70
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Lucielle Vieira Soares ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BISCOITOS ENRIQUECIDOS COM FARINHA DE AMÊNDOA DE BARU Diamantina 2018

Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

Lucielle Vieira Soares

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BISCOITOS ENRIQUECIDOS COM

FARINHA DE AMÊNDOA DE BARU

Diamantina

2018

Page 2: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

Lucielle Vieira Soares

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BISCOITOS ENRIQUECIDOS COM

FARINHA DE AMÊNDOA DE BARU

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha

e Mucuri, como requisito para obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Poliana Mendes de Souza

Diamantina

2018

Page 3: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br
Page 4: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br
Page 5: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, pela grande oportunidade de cursar este

mestrado e por tantas coisas boas que me concedestes: saúde, sabedoria e graça!

A minha orientadora, Poliana Mendes de Souza, pela confiança depositada em

mim, pelos sábios ensinamentos, pela paciência, pela força, ânimo e pela amizade. Sou muito

grata a você!

Aos docentes do PPGCTA da UFVJM pela capacidade de transmitir com

propriedade os seus ensinamentos.

Ao IFNMG-Campus Almenara por conceder afastamento para capacitação das

minhas atividades profissionais para conseguir cumprir as obrigações exigidas pelo o curso,

sobretudo durante o cumprimento das disciplinas e da pesquisa.

Aos colegas do setor CAEC do IFNMG-Campus Almenara pelo apoio de

relevante importância na trajetória do curso.

À minha família, pelo apoio e amor incondicionais. Meu esposo Aielly e meu

filho Vítor que compreenderam minhas ausências, as inúmeras viagens semanais e assim

permitiram que eu não desistisse e sim prosseguisse até o fim de mais um desafio em minha

vida. Amo vocês! É o amor de nossa família que me sustenta!

Aos meus pais, irmãos, sobrinhos e cunhados que mesmo distantes contribuíram

com orações, amor, força, apoio e carinho. Minha mãe, mulher guerreira e sábia. Meu pai

herói, mesmo acometido pela doença impiedosa que o levou tão precocemente, estava sempre

me apoiando nesta caminhada. Infelizmente não está mais presente para ver de perto a

conclusão desta jornada. Deus o chamou antes! Saudades eternas!

Aos colegas e amigos do curso que foram grandes incentivadores e companheiros.

Às colegas Fernanda, Miriam, Regiane, Kássia Héllen, Keyla, Gabriela, Gabi

Campolina, Ana Cláudia, Mayara, Matheus, Júlia, Dani e tantos outros que contribuíram de

forma enriquecedora através da amizade e ensinamentos nas dificuldades e grande incentivo

de não desistir. Obrigada por tudo, vocês foram indispensáveis!

E, finalmente, a todos que me apoiaram e incentivaram de forma direta ou

indiretamente em mais uma etapa de minha vida! Agradeço de coração!

Page 6: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

RESUMO

A crescente demanda por alimentos benéficos à saúde é acompanhada pela busca de novos

produtos e pela exploração de matérias-primas pouco exploradas anteriormente. A

investigação pelas fontes de nutrientes de espécies nativas do cerrado, como o baru, é de

grande interesse e motivação, pois possibilita conhecer seu potencial para o enriquecimento

de produtos alimentícios e fortalece a necessidade de preservação e valorização das espécies

nativas. O baru (Dipteryx alata), leguminosa com origem no Cerrado brasileiro, apresenta boa

aceitação pelo seu sabor agradável. Apresenta casca fina de cor marrom, polpa de sabor

adocicado dentro do qual está a amêndoa. Esta possui elevado teor de fibras, lipídeos e

proteína. Contêm ainda minerais como ferro, zinco e cálcio. Por ser agregar bem às

preparações, a farinha de baru pode ser empregada para enriquecer uma variedade de

preparações como biscoitos, bolos e pães. Este trabalho propõe elaborar e caracterizar

biscoitos tipo cookie enriquecidos com farinha de amêndoa de baru e avaliar a qualidade

nutricional, física, microbiológica e aceitabilidade dos produtos. O cookie padrão foi feito sem

farinha de baru e duas formulações modificadas utilizaram a farinha de baru em duas

diferentes proporções de 10 e 20%. Foram realizadas análises físicas, química,

microbiológicas e sensorial. Os cookies apresentaram aumento nos teores de fibras, lipídeos,

proteínas, cinzas e minerais. O teor de fibras variou de 1,72 g. 100g-1

a 7,81 g. 100g-1

. O teor

de lipídeos alterou de 23,78 g. 100g-1

a 26,72 g. 100g-1

. O teor de proteínas alterou de 1,31 g.

100g-1

a 4,02 g. 100g-1

. O teor de cinzas variou de 2,41 g. 100g-1

a 2,86 g. 100g-1

e o teor de

minais como cálcio, ferro, zinco e manganês elevaram de forma gradual conforme aumentou a

farinha de baru. Os biscoitos com 20% de farinha de baru apresentaram quantidade de fibras

suficiente para serem caracterizados como alimento rico em fibras e os biscoitos com 10% de

farinha de baru considerados fonte de fibras conforme a legislação pertinente. Os biscoitos

obtiveram boa aceitação para os quesitos de sabor, textura, cor, odor, aroma e aceitação

global. E para intenção de compra os provadores mostraram reação positiva em adquirir o

produto. Os biscoitos tipo cookie elaborados com farinha da amêndoa de baru constituem um

produto de bom potencial nutricional e de aceitabilidade.

Palavras-chave: Baru. Cookie. Biscoito enriquecido. Fruto do Cerrado. Dipteryx alata.

Page 7: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

ABSTRACT

The growing demand for health food is accompanied by the search for new products and the

exploration of raw materials that have not been explored previously. Research on the nutrient

sources of native Cerrado species, such as Baru, is of great interest and motivation, since it

makes it possible to know its potential for the enrichment of food products and strengthens

the need for preservation and appreciation of native species. The baru (Dipteryx alata),

leguminous with origin in the brazilian Cerrado, shows good acceptance for its pleasant

flavor. It has a thin brown shell, sweet-flavored pulp inside which is the almond. It has high

fiber, lipid and protein content. They also contain minerals such as iron, zinc and calcium.

Because it is well suited to the preparations, baru flour can be used to enrich a variety of

preparations such as cookies, cakes and breads. This work proposes to elaborate and

characterize cookie type cookies enriched with almond flour of baru and to evaluate the

chemical, physical, microbiological quality and acceptability of the products. The standard

cookie was made without baru flour and two modified formulations used the baru flour in two

different proportions of 10 and 20%. Physical, chemical, microbiological and sensorial

analyzes were performed. Cookies showed an increase in fiber, lipids, proteins, ashes and

minerals. The fiber content varied from 1.72 g. 100g-1 to 7.81 g. 100g-1. The lipid content

changed from 23.78 g. 100g-1 at 26.72g. 100g-1. The protein content changed from 1.31 g.

100g-1 to 4.02g. 100g-1. The ash content ranged from 2.41 g. 100g-1 to 2.86 g. 100g-1 and

the content of such as calcium, iron, zinc and manganese rose gradually as the baru flour

increased. The biscuits with 20% of baru flour had sufficient amounts of fiber to be

characterized as fiber rich food and biscuits with 10% of baru flour considered a source of

fiber according to the relevant legislation. The biscuits obtained good acceptance for the

requirements of flavor, texture, color, odor, aroma and overall acceptance. And for intent of

purchase the tasters showed positive reaction in acquiring the product. Cookie biscuits made

with almond flour from baru constitute a product with good nutritional potential and

acceptability.

Keywords: Baru. Cookie. Enriched biscuit. Fruit of the Cerrado. Dipteryx alata.

Page 8: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 9

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 9

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 9

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 10

3.1 CARÊNCIAS NUTRICIONAIS .................................................................................... 10

3.2 CERRADO ..................................................................................................................... 12

3.2.1 FRUTOS DO CERRADO........................................................................................ 14

3.3 BARU ............................................................................................................................. 19

3.4 PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO ................................................................................. 22

3.4.1 BISCOITOS ............................................................................................................. 22

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 26

4.1 ELABORAÇÃO DOS BISCOITOS ............................................................................... 26

4.2 AVALIAÇÕES: FÍSICAS E NUTRICIONAL .............................................................. 28

4.2.1 ANÁLISES FÍSICAS .............................................................................................. 28

4.2.2 ANÁLISE NUTRICIONAL .................................................................................... 29

4.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ............................................................................... 30

4.4 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................ 31

4.4.1 INDICE DE ACEITABILIDADE ........................................................................... 32

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 32

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 33

Page 9: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

5.1 ANÁLISE NUTRICIONAL FARINHA DE BARU ...................................................... 33

5.2 ANÁLISE NUTRICIONAL DOS BISCOITOS ............................................................ 36

5.3 ANÁLISES FÍSICAS ..................................................................................................... 41

5.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ............................................................................... 45

5.5 ANÁLISE SENSORIAL ................................................................................................ 47

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 53

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 54

8 ANEXOS ............................................................................................................................. 66

Page 10: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

7

1 INTRODUÇÃO

O Cerrado, localizado no Planalto Central do Brasil, é uma região que tem grande

potencial social. Diversas plantas nativas deste bioma apresentam elevado teor de nutrientes,

aceitação sensorial e muitas populações vivem da comercialização de seus produtos como

pequi (Caryocar brasiliense), buriti (Mauritia flexuosa), mangaba (Hancornia speciosa),

cagaita (Eugenia dysenterica), araticum (Annona crassifolia) e o baru (Dipteryx alata) que

são consumidos e vendidos in natura ou como matéria-prima para formulação de novos

produtos (CARRAZZA e ÁVILA, 2010).

Das espécies nativas do Cerrado, o baru (Dipteryx alata) é utilizado pelas

populações regionais como fonte de renda das famílias e o fruto é uma leguminosa de grande

ocorrência na região. Apresenta vários nomes locais, popularmente conhecidos como: barujo,

cambaru, castanha de burro, coco–barata, coco-feijão, cumaru, cumbaru, feijão-baru, feijão-

coco, viagra do cerrado (CARVALHO, 2003). A frutificação do baruzeiro ocorre entre os

meses de setembro a dezembro e cada fruto possui uma semente, denominada amêndoa, de

cor marrom-claro ou marrom-escuro com peso variando de 4 a 10 g. Possui boa aceitação por

apresentar um sabor agradável (SANO et al., 1999).

O baru é formado por casca fina de cor marrom, polpa de sabor adocicado dentro

do qual está a amêndoa. As características químicas desta amêndoa despertam interesse

tecnológico devido ao alto potencial nutricional, sendo fonte de minerais como ferro, zinco e

cálcio, proteínas e ácidos graxos insaturados. Além do alto teor de lipídeos é considerada boa

fonte energética (FERNANDES et al., 2010; SIQUEIRA et al., 2012). Embora tenha um

grande potencial nutricional, a amêndoa de baru deve ser torrada antes do consumo por

apresentar fatores antinutricionais como inibidores de tripsina que são destruídos pelo calor

(VERA et al. 2009).

A amêndoa pode ser consumida torrada e tem grande potencial para utilização em

preparações como doces, bolos, biscoitos e paçoca. Além disso, pode substituir as castanhas

tradicionais como nozes e amendoim no preparo de formulações alimentícias (LIMA et al.,

2010; ORTOLAN et al. 2016).

Para aproveitar as características da amêndoa do baru e a composição nutricional

dos frutos, os biscoitos são exemplos de produtos que podem ser enriquecidos. Além disso,

agrega valor ao fruto e contribui para preservar a espécie e o desenvolvimento regional

sustentável (LOUREDO et al., 2014). Biscoito é o produto preparado com farinhas, amidos,

Page 11: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

8

fermentadas ou não no qual se acrescentam outros ingredientes característicos como

castanhas, sendo submetidos ao amassamento e cozimento (FETT e MORETTO, 1999).

Produtos com características nutricionais que promovam benefícios à saúde e de

fácil consumo são atrativos para o consumidor. Isso faz com que a indústria alimentícia inove

em ingredientes e formulações, diversificando o sabor ou diferenciando com adição ou

substituição de ingredientes por frutas e castanhas. Estes ingredientes devem estar harmonia,

pois são fundamentais para a aceitação do produto pelo consumidor visando o sucesso nas

vendas (CASÉ et al., 2005; SANTOS et al. 2012). Os biscoitos são produtos de fácil preparo

e comercialização e podem ser considerados alimentos em potencial para serem enriquecidos

com ingredientes de considerável teor nutricional.

A farinha de baru é uma alternativa para utilizar a amêndoa deste fruto e promover o

aproveitamento tecnológico e o uso na alimentação. Assim, esta farinha pode ser usada na

elaboração de biscoitos ou em outros produtos de panificação. Neste sentido, a caracterização

da farinha de baru e de biscoitos elaborados com esta matéria-prima é de fundamental

importância para verificar seu potencial uso e obter uma alternativa para utilização do baru.

Investigar as fontes de nutrientes de espécies nativas do Cerrado, como o baru, é

de grande interesse e motivação, pois possibilita conhecer a capacidade do fruto para

enriquecer produtos alimentícios (ROCHA e SANTIAGO, 2009). Segundo Siqueira et al.

(2012), a vasta distribuição do baruzeiro nas regiões do Cerrado, estimula o estudo do

potencial nutricional e bioativo deste fruto e torna-se importante para o desenvolvimento

socioeconômico e sustentável da espécie e deste bioma.

A possibilidade de conservação dos recursos naturais associada ao aproveitamento

de produtos ou subprodutos provenientes do Cerrado é motivada para a investigação de seu

potencial para a formulação e inovação de produtos.

Sendo assim, o desenvolvimento de produtos enriquecidos com frutos do Cerrado

é importante para:

• Investigar fontes de nutrientes de espécies nativas do Cerrado como o baru.

• Conhecer o potencial deste fruto para enriquecer produtos alimentícios. Estudar seu

potencial nutricional.

• Agregar mais valor ao fruto. Importante para o desenvolvimento socioeconômico e

sustentável da espécie.

• Por possuírem boa aceitação, os biscoitos se enriquecidos, podem auxiliar no

suprimento de algumas carências nutricionais.

• A farinha de baru incorpora bem à massa de biscoitos.

Page 12: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

9

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e caracterizar biscoitos tipo cookie enriquecidos com farinha da

amêndoa de baru.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Desenvolver formulações de cookie com farinha de amêndoa de baru;

- Analisar a qualidade física dos biscoitos;

- Analisar a qualidade nutricional dos biscoitos;

- Avaliar a qualidade microbiológica das formulações dos biscoitos;

- Avaliar a aceitação sensorial dos biscoitos desenvolvidos.

Page 13: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

10

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1CARÊNCIAS NUTRICIONAIS

Uma alimentação é considerada saudável quando compreendem além da

composição nutricional do alimento, aspectos relacionados à variedade, qualidade, quantidade

e harmonia da alimentação associada principalmente aos padrões culturais e regionais da

população. Para a se ter uma alimentação saudável e adequada a boa saúde, não basta ter

acesso a qualquer tipo de alimento (OLIVEIRA et al., 2014).

A seleção de alimentos é complexa, influenciada por diversos fatores além do

acesso ao alimento e conhecimento em nutrição. A indisponibilidade de alimentos pode

ocasionar algum tipo de deficiência nutricional. A fartura de alimentos não assegura uma

nutrição adequada, sendo que comportamento nas escolhas dos alimentos o ponto de maior

relevância (RAMALHO e SAUDERS, 2000).

A procura por uma vida saudável e a requisição de nutrientes necessários a uma

boa saúde são preocupações universais e qualquer distúrbio relacionado à falta de nutrientes

pode levar a uma desordem no organismo. As carências nutricionais são consequências de

hábitos alimentares inadequados, má distribuição de renda, falha no controle de qualidade dos

processos industriais ou no processamento inadequado dos alimentos (LAROSA et al., 2009).

A desnutrição com prevalências preocupantes de excesso de peso e obesidade,

resultantes da má alimentação, além da baixa biodisponibilidade dos minerais, são um

conjunto de causas atribuídas aos distúrbios nutricionais na população humana (LONG,

BÄNZIGER, SMITH, 2004).

Segundo Filho e Rissin (1993) deficiência de minerais, anemias, desnutrição

energético-protéica (DEP) e hipovitaminose A são as deficiências nutricionais de maior

importância epidemiológica e estão associadas ao quadro estrutural de pobreza.

Caracterizada pela deficiência ou excesso, relativo ou absoluto de um ou mais

nutrientes essenciais, a desnutrição pode ser originada por situações socioeconômicas,

indisponibilidade de alimentos, ingestão insuficiente de alimentos, culturais e qualidade da

alimentação (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2007). As principais características aparecem

quando as necessidades do corpo não são supridas pela dieta gerando perda de peso, déficit de

altura, deficiência de vitaminas (SHILS et al., 2002; VITOLO, 2003).

