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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PROJETO A VEZ DO MESTRE MAGDA SUELY CARVALHO MESQUITA ORIENTADORA MARY SUE JULHO / 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MAGDA SUELY CARVALHO MESQUITA

ORIENTADORA MARY SUE

JULHO / 2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DANÇA EXPERIÊNCIA DE AMOR – UMA VIVÊNCIA

ESPECIAL, RUMO A INCLUSÃO

Magda Suely Carvalho Mesquita

Monografia apresentada como exigência parcial à conclusão do Curso de Pós-Graduação em Educação Inclusiva da Universidade Candido Mendes.

Orientadora: Mary Sue.

JULHO / 2005

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter concedido-me encontrar pessoas diferentes e

dar-me à sensibilidade para aprender dia-a-dia com elas.

As minhas companheiras de trabalho Ana Paula Coutinho (Pedagoga),

Célia Liberato (Psicóloga) e Patrícia Coropos (Terapeuta Ocupacional), por me

acolherem e me ensinarem a caminhar com seriedade e profissionalismo.

A minha família, pelo incentivo e pela valorização a mim e ao meu

trabalho.

Ao Pedro meu companheiro sempre presente, ao Yago e Maria Luisa

meus filhos, vocês são um grande presente de Deus.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os meus alunos, por fazerem renascer a

cada dia em mim a certeza que o caminho é este, que a arte quebra barreiras,

sendo capaz de traduzir o gesto mais simples e o mais técnico com o mesmo

olhar, olhar que não exclui, que não separa, o olhar com a sutileza e clareza

d’alma.

RESUMO

Esta pesquisa objetivou apontar a importância da dança como instrumento que

pode ajudar a realizar verdadeira a inclusão de Portadores de Necessidades

Educacionais Especiais em todos os setores da nossa sociedade e objetivou

também observar e examinar a prática de professores de dança que trabalham

com grupos que têm pessoas não acometidas por alguma deficiência e

pessoas portadoras de deficiência. Observamos primordialmente a

apresentação de grupos de dança que apresentam espetáculos que mostram

um pouco de suas histórias. Apresentamos algumas deficiências suas causas e

características, pois acreditamos ser necessário o conhecimento sobre estas

para um atendimento e inclusão consciente dos potenciais e dificuldades do

educando. Ponderamos a prática educacional apontando a importância do

educador ser instrumento para elevação do educando, sendo ele facilitador

para o encontro do indivíduo portador de deficiência com o mundo. Por fim

apresentamos o desenvolvimento do espetáculo uma análise sobre a coleta de

dados e observação.

METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica e

observação, tendo como objeto de estudo o grupo I Movimento que é

constituído por indivíduos Portadores de Necessidades Educativas Especiais

(múltiplas) da APAE Meriti.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO:..............................................................................................................................08

CAPÍTULO I – A MAGIA DE SER ESPECIAL...............................................................................10

CAPÍTULO II – A DANÇA: primeiros passos.................................................................................14

CAPÍTULO III – CONSTRUINDO O ALICERCE RUMO A INCLUSÃO........................................24

CAPÍTULO IV – DANÇANDO: uma abordagem específica a cada deficiência.............................31

CAPÍTULO v – DANÇA EXPERIÊNCIA DE VIDA, O ESPETÁCULO DA INCLUSÃO..................53

CONCLUSÃO................................................................................................................................61

ANEXOS........................................................................................................................................66

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................73

INTRODUÇÃO

A necessidade de descobrir, aprender coisas novas é inerente do ser humano. O homem nasce sedento de experiências, quer conhecer, apropriar-se do conhecimento, e esta aprendizagem ocorrida em todas as fases da sua vida que o mantém vivo, o torna integrante de uma sociedade e lhe permite participar, criar e transformar sua história e a história de seu tempo.

Partindo do princípio, de que a educação se estabelece através da

experiência obtida no contexto sócio- cultural, seu campo de abrangências

transcende o espaço formal.

A educação tem que se assumir como integrante essencial da condição

humana, e tendo na incerteza instrumentos necessários para humanizar,

buscando essa humanização abrimos espaço para citar os PNEE, falando a

respeito de avanços e até retrocessos em relação ao movimento de

desrotulação para a inclusão do PNEE a sociedade.

O movimento pela sociedade inclusiva é internacional e o Brasil está

engajado nele, é conveniente que esteja, pois temos cerca de quinze milhões

de deficientes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), e quase a

totalidade está, provavelmente aguardando a oportunidade de participar

plenamente da vida em sociedade, como tem direito.

A política atual sobre o portador de necessidades educativas especiais é

o resultado de um lento caminhar; é uma história com ganhos, às vezes

considerados insignificantes, mas que, na realidade, ajudam a construir a idéia

da inclusão; por exemplo, o Programa Mundial de Ação relativo às pessoas

com deficiência, adotado pela ONU, em 1982, definiu o conceito de

incapacidade como resultado da relação da pessoa deficiente ou não com o

meio. Deste modo, a incapacidade passou a ser vista não mais como sendo

um problema desta pessoa mas como problema de todos nós. Este mesmo

programa oficializou o conceito de “igualdade de oportunidades para todos”.

A proposta deste trabalho de pesquisa, é levar a arte da Dança aos

PNEE, otimizando sua prática como meio de Inclusão, onde essa pessoas são

capazes de obter um melhor desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo,

estando ainda inclusos ao meio social, a qual pertencem sendo valorizados

enquanto cidadão.

CAPÍTULO 1

CONHECENDO A MAGIA DE SER ESPECIAL

“Se sozinho tentasse entender esse mundo, mais cem anos eu levaria, convivendo com indivíduos especiais, encurtei um pouco esse caminho.”

(Karina Martins)

A deficiência não pode ser vista como uma qualidade presente no

organismo ou no comportamento do ser humano. A interpretação e as reações

de outras pessoas acerca da deficiência são determinantes para que o

indivíduo seja definido como sendo, ou não, deficiente (OMOTE,1994, 1999).

A percepção preconceituosa do PNEE e as formas impróprias de lidar com eles, segundo Ferreira (1998 a), é produto da desinformação, e a Educação processo de transformação do homem pode, e deve, envolver-se com esta questão. Há que se trabalhar por uma Educação Inclusiva, que resulte na formação de uma sociedade para todos, a Sociedade Inclusiva, na qual a deficiência do outro é também problema de todos e, portanto, juntos, todos devem ir a busca de estratégias, se não solucionadoras, pelo menos minimizadoras das dificuldades deste outro (FERREIRA, 1998 b). Neste tipo de sociedade segundo Verneck (1997), ninguém vai precisar ser bonzinho, ao contrário, já é suficiente que cada cidadão seja responsável pela qualidade de vida de seu semelhante, por mais diferente que ele realmente seja, ou pareça ser. Ainda há muito a ser feito para que se construa a Sociedade Inclusiva, mas conforme aponta Ferreira (1999), é uma proposta viável, desde que se processe de modo responsável, com envolvimento, e não apenas com interesse; com preparo, e não apenas com a intenção daqueles que se propõem a construí-la.

Devem existir várias propostas educacionais para tal, e uma delas é a

educação Biocêntrica – aquela que considera a vida como centro de todo o

trabalho pedagógico, valorizando sentimentos e emoções, por meio da criação

de um ambiente que propicie confiança, participação e liberdade para

expressar e criar. Segundo Cavalcanti (2001), o que se pretende com a

Educação Biocêntrica é que “(...) através da expressão da identidade, de ser o

que se é, cada pessoa possa gerar novas formas de civilizações na busca da

realização, de prazer e de felicidade“ (p.131).

Independente de sua condição social econômica, física ou mental, todo

ser humano é dotado de uma característica fundamental: a Emoção. Ela está

presente no olhar, no sorriso, no gesto, na palavra. A Arte possui várias

maneiras de comunicá-la, uma das mais belas e mágicas é a Dança que unida

à música, possuem a capacidade de invadir nossos corpos, transformar

nossos sentimentos e sensações em movimentos, resultando assim, em nossa

própria linguagem, denominada Linguagem Corporal.

Para os PNEE, que não possuem meio de comunicação sistemática, a Arte pode

viabilizar seu contato com as diversas linhas de Expressão, favorecendo a principio sua

interação social, seu autoconhecimento e a construção ou reconstrução de sua

identidade, assim, estaremos a um passo de promover a tão sonhada, Inclusão Social

que tanto buscamos.

O artista é a essência e para expressar-se não existe modelo pré-

estabelecido, o que se espera é que pelo reconhecimento do próprio corpo, o

PNEE se reconheça harmônico numa relação com os outros e especialmente

consigo mesmo.

1. Movimento - A Arte em expressão...

Para trabalhar com PNEE, é fundamental ter sensibilidade, dinamismo,

criatividade e acima de tudo, crença naquilo que faz, e no potencial desses

alunos. No período de 03 de março a 10 de abril de 2005, pode ser observado

o Grupo I MOVIMENTO da APAE-MERITI, grupo este, portador de diversas

deficiências (síndrome de Down, paralisia cerebral, deficiência mental,

deficiência auditiva, microcefalia e outras), tendo uma faixa etária de 16 a 27

anos, o contato de observação foi feito, durante o encontro denominado,

Oficina de dança realizada duas vezes por semanas, com uma duração de 40

minutos cada encontro.

Alguns alunos não se expressam verbalmente, fazendo o uso de gestos

ou balbucios, outros fazem uso da leitura e da escrita, assim como, participam

também, alunos em processo de alfabetização.

Outro ponto importante a ser ressaltado, é a locomoção, entre os alunos

existem portadores de hemiplegia, pequenas paralisias de membros e desvios

posturais

Uma Arte sem barreiras, não pode existir como apenas sonho, refém

das utopias pessoais, precisa concretizar-se no chão das relações sociais,

contribuindo para a quebra da exclusão, sendo este, um gigantesco passo. A

produção artística, ainda que pessoal, é parte do processo social e por isso, a

Inclusão Artística pode ser uma das alavancas, que propicia a Inclusão Social.

CAPÍTULO 2

A DANÇA : PRIMEIROS PASSOS, PRIMEIROS

MOVIMENTOS.

No princípio era o verbo e o verbo estava em

Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, sem Ele nada

se fez. No princípio era a Dança. E a Dança estava no

ritmo e o ritmo era a Dança.

No começo era o ritmo e tudo foi feito por ele. Sem

ele nada se fez. O princípio da Arte é a Dança.

(Serge Lifar citado por Milena Morozovicz, 1996)

A Dança é tão antiga como a própria vida humana. Nasceu na expressão das

emoções primitivas, nas manifestações, na comunhão mística do homem com a

natureza.

O homem que ainda não falava, se utilizou do gesto rudimentar para

expressar suas emoções num ritmo natural. A dança na vida do homem

primitivo tinha muito significado, porque fazia parte de todos os acontecimentos

de sua vida: nascimento, casamento, mortes, caça, guerras (onde exibiam

lutas), iniciação à adolescência, fertilidade e acasalamento (eróticas), doenças,

cerimônias tribais, vitórias, paz, sementeira, colheita, festa do sol e da lua.

