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A S T ÉRMITAS NO A RQUIPÉLAGO DOS A ÇORES : M ONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS VOOS DE DISPERSÃO E PREVENÇÃO DA COLONIZAÇÃO NAS PRINCIPAIS LOCALIDADES AFECTADAS COM ÊNFASE NA TÉRMITA DE MADEIRA SECA C RYPTOTERMES BREVIS (W ALKER ) Autores: Paulo A.V. Borges 1 , Orlando Guerreiro 1 , Annabella Borges 1 , Filomena Ferreira 1 , Nuno Bicudo 1 , Maria Teresa Ferreira 1,2 , Lina Nunes 1,3 , Rita São Marcos 1,4 , Ana M. Arroz 1,4 Rudolf H. Scheffrahn 1,2 , Timothy G. Myles 1,5 1- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] . 2- Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, Fort Lauderdale, FL, USA. 3- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, Lisboa, Portugal. 4- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores. 5- Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1.

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AS TÉRMITAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES:

MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS VOOS DE DISPERSÃO E

PREVENÇÃO DA COLONIZAÇÃO NAS PRINCIPAIS

LOCALIDADES AFECTADAS COM ÊNFASE NA TÉRMITA DE

MADEIRA SECA CRYPTOTERMES BREVIS (WALKER)

Autores:

Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Annabella Borges 1, Filomena Ferreira1, Nuno Bicudo1, Maria Teresa

Ferreira1,2, Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4, Ana M.

Arroz1,4 Rudolf H. Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5

1- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .

2- Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences,

Fort Lauderdale, FL, USA.

3- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, Lisboa, Portugal.

4- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores.

5- Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1.

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AS TÉRMITAS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES:

MONITORIZAÇÃO E CONTROLE DOS VOOS DE DISPERSÃO E

PREVENÇÃO DA COLONIZAÇÃO NAS PRINCIPAIS

LOCALIDADES AFECTADAS COM ENFASE NA TÉRMITA DE

MADEIRA SECA CRYPTOTERMES BREVIS (WALKER) Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Annabella Borges 1,

Filomena Ferreira1, Nuno Bicudo1, Maria Teresa Ferreira1,2,

Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4, Ana M. Arroz1,4 Rudolf H.

Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5

1- 1- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected]

2- 2- Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, Davie, FL, 33314 USA.

3- 3- Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, 1700-066 Lisboa, Portugal

4- 4- Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

5- 5- Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1

.

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Índice Geral

Índice de Figuras ...................................................................................................... 6

Índice de Tabelas .................................................................................................... 11

Sumário executivo ............................................................................................... 1-13

1. Projecto Termodisp ................................................................................ 1-18

1.1 Introdução ....................................................................................................... 1-18

2. Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores. 2-21

2.1 Sumário ............................................................................................................ 2-21

2.2 Introdução ....................................................................................................... 2-21

2.3 Material e Métodos .......................................................................................... 2-24

2.4 Resultados ....................................................................................................... 2-29

2.5 Discussão ........................................................................................................ 2-34

2.6 Agradecimentos .............................................................................................. 2-36

2.7 Referências Bibliográficas ............................................................................. 2-36

3. Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) .......................... 3-41

3.1 Sumário ............................................................................................................ 3-41

3.2 Introdução ....................................................................................................... 3-41

3.3 Objectivos ........................................................................................................ 3-42

3.4 Metodologia ..................................................................................................... 3-43

3.5 Resultados ....................................................................................................... 3-48

3.6 Conclusões ...................................................................................................... 3-49

3.7 Agradecimentos .............................................................................................. 3-50

4. Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo 4-52

4.1 Sumário ............................................................................................................ 4-52

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4.2 Relatório de Inspecção ................................................................................... 4-52

4.3 Sumário de Resultados .................................................................................. 4-54

4.4 Conclusões e Recomendações ..................................................................... 4-55

5. A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. ......... 5-58

5.1 Sumário ............................................................................................................ 5-58

5.2 Introdução ....................................................................................................... 5-59

5.3 Metodologia ..................................................................................................... 5-60

5.4 Resultados e Conclusões .............................................................................. 5-61

Ilha Graciosa ............................................................................................................... 5-62

Ilha do Pico .................................................................................................................. 5-68

Ilha das Flores ............................................................................................................. 5-80

Ilha do Corvo ............................................................................................................... 5-88

Ilha do Faial ................................................................................................................. 5-94

Ilha de S. Miguel ........................................................................................................ 5-101

5.5 Considerações Finais e Recomendações .................................................. 5-109

5.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 5-110

6. Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge .... 6-112

6.1 Sumário .......................................................................................................... 6-112

6.2 Introdução ..................................................................................................... 6-112

6.3 Metodologia ................................................................................................... 6-113

6.4 Resultados ..................................................................................................... 6-114

6.5 Discussão ...................................................................................................... 6-115

6.6 Agradecimentos ............................................................................................ 6-115

6.7 Bibliografia .................................................................................................... 6-116

7. A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico. ................................................................................ 7-118

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7.1 Sumário .......................................................................................................... 7-118

7.2 Introdução ..................................................................................................... 7-119

7.3 Metodologia ................................................................................................... 7-121

7.4 Resultados e Conclusões ............................................................................ 7-121

7.5 Agradecimentos ............................................................................................ 7-126

7.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 7-126

8. Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão. ...................................................... 8-128

8.1 Sumário .......................................................................................................... 8-128

8.2 Introdução ..................................................................................................... 8-128

8.3 Metodologia ................................................................................................... 8-131

8.4 Resultados e Discussão ............................................................................... 8-139

8.5 Conclusão ...................................................................................................... 8-151

8.6 Referências Bibliográficas ........................................................................... 8-152

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Índice de Figuras

Figura 2-1: Soldados das diferentes espécies que ocorrem nos Açores: a) Cryptotermes brevis, b)

Kalotermes flavicollis; c) Reticulitermes grassei; and d) Reticulitermes flavipes (Fotografia: Enésima

Mendonça). ...................................................................................................................................... 2-22

Figura 2-2: Distribuição das quatro espécies de térmitas que ocorrem no arquipélago: A Europeia

“dampwood termite”, Kalotermes flavicollis (Circulo Verde), a térmita de madeira seca das Índias

Ocidentais (Circulo Amarelo), a térmita subterrânea ibérica Reticulitermes grassei (Circulo Castanho

escuro) e a térmita subterrânea do Este dos EUA Reticulitermes flavipes (Circulo Castanho claro). 2-

23

Figura 2-3: Armadilha amarela utilizada para capturar as térmitas aladas, jovens reprodutores. . 2-26

Figura 2-4: Evolução da praga em Angra do Heroísmo (a, b) e, em Ponta Delgada (c, d) em 2010 (a,

c) e 2011 (b, d). V – Vestígio; I – Inicial /Moderado; M – Moderado; E – Infestado; HE – Muito

Infestado; D – Destrutiva. ................................................................................................................ 2-30

Figura 2-5: Distribuição geográfica da C. brevis em Angra do Heroísmo e distribuição potencial para

2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na .......................................................... 2-30

Figura 2-6: Distribuição geográfica da C. brevis em Ponta Delgada e distribuição potencial para

2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na .......................................................... 2-31

Figura 2-7: Comparação do valor médio (+ s.e.) de térmitas capturadas em edifícios monitorizados

simultaneamente nos anos de 2010 e 2011 nas cidades de Ponta Delgada (PDL) e Angra do

Heroismo (AH). ................................................................................................................................ 2-31

Figura 2-8: Resultados dos diferentes programas durante 2011 nas cidades de Angra do Heroísmo

(AH) e Ponta Delgada (PDL). .......................................................................................................... 2-33

Figura 2-9: Resultados de diferentes programas durante 2011 nas ilhas do Faial, S. Jorge, Pico e

Santa Maria. .................................................................................................................................... 2-34

Figura 3-1: Barrote inteiro. .............................................................................................................. 3-43

Figura 3-2: Pedaços de madeira cortados com 0.5 cm de comprimento. ...................................... 3-43

Figura 3-3: Pedaço de madeira bastante infestado. ....................................................................... 3-43

Figura 3-4: Pedaço de madeira menos infestado. .......................................................................... 3-43

Figura 3-5: Envolvimento da amostra em película aderente. ......................................................... 3-44

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Figura 3-6: Pedaços de madeira envolvidos em película aderente. ............................................... 3-44

Figura 3-7: Amostras das placas de Petri. ...................................................................................... 3-45

Figura 3-8: Desbravamento da madeira. ........................................................................................ 3-46

Figura 3-9: Extracção das térmitas. ................................................................................................ 3-46

Figura 3-10: Contentor de frio. ........................................................................................................ 3-46

Figura 3-11: Disposição das amostras dentro do contentor de frio. ............................................... 3-46

Figura 3-12: Amostras dispostas no laboratório. ............................................................................ 3-47

Figura 3-13: Amostras protegidas da luz. ....................................................................................... 3-47

Figura 3-14: Película transparente retirada das caixas de madeira. .............................................. 3-47

Figura 3-15: Corte da película transparente na amostra de madeira. ............................................ 3-47

Figura 3-16: Térmitas mortas após um dia de exposição a -20ºC. ................................................. 3-48

Figura 3-17: Pedaços de madeira após desbravamento da Amostra 1.......................................... 3-49

Figura 3-18: Térmitas mortas extraídas da Amostra 1. ................................................................... 3-49

Figura 4-1: Curva de acumulação das espécies encontradas nas 13 amostras com base na média

de 100 curvas de acumulação aleatórias. ....................................................................................... 4-54

Figura 4-2: Curva de estimação do estimador Chao1 das espécies que se espera encontrar em

quaisquer 13 amostras com base na média de 1000 curvas de acumulação aleatórias. .............. 4-55

Figura 5-1: Mapa do arquipélago dos Açores indicando as ilhas onde está confirmada a ocorrência

da espécie Cryptotermes brevis segundo dados obtidos até o inicio de 2011. .............................. 5-59

Figura 5-2: Esquema de abordagem da Equipa nas várias sedes de concelho das ilhas vistoriadas.

......................................................................................................................................................... 5-60

Figura 5-3: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Santa Cruz da Graciosa ........... 5-62

Figura 5-4: Mapa da Ilha Graciosa e zona urbana de Santa Cruz da Graciosa em pormenor com

indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho). .................................................................... 5-63

Figura 5-5: Annobium punctatum na fase adulta (foto: Pedro Cardoso) - A; e, na fase larvar (foto:

Enésima Mendonça) - B .................................................................................................................. 5-63

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Figura 5-6: Ataque severo de Annobium punctatum em mobiliário ................................................ 5-64

Figura 5-7: Orifícios de Annobium punctatum em mobiliário .......................................................... 5-64

Figura 5-8: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de S.Roque .................................... 5-68

Figura 5-9: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Madalena .................................. 5-68

Figura 5-10: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Lajes ....................................... 5-69

Figura 5-11: Mapa da Ilha do Pico e zonas urbanas: A – Madalena, B - Lajes e C – S. Roque do

Pico em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho). ............................. 5-69

Figura 5-12: Hylotrupes bajulus na fase adulta (foto: Pavel Krasensky) - A; e, na fase larvar (foto:

http://www.sisdisinfestazioni.it/en/insetti-legno.html) - B ................................................................ 5-70

Figura 5-13: Ataque de Hylotrupes bajulus ..................................................................................... 5-70

Figura 5-14: Ataque de Anobium punctatum .................................................................................. 5-71

Figura 5-15: Destruição severa provocada por ataque de Anobium punctatum ............................ 5-71

Figura 5-16: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho das Lajes das Flores .................... 5-80

Figura 5-17: Mapa da Ilha das Flores e zonas urbanas: A - Lajes e B - Santa Cruz das Flores, em

pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho) ............................................ 5-80

Figura 5-18: Madeira com uma infestação elevada de caruncho – Annobium punctatum em

madeiras retiradas de um tecto nas Lajes das Flores. ................................................................... 5-81

Figura 5-19: Móvel com sinais de infestação de caruncho grande – Hylotrupes bajulus. .............. 5-81

Figura 5-20: Zona antiga da Vila do Corvo, local onde foram realizadas a maioria das vistorias. . 5-88

Figura 5-21: Mapa da Ilha do Corvo e zona urbana da Vila do Corvo em pormenor com indicação

dos locais vistoriados (pontos a vermelho). .................................................................................... 5-89

Figura 5-22: Annobium punctatum activo em uma peça de mobiliário ........................................... 5-89

Figura 5-23: Indícios da presença de xilófagos marinhos .............................................................. 5-90

Figura 5-24: Casa vistoriada na freguesia do Capelo ..................................................................... 5-94

Figura 5-25: Mapa da Ilha do Faial com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho) .... 5-95

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Figura 5-26: Serrim de caruncho, de consistência do tipo farinha, ao contrário das térmitas, cujas

pelotas fecais apresentam uma consistência granulosa ................................................................ 5-96

Figura 5-27: Vestígios da presença de infestação por caruncho pequeno (A. punctatum) numa vara

– orifícios de saída dos insectos adultos e galerias ........................................................................ 5-96

Figura 5-28: Diferentes castas da espécie Kalotermes flavicollis, térmita de madeira húmida (foto:

Rudolf Scheffrahn) .......................................................................................................................... 5-96

Figura 5-29: Infestação de cerne por K. flavicollis em comparação com a infestação do borne por C.

brevis ............................................................................................................................................... 5-97

Figura 5-30: térmita subterrânea europeia (Reticulitermes grassei), com 2 soldados à esquerda e

uma obreira à direita ....................................................................................................................... 5-98

Figura 5-31: Casa de arquitectura antigas no concelho da Lagoa ............................................... 5-101

Figura 5-32: Casa com traços culturais estrangeiros.................................................................... 5-102

Figura 5-33: Observação de teias de aranha nas janelas de casas abandonadas ...................... 5-102

Figura 5-34: Mapa da ilha de São Miguel com as diversas localidades onde foram realizadas

vistorias assinaladas. .................................................................................................................... 5-103

Figura 6-1: Localização dos locais de prospecção de térmitas na Ilha de São Jorge. Os círculos

representam os locais onde não foi detectada presença de qualquer espécie de térmitas; os

quadrados representam os locais onde foi detectada a presença da espécie Cryptotermes brevis (a

circunferência realça estes locais). ............................................................................................... 6-114

Figura 7-1: Indicação dos edifícios vistoriados inseridos no raio de 100 metros. A vermelho estão

indicados os edifícios onde se confirmou a infestação por térmita de madeira seca e a verde os

edifícios onde não foi confirmada a infestação. ............................................................................ 7-120

Figura 7-2: Vista aérea de Santa Cruz das Ribeiras, com marcação a vermelho do perímetro onde

foram realizadas vistorias. A 1ª habitação onde foi detectada a praga está assinalada a vermelho. .7-

122

Figura 7-3: Comparação dos soldados de duas espécies de madeira seca existentes nos Estados

Unidos da América. ....................................................................................................................... 7-123

Figura 7-4: Partes de caixotes de madeira infestados com térmita de madeira seca, oriundos de San

Jose, Califórnia, depositados num sótão em habitação na localidade de santa Cruz das Ribeiras. ..7-

124

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Figura 7-5: Produção orgânica de térmita de madeira seca em falsa na localidade de Santa Cruz

das Ribeiras – indício inequívoco da presença da uma espécie de térmita de madeira seca. .... 7-124

Figura 7-6: Armadilha cromotrópica colocada em janela do sotão de uma das habitações infestadas

com térmita de madeira seca na localidade de Santa Cruz das Ribeiras .................................... 7-125

Figura 8-1: Cenários de introdução nas ilhas testados. ................................................................ 8-135

Figura 8-2: Cenários da possível origem da população nos Açores testados. ............................. 8-136

Figura 8-3: Cenário de origem da população nos Açores assumindo uma população ancestral

desconhecida. ............................................................................................................................... 8-137

Figura 8-4: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações dos Açores. .. 8-140

Figura 8-5: Diagrama das distâncias genéticas das subpopulções dos Açores baseado nos dados

de microssatélites. ......................................................................................................................... 8-142

Figura 8-6: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC

para os dados dos microssatélites, para as subpopulações dos Açores. .................................... 8-143

Figura 8-7: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações de vários países e

dos açores. .................................................................................................................................... 8-144

Figura 8-8: Diagrama de distância genética calculado para todas as populações amostradas. .. 8-147

Figura 8-9: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC

para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas. ........................... 8-148

Figura 8-10: Probabilidades calculadas para os cenários 1 e 2ª testados com o programa DIYABC

para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas. ........................... 8-148

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2 0 1 1  

 

Índice de Tabelas

Tabela 2-1: Índice de infestação baseado na escala de oitavas ...................................... 2-28

Tabela 2-2: Número total de alados capturados durante os dois anos de monitorização. ... 2-

29

Tabela 3-1 – Amostras (pedaços de madeira) e os diferentes tempos de exposição. ..... 3-44

Tabela 3-2: Caixas de diferentes tipos de madeira e os diferentes tempos de exposição. .. 3-

44

Tabela 3-3: Caixas de Petri e os diferentes tempos de exposição. .................................. 3-45

Tabela 5-1: Habitações vistoriadas na Ilha Graciosa ....................................................... 5-65

Tabela 5-2: Habitações vistoriadas na Ilha do Pico .......................................................... 5-72

Tabela 5-3: Habitações vistoriadas na Ilha das Flores ..................................................... 5-82

Tabela 5-4: Habitações vistoriadas na Ilha do Corvo ....................................................... 5-91

Tabela 5-5: Habitações vistoriadas na Ilha do Faial ......................................................... 5-98

Tabela 5-6: Habitações vistoriadas na Ilha de S. Miguel ................................................ 5-105

Tabela 7-1: Local onde se detectou a infestação, bem como a zona do edifício e o nível de

infestação em cada edifício ............................................................................................ 7-122

Tabela 8-1: Locais de colecta de térmitas nos Açores e número (N) de indivíduos utilizados

na análise de dados. ....................................................................................................... 8-132

Tabela 8-2: Locais de colecta de térmitas em vários pontos do globo e número (N) de

indivíduos utilizados na análise de dados. ..................................................................... 8-132

Tabela 8-3: Estimativas da diversidade genética em 5 loci polimórficos de microssatélites

de C. brevis dos Açores. ................................................................................................. 8-141

Tabela 8-4: Estimativas da diversidade genética em 5 loci de microssatélites polimórficos

de C. brevis de amostras de vários continentes. ............................................................ 8-145

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Tabela 8-5: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida.

Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05). ................ 8-149

Tabela 8-6: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida.

Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05). ................ 8-149

Tabela 8-7: Média ± SE por módulo de dealados vivos de C. brevis, número de câmaras

nupciais e número de ovos. Valores com a mesma letra não foram significativamente

diferentes p<0.05. ........................................................................................................... 8-151

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Sumário executivo

Objectivo: De forma a determinar e controlar a extensão da infestação da população

de Cryptotermes brevis nas principais localidades infestadas no arquipélago dos

Açores, foi implementado o projecto TERMODISP, um estudo da Equipa de

Monitorização e Controlo das Térmitas dos Açores do Grupo da Biodiversidade dos

Açores CITA-A. A finalidade deste estudo foi monitorizar e controlar os voos de

dispersão, bem como a prevenção da colonização desta espécie nas habitações.

Simultaneamente a equipa realizou visitas, inicialmente a todas as ilhas onde a

espécie não estava registada, e posteriormente às ilhas onde a espécie existe, mas

não se encontra dispersa em toda a extensão da ilha, tendo sido realizadas sessões

de esclarecimento e vistorias a várias dezenas de habitações por ilha. Os dados

recolhidos neste estudo tiveram ainda como objectivo: i) mostrar e conhecer a área de

infestação por parte desta praga nas diferentes localidades; ii) a comparação com

estudos realizados anteriormente nas seguintes localidades: Angra do Heroísmo e

Ponta Delgada; iii) entender quais as zonas (ruas) mais afectadas e habitações em

sério risco, do ponto de vista estrutural, devido ao elevado grau de infestação; iv)

verificar a existência de novos focos de infestação por térmitas nas localidades onde

não existe registo de presença.

Para além da monitorização e pesquisa mencionadas anteriormente foram ainda

desenvolvidos os seguintes projectos: “Teste da técnica de refrigeração com baixas

temperaturas como forma alternativa de combate à praga em mobiliário”;

“Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias

Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores usando marcadores genéticos”,

e “Teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a dispersão de

Cryptotermes brevis nos Açores”.

Foram ainda simultaneamente desenvolvidos vários outros projectos relacionados com

a monitorização das restantes espécies de térmitas existentes nos Açores:

Reticulitermes grassei, Reticulitermes flavipes e Kalotermes flavicollis.

Localização: O projecto Termodisp foi realizado em todo o arquipélago, no entanto a

monitorização foi apenas efectuada em localidades de seis Ilhas: São Miguel, na

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cidade de Ponta Delgada; Santa Maria, em Vila do Porto e na freguesia de Espírito

Santo (localidade da Maia); Ilha Terceira na cidade de Angra do Heroísmo; Ilha de S.

Jorge, na Vila da Calheta; Ilha do Pico, nas localidades das Ribeiras e Calheta do

Nesquim no Concelho das Lajes, e na Ilha do Faial, na cidade da Horta.

Metodologia: Á semelhança do ano transacto foram colocadas armadilhas em

diversas ruas das cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Foram

monitorizadas também as localidades da Calheta em S. Jorge, Maia e Vila do Porto

em Santa Maria, as Ribeiras e Calheta do Nesquim nas Lajes do Pico. Para além das

ruas seleccionadas no ano passado na cidade de Angra do Heroísmo, foram

colocadas armadilhas, de forma aleatória, em outras localidades. Tal como no ano

anterior foi realizado um teste piloto de captura de alados no exterior das habitações

(apenas na cidade de Angra do Heroísmo). Para este teste foram colocadas 59

armadilhas passivas no exterior, mais concretamente nas varandas das habitações.

Estas armadilhas foram colocadas com o objectivo de verificar a abundância relativa

de alados por habitação.

Quanto às armadilhas colocadas no interior das habitações, tentou-se manter a

mesma metodologia dos anos anteriores, nomeadamente colocar 10 armadilhas por

cada rua. Mantiveram-se as habitações cujos proprietários optaram por continuar a

colaborar neste estudo, acrescentando-se outras que pudessem fornecer dados

relevantes. A crescente solicitação de armadilhas por parte da população alargou este

estudo a outras ruas, para além das seleccionadas no ano inicial do estudo, 2009. Tal

como nos anos anteriores foram utilizadas armadilhas autocolantes de cor amarela.

Com base nesta metodologia foi possível monitorizar no período de enxameamento, a

dispersão e a intensidade da infestação da C. brevis no exterior e interior de algumas

habitações na cidade de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Horta, Calheta na ilha de

São Jorge, Ribeira das Lajes e Calheta do Nesquim na ilha do Pico e ainda as

localidades de Maia e Vila do Porto em Santa Maria.

O relatório apresenta diversos outros dados, tais como os dados do Programa de

Comunicação de Risco e os dados do Sistema de Certificação de Infestação por

Térmitas para obtenção de um mapa mais completo da infestação na região.