A presença de deficiência de micronutrientes e outras doenças crônicas não

transmissíveis em uma mesma população ou até no mesmo domicílio se caracteriza como uma

Page 14: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

11

transição nutricional, determinada frequentemente pela má alimentação (COUTINHO,

GENTIL, TORAL, 2008).

Para atender suas necessidades metabólicas o ser humano requer determinados

nutrientes para sustentar a vida como os carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas e

minerais. O consumo inadequado ou a deficiência de um desses nutrientes pode levar o

organismo a desenvolver distúrbios fisiológicos que levam a doenças, crescimento

inadequado, elevadas taxas de mortalidade dentre outros problemas (WELCH e GRAHAM,

2004).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016), a deficiência de ferro

afeta aproximadamente 2 milhões de pessoas, destacando-se mulheres pobres, grávidas e

meninas na faixa etária de 12 a 19 anos. No Brasil taxas elevadas de anemia afetam crianças

menores de 2 anos e gestantes adolescentes.

A deficiência de zinco atinge em média um terço da população mundial e as

gestantes são os maiores destaques. Essa deficiência leva o organismo a desenvolver

problemas de infecções respiratórias e diarreia (OMS, 2016).

O enriquecimento de alimentos e o não desperdício dos mesmos têm sido

utilizados como alternativa importante no intuito de diminuir os problemas provocados pela

carência nutricional (LAROSA et al., 2009), uma vez que a alta incidência de deficiências em

micronutrientes, como o ferro e zinco, trazem implicações negativas para a saúde humana

(RIOS et al., 2015).

De acordo com World Health Organization (WHO) e o Fundo das Nações Unidas

para a Infância (UNICEF), outros exemplos de estratégias essenciais na luta contra as

deficiências nutricionais nos países em desenvolvimento são a variedade da dieta alimentar

habitual, suplementação de vitaminas e minerais principalmente para mulheres grávidas e

crianças pequenas, enriquecimento de alimentos por meio de tecnologias (WHO/UNICEF,

2004).

No que se refere às medidas coletivas de prevenção e controle das carências

alimentares e dos distúrbios associados à má alimentação, destacam-se: as práticas

alimentares saudáveis potencializados pela fortificação universal de alimentos com

micronutrientes (ferro, ácido fólico e iodo), campanhas informativas sobre alimentação

saudável, medidas de apoio ao aleitamento materno e implementação das diretrizes da

alimentação saudável no ambiente escolar (COUTINHO, GENTIL, TORAL, 2008).

Page 15: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

12

3.2 CERRADO

O Cerrado, caracterizado como uma savana, (COUTINHO, 2006) é uma

vegetação que se destaca pela sua grande biodiversidade, pela posição geográfica privilegiada

e pela heterogeneidade vegetal (AGOSTINI-COSTA e VIEIRA, 2000).

É a vegetação mais rica do mundo e o segundo bioma mais extenso da América

do Sul, compreendendo uma área de aproximadamente 204 milhões de hectares na região

central do Brasil, cerca de 22 % do território brasileiro em áreas independentes nas regiões

Sul, Sudeste, Norte e Nordeste (SANO et al., 2010). A Figura 1 apresenta a abrangência do

Cerrado no território brasileiro.

Figura 1 - Abrangência do Cerrado no território brasileiro.

Fonte: CERRATINGA - Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN

É uma região com uma grande riqueza natural e uma elevada biodiversidade,

composta por mais de 10.000 espécies de plantas sendo mais de 4.400 espécies endêmicas

(EMBRAPA, 2007). É composto por matas, campos e matas de galeria e possui um clima

estacional com um período chuvoso de outubro a março seguido de um período de seca de

Page 16: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

13

abril a setembro. O Cerrado é visto como um dos hotspots (áreas com prioridades de

conservação por sua riqueza) mundiais de biodiversidade, pois oferece uma importante

variedade de espécies endêmicas, mas vem sofrendo uma sensível diminuição de área

preservada ao longo dos anos (KLINK e MACHADO, 2005).

É um bioma caracterizado pela grande diversidade vegetal e de espécies frutíferas

nativas que oferecem frutos comestíveis de excelente qualidade que podem ser aproveitados

pela população como fonte potencial de exploração econômica (BARBOSA, 1996).

O cerrado é uma região com grande potencial social, muitas populações vivem da

comercialização de seus produtos e muitos de seus frutos nativos comestíveis como Pequi

(Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita

(Eugenia dysenterica), Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile), Araticum (Annona

crassifolia) e o Baru (Dipteryx alata), são consumidos pela população local e vendidos em

grandes centros (MMA, 2016). No Distrito Federal, por exemplo, o sustento de muitas

famílias depende do comércio de plantas provenientes do cerrado (KLINK e MACHADO,

2005). No Mato Grosso as frutas nativas do cerrado são muito consumidas in natura ou na

produção de doces, geléias sucos e licores sendo uma prática muito utilizada pelas famílias

(GONÇALVES, DUARTE, TSUKAMOTO FILHO, 2015).

Muitas espécies nativas do cerrado fornecem frutos que têm características

sensoriais únicas e altas concentrações de nutrientes (SOUZA et al., 2012). A flora do cerrado

possui uma variedade de espécies com potencial agrícola e tradicionalmente utilizado pela

população local para consumo in natura ou na fabricação de produtos como geléias, doces e

licores. Os frutos possuem sabores peculiares com elevados teores de açúcares, proteínas e

sais minerais e ácidos graxos (SILVA et al., 2001).

Embora a flora do Cerrado tenha uma grande diversidade de espécies, em geral,

sua área vem reduzindo com o passar do tempo e estima-se que a vegetação natural do

Cerrado registrou danos de aproximadamente 12.000 km2 de 2005 a 2010 (BEUCHLE et al.,

2015). Alta pressão de uso da terra, principalmente após a introdução de produção extensiva e

mecanizada de grãos para exportação, tem causado significativas perdas de vegetação natural

(KLINK e MACHADO, 2005).

Page 17: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

14

3.2.1 FRUTOS DO CERRADO

Os frutos nativos do cerrado oferecem um alto teor nutricional, além de atrativos

sensoriais como cor, sabor e aroma característicos e intensos, ainda pouco explorados

comercialmente. Espécies como o araticum, a cagaita e o pequi, apresentam teores de

vitaminas do complexo B, tais como as vitaminas B1, B2 e PP. Entretanto, grande parte das

frutas nativas em regiões típicas de clima tropical é, especialmente, rica em carotenóides. Os

frutos de palmeiras, como o buriti, o dendê, a macaúba e a pupunha são fontes potenciais de

carotenóides pró-vitamina A (AGOSTINI-COSTA e VIEIRA, 2000).

Dentre as frutíferas do Cerrado, as espécies mais procuradas atualmente para

comercialização de forma extrativista são pequi (Caryocar spp.), mangaba (Hancornia spp.),

araticum (Annona crassiflora), caju do cerrado (Anacardium spp.), maracujás nativos, baru

(Dipterix alata) e cagaita (Eugenia dysenterica). Os frutos se destacam não somente pelo

potencial econômico e contribuição na geração de renda, mas, sobretudo, devido ao seu

aproveitamento alimentar. Esses frutos, fonte de energia, açúcares e micronutrientes, são

capazes de contribuir para a obtenção de uma dieta variada e rica em nutrientes (CARDOSO

et al., 2011). A Tabela 1 apresenta algumas plantas nativas o Cerrado e as possibilidades de

utilização e aplicação.

Tabela 1 - Algumas plantas nativas do cerrado com usos múltiplos

Planta Aplicações

Pequi Alimentício, oleaginoso, medicinal, ornamental.

Cagaita Alimentício, medicinal, melífero, tanífero, ornamental.

Mangaba Alimentício, laticífero, medicinal, ornamental.

Baru Alimentício, medicinal, melífero, oleaginoso, ornamental.

Jatobá Alimentício, madeireiro, medicinal, verniz, tintas.

Maracujá Alimentício, medicinal, ornamental.

Macaúba Alimentício, oleaginoso, ornamental, artesanato e forrageiro.

Arnica Medicinal, aromático, cosmético. Fonte: Adaptado de Junqueira et al. (2012)

O araticum, cagaita, baru, mangaba e pequi do Cerrado são uma importante

alternativa alimentar especialmente em regiões que possuem elevado nível de insegurança

alimentar. Esses frutos constituem ainda uma boa opção para a população em geral, por serem

alimentos com considerável valor nutricional e características sensoriais agradáveis e

Page 18: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

15

exóticas, sendo também produtos promissores para a exploração agroindustrial (CARDOSO

et al., 2011). A Figura 2 demonstra as imagens de alguns frutos típicos do Cerrado.

Figura 2 - Frutos típicos do Cerrado. A: Ciriguela; B: Jenipapo; C: Mangaba; D: Jatobá; E:

Pequi; F: Araticum.

Caryocar brasiliense, conhecido como pequizeiro, é encontrado nas áreas do

Cerrado brasileiro (VIEIRA et al., 2010). É considerado símbolo deste bioma na qual produz

o fruto conhecido como pequi, matéria-prima essencial para a manufatura de produtos para

uso humano e industrial (CORREA et al., 2008).

O pequi é um fruto com grande ocorrência e importância econômica no Cerrado.

Tem alto nível de compostos fenólicos e caroteno que beneficiam a saúde humana devido à

sua capacidade antioxidante (ROESLER et al., 2007a). O fruto é uma drupa recoberta por

uma casca fina, de cor verde-acinzentada composta pelo exocarpo. Rico em tanino, o

mesocarpo é pouco fibroso. O endocarpo é constituído por espinhos e filamentos, contendo

uma semente branca e oleaginosa (amêndoa). A amêndoa é composta de dois cotilédones de

massa branca, oleosa, pouco resistente, adocicada, protegida por uma película pardacenta

(SANTOS et al., 2004).

De sabor característico e particular, o pequi é utilizado como ingrediente e

condimento no preparo de vários pratos. A polpa apresenta alta quantidade de óleo, assim

Page 19: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

16

como a amêndoa (47%) e é rico em vitamina A. Deste modo, torna-se um importante

componente para a complementação da alimentação e da nutrição de boa parte da população

(OLIVEIRA, 1988). Contêm um alto teor de caroteno (120 mg.100g-1

), riboflavina e tiamina.

Contém ainda, 78,3 mg.100g-1

de vitamina C. (SANTOS et al., 2004).

A castanha do pequi apresenta uma boa quantidade de zinco e vitamina C, os

quais protegem o organismo contra a formação dos radicais livres e auxiliam no retardamento

da velhice (GOMES, 2005). A polpa do pequi é utilizada na culinária regional e usada para

extração de óleo (CORREA et al., 2008). O óleo da polpa possui atividade antioxidante

altamente eficiente, devido aos antioxidantes naturais presentes no fruto (ROESLER et al.,

2007a). Segundo Cardoso et al. (2011), a polpa de pequi cozida destaca-se por ser fonte de

fibra alimentar, vitamina C e excelente fonte de lipídios e vitamina A. O pequi é altamente

perecível e seu interior contém uma grande quantidade de espinhos que torna seu uso limitado

à cozinha regional (MACHADO, MELLO e HUBINGER, 2015).

O araticum (Annona coriaceae Mart.) é uma espécie frutífera da família

Annonaceae, nativa da região do Cerrado (ÁVILA, OLIVEIRA, ASCHERI, 2010). Produz

um fruto conhecido como araticum que apresenta polpa de coloração amarela e doce com

aroma forte e bem particular (ROESLER et al., 2007b). Os frutos são grandes e arredondados,

com significativo rendimento de polpa e características químicas importantes tanto para o

consumo in natura quanto para a indústria (PIMENTA et al., 2014). Caracteriza-se por

apresentar considerável valor alimentício, sendo alvo de extrativismo pelas comunidades

locais (ÁVILA, OLIVEIRA, ASCHERI, 2010). Apresentam elevados teores de sólidos

solúveis e baixa acidez (COHEN et al., 2010).

O araticum apresenta-se como uma baga de formato arredondada com casca

resistente de cor marrom. A polpa constitui-se em gomos na forma de cone de coloração que

varia do amarelo claro ao róseo. Os gomos possuem na parte interna uma semente de

coloração marrom escuro (CARDOSO et al., 2011). O araticum (Annona crassiflora Mart.)

é estudado em diversas áreas, desde a culinária, como fonte nutricional, até a medicinal, pelo

grande potencial antioxidante, além da obtenção de extratos com diferentes finalidades

(ROESLER et al., 2007b).

A polpa do araticum apresenta elevado conteúdo de fibra alimentar superior ao

encontrado em frutas reconhecidas pela população como fontes de fibra alimentar como a

ameixa (2,4 g. 100 g-1

), a manga Tommy (2,1 g. 100 g-1

), a mexerica (2,7 g. 100 g-1

) e a pera

(2,7 g. 100 g-1

). Destacam-se também por possuírem um elevado conteúdo de lipídios e valor

energético total (95,12 kcal. 100 g-1

) (CARDOSO et al., 2011). Siqueira et al. (2013)

Page 20: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

17

demonstraram que o araticum é rico em flavonóides e possui elevada atividade

antioxidadante.

A cagaita (Eugenia dysenterica DC.) é uma espécie frutífera nativa do Cerrado

brasileiro pertencente à família Myrtaceae. Ainda é pouco utilizada, mesmo nesta região,

apesar de seu grande potencial. É encontrada em quase toda a extensão do Cerrado (NAVES,

BORGES e CHAVES, 2002). Os frutos têm formato globoso, bagáceo, cor amarelo-clara,

levemente ácido. A polpa tem alta umidade e nutrientes como proteínas, lípidos, carboidratos

e fibra dietética (ROESLER et al., 2007b; CARDOSO et al., 2011).

Segundo Silva, Borges e Martins (2001) os frutos utilizados no processamento

pela indústria alimentos são selecionados pelo maior peso ou tamanho e por apresentarem

maior peso de polpa e casca, sendo estes, de maior rendimento.

De acordo Cardoso et al. (2011), os frutos cagaita apresentam baixo valor

energético total e são considerados fonte de vitamina C, vitamina A e folatos. No entanto, a

cagaita não apresenta boas quantidades de vitamina E. Em um estudo de Siqueira et al.,

(2013) os frutos do cerrado como cagaita, cajuzinho, lobeira, mangaba e tucum apresentaram

altos níveis de vitamina C. O alto teor de compostos bioativos encontrados correspondeu à

alta atividade antioxidante desses frutos.

As sementes de cagaita também podem ser exploradas como alimento para

consumo humano. Possuem uma significativa atividade antioxidadante e uma elevada

quantidade de compostos fenólicos totais. Entre os ácidos mono e polinsaturados, destaque

segnificativo para o ácido oléico e linolenico (JORGE, MORENO, BERTANHA, 2010).

O processamento de alimentos com os frutos são alternativas que viabilizam o

aproveitamento das propriedades nutricionais. Em um estudo de Santos et al., (2012) a geléia

de cagaita mostrou-se como uma importante ferramenta para agregar valor ao fruto, contribuir

para a geração de renda e melhorar o aporte nutricional, principalmente para as famílias

residentes da área do Cerrado. O produto formulado apresentou boas características

nutricionais com destaque para a vitamina C.

A mangaba (Hancornia speciosa Gomes) é fruto do tipo baga com exocarpo

amarelo e manchas avermelhadas, polpa de sabor bastante suave, doce, carnoso-viscosa e

ácida. É um fruto rico em ferro, sendo também uma boa fonte de vitamina C (SILVA

JÚNIOR; 2004). Tem alta atividade antioxidante e altos níveis de compostos fenólicos (DE

LIMA et al, 2015). A safra da mangabeira ocorre, geralmente, de outubro a dezembro

(SILVA JÚNIOR, 2004).

Page 21: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

18

Os frutos da mangabeira são bem aceitos no mercado, tanto para consumo in

natura ou para o processamento da fruta na forma de produtos, como polpas, geleias,

sorvetes, sucos, doces, bolos, biscoitos e licores. Na região Nordeste, a mangaba é uma das

frutas mais demandadas na indústria de frutas nativas para fabricação de sucos, polpas

congeladas e sorvetes (LIMA e SCARIOT, 2010). A mangaba contém alta quantidade de

fibras semelhante à tangerina e pera. Também, apresenta vitamina E, D, C e carotenoides,

com destaque para o ß-caroteno (CARDOSO et al., 2014).

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o extrativismo é a

forma mais utilizada para explorar a mangabeira. Muitas famílias têm a renda baseada na

colheita e comercialização do fruto. Em 2001 os estados de Minas Gerais, Sergipe e Bahia

foram os maiores produtores desse fruto na região do Cerrado. Na agroindústria, o

processamento da mangaba só não é maior devido à quantidade do fruto que não atende a

demanda necessária (CONAB, 2014).

Em um estudo feito por Assumpção et al. (2014) foi demostrado que a mangaba

tem características adequadas para ser consumida tanto in natura quanto processada por

causa dos valores de pH, acidez, sólidos solúveis, açúcares redutores e alto teor de fibras. A

análise do poder antioxidante mostrou que a mangaba tem a capacidade de sequestrar radicais

livres, o que indica que esta ação conferida aos compostos fenólicos presentes no fruto.