2.1- A dança e suas divisões

Dança Folclórica- Representa uma das manifestações espontâneas do

povo. Ela não tem autor conhecido, é obra do povo que cria, passam de

geração a geração.

Dança da Corte- No início do século XV, a dança se manifesta nas

aldeias e praças públicas como atividade lúdica que foram transferidas para

salões da nobreza. Assim formaram-se duas correntes de danças que

representavam os grupos sociais existentes: uma dança campestre, realizada

pelos camponeses e aldeões que perduraram coma Danças Folclóricas, a

outra, a dança aristocrática para a distração dos reis, príncipes e personagens

da linha senhorial, a chamada Dança da Corte, que foi remota origem do balé.

Ballet Clássico- No Renascimento os artistas são

valorizados, e aparece um novo personagem, o mestre

da dança. Esses artistas eram aqueles que

sobressaíam no dançar ou em realizar acrobacias.

Muitos deles eram judeus que reagiram ao estatismo

da morte por ocasião de guerra e pestes, expressando

alegria nos festejos com cantos e danças.

Os mestres montam seqüências de movimentos e aparecem os

primeiros tratados de coreografias. Surge então o termo balleto, referindo-se a

uma composição. Durante os séculos XV e XVI, as danças da corte refinaram

os movimentos dançados pelo povo, dando origem ao balé. Essas

composições levadas para a França são transformadas no ballet, gênero que

alternava recitativos, canto, música e dança.

Embora a Renascença italiana tenha dado ao ballet uma estrutura

diferente, separando-o da Idade Média, foi na França (século XVIII) que o ballet

floresceu especialmente e abriu horizontes para o ballet clássico.

Durante muito tempo os balés foram diversão dos príncipes e cortesãos

e por eles mesmos realizados. Pouco a pouco os bailarinos profissionais

substituíram a nobreza, e os balés passam dos salões aos teatros como

espetáculo propriamente dito.

Jean Georges Noverre (séculos XVII-XVIII ) transforma o balé num

gênero puramente dançado.

Já o romantismo em matéria de balé apóia-se na arte de Maria Taglioni,

que impõe para sempre como representação da dançarina clássica a imagem

da mulher etéria, casta, envolta em véus brancos, coroada de flores,

despojadas de jóias e sustentando-se sobre a ponta dos pés com sapatilhas

especiais.

A Rússia, influenciada pela França e Itália contribuiu de forma decisiva

para o desenvolvimento do balé, como obras imortais do ballet russo, cita-se “A

Bela Adormecida“ criada por Marius Petipa sobre a música de Tchaikowisy.

Dança Moderna- No início do século XIX o aparecimento da dançarina

Izadora Duncan proporciona o nascimento de uma magnífica era da dança. Em

seu desejo de reconferir à dança sua verdadeira essência, Duncan instaurou a

dança LIVRE se opondo ao rigor do balé. Despojou-se das roupagens usadas

na dança clássica, e com os pés descalços e o corpo coberto por túnicas

soltas. Sua dança era completamente pela expressão corporal e improvisações

totais, ela preconizava que a dança não devia ser a repetição de passos já

instituídos, devia ser livre e expressar os sentimentos mais íntimos do bailarino.

2.2 – Dança escolar - expressão corporal e liberdade

O gesto em si nada significa, seu valor reside no

sentimento que o inspira, e a dança jamais terá validade,

se não estiver calcada em movimentos e emoções

humanas.

Dalcroze citado por Fahlbussch, 1990

A dança aplicada à escola (Dança Escolar), deve fazer com que seus

alunos vivenciem uma variedade de passos e gestos, que espontaneamente

resulte na combinação de movimentos, fruto de sua rica vivência motora.

Com liberdade de expressão, cada aluno é motivado a buscar dentro de

si próprio a fonte inspiradora de sua movimentação.Com isso há libertação do

espírito – sentimentos e pensamentos – no movimento dançado. Contudo, é

fundamental que os movimentos se inspirem na música, e expresse no corpo, o

estado da alma. Oferecendo ao aluno a oportunidade de elaborar seus próprios

movimentos e ser agente do conhecimento, esta dança desenvolve a iniciativa

e a autonomia, qualidades voltadas à liberdade de ser e estar no mundo.

Os seres humanos estão sendo padronizados, principalmente por

influência dos meios de comunicação, hoje impregnados pela globalização.

A dança escolar proporciona a “liberdade” pela expressão corporal.

Porém, os alunos que estiverem muito condicionados e oprimidos vão resistir a

ela, e preferir a apatia e o conformismo em apenas copiar os modelos

estabelecidos.

Isso significa que atuar com a dança escolar pode não ser uma tarefa

fácil, mas, é uma maneira de colocar a educação que o grande pedagogo

Paulo Freire chama de Educação Libertadora. A educação que possibilita ao

aluno entender e viver seus deveres e seus direitos, e que desenvolve a

autonomia para no mundo como agente transformador.

2.3 – O professor de dança escolar

O professor (independente de sua formação - Educação Física ou

Professor de Dança) deve ser um agente multiplicador de entusiasmo, que

facilita caminhos para o aluno e todos em sua volta. Entende-se que um

professor é o alicerce na complementação de um Educador. Este por sua vez,

tem como meta o entendimento de sua função crítica e social, metodológica e

filosófica no contexto da formação humana.

O educador, naturalmente, procura capacitação, altera posicionamentos

e faz a construção do novo, aprender a aprender, ou seja, desperta para suas

funções paralelas de ensinar a aprender.

“Difícil” é uma palavra pequena e eu torço por sua extinção. “Não dá

para” é uma expressão sem nexo algum no meu vocabulário (Claudia Galvani,

et alii, 2002).

O professor não é a ponta da pirâmide social, mas si o expoente

revelador de desígnios, daquilo que se busca, que se quer. Se desejo uma

escola melhor, um conteúdo aplicável, um aluno recíproco, a mudança

intrínseca refaz rapidamente o comportamento, a visão global e as atitudes de

interrelações pessoais. O professor que quase dança não dança!

O professor deve: ousar, desejar, lutar e libertar-se, indo em busca de

seus sonhos. A liberdade está dentro do corpo do ser e não é diferente com o

professor, percebê-la, criar condições para tal é acreditar na transformação e

na construção de uma nova Educação.

2.4 – A dança para PNEE.

Compreender a natureza que nos cerca, e que está em nós é um meio

eficaz e objetivo para virmos a melhorar e compreender a VIDA.

Conscientizar-se, reelaborar conteúdos, dinamizar potenciais criativos,

superar limites, tornando-se mais humano, individualizar-se. Esses objetivos

pertencem a nós. Fazer arte é lidar com variáveis infinitas, como com o próprio

SER HUMANO, é compromisso com a alta consciência e com a

TRANSFORMAÇÃO.

Se a inspiração artística é um fluxo passageiro e causador de uma

intuição, ela é um gesto que pode acontecer no homem enquanto ser cultural,

o que significa ocorrer também como o PNEE. O que se necessita é a

realização de um corajoso ajustamento narcísico da imagem interior à exterior,

o impulso cultivado da paixão de criar, o aprendizado de técnicas que permitam

a criação artística a partir das condições dadas do corpo ou de materiais

possíveis de serem utilizados. Torna-se importante essa interação entre o

artista PNEE e seu mundo exterior, e os outros artistas.

A Educação da sensibilidade pela arte é uma forma de evitar que se

agrave a visão unilateral do mundo que o homem contemporâneo passa a ter

em virtude do impacto tecnológico; de restituir uma visão humanista

globalizadora que compense o crescente prestígio da especialização em

campos cada vez mais restritos, tornando a perfeita integração do homem

consigo mesmo e com a sociedade. Pode, também, a arte constituir-se um

instrumento de restauração de características humanas básicas, como a

iniciativa ,a autonomia e a individualidade. A integral formação da alma.

A arte provoca o despertar da consciência de não serem, os homens,

escravos de ninguém e nem dos preconceitos sociais, através de um

“caminho... aberto pelo coração”. Estimula o fortalecimento ampliado da cultura

estílica, aonde o “enobrecimento dos sentimentos“ vem sustentado pela

“perfeição ética da vontade”.

A dança, utiliza a criatividade como encaminhamento metodológico,

onde o aluno produz seu próprio conhecimento na interação professor-aluno.

Desenvolve a criatividade na arte da dança , da mímica, da montagem de

séries coreográficas, dos movimentos acrobáticos, da luta e de outras formas

de experiência corporal . O movimento corporal criador estabelece a

corporeidade (corpo e espírito em unidade), pois , o corpo expressa a

interioridade do ser através do movimento, e torna concreta sua subjetividade

ao manifestar seus sentimentos e suas idéias ao mundo.

2.5 – O professor- Educador Especial

Para trabalhar com alunos com deficiência, é fundamental ter

sensibilidade, dinamismo, criatividade e, acima de tudo crença naquilo que faz

e no potencial de seus alunos.

O professor deve estar ciente das particularidades de cada aluno,

através de pesquisa, contato direto com profissionais da área de saúde, bem

como professores e pedagogos para depois traçar seu planejamento, buscando

métodos que aplicados, desenvolvam e aprimorem todos os preceitos básicos

para realização de seu planejamento.

2.6 A Dança , passo a passo.

2.6.1 - O mundo sonoro

O mundo sonoro é que determina o ritmo, e os sons são realizados

através de instrumentos musicais, palmas, assobios, gritos, estalar de dedos ,

batida dos pés no chão, canto e etc. O som forma a música e ela chama o

movimento para a dança. Música e dança se harmonizam em plenitude.

O silêncio também é um fenômeno sonoro, e faz parte do contexto ritmico. Na

dança, ele é a pausa do intervalo nos movimentos. O silêncio é o oposto do barulho, e

assim como este, aquele compõe e harmoniza o som e sensibiliza para a dança.

2.6.2 - A socialização

Entrar no ritmo do outro é muito significativo porque envolve um bom

grau de socialização. É importante Ter em mente a idéia de que cada um é

apenas um elemento do conjunto, e que muitas vezes deve-se renunciar em

favor do outro.

2.6.3 - As direções

Para o aluno perceber o espaço a sua volta, o professor conduz a aula

dizendo (ou conduzindo gestualmente) as direções que ele pode tomar: direita-

esquerda, para cima para baixo, horizontal–vertical-diagonal, à frente-atrás.

2.6.4 - Os deslocamentos

Explorar o espaço na dança envolve deslocamentos como andar, correr,

saltar, saltitar, rastejar, rolar, impulsionar-se, girar etc.

2.6.5 - As posturas corporais

Na dança, o corpo toma várias posturas, compondo desenhos que

figuram o espaço. O corpo pode estar: em extensão ou flexão; braços e pernas

podem estar de forma simétricas (os lados iguais), ou assimétricas (os lados

diferentes). Essas posturas podem ser estáticas (paradas) ou dinâmicas (em

movimento).