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Resultados e Conclusões:

O presente relatório apresenta vários resultados, uma vez que o mesmo abrange uma

grande variedade de estudos realizados ao longo do ano. Um resultado geral é o

maior conhecimento da espécie C. brevis e das restantes espécies existentes no

arquipélago. Deste modo é possível apresentar de forma sucinta os seguintes

resultados:

Um mais pormenorizado e abrangente mapa com a distribuição da espécie C. brevis

nos locais afectados (Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos

Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.

– pp. 20);

Descoberta de dois novos focos de infestação de C. brevis numa ilha onde a espécie

ainda não havia sido registada, na Ilha do Pico no Concelho das Lajes do Pico, nas

localidades das Ribeiras e da Calheta do Nesquim. A térmita de madeira seca no

Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de

Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico. – pp. 117;

A eficácia de frio para a realização de tratamentos de mobílias ou outras peças em

madeira, no combate à C. brevis:

Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis

(Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) – pp. 40;

A existência de uma enorme lacuna na importação e comercialização de madeiras

como uma grave forma de introdução de espécies exóticas (Investigação da presença

de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado

Modelo de Angra do Heroísmo – pp. 51);

A origem e a dispersão da térmita C. brevis nos Açores através da utilização de

marcadores genéticos e medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a

dispersão da praga. (Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca

das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores

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genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua

dispersão. – pp. 127);

Para além destes vários resultados, aqui elencados de forma sucinta, é fortemente

recomendável a implementação de um sistema de gestão integrado de forma a

minimizar e reduzir a dispersão da praga. Os centros das cidades de Angra do

Heroísmo e Ponta Delgada são as zonas mais afectadas, o que acarreta um impacto

patrimonial significativo.

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1-17 

Projecto Termodisp

Paulo A.V. Borges, Orlando Guerreiro, Nuno Bicudo, Annabella Borges,

Filomena Ferreira, Maria Teresa Ferreira

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1. Projecto Termodisp

1.1 Introdução

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis, conhecida como a térmita das Índias

Ocidentais, ocorre numa vasta área do planeta entre os trópicos. Esta espécie é

originária do Chile e Peru onde ocorre em troncos de madeira de árvores que existem

longe de estruturas. É considerada actualmente como a térmita de madeira seca mais

destrutiva em habitações humanas em todo o Mundo, tal como o é nos Açores (Borges

et al. 2007).

Actualmente, a presença desta térmita nos Açores já está confirmada para seis das

nove ilhas que constituem o arquipélago, tendo sido a espécie pela primeira vez

identificada nos Açores em 2000. De forma a determinar a extensão da infestação da

população de Cryptotermes brevis foi implementado um programa de monitorização da

praga nas localidades afectadas - o projecto TERMODISP - realizado pelo Grupo da

Biodiversidade dos Açores - CITA-A, liderado pelo Prof. Paulo Borges. O projecto

TERMODISP teve como finalidade a monitorização e controlo dos voos de dispersão

da espécie de térmita de madeira seca, bem como a prevenção da colonização desta

espécie nas habitações. Apesar de inicialmente o projecto se focar apenas numa

espécie, a C. brevis, actualmente são também estudadas e monitorizadas outras três

espécies de térmitas existentes no arquipélago:

A térmita europeia de madeira húmida Kalotermes flavicollis (Fabr.); a térmita ibérica

subterrânea Reticulitermes grassei (Clément)e a térmita subterrânea do Este

Americano Reticulitermes flavipes (Kollar) (Borges & Myles 2007; Austin et al. 2012).

A equipa do Grupo da Biodiversidade, responsável pelo estudo das espécies da ordem

Isoptera existentes no Arquipélago dos Açores, têm realizado diversas pesquisas

visando as várias espécies mencionadas anteriormente. É conhecida a distribuição

geográfica de todas as espécies conhecidas no arquipélago e foram realizadas

diversas vistorias a várias habitações para entender o grau de destruição das

habitações afectadas pelas diversas espécies.

Para além dos trabalhos realizados, visando a monitorização das pragas, são

apresentados neste relatório os seguintes temas:

Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de

monitorização nas maiores cidades do Arquipélago;

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Tratamento Experimental de madeiras infestadas pela espécie Cryptotermes brevis

(Walker) a baixa temperatura (-20 Cº);

Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de

madeira importada para os Açores;

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores:

Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores,

Corvo, Faial e S. Miguel;

Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge;

A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de um foco de

infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico;

Determinação da origem e dispersão da térmita da madeira seca das Índias

Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores usando marcadores genéticos e

teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão;

No presente relatório são apresentados os estudos acima referidos e respectivos

resultados. No entanto, a equipa participou ainda em diversas outras actividades em

colaboração com várias entidades. Uma das mais importantes foi a campanha do

Grupo de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores “SOS Térmitas – Unidos

na Prevenção”.

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.

Paulo A.V. Borges1, Orlando Guerreiro1, Nuno Bicudo1, Annabella Borges 1,

Filomena Ferreira1, Maria Teresa Ferreira1,2, Lina Nunes1,3, Rita São Marcos1,4,

Ana M. Arroz1,4 Rudolf H. Scheffrahn1,2, Timothy G. Myles1,5

1 Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .

2 Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences,

Fort Lauderdale, FL, USA.

3 Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Timber Structures Division, Lisboa, Portugal.

4 Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Educação, 9700-042 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores.

5 Building Department, City of Guelph, Guelph, Ontario, Canada N1H 3A1.

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

2-21 

2. Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago dos Açores.

2.1 Sumário

A térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) éuma

praga que ataca as estruturas das habitações nas regiões entre os trópicos (com

excepção da Ásia) (trópico - cosmopolita). A C. brevis é originária do Chile e Peru

onde ocorre em troncos de madeira de árvores que existem longe de estruturas.

Actualmente a presença desta térmita nos Açores está já confirmada para seis das

nove ilhas que constituem o arquipélago, tendo sido a espécie pela primeira vez

identificada nos Açores em 2000. O controlo e monitorização da praga foram iniciados

em 2009 na cidade de Angra do Heroísmo, através da colocação de armadilhas

colantes em edifícios afectados nas diversas ruas da cidade. A partir de 2010 a

monitorização estendeu-se aos vários pontos afectados e actualmente é realizada em

mais de 9 localidades, nas Ilhas do Pico, Faial, S. Jorge, Terceira, Santa Maria e S.

Miguel. O controlo é realizado pela captura de alados, térmitas reprodutoras com a

capacidade de voo (futuras rainhas e reis). A monitorização é realizada através da

contagem dos indivíduos capturados nas armadilhas, sendo estes dados processados

num Sistema de Informação Geográfica (SIG), obtendo-se um mapa das zonas mais

infestadas e daquelas que têm maior risco de infestação. As zonas mais afectadas

pela praga são as cidades de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, nomeadamente as

zonas centrais e mais antigas das cidades. Em ambas as cidades existe, ao longo dos

dois anos de monitorização, um aumento das capturas de térmitas aladas, sendo que

esse aumento é bastante mais significativo em Angra do Heroísmo. Face aos

resultados apresentados é imperativa a implementação de um Plano Integrado de

Gestão da Praga Urbana para controlar a praga e evitar a sua expansão a outras

localidades.

2.2 Introdução

Quatro espécies de térmita são actualmente conhecidas no arquipélago dos Açores: A

térmita europeia de madeira húmida Kalotermes flavicollis (Fabr.), a térmita de

madeira seca das Índias Ocidentais, Crytpotermes brevis (Walker), a térmita ibérica

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

2-22 

subterrânea Reticulitermes grassei (Clément) e a térmita subterrânea do Este

Americano Reticulitermes flavipes (Kollar) (Borges & Myles 2007; Austin et al. 2012)

(Figura 2-1).

Todas estas espécies de térmita são "lower termites", ou seja, são primitivas e vivem

em simples galerias e não em ninhos complexos, sendo também socialmente menos

avançadas. Geralmente estas térmitas alimentam-se apenas de madeira, e não de

outras formas de celulose, e possuem protozoários flagelados e bactérias que são

essenciais para a digestão de madeira (Watanabe et al. 1998, Lo et al. 2000). Com

excepção da C. brevis (ver Figura 2-2), estas térmitas tendem a ocorrer em latitudes

mais temperadas.

Figura 2-1: Soldados das diferentes espécies que ocorrem nos Açores: a) Cryptotermes

brevis, b) Kalotermes flavicollis; c) Reticulitermes grassei; and d) Reticulitermes flavipes (Fotografias: Enésima Mendonça).

O conhecimento acerca das térmitas presentes nos Açores é ainda bastante recente.

A primeira publicação que reporta a distribuição e a ecologia das térmitas no

arquipélago foi publicada há alguns anos atrás (Borges & Myles 2007). Actualmente as

espécies subterrâneas têm uma distribuição restrita nos Açores, a R. grassei (Figura

2-1c) ocorre apenas na Horta (Faial) (Nunes & Nobre 2007) e a R. flavipes (Figura

2-1d) está circunscrita a um pequeno lugar perto da Base Aérea das Lajes na Praia da

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

2-23 

Vitória (Bairro de Santa Rita, Terceira) (Austin et al. 2012) (Figura 2-2). No que

concerne às duas outras espécies, a K. flavicollis (Figura 2-1b) tem uma distribuição

mais vasta, ocorrendo em grande parte da costa sul da ilha Terceira, Ponta Delgada

(S. Miguel) e Horta (Faial) (Myles et al. 2007); a C. brevis (Figura 2-1a) ocorre nessas

mesmas ilhas e também nas ilhas de Santa Maria, São Jorge, e Pico (Myles et al.

2007; Guerreiro et al. 2010) (Figura 2-2).

Figura 2-2: Distribuição das quatro espécies de térmitas que ocorrem no arquipélago: A Europeia “dampwood termite”, Kalotermes flavicollis, a térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, a térmita subterrânea ibérica Reticulitermes grassei e a térmita subterrânea do Este dos EUA Reticulitermes flavipes.

Devido ao auxílio humano no transporte de bens, a C. brevis tem uma vasta dispersão

nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, sendo os Açores a região localizada

mais a Norte, embora a C. brevis tenha também já ocorrido em cidades como Lisboa e

Barcelona (Nunes et al. 2010). No entanto, devido ao clima mais temperado da

Península Ibérica, não é muito provável que esta térmita se propague da mesma forma

que nos Açores. Oriunda dos desertos do Peru e Chile (Scheffrahn et al. 2009), esta

espécie foi inicialmente descrita na Jamaica (Walker 1853) e registada nos Açores em

2000 (Borges et al. 2004; Borges & Myles 2007). A Cryptotermes brevis é actualmente

a térmita de madeira seca mais destrutiva em habitações humanas em todo o Mundo,

tal como o é nos Açores (Borges et al. 2007).

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

2-24 

É actualmente reconhecido que é impossível a erradicação total da C. brevis em

algumas das ilhas dos Açores (Borges & Myles 2007), sendo a diminuição do número

de indivíduos durante os voos de dispersão desta espécie uma estratégia de gestão

viável e sendo necessária uma abordagem a longo termo que implique uma estratégia

de gestão integrada da praga, a fim de conter a espécie e evitar quanto possível a sua

dispersão (Borges et al. 2007). Uma das estratégias implementadas nos Açores é o

controlo e monitorização da C. brevis através da utilização de armadilhas colantes

cromotrópicas com uma luz atractiva para capturar os reprodutores alados durante os

períodos de enxameamento (de Maio a Setembro). Esta monitorização providenciou

também informação para distribuição espacial da praga nas várias localidades

afectadas nos Açores. Nesta contribuição investigámos pela primeira vez a uma

pequena escala, a distribuição da espécie nas maiores cidades dos Açores, baseando-

nos nos voos de dispersão durante o período de enxameamento.

2.3 Material e Métodos 2.3.1 Área de Estudo

O Arquipélago dos Açores estende-se ao longo de 615 Km no Atlântico Norte (37-40

ºN, 25-31 ºW), 1584 Km a Oeste do Sudoeste da Europa e 2150 Km a Este do

continente Norte Americano. É composto por nove ilhas principais de origem vulcânica

recente, distribuídas em três grupos (Figura 2-2): O grupo Ocidental com as ilhas do

Corvo e Flores; o grupo Central com as ilhas do Faial, Pico, Graciosa, São Jorge, e

Terceira; e o grupo Oriental com São Miguel e Santa Maria.

Dados da distribuição da infestação da C. brevis obtidos de pesquisas realizadas ao

longo de dois anos (2010-2011) foram recolhidos nas cidades de Angra do Heroísmo

na Ilha Terceira (402 km2; 56062 habitantes) e em Ponta Delgada, S. Miguel (745

km2; 137699 habitantes). Informação acerca da distribuição da espécie em locais de

menor escala foi também acrescentada, como nas ilhas do Faial, Pico, S. Jorge, e

Santa Maria, em particular nas localidades de Horta, Lajes, Calheta e Vila do Porto,

respectivamente.

2.3.2 Amostragem e Monitorização

a) Metodologia de Amostragem

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

2-25 

Entre Junho de 2010 e Setembro de 2011 foram monitorizadas um total de 116

habitações nas cidades de Angra do Heroísmo (n=86) e Ponta Delgada (n=30). Foram

amostradas casas em 10 ruas diferentes, tentando-se abranger, quanto possível, a

totalidade do território das cidades. O número de habitações por rua variava

largamente de acordo com a disponibilidade dos proprietários para participar no

estudo. Foram inicialmente seleccionadas 200 habitações (100 por cidade), mas

apenas 116 foram possíveis monitorizar ao longo do período de 2 anos do estudo. O

conhecimento prévio acerca de focos de infestação foi utilizado para a escolha das

ruas a monitorizar. Em Angra do Heroísmo seguimos um estudo anterior (Borges et al.

2004) que amostrou grande parte da cidade, apresentando uma indicação preliminar

da distribuição da espécie na cidade. Foram instaladas armadilhas nas habitações das

pessoas que concordaram em facultar o acesso aos sótãos . As armadilhas foram

substituídas bi-semanalmente entre o início de Junho e o final de Setembro, período

correspondente ao enxameamento da C. brevis. Esta armadilha é composta por um

material plástico colante de cor amarela (de dimensão 45 x 24 cm) (Figura 2-3). As

armadilhas foram colocadas sob luz natural ou artificial no ambiente escuro dos

sótãos. Como fonte de luz natural, as armadilhas foram colocadas em janelas,

clarabóias, telhas de vidro, ou outras entradas de luz natural nos edifícios

monitorizados. Quando se utilizou uma fonte de luz artificial, foi utilizada uma lâmpada

(fluorescente ou incandescente) para atrair os alados. Devido à fase de

enxameamento da C. brevis ser apenas ao fim da tarde e ao fim da madrugada, foi

também utilizado, em alguns casos, um controlador temporal para minimizar o gasto

energético, ou em alternativa, era pedido aos proprietários para ligar as lâmpadas das

17:00 às 09:00.

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Figura 2-3: Armadilha amarela utilizada para capturar as térmitas aladas,.

As capturas realizadas após Setembro não foram contabilizadas para análise. Quando

as armadilhas foram substituídas, foram transportadas para o laboratório e

imediatamente contadas ou congeladas para posterior contagem. A contagem foi

realizada seguindo duas estratégias: i) contagem de indivíduos individualmente

quando o número de capturas era baixo; ii) estimativa de abundância de indivíduos

capturados utilizando uma folha de acetato transparente com quadrados de 5x5 cm

posicionados aleatoriamente sobre as armadilhas, quando a abundância era elevada.

Em adição a esses dados fundamentais para estimar a densidade espacial, foi

também realizada uma ampla pesquisa de presença/ausência espacial com o projecto

Programa de Comunicação de Risco (PCR) - " Campanha SOS Térmitas – Unidos na

prevenção" implementado com o objectivo de mudar a percepção das pessoas sobre o

problema da praga urbana de térmita de madeira seca. Neste programa foram

distribuídas armadilhas cromotrópicas de cola para todas as casas, através do correio,

com instruções para capturar as térmitas. As seguintes ilhas e freguesias foram

abrangidas:

Ilha de Santa Maria – Vila do Porto e Espírito Santo;

Ilha de S. Miguel – Ponta Delgada (S. José, S. Pedro, S. Sebastião e Santa Clara);

Ilha Terceira – Angra do Heroísmo (S. Pedro, N.ª S.ª da Conceição, Stª. Luzia, Sé e

S. Bento);

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2-27 

Ilha do Faial – Horta (Angústias, Matriz e Conceição).

Outra fonte de informação da ocorrência da C. brevis foi providenciada pelos peritos

credenciados pelo Governo Regional que realizam vistorias e certificações em

infestação pela praga, bem como vistorias e certificações que atestem a eficácia de

desinfestações em habitações (Sistema de Certificação de Infestação por Térmitas -

SCIT)

b) Análise de Dados

i) Dados TERMODISP

A abundância da térmita de madeira seca foi medida através do valor médio de

térmitas capturadas por armadilha, dado que em algumas habitações foram colocadas

mais do que uma armadilha. Em seguida, o número de alados capturados foi utilizado

para estimar o número de colónias por edifício de acordo com o número médio de

indivíduos e a percentagem de alados existentes por colónia (Myles et al. 2007).

Baseados neste dado, foi possível estimar o número de colónias por edifício

monitorizado. Para obter os níveis de infestação, a abundância de alados foi

organizada numa escala logarítmica, utilizando o sistema de oitavas: conjunto 1 =

Número de casas com 1 ou menos colónias, conjunto 2 = Número de casas com 2 - 3

colónias, conjunto 3 = Número de casas com 4 – 15 colónias, conjunto 4 = Número de

casas com 16 – 63 colónias, etc. (ver também Gray et al. 2006).

De acordo com esta escala, os edifícios foram mapeados e aplicou-se uma

probabilidade de infestação nos 100 metros circundantes, de acordo com a

capacidade média de voo da espécie) (Guerreiro 2009). Foi também realizado um

ranking dos resultados por local e a informação obtida em 2010 foi comparada com a

de 2011 utilizando-se o teste de Wilcoxon signed-rank, um teste não - paramétrico de

hipóteses estatísticas. A escala de oitavas foi transformada num índice de infestação,

como é demonstrado na Tabela 2-2. A informação foi plotada, utilizando-se um

Sistema de Informação Geográfica (SIG) – gvSig.

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Tabela 2-1: Índice de infestação baseado na escala de oitavas

Ranking de Infestação Número de colónias Incipiente/Inicial 1

Leve 2 a 3

Moderado 4 a 15

Forte 16 a 63

Muito Forte 64 a 255

Destrutivo 255 a 1023 ou mais

ii) Programa de Comunicação de (PCR) – Campanha “SOS

Térmitas – Unidos na prevenção”

Os dados obtidos através deste programa são apenas de presença/ausência. Os

pontos onde foi registada a presença de térmita de madeira seca foram plotados

utilizando o SIG – gvSig. Para cada ponto foi criado um buffer de 100 metros,

representativo da capacidade de dispersão da espécie. Isto significa que o ponto de

presença é uma potencial fonte de infestação e dispersão nos 100 metros

circundantes, ou que o ponto de presença foi infestado por um outro edifício infestado

a 100 metros de distância. O mapa com esta informação foi então intersectado com o

mapa de infestação do programa TERMODISP e SCIT (ver informação abaixo) de

modo a fornecer um mapa completo das zonas infestadas.

iii) Sistema de Certificação de Infestação por Térmitas – SCIT

Em Janeiro de 2011 o governo açoriano publicou uma nova legislação que

regulamenta alguns aspectos da gestão da praga urbana de térmitas. Esta nova lei

requer inspecções qualificadas (certificando a presença ou ausência de térmitas)

sempre que um edifício é vendido, sujeito a desinfestação ou que seja pedido um

apoio à requalificação ou tratamento para a infestação por térmitas financiado pelo

governo regional. O governo regional, através da Direcção Regional do Ambiente, tem

reunido informação acerca da localização dos edifícios onde esta certificação tem sido

requerida. Esta informação foi também compilada para a obtenção de um mapa da

infestação mais completo.

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2-29 

O procedimento anterior de realizar um buffer de 100 metros de diâmetro em redor do

ponto de presença foi repetido, e esta informação foi plotada através da utilização de

um SIG e comparada com os dados anteriores.

2.4 Resultados

Durante os dois anos de monitorização da praga foram capturados 407 405 alados em

todas as ilhas infestadas (ver Tabela 2-2). Em Angra do Heroísmo (2010 e 2011)

foram monitorizadas 86 edifícios, em que 57 registaram um aumento das capturas, 30

registaram uma diminuíção, enquantoque 4 edifícios mantiveram o mesmo número de

capturas. Em Ponta Delgada 31 imóveis foram monitorizados (2010 e 2011) dos quais

17 aumentaram o número de capturas, e em 13 o número decresceu. A média de

térmitas capturadas por armadilha em Angra do Heroísmo foi de 716 em 2010 e de

1304 em 2011 (Z = -3.90; p <0.0001). Em Ponta Delgada a média de capturas foi de

614 em 2010 e 893 em 2011 (Z = -1.12; n.s.) (Figura 2-4) Apesar de em Ponta Delgada a diferença de capturas entre 2010 e 2011 não ser

estatisticamente significante, existiu um ligeiro aumento do número médio de capturas

de térmitas por edifício.

Tabela 2-2: Número total de alados capturados durante os dois anos de monitorização.

SMG TER SMA FAI SJG PIC T A T 2010 29630,2 203185,6 925,0 Sem dados Sem dados Sem dados 233740,8

407405 2011 36816,0 129518,2 1116,0 2661,0 1346,0 2207,0 173664,2

TA – Total de térmitas capturadas por ano; T – Total de térmitas capturadas em ambos os anos

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2-30 

Figura 2-4: Evolução da praga em Angra do Heroísmo (a, b) e, em Ponta Delgada (c, d) em 2010 (a, c) e 2011 (b, d). V – Vestígio; I – Inicial /Moderado; M – Moderado; E –

Infestado; HE – Muito Infestado; D – Destrutiva.

O nível de infestação nas duas maiores cidades açorianas é diferente. Em Angra do

Heroísmo, 56% (em 2010) e 63% (em 2011) dos edifícios registaram níveis elevados

(níveis E, ME, ou D) de infestação (Figura 2-5a, b; ver também Figura 2-6), enquanto

em Ponta Delgada os níveis de infestação foram menores, i.e. 35% em 2010 e 33%

em 2011 (Figura 2-5a, b; ver também Figura 2-7).

Figura 2-5: Distribuição geográfica da C. brevis em Angra do Heroísmo e distribuição

potencial para 2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão da Fig. 2.4

.

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2-31 

A distribuição geográfica e potencial de dispersão, de acordo com os nossos dados de

monitorização, pode ser vista nas figuras 2-5 e 2-6 para Angra do Heroísmo e Ponta

Delgada respectivamente. Estas figuras mostram o padrão descrito na Figura 2-4 que

indica que a distribuição geográfica da praga está dispersa em quase toda a extensão

da cidade de Angra do Heroísmo (Figura 2-5) e que os níveis mais elevados de

infestação em Ponta Delgada estão restritos ao centro da cidade (Figura 2-6). É

assumida uma relação directa com os níveis de infestação, não tendo sido feita

nenhuma tentativa de ligar os dados observados com as possíveis alterações no

edifício que terão eventualmente levado a uma menor utilização de madeira na sua

construção ou requalificação.

