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Lutas, experiências e debates na América Latina : Anais das IV Jornadas Internacionais de ProblemasLatino-Americanos / Alan Baichman ... [et al.] ; compilado por Paulo Renato da Silva , Mario Ayala,Fabricio Pereira da Silva y Fernando José Martins. - 1a ed. edición bilingüe. - Longchamps : ImagoMundi ; Foz do Iguaçu : Universidade Federal da Integração Latino-Americana, 2015.Libro digital, EPUBArchivo Digital: descargaISBN 978-950-793-223-61. Ciencias Sociales y Humanidades. I. Ayala, Mario, comp. II. Paulo Renato da Silva, comp. III.Fabricio Pereira da Silva, comp. IV. Fernando José Martins comp.CDD 301
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2
PAULO RENATO DA SILVA, MARIO AYALA
FABRICIO PEREIRA DA SILVA , FERNANDO JOS MARTINS
(COMPILADORES)
LUTAS, EXPERINCIAS E DEBATES
NA AMRICA LATINA
Anais das IV Jornadas Internacionais de Proble-
mas Latino-Americanos
Foz do Iguau
Imago Mundi / PPG - IELA UNILA
2015
3
Primera edicin, 2015
Lutas, experincias e debates na Amrica Latina : Anais das IV Jornadas Internacionais de Problemas
Latino-Americanos / Alan Baichman ... [et al.] ; compilado por Paulo Renato da Silva , Mario Ayala,
Fabricio Pereira da Silva y Fernando Jos Martins. - 1a ed. edicin bilinge. - Longchamps : Imago
Mundi ; Foz do Iguau : Universidade Federal da Integrao Latino-Americana, 2015.
Libro digital, EPUB
Archivo Digital: descarga
ISBN 978-950-793-223-6
1. Ciencias Sociales y Humanidades. I. Ayala, Mario, comp. II. Paulo Renato da Silva, comp. III.
Fabricio Pereira da Silva, comp. IV. Fernando Jos Martins comp.
CDD 301
Imagen de portada: Horacio Petre ,Pacfico (Buenos Aires, 2004)
NDICE
Introduo Paulo Renato da Silva, Mario Ayala, Fabricio Pereira da Silva e Fernando Jos Martins
.............................................................................................................................................................. 1
Debates de teora poltica latinoamericana en Mxico durante la bisagra de los aos setenta y
ochenta: avances de investigacin Alan Baichman, Martn Cortes e Andrs Tzeiman ................... 4
A imagem do ndio atravs do tempo no Brasil Ana Caroline Bonfim Pereira, Anderson Igor Leal
Costa e Jocenildo Teixeira de Souza .................................................................................................. 21
Estado, polcia e sociedade: uma anlise das aes do batalho de operaes especiais (BOPE)
no Amap Ana Caroline Bonfim Pereira .......................................................................................... 32
O Processo de extino das Aldeias e a permanncia da Identidade Indgena na Vila de
Itagua no sculo XIX: em busca da manuteno de direitos Ana Cludia de Souza Ferreira .... 45
Os lugares de memria da ditadura militar no contexto da justia de transio brasileira -
Anaclara Volpi Antonini .................................................................................................................... 60
Ms all del Estado, ms ac de la frontera. Reflexiones en torno a las mujeres paseras de la
frontera La Quiaca (Argentina) - Villazn (Bolivia) Andrea Noelia Lpez ................................ 71
A securitizao da migrao e sua faceta expressiva por meio das noes de cidadania e
cultura nas sociedades de recebimento Arthur Lersch Mallmann, Ceclia Maieron Pereira, Filipe
Seefeldt de Csaro, Maria Catarina Zanini ........................................................................................ 82
20 aos de lucha por la tierra, 20 aos de contrainsurgencia en Chiapas: 1994-2014 Azucena
Citlalli Jaso Galvn ........................................................................................................................... 94
Juventude, engajamento e participao e os padres culturais da sociedade em rede Carla
Mendona ......................................................................................................................................... 111
Lutas e organizao poltica no meio rural brasileiro: notas a partir dos movimentos de
mulheres trabalhadoras rurais Caroline Arajo Bordalo ........................................................... 130
Fluxos e experincias de trabalhadores no transporte no regulamentado de caf na fronteira
Brasil-Paraguai (1960) Cntia Fiorotti ........................................................................................... 147
Deslizes do movimento sindical brasileiro e repercusses para classe trabalhadora: o caso dos
profissionais secretrios e secretrios executivos Cludia Maria Serino Lacerda Muniz .......... 161
Incidencia politica de organizaciones sociales autogestivas. Un analisis sobre el entramado de cooperativas y el movimiento cartonero Constanza Lupi e Santiago Fernandez Galeano .... 176
Militancia e imaginario comunista. La actividad poltica de la Federacin Juvenil Comunista
en la Argentina de la post-dictadura (1983-1989) Dbora Elizabet Ermosi ............................... 200
Uma anlise sociolgica da contradio entre a lei e a representao dos adolescentes na mdia
impressa de Macap Delque Pantoja Medeiros e Rubieli de Abreu Oliveira ............................... 218
O papel dos servios de ateno primria sade no enfrentamento da pobreza: uma anlise
preliminar dos municpios da 9 Regional de Sade do Paran - Brasil Delque Pantoja
Medeiros e Rubieli de Abreu Oliveira ............................................................................................ 231
El Partido Socialista argentino y su desempeo en el sindicalismo industrial en los aos
treinta. El caso de la Unin Obrera Textil, 1930-1943 Diego Ceruso ....................................... 248
Democracia, desenvolvimento capitalista e as lutas dos trabalhadores no Brasil (2013/2014)
Douglas Ribeiro Barboza, Jacqueline Aline Botelho Lima Barboza, Emilia Oliveira rodrigues,
Fabiana da Conceio Timoteo, Daniele Cristina de Brito e Flvia Maurcio Figueiredo .............. 270
2
TELESUR y la Diplomacia Pblica venezolana rico Matos .................................................... 289
"Por motivao exclusivamente poltica": movimento sindical e as dificuldades na busca pela
anistia Fernanda Raquel Abreu Silva .............................................................................................. 303
O Trabalhador Fronteirio e o Regime Jurdico de Trabalho na Fronteira Fernando Jos
Martins e Manoela Marli Jaqueira .................................................................................................. 316
Domesticando o movimento indgena: O multiculturalismo no Equador neoliberal Fernando
Jos Martins e Manoela Marli Jaqueira .......................................................................................... 329
Cuotas de gnero en la produccin periodstica y de ficcin. Propuestas tericas y marcos
normativos para el cambio Florencia Laura Rovetto, Ana Clara Borsani e Luciana Caudana .... 346
Anau! Plnio Salgado e a guinada direita do nacionalismo brasileiro Gianlluca Simi ........ 358
Intelectuales kirchneristas: una lectura abierta a Carta Gregorio Dolce ................................. 372
Los primeros pasos de la derrota: represin poltica, frente popular y prdida de influencia
del Partido Comunista argentino en el movimiento obrero durante los prolegmenos del
peronismo, 1943-1945 Hernn Camarero ....................................................................................... 384
Graffiti: Dilogo Estampado de Cores Janana Parentes Fortes Costa Ferreira, Jssika Silva
Teixeira e Italo Felipe Cury ............................................................................................................. 401
Justiamento: o espetculo do urbano (a vingana privada da atualidade) Janana Parentes
Fortes Costa Ferreira e Jssika Silva Teixeira ................................................................................. 415
A busca de um conceito: resistncias sociais (Uma abertura dentro da crise) Janana Parentes
Fortes Costa Ferreira, Marlia Luiza de Carvalho Reis e Tuany de Sousa Frana .......................... 427
Entre o antigo e o novo: consideraes sobre as novas formas de atuao poltica das
juventudes organizadas Joane dos Santos Arajo ......................................................................... 441
Remando Contra a Mar: A Iniciativa dos Cursos de Agroecologia do MST/PR Joo Henrique
Souza Pires e Henrique Tahan Novaes ............................................................................................ 457
Raa na Descolonialidade Epistmica Joo Roberto Barros II ................................................... 472
O movimento anarquista no Brasil durante a Primeira Repblica Jocenildo Teixeira de Souza
.......................................................................................................................................................... 485
Ganhei a Situao: uma anlise sobre a abordagem e a seletividade policial Jos Luis dos Santos Leal ....................................................................................................................................... 498
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ: um olhar etnogrfico Lvia de Barros Salgado e Victria
Grabois ............................................................................................................................................. 510
Unidade Camponesa: resistncia e processos de luta em Gois Luiz Henrique de Gomes Moura,
Thiago Sebastiano de Melo e Jos Valdir Misnerovicz ................................................................... 528
E da dor se fez arte: Ideologia, memria e representao das ditadura Margarida de Menezes
Ferreira Miranda Fernandes ............................................................................................................. 554
Sindicalismo Revolucionario, trabajadores y poltica en Argentina durante el primer gobierno
de Yrigoyen (1916-1922) Mara Alejandra Monserrat ................................................................... 567
Sustentabilidad, Estado y gestin comunitaria del agua en Mxico y Ecuador Mara Griselda
Gnther e Adriana Sandoval-Moreno .............................................................................................. 583
Policiando a polcia: aspectos das foras de segurana pblica do Brasil no contexto latino
americano Marina Zminko Kurchaidt ............................................................................................ 602
A resistncia que vem da aldeia Maurcio Amorim Holanda ....................................................... 616
3
O carter potencialmente revolucionrio da pedagogia do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) Melina Casari Paludeto e Neusa Maria Dal Ri .................................... 626
