos interesses e aos
acanhamentos do educando Deve natildeo soacute estar em posiccedilatildeo de anaacutelise e de
indagaccedilatildeo somente transmitir saberes mas tambeacutem deve permanecer atento ao
seu trabalho que eacute o de educar
Em decorrecircncia desse pensamento torna-se interessante observar como
ocorre essa praacutetica Ela vai realmente ao encontro do que Freire (1996) leva a
refletir sobre o que concerne agrave atuaccedilatildeo do professor Por inuacutemeros motivos os
educadores natildeo conseguem dar conta dos grandes desafios recorrentes de incluir
crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos de idade no ensino fundamental
15
Neste trabalho de pesquisa entende-se que na base de muitas proposiccedilotildees
atuais da educaccedilatildeo fazem-se necessaacuterias urgentemente mudanccedilas alusivas
propriamente agrave forma de pensar sobre a relaccedilatildeo entre teoria e praacutetica Assim como
profere Pimenta (1994) a educaccedilatildeo eacute exerciacutecio social e precisa conversar com a
praacutetica A pedagogia nutre e aponta os caminhos em relaccedilatildeo aos saberes para
acontecer intervenccedilotildees educacionais
Partindo desse ponto de vista se a educaccedilatildeo eacute praacutetica social e se a crianccedila eacute
um indiviacuteduo inserido em um contexto social como entender a aprendizagem de
crianccedilas de seis anos sem encaraacute-las como sujeitos sociais Como oferecer uma
educaccedilatildeo de qualidade sem levar em conta os conhecimentos fundamentais sobre o
modo como a crianccedila aprende
Situam-se explicitadas nas solicitaccedilotildees da Lei n 11274 2006 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o ensino fundamental de nove anos e dos Documentos Legais de Orientaccedilotildees
para Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade no Ensino Fundamental da
Secretaria de Educaccedilatildeo a forma de programar as mudanccedilas O aprofundamento na
anaacutelise da legislaccedilatildeo mostra-se imprescindiacutevel para este estudo Ademais
juntamente com princiacutepios que visam a guiar os rumos dessas mudanccedilas o
apontamento para a importacircncia com que se deve tratar a infacircncia revela o quatildeo
carregado de significado faz-se para esta pesquisa o exame mais detalhado destes
paracircmetros das orientaccedilotildees e das leis
Por conseguinte considera-se expressivo abraccedilar o estudo dos documentos e
dos atos legais bem como dos materiais do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura que
satildeo direcionados a guiar os procedimentos pedagoacutegicos considerados adequados agrave
nova faixa etaacuteria que ingressa no ensino fundamental a qual eacute a de seis anos de
idade Esse procedimento e a leitura de pensadores que refletem sobre questotildees
pertinentes agrave pesquisa agiratildeo como aliados na averiguaccedilatildeo da praacutetica O
embasamento teoacuterico daraacute suporte para esclarecer as duacutevidas eou reforccedilar o
porquecirc da implantaccedilatildeo das leis e da importacircncia de unir teoria e praacutetica
Vaacutezquez (2007) revela que a accedilatildeo embasada na teoria propicia um saber
fundamental para mudar a realidade ou concebe propoacutesitos que adiantam
idealmente essa mudanccedila mas num ou noutro fato a integridade da realidade
permanece efetivamente ilesa Perante essa asserccedilatildeo torna-se perceptiacutevel que a
anaacutelise da teoria apontada tem destaque essencial para a investigaccedilatildeo dos assuntos
16
em estudo Quando o educador se apodera de embasamento teoacuterico enriquece-se
de inuacutemeros quesitos diferenciados para poder avaliar um contexto alcanccedilando
visotildees para julgar e para entender os muacuteltiplos cenaacuterios do seu dia a dia e de sua
accedilatildeo pedagoacutegica
Na busca por esclarecer incertezas e encontrar respostas aos questionamentos
iniciais o objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o
educador dessa escola - que trabalha com o 1deg ano do ensino fundamental -
conhece tais aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica vai ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
11 Memoacuterias profissionais sobre a alfabetizaccedilatildeo
O percurso da pesquisadora como educadora foi e permanece marcado por
muitos momentos de grande felicidade e de realizaccedilatildeo contudo as inquietaccedilotildees
continuamente fizeram-se presentes Busca-se sempre manter um pensamento
criacutetico em relaccedilatildeo agrave atuaccedilatildeo e igualmente no que se refere agrave genuiacutena relevacircncia do
ato de educar Devido a isso foi escolhido o pensador Benjamin (1995) cujos
estudos teoacutericos satildeo muito interessantes para iluminar a narrativa Do mesmo modo
ele esclarece o desassossego a respeito de como a infacircncia eacute entendida frente ao
processo de aprendizagem e a iniciaccedilatildeo ao universo das letras O autor recorda o
quanto o luacutedico teve destaque em sua aprendizagem revelando o seu apreccedilo agrave
brincadeira com letras realizada em sua eacutepoca de menino O brincar com esse jogo
lhe traz nostalgia de tal modo que parece vinculada com a proacutepria infacircncia Leva-o a
refletir sobre a importacircncia do luacutedico para a crianccedila e como uma infacircncia permeada
pelas brincadeiras pode ser gratificante e saudaacutevel tanto para o corpo como para a
mente A infacircncia sob esse prisma precisa ser encarada de forma seacuteria pois as
experiecircncias vividas nessa etapa deixam impressotildees para toda a vida e dificilmente
podem ser resgatadas
17
A visatildeo de educaccedilatildeo que o professor tem define-o como profissional atuante
Semelhantemente a visatildeo de crianccedila e de infacircncia caracteriza como se quer a
educaccedilatildeo e pode criar condiccedilotildees para que o ser humano consiga viver em um
mundo que vem sendo constantemente transformado Se a infacircncia eacute o ponto
central da educaccedilatildeo a crianccedila precisa ser concebida como personagem central das
preocupaccedilotildees no tocante a toda a educaccedilatildeo Por conseguinte reflete-se
permanentemente sobre Como a crianccedila aprende e o que eacute realmente relevante em
sua educaccedilatildeo Que marcas a alfabetizaccedilatildeo deixa em uma crianccedila Que
experiecircncias desse aprendizado ela leva para toda a sua vida Alfabetiza-se a
crianccedila de seis anos para atender a diversas demandas familiares e sociais ou por
acreditar realmente que haacute uma maneira de tornar a sua relaccedilatildeo com as letras algo
maravilhoso como a proacutepria descoberta dos primeiros passos da primeira palavra
Aleacutem de expor alguns dos anseios pessoais que surgiram durante a trajetoacuteria
profissional da pesquisadora torna-se relevante retornar ao passado para entender
sua atual inquietaccedilatildeo e necessidade fremente de levantar respostas para as
duacutevidas Benjamin (1995) harmoniza com esse pensamento de que os fatos
vivenciados no passado possuem forte influecircncia no presente e geram todo um
porvir futuro revelando que haacute uma relaccedilatildeo intriacutenseca com o passado quando este
tiver algo de significativo para o indiviacuteduo
Natildeo haacute como negar o passado Eacute nas memoacuterias que se encontra muito do que
se eacute no presente e muito do que hoje interessa ou impulsiona a descortinar o
desconhecido Nesse sentido Noacutevoa (2009) afirma que
() o professor eacute a pessoa e que a pessoa eacute o professor Que eacute impossiacutevel separar as dimensotildees pessoais e profissionais Que ensinamos aquilo que somos e que naquilo que somos se encontra muito daquilo que ensinamos (NOacuteVOA 2009 p 38)
O professor traz em sua bagagem tudo o que viveu tanto como pessoa quanto
como profissional com todos os seus sonhos e esperanccedilas isso eacute que faz dele
algueacutem singular e uacutenico A pesquisadora ao rememorar o seu passado avista-o
como uma possibilidade de autoconhecimento de anaacutelise de sua proacutepria histoacuteria de
vida Noacutevoa (2009) argumenta sobre a relevacircncia de resgatar a memoacuteria do
professor revelando que ldquo[] o registro escrito tanto das vivecircncias pessoais como
das praacuteticas profissionais eacute essencial para que cada um adquira uma maior
18
consciecircncia do seu trabalho e da sua identidade como professorrdquo (NOacuteVOA 2009 p
40)
Boa parte do trabalho do educador deve partir do conhecimento e da firmaccedilatildeo
de sua identidade Se ele se conhece tem pois maiores condiccedilotildees de refletir sobre
si mesmo e de buscar constante qualificaccedilatildeo em seu trabalho Tardif (2002) afirma
que ao longo de sua vida o professor carrega dentro de si certo nuacutemero de
conhecimentos de competecircncias de crenccedilas e de valores o qual constitui a sua
personalidade No caso de alfabetizadora traz-se a visatildeo da infacircncia e da relaccedilatildeo
com o universo da leitura e da escrita junto agrave personalidade de educadora e ao
modo de ensinar
Revendo o passado profissional da pesquisadora a princiacutepio houve uma
relaccedilatildeo mais tranquila entre o ensinar e o aprender nas turmas de alfabetizaccedilatildeo Ao
receber as crianccedilas com sete anos de idade de modo geral percebia-se uma fase
de desenvolvimento apropriada por disporem de maior capacidade tanto emocional
quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado Havia do mesmo modo um tempo
maior para realizar as atividades A vida naquela eacutepoca natildeo se apresentava tatildeo
corrida e os alunos natildeo contavam com uma quantidade tatildeo grande de
compromissos para dar conta em um mesmo dia O aprendizado e a alfabetizaccedilatildeo
aconteciam de forma mais natural
A partir da implementaccedilatildeo do ensino fundamental de nove anos houve a
necessidade da escola enquadrar-se na questatildeo legal e na busca de alternativas
eficazes para adequar-se agraves propostas do ministeacuterio de educaccedilatildeo muitas
transformaccedilotildees iriam acontecer
Sob a oacutetica da pesquisadora a demanda mais preocupante da questatildeo residiu
em como as normas emitidas no que concerne agrave alfabetizaccedilatildeo seriam efetivadas
Essa preocupaccedilatildeo surgiu a partir da necessidade da aplicabilidade das orientaccedilotildees
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que apontam que os trecircs primeiros
anos do ensino fundamental de nove anos tecircm o dever de garantir a alfabetizaccedilatildeo e
o letramento a evoluccedilatildeo da crianccedila nas variadas maneiras de se expressar e
contemplar todas as aacutereas do conhecimento
A alfabetizaccedilatildeo e o letramento aconteceram a partir do 1deg ano realmente bem
como a passagem automaacutetica do primeiro para o segundo ano no entanto o
desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo quando chegou o momento de
se concretizar revelou ser deveras complicado
19
Na praacutetica as inquietaccedilotildees se tornaram cada vez mais intensas com a inclusatildeo
de crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental De acordo com o Parecer
CNECEB 42008 (BRASIL 2008) o primeiro ano tornou-se parte integrante de um
ciclo que pode ser denominado ldquociclo da infacircnciardquo Se de acordo com esse Parecer
o primeiro ano do novo ensino fundamental pertence a esse ciclo a crianccedila precisa
ser respeitada enquanto tal Na acircnsia de vencer conteuacutedos e alcanccedilar iacutendices de
alfabetizaccedilatildeo o peculiar agrave infacircncia que eacute o aprender atraveacutes do luacutedico apresentou-
se como inquietaccedilatildeo para a autora da dissertaccedilatildeo ao constatar que a ludicidade
poderia estar ficando em segundo plano senatildeo quase que desvanecendo
Refletindo sobre as consideraccedilotildees tecidas nasceu forte propoacutesito de seguir em
frente e buscar respostas para as duacutevidas Atingiu-se um momento em que algo
irrompeu tatildeo intensamente no iacutentimo da pesquisadora carecendo encontrar um
campo aberto onde se escoar como um rio que corre para o mar levando-a a
inscrever-se no programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Unilasalle e definir-se
pela linha de pesquisa ldquoFormaccedilatildeo de professores Teorias e Praacuteticas Educativasrdquo
Essa linha de pesquisa investiga o fenocircmeno educativo colocando em evidecircncia a
anaacutelise dos modelos de formaccedilatildeo docente inicial e continuada e suas traduccedilotildees na
praacutetica educativa nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano
Procura aprofundar as concepccedilotildees teoacutericas que orientam as accedilotildees educativas e
propotildee estrateacutegias de intervenccedilatildeo nos sistemas de ensino em suas diferentes
modalidades (formal natildeo-formal educaccedilatildeo baacutesica e ensino superior)
Ademais esta dissertaccedilatildeo de mestrado tem sido para a pesquisadora natildeo
apenas uma descoberta de possiacuteveis respostas para duacutevidas mas tambeacutem uma
catarse para transformar as anguacutestias e incertezas em algo positivo Soacute eacute realmente
livre aquele que encara os desafios e deixa para traacutes as marcas e sofrimentos do
passado aquele que transforma as dores e cicatrizes em maneiras de aprender a se
renovar sempre Quem sabe essa seja uma oportunidade de abertura para ter
coragem de se lanccedilar ao grande desafio que eacute admitir que haja tanto o que se
descobrir e que natildeo existem verdades absolutas A busca pela verdade pode
acarretar outras tantas duacutevidas e eacute aiacute que reside a beleza de pesquisar Sentir-se
embarcando numa viagem quem sabe em uma aventura no mundo da pesquisa
dos saberes e de encontros consigo mesma e com o seu eu educador
20
2 EMBASAMENTO TEOacuteRICO
O embasamento teoacuterico vem a ser o suporte que apoia a pesquisa cientiacutefica
Pode ser definido igualmente como a exposiccedilatildeo das concepccedilotildees que ofereceratildeo
respaldo a todo o trabalho Aleacutem disso propicia a averiguaccedilatildeo da condiccedilatildeo do
problema a ser investigado sob a luz da teoria e de outras verificaccedilotildees e pesquisas
jaacute produzidas sobre o assunto (LAKATOS E MARCONI 2003)
Sendo assim o referencial teoacuterico do corrente estudo abarca ideias de autores
sobre a questatildeo da praacutetica docente de alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental mais
especificamente em classe de 1deg ano e foi agrupado em quatro pontos de interesse
que satildeo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil aspectos legais e orientaccedilotildees para a
alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino fundamental relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do
Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico e Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental de 9 (nove) Anos
21 Histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
No entendimento sobre o processo histoacuterico da alfabetizaccedilatildeo no Brasil
encontra-se na volta ao passado como fonte de iluminaccedilatildeo Ponderando assim e
examinando o que diz a literatura recorre-se aos aportes teoacutericos para compreender
a temaacutetica proposta entendendo que eacute necessaacuterio historicizar para poder ter um
panorama geral do que ocorreu e perceber suas implicaccedilotildees no presente
A necessidade de comunicaccedilatildeo faz parte da vida do homem desde os
primoacuterdios como expotildee Ramos (2010) a contar da eacutepoca de registro atraveacutes de
desenhos ateacute chegar ao auge da invenccedilatildeo da escrita Podendo desfrutar unicamente
da linguagem oral muitas informaccedilotildees perdiam-se quando eram transmitidas de
pessoa para pessoa e entre as geraccedilotildees
Entretanto a invenccedilatildeo da escrita viria como um marco transformador na
histoacuteria da humanidade Mudou a forma de o homem comunicar-se de organizar a
sociedade e de representar o mundo Essa conquista foi tatildeo importante que natildeo se
pode entender a histoacuteria humana sem percebecirc-la associada agrave leitura e agrave escrita
Como expressa Higounet (2003 p 10) ldquoa escrita faz parte de tal modo da
civilizaccedilatildeo que poderia servir de definiccedilatildeo dela proacutepriardquo
21
No Brasil como aconteceu a alfabetizaccedilatildeo Ramos (2010) afirma que o
princiacutepio da alfabetizaccedilatildeo remete ao tempo em que ainda natildeo havia a naccedilatildeo
propriamente dita No Brasil colocircnia um fato importante que marcou a fase e gerou
mudanccedila foi a criaccedilatildeo na Europa da Companhia de Jesus por Inaacutecio de Loiola
Apoacutes o surgimento da Companhia em Portugal os primeiros jesuiacutetas vieram ao
Brasil em 1551 onde formaram o primeiro coleacutegio Ensinando crianccedilas indiacutegenas e
portuguesas apresentaram um curriacuteculo organizado na gramaacutetica na matemaacutetica
no conteuacutedo humano oratoacuteria filosofia e teologia O sucesso dos jesuiacutetas tornou-se
tatildeo grande que a coroa portuguesa temendo perder seu domiacutenio resolveu expulsaacute-
los do paiacutes Com isso os professores escassearam principalmente os
alfabetizadores e os militares ocuparam o seu lugar O ensino decaiu tomando uma
forma autoritaacuteria militar e centrada apenas no professor O luacutedico foi deixado de
lado e o preconceito em relaccedilatildeo a iacutendios mulheres e pessoas menos favorecidas
foi acentuado
Continuando os estudos do autor acima citado durante o Reino Unido do
Brasil aconteceram melhoramentos na educaccedilatildeo brasileira Mas esses soacute iniciaram
com a chegada em 1808 da famiacutelia real portuguesa que trouxe consigo riquezas
da coroa e os livros da biblioteca da naccedilatildeo D Joatildeo ao se tornar rei em 1817
decretou a abertura dos portos agraves naccedilotildees amigas portanto aos navios ingleses
Esse feito viabilizou a introduccedilatildeo de livros e ideologias dos ingleses Uma pena que
o empirismo inspirador da Inglaterra que considerava o ritmo da crianccedila tentando
unir a praacutetica com a teoria natildeo fora adotado oficialmente por D Joatildeo que carregava
forte influecircncia do academicismo francecircs
A educaccedilatildeo no Brasil Impeacuterio que comeccedilou em 1822 sob o governo de D
Pedro I e II trouxe alguns progressos que podem ser apontados em relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo D Pedro I proclamou um ato adicional agrave Constituiccedilatildeo em 1834
passando para as proviacutencias o encargo de organizar seus meacutetodos de ensino e
educaccedilatildeo de professores Surgiram as Escolas Normais pagas pelo governo Nesse
periacuteodo o modelo educacional britacircnico foi oficialmente aceito no entanto os
professores natildeo tinham preparo adequado para efetivaacute-lo na praacutetica As Escolas
Normais germinaram mas natildeo em todo o Brasil Nesse tempo a profissatildeo de
professor que era na maior parte feminina foi prevalecendo O magisteacuterio passou
a ser encarado como um prolongamento da maternidade Nessa circunstacircncia
22
pretendendo baratear os custos em 1849 natildeo era mais necessaacuterio o professor ter
ensino superior bastava a formaccedilatildeo primaacuteria
Conforme o autor jaacute referenciado foi preciso que D Pedro II criasse uma
escola que levaria o seu nome para que fosse implementada uma nova proposta de
ensino A datar desse evento foi requisitada a formaccedilatildeo correspondente ao ensino
meacutedio igual ao antigo magisteacuterio para capacitar professores a fim de alfabetizar as
crianccedilas Ainda assim na zona rural a educaccedilatildeo ficava a cargo das elites locais
Grande parte do povo brasileiro ainda permanecia analfabeta A educaccedilatildeo puacuteblica
era um privileacutegio e ainda natildeo era um direito do cidadatildeo Quanto ao meacutetodo de
alfabetizaccedilatildeo prevaleceu a metodologia de Lancaster a qual consistia em utilizar os
proacuteprios alunos como colaboradores do professor
A educaccedilatildeo nos tempos da Repuacuteblica cujo iniacutecio data em 1888 trouxe
realmente o ideal iluminista misturado aos ideais liberalistas em sua praacutetica no
Brasil Procurando fazer com que a escola adotasse a funccedilatildeo de geradora de
oportunidades iguais para todos a alfabetizaccedilatildeo passou a ser encarada como
obrigatoacuteria O Estado comeccedilou a ofertar ensino puacuteblico gratuito para todos os
cidadatildeos assegurado desde a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1891 na qual todos
eram vistos de maneira igual diante da Lei Novos meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo
emergiram e no decorrer das deacutecadas ateacute os dias atuais ainda eacute pertinente o
debate sobre a questatildeo de como qualificar a alfabetizaccedilatildeo no paiacutes (RAMOS 2010)
211 Revivendo quatro periacuteodos de histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
Mortatti (2000) aborda a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo vinculada aos meacutetodos Ela
aprofunda o tema e dispensa especial atenccedilatildeo agrave investigaccedilatildeo do ensino da leitura e
da escrita no Brasil desde antes da proclamaccedilatildeo da repuacuteblica ateacute o final do seacuteculo
vinte Para ela assim como para outros autores a alfabetizaccedilatildeo propriamente dita
data desse periacuteodo A autora segmenta a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo no Brasil em
quatro periacuteodos
No primeiro deles no iniacutecio da alfabetizaccedilatildeo por volta de 1875 surgiram as
Cartas de ABC baseadas nos meacutetodos de soletraccedilatildeo focircnico e de silabaccedilatildeo Em
1876 aconteceu a ediccedilatildeo em Portugal do Meacutetodo de ldquoJoatildeo de Deusrdquo ou seja
Cartilha Maternal Joatildeo de Deus redigida pelo poeta portuguecircs de mesmo nome
Essa Cartilha eacute considerada por Mortatti (2000) como marco na histoacuteria da
23
alfabetizaccedilatildeo brasileira Em meados do princiacutepio de 1880 o meacutetodo jaacute referido
propriamente compreendido passou a ser conhecido de forma organizada e
planejada especialmente nas proviacutencias de Satildeo Paulo e do Espiacuterito Santo
difundido no Brasil por Antocircnio da Silva Jardim Esse processo consistia na
palavraccedilatildeo e persistiu de 1888 ateacute o iniacutecio da deacutecada de noventa O positivismo
(teoria que via a educaccedilatildeo como retrato e representaccedilatildeo da sociedade) passou a ter
lugar de forma concludente e teceu forte influecircncia na velha repuacuteblica Silva Jardim
foi precursor quanto a legitimar seus temas com um cunho programado e firmado na
ciecircncia Questionava que a problemaacutetica do ensino era relacionada ao meacutetodo e
assegurava que para ler natildeo era fundamental saber a nomenclatura das letras
mas os valores Concebeu um pensamento da crianccedila atestando que ela era um ser
inacabado cujo ceacuterebro natildeo era preparado para abstrair advindo daiacute o ldquoerrordquo Nessa
loacutegica segundo o estudioso ainda era necessaacuteria uma educaccedilatildeo com base na
ciecircncia e na erudiccedilatildeo mas ao mesmo tempo praacutetica coerente e utilizaacutevel na vida
moderna
Na continuidade seguindo esse processo o autor destaca que Cacircndido
consolidou os meacutetodos de alfabetizaccedilatildeo envolvendo soletraccedilatildeo silabaccedilatildeo e
palavraccedilatildeo
Mortatti acrescenta que seguindo direccedilatildeo diversa Hilaacuterio Ribeiro (1847-1886)
proporcionou a ldquoCartilha Nacionalrdquo auxiliando com a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo Nela
aborda a mesma cartilha que Joatildeo de Deus adotava com o ensino das ideias
nacionalistas e o meacutetodo utilizado era o sinteacutetico Thomaz Paulo do Bom Sucesso
Galhardo (1855-1904) do mesmo modo colaborou para a histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo
com a formaccedilatildeo da ldquoCartilha da Infacircnciardquo a qual foi empregada - oficialmente - ateacute o
comeccedilo da deacutecada de 1890 O autor argumentava em favor do meacutetodo da silabaccedilatildeo
e acreditava que esse seria o ponto entre soletraccedilatildeo e palavraccedilatildeo
Jaacute no segundo periacuteodo as competiccedilotildees que sobrevieram criaram outra nova
tradiccedilatildeo ressaltavam o ensino da leitura englobando questotildees didaacuteticas submetidas
agraves de elemento psicoloacutegico da crianccedila Antocircnio Caetano convidado a reestruturar o
ensino puacuteblico paulista em 1890 concordou com o pensamento que vigorava na
eacutepoca o qual girava em torno do cientificismo positivista Gabriel Prestes aprimorou
a reestruturaccedilatildeo em 1892 e Cesaacuterio Motta Juacutenior efetuou a reforma geral da
instruccedilatildeo puacuteblica nesse mesmo ano A reforma projetava a hegemonia dos meacutetodos
intuitivos e analiacuteticos (que se dirigiam do todo para as partes mas poderiam ser
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organizados de maneiras diversas) para o ensino de todas as mateacuterias e da leitura
Para essa mudanccedila instalou-se em Satildeo Paulo uma escola-modelo com preceitos
norte-americanos de educaccedilatildeo Entre 1909 e 1910 o meacutetodo analiacutetico foi assumido
de maneira oficial cenaacuterio esse que perdurou ateacute 1920 quando ocorreu a reforma
Sampaio Doacuteria que assegurou autonomia didaacutetica aos professores Assim tornou-
se obrigatoacuterio o emprego desse meacutetodo para a alfabetizaccedilatildeo e o governo do estado
comeccedilou a adquirir livros didaacuteticos para distribuiacute-los nas escolas puacuteblicas Esse
sistema foi empregado de diversas maneiras por palavras por frases ou por
historietas Embora fosse contra o processo de decifraccedilatildeo o meacutetodo analiacutetico
sugeriu maneiras de trabalhar que privilegiavam a anaacutelise e a compreensatildeo
Ocorreu portanto um embate entre o meacutetodo analiacutetico e sinteacutetico (MORTATTI
2000)
No terceiro periacuteodo em decurso da ldquoautonomia didaacuteticardquo argumentada pela
Reforma Sampaio Doacuteria e de novas premecircncias poliacuteticas e sociais no comeccedilo da
deacutecada de 1920 cresceram as relutacircncias dos professores quanto ao uso do
meacutetodo analiacutetico Em princiacutepio de 1930 aconteceu a inclinaccedilatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo misto Sucedeu em particular da divulgaccedilatildeo resultado e
institucionalizaccedilatildeo das novidades contidas nos suportes psicoloacutegicos da
alfabetizaccedilatildeo do livro dos ldquoTestes ABCrdquo de Manuel Bergstroumlm Lourenccedilo Filho Este
consolidou o pensamento da alfabetizaccedilatildeo adequada para cada um atraveacutes de
praacuteticas de medidas do niacutevel de maturidade que era preciso para adquirir a leitura e
a escrita As cartilhas tornaram a se embasar principalmente nos meacutetodos mistos
ou ecleacuteticos principiou-se entatildeo a elaboraccedilatildeo dos manuais do professor
juntamente com as cartilhas assim como se difundiu a ideia e a praacutetica do periacuteodo
preparatoacuteriordquo Para Lourenccedilo Filho ensinar eacute a arte de transferir saberes e
teacutecnicas De 1930 a 1970 houve uma gradual relativizaccedilatildeo do meacutetodo embora
prosseguisse o embate entre os que defendiam o misto (analiacutetico-sinteacutetico) e
seguidores do analiacutetico Iniciou-se a partir daiacute a propensatildeo de relativizar a
importacircncia do meacutetodo e mais limitadamente a preferecircncia (MORTATTI 2000)
No quarto periacuteodo na deacutecada de 1980 como resultado de novas premecircncias
poliacuteticas e sociais seguiram-se propostas de transformaccedilatildeo na educaccedilatildeo tendo em
vista encarar particularmente a frustraccedilatildeo da escola em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de
crianccedilas Como correspondente teoacuterico-metodoloacutegico que procurava respostas para
essa problemaacutetica incorporou-se ao Brasil o pensamento construtivista relativo agrave
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alfabetizaccedilatildeo procedente das pesquisas sobre a psicogecircnese da liacutengua escrita
produzidas pelas pesquisadoras Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (MORTATTI
2000)
As pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1999) deram continuidade aos estudos
de Piaget (cientista suiacuteccedilo dedicado agrave biologia e agrave psicologia do desenvolvimento)
poreacutem com foco nos mecanismos cognitivos relacionados agrave aprendizagem da leitura
e da escrita (psicogecircnese da liacutengua escrita) A linha de pensamento construtivista
dessas duas autoras com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo teve inspiraccedilatildeo nas descobertas
de Piaget as quais conduzem a ideia de que as crianccedilas satildeo os atores ativos no seu
ato de aprender construindo o proacuteprio conhecimento Nesse processo de
construccedilatildeo segundo as autoras a crianccedila passa por fases com progressos e
retrocessos ateacute compreender o coacutedigo linguiacutestico e conquistaacute-lo As autoras
denominaram essas quatro fases de preacute-silaacutebica (natildeo consegue relacionar as letras
com os sons da liacutengua falada) silaacutebica (interpreta a letra a sua maneira atribuindo
valor de siacutelaba a cada uma) silaacutebico-alfabeacutetica (mistura a loacutegica da fase anterior
com a identificaccedilatildeo de algumas siacutelabas) e alfabeacutetica (domina enfim o valor das
letras e siacutelabas)
Ainda sob a oacutetica dessas duas pesquisadoras o preceito gradativo do processo
de alfabetizaccedilatildeo por parte da crianccedila equipara-se aos mecanismos depreendidos
por Piaget Para elas cada avanccedilo cognitivo procede de uma assimilaccedilatildeo e de uma
acomodaccedilatildeo dos esquemas internos os quais necessitam de tempo para ocorrer e
variam de indiviacuteduo para indiviacuteduo Dessa forma as pesquisadoras colocaram-se
contra as teorias que percebiam a alfabetizaccedilatildeo como aquisiccedilatildeo de uma teacutecnica
mecacircnica
Jaacute dos anos 90 ateacute a atualidade persistem as discussotildees entre o
construtivismo o letramento e o interacionismo na perspectiva histoacuterico-cultural De
um lado o pensamento de Piaget Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (construtivistas)
que abordam o conhecimento como ocorrendo a partir da accedilatildeo do sujeito sobre a
realidade de outro as teorias de Vygotsky (interacionista histoacuterico-social) as quais
compreendem o conhecimento como socialmente formado
Percebe-se que muito se tem pensado e discorrido sobre o tema alfabetizaccedilatildeo
no decorrer da histoacuteria brasileira Contudo natildeo se pode deixar de lado a questatildeo da
preocupaccedilatildeo com o analfabetismo no paiacutes Ao longo dos anos ocorreram diversas
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campanhas nacionais visando a erradicaacute-lo Haddad e Di Pierro (2000) traccedilaram um
panorama da trajetoacuteria do paiacutes nessa caminhada pela alfabetizaccedilatildeo
Esses pesquisadores iniciaram descortinando as primeiras iniciativas que
levariam a uma maior conscientizaccedilatildeo da problemaacutetica Os autores incluiacuteram como
ponto de partida o Plano Nacional de Educaccedilatildeo que foi estabelecido pela
Constituiccedilatildeo do ano de 1934
Esse Plano foi firmado gerenciado e supervisionado pelo governo federal que
definiu de modo exato as atribuiccedilotildees de cada setor governante (uniatildeo estado e
municiacutepio) Do mesmo modo decretou uma seacuterie de deliberaccedilotildees que resultaram na
consolidaccedilatildeo da accedilatildeo de passar agraves matildeos da esfera puacuteblica bem como de exigir o
seu compromisso no cuidado e na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo Apoacutes em 1938 os
autores citam a fundaccedilatildeo do INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagoacutegicos) que
por meio de suas anaacutelises e averiguaccedilotildees ocasiona agrave instauraccedilatildeo em 1942 do
Fundo Nacional do Ensino Primaacuterio Esse fundo foi regularizado em 1945 e
obrigava-se a efetivar um projeto evolutivo da educaccedilatildeo primaacuteria abrangendo
tambeacutem o Ensino Supletivo para jovens e adultos Jaacute em 1947 os autores destacam
a instauraccedilatildeo do Serviccedilo de Educaccedilatildeo de Adultos (SEA) como incumbecircncia
especiacutefica do Departamento Nacional de Educaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e
Sauacutede O departamento tinha como propoacutesito redirecionar e gerenciar os trabalhos
do planejamento anual de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos
Na indicaccedilatildeo de Haddad e Di Pierro (2000) apenas no fim da deacutecada de
quarenta o tema da educaccedilatildeo de adultos procedeu a se estabelecer como um
obstaacuteculo a ser vencido pela poliacutetica nacional Esse fato foi percebido no momento
em que o PNE (Plano Nacional de Educaccedilatildeo) teve como meta incorporar o ensino
primaacuterio de forma integral gratuita e obrigatoacuteria e incluir os adultos nesse
compromisso
Apoacutes Haddad e Di Pierro (2000) destacaram a deacutecada de 60 como um marco
que trouxe iluminaccedilatildeo para as campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo brasileiras
Nesse periacuteodo surgiu o MEB (Movimento de Educaccedilatildeo de Base) cujo primeiro
passo foi dado pela igreja catoacutelica e que por intermeacutedio do Decreto 50370 de 21 de
marccedilo de 1961 subsiste ateacute os dias atuais A finalidade desse movimento era de
alfabetizar adultos com a assistecircncia do governo federal e acordo com o MEC
Tambeacutem nessa deacutecada ocorreu o MCP (Movimento de Cultura Popular) que
persistiu de 1960 a 1964 conectado agrave Prefeitura de Recife Com o auxiacutelio do
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Governo de Miguel Arraes e de Paulo Freire empregavam um meacutetodo visando
atingir resultados positivos ao alfabetizar jovens e adultos Nesse periacuteodo
igualmente outra campanha para a alfabetizaccedilatildeo teve relevante importacircncia de
acordo com Haddad e Di Pierro (2000) Essa foi o CPC (Centro Popular de Cultura)
que prevaleceu de 1961 a 1964 Foi instituiacutedo pela UNE (Uniatildeo Nacional dos
Estudantes) artistas e intelectuais daquele tempo e objetivava transportar a cultura
agraves camadas sociais menos favorecidas Mais uma campanha merece destaque
nessa deacutecada segundo os autores a CEPLAR (Campanha de Educaccedilatildeo Popular)
que teve seu funcionamento de 1961 a 1964 criada na Paraiacuteba e pelo governo do
estado
Como culminacircncia da deacutecada de sessenta Haddad e Di Pierro (2000)
