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CELESC A verdadeira DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS Especial Junho de 2016 INTERSINDICAL DOS ELETRICITÁRIOS DE SC

LV Especial - Diagnóstico das Regionais

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Page 1: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

CELESCA verdadeira

DiagnóStiCo DaS rEgionaiS

EspecialJunho de 2016

intErSinDiCaL DoS ELEtriCitÁrioS DE SC

Page 2: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

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PERCORRIDA DO CONSELHEIRO

passoO primeiro

Intercel e conselheiro debateram metas da concessão com trabalhadores,,

,,

A percorrida foi o primeiro passo do debate sobre a realidade da Celesc atual e a perspectiva para o futuro da empresa. Apresentando as regras da concessão e

as metas impostas pela Aneel, dirigentes sindicais e conselheiro eleito buscaram motivar os celesquianos na busca pela

perpetuação da Celesc Pública

No início de 2016, os sindicatos da Intercel, ao lado do Representante dos Empregados no Conselho de Admi-nistração da Celesc, Leandro Nunes, iniciaram uma per-corrida nas Regionais e Administração Central para de-bater as metas para a manutenção da Concessão.

A percorrida foi o primeiro passo do debate sobre a realidade da Celesc atual e a perspectiva para o futu-ro da empresa. Apresentando as regras da concessão e as metas impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dirigentes sindicais e conselheiro eleito buscaram motivar os celesquianos na busca pela perpe-tuação da Celesc Pública.

Informando a todos o que é necessário para que a em-presa garanta mais 30 anos de concessão, pudemos passar ao segundo momento deste trabalho: um amplo diagnóstico das Agências Regionais e Administração Central na visão dos trabalhadores.

METas Da CoNCEssÃo

0

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8

9

10

11

12

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

13

10,37

10,16

10,16 10,16

10,16 10,16 10,16

11,04

10,44

9,849,25

8,65

3% 9%15%

FEC realizado FEC limite interno proposto Quanto temos que melhorar

-3%-9%

0

11

12

13

14

15

16

2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

15,07

14,67

14,67

14,67 14,67 14,67 14,67

14,77

13,74

12,58

11,56

11,30

6%

14%

21%23%

-1%

DEC realizado DEC limite interno proposto Quanto temos que melhorar

Metas de DEC atualizadas

Metas de FEC atualizadas

15% é o percentual de melhora que a Celesc terá que cumprir até 2020. Caso não cumpra, por 2 anos consecutivos, ou ao final do 5º ano, a Celesc perderá a concessão.

23% é o percentual de melhora definido pelo Termo que a Celesc terá que cumprir, até 2020. Caso não cumpra, por 2 anos consecutivos, ou ao final do 5º ano, a Celesc perderá a concessão.

Metas financeiras

2016

2017

2018

2019

2020

Não tem metas financeiras estabelecidas

EBITDA ≥ 0

EBITDA - QRR ≥ 0

DÍVIDA LÍQUIDAEBITDA - QRR

180% Selic

DÍVIDA LÍQUIDAEBITDA - QRR

1111% Selic

Fórmula

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DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

CElEsCA verdadeira

para conhecer a Celesc de verdade é preciso conversar com seus trabalhadores,,

,,

Do plano mais amplo e político ao mais restrito das particularidades do dia a dia, a proposta deste trabalho

foi dar voz aos trabalhadores de todo o estado. Para isso utilizamos pequenas reuniões ou entrevistas em grupo, onde os celesquianos puderam se manifestar

livremente

A verdadeira Celesc é o reflexo dos celesquianos. E para conhecer a realidade da maior estatal catarinense só há uma forma: conversar com os trabalhadores. Durante os meses de abril e maio de 2016, a equipe do Linha Viva percorreu as Agências Regionais e Administração Central, debatendo com os trabalhadores sobre as dificuldades, necessidades e a vi-são da categoria sobre o futuro da Celesc frente aos desafios para a manutenção da concessão.

Do plano mais amplo e político ao mais restrito das particula-ridades do dia a dia, a proposta deste trabalho foi dar voz aos trabalhadores de todo o estado. Para isso utilizamos peque-nas reuniões, ou entrevistas em grupo, onde os celesquianos puderam se manifestar livremente. A ideia não era fomentar um debate entre sindicatos e trabalhadores, mas sim capturar aa essência da visão daqueles que são responsáveis nla luta pela manutenção da Celesc Pública.

Além disso, o anonimato dos relatos foi uma das formas que encontramos para dar tranquilidade a todos que quise-ram dar seu relato. As amarras políticas da empresa ainda assombram os trabalhadores e, por isso, o anonimato e os relatos gerais e não específicos compõem este trabalho.

Mais do que um registro histórico deste importante momen-to, esta edição especial do Linha Viva é um passo para uma caminhada mais longa.

CElEsC pÚBlICa, BoM paRa ToDo MUNDo!

LINHA VIVA é uma publicação da Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina

Jornalista responsável: Paulo G. Horn (SRTE/SC 3489)Conselho Editorial: João Roberto Maciel

Apoio: José Roberto Santos, Patrícia Mendes, Cleber Borges, Amarildo Machado, José Marcelo Buchele, Valdecir Cenci, Iria Spiecker, Moacir Haboski, Fatima Kafer, Antônio Correa, João Batista de Lis, Lucio Silva,

Davi Coelho, Dirceu Simas, Leandro Nunes, Ailton Communelo

Rua Max Colin, 2368, Joinville, SC | CEP 89216-000 |(047) 3028-2161 | E-mail: [email protected]

As matérias assinadas não correspondem, necessariamente, à opinião do jornal.

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DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

CriciúmaAgência Regional

Falta de pessoal e crescente terceirização prejudicam imagem da Celesc,,

,,

Criciúma foi a primeira regional onde os trabalhadores tiveram a oportunidade

de relatar sua visão sobre a Celesc nos dias de hoje. Além de preocupações com as metas para a Concessão da empresa,

uma série de dificuldades para a realização do trabalho no dia a dia foi

apresentada

"A visão que os trabalhadores têm da Celesc é bem melhor do que a reali-dade". Essa é a avaliação dos celesquianos que afirmam que hoje a empresa não está sendo boa para o consumidor, fazendo cair a imagem da Celesc pe-rante à sociedade. A visão dos clientes é que a Celesc não dá mais a mesma atenção, com um tratamento mais frio e afastado. Essa imagem é resultado da busca incessante por lucro e aumento da terceirização em várias ativida-des. Com condições mais precárias e atendimento de qualidade inferior, a terceirização deixa marcas negativas na sociedade e na imagem da Celesc. É preciso fazer esforço para cada vez mais primarizar as atividades, pois só assim conseguiremos voltar a ser a Celesc dos catarinenses.

Celesc do povo x Celesc do acionista

A novela envolvendo o prédio da Ce-lesc deixa os trabalhadores ainda mais desmotivados. Atualmente a regional está espalhada em 4 prédios. O caso mais agravante é o do prédio onde fun-ciona a administração regional. Vendi-do pela própria Celesc pelas condições

precárias e inúmeras inundações, o pré-dio foi relocado pela empresa enquanto a negociação com a Cecrisa não tem fim. Esta situação absurda se estende por mais de 2 anos e a falta de condi-ções de trabalho deixa os trabalhadores estressados e desmotivados.

Enchentes e aluguel: a novela Cecrisa

Comprometimento e metas da ConcessãoPara os trabalhadores, os chefes da

Regional não dão condições aos celes-quianos para que estes façam o trabalho com qualidade. "Ninguém conhece os indicadores nem se preocupa com o al-cance das metas da concessão".

Um dos principais problemas é a falta de um trabalho estruturado de roçada. Segundo informações dos trabalhado-res, o percentual de vegetação na rede aumentou aproximadamente 50% e a falta de planejamento agrava a situação. Hoje, muitos desligamentos programa-dos estão sendo feitos e as áreas não

estão trabalhando junto por falta de co-ordenação e gestão das chefias. Na vi-são dos celesquianos, para ajudar no alcance das metas da concessão é pre-ciso remontar a Linha Viva própria. Sem equipe há mais de um ano, o caminhão (nº 3299), que custou aproximadamente 480 mil reais à época, não é usado na Regional e hoje está emprestado para Tubarão. Para os trabalhadores, a re-composição da equipe de Linha Viva e o consequente retorno do caminhão à Re-gional seriam um importante passo para melhorar indicadores de DEC e FEC.

Os trabalhadores da regional também denunciam a falta de qualidade no serviço das terceirizadas. O serviço mal feito tem ocasionado uma sé-rie de perdas para a Celesc, com equipamentos sendo danificados pela instalação desleixada. É o caso dos medidores de energia com bornes queimados. Segundo relato dos trabalhadores, por falta de cuidado na hora da instalação os equipamentos estão sendo danificados e precisam ser substituídos, causando problema no faturamento e perdas financeiras com materiais que tem que ser sucateados.

Terceirização e perdas

Melhorar o atendimento à sociedade

Segundo os celesquianos, Criciúma tem o melhor tempo de atendimento de ocorrên-cias do Estado. Para os trabalhadores, isto é um reflexo da cobertura de 24 horas do turno 3x2. Além de uma cobertura mais ampla, para melhorar o atendimento é preciso rever o quadro de pessoal e corrigir distorções. Enquanto o quadro praticado pela em-presa diz sobrarem trabalhadores, a burocratização do serviço e a falta de trabalhadores administrativos tiram os eletricistas e técnicos de campo, fazendo com que o quadro de dotação não reflita a realidade.

Insegurança nos materiais

Uma denúncia de falta de segurança também foi apresentada pelos trabalhado-res. Um dos equipamentos imprescindíveis para resguardar a vida dos trabalhadores, o cinto paraquedista, que tem prazo de va-lidade de 5 anos, já está vencido. Entregue em 2008 aos celesquianos, ainda é utiliza-do por falta de novo equipamento.

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DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Falta de investimentos em subestações compromete índices da regional

,,

Índices de DEC e FEC já estourados por falta de investimento na Agência

Regional de Tubarão são a grande preocupação dos trabalhadores. Aliada à falta de pessoal e falta de material, as condições de trabalho prejudicam muito a luta pela manutenção da concessão da

Celesc Pública

TubarãoAgência Regional

,,Metas inalcançáveis: falta investimento

Um dos principais pontos para atingimen-to de metas da Concessão foi bastante cri-ticado pelos trabalhadores. Há, na visão da categoria, uma inabilidade e imobilidade da Diretoria da Celesc em dar condições para que as metas sejam alcançadas.

Na Regional de Tubarão o ponto mais crítico de DEC e FEC, segundo os traba-lhadores, é Garopaba, que já está violado. Hoje, o município é atendido por uma su-bestação de 34kv, que não supre a neces-sidade. Com o turismo, no verão, a popu-lação cresce absurdamente, assim como a demanda de energia. Entretanto, há 6 anos Garopaba extrapola os índices de DEC e FEC definidos pela Aneel. Além disso, com recorrentes violações em DIC/FIC/DMIC a Celesc vem pagando pesadas multas aos consumidores em Garopaba. Esta situação não pode ser gerenciada pelos trabalhado-res, pois demanda o investimento em uma nova subestação. Segundo informações, existe um projeto para a construção de uma subestação de 138kv, mas ninguém sabe o

andamento. Pior: um terreno foi comprado pela Celesc para a obra da nova subesta-ção, mas por problemas este já está sendo leiloado.

