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DOCUMENTO ESBOÇO DE UMA SINOPSE D IIIS~RIA REGIONAL M) PARANA BRASIL PtNHEIRO MACHADO Doutor Honoris Causa pela Vniversid sde Federal do ParanB. NOTA M) EDITOR Várias gerações de professores e estudantes de His- tória têm utilizado a idéia de um modelo explicativo da história regional, tanto na investigação como no ensino da História do Paraná. Esta Revista jB publicou textos que tratavam explicitamente da questãoi, além de artig~s do próprio Professor Brasil Pinheiro Machado$; a referencia a ele é constante em Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, e suas hipóteses fundamentais testadas obri- gatoriamente em trabalhos que resultam de pesquisas sobre o Psraná Tradicional3. Portanto, quase quarenta anos após a sua primeira publicaçãod, seu conteúdo conti- nua stual, al6m de sua importância para a historiografia paranaense. Desta forma, explica-se a decisão do Conselho Editorial em republicar o artigo, com a anuência do Autor, justificando também sua inserção na Revista como documento. Nunca, em qualquer fase da vida do passado, o homem esteve tão compenetrado de que 6 um ser histórico, e nunca teve tanta certeza de que se encontra na fase culminante de urna dessas profundas transf ormaçóes históricas. 1 CARDOSO, Jayme Antonio. 0 niodelo de explicaç8a histbrica proposto por Brsnll Pinheiro Machado. H istária: Questões & Debtcs, 2(2):5=13, jun. 1981. . * I .. I a m * . * BREPOKL, Marionilde Mas. Acerca do modelo Pinheiro Machedo: uma leitura sobre a histdria regional. História: ~uestfks & Debates, 2(2):15-22, Jun. 1981. 2 FQlHEãRX) MACHADO, Brasil. O estudo da histbria regional (uma nata pr6~lal. Hist6ria: Quesbbes & Debates, 2(3) : 103-198, dez. 1981. . ProblcmAtlcs ds sociedade colonial brasilefrs. História: ~ues@m & Dom bates, 6(10):3-23, jun. 1985. 3 Ver por exemplo MOTIM, Benilde Maria Lenzi. Estrutura fundiária do Patond tradicional - Castro: 1850-1900. Curitlba, 1987. 182 p. DissertaçHo. Mestrndo, Unlverul- dade Federal do ParanB. 4 PINHEfRa MACHADO, Brasil. Esboço de uma sinoose drr hlstbria tcdonal do PerenB. 8epsrate de: Boletim do Instituto H ístBrico, GeogrAf ico e Etnoeráf ico Psrinaenme, Curitibe, 1951, 26 p. Ristbria: Questões & Debates, Curitiba 8( 14 / 15 1: 177-205 Jul.-Dez. 1987

MACHADO, Brasil Pinheiro. Esboço de uma sinopse da História Regional do Paraná

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DOCUMENTO

ESBOÇO DE UMA SINOPSE D I I I S ~ R I A REGIONAL M) PARANA

BRASIL PtNHEIRO MACHADO Doutor Honoris Causa pela Vniversid sde Federal do ParanB.

NOTA M) EDITOR

Várias gerações de professores e estudantes de His- tória têm utilizado a idéia de um modelo explicativo da história regional, tanto na investigação como no ensino da História do Paraná. Esta Revista jB publicou textos que tratavam explicitamente da questãoi, além de artig~s do próprio Professor Brasil Pinheiro Machado$; a referencia a ele é constante em Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, e suas hipóteses fundamentais testadas obri- gatoriamente em trabalhos que resultam de pesquisas sobre o Psraná Tradicional3. Portanto, quase quarenta anos após a sua primeira publicaçãod, seu conteúdo conti- nua stual, al6m de sua importância para a historiografia paranaense. Desta forma, explica-se a decisão do Conselho Editorial em republicar o artigo, com a anuência do Autor, justificando também sua inserção na Revista como documento.

Nunca, em qualquer fase da vida do passado, o homem esteve tão compenetrado de que 6 um ser histórico, e nunca teve tanta certeza de que se encontra na fase culminante de urna dessas profundas transf ormaçóes históricas.

1 CARDOSO, Jayme Antonio. 0 niodelo de explicaç8a histbrica proposto por Brsnll Pinheiro Machado. H istária: Questões & Debtcs, 2(2):5=13, jun. 1981. . * I . . I a m * . *

BREPOKL, Marionilde Mas. Acerca do modelo Pinheiro Machedo: uma leitura sobre a histdria regional. História: ~ u e s t f k s & Debates, 2(2):15-22, Jun. 1981.

2 FQlHEãRX) MACHADO, Brasil. O estudo da histbria regional (uma nata pr6~la l . Hist6ria: Quesbbes & Debates, 2(3) : 103-198, dez. 1981.

. ProblcmAtlcs ds sociedade colonial brasilefrs. História: ~ues@m & Dom bates, 6(10):3-23, jun. 1985.

3 Ver por exemplo MOTIM, Benilde Maria Lenzi. Estrutura fundiária do Patond tradicional - Castro: 1850-1900. Curitlba, 1987. 182 p. DissertaçHo. Mestrndo, Unlverul- dade Federal do ParanB.

4 PINHEfRa MACHADO, Brasil. Esboço de uma sinoose drr hlstbria tcdonal do PerenB. 8epsrate de: Boletim do Instituto H ístBrico, GeogrAf ico e Etnoeráf ico Psrinaenme, Curitibe, 1951, 26 p.

Ristbria: Questões & Debates, Curitiba 8( 14 / 15 1: 177-205 Jul.-Dez. 1987

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MACHADO. B.P. História regional do Psraná

Tendo a profunda consciência de que é um ser histórico, o homem moderno cada vez mais perde a atitude de vene- rador do passado para fazer de centro de suas aspirações vitais as esperanças no futuro, e se convencer, cada vez mais, de que a construção do futuro é uma libertação do passado, que depende de seu discernirnento, de seu esforço, de sua ação e, conseqüentemente, da compreensão da própria his- tória.

Assim o passado se lhe apresenta como uma experiência que é preciso superar.

E, pois, do passado, das experiências do passado, d-a sua compreensão e interpretação, que extraímos os valores na- cionais que movem os dínamos para o futuro..

A história nacional do Brasil é, antes de tudo, a história da formação de um povo, da transmissão de uma cultura, sobre a conquista de um territbrio, pelo estender de uma posse contínua por quatro e meio séculos, e pelo contítnuo ailotar de uma cultura.

É um momento culminante da história brasileira, aquele em que os descendentes de europeus, africanos e inãfgenas, tomam a consciência de que não são mais nem europeus, nem africanos e nem úidios, rnas qualquer coisa de diferente deles todos.

Essa sensação da prbpria identidade vai-se formando aos poucos, durante os séculos coloniais, até que, muito antes da Independência, aparece clara na zona luminosa da consciên- cia.

Os cronistas mal se aperceberam desça lenta tomada de consciência. Nem podiam se aperceber. Viveram e sentiram de acordo com a época, e reagindo no diapasão da situação histórica, em que a cultura portuguesa era ainda viva e quen- te, isto é, quando os modos de vida eram ainda aqueles que marcavam as colônias das potências européias, a finalidade precípua de subordinar tudo ao ritmo do comércio ultrarna- rino, como uma servidão.