2.6.6 - Combinações

Os movimentos são interligados, formando uma sequência de

movimentos combinados. Uma série de movimentos consecutivos, em

combinações coreográficas.

2.6.7 - Os objetos no contexto espacial da dança

Atuar no espaço com os objetos nas aulas de dança, é importante

principalmente para as crianças, pois a descoberta do seu mundo “é feita pela

exploração e vivência no tocar, mover, deslocar, manipular objetos, lança-los e

pegá-los, colocar-se dentro deles, subir no mesmo, situar-se embaixo, em

cima, enfim, viver o objeto” (NANNI,1995,p.29). Caixas, cadeiras, bastões e

lenços, são alguns exemplos.

2.6.8 - Exploração do espaço e autonomia

A aquisição da autonomia está ligada à liberdade de poder explorar o

espaço ambiental.

Explorando o espaço, o aluno chega sozinho a descoberta de suas

possibilidades e seus limites.

2.7 - Materiais para uso em aula

Instrumentos Musicais: pandeiros de plástico, bastões pequenos (feitos

de cabo de vassoura ), instrumentos usados em bandinhas infantis (chocalho,

tambor ), coetés (coco ), etc...

Tecidos diversos coloridos: cangas, lençóis, lenços, fitas de tecido,

metalóide ou crepom.

Acessórios: chapéus, guarda-chuvas, enfeites para pescoço, enfeites

para as mãos, etc...

Materiais para maquiagem: tintas coloridas, batom, sombra, lápis de

olhos, pó facial e outros.

Placas pequenas de emborrachado de várias cores e texturas, para ser

trabalhado: percepção tátil, percepção visual, percepção espaço temporal e

outras atividades.

Todo este material, deve estar disponível para seu uso e uso do aluno.

2.8 - O Espaço Físico

Deve ser usado um ambiente, que comporte a quantidade que irá

trabalhar, não sendo pequeno demais nem espaçoso ao extremo.

Esse ambiente deve ser acolhedor, bem ventilado e iluminado, os alunos

poderão participar da decoração e criação desse lugar, opinando na cor das

paredes e executando técnicas simples de decoração do espaço.

CAPÍTULO 3

CONSTRUINDO O ALICERCE RUMO A INCLUSÃO

“Se ser diferente é ser especial não sei, mas olhar,

pensar e sentir o diferente possibilita rever valores e

atitudes e nos faz humanos”

Karina Martins

Para se abordar o tema da Educação inclusiva tão atual na abordagem

educacional relativa aos portadores de necessidades educativas especiais, é

preciso conversarmos um pouco sobre o significado mais amplo do conceito

oposto, o da exclusão. O tema da exclusão adquiriu força maior no Brasil nessa

última década. A exclusão tem uma articulação direta com a dinâmica social

como um todo, em especial com os desdobramentos de modo de produção

capitalista (FONTES, 1997). Assim são excluídos do processo de produção

todos aquele que, por uma razão ou outra, não conseguem produzir de forma

rápida e eficiente.

3.1 – Breve Histórico

a história da Educação Especial no Brasil inicia-se no século XIX,

quando os serviços dedicados a esse segmento de nossa população,

inspirados por experiências norte americanas e européias, foram trazidos por

alguns brasileiros que se dispunham a organizar e implementar ações isoladas

e particulares para atender a pessoas com deficiências físicas, mentais e

sensoriais. Essas iniciativas não estavam integradas às políticas públicas e foi

preciso o passar de um século, aproximadamente para que a educação

especial passasse a ser um dos componentes do nosso sistema educacional.

A Educação Especial se estruturou segundo modelos assistencialistas e

segregativos e pela segmentação das deficiências, fato que contribuiu para que

a formação escolar e a vida social das crianças e jovens com deficiência

aconteçam ainda na maioria dos casos em um mundo à parte.

Pelo senso escolar de 2002 apenas 5% de nossas crianças estão fora

das escolas. Há quase 6 milhões de brasileiros em idade escolar com algum

tipo de deficiência, dos quais 400.000 estão freqüentando escolas especiais e

100.000 foram matriculados em escolas regulares. Por esses dados podemos

perceber que os alunos com deficiência não são sequer somados quando se

computam os que estão excluídos do sistema escolar.

A evolução dos serviços de educação especial caminhou de uma fase

inicial eminentemente assistencial visando apenas o bem estar da pessoa com

deficiência, para outra em que foram priorizados os aspectos medico e

psicológico. A fase seguinte é caracterizada pela inserção da educação

especial em nosso sistema geral de ensino. Nos dia atuais, a proposta de

inclusão total e incondicional de alunos com deficiência nas salas de aula do

ensino regular é a mais nova opção desses serviços.

A inclusão escolar envolve primordialmente uma mudança de atitude

face ao outro: que não é um indivíduo qualquer, com o qual topamos

simplesmente na nossa existência ou convivemos um certo tempo. O outro é

alguém essencial para nossa constituição como pessoa.

3.2 – Construindo a inclusão

Os princípios norteadores da inclusão de portadores de deficiência na

rede regular de ensino começarem a emergir, em âmbito internacional, na

década de 80 por ocasião do ano internacional das pessoas deficientes,

ocorrido em 1981. Um desses preceitos visava ao processo de construção da

cidadania dos deficientes (BERALDO, 1999).

Na década de 1990, mais exatamente no ano de 1994 foi assinada a

declaração de Salamanca, que é um marco histórico altamente significativo a

favor da inclusão, fortalecendo essa idéia em vários países e também no Brasil.

O princípio fundamental que orienta a declaração de Salamanca é o de que as

escolar devem acomodar todas as crianças possibilitando que elas juntas

independentemente de quaisquer dificuldade ou diferenças que possam ter que

sejam de origens física, intelectual, social, emocional, lingüística ou outras.

Assim as escolas devem reconhecer e responder as diversas necessidades de

seus discentes, respeitando tanto estilos com ritmos diferentes de

aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos, por meio

de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino

uso de recursos e parcerias com a comunidade. Desse modo, espera-se que a

escola inclusiva seja um dos meios eficazes no combate a atitudes

discriminatórias, respeitando e ensinando a respeitar tanto as diferenças

quanto a dignidade de todos os seres humanos.

A declaração de Salamanca aponta para o novo entendimento do papel

da escola regular na educação de alunos portadores de necessidades

especiais. Ela parte do pressuposto de que as escolas regulares que seguirem

a orientação exclusiva que propõe constituirão um dos recursos mais eficazes

de combate às atitudes discriminatórias, criando comunidades integradas,

abetas e solidárias construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a

educação para todos.

3.3 – Direitos concedidos por lei

na revisão da leitura sobre educação de pessoas portadoras de

necessidades especiais, PNEE (termo este citado pela portaria CENESP/MEC

nº69 de 1986 a alunos excepcionais) principalmente no que se refere à

inclusão, pode-se perceber que, a partir da constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, aumentou o número de autores nacionais que se

dedicam a estudos voltados para essa área. É importante destacar que o inciso

III do artigo 208 da carta Magna prescreve que o atendimento educacional aos

PNEEs deve ocorrer, preferencialmente na rede regular de ensino e que o

artigo 3º IV do título I da constituição garante a todos os cidadãos brasileiros

uma escola sem preconceitos.

A partir dessa constituição e com base nas novas idéias sobre Educação

Especial, outras legislações no âmbito federal e estadual foram sendo editadas.

Entre os documentos legais publicados encontra-se a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996, que, em seu artigo 58,

expressa o entendimento de educação especial como modalidade na rede

regular, para educandos portadores de necessidades especiais. No parágrafo I

estabelece que deverá haver, quando necessário, serviço de apoio

especializado, na escola regular para entender às peculiaridades da clientela

de educação especial, e no parágrafo II, quanto ao atendimento educacional,

regulamenta que ele deverá ser feito em classes, escolas em serviços

especializados, sempre que em virtude das condições específicas do aluno não

ser possível sua integração nas classes comuns do ensino regular.

3.4 – O agir pedagógico na escola inclusiva

não se deve adaptar o currículo, tendo como argumento a incapacidade

de alguns, mas elaborar um que atenda à capacidade diversificada de cada um

dos alunos. O programa deve ser o mesmo para todos, indistintamente. Não se

pode imaginar um ensino inclusivo, quando caímos na tentação de constituir

grupos por séries, por níveis de desempenho escolar. Essa maneira de agir

pedagogicamente instala cada criança em seu nível e aumenta ainda mais as

diferenças, é, sem dúvida a heterogeneidade que dinamiza os grupos, que lhe

dá vigor e funcionalidade.

Sobre a defasagem idade/série somos a favor de uma escola cujas

turmas sejam organizadas por faixa etária, pois pensamos que é a única

categorização possível nos grupos escolares. Assim senso na perspectiva de

uma escola para todos a idade é fator preponderante na organização das

turmas, mas isso não importa em que todos os que tenham aquela idade

precisem estar no mesmo nível de desenvolvimento acadêmico.

Daí o aluno com deficiência mental grave, moderada, leve ou mesmo

com deficiência da mesma idade cronológica.

3.5 – Formação de professores

Uma proposta inclusiva envolve, portanto, uma escola que se identifica com princípios educacionais humanistas e cujos professores têm perfil que é compatível com esse princípio e com uma formação que não se esgota na sua graduação e/ou nos cursos de pós-graduação em que se diplomou.

A formação continuada desses profissionais é, antes de tudo uma

autoformação pois acontece no interior das escolas e a partir do que eles estão

buscando para aprimorar práticas.

As habitações dos cursos de pedagogia para formação de professores

de alunos com deficiência deveriam ser extintas, pois este profissional deveria

estar voltado para o aprofundamento pedagógico de modo que pudesse

atender melhor a criança em geral e o seu desenvolvimento.

A formação única para todos os educadores propiciaria a tão esperada

fusão entre a educação especial e a regular nos sistemas escolares. É preciso

que se desmistifique a crença de que são os conhecimentos referentes a

conceituação , tipologia das deficiências e outros temas correlatados que lhes

trarão alivio e competência para ensinar a todos os alunos de uma mesma

turma.

Os serviços de professores especializados itinerantes dos alunos e

professores com dificuldades “apagam incêndio”, mas não vão a fundo no

problema e suas causa. Esse suporte impede que o professor comum mobilize

e reveja sua prática, ele se desobriga a assumir a responsabilidade.

Pela convenção interamenricana para a eliminação de todas as formas

de discriminação contra a pessoa portadora de deficiência, celebrada na

Guatemala, entende-se que o ensino especial promove a discriminação, à

medida que diferencia o aluno pela deficiência e não dá opções de escolha, ao

mesmo e ou aos seus pais, entre a modalidade especial e regular nas escolas

das redes de ensino. Como essa convenção tem força de lei no Brasil pelo

decreto nº 3956/2001, o ensino especial e a função do professor especializado

estão passando por uma ressignificação que tem a ver com a possibilidade

desses professores especializados atuarem nos atendimentos educacionais

especializados, que não devem ser confundidos com educação especializada,

pois não são substituídos, mas complementares da educação comum.