Outro problema é a linha que atende o município. Vinda de Imbituba é uma linha de distribuição, quando deveria ser uma li-nha de Transmissão para dar confiabilidade ao sistema. A insatisfação da população fez com que no ano de 2015 o escritório fosse apedrejado, pondo em risco trabalhadores e patrimônio da empresa. A própria Subes-tação de Imbituba já apresenta problemas, com o Transformador sobrecarregado. Ou-tra subestação com problemas é Sangão. Os trabalhadores contam que a subesta-ção foi montada provisoriamente e assim está há 5 anos. Não há informações sobre melhorias ou conclusão da obra, que deve-ria ter iniciado em 2015. O impacto destas questões não gerenciáveis pelos trabalha-dores desanima os celesquianos por não conseguirem atender a sociedade com a qualidade que ela exige.

sobrecarga e adoecimentoNa opinião dos celesquianos, a centralização de atividades (faturamen-

to e contabilidade) não funcionou, mas apenas trouxe mais tarefas para o administrativo das regionais. As atividades que foram centralizadas eram esporádicas e não acarretaram nenhuma melhora nos procedimentos ou otimização dos serviços. A carência de mão-de-obra e a sobrecarga de trabalho leva à insatisfação e doenças aos trabalhadores. Além disso, a sobrecarga de trabalho afeta também os companheiros de outras áre-as. Com a área de Recursos Humanos caótica (apenas um trabalhador atuando) há uma grande dificuldade em atender as demandas dos com-panheiros. A falta de pessoal faz, inclusive, com que gerentes estejam executando e não gerenciando. Na avaliação dos trabalhadores, a insis-tência em não contratar novos assistentes administrativos está deixando os empregados doentes. O estresse é tanto que trabalhadores elegeram o momento atual como o pior para trabalhar na empresa. Neste ritmo, é evidente que o quadro de dotação praticado pela Celesc é um problema. Afinal, nas contas da empresa, "sobra administrativo" em todos os luga-res. No entanto, é óbvio que a falta de tecnologias e as centralizações mascaradas não diminuíram o serviço nas regionais, explorando os tra-balhadores à níveis perigosos para sua saúde e sanidade.

Centralização do CoDA avaliação dos trabalhadores é de que falta treinamento para os des-

pachantes que atuam no COD centralizado, o que intensifica os riscos de acidentes e prejudica o tempo de atendimento à sociedade. Outra questão que preocupa os trabalhadores é a relação entre despachantes e eletricistas. Esta relação, que impacta diretamente na segurança dos celesquianos, tem que ser de confiança, de conhecimento, o que não ocorre na centralização.

Além disso, a pressão para não gerar custos adicionais em detrimento da qualidade do serviço prestado à sociedade também foi denunciada pelos trabalhadores. Para evitar o pagamento de horas-extras e sobre-aviso, a empresa tem optado por deixar conjuntos desligados por mais tempo, impactando diretamente sobre os índices de qualidade e prejudi-cando a luta pela manutenção da concessão.

ameaças no atendimento

Logo na entrada da loja de atendimento de Tubarão, 2 jovens aprendiz e 1 esta-giária fazem o primeiro atendimento (2ª via e religação por corte, além de encami-nhar os consumidores para os atendentes). Não há segurança presencial na loja de atendimento e há poucos meses uma das meninas sofreu agressão física e verbal. A presença de um profissional de segurança é a grande demanda. Os próprios aten-dentes da Celesc apontam a falta de segurança como o principal problema no setor. Entretanto, a proposta de padronizar o atendimento em guichês com barreira física (formato de lotéricas) também não é bem recebida pelos celesquianos. Esta barreira acaba por afastar ainda mais o consumidor da empresa. Para os atendentes, é ne-cessário humanizar o atendimento cada vez mais, uma vez que o atendimento lida com as emoções das pessoas.

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DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

FlorianópolisAgência Regional

Dificuldades de relação com a administração Central impactam nos investimentos da regional,,

,,

A passagem pela Agência Regional de Florianópolis se deu em meio à eleição

para Diretor Comercial e à insegurança sobre o futuro da regional. A falta de

condições de trabalho e os impactos sobre a possibilidade de alcançar as metas da concessão foram amplamente relatados

pelos trabalhadores.

Foram relatadas muitas dificuldades em conseguir recursos com a Cen-tral para investimentos na Agência Regional. Segundo informações da categoria, a ARFLO conseguiu aproximadamente 8 milhões de reais para investimento, enquanto várias regionais menores tiveram disponíveis apro-ximadamente 14 milhões de reais. Para os trabalhadores, esta disparidade não se justifica, ainda mais pela ARFLO atender a capital do estado. Na vi-são dos celesquianos, há um grande desentendimento entre administração regional e diretorias.

Investimentos

Na visão dos trabalhadores, o momento político do Brasil, com escândalo da Petro-bras e opinião pública manipulada contra empresas públicas tem forte impacto so-bre o futuro da Celesc.

"Para piorar, a Diretoria parece não es-tar lutando pela concessão, não toma ne-nhuma atitude clara para chegar em 2020 com a Celesc pública. Parecem estar dis-simulando, para no fim, dizerem: “não deu, agora vamos privatizar”. Além disso, jo-gam para cima dos trabalhadores a culpa por uma série de erros de gestão. Cobram reduções de custo, jogam a culpa para os empregados, mas não dão o exemplo. Há excesso de diretorias e uma estrutura absolutamente inchada na Central. Entre-

tanto, na regional, por redução de custos equivocada, deixam áreas operacionais de suma importância para o atendimento à sociedade sem condições de gestão, tendo uma chefia para mais de 100 traba-lhadores em atividades distintas".

Com tudo isso, os trabalhadores estão bem desanimados com a perspectiva fu-tura da empresa. A visão é que, desde a chegada da “turma do Gavazonni” a inten-ção é acabar com a Celesc Pública. Se a diretoria desse o rumo certo, os trabalha-dores corresponderiam, mas ninguém vê comprometimento das chefias. A visão ge-ral é que problemas políticos existem, mas tem muita coisa que não anda por causa dos maus gestores.

a diretoria quer mesmo a concessão?

Os trabalhadores definem como terrorismo psicológico a novela que se tor-nou o fechamento da Regional de Florianópolis. O fim da agência é um fato de estresse constante e os trabalhadores já se referem a viverem “um dia após o outro na corda bamba”. Se a centralização de atividades não funciona hoje, quando criam departamentos na Central, mas não otimizam o serviço na regional, como vão querer centralizar toda a ARFLO? Para os celesquia-nos, fechar a Agência é perder muita coisa da história da Celesc. Além disso, abre um precedente para o fechamento de outras agências regionais.

Fim da Regional: uma guerra

Segundo os trabalhadores da regio-nal, para que seja feita uma gestão efetiva sobre horas-extras, sobreaviso e cumprimento do TAC com o Ministé-rio Público, a Regional ainda precisaria de mais 12 eletricistas. A área admi-nistrativa já está enxuta demais, com grande sobrecarga de trabalho para os celesquianos. Para os trabalhadores da área falta uma visão mais ampla dos demais companheiros, de que a Celesc é uma só e todos são impor-tantes para a empresa pública. Há um

sentimento de que, além de estarem abandonados e sobrecarregados, não há reconhecimento nem suporte da área técnica para os administrativos.

Além disso, os celesquianos convivem com um sentimento de angústia: “se não damos conta de fazer nosso servi-ço, como vamos manter a empresa pú-blica?” A pergunta que fica é: como al-cançar as metas se não tem gente para trabalhar? Para os trabalhadores só há uma forma: quebrando o discurso do mais com menos.

Falta de pessoal em todas as áreas

Segundo os trabalhadores, na ques-tão financeira, apesar da Diretoria ficar batendo na tecla da redução de despe-sas, nada faz para recuperar receita. E não é só inadimplência. "A incoerência é tanta que foi diminuída a verba de corte para este ano". Também a centralização da crítica do faturamento foi péssima na

visão dos trabalhadores. "Não damos conta do número de denúncias de frau-de. Seria necessário ter uma equipe só para fiscalizar e autuar fraudes". Gran-des empresas faliram e, com isso, houve aumento de inadimplência, com reflexo nas lojas de atendimento, aumentando a sobrecarga de trabalho.

É preciso recuperar receitas

Page 7: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Divulgar metas com transparência é o caminho para garantir a concessão

,,

A falta de transparência no processo de manutenção da Concessão da Celesc é a

principal preocupação dos trabalhadores da Administração Central. Por isso é

preciso criar um portal de transparência para que os trabalhadores possam

acompanhar a evolução da empresa e contribuir para a Celesc Pública

CentralAdministração

,,A concessão preocupa os trabalha-

dores da administração central e é concenso de que não há informação da situação atual. Todos se pergun-tam: "Onde estamos? Qual o plano da empresa para alcançar as metas da concessão? Como podemos ajudar? Ninguém sabe! Nem as Comissões de Gestão e Resultados tem informa-ções". Para os trabalhadores é preci-so expor as metas por departamento e viabilizar o auxílio entre os departa-mentos para o cumprimento das metas. Foi desta necessidade que surgiu a ideia do CONCESSÔMETRO. Criar um “ponteiro da concessão”, mostrando se estamos no caminho certo, se estamos

perto ou longe da concessão. A lógica é óbvia: a empresa precisa mostrar o caminho para atingir as metas e bus-car o apoio dos trabalhadores. Se os celesquianos tiverem a informação sa-berão como ajudar, pois a grande força da categoria é o esforço conjunto.

A criação de um portal de transpa-rência para que os trabalhadores pos-sam acompanhar a evolução da em-presa é outra demanda. Apresentar mensalmente a evolução da empresa no alcance das metas, e divulgar o plano da administração para atingir os índices impostos pela Aneel são o ca-minho para manter os trabalhadores mobilizados.

Concessômetro

Além de cuidar das metas para a ma-nutenção da concessão da Celesc Distri-buição, os trabalhadores têm claro que é preciso fomentar a área de novos negó-cios da empresa. A certeza repassada à equipe do LV é que, se a Celesc tem interesse em ser grande no setor elétri-co, é preciso olhar com carinho para a Celesc Geração que já tem hoje uma participação significativa no grupo Ce-lesc. Segundo dados dos trabalhadores, a área de geração representa hoje ape-nas 3% do faturamento, mas representa também 50% do EBITIDA, tendo grande potencial de crescimento. Entretanto, há

dificuldades de aprovação de projetos em novos negócios no Conselho. Temos um parque gerador pequeno, com gran-de potencial, em um mercado não tão regulado quanto o da distribuição que deve ser explorado. Para isso é preci-so sensibilizar também os próprios tra-balhadores da importância da Geração, pois a sustentabilidade de toda a Celesc passa por ela. Os trabalhadores também se manifestaram contra a privatização da Celesc Geração, já que existe um tra-balho, já confirmado pelo Presidente, de levantamento dos ativos para a venda da empresa.

Investir em novos negócios

Um assunto controverso surgiu em vários setores da Administração Cen-tral: a redução do número de Agências Regionais. Para os trabalhadores da central não há justificativa para a manutenção de estruturas com impacto financeiro tão grande em tempos de redução de receitas. Para eles é neces-sário fazer um estudo aprofundado do tema, investindo em centralização e tecnologia. "A estrutura de regionais é apenas politicagem", afirmam.