Conflito por terra e gua nos sules: Comunidades Huarpes (Mendoza, Argentina) e
camponeses do que hoje Suape (Pernambuco, Brasil) Mercedes Sol Prez e Virginia Miranda
Gassull .............................................................................................................................................. 641
Mediaes em tempo de redes digitais: cultura, comunicao, hegemonia e juventude nas
manifestaes de junho de 2013 no Brasil Michele Caroline Torinelli e Ana Luisa Fayet Sallas
.......................................................................................................................................................... 658
Movimentos camponeses contra a dominaao e concentraao de poder no Paraguay Nadia
Alderete ............................................................................................................................................ 678
Anlisis de la Poltica integral de envejecimiento positivo en Chile Natalie Rojas Vilches .... 692
Activismo digital: nuevos repertorios juveniles o movilizacin efmera? El caso #yosoy132
Omar Cerrillo Garnica ..................................................................................................................... 697
Superexplotacin en la industria de la confeccin de indumentaria. Aproximaciones a partir
de las transformaciones recientes. Buenos Aires 2004-2013 Paula Dinorah Salgado ................ 711
Migracin y trabajo: las fronteras de la explotacin. El caso de la industria de la indumentaria. Buenos Aires, 2001-2013 Paula Dinorah Salgado................................................. 739
A gnese da classe trabalhadora no Brasil: da colnia Independncia Rachel Silva Rodrigues
.......................................................................................................................................................... 764
Violncia Sexual Intrafamiliar Contra Crianas e Adolescentes: Consideraes sobre a
Proteo Jurdica e o Enfrentamento no Brasil Rafael Bueno da Rosa Moreira e Diogo Lentz
Meller ............................................................................................................................................... 785
Imprio americano, Banco Mundial e reforma do Estado Rafael de Paula Fernandes Mateus 799
As contribuies de Antonio Gramsci para a formao do educador Rafael Vicente de Moraes
.......................................................................................................................................................... 811
Soberania Alimentar e o Pacto para o Desenvolvimento Sustentvel da Amaznia: uma viso
ps-colonialista das Relaes Internacionais Raissa Lorena Malcher Sena ................................ 821
Contradio, Politecnia e Revoluo: Limites de uma polmica Ricardo Scopel Velho .......... 833
Sofrimento do trabalhador brasileiro: conjuntura internacional, poltica pblica e o
tensionamento poltico da classe trabalhadora Roberto Coelho do Carmo ................................ 847
Violncia intrafamiliar do micro ao macrossistema: uma perspectiva bioecolgica para pensar
a educao Rosa Elena Bueno, Araci Asinelli-Luz, Ado Aparecido Xavier, Aline do Rocio Neves
e Marlene Schussler D'Aroz ............................................................................................................. 872
Rede Puxiro dos Povos e Comunidades Tradicionais: relatos de conflitos e demandas para as
polticas pblicas Rosngela Bujokas de Siqueira e Danuta Estrufika Cantia Luiz ..................... 892
Entre Movimentos: Dilogos e Perspectivas a respeito da Lei 11.645/2008 Tamires Cristina dos
Santos e Clarice Cohn ...................................................................................................................... 910
Democracia enquanto tecnocracia: Uma anlise da atuao da UNICEF na Repblica
Dominicana Tassiana Vieira de Assis............................................................................................. 926
A Questo Agrria brasileira: uma anlise dos governos do Partido dos Trabalhadores entre
os anos de 2003-2010 Thaylizze Goes Nunes Pereira e Mirian Claudia Loureno Simonetti ...... 945
4
Mobilizaes Urbanas Latino-Americanas, e o direito de ir e vir: Caracazo e as revoltas de
junho de 2013 no Brasil Vanessa Cristhina Zorek Daniel, Manoela Marli Jaqueira e Fernando Jos
Martins ............................................................................................................................................. 966
A construo da identidade nacional e cultural e a relao com a instabilidade poltica
haitiana no final do sculo 20 Victor de Carli Lopes e Wagner Fernandes de Azevedo .............. 977
El dilema de la Autonoma: movilizacin social y proyectos alternativos en Amrica Latina
Victoria Darling ............................................................................................................................... 995
Todos juntos y al mismo tiempo. Lucha poltica y formas de organizacin del movimiento
obrero argentino: el caso de Electromecnica Argentina (1969-1975) Walter L. Koppmann 1008
Introduo
Balano das IV Jornadas Internacionais de Problemas Latino-Americanos: Amrica Latina:
lutas e debates por uma integrao dos povos
Paulo Renato da Silva1
Mario Ayala2
Fabricio Pereira da Silva3
Fernando Jos Martins4
Este livro rene trabalhos apresentados nas IV Jornadas Internacionais de Problemas Latino-
Americanos, realizadas de 27 a 29 de novembro de 2014 em Foz do Iguau (Brasil). Organizado
pela Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA) e pela Universidade Estadual
do Oeste do Paran (UNIOESTE), o evento deu sequncia a encontros que j esto se tornando (as-
sim esperamos) uma tradio de reflexo crtica acerca dos desafios latino-americanos.
A ideia inicial das Jornadas remonta organizao das Jornadas Historia Mxico en Argen-
tina (Rosrio, setembro de 2006). Na sequncia daquele evento, comeou-se a pensar em criar um
espao de encontro e intercmbio sobre problemas latino-americanos que permitisse articular distin-
tos interesses e inquietudes. A inteno era criar uma rede acadmica sobre a temtica que pudesse
reforar as atividades docentes e de pesquisa de seus participantes, vinculando-os a outros espaos
acadmicos e organizaes sociais da regio. Pairava a ideia de intervir no campo poltico-social
desde nosso espao acadmico em construo, pois que todos os que se articularam ideia vinham
de participarem diversas experincias polticas militantes desde meados dos anos 1990. Fazia falta
armar uma rede e pensar conjuntamente a regio e seus problemas. Por estas razes os objetivos
foram mltiplos e complementares: a) articular uma rede na Argentina e na regio entre acadmicos
latino-americanistas; b) reunir ctedras e estudiosos de Histria da Amrica Latina Contempornea;
c) debater preocupaes polticas e intelectuais a respeito da mudana de poca nas lutas polticas e
1 Professor da Graduao de Histria-Amrica Latina, do Mestrado Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos
(PPG IELA UNILA) e do Programa de Ps-Graduao em Integrao Contempornea da Amrica Latina (PPG-ICAL) da Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (UNILA). 2 Professor da Ctedra de Problemas Latino-Americanos Contemporneos e Pesquisador do Instituto Interdicisplinario
de Estudios e Investigaciones sobre America Latina, Facultad de Filosofa y Letras, Universidad de Buenos Aires
(UBA). 3 Professor da Graduao em Cincia Poltica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e do
Programa de Ps-Graduao em Cincia Poltica da Universidade Federal Fluminense (PPGCP-UFF). 4
Professor do Colegiado de Pedagogia e do Programa de Ps-Graduao Sociedade, Cultura e Fronteiras da
Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), Campus Foz do Iguau.
2
sociais anti-neoliberais que se ativaram desde a dcada de 1990, em particular quanto aos movimen-
tos sociais; d) reunir e realizar este balano com acadmicos, especialistas, pesquisadores/ativistas
de movimentos sociais. Essas preocupaes desembocaram nas I Jornadas, na Universidade Nacio-
nal de Mar del Plata (2008).
Quando iniciamos os trabalhos visando organizao das IV Jornadas, tnhamos duas preo-
cupaes. Primeiro, queramos que elas dessem prosseguimento ao espao bianual de dilogo e ino-
vao iniciado em Mar del Plata e que teve prosseguimento na Universidade Nacional de Crdoba
(Crdoba, 2010) e na Universidade Nacional de Cuyo (Mendoza, 2012), na medida em que as Jor-
nadas sempre foram marcadas pela vocao latino-americanista e pela abertura a novos temas. Para
isso tnhamos que atrair acadmicos e militantes sociais de diversas latitudes, e garantir o espao
para a realizao de debates francos. Segundo, gostaramos que esta edio constitusse o marco de
sua definitiva internacionalizao. As Jornadas tiveram desde sempre em sua organizao e assis-
tncia a atuao de pesquisadores, professores e ativistas de todas as partes da Amrica Latina e do
mundo, mas nasceram da iniciativa de diversos colegas, ctedras, cursos e movimentos sociais da
Argentina. No entanto, sentamos que o evento havia atingido maturidade suficiente para comear a
viajar mais, voltando de tempos em tempos ao seu rinco natal. O local escolhido (a Fronteira Tri-
nacional de Brasil, Argentina e Paraguai) e a vocao latino-americanista de uma das instituies
organizadoras (a UNILA) no foram mera coincidncia.
Esperamos ter cumprido com os dois objetivos. Ao menos, realizamos as maiores Jornadas
at o momento, com 40 Simpsios Temticos, 670 resumos recebidos e 450 aceitos (totalizando 510
autores). Tivemos ao fim e ao cabo cerca de 600 participantes entre apresentadores e assistentes.
Alm da expressiva participao de brasileiros de diferentes partes do pas, as IV Jornadas Interna-
cionais de Problemas Latino-Americanos tambm contaram com a participao macia de estran-
geiros que vieram de vrios pases, sobretudo da Amrica Latina. Como tradio das Jornadas,
garantimos espaos para apresentao e discusso de trabalhos em andamento ou concludos, de
jovens ou experientes pesquisadores, com distintos enfoques terico-metodolgicos, e suas ativida-
des se caracterizaram pela interao entre acadmicos e ativistas de organizaes e movimentos
sociais. Militantes sociais de toda ordem, de organizaes no governamentais a movimentos soci-
ais, compuseram o pblico do evento, em conjunto com acadmicos, estudantes e professores. Vale
ressaltar tambm o nmero de militantes sociais que esto no interior da academia, realizando estu-
dos de ps-graduao, ou mesmo de graduao, que foram significativos na composio do evento.
E esperamos que as Jornadas viajem sempre que possvel a novos pases, com intercaladas com
retornos a seu pas de origem.
