7
7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 1/7 CAPÍTULO 1 Ao tratar da questão do mal, Luiz Sayão o distingue em dois tipos bsi!os, o mal  moral e o mal   físico" O primeiro diz respeito # in$usti%a, e o segundo ao so&rimento" Ao tentar estabele!er um !on!eito para o mal, Sayão diz que de'emos le'ar em !ontra tr(s di&i!uldades prin!ipais, a saber) O papel da subjetividade *o que + mal pra uns  pode não ser mal para outros, o referencial *quantos !rimes !ometidos na -ist.ria -umana não &oram tidos !omo 'irtuosos por parte daqueles que o prati!aram, e o fator tempo *o que $ulgamos ser mal -o$e, !om o tempo, pode/nos pare!er ben+&i!o" 0ott&ried Leibniz, um &il.so&o alemão, na tentati'a testa de lidar !om o trip+ *2eus + todo/poderosos, 2eus todo/amoroso, 34ist(n!ia do mal, de maneira a mostrar que, a despeito do mal, 2eus !ontinua $usto, bom e poderoso, denominou esse impasse de Teodiceia, o que signi&i!a 5$usti&i!a%ão de 2eus6" Assim, quando se pro!ura $usti&i!ar a 2eus, tentando sal'aguard/lo !om respeito a uma responsabilidade direta !om respeito ao mal, !onstr.i/se uma Teodi!eia" 3ssa questão, no entanto, !omo se pode obser'ar, s. pode ser obser'ada nas religi7es monotestas !omo, por e4emplo, no !ristianismo, islamismo e no $udasmo" Um biblista australiano !-amado 8ran!is Andersen disse que 5a rigor, a desgra%a -umana, ou o mal em todas as suas &ormas, + um problema somente para a pessoa que !r( num 2eus 9ni!o, onipotente e todo amoroso6"  :a tentati'a de !riar uma teodi!eia !oerente, surgiram alguns tipos que durante os anos, não obstante se$am de todo l.gi!os, &i!aram tidos os prin!ipais) T3O2;C3;A 2O L;<=3/A=>ÍT=;O) <isto que 2eus !riou o -omem dotado de li're/ arbtrio, esta'a diante do -omem a possibilidade de &azer o bem ou o mal" :essa 'isão, 2eus não !riou o mal, mas o -omem optou por prati!/lo, e 2eus permite esse mal por raz7es que não !ompreendemos agora" ? a posi%ão !lssi!a e mais antiga na -ist.ria das religi7es" 3ssa tese, por+m, &al-ar em não !onseguir distinguir o mal &si!o do mal moral" T3O2;C3;A P32A0@0;CA) Aqui, o en&oque sai da tentati'a de des!obrir a origem do mal e 'ai para a possibilidade de se obter no so&rimento, bons resultados dessa e4peri(n!ia" A ideia + que a e4peri(n!ia do so&rimento seria um bene&i!io indispens'el  para o mel-or desen'ol'imento das !apa!idades -umanas, do !ontrario a -umanidade  permane!eria eternamente na in&n!ia" Por+m esse argumento tamb+m apresenta &al-ar, le'ando alguns a a&irmarem que nem sempre o so&rimento produz maturidade e aprendizado" Buitas 'ezes, o que &i!a + .dio e amargura ou at+ mesmo questionarem, que tipo de pedagogia + essa que mata seus pr.prios alunosD T3O2;C3;A 3SCATOL@0;CA) :essa 'ertente, a!reditasse que - uma esperan%a para o so&rimento in&ringido no momento presente, pois, -a'er uma re!ompensa no &uturo  para os que so&rem" 3ssa ideia esta baseada na !ren%a de que a 'ida trans!ende a morte e que $usti%a e in$usti%a re!eberão sua de'ida re!ompensa" Por+m, não di&erente das

Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 1/7

CAPÍTULO 1

Ao tratar da questão do mal, Luiz Sayão o distingue em dois tipos bsi!os, o mal  moral 

e o mal   físico" O primeiro diz respeito # in$usti%a, e o segundo ao so&rimento"

Ao tentar estabele!er um !on!eito para o mal, Sayão diz que de'emos le'ar em !ontratr(s di&i!uldades prin!ipais, a saber) O papel da subjetividade *o que + mal pra uns pode não ser mal para outros, o referencial  *quantos !rimes !ometidos na -ist.ria-umana não &oram tidos !omo 'irtuosos por parte daqueles que o prati!aram, e o fatortempo *o que $ulgamos ser mal -o$e, !om o tempo, pode/nos pare!er ben+&i!o"