Figura 2-6: Distribuição geográfica da C. brevis em Ponta Delgada e distribuição potencial para 2010 (a) e 2011 (b). As cores seguem o mesmo padrão na Figura 2-4.

Figura 2-7: Comparação do valor médio (+ s.e.) de térmitas capturadas em edifícios monitorizados simultaneamente nos anos de 2010 e 2011 nas cidades de Ponta Delgada

(PDL) e Angra do Heroísmo (AH).

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2-32 

Ambos os projectos, o SCIT e o PCR, contribuem com nova informação acerca da

distribuição da C. brevis. Os dados do PCR identificam novas áreas de infestação nas

cidades de Angra do Heroísmo (Figura 2-8c), Horta (Figura 2-9a), Vila do Porto (Figura

2-9e) e Espírito Santo (Figura 2-9g). O SCIT, programa governamental, também

contribuiu com novos dados para a distribuição geográfica da C. brevis, apontando

novos focos de infestação em Ponta Delgada (Figura 2-8f).

O mapa de infestação da C. brevis é bastante mais amplo e completo do que os

mapas obtidos com os dados do ano anterior. Este resultado indica que a infestação

está a aumentar e está a expandir-se geograficamente para outras áreas vizinhas.

Esta expansão está a ocorrer em Angra do Heroísmo (Figura 2-8g) e em Ponta

Delgada (Figura 2-8h). Nas restantes ilhas parece claro que a praga irá dispersar-se

bastante além das localidades actualmente conhecidas: Santa Maria – Maia (Figura

2-9f), Vila do Porto (Figura 2-9e) e Espírito Santo (Figura 2-9g); Pico – Ribeiras (Figura

2-9c) e Calheta do Nesquim (Figura 2-9d); S. Jorge – Calheta (Figura 2-9b); Faial –

Horta (Figura 2-9a).

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2-33 

Figura 2-8: Resultados dos diferentes programas durante 2011 nas cidades de Angra do Heroísmo (AH) e Ponta Delgada (PDL).

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2-34 

Figura 2-9: Resultados obtidos através de diferentes programas durante 2011 nas ilhas do Faial, S. Jorge, Pico e Santa Maria.

2.5 Discussão

Os Açores foram descobertos e colonizados no século XIV pelos Portugueses e

durante séculos foi um importante entreposto para os navegadores que cruzavam o

oceano Atlântico vindos da Índia, África e Américas. Portanto, não é surpreendente

que várias espécies de térmitas exóticas tenham chegado e se fixado no arquipélago.

Apesar de uma relativamente recente introdução nos Açores, a térmita de madeira

seca das Índias Ocidentais (Cryptotermes brevis) está a causar sérios danos

económicos para os proprietários de habitações e para o governo regional (Borges &

Myles 2007). De forma a optimizar a gestão privada e governamental, é fundamental

estudar a distribuição geográfica e densidade das populações de térmitas.

Os resultados obtidos em três estudos complementares (Termodisp; RCP e SCIT)

indicam que existem claramente “hotspots” de abundância nos centros históricos das

cidades de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada. Estas duas cidades são importantes

cidades portuárias com um importante tráfico de embarcações de mercadorias e

recreio. Os portos e as marinas poderão ser portas de entrada para a infestação e

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2-35 

quanto mais antigas são estas cidades, mais perto os centros históricos se situam dos

portos e marinas de recreio. A docagem de embarcações tem sido associada com a

infestação de outras espécies de térmitas (Coptotermes gestroi e Coptotermes

formosanus) (Hochmair & Scheffrahn 2010), e a infestação na Horta, Angra do

Heroísmo e Ponta Delgada também parecem seguir este padrão.

Em Ponta Delgada, a densidade de alados capturados decresceu do centro da cidade

para a periferia, o que poderá ser devido a dois factores: i) casas mais antigas com

maiores proporções de madeira são bastante mais comuns nos centros históricos e/ou

ii) os primeiros lugares infestados estarem originalmente localizados no centro da

cidade. No entanto, em Angra do Heroísmo a situação é bastante diferente existindo

algumas casas na periferia da cidade (em S. Pedro e Sta. Luzia) muito infestadas. Em

Ponta Delgada a única excepção a este facto é uma casa muito infestada na freguesia

de S. Pedro, detectada no ano de 2011. Este local, muito infestado, foi provavelmente

colonizado com a ajuda humana através do transporte de materiais infestados de uma

zona afectada pela praga no centro da cidade ou do estrangeiro.

De acordo com Ferreira (2011) a infestação de C. brevis nos Açores teve mais que

uma origem. Portanto, esta infestação, que é distante do centro da cidade mais de 500

metros, poderá ter tido origem de um local que não o centro da cidade.

Um assunto também importante de abordar nesta discussão, relativamente a Ponta

Delgada, é a área que teve uma classificação de infestação incipiente em 2010 e uma

classificação de infestação bastante elevada em 2011. Esta situação poderá acontecer

devido a algumas casas serem monitorizadas pela primeira vez em 2011 e este facto

possivelmente reflectir um mais vasto e preciso mapa da infestação da cidade. Não é

possível realizar uma pesquisa a todas as casas da cidade ou garantir a monitorização

das mesmas habitações de um ano para o ano seguinte porque a monitorização está

dependente da cooperação dos proprietários das habitações.

No entanto, o presente estudo incluiu, tanto quanto possível, as mesmas casas ou o

mesmo número de casas por rua que foram estudadas anteriormente.

Sabe-se que a dinâmica da abundância local de insectos (Kaspari et al. 2000) e alados

de térmitas em particular (Bhanot et al.1984), são em grande parte determinadas por

factores ambientais, tais como a variação local e temporal da temperatura e da

humidade. Este dado foi claro, nas cidades estudadas, em que o mês e semana em

que a densidade de alados foi maior variaram grandemente entre os anos de

monitorização. Steward (1982) verificou que os pseudoagregados têm uma preferência

por uma gama de humidade relativa (68 a 75%). Tem sido demonstrado que a

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2-36 

humidade relativa, juntamente com a pressão atmosférica, têm um efeito na ocorrência

do voo dos alados, existindo um intervalo de valores para a ocorrência dos voos: 759-

764 mmHg de pressão do ar e 59 a 83% de humidade relativa com picos ocorrendo a

761mmHg e 68% (Ferreira 2008). A variação das ocorrências de voo e a falta de

condições ideais para a ocorrência dos voos pode explicar a diferença entre as ilhas,

bem como, explicar em pequena escala a variação na densidade entre os anos. Por

conseguinte, é necessário continuar a monitorização de alados, a fim de determinar se

as diferenças encontradas são apenas flutuações anuais, ou se a infestação se está a

tornar verdadeiramente mais grave, espalhando-se para novos locais.

A grande infestação observada em Angra do Heroísmo e o aumento claro de

infestação observado entre 2010 e 2011 é um motivo de preocupação e mostra que a

actual estratégia pública para controlar os números de C. brevis não é suficientemente

eficiente.

2.6 Agradecimentos

Programa de Comunicação de (PCR) – Campanha “SOS Térmitas – Unidos na

prevenção”;

Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM) – Direcção Regional do Ambiente

Proprietários de edifícios e habitantes das casas monitorizadas.

2.7 Referências Bibliográficas

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Térmita de Madeira Seca Cryptotermes brevis (ISOPTERA) nos Açores: Dois anos de monitorização nas maiores cidades do Arquipélago Açoriano 

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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº) Annabella Borges, Orlando Guerreiro, Filomena Ferreira & Paulo A. V. Borges

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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (­20 Cº) 

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3. Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (-20 Cº)

3.1 Sumário

Este tratamento experimental surge no seguimento de outros testes já realizados com

o propósito de tratar mobílias e pequenos objectos de madeira infestados pela térmita

de madeira seca Cryptotermes brevis, isto é, para peças de madeira de fácil transporte

e manuseamento. Com base neste propósito, a EMCTA, testou um método de

eliminação da espécie através da exposição ao frio extremo (temperaturas negativas).

Estes testes ocorreram num contentor de frio cedido pela empresa Vitória Tráfego e

que consistiu numa simples exposição de madeira infestada com C. brevis a uma

temperatura de -20ºC, por diversos períodos temporais. Para amostragem utilizaram-

se barrotes de madeira infestados por C. brevis, que envolvidos em película aderente

para protecção do material e posterior identificação. Os resultados obtidos nestas

experiências foram de mortalidade total dos insectos em todos os testes realizados, e

em todos os tempos de exposição propostos.

3.2 Introdução

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis, conhecida como a térmita das Índias

Ocidentais, ocorre numa vasta área do planeta entre os trópicos (Scheffrahn et al.

2009). A espécie está estabelecida onde existem temperaturas relativamente altas ou

amenas. Esta relação entre a presença da espécie e locais amenos leva a que a sua

distribuição seja bastante vasta, principalmente porque está bastante apta a coexistir

nas habitações e estruturas humanas. A afinidade da espécie com as condições de

habitabilidade humana e o facto da sua detecção ser bastante difícil, principalmente

nos estágios iniciais de desenvolvimento, leva a que esta praga se tenha propagado,

através do transporte de madeiras, a toda a longitude do planeta.

O tratamento de madeiras infestadas por térmitas de madeira seca é algo que está

também bastante estudado, sendo recorrente a utilização de produtos químicos,

tratamentos com temperatura (calor) e gases inertes (Borges & Myles 2007). Estes

tratamentos têm custos que para a maioria das famílias açorianas não são

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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (­20 Cº) 

3-42 

suportáveis, e são na sua maioria indicados para madeiras sensíveis ou para

mobiliário de grande valor.

Por este motivo a EMCTA – Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas nos

Açores, testou em 2006 um tratamento utilizando a exposição solar como fonte de

calor (Borges et al. 2007), sendo que esta técnica apenas poderá ser efectuada

durante o verão, e portanto outras técnicas deverão ser testadas. Este facto

aliado, à experiência de um cidadão de Angra do Heroísmo que colocou as suas

mobílias numa câmara frigorífica, levou a EMCTA a testar um método de eliminação

da espécie através da exposição ao frio extremo (temperaturas negativas). A técnica

que foi utilizada nesta experiência, descrita abaixo, é para ser utilizada apenas em

mobiliário e outros objectos facilmente amovíveis.

Os testes decorreram na freguesia da Ribeirinha, num contentor de frio cedido pela

empresa Vitória Tráfego.

O método testado foi a simples exposição de madeira infestada com C. brevis num

contentor de frio, por diversos períodos temporais, a uma temperatura de -20ºC. As

madeiras usadas foram envolvidas em película aderente para protecção do material e

posterior identificação

3.3 Objectivos

3.3.1 Objectivo Geral

Verificar a viabilidade das baixas temperaturas como forma de extermínio da espécie

C. brevis em objectos de madeira amovíveis.

3.3.2 Objectivos Específicos

- Verificar a possibilidade do uso de uma câmara frigorífica para o extermínio da

espécie C. brevis em objectos de madeira amovíveis;

- Determinar o período necessário de exposição de objectos de madeira amovíveis,

para um tratamento eficaz, utilizando este método.

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Tratamento Experimental de Madeiras Infestadas pela espécie Cryptotermes brevis (Walker) a baixa temperatura (­20 Cº) 

3-43 

3.4 Metodologia

Como amostragem foram utilizados barrotes de madeira infestados por C. brevis,

cedidos por um morador que reconstruiu a sua habitação devido aos estragos

causados por esta espécie de térmita. Estes barrotes pertenciam à parte estrutural da

casa e possuíam uma espessura aproximada de 0.15 x 0,20 m, procedendo-se

apenas ao corte da madeira em pedaços de 0.50 m de comprimento. As Figura 3-1 e

Figura 3-2 apresentam o barrote inteiro e depois cortado em vários pedaços. Foram

cortados 18 pedaços de madeira.

Figura 3-1: Barrote inteiro.

Figura 3-2: Pedaços de madeira cortados com 0.5 m de comprimento.

Alguns dos barrotes cortados apresentavam uma infestação bastante considerável,

como mostra a Figura 3-3, outros no entanto apresentavam uma infestação menor

(Figura 3-4).

Figura 3-3: Pedaço de madeira bastante infestado.

Figura 3-4: Pedaço de madeira menos infestado.

As amostras (pedaços de madeira) foram sujeitas a três períodos diferentes de

exposição: 1, 3 e 7 dias (Tabela 3-1).

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Foram testadas 3 amostras para cada período de exposição. A madeira foi envolvida

numa película transparente (Figura 3-5 e Figura 3-6) com uma espessura de cerca de

1mm, fechada com fita colante e colocada no contentor de frio, a -20ºC, durante os

períodos acima mencionados. Simultaneamente foram colocadas amostras de controlo

do teste em local apropriado com as condições normais de temperatura.

Figura 3-5: Envolvimento da amostra em

película aderente.

Figura 3-6: Pedaços de madeira

envolvidos em película aderente.

Tabela 3-1 – Amostras (pedaços de madeira) e os diferentes tempos de exposição. Tempo de Exposição

Nº de Réplicas Controlo Total de

Amostras

1 Dia 3 3 6

3 Dias 3 3 6

7 Dias 3 3 6

Para o teste das caixas de madeira foram usadas um total de 54 caixas, sendo 18 de

madeira de Acácia, 18 de madeira de Criptoméria e 18 de madeira de Pinho, contendo

10 térmitas no interior de cada caixa. Foram colocadas 27 caixas com térmitas no

contentor de frio seguindo as mesmas condições da experiência anterior.

Simultaneamente foram colocadas amostras de controlo do teste em local apropriado

com as condições normais de temperatura.

Tabela 3-2: Caixas de diferentes tipos de madeira e os diferentes tempos de exposição.

Tempo de exposição

Ac. Crip. Pin. C. Ac. C. Cript. C. Pin. Total de

Amostras Total de Térmitas

1 Dia 3 3 3 3 3 3 18 180

3 Dias 3 3 3 3 3 3 18 180

7 Dias 3 3 3 3 3 3 18 180 Ac- Acácia; Crip- Criptoméria; Pin- Pinho; C. Ac- Controlo Acácia; C. Crip- Controlo Criptoméria; C. Pin- Controlo Pinho.

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Com a finalidade de testar o TEL10 (Tempo Exposição Letal para 10 indivíduos)

colocaram-se 10 térmitas e papel de filtro em cada caixa de petri (Figura 3-7), com

períodos de exposição de 1, 6, 24, 48 e 72 horas. Nesta experiência foram usadas 30

caixas de petri. A Tabela 3-3 mostra o número de amostras e térmitas e os diferentes

tempos de exposição.

Figura 3-7: Amostras das placas de Petri.

Tabela 3-3: Caixas de Petri e os diferentes tempos de exposição. Tempo de Exposição

Nº de Réplicas Controlo Total de Amostras

Total de Térmitas

1 hora 3 3 6 60

6 horas 3 3 6 60

24 horas 3 3 6 60

48 horas 3 3 6 60

72 horas 3 3 6 60

Foram extraídas de pedaços de madeira da mesma origem das amostras testadas

cerca de 1000 térmitas vivas para serem usadas nos testes com as caixas de petri e

as caixas de madeira (Figura 3-7 e Figura 3-8).

O teste TEL10 permitiu à equipa verificar o tempo de exposição versus o número de

indivíduos sobreviventes para cada período de exposição.

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Figura 3-8: Desbravamento da madeira.

Figura 3-9: Extracção das térmitas.

O contentor de frio (Figura 3-10) foi disponibilizado pela empresa Vitória Tráfego,

sediada na freguesia da Ribeirinha. Após se ter efectuado o ajuste da temperatura

desejada (-20ºC), que demorou cerca de 1 hora a atingir no interior do contentor,

colocaram-se todas as amostras de acordo com a Figura 3-11.

Figura 3-10: Contentor de frio.

Figura 3-11: Disposição das amostras dentro do contentor de frio.

As restantes amostras de controlo foram colocadas no laboratório (Figura 3-12) de

trabalho da equipa ECMTA, sediado na Rua do Rego, em Angra do Heroísmo, com as

condições normais de temperatura e protegidas da luz natural (Figura 3-13).

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Figura 3-12: Amostras dispostas no laboratório.

Figura 3-13: Amostras protegidas da luz.

Após um dia de exposição as amostras foram retiradas do contentor de frio. A película

aderente foi removida e verificou-se que tanto as caixas de madeira, como os pedaços

de madeira, encontravam-se secos (Figura 3-14 e Figura 3-15), apresentando apenas

alguma condensação de água por fora da película transparente. Procedeu-se de

seguida ao desbravamento da madeira (no caso dos pedaços) e a contagem das

térmitas vivas e mortas nas caixas de madeira.

Figura 3-14: Película transparente retirada das caixas de madeira.

Figura 3-15: Corte da película transparente na amostra de madeira.

Procedeu-se de forma igual para as restantes amostras e respectivos controlos, sendo

retiradas nos tempos de exposição acima mencionados.

Com as placas de petri fez-se exactamente o mesmo, mas neste caso os tempos de

exposição foram diferentes.

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3.5 Resultados

Nas várias caixas de madeira de Acácia, Criptoméria e Pinho verificou-se mortalidade

total dos insectos nos diferentes tempos de exposição. Em todas as amostras sujeitas

ao frio, as térmitas estavam mortas e apresentavam o corpo mole (Figura 3-16). Nos

controlos a maioria das térmitas estavam vivas, sendo a mortalidade existente apenas

residual, resultante da mortalidade natural da colónia e/ou da extracção dos

indivíduos.

Nas placas de petri a mortalidade de indivíduos foi de 100% nos diferentes tempos de

exposição.

No caso dos pedaços de madeira após o primeiro dia de exposição, a mortalidade foi

igualmente de 100%.

Estes testes poderão ser bastante úteis, uma vez que mostram um tratamento rápido e

possível de ser realizado em qualquer momento (uma vez que o tratamento será

realizado num contentor de frio), e que poderá ser também uma viável oportunidade

de negócio para as empresas locais.

Figura 3-16: Térmitas mortas após u dia de exposição a -20ºC.

A Figura 3-17 mostra os fragmentos de madeira após o desbravamento da Amostra 1.

Foram extraídas cerca de 1528 térmitas mortas (Figura 3-18). A Amostra 1 que é

também visualizada na Figura 3-3, mas em corte longitudinal, mostra uma infestação

bastante elevada com a madeira muito danificada. Já a figura 4 mostra um corte

longitudinal da Amostra 3, onde se extraíram cerca de 531 térmitas mortas. Estas

amostras foram ambas sujeitas a um dia de exposição de -20ºC. Na Amostra 3,

aparentemente a madeira encontrava-se bastante resistente e a exposição de um dia

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3-49 

a esta temperatura, foi suficiente para provocar mortalidade total das térmitas, ou

seja, houve uma penetração eficaz do frio em toda a madeira.

Figura 3-17: Pedaços de madeira após desbravamento da Amostra 1.

Figura 3-18: Térmitas mortas extraídas da Amostra 1.

3.6 Conclusões

Os resultados obtidos nestas experiências foram de uma mortalidade total em todos os

testes realizados e em todos os tempos de exposição propostos. Um dia de exposição

a -20ºC de um pedaço de madeira com uma espessura de mais ou menos 0.15x0.20

m, foi o suficiente para matar todas as térmitas.

Para um resultado eficaz, relativamente à preservação do material a tratar, é

importante que o tratamento seja feito nos meses mais frios de Novembro a Abril.

Podemos assim concluir que este poderá ser mais um método simples e eficaz a que

qualquer pessoa pode recorrer para tratar objectos amovíveis infestados por C. brevis.

Esta técnica simples possui vários aspectos positivos:

• Para uma mortalidade total basta um dia de exposição do material infestado, a

-20ºC (no entanto recomenda-se pelo menos 3 dias de exposição pelo facto de

algumas peças de madeira por vezes estarem revestidas por tintas, vernizes, tapa

poros, etc.);

• É uma técnica barata e de tratamento rápido, sendo apenas necessário um

contentor de frio e película aderente, para envolver as peças a tratar;

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3-50 

• Ser uma técnica eficiente para a eliminação não só da C. brevis, mas também

de outras pragas, como certas espécies de larvas de caruncho.

No entanto, seria importante testar esta técnica em diferentes tipos de madeira que se

encontram revestidas por diversos materiais como, vernizes, tintas, tapa poros, etc.

Nesta experiência não foi possível obter amostras infestadas com C. brevis deste tipo

em número suficiente para testar nos vários tempos de exposição propostos.

Um factor importante é que qualquer empresa local poderá fazer desta técnica uma

viável oportunidade de negócio visto que o equipamento a adquirir será apenas de um

contentor de frio.

3.7 Agradecimentos

Ao Sr. Paulo Quinto, da Vitória Tráfego, pela cedência do contentor de frio e pela

disponibilidade prestada nos 7 dias de teste.

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  3-51 

Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo Paulo A. V. Borges, Orlando Guerreiro, Annabella Borges, Filomena Ferreira & Luís Crespo

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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores 

4-52 

4. Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em aparas de madeira à venda no Hiper-Mercado Modelo de Angra do Heroísmo

4.1 Sumário

Foi efectuada uma pesquisa a embalagens de madeira recolhidas numa superfície

comercial para despiste de presença de espécies exóticas. Foram capturadas cerca

de 13 espécies diferentes de artrópodes, entre as quais duas espécies de térmitas

europeias e duas espécies diferentes de formigas do género Crematogaster,

desconhecidas nos Açores. Recomenda-se a rápida eliminação de todo o produto

neste momento disponível para venda nos Açores e sugere-se a queima imediata.

Devem tomar-se medidas no sentido de impedir a importação para os Açores deste

tipo de produto, a menos que o exportador possa garantir que procedeu à esterilização

do produto com procedimentos adequados (e.g., fumigação).

4.2 Relatório de Inspecção

Após uma queixa realizada junto do Gabinete de Biodiversidade dos Açores acerca da

presença de espécies exóticas existentes num produto oriundo de restos vegetais da

limpeza de florestas para queima doméstica, foi realizada uma recolha de diversos

sacos do produto para amostragem. Foram recolhidos oito sacos do produto

mencionado, tendo sido minuciosamente inspeccionados para a recolha de todos

indivíduos presentes. Mais tarde os indivíduos recolhidos foram analisados e

classificados de forma a entender a sua origem e estatuto relativamente ao

arquipélago dos Açores.

Material Madeira de florestas

Marcas Solf, USO, DELGARDEN

Origem Foros do Domingão, Ponte de Sor - Portugal Continental

Adquirido por Inspecção Regional do Ambiente, Terceira- 10 sacos; Uaç- 3 sacos

Vendedor Modelo de Angra do Heroísmo

Amostragem total 13 sacos

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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores 

4-53 

Este trabalho foi realizado com o conhecimento da Secretaria Regional do Ambiente e

do Mar, nomeadamente da Inspecção Regional do Ambiente.