comentaram ainda o Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo do Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura originado em 1964 contando com a presenccedila do professor
Paulo Freire
Na sequecircncia de seu estudo eles revelaram as influecircncias do golpe militar de
1964 que provocou um rompimento poliacutetico e acabou por refrear os movimentos de
educaccedilatildeo e cultura populares Como consequecircncia desse fato suspendeu-se o
Programa Nacional de Alfabetizaccedilatildeo Como resposta a criacuteticas e pressotildees ao regime
poliacutetico no decurso da ditadura militar foi formado o MOBRAL (Movimento Brasileiro
de Alfabetizaccedilatildeo) em 1967 O movimento vigeu dessa data ateacute 1985 com a intenccedilatildeo
de acabar com o analfabetismo no paiacutes em um breve intervalo de tempo pois esse
era tido como vergonhoso para a naccedilatildeo de acordo com o governo Contudo o
projeto veio coagido nem educadores nem sociedade participaram de sua
elaboraccedilatildeo O governo do mesmo modo controlava tudo o que era ensinado Aleacutem
do MOBRAL em 1971 aconteceu a instituiccedilatildeo do Ensino Supletivo com o intuito de
complementar a escolarizaccedilatildeo regular e proporcionar progressivo oferecimento de
dar continuidade agrave educaccedilatildeo Usando o MOBRAL e o Ensino Supletivo os militares
tiveram a intenccedilatildeo de restaurar pelo vieacutes da educaccedilatildeo a intervenccedilatildeo com todos os
setores da populaccedilatildeo Entretanto sua real finalidade de acordo com Haddad e Di
Pierro (2000) era aliar as possibilidades de democratizar as oportunidades de
educaccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo e a consolidaccedilatildeo do padratildeo de crescimento da
economia e da poliacutetica em vigor atraveacutes do sistema educacional
Finalizando seu estudo Haddad e Di Pierro (2000) apresentaram as
campanhas nacionais de alfabetizaccedilatildeo na fase de volta da democracia agrave sociedade
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brasileira ateacute os dias de hoje Os autores indicaram que depois da ditadura militar a
Fundaccedilatildeo EDUCAR (1985-1990) foi sucessora do MOBRAL poreacutem encontrava-se
em conformidade com as atribuiccedilotildees do MEC A Fundaccedilatildeo providenciava a
efetivaccedilatildeo dos programas de alfabetizaccedilatildeo por intermeacutedio da ajuda financeira e
teacutecnica agraves atuaccedilotildees de outras camadas do governo bem como de organizaccedilotildees natildeo
governamentais e de empresas Tinha como especificidade a educaccedilatildeo baacutesica
visando desenvolver a realizaccedilatildeo de programas de alfabetizaccedilatildeo e de educaccedilatildeo
baacutesica natildeo-formais designados aos que natildeo puderam ir agrave escola ou que foram
excluiacutedos muito cedo da mesma
Posteriormente Haddad e Di Pierro (2000) citaram o Programa Nacional de
Alfabetizaccedilatildeo e Cidadania (PNAC) gerado em 1990 pelo governo e com a
finalidade de diminuir o iacutendice de analfabetismo em 70 em cinco anos Poreacutem
revelaram que o programa natildeo persistiu e vigorou apenas por um ano Depois de
acordo com os autores foi concebido o PAS (Programa Alfabetizaccedilatildeo Solidaacuteria) em
1997 que prossegue ateacute a atualidade Esse programa nasceu como um propoacutesito
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso que possuiacutea no comeccedilo a
meta de agir com relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos nas regiotildees Norte e
Nordeste do Brasil poreacutem alcanccedilou as regiotildees Centro-Oeste e Sudeste e outros
paiacuteses da Aacutefrica de liacutengua portuguesa A inclusatildeo das pessoas natildeo alfabetizadas na
Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos e a sequecircncia dos estudos satildeo algumas das
principais metas do PAS O programa mostrou inovaccedilatildeo ao contar com parcerias
formadas entre os poderes puacuteblicos (federal e municipal) Instituiccedilotildees de Ensino
Superior - IES pessoas fiacutesicas empresas instituiccedilotildees organizaccedilotildees e o Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo A partir de 2002 o PAS comeccedilou a se intitular AlfaSol e passou a ser
uma Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental (ONG) que permanece trabalhando com a
alfabetizaccedilatildeo de jovens e adultos Finalmente Haddad e Di Pierro (2000)
destacaram o Programa Brasil Alfabetizado (2003 - ateacute hoje) produzido em 2003
com o propoacutesito de erradicar o analfabetismo no paiacutes A Secretaria Extraordinaacuteria
Nacional de Erradicaccedilatildeo do Analfabetismo (SEEA) eacute a que tem a incumbecircncia de
ordenar e administrar o programa cuja meta abarca aleacutem da alfabetizaccedilatildeo incluir
os analfabetos na sociedade O programa dispotildee da participaccedilatildeo do governo mas
tambeacutem de empresas IES ONGs associaccedilotildees e outras organizaccedilotildees de sociedade
civil que colaboram para colocar em praacutetica tais objetivos
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Natildeo menos relevante que os jaacute elencados cita-se os programas de
alfabetizaccedilatildeo propostos no Estado do Rio Grande do Sul durante o periacuteodo de 2007
a 2010 por intermeacutedio do ldquoProjeto de Alfabetizaccedilatildeo de Crianccedilas com Seis e Sete
Anosrdquo promovido pela Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo (Seduc) A finalidade foi
empregar trecircs programas de accedilatildeo pedagoacutegica com enfoque na alfabetizaccedilatildeo
objetivando a edificaccedilatildeo da base de ldquocompetecircncias e habilidades cognitivas em
LeituraEscrita e Matemaacutetica para propiciar sua alfabetizaccedilatildeo em um ou no maacuteximo
dois anos letivos ou seja aos 6 ou 7 anos de idaderdquo
As organizaccedilotildees compreendidas foram o ldquoInstituto Ayrton Senna (SP) o
Instituto Alfa e Beto (MG) o Grupo de Estudos sobre Educaccedilatildeo Metodologia de
Pesquisa e Accedilatildeo GEEMPA (RS) e a Fundaccedilatildeo Cesgranrio (RJ)rdquo O primeiro instituto
(ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) conta com um ldquoprograma de
gerenciamento da aprendizagem de crianccedilas dos anos iniciais Circuito Campeatildeordquo
O segundo instituto (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) oferece um ldquoprograma
para alfabetizaccedilatildeo de crianccedilas de 6 e 7 anos com base em meacutetodo focircnicordquo Jaacute o
terceiro o GEEMPA (ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental) possui um
ldquoprograma de alfabetizaccedilatildeo com bases teoacutericas do poacutes-construtivismordquo A avaliaccedilatildeo
dos programas eacute externa e realizada pela Fundaccedilatildeo Cesgranrio que avalia os
resultados de aprendizagem dos alunos por meio da aplicaccedilatildeo de no comeccedilo do
processo ldquoteste de prontidatildeo para a alfabetizaccedilatildeordquo e ao fim do processo ldquoteste
composto por questotildees selecionadas com os respectivos responsaacuteveis pelos trecircs
programas de alfabetizaccedilatildeordquo1 Nesse projeto do Estado do Rio Grande do Sul a
cada estabelecimento de ensino da rede estadual foi oferecido condiccedilatildeo de
escolher para os primeiros e segundos anos das seacuteries iniciais um dos programas
de accedilatildeo pedagoacutegica
E igualmente destaca-se a iniciativa de criaccedilatildeo do Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC) que se resume em um acordo formal
assumido pelos governos Federal do Distrito Federal dos Estados e Municiacutepios de
certificar que todos os alunos encontrem-se alfabetizados ateacute a faixa etaacuteria de oito
anos de idade ao teacutermino do 3ordm ano do ensino fundamental Tambeacutem se verifica ser
1 Disponiacutevel em lthttpwwweducacaorsgovbrpsehtmlproj_pilotojspACAO=acao3gt Acesso em 03112014
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oportuno apontar que o municiacutepio de Novo Hamburgo cidade que abarca a escola
puacuteblica - local da corrente pesquisa tornou-se adepto do PNAIC
Em outubro do ano de 2012 a SMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo)
providenciou um processo de seleccedilatildeo que estabeleceu treze educadores como
Orientadores de Estudos ficando a cargo desses profissionais a incumbecircncia de
transferir aos professores de 1ordm a 3ordm ano as formaccedilotildees que adquiriram nas
universidades que satildeo parceiras do MEC para inclusatildeo do PNAIC Os treze
orientadores de estudos tiveram trecircs periacuteodos de formaccedilatildeo no ano 2013 Apoacutes a
Prefeitura de Novo Hamburgo por intermeacutedio da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo
(SMED) no dia 4 de maio de 2013 efetivou o 2ordm Seminaacuterio do PNAIC reunindo
autoridades educacionais equipes diretivas coordenaccedilotildees pedagoacutegicas e
professores que atuam nas turmas do 1ordm ao 3ordm ano do ensino fundamental O evento
teve a finalidade de apresentar o PNAIC bem como expor e explicar a questatildeo da
formaccedilatildeo dos educadores
Em Novo Hamburgo essa formaccedilatildeo dos professores ocorre uma vez por
semana com encontros coordenados pelos professores orientadores haacute tambeacutem
espaccedilo para a elaboraccedilatildeo do planejamento e troca de experiecircncias entre esses
profissionais Os professores do PNAIC recebem uma bolsa de estudos na quantia
de R$ 20000 custeada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Ademais a
cidade ao aderir ao PNAIC compromete-se com a alfabetizaccedilatildeo de todas as
crianccedilas na idade certa em Liacutengua Portuguesa e em Matemaacutetica responsabilizando-
se inclusive por aplicaccedilotildees de avaliaccedilotildees anuais as quais satildeo ministradas pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP)
junto aos alunos que finalizam o terceiro ano do ensino fundamental2
Refletindo sobre a trajetoacuteria histoacuterica da alfabetizaccedilatildeo brasileira nota-se que
apesar de muitos avanccedilos e da evoluccedilatildeo em vaacuterios sentidos das campanhas
nacionais de alfabetizaccedilatildeo ainda haacute uma boa caminhada pela frente com relaccedilatildeo agrave
erradicaccedilatildeo do analfabetismo no Brasil A contemporaneidade traz consigo urgecircncia
em se descobrir as causas que ainda entravam o desenvolvimento da alfabetizaccedilatildeo
brasileira Weisz (2006 sp1) diz que
2 Disponiacutevel em lthttpwwwnovohamburgorsgovbrmodulesnoticiasarticlephpstoryid=63821gt Acesso em 03112014
31
Para ensinar a ler e a escrever eacute preciso que a metodologia possa dialogar com as reais necessidades de aprendizagem dos alunos em cada momento do seu processo Para conseguir esse diaacutelogo eacute preciso investir continuamente na qualificaccedilatildeo profissional dos professores (WEISZ 2006 sp1)
Aventa-se ainda como uma das causas possiacuteveis para frear as conquistas em
alfabetizaccedilatildeo que se obteve ateacute o momento o fato de que muitas vezes as
propostas para melhoria do ensino nem sempre tecircm uma continuidade Do mesmo
modo haacute uma gama de interesses poliacuteticos e econocircmicos que tecircm um grande poder
de accedilatildeo gerando a sensaccedilatildeo de pisar num terreno fraacutegil Weisz3 (2006 sp1) reflete
sobre o mesmo ponto acrescentando que
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional dos professores haacute que se investir no desmonte da burocracia do corporativismo e da descontinuidade das poliacuteticas puacuteblicas que atrapalham todos os profissionais que lutam de dentro da escola por uma educaccedilatildeo de qualidade para todos os brasileiros (WEISZ 2006 sp1)
Sendo assim ao detectar as causas do entrave no desenvolvimento de uma
educaccedilatildeo de qualidade deve-se partir da reflexatildeo para a accedilatildeo Como revela Freire
(1987 p 61) ldquo() a melhor maneira de tornar o impossiacutevel possiacutevel eacute realizar o
possiacutevel hojerdquo Necessita-se dar um passo de cada vez mas caminhando sempre
em busca da mudanccedila aprendendo com a proacutepria caminhada e agindo no presente
Como afirma Noacutevoa (1999 p 14) ldquoeacute importante pensar o futuro dos professores
mas sem esquecer o presente e sem calar a indignaccedilatildeo pelo estado atual das
coisasrdquo Eacute faacutecil esperar que a mudanccedila aconteccedila e se deixar levar pelo desacircnimo
acreditando que uma pessoa soacute natildeo faz a diferenccedila poreacutem nada acontece na
ineacutercia e na desesperanccedila Se como diz Noacutevoa (1999 p 14) ldquoa lsquorefundaccedilatildeo da
escolarsquo tem muitos caminhos mas todos eles passam pelos professoresrdquo sempre eacute
tempo de recuperar a vez e a voz do educador frente aos problemas com relaccedilatildeo agrave
alfabetizaccedilatildeo
212 Estudando a alfabetizaccedilatildeo brasileira na atualidade
Visto que o discurso sobre o interacionismo construtivista o na perspectiva
histoacuterico-cultural e o letramento estatildeo em vigecircncia no momento em que vivemos
3 Entrevista ao jornal WEISZ Telma Alfabetizaccedilatildeo natildeo haacute meacutetodo milagroso JC e-mail 2961 de
20 de fevereiro de 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwjornaldacienciaorgbrDetalhephpid=35416gt Acesso em 30 de outubro de 2013
32
torna-se importante abrir um parecircntese e aprofundar cada uma das linhas de
pensamento bem como conhecer os posicionamentos dos teoacutericos que as iluminam
A abordagem do interacionismo construtivista encontra na esfera da
pedagogia a iluminaccedilatildeo de Piaget (1990) que foi psicoacutelogo bioacutelogo e cientista De
acordo com Munari (2010) aquele dedicou-se agrave teoria do desenvolvimento mental
entretanto suas ideias acabaram por inspirar as praacuteticas escolares O autor ainda
afirma que seus estudos sobre a epistemologia geneacutetica colaboraram para renovar
ldquo[] a dimensatildeo histoacuterica tanto na praacutetica pedagoacutegica como na reflexatildeo sobre
educaccedilatildeo []rdquo (MUNARI 2010 p 23) Quando acrescenta sobre Piaget afirmando
que a ldquo[] riqueza das consequecircncias teoacutericas e das sugestotildees concretas que sua
obra pode ainda oferecer aos educadores []rdquo (MUNARI 2010 p 26) o
pesquisador propotildee que suas teorias natildeo se esgotaram e que seu estudo
permanece relevante na educaccedilatildeo atual
Piaget (1990) baseado na biologia estudou a epistemologia geneacutetica
Dedicou-se a averiguar a maneira que um indiviacuteduo se adaptava ao ambiente
Iniciou pela ideia de que conquistar o equiliacutebrio chegar a um ponto seguro depois de
vencer adversidades e obstaacuteculos eacute um decurso elementar no caminho de vida de
toda a pessoa humana e tambeacutem um ato contiacutenuo que a possibilita de evoluir e
sobreviver Argumentou tambeacutem que a inteligecircncia perpassa por igual processo
Evidenciou ainda que o conhecimento natildeo nasce com o ser humano e nem eacute
consequecircncia imediata da experiecircncia poreacutem construiacutedo pelo sujeito conforme a
interaccedilatildeo com o ambiente o desequilibra demandando novas adequaccedilotildees que
viabilizem o reequiliacutebrio numa trajetoacuteria de evoluccedilatildeo constante Depreendeu que a
inteligecircncia humana se desenvolve e se aperfeiccediloa a cada momento que descobre o
que antes natildeo era conhecido O sujeito na teoria deste pesquisador por
conseguinte eacute percebido como um indiviacuteduo ativo e eacute estimulado a aprimorar o
entendimento de ser responsaacutevel pelo proacuteprio aprendizado
Segundo o teoacuterico esse processo de adaptar-se ao ambiente eacute conduzido por
meio de organizaccedilotildees mentais denominadas de ldquoesquemasrdquo que o indiviacuteduo utiliza
para dar significado ao mundo e para caracterizar os seus atos Aleacutem disso o
referenciado autor concebeu ldquoesquemardquo como um grupamento de atos interiorizados
que podem ser refeitos e universalizados com o intuito de se ajustar agraves
circunstacircncias desafiadoras com que o indiviacuteduo se depara no meio em que vive
Essa adaptaccedilatildeo - equilibraccedilatildeo ou abstraccedilatildeo reflexiva - como denominou o teoacuterico - eacute
33
pautada por uma orientaccedilatildeo bioloacutegica para conseguir um acerto entre esses
esquemas e o ambiente em que estaacute inserido o ser humano Para Piaget (1990)
perante um desafio o indiviacuteduo se desequilibra e neste curso usa esquemas que jaacute
adquiriu em sua evoluccedilatildeo para retornar ao equiliacutebrio E nesse reequilibrar-se jaacute que
conforme afirma o autor o sujeito jamais se encontraraacute em desequiliacutebrio
permanente a incidecircncia da adaptaccedilatildeo ocorre atraveacutes de esquemas mentais
essenciais intitulados de assimilaccedilatildeo (ato externo que se baseia em fazer uso dos
cognominados esquemas de accedilatildeo - maneiras de interagir com o ambiente - para
entender as particularidades de delimitada noccedilatildeo ou seja o sujeito busca sentido
fundamentado em experiecircncias precedentes para apreender o novo desafio gerado
nessa nova interaccedilatildeo) e acomodaccedilatildeo (curso interno relativo agrave construccedilatildeo de novas
estruturas cognitivas - modelos de accedilatildeo fiacutesica e mental impliacutecitos a atos proacuteprios de
inteligecircncia - baseado nas que jaacute existem poreacutem aprimorando-as e desenvolvendo-
as ou seja o sujeito procura resgatar o equiliacutebrio com o ambiente por intermeacutedio de
sua transformaccedilatildeo pessoal) Esse processo portanto possibilita compreender o
novo atingindo um novo ponto de equiliacutebrio Ainda sob a oacutetica de Piaget (1990) os
esquemas de assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo apesar de serem diferenciados existem
concomitantemente Convivem e se intercalam no decorrer do percurso evolutivo do
ser humano propiciando o confronto e a soluccedilatildeo de desafios existentes no meio
para que o indiviacuteduo se equilibre e permaneccedila evoluindo
Piaget (1990) subdividiu o decurso cognitivo inteligente em duas noccedilotildees
significativas ldquoaprendizagemrdquo e ldquodesenvolvimentordquo Argumentou que a
ldquoaprendizagemrdquo relaciona-se a uma resposta individual adquirida por meio de
experiecircncia e que pode ser conquistada de forma metoacutedica ou natildeo Jaacute o
ldquodesenvolvimentordquo concebeu realmente como uma aprendizagem Dessa forma
evidenciou que a constituiccedilatildeo do conhecimento eacute de encargo do desenvolvimento
Em seus estudos o teoacuterico descobriu que todas as pessoas percorrem diversas
transformaccedilotildees previstas organizadas e sistemaacuteticas ao longo de sua existecircncia O
que quer dizer de acordo com o autor que todos os sujeitos vivem todas as fases
de evoluccedilatildeo cognitiva na mesma continuidade contudo o princiacutepio e o fim de cada
fase variam de um sujeito para o outro em razatildeo das caracteriacutesticas particulares de
estrutura bioloacutegica ou relativa ao ambiente Por conseguinte classificou a evoluccedilatildeo
cognitiva em quatro estaacutegios
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O primeiro estaacutegio intitulado de sensoacuterio-motor por Piaget (1990) ocorre de 0
anos ateacute por volta dos 2 anos No iniacutecio dessa fase o sujeito apresenta tipos inatos
(congecircnitos) de comportamento - que nascem com ele - agarrar sugar etc No
decorrer do mesmo o indiviacuteduo desenvolve a aacuterea motora e seus dispositivos
referentes aos sentidos e sensaccedilotildees A relaccedilatildeo do ser humano com o ambiente
bem como o princiacutepio de sua investigaccedilatildeo se estabelece nesse periacuteodo gerando a
elaboraccedilatildeo de um conhecimento funcional do meio a sua volta As transformaccedilotildees
bem como a evoluccedilatildeo do comportamento acontecem como consequecircncia do
conviacutevio entre os modelos que nascem com o sujeito e os desafios apresentados
pelo meio que desencadeiam a construccedilatildeo de esquemas mentais visando
compreendecirc-lo Nessa etapa da vida humana sob o entendimento de Piaget
(1990) a inteligecircncia eacute pragmaacutetica e preacute-verbal Esclareceu que o indiviacuteduo
considera a si mesmo como alvo de atenccedilatildeo e curiosidade conceituando esse
interesse como egocentrismo geral Ainda revelou que ao atingir o final dessa fase
o sujeito comeccedila a se perceber em um ambiente externo a ele
O estaacutegio de nuacutemero dois o preacute-operatoacuterio para o referenciado autor
acontece por volta dos dois anos ateacute os 7 anos apresentando tambeacutem
caracteriacutesticas definidas Nesse estaacutegio ocorre o desenvolvimento da atividade
simboacutelica onde o indiviacuteduo comeccedila a diferenciar o significante (aquilo que significa
que eacute significativo) do significado (sentido conceito) Quanto agrave linguagem Piaget
(1990) postulou que nesse periacuteodo ela eacute elaborada e associa-se estreitamente agrave
funccedilatildeo simboacutelica possibilitando o desenvolvimento das interaccedilotildees sociais
fundamentais Tambeacutem de acordo com o autor a utilizaccedilatildeo dos jogos simboacutelicos eacute
intriacutenseca a essa fase visto que eacute por intermeacutedio do luacutedico que o sujeito
compreende o seu cotidiano compondo-o e refazendo-o de forma a transformar o
real conforme os seus desejos e necessidades objetivando a soluccedilatildeo de seus
conflitos Com relaccedilatildeo ao egocentrismo nessa fase o teoacuterico definiu como uma
dificuldade que o indiviacuteduo possui de se supor no lugar de outra pessoa Aleacutem
disso Piaget (1990) destacou que o indiviacuteduo no estaacutegio preacute-operatoacuterio natildeo
fundamenta suas suposiccedilotildees quando afirma alguma coisa Tambeacutem natildeo apresenta
consistecircncia ao argumentar possuindo muita dificuldade para esclarecer as noccedilotildees
que usa O autor do mesmo modo apontou que o sujeito ainda costuma equivocar-
se com o mundo interior subjetivo e o mundo exterior objetivo Nesse periacuteodo
tambeacutem o teoacuterico revelou que o indiviacuteduo tende a conferir vida e propoacutesitos a
35
objetos inorgacircnicos - animismo Piaget (1990) tambeacutem evidenciou que eacute
caracteriacutestico desse periacuteodo o fato de o indiviacuteduo usar o elemento humano para
explicar todos os fenocircmenos inclusive acreditando que tudo no mundo eacute obra da
criaccedilatildeo do homem ou de algueacutem divino que utilize os mesmos procedimentos
humanos - artificialismo Nesse estaacutegio igualmente de acordo com o autor ocorre o
finalismo ou seja ocasiatildeo em que o sujeito quer saber a finalidade das coisas - fase
dos porquecircs E finalmente Piaget (1990) constatou como peculiaridade do periacuteodo
a evoluccedilatildeo da vida afetiva o surgimento de sentimentos morais intuitivos e o ajuste
de interesses e valores voltados a elaborar o conhecimento
O terceiro estaacutegio nomeado de operatoacuterio concreto sucede dos 7 anos ateacute por
volta dos 12 anos O teoacuterico descobriu em seus estudos que o sujeito nessa fase
consegue representar mentalmente a accedilatildeo bem como imaginar a sua supressatildeo
Tambeacutem revelou que o indiviacuteduo mostra capacidade de retornar ao princiacutepio de seu
raciociacutenio sem gerar incoerecircncia e por conseguinte evidencia maior competecircncia
de defender suas respostas e refletir sobre os resultados de sua accedilatildeo Surge
inclusive nessa fase para Piaget (1990) o princiacutepio da construccedilatildeo da loacutegica
dialeacutetica ou seja a possibilidade de o indiviacuteduo articular divergentes perspectivas de
igual conteuacutedo ou temaacutetica Em sua teoria o referido autor apontou que nesse
periacuteodo existe consideraacutevel aumento no potencial de concentraccedilatildeo do sujeito
favorecendo a efetuaccedilatildeo de trabalho individual mas tambeacutem haacute um grande
desenvolvimento na capacidade de colaborar e trabalhar em grupo Igualmente
constatou que o foco de interesse na aprendizagem do sujeito evidencia deslocar-se
quase que completamente de si mesmo favorecendo o aprendizado de jogos com
maior complexidade de regras Sob a oacutetica do referenciado autor nesse periacuteodo ao
diminuir o egocentrismo do sujeito o entendimento de moral evolui e o cumprimento
das leis recebe outra significaccedilatildeo - deixam de ser percebidas como impostas e haacute
um respeito pelos preceitos de moralidade autocircnoma - o indiviacuteduo consegue
perceber o porquecirc de existirem leis comeccedilando a compreender o real motivo para
respeitaacute-las No tocante agraves operaccedilotildees mentais o autor demonstrou que os objetos
concretos nessa fase satildeo utilizados com a finalidade de estabelecer as relaccedilotildees
loacutegicas
O quarto estaacutegio intitulado de operatoacuterio formal ocorre em torno dos 12 aos 15
anos e seu princiacutepio incide com a fase da adolescecircncia Para Piaget (1990) nesse
periacuteodo haacute diversas transformaccedilotildees comportamentais relativas aos aspectos sociais
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e afetivos despertadas por desequiliacutebrios enfrentados na puberdade e no
amadurecer da sexualidade O teoacuterico ressaltou ainda que essa fase eacute marcada pelo
pensamento hipoteacutetico por meio de deduccedilotildees loacutegicas e pelo desenvolvimento do
potencial de abstraccedilatildeo
Considerou-se igualmente pertinente aprofundar-se sobre o conceito de
abstraccedilatildeo desenvolvido na teoria de Piaget (1990) Para tanto fez-se necessaacuterio
retomar ideias jaacute discorridas anteriormente para aclarar a questatildeo bem como buscar
outras que complementassem o estudo
O teoacuterico argumentou que os esquemas mentais encontram-se numa estrutura
- modo ordenado da inteligecircncia - uma estrutura cognitiva Evidenciou que a
inteligecircncia apresenta como encargo permanente a adaptaccedilatildeo dos esquemas
Mostrou que essa adaptaccedilatildeo vale-se tanto da assimilaccedilatildeo (integrar objeto agraves
estruturas e esquemas que o sujeito jaacute tem) quanto da acomodaccedilatildeo (transformaccedilotildees
nos esquemas para conseguir vencer o novo desafio gerado) Ademais o autor
evidenciou que esses esquemas se correspondem agrave noccedilatildeo de modelo (arqueacutetipo)
ou seja satildeo representaccedilotildees mentais do objeto de conhecimento real Aleacutem disso o
teoacuterico classificou os esquemas mentais em esquemas de accedilatildeo (motores) e
esquemas de representaccedilatildeo (conceituais) chegando agrave conclusatildeo de que se pode
relacionar o conceito de modelo aos esquemas de representaccedilatildeo Definiu o termo
representaccedilatildeo como a habilidade de pensar um objeto por intermeacutedio de outro
sendo por essa razatildeo que os esquemas estatildeo ligados de modo direto ao conceito
Em sua teoria Piaget (1990) trouxe a ideia de que nos esquemas de representaccedilatildeo
para construir o conceito o sujeito natildeo transporta o objeto em seu todo poreacutem
somente atributos ou particularidades importantes ou imprescindiacuteveis para elaborar
uma representaccedilatildeo do objeto Logo para o autor o conhecimento eacute
verdadeiramente uma representaccedilatildeo do que eacute real isto eacute representar quer dizer
reviver mentalmente o objeto de novo Abstrair portanto vem a ser desprender do
objeto real O conceito soacute se torna um conceito no momento em que ele se
desprende do objeto
Piaget (1990) ademais mostrou que as abstraccedilotildees estatildeo associadas de modo
direto com as experiecircncias Revelou que haacute dois tipos de experiecircncia (fiacutesica e loacutegica)
da mesma maneira que haacute dois tipos de abstraccedilatildeo (empiacuterica e reflexiva) Conceituou
a abstraccedilatildeo empiacuterica como residindo na experiecircncia fiacutesica pois o objeto em si
fornece ao indiviacuteduo as informaccedilotildees necessaacuterias Jaacute a abstraccedilatildeo reflexiva
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evidenciou que reside na experiecircncia loacutegica porquanto a reflexatildeo do sujeito fornece
as informaccedilotildees fundamentais que ele precisa sobre o objeto real Essa reflexatildeo eacute
realizada atraveacutes de deduccedilotildees loacutegicas isto eacute a accedilatildeo que o indiviacuteduo realiza com
relaccedilatildeo ao objeto corresponde agrave reflexatildeo do seu pensar sobre o mesmo
O autor concluiu que a accedilatildeo no meio envolve uma administraccedilatildeo e organizaccedilatildeo
de esquemas mentais que possuem a finalidade de propiciar autonomia ao sujeito
uma autonomia ligada agrave noccedilatildeo de plasticidade cerebral - qualidade do ceacuterebro de
ser flexiacutevel (moldaacutevel) e passar por mudanccedilas Piaget (1990) considerou o indiviacuteduo
epistecircmico (relativo agraves bases do conhecimento humano) pelo motivo de que ele estaacute
continuamente na procura pela formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para desvendar o ambiente
Desta forma o teoacuterico revelou que a construccedilatildeo do eu e do objeto ocorre como
consequecircncia da necessidade do sujeito querer alguma coisa que natildeo seja ele que
se encontre externo a ele E essa alguma coisa que se encontra externa a ele diz
respeito ao esquema de objeto permanente o objeto tem existecircncia real de modo
independente ao indiviacuteduo Para o indiviacuteduo reconhecer esse objeto externo a ele
necessita representaacute-lo por alguma coisa que expresse esse mesmo objeto
Jaacute a vertente interacionista histoacuterico-cultural tem em Vygotsky (1994)
psicoacutelogo russo seu teoacuterico inspirador O autor ao investigar a evoluccedilatildeo da espeacutecie
dos grupos culturais e do sujeito em seus estudos e compreensotildees propiciou
importantes consideraccedilotildees de elementos de pesquisa sobre diversas dimensotildees do
desenvolvimento humano Em conjunto com sua preocupaccedilatildeo com o
desenvolvimento o psicoacutelogo ressaltou a relevacircncia dos processos de
aprendizagem Para o psicoacutelogo os dois temas interagem fortemente e satildeo
interligados tambeacutem verificou a correlaccedilatildeo do pensamento com a linguagem e suas
consequecircncias no processo de desenvolvimento intelectual Ainda segundo o
estudioso os sistemas simboacutelicos e especialmente a linguagem desempenham
fator primordial na comunicaccedilatildeo entre os sujeitos instalando uma interaccedilatildeo de
significados que acarretam em apreciaccedilotildees semelhantes de algum modo agrave
realidade
Um pensamento fundamental na concepccedilatildeo do autor referido no paraacutegrafo
anterior com relaccedilatildeo ao funcionamento psicoloacutegico eacute o de mediaccedilatildeo Consoante
ele o ser humano natildeo estabelece relaccedilotildees diretas com o mundo essas satildeo
essencialmente mediadas por mecanismos que auxiliam a atividade humana
Seguindo sua teoria as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores formam uma estrutura
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extremamente elaborada Para o autor a evoluccedilatildeo e o desempenho das funccedilotildees
psicoloacutegicas superiores apresentam significativa associaccedilatildeo agraves formas de cada
cultura construir e ordenar o real Tambeacutem ressaltou que atraveacutes da mediaccedilatildeo o
indiviacuteduo vai gradativamente aprimorando as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores
Vygotsky (1994) especificou ainda que existem dois tipos de mecanismos
mediadores - instrumentos e signos - tendo destacado do mesmo modo que a
elaboraccedilatildeo dos mesmos num determinado acircmbito social eacute determinante de quais
das imensuraacuteveis oportunidades e perspectivas de funcionamento do ceacuterebro iratildeo se
concretizar no decorrer da evoluccedilatildeo do sujeito bem como quais seratildeo acionadas na
produccedilatildeo de suas accedilotildees
O teoacuterico entendeu os instrumentos como elementos auxiliadores do ser
humano no seu trabalho detendo a finalidade de produzir transformaccedilotildees no
mesmo ressaltando que na natureza Revelou que quando esses instrumentos se
inserem num espaccedilo entre o ser humano e o ambiente expandem as probabilidades
de modificar a natureza Tambeacutem evidenciou que os mesmos satildeo gerados com uma
funccedilatildeo precisa trazendo junto a si a atribuiccedilatildeo para a qual foram elaborados e a
maneira de aplicaccedilatildeo que lhes foi conferida atraveacutes da atividade geral que se
destina Aleacutem disso destacou que os instrumentos vecircm a ser elementos exteriores
ao indiviacuteduo
Jaacute com relaccedilatildeo aos signos Vygotsky (1994) definiu-os como ldquoinstrumentos
psicoloacutegicosrdquo conduzidos para o proacuteprio sujeito rumando em direccedilatildeo interna do
indiviacuteduo dirigindo-se a administrar accedilotildees psicoloacutegicas O teoacuterico evidenciou que
esse elemento mediador eacute de uso exclusivo do ser humano ou seja o homem ao
contraacuterio dos animais consegue elaborar e utilizar conceitos mentais que
representem os objetos do meio real Um dos pontos fortes de foco de estudo da
teoria de Vygotsky (1994) vem a ser a linguagem que de acordo com o teoacuterico eacute
toda constituiacuteda de signos Quando uma pessoa fala a tiacutetulo de exemplo a palavra
mesa nosso ceacuterebro aciona os signos que a fazem aludir imediatamente ao objeto
real que foi falado Tanto no desenvolvimento da espeacutecie humana quanto no
desenvolvimento do sujeito acontecem de acordo com o autor duas
transformaccedilotildees essenciais relativas agrave qualidade na utilizaccedilatildeo dos signos No
princiacutepio Vygotsky (1994) afirma que os signos surgem como sinais externos que
proporcionam uma base concreta para os atos do ser humano no meio em que vive
Progressivamente o uso desses sinais externos passa por um processo interno de
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mediaccedilatildeo chamado pelo autor de internalizaccedilatildeo Em seguida o teoacuterico argumenta
que satildeo elaborados sistemas de siacutembolos que ordenam os signos em estruturas
suplementares que visam dar complemento na administraccedilatildeo das accedilotildees
psicoloacutegicas Por fim o teoacuterico esclarece que os signos satildeo partilhados pelos
integrantes do grupo societaacuterio possibilitando a comunicabilidade entre os sujeitos e
a evoluccedilatildeo das interaccedilotildees no conviacutevio em sociedade
O autor ainda destaca o conceito de ldquozona de desenvolvimento proximalrdquo
explicando-a como ldquoaquelas funccedilotildees que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo
em processo de maturaccedilatildeo funccedilotildees que amadureceratildeo mas que estatildeo