0ott&ried Leibniz, um &il.so&o alemão, na tentati'a testa de lidar !om o trip+ *2eus +todo/poderosos, 2eus todo/amoroso, 34ist(n!ia do mal, de maneira a mostrar que, adespeito do mal, 2eus !ontinua $usto, bom e poderoso, denominou esse impasse deTeodiceia, o que signi&i!a 5$usti&i!a%ão de 2eus6" Assim, quando se pro!ura $usti&i!ar a

2eus, tentando sal'aguard/lo !om respeito a uma responsabilidade direta !om respeitoao mal, !onstr.i/se uma Teodi!eia"

3ssa questão, no entanto, !omo se pode obser'ar, s. pode ser obser'ada nas religi7esmonotestas !omo, por e4emplo, no !ristianismo, islamismo e no $udasmo" Um biblistaaustraliano !-amado 8ran!is Andersen disse que 5a rigor, a desgra%a -umana, ou o malem todas as suas &ormas, + um problema somente para a pessoa que !r( num 2eus9ni!o, onipotente e todo amoroso6"

 :a tentati'a de !riar uma teodi!eia !oerente, surgiram alguns tipos que durante os anos,

não obstante se$am de todo l.gi!os, &i!aram tidos os prin!ipais)

T3O2;C3;A 2O L;<=3/A=>ÍT=;O) <isto que 2eus !riou o -omem dotado de li're/arbtrio, esta'a diante do -omem a possibilidade de &azer o bem ou o mal" :essa 'isão,2eus não !riou o mal, mas o -omem optou por prati!/lo, e 2eus permite esse mal por raz7es que não !ompreendemos agora" ? a posi%ão !lssi!a e mais antiga na -ist.ria dasreligi7es" 3ssa tese, por+m, &al-ar em não !onseguir distinguir o mal &si!o do malmoral"

T3O2;C3;A P32A0@0;CA) Aqui, o en&oque sai da tentati'a de des!obrir a origem do

mal e 'ai para a possibilidade de se obter no so&rimento, bons resultados dessae4peri(n!ia" A ideia + que a e4peri(n!ia do so&rimento seria um bene&i!io indispens'el

 para o mel-or desen'ol'imento das !apa!idades -umanas, do !ontrario a -umanidade permane!eria eternamente na in&n!ia" Por+m esse argumento tamb+m apresenta &al-ar,le'ando alguns a a&irmarem que nem sempre o so&rimento produz maturidade eaprendizado" Buitas 'ezes, o que &i!a + .dio e amargura ou at+ mesmo questionarem,que tipo de pedagogia + essa que mata seus pr.prios alunosD

T3O2;C3;A 3SCATOL@0;CA) :essa 'ertente, a!reditasse que - uma esperan%a parao so&rimento in&ringido no momento presente, pois, -a'er uma re!ompensa no &uturo

 para os que so&rem" 3ssa ideia esta baseada na !ren%a de que a 'ida trans!ende a morte eque $usti%a e in$usti%a re!eberão sua de'ida re!ompensa" Por+m, não di&erente das

Page 2: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 2/7

demais ideias, questionasse, algu+m que te'e sua &amlia arruinada e assassinadarepentinamente pode de &ato ter tal so&rimento 5reparado6D

T3O2;C3;A P=OT3LA2A) A!reditando -a'er um abismo entre as limita%7es-umanas da sabedoria di'ina, que não nos permite !on-e!er as raz7es da permissão do

mal agora, essa ideia adota a postura de que e4pe!tati'a e &+ positi'a em 2eus adespeito do mal" 3ssa di&ere da es!atol.gi!a pelo &ato de aguardar mais uma!ompreensão do mal do que uma !ompensa%ão"

T3O2;C3;A 2A COBU:EAO) O so&rimento + a oportunidade para o -omem e 2eusentrarem em !omun-ão e !olabora%ão" 3ssa posi%ão en&atiza que 2eus +,

 prin!ipalmente, per!ebido e !on-e!ido no so&rimento, e que 2eus + aquele que se!ompade!e e so&re !om suas !riaturas" :essa perspe!ti'a, o so&rimento + trans!endido, eaquilo que pare!ia ser o pior + 'isto !omo a o!asião da mais intensa e4peri(n!iareligiosa" O so&rimento gan-a dignidade"