MACHADO, B.P. História regional do Peran&

Ao que pudemos saber, foi o sábio bávaro, Carlos Fre- derico von Martius, quem primeiro exprimiu, de maneira sistemática e clara, que a consciência histórica brasileira j6 estava constituída no final do tliltimo século colonial. Foi ele quem primeiro delineou para a história nacional o que cha- mou de "história filosdfica" ou "história pragmgtica'' do Brasil.

Von Martius lançou idéias fundamentais para a com- preensão da hist6ria da formação brasileira, princípios que foram desenvolvidos, ampliados, aprofundados e atualiza- dos, mais tarde, pelos grandes historiadores do Brasil.

Acentuava von Martius que ninguém compreenderia o cunho original da formação brasileira se perdesse de vista os "elementos que no Brasil concorreram para o desenvolvi- mento do homem". Referia-se ao "encontro, mescla, relações mútuas e mudanças" das três raças de que se formou a po- pulaç5o na época em que ele aqui esteve, isto é, nas primei- ras décadas do século passado. Não via no Brasil daquele tempo uma simples superposição de camadas raciais, mas "colocadas urna ao lado da outra, de uma maneira desconhe- cida na história antiga".

Alvitrava Martius que, quanto à forma de se expor a I I hist6ria do Brasil, o historiador deveria dividi-la em épocas, para evitar a pura história regional ou local, própria dos cronistas e dos eruditos.

Essas épocas deveriam ser determinadas pela homoge- neidade ficionômica dos traços históricos não dependentes das condições do desenvolvimento puramente local, mas das situações mundiais, ou como textualmente ele disse: "con- forme com o que tenha de particular em suas relações com a maepátria e as mais partes ao munaopF.

Não obstante estar convencido de que perderia o seu sentido verdadeiro, se não compreendêssemos a hist6ria do Brasil como parte integrante da civilização ocidental, foi ain- da Martius quem primeiro compreendeu que a hist6ria do Brasil, como da forrna@u~ de u-r;i povo e de uma nação, como história interna é formada clc histórias reaionds aue. Dor . - - k n -a r 1-

justaposiçáosaraIm a história f i d a o n a 1 -

l t latbrln: Questões & Debates. Curitiba 1(14/15): 177-205 Jul.-Dez. 1987 História: Questóes & Debates, Curitiba 8( 14/15] : 177-205 Ju1.-Dez. 1987

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MACHADO, B.P. História regicnal do Pasiinii

Dizia ele: "convergem as histórias das províncias de São Paulo, m a s , Gioiaz e Mato-Grosso; a do Maranháo se liga a do Pará; e a roda dos acontecùnentos de Pernambuco for- mam urn grupo natural os do Ceara, Rio Grande do Norte e Paraifba. Enfim, a história de Sergipe, Alagoas e Porto- Seguro, não será senão a da Baía".

Aí se delineavam os focos de irradiação das histbrias locais, então vivas demais, e predominando sobre a história nacional.

Martius, que percorreu todas essas regiões, justamente no momento em que o Brasil quebrava a sujeição colonial, ficou impressionado com a desunião das províncias, com os localismos exagerados, com o radicalismo das tendências, com as "idéias políticas imaturas", com os "republicanos de todas as cores e idedlogos de todas as qualidades", com as "discussões licenciosas dos negócios públicos por uma im- prensa desenfreada, num país onde há um tão grande núrne- r0 de escravos", com os "preconceitos entre as diversas províncias".

E desse quadro de anarquia, cie desuniao, de perígo, Martius compreendeu que a histdria do Brasil deveria ser escrita por historiadores que não fossem parte nessa confu- são, mas que, considerando o Brasil um todo unido, - "só rigora começa o Brasil a sentir-se um todo unido", dizia ele em 1843 -: ++- .- . pudessem - . -. -. . . .

compreender as histórias locais ou - -. -.. . ---.L . - - - - *_+..-.-r-.-- ----- - - - 4 - - A.

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* regionais, c o i i a básica da formação nacional.

dessa diretrhustpeq< mas inestimável "História do Brasil" apareceu em 1900. Aí o historiador declara ser o "primeiro a escrever integralmente a nossa história segundo nova síntesem, que muito se distinguia dos precedentes auto- res, que não seguiam outro caminho sinão "o da cronologia e da sucessão de governadores, caminho seguro mas falso cm um país cuja história se fazia ao mesmo tempo por múlm tiplos estímulos em diferentes pontos".

Um dos grandes méritos de João Ribeiro foi o de estabe- lecer definitivamente as bases fundamentais da história in- terna no rumo delineado por Martius. Diz ~ibeiro indiquei n s células fundamentais que, por multiplicação, f orrnaram

tCACHADO, 3.P. Il ist6ri~. regional do Parans

todo o tecido do Brasil antigo: o de Pernambuco, que gera o s núcleos secundários da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas; o da Baía, que absorve Ilheos e Porto-Segu- ro e gera Sergipe; o de São Paulo, 'donde esvolve todo o oes- te, com os bandeirantes, Goiaz, Minas e Mato-Grosso; o do Rio de Janeiro que, pelo elemento oficial em luta com os es- panhois, faz nascer e jB tarde, as capitanias do extremo sul; a do Maranhão, que gera as unidades administrativas do extremo norte".

Ai estão os fundamentos da história interna do Brasil, que é-um conjunto de histórias regionais, isto é, história que se faz, ao mesmo tempo, em diferentes pontos do território, e por múltiplos estímulos,

O processo, em largos traços, é este: primeiro se fundam núcleos, de onde parte a expansão para o interior. São as células fundamentais, A expansão que daí parte, é a expansão natural de uma população que vai se assenhoreando das regiões geográficas mais próximas, num movimento natural de expansão demográfica, sem finamade política, sem fina- Iidadc nenhuma, mesmo, a não ser a sua própria subsistência, na cultura da cana, na criação do gado, na procura do ouro, na ca+ça ao índio. São os múltiplos estímulos a que se refere João Ribeiro. Essa expansão é espontânea, puramente popu- lar, sem as peias nem as tiranias do longínquo e ausente governo e, por isso mesmo, é inteiramente brasileira. A vasta irea geográfica conquistada por essa expansão espontânea e livre das coações governamentais, tem por eixo o rio São Francisco, e constitui aquela camada sediemtar da nacio- nalidade que João Ribeiro chamou de "Brasil brasileiro".

Mas há uma outra expansão, que conquistou vastas zo- nas marginais a essa zona também vasta do povoamento espontâneo que se fez ao redor da larga bacia sanfranciscana.

Aquela expansão não é espontânea, mas obra delineada pelos estadistas portugueses, ministros do reino, vice-reis do Brasil e capitães-generais, impelindo a população a se dis- tender, num plano político previamente traçado, para atingir as fronteiras naturais do Brasil que estavam na bacia do Prata-Paraná-Paraguai e na bacia do Amazonas.

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MACHADO. B.P. Histbrfe regional do Psrm&

Nesse esforço de conquista da prata e do ouro, cuja localização incerta não se sabia se estava em terras portu- guesas ou espanholas, as costas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo se enchem de aventureiros irregulares de Por- tugal e Espanha, que procuram no sul do continente o ca- minho das riquezas do Peru e, talvez, sua continuação me- ridional.

É a época das expedições de Aleixo Garcia, Sebastião Caboto, Diego Garcia, Francisco Chaves, Pedro Mendoza, Cabeza de Vaca.