presentemente em estado embrionaacuteriordquo (VYGOTSKY 1994 p 97)
Em sua teoria o pesquisador justifica que a compreensatildeo do psiquismo
humano perpassa - primeiramente - pelo discernimento de que as interaccedilotildees sociais
satildeo elementos essenciais no esclarecimento da constituiccedilatildeo dos sujeitos da
aprendizagem e do conhecimento A accedilatildeo do conhecimento vai depender da accedilatildeo
do outro Continuando seus esclarecimentos o autor afirma que o conhecimento eacute
socialmente formado ou seja a uacutenica viabilidade de construiacute-lo eacute aquela que
percorre o caminho do interpessoal para o intrapessoal Ele percebe o indiviacuteduo natildeo
apenas como ativo mas interativo visto que este forma conhecimentos e se
fundamenta a partir de relaccedilotildees intra e interpessoais Eacute no conviacutevio com o outro e
consigo proacuteprio que se vatildeo introduzindo saberes papeacuteis e funccedilotildees sociais o que
oportuniza o estabelecimento de conhecimentos e da proacutepria consciecircncia Eacute um
processo que percorre do terreno social para o pessoal interno Assim o sujeito do
conhecimento de acordo com Vygotsky (1994) eacute interativo ou seja eacute regrado por
estiacutemulos tanto externos quanto internos
Tendo-se abordado as duas linhas de pensamento focalizando o assunto
especificamente em termos de alfabetizaccedilatildeo surgem indagaccedilotildees a respeito do
letramento Os debates giram em torno de posicionamentos diversos quanto ao seu
conceito comparando-o com o da alfabetizaccedilatildeo questiona-se sua relevacircncia as
diferenccedilas a dependecircncia eou a associaccedilatildeo entre ambos os termos Nessa
perspectiva torna-se significativo apresentar essas diferenccedilas de pontos de vista
Tfouni (1995) evidencia que agrave medida que a alfabetizaccedilatildeo se envolve com a
obtenccedilatildeo da escrita por uma pessoa ou grupo de pessoas o letramento potildee em
evidecircncia a dimensatildeo soacutecio-histoacuterica da conquista de uma sociedade As pesquisas
sobre o letramento dessa maneira natildeo se reduzem apenas agravequeles indiviacuteduos que
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conseguiram ler e escrever ou seja aos alfabetizados Procuram pesquisar do
mesmo modo os efeitos da privaccedilatildeo da escrita a niacutevel individual mas sempre
reportando ao social mais abrangente averiguando entre outros assuntos quais
peculiaridades da estrutura social estatildeo relacionadas aos fatos expostos Em uma
sociedade a falta tanto quanto a existecircncia da escrita revela ser elemento
relevante que age concomitantemente como causa e efeito de mudanccedilas afetando
culturalmente e psicologicamente os indiviacuteduos pertencentes a ela de forma draacutestica
Kleiman (1995) em seus estudos sobre o letramento fala em duas direccedilotildees do
mesmo termo o modelo autocircnomo e o ideoloacutegico No primeiro encontra-se uma
convicccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo da sociedade procede de crescimentos da tecnologia
tais como a imprensa escrita a televisatildeo ou no caso do momento presente a
computaccedilatildeo e tecnologia da informaccedilatildeo O menosprezo agrave variedade cultural o fato
de ser extremamente atrelado ao sistema capitalista e de valorizar povos que detecircm
o poder em detrimento de outros sob o olhar da autora satildeo grandes erros de
percepccedilatildeo Todos esses elementos reprovam o modelo autocircnomo por fazer
distinccedilatildeo contra o ldquoiletradordquo e por dar ecircnfase apenas a textos escritos sem levar em
conta a importacircncia da oralidade Em compensaccedilatildeo ao modelo autocircnomo de
letramento despontou o modelo ideoloacutegico de letramento como uma opccedilatildeo que
pudesse ofertar uma perspectiva menos intolerante e mais analiacutetica e que
oportunizasse a importacircncia merecida a fatores culturais Esse uacuteltimo portanto tem
como fundamento a condiccedilatildeo social do letramento e concebe a leitura e a escrita
como accedilotildees sociais
A pesquisadora reitera por conseguinte sua interpretaccedilatildeo de que a leitura e a
escrita estatildeo presentes nas atividades sociais mais simples tais como ler um
manual ou pagar contas Surge assim a relevacircncia de se ver a leitura e a escrita
natildeo soacute como accedilotildees com uma finalidade em si mesmas e sim como que em favor de
um objetivo Investigar esse objetivo necessita fazer parte de um modelo mais
eficiente de letramento
Kleiman (1995) e Soares (1998) ao argumentarem a respeito do tema sobre o
princiacutepio do letramento atestam que a palavra iniciou seu uso no Brasil por
profissionais das esferas da educaccedilatildeo e das ciecircncias da linguagem com a ediccedilatildeo
do livro de Mary Kato (1986) em que a autora afirma que a liacutengua falada culta eacute
resultado do letramento
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Paulo Freire (2001) tambeacutem mostra preocupaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo poreacutem
sem apontar para o termo letramento em si Ele a percebe como uma praacutetica social
Quando assegura que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra o teoacuterico
entrevia a correlaccedilatildeo loacutegica entre a leitura do ambiente que o cerca e o sistema de
alfabetizaccedilatildeo Para ele a alfabetizaccedilatildeo excede o elementar significado de
codificaccedilatildeo e decodificaccedilatildeo dos siacutembolos da linguagem ou seja ela natildeo pode ser
restrita ao simples manejo com letras e palavras como algo automaacutetico Necessita-
se ir mais longe do que meramente entendecirc-la de forma endurecida Torna-se
relevante voltar o olhar para o alfabetizar a partir da ligaccedilatildeo entre o aluno com o
mundo intercedendo na accedilatildeo de mudar na praacutetica esse local no qual o indiviacuteduo
estaacute inserido e entendendo que a alfabetizaccedilatildeo se encontra justamente no espaccedilo
social em que se movimentam os alunos Segundo o autor adquirir a habilidade da
leitura e da escrita eacute primeiramente saber descodificar o mundo apreender a sua
histoacuteria natildeo num domiacutenio automaacutetico de palavras mas num relacionamento ativo
que conecta linguagem e realidade
Ferreiro (2002) levanta ainda a pertinente questatildeo sobre o letramento
declarando que ele estaacute ligado a uma perspectiva social maior natildeo podendo ser
sintetizado unicamente a definiccedilotildees Ela se inquieta com o analfabetismo brasileiro e
declara que natildeo haacute como falar de letramento e cultura letrada se ainda haacute milhotildees
de analfabetos no paiacutes Esse pensamento natildeo evidencia descaso com a relevacircncia
do letramento poreacutem aponta para a necessidade de privilegiar o tema do
analfabetismo especialmente nos paiacuteses menos beneficiados em relaccedilatildeo agrave
economia O que ela faz eacute uma reflexatildeo sobre o uso do termo letramento
preocupando-se com o fato de que depois da descoberta do vocaacutebulo a
alfabetizaccedilatildeo passou a ser vista como um simples decodificar
Letramento assim sendo adquire a concepccedilatildeo de ser um processo ligado ao
conviacutevio com textos diversos e a compreensatildeo da leitura Para a autora esse ponto
de vista eacute um recuo e ela se recusa a concordar com uma fase de decodificar
previamente as palavras em oposiccedilatildeo a compreender a finalidade social do texto
Acrescenta ainda que crer nesse modo de pensar eacute concordar com a antiga
percepccedilatildeo fonoloacutegica
Soares (2003) relata que o termo letramento eacute uma traduccedilatildeo para o portuguecircs
da palavra inglesa ldquoliteracyrdquo (pessoa educada especialmente capaz de ler e
escrever) A autora justifica que letramento e alfabetizaccedilatildeo devem se complementar
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e buscar um ponto de concordacircncia e mostra a necessidade de distinguir um do
outro Entretanto da mesma forma revela que haacute importacircncia em aproximar os dois
conceitos Argumenta que eacute relevante distingui-los pois ao se incorporar o termo
letramento na aacuterea da educaccedilatildeo pode haver o perigo de ameaccedilar a peculiaridade
do processo de alfabetizaccedilatildeo Do mesmo modo discute que eacute preciso aproximar
ambos porque a alfabetizaccedilatildeo se modifica e se redesenha no plano do significado
de letramento assim como ele depende dela
De acordo com Ribeiro (2003) o termo em questatildeo estaacute relacionado agrave busca
por compreensatildeo do ato de ler e de escrever como atividade social intricada em que
eacute necessaacuterio que ocorra o descobrimento de sua pluralidade de seus aspectos
poliacuteticos e de seus envolvimentos ligados a valores e pensamentos diversos
Para Mortatti (2004) o letramento estaacute associado de modo direto agrave linguagem
escrita e ao lugar que abrange bem como suas funccedilotildees e sua aplicaccedilatildeo no grupo
social em que estaacute inserido Nesta perspectiva o ato de ler e de escrever assume
grande destaque pondo-se como ponto central na vida das pessoas na convivecircncia
em sociedade e na percepccedilatildeo de mundo O letramento soacute acontece se estiver
profundamente associado agrave dimensatildeo social em que a crianccedila se encontra Ele estaacute
pois mais associado ao resultado final da aprendizagem da escrita e da leitura e
natildeo basicamente agrave alfabetizaccedilatildeo Desse modo ele ocorreraacute se a pessoa conviver
em um espaccedilo que estimule a leitura e a escrita
Weisz (2006 sp) diz em relaccedilatildeo ao letramento que
Ele foi apropriado de forma inadequada O que se falava na verdade era de alfabetizaccedilatildeo em contexto de letramento Mas muitas pessoas separaram os dois termos para chamar teacutecnicas de codificaccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e a compreensatildeo dos usos sociais da escrita de letramento Encarar a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa teacutecnica e independente do ingresso agrave cultura letrada eacute um equiacutevoco Uma deve andar sempre ao lado da outra
Rizzatti (2012) referindo-se agraves diversas maneiras de conceituar esse termo
evidencia uma preocupaccedilatildeo decorrente de ampliaccedilotildees e contornos que o dividem e
afirma que esses entendimentos acontecem destacando a percepccedilatildeo de
neologismo o que acarreta resultados consideraacuteveis para a educaccedilatildeo Esta
interpelaccedilatildeo envolve a argumentaccedilatildeo da subsequente visatildeo o ato de escrever eacute um
sistema com horizontes socioculturais e econocircmicos de adequaccedilotildees simplistas
horizonte ao qual a ocorrecircncia do letramento eacute suscetiacutevel No caso das discutiacuteveis
correlaccedilotildees entre letramento e alfabetizaccedilatildeo justifica-se a percepccedilatildeo daquele como
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pertencente vendo esta como mais um estaacutegio contido no mesmo o que natildeo ratifica
justaposiccedilotildees entre os casos muito menos discursos que a entendem como
pressuposto para que ele ocorra
Rizzatti (2012) ressalva outra questatildeo que necessita ser vista com atenccedilatildeo a
que se situa no ponto de discussatildeo entre os significados de letramento serem mais
uma questatildeo de incerteza do que de confianccedilas para o educador Segundo a autora
os discursos sobre os significados muitas vezes natildeo chegam a ser desenvolvidos
pelos professores Ocorre que o fundamento dessas teorizaccedilotildees natildeo lhes veio de
modo claro agrave exceccedilatildeo de avisos raacutepidos divulgados em cursos de curta duraccedilatildeo
que provam e vecircm provando o teor dessas contendas E relevantemente afirma
que muitos professores mostram que podem ser inicialmente levados a mudar o seu
modo de perceber o seu fazer didaacutetico-pedagoacutegico sem contudo acontecer um
adequado entendimento sobre o conceito e sobre os motivos pelos quais as
transformaccedilotildees satildeo argumentadas Dessa maneira com suporte na maioria dos
casos em embasamentos teoacutericos tecircnues ou contendo brechas professores
pendem a absorver em seus relatos e em seus procedimentos conceitos e teorias
novas sem a apropriada confianccedila e firmeza
O conceito de letramento e de alfabetizaccedilatildeo desta forma necessita ficar bem
claro sobretudo para o professor pois cabe a ele vivenciar o dia a dia das propostas
teoacutericas O educador deve estar sempre em posiccedilatildeo de estudo e de reflexatildeo a
respeito da atualidade do cenaacuterio educacional Para colocar em praacutetica as propostas
que lhe apresentam necessita-se questionaacute-las buscando aprofundamento e
conhecimento das causas que motivaram as transformaccedilotildees Por fim precisa ser
aquele profissional que pensa de forma criacutetica sobre o ato de alfabetizar letrar para
poder executar a sua praacutetica com maior propriedade e capacidade de
argumentaccedilatildeo tanto com relaccedilatildeo a alunos como com pais e demais membros da
comunidade escolar Se o profissional natildeo tem certeza do porquecirc de determinada
praacutetica de alfabetizaccedilatildeo ou mesmo se desconhece a importacircncia de sua accedilatildeo
pedagoacutegica como levar o aluno a ter sucesso e realizaccedilatildeo em sua aprendizagem
Cada um dos discursos teoacutericos agrave sua maneira demonstra grande inquietude
com a questatildeo da educaccedilatildeo com o ato de ler e de escrever Este evidencia ser um
fator positivo pois ambos percebem que vivemos em um periacuteodo de enormes
transformaccedilotildees e compreendem que a educaccedilatildeo pode dar suporte para que o
indiviacuteduo enfrente com maiores condiccedilotildees as demandas da vida e da sociedade
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Natildeo se discute a relevacircncia dos estudos e propostas teoacutericas em vista da
alfabetizaccedilatildeoletramento interacionismo construtivista soacutecio-cultural mas cabe
depositar um forte ponto de interrogaccedilatildeo quanto ao futuro e expectativas de qual
seraacute o desfecho destas discussotildees e quais suas consequecircncias para os rumos da
educaccedilatildeo
22 Aspectos legais e orientaccedilotildees para a alfabetizaccedilatildeo do 1deg ano do ensino
fundamental
Os aspectos da Lei no tocante agrave extensatildeo do ensino fundamental de oito para
nove anos satildeo fundamentais para se observar e se refletir sobre a teoria e a praacutetica
As dimensotildees legais a serem abordadas no presente trabalho portanto vecircm a ser
as seguintes
A Lei nordm 11274 (BRASIL 2006) que modificou a composiccedilatildeo dos artigos 29
30 32 e 87 da lei nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 e determinou as diretrizes e
bases da educaccedilatildeo Nacional prescrevendo a respeito da duraccedilatildeo de 09 (nove) anos
para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 06 (seis) anos de
idade determinou a extensatildeo da educaccedilatildeo infantil ateacute os cinco anos de idade e o
ensino fundamental com a duraccedilatildeo de nove anos com matriacutecula exigida a datar dos
seis anos invalidando a restriccedilatildeo ao ingresso a partir dessa idade no ensino
fundamental sob nenhuma circunstacircncia
As razotildees para a criaccedilatildeo das poliacuteticas de extensatildeo dos anos de escolaridade
que findaram na Lei ndeg 11274 (BRASIL 2006) se estabeleceram como dispositivos
legais de accedilatildeo poliacutetica para ofertar a todas as crianccedilas a possibilidade de desfrutar o
direito de iniciar seus estudos com maior antecedecircncia No ensino fundamental de
nove anos o propoacutesito eacute certificar que todas as crianccedilas possuam um periacuteodo maior
de convivecircncia na escola aumentando possibilidades e ocasiotildees favoraacuteveis de
aprendizado e por conseguinte mais qualificaccedilatildeo
Detendo-se especificamente a nova composiccedilatildeo do artigo 32 da Lei 11274
(BRASIL 2006) verifica-se que a determinaccedilatildeo eacute clara quando estabelece ldquoo ensino
fundamental obrigatoacuterio com duraccedilatildeo de 9 (nove) anos gratuito na escola puacuteblica
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idaderdquo certificando tanto a garantia de ingressar
um ano antes na escola quanto a ampliaccedilatildeo do periacuteodo para evoluir na aquisiccedilatildeo de
45
alfabetizaccedilatildeo do aluno observando tambeacutem que este um ano a mais foi adicionado
como fase que antecede ao 1ordm ano do ensino fundamental de oito anos Seguindo
esse raciociacutenio a redaccedilatildeo do referido paraacutegrafo objetiva solucionar o problema que
ocorria antes em ocasiatildeo do aluno4 entrar no ensino fundamental comeccedilando a
educaccedilatildeo baacutesica aos sete anos de idade O problema que era gerado no primeiro
ano de ensino consistia na acumulaccedilatildeo de conteuacutedos o que tornava difiacutecil o
aprendizado Deste modo a poliacutetica anterior natildeo proporcionava ao aluno um periacuteodo
de adaptaccedilatildeo e incentivo quando este iniciava sua trajetoacuteria na escola
Considera-se o conhecimento das normas expedidas pelo Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo (CNE) Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica (CEB) que regulamentam a
ampliaccedilatildeo do ensino fundamental para nove anos de duraccedilatildeo do mesmo modo
pertinentes ao estudo e ficam explicitadas nos pareceres
No Parecer CNECEB 42008 (BRASIL 2008) observa-se a determinaccedilatildeo
sobre os trecircs anos iniciais do ensino fundamental de nove anos com ingresso aos
seis anos de idade Por meio deste o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoConselho de
Educaccedilatildeo Baacutesica aclara incertezas a respeito da metodologia pedagoacutegica a ser
dedicada aos alunos que ingressam nos trecircs anos iniciais do ensino fundamental
como reiterar a formaccedilatildeo de um novo ensino fundamental com matriacutecula
obrigatoacuteria aos seis anos a ser acolhido por todos os sistemas de ensino ateacute o ano
de 2010 consolidar o ldquociclo da infacircnciardquo com trecircs anos de duraccedilatildeo sendo o primeiro
parte integrante do mesmo confirmando que este eacute um periacuteodo dedicado agrave
alfabetizaccedilatildeo e ao letramento ao desenvolvimento das diversas expressotildees e ao
aprendizado das aacutereas de conhecimento
O Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino
fundamental de 9 (nove) anos bem como determina a revisatildeo do projeto poliacutetico
pedagoacutegico das escolas Encontra-se no art 18 do Parecer 112010 (BRASIL
2010) uma forte indicaccedilatildeo de como fazecirc-lo e percebe-se que essa reestruturaccedilatildeo
deve ser centrada no aluno como ser uacutenico e com necessidades e interesses
proacuteprios
4 Optou-se pelo uso da forma masculina generalizando por utilizar-se da gramaacutetica normativa que prescreve o masculino sem o objetivo de entrar no meacuterito de gecircnero
46
O curriacuteculo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociais (PARECER CNECEB 112010 art 18)
Da mesma forma no art 20 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) percebe-se a
importacircncia conferida agrave revisatildeo do PPP da escola afirmando que o mesmo deve ser
reformulado bem como o regimento escolar em conformidade ao que se propotildee
para o ensino fundamental de 9 (nove) anos e atraveacutes de procedimentos que
oportunizem a participaccedilatildeo sendo assim correlacionados com a ldquogestatildeo
democraacuteticardquo No jaacute referido artigo sect 1ordm do Parecer 112010 (BRASIL 2010)
encontra-se definida a concepccedilatildeo de PPP da escola Essa esclarece que ele
representa a ldquoproposta educativardquo edificada pela ldquocomunidade escolarrdquo exercendo
ldquosua autonomiardquo contudo sem deixar de reafirmar que essa independecircncia
necessita se basear ldquonas caracteriacutesticas dos alunos e nos profissionais e recursos
disponiacuteveisrdquo e destacar a relevacircncia em ldquoter como referecircncia as orientaccedilotildees
curriculares nacionais e dos respectivos sistemas de ensinordquo Esse Parecer
encontra-se tambeacutem incluiacutedo no documento Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educaccedilatildeo Baacutesica (BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO 2013 paacuteginas 102 a
142) onde satildeo revisadas as questotildees relativas agrave Educaccedilatildeo Infantil e a estabelece
como obrigatoacuteria passando a integrar o Ensino Baacutesico
No Parecer Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
112010 (BRASIL 2010) satildeo confirmadas as orientaccedilotildees sobre o ensino
fundamental de nove anos nas seacuteries iniciais atribuindo ecircnfase ao ciclo de
alfabetizaccedilatildeo No art 30 do Parecer supracitado em seus incisos I II e III do
paraacutegrafo primeiro encontram-se testificados o valor que deve ser dedicado ao ciclo
da alfabetizaccedilatildeo e como ele precisa acontecer na praacutetica quando declara que
Art 30 Os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
47
Para entender-se a ecircnfase dada ao ciclo de alfabetizaccedilatildeo no referido Parecer
precisa-se aclarar que esse ciclo consiste em um tempo sequencial de trecircs anos ou
seja sem ser interrompido formado pelo 1deg 2deg e 3deg ano do ensino fundamental De
acordo com o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 23) ldquoa complexidade
do processo de alfabetizaccedilatildeo requer a continuidade do aprendizado para que sejam
respeitados os diferentes tempos de desenvolvimento das crianccedilas de seis a oito
anos de idade Ao final do ciclo a crianccedila deve estar alfabetizadardquo Aleacutem disso
nesse mesmo Parecer fica determinado que este periacuteodo tambeacutem seja adequado
para que em conjunto com a aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita a crianccedila possa
alicerccedilar os conhecimentos indispensaacuteveis tanto do apoderamento da alfabetizaccedilatildeo
quanto do progresso e evoluccedilatildeo das vaacuterias esferas do aprendizado
Continuando o estudo do art 30 sect 1ordm do Parecer em questatildeo verifica-se
igualmente em relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo que
Art 30 Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola no uso de sua autonomia fizerem opccedilatildeo pelo regime seriado seraacute necessaacuterio considerar os trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco pedagoacutegico ou um ciclo sequencial natildeo passiacutevel de interrupccedilatildeo voltado para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sistematizaccedilatildeo e aprofundamento das aprendizagens baacutesicas imprescindiacuteveis para o prosseguimento dos estudos (PARECER CNECEB 112010 sect 1ordm art 30)
Isso determinado por lei esclarece-se que natildeo deve haver nesse periacuteodo dos
trecircs primeiros anos do ensino fundamental a retenccedilatildeo do aluno O Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 22) no relatoacuterio de suas diretrizes justifica
essa determinaccedilatildeo com relaccedilatildeo ao ciclo da alfabetizaccedilatildeo estabelecendo o seguinte
Para evitar que as crianccedilas de 6 (seis) anos se tornem refeacutens prematuros da cultura da repetecircncia e que natildeo seja indevidamente interrompida a continuidade dos processos educativos levando agrave baixa autoestima do aluno e sobretudo para assegurar a todas as crianccedilas uma educaccedilatildeo de qualidade recomenda-se enfaticamente que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de escolas a organizaccedilatildeo em ciclo dos trecircs primeiros anos do Ensino Fundamental abrangendo crianccedilas de 6 (seis) 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e instituindo um bloco destinado agrave alfabetizaccedilatildeo (PARECER CNECEB 112010 p 22)
Entretanto em nenhum momento assevera que natildeo se deva proporcionar um
ensino de qualidade voltado agrave aquisiccedilatildeo de uma aprendizagem significativa capaz
de favorecer a continuidade do educando na apropriaccedilatildeo dos saberes dos anos
seguintes deste mesmo ciclo
Somando-se aos pareceres mencionados encontra-se outra medida
importante que eacute a instauraccedilatildeo do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa
48
(PNAIC) A Portaria Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura nordm 867 de 4 de julho de 2012
instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e suas accedilotildees definindo
suas diretrizes gerais e resolvendo que
Art 1ordm Fica instituiacutedo o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa pelo qual o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) e as secretarias estaduais distrital e municipais de educaccedilatildeo reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto nordm 6094 de 24 de abril de 2007 de alfabetizar as crianccedilas ateacute no maacuteximo os oito anos de idade ao final do 3ordm ano do ensino fundamental aferindo os resultados por exame perioacutedico especiacutefico que passa a abranger I - a alfabetizaccedilatildeo em liacutengua portuguesa e em matemaacutetica II - a realizaccedilatildeo de avaliaccedilotildees anuais universais pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira - INEP para os concluintes do 3ordm ano do ensino fundamental III - o apoio gerencial dos estados aos municiacutepios que tenham aderido agraves accedilotildees do Pacto para sua efetiva implementaccedilatildeo Paraacutegrafo uacutenico A pactuaccedilatildeo com cada ente federado seraacute formalizada em instrumento proacuteprio a ser disponibilizado pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 1)
A medida do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa (PNAIC)
conforme aclara a Portaria MEC867 (BRASIL 2012) eacute um acordo oficial adotado
pelos governos federal estadual e municipal visando garantir que todos os alunos
se encontrem alfabetizados em Portuguecircs e Matemaacutetica ateacute os oito anos de idade
ao final do 3ordm ano do ensino fundamental Verifica-se que esse Pacto vem ao
encontro da Lei de extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos no
sentido de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo A proposta natildeo eacute passar a crianccedila
de um ano para o outro simplesmente porque natildeo deve haver interrupccedilatildeo pois com
a medida do Pacto existe o compromisso de que o aluno deve estar alfabetizado ateacute
a faixa etaacuteria de oito anos Ainda ressalta que essa eacute uma idade apropriada para o
domiacutenio da leitura e da escrita como tambeacutem destaca a necessidade de a crianccedila
estar de posse desse conhecimento para seus estudos futuros O Pacto tambeacutem
propotildee investir na qualificaccedilatildeo do professor peccedila fundamental do processo que natildeo
pode passar em branco que precisa estar comprometido com essa aposta de
mudanccedila e busca de qualidade na educaccedilatildeo
Entende-se ser relevante destacar tambeacutem as consideraccedilotildees enfatizadas pela
Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo ldquoao
longo do desenvolvimento do trabalho pedagoacutegicordquo
1 O Sistema de Escrita Alfabeacutetica eacute complexo e exige um ensino sistemaacutetico e problematizador
49
2 O desenvolvimento das capacidades de leitura e de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuterias 3 Os conhecimentos oriundos das diferentes aacutereas podem e devem ser apropriados pelas crianccedilas de modo que elas possam ouvir falar ler escrever sobre temas diversos e agir na sociedade 4 A ludicidade e o cuidado com as crianccedilas satildeo condiccedilotildees baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagem (BRASIL MEC 2012 p 1)
Assim sendo mais uma vez percebe-se a preocupaccedilatildeo em como deve ocorrer
essa praacutetica do professor alfabetizador no ensino fundamental de nove anos
principalmente no 1deg ano por incluir crianccedilas da faixa etaacuteria dos seis anos Os
princiacutepios reforccedilam agraves claras as diretrizes e orientaccedilotildees quando afirmam que o
educador precisa estruturar e sistematizar o ensino da alfabetizaccedilatildeo bem como
desafiar o aluno nas propostas pedagoacutegicas levando-o a ser criacutetico e questionador
em relaccedilatildeo ao seu aprendizado Do mesmo modo evidenciam novamente que a
alfabetizaccedilatildeo deve ocorrer ao longo dos trecircs anos do ciclo tendo iniacutecio no primeiro
deles poreacutem sempre visando situar o aluno no centro da aprendizagem que deve
ser significativa e favorecer a sua identificaccedilatildeo dentro do processo Especialmente
no quarto princiacutepio percebe-se a evidecircncia na ldquoludicidade e cuidado com as
crianccedilasrdquo destacando-os como ldquocondiccedilotildees baacutesicas do processo de ensino e
aprendizagemrdquo O aluno no ensino fundamental e particularmente no primeiro ano
natildeo deixa de ser crianccedila e como tal precisa de cuidados diferenciados e a questatildeo
de se entender que ele compreende o mundo atraveacutes do luacutedico eacute essencial para o
sucesso da sua vida tanto escolar quanto pessoal
Outra questatildeo importantiacutessima pontuada pela Portaria MEC867 (BRASIL
2012) enfatiza o modo de conceber a alfabetizaccedilatildeo situando-a como essencial na
atualidade da educaccedilatildeo em que vivemos aleacutem de evidenciar o destaque do trabalho
docente nesse processo de alfabetizar no sentido de formar o ser humano como
cidadatildeo No que diz respeito ao trabalho do professor tal concepccedilatildeo do MEC
(BRASIL 2012) orienta que ele necessita natildeo soacute pensar sobre o que ensinar aos
alunos como tambeacutem a maneira de fazecirc-lo O educador necessita ter um olhar mais
abrangente de qual a visatildeo do ser humano que ele tem sob sua orientaccedilatildeo bem
como qual a visatildeo de alfabetizaccedilatildeo de mundo e de sociedade em que este aluno
estaacute inserido Natildeo apenas alfabetizar por alfabetizar como algo mecacircnico e exigido
pela Lei A praacutetica do professor precisa vir carregada de reflexatildeo a respeito da
50
importacircncia que a alfabetizaccedilatildeo pode ter na vida de uma pessoa Averigua-se
nesse ponto a preocupaccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo desse profissional no art 5 inciso
IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC na redaccedilatildeo de um
dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da formaccedilatildeo dos
professores alfabetizadoresrdquo No art 6 inciso I tambeacutem se encontra estabelecida
essa preocupaccedilatildeo como accedilatildeo do Pacto ao estabelecer como meta a ldquoformaccedilatildeo
continuada de professores alfabetizadoresrdquo Do mesmo modo no art 7 inciso II
verifica-se que aleacutem de apontar a formaccedilatildeo dos professores alfabetizadores como
um dos eixos de accedilatildeo igualmente estabelece a relevacircncia da ldquoformaccedilatildeo e
constituiccedilatildeo de uma rede de professores orientadores de estudordquo Encontra-se no
art 12 especial atenccedilatildeo com a qualificaccedilatildeo profissional do professor especificando
a determinaccedilatildeo de delegar agraves IES (Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior) a
competecircncia de colocar em praacutetica essa accedilatildeo
Art 12 I - realizar a gestatildeo acadecircmica e pedagoacutegica do curso de formaccedilatildeo II - selecionar os formadores que ministraratildeo o curso de formaccedilatildeo aos orientadores de estudo III - assegurar espaccedilo fiacutesico e material de apoio adequados para os encontros presenciais da formaccedilatildeo dos professores orientadores de estudo IV - certificar os professores orientadores de estudos e os professores alfabetizadores que tenham concluiacutedo o curso de formaccedilatildeo V - apresentar relatoacuterios parciais e finais sobre a execuccedilatildeo do curso de formaccedilatildeo no modelo e dentro dos prazos estipulados nos planos de trabalho pelo MEC (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 12)
Ainda com relaccedilatildeo agrave qualificaccedilatildeo profissional dos professores no art 11 da
Portaria MEC 8672012 nos incisos IV e V respectivamente encontram-se
estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC ldquopromover em parceria com as
Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos
professores alfabetizadores nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e
ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a participaccedilatildeo dos orientadores de estudo
e dos professores alfabetizadores nas atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e
estimular a formaccedilatildeo do educador
Aleacutem da qualificaccedilatildeo profissional no art 8 da Portaria do MEC 8672012
(BRASIL 2012) percebe-se o objetivo do Pacto em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes atraveacutes do MEC materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
51
educacionais Mais especificamente de acordo com o art 8 o MEC disponibilizaraacute
agravequelas que aderirem ao PNAIC
Art 8 I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
O apoio oferecido pelo MEC disponibilizando materiais didaacuteticos e recursos de
ensino agraves escolas que aderirem ao programa demonstra que o ministeacuterio preocupa-
se com o trabalho do professor pois eacute necessaacuterio que lhe seja dado suporte para
que consiga colocar em praacutetica todos os saberes que adquire na sua formaccedilatildeo
continuada A qualificaccedilatildeo profissional em conjunto com condiccedilotildees favoraacuteveis no
exerciacutecio educativo pode ser um diferencial positivo na evoluccedilatildeo da educaccedilatildeo
Jaacute com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo a medida do Pacto instituiacuteda pela Portaria MEC
8672012 (BRASL 2012) confere papel relevante entre suas accedilotildees No Art 13
inciso II compreende-se que ldquo() caberaacute aos Estados e ao Distrito Federal ()rdquo a
incumbecircncia de ldquo() promover a participaccedilatildeo das escolas de sua rede de ensino nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo no art 14 inciso II tambeacutem se observa que seraacute
de incumbecircncia dos Municiacutepios ldquopromover a participaccedilatildeo das escolas da rede nas
avaliaccedilotildees realizadas pelo INEPrdquo
Constata-se que a partir da instauraccedilatildeo do PNAIC houve maior atenccedilatildeo
relativa agrave avaliaccedilatildeo A Portaria MECINEP 304 2013 (BRASIL 2013) eacute um exemplo
disso pois teve como objetivo avaliar a qualidade do aprendizado Ela oficializou a
sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica resolvendo que
