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Lutas, experiências e debates na América Latina : Anais das IV Jornadas Internacionais de Problemas Latino-Americanos

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Lutas, experiências e debates na América Latina : Anais das IV Jornadas Internacionais de ProblemasLatino-Americanos / Alan Baichman ... [et al.] ; compilado por Paulo Renato da Silva , Mario Ayala,Fabricio Pereira da Silva y Fernando José Martins. - 1a ed. edición bilingüe. - Longchamps : ImagoMundi ; Foz do Iguaçu : Universidade Federal da Integração Latino-Americana, 2015.Libro digital, EPUBArchivo Digital: descargaISBN 978-950-793-223-61. Ciencias Sociales y Humanidades. I. Ayala, Mario, comp. II. Paulo Renato da Silva, comp. III.Fabricio Pereira da Silva, comp. IV. Fernando José Martins comp.CDD 301

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    PAULO RENATO DA SILVA, MARIO AYALA

    FABRICIO PEREIRA DA SILVA , FERNANDO JOS MARTINS

    (COMPILADORES)

    LUTAS, EXPERINCIAS E DEBATES

    NA AMRICA LATINA

    Anais das IV Jornadas Internacionais de Proble-

    mas Latino-Americanos

    Foz do Iguau

    Imago Mundi / PPG - IELA UNILA

    2015

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    Primera edicin, 2015

    Lutas, experincias e debates na Amrica Latina : Anais das IV Jornadas Internacionais de Problemas

    Latino-Americanos / Alan Baichman ... [et al.] ; compilado por Paulo Renato da Silva , Mario Ayala,

    Fabricio Pereira da Silva y Fernando Jos Martins. - 1a ed. edicin bilinge. - Longchamps : Imago

    Mundi ; Foz do Iguau : Universidade Federal da Integrao Latino-Americana, 2015.

    Libro digital, EPUB

    Archivo Digital: descarga

    ISBN 978-950-793-223-6

    1. Ciencias Sociales y Humanidades. I. Ayala, Mario, comp. II. Paulo Renato da Silva, comp. III.

    Fabricio Pereira da Silva, comp. IV. Fernando Jos Martins comp.

    CDD 301

    Imagen de portada: Horacio Petre ,Pacfico (Buenos Aires, 2004)

  • NDICE

    Introduo Paulo Renato da Silva, Mario Ayala, Fabricio Pereira da Silva e Fernando Jos Martins

    .............................................................................................................................................................. 1

    Debates de teora poltica latinoamericana en Mxico durante la bisagra de los aos setenta y

    ochenta: avances de investigacin Alan Baichman, Martn Cortes e Andrs Tzeiman ................... 4

    A imagem do ndio atravs do tempo no Brasil Ana Caroline Bonfim Pereira, Anderson Igor Leal

    Costa e Jocenildo Teixeira de Souza .................................................................................................. 21

    Estado, polcia e sociedade: uma anlise das aes do batalho de operaes especiais (BOPE)

    no Amap Ana Caroline Bonfim Pereira .......................................................................................... 32

    O Processo de extino das Aldeias e a permanncia da Identidade Indgena na Vila de

    Itagua no sculo XIX: em busca da manuteno de direitos Ana Cludia de Souza Ferreira .... 45

    Os lugares de memria da ditadura militar no contexto da justia de transio brasileira -

    Anaclara Volpi Antonini .................................................................................................................... 60

    Ms all del Estado, ms ac de la frontera. Reflexiones en torno a las mujeres paseras de la

    frontera La Quiaca (Argentina) - Villazn (Bolivia) Andrea Noelia Lpez ................................ 71

    A securitizao da migrao e sua faceta expressiva por meio das noes de cidadania e

    cultura nas sociedades de recebimento Arthur Lersch Mallmann, Ceclia Maieron Pereira, Filipe

    Seefeldt de Csaro, Maria Catarina Zanini ........................................................................................ 82

    20 aos de lucha por la tierra, 20 aos de contrainsurgencia en Chiapas: 1994-2014 Azucena

    Citlalli Jaso Galvn ........................................................................................................................... 94

    Juventude, engajamento e participao e os padres culturais da sociedade em rede Carla

    Mendona ......................................................................................................................................... 111

    Lutas e organizao poltica no meio rural brasileiro: notas a partir dos movimentos de

    mulheres trabalhadoras rurais Caroline Arajo Bordalo ........................................................... 130

    Fluxos e experincias de trabalhadores no transporte no regulamentado de caf na fronteira

    Brasil-Paraguai (1960) Cntia Fiorotti ........................................................................................... 147

    Deslizes do movimento sindical brasileiro e repercusses para classe trabalhadora: o caso dos

    profissionais secretrios e secretrios executivos Cludia Maria Serino Lacerda Muniz .......... 161

    Incidencia politica de organizaciones sociales autogestivas. Un analisis sobre el entramado de cooperativas y el movimiento cartonero Constanza Lupi e Santiago Fernandez Galeano .... 176

    Militancia e imaginario comunista. La actividad poltica de la Federacin Juvenil Comunista

    en la Argentina de la post-dictadura (1983-1989) Dbora Elizabet Ermosi ............................... 200

    Uma anlise sociolgica da contradio entre a lei e a representao dos adolescentes na mdia

    impressa de Macap Delque Pantoja Medeiros e Rubieli de Abreu Oliveira ............................... 218

    O papel dos servios de ateno primria sade no enfrentamento da pobreza: uma anlise

    preliminar dos municpios da 9 Regional de Sade do Paran - Brasil Delque Pantoja

    Medeiros e Rubieli de Abreu Oliveira ............................................................................................ 231

    El Partido Socialista argentino y su desempeo en el sindicalismo industrial en los aos

    treinta. El caso de la Unin Obrera Textil, 1930-1943 Diego Ceruso ....................................... 248

    Democracia, desenvolvimento capitalista e as lutas dos trabalhadores no Brasil (2013/2014)

    Douglas Ribeiro Barboza, Jacqueline Aline Botelho Lima Barboza, Emilia Oliveira rodrigues,

    Fabiana da Conceio Timoteo, Daniele Cristina de Brito e Flvia Maurcio Figueiredo .............. 270

  • 2

    TELESUR y la Diplomacia Pblica venezolana rico Matos .................................................... 289

    "Por motivao exclusivamente poltica": movimento sindical e as dificuldades na busca pela

    anistia Fernanda Raquel Abreu Silva .............................................................................................. 303

    O Trabalhador Fronteirio e o Regime Jurdico de Trabalho na Fronteira Fernando Jos

    Martins e Manoela Marli Jaqueira .................................................................................................. 316

    Domesticando o movimento indgena: O multiculturalismo no Equador neoliberal Fernando

    Jos Martins e Manoela Marli Jaqueira .......................................................................................... 329

    Cuotas de gnero en la produccin periodstica y de ficcin. Propuestas tericas y marcos

    normativos para el cambio Florencia Laura Rovetto, Ana Clara Borsani e Luciana Caudana .... 346

    Anau! Plnio Salgado e a guinada direita do nacionalismo brasileiro Gianlluca Simi ........ 358

    Intelectuales kirchneristas: una lectura abierta a Carta Gregorio Dolce ................................. 372

    Los primeros pasos de la derrota: represin poltica, frente popular y prdida de influencia

    del Partido Comunista argentino en el movimiento obrero durante los prolegmenos del

    peronismo, 1943-1945 Hernn Camarero ....................................................................................... 384

    Graffiti: Dilogo Estampado de Cores Janana Parentes Fortes Costa Ferreira, Jssika Silva

    Teixeira e Italo Felipe Cury ............................................................................................................. 401

    Justiamento: o espetculo do urbano (a vingana privada da atualidade) Janana Parentes

    Fortes Costa Ferreira e Jssika Silva Teixeira ................................................................................. 415

    A busca de um conceito: resistncias sociais (Uma abertura dentro da crise) Janana Parentes

    Fortes Costa Ferreira, Marlia Luiza de Carvalho Reis e Tuany de Sousa Frana .......................... 427

    Entre o antigo e o novo: consideraes sobre as novas formas de atuao poltica das

    juventudes organizadas Joane dos Santos Arajo ......................................................................... 441

    Remando Contra a Mar: A Iniciativa dos Cursos de Agroecologia do MST/PR Joo Henrique

    Souza Pires e Henrique Tahan Novaes ............................................................................................ 457

    Raa na Descolonialidade Epistmica Joo Roberto Barros II ................................................... 472

    O movimento anarquista no Brasil durante a Primeira Repblica Jocenildo Teixeira de Souza

    .......................................................................................................................................................... 485

    Ganhei a Situao: uma anlise sobre a abordagem e a seletividade policial Jos Luis dos Santos Leal ....................................................................................................................................... 498

    O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ: um olhar etnogrfico Lvia de Barros Salgado e Victria

    Grabois ............................................................................................................................................. 510

    Unidade Camponesa: resistncia e processos de luta em Gois Luiz Henrique de Gomes Moura,

    Thiago Sebastiano de Melo e Jos Valdir Misnerovicz ................................................................... 528

    E da dor se fez arte: Ideologia, memria e representao das ditadura Margarida de Menezes

    Ferreira Miranda Fernandes ............................................................................................................. 554

    Sindicalismo Revolucionario, trabajadores y poltica en Argentina durante el primer gobierno

    de Yrigoyen (1916-1922) Mara Alejandra Monserrat ................................................................... 567

    Sustentabilidad, Estado y gestin comunitaria del agua en Mxico y Ecuador Mara Griselda

    Gnther e Adriana Sandoval-Moreno .............................................................................................. 583

    Policiando a polcia: aspectos das foras de segurana pblica do Brasil no contexto latino

    americano Marina Zminko Kurchaidt ............................................................................................ 602

    A resistncia que vem da aldeia Maurcio Amorim Holanda ....................................................... 616

  • 3

    O carter potencialmente revolucionrio da pedagogia do Movimento dos Trabalhadores

    Rurais Sem Terra (MST) Melina Casari Paludeto e Neusa Maria Dal Ri .................................... 626

    Conflito por terra e gua nos sules: Comunidades Huarpes (Mendoza, Argentina) e

    camponeses do que hoje Suape (Pernambuco, Brasil) Mercedes Sol Prez e Virginia Miranda

    Gassull .............................................................................................................................................. 641

    Mediaes em tempo de redes digitais: cultura, comunicao, hegemonia e juventude nas

    manifestaes de junho de 2013 no Brasil Michele Caroline Torinelli e Ana Luisa Fayet Sallas