O consumo de frutos, como mangaba, cagaita, pela população, ocorre

principalmente na forma de polpa, entretanto, a semente também pode ser consumida, sendo

mais uma alternativa de aproveitar os subprodutos, possibilitando o enriquecimento de

produtos alimentícios (ABREU, 2015).

Page 22: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

19

3.3 BARU

O baru é uma árvore da família das leguminosas, pertencente à subfamília

Papilionoídea com origem no Cerrado brasileiro. O fruto do baruzeiro apresenta vários nomes

locais regionais sendo então conhecido pelos nomes populares de barujo, bugueiro, cambaru,

castanha-de-bugre, castanha de burro, coco – barata, coco-feijão, cumari, cumaru,

cumarurana, cumbaru, feijão-baru, feijão-coco, imburana-brava, viagra do cerrado e pau-

cumaru. Dentre as árvores nativas do cerrado, o baru (Dipteryx alata Vog.) apresenta grande

potencial econômico e uma boa aceitação pelo seu sabor agradável. (CARVALHO, 2003).

Possui mercado expressivo no estado de Goiás e grande mercado produtivo no cerrado

(VERA et al., 2009).

O baruzeiro apresentando em média 12 m de altura por 8 m de diâmetro de copa.

A produção é alta, chega a produzir de 500 a 3.000 frutos por planta. O período de

frutificação é muito curto, entre os meses de setembro e outubro. Os frutos, quando maduros

possuem casca de coloração amarronzada. Cada fruto possui uma semente, denominada

amêndoa de cor marrom-claro ou marrom-escuro com peso variando de 4 a 10 g (Sano et al.,

1999). A Figura 3 apresenta o fruto baru e a amêndoa que fica dentro do fruto.

Figura 3 - Fruto baru e a amêndoa.

Fonte: Carrazza e Ávila (2010).

A amêndoa do baru crua torna-se inadequada para o consumo por conter um

elevado teor de inibidor de tripsina, que dificulta a absorção de nutrientes importantes para o

organismo. A simples torrefação da amêndoa inativa esta substância (CARRAZZA e ÁVILA,

Page 23: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

20

2010). É importante identificar os alimentos que possuem fatores antinutricionais em sua

composição, pois estas substâncias podem provocar efeitos fisiológicos adversos ou diminuir

a biodisponibilidade de nutrientes (SILVA e SILVA, 2000).

O baru se destaca por apresentar polpa, camada fina entre a pele e o caroço e

dentro do qual está a amêndoa, com elevado teor de carboidratos, sendo a maior parte

composta de amido, uma alta concentração de fibras insolúveis e elevados teores de proteína.

Contém ainda um alto teor de lipídios, sendo considerada boa fonte energética. Esta castanha

deve ser torrada antes do consumo devido a fatores antinutricionais (FERNANDES et al.,

2010; VERA et al., 2009). Segundo Louredo et al. (2014) o baru é rico em fibras, proteínas e

minerais como ferro e cálcio.

Segundo Siqueira et al. (2012), estudos demonstraram que as amêndoas de baru

têm alto potencial nutricional, sendo fonte de minerais, tais como ferro, zinco e cálcio,

proteínas e ácidos graxos insaturados. Pode ser utilizada como uma importante fonte

alimentar por conta do elevado valor nutritivo de proteínas, lipídeos, ácidos graxos

insaturados como oleico e linolênico e minerais como ferro, fósforo e potássio (VERA et al.,

2009). A Figura 4 demonstra o fruto e a amêndoa de baru após a torrefação.

Figura 4 - Baru e amêndoa após a torrefação.

É recomendável a utilização das sementes baru na alimentação humana, desde não

haja compostos tóxicos ou alergênicos nas mesmas, pois são fontes significativas de lipídios,

proteínas e, como consequência calorias, além de fibras alimentares e minerais. São também

Page 24: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

21

boas fontes de macro e micronutrientes essenciais, como potássio, fósforo e manganês. No

óleo da semente de baru destaca-se o α–tocoferol e composição em ácidos graxos semelhantes

aos do óleo de amendoim, destacando-se os ácidos oléico e linoléico, este considerado

essencial (TAKEMOTO, 2001).

A casca e polpa do baru constituem ingredientes viáveis para aplicação

tecnológica na elaboração de pães do tipo fôrma, conferindo melhora das características

nutricionais e atributos sensoriais. Novos estudos devem ser realizados quanto à utilização da

casca e polpa do baru em substituição aos ingredientes convencionais utilizados na fabricação

de produtos panificados. (ROCHA e SANTIAGO, 2009). A amêndoa do baru torrada pode

ser utilizada na elaboração de produtos de panificação como bolos sem glúten e biscoitos por

apresentarem características sensoriais muito agradáveis (PINELI et al., 2015). Sousa et al.

(2011) sugerem que o baru, por ser fonte de proteínas, além de cálcio e ferro, sejam inseridos

nos hábitos alimentares saudáveis das pessoas, devido ao potencial deste fruto como alimento

funcional.

A farinha de amêndoa baru se destaca pela presença de proteínas, cálcio,

compostos bioativos e é rica em fibras, ferro e zinco. Pode ser utilizada como uma fonte

complementar de proteínas e compostos bioativos em dietas saudáveis e como matéria-prima

para alimentos processados com enriquecimento nutricional (SIQUEIRA et al., 2016).

O baru é um fruto em que pode ser aproveitado integralmente, desde a casca e

polpa até as amêndoas para enriquecer produtos alimentícios. As características nutricionais

contidas neste fruto se destacam de forma significativa. Rocha e Santiago (2009) utilizaram

casca e polpa de baru em um estudo para elaboração de pães. A quantidade de cinzas tanto da

farinha da amêndoa quanto da casca e polpa se aproximaram bastante. As fibras da farinha de

baru apresentam teores mais expressivos. Além disso, lipídeos e proteínas na casca e polpa

estão mais baixos e carboidratos mais elevados enquanto que na farinha da amêndoa essas

características se invertem e lipídeos e proteínas mais altos e carboidratos com teores mais

baixos.

A manutenção e preservação de baruzeiros no Cerrado são de fundamental

importância, pois esta é uma espécie que pode ser utilizada como alternativa de uso múltiplo

e, além disso, pode contribuir para o aumento da renda e qualidade de vida de famílias e

comunidades rurais (CARNEIRO et al., 2014).

Page 25: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

22

3.4 PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

A panificação é um dos métodos culinários mais antigos sendo que sua história

atravessa a própria história da humanidade. Os primeiros pães foram desenvolvidos no

período neolítico, cerca de oito mil anos atrás. De 8.000 a.C a 600 d.C., o pão já era produzido

nos vales dos rios Tigre e Eufrates, na antiga Mesopotâmia e no vale do rio Hindu.

Apresentavam um formato oval e achatado e eram elaborados com grãos triturados, como

aveia, cevada, trigo e outras sementes, como gergelim, por exemplo. Em 1859 Louis Pasteur

descobriu como o fermento funcionava fazendo a massa do pão expandir e crescer (FOOD

INGREDIENTS BRASIL - FIB, 2009).

Muito diferente dos produtos de panificação atuais, a história relata que os

primeiros pães eram desenvolvidos a partir de glande de carvalho e faia que com o acréscimo

de farinha originavam as broas. As sementes eram esmagadas com o auxílio de pedras e assim

se transformavam em farinha crua que por sua vez eram misturadas a água dando origem a

uma massa que era cozida sobre pedras (POSSAMAI, 2005; MOREIRA et al., 2013).

Os ingredientes essenciais para obtenção do pão são farinha de trigo, água, sal e

fermento biológico. Ingredientes enriquecedores como açúcar, gordura, ovos, flavorizantes e

especiarias podem ser adicionados para acrescentar sabor e qualidade ao produto (FIB, 2009).

Os produtos de panificação como pães e biscoitos são alimentos que podem ser

enriquecidos com subprodutos que apresentem nutrientes ou elementos especiais. São

alimentos de alto consumo enquanto fonte de carboidratos (WANG; ROSELL; BARBER,

2002).

Os cereais são tradicionalmente utilizados nas formulações de pães que a

principio eram usados principalmente em sopas e papas. Passado o tempo este foi adicionado

à farinhas, mel, ovos e carne moída surgindo assim os bolos e pães (POSSAMAI, 2005).

3.4.1 BISCOITOS

Segundo a Resolução RDC nº 263 de setembro de 2005 da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária – ANVISA, biscoito é o produto obtidos pela mistura do amido, farinha

ou fécula de diferentes variedades com outros ingredientes, submetidos a processos de

amassamento e cocção, fermentados ou não. Podem apresentar cobertura, recheio e formatos

diversos (BRASIL, 2005).

Page 26: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

23

A Resolução – Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos

(CNNPA) n° 12 de 1978 classifica os biscoitos e bolachas de acordo com o ingrediente que o

caracteriza ou forma de apresentação. A Tabela 2 demonstra esta classificação:

Tabela 2 – Classificação de biscoitos e bolachas de acordo os ingredientes que o caracteriza

ou forma de apresentação.

Classificação Características

Biscoitos ou bolachas

salgadas

Produtos que contêm cloreto de sódio em quantidade que

acentue o sabor salgado, além das substâncias normais desses

produtos.

Biscoitos ou bolachas

doces

Produtos que contêm açúcar, além das substâncias normais

nesse tipo de produtos.

Recheados Quando possuírem um recheio apropriado.

Revestidos Quando possuírem um revestimento apropriado.

"Grissini" Produto preparado com farinha de trigo, manteiga ou gordura,

água e sal e apresentados sob a forma de cilindros finos e

curtos.

Biscoitos ou bolachas

para aperitivos e petiscos

ou salgadinhos

Produtos que contêm condimentos, substâncias alimentícias

normais desses tipos de produtos; apresentam-se geralmente

sob formas variadas e tamanhos bem pequenos. Ex.: "Petisco

de queijo", "Bolacha de cebola para aperitivo".

Palitos para aperitivos ou

"pretsel"

Produto preparado com farinha, água, sal, manteiga ou gordura

e fermento biológico; a massa é moldada em forma de varetas,

que podem ser dobradas em forma de oito, e são submetidas a

prévio cozimento rápido em banho alcalino, antes de assadas.

"Waffle" Produto preparado à base de farinha de trigo, amido, fermento

químico, manteiga ou gordura, leite e ovos e apresentado sob a

forma de folha prensada.

"Waffle" recheado Produto preparado à base de farinhas, amidos ou féculas, doce

ou salgado, podendo conter leite, ovos, manteiga, gorduras e

outras substancias alimentícias que o caracteriza, como coco,

frutas oleaginosas. geléias de frutas e queijo. Tais produtos

podem ser decorados com doces, glacês, geleias, frutas secas

ou cristalizadas, queijo, anchova, etc.

Fonte: Resolução CNNPA nº12/78

Page 27: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

24

O termo “Biscoito” foi utilizado para descrever o pão cozido, duro, que se podia

armazenar sem estragar. A palavra é originária do francês: "Bis" e "Coctus", significando

"cozido duas vezes", em que se aplicava um duplo cozimento na massa para minimizar o

excesso de umidade, impedindo que se estragasse. A popularidade do "biscoito" cresceu de

forma rápida e em meados do século XVII na Europa começou-se a adicionar chocolate ou

chá ao biscoito, criando o sabor e aroma. Atualmente a indústria conta com mais de 200 tipos

de biscoitos, formulações de qualidade, mercado promissor e um processo muito

desenvolvido (ABIMAPI, 2015).

As principais matérias primas utilizadas na fabricação de biscoitos são farinha de

trigo, açúcar, sal, gorduras, leite, amidos, água, fermento, aditivos e outros ingredientes como

amendoim, coco, cacau que podem conferir sabor ao produto. E a fabricação apresenta as

seguintes etapas: pesagem dos ingredientes, misturar, laminação de corte, cozimento,

resfriamento e embalagem (MARCELINO e MARCELINO, 2012).

De acordo com Fett e Moretto (1999), devido ao alto consumo, os biscoitos

apresentam-se como um alimento que pode ser enriquecido com nutrientes importantes para a

saúde. Podem ser preparados acrescentando outros ingredientes característicos como as

castanhas e é uma alternativa alimentícia para o aproveitamento de frutos regionais e agregar

valor aos mesmos.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias

e Pães & Bolos Industrializados- ABIMAPI o brasileiro consome cerca de 6 kg de biscoitos

por ano e o maior mercado está em São Paulo, responsável pelo consumo de 27 % da

produção nacional. Em 2015 o setor de biscoitos faturou aproximadamente R$ 21 bilhões com

produção acima de 1,7 milhões de toneladas (ABIMAPI, 2015). Atrás apenas dos Estados

Unidos, o Brasil é um dos maiores produtores de biscoitos do mundo (MOREIRA et

al.,2013).

Os cookies são definidos como produtos à base de cereais com elevados teores de

açúcar e gordura e baixos níveis de água que varia de 1 – a 5%. Este tipo de biscoito é

conhecido nos Estados Unidos como “cookie” e na Inglaterra como “biscuit” (MORAES et

al. 2010).

A popularidade destes produtos cresceu de forma rápida, por volta do século

XVII. A partir deste momento, na Europa, começou-se a adicionar à massa dos biscoitos

ingredientes como chá e chocolate, potencializando o sabor e o aroma. Assim, para

impulsionar as vendas, uma grande variedade de tipos de biscoitos foi disponibilizada com

gostos e aromas diversificados. O nome “biscuit” ganhou uma nova versão passando a chamar

Page 28: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

25

“cookies” e fazendo uma definição distinta dos tipos de biscoitos: os “cookies” de paladar

adocicado e os “saltines” paladar salgado. Os biscoitos tipos “cookies” apresentam

características de expansão através da ação de fermentação química. São produtos que

possuem boa aceitação, elevado consumo e extensa vida de prateleira. (MIAMOTO, 2008).

A Portaria MMA/MS n°224 de 05/04/1989 define que para a utilização de

produtos associados às formulações de biscoitos e bolachas, é permitido o uso de derivados

de: leguminosas, cereais, raízes e tubérculos destinados ao consumo humano em substituição

total ou parcial á farinha de trigo, na elaboração de pães e biscoitos e, em substituição parcial

nas massas alimentícias (ANVISA, 1989).

Com um processo de sofisticação bastante avançado, a indústria de alimentos

apresenta diversas formulações de biscoitos no mercado que ultrapassa de 200 variedades.

Com apelo nutricional presente de forma bastante intensificada, os cookies têm sido

desenvolvidos enriquecidos com fibras e proteínas com o propósito de fortificar estes

alimentos e atrair ainda mais a atenção dos consumidores (MIAMOTTO, 2008).

Diversos estudos vêm sendo realizados envolvendo a otimização de produtos de

panificação como pães e biscoitos. São produtos que tem boa aceitação e que sendo

enriquecidos com nutrientes importantes podem suprir algumas carências nutricionais. Os

produtos de panificação, devido à sua vida de prateleira (atividade de água – aw - baixa,

tornando-os menos suscetíveis ao crescimento microbiano), baixo custo e formulação, são

opções de produtos que podem ser enriquecidos (GÜEMES et al., 2009).

Page 29: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

26

4 METODOLOGIA

4.1 ELABORAÇÃO DOS BISCOITOS

Este trabalho foi realizado na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri – UFVJM durante o período de abril de 2017 a dezembro de 2017. As análises

químicas, microbiológicas e sensoriais foram realizadas nos laboratórios de química de

alimentos, microbiologia e de matérias-primas do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT). E

no laboratório de biomassa do Cerrado do departamento de Nutrição. As análises físicas

foram realizadas no laboratório de química e biologia do Instituto Federal de Educação

Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG, em Almenara/MG, no período de

abril a maio de 2018.

As amêndoas de baru foram compradas in natura e submetidas ao processo de

torrefação por 35 – 40 min em temperatura de 160 – 180 ºC (LOUREDO et al., 2014), em

seguida foram descascadas manualmente e trituradas em liquidificador até obter o ponto de

farinha fina. As etapas envolvidas na elaboração dos biscoitos sem e com adição de farinha de

baru estão descritas na Figura 5.

Figura 5 - Diagrama esquemático de elaboração dos biscoitos.

Page 30: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

27

Para a massa base dos biscoitos, os ingredientes utilizados na formulação foram

farinha de trigo (160 g), farelo de aveia (80 g), açúcar cristal (120 g), sal (2 g), ovo (56 g),

fermento em pó (6 g) e óleo de soja (50 g). Para o preparo das diferentes formulações, todos

os ingredientes secos foram pesados, na sequência, misturados e posteriormente acrescentados

os ingredientes líquidos. Foram homogeneizados manualmente por aproximadamente 3

minutos. Por último o fermento químico foi misturado à massa até a completa

homogeneização. Para a utilização farinha da amêndoa do baru, foram realizadas substituições

parciais da farinha de trigo da formulação padrão do biscoito por concentrações de farinha de

baru de 10 % e 20 %. Estes níveis de adição foram definidos através de testes sensoriais

preliminares realizados com o produto. A elaboração dos biscoitos de farinha de baru foi

baseado na metodologia proposta por Louredo et al. (2014) com algumas modificações. A

Tabela 3 apresenta as formulações dos biscoitos padrão e modificados e os ingredientes

utilizados.