Mas é, também, a época da fixação dos portugueses nas primeiras vilas que se fundam na costa sul e que visam a posse dos caminhos que levam ao pais da prata e do ouro. E é, ao mesmo tempo, a época da fixação dos espanhóis em Buenos Aires e Assunção, no caminho do mesmo país.

Em conclusão desses fundamentos, parece-nos que o= m r o capitulo da história do Paraná deve ser aquele que -

trata dos primeiros estabelecimentos portugueses na costa sul do Brasil, visando o domínio dos caminhos que kva-vam àr bacia do Paraná, e conseqüente exploração do ouro de Iavagem que propiciou a fundação de Paranagug e, mais tarde, transpondo a serra, a fundação de Curitiba.

5 - A história da formação do Paraná está intimamen- te ligada ao desenvolvimento do Império colonial espanhol da parte meridional da América do Sul, que tinha como centro de irradiação Euenos Aires e Assunção.

Ao mesmo tempo em que o Iinpério colonial portiiguês, partindo das vilas do litoral e de São Paulo, se emandia A para o oeste e para o sul, o Império colonial espanhol subia os rios Paraná, Paraguai e Uruguai para norte e leste, deixando cada vez menor a "terra de ninguém" que medeiava entre ambos. Daí nasceram os contactos e os choques que carac- terizam a história do sul do Brasil por quase dois séculos.

1 C

Parece-nos, assim, que o kgund T m u l o da histdria do Paraná deve ser a história da expansão mpanhola, tendo como centro Buenos Aires e Assunção e formação das pro- víncias castelhanas e reduções jesuiticas, até aos ataques dos

MACHADO, B.P. História rcgional d o f rrrsnfi

bandeirantes paulistas e conseqüente guerra que findou em Mboreré em 1641.

6 - Após a restauração de Portugal de 1640, começa a se delinear, claramente, a política portuguesa de conquista, pela posse efetiva de toda a região do sul até o rio da Prata, e da região oeste, no vale do Paraná-Paraguai-Uruçuai, até entesar com a posse efetiva dos castelhanos.

Até aí, tinha havido uma expansão espontânea da popu- lação luso-brasileira.

- A mobilidade espontânea dessas populações para o oes- te n3o era nem defensiva nem ofensiva, mas slmples migra- ção de nomadismo aproveitador de riquezas existentes, ne- cessitando, para a afirmação da vida de pequena população, uma grande extensão de terra.

É: a história de um povo consumidor de riquezas natu- rais que, por revivência cultural e pela influência da terra, aliou o nomadismo destruidor com os métodos impreviden- tes do indígena, sob a orientação do lucro imediato que era a forma peninsular do capitalismo nascente.

Alberto Torres bem o compreendera: "o impulso que nasceu com o bandeirante, com o desbravador de florestas, com o donatário e seus sucessores, e, depois, com o fazen- deiro, perpetuou-se pela histdria adeante, firmando as nor- mas da aventura e do saque a natureza como estímulo à ação do homem sobre a terra".

0 colonizador aventureiro afaniiliou-se no Brasil, Realmente a família aparece no Brasil como a primeira

realidade social, realidade concreta, ativa e absorvente. As Câmaras Municipais, ou Senado da Câmara, que ti-

veram um papel tão saliente na governança dos primeiros tempos brasileiros, nada mais eram do que uma relação de vizinhança entre as instituições familiares. Ali se coordena- vam, e não raro se chocavam, os interesses das famílias.

As Câmaras Municipais eram organizações de origem familiar. As suas preocupações não iam além da defesa da vida do grupo, das lutas do caciquismo doméstico, da con- quista da terra como meio de conseguir subsistência. Tudo em orgulhoso alheamento das diretrizes do longínquo gover-

1 : Qir~atóes EL Debatep*. Curitiba 8114/151:177-205 Jul.-Dez. 1987 Histbrin: Questbes & Debates, Curitiba 8(14/15): 177-203 Ju1.-Dzz. 1987

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no do reino. Quando Portugal perdeu sua soberania, as C&- maras de nada se aperceberam. "Nada houve - diz Afonso Taunay - nos livros da Câmara de São Paulo, que fizesse refletir um pouco do cataclismo em que desapareceu a na- w pionalidade luzitana".

Não só em relação à longúlqua metrópole, mas mesmo em relação aos núcleos vizinhos, havia uma atitude de fraca solidariedade nacional, manifestada pela indiferença das po- pulações do planalto em face do banditismo praticado pelos piratas sobre as populwões do litoral, e indiferença destas em relação ao perigo que corriam as populações de serra acllna com as tribus indigenas revoltadas.

O final dessa vida familiar, livre e soberana, começa com a preocupação do Estado português em relação às fronteiras e, mais precisamente, em relaçáo às fronteiras do sul.

Funda-se Laguna e a ColBnia do Sacramento, e inicia-se a posse do Rio Grande do Sul, estes dois Últimos fatos como execução do decreto de 12 de novembro de 1678, do rei Pe- dro 11, que ordenava se tomasse posse de toda a região neu- tra que ia desde Laguna até às margens do Prata.

Abre-se daí em diante um período de mais ou menos 150 anos, em que o sul do Brasil é sacudido pela política da fronteira entre luso-brasileiros e castelhanos.

Nos primeiros tempos da história do Brasil, ela estava juridican~ente estabelecida pelo meridiano de Tordesilhas.

Era u m meridiano e uma hipótese. E uma hipótese que não preocupava aqueles homens rudes das Câmaras Munici- pais, muito preocupados em garantir sua pr6pria subsistên- cia na caça ao índio, ou na procura do ouro.

E que a família, como uma associação natural, sob a base da tradicional cultura portuguesa, se desenvolvia no Brasil ao léu dos fatores que surgiram do ambiente, ao sabor de suas necessidades imediatas, sem sentir a limitação coati- va do Estado.

Na zona do açúcar, no nordeste e em grande parte do litoral, criou-se a grande família patriarcal, sob a economia do próprio açúcar, como um novo feudalismo, rural, e com autonomia social, religiosa, econôrnica e ate polftica.

MACRADO. B.P. Hiat6rla regional do Peranh

Assim aconteceu também na zona de criação de gado. As grandes distâncias faziam nascer nos currais, nas fazendas, nas estârtcias, a família como um centro econômico, social e político.

De maneira que a organização familiar, com seu patriar- calisrno, com seus interesses próprios e imediatos, com seus códigos de honra, com a sua expansão de economia apropria- tiva, precisando de muito espaço para pouca gente, enchia ralamente a vastidão do Brasil mal povoado, e s6 sentia o interesse humano da fronteira, quando na sua caminhada de nomade, indiferente aos tratados diplomáticos, entestava com os odiados espanhois.

A forrnstção do Estado no Brasil não é uma etapa supe- rior c continuativa dessa vida familiar livre e soberana, 32 uma antítese a ela.

Depois da Restauração de 1640, ao mesmo tempo em que se reconstituía o território português na península, negocia- va-se a demarcação das fronteiras portuguesas na América, sob O principio do uti-possidetis.

Passsm, dai em diante, os capitães-generais a promover o povoamento dirigido e a criar uma solidariedade nacional. E o faziam, sobrepondo a lei aos interesses familiares, e o rei longínquo ao poder do paterfarnilias.

Até o século XVIII, os brasileiros viviam praticamente sem governo. As farnílias se governavam por si próprias e as Câmaras Municipais a uniam. A hist6ria dos irmãos Leme, chefes de clã e bandidos, como que impondo aos outros uma lei sua, constitui boa amostra desse grupalisrno fami- liar e caciquista.