    .......................................................................................................................................................... 658

    Movimentos camponeses contra a dominaao e concentraao de poder no Paraguay Nadia

    Alderete ............................................................................................................................................ 678

    Anlisis de la Poltica integral de envejecimiento positivo en Chile Natalie Rojas Vilches .... 692

    Activismo digital: nuevos repertorios juveniles o movilizacin efmera? El caso #yosoy132

    Omar Cerrillo Garnica ..................................................................................................................... 697

    Superexplotacin en la industria de la confeccin de indumentaria. Aproximaciones a partir

    de las transformaciones recientes. Buenos Aires 2004-2013 Paula Dinorah Salgado ................ 711

    Migracin y trabajo: las fronteras de la explotacin. El caso de la industria de la indumentaria. Buenos Aires, 2001-2013 Paula Dinorah Salgado................................................. 739

    A gnese da classe trabalhadora no Brasil: da colnia Independncia Rachel Silva Rodrigues

    .......................................................................................................................................................... 764

    Violncia Sexual Intrafamiliar Contra Crianas e Adolescentes: Consideraes sobre a

    Proteo Jurdica e o Enfrentamento no Brasil Rafael Bueno da Rosa Moreira e Diogo Lentz

    Meller ............................................................................................................................................... 785

    Imprio americano, Banco Mundial e reforma do Estado Rafael de Paula Fernandes Mateus 799

    As contribuies de Antonio Gramsci para a formao do educador Rafael Vicente de Moraes

    .......................................................................................................................................................... 811

    Soberania Alimentar e o Pacto para o Desenvolvimento Sustentvel da Amaznia: uma viso

    ps-colonialista das Relaes Internacionais Raissa Lorena Malcher Sena ................................ 821

    Contradio, Politecnia e Revoluo: Limites de uma polmica Ricardo Scopel Velho .......... 833

    Sofrimento do trabalhador brasileiro: conjuntura internacional, poltica pblica e o

    tensionamento poltico da classe trabalhadora Roberto Coelho do Carmo ................................ 847

    Violncia intrafamiliar do micro ao macrossistema: uma perspectiva bioecolgica para pensar

    a educao Rosa Elena Bueno, Araci Asinelli-Luz, Ado Aparecido Xavier, Aline do Rocio Neves

    e Marlene Schussler D'Aroz ............................................................................................................. 872

    Rede Puxiro dos Povos e Comunidades Tradicionais: relatos de conflitos e demandas para as

    polticas pblicas Rosngela Bujokas de Siqueira e Danuta Estrufika Cantia Luiz ..................... 892

    Entre Movimentos: Dilogos e Perspectivas a respeito da Lei 11.645/2008 Tamires Cristina dos

    Santos e Clarice Cohn ...................................................................................................................... 910

    Democracia enquanto tecnocracia: Uma anlise da atuao da UNICEF na Repblica

    Dominicana Tassiana Vieira de Assis............................................................................................. 926

    A Questo Agrria brasileira: uma anlise dos governos do Partido dos Trabalhadores entre

    os anos de 2003-2010 Thaylizze Goes Nunes Pereira e Mirian Claudia Loureno Simonetti ...... 945

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    Mobilizaes Urbanas Latino-Americanas, e o direito de ir e vir: Caracazo e as revoltas de

    junho de 2013 no Brasil Vanessa Cristhina Zorek Daniel, Manoela Marli Jaqueira e Fernando Jos

    Martins ............................................................................................................................................. 966

    A construo da identidade nacional e cultural e a relao com a instabilidade poltica

    haitiana no final do sculo 20 Victor de Carli Lopes e Wagner Fernandes de Azevedo .............. 977

    El dilema de la Autonoma: movilizacin social y proyectos alternativos en Amrica Latina

    Victoria Darling ............................................................................................................................... 995

    Todos juntos y al mismo tiempo. Lucha poltica y formas de organizacin del movimiento

    obrero argentino: el caso de Electromecnica Argentina (1969-1975) Walter L. Koppmann 1008

  • Introduo

    Balano das IV Jornadas Internacionais de Problemas Latino-Americanos: Amrica Latina:

    lutas e debates por uma integrao dos povos

    Paulo Renato da Silva1

    Mario Ayala2

    Fabricio Pereira da Silva3

    Fernando Jos Martins4

    Este livro rene trabalhos apresentados nas IV Jornadas Internacionais de Problemas Latino-

    Americanos, realizadas de 27 a 29 de novembro de 2014 em Foz do Iguau (Brasil). Organizado

    pela Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA) e pela Universidade Estadual

    do Oeste do Paran (UNIOESTE), o evento deu sequncia a encontros que j esto se tornando (as-

    sim esperamos) uma tradio de reflexo crtica acerca dos desafios latino-americanos.

    A ideia inicial das Jornadas remonta organizao das Jornadas Historia Mxico en Argen-

    tina (Rosrio, setembro de 2006). Na sequncia daquele evento, comeou-se a pensar em criar um

    espao de encontro e intercmbio sobre problemas latino-americanos que permitisse articular distin-

    tos interesses e inquietudes. A inteno era criar uma rede acadmica sobre a temtica que pudesse

    reforar as atividades docentes e de pesquisa de seus participantes, vinculando-os a outros espaos

    acadmicos e organizaes sociais da regio. Pairava a ideia de intervir no campo poltico-social

    desde nosso espao acadmico em construo, pois que todos os que se articularam ideia vinham

    de participarem diversas experincias polticas militantes desde meados dos anos 1990. Fazia falta

    armar uma rede e pensar conjuntamente a regio e seus problemas. Por estas razes os objetivos

    foram mltiplos e complementares: a) articular uma rede na Argentina e na regio entre acadmicos

    latino-americanistas; b) reunir ctedras e estudiosos de Histria da Amrica Latina Contempornea;

    c) debater preocupaes polticas e intelectuais a respeito da mudana de poca nas lutas polticas e

    1 Professor da Graduao de Histria-Amrica Latina, do Mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos

    (PPG IELA UNILA) e do Programa de Ps-Graduao em Integrao Contempornea da Amrica Latina (PPG-ICAL) da Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA). 2 Professor da Ctedra de Problemas Latino-Americanos Contemporneos e Pesquisador do Instituto Interdicisplinario

    de Estudios e Investigaciones sobre America Latina, Facultad de Filosofa y Letras, Universidad de Buenos Aires

    (UBA). 3 Professor da Graduao em Cincia Poltica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e do

    Programa de Ps-Graduao em Cincia Poltica da Universidade Federal Fluminense (PPGCP-UFF). 4

    Professor do Colegiado de Pedagogia e do Programa de Ps-Graduao Sociedade, Cultura e Fronteiras da

    Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), Campus Foz do Iguau.

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    sociais anti-neoliberais que se ativaram desde a dcada de 1990, em particular quanto aos movimen-

    tos sociais; d) reunir e realizar este balano com acadmicos, especialistas, pesquisadores/ativistas

    de movimentos sociais. Essas preocupaes desembocaram nas I Jornadas, na Universidade Nacio-

    nal de Mar del Plata (2008).

    Quando iniciamos os trabalhos visando organizao das IV Jornadas, tnhamos duas preo-

    cupaes. Primeiro, queramos que elas dessem prosseguimento ao espao bianual de dilogo e ino-

    vao iniciado em Mar del Plata e que teve prosseguimento na Universidade Nacional de Crdoba

    (Crdoba, 2010) e na Universidade Nacional de Cuyo (Mendoza, 2012), na medida em que as Jor-

    nadas sempre foram marcadas pela vocao latino-americanista e pela abertura a novos temas. Para

    isso tnhamos que atrair acadmicos e militantes sociais de diversas latitudes, e garantir o espao

    para a realizao de debates francos. Segundo, gostaramos que esta edio constitusse o marco de

    sua definitiva internacionalizao. As Jornadas tiveram desde sempre em sua organizao e assis-

    tncia a atuao de pesquisadores, professores e ativistas de todas as partes da Amrica Latina e do

    mundo, mas nasceram da iniciativa de diversos colegas, ctedras, cursos e movimentos sociais da

    Argentina. No entanto, sentamos que o evento havia atingido maturidade suficiente para comear a

    viajar mais, voltando de tempos em tempos ao seu rinco natal. O local escolhido (a Fronteira Tri-

    nacional de Brasil, Argentina e Paraguai) e a vocao latino-americanista de uma das instituies

    organizadoras (a UNILA) no foram mera coincidncia.

    Esperamos ter cumprido com os dois objetivos. Ao menos, realizamos as maiores Jornadas

    at o momento, com 40 Simpsios Temticos, 670 resumos recebidos e 450 aceitos (totalizando 510

    autores). Tivemos ao fim e ao cabo cerca de 600 participantes entre apresentadores e assistentes.

    Alm da expressiva participao de brasileiros de diferentes partes do pas, as IV Jornadas Interna-

    cionais de Problemas Latino-Americanos tambm contaram com a participao macia de estran-

    geiros que vieram de vrios pases, sobretudo da Amrica Latina. Como tradio das Jornadas,

    garantimos espaos para apresentao e discusso de trabalhos em andamento ou concludos, de

    jovens ou experientes pesquisadores, com distintos enfoques terico-metodolgicos, e suas ativida-

    des se caracterizaram pela interao entre acadmicos e ativistas de organizaes e movimentos

    sociais. Militantes sociais de toda ordem, de organizaes no governamentais a movimentos soci-

    ais, compuseram o pblico do evento, em conjunto com acadmicos, estudantes e professores. Vale

    ressaltar tambm o nmero de militantes sociais que esto no interior da academia, realizando estu-

    dos de ps-graduao, ou mesmo de graduao, que foram significativos na composio do evento.

    E esperamos que as Jornadas viajem sempre que possvel a novos pases, com intercaladas com

    retornos a seu pas de origem.

    Na convocatria das Jornadas, propomos como tema central Amrica Latina: lutas e deba-

    tes por uma integrao dos povos. Desdobramos essa proposta em trs eixos:

  • 3

    1) A atuao dos movimentos sociais, sindicatos e da cidadania em geral em defesa de uma outra

    integrao latino-americana, com maior preocupao social e participao cidad. Organizaes e

    ativistas vm atuando em diversos campos como a luta pela terra, emprego e condies de trabalho

    dignas, sade, livre circulao humana, ecologia, a defesa dos direitos humanos e a memria em

    torno de suas violaes, por transformaes nos espaos e instituies de integrao, e propondo

    diversas formas de articulao supranacional (como a Via Campesina ou movimentos altermundia-

    listas). Se a anlise dos espaos e instituies oficiais de integrao importante, tambm se im-

    pe crescentemente o estudo da atuao da cidadania supranacional dentro e fora desses espaos,

    pois as estratgias de ao dos movimentos sociais adotam cada vez mais uma lgica de articulao

    transnacional.