Listagem de Espécies

Saco 1 Espécies: -Formiga (Crematogaster spp B) -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 2 Nada observado Saco 3 Espécies: - Pseudoescorpião - Larvas de escaravelhos (Coleoptera) -Ácaros Saco 4 Espécies: -Formiga (Crematogaster sp. A) -Aranha (Dysdera sp.) Saco 5 Espécies: -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 6 Espécies: -Formiga (Crematogaster sp. A) -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 7 Espécies: -Ácaros -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) Saco 8 Nada observado Saco 9 Espécies: -Ácaros Saco 10 Espécies: -Centopeia Saco 11 -Térmita subterrânea Europeia (Reticulitermes grassei) Saco 12 -Térmita de madeira viva (Kalotermes flavicollis) -Formiga (Crematogaster sp. B) Saco 13 -Formiga (Crematogaster sp. B) -Coleóptero Xilófago -Larva de Coleóptero -Centopeia

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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores 

4-54 

4.3 Sumário de Resultados

Foram capturados cerca de 13 espécies diferentes de artrópodes, entre as quais as

duas espécies de térmitas europeias, uma subterrânea (Reticulitermes grassei),

conhecida nos Açores apenas na cidade da Horta (Faial) e outra de madeira viva

(Kalotermes flavicollis), já conhecida em várias ilhas dos Açores.

De assinalar a presença de duas espécies diferentes de formigas do género

Crematogaster, desconhecidas nos Açores.

Em termos de curva de acumulação (Figura 4-1), observa-se que a curva continua a

crescer pelo que se espera encontrar muitas outras espécies se mais amostras forem

analisadas.

Plot of Species Accumulation

Sample13121110987654321

Spe

cies

Num

ber

13

12.5

12

11.5

11

10.5

10

9.5

9

8.5

8

7.5

7

6.5

6

5.5

5

4.5

4

3.5

3

2.5

2

1.5

1

0.5

0

Figura 4-1: Curva de acumulação das espécies encontradas nas 13 amostras com base na média de 100 curvas de acumulação aleatórias.

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Investigação da presença de espécies de artrópodes exóticos em diversos produtos de madeira importada para os Açores 

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Plot of Chao presence / absence richness estimator

Sample13121110987654321

Spe

cies

Num

ber

35

34

33

32

31

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

Figura 4-2: Curva de estimação do estimador Chao1 das espécies que se espera encontrar em quaisquer 13 amostras com base na média de 1000 curvas de acumulação aleatórias.

Com base na Figura 4-2, pode-se estimar que se mais amostras vierem a ser

investigadas poderemos encontrar um total de pelo menos 33 espécies diferentes de

artrópodes.

4.4 Conclusões e Recomendações

Os resultados obtidos são muito preocupantes e demonstram claramente que estamos

perante uma situação muito grave de introdução de fauna exótica nos Açores.

Praticamente todos os sacos continham espécies diferentes de artrópodes não

conhecidos naturalmente nos Açores.

Assinala-se igualmente que apenas se investigou a presença de macro-artrópodes,

pelo que é possível que as amostras também contenham micro-artrópodes e outros

invertebrados (e.g. Nemátodes).

Recomenda-se:

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1) A rápida eliminação de todo o produto neste momento disponível para venda

nos Açores. Sugere-se a queima imediata;

Devem tomar-se medidas no sentido de impedir a importação para os Açores deste

tipo de produto, a menos que o exportador possa garantir que procedeu à esterilização

do produto com procedimentos adequados (e.g., fumigação).

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. Orlando Guerreiro, Filomena Ferreira, Nuno Bicudo da Ponte, Annabella Borges & Paulo A. V. Borges

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-58 

5. A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel.

5.1 Sumário

A recente descoberta da térmita de madeira seca Cryptotermes brevis no arquipélago dos

Açores, em particular nas ilhas de S. Miguel, Terceira, Faial e Santa Maria despontou a

investigação acerca dos potenciais problemas que poderão advir da existência desta espécie

exótica no arquipélago. Deste modo, um dos vários pontos questionáveis, foi eventual

presença desta térmita nas restantes ilhas e localidades onde a sua ocorrência não havia sido

registada. De forma a conhecer a existência de novos focos de infestação realizamos

diversas incursões a diversos locais.

Foram realizadas diversas comunicações à população, bem como divulgação junto dos

órgãos de comunicação locais. Através das sessões de esclarecimento realizadas junto da

população foram recolhidas moradas de habitações às que juntamos outras seleccionadas

aleatoriamente para vistoria com o intuito de verificar a existência de indícios de térmita de

madeira seca ou outros agentes de destruição biológica das madeiras. Durante as sessões

de esclarecimento e as visitas realizadas foram mostradas diversas pistas da presença da

térmita de madeira seca, tais como assas, produção orgânica, etc.

Não foram encontrados vestígios de térmitas em nenhuma das habitações nas ilhas

vistoriadas. A espécie Hylotrupes bajulus foi encontrada pontualmente em diversas ilhas

sendo mais comum a espécie Anobium punctatum.

As vistorias realizadas foram bastante proveitosas, uma vez que, permitiu a sensibilização da

população para um problema grave que afecta actualmente as principais cidades do

arquipélago.

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5-59 

5.2 Introdução

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis é uma das pragas mais destrutivas do planeta

e a sua presença está confirmada em 5 Ilhas dos Açores: Terceira, São Miguel, Faial, São

Jorge e Santa Maria. Constituindo uma praga urbana em várias habitações de Angra do

Heroísmo, Porto Judeu, Ponta Delgada, Calheta, Horta, Vila do Porto e Maia.

Figura 5-1: Mapa do arquipélago dos Açores indicando as ilhas onde está confirmada a ocorrência da espécie Cryptotermes brevis segundo dados obtidos até o início de 2011.

Trata-se de uma espécie de madeira seca com origem num clima desértico da América do

Sul onde as temperaturas atingem valores elevados durante o dia e muito baixos durante a

noite, sendo a pluviosidade neste local muitíssimo rara. A sua dispersão ocorreu com o

importante auxílio humano, tendo-se espalhado por todo o mundo, através de navios e

madeiras importadas (Scheffrahn et al. 2009). Esta espécie embora seja de madeira seca

necessita de uma certa humidade, pelo que se dá muito bem em ilhas (Evans et al., 2004).

Uma colónia é formada por cerca de 150 indivíduos (embora possam ser apenas 40 a 50 por

colónia) (Myles et al. 2007), podendo várias colónias ocorrer numa pequena área, cada uma

com uma rainha (fêmea) e rei (macho).

Como se alimentam de madeira seca, todas as madeiras antigas e não tratadas, são um alvo

potencial de ataque e posterior destruição. Inicialmente, as térmitas não são observáveis

porque fecham os orifícios externos das galerias, sendo a sua presença apenas notada

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5-60 

quando os dejectos são expelidos e se aglomeram nos soalhos. Nesta altura as colónias já

provocaram extensos danos. Deste modo, o seu combate não é uma tarefa simples (Gold &

Jones, 2000). A reprodução dá-se ao fim de quatro anos após um casal colonizar a madeira.

Os meses de Maio a Setembro são aqueles em que os novos casais alados procuram

orifícios para colonizar novas partes dos edifícios, para aí acasalarem.

Os objectivos principais deste trabalho consistiram em:

• Averiguar a presença de térmitas nas ilhas Graciosa, Pico, Flores e Corvo (ilhas

sem registo de ocorrência de térmitas);

• Averiguar a presença de térmitas em outras localidades das ilhas de S. Miguel e

Faial (ilhas com ocorrência de térmitas nas principais cidades);

• Promover o contacto com a população para alertar e informar sobre o problema, de

modo a que se o mesmo surgir, exista uma capacidade pró–activa por parte dos

habitantes da ilha de forma a detectá-lo e tomar as correctas medidas e

precauções.

5.3 Metodologia

O contacto com as Câmaras Municipais das diversas ilhas foi essencial para a divulgação

junto da população da nossa missão. Outra das formas utilizadas para divulgar a presença da

equipa na ilha foi através da compra de spots publicitários nas rádios locais e envio de notas

de imprensa para os órgãos de imprensa locais e regionais.

Trabalho de campo/vistorias

Informação/esclarecimento da População

EMCTA

Autarquias

Juntas de Freguesia População Proprietários/habitantes

Localidades Media

Figura 5-2: Esquema de abordagem da Equipa nas várias sedes de concelho das ilhas vistoriadas.

Foram realizadas sessões públicas de esclarecimento com o intuito de dar a conhecer o

projecto TERMODISP, bem como informar sobre o problema da praga, a sua detecção e

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5-61 

métodos de controlo. Nas prospecções realizadas nas ilhas de S. Miguel e Faial não foram

realizadas sessões de esclarecimento, no entanto, o contacto com as instituições locais,

freguesias e Câmaras Municipais foi feito de modo a informar a população.

Quanto à procura de indícios de térmita nas ilhas em questão o objectivo mínimo consistiu em

fazer uma amostragem em pelo menos 30 edifícios de diversas tipologias por Concelho,

seleccionados aleatoriamente ou mediante a inscrição de seus proprietários durante a sessão

de esclarecimento.

Em todas as autarquias foram realizadas vistorias também nos edifícios camarários e/ou

outros sugeridos por estes. Durante as vistorias foram também procurados indícios de outras

espécies de térmitas, bem como de outros agentes destrutivos das estruturas em madeira.

5.4 Resultados e Conclusões

Com base nas inspecções realizadas aos edifícios, e nos questionários feitos aos moradores,

não foi encontrado qualquer indício da presença da térmita de madeira seca Cryptotermes

brevis nas ilhas Graciosa, Pico, Flores e Corvo bem como de qualquer outra espécie de

térmita. Também não foram encontrados vestígios de infestação nas localidades vistoriadas

nas ilhas do Faial e S. Miguel.

Apresentamos de forma detalhada os resultados obtidos em cada ilha e concelho.

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5-62 

Ilha Graciosa

A EMCTA esteve presente na Ilha Graciosa entre os dias 7 e 11 de Março de 2011 tendo

realizado uma sessão de esclarecimento no dia 7 com a presença de cerca de 20 cidadãos.

Figura 5-3: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Santa Cruz da Graciosa

i) Mapa dos Locais Vistoriados

Foram realizadas cerca de 50 vistorias, sendo que o procedimento adoptado nas mesmas

variou de acordo com a disponibilidade dos proprietários dos edifícios e das acessibilidades

aos locais mais prováveis de existirem indícios. A amostragem procurou ser mais intensiva

nos locais onde a malha urbana é mais densa, ou seja, na sede de concelho e nas zonas

centrais das sedes de freguesia.

Os locais estão apresentados no mapa da ilha Graciosa, abaixo, com ampliação da sede de

concelho de Santa Cruz da Graciosa.

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5-63 

Figura 5-4: Mapa da Ilha Graciosa e zona urbana de Santa Cruz em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).

ii) Espécies encontradas:

Foram encontrados indícios da presença de caruncho pequeno Anobium sp. (DeGueer,

1774) em 39 dos 50 edifícios amostrados (Figura 5-4).

A B

Figura 5-5: Anobium punctatum na fase adulta (foto: Pedro Cardoso) - A; e, na fase larvar (foto: Enésima Mendonça) - B

No entanto, em apenas 19 desses edifícios foi confirmada a infestação activa por este

coleóptero, através da presença de serrim e deterioração crescente da madeira.

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5-64 

Figura 5-6: Ataque severo de Anobium punctatum em mobiliário

Figura 5-7: Orifícios de Anobium punctatum em mobiliário

Na tabela abaixo estão apresentadas os edifícios vistoriados, as suas características e

espécies existentes.

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Faial e S. Miguel.   5-65 

Tabela 5-1: Habitações vistoriadas na Ilha Graciosa

Concelho de Santa Cruz da Graciosa

Nº Morada

Materiais Vindos de

Locais com Infestação

Materiais Vindos de

Locais Infestados nos Açores

Presença de spp

Tipologia de Sotão Nº Pisos

% de madeiras

Estr. Observações

1 Manuel Gaspar, 58 0 0 Anobium punctatum SA 1 100 Carpintaria

2 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100 3 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 2 100 4 Centro Guadalupe 0 0 0 SA 1 100 5 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 1 100 6 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100 7 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 80 8 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 2 100

9 Barro Branco, 33 0 0 Anobium punctatum FF 2 80

10 Caminho da Igreja, 180

Massachusetts - EUA 0 Anobium

punctatum FF 2 50

11 Centro Guadalupe 0 0 0 FA 2 80 12 Centro Guadalupe 0 0 0 FF 1 100

13 Rua Fontes Pereira de Melo 0 0 0 FF 2 100

14 Rua Fontes Pereira de Melo 0 0 0 FF 1 100

15 Rua Dr. José Conde 0 0 0 FF 2 50

16 Centro Luz 0 0 Anobium punctatum FA 2 50 A. punctatum-

moderado

17 Centro Luz 0 0 Anobium punctatum SA 2 80

18 Carapacho 0 0 Anobium punctatum SA 1 50

19 Carapacho 0 0 0 FF 1 50 20 Carapacho 0 0 Anobium FF 1 50

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Faial e S. Miguel.   5-66 

punctatum 21 Grota 0 0 0 FF 1 50 22 Baía da Folga 0 0 0 TA 1 100

23 Rua do Castilho 0 0 Anobium punctatum SA 3 100

24 Centro Luz 0 0 0 SA 2 100

25 Centro SC 0 0 Anobium punctatum SA 1 50

26 Covas, 39 0 0 0 TA 1 20 27 Zona da Praça 0 0 0 SA 3 80

28 Rebentão 0 0 Anobium punctatum SA 2 50

29 Rebentão, 25B 0 0 Anobium punctatum SA 1 50

Anobium punctatum em

um móvel

30 Rua das Flores, 7 0 0 Anobium punctatum SA 2 100

31 Centro S. Cruz 0 0 0 2

32 Quitadouro 0 0 0 SA 2 100 Sótão não vistoriado

33 Quitadouro 0 0 0 TV 1 50 Não possui madeiras

estruturais

34 Bairro Conde de Simas 0 0 0 FF 1 50

35 Bairro Conde de Simas 0 0 0 FF 1 50

36 Rua do Marítimo, 33 0 0 Anobium

punctatum SA 2 80

Infestação severa de A. punctatum

nas madeiras estruturais do

tecto

37 Fonte do Mato, 27 0 0 Anobium punctatum TV 2 80

38 Fenais, 50 0 0 Anobium punctatum SA 1 50

39 Centro SCruz 0 0 0 FF 2 100 40 Centro S. Cruz 0 0 0 SA 2 100 41 Feteira, 38 0 0 Anobium FF 2 100 A. punctatum

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel.   5-67 

punctatum severo em mobílias

42 Fonte da Areia 0 0 0 FF 1 50 43 Fonte do Mato 0 0 0 SA 2 100

44 Centro 0 0 Anobium punctatum FA 1 100

45 Centro 0 0 Anobium punctatum SA 2 100

46 Centro 0 0 0 FF 2 100 47 Centro 0 0 0 SA 2 100

48 Centro 0 0 0 SA 2 100 Vistoria

realizada ao 1.º Piso

49 Largo da Lagoa, 54 0 0 Anobium punctatum TV 2 100

50 Brasileira 0 0 Anobium punctatum TV 1 100

Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-68 

Ilha do Pico

A EMCTA esteve presente na Ilha do Pico entre os dias 15 e 23 de Fevereiro de 2011 tendo

realizado uma sessão de esclarecimento em cada uma das três sedes de concelho.

Figura 5-8: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de S. Roque

Figura 5-9: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Madalena

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-69 

Figura 5-10: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho de Lajes

iii) Mapa dos Locais Vistoriados

A B

C

Figura 5-11: Mapa da Ilha do Pico e zonas urbanas: A – Madalena, B - Lajes e C – S. Roque do Pico em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-70 

iv) Espécies encontradas:

Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 50 locais a espécie Anobium

punctatum, e por duas vezes a espécie Hylotrupes bajulus (Linnaeus, 1758). A primeira

espécie referida é o bastante comum e amplamente disperso caruncho, enquanto a segunda

espécie referida trata-se do caruncho grande, espécie que é comum encontrar em madeiras

novas aplicadas de pinho.

A B

Figura 5-12: Hylotrupes bajulus na fase adulta (foto: Pavel Krasensky) - A; e, na fase larvar (foto: http://www.sisdisinfestazioni.it/en/insetti-legno.html) - B

A ocorrência da espécie Hylotrupes bajulus, em madeiras aplicadas em mobiliário, deve-se

ao facto de a madeira utilizada (normalmente pinho) conter ovos que se desenvolvem mais

tarde levando ao desenvolvimento de larvas que constroem galerias que levando a uma

destruição parcial da madeira.

Figura 5-13: Ataque de Hylotrupes bajulus

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-71 

Figura 5-14: Ataque de Anobium punctatum

Figura 5-15: Destruição severa provocada por ataque de Anobium punctatum

Na tabela abaixo são apresentadas as habitações vistoriadas, as suas características e

espécies encontradas. A informação está disposta por concelho.

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-72 

Tabela 5-2: Habitações vistoriadas na Ilha do Pico

Concelho de S. Roque

Nº Morada

Materiais Vindos de

Locais com Infestação

Materiais Vindos

de Locais

Infestados nos Açores

Presença de spp

Tipologia de Sótão Nº Pisos

% de madeiras do

Edifício Observações

1 Prainha 0 0 Hylotrupes bajulus SA 2 90 Elevado

2 Sto. Amaro junto ao porto

América do Sul -

Importador de madeiras

0 Anobium punctatum TA 1 100 Baixo

3 Prainha 0 0 Anobium punctatum SA 2 100 Moderado

4 Santo Amaro 0 0 Anobium punctatum SA 1 80 Moderado

5 Centro (em frente à marginal) 0 0 Anobium

punctatum FA 2 100 Baixo

6 Centro (em frente à marginal) 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100 Baixo

7 Centro (em frente à marginal) 0 0 TA 3 50

8 Cais 0 0 Anobium punctatum SA 1 80 Moderado/elevado

9 Centro 0 0 FA 1 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-73 

10 Centro 0 0 Anobium punctatum TA 2 100 Moderado

11 Perto da Igreja 0 0 FF 1 80

12 Rua da Igreja

Caixa de madeira vinda do Canadá

0 Anobium punctatum SA 1 80 Baixo

13 Perto da Igreja 0 0 Anobium punctatum FF 1 50 Moderado

14 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 SS 2 10

15 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 Anobium

punctatum TA 1 100 Elevado

16 Perto da Igreja Rua Verdas 0 0 FF 1 50

17 S. Miguel Arcanjo

(1ª casa à esquerda)

0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado

18 Rua dos Piquinhos 0 0 FF 1 70

19 Prainha 0 0 SA 1 50

20 São Miguel Arcanjo 0 0 Anobium

punctatum SA 1 50 Moderado

21 Cais 0 0 Anobium punctatum SA 1 50 Em uma mobília –

moderado

22 Santo António 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado

23 São Roque 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Severo

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-74 

24 Em frente à Igreja adventista 0 0 Anobium

punctatum FF 1 10 Moderado

25 São Roque 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado/elevado

26 São Roque 0 0 SA 2 50 27 São Roque 0 0 SA 2 0

28 São Roque 0 0 SA 1 100

29 Prainha de Cima 0 0 Anobium punctatum SA 2 50 Moderado

30 Ao lado da Igreja 0 0 Anobium punctatum FF 1 100 Elevado

31 São Roque 0 0 Anobium punctatum FA 2 50 Moderado

32 São Roque 0 0 FF 1 100

33 São Roque 0 0 TV 1 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-75 

Concelho das Lajes

34 R. de São Francisco Horta 0 Anobium

punctatum FF 2 100 Moderado

35 Av. Marginal 0 0 Anobium punctatum SA 2 100 Moderado

36 Av. Marginal 0 0 FF 1 50

37 Av. Marginal 0 0 Anobium punctatum SA 2 30

A. punctatum moderado em algumas madeiras estruturais do

tecto.

38 Rua de São Pedro (marginal) 0 0 Anobium

punctatum FF 1 100

39 Largo General Francisco Soares 0 0 Anobium

punctatum FA 1 100 A. punctatum

moderado nas portas e algumas mobílias

40 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado

41 R. Padre Manuel S., 9 (centro) 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100 Moderado/elevado

42 R. Padre Manuel S., 1 (centro) 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100 Moderado

43 R. Padre Manuel

José Lopes (centro)

0 0 FF 2 50

44 R. Padre Manuel

José Lopes (centro)

0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Moderado

45 R. Capitão Mor Garcia G. (centro) 0 0 SA 2 70

46 R. Capitão Mor Garcia G. (centro) 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100 Moderado

47 Perto do Talassa 0 0 SA 2 100 48 Centro 0 0 SA 2 80

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-76 

49 Silveira 0 0 FF 2 80

50 Silveira 0 0 SA 3 0 Sem madeiras estruturais

51 Silveira 0 0 FA 1 100

52 Silveira (perto da Igreja) 0 0 FF 2 20

53 Silveira 0 0 TV 2 50

54 Em frente à CGD 0 0 … 1 50 Sobrado à vista, não foi

possível verificar a tipologia de sótão

55 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado

56 Centro, quase em frente à guarda-

fiscal 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100 Elevado

57 Rua de São Francisco 0 0 Anobium

punctatum FF 1 100

Moderado e apenas presente em algumas peças de mobiliário e

arte sacra 58 Av. Marginal 0 0 SA 2 80

59 Calheta de

Nesquim (perto da Igreja)

0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Moderado

60 Calheta de

Nesquim (perto da Igreja)

0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado

61 Manhenha (perto

da Liga dos Amigos)

0 0 SF 2 100

62 Manhenha (perto

da Liga dos Amigos)

Sacramento – Califórnia 0 SA 2 80

63 Manhenha (perto

da Liga dos Amigos)

S. Paulo - Brasil 0 SF 2 80

64 Manhenha 0 0 TV 1 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-77 

Concelho da Madalena

65 R. Carlos Dabney (centro) 0 0 Anobium

punctatum FA 1 50 Moderado

66 Centro 0 0 FF 1 50

67 Longitudinal 0 0 Anobium punctatum TV 1 80 Moderado

68 Criação Velha 0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Elevado

69 Sete Cidades 0 0 Anobium punctatum TV 2 100 Moderado

70 Outeiros 0 0 Anobium punctatum TV 1 100 Moderado

71 Centro 0 0 FA 3 50 72 Areia Larga 0 0 TV 1 100

73 Centro 0 0 … 2 50 Sobrado à vista, não foi

possível verificar a tipologia de sótão

74 Centro 0 0 … 2 50 Sobrado à vista, não foi

possível verificar a tipologia de sótão

75 Centro 0 0 SA 1 50

76 Centro 0 0 Anobium punctatum FA 1 50 Moderado

77 R. Pde. Manuel G. Dutra, Sete

cidades 0 0 Anobium

punctatum SA 1 80 Moderado - peça de

mobiliário com infestação

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-78 

78 Rua do Carmo, 34 - Toledos 0 0 SA 1 50

79 Toledos, 39 0 0 Hylotrupes bajulus SA 1 100 Severo

80 Longitudinal, 43 0 0 SA 2 20

81 Monte de Cima, 15 - Candelária 0 0 FF 2 50

82 Monte - Candelária 0 0 FA 1 50

83 Estr. Regional

Terra do Pão - S. Caetano

0 0 FF 2 70

84 São Caetano 0 0 Anobium punctatum FA 2 80 Moderado

85 São Caetano (ao pé da igreja) 0 0 FF 1 80

86

São Mateus (entrada da

freguesia, ao lado da c. do

artesanato)

0 0 TV 2 20

87 Em frente ao

centro de saúde (Areia Larga)

0 0 FF 2 80

88 Em frente ao

centro de saúde (Areia Larga)

0 0 TV 2 80

89

Em frente ao Jomar que fica ao lado do c. saúde

(Areia larga)

0 0 SA 2 70

90 R. Cais do Mourato,

Bandeiras 0 0 Anobium

punctatum SA 1 70 Moderado

91 Bandeiras 0 0 Anobium punctatum FA 1 0

Moderado nos rodapés - Habitação sem

madeiras estruturais

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-79 

92 Toledos, 111 0 0 Anobium punctatum SA 1 10 Elevado em todos os

rodapés

93 Canada João

Paulino - Criação Velha

0 0 Anobium punctatum FF 2 100 Elevado

94 São Caetano 0 0 SA 2 80

95

Canada do Maciel, Terra do Pão (S. Caetano) rua à direita antes de chegar à igreja

0 0 FA 2 80

96 Centro 0 0 Anobium punctatum FF 2 50 Moderado

97 Centro, em frente ao Santader-Totta 0 0 Anobium

punctatum FF 2 20 Elevado - presente em

apenas peças de mobiliário

98 Lagido 0 0 Anobium punctatum TV 1 100 Elevado

99 Areia Larga 0 0 TV 1 100 Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-80 

Ilha das Flores

A EMCTA esteve presente na Ilha das Flores de 18 a 20 e de 23 a 26 de Março tendo

realizado uma sessão de esclarecimento em cada uma das duas sedes de concelho.