Na convocatria das Jornadas, propomos como tema central Amrica Latina: lutas e deba-
tes por uma integrao dos povos. Desdobramos essa proposta em trs eixos:
3
1) A atuao dos movimentos sociais, sindicatos e da cidadania em geral em defesa de uma outra
integrao latino-americana, com maior preocupao social e participao cidad. Organizaes e
ativistas vm atuando em diversos campos como a luta pela terra, emprego e condies de trabalho
dignas, sade, livre circulao humana, ecologia, a defesa dos direitos humanos e a memria em
torno de suas violaes, por transformaes nos espaos e instituies de integrao, e propondo
diversas formas de articulao supranacional (como a Via Campesina ou movimentos altermundia-
listas). Se a anlise dos espaos e instituies oficiais de integrao importante, tambm se im-
pe crescentemente o estudo da atuao da cidadania supranacional dentro e fora desses espaos,
pois as estratgias de ao dos movimentos sociais adotam cada vez mais uma lgica de articulao
transnacional.
2) Seguem de mos dadas com esse debate os esforos por se pensar a Amrica Latina desde a
Amrica Latina, nos diversos campos do conhecimento relacionados s cincias humanas e sociais.
Debates em torno da colonialidade, da reativao da teoria crtica e propostas em torno de novos
padres de desenvolvimento (como o bem viver) se tornam frequentes, denotando a crescente
necessidade de produo (no mais reproduo) de pensamento local.
3) Novos movimentos de protesto, organizaes sociais, movimentos polticos, governos e espaos
participativos se impem como atores no cenrio latino-americano desses primeiros anos do sculo
XXI. Para que se possa pensar em integrao e em novos paradigmas terico-polticos e um novo
horizonte emancipatrio para a regio, torna-se essencial refletir sobre problemas como: as relaes
entre antigos, novos e novssimos movimentos sociais, e destes com os partidos; os novos
governos progressistas e Estados refundados, e suas complexas relaes com as organizaes popu-
lares; e as possibilidades e limites na articulao entre as instituies representativas e a democracia
das ruas; os novos lugares de memria e a (re)escrita da Histria na Amrica Latina.
Aps um nmero da Revista Sures (n. 5, 2015) reunindo trabalhos dos conferencistas convi-
dados, agora entregamos ao pblico uma compilao de 65 dos trabalhos apresentados nas IV Jor-
nadas Internacionais de Problemas Latino-Americanos. Acreditamos que eles expressam os referi-
dos eixos, enfatizando notadamente o debate em torno dos movimentos sociais. Esperamos que a
leitura constitua um panorama dos debates ocorridos naqueles dias em Foz do Iguau. Agradecemos
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) e ao Programa de Ps-
Graduao Interdisciplinar em Estudos Latino-Americanos (IELA) da UNILA pelo apoio organi-
zao do evento e edio deste livro; a Manoela Jaqueira, Aline Cristina Paiva e Vanessa Zorek
por todo o apoio logstico; e a Matheus Pestana e Cecilia Kondolf pela ajuda na edio do livro.
Boa leitura!
4
Debates de teora poltica latinoamericana en Mxico durante la bisagra de los aos setenta y
ochenta: avances de investigacin
Alan Baichman (CCC/UBA [email protected]); Martn Cortes (CCC/UBA [email protected]);
Andrs Tzeiman (CCC/UBA [email protected])
Resumen
El presente trabajo se inscribe en un proyecto de investigacin titulado Estado y Marxismo en la
Teora Poltica Latinoamericana. Un anlisis de los debates de los aos setenta y ochenta, el cual
lleva tres aos. En l analizamos los debates sobre teora poltica latinoamericana producidos en el
contexto mexicano durante la bisagra de los aos setenta y ochenta, escogiendo como objeto de
estudio cuatro libros elaborados entre los aos 1978 y 1981. En todos los casos se expresa la con-
fluencia de autores de diferentes regiones del continente, y se incorpora el aporte de intelectuales
europeos de relevancia. Partimos de la hiptesis acerca del carcter singular e indito de este mo-
mento de reflexin de orden latinoamericano. Con el propsito de sistematizarlos, hemos estableci-
do ejes temticos que consideramos principales en el clima de poca de referencia, y que a su vez,
constituyen el nudo central de las reformulaciones a las que la teora marxista estaba siendo someti-
da como balance de las experiencias polticas recientes. Los tres ejes temticos/conceptuales en los
que agrupamos los trabajos en este texto son: 1) Estado; 2) Hegemona; 3) Socialismo y democra-
cia.
Summary
This work is part of a research project entitled State and Marxism in Latin American Political Theo-
ry. An analysis of the debates of the seventies and eighties, which has been started three years ago.
It analyzed the debates on Latin American political theory produced in the Mexican context hinge
during the seventies and eighties, choosing as study object four books produced between 1978 and
1981. In all cases the confluence of authors expressed different regions of the continent, and the
contribution of European intellectuals of relevance is incorporated. We hypothesize about the
unique and unprecedented nature of this moment of Latin American reflection. In order to systema-
tize, we have established themes that we consider key in the climate of reference epoch, and which
in turn, form the central core of the reformulations to Marxist theory was undergoing as stock of
recent political experiences. The three thematic / conceptual axes on which group the work in this
paper are: 1) State; 2) Hegemony; 3) Socialism and Democracy.
5
1. Introduccin
El presente trabajo se inscribe en un proyecto de investigacin titulado Estado y Marxismo
en la Teora Poltica Latinoamericana. Un anlisis de los debates de los aos setenta y ochenta, el
cual ya tiene tres aos de duracin. Se lleva a cabo entonces la redaccin de esta ponencia en el
marco del inicio de una etapa del proceso investigativo que pretende comenzar con la elaboracin
de las conclusiones, y por ende, con la realizacin de un trabajo final que cristalice lo desarrollado
hasta aqu. En ese sentido, y de acuerdo con las necesidades actuales de la investigacin menciona-
da, esta ponencia tiene como propsito presentar una sistematizacin de los ejes de trabajo que se
han construido en base al objeto de estudio seleccionado.
El proyecto de investigacin de referencia, con el afn de analizar los debates sobre teora
poltica latinoamericana producidos en el contexto mexicano durante la bisagra de los aos setenta y
ochenta, ha escogido como objeto de estudio cuatro volmenes que recogen trabajos de teora pol-
tica elaborados entre los aos 1978 y 1981. Tres de ellos recopilan las ponencias de distintos semi-
narios llevados a cabo en esos aos, mientras que el cuarto es una compilacin de artculos. En to-
dos los casos se expresa la confluencia de autores de diferentes regiones del continente -aportando
por ende miradas diversas sobre la heterogeneidad que existe entre los pases latinoamericanos-, e
incluso se incorpora en algunos volmenes el aporte de intelectuales europeos de relevancia.
En primer lugar, seleccionamos el encuentro realizado en octubre de 1978 en Puebla, bajo el
nombre de El Estado de transicin en Amrica Latina, que sera publicado dos aos ms tarde
como Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina (AAVV, 1980). Participan
all, entre otros, Norbert Lechner, Oscar del Barco, Enzo Faletto, Carlos Franco y Ludolfo Paramio.
En segundo lugar, en febrero de 1980, se realiza en Morelia el seminario Hegemona y al-
ternativas polticas en Amrica Latina, que se publicara con ttulo homnimo cuatro aos ms tar-
de (Labastida, 1985). Autores como Jos Aric, Ernesto Laclau, Emilio de Ipola, Norbert Lechner,
Juan Carlos Portantiero y Fernando Henrique Cardoso participaron de los debates all suscitados.
En tercer lugar, hablamos del seminario realizado en 1981 en Oaxaca, titulado Los nuevos
procesos sociales y la teora poltica contempornea, publicado homnimamente en 1986 (Labasti-
da, 1986). Entre otros, Ren Zavaleta, Adolfo Snchez Vzquez, Juan Carlos Portantiero, Manuel
Antonio Garretn, Elmar Altvater y Christine Buci-Glucksmann exponen en ese contexto sus traba-
jos sobre dilemas polticos de la regin.
6
Adems, hemos atendido especialmente una compilacin hecha por Norbert Lechner. Se tra-
ta del libro Estado y poltica en Amrica Latina, publicado en Mxico en 1981 (Lechner, 1981).
Adems del propio Lechner, participan en ella Ernesto Laclau, Edelberto Torres Rivas, Sergio Zer-
meo, Oscar Landi y Guillermo ODonnell, entre otros.
Luego de haber realizado una exhaustiva revisin de estos cuatro volmenes sealados, lle-
vamos adelante una bsqueda tendiente a complementar dicha revisin con la lectura y el anlisis
de otros volmenes, as como de revistas en las que los problemas de inters eran debatidos.
Hablamos de revistas como Controversia, Cuadernos Polticos, Crtica & Utopa, Revista Mexica-
na de Sociologa, la peruana Socialismo y Participacin, entre otras, que acompaaron la realiza-
cin de importantes seminarios, coloquios, debates y cursos como los que constituyen nuestro obje-
to de estudio, y que se dedicaron al abordaje de trascendentes problemas de teora poltica en Am-
rica Latina. Adems, el mundo editorial mexicano daba lugar a un rico momento en materia de va-
riadas publicaciones dentro del universo marxista. Sostenemos pues que en el contexto mexicano de
la interseccin entre los aos setenta y ochenta, se produjo un clima privilegiado, de confluencia de
numerosos y destacados intelectuales latinoamericanos (como los mencionados ms arriba), en el
que predominaron las reflexiones en el campo de la teora poltica, y donde los moldes tericos del
marxismo acuados en las dcadas precedentes fueron puestos en cuestin. Entonces, adems de los
cuatro volmenes seleccionados, hemos realizado una lectura pormenorizada de ciertas revistas y
trabajos individuales de algunos autores de renombre que nos permitieron completar y complejizar
las caractersticas de los debates que se desarrollaban en aquel clima de poca.