Redução de regionais

Para os trabalhadores, uma área de grande importância e ainda pouco reco-nhecida é a Responsabilidade Social. A estrutura ainda é insuficiente para maior impacto da empresa na sociedade e hoje os poucos funcionários correm atrás da máquina para viabilizar as necessidades da área. Um dos problemas mais comuns é a dificuldade em conseguir orçamento para os projetos e, assim, várias situa-ções esbarram em questões financeiras. Entretanto, na visão dos celesquianos os projetos sociais aproximam a empresa da sociedade. Um ótimo exemplo é o Projeto Jovem Aprendiz que tem um impacto sig-nificativo para melhorar a vida dos jovens.

Responsabilidade social

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Page 8: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

JoaçabaAgência Regional

Falta de condições de trabalho, pessoal e investimentos em roçada comprometem a regional,,

,,

Em Joaçaba os principais problemas são com relação à Roçada e falta de pessoal. A sobrecarga de trabalho aliada a uma

política que apenas corta horas-extras sem preocupar-se com o atendimento à sociedade

têm deixado trabalhadores com sérias dúvidas quanto à intenção da empresa. Será que querem mesmo garantir a concessão?

O corte de horas-extras é muito mais do que a mera redução de receita para os trabalhadores. A falta de gestão sobre a situação é o grande proble-ma. Para economizar cortam a hora-extra dos trabalhadores, necessária para atender emergencialmente a sociedade com qualidade, mas mantém chefias que nunca fazem nada no sobreaviso. Para os celesquianos não dá para administrar a hora-extra como se fosse uma linha de produção. A Celesc não é assim. Tem uma série de emergências e é necessário atender a sociedade com qualidade, garantindo o alcance das metas da concessão.

a (i)lógica do mais com menos A falta de condições de trabalho não se aplica apenas à escassez de materiais e trabalhadores. Na visão dos trabalhado-res, a falta de estrutura em alguns pon-tos também atenta contra uma condição digna de trabalho para os celesquianos.

O abandono das subestações da em-presa é fato recorrente em todo o esta-do. O próprio Linha Viva tem denunciado sistematicamente a questão das subes-tações teleabandonadas.

Entretanto, a subestação Herval do Oeste é um exemplo de como o aban-dono das estruturas da empresa tam-bém acontece em locais habitados por

trabalhadores. O acesso à subestação já é precário. As condições do prédio são ainda piores. Os móveis são antigos e estragados, sendo que boa parte deles é doação dos próprios trabalhadores. Há tempos não é realizada uma reforma no prédio e os trabalhadores sentem--se inseguros e abandonados pela ad-ministração. Além disso, a limpeza das Subestações permanece um problema. Hoje quem faz são os próprios trabalha-dores e, quando há uma contratada para cuidar da conservação, a falta de conti-nuidade do serviço deixa as condições rapidamente desfavoráveis.

Estrutura precária

A roçada é o grande vilão da falta de energia na Regional. E, mesmo dian-te desse fato, os trabalhadores denunciam que não existe contrato ativo na regional, apesar de haver dinheiro sobrando depois da aprovação do maior orçamento da história para roçada. Assim, a vegetação está tomando conta da rede, impactando diretamente nos índices de DEC e FEC. Mesmo quan-do havia equipe terceirizada trabalhando, a falta de continuidade no serviço a deixava improdutiva. Segundo os celesquianos é preciso de 2 anos de roçada contínua para resolver os problemas.

A demanda de trabalho é muito grande em relação às equipes próprias disponíveis. Como não existe um critério determinado, a falta de gestão das chefias prejudica ainda mais a situação. Não há uma avaliação real da situ-ação para identificar a necessidade da regional. Caso fosse bem gerida e o trabalho tivesse continuidade e foco, os trabalhadores afirmam que seriam resolvidos 70% dos desligamentos.

Roçada: a grande vilãA falta de treinamento e capacitação para os trabalhadores é mais uma reclamação

dos celesquianos. Segundo eles, o descaso na capacitação dos trabalhadores tem levado à riscos de segurança. Com o avanço de novas tecnologias que vão sendo implementadas na rede, os celesquianos aprendem fazendo, expondo-se a riscos de segurança para não deixar a sociedade sem atendimento.

aprende fazendo

As condições da frota de veículos tam-bém prejudica a execução do serviço e o alcance das metas da concessão. Com veículos antigos e em más condições os-trabalhadores afirmam que têm que "men-digar" veículos com condições e trabalho. Um exemplo é o caminhão de Linha Viva da Regional, muito antigo. A crítica é que em outras regionais existe caminhão novo, mas não existe equipe de Linha Viva.

Condições da frota

Page 9: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Para os trabalhadores de Videira falta direcionamento da Central e

comprometimento de Diretorias e Chefias para garantir condições de trabalho aos

celesquianos, o que prejudica demais o atendimento à sociedade. A falta de

transparência da Diretoria na divulgação das metas da Concessão e a inércia em realizar um trabalho de motivação com

os trabalhadores novamente põe em dúvida se a Diretoria realmente está trabalhando para manter a empresa

pública

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Falta transparência na divulgação das metas da concessão

,,

VideiraAgência Regional

,,

Para os trabalhadores, a determinação da diretoria de não ter um(a) Assis-tente Social em cada regional sobrecarrega o exercício da função. A avalia-ção é que, a obrigação de atender em outras regionais deixa o atendimento precário. "Em alguns casos o(a) Assistente Social tem passado orientações por telefone, apenas para não deixar o trabalhador desamparado. Entretanto, essa não é a forma de fazer um atendimento de qualidade que o trabalhador merece". Na opinião da categoria, é preciso que a empresa, neste momento em que os trabalhadores já se sentem pressionados e sobrecarregados, dê condições para que os(as) Assistentes Sociais possam realizar seu trabalho. E, para isso, é preciso rever a determinação do Conselho e contratar pelo menos uma Assistente Social por Agência Regional.

Como atender às necessidades?

Para os trabalhadores, a luta pela ma-nutenção da concessão da Celesc não tem a adesão de todos. Na visão dos celesquianos falta uma ampla campa-nha de conscientização. É preciso que a Diretoria assuma a responsabilidade de motivar os trabalhadores, realizando reuniões periódicas para socializar as informações e deixar claro o que pre-cisam fazer para garantir a concessão.

Hoje, a diretoria não faz nada. Não adianta cobrar esforço sem dialogar com os trabalhadores. É preciso ter um planejamento transparente e punir as ingerências políticas que prejudicam

a Celesc. A avaliação é que falta von-tade da diretoria. A inércia em fazer o trabalho de conscientização dos traba-lhadores deixa a categoria desconfiada da real intenção do governo do estado, principalmente com os muitos boatos e receios sobre a privatização da empre-sa. É inadmissível que a empresa se esconda neste momento, onde apenas os sindicatos da Intercel e o Conselhei-ro têm divulgado as metas da conces-são, e a situação atual da empresa, na busca por mobilizar a todos para garan-tir a concessão e a manutenção da Ce-lesc Pública.

Concessão e responsabilidade

Um dos principais pontos para se atingir as metas de qualidade (DEC e FEC) da concessão é um trabalho efe-tivo de roçada. Infelizmente, segundo os trabalhadores, esta não é feita e a rede da Celesc está tomada pelo mato. A continuidade do trabalho de roçada é fundamental para minimizar os desliga-mentos. Não adianta fazer o serviço por 6 meses e abandonar por outros 6 me-ses. Se não houver continuidade, não haverá solução. E o impacto disso não se dá só em metas de qualidade. As metas financeiras, também importantes para a concessão, têm impacto direto neste assunto. Com uma política equi-vocada de redução de custos, como a empresa poderá diminuir horas-extras se existem muitas ocorrências?

A forma que vem sendo feita hoje não pode continuar. Segundo denúncias dos

trabalhadores, NR´s não estão sendo re-passadas e consumidores estão ficando no escuro para economizar com horas--extras. Além disso, problemas com o COD centralizado também prejudicam o objetivo maior. Como os despachantes da Central não conhecem a realidade da Regional e a rede que está no papel não condiz com a realidade em campo,há grande preocupação de que os índices de DEC e FEC irão piorar.

Ainda na preocupação com os índices de DEC e FEC, os trabalhadores consi-deram fundamental investir na reestru-turação das equipes próprias de Linha Viva em todas as regionais. Aliando ser-viços que não precisem desligar a rede e uma política de investimento em tec-nologias efetiva (já que a atual é lenta e descoordenada), poderemos avançar na busca pela concessão.

Metas da concessão: roçada e gestão

Para os trabalhadores, a partidarização que tomou conta da eleição para Diretoria Comercial é prejudicial à empresa e aos trabalhadores. Única oportunidade dos celesquianos elegerem entre seus pares um dire-tor da empresa, a eleição foi tomada por uma disputa partidária dentro do Governo, que mobiliza chefias e pressiona trabalhadores para eleger al-guém diretamente ligado ao governo. Além da pressão, os trabalhadores da regional questionaram a confiabilidade da eleição eletrônica, cobrando que fosse feita uma mobilização para que o pleito voltasse a ser feito em cédulas de papel, que permitem melhor controle e fiscalização. Além dis-so, os celesquianos também criticaram a possibilidade de reeleição que faz com que questões financeiras e de alianças pelo poder se sobrepo-nham ao que realmente é bom para a Celesc.

partidarização na eleição da DClPara os trabalhadores, a centralização

do faturamento só trouxe problemas e au-mentou o a sobrecarga para a regional. A crítica do faturamento tem critérios ques-tionáveis e não há comunicação com as regionais. Assim, uma infinidade de docu-mentos são gerados e, em grande parte dos casos, sem necessidade. Isto ocorre porque o Departamento na Central criado para gerir a centralização não conhece a realidade da Regional e não dá supoer-te aos problemas gerados. Desta forma, trabalhadores têm que ficar apagando

o fogo criado pela centralização e não conseguem fazer um trabalho com foco no faturamento. Além disso, para os ce-lesquianos, a falta de assistentes admi-nistrativos na empresa deixa a situação ainda pior, com a quantidade absurda de documentos gerados para serem anali-sados e baixados. Para os trabalhadores é inegável que o gerenciamento quando era feito na regional era muito melhor. A situação piora com a falta de respaldo da Central às regionais, que não responde aos questionamentos.

Centralização e falta de pessoal

9

Page 10: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

são Miguel do oeste

Agência Regional

preocupações com a concessão,,

,,

A preocupação em São Miguel do Oeste foi com o atingimento das metas

de qualidade para a manutenção da concessão. Mesmo que a situação dos indicadores da regional esteja em seu

melhor momento, os trabalhadores têm certeza de que será preciso muito mais

esforço e dedicação dos celesquianos para garantir nossa empresa pública pelos

próximos 30 anos

A falta de transparência e de atuação da Diretoria da Celesc para garantir a manutenção da concessão da empresa é a preocupação central em São Miguel do Oeste. Os celesquianos não conseguem enxergar nada maior do que o discurso vazio pela mudança. Além disso, causa irritação e des-confiança a falta de postura da empresa e dos representantes do governo na Celesc contra uma eventual privatização. Enquanto trabalhadores es-tão comprometidos em atingir as metas da Aneel e querem fazer parte do processo e conhecer as necessidades da empresa, a Celesc não abre um canal de comunicação para o debate sobre as melhores formas de atua-ção para garantir a concessão. Além da falta de comunicação, a falta de informação é outro problema identificado pelos celesquianos. Enquanto a Diretoria não sai ao debate e não mobiliza os trabalhadores, a realidade é que nem todos assimilaram o desafio da concessão. Hoje, o pessoal veste a camisa e cada vez mais a categoria se sente como única responsável na luta pela manutenção da empresa pública. Se não houvesse empenho dos trabalhadores, a Celesc já estaria privatizada. É por isso que cada vez mais é preciso união entre os funcionários para a luta pela Celesc Pública.