Nas mãos desse profissional está a oportunidade de se inverter a lógica

do sistema. O conhecimento é uma conquista e não uma oferta (REVISTA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA, p. 45, 1999).

3.6 – A colaboração da família

Os pais são os grandes aliados dos que estão empenhados na

construção da nova escola brasileira – a escola inclusiva aberta às diferenças.

Cabe aos pais a luta pela garantia do direito de seus filhos com e sem

deficiência de não serem discriminados, de não aprenderem o preconceito e de

serem educados em uma escola para todos, competente e acolhedora.

Eles devem esperar de seus filhos que alcancem na medida de suas

habilidades o mais elevado nível de desempenho em todos os aspectos do

desenvolvimento e para isso precisam se muito exigentes com relação ao

trabalho escolar, acima de tudo os pais precisam estar bem informados para

lutar por seus direitos que já existem, mas que desconhecem e para que não

se contentem com o pouco, não vinculem exclusivamente a incapacidade de

seus filhos com e sem deficiência o fracasso na escola. E para que entendam a

inclusão como um avanço, um benefício, um marco na educação.

CAPITULO IV

DANÇANDO UMA ABORDAGEM ESPECIAL A CADA

DEFICIÊNCIA

“Se olharmos além da diferença veremos alguém

que pensa, sente e tem desejos, como eu e você”.

Jenina Prestes Antunes

4.1 – A arte seguindo os passos da educação

Um dos poucos avanços educacionais no Brasil nos últimos anos foi a introdução da preocupação com multiculturalidade nas escolas. Por multiculturalidade neste contexto se entende o reconhecimento de diferentes códigos culturais e de diferentes necessidades culturais. O acesso a diferentes culturas se tornou um direito de todos sem distinção de classe, de sexo, de raça, de etnia, de dificuldades motoras ou mentais.

Educação multiculturalista permite o aluno lidar com a diferença de

modo positivo na Arte e na Vida.

O respeito a multiculturalidade chamou a atenção para os direitos das

minorias à cultura. Entre estas minorias estão os deficientes físicos e mentais,

para as quais o multiculturalismo reclama respeito e inclusão sem preconceito

na sociedade. Portanto foi a idéia de multiculturalidade tão ameaçada hoje

pelos fundamentalismos políticos e pelo neoliberalismo que selou o

compromisso da inclusão nas escolas. A escola inclusiva que exige hoje no

Brasil trata como iguais alunos diferentes do ponto de vista da deficiência física

e mental, de raça, de nacionalidade, de naturalidade, de classe social, de

religião, etc.

Os professores da escola são obrigados a receber alunos com

deficiências físicas e mentais em suas classes comuns e não sabem lidar com

eles, não foram preparados para isto (concepções diversas de educação).

Ao tornar possível o desenvolvimento através da arte estamos

promovendo a reconstrução social e dando origem a “novos artistas” cujo suas

potencialidades vieram a tona estes mesmos artistas PNEEs, quando julgados

deve-se usar critérios similares aos dos alunos normais e não critérios

abrandados pela piedade porque são deficientes físicos, mentais ou excluídos

pela sociedade.

Dar oportunidade de alcançar a excelência em arte a todos aos que já se

sabem talentosos e aos vitimados por deficientes de qualquer categoria é o que

desejamos nesse árduo caminho em direção à formação de um novo cidadão.

4.2 – Aspectos gerais das deficiências

Ao longo da história diferentes teorias e deficiências foram elaboradas a respeito das deficiências humanas.

Os relatos contudo parecem ter sido iniciados apenas a partir do século

V, pois pouco se sabe sobre as pessoas com deficiências do período anterior a

idade média. Diz-se que em Esparta (Grécia) crianças nascidas com

deficiências de qualquer tipo eram consideradas sub-humanas, sendo

eliminadas ou abandonadas. Tais condutas e pensamentos felizmente

evoluíram. Hoje é possível obter orientações e explicações, talvez ainda não

definitivas, mas ao menos mais sensatas, sobre a maioria das deficiências.

4.3 – Aspectos da lei

Está no decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999 que regulamenta a

lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, e dispõe saber a política nacional para

integração da pessoa portadora de deficiência: deficiência é toda perda ou

anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica

que gere incapacidade para o desempenho de atividades, dentro do padrão

considerado normal para o ser humano. Ainda segundo o artigo, as deficiências

podem ser identificadas de acordo com a categoria a que pertence, que não:

física, visual, auditiva, mental ou múltipla. Para atender melhor esses grupos é

importante observar as características específicas de cada um.

4.4 – Uma radiografia da população brasileira com

deficiência

Regionalmente as deficiências concentram-se em maior número no

nordeste (16,8%) e forma o menor grupo, no sudeste (13,1%). Entre estados, a

Paraíba é que apresenta a maior proporção de população com pelo menos

uma deficiência (18,8%) e São Paulo o que tem a menor incidência de

(11,4%), a taxa brasileira de 14,5% é compatível com outros países que

utilizam o mesmo parâmetro.

Destes 24,5 milhões de deficiências no Brasil, 8,3% possuem deficiência

mental, 4, 1% deficiência física, 22,9% deficiência motora, 48,1% deficiência

visual e 16,7% deficiência auditiva.

Os dados mostram ainda que os homens são maioria no caso de

deficiência mental e física (principalmente no caso de falta de membros ou

partes dele) e auditiva. Este resultado esta relacionado com o tipo de atividade

desenvolvida pelos homens e com o risco de acidentes de diversas causas.

As mulheres, contudo formam maiores números entre as pessoas com

dificuldades motoras (incapacidade de caminhar ou subir escadas) ou visuais,

dados estes compatíveis com a composição por sexo da população idosa, com

o predomínio de mulheres a partir de 60 anos.

4.4.1 – Trabalho

Do total de deficiência pouco mais de 36% (9 milhões) trabalham, sendo

a maior parte formada por homens (62,2% ou 5,6 milhões) e 38,8% (3,5

milhões) por mulheres. Quando há a remuneração desses trabalhadores, mais

da metade (4.9 milhões) ganha até 2 salários mínimos dentre as pessoas

empregadas, os números que fazem a distinção entre deficientes e não–

deficientes são bastante próximos dos que diferem os gêneros

(homens/mulheres), sendo ambos menores que o diferencial por cor. Da

população ocupada sem deficiência por exemplo, 22,4% ganham até um

salário mínimo entre as pessoas com deficiência, esse percentual é de 29, 5

por cento entre homens e mulheres que não têm deficiência, os percentuais

são de 19,3% e de 27,3% respectivamente. Já a proporção de pessoas que se

declaram brancas que ganham até um salário mínimo é de 18,15% e a de

pessoas que se declaram afro-brasileiras, 34,5%.

Em relação à área em que atuam os deficientes, a pesquisa constatou

que a maior proporção (31,5%) está no setor de serviço ou como vendedores

do comércio, porém enquanto uma em cada 4 pessoas com deficiência é

trabalhadora agropecuária, florestal ou caça e pesca, somente 16,4% da

população sem nenhuma incapacidade exercem essas ocupações.

4.4.2 – Escola

A taxa de alfabetização das pessoas com mais de 15 anos ou mais é de

87,1% já entre os deficientes este percentual diminuiu para 72%. Do total de

pessoas de 15 anos ou mais sem instrução ou com até 3 anos de estudo,

32,9% têm alguma deficiência. A partir da análise das pessoas com primeiro

grau completo ou 8 anos de estudo, as diferenças aumentam: o percentual de

pessoas com deficiência cai para valores próximos a 100%. Ou seja, enquanto

no grupo com menos instrução, quase uma entre 3 pessoas tem deficiência,

entre os que concluíram pelo menos o primeiro grau, somente uma entre dez

pessoas possui alguma incapacidade.

A freqüência escolar das crianças e adolescentes de 14 anos, sem

deficiência é quase total (94,5%), mas para a pessoa com deficiências, o

percentual é maior (88,6%) chega a 74,9% no caso das deficiências severas. A

menor taxa de freqüência escolar foi observada entre as pessoas que têm

alguma deficiência física permanente (61,0%).

4.4.3 – Expectativa de vida

O brasileiro vive em média 68,6 anos e passa 80% da vida sem

apresentar nenhuma incapacidade.

Como a esperança de vida sem deficiência é de 50 anos a previsão é de

que a população viverá em média 14 anos com algum tipo de deficiência.

Segundo a coordenação do comitê Censo 2000, Alicia Bercovich, tal projeção

tem ligação com o aumento da esperança de vida ocorrido no século 20. Ela

observará ainda que é entre os 40 e 49 de idade que se começa a aumentar a

incidência de pessoas com algum tipo de deficiência. Segundo os dados cerca

de 4,5 milhões de pessoas estão nessa faixa etária atualmente. “Tem que se

tomar alguma medida para essa faixa de idade”, diz Alicia. Do total da

população com 65 anos ou mais, 54% têm pelo menos um tipo de necessidade

especial. Além disso, fatores socioeconômicos também influenciam na

ocorrência das deficiências. “A pobreza e a deficiência estão muito ligadas,

porque há a maior probabilidade de estar mais exposto a situações que

provocam alguma incapacidade”.

4.6 – Conhecendo cada deficiência

4.6.1 - Deficiência física

As deficiências físicas caracterizam-se peça alteração completa ou

parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o

comprometimento da função física. Podem ser subdivididas de acordo com a

origem dos sistemas orgânicos que foram afetados: encefálica, espinhal,

muscular ou osteoarticular. Dentre as diversas existentes, citaremos algumas:

Artrite Reumatóde – doença em que o próprio sistema imunológico ataca o

tecido que reveste e protege as articulações comprometidas, Doença de

Parkinson – doença que afeta os movimentos da pessoa, causa tremores,

lentidão, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita. Não é

doença fatal nem contagiosa e não afeta a memória ou a capacidade

intelectual do paciente, ocorrendo mais freqüentemente em idosos. Distrofia

Muscular Progressiva – doença progressiva, de origem genética, que afeta os

tecidos musculares do corpo e impede a criança de andar e correr, levando a

deficiência física grave e progressiva. Há formas diferentes de distrofia, de

acordo com os músculos atingidos, sendo a mais conhecida à distrofia

muscular de Duchenne. Mielomeningocele ou Espinha Bífida – é uma

anormalidade congênita do sistema nervoso caracterizada pelo mau

fechamento da coluna vertebral durante o período embrionário, podendo

apresentar diversos graus de comprometimento. É a principal causa de

hidrocefalia e pode ser diagnosticada durante a gravidez através do ultra-som,

da dosagem de alfafetoproteína materna, ou do líquido amniótico. Pode causar

paraplegia ou paraparesia. Nanismo – anomalia de estrutura que caracteriza

aquelas pessoas que têm uma altura muito inferior à media dos indivíduos da

mesma raça, da mesma idade e do mesmo sexo. Há vários tipos de nanismo,

como o nanismo acondroplásico, de origem genética cujos pacientes

apresentam o tronco e a cabeça do tamanho normal e os membros muito

curtos. O nanismo também pode ter causas endócrinas como deficiência de

hormônios da tireóide (hipotireodismo), ou de hormônio do crescimento

(nanismo hipofisário). Nestes casos, os pacientes geralmente apresentam

baixa estatura proporcionada, sem preponderância de determinado segmento

do corpo. Estes pacientes apresentam bom resultado com tratamento de

reposição hormonal, desde que identificados precocemente. Determinadas

síndromes genéticas como a síndrome de Down e a síndrome de Turner se

caracterizam também por apresentarem baixa estatura, muitas vezes

importante. Paralisia Cerebral – é o temo utilizado para definir um conjunto de

distúrbios motores decorrentes de lesão no cérebro, durante os primeiros

estágios de desenvolvimento. Pode ocorrer também alteração mental, visual,

auditiva, da linguagem e do comportamento. A lesão é estática: não muda e

não se agrava, ou seja o quadro não é progressivo. No entanto algumas

características podem mudar com o tempo. Atualmente considera-se que o

termo “paralisia cerebral” não é exato, já que muitas vezes as funções

cognitivas ficam preservadas e são alteradas apenas as funções motoras. O

fator causador pode ter ocorrido antes do parto (infecções como rubéula, sífilis,

listeriose, citomegalovirose, toxoplasmose e AIDS; uso de drogas, tabagismo,

álcool; desnutrição materna; alterações cardiocirculatórias maternas) próximas

do parto (falta de oxigênio no cérebro ou hemorragias intracranianas) e após o

parto (traumas na cabeça, meningites, convulsões, desnutrição, falta de

estimulação, hidrocefalia).

4.6.2 – Deficiência Visual

É considerado cego aquele que apresenta desde ausência total de visão

até a perda da percepção luminosa. Aqueles que têm visão subnormaç ou

baixa visão apresentam desde a capacidade de perceber luminosidade até o

grau em que a deficiência visual interfira ou limite seu desempenho.

A perda da visão pode ser decorrente de ferimentos, traumatismos,

perfurações ou vazamentos nos olhos. Durante a gestação, doenças como

rubéola, toxoplasmose e sífilis podem causar a deficiência na criança.

Retinopatia da prematuridade, causada pela imaturidade da retina em

decorrência de parto prematuro ou excesso de oxigênio na incubadora,

catarata congênita e glaucoma, hereditário ou causado por infecções, também

podem ser fatores causadores.

Diagnóstico: alguns sinais apontam que a criança pode ser portadora

dessa deficiência: irritação constante nos olhos; aproximação do papel junto ao

rosto quando escreve e lê; dificuldade para copiar bem da lousa à distancia;

cabeça inclinada para ler ou escrever, como se procurasse um ângulo melhor

para enxergar; tropeços freqüentes por não enxergar pequenos obstáculos no

chão; nistagmo (olho tremulo; estrabismo) vesguice e dificuldade de enxergar

em ambientes muito claros.

4.6.3 – Deficiência Auditiva

Há diferentes tipos de perda auditiva. São chamados de surdos os

indivíduos que têm perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da

capacidade de compreender a fala através do ouvido. É possível classificar o

deficiente de acordo com seu grau: anacusia – perda total da capacidade

auditiva; hipoacusia – diminuição da capacidade auditiva. É produzida por uma

alteração da condução do estímulo auditivo ou uma perda da função do ouvido

interno ou dos nervos correspondentes; presbiacusia – perda progressiva da

audição, provocada pelo envelhecimento. Essa perda é acentuada após os 50

anos e compromete especialmente os sons agudos, ou seja, de freqüência

mais alta. Embora não haja tratamento clinico, pode se recorrer ao uso de

aparelhos auditivos.

As principais causas da deficiência congênita são a hereditariedade, as

viroses maternas (rubéola, sarampo), as doenças tóxicas da gestante (sífilis,

citomegalovirus, toxoplasmose) e a ingestão de medicamentos ototoxicos (que

lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. A deficiência auditiva também pode

surgir mais tarde, se ouver predisposição genética (otosclerose) seqüela de

meningite bacteriana, ingestão de medicamentos tóxicos para o ouvido ou

exposição a sons impactantes, entre outros.

A deficiência auditiva congênita pode ser identificada através da triagem

auditiva feita na maternidade, além desse procedimento, alguns sinais podem

ser observados logo nas primeiras semanas após o nascimento. Como o bebê

não acordar e não se assustar com barulhos fortes e súbitos. Ou, por exemplo,

se as primeiras palavras aparecem somente aos três ou quatro anos. É mais

fácil de descobrir uma perda de audição de nível severo ou profundo do que

uma perda leve ou moderada. Quando há suspeita de perda de audição, deve

se procurar um médico, para que ele faça exames específicos como a

audiometria.

4.6.4 – Deficiência Mental

Segundo a definição adotada pela AAMR (American Association of

Mental Retardation), a deficiência mental é um funcionamento intelectual

significativamente abaixo da média, coexistindo com limitações relativas a duas

ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação,

autocuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária,

autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, de lazer e trabalho.

Segundo esses critérios das classificações internacionais, o inicio da

deficiência mental deve ocorrer antes dos 18 anos, caracterizando assim um

transtorno do desenvolvimento e não uma alteração cognitiva, como é a

demência. Na deficiência mental, como nas demais questões da psiquiatria a

capacidade de adaptação do sujeito ao objeto, ou da pessoa ao mundo, é o

elemento mais fortemente relacionado à noção de normal.

Embora o assunto comporte uma discussão mais ampla, de modo

acadêmico o funcionamento intelectual geral é definido pelo quociente

intelectual (QI), também conhecido como quociente de inteligência.

Baseada nos critérios adaptativos, mais que nos índices numéricos de

QI, a classificação atual da deficiência mental não recomenda mais que se

considere o retardo leve, moderado, severo ou profundo, mais sim que seja

especificado o grau de comprometimento funcional adaptativo. Importa mais

saber, portanto, em que áreas (habilidades de comunicação, sociais, etc) a

pessoa com deficiência mental necessita de mais apoio.

O funcionamento adaptativo da pessoa pode ser influenciado por vários

fatores, incluindo educação, treinamento, motivação, características de

personalidade, oportunidades sociais e vocacionais, necessidades práticas e

condições médicas gerais. Em termos de cuidados e condutas, os problemas

na adaptação habitualmente melhoram mais com esforços terapêuticos do que

o QI cognitivo. Este tende a permanecer mas estável, independente das

atitudes terapêuticas ate o momento.

O sistema qualitativo de classificação de deficiência mental reflete o fato

de que muitos deficientes não apresentam limitações em todas as áreas das

habilidades adaptativas, portanto, nem todos precisam de apoio nas áreas que

não estão afetadas. A maioria das crianças deficiente mentais pode aprender

muitas coisas, chegando à vida adulta de uma maneira parcialmente e

relativamente independente e, mais importante, desfrutando da vida como todo

mundo.

Devemos enfatizar que a pessoa com deficiência mental não tem

alterada a percepção de si mesmo e da realidade e é, portanto, capaz de

decidir o que é melhor para ela. Quando a percepção encontra-se alterada a

condição é denominada doença mental, tratando-se de um quadro totalmente

diferente da deficiência mental, mesmo apesar do fato de que 20 a 30% dos

deficientes mentais apresentam associação com algum tipo de doença mental,

como a síndrome do pânico, depressão, esquizofrenia, entre outras. Doenças

mentais, que podem e devem ser tratadas, afetam o desempenho dos

indivíduos, pois prejudicam, primariamente, outras áreas do funcionamento,

que não a inteligência, como a capacidade de concentração e o humor.

Entre várias síndromes causadoras de deficiência mental, podem citar:

Síndrome de Angelman – é um distúrbio neurológico que também causa

retardo mental, alterações do comportamento como sintomas semelhantes ao

autismo, dificuldade ou ausência da fala, eplepsia e retardo psicomotor. Nas

crianças que já andam, o que chama a atenção são os movimentos trêmulos e

imprecisos. Nos recém-nascidos, o diagnóstico é dificultado porque as pessoas

com essa síndrome não apresentam as características faciais próprias.

Síndrome de Down – definida como uma modificação genética, a síndrome de

Down é causada pela alteração de um dos pares de cromossomos da célula

humana, o número 21, por isso é também conhecida como trissomia do 21. tem

nítida relação com a idade dos pais. Quanto mais idosos eles forem, maior é a

probabilidade de gerarem um filho com esta síndrome, que vem

necessariamente associada a um comprometimento intelectual e a uma

hipotonia, a redução do tônus muscular. Síndrome de Martin Bell ou do X-frágil

– é uma condição genética herdada, produzida pela presença de uma alteração

molecular ou mesmo de uma quebra na cadeia do cromossomo X, condição

esta associada a problemas de conduta e de aprendizagem, bem como a

diversos graus de deficiência mental. A doença é muito mais freqüente em

meninos. Síndrome de Prader-Willi – de natureza genética, inclui baixa

estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento

sexual incompleto, problemas de comportamento característicos, baixo tono

muscular e uma necessidade involuntária de comer constantemente, o que leva

invariavelmente à obesidade. Mesmo estando esta síndrome associada a uma

anomalia no cromossomo 15, ainda não pode ser considerada como uma

condição absolutamente hereditária, podendo ser causada por um defeito

genético espontâneo que se dá durante algum momento da concepção. O risco

de repetição numa mesma família é menor que 0,1%. Síndrome de Rett – é um

distúrbio neurológico que causa progressivo comprometimento de funções

motoras, do desenvolvimento intelectual, da fala e do comportamento e

atingem na maioria das vezes pessoas do sexo feminino. O desenvolvimento

da criança é aparentemente normal até os 18 primeiros meses de vida; a partir

de então passa a apresentar movimentos repetitivos com as mãos, perda da

capacidade de andar ou instabilidade e falta de direção ao caminhar,

diminuição do crescimento da cabeça, perda da fala e desinteresse por brincar.

Podem ocorrer também problemas respiratórios e perda temporária do contato

visual.

4.6.4.1 - O que pode levar a Deficiência Mental

É importante ressaltar que ainda não é possível estabelecer com clareza

as causas, mas alguns fatores que podem dar origem a casos de deficiência

mental podem ser apontados, como: pré-natais – desnutrição materna; má

assistência médica à gestante; doenças infecciosas: sífilis,

rubeolo,toxoplasmose; fatores tóxicos: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos

colaterais de determinados medicamentos, poluição ambiental e tabagismo;

fatores genéticos: alterações cromossômicas, como síndrome de Down,

síndrome de Martin Bell, alterações gênicas, como erros inatos do metabolismo

entre outros. Perinatais – ma assistência ao parti e traumas de parto; hipóxia

ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente); prematuridade e baixo peso;

icterícia grave do recém-nascido. Pós-natais – desnutrição, desidratação grave,

carência de estimulação global;infecções com as meningoencefalites;

intoxicações exógenas (envenenamento) por medicamentos, inseticidas,

produtos químicos (chumbo, mercúrio); acidentes: transito afogamento, choque

elétrico, asfixia, queda etc; e infestações; neurocisticircose (larva da taenia

soliun, popularmente chamada de solitária).