Art 1ordm - Fica estabelecida na forma desta Portaria a sistemaacutetica para a realizaccedilatildeo das avaliaccedilotildees do Sistema de Avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica - SAEB composto pela Avaliaccedilatildeo Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC Avaliaccedilatildeo Nacional da Educaccedilatildeo Baacutesica - ANEB e Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo - ANA no ano de 2013 Paraacutegrafo uacutenico - O INEP realizaraacute a ANRESC (Prova Brasil) ANEB e ANA em regime de parceria com os Estados os Municiacutepios e o Distrito Federal (BRASIL MECINEP 3042013 art 1)
52
Visando-se elucidar o significado e o objetivo de cada um dos sistemas de
avaliaccedilatildeo referidos acima verifica-se que o Saeb (Sistema de Avaliaccedilatildeo da
Educaccedilatildeo Baacutesica) possui como finalidade fundamental a avaliaccedilatildeo da Educaccedilatildeo
Baacutesica do paiacutes o auxiacutelio no aperfeiccediloamento de sua qualidade e para tornar
acessiacutevel o ingresso de todos agrave escola a disponibilizaccedilatildeo de recursos efetivos para
a elaboraccedilatildeo a reelaboraccedilatildeo e supervisatildeo de poliacuteticas puacuteblicas destinadas a esta
Educaccedilatildeo Do mesmo modo busca fornecer dados e indicadores que viabilizem
maior entendimento das causas que exercem influecircncia no desempenho dos alunos
e anos avaliados O Saeb abrange as trecircs formas de avaliaccedilatildeo ANRESC ANEB e
ANA
A ANRESC - ou ldquoProva Brasilrdquo - objetiva realizar avaliaccedilatildeo em Liacutengua
Portuguesa e Matemaacutetica em escolas da rede puacuteblica de ensino nos 5ordm e 9ordm anos
do ensino fundamental de 9 anos e nas 4ordf e 8ordf seacuteries do ensino fundamental de 8
anos (BRASIL PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 1ordm inciso I) A ANEB tem
como fim avaliar os 5ordm e 9ordm anos (4ordf e 8ordf seacuteries) do ensino fundamental regular e de
3ordm ano do ensino meacutedio das escolas das redes puacuteblica e privada (BRASIL
PORTARIA MECINEP 304 2013 art 2 sect 2ordm inciso I) Ambas satildeo realizadas de
dois em dois anos
Quanto ao caso especiacutefico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental dos trecircs
primeiros anos do Ensino Baacutesico pois o foco da presente pesquisa eacute a anaacutelise das
praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo no 1deg ano do ensino fundamental a avaliaccedilatildeo eacute
denominada de ANA (Avaliaccedilatildeo Nacional de Alfabetizaccedilatildeo) Essa consiste de uma
avaliaccedilatildeo censitaacuteria anual que foi oficializada pela Portaria MECINEP 304 2013
(BRASIL 2013) De acordo com o Art 2 sect 3ordm inciso I dessa Portaria um dos
objetivos especiacuteficos eacute ldquoaplicar instrumentos (provas de Leitura e Escrita para o
Grupo I e prova de Matemaacutetica para o Grupo II) a estudantes matriculados no 3ordm ano
do ensino fundamental em escolas puacuteblicasrdquo A ANA foi incorporada ao Saeb pela
Portaria nordm 482 de 7 de junho de 2013
Os dados obtidos nas avaliaccedilotildees satildeo levados ao Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira) que eacute uma autarquia federal
vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC) Seu objetivo eacute proporcionar
estudos pesquisas e avaliaccedilotildees relacionadas ao Sistema Educacional Brasileiro
com o intuito de auxiliar a elaboraccedilatildeo e efetivaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas para a aacuterea
53
da educaccedilatildeo partindo de padrotildees de qualidade e igualdade como tambeacutem gerar
informaccedilotildees com clareza e confiabilidade Por fim o IDEB (Iacutendice de
Desenvolvimento da Educaccedilatildeo Baacutesica) criado pelo Inep em 2007 proporciona uma
siacutentese dos resultados das avaliaccedilotildees expressando-os em valores (de zero a dez)
favorecendo a sua compreensatildeo e permitindo pautar propoacutesitos que possibilitem a
melhoria na qualidade educacional dos sistemas
Aleacutem das avaliaccedilotildees internas haacute o PISA (Programa Internacional de Avaliaccedilatildeo
de Alunos) que eacute um projeto internacional de avaliaccedilatildeo comparada utilizado com
estudantes na faixa etaacuteria dos 15 anos idade em que se julga a finalizaccedilatildeo da
escolaridade baacutesica determinada na maior parte dos paiacuteses O programa eacute
promovido e administrado pela Organizaccedilatildeo para Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento
Econocircmico (OCDE) Em cada paiacutes integrante haacute um gerenciamento nacional No
Brasil o projeto eacute supervisionado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Aniacutesio Teixeira (Inep) A meta desse programa eacute gerar indicadores que
colaborem para a discussatildeo da qualidade da educaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes de
maneira a custear poliacuteticas de melhoramento do ensino baacutesico
As avaliaccedilotildees ocorrem de trecircs em trecircs anos e envolvem leitura matemaacutetica e
ciecircncias sendo que a cada ano eacute dado maior destaque em cada uma dessas
aacutereas Em 2000 o enfoque foi em Leitura em 2003 em Matemaacutetica em 2006
Ciecircncias O PISA 2009 principiou uma nova etapa do programa com o destaque
mais uma vez reincidindo sobre a alfabetizaccedilatildeo em 2012 foi outra vez a
Matemaacutetica e em 2015 seraacute sobre a aacuterea das Ciecircncias Aleacutem de verificar as
competecircncias dos alunos nas jaacute referidas aacutereas o PISA reuacutene dados para a
produccedilatildeo de indicativos contextuais os quais possibilitam correlacionar a atuaccedilatildeo
dos alunos a intercorrentes demograacuteficas socioeconocircmicas e educacionais Esses
dados satildeo reunidos atraveacutes da realizaccedilatildeo de questotildees especiacuteficas para os alunos e
para os estabelecimentos de ensino Os frutos dessa averiguaccedilatildeo podem ser
usados pelos governos dos paiacuteses incluiacutedos como ferramenta de trabalho na
delimitaccedilatildeo e aperfeiccediloamento de poliacuteticas educativas buscando deixar mais bem-
sucedida a educaccedilatildeo no sentido de formar jovens atuantes e participativos na
sociedade
A partir do conhecimento e estudo das mudanccedilas na Lei compreende-se que
as mesmas visam assegurar o direito da crianccedila ao acesso ao ensino fundamental
bem como pretendem proporcionar a ela mais oportunidades de uma maior
54
qualidade de alfabetizaccedilatildeo e aprendizagem A extensatildeo do ensino fundamental de
oito para nove anos vem corroborar com esse objetivo segundo o que explicitam as
leis pareceres resoluccedilotildees e medidas citadas acima determinando tambeacutem que o 1deg
ano seja iniciado aos seis anos de idade Por isso o estudo das orientaccedilotildees de como
estaacute acontecendo esta implantaccedilatildeo na praacutetica torna-se muito importante para o
presente trabalho Eacute o que veremos a seguir
23 Relatoacuterios do MEC para o 1deg ano do Ensino Fundamental e Ensino Baacutesico
Compreende-se a extensatildeo do ensino fundamental para nove anos como
situada ao redor de diversos fatores que abarcam uma grande gama de questotildees
importantes geradas a partir dos aspectos legais Nesse sentido o Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo e Cultura elaborou um modo de trabalho de conexatildeo com os sistemas de
ensino e com as vaacuterias instituiccedilotildees dirigidas para a questatildeo da educaccedilatildeo Esse
ministeacuterio pretende com estas articulaccedilotildees buscar uma renovaccedilatildeo pedagoacutegica
tendo em vista a seriedade que demanda tanto a implantaccedilatildeo do ensino
fundamental de nove anos quanto a qualificaccedilatildeo do ensino baacutesico como um todo
Para tanto ele apresentou os seguintes relatoacuterios
Em 2004 efetivou o relatoacuterio denominado ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental
para Nove Anos 1ordm Relatoacuterio do Programardquo Nele foram informados os atos
fundamentais realizados pela Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Defensoria
Puacuteblica de Estado (DPE) e a Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental (COEF)
em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educaccedilatildeo em todo o
Brasil atraveacutes de vaacuterias reuniotildees por regiatildeo Nesses encontros que culminaram no
relatoacuterio referido que abrange um intervalo de tempo que vai de fevereiro a julho de
2004 (MECSEB 2004) foram debatidas as realizaccedilotildees dos sistemas de ensino
para tornar possiacutevel tal ampliaccedilatildeo desejada nos estados do paiacutes Esse relatoacuterio
sustenta a extensatildeo do tempo em que o aluno frequenta a escola A prorrogaccedilatildeo em
mais um ano de estudo deve gerar um crescimento positivo no desenvolvimento da
educaccedilatildeo tais como inserccedilatildeo de todas as crianccedilas de seis anos na escola menor
tempo de exposiccedilatildeo das mesmas a circunstacircncias de perigo perseveranccedila na
frequecircncia ao ambiente escolar triunfo na aprendizagem e prolongamento da
escolaridade dos alunos Os procedimentos educacionais necessitam ser
apropriados agrave idade dos alunos que passam a fazer parte desta etapa do ensino
55
para que a trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil para o Ensino Fundamental ocorra sem
cortes e comoccedilotildees (BRASIL 2004)
Logo apoacutes em julho de 2004 foi veiculado o documento ldquoEnsino Fundamental
de Nove Anos Orientaccedilotildees Geraisrdquo pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura (MEC)
Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB) Departamento de Poliacuteticas de Educaccedilatildeo
Infantil e Ensino Fundamental (DPE) Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental
(COEF) (2004) Esse instrumento tratou da revisatildeo da proposta pedagoacutegica
reorganizaccedilatildeo dos tempos e dos espaccedilos escolares da escola como poacutelo irradiador
de cultura e conhecimento da fundamentaccedilatildeo legal do porquecirc do ensino
fundamental de nove anos da sua organizaccedilatildeo com essa duraccedilatildeo estendida - com o
acesso de alunos de seis anos - os nove anos de trabalho no ensino fundamental e
a nova idade que integra o ensino fundamental - e da formaccedilatildeo dos professores O
documento ldquoEnsino Fundamental de 9 Anos - Orientaccedilotildees Geraisrdquo foi fruto
principalmente dos debates com os administradores que frequentaram esses
congressos e sua organizaccedilatildeo foi efetuada em Brasiacutelia no ldquoEncontro Nacional
Ensino Fundamental de Nove Anosrdquo em novembro de 2004 assim como em
ldquoSeminaacuterio Internacional de Alfabetizaccedilatildeo e Letramento na Infacircnciardquo que aconteceu
em Brasiacutelia em dezembro de 2004 Esse registro foi fonte de orientaccedilatildeo para os
quesitos relacionados agrave pedagogia e agrave administraccedilatildeo no que tange ao ingresso das
crianccedilas de seis anos de idade no ensino fundamental O documento mostrou
igualmente o embasamento das leis referentes a pontos como a organizaccedilatildeo do
tempo e do espaccedilo escolar a formaccedilatildeo do professor para atuaccedilatildeo com a crianccedila de
seis anos o trabalho coletivo entre outras dimensotildees significativas que permitem a
edificaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo traccedilada no caraacuteter social (BRASIL 2004)
Ainda nesse ano tambeacutem se publicou o segundo relatoacuterio do programa
(BRASIL 2004) do periacuteodo de 18 a 19 de novembro de 2004 que aconteceu a
partir do Encontro Nacional ensino fundamental de nove anos em Brasiacutelia e
impulsionou diversas aacutereas apontando um alto grau de aprovaccedilatildeo e apoio ao
programa Ressalta-se a relevacircncia do comparecimento de um nuacutemero consideraacutevel
de representantes de todo o paiacutes (BRASIL 2004) Esse relatoacuterio explicitou as
dinacircmicas essenciais efetuadas pela SEBDPECOEF em conjunto com as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educaccedilatildeo entre agosto de 2004 ateacute julho de
2005 Esse documento confirma que a proposiccedilatildeo de extensatildeo dos anos de
escolaridade postula dos profissionais no desempenho da docecircncia e gestatildeo natildeo
56
soacute mais ponderaccedilatildeo e meditaccedilatildeo para investigar a fundo a temaacutetica como
igualmente a elaboraccedilatildeo de taacuteticas direcionadas agrave efetivaccedilatildeo do programa
(BRASIL 2005)
Depois em 2006 efetivou o terceiro relatoacuterio que evidenciou uma investigaccedilatildeo
das indagaccedilotildees mostradas nos seminaacuterios regionais apresentando o tripeacute da
reforma curriacuteculo recurso financeiro e formaccedilatildeo profissional O propoacutesito desse
relatoacuterio foi aleacutem de renovar os dados sobre o programa tambeacutem aclarar as
incertezas e as indagaccedilotildees dos estabelecimentos de ensino sobre o processo de
extensatildeo do ensino fundamental pare nove anos de duraccedilatildeo (BRASIL 2006) Foi
intitulado como ldquoAmpliaccedilatildeo do Ensino Fundamental para Nove Anos 3ordm Relatoacuterio do
Programardquo e tornou-se um dispositivo imprescindiacutevel na fase transitoacuteria de oito para
nove anos do ensino obrigatoacuterio
Tambeacutem em 2006 ocorreu a apresentaccedilatildeo do documento ldquoEnsino
Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos
de Idaderdquo efetuada no Seminaacuterio Nacional Curriacuteculo em Debate em duas
impressotildees de 08 a 10 de novembro e 22 a 24 de novembro de 2006 em Brasiacutelia
(BRASIL 2007) Ele indicou aos sistemas de ensino e agraves instituiccedilotildees escolares
nortes a serem seguidos dados meditaccedilotildees e alternativas de trabalho visando
auxiliar a atividade didaacutetica nos anos iniciais do ensino fundamental tendo como
ponto central principalmente crianccedilas de seis anos de idade (BRASIL 2006) A fim
de assistir educadores na sua praacutetica e orientadores no desempenho da
coordenaccedilatildeo sobre a infacircncia na educaccedilatildeo baacutesica o documento toma como alvo a
evoluccedilatildeo e o aprendizado dos alunos dessa idade que faratildeo parte do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL 2006)
Mais um documento ldquoIndagaccedilotildees sobre Curriacuteculo-kit curriacuteculordquo (BRASIL
2007) resultado de Seminaacuterio Nacional sobre assuntos voltados ao curriacuteculo
promovido pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura mostra-se relevante para o
presente estudo Esse documento abrange todo o ensino baacutesico e tem como
objetivo levar cada uma das escolas e Secretarias de Educaccedilatildeo a refletirem sobre a
concepccedilatildeo de curriacuteculo e seus desdobramentos O tema nele exposto segue em
eixos fundamentais para o debate entre professores gestores e demais
profissionais Os cinco focos de organizaccedilatildeo que correspondem aos capiacutetulos da
publicaccedilatildeo satildeo estes Curriacuteculo e Desenvolvimento Humano (Elvira Souza Lima)
Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo (Miguel Arroyo) Curriacuteculo
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Conhecimento e Cultura (Antocircnio Flaacutevio Barbosa Moreira e Vera Maria Candau)
Diversidade e Curriacuteculo (Nilma Lino Gomes) Curriacuteculo e Avaliaccedilatildeo (Claacuteudia de
Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas)
Ainda em 2007 foi publicado o documento do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura
(2007) intitulado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a Inclusatildeo
de Crianccedilas de Seis Anos de Idaderdquo tendo como finalidade aprofundar questotildees
relativas agrave implantaccedilatildeo do novo ensino fundamental de nove anos Nessa ediccedilatildeo do
documento encontram-se nove textos elaborados por pesquisadores e professores
de quatro instituiccedilotildees de ensino superior do Brasil
Em 2009 o MEC por intermeacutedio da Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica (SEB)
Diretoria de Concepccedilotildees e Orientaccedilotildees Curriculares para Educaccedilatildeo Baacutesica
(DCOCEB) e Coordenaccedilatildeo Geral do Ensino Fundamental editou um novo
documento chamado ldquoEnsino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do
Processo de Implantaccedilatildeo - Mais um Ano eacute Fundamentalrdquo Este material tem como
meta primordial servir de auxiacutelio aos gestores municipais e estaduais conselhos de
educaccedilatildeo comunidade escolar e demais oacutergatildeos e instituiccedilotildees quanto agrave introduccedilatildeo e
efetivaccedilatildeo do ensino de nove anos O certificado conteacutem direcionamentos que visam
qualificar e equiparar a oferta de ensino no sentido de apresentar formas de se
organizar o ensino fundamental de maneira que os alunos possam continuar os
estudos e do mesmo modo possibilitar que a crianccedila venha a ter um periacuteodo maior
para conquistar e evoluir na aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
Jaacute em 2010 o Conselho Nacional de EducaccedilatildeoCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica
(2010) no Parecer ndeg 11 de 14 de dezembro fixou Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos Este Parecer decide que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 13 de julho de 2010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave
58
Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Ainda com relaccedilatildeo ao Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) destaca-se
interessante apontar o art 9deg que afirma que o curriacuteculo eacute formado pelas
experiecircncias vividas em torno do conhecimento da realidade social ou seja as
vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos jaacute acumulados os quais
contribuem na constituiccedilatildeo de suas identidades
Conjuntamente no art 24 do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
constata-se a preocupaccedilatildeo em enfatizar a necessidade de integraccedilatildeo dos
conhecimentos para aproximar o processo educativo com as experiecircncias dos
alunos
Outrossim no art 25 do referido Parecer acima percebe-se a importacircncia
delegada agrave questatildeo do professor levar em conta ldquoa diversidade sociocultural a
relevacircncia de acesso aos bens culturais e muacuteltiplos interesses e necessidades dos
alunosrdquo
Tambeacutem no art 6ordm inciso II encontram-se explicitadas em relaccedilatildeo aos
princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
Observando-se essa reuniatildeo de deliberaccedilotildees no contexto geral do paiacutes nota-
se que ela forma peccedila significativa e indispensaacutevel da poliacutetica Poreacutem a maneira
como elas seratildeo colocadas em praacutetica geraraacute consequecircncias no cenaacuterio das
atuaccedilotildees do governo tanto dos estados quanto dos municiacutepios E principalmente
haacute que ser verificado os efeitos da poliacutetica
Ainda percebe-se que cada escola apresenta suas peculiaridades e se as
demandas da legislaccedilatildeo natildeo ficarem claras e as orientaccedilotildees bem especificadas
poderaacute haver diversas interpretaccedilotildees de acordo com necessidades e interesses
muacuteltiplos Duran (2006) igualmente revela preocupaccedilatildeo com as compreensotildees e as
disputas entre as poliacuteticas puacuteblicas Do mesmo modo destaca a necessidade de
haver uma homogeneidade entre as interpretaccedilotildees da Lei para que os propoacutesitos da
extensatildeo do ensino fundamental para nove anos possam fluir como um todo Em
59
caso contraacuterio poderatildeo surgir equiacutevocos acarretando possivelmente
consequecircncias inversas do que o almejado
Mais um fator que se entende como relevante na observaccedilatildeo da questatildeo eacute o
fato de o professor nem sempre ser visto como tema central da mudanccedila
juntamente com o aluno O conhecimento do docente bem como seus ideais e
forma de pensar natildeo satildeo valorizados Para Noacutevoa (2006) os educadores em
nenhum momento contemplaram seu saber caracteriacutestico apropriadamente
legitimado De acordo com esse autor inclusive na ocasiatildeo em que se reitera a
relevacircncia de seu papel como educador a propensatildeo eacute constantemente conceber
que lhe eacute suficiente o bom domiacutenio dos conteuacutedos e certa aptidatildeo para a
comunicaccedilatildeo e manejo do aluno O mais eacute considerado prescindiacutevel Sob sua oacutetica
esses posicionamentos acabam por gerar uma inevitaacutevel depreciaccedilatildeo e
desvalorizaccedilatildeo do professor enquanto profissional
Em relaccedilatildeo ao educador e sua praacutetica aleacutem de lhe indicar caminhos para
realizaacute-la deve-se valorizaacute-lo em todos os sentidos Como expressa Libacircneo (2000
p 84) ldquonecessita-se de melhores salaacuterios condiccedilotildees de trabalho melhor
qualificaccedilatildeo estabilidade das equipes nas escolas servindo tambeacutem para
reconfigurar o papel deste professorrdquo O educador precisa sentir-se parte integrante
e importante da mudanccedila e natildeo um mero coadjuvante no cenaacuterio da educaccedilatildeo em
que suas falas jaacute vecircm prontas e espera-se que sejam decoradas e encenadas de
acordo com o contexto estipulado
Ademais o professor precisa estar muito bem ancorado nos regimentos e
receber suporte em relaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo e materiais
orientadores para a implantaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas em questatildeo sobretudo ele
carece de autonomia tanto para refletir sobre sua praacutetica quanto para agir segundo
suas visotildees de educaccedilatildeo Cancian (2000 p 72) aponta para essa questatildeo
afirmando que o papel do professor na praacutetica exerce grande destaque
Se no primeiro momento haacute toda uma ecircnfase na teoria no segundo momento a ecircnfase recai na praacutetica Se no primeiro momento o professor eacute uma espeacutecie de espectador diante do que se propotildee no segundo momento ele passa a ser verdadeiramente um ator que reflete que questiona que busca novas alternativas o que implica muitas vezes numa reformulaccedilatildeo daquilo que havia sido aprendido no momento anterior A aprendizagem nesse segundo momento se renova e se amplia sob o comando da experiecircncia ou seja agrave luz dos desafios concretos com que o docente se depara no cotidiano de sua praacutetica (CANCIAN 2000 p 72)
60
Nessa assertiva a praacutetica do professor entra em foco e se torna tatildeo importante
quanto a teoria Por conseguinte eacute justamente no fazer pedagoacutegico do dia a dia que
ele se confronta com as dificuldades as duacutevidas - quando devem surgir os
questionamentos - as reflexotildees e os posicionamentos acerca da aprendizagem dos
aportes teoacutericos o que exige que esse educador assuma uma postura constante de
questionador de sua proacutepria praacutetica
Dando continuidade aos estudos apoacutes a pesquisa dos materiais apresentados
pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaCacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica com o objetivo
de trazer orientaccedilotildees para o desenvolvimento do trabalho com crianccedilas de seis anos
de idade no ensino fundamental seraacute dada ecircnfase ao conhecimento das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos realizando
enlaces com os documentos Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees para a
Inclusatildeo da Crianccedila de Seis Anos de Idade e Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo
24 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
anos
O Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que fixa Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos no art 2ordm estabelece que
ldquoas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo
Baacutesicardquo (PARECER CNECEB 112010 p 1)
Pesquisando por conseguinte as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educaccedilatildeo Baacutesica atualizadas em 2013 elaboradas apoacutes a aprovaccedilatildeo da LDBEN
nordm 93941996 apreende-se que satildeo mandatoacuterias e tecircm os seguintes objetivos
Art 2deg I ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola II ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica III ndash orientar os cursos de formaccedilatildeo inicial e continuada de docentes e demais profissionais da educaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Baacutesica os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as escolas que os integram
61
indistintamente da rede a que pertenccedilam (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 2deg)
Evidencia-se nesse artigo portanto a preocupaccedilatildeo em estabelecer
orientaccedilotildees a serem seguidas bem como em direcionar a organizaccedilatildeo do curriacuteculo
no sentido de que ele deva ser permeado de atitudes reflexivas e criacuteticas tanto na
teoria quanto na praacutetica Verifica-se que as DCNEB estabelecidas pela Resoluccedilatildeo
CNECEB 42010 (BRASIL 2010) apontam igualmente para a necessidade de que
todos sigam uma linha comum pois as mesmas
Visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educaccedilatildeo Infantil o Ensino Fundamental e o Ensino Meacutedio bem como para as modalidades com que podem se apresentar a partir das quais os sistemas federal estaduais distrital e municipais por suas competecircncias proacuteprias e complementares formularatildeo as suas orientaccedilotildees assegurando a integraccedilatildeo curricular das trecircs etapas sequentes deste niacutevel de escolarizaccedilatildeo essencialmente para compor um todo orgacircnico ndash estimular a reflexatildeo criacutetica e propositiva que deve subsidiar a formulaccedilatildeo execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola de Educaccedilatildeo Baacutesica (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 p 8)
Destacando-se ainda na Seccedilatildeo II art 23 das DCNEB determinadas pela
Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010) referente ao ensino fundamental de
nove anos tem-se o seguinte
Art 23 O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo de matriacutecula obrigatoacuteria para as crianccedilas a partir dos 6 (seis) anos de idade tem duas fases sequentes com caracteriacutesticas proacuteprias chamadas de anos iniciais com 5 (cinco) anos de duraccedilatildeo em regra para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade e anos finais com 4 (quatro) anos de duraccedilatildeo para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 2010 art 23)
Depreende-se nesse artigo uma visatildeo de que se deve tratar de modo
diferenciado os anos iniciais do ensino fundamental e entende-se que a
aprendizagem natildeo pode ocorrer semelhantemente em todas as fases A criaccedilatildeo de
um ano a mais para o ensino fundamental natildeo significa que se continue vendo as
crianccedilas de seis anos no 1deg ano do mesmo modo como se a observava com sete
anos Para cada fase eacute preciso haver portanto um modo especiacutefico de atuaccedilatildeo
pedagoacutegica Cita-se Goulart (2007 p 87) para enfatizar a necessidade de rever o
trabalho com o aluno no ingresso no ensino fundamental Ela esclarece que nessa
fase o aluno estaacute ldquono espaccedilo de interseccedilatildeo da educaccedilatildeo infantil com o ensino
fundamentalrdquo e sugere que o fazer pedagoacutegico e o planejamento precisam antever
essas ldquodiferenccedilas e tambeacutem atividades que alternem movimentos tempos e
espaccedilosrdquo A estudiosa ainda nos afirma que as crianccedilas ao ingressarem no ensino
62
fundamental precisam perceber-se ldquoacolhidasrdquo conforme a sua faixa etaacuteria e
ldquocontinuar aprendendo criativamenterdquo
Ainda pode-se encontrar referecircncia particular ao periacuteodo inicial do ensino
fundamental de nove anos no art 23 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL
2010) das DCNEB igualmente na Seccedilatildeo II Paraacutegrafo uacutenico
Art 23 Paraacutegrafo uacutenico No Ensino Fundamental acolher significa tambeacutem cuidar e educar como forma de garantir a aprendizagem dos conteuacutedos curriculares para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponiacuteveis na comunidade na sua cidade ou na sociedade em geral e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 23 paraacutegrafo uacutenico)
Nesse paraacutegrafo fica ainda mais evidente a orientaccedilatildeo de que a inclusatildeo da
crianccedila de seis anos natildeo pode ser realizada sem ter em vista a ideia de que ldquoacolher
tambeacutem significa educar e cuidarrdquo ou seja observar e respeitar os interesses e
necessidades de cada fase bem como a forma como ela aprende sem tirar-lhe o
direito de ser contemplada em toda a sua totalidade de ser humano
Ainda estudando-se o paraacutegrafo uacutenico da sessatildeo II do art 23 relacionam-se
as ideias de Borba e Goulart (2007) que aclaram as referidas determinaccedilotildees ao
atribuir ecircnfase agrave importacircncia de perceber a crianccedila em todas as suas dimensotildees
como fator primordial em sua aprendizagem Ambos reiteram que a mesma deve
ser respeitada como pessoa com uma trajetoacuteria de vida anterior ao ingresso na
escola com potenciais e possibilidades que precisam ser contemplados e
estimulados Tambeacutem reforccedilam a necessidade de assegurar que a crianccedila tenha
possibilidade de se expressar plenamente respeitando a infacircncia e a adolescecircncia
como fases de descobertas e como portas abertas cheias de interesse e
curiosidade em conhecer o mundo
Conjuntamente Moreira e Candau (2007 p 31-38) do mesmo modo vecircm
trazer para a presente verificaccedilatildeo apontamentos interessantes no que tange agrave
necessidade de ldquoelaborar curriacuteculos culturalmente orientadosrdquo para que a garantia
do aprendizado de conteuacutedos curriculares possa realmente favorecer o usufruto
dos bens culturais e fazer com que o aluno se sinta um produtor de cultura Aleacutem
disso nos indicam que essa questatildeo poderaacute ser concretizada mediante a adoccedilatildeo de
ldquouma nova postura por parte da comunidade escolar de abertura agraves distintas
manifestaccedilotildees culturaisrdquo Os autores priorizam tambeacutem a premecircncia em ldquoexpandir
os conteuacutedos curriculares de maneira a incluir elementos da proacutepria cultura do aluno
63
no curriacuteculordquo Os teoacutericos tambeacutem vatildeo mais aleacutem atestando a relevacircncia de
ldquopromover ocasiotildees que favoreccedilam a tomada de consciecircncia da construccedilatildeo da
identidade cultural relacionando-a aos processos socioculturais do contexto em que
vivemos e agrave histoacuteria de nosso paiacutesrdquo
Com relaccedilatildeo aos objetivos da formaccedilatildeo baacutesica peculiares ao ensino
fundamental o art 24 das DCNEB da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 (BRASIL 2010)
compotildeem-se das subsequentes proposiccedilotildees
Art 24 I - desenvolvimento da capacidade de aprender tendo como meios baacutesicos o pleno domiacutenio da leitura da escrita e do caacutelculo II - foco central na alfabetizaccedilatildeo ao longo dos 3 (trecircs) primeiros anos III - compreensatildeo do ambiente natural e social do sistema poliacutetico da economia da tecnologia das artes da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisiccedilatildeo de conhecimentos e habilidades e a formaccedilatildeo de atitudes e valores V - fortalecimento dos viacutenculos de famiacutelia dos laccedilos de solidariedade humana e de respeito reciacuteproco em que se assenta a vida social (RESOLUCcedilAtildeO CNECEB 42010 art 24)
Desse modo refletindo-se sobre as proposiccedilotildees citadas acima compreende-se
que os objetivos contidos nas DCNEB apontam para a questatildeo do foco central na
alfabetizaccedilatildeo contudo evidenciam na proposiccedilatildeo II que a alfabetizaccedilatildeo natildeo deve
ocorrer apenas no 1deg ano mas sim ao longo dos trecircs anos Isso vem reforccedilar o
respeito ao tempo de maturidade e individualidade com que a crianccedila em cada fase
constroacutei a sua aprendizagem Segundo Arroyo (2007 p 46) ldquoordenar a escola os
tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender observando a caracteriacutestica
de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeordquo Ele nos afirma enfaticamente com
relaccedilatildeo ao respeito ao tempo de maturidade e individualidade de aprendizagem do
aluno que eacute um ldquodireito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos
mentais culturais eacuteticos humanosrdquo
Constata-se ainda com relaccedilatildeo ao art 24 da Resoluccedilatildeo CNECEB 42010 que
as afirmaccedilotildees estabelecidas deixam clara a preocupaccedilatildeo no desenvolvimento da
crianccedila como um todo Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) em seus estudos
advertem que os alunos ldquo() tecircm o direito de aprender os conteuacutedos das diferentes
aacutereas de conhecimento que lhes assegurem cidadania no conviacutevio dentro e fora da
escolardquo Sendo assim um conhecimento natildeo pode ser escolhido por interesses
alheios ao seu processo e sim focado no aluno como indiviacuteduo e ser social
64
Reportando-se a seguir especificamente para as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos formuladas no Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) com relaccedilatildeo ao toacutepico relevacircncia dos
conteuacutedos integraccedilatildeo e abordagens encontra-se no art 30 tambeacutem explicitado que
os trecircs anos iniciais do ensino fundamental devem assegurar o seguinte
I ndash a alfabetizaccedilatildeo e o letramento II ndash o desenvolvimento das diversas formas de expressatildeo incluindo o aprendizado da Liacutengua Portuguesa a Literatura a Muacutesica e demais artes a Educaccedilatildeo Fiacutesica assim como o aprendizado da Matemaacutetica da Ciecircncia da Histoacuteria e da Geografia III ndash a continuidade da aprendizagem tendo em conta a complexidade do processo de alfabetizaccedilatildeo e os prejuiacutezos que a repetecircncia pode causar no Ensino Fundamental como um todo e particularmente na passagem do primeiro para o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro (PARECER CNECEB 112010 art 30)
Esse artigo vem novamente tratar a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo e do letramento
deixando clara a necessidade de desenvolver as diversas formas de expressatildeo
Nery (2007 p 127) reforccedila que ldquotodo o professor eacute professor de linguagemrdquo e
orienta que as ldquoquestotildees do lerescrever e do falarouvirrdquo precisam ser entendidas
ldquoem relaccedilatildeo a todas as aacutereas do conhecimento do ensino fundamentalrdquo de forma que