Tabela 3 - Formulações dos biscoitos padrão e com os diferentes níveis de substituição com

farinha de baru.

Ingredientes

Formulações dos biscoitos (%)

BP B1 B2

Farinha de trigo 33,61 30,25 26,9

Farelo de aveia 16,8 16,8 16,8

Farinha de baru 0 3,36 6,72

Açúcar cristal 25,21 25,21 25,21

Óleo 10,50 10,50 10,50

Fermento em pó 1,26 1,26 1,26

Sal 0,42 0,42 0,42

Ovos 11,77 11,76 11,76

Total (476g) 100% 100% 100%

BP: formulação padrão (100% farinha de trigo); B1: formulação com substituição de 10% da farinha de trigo por

farinha de baru; B2: formulação com substituição de 20% da farinha de trigo por farinha de baru.

Page 31: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

28

Os biscoitos foram moldados manualmente, pesados e em seguida, dispostos em

assadeiras e levados ao forno convencional pré-aquecido por aproximadamente 20 minutos a

180 °C. Após assados os biscoitos foram resfriados e acondicionados em sacos plásticos de

polipropileno transparentes selados, acondicionados ao abrigo da luz e conservados nestas

embalagens até o momento das análises.

4.2 AVALIAÇÕES: FÍSICAS E NUTRICIONAL

4.2.1 ANÁLISES FÍSICAS

A avaliação física dos biscoitos foi determinada através de volume específico

(VE), volume aparente (VA), valores médios de massa antes e depois do forneamento (MAF)

(MDF), diâmetro (D), espessura (E), fator de expansão (FE), cor e umidade.

4.2.1.1 – Volume Específico, Volume aparente, Massa antes e depois do

forneamento, Diâmetro, Espessura, Fator de Expansão e Umidade.

Estas análises foram realizadas no laboratório de química e biologia do Instituto

Federal do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Campus Almenara/MG. Os biscoitos

provenientes da mesma fornada foram avaliados em triplicata, escolhidos de forma aleatória

após atingirem a temperatura ambiente.

A determinação de volume específico foi calculada pela razão entre o volume

aparente e a massa do biscoito após o forneamento com resultados expresso em cm3g

-1

conforme método de Pizzinatto et al. (1993). Os demais parâmetros foram determinados

conforme Feddern et al. (2011).

A massa foi determinada por pesagem antes e uma hora depois de assadas, sendo

expresso em gramas.

O diâmetro e espessura foram determinados em paquímetro sendo expresso em

centímetros. O diâmetro foi verificado antes e uma hora depois do forneamento.

O valor de expansão calculado através da razão entre o diâmetro e espessura dos

biscoitos após o forneamento.

O volume aparente foi determinado pelo deslocamento de sementes de painço.

Page 32: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

29

A umidade da farinha de baru e dos biscoitos padrão e as modificações foram

determinadas através do método gravimétrico com emprego de calor, baseando-se na perda de

peso do material submetido ao aquecimento em estufa a 105 °C até obtenção de peso

constante segundo a metodologia da AOAC (1995).

4.2.1.2 – Cor

Os parâmetros instrumentais de cor dos biscoitos foram obtidos através do

colorímetro espectrofotômetro (CM-5, Minolta, Tokyo, Japan) usando sistema CIEL*a*b*,

onde os valores de luminosidade (L*) variam entre zero (preto) e 100 (branco), os valores das

coordenadas de cromaticidade a* e b*, variam de -a* (verde) até +a* (vermelho), e de -b*

(azul) até +b* (amarelo) (ALTAMIRANO-FORTOUL, e ROSELL (2011).

4.2.2 ANÁLISE NUTRICIONAL

A composição nutricional tanto da farinha quanto dos biscoitos de baru, das

formulações controle e das modificadas, foi determinada segundo os métodos descritos na

Association of Official Analytical Chemists – AOAC (1995) e Instituto Adolfo Lutz (IAL

(2008). Todas as análises foram realizadas em triplicata.

4.3.1 -Lipídeos

A determinação de lipídeos para extração do extrato etéreo foi através do método

de Soxlet, utilizando éter de petróleo como solvente orgânico (AOAC, 1995).

4.3.2 - Proteína bruta (PB)

A proteína bruta foi obtida pela determinação da porcentagem de nitrogênio total

da amostra segundo o método de Kjeldahl (AOAC, 1995) e multiplicação pelo fator 6,25.

4.3.3 - Fibra bruta (FB)

A fibra bruta foi determinada pelo método gravimétrico do Instituto Adolfo Lutz

(2008).

4.3.4 - Fração glicídica (FG)

O método utilizado foi o cálculo por diferença segundo a Equação 1, na qual será

o resultado foi expresso em g.100 g–1

, conforme o método da AOAC (1995).

Page 33: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

30

FG = 100 – (U + EE + PB + C) em que:

FG = fração glicídica (g.100 g–1

);

U = umidade (g.100 g–1

);

EE = extrato etéreo (g.100 g–1

);

PB = proteína bruta (g.100 g–1

); e

C = cinzas (g.100 g–1

).

4.3.5 - Cinzas (C)

O resíduo mineral fixo (cinzas) foi determinado por incineração do material em

mufla regulada a 550 °C até peso constante, segundo método da AOAC (1995).

4.3.6 – Minerais

A determinação dos minerais: potássio, ferro, cálcio, magnésio, manganês, cobre

e zinco foram realizadas conforme metodologia de Vizeu, Feijó e Campos (2005) através de

espectrofotometria de absorção atômica com chama, utilizando espectrofotômetro Varian

modelo DMS-100. Os materiais utilizados foram descontaminados previamente em solução

de ácido nítrico 10% por 24h.

4.3 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

As análises microbiológicas foram realizadas para a contagem de coliformes totais

e a 45ºC, Salmonella spp e Staphylococcus aureus e a metodologia conforme Silva et al.

(2007). Os resultados foram comparados com os valores estipulados pela Resolução - RDC nº

12 de 02 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001).

Para coliforme totais e a 45 ºC, foram coletadas 25 g de amostra para cada análise

e colocadas em solução salina em água peptonada (0,1 %), estéril; posteriormente foram feitas

as diluições seriadas com o mesmo diluente. Alíquotas de 1 mL de cada diluição foram

inoculadas em séries de três tubos contendo 9 mL de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST),

com tubo de Duhran invertido (teste presuntivo). Os tubos foram incubados a 35 °C por 24-48

horas. A partir dos tubos com leitura positiva (turvação e formação de gás), foram realizados

os testes confirmativos para coliformes totais em caldo Lactose Bile Verde Brilhante (VB) a

35 °C por 24-48 horas e coliformes termotolerantes em caldo Escherichia coli (EC) a 45,5 °C

por 24 horas.

Page 34: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

31

A investigação de Salmonella spp foi realizada por meio de pré-enriquecimento,

enriquecimento seletivo e por confirmação preliminar das colônias típicas, com resultados

sendo expressos como ausência ou presença do microrganismo em 25 g de amostra.

Para investigação de Staphylococcus aureus baseia-se na inoculação das diluições

desejadas das amostras em ágar Baird-Parker, cuja composição evidencia a habilidade desse

microrganismo de crescer na presença de 0,01 a 0,05 % de telurito de potássio em

combinação com 0,2 a 0,5 % de cloreto de lítio e 0,12 a 1,26 % de glicina.

4.4 ANÁLISE SENSORIAL

A análise sensorial foi feita em laboratório conduzida em cabines individuais. Foi

utilizado o teste afetivo pela escala hedônica, de acordo com Ferreira et al. (2012), com 103

indivíduos, na UFVJM. Foram selecionadas pessoas maiores de 18 anos, de idades variadas,

de ambos os sexos e que quiseram participar da pesquisa, por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I).

Como critério de exclusão foi determinado o seguinte procedimento aos

voluntários: não consentimento em participar da pesquisa indivíduos com alergia ou doença

que restrinja o consumo de algum componente das formulações dos biscoitos: farinha de

trigo, açúcar, farelo de aveia, sal, ovos e farinha de baru. Em caso ocorresse algum

desconforto durante a análise sensorial o participante poderia desistir da análise sem qualquer

prejuízo.

De acordo com a resolução do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de outubro de

1996, o projeto de pesquisa foi submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

com Seres Humanos da UFVJM e obteve aprovação sob o número 27288114.8.0000.5108.

Neste teste foi utilizado aproximadamente 10 g de cada formulação de biscoito

(controle ou modificado), sendo oferecidos 3 (três) amostras aos voluntários, em pratos

descartáveis codificados com números aleatórios de 3 (três) dígitos. O experimento foi

montado em blocos empregando-se cabines individuais. Também, foi oferecido água para

limpeza do palato entre as avaliações das amostras.

O teste foi realizado no laboratório de Matérias Primas do Instituto de Ciência e

Tecnologia da UFVJM. O teste 1 utilizou escalas hedônicas estruturadas em cinco pontos,

cujos extremos correspondem a péssimo (1) e excelente (5) (Anexo II), foram utilizadas no

teste de aceitação dos biscoitos, para a avaliação dos atributos aparência, sabor, textura, cor e

Page 35: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

32

odor. No teste 2 escalas hedônicas cinco pontos, cujos extremos correspondem a péssimo (1)

e excelente (5) foram utilizadas para avaliação global de cada amostra no qual o voluntário

escreveria o quanto gostou ou desgostou do produto. No teste 3, referente a intenção de

compra do produto, escalas hedônicas de cinco pontos, cujos extremos correspondem a

certamente compraria (1) e certamente não compraria (5) foram utilizadas para saber se o

voluntário compraria ou não compraria o produto se o mesmo estivesse disponível no

mercado. (FERREIRA et al., 2012).

4.4.1 ÍNDICE DE ACEITABILIDADE (IA)

Para determinação do IA das formulações a seguinte fórmula foi realizada,

conforme Dutcosky (1996).

IA (%) = A x 100/ B

(A = nota média obtida para o produto; B = nota máxima dada ao produto).

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados obtidos dos parâmetros físico-químicos e sensoriais foram

analisados estatisticamente com auxílio do “software” SISVAR para o cálculo das médias,

desvios padrão e coeficiente de variação. Os dados obtidos foram submetidos à análise de

variância (ANOVA) e teste de Tukey ao nível de significância de 5 % para comparação entre

as médias.

Page 36: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados encontrados demonstraram a possibilidade de utilização da farinha

de baru na elaboração de produtos como o cookie. A Figura 6 apresenta o processo de

obtenção da farinha de baru que posteriormente foi utilizada na formulação dos biscoitos e as

devidas modificações.

Figura 6 - Processo de obtenção da farinha de baru

5.1 ANÁLISE NUTRICIONAL DA FARINHA DE BARU

Os resultados das características da farinha de baru estão apresentados a seguir e

demosntram que é um alimento que se destaca com teores de proteínas, lipídios, fibras e

minerais.

A farinha de baru apresentou elevado teor de lipídeos, fibras e cinzas. Estes

resultados corroboraram com os obtidos por De Souza Paglarini et al. (2018) em um estudo

de caracterização da farinha de baru e sua aplicação em cupcakes com baixo teor de gorduras

para os parâmetros de lipídeo de 40,8%, fibras de 18,51% e cinzas 3,05%. Resultados

apresentados por Lima et al. (2010) através da farinha de baru que demonstrou conteúdo de

cinzas de 3,03%, proteínas de 26,97%, lipídeos 40,98%, carboidratos 11,53%, fibras 14,26%

e umidade de 3,23% foram semelhantes aos encontrados neste estudo. Provavelmente as

variações encontradas nos estudos da farinha de baru podem ser explicadas, por exemplo, pela

genética dos frutos, condições climáticas, condições do solo e manuseio do fruto pós-colheita.

Page 37: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

34

Os resultados do teor de umidade encontrados para farinha de baru apresentaram

média de 7,88 g. 100 g-1

, o que indica está dentro do preconizado pela legislação que

estabelece o máximo 15% para este tipo de produto (BRASIL, 2005). Este valores

encontrados para a umidade foram semelhante aos encontrados por Fasolin et al. (2007) na

umidade de farinha de banana verde com média de 7,55 g. 100 g-1

, maior que teor encontrado

por De Pilli et al. (2008) em farinha de amêndoa que foi de 4,67% e menor que a média

encontrado por Ferreira et al. (2012) em farinha de casca de jabuticaba no valor de 12,05%.

Segundo Sabino et al. (2017) menores valores de umidade proporcionam diminuição da

possibilidade de ataque de microrganismos e redução de ação enzimáticas, favorecendo os

processos tecnológicos aplicados para obtenção de produtos.

A Tabela 4 apresenta a composição química da farinha de baru (FB) comparada à

farinha de trigo (FT) e a farinha de castanha de caju (FC).

Tabela 4 - Parâmetros de análise nutricional da farinha de baru, farinha de trigo e farinha de

castanha de caju.

Parâmetros FBa FT

b FC

c

Umidade (%) 7,88 13,0 2,64

Cinzas (%) 2,32 0,8 2,38

Lipídeos (%) 43,15 1,4 38,88

Proteínas (%) 30,18 9,8 21,13

Carboidratos (%) 16,47 75,1 35,37

Fibras (%) 21,08 2,3 -----

Ca (mg/100g) 144 18 -----

K (mg/100g) 989 151 -----

Mg (mg/100g) 161,1 31 -----

Cu (mg/100g) 1,56 0,15 -----

Fe (mg/100g) 5,62 1,0 -----

Mn (mg/100g) 4,68 0,46 -----

Zn (mg/100g) 3,83 0,8 ----- a Médias das análises de FB em triplicata. FB: Farinha de baru.

b Composição nutricional da farinha de trigo

(TACO, 2011).c Melo et al., 2017. FC: Farinha de castanha de caju.

Em relação à farinha da castanha de caju, a de baru apresenta valores semelhantes

quando comparado aos parâmetros de cinzas e lipídeos. Quanto ao teor de umidade e proteína

a farinha de baru apresenta teores maiores comparados à castanha de caju. Em relação à

farinha de trigo, a de baru apresenta maiores teores de cinzas, lipídeos, proteínas, fibras e

todos os minerais apresentados. E menores teores de carboidratos e umidade.

Page 38: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

35

O teor de proteínas da farinha de baru é de 30,18 g. 100-1

sendo mais elevada em

relação á farinha de caju de 21,13 g. 100-1 e da farinha de trigo de 9,8 g. 100-1. As farinhas

de baru e de castanha de caju podem ser consideradas fontes de proteínas, pois a legislação

RDC nº 54 de 12 de novembro de 2012 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária) determina que cada porção deve possuir 6g de proteínas (BRASIL, 2012). A

portaria RDC n° 359 determina que a porção deste tipo de alimento equivalha a 50g

(BRASIL, 2003a). Sendo assim, as farinhas de baru e caju apresentam as quantidades que se

adequam aos quesitos estabelecidos, apresentando respectivamente 15,09 g e 10,56 g de

proteínas por porção. Em um estudo feito por Pineli et al. (2015) a farinha desengordurada de

baru apresentou teores de proteínas de 29,46%, o que corresponde a 14,73 g/ porção, valor

este semelhante ao encontrados no presente estudo. No entanto, em um estudo feito por

Kopper et al. (2010), utilizando a farinha de bocaiuva na elaboração de biscoitos tipo cookie,

teores de proteínas desta farinha (3,18%) foram bem menores em relação à farinha de baru.

A farinha de baru apresentou alto teor de fibras em sua composição com valor de

21,08 g. 100g-1

, sendo considerado um alimento fonte de fibra. A Portaria n° 27/98, da

Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde aponta que um alimento fonte de

fibra é aquele com teor 6 g de fibra alimentar total por 100 g de alimento sólido (BRASIL,

1998). O alto teor de fibra pode oferecer benefícios para a saúde, ajudando a prevenir várias

doenças crônicas. Em um estudo feito por Padilha e Basso (2016) utilizando farinha de

resíduos de manga, maracujá e jabuticaba o teor de fibras encontrado para o resíduo de

maracujá de 29,2 g. 100g-1

foi semelhante ao encontrado neste estudo, enquanto que para os

resíduos de manga e jabuticaba os valores foram bem menores em relação à farinha de baru,

sendo 8,0 g. 100g-1

e 13,9 g. 100g-1

respectivamente.

O teor de carboidratos da farinha baru com valor de 16,47 g. 100g-1

foram

menores comparados à farinha de castanha de caju e à farinha de trigo. No entanto, no estudo

de Melo et al. (2017) não há determinação deste parâmetro e provavelmente o teor de fibras

pode estar atribuído no valor total de carboidratos. Em estudo feito por Silva, Borges e

Martins (2001) com farinha de frutos de jatobá-do-cerrado e jatobá-da-mata, os teores

encontrados de carboidratos, 30,90 g. 100g-1

e 27,63 g. 100g-1

, foram maiores que os valores

de carboidrato da farinha de baru.