Partimos de la hiptesis acerca del carcter singular e indito de este momento de reflexin
de orden latinoamericano. Tratamos por lo tanto de eludir aquella lectura que reduce los debates en
Mxico a la condicin de semillas de los debates que se desarrollaran luego en torno a la transi-
cin democrtica entrados los aos ochenta. Esto nos parece importante porque al menos dos razo-
nes de peso conspiran contra la justa valoracin de las contribuciones desarrolladas en el pas azteca
en el perodo indicado. Por un lado, el carcter casi sbitamente interrumpido del clima intelectual
all desarrollado, por el retorno a los pases de origen en el caso de los autores conosureos que en
ese momento estaban exiliados, y por los giros temticos que ese viaje de vuelta supuso. Por el otro,
el hecho de que los debates de los ochenta llegaron a desarrollar una coherencia interna y un alcan-
ce terico y poltico evidentemente superior al clima que los preceda.
En resumidas cuentas, a continuacin desarrollaremos un trabajo que quiz no resulte del
todo atractivo, pero que constituye una etapa particular en nuestro proceso de investigacin, y que
al mismo tiempo, puede brindar interesantes herramientas a quien desee sumergirse en los debates
7
producidos en el contexto al que se dedica esta ponencia. Haremos entonces un repaso puntual por
los cuatro volmenes arriba sealados, artculo por artculo, y precisaremos la temtica predominan-
te en cada uno de ellos, haciendo una breve mencin en algunos casos a los problemas tericos all
abordados. Con ese propsito, hemos establecido cuatro ejes temticos que a nuestro modo de ver
resultan los principales en el clima de poca de referencia, y que a su vez, constituyen el nudo de las
reformulaciones a las que la teora marxista estaba siendo sometida como balance de las experien-
cias polticas recientes. Fundamentalmente las derrotas del movimiento popular en el Cono Sur,
aunque tambin en algunos casos, acerca del alza de la lucha de clases en Centroamrica. Los tres
ejes temticos/conceptuales en los que agruparemos los trabajos sern: 1) Estado; 2) Hegemona; 3)
Socialismo y democracia. Dejaremos el eje de Nacin para otro trabajo.
2. Estado
Aquel volumen en el que predomina indudablemente la reflexin acerca del Estado en America
Latina es, en consonancia con su ttulo, el libro Estado y poltica en Amrica Latina. Probablemente
en ese trabajo haya pensado Norbert Lechner en el clebre apartado De la revolucin a la democra-
cia -perteneciente a Los patios interiores de la democracia (de 1984)- al sealar que en 1981 se
interrumpi el abordaje sistemtico del Estado en las ciencias sociales latinoamericanas. Sin embar-
go, en los otros tres volmenes referidos tambin existen textos abocados a ese problema terico-
poltico.
Comenzando por el Seminario de Puebla de 1978, su misma convocatoria al inicio del libro
parte de un sealamiento acerca de la insuficiencia de los enunciados clsicos del marxismo sobre
el Estado, y ms an, de un atraso de la teora en ese sentido. Sostiene, a su vez, que en aquel con-
texto las clases dominadas deban suplir la importante carencia que significaba la falta de un pro-
yecto de Estado popular de transicin. En ese sentido, el Seminario se propona, desde la convoca-
toria, analizar las alternativas al Estado burgus prefiguradas por los movimientos populares. Pero
hay all dos trabajos que remiten particularmente al problema del Estado: los de Lechner y Del Bar-
co y Bruno.
El de Lechner, un Post scriptum, se centra en una crtica a la idea de extincin del Estado,
que si bien estaba presente en los textos de Marx, se fortalecera en la matriz leninista. Y plantea
que dicha concepcin tiende a escamotear las relaciones de dominacin existentes en el socialismo.
En tal sentido, el gran tema que aparece como preocupacin en este trabajo es el de la constitucin
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del socialismo en tanto nuevo orden poltico, en el cual el Estado resulta la exteriorizacin y objeti-
vacin del sentido social bajo una forma de generalidad.
Por su parte, Del Barco y Bruno recuperan la definicin de Estado de Gramsci, subrayando
su profunda inmersin en la sociedad civil y su actuacin fundamentalmente a travs del consenso.
Asimismo, sealan el carcter contradictorio del Estado burgus, entendiendo su condicin estruc-
tural, mas considerndolo al mismo tiempo como campo de batalla donde tiene lugar la disputa
poltica. Tambin Teresa Lozada (1980), aunque en un texto dedicado al estudio especfico de la
crisis poltica entonces vigente en Mxico, recupera el legado terico de Gramsci al sealar que el
Estado es el complejo de actividad prctica y terica con la que la clase dominante mantiene el do-
minio a travs del consenso, rompiendo de ese modo con la concepcin del Estado como mero
aparato e instrumento de dominio de clase.
Por su parte, si bien el volumen titulado Hegemona y alternativas polticas en Amrica La-
tina est mayormente dedicado al concepto de hegemona, algunos de los trabajos all contenidos
aportan ciertos elementos sobre el concepto de Estado. En el trabajo de Emilio de pola y Liliana de
Riz podemos encontrar un ejemplo de esto, ya que si bien hay una predominancia del problema de
la hegemona, encontramos un aporte preciso acerca del Estado. All los autores sostienen que un
rasgo histrico y estructural de todas las sociedades latinoamericanas es que el Estado ha desempe-
ado un papel social fundamental. A tal punto, que segn ellos, no parece excesivo afirmar que es
esas sociedades todo pasa por el Estado, particularmente si se tiene en cuenta que es precisamente
el Estado el terreno privilegiado en el que las fuerzas sociales se constituyen como tales. Conse-
cuencia de este papel del Estado ha sido entonces la marcada politizacin de los conflictos y sujetos
sociales.
En tanto, el texto de Lechner, titulado Aparato de Estado y forma de Estado, tiene como
centro (tal como lo indica el propio ttulo) la cuestin estatal. Nuevamente aqu el problema del
Estado est ntimamente vinculado a la construccin de un nuevo orden poltico. El autor chileno-
alemn sostiene que las izquierdas han equiparado la estrategia de poder con la estrategia de orden,
perdiendo de vista de esa forma el momento poltico general en la conformacin de un nuevo orden
social. Pues si bien aquello que caracteriza a la sociedad capitalista es la divisin en clases de la
sociedad, un nuevo orden debe ocuparse de constituir un momento general que permita sintetizar
los intereses particulares y de ese modo cohesionar y resumir la convivencia social, comprendiendo
que el poder unificador de la sociedad es el Estado. As, Lechner diferencia entre forma de Estado y
aparato de Estado, entendiendo a la primera como el referente fundante de la convivencia social, la
cual por cierto, ha sido tendencialmente desplazada por las izquierdas para centrar su preocupacin
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en el aparato de Estado. Una distincin que, segn el autor, est presenta ya en la obra de Gramsci,
en la contraposicin del Estado en Oriente (como aparato estatal) y en Occidente (como idea de
Estado) y en la nocin de hegemona como transformacin de un poder particular a un orden gene-
ral (espritu estatal), cuya constitucin debe ser tarea del movimiento popular. El Estado es enton-
ces la forma bajo la cual la sociedad se unifica y representa a s misma.
Destacamos en este libro tambin el artculo de Chantal Mouffe, titulado Hegemona, polti-
ca e ideologa. All de nuevo tiene preeminencia el problema de la hegemona, mas aparecen ele-
mentos de conceptualizacin del fenmeno estatal. Pues el eje central de su trabajo es la relacin
entre Estado e ideologa, tratando de brindar una lectura alternativa a la de Louis Althusser con su
concepto de Aparatos ideolgicos del Estado. La autora sostiene que un concepto elemental para
abordar aquella relacin es el gramsciano de Estado integral. El cual implica la inclusin en el Es-
tado tanto de la sociedad civil como de la sociedad poltica. Y al mismo tiempo, un concepto am-
pliado del Estado que contemple su carcter educador, as como su capacidad de absorber a toda la
sociedad mediante una ampliacin de sus funciones y de sus bases sociales. En cierta relacin con
este texto de Mouffe, debemos mencionar el texto de Carlos Pereyra (mexicano, y uno de los fun-
dadores de la revista Cuadernos Polticos), cuyo propsito es tambin el de entablar un debate con
el concepto althusseriano de Aparatos ideolgicos del Estado.
El seminario de Oaxaca, por otra parte, resulta un tanto particular, pues all no solo partici-
pan un gran nmero de intelectuales europeos, sino tambin porque comienzan a emerger una serie
de problemticas y autores que desplazan al marxismo como eje de gravedad en cierta parte de las
discusiones. De cualquier forma, ello no impide que aparezcan reflexiones en torno a lo estatal.
En su artculo sobre la crisis de los pases centroamericanos en el ocaso de los aos setenta,
Edelberto Torres Rivas seala las caractersticas de la lucha poltica en esa subregin: represin y
terror generalizado, vaco hegemnico y desvalorizacin total de los elementos propiamente de-
mocrtico-burgueses. Lo cual provoca que el ejrcito se convierta en un actor privilegiado de la
poltica, as como tambin que dicha institucin sea una expresin de relaciones de fuerza que, a su
vez, reproduce en su interior las divisiones y conflictos que surcan la sociedad. Sostiene tambin
Torres Rivas que en sociedades atrasadas como las centroamericanas, el margen de autonoma rela-
tiva del Estado es menor en relacin a otras formaciones econmico-sociales, mientras que se cons-
tituye en el terreno en el que las fuerzas sociales dominantes terminan de constituirse.
Por su parte, Enzo Faletto escribe un artculo que busca debatir con las teoras de Ral Pre-
bisch. All, sostiene que algo caracterstico de Amrica Latina es expresar las pujas distributivas en
fuertes presiones sobre el Estado. La disputa por el excedente se concentra en el Estado, en tanto
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tambin se ha erigido como principal mecanismo de redistribucin. Esto explica, segn Faletto, las
crisis de las democracias latinoamericanas, que dieron lugar a los procesos de desmantelamiento del
Estado a fines de los aos setenta, en la medida en que stos tenan un fuerte papel distribuidor.
