Luís Miguel Bernardo

Departamento de Física e Astronomia Faculdade de Ciências / Universidade do Porto

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� Introdução

� Fotografia directa das cores (cromofotografia)

� A fotografia interferencial de Lippmann

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� A fotografia interferencial de Lippmann

� A fotografia indirecta das cores (fotocromografia)

� A fotografia autocroma de Lumière

• A representação de cenas coloridas era feita tradicionalmente através da pintura

• A câmara escura sem e com lente permitia projectar imagens coloridas sobre um alvo (imagem aérea)

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• Encontrar um meio que tivesse a capacidade de fixar directamente a imagem aérea depois desta desaparecer foi o objectivo de vários inventores

• Em face das dificuldades encontradas procuraram-se soluções alternativas, baseadas no princípio tricromático da composição das cores

1810: Seebeck de Iena observa cores no cloreto de prata

~1835: Daguerre reproduz cores com base na fosforescência

1839: Edmond Becquerel usou o procedimento de Seebeck

Post. : Vários investigadores prosseguiram sem sucesso o

1845: Robert Hunt registou o espectro solar num ferrocianótipo

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trabalho de Becquerel: Niepce de Saint-Victor, Poitevin e de Saint-Florent(1873), ( Ver: Davanne, Sequeira e Ruckert )

• A. Davanne, La Photographie: Traité Théorique et Pratique, t. 2, Gauthier-Villarset Fils, Paris, 1888, pp. 341-348.

• Joaquim F. A. Sequeira, Photographia Tratado Theorico-Pratico, 3ª ed., Imprensa de Libanio da Silva, Lisboa, 1896.

• C. Ruckert, La Photographie des Couleurs, Schleicher Frères Édit., Paris, 1900

Em 1889, na comemoração do cinquentenário da invenção da fotografia,

Albert Londe afirmava o seguinte:

No que respeita à fotografia a cores, os resultados

obtidos estão longe de serem tão consideráveis e este

problema apaixonante, cuja investigação fez já

Dificuldades e frustrações …Dificuldades e frustrações …Dificuldades e frustrações …Dificuldades e frustrações …

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problema apaixonante, cuja investigação fez já

soçobrar muitas razões e consumir fortunas, parece

tão insolúvel como o do movimento perpétuo.

• Albert Londe, L’Évolution de la Photographie, Compte Rendu de la 18ème Session , 1ère Partie, Association Française pour l’Avancement des Sciences, Paris, 1889, p. 155.

• Albert Londe, La Photographie Moderne, Practique et Applications, G. Masson, Éditeur, Paris, 1888 (não faz referência à fotografia cromática)

1891: Lippmann: fotografia interferencial ( Nobel de Física, 1908)

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Gabriel Lippmann(1845-1921)

Registo do espectro de uma lâmpada eléctricaRegisto do espectro de uma lâmpada eléctricaRegisto do espectro de uma lâmpada eléctricaRegisto do espectro de uma lâmpada eléctrica

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fendaConjunto de prismas dispersores

de Amici ( Flint e Crown )( Serqueira )

Lâmpada de arco

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Suporte para a placa AAAAcom tina de mercúrio BBBB

Finas lâminas de prata, paralelas às faces da placa

Formação de ondas estacionárias (interferência)

1111 2222 3

Processo físicoProcesso físicoProcesso físicoProcesso físico----químico de registo da imagemquímico de registo da imagemquímico de registo da imagemquímico de registo da imagem

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Cortes na emulsão de gelatina:

1 Branco brilhante2 Branco menos brilhante3 Branco avermelhado

( Cajal )

C ─ vidroG ─ camada fotossensível

Processo físico de formação da imagemProcesso físico de formação da imagemProcesso físico de formação da imagemProcesso físico de formação da imagem

� As lâminas de prata reflectem construtivamente a luz da mesma

cor que as originou

� O fenómeno de interferência construtiva é regulada pela lei de Bragg

� Princípio dos filtros interferométricos (multi-camadas dieléctricas)

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� Princípio dos hologramas de volume de reflexão de

Lippmann/Denisyuk (1962)

Não deixa de ser curioso que Lippmann também se tivesse interessado

pela fotografia integral fotografia integral fotografia integral fotografia integral com que pretendia obter imagens 3-D, como na

holografia.

Limitações da fotografia de Limitações da fotografia de Limitações da fotografia de Limitações da fotografia de LippmannLippmannLippmannLippmann

• Não se consegue fazer cópias a partir dos negativos

• Resultados pouco constantes e pouco reprodutíveis

• Tempos de exposição longos

• As cores são iridiscentes

• Placas de grão fino

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• Não se consegue fazer cópias a partir dos negativos

• Sistemas ópticos complexos para visualizar a imagem

A sua execução correcta supõe perseverança , habitua à exactidão e

limpeza técnicas, disciplina maravilhosamente a atenção e a vontade,

e dispõe e prepara, enfim, para as mais árduas empresas científicas .