Em relação aos teores de minerais, a farinha de baru apresentou níveis

consideráveis de cálcio, potássio, magnésio, ferro, manganês e zinco, no entanto tais valores

foram menores aos encontrados por Pineli et al. (2015) feito com a farinha desengordurada de

baru. Os teores encontrados foram cálcio (200,9 mg. 100g-1

), ferro (13,2 mg. 100g-1

), zinco

Page 39: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

36

(7,6 mg. 100g-1

), potássio (1217,6 mg. 100g-1

) e cobre (2,04 mg. 100g-1

) na composição. Essa

diferença, provavelmente pode ser explicada pela concentração de nutrientes na farinha

quando é desengordurada. Souza et al. (2017) analisaram as propriedades nutricionais da

castanha portuguesa na elaboração de produtos e a composição de minerais desta castanha

apresentaram teores menores do que a farinha de baru, com exceção do ferro que apresentou

maior teor, sendo 8,1 mg. 100g-1

. Os demais, cálcio (45 mg. 100g-1

), zinco (2,2 mg. 100g-1

),

magnésio (75 mg. 100g-1

), potássio (754 mg. 100g-1

), cobre (0,8 mg. 100g-1

) e manganês (3,2

mg. 100g-1

) apresentaram menores teores.

5.2 ANÁLISE NUTRICIONAL DOS BISCOITOS DE BARU

As formulações dos biscoitos padrão e das modificações utilizando a farinha de

baru como substituto parcial da farinha de trigo estão apresentadas a seguir. A Figura 7

apresenta as formulações padrão e as modificações B1 e B2. Os resultados das características

nutricionais dos biscoitos estão demonstrados na Tabela 5 através da composição biscoitos

padrão (BP), biscoito 10% de farinha de baru (B1) e biscoito 20% de farinha e baru (B2).

Em relação ao teor de umidade verifica-se que houve diferença significativa entre

todas as formulações BP, B1 e B2. O BP apresentou o menor teor de umidade (3,66%)

enquanto que o maior valor foi encontrado na formulação B2 (5,63%), elaborada com 20% de

farinha de baru em substituição à farinha de trigo. Estes resultados estão em conformidade

com a Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005 da ANVISA que considera a

umidade de biscoitos e bolachas deve ser no máximo de 14%. Fasolin et al. (2007)

encontraram umidade de 7,55% em biscoitos tipo cookie elaborados com farinha de banana.

Resultado semelhante foram encontrados em um estudo feito por Yoshida et al. (2014) com a

caracterização de cookies contendo farinha de okara foi determinado que os teores de

umidade as formulações aumentaram conforme elevou a proporção de farinha de okara

adicionada com valores de umidade que variaram de 4,10% a 6,59%.

Segundo Azevedo et al. (2015), percentuais menores de umidade em produtos

alimentícios são considerados ideias para promover aumento da vida de prateleira e diminuir a

capacidade de desenvolvimento de microrganismos e modificações de textura.

Em relação à composição nutricional, observa-se uma elevação gradual de

algumas substâncias como lipídeos, proteínas, fibras e alguns minerais como cálcio, ferro,

zinco, manganês, magnésio e potássio comparando as formulações modificadas e padrão.

Verifica-se que há diminuição de outros parâmetros como o teor de carboidratos com o

Page 40: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

37

aumento da concentração de farinha de baru. E, minerais como o cobre e magnésio que não

apresentaram diferença significativa entre as formulações.

Figura 7 - Formulação dos biscoitos padrão e as modificações.

Os teores de lipídeos diferenciaram de forma significativa em todas as

formulações. Houve um aumento em B1 e B2 comparado a BP. Provavelmente esse aumento

se deve à farinha de baru substituindo a farinha de trigo, uma vez que a quantidade utilizada

de lipídeos dos demais ingredientes foi a mesma para todas as formulações e a farinha de baru

apresenta maior conteúdo de lipídeo do que a farinha de trigo em sua composição. Este

resultado é semelhante ao de Silveira et al. (2017) que encontraram aumento do teor de

lipídeos em biscoito feitos com farinha de semente de goiaba alegando o aumento destes

valores, aos lipídeos presentes na semente de goiaba. Pereira et al. (2016) encontraram

aumento significativo para lipídeos em biscoitos amanteigados elaborados com farinha de

jatobá, verificando um aumento de 13,70% a 16,24% nas formulações padrão e modificada.

No entanto Fasolin et al. (2007) não encontraram diferença significativa nos teores de lipídeos

de formulações de biscoitos preparados com farinha de banana.

Em relação ao teor de fibras, houve um aumento significativo nos biscoitos B1 e

B2 em relação a BP. Essa situação pode ter acontecido provavelmente em função do alto teor

de fibras que contem a farinha de baru e sendo bem menor na farinha de trigo. A formulação

B2 apresentou teor de fibras superior a 6 g. 100g-1

, o que caracteriza este alimento como rico

em fibras e a formulação B1 com teor de fibras de 4,9 g. 100g-1

pode ser caracterizada como

alimento fonte de fibra de acordo com a Portaria n° 27/98, da Secretaria de Vigilância

Page 41: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

38

Sanitária do Ministério da Saúde que determina alimento fonte e rico em fibra é aquele com

teor de 3 g e 6 g de fibra alimentar total por 100 g de alimento sólido (BRASIL, 1998).

Tabela 5 - Composição nutricional dos biscoitos cookie BP e as modificações B1 e B2 com

diferentes teores de farinha de amêndoa de baru (Dipteryx alata).

Parâmetros BP B1 B2

Umidade 3,66±0,32a 4,58±0,2

b 5,63±0,25

c

Lipídeos 23,78±1,3a 25,15±1,1

ab 26,72±0,9

b

Proteínas 1,31±0,17a 2,75±0,2

b 4,02±0,16

c

Fibras 1,72±0,15a 4,9±0,6

b 7,81±0,55

c

Carboidratos 68,84±1,63a 65,11±0,16

ab 60,77±1,16

b

Cinzas 2,41±0,15a 2,42±0,05

a 2,86±0,16

b

Ca (mg/100g) 13±2,2a 18±1,4

b 22,7±1,6

b

K (mg/100g) 42,3±0,9a 40,2±0,3

b 38,9±0,8

c

Mg (mg/100g) 7,2±0,2a 7,1± 0,6

a 7,3±0,3ª

Cu (mg/100g) 0,11±0,05a 0,12±0,01

a 0,11±0,02

a

Fe (mg/100g) 1,44±0,19a 1,55±0,09

ab 1,72±0,07

b

Mn (mg/100g) 0,32±0,11a 0,41±0,05

a 0,55±0,02

b

Zn (mg/100g) 0,21±0,05a 0,33±0,02

b 0,48±0,01

c

Média ± desvio-padrão. Letras diferentes na linha indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).

BP: formulação padrão (100% farinha de trigo); B1: formulação com substituição de 10% da farinha de trigo por

farinha de baru; B2: formulação com substituição de 20% da farinha de trigo por farinha de baru.

Em um estudo feito por Rodrigues, Caliari e Asquieri (2011) resultados

semelhantes foram encontrados com biscoito de polvilho elaborados com níveis diferentes de

farelo de mandioca. Foi utilizada a substituição de fécula por porcentagens de farelo de

mandioca nas proporções de 2%, 4%, 6% e 8%, onde houve um aumento gradual no teor de

fibras em todas as formulações propostas comparadas à padrão, sendo assim consideradas

fonte de fibra alimentar. Pinho et al. (2015) demonstraram que é viável a produção de sorvete

de baru promovendo o enriquecimento do sorvete em termos nutricionais com aumento de

lipídeo, proteínas e fibras. Além de agradar os consumidores é um produto que apresenta boa

fonte de energia.

Resultado semelhante a este estudo também foram demostrados por Yoshida et al.

(2014) na caracterização de cookies contendo farinha de okara. Comparados ao padrão, os

Page 42: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

39

cookies com 25% e 50% de farinha de okara apresentaram aumento no teor de fibras totais

com a adição desta farinha, variando de 2,07% a 12,49% na composição dos biscoitos. Em um

estudo feito por Junior et al. (2007) os biscoitos elaborados com farinha de baru na proporção

de 2%, 4%, 6% e 8% apresentaram elevação no teor de fibras nas formulações desenvolvidas,

sendo este resultado atribuído à alto teor de fibra presente na farinha de baru, assim como

neste estudo. Silveira et al. (2017) consideram que o consumo de fibras na alimentação está

relacionado à prevenção de algumas doenças crônicas e que a elaboração de produtos como

pães e biscoitos com maior quantidade de fibras é uma forma de aumentar o consumo.

Segundo Santos et al. (2012), o aumento da concentração de fibras na elaboração de um

produto pode reduzir o valor energético e potencializar seu efeito funcional.

Em relação ao teor proteico houve diferença significativa entre os biscoitos. A

adição de farinha de baru promoveu aumento de proteínas nas formulações modificadas B1

(2,75 g. 100g-1

) e B2 (4,02 g. 100g-1

) comparadas a BP (1,31 g. 100g-1

). Segundo a RDC nº 54

de 12 de novembro de 2012, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um

alimento é considerado fonte de proteína quando apresenta 6g de proteínas por porção. Os

biscoitos apresentaram teores elevados de proteínas, mas não o suficiente para serem

considerados fonte de proteína conforme a legislação determina, uma vez que a portaria RDC

n° 359 define que a porção deste tipo de alimento equivalha a 30g e os biscoitos deste estudo

apresentaram teores de proteína que variaram 0,39 g. 100g-1

a 1,20 g. 100g -1

por porção. Em

estudo feito por Pinho et al. (2015) com sorvetes produzidos com adição de baru, foi

observado que o acréscimo de baru à formulação padrão promoveu melhoraria na qualidade

proteica do produto, assim como neste estudo. Resultado semelhante foi apresentado em

outros estudos utilizando farinhas oriundas de diferentes frutos utilizadas na elaboração de

biscoitos. Costa et al. (2015) caracterizaram cookies com adição de farinha do mesocarpo do

fruto do marizeiro demonstrando que houve aumento significativo no teor de proteínas nas

formulações à medida que foi acrescentado a farinha de marizeiro substituindo a farinha de

trigo. A formulação com 10% de farinha de marizeiro obteve 8,6% de proteína e formulação

padrão 1,9%. No entanto, Lima et al. (2015) verificou que a adição de farinha de entrecasca

de melancia na produção de biscoitos substituindo a farinha de trigo não provocou aumento

no teor de proteínas nas formulações estudadas.

Quanto ao teor de carboidratos verifica-se que houve diferença significativa entre

as formulações BP, B1 e B2. Segundo Ortolan et al. (2016) a substituição de farinha de trigo

pela farinha de baru promove diminuição no teor de carboidratos de biscoitos. Essa

diminuição pode ser explicada pelo fato de a farinha de trigo conter maior teor de carboidratos

Page 43: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

40

em sua composição do que a farinha de baru. Os autores obtiveram resultados semelhantes

com cupcake adicionado de farinha de baru, em que encontraram redução do teor de

carboidratos com a adição de farinha de baru substituindo a farinha de trigo. Junior et al.

(2007) demonstraram diminuição de carboidratos por meio do aumento da farinha de baru em

biscoitos produzidos com diferentes concentrações de baru nas formulações. Segundo Silveira

et al. (2017) muitos estudos têm sido realizados com o objetivo de incorporar farinhas de

frutas, coprodutos de frutas ou resíduos agroindustriais na elaboração de biscoitos. E em um

trabalho realizado com biscoitos adicionado de diferentes concentrações de farinha de

semente de goiaba, foi encontrado resultado semelhante a este estudo com farinha de baru, em

que houve decréscimo gradual do teor de carboidratos dos biscoitos à medida que aumentou o

nível de substituição da farinha de trigo por farinha de semente de goiaba.

Em relação ao teor de cinzas, os resultados demostram que não houve diferença

significativa entre as formulações BP e B1 e que houve diferença significativa entre o B2 e as

demais formulações. O aumento da proporção da farinha de baru promoveu elevação nos

teores de cinzas. Fasolin et al. (2007) obtiveram resultados semelhantes em um estudo feito

com biscoitos produzidos com farinha de banana e encontraram aumento do teor de cinzas de

1,51% a 1,93% nas formulações à medida que elevou o nível de substituição da farinha de

trigo por farinha de banana. Resultado semelhante foi encontrado por Yoshida et al. (2014)

com a caracterização de cookies contendo farinha de okara em que os valores de cinzas

aumentaram conforme houve adição de farinha de okara com variação de 1,08% a 1,40%.

Quanto aos resultados dos minerais verifica-se que houve diferença significativa

em praticamente todos os elementos demostrados, com exceção do cobre e magnésio que não

apresentaram diferença significativa entre as formulações BP, B1 e B2. O teor de potássio

diminui com a adição de farinha de baru. O resultado esperado era o aumento deste mineral

uma vez que, frutos como o baru são ricos em potássio. Provavelmente o baru utilizado na

elaboração dos biscoitos apresentou teor de potássio menor do que o normal para o fruto. Os

demais minerais apresentaram diferença significativa de forma que, à medida que aumentou a

concentração de farinha de baru houve elevação destes minerais das formulações. Resultado

semelhante foi demonstrado por Junior et al. (2007) em um estudo feito com biscoitos

formulados com diferentes teores de farinha de baru, em que a adição de farinha de baru nas

proporções de 2%, 4%, 6% e 8% elevou os teores de cálcio e ferro contribuindo para a

melhoria do valor nutricional dos biscoitos.

Granato, Vilas Boas e Hoffmann (2009) avaliaram a composição mineral de

biscoitos elaborados a partir de farinha de amêndoa ou amendoim adicionado de ferro e

Page 44: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

41

encontraram teores de zinco semelhantes ao do presente estudo. Os minerais: cálcio,

magnésio, potássio e cobre apresentaram valores acima dos encontrados neste estudo. O teor

de ferro apresentou valor mais elevado também, no entanto este mineral foi adicionado nas

formulações de biscoitos de amêndoa ou amendoim e obtiveram 2,73% e 3,19%

respectivamente. A formulação B2, deste trabalho, obteve 1,72% de ferro sendo que esta

composição corresponde ao ferro presente na farinha de baru. Gusmão et al. (2018) obtiveram

maiores teores de cálcio e ferro em um estudo feito com cookies elaborados com diferentes

concentrações de farinha de algaroba, demostrando valores de 430,94% para cálcio e 23,16%

de ferro em biscoitos formulados com 25% de farinha de algaroba.

Enriquecer produtos como biscoitos a partir da adição de diferentes tipos de

farinhas tem se tornado tendência entre a indústria alimentícia e pesquisadores, uma vez que,

este tipo de produto é bem aceito pelos consumidores, tem baixo custo e melhora a qualidade

nutricional (FASOLIN et al., 2007; GRANATO, VILAS BOAS e HOFFMANN, 2009).

Para o planejamento e avaliação de dietas para pessoas saudáveis, rotulagem de

alimentos e programas de orientação nutricional as DRI (Ingestão Dietética de Referência)

são utilizadas como referência. Para os minerais a seguir os valores recomendados para

adultos são: cálcio (1000 mg); ferro (14 mg); magnésio (260 mg); manganês (2,3 mg); cobre

(900 µg) e zinco (7 mg) (BRASIL, 2003b). Para crianças de 7-10 anos as recomendações são:

cálcio (700 mg); ferro (9 mg); magnésio (100 mg); manganês (1,5 mg); cobre (400 µg) e

zinco (5,6 mg) (BRASIL, 2004; PADOVANI, 2006).

Em relação à ingestão destes nutrientes, comparando com a recomendação da

DRI, a quantidade de minerais presentes em 100g de biscoito com 20% de farinha de baru

(B2) atende 2,27% DRI de cálcio, 12,2% para ferro, 2,8% para magnésio, 23,9% para

manganês e 6,85% para zinco. A formulação padrão atinge 1,3% para cálcio, 10,2% para

ferro, 2,7% para magnésio, 13,9% para manganês e 3% para zinco.

Para crianças de 7-10 anos, B2 (20% de farinha de baru) os minerais atenderiam

as recomendações de 3,24% para cálcio, 19,1% para ferro, 36,6% para manganês e 8,5% para

zinco. Em relação às fibras, adultos e crianças de 7-10 anos precisam ingerir 25g de fibras e o

B2 atenderia 31,24% das DRI necessária.

5.3 ANÁLISES FÍSICAS

Os resultados dos parâmetros de análises físicas dos biscoitos padrão e com

diferentes concentrações de farinha de baru estão apresentados na Tabela 6.

Page 45: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

42

Tabela 6 - Características físicas dos biscoitos padrão e modificadas com farinha de baru. Valores expressos em média ± desvio-padrão.