3ssas teodi!eias !riadas e desen'ol'idas no sentido de pro'arem a e4ist(n!ia do malsem, !ontudo, e4!lurem 2eus ou atribu/lo a !ulpa pela e4ist(n!ia do mal, !on&ormeobser'adas são passi'eis de questionamentos e indaga%7es"

Por+m, nem todos os pensadores que &o!am esse problema e bus!aram uma solu%ãora!ional para ele, optaram pela teodi!eia, antes, alguns &il.so&os e4pli!aram esse

 problema optando por re$eit/la"

NEGAÇÃO DO MAL. Um e4emplo + o !aso dos monistas ou panteístas que 'iam o

mal !omo uma ilusão" 3sses por sua 'ez desen'ol'eram uma analise do !aso !-amadade a NEGAÇÃO DO MAL, onde diziam eles que o mal não e4iste, mas que + na'erdade uma ilusão pro'o!ada pela analise errFnea que o ser -umano &az do mundo" Ossegmentos mais !omuns que aderem a essa perspe!ti'a + a osmovis!o "indu, #en!o,$aruc" %pino&a  e at+ mesmo o grupo religiosos denominado i'ncia rist!  *quea&irma ser o mal uma &alsa !ren%a, !on&orme ensinou sua &undadora Bary >aGer 3ddy"

NEGAÇÃO DE DE(%. Outra lin-a de pensamento que se igual e ao mesmo tempo sedistingue da anterior + a ideia da NEGAÇÃO DE DE(%" Tamb+m !on-e!ida !omoatesmo essa perspe!ti'a igualasse # nega%ão mal em não !riar uma teodi!eia, por+m,

di&eren!ia/se da mesma ao a&irmar, !om base nos sentidos -umanos, a e4ist(n!ia erealidade do mal e negar a e4ist(n!ia de 2eus" 3sse pensamento + guiado pelasseguintes dedu%7es) 2eus *Ser trans!endente em poder e !on-e!imento não e4iste

 porque o mal + real e e4iste Se 2eus e4iste ele não + amoroso nem bondoso porque nãoelimina o mal Se ele e4iste e + bondoso, então ele não + todo/poderoso, pois, não!onsegue eliminar o mal" 3ssa lin-a de pensamento possui 'rios pensadores !omo)Art"ur %c"open"auer *autor de O Mundo como Vontade e Representação, !on-e!ido!omo &iloso&o pessimista, o qual a!redita'a que a realidade 9ltima + a !ega 'ontadeirra!ional de 'i'er que a todos impulsiona" Tal 'ontade trans!endental + essen!ialmente

m, parti!ularmente pelo &ato de -a'er !riado o nosso !orpo !om dese$os que não podem ser satis&eito" O so&rimento + !ausado pelo dese$o in!essante que nun!a pode ser 

Page 3: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 3/7

 plenamente atendido" E ainda no e4isten!ialismo !ontemporneo &il.so&os ateus queen&atizam o absurdo da realidade, 'endo o -omem !omo um ser sem sada H seus

 prin!ipais representantes são Iean Paul Sartre e Albert Camus *que &i!ou !on-e!ido por sua &amosa obra) A Peste"

Os prin!ipais grandes &il.so&os ateus que re$eitaram as e4pli!a%7es testas e tornaram/se!rti!os mordazes da religião &oram)

Lucrécio) &il.so&o epi!urista que entendia que a ideia de 2eus tin-a origem no medo ena ignorn!ia -umanos

Lud)i* +euerbac") que 'ia 2eus !omo a pro$e%ão psi!ol.gi!a de todas as mel-oresqualidades do ser -umano

%i*mund +reud) !on-e!ido pela sugestão de que a religião + uma neurose !ausada pela

sublima%ão dos instintos *2eus + a pro$e%ão da &igura do pai+riedric" Niet&sc"e) que 'ia a religião !omo arma ideol.gi!a dos miser'eis ein&eriores !ontra os aristo!ratas e superiores, sendo a de&esa dos &ra!os !ontra os &ortes

,arl Mar-) que em oposi%ão a :ietzs!-e, 'ia a religião !omo .pio do po'o, sendo aarma dos opressores para manipular as !lasses dominadas"