4.6.4. 2 – Diagnóstico

Podemos dividir os sinais apresentados pelas crianças com deficiência

mental em quatro áreas: área motora – geralmente as crianças com deficiência

mental leve não apresentam diferenças em relação aos colegas da mesma

idade sem deficiências, podendo por vezes ter alterações na motricidade fina.

Em casos mais graves, as incapacidades motoras são mais acentuadas, há

falta de equilíbrio, dificuldades de locomoções, de coordenação e dificuldades

na manipulação dos objetos. Comparativamente às crianças não deficientes, as

crianças com deficiência mental podem começar a andar um pouco mais tarde.

Área cognitiva – as crianças apresentam dificuldades na aprendizagem de

conceitos abstratos, em concentrar a atenção; ao nível da memória, tendem a

esquecer mais depressa que seus colegas sem deficiência; demonstram

dificuldades na resolução de problemas e em generalizar a informação

apreendida para situações novas. Conseguem, no entanto, generalizar

situações especificas utilizando um conjunto de regras. Podem atingir os

mesmos objetivos escolares que seus colegas até certo ponto, mas de uma

forma mais lenta. Área da comunicação – nesse setor, as crianças com

deficiência mental apresentam muitas vezes dificuldades, quer ao nível da fala

e sua compreensão quer no ajustamento social. Sabendo-se que os estímulos

ambientais do desenvolvimento do individuo, estes problemas poderão ser,

senão causa, um fator a considerar como grande influência no desempenho

das crianças com deficiência mental. Áreas socioeducacional – essas crianças

demonstram dificuldades na generalização para novas situações, na aquisição

de comportamentos anteriormente experimentados, e também nas interações

sociais. Assim, o desenvolvimento desta área é muito importante para uma real

e afetiva inserção. A diferença entre as idades mental e cronológica provoca

uma diminuição das capacidades para interagir socialmente, o que é agravado

pelo fato de muitas vezes estas crianças serem vistas apenas de acordo com a

sua idade mental e não em relação a sua idade cronológica, e colocadas fora

dos grupos da sua faixa etária. No entanto, é através da interação com seus

colegas da mesma idade, participando nas mesmas atividades, que aprendem

os comportamentos, valores e atitudes sociais de seu grupo.

4.6.5 – Deficiências Múltiplas

É a associação no mesmo individuo, de duas ou mais deficiências

primarias (mental, visual, auditiva e física), com comprometimentos que

acarretam conseqüências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade

adaptativa.

4.7 – Iniciando o ensino da dança

As atividades de dança, devem a principio, serem voltadas para atender

a cada deficiência especificamente, pois se faz necessário um pequeno estudo

dos alunos, avaliando os aspectos (cognitivos, afetivo e psicomotor), partindo

do conhecimento da deficiência em questão e seu acompanhamento junto a

profissionais especializados: fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta

ocupacional, psicólogo e psicopedagogo. O professor de dança deve estar em

contato constante com esses profissionais, pois assim o aluno estará propenso

a desenvolver-se melhor com o trabalho de equipe.

4.8 – A dança aplicada a cada deficiência

Deve-se estabelecer um primeiro contato de comunicação com o aluno

individualmente, apresentando-o a arte de dançar. Musica e movimentos se

unem, para proporcionar ao aluno expressar-se direcionando suas emoções e

fazendo-o refletir sobre seu corpo, o espaço, o ritmo, despertando o gosto pela

dança, sendo criada sua própria linguagem corporal.

4.8.1 – Síndrome de Down

Geralmente os portadores desta deficiência possuem uma fragilidade

imunológica e física muito acentuada. Todo trabalho a ser desenvolvido deve

ser cauteloso, para que não venha prejudicar o aluno, os exercícios com saltos

ou pequenos saltitos devem ser realizados moderadamente, pois sabe-se da

fragilidade que há a nível da coluna cervical. Esta síndrome também apresenta

como características: cardiopatias, problemas respiratórios, renais entre outros,

daí a necessidade de se trabalhar de forma moderada e consciente.

4.8.2 – Deficiência Mental

é necessário bastante cautela e tranqüilidade ao trabalhar com este

aluno, pois ele deve perceber o que está sendo sugerido, geralmente são

ansiosos e essa ansiedade pode leva-los a não corresponde, alguns ainda

assumem posturas específicas (vícios posturais) devendo o professor

desenvolver um trabalho que amenize este aspecto. Atividades calmas se

fazem necessárias, alem da variação de materiais sendo estes de uso concreto

uma ótima referencia para os alunos e de grande importância, pois eles partem

de uma referência, isto faz-se necessário na construção da sua linguagem

corporal.

Ex: materiais: bamboles, tecidos coloridos, bolas coloridas, chapéus e

texturas.

Atividades que desenvolvam ritmo, equilíbrio percepção espacial,

exercícios de alongamento, criatividade etc.

4.8.3 – Deficiência Física

Sabemos que o local deve favorecer ao aluno, dependendo de sua

deficiência: os cadeirantes (paralisados total ou parcial) poderão ser

conduzidos ou no caso do paraplégico conduzir sua cadeira.

A percepção espacial se faz necessária ser trabalhada, bem como, um

trabalho respiratório, de alongamento simples visando desenvolver tronco e

membros superiores, pois estes serão utilizados para expressão de seus

movimentos.

O trabalho de chão e sustentado (conduzido) são opções para os

hemiplégicos ou pequenas deficiências.

Os que possuem deficiência mínima poderão ser trabalhados mais

facilmente.

Faz-se necessário averiguar a auto-estima do aluno, pois sua imagem

corporal poderá estar ou não comprometida, cuidar da postura é também um

item de grande importância.

4.8.4 – Deficiência Visual

As percepções tátil espacial, a auditiva, a memória e o equilíbrio são

muito importantes no desenvolvimento deste aluno. Usando sua memória é

possível relacionar o movimento sugerido a uma palavra ou expressões do seu

cotidiano.

Por exemplo:

SIM – movimento, flexão e extensão da cabeça;

NÃO SEI – elevação de ombros;

ESTRELA – elevação de braços, suas mãos vibram no ar;

CHUVA – tronco curvado para frente, braços soltos para baixo e mãos

vibrando em direção aos pés;

ARVORE – flexão do tronco lateralmente;

BAMBOLE – cintura pélvica em circundiçao;

MERGULHO – tronco a frente fazendo ondulações;

TÚNEL – pernas afastadas, tronco inclinado para baixo, braços e

pescoço relaxados, joelhos semiflexionados;

GIRAFA ou GIGANTE– extensão de todo corpo para cima braços

tentando alcançar o céu ou o teto (o corpo deve estar sustentado tendo como

base os pés) com o calcanhar elevado distribuir o peso sobre os dedos;

PÉ DE PALHAÇO – flexão do pé.;

MOLHAR OS DEDOS NA PISCINA – extensão do pé.

No inicio o aluno deverá ser auxiliado pelo professor ou por um aluno

não deficiente visual, através do toque conduzindo-o a cada movimento

sugerido.

É importante manter a boa postura.

4.8.4.1 – Desenvolvendo a percepção tátil.

Trabalhar com texturas diferentes no chão; áspero, liso, fofo, rígido. É

importante para que através de seus pés ou todo o corpo venha conhecer e

diferencia-las.

Deslocamento usando linhas: curvas, retas etc.

Para desenvolver a criatividade de movimentos expressivos basta

mantê-lo sobre uma superfície, ao qual ele reconheça através do tato:

quadrado, circulo etc.

Estimular sua criatividade oferecendo diversos materiais para que possa

manuseá-los; o relaxamento pode ser feito sobre uma superfície confortável.

4.8.4.2 – Desenvolvendo a percepção auditiva

Usar instrumentos para conduzi-lo, ou para trabalhar seqüências

variadas de ritmo acrescentando memória e concentração.

4.9 – Deficiência Auditiva

É imprescindível saber qual o canal de comunicação usado pelo aluno,

LIBRAS ou leitura labial.

Este aluno possui uma expressividade imensa, devendo esta ser

estimulada já que o deficiente auditivo comunica-se com gestos e expressões.

É importante coloca-lo a sua frente e falar sempre nesta direção para

que ele saiba o que está sendo sugerido.

A vibração é importante na percepção do ritmo, podendo o launo ser

colocado próximo ao som, dançando descalço.

4.10 – Múltiplas Deficiências

Este aluno deve ter um trabalho detalhado, criativo e dinâmico. Fazendo

uso de diversos materiais que auxiliem o desenvolvimento de suas percepções.

Todas as atividades sugeridas podem ser adaptadas, afim, de auxiliar o

crescimento desse aluno.

4.11 – Paralisia Cerebral

Apesar da espasticidade apresentada por este aluno, deve-se auxilia-lo

de acordo com o grau de sua deficiência, ajudando-o na execução dos

movimentos.

Para os mais comprometidos – a música é capaz de auxiliar em sua

expressão e seu emocional.

O toque é de extrema importância, fazendo-o sentir-se bem,

despertando a interação corpo e meio o qual faz parte.

Comprometimento médio – os alunos podem desfrutar de aulas em

duplas, sendo estas dinâmicas e que utilizem, música e materiais diversos.

Atividades em grupo - usar como desenho coreográfico o circulo,

buscando sua interação com o grupo. E a descoberta de seus movimentos,

fruto de sua linguagem corporal.

Após os primeiros movimentos de trabalho com aluno, já sabendo que

trilha sonora que gestos e que elementos despertam o interesse desse aluno,

pose-se agora em grupo, realizar diversas atividades onde cada aluno será

parte importante na construção de uma linguagem coreográfica.

Voz som e linguagem – instrumentos importantes a serem trabalhados.

Expressão plástica – desenho, pintura, colagem etc.

Deve ser empregada na descoberta de que a emoção se mostra através

de diversas formas.

4.12 – Organizando e planejando as aulas de Dança

Os alunos poderão se reunir toda semana por cerca de 40 minutos, para

que possam vivenciar em aula bem como a construção de coreografias que

devem respeitar o grau de dificuldades apresentada por cada grupo.

Para os alunos mais comprometidos, podemos fazer uso do circulo

como desenho coreográfico, a musica contagiante e os movimentos simples

para que possam realiza-los.

Para os alunos com compromentimento médio usaremos o circulo como

desenho coreográfico, porém, fazendo o uso de acessórios nas mãos (lenço

colorido, fitas coloridas, pandeiros, chapéus etc) a musica deve obedecer a um

ritmo moderado.

Para o grupo mais adiantado (menos comprometido) podemos fazer uso

de vários desenhos coreográficos (filas, colunas, círculos, semi-circulos,

círculos concêntricos etc) de uma mesma coreografia dinamizando-a ou não,

quanto a musica deverá ser escolhida de forma a favorecer o bom rendimento

do grupo.