Formulação MAF(g) DAF(cm) MDF(g) DDF(cm) E(cm) FE VA(ml) VE(ml.g-1

)

BP

9,51±0,10a

4,34±0,04 a

8,46±0,04 a

4,43±0,08 a

1,03±0,05 a

4,29±0,15 a

12,86±0,51 a

1,52±0,05 a

B1

9,28±0,16 a

4,33±0,06 a

8,33±0,18 a

4,41±0,01 a

1,03±0,05 a

4,27±0,14 a

13,03±0,45 a

1,56±0,04 a

B2

9,20±0,17 a

4,22±0,04 a

8,23±0,16 a

4,41±0,08 a

1,06±0,05 a

4,14±0,19 a

12,7±0,2 a

1,54±0,06 a

Letras iguais na mesma coluna não possuem diferença significativa pelo teste de Tukey (p < 0,05); MAF: massa antes do forneamento; DAF: diâmetro antes do

forneamento; MDF: massa depois do forneamento; DDF: diâmetro depois do forneamento; E: espessura; FE: fator de expansão (DDF/E); VA: volume aparente; VE:

volume específico (VA/MDF).

Page 46: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

43

As massas dos biscoitos antes e depois do forneamento não demostraram

diferença significativa entre as três formulações, o que demonstra uniformidade dos cookies.

Observa-se que após o forneamento os biscoitos perderam em média 0,98g de sua massa,

corroborando com um estudo feito por Feddern et al. (2011) em biscoitos formulados com

farinha de trigo e arroz que obtiveram em média perda de 1g de massa antes de depois do

assamento. O volume específico dos biscoitos de farinha de trigo e arroz, assim como os

cookies deste estudo também não apresentaram diferença significativa entre as formulações,

sendo os valores bem próximos encontrados em ambos os trabalhos. As fibras presentes na

farinha de baru não provocaram alteração no volume específico.

A adição de farinha de baru não afetou significativamente o fator de expansão dos

biscoitos em relação ao padrão. Mesmo não apresentando diferença significativa neste

parâmetro foi observado que houve uma tendência na redução do fator de expansão à medida

que a concentração de farinha de baru foi aumentada. Essa situação ocorreu conforme explica

Silva, Borges e Martins (2001) e Perez e Germani (2007), em que relatam que farinha ou

outro ingredientes os quais absorvem água durante o processamento da massa, poderão

reduzir o fator de expansão. Biscoitos elaborados com alto teor de fibras apresentam esta

característica.

Silveira et al. (2017) destacam que o fator de expansão de biscoitos tem sido

usado como indicador de qualidade dos produtos pela indústria. Esta situação está relacionada

à capacidade de absorção de água por ingredientes como, por exemplo, a farinha. O acréscimo

de componentes que tenham a capacidade de absorção de água promove a competição pela

água livre existente na massa, limitando o índice de expansão. Segundo Queiroz et al. (2017),

biscoitos que apresentam fator de expansão muito alto ou muito baixo podem ser um

problema para a indústria resultando em produtos sem uniformidade, sendo muito pequeno ou

muito pesado.

Os valores de diâmetro e espessura dos biscoitos produzidos não demonstraram

diferença significativa entre as amostras, promovendo características de homogeneidade na

produção. Em função das propriedades da massa, foi possível que os biscoitos fossem

modelados, manualmente, de maneira uniforme e assim não ocasionou variações

significativas nestes parâmetros. Apesar de não haver diferenças significativas no diâmetro

antes e depois da cocção foi observado que este parâmetro tende a aumentar conforme se

eleva a porcentagem de farinha de baru. Fasolin et al. (2007) encontram situação semelhante

referente à espessura de biscoitos produzidos com farinha de banana verde na proporção de

10, 20 e 30% em que este parâmetro não apresentou diferenças significativas entre si antes da

Page 47: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

44

cocção e nem depois dela. A Figura 8 apresenta as formulações dos biscoitos padrão e as

modificações antes e depois do forneamento.

Figura 8 - Formulação dos biscoitos antes e depois do forneamento.

No entanto, Silveira et al.(2017) encontram situação diferente em um trabalho

feito com aproveitamento das sementes de goiaba como farinha na elaboração de biscoitos,

encontrando heterogeneidade no diâmetro e espessura dos biscoitos, sendo explicado pelo

método de elaboração utilizado, características da massa e a não utilização de formas para

moldar os biscoitos. Gutkoski et al. (2007) encontraram espessura de biscoitos forneados

variando de 1,14 a 1,34 cm. Feddern et al. (2011) apresentaram espessura de biscoitos de 1,01

a 1,18 cm. Estes valores foram bem próximos aos encontrados neste trabalho.

A cor é uma das primeiras características observadas pelos consumidores

influenciando até mesmo a aceitabilidade do produto (ZOULIAS, PIKNIS, OREOPOULOU,

2000). Os resultados das análises de luminosidade (L*), coordenadas de cromaticidade a* e

b* dos biscoitos padrão e modificados com farinha de baru estão apresentados na Tabela 7.

A diminuição da luminosidade de massas de biscoitos pode ser observada à

medida que farinhas mais escuras são acrescentadas, ou seja, os biscoitos vão ficando mais

escuros com o aumento do percentual de substituição. Porém, esta situação não foi observada

nos cookies de baru de forma significativa, não sendo, as porcentagens de farinha de baru,

Page 48: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

45

suficiente para escurecer os biscoitos. Todas as formulações não apresentaram diferença

significativa. No entanto Ortolan et al (2016), observaram uma coloração mais escura de

cupcakes elaborados com farinha de baru, atribuindo o escurecimento às fibras presentes no

baru. Perez e Germani (2007) encontraram coloração mais escura em biscoitos com alto teor

de fibra alimentar utilizando farinha de berinjela. A castanha de baru na forma de farinha

mistura-se bem à massa dando uma coloração uniforme aproximando-se do marrom.

Tabela 7 - Parâmetros instrumentais de cor de biscoitos BP e as modificações B1 e B2..

Valores expressos em média ± desvio-padrão.

Tratamento

Parâmetro de cor

L* a* b*

BP 66,19±0,59 a 7,73

a 26,45±0,01

a

B1 63,04±0,02 a 8,81

a 27,06±0,01

a

B2 59,59±0,03 a 10,52

a 28,48±0,02

a

Para cada coluna, médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade. L*: luminosidade; a*: verde-vermelho; b*: azul-amarelo.

Em relação à coordenada a* (tonalidade de cor que varia do verde ao vermelho) e

a coordenada b* (variação de azul ao amarelo) observou-se que não houve variação

significativa entre as formulações. Os biscoitos elaborados não demonstraram mudança de

coloração e a farinha de baru não provocou essa alteração na cor das formulações.

A cor apresentada por produtos como biscoitos é uma das primeiras características

observadas pelos consumidores. Essa percepção influencia diretamente a aceitabilidade do

produto (SIMAS et al., 2009). A coloração também está relacionada especialmente com os

ingredientes da formulação e biscoitos com maior teor de fibras geralmente exibem uma

coloração mais escura (PEREZ e GERMANI, 2007).

5.4 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

A análise microbiológica é de fundamental importância para constatar se o

alimento está apto para o consumo e que não apresenta riscos à saúde do consumidor, tanto

para biscoito assim como para qualquer tipo de alimento.

Page 49: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

46

A Tabela 8 apresenta os resultados da análise microbiológica das formulações dos

biscoitos.

Os dados demonstram que todas as amostras BP, B1 e B2 estão de acordo com os

padrões microbiológicos estipulados pela RDC nº 12, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001). Estas análises confirmam que os

procedimentos de higienização realizados para a produção dos biscoitos, assim como a

manipulação adequada, garantiram a segurança microbiológica do produto sendo, portanto,

adequados para o consumo.

Tabela 8 - Avaliação microbiológica das formulações dos biscoitos BP e as modificações B1

e B2 com farinha de baru.

Análise microbiológica

BP

B1

B2

Padrão

permitido

(Brasil, 2001)

Coliformes totais

e a 45°C (NMP)

< 3 < 3 < 3 10

2

Estaf.coag.positiva

(UFC/g)

< 101

< 101

< 101

5x102

Salmonella sp.

Ausente

Ausente Ausente Ausência em

25g

BP: Biscoito padrão; (B10) Biscoito com 10% farinha de baru; (B20) Biscoito com 20% farinha de baru. Padrões

microbiológicos permitidos para biscoito com ou sem recheio (BRASIL, 2001).

Em um estudo feito por Melo et al. (2017), resultados semelhantes foram

apresentados através da elaboração e caracterização de biscoitos adicionados de farinha de

castanha de caju com diferentes adoçantes e a análise microbiológica de coliformes a 45ºC

das formulações demostraram que os biscoitos atenderam a legislação pertinente. Resultado

semelhante foi demostrado por Dos Santos et al. (2011) em um estudo feito com a elaboração

de biscoitos de farinha de buriti com e sem adição de aveia, em que os resultados obtidos na

análise de coliformes a 45ºC, Estafilococos e Salmonela foram considerados dentro dos

padrões estabelecidos pela legislação.

Page 50: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

47

5.5 ANÁLISE SENSORIAL

Os resultados da análise sensorial dos biscoitos padrão (BP) e modificados com

farinha de baru nas porcentagens de 10% (B1) e 20% (B2) estão apresentados a seguir na

Tabela 9 e os dados de intensão de compra estão representados no gráfico da Figura 9 e 10.

Tabela 9 - Escores de aceitação dos biscoitos de farinha de baru com relação cor, sabor,

textura e aparência e Índice de Aceitabilidade (IA).

Atributo BP B1 B2

Cor 3,73 a ± 0,95

3,66 a ± 0,96

3,75 a ± 0,89

IA(%)

74,6 73,2 75

Sabor

3,96 a ± 0,97

3,72 a ± 0,93

3,84 a ± 0,93

IA(%)

79,2 73,2 76,8

Textura

4,13 a ± 0,87

3,93 a ± 1,00

4,23 a ± 0,88

IA(%)

82,6 78,6 84,6

Aparência

3,72 a ± 0,96

3,54 a ± 1,03

3,72 a ± 0,98

IA(%) 74,4 70,8 74,4

Odor 3,94 b ± 0,94 3,63 ab ± 0,94 3,47 a ± 1,03

IA(%) 78,8 72,6 69,4

Aceitação global 3,92 b ± 0,94 3,58 a ± 0,95 3,82 ab ± 0,92

IA(%) 78,4 71,6 76,4

Média ± desvio-padrão. Letras diferentes na linha indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p<0,05).

BP: formulação padrão (100% farinha de trigo); B10: formulação com substituição de 10% da farinha de trigo

por farinha de baru; B20: formulação com substituição de 20% da farinha de trigo por farinha de baru.

Para os atributos de cor, sabor, textura e aparência as formulações BP, B10 e B20

não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si. Foi verificado que as notas

para estes parâmetros de todas as formulações foram superiores a 3 (bom). Os biscoitos

mantiveram notas próximas aos dois atributos “bom” e “muito bom”, o que demonstram que

as formulações BP, B1 e B2 obtiveram boa aceitação.

Para o atributo de textura as notas obtidas para BP foi 4,13, para B1 de 3,93 e B2

de 4,23. Observa-se que a notas para este parâmetro foram próximas e acima de 4 (muito

Page 51: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

48

bom). Provavelmente a farinha de baru não influenciou a textura dos biscoitos e todas as

formulações obtiveram boa aceitação. Resultado diferente foi demonstrado por Ferreira et al.

(2012) em que utilizaram farinha de casca jabuticaba em biscoitos tipo cookie na proporção

de 5 e 10% e verificaram que o uso desta farinha favoreceu positivamente a textura dos

biscoitos e a formulação com 10% de farinha de casca de jabuticaba superou a formulação de

5% e a padrão e apresentando maiores índices de aceitabilidade. A Figura 9 demonstra o

gráfico com as notas e atributos dos biscoitos padrão e as modificações B1 e B2.

Figura 9 - Gráfico de atributos sensoriais da formulação padrão, B1 e B2.

A aparência dos biscoitos demonstra que o B1 foi obteve nota, 3,54, enquanto que

BP e B2 obtiveram a mesma nota, 3,72 para este atributo, o que configura que a aparência

avaliada pelos julgadores foi considerada boa para todas as formulações. Provavelmente a

tonalidade da farinha de baru não influenciou a aparência dos biscoitos, mantendo-a uniforme

e agradável aos julgadores. Azevedo et al. (2015) obtiveram resultados semelhantes ao deste

estudo analisando cookies enriquecidos com farinha de açaí. Os atributos de aparência, sabor

e aroma não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos. Em um estudo de

desenvolvimento e caracterização de biscoitos tipo cookie de farinha de resíduo agroindustrial

do caju, Sabino et al. (2017) observaram que todos os atributos avaliados, cor, aparência,

aroma, sabor, textura, doçura, impressão global e intenção de compra, não apresentaram efeito

Page 52: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

49

significativo e as amostras não diferiram estatisticamente entre si. Resultado diferente foi

observado por Queiroz et al. (2017) com cookies sem glúten enriquecidos com farinha de

coco substituindo a fécula de batata ou polvilho doce em que o atributo de aparência

apresentou diferença significativa entre as formulações sendo a maior aceitação sensorial

atribuída ao biscoito F1 em que a farinha de coco substituiu a fécula de batata na porcentagem

de 10%.

Em relação à cor, as notas obtidas para B1 foi 3,66, para BP de 3,73 e B2 de 3,75.

Provavelmente a uniformidade na aparência e na cor dos cookies possibilitou uma melhor

aceitação pelos provadores. E as formulações apresentaram coloração característica comum a

biscoitos tipo cookies convencionais, o que provavelmente influenciou a aceitação da cor.

Segundo Sabino et al. (2017) a aparência de biscoitos é bastante influenciada pela cor e pela

estrutura física do produto. Queiroz et al. (2017) obtiveram resultado semelhante com cookies

sem glúten enriquecidos com farinha de coco substituindo a fécula de batata ou polvilho doce

não verificando diferença significativa nos parâmetros de cor, sabor e textura nas formulações

padrão e modificadas utilizando a farinha de coco como substituto da fécula de batata ou

polvilho doce. Em um estudo de Júnior et al. (2007) foram encontrados resultados diferentes

com biscoitos com farinha de baru, sendo observado melhores resultados de aparência para os

biscoitos que tiveram adição de 0% e 4% de farinha de baru.

O sabor dos biscoitos não apresentaram diferenças significativas. Foi possível

perceber que o BP obteve nota de 3,96, B1 com 3,72 e B2 com 3,84. O aumento da

percentagem de farinha de baru às formulações não prejudicou o sabor dos biscoitos, tendo

assim uma boa aceitação pelos julgadores quanto a este parâmetro. Segundo Rocha e Santiago

(2009) o atributo mais apreciado em um alimento é o sabor. Silva, Borges e Martins (2001)

observaram situação diferente a este estudo ao utilizar frutos de jatobá-do cerrado e de jatobá-

da-mata na elaboração de biscoitos. As formulações demonstraram diminuição no nível de

aceitação à medida que aumentou a proporção de a farinha de jatobá. Os autores explicaram

que o sabor residual característico do jatobá, provavelmente provocou essa situação.

Em relação ao odor dos biscoitos, houve diferença significativa entre as

formulações. As notas para este atributo foram 3,94 para BP, 3,63 para B1 e 3,47 para B2. Foi

verificado que à medida que aumentou a adição de farinha de baru, as notas para este

parâmetro foram diminuindo. Esta situação pode ser explicada pelo odor da farinha de baru

que provavelmente influenciou o aroma dos biscoitos e consequentemente na diminuição da

aceitação dos cookies para este atributo. Resultado semelhante foi observado por Aquino et al.

(2010) em um estudo que avaliou a aceitação sensorial de biscoitos tipo cookies elaborados

Page 53: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

50

com farinha de resíduo de acerola em que o aumento da concentração desta farinha em 10% e

20% substituindo a farinha de trigo promoveu uma diminuição nas notas dos atributos de

aroma, aparência e sabor. O caráter ácido da farinha a variação na cor dos cookies foram os

principais apontamentos feitos pelos autores para esta situação. Produtos elaborados a partir

de farinhas não convencionais misturados à farinha de trigo promovem a melhora na

qualidade nutricional destes alimentos e possivelmente a palatabilidade do mesmo, sendo

mais bem aceito pelo consumidor. Segundo Melo et al. (2017), o sabor é um dos principais

atributos para a escolha de um produto. O consumidor se sente atraído pelo aroma e cor de um

alimento em busca de um sabor que agrade o paladar.

Em relação a aceitação global houve diferença significativa entre as formulações.

As notas atribuídas a BP de 3,92, para B1 de 3,58 e para B2 de 3,82. A adição de farinha de

baru pode ter influenciado a diminuição de preferência pelos julgadores comparando as

formulações entre si. Provavelmente a adição de farinha de baru, evidenciou o sabor residual

no biscoito, explicando a menor aceitação de B10 comparada à BP. Em relação a B1 e B2,

possivelmente o sabor residual da farinha de baru não foi percebido pelos provadores, uma

vez que, B2 foi mais bem aceito que B1. Resultado semelhante foi demonstrado em um

estudo feito por Ortolan et al. (2016) com adição de farinha de baru em cupcakes, em que foi

verificado que os cupcakes à medida que aumentou os teores de farinha de baru, houve uma

redução na preferência dos cupcakes.