D(AL%MO" Para essa 'isão, bem e mal !oe4istem de &ormas distintas e separadas nouni'erso" 3sse + o posi!ionamento adotado pelo &oroastrismo persa e o mani/ueísmo"

#oroastro  *JK/MM1 a"C", atribua os dois prin!pios respe!ti'amente a Ahura Mazda*Ormuzd, o >em e  Angra Mainyu *A-riman, o mal" 3sses dois eram inteiramenteindependentes, mas a!redita'a/se que no &inal o bem 'en!eria"

O zoroastrismo in&luen!iou o mani/ueísmo, uma seita persa &undada por Bani *;;;s"/KN a"C", que a!redita'a ser a mat+ria essen!ialmente m, não podendo entrar em!ontato !om 2eus" 3les a!redita'am que o mundo tin-a sido !riado pelo demiur*o,uma emana%ão de 2eus"

Um dualismo mais moderado, # semel-an%a do maniquesmo persa, que a!redita'a que

o mal + essen!ialmente ligado # mat+ria, + en!ontrado no pensamento grego" 3ssedualismo !.smi!o pode ser tra%ado a partir de 0lat!o *KN/N a"C"" O mal reside nade&i!i(n!ia do mundo material, oposto ao mundo das ideias"

Bais tarde, outros mo'imentos e pensadores !omo o *nosticismo, o neoplatonismo*Plotino KQM/KNQ mar!aram essa posi%ão *=eale M/J"

 :a &iloso&ia !ontempornea, podemos desta!ar a &igura do &il.so&o 0eorg R" Eegel*1NNQ/11" O pr.prio idealista alemão !-egou a atribuir o mal # 5mat+ria rude6 domundo que ainda não tin-a se tornado esprito, Geist *Eegel, "

CAPÍTULO K

Page 4: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 4/7

<oltando os seus ol-os para o oriente, Sayão analisa !omo os -ebreus não eram os9ni!os a se preo!uparem !om quest7es rela!ionadas a in$usti%as e ao mal" Os egp!ios,sendo um po'o altamente religioso, tamb+m possuam essa preo!upa%ão" Tal'ez dentreas mais interessantes ideias que eles tin-am, -a'ia uma 'oltada # teodi!eia es!atol.gi!a,a qual da'a grande importn!ia na 'ida ap.s a morte, 'endo esta !omo um resultado da'ida que le'amos -o$e" A!redita'a/se que quando algu+m morria, essa pessoa era le'adadiante do tribunal de Osris o $uiz dos mortos, onde, $untamente !om mais K $uzes, eleos $uga'a" O !ora%ão de tal pessoa era !olo!ado em uma balan%a por E.rus e por An9bis segundo o padrão de Maat , se o !ora%ão pesasse a pessoa era entregue a Tot- *ode'orador, !aso &osse le'e o mesmo poderia des&rutar da 'ida no reinado de E.rus"

1EOD2A NA $3$LA

Ao analisarmos a bblia sagrada em suas 'arias di'is7es + poss'el en!ontrar em todaselas quest7es rela!ionadas ao so&rimento, por+m !om en&oques distintos, senão 'e$amos)

3m g(nesis per!ebemos uma teodi!eia do li're/arbtrio em que narra o -omem 'i'endo per&eitamente em !omun-ão !om 2eus no $ardim do ?den, por+m que, em determinadomomento, tro!ou o bem maior que possua por um bem menor"

Saindo de g(neses e entrando na -ist.ria deuteronomsti!a en!ontramos o autor dandoum en&oque maior no prin!pio da retribui%ão" uando o po'o de 2eus &azia o bem,2eus retribua !om b(n%ãos e prosperidade, por+m quando prati!a'a o mal, re!ebiam

 pestes, &ome, e4lios"

3ssa ideia da retribui%ão, por+m, so&re um abalo ao !-egarmos nos li'ros sapien!iais, prin!ipalmente em I., onde en!ontramos um $usto so&rendo sem ter &eito nen-umatransgressão" ;sso nos ensina que a questão do so&rimento do $usto + mais !omple4a doque imaginamos"

 :o !onte4to do e4lio e p.s/e4lio en!ontramos 'rios tipos de teodi!eias, a saber, pedag.gi!a, da !omun-ão e de li're/arbtrio *;s M"/1Q"