ldquoos conteuacutedos estejam articulados a partir do eixo da linguagemrdquo A proposiccedilatildeo do
art 30 inciso III tambeacutem determina a importacircncia da continuidade da aprendizagem
nos trecircs primeiros anos do ensino fundamental focalizando a alfabetizaccedilatildeo como
algo complexo que natildeo pode ser adquirido plenamente apenas em um uacutenico ano
No Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos verifica-se que
Art 1ordm A presente Resoluccedilatildeo fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas na organizaccedilatildeo curricular dos sistemas de ensino e de suas unidades escolares Art 2ordm As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educaccedilatildeo Baacutesica (Parecer CNECEB nordm 72010 e Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 42010) e reuacutenem princiacutepios fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educaccedilatildeo para orientar as poliacuteticas puacuteblicas educacionais e a elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados do Distrito Federal dos Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Paraacutegrafo uacutenico Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional bem como agrave Educaccedilatildeo do Campo agrave Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena e agrave Educaccedilatildeo Escolar Quilombola ndash sistematizar os princiacutepios e diretrizes gerais da Educaccedilatildeo Baacutesica contidos
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na Constituiccedilatildeo na LDB e demais dispositivos legais traduzindo-os em orientaccedilotildees que contribuam para assegurar a formaccedilatildeo baacutesica comum nacional tendo como foco os sujeitos que datildeo vida ao curriacuteculo e agrave escola (PARECER CNECEB 11 2010 art 1deg 2deg e paraacutegrafo uacutenico)
Essas orientaccedilotildees contidas nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) natildeo se configuram apenas em dados a serem simplesmente lidos e
depois esquecidos mas precisam fazer parte da organizaccedilatildeo escolar e nortear o
planejamento da escola Cabe igualmente observar o destaque que o paraacutegrafo
uacutenico do art 1deg do referenciado Parecer atribui agrave importacircncia de contemplar todas as
modalidades de ensino sem haver exclusatildeo Para Arroyo (2007 p 38) quando se
leva a indiscutiacutevel questatildeo eacutetica de respeitar os alunos como ldquosujeitos iguais de
direitosrdquo tecircm-se a obrigaccedilatildeo de assentir que ldquoo direito agrave educaccedilatildeo ao
conhecimento agrave cultura e agrave formaccedilatildeo de identidades natildeo se daacute isolado do
reconhecimento e da garantia do conjunto dos direitos humanosrdquo Isso significa que
o direito a uma educaccedilatildeo de qualidade que forma o indiviacuteduo em sua totalidade
portanto faz parte do direito de todos os alunos Aleacutem disso depreende-se que o
educando tem tambeacutem o direito de ser percebido como foco principal na
elaboraccedilatildeo do curriacuteculo
No que concerne ao relatoacuterio do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
contido nas Diretrizes do Ensino Baacutesico dar-se-aacute ecircnfase aos toacutepicos relacionados a
fundamentos populaccedilatildeo escolar curriacuteculo projeto poliacutetico- pedagoacutegico e avaliaccedilatildeo
Seguem as concepccedilotildees principais do conteuacutedo de cada toacutepico
No trecho do relato que corresponde aos fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo
destaca-se como alicerce maacuteximo das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) bem como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social
e a reinvenccedilatildeo do conhecimento a apreensatildeo da cultura pelos alunos tambeacutem faz
parte desses princiacutepios Com relaccedilatildeo aos princiacutepios norteadores que permeiam a
fundamentaccedilatildeo do Parecer em questatildeo encontra-se afirmado que no
Art 6deg Os sistemas de ensino e as escolas adotaratildeo como norteadores das poliacuteticas educativas e das accedilotildees pedagoacutegicas os seguintes princiacutepios I- Eacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeo II- Poliacuteticos de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania de respeito ao bem comum e agrave preservaccedilatildeo do regime democraacutetico e dos recursos ambientais de busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacutecios de exigecircncia de
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diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades de reduccedilatildeo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais III- Esteacuteticos de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade de enriquecimento das formas de expressatildeo e do exerciacutecio da criatividade de valorizaccedilatildeo das diferentes manifestaccedilotildees culturais especialmente as da cultura brasileira de construccedilatildeo de identidades plurais e solidaacuterias (PARECER CNECEB 11 2010 art 6)
Estudando o art 6deg que trata dos princiacutepios eacuteticos poliacuteticos e esteacuteticos que
norteiam as DCNEF busca-se embasamento nas reflexotildees de Gomes (2007) que
revela como se faz necessaacuterio entender o aluno como um sujeito eacutetico e de direitos
Perceber o educando como tal envolve a elaboraccedilatildeo de um curriacuteculo que promova
tanto o desenvolvimento do ser humano - no que toca ao conhecimento e
reivindicaccedilatildeo de seus direitos - como tambeacutem algueacutem que respeite o direito do outro
Que se veja nele um ser humano capaz de construir sua aprendizagem de forma
autocircnoma e livre mas que do mesmo modo seja capaz de ser solidaacuterio e de lutar
pela justiccedila para todos Em suma o artigo abarca a edificaccedilatildeo de um curriacuteculo
voltado para o respeito ao aluno como ser humano e como um indiviacuteduo que vive em
sociedade
Gomes (2007 p 25-26) afirma igualmente conforme o determinado pelas
DCNEF evidenciando que para que isso ocorra precisamos reeducar ldquonosso olhar
sobre o lsquooutrorsquo e sobre noacutes mesmosrdquo tambeacutem ldquoconstruir poliacuteticas e praacuteticas
pedagoacutegicas e curriculares nas quais a diversidade seja uma dimensatildeo constitutiva
do curriacuteculo do planejamento das accedilotildees e das relaccedilotildees estabelecidas na escolardquo
Ainda ressalta (2007 p38) que a escola natildeo eacute somente um local de aprendizagem
mas sim ldquoum espaccedilo sociocultural e imprime marcas profundas no nosso processo
de formaccedilatildeo humanardquo
Atendo-se mais uma vez ao art 6 especificamente ao inciso III das DCNEF
que determina os princiacutepios esteacuteticos torna-se relevante associar os pensamentos
de Borba e Goulart (2007 p 48) para complementar a pesquisa Sob a oacutetica das
autoras eacute vital pensar ldquosobre as relaccedilotildees entre arte cultura e conhecimento no
espaccedilo escolar focalizando a importacircncia da apreciaccedilatildeo e da criaccedilatildeo artiacutestico-
cultural na formaccedilatildeo das crianccedilasrdquo Portanto eacute muito importante abrir esse espaccedilo
escolar para a cultura e a arte dando-lhes seu devido valor tatildeo intriacutenseco agrave vida
humana A arte sendo um conhecimento sensiacutevel acaba por fazer com que o aluno
desenvolva a sensibilidade natildeo soacute dessa aacuterea especiacutefica mas tambeacutem adquira a
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capacidade de relacionar-se com o seu aprendizado e com o mundo que o cerca de
forma diferenciada O dom de sensibilizar-se eacute aptidatildeo deveras essencial para o ser
humano da atualidade As autoras ressaltam da mesma forma que natildeo podemos
pensar em formar indiviacuteduos dinacircmicos e agentes analiacuteticos e inovadores com
capacidade de criar se natildeo dispormos de alcance agrave diversidade de expressotildees e
com elas adquirirmos liberdade para emitirmos opiniotildees estabelecer
correspondecircncias compor significados e saberes
Ainda com relaccedilatildeo ao curriacuteculo Gomes (2007 p 23) vem clarear o estudo ao
afirmar que o mesmo natildeo estaacute envolvido em um simples processo de transmissatildeo
de conhecimentos e conteuacutedos Declara que ele possui um caraacuteter poliacutetico e
histoacuterico e tambeacutem constitui uma relaccedilatildeo social uma vez que a produccedilatildeo de
conhecimento nele envolvida realiza-se por meio de uma relaccedilatildeo entre pessoas
Na averiguaccedilatildeo do toacutepico voltado a caracterizar a populaccedilatildeo escolar percebe-
se a constataccedilatildeo de que haacute ldquogrande diversidade sociocultural disparidade
socioeconocircmica e muacuteltiplas infacircncias e adolescecircnciasrdquo Ao constatar a diversidade
sociocultural e disparidade econocircmica as orientaccedilotildees do Parecer CNECEB 11
2010 (BRASIL 2010 p 109) satildeo claras ao ressaltar que as mesmas ldquo()
contribuem para determinar oportunidades muito diferenciadas de acesso dos
alunos aos bens culturaisrdquo Por conseguinte o Parecer referenciado orienta que a
escola deva ter ldquo() o conhecimento da realidade em que vivem os alunos pois a
compreensatildeo do seu universo cultural eacute imprescindiacutevel para que a accedilatildeo pedagoacutegica
seja pertinenterdquo Do mesmo modo ressalta a premecircncia de identificar compreender
e valorizar o aluno afirmando que ldquoa proposta poliacutetico-pedagoacutegica das escolas deve
estar articulada agrave realidade do seu alunado para que a comunidade escolar venha a
conhecer melhor e valorizar a cultura localrdquo
Correlacionado agrave visatildeo da populaccedilatildeo escolar igualmente compreende-se uma
forte preocupaccedilatildeo no conteuacutedo das DCNEF com as muacuteltiplas infacircncias e
adolescecircncias Essas Diretrizes compreendem os alunos do ensino fundamental
regular como crianccedilas e adolescentes de faixas etaacuterias cuja evoluccedilatildeo estaacute
delimitada por curiosidades e anseios pessoais ligado as suas dimensotildees fiacutesica
emocional social e cognitiva em contiacutenua relaccedilatildeo Como indiviacuteduos de sua proacutepria
histoacuteria os aspectos de progresso dos educandos estatildeo muito agregados com seus
jeitos particulares de viver e suas variadas experimentaccedilotildees com relaccedilatildeo agrave cultura e
a sociedade (BRASIL PARECER CNECEB 112010)
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Devido a essa preocupaccedilatildeo depreendida no conteuacutedo das DCNEF com as
muacuteltiplas infacircncias e adolescecircncias buscam-se nos apontamentos de Nascimento
(2007 p 25) referecircncias particulares agrave populaccedilatildeo escolar especiacutefica da presente
pesquisa que eacute a faixa etaacuteria de seis anos O autor ao refletir sobre esse ponto
procura focar-se na ldquobusca de possibilidades adequadas para receber as crianccedilas
de seis anos de idade no ensino fundamentalrdquo Ele nos revela que ao buscar
possibilidades adequadas para recebecirc-las eacute fundamental ter conhecimento de
ldquoquem satildeo essas crianccedilas quais satildeo as suas caracteriacutesticas e como essa fase da
vida tem sido compreendida dentro e fora do ambiente escolarrdquo Para ele ainda
ldquoexistem infacircncias e natildeo infacircnciardquo pois as crianccedilas satildeo muito diferentes umas das
outras e cada uma delas traz sua singularidade e uma bagagem de vivecircncias de
acordo com o ambiente de onde proveacutem Em vista dessa constataccedilatildeo o estudioso
afirma que se faz necessaacuterio rever ldquoque espaccedilos e tempos estatildeo sendo criados para
que as crianccedilas possam trazer para dentro da escola as muitas questotildees e
inquietudes que envolvem esse periacuteodo da vidardquo E mais ainda deve-se verificar se
esses espaccedilos estimulam-nas para que possam ldquoviver esse tempo de vida com
todos os direitos e deveres asseguradosrdquo
Ainda abordando o toacutepico da poluccedilatildeo escolar observa-se que haacute um olhar
diferenciado para os anos iniciais do ensino fundamental Segundo o jaacute mencionado
Parecer a crianccedila necessita aprimorar o potencial de representaccedilatildeo fundamental
para a aprendizagem da leitura dos princiacutepios matemaacuteticos primordiais e para o
entendimento da realidade que a cerca bem como da evoluccedilatildeo da linguagem da
capacidade de memorizaccedilatildeo descriccedilatildeo e planejamento de seus atos Esse Parecer
salienta - de forma conjunta - que o aprender a ler e a escrever natildeo se daraacute do
mesmo modo e no mesmo tempo para todas as crianccedilas demandando que os
estabelecimentos de ensino dediquem estiacutemulos diferentes e respeitem o ritmo de
cada um Aleacutem do mais evidencia a necessidade de enfatizar neste periacuteodo o
desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de
aprendizagem Encontram-se tambeacutem nas ideias de Gomes (2007 p 38)
referecircncias quanto agrave aprendizagem curriacuteculo e aluno afirmando que a atenccedilatildeo da
escola careceraacute de oferecer a todos o justo tempo de ldquoaprender conviver socializar
formarrdquo por conseguinte dispor como base na organizaccedilatildeo do curriacuteculo a
elaboraccedilatildeo de um tempo escolar que acolha e que tenha flexibilidade aproximando-
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se cada vez mais da perspectiva intermitente e intricada de cada eacutepoca da vida
humana
Aprofundando-se igualmente na observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar as DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 P 110-111) ressaltam aspectos
relevantes da sociedade contemporacircnea que se mostram como desafios para o
professor Dentre eles ldquoa exposiccedilatildeo das crianccedilas e adolescentes agrave miacutediardquo a
ldquoinclusatildeo digital dos alunosrdquo ldquoa multiplicaccedilatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e
informaccedilatildeo nas sociedades de mercado e o excessivo apelo ao consumordquo e o
ldquoaumento das informaccedilotildees nas sociedades contemporacircneas e da mudanccedila da sua
naturezardquo Esse Parecer ainda aponta orientaccedilotildees estabelecendo que ldquoeacute preciso
que se ofereccedila aos professores formaccedilatildeo adequada para o uso das tecnologias da
informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo e que seja assegurada a provisatildeo de recursos midiaacuteticos
atualizados e em nuacutemero suficiente para os alunosrdquo Do mesmo modo orienta o
educador para que posicione-se natildeo soacute como aquele que ensina mas tambeacutem
como o que aprende acima de tudo atenta para que se promova um olhar criacutetico e
reflexivo frente agraves transformaccedilotildees da contemporaneidade Outro desafio evidenciado
pelo Parecer em questatildeo diz respeito ao fato de que ldquocrianccedilas e adolescentes
brasileiros tambeacutem estatildeo sujeitos agrave violecircncia domeacutesticardquo e constata que o
ldquocrescimento da violecircncia e da indisciplina eacute um reflexo da sociedade
contemporacircneardquo acarretando um tratamento seacuterio e especial Como meta tal
Parecer (Brasil 2010 p 112) ldquopropotildee que seja realizado um trabalho de valorizaccedilatildeo
do educador e da escola e que se forme uma uniatildeo entre a mesma e a famiacutelia para
que se construam conjuntamente regras de convivecircncia em sociedaderdquo
Abordando os desafios da sociedade contemporacircnea apontados na
observaccedilatildeo da populaccedilatildeo escolar destaca-se a reflexatildeo de Arroyo (2007 p 42)
que traz iluminaccedilotildees importantes ao revelar que para enfrentar essas demandas eacute
preciso uma formaccedilatildeo profissional que natildeo tenha somente conhecimentos sobre sua
disciplina todavia compreenda os diversos aspectos ldquoda formaccedilatildeo de um ser
humanordquo
Voltando-se o foco para mais um toacutepico que consta no Parecer em estudo o
curriacuteculo evidencia-se que o mesmo estabelece como da competecircncia -
essencialmente - da ldquoinstituiccedilatildeo escolar a socializaccedilatildeo do conhecimento e a
recriaccedilatildeo da culturardquo As DCNEF esclarecem a noccedilatildeo de curriacuteculo afirmando que
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[] uma das maneiras de se conceber o curriacuteculo eacute entendecirc-lo como constituiacutedo pelas experiecircncias escolares que se desdobram em torno do conhecimento permeadas pelas relaccedilotildees sociais buscando articular vivecircncias e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes O foco nas experiecircncias escolares significa que as orientaccedilotildees e propostas curriculares que provecircm das diversas instacircncias soacute teratildeo concretude por meio das accedilotildees educativas que envolvem os alunos (PARECER CNECEB 112010 BRASIL p112)
Agrave vista da definiccedilatildeo de curriacuteculo apresentada nessa citaccedilatildeo considera-se o
pensamento de Arroyo (2007) O autor afirma que tem aumentado as incertezas do
educador quanto agrave organizaccedilatildeo curricular que essa talvez possa afetar a
organizaccedilatildeo do seu fazer pedagoacutegico e do aprendizado do aluno Ainda evidencia
que conjuntamente a esses sentimentos sobre o curriacuteculo as identidades pessoais
do profissional da educaccedilatildeo vecircm sendo redefinidas e acabam por refletir na forma
de ldquover os alunos o conhecimento os processos de ensinar-aprenderrdquo Da mesma
forma o autor sinaliza que dependendo do modo de ver os alunos eacute necessaacuterio ter
outra percepccedilatildeo do fazer pedagoacutegico do tempo e de sua ordenaccedilatildeo
No curriacuteculo igualmente como atestam as DCNEF do Parecer CNECEB
112010 (BRASIL 2010) os saberes escolares podem ser entendidos como a
reuniatildeo de conhecimentos que a escola escolhe e modifica para que possam ser
ministrados e de igual modo ofereccedilam componentes para a formaccedilatildeo eacutetica esteacutetica
e poliacutetica do aluno como apontado nos fundamentos
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
De igual modo percebe-se que as DCNEF desse Parecer (BRASIL 2010 p
113) destacam que ldquomuitas vezes a escola constitui a uacutenica forma de acesso ao
conhecimento sistematizado para a grande maioria da populaccedilatildeordquo e esse fato faz
com que aumente consideravelmente ldquoa necessidade de assegurar a todos a
aprendizagem dos conteuacutedos curriculares capazes de fornecer os instrumentos
baacutesicos para a plena inserccedilatildeo na vida social econocircmica e cultural do paiacutesrdquo
Acentua-se o pensamento de Arroyo (2007 p 39-40) que ressalta a importacircncia de
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refletir sobre o curriacuteculo O autor assevera que a loacutegica a que a sociedade subjuga
as vidas da grande maioria da populaccedilatildeo se confronta com os fundamentos que
conduzem a formaccedilatildeo curricular Segundo ele natildeo haacute como assegurar os direitos
desses educandos sem ldquorepensar poliacuteticas e diretrizes curricularesrdquo
Tambeacutem se compreende que o curriacuteculo do ensino fundamental tem uma base
nacional comum de acordo com as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 a ser
complementada em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar por
uma parte diversificada Define-se portanto o destaque para a uniatildeo da educaccedilatildeo
no paiacutes poreacutem sem deixar de contemplar as peculiaridades de cada regiatildeo e de
cada estabelecimento de ensino As DCNEF do Parecer CNECEB 112010
explicitam isso de forma evidente ao indicar o seguinte
A base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado e natildeo podem ser consideradas como dois blocos distintos A articulaccedilatildeo entre a base nacional comum e a parte diversificada do curriacuteculo do Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos interesses mais amplos de formaccedilatildeo baacutesica do cidadatildeo com a realidade local as necessidades dos alunos as caracteriacutesticas regionais da sociedade da cultura e da economia e perpassa todo o curriacuteculo Voltados agrave divulgaccedilatildeo de valores fundamentais ao interesse social e agrave preservaccedilatildeo da ordem democraacutetica os conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso independentemente da regiatildeo e do lugar em que vivem asseguram a caracteriacutestica unitaacuteria das orientaccedilotildees curriculares nacionais das propostas curriculares dos Estados Distrito Federal e Municiacutepios e dos projetos poliacutetico-pedagoacutegicos das escolas Os conteuacutedos curriculares que compotildeem a parte diversificada do curriacuteculo seratildeo definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas de modo a complementar e enriquecer o curriacuteculo assegurando a contextualizaccedilatildeo dos conhecimentos escolares diante das diferentes realidades (PARECER CNECEB 112010 p 113)
No que diz respeito aos componentes curriculares estabelecidos pelas DCNEF
do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 114) a sua organizaccedilatildeo eacute
efetuada em aacutereas de conhecimento que consistem em
I ndash Linguagens a) Liacutengua Portuguesa b) Liacutengua materna para populaccedilotildees indiacutegenas c) Liacutengua Estrangeira moderna d) Arte e) Educaccedilatildeo Fiacutesica II ndash Matemaacutetica III ndash Ciecircncias da Natureza IV ndash Ciecircncias Humanas a) Histoacuteria b) Geografia V - Ensino Religioso (PARECER CNECEB 112010 p 114)
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De modo igual constata-se segundo determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 que os componentes curriculares e as aacutereas de conhecimento
devem ter base nas eventualidades oportunizadas pelos seus referenciais no
tratamento de temas amplos e relacionados agrave contemporaneidade que atingem a
vida humana em proporccedilotildees mundial regional e local bem como no campo do
indiviacuteduo Os assuntos que carecem entremear a elaboraccedilatildeo dos conteuacutedos da base
nacional comum e da parte diversificada de acordo com as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010) verificam-se como
[] sauacutede sexualidade e gecircnero vida familiar e social assim como os direitos das crianccedilas e adolescentes de acordo com o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (Lei nordm 806990) preservaccedilatildeo do meio ambiente nos termos da poliacutetica nacional de educaccedilatildeo ambiental (Lei nordm 979599) educaccedilatildeo para o consumo educaccedilatildeo fiscal trabalho ciecircncia e tecnologia diversidade cultural [] (PARECER CNECEB 112010 p 115)
Sobre os componentes curriculares reporta-se a Gomes (2007 p 29) que
argumenta a premecircncia em repensar o quesito diversidade que de acordo com a
autora evidencia estar presente com maior ecircnfase na parte diversificada do
curriacuteculo Sob o seu ponto de vista a parte diversificada ldquoocupa um lugar menor do
que o nuacutecleo comumrdquo A autora aponta que eacute no nuacutecleo comum que ldquoencontramos
os ditos conhecimentos historicamente acumulados recontextualizados como
conhecimento escolarrdquo Afirma tambeacutem que nessa percepccedilatildeo as particularidades
de cada regiatildeo e local os aspectos culturais a arte a corporeidade a sexualidade
satildeo temas que ldquodiversificam o curriacuteculordquo e natildeo ldquonuacutecleosrdquo Desse modo assuntos
altamente relevantes para o aprendizado natildeo tecircm na praacutetica o privileacutegio devido
pois de acordo com a autora deveriam ser incluiacutedos como ldquoeixo centralrdquo
Outro ponto importante do mesmo toacutepico acima referido eacute o que diz respeito agrave
dimensatildeo constituiacuteda por vaacuterias culturas no curriacuteculo Nessa perspectiva de visatildeo de
curriacuteculo a constataccedilatildeo de quatildeo rica eacute a produccedilatildeo cultural conduz segundo as
DCNEF do Parecer CNECEB 112010 agrave ldquo() valorizaccedilatildeo das realizaccedilotildees de
indiviacuteduos e grupos sociaisrdquo Do mesmo modo o fato de o curriacuteculo ser constituiacutedo
por vaacuterias culturas viabiliza construir ldquo() uma autoimagem positiva a muitos alunos
que vecircm se defrontando constantemente com as condiccedilotildees de fracasso escolar
agravadas pela discriminaccedilatildeo manifesta ou escamoteada no interior da escola ()rdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 115)
73
A respeito desse toacutepico verifica-se nas concepccedilotildees de Moreira e Candau
(2007 p 32) que para o curriacuteculo ser realmente constituiacutedo de vaacuterias culturas haacute
que se romper com o ldquodaltonismo cultural e da visatildeo monocultural da dinacircmica
escolarrdquo Desse modo os autores indicam que na praacutetica eacute necessaacuterio mudar o
modo de pensar arraigado agrave escola de que existe apenas uma cultura Esta visatildeo
pode acarretar o reforccedilo a uma referecircncia cultural dominante gerando discriminaccedilatildeo
e exclusatildeo Os escritores ainda ressaltam que esse rompimento ldquoeacute um processo
pessoal e coletivo que exige desconstruir e desnaturalizar estereoacutetipos e ldquoverdadesrdquo
que impregnam e configuram a cultura escolar e a cultura da escolardquo Portanto eacute um
trabalho que exige esforccedilo e dedicaccedilatildeo por parte do professor bem como de uma
tomada de posiccedilatildeo que promova o respeito agrave diversidade e agrave inclusatildeo de todos
No tocante ao toacutepico do curriacuteculo aponta-se aleacutem do mais o trecho
determinado pelas DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL p 116) que
revela que ldquoa leitura e a escrita a Histoacuteria as Ciecircncias a Arte propiciam aos alunos
o encontro com um mundo que eacute diferente mais amplo e diverso que o seurdquo como
bastante relevante por estabelecer a necessidade de uma relaccedilatildeo de aprendizado
que natildeo se limite ldquoagrave transmissatildeo de conhecimentos apresentados como verdades
acabadasrdquo Esse encontro abarca a possibilidade de ao conhecer o novo o aluno
descobrir sua capacidade de interpretaacute-las e faz com que a escola disponibilize
espaccedilos para ele reinventar o conhecimento criar e recriar cultura (PARECER
CNECEB 112010)
Tambeacutem o Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) determinando
orientaccedilotildees para formulaccedilatildeo do curriacuteculo aborda questotildees significativas para a
aprendizagem da faixa etaacuteria pesquisada tanto na aacuterea que envolve a alfabetizaccedilatildeo
quanto nas outras esferas da aprendizagem Especifica que o curriacuteculo natildeo se
restringe apenas aos componentes curriculares e agraves aacutereas de conhecimento mas
importantes questotildees como ldquovalores atitudes sensibilidades e orientaccedilotildees de
condutardquo satildeo transmitidas natildeo soacute atraveacutes de conhecimentos mas por meio de
ldquovivecircncias proporcionadas pela escolardquo Muitas aprendizagens que satildeo construiacutedas
no dia a dia atraveacutes de atividades concretas precisam fazer parte do curriacuteculo
A ecircnfase tanto na atenccedilatildeo agrave ludicidade quanto agrave forma de desenvolver a
aprendizagem e a formulaccedilatildeo do curriacuteculo equitativamente se percebe expliacutecita no
relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) quando
destaca que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do
74
luacutedico na vida escolar natildeo se restringindo sua presenccedila apenas agrave Arte e agrave
Educaccedilatildeo Fiacutesica ()rdquo devendo estar dessa forma presente em todas as disciplinas
E as DCNEF do referido Parecer intensificam essa percepccedilatildeo da premecircncia do
luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo esclarecendo que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo ou seja ldquo() tanto o prazer como a fantasia e o desejo estatildeo imbricados
em tudo o que fazemosrdquo Tudo aquilo que o aluno aprende necessita ser permeado
pelo afeto pela emoccedilatildeo e ser-lhe interessante e significativo para gerar uma
aprendizagem realmente verdadeira
Indagando-se em relaccedilatildeo agrave determinaccedilatildeo de enfatizar o luacutedico na formulaccedilatildeo
do curriacuteculo no relatoacuterio das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010)
empreende-se ligaccedilatildeo com Goulart (2007 p 89) A autora sustenta que na situaccedilatildeo
dos ldquoanos iniciais do ensino fundamentalrdquo o aprendizado das diversas aacutereas do
conhecimento deve ser trabalhado de maneira que os alunos consigam
ludicamente ir edificando outros meios de compreender a realidade compondo
novas situaccedilotildees de viver e de agir
Aprendizado este que Antunes (1998 p 37) destaca como digno de ser bem
planejado e ter um lugar de destaque O autor afirma que natildeo se deve ldquousar jogos
pedagoacutegicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento marcado por etapas muito
niacutetidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunosrdquo Esta afirmaccedilatildeo
denota que o luacutedico eacute algo seacuterio e importante no aprendizado da crianccedila e do
mesmo modo deve ser seacuterio o olhar do professor ao pensar na forma de incluiacute-lo no
curriacuteculo
Sob esse ponto de vista percebe-se o quanto o luacutedico deve estar presente no
planejamento que ele precisa estar tatildeo arraigado e valorizado que seja natural
pensar o planejamento e o fazer pedagoacutegico como indissociaacuteveis do aprender
atraveacutes da brincadeira Como afirma Kramer (2007) quanto mais distante o
educador mantiver o brincar da crianccedila mais distante a deixaraacute da sua real
essecircncia
Igualmente mencionam-se as opiniotildees de Borba (2007 p41-42) sobre a
questatildeo da importacircncia do luacutedico no curriacuteculo A autora afirma que se deva incluiacute-lo
na grade curricular do ensino fundamental pelo fator de desenvolvimento e
aprendizagem bem como porque ldquoa brincadeira eacute um lugar de construccedilatildeo de
culturas fundado nas interaccedilotildees sociais entre as crianccedilasrdquo e natildeo desempenha em
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absoluto papel apenas de lazer Do mesmo modo revela que o luacutedico por
consequecircncia eacute formado de ldquoum complexo processo interativo e reflexivo que
envolve a construccedilatildeo de habilidades conhecimentos e valores sobre o mundordquo que
se fazem indispensaacuteveis para o aprendizado Atesta ainda que eacute deveras urgente
rever e recolocar o luacutedico no ensino fundamental no mundo contemporacircneo
argumentando que ldquoa infacircncia vem sendo marcada pela diminuiccedilatildeo dos espaccedilos
puacuteblicos de brincadeira pela falta de tempo para o lazer pelo isolamento sendo a
escola muitas vezes o principal universo de construccedilatildeo de sociabilidaderdquo
Tambeacutem se alude agraves ideias de Lima (2007 p 52) para argumentar a
premecircncia do luacutedico na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo Como jaacute referido as DCNEF do
Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem que a ludicidade
necessite permear a elaboraccedilatildeo do curriacuteculo afirmando que ldquo() no processo de
aprendizagem a aacuterea cognitiva estaacute inseparavelmente ligada agrave afetiva e agrave
emocionalrdquo A teoacuterica sobre a mesma questatildeo esclarece ser um engano conceber
ldquoo aprender como uma atividade cognitiva entendida unicamente como
desenvolvimento intelectualrdquo Da mesma forma afirma que ldquoa construccedilatildeo do
conhecimento envolve a emoccedilatildeo e por ser uma accedilatildeo social implica trocas afetivasrdquo
A autora tambeacutem reflete que o indiviacuteduo ao aprender ldquo() estaacute presente em sua
totalidade na situaccedilatildeo de aprendizagemrdquo portanto se a maneira de aprender da
crianccedila se daacute atraveacutes do luacutedico e da emoccedilatildeo natildeo haacute como deixar de fora do
curriacuteculo tanto a brincadeira como o afeto
Ainda com relaccedilatildeo ao mesmo toacutepico verifica-se que de igual maneira
encontra-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar em conta em sua elaboraccedilatildeo
no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do entusiasmo em aprender
apontando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja planejado e desenvolvido de modo
que os alunos possam sentir prazer nas variadas atividades propostas para sua
aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p 116)
Continuando a abordagem referente agrave observaccedilatildeo do entusiasmo na
aprendizagem do aluno na elaboraccedilatildeo do curriacuteculo observa-se que a orientaccedilatildeo
estaacute clara e reforccedila que ldquoas escolas devem propiciar ao aluno condiccedilotildees de
desenvolver a capacidade de aprender () mas com prazer e gosto tornando suas
atividades desafiadoras atraentes e divertidas (PARECER CNECEB 11201 p
117)rdquo Cita-se Leal Albuquerque e Morais (2007 p 97) na confirmaccedilatildeo das
orientaccedilotildees em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo do curriacuteculo e ao entusiasmo do aluno quando
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afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer aprender brincando
brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
No seguinte toacutepico tratado nas DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010) fixam-se orientaccedilotildees e determinaccedilotildees relativas ao projeto poliacutetico-
pedagoacutegico Evidencia-se que em relaccedilatildeo ao projeto educativo deve-se olhar com
atenccedilatildeo a sua elaboraccedilatildeo e ter em vista a exigecircncia de estruturaacute-lo de modo ldquo()
coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e de se
desenvolver das crianccedilas e dos adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
(PARECER CNECEB 112010 p 117) Nesse ponto encontra-se complemento no
pensamento de Leal Albuquerque e Morais (2007 p 98) que refletem sobre a
relevacircncia de rever a questatildeo das crianccedilas aprenderem ldquoconceitos ou teorias
cientiacuteficas desarticuladas das funccedilotildees sociaisrdquo e apontam para a necessidade de
ldquoque pensem sobre a sociedade interajam para transformaacute-la e construam
identidades pessoais e sociais vivendo a infacircncia e a adolescecircncia de modo plenordquo
Observa-se igualmente na redaccedilatildeo do toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico
que as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) evidenciam
preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa
para que desta forma possa garantir o direito agrave educaccedilatildeo
Aleacutem disso as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 117)
no tocante ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico atestam que o aluno sendo figura central
do curriacuteculo deve ser visto como sujeito capaz de conferir sentido a tudo que o
cerca no universo social ao qual estaacute inserido Precisa ser percebido como indiviacuteduo
produtor de cultura apto a recriar conhecimentos e construir sua identidade tanto
como pessoa quanto como integrante de uma sociedade E relacionando-se a
Moreira e Candau (2007 p 18) percebe-se que suas ideias confirmam as
determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) ao
entenderem o ldquocurriacuteculo como as experiecircncias escolares que se desdobram em
torno do conhecimento em meio a relaccedilotildees sociais e que contribuem para a
construccedilatildeo das identidades de nossosas estudantesrdquo
Percebe-se do mesmo modo a atenccedilatildeo dada novamente na redaccedilatildeo do toacutepico
do projeto poliacutetico-pedagoacutegico na seleccedilatildeo relevacircncia e contextualizaccedilatildeo dos
conteuacutedos no planejamento curricular Nesta questatildeo as DCNEF do Parecer
CNECEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) orientam sobre a necessidade de refletir
acerca da importacircncia da seleccedilatildeo dos conteuacutedos observando o significado dos
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mesmos para a vida dos alunos e para a sequecircncia de seu percurso futuro na
escola Igualmente as DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (Brasil 2010 p 118)
determinam que deva haver um olhar atento sobre a propriedade do que eacute tratado
devido agrave diversidade dos alunos procurando contextualizar os conteuacutedos e abordaacute-
los de forma que possam se adaptar agraves necessidades dos educandos Cita-se
Corsino (2007) realizando uma ligaccedilatildeo entre suas consideraccedilotildees e o toacutepico do
projeto poliacutetico-pedagoacutegico das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL
2010) Em sua abordagem a autora destaca que a proposta do ensino fundamental
de nove anos ldquoprovoca uma seacuterie de indagaccedilotildees sobre o que e como se deve ou
natildeo ensinar nas diferentes aacutereas do curriacuteculordquo (CORSINO 2007 p 57) Tambeacutem
afirma que ldquoeacute na singularidade e natildeo na padronizaccedilatildeo de comportamentos e accedilotildees
que cada sujeito nas suas interaccedilotildees com o mundo sociocultural e natural vai
tecendo os seus conhecimentosrdquo Portanto a estudiosa concorda com o disposto no
referido toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico quando aborda que cada aluno eacute
singular na forma de construir seus saberes e consequentemente essa
caracteriacutestica inerente ao ser humano demanda tambeacutem uma visatildeo diferenciada na
escolha dos conteuacutedos
Esta atenccedilatildeo dada agrave observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo
destaca-se mais claramente quando as DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 118) mostram preocupaccedilatildeo em elencar saberes do interesse e da
necessidade dos alunos estabelecendo que ldquohaacute necessidade de superar o caraacuteter
fragmentaacuterio das aacutereas buscando uma integraccedilatildeo no curriacuteculo que possibilite tornar
os conhecimentos abordados mais significativos para os educandosrdquo Acerca da
observaccedilatildeo do conteuacutedo na programaccedilatildeo do curriacuteculo cita-se Goulart (2007 p 86)
que em sua argumentaccedilatildeo explica o quanto as crianccedilas e os adolescentes podem
compreender melhor o mundo em que vivem se o trabalho pedagoacutegico estimular os
conhecimentos que eles tecircm e relacionaacute-los com aqueles conhecimentos de que
vatildeo aos poucos se apropriando pelo sentido vivo que possuem e pelos interesses e
desejos que geram
Compreende-se igualmente em relaccedilatildeo aos conteuacutedos que as DCNEF do
Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 118) exigem reflexatildeo sobre o tipo de
curriacuteculo a se adotar no ensino fundamental de nove anos apontando para uma
direccedilatildeo contraacuteria a fragmentaccedilatildeo das disciplinas bem como ao distanciamento das
mesmas com a vida real Ressaltam que no curriacuteculo eacute necessaacuterio haver conexatildeo e
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diaacutelogo entre as mesmas Tambeacutem estabelecem a premecircncia em aproximar o
curriacuteculo do cotidiano dos alunos transformando o conhecimento em algo mais
concreto e carregado de significado Nessa questatildeo reporta-se a Corsino (2007)
que observa a relevacircncia de correlacionar as aacutereas do conhecimento entre si sob
uma oacutetica que vise diminuir senatildeo acabar com a divisatildeo dos conhecimentos no dia
a dia da escola Por isso entende-se que o aluno natildeo pode ser percebido como
formado por compartimentos estanques no seu modo de aprender torna-se
necessaacuterio haver uma relaccedilatildeo entre os conteuacutedos seguindo uma loacutegica que tenha
sentido em seu aprendizado
Dando-se continuidade agrave averiguaccedilatildeo do projeto poliacutetico-pedagoacutegico enfatiza-
se o enunciado das DCNEF do Parecer CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 120)
no qual destacam que
A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico deve levar em conta a mobilidade e a flexibilizaccedilatildeo dos tempos e espaccedilos escolares a diversidade nos agrupamentos de alunos as diversas linguagens artiacutesticas a diversidade de materiais os variados suportes literaacuterios as atividades que mobilizem o raciociacutenio as atitudes investigativas a articulaccedilatildeo entre a escola e a comunidade e o acesso aos espaccedilos de expressatildeo cultural (PARECER CNECEB 112010 p 120)
Entende-se que fica especificado pois nesse enunciado que o fazer
pedagoacutegico precisa utilizar o tempo e os espaccedilos escolares em favor do aluno e da
aprendizagem e natildeo ao contraacuterio Do mesmo modo percebe-se lendo este trecho
das DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) que a orientaccedilatildeo de
utilizar recursos variados e adequados carece de estar presente sempre tendo em
vista o estiacutemulo as diversas aacutereas do conhecimento em constante relaccedilatildeo com a
realidade Arroyo (2007 p 48) nesse ponto afirma que o curriacuteculo assim concebido
pode ser o lugar onde se instaure uma comunicaccedilatildeo pedagoacutegica entre os vaacuterios
tempos da vida dos alunos e os tempos dos saberes e da cultura bem como do
educar e do adquirir conhecimento Tambeacutem evidencia que o curriacuteculo pode ser
local de encontro entre a socializaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de indiviacuteduos com caminhos
humanos e temporais tatildeo diferentes
Prosseguindo-se no conhecimento das DCNEF do Parecer CNECEB 112010
(BRASIL 2010 p 123) com relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo verifica-se a preocupaccedilatildeo com a
aprendizagem dos educandos destacando que eacute necessaacuterio ldquo() prover os meios e
as estrateacutegias para a recuperaccedilatildeo daqueles com menor rendimento ()rdquo Tambeacutem
se averigua determinado que esses meios e estrateacutegias utilizadas devam privilegiar
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ldquo() os aspectos qualitativos sobre os quantitativos bem como os resultados ao
longo do periacuteodo sobre os de eventuais provas finais ()rdquo
Compreende-se tambeacutem que se encontra presente nas DCNEF do Parecer
CNE CEB 112010 (BRASIL 2010 p 123) a visatildeo de que a avaliaccedilatildeo deve ldquoser
realizada pelo professor e pela escola e ser redimensionadora da accedilatildeo pedagoacutegica
devendo assumir um caraacuteter processual formativo e participativo ser contiacutenua
cumulativa e diagnoacutesticardquo
Apurando-se a questatildeo da avaliaccedilatildeo citam-se Leal Albuquerque e Morais
(2007 p101) que enfatizam que a escola deve tratar a avaliaccedilatildeo certificando-se em
qualificar a aprendizagem para todos Tambeacutem destacam a relevacircncia de observar
registrar e refletir constantemente sobre o processo de aprendizagem quando se
avalia Da mesma forma evidenciam a necessidade de usar outros procedimentos e
instrumentos aleacutem dos convencionais para avaliar pois eacute preciso que se conceba o
aluno como pessoa humana um ser uacutenico e diferenciado quanto agrave forma
ldquoquantidaderdquo e modo de mostrar aquilo que aprende Sendo assim revelam que os
alunos necessitam de diversos momentos favoraacuteveis meacutetodos e recursos para
mostrar os conhecimentos Entretanto apontam que eacute necessaacuterio ldquoplanejar e avaliar
bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianccedilas e os adolescentes estatildeo
aprendendo desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeordquo Agrave vista disso os autores anteriormente
referidos atestam que eacute preciso ldquoestabelecer metas claras a ser alcanccediladas como
um requisito baacutesico para ensinar e para avaliarrdquo Ainda revelam que para deixar
claro o que ensinar e o que avaliar ldquofaz-se necessaacuterio definir um perfil de saiacuteda de
cada etapa de ensino e assegurar esforccedilos para compreender os processos de
construccedilatildeo de conhecimentos das crianccedilas e adolescentesrdquo
Refletindo sobre o estudo realizado acerca das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (Nove) Anos e reportando agraves
experiecircncias profissionais da pesquisadora na implementaccedilatildeo destas diretrizes
aventa-se que haacute diferenccedilas entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado Saveli e
Machado (2008 p 6-7) mostram-se favoraacuteveis a extensatildeo do ensino fundamental
poreacutem apontam que haacute divergecircncias entre o que eacute orientado e o que eacute vivenciado
segundo o que eacute confirmado no seguinte pensamento
A inserccedilatildeo das crianccedilas de seis anos no cotidiano da escola obrigatoacuteria exige da escola uma revisatildeo de suas concepccedilotildees e praacuteticas pedagoacutegicas Exige sobretudo dos profissionais da educaccedilatildeo pensar e planejar um espaccedilo das e para as crianccedilas ou seja um espaccedilo educativo que as
80
reconheccedila e atenda as singularidades infantis organizando a sua estrutura seus espaccedilos e tempos os conteuacutedos a metodologia de modo que venha acolher as crianccedilas em um ambiente prazeroso em que o direito agrave brincadeira aos jogos a muacutesica a leitura a escrita enfim aos bens culturais estejam presentes (SAVELI MACHADO 2008 p 6-7)
Partindo-se dessa afirmaccedilatildeo rememora-se que anteriormente agrave mudanccedila do
ensino fundamental de oito para nove anos recebiam-se crianccedilas com sete anos de
idade e as classes denominavam-se ainda seacuteries Segundo a pesquisadora era
bem diferente alfabetizar em tais turmas pois as crianccedilas de modo geral se
encontravam com sete anos de idade e dispunham de outra capacidade tanto
emocional quanto cognitiva para decifrar o mundo letrado
Todavia no decorrer dos anos tornou-se significativo para muitas escolas
privadas oferecer projetos diferenciados para os alunos tais como nataccedilatildeo
informaacutetica inglecircs futebol danccedila etc procurando tornar aos alunos mais atraente e
interessante o aprendizado A escola mais procurada passou a ser aquela que
oferecia maior nuacutemero de projetos A princiacutepio a ideia parecia ser acertada poreacutem
muitos destes projetos realizavam-se no mesmo turno de aula das crianccedilas Assim
de acordo com Carvalho (p 96 2005 apud Augeacute 1994) ldquoa atualidade ou
ldquosupermodernidaderdquo trouxe expoentes de excesso da eacutepoca em que vivemos e um
deles eacute a modificaccedilatildeo na percepccedilatildeo no uso e na maneira de ordenar o tempordquo
Pensando-se sobre este conceito percebe-se uma relaccedilatildeo distinta entre o tempo o
espaccedilo e a vida das pessoas e com essa distinccedilatildeo o cotidiano das crianccedilas e a
vinculaccedilatildeo com o aprendizado tambeacutem se modificou O tempo comeccedilou a ficar curto
para tantas coisas a fazer e o aprender passou a ser dividido em compartimentos
Sendo assim os diversos projetos ofertados pela escola ao inveacutes de favorecerem o
seguimento da orientaccedilatildeo das diretrizes acabou por gerar anguacutestia e
distanciamento da proposta teoacuterica da mudanccedila
Sobre esse aspecto Gomes (2007 p 38) vem ressaltar que ldquoa organizaccedilatildeo
escolar eacute ainda bastante riacutegida segmentada e uniforme em nossa tradiccedilatildeo agrave qual
todos os alunos e alunas indistintamente tecircm de adequar seus temposrdquo Sendo que
deveria ocorrer justamente o contraacuterio como evidencia Arroyo (2007 p 47) dizendo
que ldquodeveriacuteamos comeccedilar por partir dos tempos dos educandos de suas trajetoacuterias
temporais da liberdade ou falta de liberdade para controlar seus tempos ()rdquo
Outro fator que se compreende como expressivo na praacutetica da execuccedilatildeo da
mudanccedila foi a influecircncia causada pela competitividade da sociedade capitalista a
81
qual constituiu e constitui ainda uma forccedila de interferecircncia no transcurso do
aprendizado Segundo Arroyo (2007 p 24) ldquoas demandas do mercado da
sociedade da ciecircncia das tecnologias e competecircncias ou a sociedade da
informaacutetica ainda satildeo os referenciais para o que ensinar e aprenderrdquo A pressatildeo em
alcanccedilar iacutendices de alfabetizaccedilatildeo jaacute no primeiro ano levou a um grande estresse e
preocupaccedilatildeo excessiva com o produto final e com a competiccedilatildeo e natildeo com o
processo de aprendizagem
Percebe-se tambeacutem que as crianccedilas natildeo satildeo caixas vazias que se preenchem
com conteuacutedos significativos e interesses que natildeo satildeo pertinentes ao seu
desenvolvimento Goulart (2007 p 86) aborda do mesmo modo um ponto
importantiacutessimo ao alertar que a escola natildeo pode se igualar a ldquouma faacutebrica onde o
que se almeja eacute a homogeneidade o padratildeordquo Ela lida com seres humanos com
peculiaridades humanas que devem ser vistos e tratados como tal e natildeo como
meros produtos de mercado
A diversatildeo e o prazer da viagem pelo mundo da aprendizagem acabaram
sendo deixados de lado pela apreensatildeo em chegar ao destino final Aventa-se a
possibilidade que o anseio em qualificar o ensino ainda com resquiacutecios de uma
visatildeo mercantilista pode ter levado a crianccedila a ser encarada como um ser apenas
cerebral como um nuacutemero em uma pesquisa um dado em uma estatiacutestica ou de
algo a ser vendido e comprado Discorrendo sobre isso Arroyo (2007 p 24)
ressalta que ldquoo ordenamento dos conteuacutedos por seacuteries niacuteveis disciplinas gradeado
e precedente por loacutegicas de meacuterito e sucesso nada mais eacute do que a traduccedilatildeo
curricular dessa loacutegica do mercado e da visatildeo mercantilizada que noacutes fazemos dos
educandosrdquo Ainda revela a seriedade com que se tem de encarar a questatildeo ao
destacar que o fato de os conteuacutedos estarem presos agraves imposiccedilotildees do mercado as
perspectivas dos professores satildeo obstruiacutedas dissipam-se as suas possibilidades de
serem autores do seu trabalho tornam-se estreitadas suas capacidades de
escolher e acabam por desestimulaacute-los levando-os a abdicarem da chance de
contar com ldquooutro projeto de sociedade de formaccedilatildeo humana de educaccedilatildeordquo Afirma
tambeacutem que sob esse prisma acaba-se por considerar o ato de educar como uma
mercadoria que estaacute agrave venda
Ainda tecendo consideraccedilotildees em relaccedilatildeo ao tempo qualidade de ensino
ordenaccedilatildeo pedagoacutegica curriacuteculo e condiccedilatildeo humana dos alunos Arroyo (2007 p
46) mostra-se enfaacutetico ao afirmar que
82
[] organizar a escola os tempos e os conhecimentos o que ensinar e aprender respeitando a especificidade de cada tempo de formaccedilatildeo natildeo eacute uma opccedilatildeo a mais na diversidade de formas de organizaccedilatildeo escolar e curricular eacute uma exigecircncia do direito que os educandos tecircm a ser respeitados em seus tempos mentais culturais eacuteticos humanos (ARROYO 2007 p 46)
Nesse caso onde fica a qualidade do ensino voltada especificamente para a
crianccedila da faixa etaacuteria do primeiro ano do ensino fundamental de nove anos
propostas pelas diretrizes curriculares nacionais Ela soacute fica A crianccedila se
alfabetiza de forma luacutedica se der tempo A crianccedila brinca se der tempo A crianccedila
pensa sobre a informaccedilatildeo que recebe se der tempo A crianccedila conversa se der
tempo A crianccedila canta se der tempo A crianccedila passeia se der tempo A
crianccedila eacute crianccedila se der tempo E o tempo e a infacircncia Eacute uma pena mas esses
natildeo voltam nunca mais
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3 PERCURSOS DA METODOLOGIA
A preocupaccedilatildeo sobre a importacircncia do meacutetodo vem de longa data e culminou
com as ideias de Descartes (1970) que originou a metodologia cientiacutefica Para ele o
conceito de meacutetodo simplificadamente pode ser entendido se comparado a um
trajeto a perseguir para atingirmos um propoacutesito Jaacute Minayo (1996) reflete sobre o
meacutetodo na aacuterea da pesquisa entendendo-o como o acircnimo da fundamentaccedilatildeo
teoacuterica rumo da reflexatildeo e do pensar Tambeacutem evidencia que no meacutetodo estatildeo
contidas as linhas de teoria que seratildeo discutidas bem como a reuniatildeo das
estrateacutegias e possibilidades inventivas do pesquisador
A presente dissertaccedilatildeo caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho
qualitativo sendo que foi usada a metodologia do estudo de caso As ferramentas
empregadas se constituiacuteram em observaccedilotildees entrevistas semiestruturadas
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo e anaacutelise de conteuacutedo
31 Pesquisa qualitativa
Caracterizando-se e explicando o cunho da pesquisa escolhida para o trabalho
sob a luz dos teoacutericos evidencia-se que
A pesquisa qualitativa eacute em essecircncia o estudo que procura compreender um
caso particular com grande aprofundamento Ocupa-se em explicar relacionar e
analisar Envolve maior participaccedilatildeo conviacutevio e comunicaccedilatildeo entre aquele que
pesquisa e os componentes do grupo em estudo Preocupa-se mais com a
qualidade e a particularidade da investigaccedilatildeo do que com a quantidade (TRIVINtildeOS
1987)
Denzin e Lincoln (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa abrange a anaacutelise
da utilizaccedilatildeo e a reuniatildeo de uma diversidade de material experimental bem como
evidenciam que em alguns casos ocorre a necessidade de utilizar natildeo apenas uma
mas vaacuterias teacutecnicas dependendo da singularidade de cada estudo Nessa assertiva
afirmam que cada accedilatildeo assegura uma percepccedilatildeo diferente do mundo
32 Estudo de caso
84
Yin (2001) explica o estudo de caso baseando-se em particularidades do
proacuteprio problema da pesquisa e tambeacutem o elucida buscando suporte numa reuniatildeo
de atributos ligados ao procedimento de coleta de dados e aos estratagemas de
anaacutelise Ainda conforme o autor o estudo de caso vem a ser uma verificaccedilatildeo cuja
meta eacute estudar um fato em particular - que se concebe como uacutenico ou notaacutevel - pelo
menos em determinadas perspectivas buscando constatar o que ele possui de
peculiar e fundamental visando dessa maneira oferecer uma concepccedilatildeo integral do
fenocircmeno que se interessa desvendar
De acordo com Luumldke e Andreacute (1986 p 17) o estudo de caso destina-se a
verificar uma problemaacutetica uacutenica e peculiar As teoacutericas ainda esclarecem que ldquoo
caso eacute sempre bem delimitado devendo ter seus contornos claramente definidos no
desenvolver do estudordquo
Sendo assim o estudo de caso desta dissertaccedilatildeo destinou-se agrave anaacutelise da
correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica docente da
alfabetizaccedilatildeo Para isso focou-se num caso peculiar centrando-se numa turma de 1deg
ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Novo Hamburgo
onde os objetivos especiacuteficos foram verificar se o educador que trabalha com o ano
em estudo conhece os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC para essa turma
analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto Nacional pela
Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se essa praacutetica vai ao encontro dos
interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com a Lei e
investigar a qualificaccedilatildeo do professor para a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo
33 Observaccedilatildeo
Para processar-se a vigente pesquisa no caso a formaccedilatildeo de dados
qualitativos empregou-se a observaccedilatildeo como teacutecnica fundamental
Para Minayo (2004) a observaccedilatildeo eacute caracterizada como um procedimento
atraveacutes do qual o pesquisador observa o seu objeto de estudo no proacuteprio local da
pesquisa
O estratagema de observaccedilatildeo demanda alguns passos substanciais
No primeiro deles deve ocorrer uma proximidade entre o investigador e os
sujeitos da pesquisa Esta fase eacute muito importante e precisa ser realizada com
calma e paciecircncia tendo em vista o empenho em elaborar os anseios comuns do
85
grupo em relaccedilatildeo agrave novidade de ter um observador presente como tambeacutem
conquistar a confianccedila dos observados Tem-se que ir devagar No princiacutepio eacute
necessaacuterio colocar-se como algueacutem que vem de fora para concretizar um trabalho
Para aos poucos ganhar a confianccedila do grupo sem perder de vista no entanto o
foco da pesquisa e o objetivo que se quer atingir
Na continuidade o pesquisador deve apropriar-se do conhecimento do
panorama geral do grupo a ser estudado Esse periacuteodo tem como recursos
utilizaacuteveis anaacutelise de documentaccedilatildeo administrativa remontagem do histoacuterico do
grupo e do ambiente caracterizaccedilatildeo do estabelecimento sondagem sobre as
pessoas com quem se faraacute a pesquisa finalmente parte-se para os
questionamentos com o puacuteblico-alvo da pesquisa para auxiliar na percepccedilatildeo do real
Realizada essa parte do trabalho eacute de interesse do pesquisador anotar
imediatamente as respostas eou observaccedilotildees no diaacuterio de campo para natildeo
extraviaacute-las
Por fim o investigador precisa ordenar e metodizar os elementos colhidos nas
observaccedilotildees A investigaccedilatildeo dos mesmos precisa ser verdadeira e estar de acordo
com a realidade dos sujeitos em estudo assim como a visatildeo que eles possuem de si
mesmos e da situaccedilatildeo em que vivem
Segundo Angrosino (2009) a observaccedilatildeo natildeo eacute particularmente um processo
mas sim uma forma proacutepria seguida por estudiosos em campo de pesquisa que
apoacutes serem acolhidos pela comunidade pesquisada satildeo habilitados para utilizar
uma diversidade de ferramentas de reuniatildeo de dados para conhecer as pessoas e
como elas vivem O autor ainda afirma que o investigador no cenaacuterio da
observaccedilatildeo tem a possibilidade de agir como um observador singular do grupo
integrando-se ou natildeo agraves atividades desse apurando a habilidade de ver e ouvir com
atenccedilatildeo sendo o mais fiel possiacutevel ao anotar todas as informaccedilotildees relevantes
Nesse caso ele necessita ser capaz de julgar rapidamente para deliberar o que tem
validade de ser anotado ou natildeo Ao observar-se no campo de pesquisa o
pesquisador tem como aliado o registro de tudo o que foi observado
Nesta pesquisa foi utilizado o diaacuterio de campo como estrateacutegia de apoio para a
observaccedilatildeo Segundo Falkembach (1987) o diaacuterio de campo eacute uma ferramenta de
registros de utilizaccedilatildeo particular do pesquisador em seu dia a dia Eacute nele que
apontar-se-atildeo as informaccedilotildees as referecircncias as incertezas os reveses e as
consideraccedilotildees a respeito da realidade do cenaacuterio de estudo
86
Apoacutes o registro no diaacuterio de campo efetuou-se a interpretaccedilatildeo dos dados
obtidos na observaccedilatildeo utilizando-se a anaacutelise de conteuacutedo de acordo com Bardin
(1988) A definiccedilatildeo dessa ferramenta de pesquisa seraacute aprofundada no toacutepico
relacionado agrave entrevista semiestruturada pois a mesma tambeacutem foi analisada
empregando-se esse recurso
34 Entrevista semiestruturada
A preferecircncia por esse recurso metodoloacutegico atribuiu-se ao fato de o mesmo
auxiliar na apuraccedilatildeo de como funciona o pensamento do educador ao proceder
durante as atividades averiguadas no decorrer da praacutetica De acordo com Boni e
Quaresma (2005) essa modalidade de entrevista eacute uma conjunccedilatildeo de perguntas
abertas e fechadas em que o participante tem a oportunidade de falar sobre o
assunto apresentado O investigador precisa seguir a sequecircncia de perguntas
previamente estabelecidas poreacutem ele o realiza em um cenaacuterio muito similar ao de
uma conversaccedilatildeo natural
Selltiz (1987) tambeacutem aponta como principal benefiacutecio desta forma de recurso
o fato de ele fornecer uma maior revelaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa Argumenta que
questotildees remetidas por escrito nem sempre satildeo devolvidas e as respostas satildeo mais
amplas quando o entrevistado tem a possibilidade de discorrer oralmente sobre as
propostas da pesquisa Ademais oportuniza o diaacutelogo entre pesquisador e
pesquisado o que colabora para a espontaneidade O autor sustenta igualmente a
proximidade e a receptividade entre ambos possibilitando chegar a temas que
requeiram maior delicadeza e complexidade Assim esta categoria de entrevista
corrobora muito na averiguaccedilatildeo de questotildees relacionadas ao aspecto afetivo e de
valor que os sujeitos questionados revelam o que facilita a explicaccedilatildeo e
compreensatildeo de suas atitudes frente a determinadas questotildees e ou situaccedilotildees
Em relaccedilatildeo agrave elaboraccedilatildeo da entrevista Lakatos e Marconi (2003) a
estabelecem como uma etapa importantiacutessima que necessita de reflexatildeo preacutevia
Tambeacutem sugerem certos cuidados como planejar escolher o sujeito preocupar-se
em marcar com antecedecircncia a entrevista indo ao encontro dos horaacuterios e dias
adequados do entrevistado aleacutem disso as questotildees devem ser organizadas
previamente Por conseguinte caso natildeo haja esse cuidado na elaboraccedilatildeo a
87
entrevista pode natildeo ser mais um fator que complemente o trabalho de pesquisa e
natildeo tem validade para a aplicaccedilatildeo
Ao elaborar as perguntas o investigador precisa no entender de Bourdieu
(1999) zelar pela escolha de questotildees que sejam pertinentes e que enriqueccedilam a
entrevista Tambeacutem deve observar o fluxo de pensamento de quem se entrevista
buscando prosseguir na conversa de forma loacutegica e natural Do mesmo modo
verificar que questotildees realizadas diretamente surtem menos efeito do que abordar a
histoacuteria de vida do sujeito aleacutem de estimularem muito mais a naturalidade das falas
Outro fator interessante eacute prestar atenccedilatildeo no decorrer da conversa isto eacute e sempre
que houver oportunidade interromper e conduzir o debate para o tema de interesse
visando clarear e enriquecer a discussatildeo para atingir a meta
A entrevista foi examinada e interpretada segundo a teacutecnica de anaacutelise de
conteuacutedo de Bardin (1988) por consideraacute-la uma forma propiacutecia para tratar esses
elementos da pesquisa A autora define a anaacutelise de conteuacutedo como uma junccedilatildeo de
instrumentos de interpretaccedilatildeo de narrativas com a finalidade de obter por
procedimentos metoacutedicos e intenccedilotildees de elucidaccedilatildeo do conteuacutedo das mensagens a
revelaccedilatildeo de saberes relacionados agraves conjunturas que produziram as palavras
Aleacutem disso Bardin (1988) estabelece as etapas que constituem a anaacutelise de
conteuacutedo e as divide em trecircs
A etapa de nuacutemero um cuja autora intitula de preacute-anaacutelise eacute o momento de
procurar reconhecer os diversos tipos de informaccedilatildeo que seratildeo analisados Mais
especificamente essa fase se destina a ler de forma ldquoflutuanterdquo as amostras
encontradas escolher os documentos formular hipoacuteteses e objetivos referenciar os
iacutendices e elaborar os indicadores bem como reverte a preparar o material
A etapa de nuacutemero dois a autora nomeia de exploraccedilatildeo do material e a
caracteriza como o iniacutecio do processo de codificar decompor ou enumerar os
materiais classificar agregar e categorizar instaurando um coacutedigo que propicie
reconhecer de forma imediata cada componente da amostragem de declaraccedilotildees ou
documentos que seratildeo analisados Bardin (1988) ainda explica cada uma das partes
que compotildee essa etapa anaacutelise de conteuacutedo codificar significa transformar dados
brutos do texto por meio de recorte (elencar as unidades) decompor ou enumerar os
materiais corresponde a definir as regras de contagem classificar e agregar
corresponde a eleger as categorias e categorizar equivale a classificar os
componentes de uma mensagem adotando criteacuterios definidos
88
A etapa de nuacutemero trecircs a interpretaccedilatildeo a autora destaca como o momento de
realizar as anaacutelises interpretativas investigando os sentidos apresentados nas
categorias de anaacutelise e confrontando com o referencial teoacuterico Segundo Bardin
(1988) teorizar interpretar e compreender forma um deslocamento enciacuteclico que
proporciona um maior aprofundamento na anaacutelise de conteuacutedo
35 Caracterizaccedilatildeo do local da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Novo
Hamburgo o sujeito da mesma foi uma educadora que atua no 1deg ano do ensino
fundamental da referida escola Natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da investigaccedilatildeo
professores estagiaacuterios
Cabe destacar que o municiacutepio eacute formado por 247781 habitantes (valores
considerados ateacute 2013) sendo principalmente composto por descendecircncia alematilde
Segundo dados apontados pelo IBGE (2012) o PIB Geral eacute de R$343411400000
o per capita eacute de R$ 1363500 Conforme dados disponibilizados pelo IdebInep
(2013) - o principal indicador da qualidade de educaccedilatildeo no paiacutes - nos anos iniciais
do municiacutepio foi de 5 6 nos finais de 4 35
Essas referecircncias supracitadas mostram que o progresso industrial e
econocircmico favoreceu a composiccedilatildeo de uma ldquoinfraestruturardquo consideraacutevel que
proporcionou uma educaccedilatildeo de maior qualidade Esse fator pode ser constatado
pelo Censo Educacional de 2012 que ldquoindica baixos iacutendices de analfabetismordquo e
aponta que ldquoa populaccedilatildeo residente alfabetizada eacute de 211945 pessoasrdquo
Continuando a apresentar informaccedilotildees relevantes sobre a cidade onde se
efetuou a pesquisa verifica-se que a mesma de acordo com o Censo Educacional
de 2012 possui ldquo28 escolas estaduais 75 municipais 21 particulares e 2 instituiccedilotildees
de Ensino Superiorrdquo Ainda que ldquoo nuacutemero de escolas de ensino fundamental foi de
93 o de docentes no niacutevel fundamental 1483 e o nuacutemero de matriacuteculas nessa
fase do ensino foi de 33123rdquo
5 Fonte QEduorgbr Dados do IdebInep (2013) Organizado por Merrit (2014) Dados encontrados
on-line Disponiacutevel em lthttpwwwqeduorgbrcidade346-novo-hamburgoidebdependence=3ampgrade=2gt Acesso em 14092014
89
36 Delimitaccedilatildeo dos sujeitos da pesquisa
Na pesquisa qualitativa todo o conteuacutedo humano que integra a pesquisa eacute
identificado como sujeito As pessoas envolvidas no estudo produzem saberes e
praacuteticas acertadas para interferir na problemaacutetica que vivenciam
Sob a oacutetica de Soares (2004) o sujeito da pesquisa qualitativa pode ser
identificado na sua histoacuteria de vida Esta pesquisa consegue apreender o que ocorre
com os sujeitos tanto individual quanto socialmente numa interaccedilatildeo com referecircncias
do passado interferindo no presente Essa rememoraccedilatildeo conhecendo o histoacuterico do
entrevistado possibilita o aprofundamento no problema
Haacute portanto uma ligaccedilatildeo direta entre o tema e o sujeito da pesquisa tendo
sido este escolhido diante da necessidade de encontrar respostas para o foco em
estudo analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees do MEC e a
praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma escola da rede puacuteblica de
Novo Hamburgo Mais especificamente verificar se o educador desta escola - que
trabalha no niacutevel de ensino em estudo - conhece os aspectos legais e as orientaccedilotildees
do MEC para essa turma analisar a praacutetica docente em conformidade com o Pacto
Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se a praacutetica docente vai ao
encontro dos interesses e necessidades da faixa etaacuteria de seis anos de acordo com
a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Elegeu-se o educador como sujeito do estudo justamente por encaraacute-lo como
peccedila principal no processo da alfabetizaccedilatildeo na expansatildeo do ensino fundamental de
nove anos e nada mais pertinente sob essa oacutetica do que observar e analisar a
como se daacute a sua praacutetica em sala de aula em uma turma de 1ordm ano de ensino
fundamental Como criteacuterios de exclusatildeo natildeo foram incluiacutedos como sujeitos da
investigaccedilatildeo professores estagiaacuterios
A opccedilatildeo pela escola municipal deu-se devido agrave maior possibilidade de
conhecer como se daacute a alfabetizaccedilatildeo nessa realidade a fim de qualificar e
aprofundar a pesquisa Tambeacutem pelo fato de a mesma adotar o Programa Mais
Educaccedilatildeo instaurado pela Portaria Interministerial nordm 172007 e estabelecido pelo
Decreto 708310 que consta de um plano do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo visando
expandir a jornada escolar e organizar o curriacuteculo sob a oacutetica da Educaccedilatildeo Integral
Os estabelecimentos de ensino das redes puacuteblicas estaduais municipais e do
Distrito Federal que participam do Programa podem conforme o projeto educativo