As médias do índice de aceitabilidade das formulações BP, B1 e B2 apresentadas

na Tabela 9 foram superiores a 70%, sendo considerado um biscoito com boa aceitação

sensorial. Segundo Dutcosky (1996) para um produto ser considerado bem aceito

considerando as características sensoriais, deve-se obter aceitabilidade superior a 70%.

Resultado semelhante foi apresentado em um estudo feito por Ferreira et al. (2012) a análise

sensorial em cookies com farinha de casca de jabuticaba na porcentagem de 5% e a

formulação padrão obtiveram as maiores notas nos atributos avaliados (cor, aparência, aroma,

sabor, doçura, acidez e textura) e no índice de aceitabilidade, sendo considerados bem aceitos

pelos julgadores. Os cookies com acréscimo de 5% de farinha de casca de jabuticaba

alcançaram média de 79% de aceitabilidade. Dos Santos et al. (2011) obtiveram índices de

aceitabilidade acima de 80% para os atributos de sabor, textura, aroma e impressão global em

um estudo feito com elaboração de biscoitos de farinha de buriti com e sem adição de aveia

em que ficou demostrado a boa aceitação dos biscoitos.

A intenção de compra das formulações BP, B1 e B2 estão apresentadas a seguir

na Figura 10 e está representada pelo número de julgadores de todas as formulações sendo

Page 54: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

51

comparadas através da escala de intenção de compra. Através deste gráfico foi possível

identificar uma atitude positiva dos julgadores demonstrando que 35,92% dos provadores

expressaram que “certamente comprariam” BP. Para as formulações B2 e B1 os resultados

ficaram bem próximos para este atributo, sendo 34,95% 28,15% respectivamente. O

parâmetro votado pela maioria dos julgadores que “possivelmente compraria” os biscoitos

demonstrou para B1 a maior porcentagem de votos, 36,9%, seguido de BP com 34% e B2

com 33,98% dos votos. Os julgadores apontaram que “talvez compraria/ talvez não

compraria” apontando B2 com 22,33%, B1 com 21,36% e BP com 21,35% dos votos.

Para a identificação das atitudes negativas o parâmetro de “possivelmente não

compraria” demonstrou a maioria dos votos para B1 com 8,74%, seguindo de B2 com 6,8% e

BP com 5,82%. No atributo negativo que “certamente não compraria” ficou demonstrado para

B1 com 4,85%, BP com 2,91% e B20 com 1,94%.

Figura 10 - Gráfico de intenção de compra dos biscoitos BP e as modificações B1e B2.

Sendo assim, a intenção de compra dos biscoitos apresentou reação positiva entre

os julgadores demonstrando que a maioria dos provadores que possivelmente comprariam a

formulação B1, seguida de BP e B2. No entanto, B1 apresentou a menor porcentagem para os

provadores que certamente comprariam e BP e B2 com porcentagens bem próximas. Esta

situação mostra que a adição de farinha de baru pode ser uma escolha promissora para

Page 55: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

52

desenvolver novos produtos. Os biscoitos B1 e B2 apresentaram aceitação global com notas

acima de 3 (bom) e próxima a 4 (muito bom) e porcentagens de intenção de compra que

possivelmente compraria acima de 30%, o que provavelmente mostra interesse dos

provadores pelos biscoitos. As formulações BP, B1 e B2 apresentaram, em geral, atratividade

semelhante com intenção de compra positiva. Os parâmetros negativos obtiveram

porcentagens baixas para todas as formulações e B2 foi o que apresentou o menor índice de

rejeição dos provadores que certamente não comprariam o biscoito e BP a menor

porcentagem dos que possivelmente não comprariam.

As formulações BP e as modificações B1 e B2 apresentaram resultados bastante

satisfatórios, obtendo a intenção de compra proporcional à aceitação do produto. Segundo

Pinho et al. (2015) avaliar a aceitabilidade dos alimentos pelos consumidores é de

fundamental importância no processo desenvolvimentos ou melhoramento de produtos.

Page 56: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

53

6 CONCLUSÃO

A farinha de amêndoa de baru demonstrou elevado teor de fibras, proteínas,

lipídios e cinzas podendo ser uma boa alternativa para enriquecer produtos alimentícios. A

farinha obtida deste fruto do Cerrado possibilitou considerá-la uma importante fonte de

nutrientes contribuindo com melhora de hábitos alimentares saudáveis.

Nesta perspectiva, os resultados apresentados demonstram que é possível utilizar

a farinha de baru para enriquecer biscoitos tipo cookie e dessa foram agregar valor comercial

ao fruto.

Os biscoitos desenvolvidos, enriquecidos com 10% e 20% de farinha de baru,

constituem uma opção de alimentos fonte e rico em fibras, sendo alimentos importantes para

melhorar a qualidade da alimentação com baixa ingestão de fibras e também para quem busca

produtos diferenciados e saudáveis no mercado. Além disso, de uma forma geral, todos os

biscoitos foram bem aceitos pelos provadores que demonstraram interesse no produto caso

fosse comercializado.

O consumo de biscoitos elaborados com farinha de amêndoa de baru pode garantir

ao consumidor ser um alimento de qualidade microbiológica, sensorial e nutricional.

Page 57: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

54

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ABREU, P. A. de A. Caracterização dos fatores nutricionais e antinutricionais de

sementes de frutos do cerrado. 2015. 160 f. Dissertação (Ciência e Tecnologia de

Alimentos) – Universidade Federal de Goiás, Goiás, 2015.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÃNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Portaria

Interministerial MAA/MS Nº 224, DE 05 DE ABRIL DE 1989. Regulamenta o uso de

produtos derivados de cereais, leguminosas e tubérculos na elaboração de pães, biscoitos e

massas alimentícias. Disponível em:

<https://sogi8.sogi.com.br/Arquivo/Modulo113.MRID109/Registro1559/documento%201.pdf

> . Acesso em: 2 abr. 2018.

AGOSTINI-COSTA, T.; VIEIRA, R. F. Frutas nativas do cerrado: qualidade nutricional

e sabor peculiar. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2000.

ALTAMIRANO-FORTOUL, R.; ROSELl, C. M. Physicochemical changes in breads from

bake off technologies during storage. Food Science Technology. v. 44, n. 3, p.631-636, 2011.

ASSUMPÇÃO, C. F. et al. Characterization, antioxidant potential and cytotoxic study of

mangaba fruits. Ciência Rural, v. 44, n.7, p. 1297-1303, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE BISCOITOS, MASSAS

ALIMENTÍCIAS E PÃES & BOLOS INDUSTRIALIZADOS – ABIMAPI. 2015. Disponível

em: < https://www.abimapi.com.br/estatistica-paes-bolos.php >. Acesso em 5 dez. 2017.

ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS (AOAC). OfFcial methods

of analysis . 15.ed. Washington, D.C.: AOAC, 1995.

AQUINO, A. C. M. de S. et al. Avaliação físico-química e aceitação sensorial de biscoitos

tipo cookies elaborados com farinha de resíduos de acerola. Rev Inst Adolfo Lutz. v. 69, n. 3,

p. 379-86, 2010.

ÁVILA, R.; OLIVEIRA, L. F.; ASCHERI, D. P. R. Caracterização dos frutos nativos dos

cerrados: araticum, baru e jatobá. Revista Agrotecnologia, v. 1, n. 1, p. 53-69, 2010.

AZEVEDO, A. V. S. et al. Avaliação física, físico-química e sensorial de cookies

enriquecidos com farinha de açaí. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento

Sustentável, v. 10, n. 4, p. 49-54, 2015.

Page 58: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

55

BARBOSA, A. S. Sistema biogeográfico do cerrado: alguns elementos para sua

caracterização. Goiânia: Editora UCG, 1996. 44p.

BEUCHLE, R. et al. Land cover changes in the Brazilian Cerrado and Caatinga biomes from

1990 to 2010 based on a systematic remote sensing sampling approach. Applied Geography

v. 58, p. 116-127, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 27, de 13 de janeiro de 1998. Aprova o

regulamento técnico referente à informação nutricional complementar. Diário Oficial da

União Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de Janeiro de 1998.

Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 11 Jan. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº

12, de 12 de janeiro de 2001. Aprova o regulamente sobre padrões microbiológicos para

alimentos e seus Anexos I e II. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,

Brasília, DF, n. 7, jan. 2001. Disponível em: <

http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/RDC_12_2001.pdf/15ffddf6-3767-

4527-bfac-740a0400829b >. Acesso em 2 dez. 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003.

Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para Fins de Rotulagem

Nutricional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília,

DF, 26 de dezembro de 2003a. Disponível em: <

http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/res0359_23_12_2003.pdf/76676765-

a107-40d9-bb34-5f05ae897bf3>. Acesso em: 2 de fev. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº

360, de 23 de dezembro de 2003b: Regulamento Técnico sobre rotulagem nutricional de

alimentos embalados. Disponível em:

<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/res0360_23_12_2003.pdf/5d4fc713-

9c66-4512-b3c1-afee57e7d9bc> Acesso em: 2 fev. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Aprova

Regulamento Técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e

minerais. Consulta pública nº 80 de 13 de dezembro de 2004. Diário Oficial União de 17 de

dez. 2004. Disponível em: < http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B8989-1-

0%5D.PDF>. Acesso em 3 fev. 2018.

BRASIL. Resolução RDC nº 263 de 22 de setembro de 2005. Aprova o Regulamento Técnico

para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos, constantes do anexo desta Portaria. Diário

Oficial União, Brasília, DF, 23 set. 2005. Disponível em:

<https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MjIwMw%2C%2C>.

Acesso em 10 de jan. 2018.

Page 59: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

56

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA.

Resolução RDC nº 54, de 12 de novembro de 2012. Regulamento Técnico Sobre Informação

Nutricional Complementar. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder

Executivo, Brasília, DF, 12 de novembro de 2012. Disponível em:

<http://portal.anvisa.gov.br/documents/%2033880/2568070/rdc0054_12_11_2012.pdf/c5ac23

fd-974e-4f2c-9fbc-48f7e0a31864>. Acesso em 5 de fev. 2018.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ (IAL). Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz:

métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo: IAL, 2008.

CARDOSO, L. de M. et al. Cagaita (Eugenia dysenterica DC.) of the Cerrado of Minas

Gerais, Brazil: Physical and chemical characterization, carotenoids and vitamins. Food

Research International, v.44, p. 2151-2154, 2011.

CARDOSO, L.de M. et al. Mangaba (Hancornia speciosa Gomes) from the Brazilian

Cerrado: nutritional value, carotenoids and antioxidant vitamins. Fruits, v. 69, n. 2, p. 89-99,

2014.

CARNEIRO, V. A. et al. O Baru (Dipteryx alata Vog.) como exemplo de incremento de

renda e de sustentabilidade de comunidades rurais no cerrado goiano: um relato de

experiência via seminários da disciplina “Sistemas Agrários de Produção e Desenvolvimento

Sustentável”. Revista Interatividade, v. 2, n. 2, p. 42-52, 2014.

CARRAZZA, L. R.; ÁVILA, J. C. C. Manual tecnológico de aproveitamento integral do fruto

do baru. 2 ed. Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Brasil, 2010.

CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Embrapa Informação Tecnológica;

Colombo, PR: Embrapa Floreta, 2003.

CASÉ, F. et al. Produção de “leite” de soja enriquecido com cálcio. Revista de Ciência e

Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 25, n. 1, p. 86-91. 2005.

CERRATINGA. Instituto, sociedade, população e natureza – ISPN. Disponível em:

<http://www.cerratinga.org.br/cerrado/> . Acesso em 03 de setembro de 2017.

COHEN, K. de O. et al. Avaliação das características físicas e físico-químicas dos frutos de

araticum procedentes de Cabeceiras, GO. Embrapa Cerrados-Boletim de Pesquisa e

Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2010.

Page 60: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

57

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB – Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento. Conjuntura mensal: Mangaba. 2014. Disponível em:

<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/14_10_10_17_14_06_mangabasetem

bro2014.pdf>. Acesso em: dez de 2017.

CORREA, G de C. et al. Determinações físicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata

Vog.), cajuzinho (Anacardium othonianum Rizz.) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.),

visando melhoramento genético. Bioscience Journal, v. 24, n. 4, 2008.

COUTINHO, L. M. O conceito de bioma Acta bot. bras. v. 20, n. 1, p. 1-11, 2006.

COUTINHO, J. G.; GENTIL, P. C.; TORAL, N. A desnutrição e obesidade no Brasil: o

enfrentamento com base na agenda única da nutrição. Cad. Saúde Publica, v. 24, p. S332-40,

2008.

DE LIMA, J. P. et al. The antioxidative potential and volatile constituents of mangaba fruit

over the storage period. Scientia Horticulturae, v. 194, p. 1-6, 2015.

DE PILLI, T. et al. Study on formation of starch–lipid complexes during extrusion-cooking of

almond flour. Journal of Food Engineering, v. 87, n. 4, p. 495-504, 2008.

DE SOUZA PAGLARINI, C. et al. Characterization of baru nut (Dipteryx alata Vog) flour

and its application in reduced-fat cupcakes. Journal of Food Science and Technology, p. 1-

9, 2018.

DOS SANTOS, C. A. et al. Elaboração de biscoito de farinha de buriti (Mauritia flexuosa L.

f) com e sem adição de aveia (Avena sativa L.). Revista Brasileira de Tecnologia

Agroindustrial, v. 5, n. 1, 2011.

DUTCOSKY, S. D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: DA Champagnat, 1996. 123p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA – Mapeamento

mostra Cerrado com 61,2% de área preservada, 2007. Disponível em: <

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18007163/-mapeamento--mostra-cerrado-

com-612-de-area-preservada>. Acesso em 2 dez. 2017.

FASOLIN, L. H. et al. Biscoitos produzidos com farinha de banana: avaliações química,

física e sensorial. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 3, p. 524-529, 2007.

Page 61: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

58

FEDDERN, V. et al. Avaliação física e sensorial de biscoitos tipo cookie adicionados de

farelo de trigo e arroz. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 14, n. 4, p. 267-274, out./dez.

2011.

FERNANDES, D. et al. Nutritional composition and protein value of the baru (Dipteryx alata

Vog.) almond from the Brazilian Savanna. Journal of the Science of Food and Agriculture.

London, v. 90, n. 10, p. 1650-1655, 2010.

FERREIRA, A. E. et al. Produção, caracterização e utilização da farinha de casca de

jabuticaba em biscoitos tipo cookie. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 23, n. 4, p. 608,

2012.

FETT, R.; MORETTO, E. Processamento e Análise de Biscoitos. São Paulo: Livrais Varela,

1999.

FILHO, M. B.; RISSIN, A. Deficiências nutricionais: ações específicas do setor saúde para o

seu controle. Cad. Saúde Públ, v. 9, n. 2, p. 130-135, 1993.

FOOD INGREDIENTS BRASIL – FIB. Panificação. Ingredientes enriquecedores. Revista-fi

n°10, dezembro 2009. Disponível em: <www.revista-fi.com/materias/114.pdf>. Acesso em 10

dez. 2017.

GONÇALVES, K. G.; DUARTE, G. S. D.; TSUKAMOTO FILHO, A. de A. Espécies

frutíferas do cerrado e seu potencial para os safs. FLOVET-Boletim do Grupo de Pesquisa

da Flora, Vegetação e Etnobotânica, v. 1, n. 7, 2015.

GRANATO, D.; VILAS BOAS. W. P., F.; HOFFMANN R., R. Composição mineral de

biscoitos elaborados a partir de farinhas de amêndoa ou amendoim adicionadas de

ferro. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 39, n. 2, 2009.

GÜEMES V. N. et al. Propiedades de textura de masa y pan dulce tipo "concha" fortificados

con proteínas de suero de leche. Ciênc. Tecnol. Aliment. Campinas, v. 29, n. 1, 2009 .

GUSMÃO, R. P. D. et al. Technological characterization of cookies made with different

concentrations of mesquite flour during 120 days of storage. Brazilian Journal of Food

Technology, v. 21, 2018.

GUTKOSKI, L. C. et al. Biscoitos de aveia tipo “cookie” enriquecidos com concentrado de β-

glicanas. Braz. J. Food Technol, v. 10, n. 2, p. 104-110, 2007.

Page 62: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

59

JORGE, N.; MORENO, D. M.; BERTANHA, B. J. Eugenia dysenterica DC: actividad

antioxidante, perfil de ácidos grasos y determinación de tocoferoles. Revista chilena de

nutrición, v. 37, n. 2, p. 208-214, 2010

JÚNIOR, M. S. S. et al. Qualidade de biscoitos formulados com diferentes teores de farinha

de amêndoa de baru (Dipteryx alata Vog.). Pesquisa agropecuária tropical. Goiânia, v.37,

n.1, p. 51-56, mar. 2007.