"Nas repartições do sul do Brasil - diz um historiador - as Câmaras Municipais chegaram a embaraçar de tal forrna a esfera da açção dos governadores, que muitos deles preferiam abdicar de sua autoridade e condescender com toda a casta de abusos a entrar em luta com elas."

O conflito entre o Estado português e as Câmaras Muni- cipais acaba por matar as liberdades locais, por vencer a liderança grupal e familiar, tudo no interesse da fronteira.

O violento Capitão-General Rodrigo Cesar de ,Menezes escrevia ao vice-rei, na terceira década do século XVIII: "No

tllrithrlr: Qucrtkn d. Debates, Curitibn 8(14/15i:177-205 Ju1.-Dez. 1987 História: Questões & Debates, Curitiba 8( 14/ 15): 177-205 JuL-Dez. 1987

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~IZICHADO. 13.P. Hist 6ria regional do P~ranA MACHADO. E.P. Hist6ria regional do ParanB. 180

Brasil vivem todos com a soltura que V,. Excia. não ignora, e os Pauiistas com mais liberdade que todos e esta não se destroi com outra coisa que com o poder".

u exercicio desse poder deu origem a violentas oposições entre o governo e os grupos familiares, e &s orgias do milita- rismo e do fisco que se desencadearn dai em diante. Tudo porém tinha um fim legítimo: a integração do sul ao terri- t6rio do Brasil.

Com os capitães-generais não 1 mais o bandeirisrno, 116 expedições militares e povoadoras, organizadas, plane ja- das e comandadas para atingir uma finalidade: o povoamen- to, a ocupação continuada e fixa do território - a fronteira, cnfim.

Embora o princípio do "uti-possidetis" fosse uma vitória diplomjtica portuguesa, seria eia pulverizada sem a ocupação ef etiva, dirigida pelos capitães-generais.

O processo consiste, primeiro, no esmagamento dos 10- caIismos e liberdades locais, depois o descobrimento dos lu- gares desabitados e seu povoamento compulsdrio, pela t"un- dwão de vilas e criaçáo de fazendas e estâncias e pela cons- trução de estradas de ligação dos vários núcleos.

A abertura de estradas toma, então, uma importância excepcional.

Nos princípios do século XVIII estabelecem-se os dois focos dos quais a história do Paraná é, em certa época, uma projeção: São Paulo, ligado as minerações de Minas, e ao Rio Grande do Sul, às voltas com as guerras espanholas.

Em 1731, o capitão-general mandou construir a estrada de Laguna, ligando esta vila com Curitiba, e daí a estrada seguia para São Paulo.

A construcão a dessa estrada é acontecimento relevante na história paranaense. Desliga Curitiba do ciclo litorb~~, distanciando-a socialmente de Paranaguá, e incorporandoma ao sistema histórico das guerras de fronteira, dando4he opor- tunidade de uma marcha para o sul, para o norte e para o oeste, de maneira que Curitiba passa a significar o cadter de toda a região que será a futura província.

Para a abertura da estrada, o capitão-general pedia O

auxf lio dos curitibanos, escrevendo nestes termos à Cornarca

de Curitiba: 4 4 + r * não s6 pela utilidade comum, mas pela

particular e própria de V. Mercês, se devem empenhar neste serviço de S. Magestade, considerando-se igualmente que abrir-se a estrada, e entrando gados e cavalgaduras, fazendas e pratas, com os mais gêneros que podem introduzir os cas- telhanos, virá a ser essa vila de Curitiba, a mais populosa e rica desta Capitania".

Mostram os Arquivos da Câmara de Curitiba o intenso comércio de gado proceeente do Rio Grande. O tropeiro Cris- tovam Pereira de Abreu passou com uma tropa de 3.000 ca- beças. Por essa estrada, passando do norte para o sul vinham as mercadorias de Sorocaba, principalmente o algodão. A própria população curitibana circulava por ela, nas grandes distâncias. Um documento de 1783, descrevendo a população

4 d da capitania diz: . , . outros vão a Viarnão buscar tropas de animais cavalares ou vacuns, e os vendem não s6 aos mora- dores da mesma cidade e seu continente, como também aos andantes de Minas-Gerais " .

Documentos do "Arquivo Municipal de Curitiba " dos anos de 1730 a 1749, mostram a variedade dos traçados dos caminhos que vindo da estrada de Laguna passavam pela Lapa, Curitiba, Campo Largo, Castro, Piraí, Juaguariaíva, Ita- raré, rumo a Sorocaba. Os mesmos "Arquivos" de 1737 em diante revelam a existência de fazendas nos Campos Gerais, cujos criadores levavam seu gado, pela estrada do Iapó, Piraí, Jaguariaiva, Itararé, para São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais. E em 1777, quando o capitão-general consultava os vereadores de Curitiba sobre requisições para manter for- ças que, pela estrada, vinham de São Paulo para combater os espanhóis no sul, a Câmara de Curitiba informava: "os da Freguesia de S. Antonio da Lapa e dos Campos Gerais, porque as terras são mais férteis e porque abeiram a estrada que vem do Viarnão para São Paulo por onde passam as tropas que gastam muitos mantimentos, fazem vida da lavoura pela utilidade que experùnentam e por isso abundam demais quantidades delas, . , e acerca das cavalgaduras, não falando no distrito dos Campos Gerais em que pela distância de suas habitações e laboração das fazendas de gado precisam demais cópia de animais mansos e por isso os tem já".

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MACHADO, B.P. Histõria, regional do P ~ r a n i

Não só tropas, comércio e homens circulavam pela es- trada, animando a vida rude e primitiva.

Por ela desciam, também, forças militares de São Paulo, que se afogava no militarismo feroz dos capitães-generais. E por ela, muitos curitibanos foram levados a povoar os terri- tórios conquistados de Castilhos Grandes, sob o comando do tropeiro e coronel Cristovam Pereira de Abreu.

Como conclusão, *. -. - . --- pois, -- - podemos estabelecer que: a ) o ,terceiro- 7 - . - I - - - - c a s a história do Paraná deve com-

prcender a história diplomática do conquista das fronteiras do sul do Brasil, desde o decreto do rei português Pedro 11, de 12 de novembro de 1678, até a final questão da Cisplatins. E deve abranger as guerras que ocasionou no sul, que têm como início a fundação da Colônia do Sacramento e como resultado a conquista do - Rio ..- Grande do Sul.

b)(õ quarto capítulo da h i s w ~ a r m a e n s e versará som bre as transformações políticas que tiveram início no s6culo XVIII, desde o governo de Rodrigo Cesar de Menezes, que assinala a passagem do predomínio grupal e das C â m s Municipais, para o domínio do capitão-general e da província e conseqiiente predomínio do Estado organizado.

C) O quinto - - -. capítulo - -- -, -- - da histórra) paranaense será o da transformação do Paraná com a abertura da estrada de Ls- guna, em 1131, que ligou as populações do Rio Grande às de São Paulo, através de Curitiba. É o tempo das tropas e tro- peiros, do intenso comércio de gado e da intensa miiitariza- ção da Capitania de São Paulo. É o tempo da expansão da população pelos Campos Gerais e da fundaçáo das fazendas de criar. E é a ocasião de se estudar a figura de Cristovam Pereira de Abreu.