(Cajal)

• Difícil execução técnica:

1869186918691869: Charles Cros e Ducos du Hauron com base na tricromia

• As cores são essências que, como as figuras, têm três dimensões, ─ e por consequência exigem três variáveis independentes nas suas fórmulas representativas

• As três espécies elementares da cor são: o vermelho, o

� Princípio da tricromia (Cros)

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Charles Cros, Solution Générale du Problème de la Photographie des Couleurs,Extrait du Journal Les Mondes de M. l’Abbé Moigno, 25 Fev. 1869, Chez Gauthier-Villars, Éditeur, Paris, 1869.

• As três espécies elementares da cor são: o vermelho, o amarelo, o azul

� Operação de análise das cores para produção dos negativos

� Operação de síntese das cores a partir dos positivos ou de matrizes tipográficas

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Charles Cros(1842-1888)

Louis Arthur Ducos du Hauron(1837-1920)

Sensibilidade cromática das placas fotográficas B&W Sensibilidade cromática das placas fotográficas B&W Sensibilidade cromática das placas fotográficas B&W Sensibilidade cromática das placas fotográficas B&W ( emulsão fotossensível )( emulsão fotossensível )( emulsão fotossensível )( emulsão fotossensível )

• A sensibilidade varia com a cor

• Por isso e por causa da curva

fotópica do olho humano há

necessidade de fazer compensações

É raro que duas placas sensibilisadas,

14( Cajal , p. 27 )

É raro que duas placas sensibilisadas, preparadas, expostas, reveladas e tratadas da mesma fórma, dêem resultados eguaes, motivo porque a chromophotographia se conserva ainda n’um estado verdadeiamenteembryonario. [Pré-Lumière]

( Adalberto Veiga, Manual Pratico de Photographia, Lisboa, 1907, p. 206)

Implementação da fotografia indirecta em três placasImplementação da fotografia indirecta em três placasImplementação da fotografia indirecta em três placasImplementação da fotografia indirecta em três placas

Decomposição ou AnáliseDecomposição ou AnáliseDecomposição ou AnáliseDecomposição ou Análise

• São feitos três registos fotográficas da mesma imagem usando três filtros

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C. Ruckert, La Photographie des Couleurs, Schleicher Frères, Éditeurs, Paris, 1900

mesma imagem usando três filtros

Magenta ( M ) Amarelo ( Y )Ciano ( C )

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• Cada uma destas imagens aéreas impressiona uma placa fotográfica B&W

• Obtêm-se três negativos que podem ser compensados escolhendo filtros de diversas densidades ou escolhendo tempos de exposição diferentes

(azul) (vermelho carmin) (amarelo)

Composição ou síntese Composição ou síntese Composição ou síntese Composição ou síntese

• Fazer matrizes tipográficas

• Usar tintas com as cores dos filtros

• Sobrepor as três imagens

Sistema de filtrosSistema de filtrosSistema de filtrosSistema de filtros

Síntese subtractiva Síntese subtractiva Síntese subtractiva Síntese subtractiva

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• RGB para síntese aditiva (mistura de luz, observação

visual)

• CMY para síntese subtractiva (mistura de pigmentos,

registo gráfico)

A fotocromografia é um processo complexo com muitos passos ecom controlo de cores difícil.

• Uso de filtros neutros para balanço de cores

Y

Mistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintas

Síntese subtractiva das cores

Síntese de coresSíntese de coresSíntese de coresSíntese de cores

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Ecrã branco pintado com pigmentos decores primárias:

C (ciano), M (magenta), Y (amarelo)

MC

G

Mistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes cores

Síntese aditiva de cores

Síntese de coresSíntese de coresSíntese de coresSíntese de cores

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Ecrã branco iluminado com feixes de cores primárias:

R (vermelho), G (verde), B (azul)

R B

Y

Mistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintasMistura de pigmentos ou tintas

Síntese subtractiva das cores

Síntese de coresSíntese de coresSíntese de coresSíntese de cores

G

Mistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes coresMistura de luzes de diferentes cores

Síntese aditiva de cores

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Ecrã branco pintado com pigmentos deCores primárias:

C (ciano), M (magenta), Y (amarelo)

MC

Ecrã branco iluminado com feixes de cores primárias:

R (vermelho), G (verde), B (azul)

R B

FotopolicromoscópioFotopolicromoscópioFotopolicromoscópioFotopolicromoscópio

de de de de ZinkZinkZinkZink

(câmara fotográfica tripla)

Sistema óptico para a análise Sistema óptico para a análise Sistema óptico para a análise Sistema óptico para a análise tricromáticatricromáticatricromáticatricromática( ( ( ( cromoscópiocromoscópiocromoscópiocromoscópio ) ) ) )

filtros: (vermelho, verde e azul-violeta)

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As placas P assentam

sobre os filtros

( Ruckert, pp. 117-118 )

filtros: (vermelho, verde e azul-violeta)

CromografoscópioCromografoscópioCromografoscópioCromografoscópio de L. de L. de L. de L. DucosDucosDucosDucos dudududu HauronHauronHauronHauron