Não vemos um rumo

A impressão dos celesquianos é de que, mesmo com novos trabalhadores sendo contratados, ainda falta gente na Regional. A preocupação aumenta com a proximidade de um Plano de Demis-são Incentivada (PDI), quando a pers-pectiva é a saída de vários trabalhado-res, impactando diretamente no serviço. Por experiência de planos anteriores, até a rotina engrenar de novo demora e, até isso acontecer, fica prejudicado o atendimento à sociedade e aumentada a sobrecarga de trabalho. A sobrecarga já é um grande problema na regional,

havendo vários locais sobrecarregados e falta gestão para aproveitar melhor a mão de obra. Segundo os trabalha-dores, a Celesc não sabe identificar necessidades e os sobrecarrega. É preciso rever com urgência o quadro de dotação, que hoje não condiz com a realidade. Para corrigir as distorções é necessário considerar somente quem está em efetivo serviço. Além disso, é recorrente a reclamação de Técnicos, fazendo serviço administrativo devido à burocratização do trabalho e pela notó-ria falta de assistentes administrativos.

Falta de pessoal e sobrecarga

Para os celesquianos, a empresa está indo na contramão da concessão com al-gumas decisões. Além de não conseguir mais realizar manutenção preventiva, o desmonte da Linha Viva nas regionais é um tiro no pé. Em São Miguel do Oeste, a equipe foi desmontada para recompor ou-tras áreas e a recomposição das equipes de Linha Viva é fundamental para o atin-gimento da metas da concessão. Hoje, os indicadores da empresa têm melhorado, mas em um ritmo muito lento. É preciso avançar na gestão para conseguir alcan-çar o objetivo da concessão.

Outro ponto a ser priorizado é a roçada. Se for feito um trabalho efetivo e contínuo, os indicadores de DEC e FEC trão uma grande melhora. Segundo os trabalhado-res, São Miguel do Oeste é a única regio-nal que tem 4 equipes atuando e, mesmo assim, as 4 estão só apagando fogo de-vido ao grande tempo sem ter sido reali-zado. "Se o trabalho não for constante,

não conseguiremos resolver os problemas de vegetação na rede". Os trabalhadores também acreditam que a centralização do COD é péssima para os indicadores. Cen-tralizando perdem-se as particularidades da região e há piora no atendimento e nos indicadores. "É uma mudança de cultura muito grande para ser feita em um mo-mento tão complicado".

Uma ideia para iniciar um planejamen-to é de as Regionais criarem comissões técnicas para pontuar os trabalhos e iden-tificar as atividades mais urgentes para alcançar as metas da concessão. Elen-car problemas e prioridades, fazendo um planejamento ao invés de só apagar fogo. Hoje, SMO tem o melhor índice de DEC e FEC dos últimos 4 anos e o melhor início dos últimos 6. Isso é fruto de muito traba-lho, mas também de sorte, pois a gestão ainda é muito deficiente. Além disso, re-duzir 25% de DEC em um sistema antigo como o da Celesc é um grande desafio.

Metas da Concessão

Para os celesquianos é necessário realizar com mais frequência encon-tros entre as regionais para socializar as experiências e repassar as boas práticas, para caminhar rumo à padro-nização das atividades em toda a Ce-lesc. "Existem várias Celesc dentro da empresa e cada regional tem um modo de agir". É preciso envolver os traba-lhadores e trabalhar com as particulari-dades, mas lembrando que somos uma única Celesc.

Uma só Celesc

Page 11: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Os trabalhadores de Chapecó listaram uma série e problemas com a falta de

matérias e equipamentos para a execução de serviços. A incompetência da empresa

em garantir boas condições de trabalho e a incapacidade das diretorias de trabalharem em conjunto prejudicam não só o dia a dia dos celesquianos, mas também a luta pela manutenção da concessão. Esses problemas,

aliados a uma extrema necessidade de revisão do quadro de pessoal são os entraves que os trabalhadores enxergam para a manutenção de uma Celesc Pública que preste um bom

serviço à sociedade catarinense

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

para conhecer a Celesc de verdade é preciso conversar com seus trabalhadores

,,

ChapecóAgência Regional

,,

Um dos maiores problemas que os trabalhadores da área técnica e ope-racional relataram é a má gestão de sistemas e equipamentos que podem auxiliar o serviço. Um deles é o Siste-ma Genesis, que está com uma série de erros de cadastro por falta de co-ordenação e gestão sobre o banco de dados. Segundo os celesquianos as informações estão todas divergentes com a realidade em campo, o que pre-

judica o trabalho correto. Outra dificul-dade é o gerenciamento de estoque falho. Para os trabalhadores este é um problema gerenciável que esbarra nas chefias. Na prática, a política de esto-que mínimo não funciona. Também, a reposição automática é falha e os tra-balhadores ficam constantemente sem o mínimo para trabalhar. É preciso ter um estoque preparado para questões de contingência.

Gestão de sistemas é um problema

Mesmo com a abertura de várias lojas nas cidades da região, a loja da sede Regional continua com muita demanda e longa espera de atendimento. Para minimizar a situação, os atendentes sugerem uti-lizar a própria fatura de energia para divulgar a abertura de lojas nos municípios da região, disseminar a informação e tirar a sobrecarga da loja sede. Também o sentimento de insegurança no atendimen-to também é grande. Entretanto, a ideia de uma barreira física entre consumidor e atendente não é uma boa opção, pois "isso afastará ainda mais o cliente da empresa. As pessoas já chegam irritadas ou desconfiadas e a barreira pode aumentar a irritação, não garantindo a proteção do atendente".

sobrecarga e insegurança no atendimento

É preciso ter melhor visão da realidade da renovação da concessão. Faltam in-formações para os trabalhadores e a em-presa não faz seu papel de divulgar me-tas e indicadores. para os trabalhadores é preciso maior interação e colaboração entre as Agências. Trabalhar como uma empresa unida. Na visão dos celesquia-nos, a sociedade tem pouco conhecimen-to sobre a empresa e é preciso investir

em propaganda, divulgar mais o que a Celesc faz de bom para a sociedade. Pre-cisamos ter a população apoiando a em-presa pública. Além disso, é necessário motivar os trabalhadores a lutarem pela concessão. "O espírito da família Celesc tem se perdido e, caso se perca o foco da empresa para a sociedade, tratando-a apenas como um negócio, logo não sere-mos mais uma empresa pública".

Realidade da concessão

Os celesquianos acusam a falta ca-pacitação e informação. Mudanças de sistema são efetuadas e não são avisa-das e a falta de um manual de procedi-mentos prejudica ainda mais o serviço. Ideia de que aprende fazendo é a pior do mundo. Não se consegue um padrão nos procedimentos e põe em risco a se-gurança dos trabalhadores.

A falta de uniformização de procedi-mentos e de capacitação prejudica o atendimento e a falta de suporte da cen-tral piora ainda mais a situação.

Para os trabalhadores, a Celesc de-veria investir em um modelo de treina-mento regionalizado, que não impactaria tanto financeiamente e facilitaria o deslo-camento das pessoas.

Treinamento e capacitação

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Page 12: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

ConcórdiaAgência Regional

problemas com estrutura da empresa prejudicam o alcance das metas da concessão,,

,,

Problemas gerenciais, estruturais e funcionais. Para os trabalhadores da Celesc de Concórdia é preciso uma

grande reorganização e mudança na lógica dos processos da empresa. A

desconfiança com relação à capacidade da diretoria para conduzir a Celesc rumo à

manutenção da Concessão é evidente

Em uma das conversas os trabalha-dadores de Concórdia afirmaram que o problema da Celesc é Gerencial, estru-tural e funcional.

Na parte gerencial o diagnóstico é o despreparo dos gerentes da empresa. Vários problemas de relacionamento entre gerentes impactam na cooperação entre as áreas, necessária para melho-rar os processos na empresa. Outro pro-blema é a falta de comunicação com os trabalhadores. Sugestões não são ouvi-das. O que se vê é que hoje não se bus-cam soluções para os problemas, mas sim desculpas e justificativas.

Com relação à estrutura os trabalhado-res consideram que a centralização é o caminho errado. É preciso tirar as “caixas” da central e passar para as regionais, que

é onde as coisas acontecem. Além disso, a reestruturação que uniu DVCL e DVAF é um grande erro. Enquanto cortam car-gos de chefia nas regionais, prorrogam a assessoria de assuntos estratégicos do presidente sem motivos. "A Central não dá suporte, não funciona como o cérebro da Celesc para dar o caminho às agências".

Para os trabalhadores, o problema com os funcionários é que eles estão desmo-tivados. "É função do gerente ter a sen-sibilidade de adequar a força de trabalho conforme as competências, o que hoje não é feito". Além disso, os celesquianos identificam que há uma divisão na cate-goria. "Ao invés de ficar brigando entre velhos e novos temos que nos reconhe-cer como categoria. Os funcionários es-tão perdendo a união".

Gerencial, estrutural e funcional

Centralizações e atendimento

A centralização do faturamento pre-judicou ainda mais as regionais. Tra-balhadores reclamam que a crítica do faturamento não é feita com qualidade. Se antes havia um trabalho preventivo da regional, agora os trabalhadores só apagam fogo, sobrecarregando o pesso-al de campo.

Segundo os trabalhadores, os proble-mas na centralização deixaram, inclu-sive, clientes sem faturar, além de au-mentarem as reclamações e violações. Na regional, os celesquianos querem fazer o trabalho bem feito, mas não têm suporte da central, o que desmotiva os trabalhadores.O fato é que os trabalha-dores estão tendo que resolver proble-mas que não existiriam se o faturamento fosse feito na regional. As centraliza-

ções na contabilidade também não fun-cionaram. Os processos centralizados apenas aumentaram a demanda de trabalho na regional. Por exemplo, Al-varás de IPTU foram centralizados, mas o serviço operacional ficou com a regional.

Nas lojas de atendimento, a contra-tação de novos trabalhadores melho-rou muito as condições de trabalho. Entretanto, a estrutura da loja regio-nal ainda é muito ruim. O mobiliário da loja é terrível e traz desconforto no atendimento. A mesa dos atendentes é de granito e no inverno fica muito fria. Ao invés de substituí-las, como paliativo foi colocada uma resistência para esquentar a mesa, mas que não resolve o problema.

para atingir as metas de DEC e FEC

"A visão geral é que não estamos dando conta de alcançar as me-tas". Para os trabalhadores, tecnologias importantes apresentam pro-blemas básicos, como o caso do sinal dos Religadores, que, além de não funcionar no interior, sofrem interferências de vegetação. Para os celesquianos é claro que não resolve unicamente comprar tec-nologia, mas é preciso investir em estrutura para que ela funcione. "Hoje, temos religadores de primeiro mundo, mas a rede da Celesc é ultrapassada".