7 - Restabelecida a Capitania de São Paulo em 1765, recebeu ela o seu capitão-general, D. Luiz Antônio Mouráo, o Morgado do Mateus. Foi um admirável escritor de cartas e severo observador dos costumes brasileiros, carregou as cores do militarismo e do fisco, comprimiu ainda mais as liberdades locais, exigiu sacrifício de todos, mas se atirou com toda a energia e clarividência à empresa de povoar o sul do Brasil e de conquistar definitivmente suas fronteiras.

MACH:.DO. 3.P. Hist6ti:. regional do Paranh

Perfeitamente integrado na nova política portuguesa de firmar o poder brasileiro até o Prata e o Paraguai, anunciou que vinha "com reais ordens de descobrir e povoar os ser- tóes da Capitania, examinar a extensão de seu continente e a formaçáo dos rios de sua fronteira.. 99

/ \ Com ele, realmente, os rios passam de uma importância

:;urarneil te antropogeograf ica para assumir um marcante re- i*-

1 . 'cvo político. Primeiro, a pendência das fronteiras se travava ao redor dos rios da Prata e do Paraguai. Com ele, a conquis- ta de todos os grandes rios representava a conquista de todo o território. O Tibagi, o Paranapanema, o Ivaí, o Piquiri, o Iguaçu s8o mobilizados para a conquista, na fase mais épica da história parcmaense, porque cada rio tem o seu sertão. Chega a trata.i os rios com carinho de camarada, ao Iguaçu diz numa das suas cartas: "aquele valente e precipitado

" e antevia que, com a conquista dos rios e seus ser- rio.. * , tões se acrescentaria "mais uma ou duas Capitanias a este Estado e se facilita muito a demarcação dele pelo Rio da Prata". b

Afonso Botelho, executor daquela política no Paraná, iniciava, também, sua açáo definindo o sertão a ser conquis-

44 tudo por um rio. v # + pois deste rio Guaraúna para 'dentro já é sertão. . . ? ?

Na formação das expedições de conquista, Afonso Bote- lho escolhia homens familiarizados com o sertão mas tam- bém com os rios: " . + + gente da mesma Vila e de Cananéa, que por ser gente que costuma andar embarcada e ter cria-

? * 44 ção de matos e rios. + . , + . * gente de Paranaguá. + . por ter sido criada na borda do mar e ter uso de andar embarca-

" * ao comandante ordenava: " da . . . , * . + vá pelo rio abaixo a $ 9 . d d comandar no sertão.. , * a • gente de Curitiba, São .José

e Campos GSerais. . . toda esta gente é criada no caminho do sertáo que vai dar ao rio Grande, e por estes matos (foram criados) a caça, o mel e o mais que aqui lá vão, e por isso fortes e robustos e próprios para o mato, aonde tem sido a sua criação. . . 99

Entre Portugal e Espanha tinha-se conseguido um acor- do, que parecia a todos provisório. As fronteiras seriam de-

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MACHADO. B.P. Histuria regional do Parani

rnaicadas por onde I-iouvesse ocupação e posse. Era ~recíso, .%

rntão, povoar. Distender as popula+çóes em inais vilas. Chegar antes que os espanhóis nas terras desabitadas. Tomar posse.

O Marquês de Pombal supervisionava todo o movimento. Havia necessidade de se formar uma corrente ininterrup-

ta de povoações e "estabelecimentos", desde Sáo Paulo ao rio clci, Prata e desde Curitiba a fronteira paraguaia.

Já se estava fazendo solidamente o movimento para o sul *

Mas havia a fronteira do oeste, e foram curitibanos e s ~ u s vizinhos, sob o comando de Afonso Botelho, que fizeram a marcha para o oeste, conquistando os grandes rios e, com eles, o sertão.

Tinha-se fundado o forte de Iguatemi em Mato Grosso, em terras contestadas pelos paraguaios.

Era preciso ligar Curitiba a essas terras. Do rio Guaraúna para dentro começa o sertão, e Afonso

ojotelho acrescentava: "parece-me ser muito preciso chegar a ver o interior do sertão". '1

Em 1770, a expedição curitibana, chefiada por Estevam Ribeiro Eaião, entrou pelo sertão do Tibagi, atingiu as bar- rancas do Paraná seguindo pelo rio Ivai, passou pelas Sete medas e atingiu a fronteira paraguaia, explorou o Piquiri, subiu o Paraná, desceu o Tietê e chegou a São Paulo depois de uin ano e quatro meses de sertão.

4

Apesar da morte dos capitães, das deserções, das violên- cias, cios sofrimentos da população, tinha-se encontrado o nami;lho rJ entre Curitiba e a fronteira paraguaia. Mas não bastava, era preciso descer os grandes rios e tomar posse C?os campos e matas.

Outra expedição comandada por Francisco Silveira Pei- d L entrou pelo Iguaçu, "a explorar pelo lado direito o ser- tão para ver se podia achar vereda que facilitasse chegar ao fim do Iguaçu onde faz barra com o Paraná". Nessa cami- nhada morreram homens afogados, ficaram em extrema penúria, andando nus e passando fome pelos matos, pas- b saram pelo porto de Vitória, e o seu comandante chegou Z i foz, mas avançando penetrou no território das Missões argen-

I ! l f l tbr l~ : Q U C N ~ ~ C I S Ot Debates, Curltlba 8( l4/15):177-205 Jul.-Dez. 1987

C-inas, -J foi preso pelos espanhóis e jogado nos calabouços de Buenos Aires.

Tenta-se então outro caminho. Numa marcha de onze meses, a expediçáo comandada poF Francisco PAartins Lusto- 53 cntroíi pelo Guaraúna, atravessou o rio das Almas, atingiu

Serra da Esperança e saiu 110s campos de G~zrapuava. LI

Mas OS campos de Guarapuava n5o eram a finalidade. Sus- cava-se a conquista do Iguaç~i. Atrás da. clesembocadura deste rio andaram os paranaenses, através da, mataria, conseguin- do, a.Lji*i~l, avistar os csrn~os A de Palmas.

Nessas duras caminhadas, sem armas muitas vezes e =rn mantimentos mais do que conseguiam do próprio mato, L* Y

as instruções eram de só parar onde encontrassem espa- rihóis. E se estes qu-isessern embaraçar a passagem e se fosse i;x~ossírel I a expedição C continuar, "nesse caso, facam .a alto onde quer que se toparem, e não consintam que os espanhóis

~diantern para as nossas partes e nem a expedição voltará L ul

para trás". Em 1'755, a Câmara Municipal de Curitiba informava o . 44 ~overno sobre os limites de Curitiba nestes termos. • e I ser-

ve de balisa e temo o rio Itararé para a parte de Sorocaba, e para a parte do sul serve de balisa os Lages ficando por sua, demarcacão o rio das Pelotas c todo o sertão do Tibagi dentro do Termo desta vila. + , + C . passagem do rio Tibagi oarc: A dentro, não só das partes povoadas, mas também as ciue h de 201-9 se cultivam, e de todo o sertão que vai entestar

s Rio Grande onde faz barra o dito rio Tibagi, mediando entre eles o famoso sertão de Guarapuava, descoberto e con- tinuarnente versado pelos moradores deste distrito, ficando mais entre estes o celebrado Capivaruçu e sltas vertentes Agudos e Apucarana. . . ? ?

Três décad5i.s eepois, a conquista do sertão tinha alcan- çnçdo, pelos rios, as barrancas do Parar;.&, a foz do Iguaçu e os campos de Palmas, e mais tarde, ainda, firmava-se po- voamento de Guarapuava, após a expediçao de Diogo Pinto.