Como colorario de los abordajes de este volumen sobre lo estatal, es interesante hablar aqu
del artculo de Christine Buci-Glucksmann. Su trabajo expresa cabalmente un acuse de recibo de la
crisis del marxismo que se estaba viviendo en la Europa latina, pero en el mbito del debate lati-
noamericano. Sin embargo, la intervencin de Buci-Glucksmann no se centra en los problemas es-
pecficamente latinoamericanos de la teora poltica. La propuesta en clave gramsciana de una con-
cepcin ampliada de la poltica plantea una deslocalizacin de la poltica, su desformalizacin y su
deskeynesizacin. Dando cuenta de esa forma, de un intento de desplazamiento de la poltica en
relacin al Estado, un aspecto que evidentemente se contrapone con muchas de las lecturas sobre el
fenmeno estatal en Amrica Latina. Con estas apreciaciones queremos destacar tanto la recepcin
de la crisis del marxismo como la traduccin que de ese fenmeno debern hacer los autores lati-
noamericanos en vistas de no asumir ciertas derivas especficamente europeas de aquellas reformu-
laciones.
Por ltimo, son muchos y muy variados los aportes que sobre la cuestin estatal se desplie-
gan en el volumen Estado y poltica en Amrica Latina, compilado por Lechner. Empezando por la
presentacin de dicho libro, ste ltimo autor parte de un dficit terico en los estudios sobre el
Estado, considerando que ste siempre ha estado involucrado en los conflictos sociales. Propone por
lo tanto que el volumen colabore en la elaboracin de una perspectiva para su abordaje. Ms all de
ello, presenta algunos elementos preliminares. Por un lado, retoma de Marx la idea de sntesis de la
sociedad bajo la forma de Estado, es decir, el Estado como producto y como productor de la socie-
dad. Y plantea que la separacin moderna de Estado-sociedad no es una separacin orgnica, y
que por ende, debe pensarse la objetivacin del poder como un aspecto constitutivo de la vida so-
cial.
Por su parte, Sergio Zermeo en su artculo problematiza la existencia en los pases de desa-
rrollo capitalista tardo de una difraccin entre economa y poltica. Un fenmeno que tambin se
despliega, por lo tanto, en Amrica Latina. Es decir, que el desarrollo capitalista latinoamericano se
produce sin que necesariamente absorba al conjunto de la unidad societal. Sostiene entonces que esa
dislocacin provoca funciones emergentes del Estado en la medida en que ste es el nico capaz de
afrontar la difraccin economa/sociedad. Esta singularidad latinoamericana genera en nuestros pa-
ses, segn Zermeo, recurrentes crisis de hegemona. Se configura una situacin en donde afronta-
mos una sobrepolitizacin de la sociedad, y a su vez, una desocializacin de la dinmica histrica.
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Hasta aqu hemos presentado algunos de los elementos encontrados en los cuatro volmenes
a los que hemos hecho referencia en la introduccin de este trabajo. Podramos explayarnos sobre
otros aportes menores, aunque consideramos que las menciones realizadas otorgan un panorama
relativamente acabado tanto de las contribuciones efectuadas como de los autores involucrados en
las mismas.
3. Hegemona
La tematizacin del concepto de hegemona presente en los volmenes que estamos anali-
zando, involucra dos aspectos, los cuales se encuentran ntimamente vinculados entre s a travs de
un punto de partida terico. ste es el de la discusin apuntada por Jos Aric en el prlogo a
Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina, acerca del carcter irreductible o no del con-
cepto de hegemona acuado por Gramsci (autor fundamental en las reformulaciones tericas de
este clima de poca) en relacin a la categora leninista de alianza de clases. De este debate se des-
prenden los dos aspectos que estarn en debate en los volmenes de nuestro inters. Por un lado, el
problema del reduccionismo de clase, es decir, el cuestionamiento del carcter transparente de la
relacin entre el lugar en el proceso de produccin y el lugar ocupado en el plano de la poltica. O
bien, la teorizacin del trnsito de uno hacia otro lugar, considerando su complejidad y la opacidad
que caracteriza ese sinuoso camino. Esto no es otra cosa que el dilema de la constitucin de los su-
jetos polticos en la lucha de clases. Por el otro lado, la hegemona aparece tematizada bajo el pro-
blema de la construccin de un inters general, que logre condensar los intereses particulares que
existen en la sociedad. A continuacin haremos un repaso por los trabajos de estos cuatro volme-
nes a los que venimos refirindonos en los que se presenta un desarrollo terico a propsito del
concepto de hegemona, aclarando inicialmente que el grueso de los mismos se halla en Hegemona
y alternativas polticas en Amrica Latina, puesto que dicho volumen tiene propiamente como su
objetivo central adentrarse en ello.
En el volumen Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina tanto los
artculos de Herbert Souza y Norbert Lechner, como el escrito conjuntamente por Ludolfo Paramio
y Jorge Reverte realizan aportes al concepto de hegemona. El trabajo de Souza, -dedicado princi-
palmente al estudio de las posibilidades de transicin a la democracia en Brasil luego de quince
aos ininterrumpidos de dictadura-, se plantea los desafos en la construccin de un proyecto
hegemnico. En ese sentido, el autor plantea en primer lugar la articulacin interna entre los inter-
eses diferenciados de las clases subordinadas, para expresar a los intereses particulares y generales
de las fuerzas sociales que componen el proyecto. El cual, en segundo lugar, debe implicar un mo-
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vimiento poltico capaz de establecer para s el objetivo de conquistar todas las lneas de lucha, en
todas las trincheras de la sociedad (economa, poltica, ideologa). En un tono similar, Lechner en su
ya mencionado Post scriptum, define prcticamente al socialismo como la construccin de un orden
cuyo problema central es la mediacin entre intereses particulares e inters general.
En tanto, el artculo de Paramio y Reverte se aboca a la dilucidacin de las posibilidades de
una transicin de la dictadura a la democracia en Espaa bajo una hegemona obrera. Para ello, am-
bos autores sostienen que la incorporacin de las capas medias en la construccin de un proyecto
popular de transicin tiene un papel fundamental. As, indican que la clase obrera no puede prescin-
dir de ellas en la conformacin de un nuevo bloque hegemnico. Esto los lleva a realizar una consi-
deracin de importancia en relacin con la definicin de las clases: su definicin poltica no consti-
tuye una derivacin necesaria de la posicin estructural y econmica de las clases. Ms bien, cual-
quier planteamiento terico realista debe partir del reconocimiento de que la posicin estructural de
clase no determina las pautas de intervencin polticos de los grupos. Es decir, no existe derivacin
necesaria en esa relacin, sino un proceso complejo de constitucin de sujetos polticos.
Mientras tanto, Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina est completamente
dedicado a abordar el problema de la hegemona, en los propios trminos en que ms arriba lo ex-
presramos junto con Aric. Aunque ciertamente encontramos algunos artculos puntuales que re-
visten especial inters. Uno de ellos es, sin duda, el de Ernesto Laclau. Quiz sea este el autor que
ms desarrolla el concepto de hegemona en el sentido del carcter complejo de la constitucin de
sujetos polticos. Y lo hace tratando de ajustar cuentas con algunas formas tradicionales de concebir
el Estado y la poltica en el marxismo: el reduccionismo de clase, la concepcin racionalista y empi-
rista de las clases, y una visin estrecha de los antagonismos sociales.
El nudo del trabajo de Laclau est en la superacin de la idea leninista de alianza de clases,
pues para l la hegemona no es una relacin de alianza entre agentes sociales preconstituidos, sino
el principio mismo de constitucin de dichos agentes sociales. Y en ello tiene un rol preponderante
el concepto de articulacin, en la medida en que es a travs de l como se pueden construir nuevos
sujetos de forma consensual. Tal es as que concibe a los sujetos en tanto sujetos mltiples y a las
luchas sociales como prcticas articulatorias. Asimismo, tambin juega un papel determinante el
concepto de antagonismo, pero entendido en un sentido plural, ya que segn Laclau no existe un
nico antagonismo, sino que stos son mltiples y variados. En sntesis, una estrategia revoluciona-
ria no puede desplegarse de las contradicciones econmicas del sistema, sino que debe constituirse
como forma histrica de articulacin de contradicciones diversas en una coyuntura dada (Laclau,
1985: 29).
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En el artculo de Juan Carlos Portantiero, los conceptos de hegemona y Estado aparecen
fuertemente imbricados. Mas resaltamos especialmente de su trabajo el concepto de modelo de
hegemona, acuado all por el autor. En dicho texto Portantiero se dedica a pensar la cristalizacin
de las distintas expresiones que asume la relacin entre Estado y masas durante distintas fases esta-
tales, asumiendo como referente ineludible la dimensin institucional u organizacional del conflicto
entre clases. As, la accin poltica dotada de vocacin hegemnica por parte de las clases subalter-
nas implica la movilizacin hacia espacios institucionales que cristalicen (aun cuando eso ocurra de
forma refractaria) las demandas populares. El Estado entonces no es solo un producto de las clases
dominantes para garantizar la hegemona burguesa (como lo planteara clsicamente el marxismo),
sino tambin un lugar en donde se lleva a cabo la integracin conflictiva de los sectores subalternos.
Por ende, las sucesivas fases estatales constituyen distintos modelos de hegemona en los cuales las
luchas populares se expresan diferencialmente en el Estado. La produccin de hegemona es, por
tanto, la relacin especfica entre masas e instituciones, configurada histricamente, en tanto parte
constitutiva de la experiencia poltica consciente de las clases populares (Portantiero, 1985). De esa
forma, el Estado resulta el momento poltico de la dominacin capitalista, y al mismo tiempo se
erige como espacio crucial en la disputa hegemnica para los sectores subalternos.
Por otro lado, encontramos el trabajo de Manuel Antonio Garretn, quien escribe un intere-
sante artculo acerca de las transformaciones en la sociedad chilena luego del golpe militar de 1973.