Figura 5-16: Sessão de Esclarecimento na sede de Concelho das Lajes das Flores

v) Mapa dos Locais Vistoriados

A

B

Figura 5-17: Mapa da Ilha das Flores e zonas urbanas: A - Lajes e B - Santa Cruz, em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho)

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-81 

vi) Espécies encontradas:

Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 30 locais a espécie Anobium punctatum

e por duas vezes a espécie Hylotrupes bajulus (Linnaeus, 1758). A espécie de caruncho

grande, o H. bajulus foi encontrada no concelho das lajes.

Figura 5-18: Madeira com uma infestação elevada de caruncho – Anobium punctatum em madeiras retiradas de um tecto nas Lajes das Flores.

Figura 5-19: Móvel com sinais de infestação de caruncho grande – Hylotrupes bajulus.

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-82 

Tabela 5-3: Habitações vistoriadas na Ilha das Flores

Concelho de Santa Cruz das Flores

Nº Morada

Materiais Vindos de

Locais com

Infestação

Materiais Vindos de

Locais Infestados nos Açores

Presença de spp

Tipologia de Sotão Nº Pisos

% de madeiras

Estr. Observações

1 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100

2 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100

3 R. Roberto Mesquita s/n 0 0 0 SA 1 25

4 R. Senador André de Freitas 0 0 0 0 3 0

Placa sem madeiras

estruturais

5 R. Senador André de Freitas 0 0 0 FF 2 100

6 R. Senador André de Freitas 0 0 0 FF 2 25

7 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium

punctatum SA 2 100

8 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium

punctatum FA 2 75

Placas com tacos no piso; Tecto 100% em madeira

9 R. Senador André de Freitas 0 0 Anobium

punctatum SA 2 75

Placas com tacos no piso; Tecto 100% em madeira

10 R. Da Charneca da Boavista 0 0 Anobium

punctatum FF 2 60 Parte do tecto com placa

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-83 

11 R. Senador André de Freitas 0 0 0 SA 2 90

12 Travessa da Rosa 0 0 0 FF 3 30 Apenas tecto em madeira

13 Rua da Conceição 0 0 Anobium punctatum FF 1 60

14 Rua da Conceição 0 0 0 FF 2 100

15 R. Dr. Armas da Silveira 0 0 Anobium

punctatum FA 3 70 Parte do tecto com placa

16 R. Dr. Armas da Silveira 0 0 0 0 3 5

Apenas vistoriado o

r/c; Madeiras ao longo das paredes com

1m 17 Largo da Igreja 0 0 0 TV 1 100

18 Monte de Santa Cruz 0 0 0 FF 1 100

19 Monte de Santa Cruz 0 0 0 FF 2 75 Placa

20 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum FF 1 100

21 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum FF 1 100

22 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum TV 1 100

23 R. Da Fazenda 0 0 Anobium punctatum TV 2 100

24 Ponta Ruiva 0 0 0 FF 1 100

25 Ponta Delgada 0 0 0 FF 2 100

26 Ponta Delgada 0 0 0 FA 1 100

27 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100

28 Ponta Delgada 0 0 0 SA 1 100

29 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100

30 Ponta Delgada 0 0 0 FF 1 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-84 

31 R. Roberto Mesquita 0 0 0 FF 1 100 Café Lucinos

32 Travessa de S. José 0 0 0 FF 1 100

33 Rua do Aeroporto 0 0 0 SA 3 25

Tecto em madeira sobre uma placa em

betão

34 Rua do Aeroporto 0 0 0 0 1 0 Placa

35 Rua do Aeroporto 0 0 0 0 1 0 Placa

36 Moinhos da Fazenda 0 0 0 FF 1 100

37 Bairro Francês 0 0 0 SS 2 25 Sem madeiras estruturais

Concelho das Lajes

Nº Morada Materiais Vindos de

Locais com Infestação

Materiais Vindos de

Locais Infestados nos Açores

Presença de spp

Tipologia de Sotão Nº Pisos

% de madeiras

Estr. Observações

1 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Falsa aberta 3 60

Pisos em betão (placa) com tacos de

madeira. Tecto totalmente em

madeira. A. punctatum Moderada

2 Lajes Centro 0 0 0 Sótão Aberto 2 10 .

3 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 40 Infestação de A.

punctatum moderada

4 Lajes Centro 0 0 0 Sótão Aberto 2 10 Rodapés e portas

5 R. Dr. José de Freitas Pimental 0 0 Anobium

punctatum Sotão Aberto 3 100

Realizou tratamentos com xilophene por

injecção. Casa secular com

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-85 

madeiras de naufrágio do séc.

XVIII. Infestação de A.punctatum moderada

6 R. Dr. José de Freitas Pimental 0 0 Hylotrupes

bajulus Tecto à Vista 1 0

Armazém de materiais e de

mobiliário. Estruturas metálicas. Um mobiliário com

caruncho grande

7 R. Maurício António Fraga 0 0 Anobium

punctatum Sótão Aberto 3 40

Caruncho numa mobília no sótão - inicial. Apenas o tecto em madeira

8 R. Maurício António Fraga 0 0 Anobium

punctatum Falsa aberta 2 50

Mercearia. Caruncho no sótão - moderado.

9 R. João

Germando de Deus

0 0 0 Sotão Aberto 2 50 Casa do Sr.

Carneiro. Apenas o tecto com madeira.

10 R. Roberto Mesquita 0 0 Anobium

punctatum Falsa fechada 2 100 Casa secular. A. punctatum moderado

11 R. Roberto Mesquita 0 0 Anobium

punctatum Falsa fechada 1 100 A. punctatum moderado

12 Lajes Centro 0 1 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 100

A. punctatum moderado. Madeiras vindas de S. Miguel -

Criptoméria para estruturas do tecto

13 Lajes Centro 0 0 0 Falsa fechada 1 100

14 Lajes Centro 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 2 50

Tecto 100% em madeira. A.

punctatum em algumas mobílias. Loja de artesanato.

15 Rua dos Baleeiros 0 0 0 Tecto à Vista 1 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

2 0 1 1  

 

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-86 

16 Rua dos Baleeiros n. 0 0 0 Falsa aberta 1 100

17 Rua dos Baleeiros 0 0 0 Falsa fechada 2 80

18 Avenida Peixoto Pimentel 0 0 0 Falsa fechada 1 100

19 Estrada nacional 0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 1 100 A. punctatum –

moderado

20 R. Padre João Fragoso Vieira 0 0 0 Falsa fechada 1 100

21 Morros de Cima 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 1 100

22 Fajã Grande 0 0 Hylotrupes bajulus sem sótão 1 50

Placas estruturais, apenas tecto em

madeira

23 Fajã Grande 0 0 0 falsa fechada 2 50 Placas estruturais, apenas tecto em

madeira

24 Rua da Tronqueira 0 0 Anobium

punctatum Tecto à Vista 1 100 A. punctatum – moderado

25 R. Via de Água 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 1 100 A. punctatum –

moderado

26 Fajã Grande 0 0 0 Falsa fechada 1 80

27 Ponta da Fajã 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 1 100

A. punctatum - Elevado.

Palheiro/Atafona

28 Ponta da Fajã 0 0 Anobium punctatum Tecto à Vista 2 100 Habitação

degradada 29 Fajãzinha 0 0 0 Falsa fechada 2 100

30 Fajãzinha 0 0 Anobium punctatum Falsa aberta 1 100

31 Rua da Igreja 0 0 Anobium punctatum Falsa fechada 2 100

Tecto 100% em madeira. A.

punctatum em algumas mobílias. Aplica tratamento -

xilophene Lata Spray que aplica

32 R. Pico Redondo 0 0 0 Falsa fechada 1 80 Parte da habitação

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-87 

tem placa estrutural

33 Fajãzinha 0 0 0 Tecto à Vista 1 80

34 Estrada Regional Fazenda

0 0 0 Falsa fechada 1 50

35 Fazenda 0 0 0 Falsa fechada 1 100

36 R. da Eirinha Velha 0 0 0 Sótão Aberto 1 100

37 R. Prof.ª Maria de Freitas 0 0 0 Sótão Aberto 2 100

38 Estrada Regional Fazenda

0 0 Anobium punctatum Sótão Aberto 2 100 A. punctatum –

moderado

39 Rua da Eirinha Velha 0 0 0 Falsa fechada 1 50

40 R. da Eirinha Velha 0 0 0 Falsa fechada 2 80

41 R. Padre C. da Corte 0 0 0 Falsa fechada 2 80

42 R. do Tabuleiro 0 0 0 Falsa fechada 2 0

43 Fajãzinha 0 0

Anobium punctatum e Hylotrupes

bajulus

Tecto à Vista 1 100

1 peça de mobiliário com Hylotrupes

bajulus. A. punctatum em outras mobílias moderado

Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-88 

Ilha do Corvo

A EMCTA esteve presente na Ilha do Corvo entre 21 e 23 de Março tendo realizado uma

sessão de esclarecimento na sede de concelho.

Infelizmente a divulgação a nível local, realizada pela câmara municipal, não foi a melhor,

tendo a sessão de esclarecimento sido muito pouco participada.

Por outro lado a população corvina, deveras receptiva e acolhedora, facilitou o processo de

visitas e vistorias às diversas habitações.

Figura 5-20: Zona antiga da Vila do Corvo, local onde foram realizadas a maioria das vistorias.

A Equipa realizou a maioria das vistorias na zona histórica da Vila, local onde existe a maior

concentração de habitações. Foram também vistoriadas algumas habitações na área

circundante, na sua maioria, de mais recente construção.

vii) Mapa dos locais vistoriados

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-89 

Figura 5-21: Mapa da Ilha do Corvo e zona urbana da Vila do Corvo em pormenor com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho).

viii) Espécies encontradas:

Nas várias vistorias realizadas foram detectadas em 9 habitações a espécie Anobium

punctatum. Existem em várias outras habitações vestígios de xilófagos marinhos nas

madeiras estruturais. Estes vestígios são indicativos de que estas madeiras são

provenientes de naufrágios, que por sua vez são arrastadas por correntes marinhas até às

costas açorianas, sendo reaproveitadas para as estruturas das habitações.

Figura 5-22: Anobium punctatum activo numa peça de mobiliário

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-90 

Figura 5-23: Indícios da presença de xilófagos marinhos

Os vários indícios de xilófagos marinhos não foram registados, dado não apresentarem um

problema para as estruturas, uma vez que sem o contacto com o meio aquático marinho

estas espécies não sobrevivem.

São apresentados em tabela abaixoos dados referentes às características das habitações e

espécies encontradas.

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-91 

Tabela 5-4: Habitações vistoriadas na Ilha do Corvo

Concelho do Corvo

Nº Morada Materiais Vindos de Locais com

Infestação

Materiais Vindos de

Locais Infestados nos Açores

Presença de spp.

Tipologia de Sótão Nº Pisos % de madeiras

do Edifício Observações

1 Rua do Jogo da Bola 0 0 0 FA 2 50

Pisos com madeiras

sobre placa. Tecto em madeira

2 Avd. Nova 0 0 Anobium punctatum FF 2 100

3 Largo da Cancela 0 0 Anobium

punctatum FF 2 100

4 R. Do Rego 0 0 0 FF 1 100

5 R. Da Matriz Califórnia e

Costa Leste dos EUA

0 0 TV 2 100

6 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 100 7 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 80

8 R. Do Rego 0 0 Anobium punctatum SA 2 100

9 Canada do 0 0 0 FF 2 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-92 

Maurício

10 Canada do Maurício 0 0 0 FF 1 100

11 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum FA 1 100 Igreja

12 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100

13 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum FF 2 100

14 R. Da Matriz 0 0 Anobium punctatum SA 2 100

15 R. Da Matriz Califórnia - USA 0 0 FF 1 100

16 Caminho da Várzea 0 1 0 SA 2 30

Mobiliário vindo de S.

Miguel; Tecto em madeira

17 Caminho do Porto 0 0 0 FF 1 100

18 R. Do Rego 0 0 0 FF 2 100

19 Rua do Jogo da Bola 0 0 0 FF 2 100

20 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 70

21 Caminho do Carro 0 0 0 FF 2 100

22 Estrada P/ Caldeirão 0 0 0 FF 1 90

23 Caminho da Horta Funda 0 0 Anobium

punctatum FF 1 100

24 Caminho da Horta Funda 0 0 Anobium

punctatum FF 1 100

25 Estrada P/ Caldeirão

Vancouver - Canada 0 0 FF 3 5

Tacos em madeira sobre

placa

26 Caminho do Maranhão

Massachusetts - USA 0 0 FF 2 100

27 Rua da Fonte 0 0 Anobium punctatum FF 2 100

28 Caminho do Maranhão Califórnia - USA 0 0 FF 1 70

29 Rua da Fonte 0 0 0 FF 2 75 30 Rua da Fonte 0 0 0 FF 2 100

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, 

Faial e S. Miguel. 5-93 

31 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 60

32 R. Das Pedras 0 0 0 FF 1 100

33 R. Da Matriz 0 0 0 FF 1 100 34 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100 35 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100 36 R. Da Matriz 0 0 0 FF 2 100

Falsa Aberta – FA; Falsa Fechada - FF; Tecto à Vista – TA; Sótão Aberto – SA; Sem Sótão – SS

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-94 

Ilha do Faial

Foram realizadas vistorias nos dias 27, 28 e 29 de Dezembro de 2011, às freguesias

da ilha do Faial em busca de novos indícios de infestação por térmitas. Tendo em

conta que a térmita de madeira seca, Cryptotermes brevis, já atingiu o estatuto de

praga urbana nas cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta, pretende-se

avaliar se existem indícios em outras localidades da ilha do Faial. Outros indícios de

térmitas foram procurados, nomeadamente de madeira húmida Kalotermes flavicollis e

da espécie de térmita subterrânea europeia Reticulitermes grassei.

Figura 5-24: Habitação antiga na freguesia do Capelo

A procura de indícios da presença da praga nesta ilha teve como base a inspecção

aleatória de pelo menos cerca de 11 edifícios por concelho que possuíssem

características idênticas aos casos confirmados em outras ilhas. Esse número mínimo

de habitações não foi atingido devido a várias dificuldades encontradas, tendo-se

optado por outros métodos de abordagem dentro das freguesias.

Outra vertente da deslocação consistiu em alertar e informar a população das diversas

freguesias visitadas na ilha sobre a praga das térmitas, abordando várias pessoas.

ix) Mapa dos locais vistoriados

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-95 

Figura 5-25: Mapa da Ilha do Faial com indicação dos locais vistoriados (pontos a vermelho)

x) Espécies encontradas:

Foram detectados 18 casos pontuais de infestação por caruncho pequeno e duas

árvores com infestação por térmita de madeira húmida e térmita subterrânea europeia

foram detectadas nas Horta.

Ordem: COLEOPTERA Família: ANOBIIDAE

1) Anobium punctatum. Os carunchos pequenos são os mais comuns nas

habitações dos Açores. Pertencem à família Anobiidae, da ordem Coleoptera. É uma

espécie cosmopolita e é bem conhecido pelos estragos que causa em madeira de

mobiliário. No caso da estrutura de uma casa, o seu efeito devastador apenas se nota

ao fim de vários anos de actividade.

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-96 

Figura 5-26: Serrim de caruncho, de consistência do tipo farinha, ao contrário das térmitas, cujas pelotas fecais apresentam uma consistência granulosa

Figura 5-27: Vestígios da presença de infestação por caruncho pequeno (A. punctatum) numa vara – orifícios de saída dos insectos adultos e galerias

Ordem: ISOPTERA Família: KALOTERMITIDAE

Figura 5-28: Diferentes castas da espécie Kalotermes flavicollis, térmita de madeira húmida (foto: Rudolf Scheffrahn)

2) Kalotermes flavicollis (Figura 5-28). Espécie de térmita de madeira húmida,

também conhecida por térmita de colar amarelo é originária da Europa e foi

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2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-97 

possivelmente introduzida em estacas de fruteiras. Este insecto representa a linha

mais primitiva em termos ecológicos e necessita de níveis elevados de humidade na

madeira. Nos Açores a sua presença está confirmada nas ilhas Terceira, São Miguel e

Faial, tendo sido avistada em vinhas, oliveiras, árvores de citrinos, incensos,

metrosíderos, nespereiras, salgueiros, figueiras, entre outras. Pode ser uma potencial

praga das culturas de vinha ou pomares de fruta, pelo que, algum cuidado deve ser

tomado em relação a esta espécie.

É de salientar o facto de várias espécies de formigas e diplópodes arbóreos

provocarem escavações que são facilmente confundidas com os estragos provocados

pela K. flavicollis. Esta espécie geralmente faz galerias no cerne das árvores (Figura

5-29) adjacente à parte viva da árvore, obtendo assim a humidade que necessita.

Quando esta espécie ataca madeira de habitações, fá-lo apenas em madeiras

expostas a humidade.

Figura 5-29: Infestação de cerne por K. flavicollis em comparação com a infestação do borne por C. brevis

Ordem: ISOPTERA Família: RHINOTERMITIDAE

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-98 

Figura 5-30: Térmita subterrânea europeia (Reticulitermes grassei), com 2 soldados à esquerda e uma obreira à direita

3) Reticulitermes grassei (Figura 5-30). A Reticulitermes grassei é uma espécie de

térmita subterrânea conhecida nos Açores apenas na cidade da Horta (Faial), onde foi

detectada em alguns edifícios, onde causou estragos consideráveis. As colónias desta

espécie podem conter milhões de indivíduos, ocorrendo reprodutores ninfóides que

ajudam à proliferação da colónia. Esta espécie pode expandir-se através de túneis no

solo.

Tabela 5-5: Habitações vistoriadas na Ilha do Faial

Freguesia

Nº Espécies encontradas (activo)

Nível de infestação Descrição da habitação

Traços culturais

estrangeiros/material importado

Obs.

Flamengos 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira Não

Flamengos 2 - - Casa de 2 pisos, com sinais

exteriores de importação cultural Sim (E.U.A.)

Flamengos 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos, com sinais

exteriores de importação cultural Sim (E.U.A.)

Flamengos 4 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira Não

Feteira 5 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira Não Anobium punctatum

Feteira 6 - - Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-99 

Feteira 7 - - Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

Capelo 8 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso Não -

Capelo 9 - - Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -

Capelo 10 - - Moradia antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -

Castelo Branco

11 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -

Castelo Branco

12 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -

Castelo Branco

13 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -

Castelo Branco

14 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira Não -

Castelo Branco

15 - - Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -

Praia do Norte

16 - - Edifício da Junta de Freguesia Não -

Praia do Norte

17 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Casa do Povo Não -

Praia do Norte

18 - - Casa antiga de 1 pisos com placa de betão Não -

Cedros 19 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

Cedros 20 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Junta de Freguesia Não -

Cedros 21 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos com bastante

quantidade de madeira Não -

Cedros 22 - - Moradia de 1 piso com cobertura

em madeira Não -

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-100 

Salão 23 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

Salão 24 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Junta de Freguesia Não -

Salão 25 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos com bastante

quantidade de madeira Não -

Salão 26 - - Moradia de 1 piso com cobertura

em madeira Não -

Praia de Almoxarife

27 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -

Praia de Almoxarife

28 - - Casa antiga de 1 piso com bastante quantidade de madeira Não -

Praia de Almoxarife

29 - - Casa de 2 pisos com sinais de exportação de cultura Sim (E.U.A.) -

Praia de Almoxarife

30 Anobium punctatum Ligeiro Garagem com sinais ligeiros de degradação por caruncho pequeno

Não -

Pedro Miguel 31 - - Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

Pedro Miguel 32 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira Não -

Pedro Miguel 33 - - Casa antiga de 1 piso com

bastante quantidade de madeira Não -

Horta 34 Kalotermes flavicollis e Reticulitermes grassei Moderado

- 1 árvore afectada por térmitas de madeira húmida e por térmita

subterrânea europeia; - -

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-101 

Ilha de S. Miguel

No período de 3 a 7 de Dezembro de 2011 a Equipa de Monitorização e Controlo das

Térmitas nos Açores deslocou-se aos concelhos de maior densidade populacional da

ilha - Lagoa, Vila Franca, Povoação (zona Sul) e Ribeira Grande (zona Norte).

Em cada freguesia seleccionaram-se aleatoriamente edifícios com características

idênticas a casas afectadas noutras localizações do arquipélago.

Figura 5-31: Casa no concelho da Lagoa

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-102 

Figura 5-32: Casa com traços culturais estrangeiros

Outro método utilizado a consistiu na observação de teias de aranha nas janelas de

várias casas antigas abandonadas (Figura 5-33), pretendendo-se observar possíveis

asas/alados que pudessem ter ficado presos nas mesmas.

Figura 5-33: Observação de teias de aranha nas janelas de casas abandonadas

Foi também estabelecido contacto com as Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia,

cafés, mercados locais e diversas pessoas nas principais artérias dos concelhos. Esta

acção foi divulgada com cerca de 2 semanas de antecedência.

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5-103 

xi) Mapa dos locais vistoriados

Figura 5-34: Mapa da ilha de São Miguel com as diversas localidades onde foram realizadas vistorias assinaladas.

xii) Espécies Encontradas

No total foram vistoriadas 32 edifícios, 6 no concelho da Lagoa, 10 em Vila Franca, 8

na Povoação e 8 na Ribeira Grande, não tendo sido detectados novos casos de

infestação por térmitas nos concelhos visitados. Verificou-se em 27 das habitações

analisadas casos de ataques ligeiros a moderados de caruncho pequeno (Figura 5-5)

e um caso de infestação severa por caruncho grande (Figura 5-12), na cidade da

Ribeira Grande.