Delineava-se o Paraná como regiáo individualizada eob O

comando de Curitiba. Em conclusão:

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IVIVIACII.IDO, I?.?. Histuriz rcgicnal do PJ ranù

sexto canítul'g A da história do Pasaná deve compreen- p&a dRTsGerno do Morgado do Ma-teus e as diretri-

zes da politica de fronteiras na segunda metade do século XVIII. Deve compreendes a ação de Afonso Botelho na exe-

9 - c- cão a dessa política no Paraná e o estudo das expedigões que entraram pelos rios e sertões nessa época, e seus resultados. E deve ser rematado pela expedicão a de Diogo Pinto ao ser- f3o de Guarapuava aie que resultou o definitivo povoamento desses campos.

O - Urna das grandes contribuições de Capistrano de

/)breu. aos estudos e a compreensão da História do Brasil é A 4 4

lima combinação orgânica entre a história político-social e a creografia, que da um tom de realidade palpável aos fatos. L 3

Ele próprio reconhecia o carátter antropogeográfico de suz, ~ b r a histórica quando, em carta a Afonso Taunay, obser- vava que o fenômeno das 'bandeiras paulistas era antes um fenõmeno geogrsfico do que histórico.

Num ensaio substancial a respeito, denominado "Cami- A T~hos antigos e povoamento do Brasil", Capistrano estudou o ..' & f-'açado dos caminhos coloniais, por onde circulava o homem e a riqueza, ao redor dos quais se criaram povoações, e por meio das quais as regi6es históricas com base geográfica se comunicavam e mantinham uma frouxa sol idarledade hu- a mana.

Graças a esses caminhos, terrestres, marítimos ou f lu- viais, oue - reswmern em si todo O movimento das p~pula~ções, C aue A se constituem as w grandes Capitanias do regime colo- & 'lia!, e pela dificuldade de comunicação das v5rias regiões, 6 que cresce o fenômeno do regionalismo i lo Brasil, e com e:e os fermentos do separatismo.

A modif icaçáo desses caminhos, aproximando ou dis tan- cialclo núcleos de populacfio, i1 ia daando em resultado a ab-

** corçiio de ur i~ n'lcleo por outro, OLI a autonorniza~ão de nú- cleos, trazendo essas situações de fato as conseqüências le- .ais de desmembramentos de c ~ p i t ~ n i a s ou incorporações E, de umas as outras.

Capistrano pergunta: "pode reduzir-se o povoamento de nossa terra a algumas linhas principais, como num país as águas se somam em algumas bacias preponderantes?"

Depois de responder afirmativamente e de caracterizar os aucleos regionais históricos, sobre os quais se forma a história do Brasil, e depois de censurar a Varnhagem o ter cscri-tc a história geral do Brasil com uma uniformidade de crí*i;ica ciue A falseava a realidad.e, Capistrano termina seus "Capít~ilos" d.izendo que os três séculos coloni;is produzi- A *am "cinco grupos etnográficos, ligados pela comunidade aiiva da 1í~gua e passiva da religiáo, moldados pelas condi- ções ambientes de cinco regiões divers3s, t e ~ d o pelas rique- zas da terra um entusiasmo estrepitoso, sentindo pelo por- tugi~ês aversão ou despreso, não se presando, porém, uns aos outros de modo particular".

Embora separadas as regiões históricas, diz ele em outro trabalho que no princípio do século XIX "estava todo o país 1igaG.o irn~erfeitamente A embora, por meio de vias terrestres e fluviais". E pergunta: "Chegar-se-ia a formar uma naciona- lidade? O sistema colonial era a divergência, o particula-ris- mo; o centro ficava além-mar".

E termina como que sugerindo que a unidade política do Srasil é obra do Império.

As histórias regionais do Brasil são conjunto de fatos dotados de uma certa homogeneidade e se desenvolvendo

iC-- - num2 determinada região geográfica. '.

A história do Parana é, primeiro, uma continuação na- tural da história regional de São Paulo, com o centro de comando fora de seu território. Só adquire individualidade, ou melhor só se constitui em históriiregional, quando o centro de comando passa a agir dentro do seu próprio terri-,

__CC-*--

A homogeneização dos fatos se condensa como a comuni- cabilidade da população ao longo de um território, e essa comunicabilidade tem sua base física nos caminhos e es tra- das.

No Paraná a história dos caminhos e estradas tem uma importância fundamental sobre a qual se baseia a unidade da

t Quc*ntbc?r 8 Debates, Curitiba 8(141'15k177-205 3ul.-Dez. 1987 História: Questões 8I Debates, Curitiba 8(14/151:177-205 Jul.-Dez. 1987

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MACHADO, Z.P. História regionsl do Parans

região e sob cuja deficiência se formam as zonas marginais. A -:ida das estradas e caminhos está ligado o nascimento, vida e morte das povoações, a solidariedade e a rivalidade de centros de povoamento.

Em conclusã "------a

história paranaense deve compre- caminhos naturais de penem

3 traeão, e o desenvolvimento das estradas, suas direções e ~nfliiências no desenvolvimento e variaçgo das populações.

n - A formação do povo brasileiro se desenvolve a base

da grande família patriarcal que, pela ausência do poder organizado do governo português sempre longínquo, mono- poliza,ra todas as funções sociais, desde a politica a econo- mia. A ezpressão política se cristalizou, mais tarde, nas Câ- maras ~Xunicipais, que eram o verdadeiro e único poder or- ganizado, mas com caráter localista, brasileiro, anti-portu- guês.

No século XVIII, com nova orientação colonial do go- :rerr_o português, reorganizam-se as Capitanias com gover- nadaores mais poderosos, que iniciam a luta contra as liber- dades municipais e familiares e contra o poder das Câmaras

Os capitães-generais, ao mesmo tempo que agiam com c!espotisrno nessa lata contra as Câmaras Municipais, exacer- C

uavarn o se~tirnento de liberdades locais e de anti-portugue- L> o , , aac: - se foi abafado a força, nunca foi extinto, ficando sri-nníe .L como brasa dormida que reacenderia a fogueira no urimeiro . . r~amento.

rl mesma "vida livre" de que se queixavam os governa- r?.sres em oritros pontos do Brasil, notava-se nos habitantes ::e Paranaguá. D. Luiz Antônio encontrou resistência naqaela

em quase todos os seus intentos. É aue o interesse do 23 1

qcverno se chocava com o interesse particularista do poder <L.J

familiar. Em carta escrita ao Conde de Oeiras, em I 6 de janeiro de 1767, diz o Morgado do Madeus que a vila de Pa- ~anaguá era "governada pelos naturais e com orgulho, e fundacios em um privilégio que alcançararn de S. Magestade

MACi.i?.DO, B.P. Históriz rcgicixzkl d o Paraná

em ano de 1725, para lhe não poderem fazer soldados naquela Comarca, levaram muito a mal que eu ali instituísse Com- panhias, e ainda mais que para lá - mandasse o dito Sargento- Mor, querendo viver sempre despóticos e absolutos, sem outro governo mais que o seu. , " Queixava-se o Capitão- General de que a oposição do povo de Paranaguá fazia com que se frustrassem as diligências para a fundaçáo de uma fortaleza ila barra e para a fundação de uma povoação em Guaratuba. Na luta contra as liberdades locais, o Morgado mandou para Paracaguá o seu ajudante "Afonso Botelho. . . para castigar e coibir o orgulho. . . 99

Esse orgulho das Câmaras Municipais, que nada mais eram do que o sentimento de autogoverno e de liberdades locais, foi despoticamente abafado em toão o Brasil, durante o século XVIII.