All, recogiendo el binomio gramsciano coercin/consenso, el autor sostiene que la asonada militar
tuvo una doble vocacin: contrarrevolucionaria y fundacional. La primera destinada a reprimir la
organizacin social y poltica, que haba provocado en Chile un desarrollo agudo de la lucha de
clases. La segunda como un intento global de reorganizacin de la sociedad, en un contexto de re-
configuracin del capitalismo a escala internacional. Esta segunda dimensin plantea el problema
de la hegemona al interior del propio bloque dominante, un aspecto que segn Garretn, no estaba
saldado al momento del golpe de Estado. Si bien el autor afirma que no existe un modelo hegem-
nico, pues predomina el uso de la fuerza como forma de la poltica, sostiene al mismo tiempo que
luego de varios aos de gobierno militar comienza a asomar la introduccin de un nuevo orden, que
condensa lo viejo y lo nuevo, desarticulando modelos de representacin anteriormente existentes.
Algunos ncleos novedosos de sentido comn empiezan a emerger como expresin de una nueva
hegemona: los temas del orden, la seguridad, la eficiencia y la desconfianza en la poltica son
ejemplos de ello. La creacin incipiente de nuevas normas, valores y estructuras bsicas de la so-
ciedad, se presentan en el artculo como cuestiones relativas al problema de la hegemona.
Quiz valga la pena mencionar, a modo de excepcin, el trabajo conjunto de Rafael Loyola
Daz y Carlos Martnez Assad. All, los autores discuten con quienes sostienen la inexistencia en
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Lenin de una hegemona previa del proletariado sobre el conjunto de las clases explotadas, para
convertirse en clase hegemnica. Es decir, a diferencia de la mayora de los intelectuales que for-
man parte del volumen, Loyola y Martnez Assad afirman que existe una continuidad sin rupturas
entre las obras de Lenin y Gramsci, aun en lo que respecta a los conceptos de alianza de clases y
hegemona.
En lo que se refiere al volumen titulado Los nuevos procesos sociales y la teora poltica
contempornea, es importante considerar nuevamente lo planteado ms arriba, acerca del influjo
europeo de esta publicacin. Pues aqu aparece especialmente un problema que era tratado con sin-
gular atencin en los pases capitalistas avanzados: el de la aparicin de nuevos sujetos, a la luz del
surgimiento de luchas novedosas (ecologistas, feministas, etc.). Un aspecto que signa de manera
notoria las preocupaciones en torno al concepto de hegemona. El artculo de Chantal Mouffe es
expresivo en ese sentido, ya que apunta el surgimiento de nuevos sujetos y movimientos, as como
tambin pone en tela de juicio el carcter hegemnico de la clase obrera. Al mismo tiempo, llega a
preguntarse en qu medida continua resultando adecuada la utilizacin del propio concepto de cla-
se obrera. Aparece entonces aqu el carcter mltiple de los antagonismos, quitando centralidad al
conflicto de clase, entendindolo como uno de tanto posibles. Una conceptualizacin que conduce a
la autora al problema de la articulacin de las luchas, colocando el acento en la confluencia de todas
las reivindicaciones de carcter democrtico.
En el mismo movimiento debemos ubicar el trabajo de Ernesto Laclau en este volumen.
Sostiene all Laclau:
La unidad de la clase como objeto ltimo de anlisis se disuelve, como en el caso
del fonema, en un conjunto de distinctive features y no contamos con ninguna teor-
a de la articulacin diferencial de los mismos. Lucha de clases, en consecuencia,
pasa a ser un trmino que no es correcto ni incorrecto, sino radicalmente insuficien-
te para enfrentar los presentes problemas de la prctica socialista (Laclau, 1986: 32,
nfasis del original).
El discurso y el lenguaje se convierten en los elementos tericos centrales de la conceptuali-
zacin de Laclau, pues la unidad de la clase se constituye, segn dicho autor, discursivamente, en-
tendiendo al discurso como una prctica material, y al sujeto como un resultado de prcticas discur-
sivas antagnicas.
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Sin embargo, en Estado y poltica en Amrica Latina, Laclau plantea una mirada diferente.
Frente a la crisis en la que ha entrado la teora marxista del Estado como consecuencia de los aspec-
tos que en el curso del artculo Laclau se encarga de sealar en cuanto a las teoras vigentes (teora
del capitalismo monopolista de Estado, la escuela lgica del capital, teora de la crisis fiscal del Es-
tado, teora neorricardiana y teora de Poulantzas), propone centrar la visin en el debate marxista
italiano, el cual abreva fundamentalmente en la obra gramsciana. De tal manera, plantea una serie
de aspectos a recuperar y sobre los cuales construir una nueva teora marxista del Estado y de la
poltica: 1) La concepcin gramsciana de la totalidad social, a partir del concepto de bloque hist-
rico como unidad orgnica de estructura y superestructura, y la nocin de hegemona como arti-
culador diferencial de los elementos de la sociedad. Entendiendo al marxismo como historicismo
absoluto, y dejando de lado al economicismo; 2) Concepcin ampliada del Estado y de la poltica.
La sociedad civil como campo de disputa del sentido comn de las masas y no solo de la direccin
poltica, y la revolucin como guerra de posiciones de largo aliento; y 3) Radical historicidad de los
sujetos de las prcticas hegemnicas. Una lgica de articulacin que rompe con el reduccionismo
clasista.
Mientras que en el eplogo del libro, en sintona con otros trabajos ya presentados ms arri-
ba, Lechner plantea el problema de la construccin de una representacin general de la sociedad en
la conformacin de un nuevo orden social, solo posible a travs de la prctica hegemnica.
Si bien otros artculos que trabajan el problema del Estado, o bien, la relacin entre socia-
lismo y democracia, contienen elementos que ineludiblemente conducen a una problematizacin en
torno al concepto de hegemona, consideramos que los artculos repasados en las anteriores pginas
constituyen un muestrario de los debates que pretende recoger la investigacin que estamos presen-
tando en este trabajo.
4. Socialismo y democracia
El momento que hemos ubicado en la bisagra de los aos setenta y ochenta como espacio
para la emergencia de ciertas reformulaciones en el campo del marxismo en Amrica Latina en-
cuentra en la relacin entre socialismo y democracia otro tpico destacado. Seguramente no sea
casual que precisamente en una poca donde se produce la instauracin de regmenes autoritarios en
la regin, la democracia se presente como un aspecto de inters en el seno de las izquierdas. Aquel
razonamiento que ser principalmente puesto en cuestin, y profundamente reelaborado en este
contexto, es el de la equiparacin de la democracia burguesa con una dictadura de las clases domi-
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nantes. Si Lenin sostena que la democracia, para referirse a ella con exactitud, deba ser llamada
por su apellido, esta poca ser testigo de una indagacin en la democracia como valor per se, al
concebirla como un producto de los procesos histricos de lucha popular, en la medida en que, a la
luz de los acontecimientos, la dominacin burguesa puede perfectamente desarrollarse a travs de
regmenes autoritarios.
En esa sintona, en Movimientos populares y alternativas de poder en Amrica Latina en-
contramos los trabajos del peruano Carlos Franco y del chileno Enzo Faletto. El primero parte del
reconocimiento de que la democracia no ha sido percibida por la izquierda marxista latinoamericana
como su problema sino en poca reciente. Afirma que, ms bien, supo ser experimentada como
una trampa tendida por quienes en su nombre prolongaron su dominio histrico. La democracia fue
usada por la izquierda preferentemente como una tctica para avanzar, en sociedades donde histri-
camente ha primado la penuria, la miseria y la escasez. Su ausencia como objetivo terico y poltico
revela, segn Franco, una concepcin del socialismo que hace del Estado y no de la sociedad el
objeto de transformacin. En contrapartida, el intelectual peruano sostiene que democracia y socia-
lismo no deben ser problemas distintos sino dimensiones constitutivas de una misma realidad, de un
mismo proyecto. An ms, plantea que socialismo, democracia y desarrollo son problemas insepa-
rados, en la medida en que un sistema democrtico tiene como condicin necesaria un proceso de
cambios orientados al desarrollo econmico.
Por su parte, Enzo Faletto tambin inicia su trabajo reconociendo que la democracia ha esta-
do ausente como experiencia poltica y social en la historia de los pases latinoamericanos. De
hecho, la burguesa y la transformacin capitalista ocurrida en las naciones de nuestra regin, sos-
tiene Faletto, no han logrado la instauracin de una real democracia burguesa, aun cuando su conse-
cucin haya estado presente como aspiracin. Ms bien en Amrica Latina se han desarrollado de-
mocracias donde ha existido una contradiccin entre masificacin y forma elitista de ejercicio del
poder, lo cual ha redundado en un predominio de una forma autoritaria y coercitiva de relacin del
poder estatal hacia las masas. Sin embargo, Faletto afirma que la instauracin de regmenes autori-
tarios en la regin ha provocado una revalorizacin de la democracia formal que parte no solo de su
consideracin como un mal menor frente al autoritarismo, sino de las dificultades crecientes que
han experimentado los grupos dominantes para mantener su poder en los procesos de ampliacin
democrtica.
Tambin el texto de Herbert Souza mencionado ms arriba a propsito del concepto de
hegemona contiene algunas apreciaciones acerca del vnculo entre socialismo y democracia. Este
intelectual brasileo observa que un nmero creciente de marxistas tiende a retomar la cuestin de
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la democracia como un aspecto fundamental de la historia poltica de las clases subordinadas y co-
mo parte incluso de la propia tradicin marxista. La democratizacin no es otra cosa que un produc-
to de la lucha popular. As, segn Souza, una de las tareas ms importantes que tiene la izquierda es
la de rescatar el concepto de democracia del arsenal de la burguesa, para reincorporarla, en tanto
les pertenece, al arsenal de las clases subordinadas.