Outro ponto importante para as metas é a roçada. Segundo os tra-balhadores, a Regional ficou 3 anos sem que o trabalho fosse realiza-do. Apesar de retomada, a roçada ainda está muito aquém da neces-sidade. Para os celesquianos a forma do contrato deve ser revista, priorizando a contratação do serviço por alimentadores. Com estes problemas, aliados à falta de manutenção preventiva, a visão é que os trabalhadores ficam só apagando fogo em uma rede tão sucateada que tem poste e cruzeta caindo de podre.

Page 13: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

A passada em Lages se deu logo após a divulgação do resultado dos contratos

de resultados para multiplicação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O descontentamento evidente

com o resultado também deixou claro o sentimento de que a empresa não dá condições para que a regional atinja

índices e metas, impactando seriamente na manutenção da concessão da Celesc

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Trabalhadores afirmam que empresa não dá condições para atingirem metas

,,

lagesAgência Regional

,,

para atingir as metas de DEC e FEC

Para atingir as metas de qualidade da concessão é preciso minimizar o tempo e a frequência de falta de energia. Entretanto, segundo os traba-lhadors de Lages, a gestão da Celesc tem feito exatamente ao contrário visando cortar despesas. A denúncia é que a empresa está "segurando" serviço de um dia para o outro para não gerar hora-extras. Ou seja, para economizar com o pagamento de horas necessárias, a Celesc deixa consu-midores sem energia por um longo período. "É assim que os índices serão alcançados? Pior, qual a culpa dos trabalhadores neste caso, já que isso é uma decisão gerencial? Nenhuma. A gestão das horas-extras é completa-mente equivocada. O certo seria diminuir as ocorrências com investimento na rede, afinal hora-extra é consequência dos problemas de uma rede já obsoleta". A visão é que, ao invés de investir em melhorias, a Celesc decidiu diminuir os custos de horas-extras e sobreaviso com atendimento deficien-te. A falta de ação para melhorar as condições de trabalho através de novas tecnologias é tamanha que, quando há investimento, ele não funciona. É o caso dos religadores. "A tecnologia é de primeira, mas de que adianta se o sinal é péssimo? A verdade é que os religadores não funcionam nas áreas mais retiradas, exatamente aquelas onde eles são mais necessários, onde há dificuldade em atender por conta do relevo da região, com grande exten-são de área rural, por conta da falta de sinal de telefonia".

O resultado da PLR deixou todos os tra-balhadores de Lages descontentes. Para os celesquianos é claro que a empresa, através da gestão e de atos de chefias, não dá condições para que as metas sejam alcançadas. Segundo os trabalhadores, "não adianta o chefe da Regional mandar um documento dizendo que Lages melho-rou, mas no fim não ter nenhum resultado. A verdade é que as chefias se omitem de fazer a parte dela. Não cobram, ninguém dá uma direção, não dizem onde melhorar. Existe muita dificuldade de comunicação". Os celesquianos consideram-se unidos, e estão vendo todos trabalhando, vestindo a camisa, se esforçando e lutando contra a privatização. Entretanto, Diretores e admi-nistradores parecem querer que a empre-sa deixe de ser pública. Se, por um lado, a má administração e abandono da em-presa desanimam, o que motiva os traba-

lhadores é que a Celesc é uma empresa muito boa. "E precisa mudar sua menta-lidade para continuar sendo a Celesc dos catarinenses". Os celesquianos enxergam uma grande inversão de valores. A visão é que, se antes o importante era atender bem a sociedade, hoje, diretores, acionis-tas e Governo só pensam em lucro.

Presos no meio desta política, os tra-balhadores reclamam da falta de informa-ção sobre os índices da Concessão. Além de não dar condições de trabalho, a em-presa peca em não informar e mobilizar os trabalhadores.

O momento político do país também preocupa os trabalhadores, afinal é mui-to ruim para as empresas públicas. Nes-te cenário, as desconfianças aumentam, pois se a diretoria está deixando a em-presa tão desleixada a privatização pa-rece ser o objetivo.

plR, concessão e privatização

sucateamento para atendentes e eletricistas

A estrutura para os trabalhadores da regional é outro grande problema. A sala dos eletricistas é completamente suca-teada, com mobiliários velhos e danifi-cados. Além disso, a falta de materiais básicos do dia a dia de trabalho e a falta de treinamentos e capacitações deixam o sentimento de abandono nos trabalhado-res. No atendimento comercial, o layout da loja é precário também. Segundo os empregados, as câmeras de segurança, que teoricamente servem para resguar-dar a integridade física dos trabalhadores, ficam na mesa da chefia, que fica vigian-

do os empregados. Para minimizar o sen-timento de insegurança os trabalhadores identificam a segurança presencial como a melhor forma. Entretanto, o contrato do segurança da loja hoje não cobre todo o horário do atendimento, deixando os trabalhadores abandonados por um pe-ríodo. Assim, os atendentes consideram a ideia de implementar no atendimento guichês com barreira entre o trabalhador e o consumidor uma boa ideia. Além de proteger os celesquianos de violência fí-sica, o guichê também minimiza o riscos de contaminação e doenças.

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Page 14: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Além da preocupação com as condições de trabalho para atingimento das metas da concessão, a falta de trabalhadores e o avanço da terceirização são os maiores problemas identificados na regional de Rio do Sul. A ação de empreiteiras e as mudanças que a Celesc tenta impor na fiscalização de obras deixam claro que o comprometimento da qualidade do

serviço prestado pode ser um agravante para que a empresa consiga confirmar

sua concessão e seu caráter público pelos próximos 30 anos

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Rio do sulAgência Regional

Terceirizações têm impacto negativo na busca pela manutenção da concessão,,

,,

Os trabalhadores identificaram uma série de problemas com empreiteiras e serviços terceirizados que, mal feitos, estouram no atendimento da Celesc. Um deles é o serviço de leitura e entrega si-multânea de fatura. Várias leituras erra-das viram documentos que têm que ser conferidos pelos trabalhadores, aumen-tando o resserviço e as reclamações na loja de atendimento. Além disso, a quali-dade das faturas também é preocupan-te, pois a impressão de má qualidade dificulta a visualização e gera descon-tentamento dos consumidores.

Outro problema com a terceirização é a intenção da diretoria da empresa de retirar o fiscal de campo, cobrando a fiscalização apenas após a obra ser concluída. Para os trabalhadores, as empreiteiras estão trabalhando sozi-nhas, sem fiscalização, também porque o fiscal está preso no escritório, com serviço burocratizado diante da falta de

assistentes administrativos para auxiliar no serviço. A situação compromete a qualidade do serviço prestado pelos ter-ceirizados, que já é infinitamente pior do que a dos trabalhadores próprios. Para os trabalhadores, há um tipo de lobby de empreiteiros que pressionam para que essa situação se perpetue, afinal, os fis-cais em campo cobram o serviço correto. Assim, obras não fiscalizadas apresen-tam vários problemas. Um dos principais é a instalação de materiais não homolo-gados na rede, que já apresentam pro-blemas. A fiscalização de obra pronta não possibilita a verificação dos mate-riais utilizados pelas empreiteiras e os problemas aparecem tempos depois. De acordo com os celesquianos, se houver uma fiscalização correta, rigorosa, dimi-nui o custo de manutenção e o impacto sobre o DEC e FEC, auxiliando no al-cance das metas da concessão, objetivo principal da Celesc hoje.

Terceirização e impacto sobre concessão

O planejamento para alcançar as me-tas da concessão é outra grande preocu-pação para os trabalhadores de Rio do Sul. A categoria não enxerga alinhamen-to nas ações entre diretorias e agências regionais e a impressão é que cada um cuida só do seu, sem um amplo plane-jamento para toda a Celesc. Os celes-quianos afirmam que é preciso cuidar dos índices e metas em geral, mas que para isso a empresa precisa incluir os trabalhadores nos debates e discussões

da concessão. O que falta é definir as ações em conjunto. Hoje, a grande crí-tica é que as chefias decidem sozinhas, sem o devido debate com os trabalhado-res. "Deveria ter um processo que abris-se mais para todos poderem colaborar".

A falta de informação é outro grande problema. A Celesc não dissemina a in-formação entre os trabalhadores que, até hoje, não conhecem um plano macro da Celesc para alcançar as metas e ga-rantir a concessão.

Falta planejamento e trabalho conjunto

A contratação de novos atendentes melhorou muito a loja de atendimen-to da regional, onde havia grande defasagem de pessoal. Entretanto, para os trabalhadores ainda é preciso melhorar as condições de trabalho, pois é um serviço desgastante. Apesar da falta de segurança, o atendimento em modelo de lotérica não é bem visto. Para os celesquianos, o atendi-mento da Celesc tem que ser mais humano e, uma barreira entre o aten-dente e o consumidor torna o atendimento muito impessoal. Não é essa a lógica da empresa pública. Há, no entanto, uma grande sensação de insegurança. Não há monitoramento nem amparo aos trabalhadores, pois não tem nem câmera, nem vigilância presencial. Para os trabalhadores, o adequado seria terem câmeras pela loja e um vigilante para monitorá-las e agir quando necessário.

Incluir os trabalhadores no debate

Para os trabalhadoes, se a Celesc não investir na roçada, não conseguirá atingir as metas de qualidade. A roçada é fun-damental para a diminuição dos índices de DEC e FEC, uma vez que a grande maioria das ocorrências é de vegetação na rede. Mais do que apenas contratar empreiteiras para o serviço, é preciso buscar apoio político para a criação de uma lei estadual que proíba o plantio de vegetação embaixo da rede. "Nos muní-cipios menores isso esbarra nos verea-dores que são donos de terra".

Uma lei contra a vegetação embaixo da rede

Page 15: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

A crise política brasileira e o reflexo sobre a retomada das privatizações pelo Governo Federal tem deixado os

trabalhadores de Blumenau em alerta. Além dos desafios e dificuldades para alcançar os índices e metas estipulados

pela Aneel para a manutenção da concessão, a onda privatista e a falta de apoio público para as empresas públicas desenha um caminho de enfrentamentos

e luta pela Celesc Pública

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Retomada de privatização deixa trabalhadores em alerta para a luta

,,

BlumenauAgência Regional

,,

Investimentos e receita

A forte volta das privatizações, com a mudança no Governo Federal é motivo de preocupação para os trabalhadores da Celesc de Blumenau. Na avaliação da categoria, com um momento atual muito ruim para as empresas públicas, a tendência é a privatização de todo o setor elétrico.

Nesta retomada privatista surge uma imensa preocupação com os direitos históricos conquistados pelos trabalha-dores. Ataques aos direitos já têm sido defendidos pelo Governo Federal, que usa a "flexibilização da CLT" como forma de atacar a classe trabalhadora em favor de empresários.

Para os trabalhadores é desanimador a forma como esse processo está sendo construído. "As pessoas que tomaram o governo são mais corruptas do que quem tiraram e, caso se confirmem, vão torrar as empresas públicas do país". A avaliação é que, para garantir a Celesc Pública, os celesquianos terão que tra-balhar muito e lutar ainda mais.