    2) Seguem de mos dadas com esse debate os esforos por se pensar a Amrica Latina desde a

    Amrica Latina, nos diversos campos do conhecimento relacionados s cincias humanas e sociais.

    Debates em torno da colonialidade, da reativao da teoria crtica e propostas em torno de novos

    padres de desenvolvimento (como o bem viver) se tornam frequentes, denotando a crescente

    necessidade de produo (no mais reproduo) de pensamento local.

    3) Novos movimentos de protesto, organizaes sociais, movimentos polticos, governos e espaos

    participativos se impem como atores no cenrio latino-americano desses primeiros anos do sculo

    XXI. Para que se possa pensar em integrao e em novos paradigmas terico-polticos e um novo

    horizonte emancipatrio para a regio, torna-se essencial refletir sobre problemas como: as relaes

    entre antigos, novos e novssimos movimentos sociais, e destes com os partidos; os novos

    governos progressistas e Estados refundados, e suas complexas relaes com as organizaes popu-

    lares; e as possibilidades e limites na articulao entre as instituies representativas e a democracia

    das ruas; os novos lugares de memria e a (re)escrita da Histria na Amrica Latina.

    Aps um nmero da Revista Sures (n. 5, 2015) reunindo trabalhos dos conferencistas convi-

    dados, agora entregamos ao pblico uma compilao de 65 dos trabalhos apresentados nas IV Jor-

    nadas Internacionais de Problemas Latino-Americanos. Acreditamos que eles expressam os referi-

    dos eixos, enfatizando notadamente o debate em torno dos movimentos sociais. Esperamos que a

    leitura constitua um panorama dos debates ocorridos naqueles dias em Foz do Iguau. Agradecemos

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) e ao Programa de Ps-

    Graduao Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos (IELA) da UNILA pelo apoio organi-

    zao do evento e edio deste livro; a Manoela Jaqueira, Aline Cristina Paiva e Vanessa Zorek

    por todo o apoio logstico; e a Matheus Pestana e Cecilia Kondolf pela ajuda na edio do livro.

    Boa leitura!

  • 4

    Debates de teora poltica latinoamericana en Mxico durante la bisagra de los aos setenta y

    ochenta: avances de investigacin

    Alan Baichman (CCC/UBA [email protected]); Martn Cortes (CCC/UBA [email protected]);

    Andrs Tzeiman (CCC/UBA [email protected])

    Resumen

    El presente trabajo se inscribe en un proyecto de investigacin titulado Estado y Marxismo en la

    Teora Poltica Latinoamericana. Un anlisis de los debates de los aos setenta y ochenta, el cual

    lleva tres aos. En l analizamos los debates sobre teora poltica latinoamericana producidos en el

    contexto mexicano durante la bisagra de los aos setenta y ochenta, escogiendo como objeto de

    estudio cuatro libros elaborados entre los aos 1978 y 1981. En todos los casos se expresa la con-

    fluencia de autores de diferentes regiones del continente, y se incorpora el aporte de intelectuales

    europeos de relevancia. Partimos de la hiptesis acerca del carcter singular e indito de este mo-

    mento de reflexin de orden latinoamericano. Con el propsito de sistematizarlos, hemos estableci-

    do ejes temticos que consideramos principales en el clima de poca de referencia, y que a su vez,

    constituyen el nudo central de las reformulaciones a las que la teora marxista estaba siendo someti-

    da como balance de las experiencias polticas recientes. Los tres ejes temticos/conceptuales en los

    que agrupamos los trabajos en este texto son: 1) Estado; 2) Hegemona; 3) Socialismo y democra-

    cia.

    Summary

    This work is part of a research project entitled State and Marxism in Latin American Political Theo-

    ry. An analysis of the debates of the seventies and eighties, which has been started three years ago.

    It analyzed the debates on Latin American political theory produced in the Mexican context hinge

    during the seventies and eighties, choosing as study object four books produced between 1978 and

    1981. In all cases the confluence of authors expressed different regions of the continent, and the

    contribution of European intellectuals of relevance is incorporated. We hypothesize about the

    unique and unprecedented nature of this moment of Latin American reflection. In order to systema-

    tize, we have established themes that we consider key in the climate of reference epoch, and which

    in turn, form the central core of the reformulations to Marxist theory was undergoing as stock of

    recent political experiences. The three thematic / conceptual axes on which group the work in this

    paper are: 1) State; 2) Hegemony; 3) Socialism and Democracy.

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    1. Introduccin

    El presente trabajo se inscribe en un proyecto de investigacin titulado Estado y Marxismo

    en la Teora Poltica Latinoamericana. Un anlisis de los debates de los aos setenta y ochenta, el

    cual ya tiene tres aos de duracin. Se lleva a cabo entonces la redaccin de esta ponencia en el

    marco del inicio de una etapa del proceso investigativo que pretende comenzar con la elaboracin

    de las conclusiones, y por ende, con la realizacin de un trabajo final que cristalice lo desarrollado

    hasta aqu. En ese sentido, y de acuerdo con las necesidades actuales de la investigacin menciona-

    da, esta ponencia tiene como propsito presentar una sistematizacin de los ejes de trabajo que se

    han construido en base al objeto de estudio seleccionado.

    El proyecto de investigacin de referencia, con el afn de analizar los debates sobre teora

    poltica latinoamericana producidos en el contexto mexicano durante la bisagra de los aos setenta y

    ochenta, ha escogido como objeto de estudio cuatro volmenes que recogen trabajos de teora pol-

    tica elaborados entre los aos 1978 y 1981. Tres de ellos recopilan las ponencias de distintos semi-

    narios llevados a cabo en esos aos, mientras que el cuarto es una compilacin de artculos. En to-

    dos los casos se expresa la confluencia de autores de diferentes regiones del continente -aportando

    por ende miradas diversas sobre la heterogeneidad que existe entre los pases latinoamericanos-, e

    incluso se incorpora en algunos volmenes el aporte de intelectuales europeos de relevancia.

    En primer lugar, seleccionamos el encuentro realizado en octubre de 1978 en Puebla, bajo el

    nombre de El Estado de transicin en Amrica Latina, que sera publicado dos aos ms tarde

    como Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina (AAVV, 1980). Participan

    all, entre otros, Norbert Lechner, Oscar del Barco, Enzo Faletto, Carlos Franco y Ludolfo Paramio.

    En segundo lugar, en febrero de 1980, se realiza en Morelia el seminario Hegemona y al-

    ternativas polticas en Amrica Latina, que se publicara con ttulo homnimo cuatro aos ms tar-

    de (Labastida, 1985). Autores como Jos Aric, Ernesto Laclau, Emilio de Ipola, Norbert Lechner,

    Juan Carlos Portantiero y Fernando Henrique Cardoso participaron de los debates all suscitados.

    En tercer lugar, hablamos del seminario realizado en 1981 en Oaxaca, titulado Los nuevos

    procesos sociales y la teora poltica contempornea, publicado homnimamente en 1986 (Labasti-

    da, 1986). Entre otros, Ren Zavaleta, Adolfo Snchez Vzquez, Juan Carlos Portantiero, Manuel

    Antonio Garretn, Elmar Altvater y Christine Buci-Glucksmann exponen en ese contexto sus traba-

    jos sobre dilemas polticos de la regin.

  • 6

    Adems, hemos atendido especialmente una compilacin hecha por Norbert Lechner. Se tra-

    ta del libro Estado y poltica en Amrica Latina, publicado en Mxico en 1981 (Lechner, 1981).

    Adems del propio Lechner, participan en ella Ernesto Laclau, Edelberto Torres Rivas, Sergio Zer-

    meo, Oscar Landi y Guillermo ODonnell, entre otros.

    Luego de haber realizado una exhaustiva revisin de estos cuatro volmenes sealados, lle-

    vamos adelante una bsqueda tendiente a complementar dicha revisin con la lectura y el anlisis

    de otros volmenes, as como de revistas en las que los problemas de inters eran debatidos.

    Hablamos de revistas como Controversia, Cuadernos Polticos, Crtica & Utopa, Revista Mexica-

    na de Sociologa, la peruana Socialismo y Participacin, entre otras, que acompaaron la realiza-

    cin de importantes seminarios, coloquios, debates y cursos como los que constituyen nuestro obje-

    to de estudio, y que se dedicaron al abordaje de trascendentes problemas de teora poltica en Am-

    rica Latina. Adems, el mundo editorial mexicano daba lugar a un rico momento en materia de va-

    riadas publicaciones dentro del universo marxista. Sostenemos pues que en el contexto mexicano de

    la interseccin entre los aos setenta y ochenta, se produjo un clima privilegiado, de confluencia de

    numerosos y destacados intelectuales latinoamericanos (como los mencionados ms arriba), en el

    que predominaron las reflexiones en el campo de la teora poltica, y donde los moldes tericos del

    marxismo acuados en las dcadas precedentes fueron puestos en cuestin. Entonces, adems de los

    cuatro volmenes seleccionados, hemos realizado una lectura pormenorizada de ciertas revistas y

    trabajos individuales de algunos autores de renombre que nos permitieron completar y complejizar

    las caractersticas de los debates que se desarrollaban en aquel clima de poca.

    Partimos de la hiptesis acerca del carcter singular e indito de este momento de reflexin

    de orden latinoamericano. Tratamos por lo tanto de eludir aquella lectura que reduce los debates en

    Mxico a la condicin de semillas de los debates que se desarrollaran luego en torno a la transi-

    cin democrtica entrados los aos ochenta. Esto nos parece importante porque al menos dos razo-

    nes de peso conspiran contra la justa valoracin de las contribuciones desarrolladas en el pas azteca

    en el perodo indicado. Por un lado, el carcter casi sbitamente interrumpido del clima intelectual

    all desarrollado, por el retorno a los pases de origen en el caso de los autores conosureos que en

    ese momento estaban exiliados, y por los giros temticos que ese viaje de vuelta supuso. Por el otro,

    el hecho de que los debates de los ochenta llegaron a desarrollar una coherencia interna y un alcan-

    ce terico y poltico evidentemente superior al clima que los preceda.