Si bien en el volumen Hegemona y alternativas polticas en Amrica Latina predomina no-
toriamente, tal como sealramos ms arriba, la reflexin en torno al concepto de hegemona, tam-
bin podemos hallar algunas contribuciones acerca del vnculo entre socialismo y democracia. Un
ejemplo de ello, es el artculo de Teodoro Petkoff, dedicado al anlisis de la construccin de una
nueva hegemona en Venezuela, en tanto el reformismo existente en ese pas genera la necesidad de
abordar la cuestin de los avances democrticos, en el marco de una perspectiva socialista. Petkoff
rechaza en su trabajo la idea de la democracia como una trampa de los sectores dominantes o un
rgimen solo nacido para ocultar su beneficio, sino que constituye una conquista histrica del pue-
blo. De esa forma, desestima una visin instrumentalista u oportunista de la democracia. En conso-
nancia, seala que una izquierda con vocacin hegemnica debe asumir la condicin democrtica y
no dejarla en manos de los sectores dominantes. Esto se inscribe en una concepcin del rol de las
izquierdas que, segn Petkoff, asuma el protagonismo de convertirse en intrprete y factor de est-
mulo en los procesos histricos.
Asimismo, Norbert Lechner en su texto (dedicado mayoritariamente a la cuestin estatal)
tambin hace algunas apreciaciones sobre la relacin entre socialismo y democracia. En dicho inte-
lectual, la democracia aparece como un problema al considerar la divisin social como un fenme-
no que persistir an en el socialismo. En la lnea de lo desarrollado ms arriba acerca de Lechner,
en tanto el nuevo orden social no suprimir la existencia de la poltica, ser necesaria una organiza-
cin de la sociedad dividida, y por tanto, una fuerza social particular que logre construir un espacio
de condensacin de los intereses generales de la sociedad. Una tarea para la cual el ejercicio de-
mocrtico resulta inmanente.
En cuanto al volumen titulado Los nuevos procesos sociales y la teora poltica contem-
pornea, Edelberto Torres Rivas, a propsito del proceso poltico centroamericano se pregunta por
el carcter del socialismo (Qu socialismo?), para responderse que cuando no hay una cultura
burguesa implantada como raigambre histrica, la lucha por la democracia y la libertad se convier-
ten en un acto de rebelda (Torres Rivas, 1986: 278). En el caso centroamericano entonces la
construccin del socialismo se debe fusionar necesariamente con el reclamo histrico por el ejerci-
cio de la democracia. Se refiere a un socialismo con libertad, a una democracia socialista, en la me-
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dida en que un orden nuevo no puede sacrificar los valores y los reclamos por los cuales lucho en la
vieja sociedad.
Por su parte, Enzo Faletto en su artculo realiza una crtica similar a la arriba consignada
hacia la visin instrumental de la democracia. Sostiene:
Ya es por todos conocido que el dogmatismo, que vea en la democracia solamente
una hbil forma de enmascaramiento de la dominacin burguesa y capitalista, ha
sido reemplazado por un anlisis ms rico y matizado. No obstante, conviene tener
presente que desarrollo capitalista y democracia no han coincidido necesariamente,
y menos an es sostenible que la democracia es un desprendimiento del capitalismo
(Faletto, 1986: 247).
Mientras tanto, Lechner en su artculo inscribe su aporte sobre el vnculo entre democracia y
socialismo en el anlisis del proyecto neoconservador en curso en Chile en aquel entonces. Observa
que el propsito principal de la contraofensiva en ese pas es el derrocamiento de la poltica, pues
segn Lechner la voluntad de los hombres de decidir sobre sus condiciones materiales de vida y de
asumir colectivamente la responsabilidad por la vida de todos es combatida en tanto socialismo
(Lechner, 1986: 216). Y sentencia luego: La decisin colectiva y consciente sobre el proceso de
produccin material de la vida de eso tratan democracia y socialismo (Lechner, 1986: 217). La
estrategia neoconservadora en Chile, concluye Lechner, llega a vislumbrar mejor de los que lo ha
hecho la izquierda, la vinculacin entre democracia y socialismo.
En Estado y poltica en Amrica Latina escasean las reflexiones en torno al vnculo entre
socialismo y democracia, predominando como sealramos ms arriba- las contribuciones acerca
del fenmeno estatal. De cualquier forma, quisiramos rescatar de all el trabajo de Fernando Hen-
rique Cardoso en el que la discusin sobre el problema de lo poltico, conduce a una revisin de la
cuestin de la representacin, y en particular la forma en que ello ha sido abordado desde la teora
marxista. En ese sentido, Cardoso pone en debate la necesidad de promover una relacin dialctica
entre participacin y representacin, reconociendo las posibilidades que brindan las instituciones de
la democracia burguesa, y problematizando las tendencias a reificar la democracia directa que exis-
tieron en la tradicin marxista. Por eso, plantea que si bien la pura democracia liberal no debe ser
concebida como un prerrequisito para una perspectiva socialista, s debe ser entendida como una
condicin favorable.
19
5. Palabras finales: perspectivas de trabajo
El presente trabajo tuvo como principal objetivo sintetizar la lectura sistemtica de cuatro
volmenes, que desde nuestra mirada resultan expresivos de buena parte de los problemas de teora
poltica latinoamericana que fueron desarrollados en la interseccin de los aos setenta y ochenta,
en el contexto de la academia mexicana. Su exposicin quiz un tanto esquemtica si bien imposibi-
lit una interaccin mayor entre los textos y autores, creemos que permiti dar cuenta con claridad
los ejes de lectura que han sido producto del proceso de investigacin encarado, as como las tema-
tizaciones de cada una de esas lneas tericas.
En tanto expresin de una etapa particular de un proyecto de investigacin, el siguiente paso
de este trabajo es el de sistematizar algunas lecturas complementarias a los cuatro volmenes repa-
sados en estas pginas, con el fin de evitar el agotamiento de las temticas y los ejes tericos en los
seminarios colectivos desarrollados en Mxico en el perodo en cuestin, sino tambin exponer los
trabajos de autora individual de distintos intelectuales, que dan cuenta del clima de poca que per-
miti el abordaje de los problemas de teora poltica latinoamericana a los que hemos hecho refe-
rencia. Libros como La crisis del Estado en Amrica Latina (Norbert Lechner), Los usos de Grams-
ci (Juan Carlos Portantiero), Marx y Amrica Latina (Jos Aric), El Estado en Amrica Latina
(Ren Zavaleta Mercado), Poltica e ideologa en la teora marxista (Ernesto Laclau), por solo
nombrar algunos distinguidos ejemplos, demuestran el plafn individual de los temas trabajados en
los volmenes colectivos. Asimismo, la sntesis de problemas abordados en publicaciones de la
poca nos permitir completar este mapa general. El dossier sobre democracia de la revista Contro-
versia sea probablemente el ejemplo ms notorio de ello, en tanto all aparece claramente esbozada
la cuestin del vnculo entre socialismo y democracia.
Finalmente, un ltimo paso estar constituido por la recomposicin en un trabajo final de lo
expuesto en esta ponencia, as como de las tareas mencionadas en el prrafo anterior. Siendo el ob-
jetivo prioritario en ese proceso poder generar la interaccin entre las diversas temticas abordadas,
buscando de esa forma pensar la posibilidad de la emergencia en el contexto mexicano de nuevos
elementos de teora poltica, con un notorio perfil latinoamericano. Insertando a su vez esa bsque-
da en las condiciones de produccin que resultaron posibles en un momento tan particular de Am-
rica Latina como fue la bisagra de los aos setenta y ochenta.
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20
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A imagem do ndio atravs do tempo no Brasil
Ana Caroline Bonfim Pereira (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected])5;
Anderson Igor Leal Costa (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected]) 6;
Jocenildo Teixeira de Souza (Universidade Federal do Amap; e-mail: [email protected])7;
Resumo
Este presente artigo tem o objetivo de abordar a percepo do homem europeu, em relao aos
povos nativos do Brasil, e quais relaes foram travadas ao longo de cinco sculos, de acordo com
a imagem e representao dos ndios para esse homem civilizado.
Palavras-chave: Imagens, ndios, Brasil
Substract
This present article aims to address the perception of European man, when compared to the native
peoples of Brazil, and relationships which were fought over five centuries, according to the image
and representation of Indians to this "civilized" man.
Keywords: Image, ndian, Brazil
Durante cinco sculos, povos nativos, tambm chamados de ndios quando os
portugueses chegaram a suas terras e posteriormente a denominaram Brasil, tm sido
incompreendidos, mal tratados, expulsos de suas terras, escravizados ou mortos, apesar de serem
os legtimos donos dessas terras, foram duramente tratados, covardemente sufocados por todos os
no ndios que exerceram poder de comando no Brasil, com raras excees em que se concederam
direitos, equiparaes a cidados brasileiros, pelo Estado, entretanto, boa parte da sociedade no
reconhece como legtima a terra, os costumes, tradies e a cultura desses povos nativos.
5 Acadmica do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap, bolsista do PET - Programa de Educao Tutorial, integrante do GEPVIC (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Violncias e Criminalizaes). 6 Acadmico do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap, bolsista do PET - Programa de Educao Tutorial, integrante do GEPVIC (Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Violncias e Criminalizaes). 7 Acadmico do Curso de Cincias Sociais da Universidade Federal do Amap.
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Apesar do encantamento inicial, com o bom selvagem, esse ser autctone, que tinha uma
cultura e uma modo de vida, bem diferente do modo de vida dos europeus que aqui chegaram,
passaram a ser uma ameaa, seus costumes execrveis, portanto deveriam ser civilizados pelo
europeu que aqui aportou, muito embora fosse ele o natural dessas terras, aps a conquista do
europeu, o mesmo tornado extico e estranho e sua prpria terra, enquanto o estrangeiro se
autoproclama o agora natural dessas novas terras, essa relao conflituosa, de cinco sculos, na
qual quem sempre perdeu foram os povos nativos das Amricas, consequentemente do Brasil, ser
a tnica explorada, pois a busca da supremacia do homem civilizado sobre o no civilizado, leva
a vrias consequncias, das quais os povos nativos so herdeiros e o Estado e sociedade presentes
devem lanar um olhar diferente, mais humanizado, sob pena de ambos cometerem genocdio to
grave quanto os que foram cometidos ao longo da histria.