Além da volta da privatização, a ma-

nutenção da concessão procupa a cate-goria. Em um processo cheio de dúvidas e falta de informação, o esforço dos tra-balhadores não é levado em conta. Na visão dos celesquianos, a diretoria apro-veita para cortar na carne da categoria com a desculpa de manter a concessão. "A ordem é cortar custos e é sempre do trabalhador". Além disso o sentimento é de que todos estão se esforçando para atingir as metas, mas não há comprome-timento das chefias.

"Enquanto os trabalhadores dão o sangue pela manutenção da concessão, a empresa não deixa claro o rumo que quer tomar. A falta de informação e com-prometimento das chefias está deixando os funcionários de lado, abandonados e desmotivados em um momento em que todos precisam estar compromme-tidos com a empresa". A grande crítica fica para a falta de continuidade na gestão da empresa. Volta e meia, ideias que são apresentadas como a solução para todos os problemas, são abandonadas. E assim, nada vai para a frente.

privatização, Concessão e direitos

Para os trabalhadores, falta investimento para conseguir alcançar as metas de qua-lidade da concessão. Um dos principais investimentos deve ser a roçada, entretan-to, para os trabalhadores, é preciso uma melhor gestão dos recursos disponíveis. "Se hoje a roçada tem o maior orçamento da história, a distribuição entre as regionais tem que ser melhor debatida, para que ne-nhuma fique negligenciada neste ponto, que é problemático em toda a Celesc".

Os trabalhadores também acreditam que é preciso identificar os conjuntos mais crí-ticos para programar o serviço e ter mais efetividade no alcance das metas de DEC e FEC. "O que não pode é ficar parado, sem ideias nem atitude, procurando justificativas e não soluções".

A visão é que, para ajudar na busca por soluções, os trabalhadores preci-sam ter mais acesso às informações das metas. A intenção é clara: trabalhar em conjunto com todas as regionais. "Mas, sem informação, como os trabalhadores poderão ajudar regionais que estão com problemas para atingir as metas"?

Os celesquianos consideram funda-mental o trabalho conjunto para alcan-çar o objetivo da concessão. Há muita dificuldade para diminuir os índices, por que eles já são baixos para a média do setor, mas, com a união da categoria, os trabalhadores de Blumenau consideram que a Celesc permanecerá pública, dis-tribuindo energia para Santa Catarina por muito tempo.

Metas de DEC e FEC

Os trabalhadores também se preocupam com a saúde financeira da Celesc, um dos pontos de cobrança da Aneel para as metas da conces-são. Por isso, há um grande descontentamento com a pouca importância que a empresa parece dar a certas atividades. O faturamento do grupo A é uma delas. Responsável por quase 50% do faturamento da empresa, mesmo assim a diretoria não investe em equipes para atender com qua-lidade os consumidores.

Outra preocupação é a grande migração de consumidores para o mer-cado livre. O pouco conhecimento da categoria contrasta com a grande preocupação com o impacto destas saídas no caixa da empresa. E, como os trabalhadores não enxergam ações da diretoria, as perguntas rondam os corredores da empresa: o que a Celesc está fazendo para manter o consumidor cativo? Qual o tamanho da perda para a empresa? A questão mais importante é se não seria a hora de investir em novos negócios e na criação de uma Comercializadora de Energia.

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Page 16: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

A luta contra a privatização e pela manutenção da concessão estão na pauta dos trabalhadores de Itajaí. Em meio à desconfianças das intenções políticas do governo do Estado e críticas à má gestão de diretorias e chefias, os celesquianos

identificaram a necessidade não de mudar o foco e, para além do discurso

de redução de custos, fazer um trabalho efetivo de recuperação de receita.É

necessário fiscalizar fraudes, atuar no compartilhamento de postes e recadastrar

iluminação pública. Ações como estas garantiriam uma boa receita que hoje é

desperdiçada pela empresa

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

ItajaíAgência Regional

sair do discurso de redução de custos e investir em recuperação de receitas é o caminho,,

,,

Para os trabalhadores, a diretoria não luta pela empresa. Os celesquianos não enxergam uma política para manter os consumidores cativos neste grande fluxo de saídas para o mercado livre que ocor-re hoje. Outro fato que preocupa é a fal-ta de ações afirmativas no faturamento. Os empregados consideram fundamental dar atenção ao Grupo A, que correspon-de a mais da metade do faturamento da Celesc. "É preciso ter uma visão diferen-ciada do mercado, prestar um serviço de excelência aos consumidores. O que se vê hoje é um completo abandono da área comercial. Tanto o faturamento quanto o consumo estão em queda e consumi-dores estão migrando ao mercado livre. Enquanto isso, a Celesc não apresenta nenhum plano para manter os consumi-dores". Na visão dos trabalhadores, além de não lutar pela empresa, a diretoria pa-rece não se preocupar com o futuro da Celesc. Para os trabalhadores, se não houver força política na Agência para co-brar do Governo investimentos, as metas de qualidade não serão alcançadas com esta gestão. Para manter consumidores e minimizar o impacto das saídas para o mercado livre, os trabalhadores acredi-tam ser a hora de investir em criar uma Comercializadora de Energia.

Os celesquianos também identificam que, apesar da recuperação de receita neste momento ser fundamental, a Ce-lesc não faz nem o básico. Um exemplo é a fiscalização de fraude que não é fei-ta devido à grande falta de mão de obra na empresa. "Hoje vários equipamentos estão queimados, sem faturar correta-mente e não há fiscalização, nem co-brança".

Segundo a categoria, também os con-tratos de compartilhamento, estão pro-blemáticos. Para os trabalhadores, com a centralização da aprovação de projetos uma série de problemas surgiram, pois a Administração Central não conhece a realidade das regionais. A reclamação é que "liberam qualquer coisa", impactando no serviço da regional e trazendo mais problemas para uma rede que já não está em boas condições. A iluminação pública também sofre com o descaso. "O cadas-tro está desatualizado e os trabalhadores de Itajaí estão realizando de um trabalho efetivo de recadastramento para recupe-rar receitas importantes para a empresa, mas isso não pode ser exclusivo da regio-nal. Tem que haver uma política da em-presa para que estas receitas voltem ao caixa da Celesc e contribuam na luta pela manutenção da concessão".

Mercado livre e recuperação de receita

As metas de qualidade da concessão são o grande foco dos trabalhadores hoje. Entretanto a série de problemas re-latados pelos trabalhadores torna difícil acreditar que, sem uma rápida melhora na gestão da empresa, os índices serão alcançados.

A falta de poda e roçada em Itajaí foi um dos pontos mais comentados pelos celesquianos. Sem a realização de um serviço regular, a situação é desespera-dora, considerando que, de acordo com a categoria, 90% dos desligamentos são resultado de vegetação na rede. Outro ponto que, na avaliação dos celesquia-nos poderia melhorar os índices da re-gional e não está funcionando é a linha viva. A linha viva própria foi desmontada e a terceirizada foi impedida de trabalhar por problemas de segurança e financei-ros. Na avaliação dos trabalhadores,

"seria necessário, pelo menos, 7 meses para pôr o serviço em dia, considerando que houvesse equipe de linha viva traba-lhando". Para os celesquianos da regio-nal essa é uma das principais ações que deveriam ser tomadas: recompor a Linha Viva própria na regional. "A estrutura está à disposição: tem caminhão e tem pes-soas treinadas. Só falta vontade das che-fias". A falta de linha viva e roçada contri-buem para um sistema precário e, aliado a isso, a falta de manutenção preventiva há muito tempo deixa a situação caótica. Na visão da categoria, hoje os trabalha-dores apenas conseguem apagar incên-dios, "quando há material para trabalhar".

Com todos esses problemas e a inér-cia da diretoria, a impressão dos ce-lesquianos é que a administração quer mesmo que tudo vá mal para justificar a privatização.

Metas, manutenção, poda e linha viva

Criticas às condições de trabalho também foram muitas. Enquanto fal-tam técnicos e eletricistas, chefias só apontam problemas e não apresen-tam nenhum plano para recompor o quadro de pessoal. Aliás, o quadro, na visão dos trabalhadores, não é condizente com a realidade. Trabalhadores operacionais são obrigados a suprir a carência de assitentes administra-tivas, prejudicando ainda mais o serviço. "Assim, como cobrar qualidade e eficiência se não tem gente para trabalhar? Os poucos que sobraram ficam engessados com a sobrecarga de trabalho que tem impactado ne-gativamente no atendimento à sociedade".

Condições de trabalho

Page 17: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Fortalecer as Comissões de Gestão e Resultados é o caminho encontrado pela Regional de Joinville para que a Celesc alcance as metas para a manutenção da Concessão. Espaço privilegiado de debate para conhecer a empresa, a CGR pode ser o caminho para conduzir as regionais à melhora nos indicadores financeiros e de qualidade. O outro passo tem que ser:

garantir melhores condições de trabalho aos celesquianos - crítica feroz feita pelos

trabalhadores da regional

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

para conhecer a Celesc de verdade é preciso conversar com seus trabalhadores

,,

JoinvilleAgência Regional

,,Visando alcançar as metas impostas

pela Aneel para a manutenção da Con-cessão da Celesc, os trabalhadores de Joinville enxergam nas Comissões de Gestão e Resultados um ótimo caminho. Por isso, é importante fortalecer as Co-missões, investindo na comunicação e informação para os trabalhadores, e na capacitação dos membros das CGR´s para trabalharem com as informações em prol da Celesc Pública. Também, o acordo de desempenho é uma ótima ferramenta na luta pela concessão, pois segundo os celesquianos ele ajuda a fis-calizar as ações para atender o regulató-rio. Segundo afirmação de membros da CGR, hoje, Joinville tem o melhor DEC do Estado e a menor inadimplência entre as maiores agências. "Foi um trabalho

gradativo, coletivo, que mostrou grande evolução nos últimos 3 meses". Entre-tanto, a preocupação com o resultado da Celesc como um todo é evidente: “nossa orquestra não está completamente afi-nada e, mesmo assim, outras regionais não estão conseguindo acompanhar. Por isso, é cada vez mais importante fa-zer com que as Comissões de Gestão e Resultados em todas as agências da Celesc trabalhem em conjunto". A união das CGR´s e a ampla e constante di-vulgação de metas, indicadores e ne-cessidades da empresa nesta luta pela concessão podem, na visão dos celes-quianos, mobilizarem e motivarem os trabalhadores a alcançar o objetivo, que é uma Celesc Pública, distribuindo ener-gia por, pelo menos, mais 30 anos.