    En resumidas cuentas, a continuacin desarrollaremos un trabajo que quiz no resulte del

    todo atractivo, pero que constituye una etapa particular en nuestro proceso de investigacin, y que

    al mismo tiempo, puede brindar interesantes herramientas a quien desee sumergirse en los debates

  • 7

    producidos en el contexto al que se dedica esta ponencia. Haremos entonces un repaso puntual por

    los cuatro volmenes arriba sealados, artculo por artculo, y precisaremos la temtica predominan-

    te en cada uno de ellos, haciendo una breve mencin en algunos casos a los problemas tericos all

    abordados. Con ese propsito, hemos establecido cuatro ejes temticos que a nuestro modo de ver

    resultan los principales en el clima de poca de referencia, y que a su vez, constituyen el nudo de las

    reformulaciones a las que la teora marxista estaba siendo sometida como balance de las experien-

    cias polticas recientes. Fundamentalmente las derrotas del movimiento popular en el Cono Sur,

    aunque tambin en algunos casos, acerca del alza de la lucha de clases en Centroamrica. Los tres

    ejes temticos/conceptuales en los que agruparemos los trabajos sern: 1) Estado; 2) Hegemona; 3)

    Socialismo y democracia. Dejaremos el eje de Nacin para otro trabajo.

    2. Estado

    Aquel volumen en el que predomina indudablemente la reflexin acerca del Estado en America

    Latina es, en consonancia con su ttulo, el libro Estado y poltica en Amrica Latina. Probablemente

    en ese trabajo haya pensado Norbert Lechner en el clebre apartado De la revolucin a la democra-

    cia -perteneciente a Los patios interiores de la democracia (de 1984)- al sealar que en 1981 se

    interrumpi el abordaje sistemtico del Estado en las ciencias sociales latinoamericanas. Sin embar-

    go, en los otros tres volmenes referidos tambin existen textos abocados a ese problema terico-

    poltico.

    Comenzando por el Seminario de Puebla de 1978, su misma convocatoria al inicio del libro

    parte de un sealamiento acerca de la insuficiencia de los enunciados clsicos del marxismo sobre

    el Estado, y ms an, de un atraso de la teora en ese sentido. Sostiene, a su vez, que en aquel con-

    texto las clases dominadas deban suplir la importante carencia que significaba la falta de un pro-

    yecto de Estado popular de transicin. En ese sentido, el Seminario se propona, desde la convoca-

    toria, analizar las alternativas al Estado burgus prefiguradas por los movimientos populares. Pero

    hay all dos trabajos que remiten particularmente al problema del Estado: los de Lechner y Del Bar-

    co y Bruno.

    El de Lechner, un Post scriptum, se centra en una crtica a la idea de extincin del Estado,

    que si bien estaba presente en los textos de Marx, se fortalecera en la matriz leninista. Y plantea

    que dicha concepcin tiende a escamotear las relaciones de dominacin existentes en el socialismo.

    En tal sentido, el gran tema que aparece como preocupacin en este trabajo es el de la constitucin

  • 8

    del socialismo en tanto nuevo orden poltico, en el cual el Estado resulta la exteriorizacin y objeti-

    vacin del sentido social bajo una forma de generalidad.

    Por su parte, Del Barco y Bruno recuperan la definicin de Estado de Gramsci, subrayando

    su profunda inmersin en la sociedad civil y su actuacin fundamentalmente a travs del consenso.

    Asimismo, sealan el carcter contradictorio del Estado burgus, entendiendo su condicin estruc-

    tural, mas considerndolo al mismo tiempo como campo de batalla donde tiene lugar la disputa

    poltica. Tambin Teresa Lozada (1980), aunque en un texto dedicado al estudio especfico de la

    crisis poltica entonces vigente en Mxico, recupera el legado terico de Gramsci al sealar que el

    Estado es el complejo de actividad prctica y terica con la que la clase dominante mantiene el do-

    minio a travs del consenso, rompiendo de ese modo con la concepcin del Estado como mero

    aparato e instrumento de dominio de clase.

    Por su parte, si bien el volumen titulado Hegemona y alternativas polticas en Amrica La-

    tina est mayormente dedicado al concepto de hegemona, algunos de los trabajos all contenidos

    aportan ciertos elementos sobre el concepto de Estado. En el trabajo de Emilio de pola y Liliana de

    Riz podemos encontrar un ejemplo de esto, ya que si bien hay una predominancia del problema de

    la hegemona, encontramos un aporte preciso acerca del Estado. All los autores sostienen que un

    rasgo histrico y estructural de todas las sociedades latinoamericanas es que el Estado ha desempe-

    ado un papel social fundamental. A tal punto, que segn ellos, no parece excesivo afirmar que es

    esas sociedades todo pasa por el Estado, particularmente si se tiene en cuenta que es precisamente

    el Estado el terreno privilegiado en el que las fuerzas sociales se constituyen como tales. Conse-

    cuencia de este papel del Estado ha sido entonces la marcada politizacin de los conflictos y sujetos

    sociales.

    En tanto, el texto de Lechner, titulado Aparato de Estado y forma de Estado, tiene como

    centro (tal como lo indica el propio ttulo) la cuestin estatal. Nuevamente aqu el problema del

    Estado est ntimamente vinculado a la construccin de un nuevo orden poltico. El autor chileno-

    alemn sostiene que las izquierdas han equiparado la estrategia de poder con la estrategia de orden,

    perdiendo de vista de esa forma el momento poltico general en la conformacin de un nuevo orden

    social. Pues si bien aquello que caracteriza a la sociedad capitalista es la divisin en clases de la

    sociedad, un nuevo orden debe ocuparse de constituir un momento general que permita sintetizar

    los intereses particulares y de ese modo cohesionar y resumir la convivencia social, comprendiendo

    que el poder unificador de la sociedad es el Estado. As, Lechner diferencia entre forma de Estado y

    aparato de Estado, entendiendo a la primera como el referente fundante de la convivencia social, la

    cual por cierto, ha sido tendencialmente desplazada por las izquierdas para centrar su preocupacin

  • 9

    en el aparato de Estado. Una distincin que, segn el autor, est presenta ya en la obra de Gramsci,

    en la contraposicin del Estado en Oriente (como aparato estatal) y en Occidente (como idea de

    Estado) y en la nocin de hegemona como transformacin de un poder particular a un orden gene-

    ral (espritu estatal), cuya constitucin debe ser tarea del movimiento popular. El Estado es enton-

    ces la forma bajo la cual la sociedad se unifica y representa a s misma.

    Destacamos en este libro tambin el artculo de Chantal Mouffe, titulado Hegemona, polti-

    ca e ideologa. All de nuevo tiene preeminencia el problema de la hegemona, mas aparecen ele-

    mentos de conceptualizacin del fenmeno estatal. Pues el eje central de su trabajo es la relacin

    entre Estado e ideologa, tratando de brindar una lectura alternativa a la de Louis Althusser con su

    concepto de Aparatos ideolgicos del Estado. La autora sostiene que un concepto elemental para

    abordar aquella relacin es el gramsciano de Estado integral. El cual implica la inclusin en el Es-

    tado tanto de la sociedad civil como de la sociedad poltica. Y al mismo tiempo, un concepto am-

    pliado del Estado que contemple su carcter educador, as como su capacidad de absorber a toda la

    sociedad mediante una ampliacin de sus funciones y de sus bases sociales. En cierta relacin con

    este texto de Mouffe, debemos mencionar el texto de Carlos Pereyra (mexicano, y uno de los fun-

    dadores de la revista Cuadernos Polticos), cuyo propsito es tambin el de entablar un debate con

    el concepto althusseriano de Aparatos ideolgicos del Estado.

    El seminario de Oaxaca, por otra parte, resulta un tanto particular, pues all no solo partici-

    pan un gran nmero de intelectuales europeos, sino tambin porque comienzan a emerger una serie

    de problemticas y autores que desplazan al marxismo como eje de gravedad en cierta parte de las

    discusiones. De cualquier forma, ello no impide que aparezcan reflexiones en torno a lo estatal.

    En su artculo sobre la crisis de los pases centroamericanos en el ocaso de los aos setenta,

    Edelberto Torres Rivas seala las caractersticas de la lucha poltica en esa subregin: represin y

    terror generalizado, vaco hegemnico y desvalorizacin total de los elementos propiamente de-

    mocrtico-burgueses. Lo cual provoca que el ejrcito se convierta en un actor privilegiado de la

    poltica, as como tambin que dicha institucin sea una expresin de relaciones de fuerza que, a su

    vez, reproduce en su interior las divisiones y conflictos que surcan la sociedad. Sostiene tambin

    Torres Rivas que en sociedades atrasadas como las centroamericanas, el margen de autonoma rela-

    tiva del Estado es menor en relacin a otras formaciones econmico-sociales, mientras que se cons-

    tituye en el terreno en el que las fuerzas sociales dominantes terminan de constituirse.

    Por su parte, Enzo Faletto escribe un artculo que busca debatir con las teoras de Ral Pre-

    bisch. All, sostiene que algo caracterstico de Amrica Latina es expresar las pujas distributivas en

    fuertes presiones sobre el Estado. La disputa por el excedente se concentra en el Estado, en tanto

  • 10

    tambin se ha erigido como principal mecanismo de redistribucin. Esto explica, segn Faletto, las

    crisis de las democracias latinoamericanas, que dieron lugar a los procesos de desmantelamiento del

    Estado a fines de los aos setenta, en la medida en que stos tenan un fuerte papel distribuidor.

    Como colorario de los abordajes de este volumen sobre lo estatal, es interesante hablar aqu

    del artculo de Christine Buci-Glucksmann. Su trabajo expresa cabalmente un acuse de recibo de la

    crisis del marxismo que se estaba viviendo en la Europa latina, pero en el mbito del debate lati-

    noamericano. Sin embargo, la intervencin de Buci-Glucksmann no se centra en los problemas es-

    pecficamente latinoamericanos de la teora poltica. La propuesta en clave gramsciana de una con-

    cepcin ampliada de la poltica plantea una deslocalizacin de la poltica, su desformalizacin y su

    deskeynesizacin. Dando cuenta de esa forma, de un intento de desplazamiento de la poltica en

    relacin al Estado, un aspecto que evidentemente se contrapone con muchas de las lecturas sobre el

    fenmeno estatal en Amrica Latina. Con estas apreciaciones queremos destacar tanto la recepcin

    de la crisis del marxismo como la traduccin que de ese fenmeno debern hacer los autores lati-

    noamericanos en vistas de no asumir ciertas derivas especficamente europeas de aquellas reformu-

    laciones.