O Achamento do Brasil
O Brasil foi descoberto no dia 22 de abril de 1500, pela frota comandada pelo navegador
portugus Pedro lvares Cabral. Na nau capitnea viajava um passageiro para Calicute, Pero Vaz
de Caminha. Indicado para o posto de escrivo geral desta feitoria na ndia, ele aproveitou a
oportunidade para escrever a carta de achamento do Brasil, tal carta, assim como a Ilada,
descrevera as belezas da nova terra e o deslumbramento do europeu com suas novidades que havia
se deparado, incluindo povos que j estavam aqui h mais tempo que Portugal tornara-se um
reino, na Europa. (GRUPIONI, 2000, p. 39).
Ora, sabemos hoje que as sociedades indgenas estavam implantadas no Brasil h mais de 12.000
anos e tiveram muito tempo para se transformar. Por outro lado, os ndios descritos pelos cronistas so
essencialmente os Tupi e os Guarani do litoral, cujas sociedades e costumes eram muito distintos das tribos
de outros grupos lingusticos ou tnicos existentes daquela poca. (PROUS, 2006, p. 7)
Quando os portugueses aportaram na nova terra, quase por um acidente, no fosse
intencionalidade de descobrir novos quinhes a serem explorados, a exemplo do que j haviam
feito ao longo da costa africana, contornando-a, at chegarem ao oriente distante da ndia e China,
depara-se com uma terra muito estranha europeia, similar em alguns aspectos frica equatorial
e com alguma semelhana ao asitico, porm a terra brasileira era completamente singular, e com
habitantes singulares tambm.
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Antes mesmo do achamento do Brasil, o Vaticano estabelece as normas bsicas de ao
colonizadora, ao regulamentar, com os olhos ainda postos na frica, as novas cruzadas que no se
lanavam contra hereges adoradores e outro Deus, mas contra pagos e inocentes. (Darcy
Ribeiro,) e constava nos escritos do papa que seus povos escravizveis por quem os subjugassem.
perceptvel que os portugueses no se preocupavam com as pessoas que moravam aqui
no Brasil, no caso os ndios. Eles tinham a preocupao de explorar a terra, primeiramente foi o
pau-brasil, logo aps os minrios; a inteno era de ocupar e explorar e levar subsdios as
metrpoles para o fortalecimento da mesma. E isto era muito presente no livro de Paulo Prado, o
Retrato do Brasil que relata um objetivo estritamente econmico e aventureiro do colonizador
visto que no criava vnculos de identidade nacional, mas utilizava a colnia para o
enriquecimento fcil e rpido.
No incio a aproximao, deu-se de forma pacfica, sem maiores conflitos, visto que no
litoral, do que hoje so terras baianas, encontraram um povo receptivo ao novo homem que aqui
chegava, sem desconfiar do porvir dessa chegada e que na prtica seria a tomada de posse suas e
das demais terras do Brasil.
De toda forma o achamento do Brasil, foi apenas o comeo da reduo do homem
natural de suas terras, tanto em populao como na prpria condio de extico em sua prpria
terra, como vemos assim, o achamento foi conveniente ao portugus, como vemos nas palavras de
Lcia Bettencourt:
O termo achar, preferido por Caminha, sugere que se suspeitava da existncia da existncia da
terra, e que o desvio na rota ensinada por Vasco da Gama nas instrues de navegao dadas a Cabral por
escrito, se deveu ao propsito de encontrar aquilo mesmo que j se esperava encontrar terra (...), a
experincia de ver, pela primeira vez, uma regio estranha, habitada por uma gente to diferente dos povos
conhecidos pelos europeus, fascina Caminha que descreve a terra e seus habitantes com detalhes de
paisagista e retratista. (GRUPIONI, 2000, p. 39).
No incio havia um verdadeiro encantamento, uma espcie de ufania, embora poucos
relatos tenham restado daquela poca, eram cartas em forma de crnica que descreviam com
riqueza de detalhes tanto a terra quanto as pessoas que aqui viviam.
A terra aparece sempre descrita como frtil, formosa, copiosa, de climas brandos, de guas fartas.
S o que muda a opinio dos escritores quanto aos habitantes da regio. Se Caminha os descreve sempre
em termos altamente positivos, comparando-os, velada ou abertamente, aos habitantes do Jardim do dem,
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outros autores, vivenciando ou outro momento histrico, nos brindaro com descries negativas
ressaltando a crueldade e selvageria dos naturais da terra. (GRUPIONI, 2000, p. 41).
Caminha, ao escrever para seu rei est, mais do que narrando um descobrimento de terras,
est fazendo um relato de cronista baseado em sua percepo e atravs do prisma europeu, a partir
do qual surge, primeiramente a imagem de um povo amigvel, ingnuo, inocente como habitantes
do paraso terrestre e que, passada a euforia da descoberta do novo, essa imagem vai aos poucos se
desfazendo em cartas posteriores de outros cronistas, o momento em que os portugueses se
deparam com o extico e esse extico lhe causa estranheza e at averso, e de acordo com os
relatos das prximas cartas, onde tomamos conhecimento da antropofagia, das lutas, do modo de
vida agitado e estranho de um povo cujos padres se afastam tanto dos conhecidos pelos
portugueses.
Quem l os primeiros relatos sobre o Novo Mundo, observa que a descrio dos nativos da
terra obedece a um padro sempre igual: so seres belos, fortes, livres, sem f, sem rei e sem lei
esse modo de vida era incompatvel com o que os conquistadores tinham como paradigma de
civilidade e tudo que deriva da mesma, pois como os nativos estavam agora na condio de
sditos de um novo rei, portanto sob sua gide deveria haver mudana em seu modo de vida.
A tentativa de moldar o nativo atravs da religio
Tal modo de vida causava estranheza ao homem, que est, imerso na cultura religiosa
crist, e principalmente devido aos primeiros catequistas designados para o Novo Mundo serem da
ordem jesuta, cujos mesmos, eram herdeiros de uma ordem moral ortodoxa e conservadora e
tinham uma organizao hierrquica que em muito se assemelha ordem militar eficiente de
nossos dias. Coube a esses missionrios o labor da evangelizao do gentio selvagem, pois as
prticas por aqui, eram tidas como horrendas, pags, idlatras, cujos praticantes deveriam ter
contato com a civilidade e abandonar seus costumes.
Com o conhecimento dos costumes, os cristos se veem convivendo com pessoas cuja
civilizao mais se aproxima do paradigma de selvageria. Com um estilo de vida comunitrio
onde toda propriedade dividida igualmente, com casas onde habitam vrias famlias
compartilhando tudo, com costumes sem paralelo com a experincia europeia, os indgenas vo
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merecer descries que demonstram uma atitude atnita de quem no compreende bem o que
descreve.
Contraposta imagem boa e bela dos nativos, a ao da conquista ergueu outra, avesso e
negao da primeira. Agora, os ndios so traioeiros, brbaros, indolentes, pagos, imprestveis
e perigosos. Postos sob o signo da barbrie, deveriam ser escravizados, evangelizados e, quando
necessrio, exterminados. (GRUPIONI, 2000, p. 12).
Quarenta e nove anos mais tarde (...). A viso idlica j no era mais possvel aos olhos
escolsticos europeus que viam costumes inaceitveis entre os pagos poligamia, canibalismo,
idolatria. O homem renascentista, com seu desejo de conhecer e entender dava lugar ao jesuta
desejoso de modificar e corrigir. (GRUPIONI, 2000, p. 41).
Os jesutas eram bons observadores, entretanto como eram fruto da sociedade crist,
demonstravam mais que estranheza, chegavam a emitir verdadeiro juzo de valor sobre a
civilidade, e com base na sua prpria compreenso de civilidade, descreviam os ndios como
pessoas em estgio bestial, pois no se concebia o agir, do ndio, como um agir civilizado,
portanto o homem natural, era descrito como extico e estranho, motivo pelo qual deveria ser
educado nos moldes do homem europeu.
A construo simblica, estereotipada, sobre os ndios se iniciou com a tentativa de
colonizao dos europeus, especificamente com os portugueses e sua respectiva religio, liderada
por jesutas.
Em 1557, em seu Dilogo sobre a converso do gentio, Padre Manuel da Nbrega
prope-se a discutir se eles (indgenas) tm alma como ns (europeus). O mrito deste texto est
nas concluses a que chega o Irmo Mateus Nogueira, alter-ego de Nbrega. Estas concluses
explicam a selvageria como fruto das diferenas sociais entre europeus e indgenas. Com uma
organizao poltica to distinta dos sistemas europeus, os ndios brasileiros, apesar de sua
condio humana, e, portanto, merecedora do esforo catequista, se apresentam como bestas
estado do homem depois do pecado original. (GRUPIONI, 2000, p. 42).
E at mesmo o fato de no haver guerras constantes ou por motivos similares aos do
homem civilizado europeu, quando os mesmos descrevem que no havia guerra por cobia,
porque todos tinham tudo em comum e nada alm do que pescam e caam e o fruto que toda
rvore d, mas somente por dio e vingana; em tanta maneira que se do uma topada atiram-se
26
com os dentes ao pau ou a pedra onde a deram, e comem piolhos e pulgas e toda imundcia,
apenas por se vingar do mal que lhes fizeram, como gente que ainda no aprendeu non reddendum
malum pro malo. (GRUPIONI, 2000, p. 41).
A busca incessante de civilizar o autctone brasileiro levou o governo portugus a
empreender diversas misses ao longo do territrio brasileiro, muito embora no tenham sido
somente os portugueses a aportar e explorar esse territrio, foi com o portugus que se travaram
maiores conflitos, uma vez que, diferentemente dos franceses que estiveram no norte e no sudeste
do Brasil e desenvolveram bom relacionamento, principalmente em nvel comercial, com os ndios
locais, os portugueses por sua vez, agora n