JUNQUEIRA, N. T. V. et al. Frutíferas nativas do cerrado: o extrativismo e a busca da

domesticação. In: Embrapa Cerrados-Artigo em anais de congresso (ALICE).

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 22., 2012, Bento Gonçalves/RS: SBF,

2012

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Mega Diversidade.

v.1, n.1, jul. 2005.

KOPPER, A. C. et al. Utilização tecnológica da farinha de bocaiuva na elaboração de

biscoitos tipo cookie. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 20, n. 3, p. 463-470, 2010.

LAROSA, G. et al. Aspectos sensoriais, nutricionais e tecnológicos de biscoito doce contendo

farinha de 'okara'. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 17, n. 2, p. 151-157, 2009.

LIMA, J. et al. Qualidade microbiológica, aceitabilidade e valor nutricional de barras de

cereais formuladas com polpa e amêndoa de baru. Bol. Centro Pesqui. Process. Aliment,

v.28, n. 2, p.331-343, 2010.

LIMA, J. P. et al. Farinha de entrecasca de melancia em biscoitos sem glúten. Ciência Rural,

v. 45, n. 9, p. 1688-1694, 2015.

LONG, J. K.; BÄNZIGER, M.; SMITH, M. E. Diallel analysis of grain iron and zinc density

in southern African-adapted maize inbreds. Crop Science, v. 44, n. 6, p. 2019-2026, 2004.

LOUREDO, E. G. et al. Biscoito tipo cookie enriquecido com baru. Revista Eletrônica

Faculdade Montes Belos, v. 7, n. 4, 2014.

MACHADO, M. T. C.; MELLO, B. C. B. S.; HUBINGER, M. D. Evaluation of pequi

(Caryocar Brasiliense Camb.) aqueous extract quality processed by membranes. Food and

Bioproducts Processing. v. 95, p. 304–312, 2015.

Page 63: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

60

MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia; KRAUSE, Marie V. Krause's food &

nutrition therapy. Elsevier Saunders, 2007.

MARCELINO, J. S.; MARCELINO, M. S. Dossiê Técnico. Fabricação de Bolachas e

Biscoitos. Instituto de Tecnologia do Paraná. SBRT/ TECPAR. Julho, 2012.

MELO, A. B. P. et al. Elaboração e caracterização de biscoitos adicionados de farinha de

castanha de caju com diferentes adoçantes. Revista Brasileira de Agrotecnologia, v. 7, n. 2,

p. 145-150, 2017.

MIAMOTO, J. B. M. Obtenção e caracterização de biscoito tipo cookie elaborado com

farinha de inhame (Colocasia esculenta L.). 2008. 132 f . Dissertação (Mestrado em Ciência

dos Alimentos) - Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2008.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. O Bioma Cerrado. Brasília, 10 jun 2016.

Disponível em:<http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado>. Acesso em: 07 jan 2018.

MORAES, K. S. et al. Avaliação tecnológica de biscoitos tipo cookie com variações nos

teores de lipídio e de açúcar. Ciênc. Tecnol. Aliment, v. 30, n. Supl 1, p. 233-242, 2010.

MOREIRA, I. Dos S. et al. Avaliação microbiológica e nutricional de biscoito e pão de

mel. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 8, n. 1, p. 313-317,

2013.

NAVES, R. V.; BORGES, J. D.; CHAVES, L. J. A Cagaiteira. Revista Brasileira de

Fruticultura. v. 24, n. 2, p. 289 – 596, 2002.

OLIVEIRA, S. Pequi. Revista Globo Rural, n. 38, Ed. Globo, p.82-83, 1988.

OLIVEIRA, A. R.; ALENCAR, B.; VIEIRA, M. V.; FEIJÓ, G. Saúde da Família. Unidade

3, Módulo 9 – Nutrição Sustentável. UNB. UNA-SUS – Universidade Aberta da SUS.

Brasília, 2014.

ORTOLAN, A. V. et al. Adição de farinha de baru em cupcakes: caracterização físico-

química e sensorial entre crianças. Mundo saúde (Impr.), v. 40, n. 2, p. 213-220, 2016.

PADILHA, T.; BASSO, Cristiana. Biscoitos com resíduo de manga, maracujá e

jabuticaba. Disciplinarum Scientia Saúde, v. 16, n. 1, p. 79-88, 2016.

Page 64: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

61

PADOVANI, R. M. et al. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos

nutricionais. Revista de Nutrição, 2006.

PEREIRA, M. M. et al. Processamento e caracterização físico-química de biscoitos

amanteigados elaborados com farinha de jatobá. Revista Brasileira de Tecnologia

Agroindustrial, v. 10, n. 2, 2016.

PEREZ, P. M. P.; GERMANI, R. Elaboração de biscoitos tipo salgado, com alto teor de fibra

alimentar, utilizando farinha de berinjela (Solanum melongena, L.). Ciência e Tecnologia de

Alimentos, v. 27, n. 1, p. 186-192, 2007.

PIMENTA, A. C. et al. Caracterização de plantas e de frutos de araticunzeiro (Annona

crassiflora Mart.) nativos no Cerrado Mato Grossense. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal. São

Paulo, v. 36, n. 4, p. 892-899, Dez. 2014.

PINELI, L. D. L de O. et al. Use of baru (Brazilian almond) waste from physical extraction of

oil to produce flour and cookies. LWT-Food Science and Technology, v. 60, n. 1, p. 50-55,

2015.

PINHO, L de et al. Enriquecimento de sorvete com amêndoa de baru (Dipteryx Alata Vogel)

e aceitabilidade por consumidores. Unimontes Científica, v. 17, n. 1, p. 39-49, 2015.

PIZZINATTO, A. et al. Avaliação Tecnológica de Produtos Derivados de Farinhas de

Trigo (pão, macarrão, biscoito). Campinas: ITAL, 1993. 54 p.

POSSAMAI, T. N. Elaboração do pão de mel com fibra alimentar proveniente de

diferentes grãos, sua caracterização físico-química, microbiológica e sensorial. 2005. 82

f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos) - Universidade

Federal do Paraná, Curitiba, 2005.

QUEIROZ, A. M. et al. Elaboração e caracterização de cookies sem glúten enriquecidos com

farinha de coco: uma alternativa para celíacos. Brazilian Journal of Food Technology. V.

20, e2016097, 2017.

RAMALHO, R. A.; SAUNDERS, C. O papel da educação nutricional a educação nutricional

no combate às carências nutricionais te às carências nutricionais. Rev. Nutr, v. 13, n. 1, p. 11-

16, 2000.

Page 65: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

62

RIOS, S. de A. et al. Biofortificação: culturas enriquecidas com micronutrientes pelo

melhoramento genético. Revista Ceres, v. 56, n. 6, 2015.

ROCHA, L. S.; SANTIAGO, R. de A. C. Implicações nutricionais e sensoriais da polpa e

casca de baru (Dipteryx Alata Vog.) na elaboração de pães. Ciênc. Tecnol. Aliment.

Campinas, v. 29, n. 4, p. 820-825, out.-dez. 2009.

RODRIGUES, J. P. de M.; CALIARI, M.; ASQUIERI, E. R. Caracterização e análise

sensorial de biscoitos de polvilho elaborados com diferentes níveis de farelo de

mandioca. Ciência Rural, v. 41, n. 12, 2011.

ROESLER, R. et al. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Revista Ciência e

Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 1, p. 53-60, 2007 a.

ROESLER, R. et al. Antioxidant activity of A. crassiflora: characterization of major

components by electrospray ionization mass spectrometry. Food Chemistry. v. 104, n. 3, p.

1048-1054, 2007b.

SABINO, V. G. et al. Desenvolvimento e caracterização de biscoitos tipo cookie de farinha

do resíduo agroindustrial do caju. Revista Brasileira de Agrotecnologia, v. 7, n. 2, p. 38-44,

2017.

SANO, S. M. et al. Diversidade morfológica de frutos e sementes de baru (Dipteryx alata

Vog.). Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 34, n. 4, p. 513-518, 1999.

SANO, E. E. et al. Land cover mapping of the tropical savanna region in

Brazil. Environmental monitoring and assessment, v. 166, n. 1-4, p. 113-124, 2010.

SANTOS, B. R. et al. Pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.): uma espécie promissora do

cerrado brasileiro. Boletim Agropecuário da Universidade Federal de Lavras, v. 64, 2004.

SANTOS, P. R. G. et al. Geleia de cagaita (Eugenia dysenterica DC.): desenvolvimento,

caracterização microbiológica, sensorial, química e estudo da estabilidade. Revista do

Instituto Adolfo Lutz (Impresso), v. 71, n. 2, p. 281-290, 2012.

SILVA, N. et al. Manual de métodos de analise microbiológica de alimentos e água. 3. ed.

São Paulo: Varela. 552p. 2007.

Page 66: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

63

SILVA, M. R.; BORGES, S.; MARTINS, K. A. Avaliação química, física e sensorial de

biscoitos enriquecidos com farinha de jatobá-do-cerrado e de jatobá-da-mata como fonte de

fibra alimentar. Brazilian Journal of Food Technology, v. 4, n. 73, p. 163-70, 2001.

SILVA JÚNIOR, J. F. A Cultura da Mangaba. Revista Brasileira de Fruticultura,

Jaboticabal, v. 26, n.1, p. 188-192, abr. 2004.

SILVA, M. R.; SILVA, M. A. A. P. Fatores antinutricionais: inibidores de proteases e

lectinas. Revista de Nutrição, Campinas, v. 13, n.1, p. 3-9, 2000.

SILVEIRA, M. L. R. et al. Aproveitamento tecnológico das sementes de goiaba (Psidium

guajava L.) como farinha na elaboração de biscoitos. Boletim do Centro de Pesquisa de

Processamento de Alimentos, v. 34, n. 2, 2017.

SIMAS, K. N. et al. Effect of king palm (Archontophoenix alexandrae) flour incorporation on

physicochemical and textural characteristics of gluten-free cookies. International Journal of

Food Science and Technology, v.44, p.531–538, 2009.

SIQUEIRA, E. M. de A. et al. Consumption of baru seeds (Dipteryx alata Vog.), a Brazilian

savanna nut, prevents iron-induced oxidative stress in rats. Food Research International. V.

45, p. 427–433, 2012.

SIQUEIRA, E. M. de A. et al. Brazilian savanna fruits contain higher bioactive compounds

content and higher antioxidant activity relative to the conventional red delicious apple. PloS

one, v. 8, n. 8, p. e72826, 2013.

SIQUEIRA, A. P. S. et al. Chemical quality of Baru almond (Dipteryx alata oil). Food

Technology. Santa Maria, v.46, n.10, p.1865-1867, out, 2016.

SHILS, E. M. et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9ªed. Vol.2.

Editora Manole, 2002.

SOUSA, A. G. O. et al. Nutritional quality and protein value of exotic almonds and nut from

the Brazilian Savanna compared to peanut. Food Research International. Barking, v. 44, n.

7, p. 2319-2325, 2011.

SOUZA, A. G. de et al. Propriedades nutricionais da castanha portuguesa (Castanea sativa

Mill) e elaboração de produtos. Cadernos da escola de saúde, v. 2, n. 12, 2017.

Page 67: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

64

SOUZA, V. R. de et al. Determination of bioactive compounds, antioxidant activity and

chemical composition of Cerrado Brazilian fruits. Food Chemistry. v. 134, p. 381–386,

2012.

TACO - Tabela brasileira de composição de alimentos / NEPA – UNICAMP.- 4. ed. rev. e

ampl. - Campinas: NEPA- UNICAMP, 2011. 161 p. Disponível em:

http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf .

Acesso em 01 de julho de 2018.

TAKEMOTO, E. et al. Composição química da semente e do óleo de baru (Dipteryx alata

Vog.) nativo do município de Pirenópolis, Estado de Goiás. Revista do Instituto Adolfo

Lutz. v. 60, n. 2, p. 113-117, 2001.

VERA, R. et al. Características químicas de amêndoas de barueiros (Dipteryx alata Vog.) de

ocorrência natural no cerrado do Estado de Goiás, Brasil. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 31, n. 1, p. 112-118, 2009.

VIEIRA, R. F. et al. Frutas nativas da região Centro-Oeste do Brasil. Embrapa Informação

Tecnológica: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 320 p., 2010.

VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann e

Autores Editores, 2003.

VIZEU, V. E. FEIJÓ, B. S., CAMPOS, R. C. Determinação da composição mineral de

diferentes formulações de multimistura. Ciência e Tecnologia de alimentos, v. 25, n. 2,

2005.

WANG, G. J.; ROSELL, C. M.; BARBER, C. B. Effects of the addition of different fibres on

wheat dough performance and bread quality. Food Chemistry, v. 79, n. 2, p. 221-226, 2002.

WELCH, R. M.; GRAHAM, R. D. Breeding for micronutrients in staple food crops from a

human nutrition perspective. Journal of experimental Botany, v. 55, n. 396, p. 353-364,

2004.

WORLD HEALTH ORGANIZATION/Fundo das Nações Unidas para a Infância – WHO/

UNICEF - 2004 Focusing on anaemia. Disponível em:

<http://www.who.int/topics/anaemia/en/who_unicef-anaemiastatement.pdf>. Acesso em: 30

nov. 2017.

Page 68: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

65

YOSHIDA, B. Y. et al. Produção e caracterização de cookies contendo farinha de

okara. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 25, n. 1, p. 49-54, 2014.

ZOULIAS, E. I.; PIKNIS, S.; OREOPOULOU, V. Effect of sugar replacement by polyols and

acesulfame‐K on properties of low‐fat cookies. Journal of the Science of Food and

Agriculture. v. 80, n. 14, p. 2049-2056, 2000.

Page 69: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

66

ANEXOS I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa “ELABORAÇÃO E

CARACTERIZAÇÃO DE BISCOITOS ENRIQUECIDOS COM FARINHA DE AMÊNDOA DE

BARU” para a qual você foi escolhido(a) por ser pertencente ao público alvo da pesquisa. Você

também poderá desistir de participar a qualquer momento e retirar seu consentimento. Sua recusa não

trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição, Universidade Federal

dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O objetivo deste trabalho é elaborar e caracterizar

biscoitos enriquecidos com a farinha da amêndoa de baru. Os ingredientes utilizados nas formulações

dos biscoitos são: farinha de trigo, farinha de baru, açúcar, farelo de aveia, sal, ovos, fermento químico

e óleo de soja.

Os riscos relacionados com sua participação se relacionam com a identificação e possível

constrangimento em provar amostra que não o agrade, neste caso você poderá dispensar a amostra no

copo. Outro risco relacionado à sua participação é quanto à sua restrição alimentar. Não consuma o

biscoito caso você seja alérgico ou intolerante a algum ingrediente da formulação. Para prevenção dos

riscos siga rigorosamente as orientações. Caso ocorra algum desconforto durante a análise sensorial

você poderá desistir da pesquisa.

O benefício relacionado com a sua participação será a contribuição para o desenvolvimento de

um produto alternativo e saudável. Você não terá nenhum custo financeiro com a participação na

pesquisa, sendo os gastos de responsabilidade dos pesquisadores. As informações obtidas através

dessa pesquisa poderão ser divulgadas em eventos ou revistas científicas, mas não possibilitarão sua

identificação. Desta forma garantimos o sigilo sobre sua participação. Este projeto foi aprovado pelo

Comitê de Ética: 27288114.8.0000.5108

Você receberá uma cópia deste termo onde constam o telefone e o endereço do pesquisador

principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento.

Mestrando: Lucielle Vieira Soares

Orientadora: Poliana Mendes de Souza

(38) 9 9978-0609

Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e

concordo em participar. Autorizo a publicação dos resultados da pesquisa, a qual garante o anonimato

e sigilo referente à minha participação.

Nome do sujeito da pesquisa:_____________________________________________

Assinatura: _____________________________________________________________

Page 70: Lucielle Vieira Soares - documento.ifnmg.edu.br

67

ANEXO II

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BISCOITO DE FARINHA DE BARU

Provador____________________________________Data:___________Idade:_______

Teste 1: Você está recebendo amostras de biscoitos elaborados com uma farinha alternativa.

Deguste cuidadosamente cada uma delas e atribua notas para cada característica avaliada, de

acordo com o seguinte critério.

1=péssimo 2=regular 3=bom 4=muito bom 5=excelente

Características Amostra = Amostra = Amostra =

Aparência

Cor

Odor

Sabor

Textura

Teste 2: Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou

desgostou do produto.

1=péssimo 2=regular 3=bom 4=muito bom 5=excelente

AMOSTRA VALORES

Teste 3: Se estes produtos estivessem disponíveis para compra nos supermercados, você os

compraria?

1=Certamente

compraria

2= Possivelmente

compraria

3= Talvez

compraria/Talvez

não compraria

4=Possivelmente

não compraria

5=Certamente

não compraria

AMOSTRA VALORES