4.12.1 – Figurino

Improvisado – usando tecidos coloridos de diversas texturas, amarrados

ao corpo, confeccionado pelo professor ou aluno (filó, cangas de praia, lençóis

coloridos, TNT colorido).

Simples – usando tecido e materiais diversos (reciclagem), ser

confeccionadas fantasias simples, basta ser criativo, feitos por alguém que

costure, ou use outras alternativas como colar (pistola cola quente_ cola para

tecido, etc).

Criativo – usando figurinos do dia a dia, cada aluno irá compor seu

personagem, direcionado ou não, pela professora (camisas coloridas, bonés,

bandanas, óculos, bermudas jeans etc).

Podemos fazer uso também de pinturas e penteados diversos, basta

criar.

A magia de se expressar é conquistada passo a passo, neste dia, nosso

alunos deixam de ser apenas pessoas que mostramsuas deficiências, para ser

um sujeito do processo de aprendizagem: que supera seus limites e que

expressa seu potencial artístico.

CAPITULO V

DANÇA EXPERIÊNCIA DE VIDA – O ESPETÁCULO DA

INCLUSÃO

“O artista é a essência e para expressar-se não

existe modelo preestabelecido”

Daniela Bia Warlet

Neste capitulo faremos uma descrição de trabalhos observados.

O espetáculo “dança experiência de vida” contou com a participação de

três grupos: I Movimento da APAE – Meriti formado por PNEE (portadores de

necessidades especiais) de ambos os sexos; Luz, formado por uma aluna

portadora de deficiência e quatro não portadores de deficiência, alunas

normalistas; Ballet Art – Expressão, formado por alunas da sociedade brasileira

de Educação e cultura, uma escola de ensino regular, que em suas

dependências oferece um espaço especifico para aulas de dança (Jazz, Ballet

e Sapateado), este grupo não possui PNEE.

A concepção coreográfica, foi feita de maneira que os alunos

participassem de uma mesma coreografia conduzindo o espetáculo hora

juntos, hora mostrando seu grupo especificamente tendo o publico a

possibilidade de conhecer a linha de trabalho de cada grupo, bem como a

riqueza que ambos proporcionaram durante 1 hora de espetáculo.

5.1 – Breve histórico de cada grupo.

5.1.1- Grupo: I Movimento

Surgiu no ano de 1999 na APAE de Meriti, surgiu a partir do desejo de colocar o PNEE em contato com a Arte do Movimento, integrando-o como cidadão que é. A Dança veio contemplar este desafio, que criando uma linguagem própria e buscando a expressão que cada um possui, traduz gestos a poesia e a música mostrando a grandiosidade de ser artista e a sutileza de um movimento que abre caminhos, conscientiza e valoriza cada ser. Este grupo este grupo encontra-se duas vezes por semana, e recebe o apoio da instituição a qual fazem parte dos pais e pessoas ligadas ao panorama artístico, que viabilizam sua ida a teatros, universidades, instituições para portadores, escolas e etc. Este grupo possui 8 integrantes com idades que variam entre 22 a 32 anos todos acometidos por alguma síndrome ou deficiência que vão de síndrome de Down, microcefalia, deficiência mental, paralisado cerebral e oligofenia leve e deficiência auditiva)

5.1.2 - Grupo LUZ

Surgiu no ano de 2001 e é formado por alunas normalistas do instituto de educação de São João de Meriti, e surgiu a partir da necessidade de participar da festa do folclore, festa esta onde todas as alunas apresentam danças folclóricas do Brasil ou de outros países.

O grupo reúne-se todos os dias, para ensaio na própria escola, e uma

vez por semana com a professora que conduzia o trabalho específico para a

festa do folclore.

A primeira dificuldade foi de incluir uma aluna cadeirante portadora de

paralisia cerebral, como faze-la dançar?

O desejo de todas do grupo era preparar uma dança diferente. Estava

então lançado o desafio, procurariam por alguém que pudesse lhes ajudar,

recorreram então a APAE – Meriti, onde a professora M.M. responsável pelo

grupo I Movimento, preparou as para o grande dia.

O resultado foi emocionante, pois todos do instituto de Educação, não

sabiam o quanto àquela menina era capaz, ela provou que apesar de suas

limitações, ela conseguiu expressar-se, valorizando ainda mais aquele grupo,

que acabara de nascer.

5.1.3 – Ballet Art – Expressão

Surgiu no ano de 1992, este grupo é oriundo do Projeto de Dança I Movimento, que leva até a escola de ensino regular a arte da expressão,viabilizando aos alunos o contato com o mundo da dança. Todo o trabalho é elaborado e direcionado para a inclusão social através da arte.

O projeto atende a alunos a partir de 4 anos de idade estendendo-se a

comunidade.

O primeiro contato com o PNEE surgiu quando uma Instituição para

portadores, necessitava de ajuda financeira, sendo assim, criou-se a primeira

mostra Art – Expressão.

O Art – Expressão contava com a participação de diversos grupos que

apoiavam o evento, a renda deste espetáculo foi toda revertida para a

instituição denominada APAE – Meriti. A partir dessa iniciativa o projeto passou

a contar com a presença de alunos PNEE, nesta escola - Sociedade Brasileira

de Educação e Cultura – SOBEC.

Neste grupo não existem portadores de deficiência e a idade dos

participantes é estimada entre 11 e 23 anos de idade.

5.2 – O evento

O espetáculo “Dança Experiência de Vida” aconteceu no dia 8 de maio

de 2005 às 19h no Centro Educacional Vila São João – Vilar dos Teles São

João de Meriti.

5.2.1 - Escolhendo o tema

Este tema foi escolhido, para que cada grupo pudesse ao longo do

espetáculo mostrar sua trajetória, suas características próprias, sua linguagem

trazendo ao publico uma enorme variedade de trabalhos coreográficos, que

dispunham de inúmeras expressões, temas e figurinos, além de ratificar o

enorme entrosamento dos grupos.

5.2.2 – Coreografias e Musicas

Imagem – retrata a busca de reconhecer no próximo sua própria

imagem, assim como reconhecer nossas próprias limitações e diferenças

(grupos: I Movimento, Ballet e Art –Expressão).

Super Homem – traduz a alma masculina com um toque sutil feminino,

desvendando os mistérios de ser HOMEM ou MULHER (grupos: I Movimento,

Ballet e Art –Expressão).

Filhos da Terra – traz a terra mostrando-a como fonte de vida e trabalho,

mostra a árdua caminhada daqueles que vivem e cultivam a esperança de um

futuro melhor (grupo: I Movimento).

Cidadão – como cidadãos que buscam mudanças, estamos aqui em

busca de nossos direitos (grupo I Movimento).

Balada de um louco – o diferente nos sugere questionamentos. Somos

tão iguais em nossas diferenças que poderíamos dizer;louco sim, porque não?

(grupos: I Movimento, Ballet, Luz e Art –Espressão).

Canto as missões – temos em nossas vidas a missao de sermos felizes.

Cada gesto emovimento vêm traduzir a alegria que através do corpo

expressamos. (grupo: I Movimento).

Lendas – O movimento sendo retratado por diversas vias, o corpo que

se alonga, se agrupa, se isola, o corpo base sólida que supera limites (grupos:

Ballet e Art –Espressão).

Três vidas... dois amores... uma busca – nos traz a saga de três pessoas

que vivem momentos conflituosos, amam, sonham e buscam durante suas

vidas (grupos: Ballet e Art –Espressão).

Suingui do batuque – sapateado que mostra a magia carioca, o suingui

do malandro e o ritmo brasileiro que contagia a todos. (grupos: I Movimento,

Ballet e Art –Expressão).

Estrela natureza - a grandeza da obra de Deus se reforça, quando

olhamos a nossa volta e vemos toda a natureza – mar, céu, montanha, mata

bichos e o homem – como viver em paz? Homem e natureza? (grupo: Luz).

5.2.3 – preparando o espaço, luz, cenários e som

O espetáculo foi realizado na escola denominada Centro Educacional

Vila São João cito a rua:Euclides da Cunha – Vilar dos Teles - São João de

Meriti.

A intenção de trazer o espetáculo à escola era uma tentativa de viabilizar

o contato direto com toda a produção: a quadra da escola recebeu o ar de

palco, luz, som cortina, cenário tudo foi se incorporando e como num passe de

mágica lá estavam, o camarim era a salsa de aula e todos eram parte

integrante de um grande espetáculo, cada um com sua função e todos

responsáveis pelo que surgiria, pelo sucesso ou não, daquela grandiosa obra.

Recebeu-se inúmeros voluntários, pessoas que apostando na arte

estavam lá em diversos locais: som, luz filmagem lotografia e auxiliando nas

trocas de roupas nos camarins.

Os custos foram baixos, uma vez que muitos profissionais doaram-se ou

cobraram valores baixos por seus trabalhos, o valor do ingresso foi somente R$

3,00 por pessoa.

5.2.4 - O público

O espetáculo foi direcionado para a comunidade, pais e alunos. O

público deste espetáculo foi estimado em 220 pessoas.

5.2.5 – Textos

Abertura

Temos aqui três grupos, cada um fazendo parte de uma mesma obra. A

arte é capaz de reunir e unir, hoje fazemos parte de um se fará brilhar, cada

canto de nossa platéia irá vibrar, aplaudir, comentários existiram positivos, pois

tudo que vem da arte deve ser contemplado e a arte de contemplar deve-se

fazer presente em nossas vidas, contemplar o mar, o sol, as estrelas, um

sorriso, um amigo e toda a obra de Deus.

Aquele que vive robotizado, escravizado por si mesmo, está alheio a

tudo, inclusive a arte de contemplar.

Hoje lhes damos esta chance, contemple, e a cada melodia, cada gesto

e a cada aplauso você estará contemplando com empenho e dedicação todas

as horas destinas da montagem desse espetáculo, seja receptivo e deixe a

magia da dança chegar até você.

Este espetáculo é dedicado a todos aqueles que dão chance aos seus

filhos de viverem uma experiência artística.

Encerramento

O ser humano vive cada dia, uma vida intensa e bela, e podemos lhes

dar possibilidades de fazer uso disso como uma grande pessoa, viva,

participante e transformadora.

Cremos que nada termina, tudo é um começo, e todos os momentos não

serão jamais esquecidos.

Obrigado Deus por mais uma vez nos iluminar.

5.2.6 – o espetáculo passo a passo

desenvolvimento

17:00h chegada dos grupos, ida para o camarim.

17:30h após os alunos arrumados com sua primeira roupa, faz-se a

maquiagem, alguns alunos são responsáveis por maquiar.

18:20h aquecimento básico dos bailarinos.

18:40h concentração, oração e grito de guerra.