Dar peso às Comissões de Gestão

Para os trabalhadores da Celesc de Joinville, com a contenção de custos e redução do quadro de pessoal a empre-sa está dominada pelas empreiteiras. E isso é um grande problema na questão da qualidade do serviço prestado à popu-lação. Hoje, ao permitir que terceirizadas fiscalizem padrão para ligações novas e também efetuem a ligação, sem a devida fiscalização da empresa sobre o serviço terceirizado, a Celesc fica à mercê de um trabalho de baixa qualidade. Assim, a ló-gica de sucatear a empresa para justificar a privatização vai novamente tomando corpo, ameaçando o patrimônio público. "Ao invés de ficar estagnada repetindo o mantra do mais com menos e apenas fo-cando na redução de custos, a empresa deveria investir na recuperação de recei-ta através da fiscalização de fraudes". O caminho identificado pelos trabalhadores, no entanto requer o efetivo treinamento da categoria. "Não podemos apenas ir no discurso do corte de despesas, mas temos também buscar receitas perdidas. Hoje os poucos processos de irregulari-dade pegos pelos trabalhadores esbar-ram nas chefias, que não dão prioridade". Para os celesquianos, a situação deixa evidente que a empresa não da respaldo para o funcionário trabalhar com qualida-de. Além disso, na avaliação da catego-ria é necessario a contratação de mais trabalhadores. "Com a falta de pessoal,

quando o serviço atrasa a sociedade re-clama e com razão". Ou seja, é preciso reestruturar a empresa e contratar mais trabalhadores para conseguir atingir as metas da concessão. E, para que a Ce-lesc continue pública é preciso atender a sociedade com qualidade. "Sem o apoio da população a luta é muito mais difícil". Além dos problemas de condições de tra-balho, a falta de união tem impactado ne-gativamente no dia a dia e na busca pela concessão. Para alguns trabalhadores, a consciência coletiva se perdeu e, com a renovação da concessão nas mãos da categoria (que já não sabe a força que tem), isso é temerário. "Hoje, a catego-ria é desunida, cada um olha só para o seu umbigo e, se continuar assim, ama-nhã não tem Celesc Pública para mais ninguém". Outra grande preocupação na luta pela manutenção da Celesc Pública é o momento político atual do país. Os ce-lesquianos temem que a queda do gover-no federal possa influenciar a retomada das privatizações em todo o país. Além disso, as mudanças de rumo do governo devem ter forte impacto sobre os direitos dos trabalhadores. A ofesiva contra a CLT e a permissão de que o negociado tenha mais valor que o lesgislado são pontos de preocupação que influenciarão a nego-ciação do ACT e dão munição para que a empresa atente contra os direitos históri-cos dos celesquianos.

Concessão, terceirização e privatização

A falta de material é um dos grandes problemas na regional, segundo os trabalhadores. "É impossível de entender por que a reposição automática não funciona e por que as solicitações não são atendidas. O almoxarifado da central sempre está cheio de materiais e equipamentos que faltam na regional e, mesmo assim, os trabalhadores convivem com a falta". Para os celesquianos, mais do que problemas de gestão de estoque, falta empenho da chefia em pedir os materiais e cobrar para que os trabalhadores tenham condições de efetuar seus serviços com qualidade. "Por questões técnicas e de segurança, não dá para ficar fazendo gambiarra na rede. Então a gestão do almoxarifado tem papel central na qualidade do serviço e no alcance de metas da concesão". Outro problema com que os trabalhadores convivem é a baixa qualidade dos materiais homologados. Um exemplo relatado é a tampa de acrílico do Kit Poste, que amarela com o tempo, causando uma série de problemas de impedimento de leitura. "O problema é claro: na hora de homologar os materiais não consultam os eletricistas que conhecem a realidade em campo".

Condições de trabalho

17

Page 18: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

O diagnóstico dos trabalhadores da regional de Mafra foi marcado pelas

críticas à gestão na Regional e por várias denúncias. Problemas com desrespeito

às normas e controle equivocado de horas-extras vieram à tona na fala

dos trabalhadores. Sobre o futuro da empresa e a manutenção da concessão, a ira dos celesquianos manifestou-se com as incoerências da Celesc: se o discurso é de redução e corte, por que contratos de

empreiteiras foram aditados com aumentos considerados exorbitantes?

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

MafraAgência Regional

Gestão de processos e pessoas compromete o serviço na regional,,

,,

Para os celesquianos, se no passa-do a falta de informação comprometeu os indicadores da Regional de Mafra, a situação agora é diferente. Com o investimento na subestação de Pa-panduva melhorando as condições de fornecimento de energia na região, os trabalhadores fizeram sua parte para conseguir alcançar as metas da con-cesão. Segundo os trabalhadores, as metas foram divulgadas e os indicado-res da regional melhoraram, através do comprometimento de todos. A situação também jogou uma luz sobre os sérios problemas de gestão na regional. Para a categoria, durante 3 anos não se con-seguiu atingir metas porque as chefias responsáveis não divulgavam e não faziam a cobrança para os trabalhado-

res, em um momento em que a falta de investimentos requeria uma chefia atu-ante e um corpo funcional informado. Mesmo com a melhora nos números da regional, os trabalhadores ainda criti-cam a forma de condução do processo pela diretoria da empresa. Para a ca-tegoria, os administradores da Celesc têm jogado toda a responsabilidade da manutenção da concessão para cima dos empregados, sem dar condições de trabalho para atingimento das metas. A visão é de que não há comprometimen-to com a concessão e que estão tentan-do forçar a privatização da Celesc. "A lógica do sucateamento volta para, ao não dar condições de atingir as metas, jogar a culpa nos celesquianos e justifi-car a venda da empresa".

Melhora pequena frente ao desafio

Um aumento considerado injustificado nos contratos de empreiteiras que prestam serviço à Celesc deixou os trabalhadores irritados. Ao ver se pro-pagar o discurso do presidente do mais com menos, e verem sempre políti-cas redução de custos e cortes em cima do trabalhadores, a categoria não aceitou que as terceirizadas tenham reajustes considerados exorbitantes em sobreaviso e quilometragem. Na visão dos celesquianos, se há possi-bilidade de beneficiar as empreiteiras com reajustes no contrato, por que os trabalhadores tem que conviver com cortes e ameaças a direitos? Os trabalhadores afirmaram não aceitarem que recursos que poderiam ser in-vestidos em melhores condições de trabalho e atendimento à sociedade sejam usados para aumentar a terceirização.

aumento para empreiteiras

Ligações erradas e desrespeito às normas. É desta forma que trabalha-dores descrevem o dia a dia das liga-ções que necessitam de projeto elé-trico. Segundo a denúncia, enquanto trabalhadores estão tentando cumprir seu papel, outros tem aprovado proje-tos prejudiciais à Celesc: projetos com suspeita de fraude, projetos oferecendo risco de segurança e outras situações erradas passaram a fazer parte do dia

a dia da regional. A situação se agra-va quando o fiscal reprova o projeto em campo e, nos gabinetes, o projeto é li-berado com afronta à responsabilidade do trabalhador de campo. Dizem que não é incomum ouvir: "um profissional habilitado liberou assim, vocês não tem nada que reprovar". Ou seja, quem está respeitando as normas e zelando pela empresa passa a ser tratado como o vi-lão da história.

Desrespeito às normas

Para os trabalhadores, há uma gran-de ingerência na empresa, pois "pesso-as sem capacidade e perfil são indica-das para cargo de chefia por questões políticas. Assim, as chefias não tomam atitude para melhorar as condições de trabalho dos celesquianos e buscar melhor atendimento à sociedade".

Para eles a falta de diálogo é um dos principais problemas desta gestão po-lítica. Segundo os trabalhadores, as chefias não dão a menor oportunidade para os empregados se manifestarem. "Não há diálogo, nem troca de infor-mações e, existem casos claros de incompetência e perseguição de tra-balhadores".

A falta de gestão atinge, ainda, o bom andamento de serviços de campo.

Segundo trabalhadores, alguns chefes sem capacitação técnica vão a campo dar orientações à consumidores, o que traz uma série de problemas com infor-mações erradas e desrespeito às nor-mas da empresa.

Para os celesquianos, o caminho para superar as dificuldades impos-tas pela gestão equivocada de che-fias não preparadas, é maior união da categoria. "É preciso sair da zona de conforto: não adianta ficar no discurso, reclamando que os nós somos cons-tantemente prejudicados, se não hou-ver um levante contra as coisas erra-das do dia a dia. Nenhum companheiro pode ser conivente com desmandos de quaiquer chefia, sob pena da situação ficar cada vez mais difícil".

Gestão e ingerência

Page 19: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Com uma estrutura enxuta, os trabalhadores de São Bento do Sul

reconhecem que na comparação com as demais agências as coisas fluem melhor na regional. Entretanto, isso não significa que tudo corra às mil maravilhas. Uma

grande crítica à atuação da diretoria da empresa e às chefias no processo de manutenção da concessão foi relatada à

equipe do LV. E, no dia a dia, problemas com terceirização e centralizações prejudicam o trabalho e expõem

companheiros à riscos de segurança em prol de uma redução de custos que só sai

do lombo dos trabalhadores

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Falta confiança na Diretoria

,,

são Bento do sul

Agência Regional

,,Para os trabalhadores de São Bento do

Sul, a regional, por ser uma agência pe-quena, funciona muito bem no comparativo com as outras Agências Regionais. Entre-tanto, a Agência trabalha "em cima do fio de navalha". Com um quadro já bastante enxuto não há espaço para nenhuma re-dução. Na avaliação da categoria, o ideal seria a contratação de mais trabalhadores para melhorar a qualidade do serviço pres-tado à população.

Segundo os celesquianos, a falta de em-pregados na parte administrativa também é um agravante. Com afastamentos tem-porários, trabalhadores que já executavam tarefas em mais de uma área estão sendo obrigados a assumir mais responsabilida-des, ficando cada vez mais sobrecarrega-dos. Além disso, a estrutura mais do que enxuta traz problema para eventuais substi-tuições. Se um trabalhador adoecer, ou sair de férias, o serviço ou pára ou é assumido por outro companheiro já sobrecarregado.

Para agravar a situação, os traba-lhadores não conseguem ver uma boa gestão das chefias. Para eles, os chefes não são preparados para comandar. As indicações políticas e a falta de atitude são os pontos mais levantados pelos empregados. De acordo com os traba-lhadores, é preciso avaliar a capacidade antes da política. "Mesmo sendo uma empresa pública, sujeita às artimanhas da politicagem, é preciso identificar perfil e capacitar as pessoas para ocuparem cargos de chefia".

Na avaliação dos trabalhadores a re-gional sofre com uma longa linhagem de chefes ruins, mais interessados em manter o status do que resolver proble-mas. "Com a política de apadrinhamen-tos, não há consequência e a gestão é mal feita, fazendo com que quem sofra sejam os trabalhadores e a sociedade que poderia ter um serviço de mais qua-lidade".

Quadro enxuto frente dificuldades

Com metas da concessão bastante agressivas, reacendeu o receio de que a Celesc deixe de ser pública. Na avaliação dos celesquianos, uma possível perda da concessão e consequente privatiza-ção será pior para a toda a sociedade e para os trabalhadores. A maior preo-cupação na regional é com relação ao envolvimento da Administração Central para a manutenção da Celesc Pública. "A Central deveria dar o norte das ações da empresa para alcance de metas. Ou seja, se a central não estiver organizada na es-trutura, vai impactar sobre as regionais". Hoje, os trabalhadores correm atrás, bus-cam informações e se esforçam, mas não

enxergam suporte da central nem ação da Diretoria para conseguir alcançar as metas. Há muita desconfiança e questio-namentos sobre a real intenção do Go-verno do Estado e seus representantes na empresa: "O que estão fazendo para manter a Celesc Pública? Qual a visão do governo? Diretoria está se dedicando para alcançar as metas da concessão"? A impressão que fica é que a luta para manter concessão está sendo feita só pe-los empregados, enquanto a Celesc fica parada, sem nenhum planejamento. E, para agravar a situação, os trabalhadores já não veem mais a opinião pública ao lado da Celesc.