90
decidir por explorar as propostas dos ldquomacrocampos de acompanhamento
pedagoacutegicordquo que melhor se encaixem agrave realidade e agrave necessidade dos alunos Os
ldquomacrocamposrdquo satildeo formados de ldquoeducaccedilatildeo ambiental esporte e lazer direitos
humanos em educaccedilatildeo cultura e artes cultura digital promoccedilatildeo da sauacutede
comunicaccedilatildeo e uso de miacutedias investigaccedilatildeo no campo das ciecircncias da natureza e
educaccedilatildeo econocircmicardquo O intuito desse Programa eacute diminuir as desigualdades
educacionais Assim sendo cada estabelecimento de ensino segundo seu projeto
poliacutetico-pedagoacutegico e em entendimento com sua comunidade eacute o paracircmetro para
se determinar quantos e quais alunos seratildeo envolvidos no Programa sendo
preferiacutevel que o todo escolar compartilhe com as decisotildees
O estudo da corrente dissertaccedilatildeo foi submetido agrave avaliaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica
em Pesquisa - CEPUNILASALLE - cuja finalidade eacute assegurar a eacutetica e o sigilo das
pesquisas a serem elaboradas auxiliando na sua corroboraccedilatildeo e produccedilatildeo com
zelo agilidade e racionalidade A professora (sujeito do estudo) assinou um Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (segue em anexo) que reuniu os
aclaramentos com relaccedilatildeo agrave pesquisa proposta
91
4 O COTIDIANO DA PRAacuteTICA DOCENTE NA ALFABETIZACcedilAtildeO DE UMA
TURMA DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Compreendeu-se relevante reunir a anaacutelise das observaccedilotildees do cotidiano da
praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental e das narrativas da professora em um mesmo capiacutetulo por mostrar-se
enriquecedor confrontar o discurso com a praacutetica docente Assim sendo nesse
capiacutetulo seraacute apresentado breve relato sobre como ocorreram as observaccedilotildees do
cotidiano da praacutetica docente e a entrevista com a professora bem como apontados
os itens observados em sala de aula e os temas propostos na entrevista
Finalizando delinear-se-atildeo as categorias que surgiram do confronto entre o discurso
e a praacutetica docente e igualmente a anaacutelise dos resultados
41 Observaccedilotildees do cotidiano da praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo de uma
turma do primeiro ano do ensino fundamental
As visitas para as observaccedilotildees dataram-se de 25 de agosto a 20 do mecircs de
outubro do ano em curso ocorrendo uma vez por semana e perfazendo um total de
12 sessotildees de pesquisa em campo
Houve uma recepccedilatildeo cordial tanto da diretora quanto da professora da escola
demonstrando entendimento agrave proposta de trabalho e oportunizando as
observaccedilotildees A turma era composta por 22 alunos que se mostraram tranquilos
permanecendo agrave vontade na sua rotina diaacuteria mesmo tendo uma pessoa diferente
na sala
Foram observados em sala de aula alguns itens considerando-se que a
alfabetizaccedilatildeo permeia todas essas dimensotildees e as mesmas permitem uma visatildeo
importante para o estudo em questatildeo Satildeo eles
1 Espaccedilo e organizaccedilatildeo da sala de aula
2 Relacionamento professora e alunos
3 Relatos dos alunos e da professora
4 Recursos utilizados
5 Rotinas produzidas e atividades exploradas
92
42 Entrevista com a professora
O roteiro da entrevista semiestruturada foi produzido com base nos estudos
sobre o tema Optou-se por entrevistar a professora da turma de 1deg ano como mais
uma ferramenta de anaacutelise da praacutetica docente Marcou-se um horaacuterio
pessoalmente com ela explicando-a novamente sobre a pesquisa desenvolvida
bem como os propoacutesitos dessa estrateacutegia metodoloacutegica e sua importacircncia para a
constituiccedilatildeo do trabalho Destacou-se tambeacutem que as informaccedilotildees disponibilizadas
seriam tratadas segundo a eacutetica que deve ser usada em um trabalho de pesquisa
Perguntou-se sobre a possibilidade de a entrevista ser gravada ao que a professora
assentiu e mostrou-se soliacutecita para responder as questotildees Assim as informaccedilotildees
foram gravadas e posteriormente foi efetuada transcriccedilatildeo para o diaacuterio de campo
A entrevista revelou ser um instrumento bastante enriquecedor pois puderam
ser confrontados dados averiguados na praacutetica docente com os discursos da
professora
Considerou-se interessante que os temas abordados no roteiro da pesquisa
estejam aqui presentes pois a partir desses e dos itens observados em sala de aula
foram elencadas as categorias de anaacutelise dos resultados
Temas propostos no roteiro da entrevista
1 Tempo de trabalho como professora e experiecircncia com crianccedilas de seis anos em
outros anos (educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental)
2 Relato da rotina da praacutetica em um dia de aula
3 Planejamento de aula
4 Importacircncia do trabalho da docente
5 Aspectos contemplados na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano
6 Dificuldades encontradas nesta seacuterie
7 A adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro ano
8 Mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental
9 Opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 Expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no primeiro ano do
ensino fundamental
11 Cobranccedilas das famiacutelias em relaccedilatildeo agrave alfabetizaccedilatildeo nesta seacuterie
12 Interesses e necessidades mais observadas nos alunos
93
13 Participaccedilatildeo da equipe pedagoacutegica na elaboraccedilatildeo de uma proposta pedagoacutegico-
curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino
fundamental
14 Discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino fundamental
15 Formaccedilatildeo continuada especiacutefica
16 Orientaccedilatildeo do trabalho do professor do primeiro ano
17 Adoccedilatildeo do livro didaacutetico na alfabetizaccedilatildeo
43 Anaacutelise dos resultados
Dando-se continuidade ao estudo principiou-se o transcurso de anaacutelise dos
resultados expondo-se as descobertas essenciais do trabalho Tanto das
observaccedilotildees com registros no diaacuterio de campo quanto da intensa leitura das
entrevistas semiestruturadas despontaram dados muito proveitosos e que puderam
gerar reflexotildees relativas agrave praacutetica docente na alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano em
correlaccedilatildeo com os aspectos legais e orientaccedilotildees do MEC
Do conteuacutedo desses dados foram demarcadas quatro categorias de anaacutelise
como propotildee Bardin (1988) as quais vieram a ser inquietude da professora em
priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela
escola e existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Para resguardar a questatildeo eacutetica da pesquisa a professora entrevistada
recebeu o nome fictiacutecio de P1 Suas narrativas foram salientadas por meio de aspas
e em itaacutelico e as falas dos alunos foram evidenciadas recorrendo somente agraves aspas
sendo isento outro tipo de grifo
431 Inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade
No tocante a essa categoria de anaacutelise destacou-se os seguintes relatos da
professora P1 que revelaram a sua inquietude em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes
da ludicidade
ldquoEu acho que eacute bem natural assim porque o primeiro ano tem muito essa
caracteriacutestica do luacutedico eles ainda brincam bastanterdquo
94
ldquoClaro que a gente procura trazer a questatildeo da alfabetizaccedilatildeo que se faz mas
se trabalha de maneira luacutedicardquo
ldquoCostumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogosrdquo
ldquoO interesse deles eacute justamente a alfabetizaccedilatildeo o que eles mais querem eacute
aprender a ler neacuterdquo
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assimrdquo
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo
Ainda aludiu-se aos subsequentes aspectos legais para subsidiar as anaacutelises e
estabelecer a relaccedilatildeo tanto com a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo docente quanto com o
discurso da alfabetizadora
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que estabelece o PNAIC enfatiza no 1deg
princiacutepio a determinaccedilatildeo de que ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica ()rdquo e no 4deg princiacutepio coloca em
evidecircncia ldquoa ludicidade e o cuidado com as crianccedilas ()rdquo como ldquo() condiccedilotildees
baacutesicas nos processos de ensino e de aprendizagemrdquo
O Art 30 das DCNEF do Parecer CENCEB 112010 em seu inciso I
determina que ldquoos trecircs anos iniciais do Ensino Fundamental devem assegurar a
alfabetizaccedilatildeo e o letramentordquo
As DCNEF do Parecer CENCEB 112010 (BRASIL 2010 p 116) estabelecem
que ldquo() do ponto de vista da abordagem reafirma-se a importacircncia do luacutedico na
vida escolar ()
Observou-se na praacutetica com relaccedilatildeo agrave organizaccedilatildeo da sala de aula que era
repleta de brinquedos (um recanto com casinha estante com carrinhos bonecas
jogos) A existecircncia desses elementos luacutedicos denotou num primeiro momento a
atenccedilatildeo da professora com a ludicidade no aprendizado das crianccedilas revelando
estar em conformidade com os aspectos legais citados acima Entretanto
verificando-se com mais atenccedilatildeo a sua praacutetica e contrapondo-a com seu discurso
apreendeu-se que a educadora mostrou inquietar-se com a questatildeo do alfabetizar e
do brincar Ao mesmo tempo em que discorria sobre a presenccedila do luacutedico em sua
praacutetica tambeacutem demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam
95
alfabetizar-se brincando Ora falava que era tranquilo para o aluno frequentar o
primeiro ano devido justamente a existecircncia das brincadeiras ora indicava que os
alunos natildeo estavam se alfabetizando de acordo com o esperado
Analisou-se por conseguinte a narrativa da educadora em confronto com sua
praacutetica entendendo-se que sua inquietude era gerada mais pela falta de firmeza e
clareza no como fazer do que pelo natildeo saber o que fazer pois ela possuiacutea noccedilatildeo
dos aspectos legais relativos agrave alfabetizaccedilatildeo e ao luacutedico Leal Albuquerque e Morais
(2007 p 97) afirmam que a aprendizagem ocorre no ldquoaprender com prazer
aprender brincando brincar aprendendo aprender a aprender aprender a crescerrdquo
Desse modo natildeo adianta ter em matildeos os recursos luacutedicos e apresentaacute-los apenas
por apresentar sem exploraacute-los apropriadamente Necessita-se ter claro o que
significa realmente o aprender brincando o alfabetizar brincando assim como ter
objetivos muito bem definidos e compreender que todas as atividades devem
constar de um planejamento organizado e coerente o qual se reflita na praacutetica
432 Diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado
No que diz respeito a essa categoria percebeu-se que a professora revelou
preocupar-se com as dificuldades encontradas no que concerne agraves diferenccedilas
sociais e ao acesso ao universo letrado das famiacutelias acarretando impasses para a
evoluccedilatildeo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita
Desse modo elencou-se relatos da educadora que mostram a preocupaccedilatildeo
constatada os quais vecircm a seguir
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircm Entatildeo
tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que por mais que
eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo no niacutevel preacute-
silaacutebico neacute Entatildeo eacute a diferenccedila entre um colega e outro que tu tem que pensar
em atividades que contemplem todos os niacuteveis neacute Essa eu acho que eacute a principal
dificuldaderdquo
Na sequecircncia da anaacutelise os suportes legais estudados no percurso desta
dissertaccedilatildeo deixam clara a questatildeo e dizem que
96
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) quanto a isso
direcionam em seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem
como o oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I
quanto aos nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os
princiacutepios ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave
dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos
contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e
discriminaccedilatildeordquo (PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser
contemplados
Observou-se na praacutetica docente que a professora criou na sala de aula
recantos onde expocircs o alfabeto impresso em letra bastatildeo e com ilustraccedilotildees em
cada uma das letras calendaacuterio do mecircs cartazes com a produccedilatildeo de textos
coletivos e tambeacutem dedicou um espaccedilo numa estante para alguns livros infantis
Contudo no decorrer das visitas observou-se que este espaccedilo envolvendo a
literatura infantil foi substituiacutedo por outros moacuteveis
Refletindo-se sobre o que foi verificado denotou-se que a educadora neste
sentido poderia ter usado o espaccedilo de sala de aula - a fim de estimular a
alfabetizaccedilatildeo das crianccedilas - incluindo maior variedade de leituras pois como
evidencia Goulart (2007) haacute necessidade de utilizar ldquoo letramento como horizonterdquo e
oferecer oportunidades aos alunos ldquono sentido da inserccedilatildeo no mundo letradordquo
Portanto de acordo com a autora referida ldquoo espaccedilo da sala de aula deve ser um
espaccedilo de formaccedilatildeo de leitoresrdquo ou seja deve estar permeado de textos variados
que estimulem as crianccedilas a ler e a escrever A teoacuterica ainda sugere que se inclua
no cotidiano das crianccedilas ldquo() livros jornais panfletos muacutesicas poesias e do que
mais se tornar significativordquo (GOULART 2007 p91 ndash 94) A inclusatildeo desses aportes
literaacuterios observou-se como fundamental ao confrontar com a fala da professora
quando relata que ldquomuitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto
outros tecircmrdquo
Ademais Nascimento (2007 p 28) do mesmo modo aponta que ldquoa esteacutetica
dos espaccedilos e as relaccedilotildees que se estabelecem revelam o que pensamos sobre
crianccedila e educaccedilatildeordquo Por conseguinte o espaccedilo em que se deram as observaccedilotildees
teve um lugar relevante na verificaccedilatildeo do estudo e esboccedilou um retrato das
concepccedilotildees pedagoacutegicas da educadora Se era nesse mesmo espaccedilo onde
ocorriam as praacuteticas e o processo da aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita poderia a
97
professora ter concebido a alfabetizaccedilatildeo sem o estiacutemulo agrave leitura A educadora
possuiacutea realmente noccedilatildeo do quanto um ambiente alfabetizador poderia favorecer a
aprendizagem
Arroyo (2007 p 29-31) tambeacutem traz reflexatildeo interessante para a anaacutelise ao
afirmar a importacircncia de atribuir atenccedilatildeo ao modo como o professor vecirc os
educandos pontuando que a ldquo() imagem presente e determinante da docecircncia e
da administraccedilatildeo escolarrdquo que percebem ldquo() os alunos como desiguais perante o
conhecimentordquo mesmo que inconscientemente acabam por ldquo() catalogaacute-los em
uma hierarquia de mais capazes menos capazes sem problemas ou com
problemas de aprendizagem inteligentes e acelerados ou lentos e desaceleradosrdquo
O autor tambeacutem revela que para quebrar essa loacutegica que se encontra tatildeo arraigada
nas escolas carece de o educador assumir outro posicionamento que seria o de
admitir que ldquoa sociedade cria desiguais e natildeo obstante como profissionais do
conhecimento e dos processos mentais de aprendizagem partindo de onde as
ciecircncias partem de que toda mente humana eacute igualmente capaz de aprenderrdquo
Considerando o pensamento do teoacuterico compreendeu-se atraveacutes da fala da
professora e ainda complementando-o com um dos relatos dos alunos ldquoacho difiacutecil
as letrasrdquo a necessidade de que a educadora apostasse mais na capacidade dos
seus alunos e que acreditasse no potencial de aprendizagem dos mesmos
estimulando sua autoestima Se as famiacutelias natildeo possuiacuteam condiccedilotildees de oferecer a
oportunidade de acesso agrave leitura e agrave escrita a professora poderia acreditar na
capacidade de seus educandos evoluiacuterem e aprenderem Deste modo teria
favorecido a inclusatildeo e natildeo contribuiacutedo mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Constatou-se por conseguinte que a escola urge em auxiliar os alunos a
serem incluiacutedos no universo letrado como uma forma de propiciar agraves pessoas um
sentimento de esperanccedila e de poder sobre suas vidas A conquista da alfabetizaccedilatildeo
pode vir a ser um estiacutemulo a abrir portas e renovar a confianccedila de modificar a
situaccedilatildeo de exclusatildeo social em que os alunos se encontram
433 Defasagem na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola
No tocante a categoria de anaacutelise relacionada aos recursos de ensino e a sua
utilizaccedilatildeo pela professora optou-se por recortar trechos de suas narrativas que
98
evidenciaram a sua posiccedilatildeo a respeito dos materiais ofertados pela escola Sobre o
uso que fazia dos materiais do PNAIC ela apresentou os seguintes
posicionamentos
ldquoEu uso jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos que vieram na caixa do PNAIC que satildeo
muito bons eu utilizo frequentemente com elesrdquo
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo
ldquoO livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo
assim pra trabalhar com elerdquo
Para elucidar a anaacutelise da narrativa volveu-se aos aspectos legais referentes
ao PNAIC
No art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) constata-se
estabelecido o compromisso do PNAIC em apoiar as escolas puacuteblicas
proporcionando-lhes - atraveacutes do MEC - materiais didaacuteticos literatura e tecnologias
educacionais com a finalidade de estimular a qualidade da alfabetizaccedilatildeo no ensino
fundamental
Ao confrontar-se a praacutetica da professora com o seu discurso com a Lei e com
os pensamentos dos teoacutericos apurou-se que
No caso do livro didaacutetico (Editora Positivo - Coleccedilatildeo Linhas e Entrelinhas -
Letramento e alfabetizaccedilatildeo - Lucia Helena Ribeiro CiprianoMaria Otiacutelia Leite
Wandresen) oferecido pelo PNAIC observou-se que ele natildeo foi utilizado pela
professora Analisando-se o mesmo verificou-se que apresentava uma linguagem e
estruturaccedilatildeo proacutepria para faixa a etaacuteria podendo ser facilmente adaptaacutevel para o
uso como ferramenta de ensino Com relaccedilatildeo aos temas abordados pelo livro
averiguou-se que o capiacutetulo um abordava sinais de tracircnsito e outros siacutembolos que a
crianccedila poderia encontrar na sua vivecircncia diaacuteria o capiacutetulo dois explorava a
questatildeo dos nomes tatildeo importantes para o aluno quanto descobrir-se enquanto
pessoa e cidadatildeo o capiacutetulo trecircs enfatizava a identificaccedilatildeo das letras que a
professora citou diversas vezes em sua fala como fazendo parte do objetivo do 1deg
ano e finalmente o capiacutetulo quatro apresentava a leitura de palavras que tambeacutem
segundo a educadora seria um grande passo para a conquista da alfabetizaccedilatildeo da
turma Portanto esse era um recurso de que a escola dispunha e que deveria ter
sido melhor aproveitado pois contemplava aspectos tanto do cotidiano quanto do
interesse dos alunos Compreendeu-se que se tivesse sido usado como material de
99
apoio favoreceria a aprendizagem da alfabetizaccedilatildeo Como afirma Lima (2007 p 27)
ldquo() em sala de aula natildeo eacute somente o conteuacutedo que motiva mas sobretudo como
o professor trabalha com o conteuacutedo ()rdquo Da mesma forma poderia ser pensado
com relaccedilatildeo ao livro didaacutetico isto eacute o modo de utilizar essa ferramenta poderia
motivar - ou natildeo - o crescimento no aprendizado da crianccedila Refletindo sobre os
relatos da professora jaacute citados previamente e que mostraram sua preocupaccedilatildeo no
sentido de que a falta de acesso agrave leitura e agrave escrita dos alunos gerava empecilho
para o avanccedilo na aprendizagem percebeu-se que o fato de natildeo utilizar o livro
didaacutetico oferecido gerou contradiccedilatildeo entre discurso e praacutetica
Jaacute no que concerne aos jogos de alfabetizaccedilatildeo disponibilizados pelo PNAIC
observou-se que vinham acompanhados de um manual didaacutetico explicando como
usaacute-los e com sugestotildees de atividades Eram compostos de Trinca Maacutegica Bingo
da Letra Inicial Palavra Dentro de Palavra Relaccedilatildeo Figura com Palavra Dado
Sonoro Mais Uma Batalha de Palavras Quem Escreve Sou Eu Bingo dos Sons
Iniciais e Caccedila-rimas Verificou-se que eram interessantes e variados e seriam um
bom aporte na aprendizagem se tivessem sido usados A mestranda conversou
com uma aluna a respeito dos mesmos e ela declarou o seguinte ldquoQue jogos
legais A gente nunca usou nenhum delesrdquo Constatou-se pois o quanto seria
importante a professora ter explorado a questatildeo do luacutedico na alfabetizaccedilatildeo incluindo
os jogos do PNAIC A importacircncia da utilizaccedilatildeo desse recurso luacutedico encontrou
referecircncia no aporte teoacuterico de Piaget (1985 p 157-158) para quem o jogo
pedagoacutegico pode ldquoser um meio tatildeo poderoso para a aprendizagem das crianccedilas que
em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciaccedilatildeo agrave leitura ()
verifica-se que os alunos () se apaixonam por essas ocupaccedilotildees comumente tidas
como maccedilantesrdquo Se como foi observado ao longo da pesquisa o educar deve
envolver o prazer em aprender e se a crianccedila aprende atraveacutes do luacutedico por que
natildeo utilizar-se do jogo para enriquecer a experiecircncia da alfabetizaccedilatildeo
434 Existecircncia de lacunas entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
Com relaccedilatildeo agrave categoria referente agrave existecircncia de lacunas entre teoria e
praacutetica assim como entre o discurso e o fazer pedagoacutegico da professora destacou-
se alguns pontos relevantes para a anaacutelise que corroboraram para as reflexotildees e
100
futuras conclusotildees Os mesmos foram abordados como subdivisotildees dessa
categoria
4341 Utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino
Encontrou-se na fala da professora as seguintes narrativas quando ela foi
questionada sobre os materiais que utilizava em seu trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
ldquoCaderno folhas de atividades que eu crio materiais coletivos criados com
eles mesmos - textos coletivos ah alfabeto moacutevel jogos de alfabetizaccedilatildeo jogos
que vieram na caixa do PNAIC que satildeo muito bons eu utilizo frequentemente com
eles Costumo colocar no meu planejamento um momento soacute de jogos e daiacute faccedilo
jogo direcionado natildeo deixo livre Entatildeo procuro diversificarrdquo (P1)
ldquoDaiacute eu subdivido aiacute entre aulas com o caderno aulas com folhas de
atividades aula de textos coletivos cartazes e aula com o livro didaacuteticordquo (P1)
ldquo() O ldquoLinhas amp Entrelinhasrdquo eu preciso fazer bastante adaptaccedilatildeo assim pra
trabalhar com eles ()rdquo (P1)
No estudo dos aspectos legais constatou-se que
Com relaccedilatildeo ao curriacuteculo verifica-se forte indicaccedilatildeo da necessidade de levar
em conta em sua elaboraccedilatildeo no ensino fundamental de nove anos a questatildeo do
entusiasmo em aprender direcionando que ldquoeacute necessaacuterio que o curriacuteculo seja
planejado e desenvolvido de modo que os alunos possam sentir prazer nas variadas
atividades propostas para sua aprendizagemrdquo (PARECER CNECEB 112010 p
116)
Conforme o art 8 da Portaria do MEC 8672012 (BRASIL 2012) seratildeo
disponibilizados para qualificar o trabalho docente
I - livros didaacuteticos de 1ordm 2ordm e 3ordm anos do ensino fundamental e respectivos manuais do professor a serem distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - PNLD II - obras pedagoacutegicas complementares aos livros didaacuteticos distribuiacutedos pelo Programa Nacional do Livro Didaacutetico - Obras Complementares III - jogos pedagoacutegicos para apoio agrave alfabetizaccedilatildeo IV - obras de referecircncia de literatura e de pesquisa distribuiacutedas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola - PNBE V - obras de apoio pedagoacutegico aos professores distribuiacutedas por meio do PNBE VI - tecnologias educacionais de apoio agrave alfabetizaccedilatildeo (BRASIL PORTARIA MEC 8672012 art 18)
101
Na praacutetica foi constatado que a professora discorreu que utilizava tanto o livro
didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas - Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo e jogos didaacuteticos
oferecidos pelo PNAIC no entanto na realidade natildeo explorou nenhum desses
recursos como jaacute foi mencionado anteriormente
Realizando-se enlace com os pensamentos dos teoacutericos buscou-se analisar
e refletir sobre as possiacuteveis causas que levaram ao natildeo uso desses materiais
Ancorou-se em Noacutevoa (1991) que enfatiza que ldquoeacute de suma importacircncia a accedilatildeo
do professor como profissionalrdquo para ressaltar que o fazer pedagoacutegico da educadora
revela ainda estar em processo de maturaccedilatildeo O fato de ela natildeo usar o livro didaacutetico
e de natildeo assumir nem argumentar o porquecirc desse posicionamento retrata a
fragilidade de suas convicccedilotildees bem como a carecircncia de aprofundamento nas
leituras que auxiliam a praacutetica docente A professora poderia ter buscado autores
como Soares (1998 p 64) que revela a importacircncia de incluir o livro didaacutetico como
recurso para que ele seja mais um elemento que favoreccedila o trabalho com gecircneros
textuais e tambeacutem ter lido e refletido sobre os manuais oferecidos pelo PNAIC e a
partir daiacute sanar suas duacutevidas e desenvolver seu trabalho de forma a estimular a
aprendizagem dos alunos
Recorreu-se tambeacutem a Antunes (1998 p 37) o qual destaca que nunca se
deve pensar em ldquousar jogos pedagoacutegico sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento marcado por etapas muito niacutetidas e que efetivamente acompanhem o
processo dos alunosrdquo para evidenciar o quanto ainda haacute a necessidade de base
teoacuterica e de reflexatildeo sobre a praacutetica da educadora A utilizaccedilatildeo de jogos
pedagoacutegicos exigiria da professora uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica tanto para sua
exploraccedilatildeo quanto na argumentaccedilatildeo do uso do luacutedico o que natildeo foi verificado
4342 Dificuldade de aprendizagem
Destacou-se as conseguintes narrativas da professora que demonstraram a
sua preocupaccedilatildeo referente agraves dificuldades de aprendizagem as quais evidenciaram
ser pertinentes para se confrontar com sua praacutetica
ldquoA dificuldade que eu encontro aqui na escola na realidade da escola puacuteblica
eacute a diferenccedila social dos alunos da turma assim Social no sentido que eu vejo que
muitos natildeo tecircm acesso agrave leitura e agrave escrita em casa enquanto outros tecircmrdquo (P1)
102
ldquoEntatildeo tecircm uns assim que jaacute estatildeo lendo e tecircm outros em compensaccedilatildeo que
por mais que eu insista que eu faccedila aulas de reforccedilo somente com eles ainda estatildeo
no niacutevel preacute-silaacutebico neacuterdquo (P1)
ldquoEacute bem variado Tem famiacutelias que se preocupam mais com essa questatildeo de
vir agrave escola de dar um ambiente letrado pro filho do filho chegar no horaacuterio de
virem todos os dias e natildeo faltar e tem outras famiacutelias que natildeo acham importante
Que mandam por uma obrigaccedilatildeo que os filhos faltam frequentemente agraves vezes ateacute
pela dificuldade social os filhos natildeo tecircm um estojo bem organizado completo
frequentemente eles perdem as coisas a gente solicita natildeo vem mais Entatildeo
nesse sentido eacute bem diversificadordquo (P1)
Usou-se sob esse aspecto suporte nas bases legais que vecircm a seguir para
iluminar a anaacutelise
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) direcionam em
seus fundamentos o direito agrave educaccedilatildeo como alicerce maacuteximo bem como o
oferecimento de uma educaccedilatildeo com qualidade social No Art 6deg inciso I quanto aos
nortes que permeiam essa fundamentaccedilatildeo encontra-se afirmado que os princiacutepios
ldquoEacuteticos de justiccedila solidariedade liberdade e autonomia de respeito agrave dignidade da
pessoa humana e de compromisso com a promoccedilatildeo do bem de todos contribuindo
para combater e eliminar quaisquer manifestaccedilotildees de preconceito e discriminaccedilatildeordquo
(PARECER CNECEB 112010 ART 6deg INCISO I) devem ser contemplados
O art 6deg inciso II do Parecer 112010 (BRASIL 2010) explicita em relaccedilatildeo
aos princiacutepios poliacuteticos como norteadores das poliacuteticas educacionais e das accedilotildees
pedagoacutegicas a premecircncia ldquoda busca da equidade no acesso agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede
ao trabalho aos bens culturais e outros benefiacuteciosrdquo fala igualmente ldquoda exigecircncia
de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos
que apresentam diferentes necessidadesrdquo
O art 18 do Parecer 112010 (BRASIL 2010) determina que ldquo() o curriacuteculo
do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duraccedilatildeo exige a estruturaccedilatildeo de um
projeto educativo coerente articulado e integrado de acordo com os modos de ser e
de se desenvolver das crianccedilas e adolescentes nos diferentes contextos sociaisrdquo
A Portaria MEC867 (BRASIL 2012) com relaccedilatildeo ao PNAIC e agrave alfabetizaccedilatildeo
ressalta a seguinte consideraccedilatildeo ldquoo desenvolvimento das capacidades de leitura e
de produccedilatildeo de textos ocorre durante todo o processo de escolarizaccedilatildeo mas deve
ser iniciado logo no iniacutecio da Educaccedilatildeo Baacutesica garantindo acesso precoce a
103
gecircneros discursivos de circulaccedilatildeo social e a situaccedilotildees de interaccedilatildeo em que as
crianccedilas se reconheccedilam como protagonistas de suas proacuteprias histoacuteriasrdquo
A professora discorreu diversas vezes sobre sua preocupaccedilatildeo relativa agrave
alfabetizaccedilatildeo e agraves dificuldades sociais dos alunos contudo em sua praacutetica docente
foi constatado que faltou estiacutemulo agrave leitura e ao conviacutevio com diferentes gecircneros
textuais Soares (1998 p33) afirma que ldquo() alfabetizar eacute dar acesso ao mundo da
leiturardquo Para a autora esse acesso ao mundo da leitura significa que a alfabetizaccedilatildeo
deve ofertar condiccedilotildees ao sujeito poder decodificar e codificar o sistema da escrita
poreacutem explorando-a em seu papel social e como forma de lutar para conquistar a
cidadania plena Portanto ao deixar de favorecer o acesso a um ambiente
alfabetizador a educadora acabou por contribuir para o aumento das desigualdades
sociais
Igualmente comprovou-se que nem sempre as atividades foram ao interesse
realidade e necessidade das crianccedilas Citou-se o exemplo do trabalho no caderno
envolvendo a coacutepia da palavra camelo com posterior ilustraccedilatildeo Natildeo foi observado
empenho e motivaccedilatildeo por parte dos alunos na execuccedilatildeo da atividade Verificou-se
isso no relato de um educando que disse ldquoAgraves vezes a gente tem que copiar a
palavra camelo e fazer um desenho Eacute difiacutecil E a gente nem sabe como eacute um
camelordquo
Depreendeu-se portanto que a escolha de uma palavra descontextualizada e
longe da vivecircncia da crianccedila pode gerar desinteresse No caso dos nomes dos
dinossauros tema explorado em outro momento de observaccedilatildeo percebeu-se que
houve uma maior preocupaccedilatildeo em estudar algo que despertou a curiosidade dos
educandos e do mesmo modo houve um maior estudo sobre o assunto para depois
partir para a leitura e escrita Notou-se por conseguinte que o que perpassava pelo
interesse dos alunos evidenciava ser assimilado com muito mais entusiasmo
A seleccedilatildeo dessa palavra pode ter sido feita pela professora com o intuito de
fazer com que os alunos adquirissem a noccedilatildeo de que em cada siacutelaba de nossa
liacutengua haacute uma vogal e que tambeacutem se tem a possibilidade de formar novas
palavras a partir de combinaccedilotildees de siacutelabas Leal Albuquerque e Morais (2007 p
80) apontam para a importacircncia dessa noccedilatildeo poreacutem sugerem que se deva
apresentar ldquomuitas constantes e variadas atividades com palavras significativas
para as crianccedilas () e com as quais eles se deparem com frequecircnciardquo Aleacutem disso a
escolha desse tipo de palavra faz parte de cartilhas que remontam ao periacuteodo de
104
1888 como foi visto nos estudos de Mortatti (2000) A forma como a professora
apresentou a palavra lsquocamelorsquo revelou por conseguinte estar distante dos modelos
teoacutericos vigentes da atualidade Seria interessante se ela tivesse valorizado os
conhecimentos preacutevios dos alunos e percorresse os caminhos metodoloacutegicos
embasados em Vygotsky (1994) que concebia que o indiviacuteduo apresenta maiores
condiccedilotildees de evoluir sendo trabalhado na zona de desenvolvimento proximal e em
Piaget (1990) que defendia que o sujeito constroacutei seu conhecimento ao longo de
seu desenvolvimento
Tanto na escolha desta palavra como nos discursos apresentados a
educadora mostrou trazer uma concepccedilatildeo cartesiana de educaccedilatildeo que vem a ser
um tipo de forma de pensar datado do seacuteculo XVII defendido por Descartes (1970)
a qual reduzia o ser humano a um prisma racional Compreendeu-se que a
educadora com esse tipo de visatildeo ao inveacutes de solucionar o desafio que afirmou
encontrar na alfabetizaccedilatildeo de seus alunos acabou por colocar agrave margem os
diferentes e os catalogou como incapazes de aprender Esse acreditar da professora
de que as diferenccedilas sociais interferem na conquista da leitura e da escrita
compreendeu-se como geradora de uma imagem negativa de seus alunos o que
por consequecircncia fez germinar uma acomodaccedilatildeo em sua praacutetica docente A
educadora inclusive ao distanciar-se da realidade do aluno e natildeo proporcionar um
conhecimento relevante promoveu a exclusatildeo ao inveacutes de inclusatildeo do aluno