    Por ltimo, son muchos y muy variados los aportes que sobre la cuestin estatal se desplie-

    gan en el volumen Estado y poltica en Amrica Latina, compilado por Lechner. Empezando por la

    presentacin de dicho libro, ste ltimo autor parte de un dficit terico en los estudios sobre el

    Estado, considerando que ste siempre ha estado involucrado en los conflictos sociales. Propone por

    lo tanto que el volumen colabore en la elaboracin de una perspectiva para su abordaje. Ms all de

    ello, presenta algunos elementos preliminares. Por un lado, retoma de Marx la idea de sntesis de la

    sociedad bajo la forma de Estado, es decir, el Estado como producto y como productor de la socie-

    dad. Y plantea que la separacin moderna de Estado-sociedad no es una separacin orgnica, y

    que por ende, debe pensarse la objetivacin del poder como un aspecto constitutivo de la vida so-

    cial.

    Por su parte, Sergio Zermeo en su artculo problematiza la existencia en los pases de desa-

    rrollo capitalista tardo de una difraccin entre economa y poltica. Un fenmeno que tambin se

    despliega, por lo tanto, en Amrica Latina. Es decir, que el desarrollo capitalista latinoamericano se

    produce sin que necesariamente absorba al conjunto de la unidad societal. Sostiene entonces que esa

    dislocacin provoca funciones emergentes del Estado en la medida en que ste es el nico capaz de

    afrontar la difraccin economa/sociedad. Esta singularidad latinoamericana genera en nuestros pa-

    ses, segn Zermeo, recurrentes crisis de hegemona. Se configura una situacin en donde afronta-

    mos una sobrepolitizacin de la sociedad, y a su vez, una desocializacin de la dinmica histrica.

  • 11

    Hasta aqu hemos presentado algunos de los elementos encontrados en los cuatro volmenes

    a los que hemos hecho referencia en la introduccin de este trabajo. Podramos explayarnos sobre

    otros aportes menores, aunque consideramos que las menciones realizadas otorgan un panorama

    relativamente acabado tanto de las contribuciones efectuadas como de los autores involucrados en

    las mismas.

    3. Hegemona

    La tematizacin del concepto de hegemona presente en los volmenes que estamos anali-

    zando, involucra dos aspectos, los cuales se encuentran ntimamente vinculados entre s a travs de

    un punto de partida terico. ste es el de la discusin apuntada por Jos Aric en el prlogo a

    Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina, acerca del carcter irreductible o no del con-

    cepto de hegemona acuado por Gramsci (autor fundamental en las reformulaciones tericas de

    este clima de poca) en relacin a la categora leninista de alianza de clases. De este debate se des-

    prenden los dos aspectos que estarn en debate en los volmenes de nuestro inters. Por un lado, el

    problema del reduccionismo de clase, es decir, el cuestionamiento del carcter transparente de la

    relacin entre el lugar en el proceso de produccin y el lugar ocupado en el plano de la poltica. O

    bien, la teorizacin del trnsito de uno hacia otro lugar, considerando su complejidad y la opacidad

    que caracteriza ese sinuoso camino. Esto no es otra cosa que el dilema de la constitucin de los su-

    jetos polticos en la lucha de clases. Por el otro lado, la hegemona aparece tematizada bajo el pro-

    blema de la construccin de un inters general, que logre condensar los intereses particulares que

    existen en la sociedad. A continuacin haremos un repaso por los trabajos de estos cuatro volme-

    nes a los que venimos refirindonos en los que se presenta un desarrollo terico a propsito del

    concepto de hegemona, aclarando inicialmente que el grueso de los mismos se halla en Hegemona

    y alternativas polticas en Amrica Latina, puesto que dicho volumen tiene propiamente como su

    objetivo central adentrarse en ello.

    En el volumen Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina tanto los

    artculos de Herbert Souza y Norbert Lechner, como el escrito conjuntamente por Ludolfo Paramio

    y Jorge Reverte realizan aportes al concepto de hegemona. El trabajo de Souza, -dedicado princi-

    palmente al estudio de las posibilidades de transicin a la democracia en Brasil luego de quince

    aos ininterrumpidos de dictadura-, se plantea los desafos en la construccin de un proyecto

    hegemnico. En ese sentido, el autor plantea en primer lugar la articulacin interna entre los inter-

    eses diferenciados de las clases subordinadas, para expresar a los intereses particulares y generales

    de las fuerzas sociales que componen el proyecto. El cual, en segundo lugar, debe implicar un mo-

  • 12

    vimiento poltico capaz de establecer para s el objetivo de conquistar todas las lneas de lucha, en

    todas las trincheras de la sociedad (economa, poltica, ideologa). En un tono similar, Lechner en su

    ya mencionado Post scriptum, define prcticamente al socialismo como la construccin de un orden

    cuyo problema central es la mediacin entre intereses particulares e inters general.

    En tanto, el artculo de Paramio y Reverte se aboca a la dilucidacin de las posibilidades de

    una transicin de la dictadura a la democracia en Espaa bajo una hegemona obrera. Para ello, am-

    bos autores sostienen que la incorporacin de las capas medias en la construccin de un proyecto

    popular de transicin tiene un papel fundamental. As, indican que la clase obrera no puede prescin-

    dir de ellas en la conformacin de un nuevo bloque hegemnico. Esto los lleva a realizar una consi-

    deracin de importancia en relacin con la definicin de las clases: su definicin poltica no consti-

    tuye una derivacin necesaria de la posicin estructural y econmica de las clases. Ms bien, cual-

    quier planteamiento terico realista debe partir del reconocimiento de que la posicin estructural de

    clase no determina las pautas de intervencin polticos de los grupos. Es decir, no existe derivacin

    necesaria en esa relacin, sino un proceso complejo de constitucin de sujetos polticos.

    Mientras tanto, Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina est completamente

    dedicado a abordar el problema de la hegemona, en los propios trminos en que ms arriba lo ex-

    presramos junto con Aric. Aunque ciertamente encontramos algunos artculos puntuales que re-

    visten especial inters. Uno de ellos es, sin duda, el de Ernesto Laclau. Quiz sea este el autor que

    ms desarrolla el concepto de hegemona en el sentido del carcter complejo de la constitucin de

    sujetos polticos. Y lo hace tratando de ajustar cuentas con algunas formas tradicionales de concebir

    el Estado y la poltica en el marxismo: el reduccionismo de clase, la concepcin racionalista y empi-

    rista de las clases, y una visin estrecha de los antagonismos sociales.

    El nudo del trabajo de Laclau est en la superacin de la idea leninista de alianza de clases,

    pues para l la hegemona no es una relacin de alianza entre agentes sociales preconstituidos, sino

    el principio mismo de constitucin de dichos agentes sociales. Y en ello tiene un rol preponderante

    el concepto de articulacin, en la medida en que es a travs de l como se pueden construir nuevos

    sujetos de forma consensual. Tal es as que concibe a los sujetos en tanto sujetos mltiples y a las

    luchas sociales como prcticas articulatorias. Asimismo, tambin juega un papel determinante el

    concepto de antagonismo, pero entendido en un sentido plural, ya que segn Laclau no existe un

    nico antagonismo, sino que stos son mltiples y variados. En sntesis, una estrategia revoluciona-

    ria no puede desplegarse de las contradicciones econmicas del sistema, sino que debe constituirse

    como forma histrica de articulacin de contradicciones diversas en una coyuntura dada (Laclau,

    1985: 29).

  • 13

    En el artculo de Juan Carlos Portantiero, los conceptos de hegemona y Estado aparecen

    fuertemente imbricados. Mas resaltamos especialmente de su trabajo el concepto de modelo de

    hegemona, acuado all por el autor. En dicho texto Portantiero se dedica a pensar la cristalizacin

    de las distintas expresiones que asume la relacin entre Estado y masas durante distintas fases esta-

    tales, asumiendo como referente ineludible la dimensin institucional u organizacional del conflicto

    entre clases. As, la accin poltica dotada de vocacin hegemnica por parte de las clases subalter-

    nas implica la movilizacin hacia espacios institucionales que cristalicen (aun cuando eso ocurra de

    forma refractaria) las demandas populares. El Estado entonces no es solo un producto de las clases

    dominantes para garantizar la hegemona burguesa (como lo planteara clsicamente el marxismo),

    sino tambin un lugar en donde se lleva a cabo la integracin conflictiva de los sectores subalternos.

    Por ende, las sucesivas fases estatales constituyen distintos modelos de hegemona en los cuales las

    luchas populares se expresan diferencialmente en el Estado. La produccin de hegemona es, por

    tanto, la relacin especfica entre masas e instituciones, configurada histricamente, en tanto parte

    constitutiva de la experiencia poltica consciente de las clases populares (Portantiero, 1985). De esa

    forma, el Estado resulta el momento poltico de la dominacin capitalista, y al mismo tiempo se

    erige como espacio crucial en la disputa hegemnica para los sectores subalternos.

    Por otro lado, encontramos el trabajo de Manuel Antonio Garretn, quien escribe un intere-

    sante artculo acerca de las transformaciones en la sociedad chilena luego del golpe militar de 1973.

    All, recogiendo el binomio gramsciano coercin/consenso, el autor sostiene que la asonada militar

    tuvo una doble vocacin: contrarrevolucionaria y fundacional. La primera destinada a reprimir la

    organizacin social y poltica, que haba provocado en Chile un desarrollo agudo de la lucha de

    clases. La segunda como un intento global de reorganizacin de la sociedad, en un contexto de re-

    configuracin del capitalismo a escala internacional. Esta segunda dimensin plantea el problema

    de la hegemona al interior del propio bloque dominante, un aspecto que segn Garretn, no estaba

    saldado al momento del golpe de Estado. Si bien el autor afirma que no existe un modelo hegem-

    nico, pues predomina el uso de la fuerza como forma de la poltica, sostiene al mismo tiempo que

    luego de varios aos de gobierno militar comienza a asomar la introduccin de un nuevo orden, que

    condensa lo viejo y lo nuevo, desarticulando modelos de representacin anteriormente existentes.

    Algunos ncleos novedosos de sentido comn empiezan a emerger como expresin de una nueva

    hegemona: los temas del orden, la seguridad, la eficiencia y la desconfianza en la poltica son

    ejemplos de ello. La creacin incipiente de nuevas normas, valores y estructuras bsicas de la so-

    ciedad, se presentan en el artculo como cuestiones relativas al problema de la hegemona.