O final desse século, porém, assinala em todo o mundo ocidental o esgotamento dos processos históricos de uma determinada época que didaticamente chamamos a "idade moderna". E dentro desse sistema histórico está o sistema colonial de PorV~gal. "Tinhamos naquele momento - acen- til2 Caio Prado Júnior - chegado a um ponto morto. O re- ~ i m e colonial realizára o que tinha para realizar. Sente-se 3

que a obra da Metrópole estava acabada, e nada mais nos poderia trazer".

O descontentamento diante do marasmo da política portuguesa nesse final de século começa a se manifestar nas C&maras Municipais, e tem um sentido de reconquista de autonomia, ora de autonomia local, ora de independência em relação a Portugal.

O espírito localista e anti-português, gerado nas Câmaras Municipais, volta a atuar com violência no período que vai da chegada de D. João VI a Independência. A nobreza terri- torial, observa Oliveira Viana, ou melhor, os seus represen- t4antes nas Câmaras Municipais "insinuam-se no paço, acer- cam-se do Rei e depois do Príncipe Regente. De tal maneira agem junto de u m e outro, que, antes mesmo de proclamar- se a independência, já estão inteiramente senhores do poder nacional ?* . lIist6ria: Questões St Debates, Curitibe $(I4 / 15): 177-205 Jul.-Dez. 1987

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orusarxx assap sao5spa H oss Y a w~~s$aldcuo;, as oqno a urn *,OJ -!a~r~(à, o a ,o;r!a~Lanq, o :sieur%r~o saJopaqsq slop rua) sJsal -013 r? h oq~esse lanvpFuxJoj d assa,, :laum~ sJrTaag0 sArasq0

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4 d oqaursas osoyln%~o o alqos no$s?nbuo~ oqassod aplrurny o anb EIJO~TA .. d E,, sas~lãssuo:, anb os5nlona~ H vwn roj 109 Tal B 3 a,,ope~rrd e oraeqaudoad . d i, o~ad opsoaod a opsdnao 'ops?slnbuo=, a d w ~ d ,# op 010s o,, m ~ s u o p s ~ ~cxqrlod + # os5sz H

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d d lsnqiqsq spszour a sarr)aja s~nqn:, :s?a~rpupsa~durr ,# aquaru -s?nlosqe soqrsrnba~ + + s~op ~ o d o~radsa~ a os3ednao - ruo:, 'oqq -rsslq 010s o ruo=, o!pquo:, uza assaAgsa 'uxap~o rua ~sjup.xop oln?rq d ruas 'anb ov5uaqap rir 'E! o7sna o opo) s - ~3spnT w n zlp - a~sqladsa~, , s op s s n a ~ ap o%p93 ~sguawvpun~ o a d

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MACHADO. B.P. Hist6rfa regional do Parana

progressista, cheio de ambição e capitais, o dreito de explo- râr este tesouro infecundo. Para isto, cria, pela chicana e pela falsidade, o indispensável título de propriedade."

Em conclusão: .__

a história do Parana poderá ser o da proprietário privado, a história geral

do seu aproveitamento e do tipo de vida rural do século XIX.

11 - A autonomia da Provincia traz para o primeiro plano da história local a vida política. A vida política da Província do Paraná acompanha as vissicitudes da evolução das instituições politicas do Império. Um capítulo especial da história do Paraná deve fixar essa evolução, com as gran- das diretrizes da administração publica; seu caráter, com as lutas partidárias e suas peculiaridades, com a organização de suas instituições de governo provincial e municipal.

Assim, - -

décimo capx- da Iiistória do Paraná deve ser a histó- c ria da vida p ~ ~ ~ ~ b a Província, dentro do coniunto e# da vida política do Império e com as peculiaridades que a caracteri- zam. A história e a evolução das instituicões ..d provinciais e municipais. As grandes diretrizes administrativas. A s orga- nizações partidárias e suas lutas eleit-orais e programáticas.

12 - Num capítulo especial investigar-se-i a atitude da Província nas grandes questões internaciorrais do Império: a do tráfico de escravos, as questões platinas e a guerra do Paraguai.

Será esse - .o 7- -

\ (décimoprimeiro, capítulo da história do Paraná.

13 - A organização do trabalho é base fundamental na história de um povo.

Dois traços substanciais caracterizam a vida econ6rnico- social do Brasil, durante o período da colonia, e se prolon- gam pelo período imperial:

a) a economia colonial, isto é, subordinação de todo o sistema econôrnico à produção de mercadorias para expor- tação.

JIRCHADO, B.P. História regional do ~ a r a n á

Caio Prado Júnior assim sintetiza: " * * e economia cons- tituída na base da exploração, e exploração precipitada e ex- tensiva de recursos naturais de um território virgem, para abastecer o comercio de alguns 'gêneros tropicais e metais preciosos de grande valor comercial. É esta, em última aná- lise, a substância de nossa economia colonial, a própria explicação da obra colonizac~ora aue A Portugal aqui reali- zou". * "é este o eixo das atividades coloniais, eixo em torno do qual se agrupam todos os seus demais elementos. Em funçiio dele, dispor-se-ão os outros setares acessSrios do comércio da colonia, e que não tem outro fim que alimentar e amparar aquela corrente fundamental. O tráfico africano, em primeiro lugar, que fornece a mão de obra com que se produzem aqueles gêneros que a constituem; vem, depois, o abastecimento de produtos necessário à subsistência da po- uulação A direta ou indiretamente aplicada na produção deles."

Parece qtle a economia do Paraná se caracterizava, mais, pelo segundo elemento: economia de subsistência.

b ) trabalho baseado sobre o braço escravo. Em conclusão:

décirfio segundò'opítulo A da história do Paran5 poderá ser a ~ estrutura econômfca da população, com o sistema de prodnçãio sobre a escravidão. Dever6 investigar o regime C real de escravidão negra, sua origem, seu desen- voi_vimeento e sua influencia, e efeitos da abolição.

14 - Os últimos tempos do Império, no plano político, siio caracterizados por um.% agitaçã,~ política de renovação, J

que poderia ser de urna renovação do regime pai-iatxenta- rista, mas que desembocou na Republica. A agitalção se tra- duz nzs lutas parlamentares e partidárias, na questão reli- giosa, na questão militar, na propaganda de Federação e da República.

O sistema unitário do Império comecsva A ci, se abalar. Com r, proclamação da República, a agitação n5o cessou,

até que a grande revolução de 1893 aqiteu, C fundo, os elicer- ces do regime e da sociedade.

Assim me parece que dois ca~ítulos A poderão estudar esses fatos:

'HistOris: Queslócs & Debates, Curitiba 8t 14/ 151 : 177-2G5 jul.-Dez. 1987

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MACHADO, B.P. História, regional do Parsná

d p í t u l o décimo tercempoderá compreender a atitude I

do haná~ncã~agi~-ÓG-'politicas dos últimos anos do Impé- rio, da guerra do Baraguai em diante. Da proclamação da República e da instalação dos primeiros governos republica- nos e suas atitudes em face das grandes dificuldades do momento, I. I 1 I 1 I I 1

E tendo em vista a importancia que representa para a história do Paraná a revolução federalista de 1894, que trouxe profundas consequências na divisão da sociedade política, parece que a ela deve ser dedicado um capítulo especial.