3 zonas da 1 chapa fotográfica

3 filtros coloridos

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( Ruckert, p. 161)• Percursos ópticos equivalentes

• Semi-espelhos peliculares

HeliocromoscópioHeliocromoscópioHeliocromoscópioHeliocromoscópio de de de de IvesIvesIvesIves (1892)

Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese tricromáticatricromáticatricromáticatricromática

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monoscópiomonoscópiomonoscópiomonoscópioestereoscópioestereoscópioestereoscópioestereoscópio

EstereocromoscópioEstereocromoscópioEstereocromoscópioEstereocromoscópio

de de de de NiewenglowskiNiewenglowskiNiewenglowskiNiewenglowski

Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese Sistema óptico para a síntese tricromáticatricromáticatricromáticatricromática

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• O outro olho recebe apenas a imagem amarela

( Ruckert, p. 123 )

• Metade do sistema estereoscópico referente ao olho que recebe

a imagem vermelha (R) e verde (V)

• Niewenglowski usou luz polarizada para controlar a intensidade

relativa

Sistema óptico para análise/síntese Sistema óptico para análise/síntese Sistema óptico para análise/síntese Sistema óptico para análise/síntese tricromáticatricromáticatricromáticatricromática

MelanocromoscópioMelanocromoscópioMelanocromoscópioMelanocromoscópio de de de de DucosDucosDucosDucos dudududu HauronHauronHauronHauron (1899)

azul

Para a síntese, o espelho,

a objectiva e o diafragma

são substituídos por uma

ocular

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( Ruckert, p. 171 )

azul

verde

vermelho

Projector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizada

lanterna de lanterna de lanterna de lanterna de IvesIvesIvesIves

26

( Ruckert, p. 165 )

Lanterna mágica triplaLanterna mágica triplaLanterna mágica triplaLanterna mágica tripla

Projector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizadaProjector da imagem sintetizada

As imagens dos três positivos

R, G, B são projectadas e

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( Ruckert, p. 126 )

R, G, B são projectadas e

sobrepostas num ecrã

Síntese sequencial

CromoscópioCromoscópioCromoscópioCromoscópio

de de de de LumièreLumièreLumièreLumière

Visor da imagem sintetizadaVisor da imagem sintetizadaVisor da imagem sintetizadaVisor da imagem sintetizada

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Síntese sequencial

das três imagens

( Ruckert, p. 164)

Imagens fixas em

cartões flexíveis

com filtros de linhas, grelhas, tramas ou mosaicos de dimensões microscópicas

I Mosaico de Autocroma de Lumière

II Retículo da Omnicolora de Jougla

III Retículo da película de Krayn ( N.P.G.)

Implementação da fotografia Implementação da fotografia Implementação da fotografia Implementação da fotografia indirecta numa placaindirecta numa placaindirecta numa placaindirecta numa placa

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IV Retículo da Dioptricroma de Guilleminot

V Retículo da placa de Thames

VI Retículo da nova placa de Powrie Warner

Santiago Ramón y Cajal, La Fotografía de los Colores: Bases científicas y reglaspráticas, com estudo preliminar de Gerardo F. Kurtz, Clan Técnicas Artisticas, (1912) 1994, pp. 44-54.

(m ─ roxo, v ─ verde, r ─ vermelho-laranja)

Placas Placas Placas Placas AutocromasAutocromasAutocromasAutocromas de de de de LumièreLumièreLumièreLumière

Capa de verniz que contém em suspensão

grãos minúsculos de fécula de batata,

colorida com três cores (violeta, verde e

vermelho alaranjado) ; sobre ela um verniz

impermeável e uma emulsão gelatinosa de

PreparaçãoPreparaçãoPreparaçãoPreparação

D=0.2 mmD=0.2 mmD=0.2 mmD=0.2 mm DDDD

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impermeável e uma emulsão gelatinosa de

brometo de prata pancromática.

( Pat. 1903, Com. 1907 )

ExposiçãoExposiçãoExposiçãoExposição

RevelaçãoRevelaçãoRevelaçãoRevelação

InversãoInversãoInversãoInversão

Autocromo positivo

(transparência)

La Photographie des Couleurs et les Plaques Autochromes, Société Anonyme des Plaques et papiers photographiques, A. Lumière et ses Fils, Lyon-Monplaisir, 1906.

DesvantagensDesvantagensDesvantagensDesvantagens

• Filtro compensador para eliminar UV

• Exposições longas (~ 50-60 x as placas normais)

• Reprodução sobre autocromos pouco fiel

• Os tempos de exposição são críticos

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• É inviável a reprodução directa de autocromos sobre papel

• Rodolfo Namias, Manual práctico y Recetario de Fotografia, trad. Rafael GarrigaRoca, Casa Editorial Bailly-Bailliere, S. A., Madrid, 1923.

• L.-P. Clerc, La Technique Photographique, 2 vol., Publications PhotographiquePaul Montel, Paris, 1926-1927.

• Transmitância típica dos autocromos menor que 16%

Foi o processo utilizado até ao aparecimento do Kodachrome (1935)

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