No entanto, o esforço de amostragem não é ainda suficiente, sendo necessário num

futuro próximo realizar um levantamento mais exaustivo em edifícios para despiste da

presença de térmitas O número amostrado por zona foi inferior ao pretendido

inicialmente devido a alguns factores adversos. As dificuldades prendem-se sobretudo

na desconfiança de uma parte da população com a abordagem, pelo facto de nunca

terem sido relatadas situações de térmitas nessas regiões, dificultando a inspecção

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-104 

em diversas habitações. De forma a contornar essa situaçãofoi feita uma abordagem a

pessoas que se encontravam nas ruas, cafés, mercados. Para além disso foram

contactadas as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, questionando-se sobre

situações de estragos em madeiras que possam ter sido relatadas.Como resultado

deste contacto foi comunicadauma situação revelando-se no entanto por ser um

ataque severo por caruncho grande a um móvel.Foi notóriodurante as visitas

realizadas ainda algum desconhecimento da existência da praga, com algumas

pessoas a confundirem ataques de caruncho pequeno como sendo provocados por

térmitas. Essa acção revelou-se benéfica, com o esclarecimento de várias questões

ainda existentes na população sobre esse problema.

Notou-se também a falta de informação em algumas Câmaras Municipais e Juntas de

Freguesia sobre o encaminhamento de situações relatadas referentes a possíveis

casos de infestação por térmitas.

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Miguel. 5-105 

Tabela 5-6: Habitações vistoriadas na Ilha de S. Miguel

Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material

importado

Observações

Vila Franca 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não 8 casas com sinais activos de caruncho

pequeno Vila Franca 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 3 pisos com

bastante quantidade de madeira não

Vila Franca 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Vila Franca 4 - - Edifício antigo de 2 pisos da Camara Municipal

não

Vila Franca 5 - - Edifício antigo de 3 pisos da Camara Municipal (Secção das

Aguas)

não

Vila Franca 6 Anobium punctatum Ligeiro Edifício de 3 pisos da Santa Casa da Misericórdia

não

Vila Franca 7 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 1 piso não Vila Franca 8 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos não Vila Franca 9 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos não Vila Franca 10 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 3 pisos sim (Holanda)

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Miguel. 5-106 

Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material

importado

Observações

Lagoa 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não 6 casas com sinais activos de caruncho

pequeno Lagoa 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira não

Lagoa 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa de 2 pisos, com sinais exteriores de importação cultural

Sim (E.U.A.)

Lagoa 4 Anobium punctatum Moderado Casa de 2 pisos, com sinais exteriores de importação cultural

Sim (Bermudas)

Lagoa 5 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Lagoa 6 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais

estrangeiros/material importado

Observações

Povoação 1 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não 6 casas com sinais activos de caruncho

pequeno Povoação 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira não

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Miguel. 5-107 

Povoação 3 - - Moradia de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Povoação 4 - - Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Povoação 5 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Santa Casa da Misericórdia de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira

não

Povoação 6 Anobium punctatum Ligeiro Igreja não Povoação 7 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 1 piso não Povoação 8 Anobium punctatum Ligeiro Habitação antiga de 2 pisos com

bastante quantidade de madeira não

Concelho Nº Espécies Encontradas (activo) Nivel de Infestação Descrição da Habitação Traços culturais estrangeiros/material

importado

Observações

Ribeira Grande 1 Anobium punctatum Ligeiro Edifício da Camara Municipal da Ribeira Grande

não 7 casas com sinais activos de caruncho

pequeno e 1 com movel bastante

afectado por caruncho grande

Ribeira Grande 2 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Ribeira Grande 3 Anobium punctatum Ligeiro Casa antiga de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Ribeira Grande 4 Anobium punctatum Ligeiro Museu da Ribeira Grande não

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. 

Miguel. 5-108 

Ribeira Grande 5 Anobium punctatum/Hilotrupes bajules

Ligeiro/Moderado Habitação relativamente recente de 2 pisos com bastante quantidade de madeira

não

Ribeira Grande 6 Anobium punctatum Moderado Edifício antigo com o 2 piso inactivo e sapateiro no 1º piso

não

Ribeira Grande 7 Anobium punctatum Moderado Escola Primária com bastante quantidade de madeira

não

Ribeira Grande 8 - - Escola Pré-primária não

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-109 

5.5 Considerações Finais e Recomendações

Não foram encontrados vestígios de térmitas nas habitações vistoriadas nas quatro

ilhas em que a equipa esteve presente. No entanto, a presença da equipa foi positiva

por ter promovido a responsabilização e pró-actividade dos moradores e autarcas para

o problema. É importante realçar que apesar das diversas vistorias realizadas, uma

média de 66 por Ilha e de 38 por Concelho, não é possível afirmar categoricamente a

não existência de térmitas nestes locais. As razões para esta premissa são as

seguintes:

1. Não foi possível verificar um número significativo de habitações em todas as

localidades por questões de disponibilidade temporal da equipa;

2. Um vasto número de edifícios encontravam-se encerrados/desabitados, pelo

que não foi possível verificar a existência, ou não, de vestígios;

3. É possível a existência de colónias de térmitas, mesmo nos imóveis

vistoriados, mas num estado ainda muito pouco desenvolvido e dificilmente

detectável;

4. É possível ainda que uma introdução tenha já ocorrido e esteja numa fase

inicial de dispersão, e como tal, dificilmente detectável pelos moradores;

Por outro lado existem aspectos positivos a realçar da visita da equipa a estes

diversos lugares:

1. O contacto com as autarquias e os moradores nas sessões de esclarecimento

desperta a população para esta problemática e simultaneamente promove a

sua pró-actividade (das instituições e população);

2. O contacto porta à porta realizado pela equipa mostra uma preocupação das

instituições face ao problema e valoriza a importância da habitação dos

moradores;

3. O facto de serem mostrados indícios aos diversos moradores, bem como

serem feitas descrições da espécie e boas práticas a tomar relativamente à

prevenção e conservação das estruturas em madeira promove a pró-

actividade;

4. Foram também amplamente divulgadas formas de consulta e informação

acerca de temática, nomeadamente o sítio na Internet sos térmitas.

A equipa recomenda a distribuição de material informativo (cartaz com imagens,

amostras de produção orgânica, amostras de indivíduos, etc.) pelas diversas

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Determinação da existência de indícios de infestação nas ilhas Graciosa, Pico, Flores, Corvo, Faial e S. Miguel. 

5-110 

autarquias e instituições com responsabilidade/tutela na problemática das térmitas.

Além das autarquias, as instituições a que nos referimos são a Guarda Nacional

Republicana, Policia de Segurança Pública, Serviços Aduaneiros e Capitanias dos

Portos e Policia Marítima.

O trânsito de materiais via aérea e marítima entre as ilhas e do exterior para o

arquipélago são uma constante no paradigma económico mundial, pelo que a

proliferação e introdução de espécies exóticas no arquipélago é uma realidade

expectável. Deve-se então formar e fomentar uma maior fiscalização do transporte de

materiais suspeitos de transportar espécies exóticas, sendo as autoridades

anteriormente citadas as mais adequadas para a sua fiscalização.

5.6 Referências Bibliográficas

Evans, A.V., Garrison, R.W., Schlager, N. & Trumpey, J.E. (2004). Grzimeck´s Animal Life Encyclopedia. Thomson , Gale. Gold, R.E. & Jones, S.C. (2000). Handbook of Household and Structural Insect Pests.

Entomological Society of America, U.S.A.

Gold , R. E., Glenn, J. G. & Howell N. H. J. “Drywood Termites.” Texas Agricultural Extension Service, The Texas A&M University System. 2000. Accessed on the 17 of August 2008 <http://insects.tamu.edu/extension/bulletins/l-1782.html > Myles, T.G., P.A.V. Borges, M.T. Ferreira, O. Guerreiro, A. Borges, & C. Rodrigues 2007a. Filogenia, biogeografia e ecologia das térmitas dos Açores. Pp 15-28. In: P. Borges, & T.G. Myles (Eds). Térmitas dos Açores. Principia, Estoril. 128 pp . Scheffrahn, R.H., J. Křeček, R. Ripa, & P. Luppichini 2009. Endemic origin and vast anthropogenic dispersal of the West Indian drywood termite. Biological Invasions 11: 787-799.

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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge

João J. S. Amaral1, Sara C. Cabeceiras2 & Annabella Borges3

1 Serviço de Desenvolvimento Agrário da Terceira, Vinha Brava, 9701-880 Angra do Heroísmo;

[email protected]

2 Serviço Florestal de São Jorge, Av. do Livramento. 9800-522 Velas

3 Grupo da Biodiversidade dos Açores - CITAA, Dep. Ciências Agrárias, Universidade dos Açores, 9701-851 Angra

do Heroísmo.

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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge  6-112 

6. Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge

6.1 Sumário

As térmitas são um grupo de insectos de introdução recente nos Açores e assumem

características de praga. A única espécie reconhecida para a ilha de São Jorge é a

Cryptotermes brevis, identificada em 2009, ocorrendo em algumas habitações da

Calheta. Neste trabalho, pretendemos detectar a ocorrência e distribuição deste tipo

de insectos. Confirmámos a ocorrência desta espécie e que a sua distribuição se

restringe a quatro edifícios localizados na Calheta. Não detectámos mais nenhuma

espécie deste grupo. As colónias de C. brevis infestam mobiliários e estruturas de

madeira dos edifícios com consequências económicas muito importantes,

consideramos que é urgente tomar medidas numa tentativa de erradicação da praga.

6.2 Introdução

As térmitas são insectos pertencentes à ordem Isoptera, com organizações socais,

desempenhando um papel importante nos ecossistemas (Nutting, 1990). Nos Açores,

não fazendo parte dos seus ecossistemas naturais, são consideradas pragas com

impacte económico muito importante. Está confirmada a ocorrência de quatro espécies

nos Açores, que terão sido introduzidas no final do século passado. Apesar da

confirmação da sua detecção e identificação ter ocorrido muito recentemente, no início

deste século (Borges & Myles, 2007). Actualmente é reconhecida a presença da

térmita da madeira seca Cryptotermes brevis nas ilhas Terceira, São Jorge, Faial,

Pico, São Miguel e Santa Maria; da térmita subterrânea Reticulitermes grassei na ilha

do Faial; da térmita subterrânea R. flavipes na ilha Terceira; e da térmita da madeira

viva na Kalotermes flavicollis nas ilhas Terceira, Faial e São Miguel (Resolução do

Conselho do Governo nº2/2011 de 3 de Janeiro de 2011; Resolução do Conselho do

Governo nº98/2011 de 28 de Julho de 2011). Todas estas espécies apresentam

características de pragas, com as consequentes necessidades de acompanhamento e

controle, de forma a diminuir os prejuízos causados.

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Na ilha de São Jorge foi registada a presença da espécie C. brevispela primeira vez

em 2009, pelo Grupo de Biodiversidade dos Açores (CITA-A). Esta equipa realizou

uma vistoria de forma a avaliar o nível de infestação nos edifícios envolventes ao

ponto inicial de detecção( Vila da Calheta). Deste trabalho resultou um mapeamento

dos edifícios infestados e uma área com forte probabilidade de infestação. A zona

infestada está circusncrita a quatro edifícios habitacionais contíguos, situados na Rua

25 de Abril, da referida vila (Guerreiro et al., 2010).

A nossa participação na XV Expedição Científica do Departamento de Biologia da

Universidade dos Açores teve por objectivos determinar ocorrência de todas as

espécies de térmitas para a ilha de São Jorge;particularmente para a espécie C. brevis

e ainda verificar a evolução da sua dispersão.

6.3 Metodologia

A prospecção decorreu de 26 a 29 de Julho de 2011. Os locais de amostragem foram

escolhidos de forma a ter uma cobertura geral da ilha, mas com a intenção de

potenciar a possibilidade de detecção, tendo como base os conhecimentos ecológicos

das espécies. Deste modo, inquirindo os habitantes, procurámos saber da existência

de habitações com suspeitas de problemas nas estruturas de madeira. Para além

destes, deu-se preferência para locais de amostragem carpintarias, serrações e casas

abandonadas. Consequentemente, a intensidade de amostragem foi superior nas

zonas mais povoadas (Figura 6-1).

Em cada local de amostragem foram observados todos os habitats prováveis de

ocorrência de térmitas subterrâneas, de madeira viva e de madeira seca. No interior

dos edifícios, e sempre que nos era possível o acesso, observámos minuciosamente

as estruturas de madeira das coberturas, janelas e portas de madeira, mobiliário e

outros objectos de madeira. Nos espaços circundantes observámos madeiras velhas,

galhos, troncos e tocos de árvores. Procurámos por indivíduos deste grupo de

insectos, bem como quaisquer sinais de infestação e estragos por provocados por

estes: pelotas fecais, asas e galerias. O esforço de amostragem (áreas e tempo)

variou entre os locais devido à variação na estrutura dos edifícios e na abundância de

materiais de madeira. O esforço de amostragem por local variou entre 15 pessoa-

minutos e 60 pessoa-minutos.

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6.4 Resultados

Foi observado um total de 32 pontos de amostragem, distribuídos de acordo com o

representado na Figura 6-1. Foi detectada apenas a ocorrência da espécie de madeira

seca C. brevis em quatro edifícios localizados na Rua 25 de Abril da Vila da Calheta,

coincidindo com os resultados obtidos por Guerreiro et al. (2010). Apesar de estes

edifícios já apresentarem um nível elevado de infestação e consequente destruição

das madeiras, não nos foi possível encontrar novas infestações nos edifícios

envolventes.

Figura 6-1: Localização dos locais de prospecção de térmitas na Ilha de São Jorge. Os círculos representam os locais onde não foi detectada presença de qualquer espécie de térmita; os quadrados representam os locais onde foi detectada a presença da espécie Cryptotermes brevis (a circunferência realça estes locais).

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6.5 Discussão

Os resultados deste estudo não acrescentam nada de novo relativamente à ocorrência

de espécies de térmita para a ilha de São Jorge, apesar de um maior esforço de

amostragem quando comparado com prospecções anteriores (Guerreiro et al., 2010).

Relativamente à prospecção de dispersão da C. brevis, realizada no ano transacto, por

estes autores, não verificámos sinais de expansão. Este facto era espectável, porque

as infestações por térmita de madeira seca têm uma dispersão lenta. A colonização de

novos locais é efectuada pelos indivíduos alados, que saem das colónias maduras,

facto que ocorre pelo menos cinco anos após o início de uma nova colónia. Para além

de serem fracos voadores, apenas uma percentagem diminuta dos alados consegue

estabelecer novas colónias. Após a perda das asas e segregação de pares

macho/fêmea, é estabelecida nova colónia (Scheffrahn & Su, 1999). O que significa

que, apesar da intensa prospecção realizada nos edifícios envolventes, alguns destes

poderão já estar infestados, mas se as colónias forem recentes poderão ocorrer

alguns anos até se verificarem sinais evidentes dessa infestação (Horwood, 2008).

A introdução de térmitas ocorre frequentemente através de mobiliário e outras peças

de madeira. ,que terão motivado o foco que se verifica na Calheta, provavelmente a

partir de Angra do Heroísmo, devido à sua proximidade e ao grau de infestação que se

verifica nesta cidade. de O transporte de bens poderá, em poucas décadas, promover

uma infestação generalizada em toda a ilha, com prejuízos directos e de tratamento

dos edifícios que rapidamente avultarão a vários milhões de euros. O facto da

infestação se encontrar localizada e identificada faz-nos acreditar que vale a pena uma

tentativa de erradicação. Cada ano que passar os seus custos aumentarão

progressivamente e a possibilidade de sucesso diminui. Para tal, deverão ser retiradas

as lições do processo de infestação de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, bem

como de todo o trabalho que tem sido desenvolvido pelo Grupo da Biodiversidade dos

Açores do CITA-A, que está patente no seu portal SOS Térmitas

(www.sostermitas.angra.uac.pt/).

6.6 Agradecimentos

Ao Doutor João Tavares e ao Eng. Duarte Soares Furtado pela possibilidade que nos

concederam de participar na XV Expedição Científica do Departamento de Biologia,

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Prospecção de térmitas (Insecta: Isoptera) na ilha de São Jorge  6-116 

pelo companheirismo e amizade. A estes e restante equipa do Departamento de

Biologia envolvida na organização, por todo o apoio durante o seu decurso. Ao Serviço

de Desenvolvimento Agrário da Terceira, ao Serviço Florestal de São Jorge e ao

Grupo de Biodiversidade dos Açores, nas pessoas dos seus responsáveis, pelo apoio

e facilidades concedidas.

6.7 Bibliografia

Borges, P. A. V. & T. Myles [eds.]. 2007. Térmitas dos Açores. Princípia, Lisboa.

Guerreiro, O., A. Borges, F. Ferreira, C. Couto & P. A. V. Borges. 2010. A térmita de

madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) no Arquipélago dos Açores: Monitorização

e controle dos voos de dispersão e prevenção da colonização nas principais

localidades afectadas. Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias –

CITA-A, Angra do Heroísmo, 53 pp.

Horwood, M. 2008. West Indian drywood termite. New South Wales Department of

Primary Industries, Primefact 826, 2 pp.

Scheffrahn, R. H. & N. Su 1999. West Indian powderpost drywood termite,

Cryptotermes brevis (Walker). University of Florida, Cooperative Extension Service,

Institute of Food and Agricultural Sciences, EENY-079, 7 pp. (Revisão de 2011)

Nutting, W. L. 1990. Insecta: Isoptera, pp. 997- 1032. In: D. L. Dindal [ed], Soil Biology

Guide, John Wiley & Sons, Nova Iorque.

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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico.

Filomena Ferreira, Orlando Guerreiro, Annabella Borges & Paulo A. V. Borges

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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico 

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7. A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico.

7.1 Sumário

De forma a determinar a extensão da infestação pela praga de térmita de madeira

seca na localidade de Santa Cruz (freguesia das Ribeiras, Concelho das Lajes do

Pico) a Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas nos Açores do Grupo da

Biodiversidade dos Açores CITA-A, liderado pelo Prof. Paulo Borges, dirigiu-se a esta

localidade entre os dias 22 e 24 de Março de 2011.

A determinação da extensão da infestação por uma espécie de térmita de madeira

seca na localidade de Santa Cruz (Pico) teve como base a inspecção detalhada a

todos os edifícios inseridos num raio de 100 metros, delimitado a partir da casa onde

foi detectado o primeiro foco de infestação.

Foram detectados indícios de infestação por térmita de madeira seca em 12 edifícios

localizados na Rua Dr. Freitas Pimentel e Ramal, Santa Cruz das Ribeiras.

No entanto, não foi ainda possível confirmar qual a espécie de madeira seca presente

na ilha do Pico, já que existe mais do que uma espécie de madeira seca nos Estados

Unidos, região de proveniência dos móveis infectados em várias das habitações.

Acredita-se que a praga de térmitas existe na localidade há vários anos e poderá ter

tido mais do que um ponto de origem, sendo no entanto muito plausível que a “porta

de entrada” do insecto na freguesia tenha sido comum: madeiras aplicadas trazidas

dos Estados Unidos. É uma localidade com vários emigrantes, principalmente do

estado da Califórnia, e muitos dos imóveis vistoriados permanecem fechados, por

vezes durante vários anos. Esta premissa de que a entrada da espécie de madeira

seca terá sido originada através da vinda de materiais da Califórnia (EUA) suscita a

probabilidade de estarmos perante uma outra espécie que não a, já muito dispersa no

arquipélago, Cryptotermes brevis (Walker), mas sim da espécie Incisitermes minor

(Hagen) bastante comum no estado da Califórnia.

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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico 

7-119 

7.2 Introdução

Existem três tipos de térmitas, as subterrâneas, as de madeira viva e as de madeira

seca (Milano & Fontes 2002), totalizando cerca de 3000 espécies. No entanto, só

algumas destas são nefastas para a economia e para as actividades humanas. De

facto, a maior parte das espécies são benéficas contribuindo para a reciclagem de

árvores mortas, oxigenação do solo e decomposição de restos de celulose. Algumas

espécies são arborícolas construindo a termiteira na copa das árvores, outras vivem

no solo, sendo bem conhecidas as termiteiras gigantes em África e na América do Sul.

No entanto, algumas espécies causam elevados prejuízos nas habitações humanas,

atacando móveis e esculturas mas também partes estruturais como soalhos e tectos.

Em alguns países como os Estados Unidos da América, Canadá, Brasil, Austrália e

África do Sul existe mesmo uma tradição de lidar com as espécies mais nocivas,

investindo-se muito dinheiro e esforço na sua monitorização, prevenção e no seu

combate (Milano & Fontes, 2002). As térmitas de madeira seca são uma das pragas

mais destrutivas do planeta em estruturas humanas estando já confirmada a presença

de uma das mais destrutivas espécies de madeira seca, a espécie Cryptotermes

brevis, em 5 ilhas das 9 ilhas dos Açores: Terceira, São Miguel, Faial, São Jorge,

Santa Maria.

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Figura 7-1: Indicação dos edifícios vistoriados inseridos no raio de 100 metros. A vermelho estão indicados os edifícios onde se confirmou a infestação por térmita de madeira seca e a verde os edifícios onde não foi confirmada a infestação.

A Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas dos Açores (EMCTA) do Grupo da

Biodiversidade dos Açores realizou um trabalho de vistorias com o objectivo de

verificar a ocorrência de térmitas na ilha do Pico, promovendo simultaneamente o

contacto e a sensibilização da população para o assunto. Durante o trabalho de

campo, e tendo sido vistoriadas cerca de 100 habitações, não foi encontrado qualquer

vestígio de térmitas de qualquer espécie. No entanto, o contacto realizado promoveu a

divulgação da problemática associada às térmitas tendo sido pouco tempo depois

mencionada a suspeita de existência de térmitas numa habitação na localidade de

Santa Cruz, na Freguesia das Ribeiras, Conselho das Lajes (Figura 7-1).

Esta suspeita foi encaminhada pela Câmara Municipal das Lajes para o Gabinete da

Biodiversidade dos Açores para onde foram enviados alguns vestígios para análise.

Após a observação dos vestígios foi possível indicar a existência de uma espécie de

térmita de madeira seca, pelo que a equipa fez deslocar um elemento até ao local em

questão com o objectivo de recolher mais informação e simultaneamente entender a

sua dispersão.

Os objectivos principais deste trabalho consistiram em, por um lado tentar determinar

a origem da infestação na localidade, e por outro, vistoriar detalhadamente todos os

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edifícios inseridos num raio de 100 metros em relação à habitação onde primeiramente

foi detectada a infestação.

7.3 Metodologia

A colaboração estabelecida entre a Câmara Municipal das Lajes e a equipa (EMCTA)

foi crucial para o contacto com os moradores da localidade afectada, de forma a

facilitar as inspecções aos edifícios, bem como no alerta para o problema.