19:00h inicio do espetáculo

Programa

Abertura

1º - Imagem (G: I Movimento)

2º - Lendas (G: Ballet Art – Expressão)

3º - Filhos da Terra (G: I Movimento)

4º - Estrela Natureza (G: Luz)

5º - Três vidas... (G: Ballet Art – Expressão)

6º - Cidadão (G: I Movimento)

7º - Super Homem (G: I Movimento e Ballet Art – Expressão)

8º - Canto as missões (G: I Movimento)

9º - Linguagem do batuque (G: I Movimento e Ballet Art – Expressão)

10º - Balada (G: I Movimento, Luz e Ballet Art – Expressão)

20:00h – Leitura do texto final.

Entrada de todos os grupos.

20:15h – Encerramento.

Considerações Finais

A arte é um veiculo de integração. Ações e gestos que se externalizam e

uma gama de respostas se fazem traduzir em arte.

A dança possibilita o prazer de expressar, criar, ouvir, sentir, e gerar

potenciais jamais vistos. Passo a passo a expressão semeada se traduz em

linguagem e pessoas especiais tornam-se mais especiais, pois valorizam cada

encontro com a Dança, cada etapa alcançada torna-se “emoção”, é justamente

este sentimento, que os envolve quando a cada dia sente-se a emoção dos

alunos quando dançam sua própria coreografia, sua história, sua cidadania

cada um a seu jeito.

Alicerçando a emoção do aluno portador independente da deficiência

que apresente, cada um dentro de sua particularidade é levada a expressar-se

interagindo com o meio o qual está inserido.

O objetivo da dança é mudar a perspectiva da vida de todos que se

envolvem com ela. Vemos o sentido de grupo, de respeito e responsabilidade

de compromisso e de sentirem-se úteis e capazes.

A educação inclusiva tem este objetivo, apontar a importância do

indivíduo estar participando de todas as atividades socioculturais. Não importa

qual a condição física ou mental do aluno, mais sim que seja dado a ele o

respeito pelas suas emoções, bem como sua vida seja valorizada.

A dança como arte tem maneiras de evocar nossas emoções através da

nossa expressão corporal.

Trabalhando com jovens e adultos portadores de necessidades

especiais, com dificuldades diversas para se comunicarem, percebemos a arte

como um meio de quebrar barreiras e objeto que ajuda a realizar sonhos.

Acreditamos na dança como instrumento que pode criar a verdadeira inclusão.

Se a dança existe desde que aqui chegamos e com várias intenções não

importa se Folclórica, se da Corte, se Ballet, moderna ou escolar o que

verdadeiramente tem importância é que ela tenha objetivos que darão sentido a

vida do individuo.

Os movimentos utilizados na dança poderão surgir de dentro de cada

um e que sejam pautados na música, isto é que o corpo mostre o que sente a

partir da melodia.

O papel da dança é quebrar os padrões impostos pela sociedade que o

individuo perceba que é capaz e que aprender é possível.

O educador envolvido com a dança escolar poderá ser a ponte para este

novo conhecimento e também pode se servir deste momento para crescer e

aprender.

A criatividade como aliada é um dos caminhos para o desenvolver de um

trabalho que respeita a individualidade de cada um, bem como ajudará o

desenvolver da criatividade no aluno portador de alguma deficiência ou não.

A interdisciplinariedade é um dos caminhos para o peregrinar

consciente, para um trabalho com bases sólidas com o olhar de todos os

profissionais que trabalham com os alunos.

Música, espaço e objetos variados podem ajudar ao corpo a encontrar

suas habilidades.

Vale lembrar que a educação inclusiva muito recente e que é preciso

que tenhamos muita cautela e humildade para faze-la, no entanto podemos

observar que nas diferentes síndromes e deficiências das quais são

acometidos nossos alunos notamos que cada um tem seus limites, mas muitas

potencialidades que precisam ser trabalhadas e desenvolvidas.

A atividade artística com o portador de deficiência é algo engrandecedor,

porque cada aluno é único do qual não temos a verdadeira dimensão do que

podemos esperar.

Reconhecemos que a mais nobre função da arte é o prazer, prazer de

quem faz e de quem assiste.

Assistimos ao espetáculo da inclusão onde não existe rótulos ou

conceitos preestabelecidos, existe sim, um encontro entre artistas e platéia

onde pequenas diferenças completam a magia de se especial.

Apesar de apresentarem múltiplas deficiências percebem-se que o

dinamismo, amizade e companheirismo entre eles se mostrava um dos pontos

favoráveis ao desenvolvimento da arte de dançar. O grupo I Movimento é um

grupo que dançando usa a expressão do corpo como comunicação. Tendo em

vista o grande número de apresentações em sua agenda, nota-se que a

sociedade já percebeu o potencial desses alunos quando reconhecem a magia

da expressão que cada um possui e o grande espetáculo que o grupo

proporciona.

Nossa observação e experiência empírica trouxe-nos algumas

recompensas.

Prêmios especiais – 2003 1º lugar festival nossa arte em Barra Mansa.

Representante do Rio de Janeiro em Curitiba no Festival Nacional Nossa Arte

Teatro Guairá.

2005 – 1º lugar modalidade Folclórica MIAC – Mostra Inclusiva de Arte e

Cultura, representante do Rio de Janeiro em Tocantins no Festival Nacional

Nossa Arte a realizar-se em agosto.

Podemos perceber que não faltará muito para que a arte consiga grande

destaque, na projeção de artistas PNEE. A educação perpass pelos diversos

canais de aprendizagem e entre eles está a arte, seja ela qual for.

A arte do movimento “dança” está inserida no desenvolvimento do aluno,

será preciso perceber que o aluno possui um corpo e não somente,um cérebro

que precisa ser trabalhado. O corpo fala, encanta e desafia.

Música, movimento e arte!

Eis aí um grande desafio e a descoberta de um portal que direciona ao

verdadeiro mundo da inclusão.

Fora da escola diversos profissionais já investem na inclusão através da

arte.

O PNEE tem acesso à diversos estilos que o projetam no mundo atual,

como exemplo: Grupo Pulsar que reúne portadores e não portadores em

trabalhos belíssimo.

Outros milhares de profissionais, apostam na arte como meio de

inclusão.

Anexos

Bibliografia

AGUIAR, João Serapiao de. Educação Inclusiva – jogos para o ensino

de preconceitos. Papirus, 2004.

BEGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal da dança. Vol.1. Ícone,

2000.

BARBOSA, Ana Mãe. Arte e inclusão. Programa arte sem barreiras.

Internet, 2004.

FERREIRA, Solange Leme (org.). Teatro e deficiência mental – a arte na

superação de nossos limites. Memnon,2002.

HERRERO, Maria de Jesus Presentación. Educação de alunos com

necessidades especiais. EDUSC, 2000.

Revista educação e família. Deficiências – a diversidade faz parte da

vida. Ed. 5 - ano I. Escala, 2000.

RIO DE JANEIRO. Governo do estado. Fundação escola de serviço

público – FESP-RJ. Acessória especial de educação à distância. 1998.

INTRODUÇÃO..............................................................................................................8

CAPÍTULO 1 - CONHECENDO A MAGIA DE SER

ESPECIAL........................................10

1.1– Movimento - A Arte em expressão..........................................................12

CAPÍTULO 2 - A DANÇA : PRIMEIROS PASSOS, PRIMEIROS MOVIMENTOS.....14

2.1- A dança e suas divisões...........................................................................15

2.2 – Dança escolar - expressão corporal e liberdade...................................17

2.3 – O professor de dança escolar.................................................................18

2.4 – A dança para PNEE................................................................................19

2.5 – O professor- Educador Especial.............................................................20

2.6 A Dança, passo a passo...........................................................................21

2.6.2 - A

socialização.......................................................................................21

2.6.3 - As

direções...........................................................................................21

2.6.4 - Os

deslocamentos................................................................................21

2.6.5 - As posturas

corporais..........................................................................22

2.6.6

Combinações.......................................................................................22

2.6.7 - Os objetos no contexto espacial da

dança...........................................22

2.6.8 - Exploração do espaço e

autonomia.....................................................22

2.7 - Materiais para uso em aula.....................................................................23

2.8 - O Espaço

Físico......................................................................................23

CAPÍTULO 3 - CONSTRUINDO O ALICERCE RUMO A INCLUSÃO.......................24

3.1 – Breve Histórico........................................................................................25

3.2 – Construindo a inclusão...........................................................................26

3.3 – Direitos concedidos por lei......................................................................27

3.4 – O agir pedagógico na escola inclusiva...................................................28

3.5 – Formação de professores.......................................................................29

3.6 – A colaboração da família........................................................................30

CAPITULO IV – DANÇANDO: UMA ABORDAGEM ESPECIAL A CADA

DEFICIÊNCIA.............................................................................................................31

4.1 – A arte seguindo os passos da educação...............................................32

4.2 – Aspectos gerais das deficiências...........................................................33

4.3 – Aspectos da lei.......................................................................................33

4.4 – Uma radiografia da população brasileira com deficiência......................34

4.4.1 – Trabalho...............................................................................................34

4.4.2 – Escola..................................................................................................35

4.4.3 – Expectativa de vida..............................................................................36

4.6 – Conhecendo cada deficiência.................................................................36

4.6.1 - Deficiência física...................................................................................36

4.6.2 – Deficiência Visual.................................................................................38

4.6.3 – Deficiência Auditiva..............................................................................39

4.6.4 – Deficiência Mental................................................................................40

4.6.4.1 - O que pode levar a Deficiência Mental..............................................43

4.6.4. 2 – Diagnóstico......................................................................................43

4.6.5 – Deficiências Múltiplas..........................................................................44

4.7 – Iniciando o ensino da dança...................................................................46

4.8 – A dança aplicada a cada deficiência.......................................................46

4.8.1 – Síndrome de Down..............................................................................46

4.8.2 – Deficiência Mental................................................................................47

4.8.3 – Deficiência Física.................................................................................47

4.8.4 – Deficiência Visual.................................................................................48

4.8.4.1 – Desenvolvendo a percepção tátil......................................................49

4.8.4.2 – Desenvolvendo a percepção auditiva...............................................49

4.9 – Deficiência Auditiva.................................................................................50

4.10 – Múltiplas Deficiências...........................................................................50

4.11 – Paralisia Cerebral.................................................................................50

4.12 – Organizando e planejando as aulas de Dança.....................................51

4.12.1 – Figurino..............................................................................................52

CAPITULO V - DANÇA EXPERIÊNCIA DE VIDA – O ESPETÁCULO DA

INCLUSÃO..................................................................................................................53

5.1 – Breve histórico de cada grupo................................................................54

5.1.1 – Grupo: I Movimento..............................................................................54

5.1.2 - Grupo: LUZ..........................................................................................55

5.1.3 – Ballet Art – Expressão..........................................................................56

5.2 – O evento..................................................................................................56

5.2.1 - Escolhendo o tema..............................................................................56

5.2.2 – Coreografias e Musicas.......................................................................57

5.2.4 - O público...............................................................................................58

5.2.5 – Textos..................................................................................................59

5.2.6 – O espetáculo passo a passo................................................................59

Considerações Finais.................................................................................................61

Anexos........................................................................................................................66

Bibliografia..................................................................................................................73