Assim C - +- A' - - -. --..

o capítul<décirno quart0'ji.a história do Paraná deverá d-

ser o da históaa da revoiução de 1894, com seu desenvolvi- mento ideológico e suas conseqüências no campo político.

15 - A história da República tem, no seu üesenvolvi- mento, um aspecto mais ou menos uniforme, desde a Conso- lidação, após o governo de Floriano, ~ , t é a revolução de 1930,

Um exame mais acurado cio reg;.ime na suz prática, nessa epoca, revela que a estabilidade CZo regime se baseava num sistema de chefias locais. É a política dos governadores, na sua f isionomia prática e não ideológica. Cada Estado tinha um "chefe politico" que o dominava na política interna, pelo prestígio pessoal, pela força que lhe dava chefia federal, e ~ c i 2 A rnanipulaçao eleitorar; e qtie falava, em nome cio Estacio na chefia federal. Esse sistema de chefia era sustentado pelos chefes municipais, que eram uma evolução dos "pater-f a- inilias" da colônia, dos "barões*' do Império e que se trans- formaram nos "coronéis" da República.

V sistema, no parana, começa com o cioininio cio gover- nador, presidente Vicente Machado e, após a morte deste, depois de um interregno de governadores que 1250 conse- guiram consolidar a chefia, o presidente Afonso Camargo a exerce até a revolução de 1930.

Em conclusão: -- C-

o c a p í t ~ d é c i r n o quinto&ve ser a história política do Paraná sob o: Z&$ública constitucional de 1891, desde a Consolidação até à revolução de 1930. Seu sistema de clicf ias, estadual e municipal. Seus grandes rumos adminis-

trativos. O funcionamento pratico de suas instituições esta- duais e municipais.

16 - A questão dos limites- estaduais com Santa Cata- rina agitou largo período da época republicana no Paraná e tem grande importância na história regional. Assim merece ser tratada em capítulo especial.

Donde: 0 capitulo @~;-diò'da história do Paraná versará

sobre as questões e xfiíiii-s interestaduais, especialmente a questão do Contestado. Suas origens, desenvolvimento, som luçáo e conseqüências históricas.

17 - A revolução de 1930 é, em todo o Brasil, um marco histórico que divide a história republicana em duas épocas. A primeira em que predominava o aspecto político e a se- gunda em que há a tendência do predomínio do social. Traz uma transformação radical nos quadros dirigentes, popula- rizando-os cada vez mais. Reforma as instituições e renova as classes dirigentes. Quebra o sistema das chefias e se en- caminha para a libertação eleitoral.

Em conclusão :-. -, -- - C*

o capítul timoha história do Paraná deve ser a história da 33~0 no Estado. Suas origens pre. sas ao desenvolvimento da política nacional e suas peculiari- dades locais, Seus acontecimentos, a instalação dos governos das interventorias. Os reflexos da revolução paulistn de 1932, a constitucionaliza@io de 1935; o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937; o governo do "Estado Novo", o gol- pe de 29 de outubro de 1945.

18 - Voltando da história política para a história eco- nômico-social, faz-se necesstirio um estudo de conjunto da evolução da vida econômica e social das populações nos seus vários ciclos que, parece, podem ser divididos da seguinte maneira:

a ) ciclo do ouro de lavagem do litoral; b) ciclo da criação de gado e das tropas do planalto; c) ciclo da erva-mate;

1 h : QUPR? fim & Dcbnt.~n. Curil ibn 14!151: 177-205 Jul.-Drz. 1937 Histúria: Questbes & Debates, Curitiba 8( 14 / 15): 177-205 Ju1.-Dez. 1987

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BC*IALHADO, B.P. História regional do Paraná

d) ciclo da madeira; e ) ciclo dos negócios de terras; E> ciclo do café. Cada um- desses ciclos exerce Ceterminada influência na

fisionornia social da população, estabelecendo situações his- tjricas. O seu estudo, em caráter geral, deverS. constituir um capítulo especial.

Donde: - - - --

o ca~ í tu lá d6cimo oitavo da históde do Parans deverá E - --

compreender a evolução-ba v i T m i c o . s o c i a l da popu- lação, nos seus vários ciclos, nas suas conseqüências históm ricas estabelecendo determinados tipos de vida e criando as "arisl;ocracias" do ouro, do gado, da erva, da madeira, das terras e do café.

19 - Um dos modernos fatores da transformação his- tórica do sul do Brasil que modificou a velha estrutura luso- brasileira, acrescentando-lhe novos valores e revigorando-a - 6 a iiltrodução de grandes correntes de imigracão d estran- geira, durante a maior parte do século XIX e no século XX.

Sem o estudo desse fato, em todos os seus aspectos, ficaria incompreensível a história do sul do Brasil, e com ela, do Paraná atual.

A j - ---. oécimo nono*) capítulo da história do Paraná deverá I

versar s o b r e w +

organizaçso do trabalho livre sobre o influ- xo da imigração estrangeira. Deverá estudar as origens das correntes imigratórias, sua localização no territ6rio; a expe- risncia. de sua acàaptacão; a sua marGnalidade inicial; seu crescimento e assimilaqão; sua influência sobre a velha sociem dade Itilso-brasileira que ao seu contato se modificoit . As grandes farnilias que dela surglram e a conquista da igual- dade social entre luso-brasileiros e os descendentes dos an- tiyos s imigrantes,

20 - Incompleta e parcial ficaria a história do Paran6, @ Ce p ~m capítulo especial não fosse dedicado ao desbravamento, posse e mobilização econômics do chamado "norte do Pa- ran6".

Constituindo uma população marginal em relação ao Paraná tradicional, é um dos centros nacionais mais visados pelas migrações internas, e uma das preocupacões a da adrni- nistração i+ pública é criar as condições pelas quais a popula- ção do Norte se integre na unidade da colnurildade para- naense.

' -- pítulo da história do Paraná deve ser o da avamento do Norte do Paraná, f u n d ~ ã o e

desenvolvimento de suas cidades e de sua vida econômica e social.

21 - Se as inigrações internas nacionais provenientes em sua maioria das regiões ao norte do Estado se concen- tram no "Norte do Parana", outras rnigra~ões provenientes das regiões ao sul do Estado estão rios últir~os anos pene- trando em massa nas regiões do sul oeste, onde fazem o desbravamento que vai caminhando para o norte até eritrar em contato com os desbravadores do Norte.

E um capítulo navo, e em início, da história do Paraná, c é u n ~ dos fenômenos históricos de translormaç%o do In- i;eiqior do Estado.

apitulo da história do Paranli de- rente níigratória proveniente do

sul do país que vai penetrando pelo sul-oeste do Estado e se espraiando em direção norte. Deverá estudar sua origem, seus precedentes, a fundacáo a dos novos núcleos que tem produzido seu tipo de vida e trabalho e seu contato com as velhas populações.

c b \ 22 - Afinal, com último capítulo, aeverá o historiador

do Paraná estudar, de-m'ãneneira diretriz aolítica e administrativa dos governos estaduais desde 1930, e a posição que o Pasaná conquistou na Federação.

Curitiba, 21 de rJ julho de 1951

História: Qiiestóes 8: Debates, Curitibs 8( 141151; 177-205 Jul.-Dez. 1987