    Quiz valga la pena mencionar, a modo de excepcin, el trabajo conjunto de Rafael Loyola

    Daz y Carlos Martnez Assad. All, los autores discuten con quienes sostienen la inexistencia en

  • 14

    Lenin de una hegemona previa del proletariado sobre el conjunto de las clases explotadas, para

    convertirse en clase hegemnica. Es decir, a diferencia de la mayora de los intelectuales que for-

    man parte del volumen, Loyola y Martnez Assad afirman que existe una continuidad sin rupturas

    entre las obras de Lenin y Gramsci, aun en lo que respecta a los conceptos de alianza de clases y

    hegemona.

    En lo que se refiere al volumen titulado Los nuevos procesos sociales y la teora poltica

    contempornea, es importante considerar nuevamente lo planteado ms arriba, acerca del influjo

    europeo de esta publicacin. Pues aqu aparece especialmente un problema que era tratado con sin-

    gular atencin en los pases capitalistas avanzados: el de la aparicin de nuevos sujetos, a la luz del

    surgimiento de luchas novedosas (ecologistas, feministas, etc.). Un aspecto que signa de manera

    notoria las preocupaciones en torno al concepto de hegemona. El artculo de Chantal Mouffe es

    expresivo en ese sentido, ya que apunta el surgimiento de nuevos sujetos y movimientos, as como

    tambin pone en tela de juicio el carcter hegemnico de la clase obrera. Al mismo tiempo, llega a

    preguntarse en qu medida continua resultando adecuada la utilizacin del propio concepto de cla-

    se obrera. Aparece entonces aqu el carcter mltiple de los antagonismos, quitando centralidad al

    conflicto de clase, entendindolo como uno de tanto posibles. Una conceptualizacin que conduce a

    la autora al problema de la articulacin de las luchas, colocando el acento en la confluencia de todas

    las reivindicaciones de carcter democrtico.

    En el mismo movimiento debemos ubicar el trabajo de Ernesto Laclau en este volumen.

    Sostiene all Laclau:

    La unidad de la clase como objeto ltimo de anlisis se disuelve, como en el caso

    del fonema, en un conjunto de distinctive features y no contamos con ninguna teor-

    a de la articulacin diferencial de los mismos. Lucha de clases, en consecuencia,

    pasa a ser un trmino que no es correcto ni incorrecto, sino radicalmente insuficien-

    te para enfrentar los presentes problemas de la prctica socialista (Laclau, 1986: 32,

    nfasis del original).

    El discurso y el lenguaje se convierten en los elementos tericos centrales de la conceptuali-

    zacin de Laclau, pues la unidad de la clase se constituye, segn dicho autor, discursivamente, en-

    tendiendo al discurso como una prctica material, y al sujeto como un resultado de prcticas discur-

    sivas antagnicas.

  • 15

    Sin embargo, en Estado y poltica en Amrica Latina, Laclau plantea una mirada diferente.

    Frente a la crisis en la que ha entrado la teora marxista del Estado como consecuencia de los aspec-

    tos que en el curso del artculo Laclau se encarga de sealar en cuanto a las teoras vigentes (teora

    del capitalismo monopolista de Estado, la escuela lgica del capital, teora de la crisis fiscal del Es-

    tado, teora neorricardiana y teora de Poulantzas), propone centrar la visin en el debate marxista

    italiano, el cual abreva fundamentalmente en la obra gramsciana. De tal manera, plantea una serie

    de aspectos a recuperar y sobre los cuales construir una nueva teora marxista del Estado y de la

    poltica: 1) La concepcin gramsciana de la totalidad social, a partir del concepto de bloque hist-

    rico como unidad orgnica de estructura y superestructura, y la nocin de hegemona como arti-

    culador diferencial de los elementos de la sociedad. Entendiendo al marxismo como historicismo

    absoluto, y dejando de lado al economicismo; 2) Concepcin ampliada del Estado y de la poltica.

    La sociedad civil como campo de disputa del sentido comn de las masas y no solo de la direccin

    poltica, y la revolucin como guerra de posiciones de largo aliento; y 3) Radical historicidad de los

    sujetos de las prcticas hegemnicas. Una lgica de articulacin que rompe con el reduccionismo

    clasista.

    Mientras que en el eplogo del libro, en sintona con otros trabajos ya presentados ms arri-

    ba, Lechner plantea el problema de la construccin de una representacin general de la sociedad en

    la conformacin de un nuevo orden social, solo posible a travs de la prctica hegemnica.

    Si bien otros artculos que trabajan el problema del Estado, o bien, la relacin entre socia-

    lismo y democracia, contienen elementos que ineludiblemente conducen a una problematizacin en

    torno al concepto de hegemona, consideramos que los artculos repasados en las anteriores pginas

    constituyen un muestrario de los debates que pretende recoger la investigacin que estamos presen-

    tando en este trabajo.

    4. Socialismo y democracia

    El momento que hemos ubicado en la bisagra de los aos setenta y ochenta como espacio

    para la emergencia de ciertas reformulaciones en el campo del marxismo en Amrica Latina en-

    cuentra en la relacin entre socialismo y democracia otro tpico destacado. Seguramente no sea

    casual que precisamente en una poca donde se produce la instauracin de regmenes autoritarios en

    la regin, la democracia se presente como un aspecto de inters en el seno de las izquierdas. Aquel

    razonamiento que ser principalmente puesto en cuestin, y profundamente reelaborado en este

    contexto, es el de la equiparacin de la democracia burguesa con una dictadura de las clases domi-

  • 16

    nantes. Si Lenin sostena que la democracia, para referirse a ella con exactitud, deba ser llamada

    por su apellido, esta poca ser testigo de una indagacin en la democracia como valor per se, al

    concebirla como un producto de los procesos histricos de lucha popular, en la medida en que, a la

    luz de los acontecimientos, la dominacin burguesa puede perfectamente desarrollarse a travs de

    regmenes autoritarios.

    En esa sintona, en Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina en-

    contramos los trabajos del peruano Carlos Franco y del chileno Enzo Faletto. El primero parte del

    reconocimiento de que la democracia no ha sido percibida por la izquierda marxista latinoamericana

    como su problema sino en poca reciente. Afirma que, ms bien, supo ser experimentada como

    una trampa tendida por quienes en su nombre prolongaron su dominio histrico. La democracia fue

    usada por la izquierda preferentemente como una tctica para avanzar, en sociedades donde histri-

    camente ha primado la penuria, la miseria y la escasez. Su ausencia como objetivo terico y poltico

    revela, segn Franco, una concepcin del socialismo que hace del Estado y no de la sociedad el

    objeto de transformacin. En contrapartida, el intelectual peruano sostiene que democracia y socia-

    lismo no deben ser problemas distintos sino dimensiones constitutivas de una misma realidad, de un

    mismo proyecto. An ms, plantea que socialismo, democracia y desarrollo son problemas insepa-

    rados, en la medida en que un sistema democrtico tiene como condicin necesaria un proceso de

    cambios orientados al desarrollo econmico.

    Por su parte, Enzo Faletto tambin inicia su trabajo reconociendo que la democracia ha esta-

    do ausente como experiencia poltica y social en la historia de los pases latinoamericanos. De

    hecho, la burguesa y la transformacin capitalista ocurrida en las naciones de nuestra regin, sos-

    tiene Faletto, no han logrado la instauracin de una real democracia burguesa, aun cuando su conse-

    cucin haya estado presente como aspiracin. Ms bien en Amrica Latina se han desarrollado de-

    mocracias donde ha existido una contradiccin entre masificacin y forma elitista de ejercicio del

    poder, lo cual ha redundado en un predominio de una forma autoritaria y coercitiva de relacin del

    poder estatal hacia las masas. Sin embargo, Faletto afirma que la instauracin de regmenes autori-

    tarios en la regin ha provocado una revalorizacin de la democracia formal que parte no solo de su

    consideracin como un mal menor frente al autoritarismo, sino de las dificultades crecientes que

    han experimentado los grupos dominantes para mantener su poder en los procesos de ampliacin

    democrtica.

    Tambin el texto de Herbert Souza mencionado ms arriba a propsito del concepto de

    hegemona contiene algunas apreciaciones acerca del vnculo entre socialismo y democracia. Este

    intelectual brasileo observa que un nmero creciente de marxistas tiende a retomar la cuestin de

  • 17

    la democracia como un aspecto fundamental de la historia poltica de las clases subordinadas y co-

    mo parte incluso de la propia tradicin marxista. La democratizacin no es otra cosa que un produc-

    to de la lucha popular. As, segn Souza, una de las tareas ms importantes que tiene la izquierda es

    la de rescatar el concepto de democracia del arsenal de la burguesa, para reincorporarla, en tanto

    les pertenece, al arsenal de las clases subordinadas.

    Si bien en el volumen Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina predomina no-

    toriamente, tal como sealramos ms arriba, la reflexin en torno al concepto de hegemona, tam-

    bin podemos hallar algunas contribuciones acerca del vnculo entre socialismo y democracia. Un

    ejemplo de ello, es el artculo de Teodoro Petkoff, dedicado al anlisis de la construccin de una

    nueva hegemona en Venezuela, en tanto el reformismo existente en ese pas genera la necesidad de

    abordar la cuestin de los avances democrticos, en el marco de una perspectiva socialista. Petkoff

    rechaza en su trabajo la idea de la democracia como una trampa de los sectores dominantes o un

    rgimen solo nacido para ocultar su beneficio, sino que constituye una conquista histrica del pue-

    blo. De esa forma, desestima una visin instrumentalista u oportunista de la democracia. En conso-

    nancia, seala que una izquierda con vocacin hegemnica debe asumir la condicin democrtica y

    no dejarla en manos de los sectores dominantes. Esto se inscribe en una concepcin del rol de las

    izquierdas que, segn Petkoff, asuma el protagonismo de convertirse en intrprete y factor de est-

    mulo en los procesos histricos.

    Asimismo, Norbert Lechner en su texto (dedicado mayoritariamente a la cuestin estatal)

    tambin hace algunas apreciaciones sobre la relacin entre socialismo y democracia. En dicho inte-

    lectual, la democracia aparece como un problema al considerar la divisin social como un fenme-

    no que persistir an en el socialismo. En la lnea de lo desarrollado ms arriba acerca de Lechner,

    en tanto el nuevo orden social no suprimir la existencia de la poltica, ser necesaria una organiza-

    cin de la sociedad dividida, y por tanto, una fuerza social particular que logre construir un espacio

    de condensacin de los intereses generales de la sociedad. Una tarea para la cual el ejercicio de-

    mocrtico resulta inmanente.