3 por &im nos deparamos !om a teodi!eia es!atol.gi!a no'amente, que apresenta a ideiada inter'en%ão direta de 2eus na -ist.ria para re!ompensar o $usto e punir o mpio,

 pre'endo tamb+m a ressurei%ão dos mortos"

A*ostin"o de 4ipona.  Sendo um dos maiores te.logos dos primeiros s+!ulos,Agostin-o, sendo &ortemente in&luen!iado pelo neoplatonismo de Plotino, desen'ol'euduas teorias a!er!a da teodi!eia, a saber)

A teoria da priva5!o) segundo essa teoria, que se baseia na mutiliza%ão do li're/arbtrio, o mal + uma per'ersão do bem e nãoe4iste ontologi!amente, mas + uma !onsequ(n!ia da es!ol-a que o-omem &az" O mal não e4iste por si mesmo, mas e4iste em razão

do bem"

Page 5: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 5/7

A teoria est6tica7 segundo essa ideia o mal, quando 'istoisoladamente em um !onte4to limitado, o mesmo +, na 'erdade,algo ne!essrio em um uni'erso, que quando 'isto !omo um todose torna algo bom *mal isolado em um !onte4to pequeno importante para o uni'erso que 'isto !omo um todo + algo

 bom"

rineu de Lion. :a 'isão desse pensador, a qual &oi tida !omo -er+ti!a para a igre$amedie'al, Adão não &ora !riado per&eito enquanto !riatura, e portanto de'eria ser le'ado# semel-an%a de 2eus" 2e modo que Adão era uma !rian%a engatin-ando rumo #

 per&ei%ão" Assim, na queda, não - uma per!a da per&ei%ão do -omem !riado, mas umretardamento em seu pro!esso de aper&ei%oamento" Al+m do mais, para ;rineu, para queAdão ti'esse um genuno rela!ionamento !om 2eus por li're de!isão, era ne!essrioque ele pro'asse de sua liberdade"

Leibnit&. Leibnitz &ora &ortemente in&luen!iado por Agostin-o de Eipona, !-egando adesen'ol'er uma !oerente lin-a de pensamento a !er!a da teodi!eia" 3le a!redita'a que

 por se tratar de um elemento !riado *se + !riado est su$eito a imper&ei%7es, o mundoera imper&eito, de modo que este mundo que 2eus !riou era o mel-or mundo poss'elque poderia ter sido !riado" Leibnitz dizia que 5o mel-or mundo poss'el não + ummundo sem o mal, mas que menos mal do que isso + imposs'el6" 3le tamb+m usou dasargumenta%7es de Agostin-o quando a sua 'isão est+ti!a do mal para dizer que 'emosapenas uma pequena part!ula do uni'erso, e $ulg/lo !-eio de mis+ria + algo muito

 presun%oso, uma 'ez que a ordem de todo o uni'erso e4!ede nossa !apa!idade de $ulg/

lo" 3 ele !ompleta dizendo que !omo seres imper&eitos, + ne!essrio que -a$a o pe!ado eo mal em nosso meio para que nos !ara!terizemos !omo tal"

1radi5!o 8udaica. Os ensinamentos rabni!os nesse sentido pu4aram para umateodi!eia do li're/arbtrio e a!abaram agregando o prin!ipio da retribui%ão" 3m razão dadi&i!uldade de e4pli!ar muitos &atos da 'ida, a tradi%ão $udai!a sistematizou a teodi!eiaem tr(s pontos, a saber)

9etribui5!o "ori&ontal, em que uma pessoa ou grupo ou!oleti'idade + atingido por !ausa de outrem *34") A!ã"

9etribui5!o :ertical, em que a pessoa so&re por !onta dos erros!ometidos por seus as!endentes"

9etribui5!o escatol;*ica  que, en&atizando a reden%ãomessini!a, a ressurei%ão do !orpo e o mundo 'indouro, prometeuma $usti%a retributi'a tardia"

3les a!redita'am ainda em uma !on!ep%ão dualista, onde mal e bem e4istiamontologi!amente, por+m, 'endo o mal !omo uma ser'a do bem" A!redita'am que issoera ne!essrio para que, 'endo o mal, !on-e!essem o que + o bem" O argumento

 prin!ipal dessa 'isão + o de que a es!ol-a li're s. &az sentido se e4iste de &ato o mal"