Foi delimitado um perímetro com 100 metros de raio em relação à habitação onde foi

detectada a infestação por térmita de madeira seca. O objectivo consistiu em vistoriar

detalhadamente todos os 30 edifícios inseridos nesse perímetro de forma a determinar

a infestação, ou não, pela praga.

A amostragem total traduziu-se em 30 edifícios, sendo que vinte e sete dos quais

estão inseridos no raio dos 100 metros, não sendo possível inspeccionar 3 dos

edifícios. Foram também vistoriados 3 imóveis fora do perímetro dos 100 metros que

apresentavam suspeitas de infestação por térmita de madeira seca.

Para a amostragem da incidência do ataque por térmitas procedeu-se da seguinte

forma, utilizando os seguintes critérios para definir os níveis de ataque:

Nível A - (Sem ataque) – Não se verificou a presença de térmitas, ou pelo menos não

foram encontradas provas físicas da sua presença (asas e resíduos fecais);

Nível B – (Ataque ligeiro) - Ataque perceptível mas ligeiro; deterioração muito

superficial 1mm a 2mm de profundidade em alguns pontos ou pequenas áreas;

Nível C – (Ataque moderado) - Ataque moderado revelado sob a forma de áreas

determinadas de vários centímetros quadrados e com 2mm a 5 mm de profundidade,

ou sob a forma de pontos disseminados com uma profundidade ultrapassando os 5

mm, ou com os dois tipos de ataque;

Nível D – (Ataque Severo) - Ataque intenso mostrando uma destruição extensa e

profunda (5mm a 10mm) ou galerias atingindo o centro da estaca ou diferentes

combinações destes dois tipos de ataque.

Foram colocadas armadilhas cromotrópicas nos imóveis infestados, iniciando-se assim

um processo de monitorização e controlo da térmita de madeira seca na localidade.

7.4 Resultados e Conclusões

Após inspecção detalhada a 30 edifícios na localidade de Santa Cruz, freguesia das

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Ribeiras no concelho das Lajes do Pico, foram confirmados 12 casos de infestação por

térmita de madeira seca (Tabela 7-1).

Tabela 7-1: Local onde se detectou a infestação, bem como a zona do edifício e o nível de infestação em cada edifício Local Zona do edifício Nível de infestação

Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão e falsa - tecto B

Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa Não perceptível

Rua Dr. Freitas Pimentel Anexo - tecto C

Rua Dr. Freitas Pimentel Anexo - janela B

Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa - tecto C

Rua Dr. Freitas Pimentel Falsa - tecto C

Rua Dr. Freitas Pimentel 2 Anexos B

Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão C

Rua Dr. Freitas Pimentel Sótão C

Ramal Sótão B

Ramal Palco e tecto B

Rua dos Moinhos Sótão* e garagem *Não perceptível; C

Os edifícios infestados estão muito próximos uns dos outros, estando inseridos num

raio de 100 metros (Figura 7-2), o que, aliado ao facto dea maioria dos edifícios não

possuírem qualquer camada isoladora entre as telhas e o travejamento do tecto,

facilita a dispersão da praga em época de enxameamento (Figura 7-2).

 

Figura 7-2: Vista aérea de Santa Cruz das Ribeiras, com marcação a vermelho do perímetro onde foram realizadas vistorias. A 1ª habitação onde foi detectada a praga está assinalada a vermelho.

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7-123 

Acredita-se que a praga de térmitas existe na localidade há vários anos e poderá ter

tido mais do que um ponto de origem, sendo no entanto muito plausível que a “porta

de entrada” do insecto na freguesia tenha sido comum: madeiras aplicadas trazidas

dos Estados Unidos. É uma localidade com vários emigrantes, principalmente do

estado da Califórnia e muitos dos imóveis vistoriados permanecem fechados, por

vezes durante vários anos. Esta premissa de que a entrada da espécie de madeira

seca terá sido originada através da vinda de materiais da Califórnia (EUA) suscita a

probabilidade de estarmos presentes com uma outra espécie que não a, já muito

dispersa no arquipélago, Cryptotermes brevis (Walker), mas sim da espécie

Incisitermes minor (Hagen) bastante comum no estado da Califórnia (Figura 7-3).

Cryptotermes brevis (Walker) Incisitermes minor (Hagen) Fotografia de : Pedro Cardoso, Portal da Biodiversidade

Fotografia de : R.H. Scheffrahn, Universidade da Florida

 Figura 7-3: Comparação dos soldados de duas espécies de madeira seca existentes nos Estados Unidos da América.

Em alguns dos edifícios a origem da infestação é inequívoca, como é o caso de uma

habitação em que o sótão, totalmente constituído por madeira, tem partes de caixotes

de madeira, oriundos da Califórnia, a forrar o chão (Figura 7-4). Estas madeiras,

infestadas por térmita de madeira seca, estão depositadas no sótão há uma dúzia de

anos tendo a praga já se expandido para o tecto.

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A térmita de madeira seca no Arquipélago dos Açores: Determinação de novo foco de infestação na localidade de Santa Cruz, freguesia das Ribeiras – Lajes do Pico 

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 Figura 7-4: Partes de caixotes de madeira infestados com térmita de madeira seca, oriundos de San Jose, Califórnia, depositados num sótão de uma habitação na localidade de Santa Cruz das Ribeiras.

A poucos metros do imóvel onde inicialmente foi detectado o problema existe uma

habitação recuperada há 2 anos. O edifício anterior tinha cerca de 60 anos e segundo

relatos de vizinhos, há mais de 20 anos que se detectou deterioração da madeira e

“presença de bichos”, não se conseguindo, no entanto, determinar o destino final dado

às madeiras supostamente infestadas. Na traseira do imóvel mantém-se um anexo de

origem, cujo tecto se encontra infestado. Este anexo, segundo relato do antigo

proprietário, era usado para guardar caixotes de madeira vindos dos Estados Unidos

da América. Uma boa parte dos imóveis em que a infestação é positiva, a mesma está

circunscrita às zonas da falsa, as quais são de difícil acesso (Figura 7-5).

 Figura 7-5: Produção orgânica de térmita de madeira seca em falsa na localidade de Santa Cruz das Ribeiras – indício inequívoco da presença da uma espécie de térmita de madeira seca.

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Crê-se que a extensão da infestação possa ser maior, dado que se confirmou a

presença da praga nos limites Sul e Este do perímetro de 100 metros estabelecido a

partir do 1º foco de infestação detectado.

Foi iniciado um processo de monitorização e controlo da térmita de madeira seca

nesta localidade, à semelhança do que se tem feito nos últimos dois anos nas

restantes ilhas com presença da praga, através da colocação de armadilhas

cromotrópicas nos edifícios infestados (Figura 7-6). Estas armadilhas vão permitir não

só determinar o nível da infestação, bem como controlar a dispersão das colónias

durante a fase de enxameamento.

 Figura 7-6: Armadilha cromotrópica colocada em janela do sótão de uma das habitações infestadas com térmita de madeira seca na localidade de Santa Cruz das Ribeiras

A prioridade está agora em determinar a espécie de térmita existente nesta localidade.

Para tal a EMCTA requisitou à autarquia local o envio de uma amostra de madeira

infestada com uma colónia a fim de determinar a espécie. É também recomendável

realizar um levantamento detalhado de todos os edifícios das zonas circundantes,

estabelecendo-se um maior raio de acção, de forma a caracterizar a real escala do

problema. Após a determinação da espécie e estabelecida a real área de infestação

será possível partir para uma eventual hipótese de erradicação. Caso esta hipótese

seja viável, será necessário haver um esforço colectivo e integrado das instituições

competentes e dos proprietários dos imóveis infestados.

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7.5 Agradecimentos

Este estudo foi financiado pelo Projecto DRCT - M221-I-002-2009 TERMODISP – A

térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores: Monitorização dos

voos de Dispersão e prevenção da colonização. (2009-2011). Gostaríamos ainda de

agradecer à Câmara das Lajes do Pico pela colaboração prestada.

7.6 Referências Bibliográficas

Milano, S. & L.R. Fontes (2002). Termite pests and their control in urban Brazil.

Sociobiology, 40: 163-177.

Scheffrahn, R.H., University of Florida Institute of Food and Agricultural Sciences –

Department of Entomology and Nematology. (Acedido a 4 de Abril 2011)

http://entnemdept.ufl.edu/creatures/urban/termites/western_drywood_termite.htm

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Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão. Maria Teresa Ferreira1,2, Rudolf H. Scheffrahn1,2 & Paulo A. V. Borges1

1Azorean Biodiversity Group (CITA-A), Universidade dos Açores, Dep. Ciências Agrárias, 9700-042 Angra do

Heroísmo, Terceira, Açores; Email: [email protected] .

2Fort Lauderdale Research and Education Center, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, Fort

Lauderdale, FL, USA.

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como controlo da sua dispersão.  

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8. Determinação da origem e dispersão da térmita de madeira seca das Índias Ocidentais, Cryptotermes brevis (Walker), nos Açores usando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas de controlo da colonização para evitar a sua dispersão.

8.1 Sumário

Cryptotermes brevis (Walker) é uma térmita da madeira seca da família Kalotermitidae

e é uma praga urbana. Esta espécie foi encontrada nos Açores em 2000 e desde

então tornou-se a praga urbana principal no arquipélago.

De modo a identificar a origem e distribuição da espécie nos Açores, marcadores

genéticos foram usados para identificar a origem e o tipo de introdução da espécie

(única vs múltipla). DNA Mitocondrial e microssatélites foram usados para modelar as

relações das populações nos Açores. Os dados mostraram que houve múltiplas

introduções da espécie e que estas ainda estão a ocorrer. Os marcadores genéticos

também mostraram que o possível local de origem da infestação é na América do Sul.

Por fim, tratamentos preventivos foram estudados de forma a optimizar o controlo

desta espécie nos Açores e, possivelmente, diminuir a dispersão da infestação.

Diferentes comprimentos de onda de luz foram testados para determinar se havia

preferência por um determinado comprimento de onda por parte dos alados da

espécie, e foi verificado que as luzes do espectro do azul, branco e verde foram mais

atractivas do que as restantes testadas. Também foram testados químicos contra a

fundação de colónias e verificou-se que dois deles, permetrina e cipermetrina foram

eficazes contra os alados na prevenção da colonização. Este conhecimento pode ser

usado para ajudar a reduzir a dispersão da infestação onde esta já está presente.

8.2 Introdução

  Cryptotermes brevis (Walker) é uma térmita da madeira seca da família

Kalotermitidae (Isoptera). A térmita das Índias Ocidentais, C. brevis, é uma praga

muito destrutiva que causa danos elevados em artigos e estruturas de madeira nas

zonas tropicais e subtropicais do globo. Originária do Chile e do Peru, onde pode ser

encontrada infestando árvores na natureza, esta espécie poderá ter-se dispersado

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como controlo da sua dispersão.  

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inicialmente pelo mundo através do tráfego elevado de navios de madeira espanhóis

provenientes dessa zona no século XVI (Scheffrahn et al. 2009). O ciclo de vida desta

espécie é passado quase exclusivamente dentro da madeira, o que facilita o seu

transporte e dispersão.

Esta espécie foi inicialmente identificada no arquipélago açoriano no ano de 2000, e

desde então tornou-se a praga urbana mais importante desse arquipélago (Borges et

al. 2004). De forma a identificar a origem e dispersão da C. brevis nos Açores,

marcadores genéticos podem ser utilizados de forma a determinar se a espécie foi

introduzida nas ilhas uma única vez ou se existiram múltiplas introduções da espécie

ao longo do tempo.

O uso de ADN mitocondrial (mtDNA) e microssatélites permite modelar

estatisticamente as relações entre populações. O estudo do ADN mitocondrial é

vastamente utilizado pois tem variabilidade suficiente para dar informação filogenética

ao nível individual, populacional, e ao nível da espécie, dependendo da região de ADN

que é analisada. Os genes mitocondriais são herdados maternalmente e o mtDNA é

altamente variável em populações naturais devido à sua elevada taxa de mutação, o

que pode gerar dados conclusivos sobre a história de uma população num

determinado período de tempo. No entanto, quando se efectua uma análise

populacional, o uso de um único marcador genético não é suficiente.

Consequentemente estudos populacionais envolvem o uso de outro marcador

genético como por exemplo os microssatélites que possuem uma taxa de mutação

elevada e podem evidenciar variabilidade dentro de uma espécie. Numa

subpopulação, após várias gerações, os microssatélites recombinam-se e a variedade

de microssatélites é mantida e torna-se característica dessa subpopulação, sendo

distinta de outras subpopulações. Por essa razão microssatélites são usados em

estudos sub-populacionais.

Para este estudo os marcadores genéticos escolhidos para determinar quantas

introduções da espécie ocorreram nos Açores e qual o local de origem dessas

introduções foram o mtDNA que codifica os genes 16S rRNA e Cytb, e cinco loci de

microssatélites. Os genes 16S rRNA e Cytb foram utilizados por já terem demonstrado

bons resultados na resolução de questões filogenéticas com térmitas em geral

(Kambhampati et al. 1996, Legendre et al. 2008) e com a família Kalotermitidae

(Thompson et al. 2000) e o género Cryptotermes em particular (Legendre et al. 2008).

Os loci de microssatélites usados foram baseados em primers desenvolvidos para

uma espécie congenérica Cryptotermes secundus (Hill) (Fuchs et al. 2003).

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Outra forma de dispersão da térmita da madeira seca C. brevis ocorre durante a época

dos voos de dispersão. Nesta altura do ciclo de vida, adultos alados deixam a colónia

para se juntarem em pares de macho e fêmea e colonizarem novos locais. Durante

esta época tratamentos preventivos de forma a evitar a formação de novas colónias

poderão evitar uma maior dispersão da praga existente. O uso de armadilhas de luz é

comum na captura de insectos. Estudos demonstraram que a térmita C. brevis é

atraída pela luz durante os voos de dispersão, e luz com intensidade mais elevada

atrai mais alados do que luz com menor intensidade (Ferreira and Scheffrahn 2011). O

uso de armadilhas de luz tem sido recomendado como ferramenta de prevenção da

colonização pela C. brevis. No entanto, não existem estudos demonstrando se existe

um comprimento de onda de luz específico que possa ser mais atractivo para esta

espécie. Outro método preventivo comum é o uso de insecticidas. Nos Estados Unidos

vários estudos com diferentes insecticidas têm sido efectuados, no entanto as térmitas

da madeira seca não são uma praga comum na Europa. Consequentemente não

existem muitos estudos efectuados sobre a eficácia de produtos químicos disponíveis

na Europa como preventivos contra a térmita C. brevis. Alguns dos produtos

disponíveis são usados em geral como preservantes de madeira (Wocosen e

Xylophene) enquanto outros são usados como insecticidas (Borowood, Gentrol e XT-

2000).

O objectivo do estudo apresentado é determinar a origem, a forma de dispersão e o

controlo da térmita das Índias Ocidentais C. brevis com aplicação nos Açores,

testando as seguintes hipóteses:

Hipótese 1. A térmita C. brevis no arquipélago dos Açores está vastamente distribuída

em seis das nove ilhas, apresentando níveis de infestação. Este factor sugere que

possivelmente existiram múltiplas introduções desta espécie no arquipélago. Para

testar esta hipótese, estudos genéticos foram efectuados, comparando as diferentes

subpopulações das ilhas.

Hipótese 2. A origem da introdução da térmita C. brevis nos Açores é desconhecida e

devido à localização do arquipélago, esta poderá ter tido origem em vários pontos,

incluindo o continente Americano, Africa, e até Oceânia. Por forma a testar esta

hipótese, um estudo genético foi realizado, comparando as subpopulações das ilhas

com subpopulações de vários países.

Hipótese 3. A época dos voos de dispersão é a única altura no ciclo de vida da térmita

C. brevis em que esta se encontra fora da madeira. Durante esta época, tratamentos

preventivos são importantes na diminuição do risco de infestação. A hipótese testada

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foi que determinados comprimentos de onda são mais atractivos para os alados com

possível aplicação para armadilhas de luz. Também foi testada a hipótese que alguns

dos produtos químicos disponíveis na Europa poderem ser utilizados como

preventivos contra a formação de novas colónias desta espécie.

8.3 Metodologia

8.3.1 Análise filogenética

Térmitas

As térmitas foram recolhidas durante o mês de Agosto de 2009 em quatro das nove

ilhas dos Açores. Os locais de recolha foram: Ilha Terceira, em Angra do Heroísmo;

São Miguel, em Ponta Delgada; no Faial, na Horta; e em Santa Maria, na Maia. Todas

as térmitas foram recolhidas de estruturas infestadas, sendo os alados recolhidos de

teias de aranha, armadilhas colocadas pelos proprietários ou madeiras recolhidas das

estruturas infestadas. As térmitas recolhidas foram imediatamente colocadas em

etanol a 95%, para preservação.

Os espécimes adicionais que foram utilizados foram seleccionados da Colecção de

Térmitas da Universidade da Florida no Fort Lauderdale Research and Education

Center, em Davie, Florida. Estes espécimes encontravam-se preservados em etanol a

85%, resultando estes espécimes de recolhas feitas por colaboradores da

Universidade da Florida, ao longo de várias décadas. Locais e número de espécimes

utilizados são indicados nas tabelas Tabela 8-1 e Tabela 8-2.

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Tabela 8-1: Locais de colecta de térmitas nos Açores e número (N) de indivíduos utilizados na análise de dados.

Ilha Cidade Nome N Latitude Longitude

Terceira Angra do Heroísmo AA 7 38.655475° -27.219519°

Terceira Angra do Heroísmo AB 20 38.656608° -27.228125°

Terceira Angra do Heroísmo AC 4 38.654694° -27.226614°

São Miguel Ponta Delgada PDA 7 37.739322° -25.669872°

São Miguel Ponta Delgada PDB 5 37.742244° -25.665503°

São Miguel Ponta Delgada PDC 6 37.742300° -25.662792°

Faial Horta HA 20 38.540844° -28.625658°

Faial Horta HB 15 38.540731° -28.625842°

Santa Maria Maia M 20 36.939256° -25.014958°

Tabela 8-2: Locais de colecta de térmitas em vários pontos do globo e número (N) de indivíduos utilizados na análise de dados.

Área País Nome N Latitude Longitude

Africa República do Congo AFR 5 -4.3022 15.3052

Oceânia Austrália AUS 5 -25.5405 152.7155

América do Sul Venezuela VZ 5 10.4980 -66.9212

América do Sul Chile CLA 20 -27.8013 -70.1333

América do Sul Chile CLB 20 -33.0233 -71.6166

América do Sul Peru PEA 20 -11.9790 -77.0900

América do Sul Peru PEB 20 -13.0870 -76.3970

América do Norte USA FLD 20 24.5551 -81.7795

América Central Honduras HN 20 14.0087 -87.0144

América Central Costa Rica CR 15 9.9277 -84.0771

América Central El Salvador ELS 20 13.6633 -89.2580

Extracção e amplificação do DNA

DNA Mitocondrial. O DNA foi extraído usando um kit DNeasy ® Blood and Tissue

(Qiagen) de acordo com o protocolo fornecido. Após a extracção o DNA foi amplificado

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como controlo da sua dispersão.  

8-133 

com PCR usando os primers para os genes 16S rRNA e Cytochrome b usados por

Legendre et al. (2008). Cinco indivíduos por local de recolha foram utilizados para o

DNA mitocondrial e sequenciados individualmente. A sequenciação foi efectuada no

Laboratório de sequenciação da Universidade da Florida em Gainesville (ICBR).

Microssatélites. O mesmo DNA recolhido anteriormente foi usado para a análise de

microssatélites. Foram usados indivíduos até um máximo de 20, dependendo do

número disponível por local de recolha (ver tabelas 8-1, e 8-2). Os primers usados

para realizar o PCR foram adaptados de Fuchs et al. (2003). Para fazer o genotyping,

todos os produtos de PCR foram enviados ao Laboratório de sequenciação da

Universidade da Florida.

Análise de Dados

DNA Mitocondrial. A análise filogenética para os genes 16S rRNA e Cytb foi efectuada

usando o programa MEGA v5 (Tamura et al. 2011) usando se o método ClustalW para

o alinhamento. As sequências dos genes 16SrRNA e Cytb foram combinadas para

criar uma sequência mais robusta que seguidamente foi analisada com o software

Gblocks (Talavera and Castresana 2007) para eliminar regiões divergentes, inserções

e inversões. As sequências representativas dos locais de recolha foram analisadas

utilizando o método UPGMA (Sneath and Sokal 1973). A árvore de bootstrap criada foi

inferida recorrendo a 5000 replicações (Felsenstein 1985). As distâncias

evolucionárias foram calculadas utilizando o método Kimura para 2 parâmetros

(Kimura 1980) e baseadas no número de substituições por site. Sequências de

Kalotermes flavicollis foram utilizadas como out-groups.

Microssatélites. Para análise dos microssatélites o software Peak Scanner™ v1.0 (©

Copyright 2006, Applied Biosystems) foi usado para identificar os microssatélites. Os

softwares FSTAT 2.9.3.2 (Goudet, 2001) e GENEPOPV4 (© F. Rousset) foram

utilizados para calcular os valores de FST, FIS, e FIT para quantificar a perda de

heterozigotia, desequilíbrio de linkage e frequência de alelos nulos. O fluxo de genes

entre as subpopulações foi quantificado em termos de migrantes trocados entre

subpopulações por geração (Nm)calculado, usando o software GENEPOPV4 (© F.

Rousset). A distância genética foi calculada usando o método de Nei’s (1972) e uma

matriz e árvore de distância genética foi gerada usando o software Genetic Distance

Analysis 1.1 (Lewis and Zaykin 2001).

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como controlo da sua dispersão.  

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De forma a testar vários cenários de introdução nas ilhas, o programa DIYABC

(Cornuet et al. 2010) foi usado. Este software usa computações Bayesianas para

inferir origens, considerando efeitos de bottleneck quando ocorre uma introdução. Para

os cenários testados o pressuposto assumido é que as populações originaram de uma

população ancestral de tamanho NA, de onde se originaram as introduções nas ilhas.

Para testar a hipótese da forma de introdução da espécie nas ilhas (uma introdução

vs. múltiplas introduções) seis cenários foram testados (Figura 8-1), e a probabilidade

de cada cenário foi calculada usando um modelo generalizado de mutação (GSM)

para os loci de microssatélites. A tabela de referência foi criada para 50000

simulações com a probabilidade dos cenários calculada com uma regressão logística.

Para testar a origem da infestação o software DIYABC foi igualmente usado, com a

diferença que desta vez para os cenários testados o pressuposto assumido foi de que

haveria uma população ancestral de tamanho N2 de onde as consequentes

subpopulações se originaram. O tamanho da população ancestral foi assumido como

sendo maior do que das outras subpopulações N2>N1, N3, N4, N5, e N6. Para as

computações as subpopulações das diferentes regiões geográficas foram

consideradas como uma única subpopulação para cada região. Para estes testes

60000 simulações foram utilizadas, com uma regressão logística para testar as

probabilidades dos cenários. Seis cenários foram testados (Figura 8-2). Em todos os

cenários testados a população 2 (América do Sul) foi assumida como tendo um

tamanho efectivo N2 por um tempo indeterminado e eventualmente as subpopulações

divergiram dessa população ancestral. A população 2 foi assumida como sendo a

população ancestral, pois inclui as populações endémicas do Chile e Peru. Para

validar este pressuposto um cenário extra foi adicionado (Figura 8-3) em que se

considerou uma população ancestral desconhecida com tamanho efectivo NA de onde

as restantes populações divergiram. Para este cenário extra 20000 simulações foram

utilizadas com a regressão usada para calcular a probabilidade posterior.