Concessão e privatização

Na avaliação dos trabalhadores, a baixa qualidade dos materiais adquiri-dos pela Celesc tem impacto direto no caixa da empresa. Na área comercial, medidores do Grupo A tem perdido pa-râmetros e deixado de funcionar. O caso tem acontecido com frequência e os ce-lesquianos reclamam da falta de pro-ati-vidade das chefias para buscar solução para o problema. Além disso, falta ma-terial para fechar obra. Quando se con-

segue, é porque a compra foi feita pela própria regional. Para os trabalhadores, a política do mais com menos no esto-que é absurda. Enquanto determinam o enxugamento dos estoques, não conso-lidam a reposição. Antes, para suprir a falta de gestão da empresa, as regio-nais se ajudavam, trocando materiais. Hoje ninguém mais tem nada. Parece mesmo que estão deixando faltar para privatizar a empresa.

Materiais de baixa qualidade

Na visão dos celesquianos, a Centralização do COD é um grande risco para os trabalhadores e tem impacto negativo para DEC e FEC. Segundo a catego-ria, os despachantes não têm conhecimento da região e têm sido orientados pelos eletricistas em campo. Há um grande risco de acidente, que até agora não aconteceu pela cautela dos trabalhadores da regional. "Por enquanto o problema é com índices e metas. Daqui a pouco será com acidentes". Além disso, há denúncias de que os despachantes têm deixado de repassar serviço, deixando consumidores desligados, para não gerar hora-extra.

Centralização, segurança e metas

19

Page 20: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

Informação, transparência e comprometimento. As metas da concessão e o futuro da Celesc estão às voltas com problemas relacionados a estes 3 eixos

de atuação. Os trabalhadores relatam a dificuldade de conseguirem informações

sobre metas e índices para a manutenção da concessão, deixando dúvidas sobre a empresa.

A falta e transparência no processo pode esconder um ataque à Celesc Pública? Em

contrapartida, os trabalhadores identificam também a necessidade de conscientizar ainda mais os celesquianos da importância de todos

estarem comprometidos nesta luta. Com a categoria unida, os problemas do dia a dia

relatados ao LV poderão ser superados.

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

Jaraguá do sul

Agência Regional

Insegurança e falta de estrutura,,

,,Há uma grande expectativa pela manu-

tenção da concessão e por se alcançar índices. Para os celesquianos, a empresa tem que incluir os trabalhadores no deba-te e pensar no que estes podem oferecer para que a Celesc atenda a sociedade da melhor maneira.

O momento político com o retorno das privatizações também deixa os trabalha-dores alertas. A situação da Eletrosul, citada como uma das primeiras a serem privatizadas pelo Governo Temer, vem sendo monitorada com grande apreen-são. A visão é que, se a Eletrosul for pri-vatizada, abre-se a porteira e uma nova onda de alienação do patrimônio público pode atingir a Celesc em cheio.

Apesar de ser cada vez mais difícil manter a empresa pública, os tabalhado-res identificam ser necessário brigar até o final contra a privatização. Na avaliação da categoria, a empresa só permane-ce pública porque os trabalhadores são unidos. Entretanto, em um cenário onde

mudanças são necessárias, a lentidão da Celesc nos processos também prejudica a luta pela empresa pública. Falta trans-parência sobre as metas e a Celesc não fez nenhum trabalho de conscientização ou mesmo de apresentação das neces-sidades da empresa para garantir a con-cessão. "É preciso mostrar a responsabi-lidade de cada um nesse processo". Se, por um lado trabalhadores identificam um grande desinteresse em relação aos va-lores de índices e metas da agência e da empresa, por outro, alguns se recusam a generalizar. Quem critica esta visão afir-ma que, apesar de estar todo mundo fe-liz com a PLR, os índices vem em uma decrescente e, neste caminho, não só a participação nos lucros, mas a própria concessão estará ameaçada.

Entretanto, a visão não unificada e do grande grupo vê que apenas uma mi-noria não está lutando para melhorar os índices, garantir a concessão e afastar a privatização.

Comprometimento com a concessão

Houve um tempo onde a atuação de chefias colocava em risco os trabalha-dores da regional. Agora é a falta de atuação destas que ameaça a segu-rança dos trabalhadores.

Na passagem da equipe do LV, tra-balhadores denunciaram problemas na reciclagem da NR35, que regulamen-ta o trabalho em altura. Hoje, ninguém

na regional está apto para o trabalho em altura e, apesar de ter na regional instrutores colaboradores capacitados, estes não podem repassar o conhe-cimento e capacitar os companheiros porque o atestado de saúde ocupa-cional não foi emitido. A reciclagem já está vencida e a chefia não corre atrás para resolver o problema.

Insegurança em Jaraguá do sul

A loja de atendimento da regional também precisa de atenção. Com pro-blemas estruturais, a loja necessita de reforma para dar melhores condições de trabalho aos celesquianos e de atendimento aos consumidores. Um dos pontos iniciais seria separar a sala de espera do atendimento, dando mais confidencialidade ao atendimento, evitando situações constrangedoras. Os trabalhadores também afirmam que sempre têm situações inseguras, mas a ideia de impor uma barreira entre atendente e consumidor não agrada, pois afasta o cliente e inibe o atendimento. O ideial seria que a loja tivesse um profissional fazendo a segurança presencial.

Estrutura para o atendimento

Page 21: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

DIAGNÓSTICO DAS REGIONAIS

RegionaisDiagnóstico das

problemas contrastam com vontade de garantir concesão,,

,,

Em vários momentos, as palavras não serão suficientes para retratar tudo o que ouvimos dos trabalhadores. As páginas não serão suficientes para mostrar a todo mundo, tudo que acontece na empresa. As lágrimas que vimos, os sorrisos que compartilhamos. Não importa o quanto

nós tentemos, nunca conseguiremos delimitar o que é ser um celesquiano

Ao final da percorrida pelas Agências, pudemos verificar que os trabalhadores da empresa são mesmo comprometi-dos com o atendimento à sociedade. Só mesmo quem tem consciência de que presta um serviço essencial à popula-ção poderia arranjar forças para encarar a enormidade de problemas listados nestas páginas. O trabalho da equipe do Linha Viva foi o de levantar o sentimento dos trabalhadores, registrar as informações e relatar a realidade de quem vive o dia a dia da luta pela manutenção da Concessão e da em-presa pública.

Infelizmente, o papel não consegue apreender tudo o que nos foi dito. Em vários momentos, as palavras não serão su-ficientes para retratar tudo o que ouvimos dos trabalhadores. As páginas não serão suficientes para mostrar a todo mun-do, tudo que acontece na empresa. As lágrimas que vimos, os sorrisos que compartilhamos. Não importa o quanto nós tentemos, nunca conseguiremos delimitar o que é ser um celesquiano.

Este passo na caminhada pela manutenção da Celesc Pú-blica terminou. Mas ele foi só mais um passo. De agora em diante, os relatos que nos foram passados serão debatidos em todas as regionais. Mais completos e mais abrangentes do que o jornal possibilita, os Seminários Regionais debate-rão tudo que está no jornal e tudo que ficou de fora.

À nós do Linha Viva só resta agradecer a todos que possi-bilitaram este trabalho. Estamos juntos com vocês.

21

Page 22: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

SEMINÁRIOS REGIONAIS

passoO próximo

Diagnóstico das regionais será um dos pontos de debate dos Seminários Refionais,,

,,

A segunda edição dos Seminários consolida o evento como um dos

importantes fóruns criados pelos sindicatos da Intercel em colaboração

com o Representante dos Empregados no Conselho de Administração da Celesc

para incluir a categoria no debate sobre a gestão e o futuro da empresa pública

Realizados pela primeira vez em 2013, os Seminários Regionais mudaram a lógica dos congressos dos em-pregados da Celesc. Como evento preparatório para o maior fórum de debate dos celesquianos, os Seminários aumentaram a participação das pessoas para debaterem a gestão da empresa e darem o rumo das representa-ções dos trabalhadores na empresa.

A segunda edição dos Seminários consolida o evento como um dos importantes fóruns criados pelos sindicatos da Intercel em conjunto com o Representante dos Em-pregados no Conselho de Administração da Celesc, para incluir a categoria no debate sobre a gestão e o futuro da empresa pública.

A prova disso é o grande aumento no número de parti-cipantes. Se em 2013 tivemos 276 trabalhadores deba-tendo e dando sua opinião sobre os rumos da Celesc, os seminários que iniciam dia 9 de junho e se estendem até o dia 29 do mesmo mês tem um percentual de inscritos 50% maior.

433 celesquianos estão dispostos a debater a Celesc neste momento tão difícil. A verdade é que, se não fos-se a limitação das vagas para o evento, teriamos mais pessoas. Porque este é o espírito do celesquianos. Estar sempre pronto para construir o melhor caminho para a Celesc atender a sociedade com qualidade.

Page 23: LV Especial - Diagnóstico das Regionais

O trabalho desta edição especial passa agora a ser alvo da análise dos trabalhadores. O diagnóstico das 16 Agências Regionais e Administração Central será detalhado, com mais

informações do que esta edição pode publicar. Os trabalhadores debaterão todas as denúncias, críticas e ideias lançadas pelos celesquianos sobre o

momento atual da empresa e sobre a luta pela manutenção da concessão

CalENDÁRIo

SEMINÁRIOS REGIONAIS

Agora, três anos se passaram e os Seminários sur-gem novamente como um espaço privilegiado para debater a Celesc. Se no passado avaliamos nossas representações e determinamos o que nos era im-portante, agora temos um novo desafio.

O trabalho do primeiro seminário será resgatado para fazer, novamente, a avaliação da atuação dos sindicatos da Intercel. Com base no diagnóstico feito em 2013, os celesquianos dirão aonde a representa-ção dos trabalhadores evoluiu, aonde ficou parada e aonde necessita melhorar para representar os traba-lhadores da empresa com qualidade.

No segundo momento, esta edição especial passa a ser alvo da análise dos trabalhadores. O diagnóstico das 16 Agências Regionais e Administração Central será detalhado, com mais informações do que esta edição pode publicar. Os trabalhadores debaterão as denúncias, críticas e ideias lançadas pelos celes-quianos sobre o momento atual da empresa e sobre a luta pela manutenção da concessão.

O terceiro e último passo é a avaliação da represen-tação dos empregados no Conselho de Administra-ção da Celesc. Insitiuída ainda na década de 80, foi a partir de 1994 que os sindicatos da Intercel come-çaram a apoiar trabalhadores para ocupar o espaço, tornando-o mais uma instância de defesa dos traba-lhadores e da Celesc pública. É essa história que os celesquianos irão avaliar.

Os debates dos seminários servirão de subsídio para o primeiro painel do 10º Congresso dos Empre-gados da Celesc, que irá acontecer em 2017, mar-cando 20 anos de realização do 1º congresso.

CElEsC pÚBlICa, BoM paRa ToDo MUNDo!,,

,,

Adm. Central - 09/06Florianópolis - 10/06

Joaçaba e Videira - 15/06Lages - 16/06

São Miguel do Oeste - 21/06Joinville - 21/06

Itajaí - 21/06Chapecó - 22/06

Jaraguá do Sul - 22/06Blumenau - 22/06Concórdia - 23/06

Mafra e São Bento do Sul - 23/06Rio do Sul - 23/06Criciúma - 28/06Tubarão - 29/06

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Page 24: LV Especial - Diagnóstico das Regionais