Page 6: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 6/7

Maim<nides.  Para ele, que analisa'a a questão do mal sob o mesmo prisma deAgostin-o de Eipona, o mal não e4iste ontologi!amente, mas + !omo as tre'as, ou se$a,a aus(n!ia da luz" A!reditando em uma teodi!eia do li're/arbtrio, ele entendia que a!ausa do mal em nossas 'idas são as de!is7es ou a%7es que prati!amos emdes!on&ormidade !om o bem" 3le a!redita'a que o mundo + bom, e que est nas mãos-umanas poder resol'er grande parte do mal presente no mundo"

O pensamento judaico contempor=neo &oi grandemente re'isado ap.s a trag+dia do-olo!austo, &azendo !om que ap.s a primeira guerra mundial, o !on!eito de teodi!eiaretributi'a &osse re$eitado por muitos" 2entro desses pensadores, en!ontramos4ermann o"en, que tem o so&rimento !omo algo positi'o, uma 'ez que in!ita a!ons!i(n!ia -umana e le'a o -omem em dire%ão # a%ão +ti!a" Martin $uber por sua'ez, a!redita'a que o mal esta'a no &ra!asso das rela%7es re$eitando a dualidade, >uber dizia que o mal + o girar sem proposito das poten!ialidades -umanas, sem as quais nada

 pode ser al!an%ado, em outras pala'ras, o ser -umano não + mal em si mesmo, mas omau uso de sua natureza, por+m, + !apaz de gerar o mal" Abra"am 4esc"el a&irma'aque o mal não + o problema essen!ial do ser -umano, mas sim o seu rela!ionamento!om 2eus, de modo que a resposta de 2eus para o mal não + o bem, mas sim o sagrado"

CAPÍTULO

3m seu !onte4to -ist.ri!o antigo, ;srael possua uma 'isão monista de mundo e dedi'indade, o que &azia que tanto e4peri(n!ias boas !omo e4peri(n!ias ruins &ossematribudas a 2eus" :esse tempo, 'emos ate mesmo pessoas a!reditando que at+ os

espritos maus esta'am sob o domnio e obedi(n!ia de 2eus";sso por+m não dei4ou de permitir !erto Eenotesmo, pois 2eus + !onsiderado emalguns te4tos !omo o deus dos deuses" Os deuses das na%7es nada são, e o 2eus'erdadeiro est a!ima de todos eles"

? poss'el per!eber na bblia sagrada, portanto, uma ideia da 'it.ria di'ina sobre as&iguras di'inas e demais na%7es" :a 'erdade a bblia se utiliza nesse ponto de umalinguagem mitol.gi!a para demonstrar a 'it.ria e poder de 2eus sobre &iguras !omo=aabe, Le'iatã, >eemote e da Serpente" E possi'elmente ainda resqu!ios do

 paganismo em outras &iguras !omo Azazel *le'ti!o 1J, mas elas não sobre'i'eram paramoldar a religião israelita antiga"

Umas das pala'ras que tentam apontar para o mal no !onte4to -ebrai!o + o substanti'o satãn, que deu origem tamb+m ao 'erbo da mesma raiz, tem o sentido de ad'ersrio,!ontrrio, opositor e inimigo" 3m outros te4tos apare!e !omo a!usador, ou at+ mesmo!omo ri'al, &is!al" 2estas re&eren!ias, a maioria delas, no entanto, não tratam a &igura desatans !omo o smbolo tardio do mal"

O termo + utilizado em !onte4tos que demonstram ser apenas uma pala'ra que designao mal" 3m 1sm K", o pr.prio 2a'i + !onsiderado um satã *ad'ersrio dos &ilisteus"

Page 7: Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

7/26/2019 Luiz Sayão - O Problema Do Mal No Antigo Testamento

http://slidepdf.com/reader/full/luiz-sayao-o-problema-do-mal-no-antigo-testamento 7/7

O li'ro de Va!arias, toda'ia, que &ora um pro&eta p.s/e4li!o, !ontemporneo de Ageu,&ora es!rito durante o perodo persa, quando a !ultura $udai!a $ esta'a so&rendo impa!todo pensamento dualista do po'o persa" Aqui en!ontramos o pro&eta demonstrandosatans !omo um a!usador de Iosu+ o sa!erdote, onde 2eus o repreende"