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2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-135 

Figura 8-1: Cenários de introdução nas ilhas testados.

Horta Angra Maia Ponta Delgada Horta Ponta Delgada Angra Maia

Maia Ponta Delgada Angra Horta Ponta Delgada Angra Maia Horta

Horta Ponta Delgada Angra Maia Horta Angra Ponta Delgada Maia

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2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-136 

Figura 8-2: Cenários da possível origem da população nos Açores testados.

Central America

Africa Australia Azores North America

Central America

South America

Africa Australia North America

Azores Central America

South America

Africa Australia North America

Azores South America

Central America

Azores Australia Africa North America

South America

South America

Australia Azores Africa North America

Central America

CentralAmerica

South America

North America

Australia Azores Africa

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-137 

Figura 8-3: Cenário de origem da população nos Açores assumindo uma população ancestral desconhecida.

8.3.2 Experiência de preferência de comprimento de luz.

Para testar a atracção de alados a diferentes comprimentos de onda, seis tipos

diferentes de lâmpadas LED (Light Emitting Diodes) foram usadas, tendo diferentes

comprimentos de onda. Os comprimentos de onda usados foram os seguintes: 395 nm

(Ultra Violeta); 460-550 nm (Branco); 470 nm (Azul); 525 nm (Verde); 590 nm

(Amarelo); and 625 nm (Vermelho).

As luzes foram colocadas dentro de recipientes de plástico para isolá-las umas das

outras, e estes recipientes colocados num espaço com madeira infestada com C.

brevis. Os recipientes foram colocados com a abertura virada para a zona infestada do

espaço. Os diferentes tipos de comprimento de onda foram colocados de forma

aleatória com três réplicas por luz e com o controlo tendo a luz desligada. Debaixo de

cada luz foi colocado um pequeno recipiente com água para que os alados que voem

para a luz sejam capturados. Estes foram contados e preservados em álcool, todos os

dias, enquanto a experiência decorreu. Este set-up foi repetido na Florida no Fort

Lauderdale Research and Education Center (FLREC), onde os recipientes foram

Africa Australia Azores America South Central

America North

America

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-138 

colocados numa sala repleta de madeira infestada com C. brevis. As experiências

decorreram entre Abril e Setembro de 2009.

Análise de dados. Os dados recolhidos das experiências nos Açores e na Florida foram analisados

separadamente, usando uma ANOVA (SAS 2003) para testar se haveria diferenças

nas variâncias do número de alados por armadilha de luz por dia. A cor do

comprimento de onda foi usada como o factor na análise da ANOVA. Os dados foram

transformados por ln (valor+k) em que k=2. A hipótese nula testada foi que não havia

diferenças. O método de Tuckey (SAS 2003) foi usado para determinar quais os

comprimentos de onda que possuíam diferenças significativas.

8.3.3 Prevenção Química da colonização

Para testar os químicos como preventivos de colonização desta espécie modelos do

forro do telhado foram montados e tratados com produtos comercialmente disponíveis

nos Açores. Os produtos usados foram Xylophene (cipermetina 0.07%), Woocosen

(permetina 0.24%), Gentrol (Hydroprene 9.0%), XT-2000 (d-limonene 92%) e

Borowood (Borato de sódio 10%).

A madeira criptoméria (Cryptomeria japonica) que é usada na construção, foi usada

para montar os modelos. Foram comprados 36 barrotes com 39x10x7cm e 54 tábuas

de forro com 39x13x2cm e montados em 18 modelos de forro do telhado. Os modelos

de forro foram tratados com os diferentes químicos com 3 réplicas por químico e um

controlo sem tratamento. O tratamento consistiu em pincelar o produto em toda a

superfície do modelo. Os modelos foram colocados num espaço infestado com C.

brevis debaixo de uma fonte de luz ultra-violeta de forma a atrair os alados. Os

modelos foram colocados de forma aleatória e deixados para serem colonizados. Três

meses após o período de colonização estes foram desmontados e a mortalidade e o

número de alados sobreviventes foram registados.

Análise de dados. Uma ANOVA (SAS 2003) foi usada para testar a diferença entre as variâncias do

número de alados sobreviventes nas diferentes unidades com o tratamento como o

factor da ANOVA. O mesmo método foi usado para testar a diferença no número de

câmaras nupciais e número de ovos presentes. Todos os dados foram transformados

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-139 

por ln (valor+k) em que k=2. A hipótese nula testada foi a de que não havia diferenças

no número de alados sobreviventes nas unidades por cada tratamento, que não havia

diferenças no número de câmaras nupciais por tratamento, e que não havia diferença

no número de ovos por tratamento. Uma análise de Tukey foi posteriormente usada

para determinar quais os tratamentos que eram significativamente diferentes.

8.4 Resultados e Discussão

8.4.1 Análise filogenética

O software MEGA 5.0 produziu uma árvore filogenética para os genes combinados

para as diferentes subpopulações dos Açores. Podem-se observar dois ramos

distintos com 100% de resolução (Figura 8-4). As subpopulações de Ponta Delgada

(PD) e Maia (M) são mais próximas, com a Horta (H) aparecendo separada e Angra

distribuída pelos dois ramos. A árvore filogenética mostra um claro padrão. O facto das

subpopulações de Ponta Delgada e Maia estarem filogeneticamente mais próximas

não é surpreendente visto que a ilha de S. Miguel e Santa Maria serem

geograficamente próximas com bastante tráfego de bens e pessoas entre estas duas

ilhas, facilitando o transporte de madeiras infestadas. A subpopulação da Horta

aparece completamente separada das outras populações, sendo só próxima de uma

das subpopulações de Angra, indicando uma possível origem diferente. Baseado

nestes dados, o facto de haver dois ramos completamente distintos é indicativo de

terem ocorrido múltiplas introduções da térmita C. brevis no arquipélago dos Açores,

com pelo menos dois eventos distintos a acontecer. Mais concretamente, os dados

indicam que a espécie foi inicialmente introduzida nas duas cidades principais (Angra

e Ponta Delgada) e mais tarde alargou a sua distribuição para as outras ilhas.

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-140 

Figura 8-4: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações dos Açores.

Foram detectados um total de 33 alelos nas subpopulações dos Açores nos 5 loci

analisados. A heterozigotia média observada não foi significativamente diferente da

esperada para todas as subpopulações dos Açores (Tabela 8-3). Os valores FIS foram

baixos, alguns mesmo negativos, e não foram significativamente diferentes de 0. O

teste de Hardy-Weinberg para o desequilíbrio foi significativo (p-value=0.0076) com

desequilíbrio de linkage encontrado em dois loci. O fluxo de genes (Nm) calculado foi

de 3.77626 migrantes por geração. O diagrama de distância calculado para os dados

de microssatélites mostra as subpopulações da Maia e da Horta próximas uma da

outra (Figura 8-5).

M-2

PDA-5

PDB-1

PDA-2

M-1

M-9

AB-5

AC-2

AB-2

PDA-3

AB-4

HA-3

HA-2

HB-4

AA-3

HA-1

HA-4

HB-2

76

100

95

86

58

55

100

Kalotermes flavicollis

PDB-2

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-141 

Tabela 8-3: Estimativas da diversidade genética em 5 loci polimórficos de microssatélites de C. brevis dos Açores. Sub-

pop

Média

Esperada

Hz

Média

Observada

Hz

F da

ANOVA

p-value

para

ANOVA

No de Alelos

médio por

locus

FIS p-value*

AA 0.47 ± 0.10 0.54 ± 0.08 0.16 0.702 3 ± 1.22 -0.16 0.9613

AB 0.44 ± 0.07 0.39 ± 0.05 0.24 0.635 4 ± 1.22 0.13 0.0681

AC 0.54 ± 0.09 0.45 ± 0.11 0.26 0.627 2.6 ± 0.55 0.182 0.2132

PDA 0.42 ± 0.11 0.37 ± 0.08 0.07 0.802 2.6 ± 1.14 0.114 0.2954

PDB 0.56 ± 0.15 0.4 ± 0.10 0.72 0.421 3 ± 1.58 0.304 0.0394

PDC 0.59 ± 0.06 0.57 ± 0.09 0.04 0.849 3.6 ± 0.55 0.05 0.4262

HÁ 0.46 ± 0.09 0.43 ± 0.05 0.02 0.883 4 ± 2.12 0.059 0.2835

HB 0.43 ± 0.09 0.48 ± 0.06 0.14 0.715 3.4 ± 1.14 -0.124 0.9446

M 0.40 ± 0.10 0.46 ± 0.05 0.14 0.722 4 ± 1.87 -0.148 0.9915

*p-value para F maior que o observado, em testes randomizados.

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-142 

Figura 8-5: Diagrama das distâncias genéticas das subpopulções dos Açores baseado nos dados de microssatélites.

As subpopulações açorianas, no entanto, poderão ainda estar a trocar genes. Um

valor de fluxo de genes de 3.7 por geração é elevado. Populações isoladas

usualmente possuem um valor abaixo de 1.6 (Hart e Clark 2007). Isto leva a crer que

não só houve mais do que uma introdução, mas que ainda estão a ocorrer introduções

da espécie nos Açores. O diagrama de distância mostrou as subpopulações da Horta

e Maia mais próximas com Angra num ramo completamente diferente. Isto é indicativo

de grande diversidade nas subpopulações, pois os dados dos microssatélites parecem

contradizer os dados mitocondriais. Os microssatélites são uma boa ferramenta no

estudo de populações recentemente introduzidas, pois mostra a variabilidade melhor

que o DNA mitocondrial. O cenário de múltiplas introduções é suportado pelos dados,

ambos mitocondriais e dos microssatélites. Os cenários testados com o software

0.1

Angra B

Angra C

Ponta Delgada A

Ponta Delgada B

Ponta Delgada C

Horta A

Horta B

Maia

Angra A

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como controlo da sua dispersão.  

8-143 

DIYABC tiveram uma probabilidade baixa de serem o cenário de introdução das

subpopulações nas ilhas, com excepção dos cenários 3 e 5. Estes cenários tiveram

uma probabilidade de serem o cenário de introdução de 40 e 50% respectivamente

(Figura 8-6), mostrando que os cenários mais prováveis de introdução nas ilhas foram

de pelo menos duas introduções independentes.

 

Figura 8-6: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites, para as subpopulações dos Açores.

A árvore filogenética gerada para determinar a origem das introduções resultou em

dois ramos principais com uma resolução inferior a 70% (Figura 8-7). As populações

endémicas apareceram distribuídas em ambos os ramos (amarelo), bem como as

subpopulações açorianas (cinzento). Metade das subpopulações de Angra e a

subpopulação da Horta apareceram junto a subpopulações de África, Austrália, Chile,

Peru, Costa Rica e El Salvador com 90% de resolução. No entanto não há uma origem

específica dentro dos dados obtidos com o mtDNA. A diversidade das populações

açorianas, no entanto, é semelhante à diversidade que se vê nas populações

endémicas.

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-144 

Figura 8-7: Árvore filogenética representando a relação entre as subpopulações de vários países e dos açores.

Foram detectados um total de 37 alelos nas subpopulações nos 5 loci. A média

esperada e observada de heterozigotia não foram significativamente diferentes para

todas as subpopulações (Tabela 8-4). O número médio de alelos por subpopulação

variou entre 1.8 e 5.4. Os valores de FIS variaram entre -0.079 e 0.302 (Tabela 8-4).

Os valores não foram significativamente diferentes de 0 excepto para a Venezuela,

Kalotermes flavicollis

AFR-2 FLD-3 AB-1 AB-2 PDA-3 AC-2 PDB-2 PDB-5 PDC-1 PDB-2 M-2 M-7 M-1 PDB-1 M-9 AB-5 VZ-1 VZ-5 CLA-1 CLA-2 CLA-3 CLA-5 PEA-4 CR-2 CLA-4 AFR-5 AFR-3 AUS-2 AUS-5 AUS-1 CR-1 CLB-2 AA-3 HB-5 HA-5 AA-1 PEB-1 PEB-4 PEB-2 HA-2 HB-4 HA-1 HA-4 HB-1 HB-2 HB-3 HA-3 CR-3 HN-1 PEA-3 HN-5 ELS-1 ELS-3 ELS-4 ELS-5 AFR-4 CLB-1 CLB-3 AB-4 CR-4 HN-4

96

71

70

65

90

6761

62

66

61

66

64

53

61

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como controlo da sua dispersão.  

8-145 

África e Austrália. O teste de Hardy-Weinberg para o desequilíbrio foi significativo (p-

value=0.000) com desequilíbrio de linkage presente em todos os loci. O fluxo de genes

calculado foi de Nm=0.605876 migrantes por geração. Embora, o fluxo de genes seja

reduzido entre as subpopulações, os alelos presentes são partilhados pelas

populações, mostrando a sua origem comum. O baixo valor para o fluxo de genes é

indicativo de populações isoladas, o que seria expectável visto as subpopulações

analisadas estarem geograficamente isoladas por muito tempo. Tabela 8-4: Estimativas da diversidade genética em 5 loci de microssatélites polimórficos de C. brevis de amostras de vários continentes.

Pop Média

Esperada

Hz

Média

Observada

Hz

F da

ANOVA

P-value

da

ANOVA

No Médio

de alelos

por locus

FIS p*-value

CLA 0.52 ±

0.12

0.42 ±

0.05 0.31 0.593 4.4 ± 1.52 0.199 0.0032

CLB 0.51 ±

0.13

0.45 ±

0.05 0.11 0.746 5.2 ± 3.42 0.118 0.0472

PEA 0.64 ±

0.05

0.48 ±

0.05 2.77 0.135 5.4 ± 2.07 0.249 0.0001

PEB 0.57 ±

0.08

0.44 ±

0.05 1.80 0.217 4.8 ± 2.39 0.236 0.0005

CR 0.49 ±

0.12

0.35 ±

0.06 0.70 0.428 3.8 ± 1.92 0.302 0.0006

ELS 0.37 ±

0.12

0.32 ±

0.05 0.09 0.776 4.4 ± 2.88 0.142 0.0321

VZ 0.22 ±

0.15

0.16 ±

0.07 0.11 0.751 1.8 ± 1.30 0.289 0.1676

HN 0.45 ±

0.13

0.38 ±

0.05 0.13 0.726 4 ± 2.35 0.166 0.0224

FLD 0.61 ±

0.08

0.53 ±

0.05 0.72 0.421 4.8 ± 2.68 0.13 0.0303

AUS 0.45 ±

0.13

0.48 ±

0.10 0.02 0.884 2.4 ± 1.14

-

0.079 0.7564

AFR 0.29 ±

0.15

0.24 ±

0.09 0.08 0.789 2 ± 1.22 0.2 0.2784

*p-value para F maior que o observado para testes randomizados.

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R e l a t ó r i o   G e r a l   d e   A c t i v i d a d e s  

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A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-146 

O diagrama de distância calculado para os microssatélites mostra que as

subpopulações de Angra do Heroísmo são separadas das outras subpopulações

todas, enquanto o resto das subpopulações açorianas aparecem próximas das

subpopulações da Venezuela e Peru (Figura 8-8). Estes dados são indicativos de uma

possível origem das populações de Ponta Delgada e Maia e Horta como sendo na

América do Sul.

Os resultados obtidos com o software DIYABC para a probabilidade dos cenários da

origem da população dos Açores testados revelaram que o cenário 1, onde todas as

subpopulações testadas teriam divergido de uma população ancestral que

eventualmente daria origem às populações Sul Americanas, era o cenário com maior

probabilidade de ser o cenário de origem (Figura 8-9). Mesmo quando comparando o

cenário 1 com um cenário onde todas as populações seriam originárias de uma

população ancestral desconhecida (Cenário 2A) o cenário 1 aparece com maior

probabilidade com 80% (Figura 8-10).

Scheffrahn et al. (2009) já havia descoberto que as populações endémicas de C.

brevis se encontravam na América do Sul, nomeadamente no Chile e no Peru. Este

estudo veio provar esse facto. Neste caso, as subpopulações dos Açores de Ponta

Delgada, Horta e Maia são originárias da América do Sul (Chile, Peru e Venezuela). A

subpopulação de Angra no entanto é demasiado diversa para que se possa determinar

um ponto de origem específico.

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2 0 1 1  

 

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-147 

Figura 8-8: Diagrama de distância genética calculado para todas as populações amostradas.

0.01

Angra B

Angra C

Chile A

Honduras

Peru B

Florida

Australia

Chile B

Costa Rica

El Salvador

Africa

Venezuela

Ponta Delgada A

Ponta Delgada B

Ponta Delgada C

Peru A

Maia

Horta A

Horta B

Angra A

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2 0 1 1  

 

A z o r e a n   B i o d i v e r s i t y   G r o u p  

A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-148 

Figura 8-9: Probabilidades calculadas para os vários cenários testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas.

Figura 8-10: Probabilidades calculadas para os cenários 1 e 2 testados com o programa DIYABC para os dados dos microssatélites para todas as subpopulações amostradas.

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2 0 1 1  

 

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-149 

8.4.2 Experiência de preferência de comprimento de luz.

,Nas armadilhas de luz utilizadas na Florida foram capturados um total de 991 alados.

A luz Azul foi a que teve o maior número de alados nas armadilhas, mas não foi

significativamente diferente da luz Branca e Verde (Tabela 8-5). Houve diferenças

significativas no número de alados capturados nas armadilhas nos diferentes

comprimentos de onda (F=17.00; p<0.05). Tabela 8-5: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida. Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05).

Comprimentos de onda Número Total de alados

por Comprimento de onda

Número médio de alados

por armadilha por dia

(±SE)

Controlo 2 0.10 ± 0.02 a

625 nm (Vermelho) 6 0.29 ± 0.06 a

590 nm (Amarelo) 26 1.10 ± 0.24 a,b

395 nm (U.V.) 110 4.80 ± 1.05 a,b

460-550 nm (Branca) 262 11.86 ± 2.58 b

525 nm (Verde) 298 13.62 ± 2.97 b

470 nm (Azul) 343 15.42 ± 3.37 b

Nos Açores, as armadilhas colocadas capturaram um total de 1835 alados. A luz Azul

teve o maior número de alados capturados (388), enquanto o Vermelho e o Controlo

tiveram o menor número (Tabela 8-6). Houve diferenças significativas no número de

alados capturados nas armadilhas por comprimento de onda (F=5.4; p<0.05).

Tabela 8-6: Número total e médio de alados capturados nas armadilhas de luz na Florida. Valores com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05).

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2 0 1 1  

 

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A origem e dispersão da Térmita de madeira seca das Índias Ocidentais Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores, utilizando marcadores genéticos, e teste de medidas preventivas na fundação de colónias 

como controlo da sua dispersão.  

8-150 

Comprimentos de onda Número Total de alados

por Comprimento de onda

Número médio de alados

por armadilha por dia

(±SE)

Controlo 79 3.29 ± 0.63ª

625 nm (Vermelho) 97 4.04 ± 0.95ª

590 nm (Amarelo) 228 9.50 ± 2.37a,b

395 nm (U.V.) 304 12.67 ± 3.05a,b

525 nm (Verde) 362 15.08 ± 3.78b

460-550 nm (Branco) 377 15.71 ± 3.17b

470 nm (Azul) 388 16.17 ± 4.017b

Os alados nos Açores e na Florida mostraram um comportamento semelhante em

relação à preferência de comprimento de onda. Quando dada a escolha entre os

vários comprimentos de onda, os alados voaram maioritariamente para as luzes Azul,

Verde e Branco. A principal razão pela qual é importante estudar as preferências do

comprimento de onda de luz é para optimizar as armadilhas de luz usadas contra a C.

brevis durante a época dos voos de dispersão. O uso de LEDs simples, que podem

ser facilmente adquiridos, pode ser uma boa forma de envolver o público nos

tratamentos preventivos contra esta térmita nos Açores. Outra vantagem de usar LEDs

é que, como estas são luzes frias, o risco de incêndio é menor. Nos Açores os locais

de infestação são principalmente em propriedades privadas e a promoção do uso de

armadilhas simples (LEDs com armadilhas de cola ou com água próxima para capturar

os alados) poderá ajudar a diminuir a dispersão desta espécie.

8.4.3 Prevenção Química da colonização

Foram recolhidos um total de 3896 em todos os módulos usados. Houve diferenças

significativas entre os tratamentos para o número de de alados vivos, número de

câmaras nupciais e número de ovos (Tabela 8-7). Tanto para a cipermetrina como

para a permetrina não houve sobreviventes. Nos restantes tratamentos houve

sobreviventes com o d-limonene a não ser significativamente diferente do controlo. Os

resultados indicam que a cipermetrina e a permetrina são bons químicos preventivos

para serem usados na madeira contra a térmita da madeira seca C. brevis.

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como controlo da sua dispersão.  

8-151 

Tabela 8-7: Média ± SE por módulo de alados vivos de C. brevis, número de câmaras nupciais e número de ovos. Valores com a mesma letra não foram significativamente diferentes p<0.05.

Tratamento Número de alados Número de

câmaras

Número de ovos

Controlo 23.33 ± 2.91a 11.67 ± 1.45 a 5.00 ± 2.00 a

d-limonene 26.00 ± 4.73 a 12.67 ± 2.33 a 4.00 ± 1.53 a

Borato de Sódio 12.67 ± 2.03 a,b 6.00 ± 1.15 a,b 1.00 ± 0.58 a,b

Hydroprene 7.67 ± 2.96 b 3.67 ± 1.45 b 1.67 ± 0.33 a,b

Permetrina 0 ± 0 c 0 ± 0 c 0 ± 0 b

Cipermetrina 0 ± 0 c 0 ± 0 c 0 ± 0 b

F 40.01 32.51 8.62

gl1 5 5 5

gl2 12 12 12

p 0.000 0.000 0.001

8.5 Conclusão

A térmita Cryptotermes brevis nos Açores é uma praga urbana importante. Neste

momento está estabelecida e irá dispersar-se cada vez mais, inclusive para as outras

ilhas. Esta espécie foi introduzida múltiplas vezes no arquipélago e continua a ser

introduzida. Este estudo revelou que o cenário de múltiplas introduções é o cenário

mais provável. A América do Sul parece ser o ponto de origem das introduções desta

espécie, nomeadamente Chile, Peru e Venezuela. Foi confirmado neste estudo que a

térmita C. brevis ainda está sujeita a fluxo de genes, não só de fora das ilhas, mas

também entre ilhas. É portanto importante trabalhar em formas de prevenir a dispersão

desta espécie tanto dentro das ilhas como entre as ilhas. A combinação do uso de

insecticidas com armadilhas de luz poderá ser um passo a tomar no sentido da

prevenção da dispersão desta espécie.

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como controlo da sua dispersão.  

8-152 

8.6 Referências Bibliográficas

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