    En cuanto al volumen titulado Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contem-

    pornea, Edelberto Torres Rivas, a propsito del proceso poltico centroamericano se pregunta por

    el carcter del socialismo (Qu socialismo?), para responderse que cuando no hay una cultura

    burguesa implantada como raigambre histrica, la lucha por la democracia y la libertad se convier-

    ten en un acto de rebelda (Torres Rivas, 1986: 278). En el caso centroamericano entonces la

    construccin del socialismo se debe fusionar necesariamente con el reclamo histrico por el ejerci-

    cio de la democracia. Se refiere a un socialismo con libertad, a una democracia socialista, en la me-

  • 18

    dida en que un orden nuevo no puede sacrificar los valores y los reclamos por los cuales lucho en la

    vieja sociedad.

    Por su parte, Enzo Faletto en su artculo realiza una crtica similar a la arriba consignada

    hacia la visin instrumental de la democracia. Sostiene:

    Ya es por todos conocido que el dogmatismo, que vea en la democracia solamente

    una hbil forma de enmascaramiento de la dominacin burguesa y capitalista, ha

    sido reemplazado por un anlisis ms rico y matizado. No obstante, conviene tener

    presente que desarrollo capitalista y democracia no han coincidido necesariamente,

    y menos an es sostenible que la democracia es un desprendimiento del capitalismo

    (Faletto, 1986: 247).

    Mientras tanto, Lechner en su artculo inscribe su aporte sobre el vnculo entre democracia y

    socialismo en el anlisis del proyecto neoconservador en curso en Chile en aquel entonces. Observa

    que el propsito principal de la contraofensiva en ese pas es el derrocamiento de la poltica, pues

    segn Lechner la voluntad de los hombres de decidir sobre sus condiciones materiales de vida y de

    asumir colectivamente la responsabilidad por la vida de todos es combatida en tanto socialismo

    (Lechner, 1986: 216). Y sentencia luego: La decisin colectiva y consciente sobre el proceso de

    produccin material de la vida de eso tratan democracia y socialismo (Lechner, 1986: 217). La

    estrategia neoconservadora en Chile, concluye Lechner, llega a vislumbrar mejor de los que lo ha

    hecho la izquierda, la vinculacin entre democracia y socialismo.

    En Estado y poltica en Amrica Latina escasean las reflexiones en torno al vnculo entre

    socialismo y democracia, predominando como sealramos ms arriba- las contribuciones acerca

    del fenmeno estatal. De cualquier forma, quisiramos rescatar de all el trabajo de Fernando Hen-

    rique Cardoso en el que la discusin sobre el problema de lo poltico, conduce a una revisin de la

    cuestin de la representacin, y en particular la forma en que ello ha sido abordado desde la teora

    marxista. En ese sentido, Cardoso pone en debate la necesidad de promover una relacin dialctica

    entre participacin y representacin, reconociendo las posibilidades que brindan las instituciones de

    la democracia burguesa, y problematizando las tendencias a reificar la democracia directa que exis-

    tieron en la tradicin marxista. Por eso, plantea que si bien la pura democracia liberal no debe ser

    concebida como un prerrequisito para una perspectiva socialista, s debe ser entendida como una

    condicin favorable.

  • 19

    5. Palabras finales: perspectivas de trabajo

    El presente trabajo tuvo como principal objetivo sintetizar la lectura sistemtica de cuatro

    volmenes, que desde nuestra mirada resultan expresivos de buena parte de los problemas de teora

    poltica latinoamericana que fueron desarrollados en la interseccin de los aos setenta y ochenta,

    en el contexto de la academia mexicana. Su exposicin quiz un tanto esquemtica si bien imposibi-

    lit una interaccin mayor entre los textos y autores, creemos que permiti dar cuenta con claridad

    los ejes de lectura que han sido producto del proceso de investigacin encarado, as como las tema-

    tizaciones de cada una de esas lneas tericas.

    En tanto expresin de una etapa particular de un proyecto de investigacin, el siguiente paso

    de este trabajo es el de sistematizar algunas lecturas complementarias a los cuatro volmenes repa-

    sados en estas pginas, con el fin de evitar el agotamiento de las temticas y los ejes tericos en los

    seminarios colectivos desarrollados en Mxico en el perodo en cuestin, sino tambin exponer los

    trabajos de autora individual de distintos intelectuales, que dan cuenta del clima de poca que per-

    miti el abordaje de los problemas de teora poltica latinoamericana a los que hemos hecho refe-

    rencia. Libros como La crisis del Estado en Amrica Latina (Norbert Lechner), Los usos de Grams-

    ci (Juan Carlos Portantiero), Marx y Amrica Latina (Jos Aric), El Estado en Amrica Latina

    (Ren Zavaleta Mercado), Poltica e ideologa en la teora marxista (Ernesto Laclau), por solo

    nombrar algunos distinguidos ejemplos, demuestran el plafn individual de los temas trabajados en

    los volmenes colectivos. Asimismo, la sntesis de problemas abordados en publicaciones de la

    poca nos permitir completar este mapa general. El dossier sobre democracia de la revista Contro-

    versia sea probablemente el ejemplo ms notorio de ello, en tanto all aparece claramente esbozada

    la cuestin del vnculo entre socialismo y democracia.

    Finalmente, un ltimo paso estar constituido por la recomposicin en un trabajo final de lo

    expuesto en esta ponencia, as como de las tareas mencionadas en el prrafo anterior. Siendo el ob-

    jetivo prioritario en ese proceso poder generar la interaccin entre las diversas temticas abordadas,

    buscando de esa forma pensar la posibilidad de la emergencia en el contexto mexicano de nuevos

    elementos de teora poltica, con un notorio perfil latinoamericano. Insertando a su vez esa bsque-

    da en las condiciones de produccin que resultaron posibles en un momento tan particular de Am-

    rica Latina como fue la bisagra de los aos setenta y ochenta.

    Bibliografa

  • 20

    AAVV. Movimientos populares y alternativa de poder en Amrica Latina. Mxico: Universidad

    Autnoma de Puebla, 1980.

    FALETTO, Enzo. Opciones polticas en Amrica Latina. Comentario crtico a la propuesta del

    doctor Prebisch. En Labastida, Julio. Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contem-

    pornea. Mxico: Siglo XXI, 1986, pp. 244-249.

    LABASTIDA, Julio. Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina. Mxico: Siglo XXI,

    1985.

    ___________. Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contempornea. Mxico: Siglo

    XXI, 1986.

    LACLAU, Ernesto. Tesis acerca de la forma hegemnica de la poltica. En Labastida, Julio.

    Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina. Mxico: Siglo XXI, 1985, pp. 19-44.

    ___________. Discurso, hegemona y poltica: consideraciones sobre la crisis del marxismo.

    En Labastida, Julio. Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contempornea. Mxico:

    Siglo XXI, 1986, pp. 30-40.

    LECHNER, Norbert (comp.). Estado y poltica en Amrica Latina. Mxico: Siglo XXI, 1981.

    ___________. El proyecto neoconservador y la democracia. En Labastida, Julio. Los nuevos

    procesos sociales y la teora poltica contempornea. Mxico: Siglo XXI, 1986, pp. 215-243.

    LOSADA C., Teresa. Apuntes para la caracterizacin de la crisis poltica en Mxico, En:

    AAVV. Movimientos populares y alternativa de poder en Amrica Latina. Mxico: Universidad

    Autnoma de Puebla, 1980.

    PORTANTIERO, Juan Carlos. Notas sobre crisis y produccin de accin hegemnica. En

    Labastida, Julio. Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina. Mxico: Siglo XXI,

    1985, pp. 279-299.

    TORRES RIVAS, Edelberto. Ocho claves para comprender la crisis en Centroamrica. En

    Labastida, Julio. Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contempornea. Mxico: Siglo

    XXI, 1986, pp. 260-282.

  • 21

    A imagem do ndio atravs do tempo no Brasil

    Ana Caroline Bonfim Pereira (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected])5;

    Anderson Igor Leal Costa (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected]) 6;

    Jocenildo Teixeira de Souza (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected])7;

    Resumo

    Este presente artigo tem o objetivo de abordar a percepo do homem europeu, em relao aos

    povos nativos do Brasil, e quais relaes foram travadas ao longo de cinco sculos, de acordo com

    a imagem e representao dos ndios para esse homem civilizado.

    Palavras-chave: Imagens, ndios, Brasil

    Substract

    This present article aims to address the perception of European man, when compared to the native

    peoples of Brazil, and relationships which were fought over five centuries, according to the image

    and representation of Indians to this "civilized" man.

    Keywords: Image, ndian, Brazil

    Durante cinco sculos, povos nativos, tambm chamados de ndios quando os

    portugueses chegaram a suas terras e posteriormente a denominaram Brasil, tm sido

    incompreendidos, mal tratados, expulsos de suas terras, escravizados ou mortos, apesar de serem

    os legtimos donos dessas terras, foram duramente tratados, covardemente sufocados por todos os

    no ndios que exerceram poder de comando no Brasil, com raras excees em que se concederam

    direitos, equiparaes a cidados brasileiros, pelo Estado, entretanto, boa parte da sociedade no

    reconhece como legtima a terra, os costumes, tradies e a cultura desses povos nativos.

    5 Acadmica do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap, bolsista do PET - Programa de Educao Tutorial, integrante do GEPVIC (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Violncias e Criminalizaes). 6 Acadmico do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap, bolsista do PET - Programa de Educao Tutorial, integrante do GEPVIC (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Violncias e Criminalizaes). 7 Acadmico do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap.

  • 22

    Apesar do encantamento inicial, com o bom selvagem, esse ser autctone, que tinha uma

    cultura e uma modo de vida, bem diferente do modo de vida dos europeus que aqui chegaram,

    passaram a ser uma ameaa, seus costumes execrveis, portanto deveriam ser civilizados pelo

    europeu que aqui aportou, muito embora fosse ele o natural dessas terras, aps a conquista do

    europeu, o mesmo tornado extico e estranho e sua prpria terra, enquanto o estrangeiro se

    autoproclama o agora natural dessas novas terras, essa relao conflituosa, de cinco sculos, na

    qual quem sempre perdeu foram os povos nativos das Amricas, consequentemente do Brasil, ser

    a tnica explorada, pois a busca da supremacia do homem civilizado sobre o no civilizado, leva

    a vrias consequncias, das quais os povos nativos so herdeiros e o Estado e sociedade presentes

    devem lanar um olhar diferente, mais humanizado, sob pena de ambos cometerem genocdio to

    grave quanto os que foram cometidos ao longo da histria.