acabando por dificultar o processo de aprendizagem
4343 Formaccedilatildeo continuada e qualificaccedilatildeo profissional
Recortou-se a narrativa que segue no tocante agrave formaccedilatildeo continuada e
qualificaccedilatildeo profissional no discurso da professora
ldquoE particularmente eu concordo em partes com esse Pacto porque tem
professores que se formaram recentemente na graduaccedilatildeo e que tu chega pra essa
discussatildeo e tu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e que tu trabalha
diariamente em sala de aulardquo (P1)
Como suporte legal para a anaacutelise ressaltou-se que
A formaccedilatildeo continuada precisa ser a base para o fazer pedagoacutegico e estaacute
salientada tanto nas determinaccedilotildees das DCNEF do Parecer 112010 quanto no
estabelecido na proposta do PNAIC O professor precisa buscar ldquo[] uma formaccedilatildeo
105
que envolva a praacutetica reflexiva e competente isto eacute aleacutem de conhecimentos o
professor deve dominar atitudes que passam a ser tatildeo importantes quanto os
conhecimentosrdquo (PERES 2010 p40)
A Portaria MEC 8672012 que instaura o PNAIC no art 11 nos incisos IV e V
respectivamente encontram-se estabelecidos que sejam de incumbecircncia do MEC
ldquopromover em parceria com as Instituiccedilotildees de Ensino Superior (IES) a formaccedilatildeo
dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas redes de ensino
que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo e ldquoconceder bolsas de apoio para incentivar a
participaccedilatildeo dos orientadores de estudo e dos professores alfabetizadores nas
atividades de formaccedilatildeo nas redes de ensino que aderirem agraves accedilotildees do Pactordquo
Dessa forma essas accedilotildees visam facilitar e estimular a formaccedilatildeo do educador
No confronto entre teoria e praacutetica refletindo-se sobre o parecer da professora
com relaccedilatildeo ao PNAIC compreendeu-se que ela natildeo concordava totalmente com
esse tipo de formaccedilatildeo para todos os professores Entendeu-se que a educadora
vem de uma formaccedilatildeo de niacutevel superior mais recente do que algumas companheiras
de profissatildeo Poreacutem natildeo seria mais proveitoso este momento para mais uma
parada para retomar e avaliar a sua praacutetica e quem sabe realizar trocas de
experiecircncias Reflexionando-se sobre a concepccedilatildeo de professor apresentada por
Arroyo (2007 p 42) que o compreende como ldquoum profissional do direito agrave formaccedilatildeo
dos alunos um profissional do conhecimento e da culturardquo a professora deveria
aproveitar e valorizar todos os momentos que lhe satildeo oferecidos para a sua
qualificaccedilatildeo devido aos grandes desafios que o ato de ensinar exige do educador
na atualidade desafios estes apontados por ela em diversos relatos anteriores
Mesmo que a educadora pudesse considerar a iniciativa do PNAIC para qualificar
os educadores alfabetizadores a princiacutepio nem tatildeo atraente ou eficaz frente aos
grandes desafios que ainda haacute na educaccedilatildeo poderia tecirc-la encarado como um ponto
de partida Os encontros de formaccedilatildeo dessa forma teriam se tornado fonte de
inspiraccedilatildeo para a sua praacutetica docente dependendo da sua participaccedilatildeo e
contribuiccedilatildeo enquanto professora
Quanto agrave fala da educadora ldquotu ouves assunto que tu jaacute estaacute careca de saber e
que tu trabalha diariamente em sala de aulardquo observou-se na praacutetica que os
assuntos pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino fundamental ainda
carecem de serem mais aprofundados Quanto aos conhecimentos que a educadora
disse saber compreendeu-se que estatildeo na superfiacutecie de entendimento e natildeo foram
106
completamente apreendidos e refletidos para gerarem seguranccedila e firmeza no seu
fazer pedagoacutegico
4344 Importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico e a praacutetica
Com relaccedilatildeo agrave anaacutelise da importacircncia do diaacutelogo entre o conhecimento teoacuterico
e a praacutetica recorreu-se aos aspectos legais subsequentes
As DCNEF do Parecer CNECEB 112010 (BRASIL 2010) mostram-se
enfaacuteticas ao apontar para a relevacircncia de que o curriacuteculo deva ter claro aquilo que
pretende ao selecionar e organizar os conteuacutedos Mais precisamente ldquoque a escola
expresse com clareza o que espera dos alunos buscando coerecircncia entre o que
proclama e o que realiza ou seja o que realmente ensina em termos de
conhecimentordquo (BRASIL 2010 p 113) para que a teoria natildeo acabe se distanciando
da realidade e da praacutetica
As DCNEF do Projeto CNECEB 112010 (BRASIL 2010) na redaccedilatildeo do
toacutepico do projeto poliacutetico-pedagoacutegico evidenciam preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao
mesmo ser gerido de forma democraacutetica e participativa para que desta forma possa
garantir o direito agrave educaccedilatildeo
O art 5 inciso IV da Portaria MEC867 (BRASIL 2012) que instaura o PNAIC
na redaccedilatildeo de um dos seus objetivos que eacute ldquocontribuir para o aperfeiccediloamento da
formaccedilatildeo dos professores alfabetizadoresrdquo revela a importacircncia do conhecimento
teoacuterico para a praacutetica do educador
Em contraponto com a praacutetica docente foi constatado que a professora ao ser
questionada se a escola elaborou uma proposta pedagoacutegico-curricular para o
atendimento das crianccedilas de seis anos no ensino fundamental empreendendo
alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido relatou que ldquoeacute a rotina na realidade neacute jaacute da
escola issordquo Analisando-se esse aspecto da sua narrativa notou-se que ela natildeo
soube explicar bem quais foram as accedilotildees que a escola empreendeu para construir
uma proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de
seis anos no ensino fundamental Este fato denotou que ainda haacute necessidade de
que a educadora busque conhecer a realidade da escola onde trabalha para inteirar-
se de todo o processo bem como existe a necessidade de maior valorizaccedilatildeo do
momento de formaccedilatildeo continuada oferecido pelo PNAIC O discurso natildeo foi
coerente com a realidade novamente pois quando a professora relatou
107
anteriormente estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para sua
praacutetica natildeo conseguiu argumentar sobre a construccedilatildeo da proposta pedagoacutegico-
curricular onde atua Por conseguinte como ela pode ter clara sua missatildeo
profissional dentro de sua escola sem conhecer a fundo a proposta pedagoacutegico-
curricular
108
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Chegando-se agrave trajetoacuteria final do trabalho percebeu-se o quanto esse estudo
foi estimulante no sentido de impulsionar um espiacuterito de busca Um assunto foi
levando a outro e quando se via descobriam-se inuacutemeras possibilidades de
ampliar os conhecimentos sobre o tema em foco Ponderou-se que foi uma
experiecircncia de aprendizado significativa devido agrave possibilidade de adentrar no
mundo da pesquisa e de poder reconhecer que existem universos e realidades
diferentes e que cada escola e cada professor tecircm seu perfil e modo uacutenicos de
compreender a educaccedilatildeo
Por conseguinte atingindo esta etapa do trabalho apresenta-se os desenlaces
do estudo efetuados a partir das informaccedilotildees obtidas nas observaccedilotildees e relatos da
praacutetica docente em confronto com o suporte teoacuterico que embasou a dissertaccedilatildeo
O cerne da pesquisa foi ldquoa praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo O objetivo geral
delineado constituiu-se em analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as
orientaccedilotildees do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo em uma turma de 1deg ano de uma
escola da rede municipal de Novo Hamburgo Jaacute os objetivos especiacuteficos que
conduziram a pesquisa desta dissertaccedilatildeo consistiram em verificar se o educador
dessa escola - que trabalhava com o 1deg ano do ensino fundamental - conhecia tais
aspectos e orientaccedilotildees para essa turma analisar a praacutetica docente em
conformidade com o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa identificar se
essa praacutetica foi ao encontro dos interesses e das necessidades da faixa etaacuteria de
seis anos de acordo com a Lei e investigar a qualificaccedilatildeo do professor com relaccedilatildeo
agrave praacutetica na alfabetizaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave metodologia este estudo teve cunho metodoloacutegico qualitativo e
optou-se pelo estudo de caso A coleta de dados ocorreu em uma escola de ensino
puacuteblico municipal por meio de entrevistas semiestruturadas observaccedilotildees e
anotaccedilotildees no diaacuterio de campo A anaacutelise dos dados foi realizada tendo como base a
anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (1988)
Na continuidade a partir da proposta de Bardin (1988) foi realizado o decurso
de categorizaccedilatildeo das principais ideias apuradas no estudo o qual deu origem a
quatro categorias de anaacutelise inquietude da professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo
atraveacutes da ludicidade diferenccedilas sociais e acesso ao universo letrado defasagem
109
na utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola e existecircncia de lacunas
entre teoria e praacutetica discurso e fazer pedagoacutegico
No que se refere agrave primeira categoria elencada relativa agrave inquietude da
professora em priorizar a alfabetizaccedilatildeo atraveacutes da ludicidade foi constatado que ela
demonstrava certa inseguranccedila de que os alunos conseguiriam alfabetizar-se
brincando Entendeu-se que sua inquietude foi gerada pela falta de firmeza e clareza
sobre o que significa realmente o aprender brincando o que eacute alfabetizar brincando
bem como verificou-se a necessidade de ter objetivos muito bem definidos e
compreender que todas as atividades devem constar de um planejamento
organizado e coerente que se reflita na praacutetica
Quanto agrave segunda categoria definida relativa agraves diferenccedilas sociais e acesso ao
universo letrado denotou-se que apesar da professora no discurso mostrar-se
preocupada com esse fato natildeo usou o espaccedilo da sala de aula como ambiente
alfabetizador e nem apresentou os diversos gecircneros literaacuterios que os aspectos
legais determinam como pertinentes agrave alfabetizaccedilatildeo com letramento Do mesmo
modo natildeo revelou apostar na capacidade dos alunos e nem acreditou no potencial
de aprendizagem que eles possuiacuteam causando defasagem na autoestima dos
educandos Evidenciou-se que a postura profissional da educadora natildeo favoreceu a
inclusatildeo ao contraacuterio contribuiu mesmo que de forma inconsciente para a
exclusatildeo
Com relaccedilatildeo agrave terceira categoria destacada referente agrave defasagem na
utilizaccedilatildeo dos recursos de ensino oferecidos pela escola no sentido de a educadora
natildeo explorar toda a gama de possibilidades apresentadas observou-se que ela nem
sequer utilizou o livro didaacutetico e os jogos do PNAIC Inclusive entrou em contradiccedilatildeo
ao narrar que usava estes recursos quando na verdade foi constatado que eles
sequer saiacuteram do armaacuterio
Quanto agrave quarta categoria de anaacutelise obtida existecircncia de lacunas entre os
discursos e o fazer pedagoacutegico da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental foi
denotado que a professora em seu discurso afirmou que usou os recursos didaacuteticos
oferecidos pelo MEC contudo a praacutetica comprovou o contraacuterio relatou preocupaccedilatildeo
quanto agraves diferenccedilas sociais interferirem diretamente na alfabetizaccedilatildeo poreacutem natildeo
mostrou estimular a leitura e o conviacutevio com diferentes gecircneros textuais e nem
sempre promoveu atividades voltadas ao interesse realidade e necessidade das
crianccedilas revelou natildeo necessitar dos momentos de formaccedilatildeo apresentados pelo
110
PNAIC visto que recentemente havia concluiacutedo sua graduaccedilatildeo no entanto foi
constatado que seus conhecimentos referentes agrave alfabetizaccedilatildeo encontram-se na
superfiacutecie de entendimento natildeo havendo sido completamente apreendidos e
refletidos declarou estar segura quanto agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria para
sua praacutetica apesar de natildeo ter conseguido argumentar sobre a construccedilatildeo da
proposta pedagoacutegico-curricular onde atua
Com base nos dados conquistados no decurso da dissertaccedilatildeo refletiu-se sobre
o quanto eacute imprescindiacutevel manter uma atitude mais aberta a repensar a praacutetica em
favor do crescimento e aprimoramento profissional do educador sobretudo
conhecer a teoria compreendendo-a e ponderando sobre o seu uso de forma a
enriquecer o fazer docente
Toda a evoluccedilatildeo profissional do professor exige um desacomodar Carece o
deixar de lado a zona de conforto para ir ao encontro de algo que muitas vezes
gera anguacutestia e medo do novo do desafio E aleacutem do mais para explorar todo o
seu potencial o professor frente aos embates atuais necessita ser criacutetico voltar o
olhar atentamente e compreender o universo agrave sua volta ser corajoso para sair da
acomodaccedilatildeo e atuante poreacutem sem se esquecer da humildade de natildeo ter vergonha
de reconhecer sua pequenez frente a um mar de incertezas que permeiam a
educaccedilatildeo atual como tambeacutem natildeo ter receio de admitir seus erros e a partir deles
aprender reconhecer-se e se reinventar sempre
Concluiu-se ao longo da pesquisa que haacute um distanciamento entre a teoria e
a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo no ensino fundamental e que a defasagem na junccedilatildeo do
teoacuterico com o fazer pedagoacutegico ocasionou dificuldade tanto na atuaccedilatildeo docente
quanto na aprendizagem dos alunos
Devido a esses entendimentos notou-se que muito se tem a pesquisar e a
refletir sobre o assunto e que mais estudos sobre o tema devam ser realizados E
que novos sonhos se descortinam novos anseios se apresentam e que surgem
novos horizontes que ainda precisam ser descobertos
111
REFEREcircNCIAS
ANGROSINO Michael Etnografia e observaccedilatildeo participante Porto Alegre Artmed 2009 ANTUNES Celso Jogos para a estimulaccedilatildeo das muacuteltiplas inteligecircncias Petroacutepolis Vozes 1998 ARROYO Miguel G Educandos e Educadores seus Direitos e o Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BARDIN Laurence Anaacutelise de conteuacutedo Traduccedilatildeo de Luiacutes Antero Reto e Augusto Pinheiro Lisboa Ediccedilotildees 70 1988 BENJAMIN Walter Obras escolhidas II Rua de matildeo uacutenica 5deg ed Satildeo Paulo Brasiliense 1995 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais in Revista Eletrocircnica dos Poacutes-Graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC Vol 2 nordm 1 (3) janeiro-julho2005 BORBA Acircngela M GOULART Ceciacutelia As diversas expressotildees e o desenvolvimento da crianccedila na escola Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BORBA Acircngela M O brincar como um modo de ser e estar no mundo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 BOURDIEU Pierre O poder simboacutelico Traduccedilatildeo de Fernando Tomaz 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Bertrand 1999 BRASIL Congresso Nacional Lei ndeg 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a redaccedilatildeo dos artigos 29 30 32 e 87 da Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacional dispondo sobre a duraccedilatildeo de 9 (nove) anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos 6 (seis) anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 10172 de 9 de janeiro de 2001 Institui o Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) Brasiacutelia 2001 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Altera a LDB nordm 939496 dispondo sobre a duraccedilatildeo de nove anos para o ensino fundamental com matriacutecula obrigatoacuteria a partir dos seis anos de idade Brasiacutelia DF 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwprolei govbrgt Acesso em 281013
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BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de abril de 2013 Altera a Lei nordm 9394 para dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo e dar outras providecircncias Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia 1996 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Brasiacutelia DF 2010 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo ndeg 04 Brasiacutelia DF 2008 BRASIL Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Cacircmara de Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo nordm 01 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec wwwcnegovbrgt Acesso em 281013 BRASIL Indagaccedilotildees sobre curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 BRASIL Lei Ndeg 11274 6 de Fevereiro de 2006 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia DF 07022006 BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO E CULTURA Entendendo o pacto Disponiacutevel em lthttppactomecgovbrcomponentcontentarticle2-uncategorised53-entendento-o-pactogt Acessado em 30042013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Cultura Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2012 Disponiacutevel emlthttpwwwcidadesibgegovbrpaineleducacaophplang=ampcodmun=431340ampsearch=rio-grande-do-sul|novo-hamburgo|infogrE1ficosescolas-docegt Acesso em 11072014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e CulturaSecretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Passo a Passo do Processo de Implantaccedilatildeo 2ordf ediccedilatildeo Brasiacutelia 2009 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspasso_a_passo_versao_atual_16_setembropdfgt Acesso em 16112013 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa o Brasil do futuro com o comeccedilo que ele merece Brasiacutelia DF 2013 Disponiacutevel em ltwwwmecgovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Orientaccedilotildees Gerais Brasiacutelia 2004 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2004
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BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2005 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos 3deg Relatoacuterio do Programa Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos orientaccedilotildees para a inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Ensino Fundamental de Nove Anos passo a passo do processo de implantaccedilatildeo Brasiacutelia 2009 BRASIL Portaria ndeg 867 de 4 de Julho de 2012 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e as accedilotildees do Pacto e define suas diretrizes gerais Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 300413 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Medida Provisoacuteria nordm 586 de 8 de novembro de 2012 Dispotildee sobre o apoio teacutecnico e financeiro da Uniatildeo aos entes federados no acircmbito do Pacto Nacional pela Alfabetizaccedilatildeo na Idade Certa e daacute outras providecircncias Brasiacutelia DF 2012 Disponiacutevel em ltwwwproleigovbrgt Acesso em 30 abr 2013 BRASIL Senado Federal Projeto de Lei de Plano Nacional de Educaccedilatildeo nordm 8035 Brasiacutelia DF 2010 Disponiacutevel em ltwwwmec WWWcnegovbrgt Acesso em 271013 CANCIAN A K Uma praacutetica colaborativa entre professores e pesquisadores Anais do IV EBRAPEM UNESP Rio Claro 2000 CARVALHO Janete Magalhatildees O natildeo-lugar dos professores nos entrelugares de formaccedilatildeo continuada Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Ndeg 28 Universidade Federal do Espiacuterito Santo Centro de Educaccedilatildeo 2005 CERUTTI-RIZZATTI Mary Elizabeth Letramento uma discussatildeo sobre implicaccedilotildees de fronteiras conceituais Educ Soc Campinas v 33 n 118 p 291-305 jan-mar 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwcedesunicampbrgt Acesso em 20062013 CORSINO Patriacutecia As crianccedilas de seis anos e as aacutereas do conhecimento Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 DENZIN N K LINCOLN Y S (orgs) O Planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens traduccedilatildeo Sandra Regina Netz Porto Alegre Artmed 2006 DESCARTES Reneacute Discurso do meacutetodo Traduccedilatildeo prefaacutecio e notas de Joatildeo Cruz Costa Satildeo Paulo Ed de Ouro 1970
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DURAN M C G Ensino Fundamental de nove anos argumentando sobre alguns dos seus sentidos In SILVA A M M et al Poliacuteticas Educacionais tecnologias e formaccedilatildeo do educador repercussotildees sobre a didaacutetica e as praacuteticas de ensino RecifePE 2006 FALKEMBACH E M F Diaacuterio de Campo um instrumento de reflexatildeo Revista ContextoEducaccedilatildeo Ijuiacute Unijuiacute v 7 sd 1987 FERREIRA Mauro Aprender e praticar gramaacutetica Satildeo Paulo Editora FTD 2003 FERREIRO Emilia e TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Artmed Editora Porto Alegre 1999 FERREIRO Emiacutelia Passado e presente dos verbos ler e escrever Satildeo Paulo Cortez 2002 Fonte artigo de HADDAD Seacutergio DI PIERRO Maria Clara Escolarizaccedilatildeo de jovens e adultos Revista Brasileira de Educaccedilatildeo MaiJunJulAgo 2000 Nordm 14 Disponiacutevel em lthttpanpedorgbrrberbedigitalRBDE14RBDE14_08_SERGIO_HADDAD_E_MARIA_CLARA_DI_PIERROpdfgt Acesso em 16112013 FREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler Satildeo Paulo 41ordf ed Cortez 2001 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa Satildeo Paulo Paz e Terra 1996 (Coleccedilatildeo Leitura) FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 GOMES Lino G Diversidade e Curriacuteculo In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 GOULART Ceciacutelia A organizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico alfabetizaccedilatildeo e letramento como eixos orientadores Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 HIGOUNET C Histoacuteria concisa da escrita Satildeo Paulo Paraacutebola 2003 HOUAISS Antonio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2013 INEP Provinha Brasil Disponiacutevel em lthttpprovinhabrasilinepgovbr Acesso em 5 de novembro de 2013 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE) Indicadores sociais municipais uma anaacutelise dos resultados do universo do censo demograacutefico 2010 Rio de Janeiro IBGE 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaocenso2010indicadores_sociais_municipaisindicadores_sociais_municipaispdfgt Acesso em 30 de outubro de 2013
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KATO Mary A No mundo da escrita Uma perspectiva psicolinguiacutestica 2 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1986 KLEIMAN Angela B Modelos de letramento e as praacuteticas de alfabetizaccedilatildeo na escolardquo In KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do letramento Campinas Satildeo Paulo Mercado de Letras 1995 KRAMER Sonia A infacircncia e sua singularidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LAKATOS Eva Maria amp MARCONI Marina de Andrade Teacutecnicas de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2003 LEAL Telma F ALBUQUERQUE Eliana B G MORAIS Artur G Avaliaccedilatildeo e aprendizagem na escola a praacutetica pedagoacutegica como eixo da reflexatildeo Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 LIBAcircNEO J C Adeus professor adeus professora Novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 4 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIMA Elvira L Curriacuteculo e desenvolvimento humano In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 LUumlDKE Menga e ANDREacute Marli E D A Pesquisa em educaccedilatildeo abordagens qualitativas Satildeo Paulo EPU 1986 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R Pesquisa Social teoria meacutetodo e criatividade Petroacutepolis RJ Vozes 1996 MINAYO M C S (Org) DESLANDES S F CRUZ NETO O GOMES R O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede Rio de Janeiro Abrasco 2004 MOREIRA Antonio F B CANDAU Vera Maria Curriacuteculo conhecimento e cultura In Caderno Indagaccedilotildees sobre o Curriacuteculo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Brasiacutelia 2007 MORTATTI M R L (org) Os sentidos da alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2000 MORTATTI M R L (org) Educaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo UNESP 2004 MUNARI Alberto Jean Piaget Alberto Munari traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Daniele Saheb ndash Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco Editora Massangana 2010
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NASCIMENTO Anelise M do A infacircncia na escola e na vida uma relaccedilatildeo fundamental Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NERY Alfredina Modalidades organizativas do trabalho pedagoacutegico uma possibilidade Ensino fundamental de nove anos orientaccedilotildees para inclusatildeo da crianccedila de seis anos de idade Brasiacutelia MECSEB 2007 NOacuteVOA Antocircnio A formaccedilatildeo em foco caminhos para vocecirc ensinar melhor Satildeo Paulo Cortez 1991 NOacuteVOA Antoacutenio Os professores na virada do milecircnio do excesso dos discursos agrave pobreza das praacuteticas Educaccedilatildeo e Pesquisa Satildeo Paulo v 25 n1 p 11-20 janjun 1999 NOacuteVOA Antocircnio As ciecircncias da educaccedilatildeo e os processos de mudanccedila In PIMENTA Selma Garrido (Coord) Pedagogia ciecircncia da educaccedilatildeo 5ordf ed Satildeo Paulo Cortez p 71-106 2006 NOacuteVOA Antocircnio Professores Imagens do futuro presente Educa Lisboa 2009 PIAGET J Epistemologia Geneacutetica SP Martins Fontes 1990 PIAGET Jean Psicologia e Pedagogia Rio de Janeiro Forense 1985 PIMENTA Selma Garrido O estaacutegio na formaccedilatildeo de professores unidade teoria e praacutetica Satildeo Paulo Cortez 1994 POZZEBOM Cristiane SILVEIRA Samarone Guedes Manual para apresentaccedilatildeo de trabalhos acadecircmicos do Centro Universitaacuterio LA SALLE [recurso eletrocircnico] 3 ed 2011 RAMOS Faacutebio Pestana Histoacuteria do Analfabetismo no Brasil Para entender a histoacuteria ISSN 2179-4111 Ano 1 Volume dez Seacuterie 1312 2010 p01-16 Disponiacutevel em lthttpfabiopestanaramosblogspotcombr201012historia-do-analfabetismo-no-brasilhtmlgt Acessado em 23 de marccedilo de 2013 RIBEIRO V M (org) Letramento no Brasil Satildeo Paulo Global 2003 SAVELI Esmeria de Lourdes MACHADO Franciane Braga Ensino Fundamental de nove anos polecircmicas de sua implantaccedilatildeo Revista Teoria e Praacutetica da Educaccedilatildeo Maringaacute UEM v 11 n 3 p 291-297 setdez 2008 Disponiacutevel em ltwwwdtpuembrrtpevolumesv11n3005_esmeriai-291-297gt Acesso em 03052014 SELLTIZ Claire et allii Meacutetodos de pesquisa nas relaccedilotildees sociais Traduccedilatildeo de Maria Martha Hubner de Oliveira 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo EPU 1987 SOARES Magda Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntica 1998
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SOARES Magda As muitas facetas da alfabetizaccedilatildeo O conceito de alfabetizaccedilatildeo In Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2011 Cap1 p13-18 SOARES Magda Letramento em Verbete O que eacute Letramento Letramento em Texto Didaacutetico O que eacute Letramento e Alfabetizaccedilatildeo IN- Letramento um tema em trecircs gecircneros Belo Horizonte Autecircntico 2001 2ed p 13-60 SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento Satildeo Paulo Contexto 2003 SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo Nordm 25 p5-8 janabr 2004 TARDIF Maurice Saberes docentes e formaccedilatildeo profissional Petroacutepolis RJ Vozes 2002 p 1 a 29 TFOUNI L V Letramento e alfabetizaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1995 TRIVINtildeOS A N S Introduccedilatildeo agrave pesquisa em ciecircncias sociais a pesquisa qualitativa em educaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1987 VAacuteZQUEZ Adolfo Sanchez Filosofia da praacutexis Buenos Aires Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales ndash CLACSO Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 VYGOTSKY L S A Formaccedilatildeo Social da Mente S Paulo Editora Martins Fontes 1994 WEISZ Telma Natildeo haacute meacutetodo milagroso In FOLHA DE SAtildeO PAULO OPINIAtildeO (on-line) Tendecircncias e Debates Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfspopiniaofz1802200609htmgt Acesso em 16072014 YIN Robert K Estudo de Caso Planejamento e Meacutetodos 2ed Porto Alegre Bookman 2001
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ANEXO 1 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)
Vocecirc estaacute sendo convidadoa para participar da pesquisa ldquoA praacutetica de alfabetizaccedilatildeo no
primeiro ano do ensino fundamental um estudo de caso em uma escola puacuteblica municipalrdquo
coordenada por mim Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti sob orientaccedilatildeo da Profordf Drordf Denise Quaresma
da Silva do Programa de Poacutes - Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo do Centro Universitaacuterio La Salle ndash
UNILASALLE Vocecirc foi selecionadoa entre osas educadoresas alfabetizadoresas da Rede
Municipal de Novo Hamburgo por trabalhar com crianccedilas que se encontram na faixa etaacuteria entre trecircs
os seis anos de idade Sua participaccedilatildeo natildeo eacute obrigatoacuteria A qualquer momento vocecirc pode desistir de
participar e retirar seu consentimento contatando com a pesquisadora Sua recusa natildeo traraacute nenhum
prejuiacutezo em sua relaccedilatildeo com a pesquisadora ou com a instituiccedilatildeo onde esta pesquisa estaacute
cadastrada O objetivo deste estudo eacute analisar a correlaccedilatildeo entre os aspectos legais as orientaccedilotildees
do MEC e a praacutetica da alfabetizaccedilatildeo baacutesica em uma turma de 1deg ano do ensino fundamental Sua
participaccedilatildeo consistiraacute em prestar depoimento oral sobre o tema central desta pesquisa atraveacutes de
entrevista semiestruturada onde os relatos seratildeo gravados e a pesquisadora faraacute observaccedilotildees com
apontamentos no Diaacuterio de Campo observando sua praacutetica pedagoacutegica no cotidiano escolar Haacute
riscos miacutenimos relacionados com a sua participaccedilatildeo e os benefiacutecios consistem exclusivamente em
contribuir com a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico natildeo havendo qualquer forma de remuneraccedilatildeo
ou benefiacutecio material Asseguramos que a sua identificaccedilatildeo seraacute mantida em sigilo apenas os dados
obtidos atraveacutes desta pesquisa seratildeo utilizados na publicaccedilatildeo de dissertaccedilatildeoartigos O tempo de
guarda dos documentos seraacute de cinco anos e seu destino final seraacute a incineraccedilatildeo Vocecirc receberaacute
uma coacutepia deste termo onde consta o telefone da pesquisadora principal e sua respectiva
orientadora podendo tirar suas duacutevidas sobre o projeto e sua participaccedilatildeo agora ou a qualquer
momento
Canoas _____de___________________ de 2014
__________________________________________
Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti
Pesquisadora
__________________________________________
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva
Orientadora
Fones para contato
Pesquisadoras Mestranda Luciana Joseacutelia Correcirca Cheruti (51) 9935 9935
Profordf Drordf Denise Quaresma da Silva (51) 9305 1454
Declaro que entendi os objetivos riscos e benefiacutecios da pesquisa e concordo em autorizar a
execuccedilatildeo da mesma
_____________________________________
Sujeito da Pesquisa
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ANEXO 2 ndash Entrevista com a professora No quadro a seguir apresentam-se as perguntas que orientaram a entrevista
1 Haacute quanto tempo trabalhas como professora Jaacute trabalhaste com crianccedilas de seis anos em
outros anos seja na educaccedilatildeo infantil ou no ensino fundamental
2 Poderias relatar a rotina de tua praacutetica num dia de aula
3 Como fazes teu planejamento de aula O que enfocas com prioridade neste planejamento
4 O que consideras mais importante em teu trabalho Por quecirc
5 Quais satildeo os aspectos da alfabetizaccedilatildeo que o primeiro ano contempla
6 Encontras alguma dificuldade nesta seacuterie Caso a(s) tenhas poderias relataacute-la(s)
7 Discorre sobre como observas a adaptaccedilatildeo das crianccedilas de seis anos de idade no primeiro
ano
8 Segundo teu ponto de vista ocorreram mudanccedilas no primeiro ano do ensino fundamental Se
ocorreram quais foram essas mudanccedilas
9 Qual a tua opiniatildeo sobre a extensatildeo do ensino fundamental de oito para nove anos
10 No teu entendimento existem expectativas quanto agrave apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita no
primeiro ano do ensino fundamental Se afirmativo quais Cite exemplos
11 Em algum momento da tua praacutetica profissional foste cobrada por algum familiar de algum
aluno do primeiro ano do ensino fundamental em relaccedilatildeo agrave tua accedilatildeo pedagoacutegica
Exemplifique
12 Como as famiacutelias no teu entendimento concebem a alfabetizaccedilatildeo no primeiro ano do ensino
fundamental
13 A partir da tua experiecircncia com classes de primeiro ano quais satildeo os interesses e
necessidades que mais observas nos teus alunos
14 Em algum momento a equipe pedagoacutegica da tua escola se organizou para elaborar uma
proposta pedagoacutegico-curricular especiacutefica para o atendimento das crianccedilas de seis anos no
ensino fundamental Como
15 A escola empreendeu alguma accedilatildeo especiacutefica nesse sentido
16 Jaacute tiveste contato com alguma discussatildeo sistemaacutetica sobre a ampliaccedilatildeo do ensino
fundamental Como
17 Ocorre a formaccedilatildeo continuada com foco nessa temaacutetica Como
18 Como a escola em que atuas orienta o trabalho do professor do primeiro ano
19 Em tua sala de aula adotas o livro didaacutetico ldquoLinhas amp Entrelinhas- Letramento e alfabetizaccedilatildeordquo
Participaste da escolha desse livro Caso afirmativo que criteacuterios consideraste para isso Que
lugar ele ocupa na tua praacutetica Como tu o utilizas com teus alunos Como avalias este
recurso
20 Aleacutem do livro didaacutetico que outros materiais utilizas para o trabalho com a alfabetizaccedilatildeo
Como
Fonte A autora (2014)