    O Achamento do Brasil

    O Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500, pela frota comandada pelo navegador

    portugus Pedro lvares Cabral. Na nau capitnea viajava um passageiro para Calicute, Pero Vaz

    de Caminha. Indicado para o posto de escrivo geral desta feitoria na ndia, ele aproveitou a

    oportunidade para escrever a carta de achamento do Brasil, tal carta, assim como a Ilada,

    descrevera as belezas da nova terra e o deslumbramento do europeu com suas novidades que havia

    se deparado, incluindo povos que j estavam aqui h mais tempo que Portugal tornara-se um

    reino, na Europa. (GRUPIONI, 2000, p. 39).

    Ora, sabemos hoje que as sociedades indgenas estavam implantadas no Brasil h mais de 12.000

    anos e tiveram muito tempo para se transformar. Por outro lado, os ndios descritos pelos cronistas so

    essencialmente os Tupi e os Guarani do litoral, cujas sociedades e costumes eram muito distintos das tribos

    de outros grupos lingusticos ou tnicos existentes daquela poca. (PROUS, 2006, p. 7)

    Quando os portugueses aportaram na nova terra, quase por um acidente, no fosse

    intencionalidade de descobrir novos quinhes a serem explorados, a exemplo do que j haviam

    feito ao longo da costa africana, contornando-a, at chegarem ao oriente distante da ndia e China,

    depara-se com uma terra muito estranha europeia, similar em alguns aspectos frica equatorial

    e com alguma semelhana ao asitico, porm a terra brasileira era completamente singular, e com

    habitantes singulares tambm.

  • 23

    Antes mesmo do achamento do Brasil, o Vaticano estabelece as normas bsicas de ao

    colonizadora, ao regulamentar, com os olhos ainda postos na frica, as novas cruzadas que no se

    lanavam contra hereges adoradores e outro Deus, mas contra pagos e inocentes. (Darcy

    Ribeiro,) e constava nos escritos do papa que seus povos escravizveis por quem os subjugassem.

    perceptvel que os portugueses no se preocupavam com as pessoas que moravam aqui

    no Brasil, no caso os ndios. Eles tinham a preocupao de explorar a terra, primeiramente foi o

    pau-brasil, logo aps os minrios; a inteno era de ocupar e explorar e levar subsdios as

    metrpoles para o fortalecimento da mesma. E isto era muito presente no livro de Paulo Prado, o

    Retrato do Brasil que relata um objetivo estritamente econmico e aventureiro do colonizador

    visto que no criava vnculos de identidade nacional, mas utilizava a colnia para o

    enriquecimento fcil e rpido.

    No incio a aproximao, deu-se de forma pacfica, sem maiores conflitos, visto que no

    litoral, do que hoje so terras baianas, encontraram um povo receptivo ao novo homem que aqui

    chegava, sem desconfiar do porvir dessa chegada e que na prtica seria a tomada de posse suas e

    das demais terras do Brasil.

    De toda forma o achamento do Brasil, foi apenas o comeo da reduo do homem

    natural de suas terras, tanto em populao como na prpria condio de extico em sua prpria

    terra, como vemos assim, o achamento foi conveniente ao portugus, como vemos nas palavras de

    Lcia Bettencourt:

    O termo achar, preferido por Caminha, sugere que se suspeitava da existncia da existncia da

    terra, e que o desvio na rota ensinada por Vasco da Gama nas instrues de navegao dadas a Cabral por

    escrito, se deveu ao propsito de encontrar aquilo mesmo que j se esperava encontrar terra (...), a

    experincia de ver, pela primeira vez, uma regio estranha, habitada por uma gente to diferente dos povos

    conhecidos pelos europeus, fascina Caminha que descreve a terra e seus habitantes com detalhes de

    paisagista e retratista. (GRUPIONI, 2000, p. 39).

    No incio havia um verdadeiro encantamento, uma espcie de ufania, embora poucos

    relatos tenham restado daquela poca, eram cartas em forma de crnica que descreviam com

    riqueza de detalhes tanto a terra quanto as pessoas que aqui viviam.

    A terra aparece sempre descrita como frtil, formosa, copiosa, de climas brandos, de guas fartas.

    S o que muda a opinio dos escritores quanto aos habitantes da regio. Se Caminha os descreve sempre

    em termos altamente positivos, comparando-os, velada ou abertamente, aos habitantes do Jardim do dem,

  • 24

    outros autores, vivenciando ou outro momento histrico, nos brindaro com descries negativas

    ressaltando a crueldade e selvageria dos naturais da terra. (GRUPIONI, 2000, p. 41).

    Caminha, ao escrever para seu rei est, mais do que narrando um descobrimento de terras,

    est fazendo um relato de cronista baseado em sua percepo e atravs do prisma europeu, a partir

    do qual surge, primeiramente a imagem de um povo amigvel, ingnuo, inocente como habitantes

    do paraso terrestre e que, passada a euforia da descoberta do novo, essa imagem vai aos poucos se

    desfazendo em cartas posteriores de outros cronistas, o momento em que os portugueses se

    deparam com o extico e esse extico lhe causa estranheza e at averso, e de acordo com os

    relatos das prximas cartas, onde tomamos conhecimento da antropofagia, das lutas, do modo de

    vida agitado e estranho de um povo cujos padres se afastam tanto dos conhecidos pelos

    portugueses.

    Quem l os primeiros relatos sobre o Novo Mundo, observa que a descrio dos nativos da

    terra obedece a um padro sempre igual: so seres belos, fortes, livres, sem f, sem rei e sem lei

    esse modo de vida era incompatvel com o que os conquistadores tinham como paradigma de

    civilidade e tudo que deriva da mesma, pois como os nativos estavam agora na condio de

    sditos de um novo rei, portanto sob sua gide deveria haver mudana em seu modo de vida.

    A tentativa de moldar o nativo atravs da religio

    Tal modo de vida causava estranheza ao homem, que est, imerso na cultura religiosa

    crist, e principalmente devido aos primeiros catequistas designados para o Novo Mundo serem da

    ordem jesuta, cujos mesmos, eram herdeiros de uma ordem moral ortodoxa e conservadora e

    tinham uma organizao hierrquica que em muito se assemelha ordem militar eficiente de

    nossos dias. Coube a esses missionrios o labor da evangelizao do gentio selvagem, pois as

    prticas por aqui, eram tidas como horrendas, pags, idlatras, cujos praticantes deveriam ter

    contato com a civilidade e abandonar seus costumes.

    Com o conhecimento dos costumes, os cristos se veem convivendo com pessoas cuja

    civilizao mais se aproxima do paradigma de selvageria. Com um estilo de vida comunitrio

    onde toda propriedade dividida igualmente, com casas onde habitam vrias famlias

    compartilhando tudo, com costumes sem paralelo com a experincia europeia, os indgenas vo

  • 25

    merecer descries que demonstram uma atitude atnita de quem no compreende bem o que

    descreve.

    Contraposta imagem boa e bela dos nativos, a ao da conquista ergueu outra, avesso e

    negao da primeira. Agora, os ndios so traioeiros, brbaros, indolentes, pagos, imprestveis

    e perigosos. Postos sob o signo da barbrie, deveriam ser escravizados, evangelizados e, quando

    necessrio, exterminados. (GRUPIONI, 2000, p. 12).

    Quarenta e nove anos mais tarde (...). A viso idlica j no era mais possvel aos olhos

    escolsticos europeus que viam costumes inaceitveis entre os pagos poligamia, canibalismo,

    idolatria. O homem renascentista, com seu desejo de conhecer e entender dava lugar ao jesuta

    desejoso de modificar e corrigir. (GRUPIONI, 2000, p. 41).

    Os jesutas eram bons observadores, entretanto como eram fruto da sociedade crist,

    demonstravam mais que estranheza, chegavam a emitir verdadeiro juzo de valor sobre a

    civilidade, e com base na sua prpria compreenso de civilidade, descreviam os ndios como

    pessoas em estgio bestial, pois no se concebia o agir, do ndio, como um agir civilizado,

    portanto o homem natural, era descrito como extico e estranho, motivo pelo qual deveria ser

    educado nos moldes do homem europeu.

    A construo simblica, estereotipada, sobre os ndios se iniciou com a tentativa de

    colonizao dos europeus, especificamente com os portugueses e sua respectiva religio, liderada

    por jesutas.

    Em 1557, em seu Dilogo sobre a converso do gentio, Padre Manuel da Nbrega

    prope-se a discutir se eles (indgenas) tm alma como ns (europeus). O mrito deste texto est

    nas concluses a que chega o Irmo Mateus Nogueira, alter-ego de Nbrega. Estas concluses

    explicam a selvageria como fruto das diferenas sociais entre europeus e indgenas. Com uma

    organizao poltica to distinta dos sistemas europeus, os ndios brasileiros, apesar de sua

    condio humana, e, portanto, merecedora do esforo catequista, se apresentam como bestas

    estado do homem depois do pecado original. (GRUPIONI, 2000, p. 42).

    E at mesmo o fato de no haver guerras constantes ou por motivos similares aos do

    homem civilizado europeu, quando os mesmos descrevem que no havia guerra por cobia,

    porque todos tinham tudo em comum e nada alm do que pescam e caam e o fruto que toda

    rvore d, mas somente por dio e vingana; em tanta maneira que se do uma topada atiram-se

  • 26

    com os dentes ao pau ou a pedra onde a deram, e comem piolhos e pulgas e toda imundcia,

    apenas por se vingar do mal que lhes fizeram, como gente que ainda no aprendeu non reddendum

    malum pro malo. (GRUPIONI, 2000, p. 41).

    A busca incessante de civilizar o autctone brasileiro levou o governo portugus a

    empreender diversas misses ao longo do territrio brasileiro, muito embora no tenham sido

    somente os portugueses a aportar e explorar esse territrio, foi com o portugus que se travaram

    maiores conflitos, uma vez que, diferentemente dos franceses que estiveram no norte e no sudeste

    do Brasil e desenvolveram bom relacionamento, principalmente em nvel comercial, com os ndios

    locais, os portugueses por sua vez, agora n